informativo nacional · 2013-02-02 · que os chamados benefícios da vn.&vi.do.n.cia. soclat,...
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INFORMATIVO NACIONAL Pescadores (Rumando pata dMovas dignas
ANO IX - N' 65 - NOVEMBRO/1981
CPP Comissão JQastoral dos pescadores Rua do Giriquiti, 48 - Fone: 231-3177 • 50.000 - Recife - PE
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«x. V'
SAIM3 28 (27) SÚPLICA E AÇ3D DE GRAÇAS
A TI, o Deus, eu clamo, pois sabes muito bem que eu não fico de boca caícLda. Escuta as reivindicações desse povo suplicante: são gritos que vêm de longe e que hoje ecoam num so pranto de dor
Vê, 6 Pai, o que clamamos reunidos na ASSEMBLÉIA dos justos:
. Que as nossas Co&?núi6 d& Peicado^eó sejam a casa das nossas justas decisões;
, Que os Vfwiztaò PeAqaeÁAoò dos dominadores não venham destruir nossas esperanças;
. Que seja afastada como a peste a POLUIÇÃO DAS ÁGUAS;
. Que os chamados benefícios da Vn.&vi.do.n.cia. Soclat, fruto do nçsso suor, nos sejam devolvidos com justiça;
. Que nossas moradas não sejam invadidas e nem destruídas pelos planos perversos dos malfeitores e que nos TeASt&noò de Hcwinha. haja lugar seguro para abrigar o teu povo, S&nhofL JAVtl
Eles atentam contra as^tuas criaturas falando de PAZ e AMOR, mas os seus corações^so suspiram maldade; nas suas mentes só ha falsidade; e nas obras de suas mãos só ha delitos.
Se.nhoit que o nosso jeito de viver o teu amor venha derrubar a arvore do mal que eles plantaram na terra dos vivos para com seus frutos envenenar o teu povo.
Dá-lhes, S&nkoti, com o teu santo braço a recompensa que eles merecem. Tu es a força e a herança do teu povo; éS uma fortaleza de salvação para os que se unem na conquista do BEM COMUM.
Por isso eu te louvo, Ó Veuò, e entoo um bendito ao som do pandeiro e da viola.
1911 - FELIZ WATAL! FELIZ AMO NOVO - 19S21
CPP Comissão Pastoral dos Pescadores Ru« do Cjiticjuiti, 48 - Fone: 231-3177 - 50.000 -Recifa-PE
CPP - Comissão Pastoral dos Pescadores Rua do Giriquiti,48 Recife - PE
IIIa. ASSEMBLÉIA NACIONAL DA PASTORAL DOS PESCADORES
- RELATÕRÍO-
1. INTRODUÇÃO
Nos dias 19 a 22 de novembro de 1981,realizou-se no Cen-
tro de Treinamento de Olinda,PE, a 5a. Assembléia Nacional da Pasto-
ral dos Pescadores, com a participação de
70 pescadores profissionais e
35 agentes pastorais e assessores
vindos dos Estados do Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pa
raíba. Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo e São Paulo.
Organizada pela Comissão Nacional de Pastoral dos Pesca-
dores, a Assembléia contou ainda com a visita e o apoio dos seguin-
tes Srs. Bispos:
Vom HQ.ldzn. Câmafia, KKczbl&po dz. Olinda e Recebe,
Vom J06& LamaAJtiné SoaA.e.òf Blipo Auxiliai dz Olinda e Re ci^e., c. Rep/te-óen-tan-íe Epl-òcopal da Comlòòão Va&toKaJ. doi, ?zi>cadoH.z.0 na CMBB-Rzglonal NE 11,
Vom ?2.df..o Ca&aldãllga, Blòpo de São Fe-Lcx do Araguaia e
Vom Mattczlo Canvalhultto9 Ei&po de GuaAab.ín.a>?B.
Os participantes da Assembléia sentiram-se estimulados
por cartas de apoio de outros Srs. Bispos de várias regiões do Bra--
sil, entre os quais o Sr. Cardeal Dom Aluísio Lorscheider, Arcebispo
de Fortaleza
sil, e de Dom Davi Picão, Bispos de Santos e Diretor Nacional do
Apostolado do Mar.
. A Assembléia inteira ficou profundamente marcada pelo
Curso Bíblico que a precedeu e do qual participaram 32 pescadores dos
diversos Estados. Durante quatro dias, F^.. Cailoò Me^e-t-ó O.Ca^m. co
- 1 -
ordenou o estudo bíblico, mostrando a caminhada da humanidade, da
VESORVEM criada pelo homem,para a ORPEM que Deus quer. Partindo sa
historia da criação (benção de Deus sobre animais e homens) e da que
da do homem (pecado e desordem).os pescadores se aprofundaram na li-
bertação de Israel, da escravidão do Egito para a nova organização
no deserto e na Terra prometida. 0 nascimento, a Morte e Ressurrei-
ção de Cristo e a perspectiva do Novo Céu e da Nova Terra desperta--
ram nos pescadores uma profunda esperança e uma forte motivação para
sua própria luta. Durante a Assembléia,essa esperança e motivação foram re-
forçadas pelas Celebrações Eucarísticas matutinas e pelas reflexões
evangélicas coordenadas pelo Pe. Renê Guerre e pelo Prof.Luiz Carlos,
como também pela Celebração da Palavra, preparada por uma equipe de
pescadores que participaram do Curso Bíblico.
Os cânticos que Fr.Carlos Mesters ensaiou durante o Curso
e que retratam, ã sua maneira, essa esperança, foram sempre de novo
entoados durante a Assembléia, reforçando assim a marca deixada pelo
Curso (Cfr. Relatório do Curso Bíblico).
2. ABERTURA DA ASSEMBLÉIA
As 20 horas áe 19 de novembro, a Assembléia foi aberta pe-
la Comissão Nacional de Pastoral dos Pescadores(CPP) que explicou o
objetivo dos trabalhos:
a) despertar a consciência histórica, analisando a posição
e o papel do pescador;
- na kUtÔHJLa. da& Colonlaò,Vzdzfia.çõz& & ConáedeAação N^ -————'■- cs
tlonal doi> ?ni,cadofi<L&j, - na. política pzò^ulfia atual da SUVEPE e do& QovVMOi
EòtadualAj - na poluição hldfilca e atmo&jzn.lca causada pclaó lnduò_
tKl a&} - na Vn.zvldB.ncla Social z - naí quz-itõzA dz tznnznoi, dz Uatilnka.
b) pela apresentação de quatro experiências de trabalho em
torno de Colônias, colher elementos e pistas para uma
nova caminhada.
Em nome da Arquidiocese e da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil - CNBB Regional NE-II, Vom 3OòZ lamaxtlnz Soanzi,
deu as boas vindas e desejou bom êxito nos trabalhos.
- 2
3. HISTÓRICO DAS COLÔNIAS DE PESCADORES
No primeiro horário do dia 20 de novembro, foi apresenta
do, em forma de painel, o histórico das Colonial dz ?Q.&cadon.í& . Um
mapa grande, localizando todas as Colônias do Brasil, e uma serie de
cartazes, ilustrando as varias épocas da historia, tornaram a narra-
ção mais viva. Aqui reproduzimos os dados que mais marcaram a vida è
a classe dos pescadores:
3.1 - Antecedentes:
1846 - Primeira regulamentação da atividade pesqueira.
Criação de Distritos e Capatazias de Pesca.
Inicia-se o recrutamento de pescadores para a Mari--
nha de Guerra,
1893 - Revolta da Esquadra, por causa dos maus tratos.
1897 - O Governo inicia a campanha de nacionalização da pesca.
1902 - Surge o lema ''Rumo ao Ma*", com o objetivo de trasn-
formar o Brasil em grande potência naval e de in-
dustrializar a pesca.
1910 - "Revolta da Chibata": marujos de três Couraçados se
revoltam contra os castigos corporais. Grande par-
te dos marujos era proveniente de comunidades pes-
queiras .
Logo em seguida, o Comandante Frederico Vilar ini-
cia viagem pelo mundo, a fim de estudar a organiza
ção da pesca, principalemnte na Inglaterra, nos Ejs
tados Unidos e no Japão.
1912 - Frecerico Vilar começa a organizar os serviços de pes^
ca no Brasil, em dois grandes ramos:
a) ã Marinha cabe dirigir os pescadores,as embarca
ções e fiscalizar a pesca;
b) o Ministério da Agricultura assume a educação e
saúde dos pescadores, o comercio do pescado e a
pesquisa.
Ao mesmo tempo ê criada a Inspetoria de Pesca,divi
dindo em Zonas de Pesca.
3.2 - Fundação de Colônias de Pescadores
1919 - Inicia-se a Missão do Cruzador "Jo-óS Bonifácio" pelo
litoral brasileiro,partindo do Rio com destino ao Es
tado do Para, dai descendo ao sul,sob o comando de
Frederico Vilar. Descobre a situação precaríssima do
pescador e da pesca: analfabetismo,péssimas condi
çoes de saüde etc. Objetivo da b\li>i>ao° nacionalizar
a pesca e intensificar a organização dos serviços da pesca.
U^dldaé tomadas duLfianta a vlagm'-
Criação de cerca de 800 Colônias e Postos de Saüde,
Combate ã pesca predatória,
Matrículas de pescadores e embarcações.
Delimitação de terrenos de praia para pescadores,
Proibição da pesca para estrangeiros.
19 20 - Fundação da Confederação Geral dos Pescadores do Bra
sil-C.G.P.B. , e das Confederações Estaduais que são
, ■ apresentadas como órgãos de orientação,defesa e aju- da aos pescadores, não como órgãos de classe. As Co-
lônias são declaradas viveiros da Marinha de Guerra
e reserva naval da Nação.
Delegados (que não são pescadores)representam as '
Colônias nas Confederações Estaduais.
1928 - Criação de Caixa de Viev-idèncla do Pescador.
3.5 -,Pecada de 1930
i / 1932 ■- Criação da "Caixa de. Socofifio da Vz&ca": Crédito a
atividade pesqueira (servia mais aos pescadores e
empresários do que aos pescadores).
1933 - Transferência dos Serviços da Pesca, da Marinha pa-
ra o Ministério da Agricultura.
1934 - CódÁ.QQ de Caça e. Pe-áca: Colônias passam a ser chama
das de s'Coldnlai, Coop^^atlvaò", as Confederações Es_ taduais de "Fecíe-taçoei dai Cotonlaà Coop&SLatÃ-vaò" e
a Confederação Geral de "Confederação da.ó Cooperado
vai de Pe-ócado-te-ò do Bfiaòlt".
1938 - IÇ CÕdlgo de Pe-Aca; Colônias, Federações e C.G.P.B.
voltam as antigas denominações e ficam sujeitas ã
fiscalização dos Serviços de Caça e Pesca do Minis-
tério da Agricultura.
„ 4 _
j: Criação da Caixa do. Ciidlto para os pescadores e
armadores.
3.4 - Década de 1940
1941 - Novos Estatutos para as Colônias.:
Fundação da Policlínica dos Pescadores, no Rio de
Janeiro. ., i,■:";.:--j.■■: ok oa^i
1942 --Ern^plena Segunda Guerr^ Mundial, divide-se novamen
,; - - te a competência sobre ^s pPilôni^s. ., :
■ ; T''!r-: a) A Marinha reassume a tarefa de preparação dos '
. .J-i j ; ;: pésÇàcfores como auxiliares das Forças Navais . .'
-■': (pescador è declarado "Sentinela avançada da Na :' - ção") e de. fiscalização de pescadores e embarcações.
b) 0 Ministério da Agricultura fica com o desénvol
vimentó da pesca e com o amparo social do pesca
dor.
1943 - Criação da Coiru-ó-óão Exicu.tA.va da ?e.òca - C.E.P.
ObjítívOi criação de Cooperativas de Pesca (Coope-
rativas Compulsórias).
1945 - Extinção da C.E.P. e fracasso das "Cooperativas '
: . Compulsórias".
Colônias voltam a ser subordinadas ao Serviço de '
Caça e Pesca. . , , .
3.5 - Pecada de 1950 a 1970
1950 - Aprovação de Novos Estatutos para as Colônias,Fede
rações e Confederação Geral dos Pescadores.
1961 - Criação do Conselho de Desenvolvimento da Pesca -
CONDEPE. ÕAgao* Execuío^e-ó: Divisão de Caça e Pes-
ca e Caixa de Credito da Pesca.
1962 - 6 criada a Superintendência do Desenvolvimento da:
Pesca - SUDEPE, que assume as funções da Divisão
■;í : de 'Caça. e Pesca e da Caixa de Credito da Pesca.
1967 - Aprovado o novo Código de Pesca.
Mudança da denominação "Confederação Geral dos Pescadores
do Brasil" para rCon{le.d&iaç.ão UacÁ,onat doò ?zi>c,adofiu"-CH?.
Apoio maciço e orientação ã Pesca Industrial.
1968 - Início da criação de novas cooperativas de pesca
que, depois de alguns anos fracassam. 197 3 - Criação do Pn.ogA.ama dz Tormnto da Vt&ta. kfitQ.i>a.Yial -
PESCART. Aprovação de novos Eòtatutoò para as Colô-
n-íaò .
1975 -.. Aprovação de novos EòtatutoA para as fzdz/taçõZA E.6-
tadual*, Fracassa o PESCART; 1979 - Elaboração do li/ Plano Hacional do Vzò£.nvo&vi,me,nto
da ?e.òca.
3.6 - Conclusão do Histórico
Em toda a legislação pesqueira e em todos os projetos de
pesca, constata-se nitidamente que seu objetivo não era e não ê,atê
hoje, o desenvolvimento da pessoa e das comunidades litorâneas. Nun
ca se concedeu ao pescador a organização LLvne. de sua classe. 0 pe£
cador sempre foi tutelado e reprimido. Suas Colônias ate hoje perma
necem subordinadas a fiscalização, normatização e intervenção dos ór-
gãos superiores. As Colônias de Pescadores têm muito menos liberda-
de de organização e atuação do que os sindicatos das diversas cate-
gorias .
4. ESTUDO DA SITUAÇÃO PESQUEIRA ATUAL
No segundo horário da manhã do dia 20 de novembro, iniciou-
se a troca de experiências em relação ã situação pesqueira atual. Os
pescadores distribuíram-se em sete grupos, conforme os interesses de
cada um:
1. Política pesqueira atual da SUDEPE e dos Estados,
■ 2. Influência da Marinha nas Colônias,
3. Administração das Colônias e Federações,
4. Relacionamento das Colônias com sindicatos das varias
categorias,
5. Questões de terrenos de marinha,
64 Problemas de Previdência Social,
7. Poluição causada pelas indústrias.
Os agentes pastorais e assessores formaram dois grupos se-
parados dos pescadores, trocando suas experiências sobre os pontos 1^
e 3.
Eis o resultado dos grupos completado pelo plenário:
- 6 -
4.1 - Política Pesqueira atual da SUDEPE e dos Estados (Resumo):
Os dois grupos (pescadores e agentes) que trataram deste '
item, concluíram que a atuação da SUDEPE se expressa concretamente '
através de:
4.1.1 - Fiscalização dos pescadores:
- punindo os pescadores que não cumprem as normas da SUDEPE;
- controlando a produção so para efeito de estatísti- ca;
- apoiando interventores e presidentes pelegos, na '
cobrança de mensalidades e impostos de S% do pesca
do, inclusive, confiscando redes e outro material de pesca, quando o
pescador esta com suas mensalidades atrasadas,
4.1.2 - Repressão a pesca pr-edatoria:
- prendendo material de pesca predatório do pequeno
pescador, mas mostrando-se conivente com as fábri-
cas que produzem material predatório;
- tomando o material predatório e entregando a outro;
- reprimindo o pequeno pescador e fechando os olhos
diante da pesca predatória cometida, em grande es-
cala, por empresas de pesca (geleiras), principalmente no rio Amazo-
nas, e no litoral dos Estados do Pará, Maranhão, Bahia, Espírito San
to, São Paulc .
4.1.3 - Assistência técnica:
Em algumas praias houve assistência técnica minis-
trada por agrônomos (I) e engenheiros de pesca:
- ensinando pesca de espinhei,
- orientando ou até assumindo a administração das Co lônias;
- dando cursos sobre aspectos técnicos da pesca, so- bre saúde e higiene, etc.
- selecionando pescadores para financiamentos e ela- boração de projetos para tal fim (Crédito Orientado ' da Pesca).
Na grande maioria das praias e Colônias, porém, não
houve nenhuma assistência técnica. Em grande parte das praias onde
houve, foi retirada após a extinção do PESCART.
4.1.4 - Financiamentos:
Em algumas áreas existe um sistema de CsiçicUto 0>vi-
2.ntado, através do Banco do Brasil, via PESCART/EMATER ou SUVEPE.
Estes órgãos elaboram os projetos e ficam com a função de controle e
- 7 -
assistência aos pescadores financiados. Tais financiamentos apresen-
tam muitos problemas, tais como exigências de garantia real que os
pescadores não têm condições de atender: imóveis para hipoteca (ter-
renos, casa), avalista, juros altos (10 a 26%). Por isso, o acesso '
ao financiamento por parte dos pescadores ê bastante reduzido. Ha pes-
cadores que encaminharam o projeto de financiamento, mas deixaram a
verba aprovada no Banco , por medo de não poderem cumprir as condições
impostas.
Por outro lado, ha os desvios de financiamentos pa-
ra outros produtores (empresários, comerciantes, armadores, etc). Um
pescador chamou a SUDEPE de "Banco do A-tmadoV.
4.1.5 - Projetos de Desenvolvimento da Pesca
a) Lago Sobradinho, BA
A SEPLANTEC (Secretaria de Planejamento Técnico da
Bahia) elaborou ura projeto de pesca que visa beneficiar 1.800 pesca-
dores do Lago de Sobradinho, Bahia. Acontece, porem, que hoje existem
14.000 pescadores no Lago, grande parte dos quais vindos de outros '
Estados.
A proposta principal desse projeto ê a coleta e co
mercialização do pescado, através da EBAL.
Ha ura convênio com a SUDEPE que se encarregara da
regulamentação e fiscalização da pesca e do registro dos pescadores.
Alguns pescadores receberam financiamentos de em-
barcações, cujos tipos foram impostos e se revelaram impróprios pa-
ra a pesca no lago.
Os verdadeiros beneficiários do projeto são o Es-
tado, os funcionários que recebem salários altos e os comerciantes,
mas não os pescadores.
b) Projeto Maranhão
Dentro do grande projeto de desenvolvimento do Ma- ranhão, há um sub-projeto para o desenvolvimento da pesca. Elaborado pela Missão BTV/VAO, será executado pela SUDEPE.
O sub-projeto tem características das " C o o p &A.atZva& CompalòósUaò'1 da Comissão Executiva da Pesca, durante a Segunda Guer ra Mundial, e define-se da seguinte forma:
- Construção de Tan-mlnal Vz&qazliof com toda a infra- estrutura de porto comercial, a 20 km de São Luís.
- Quatro C&Yitfioò Coop<LH.aix\}oò de Vn.odu.cao previstos
- 8 -
para Guimarães, Cururupu, Turiaçu e Cândido Mendes,
- Vinte poòtoò de. piodução no litoral norte, submeti^
dos ã coordenação dos respectivos Centros Coopera-
tivos ,
- Dois poòtoA dn produção na ilha de São Luís (São '
José do Ribamar e Raposa) diretamente relacionados
ao terminal pesqueiro de Porto Grande.
Os grupos que discutiram o projeto, questionaram:
- 0 processo de formação dessas cooperativas, de ci-
ma para baixo, "na matifta"„ sem participação ativa
das Colônias e dos pescadores;
- os objetivos do projeto (exportação do pescado, d:i
• ' visa para o Estado do Maranhão;
- a predominância do capital estrangeiro que resulta
rã em maior dominação.
c) Projeto de "Extensão Pesqueira"
É um projeto remodelado da SUDEPE, a fim de conti-
nuar os trabalhos iniciados pelo PESCART. No Nordeste, o projeto re-
sume-se na continuação de fundação de co o p tf cativai, mi.t>tai> (de produ-
ção e comercialização de pescado) como acontece na Paraíba e no Rio
Grande do Norte. Novamente se verifica que tais cooperativas são fun
dadas por "komzni, de gtiavata", sem levar em conta as condições e o
grau de consciência dos pescadores.
Em outras ãreas, como em Pernambuco, a SUDEPE nem
sequer iniciou os trabalhos porque está completamente "embananada",
4.2 - Influência da Marinha nas Colônias:
0 grupo de pescadores que discutiu este item, assim como o
plenário, mostraram-se unânimes na afirmação de que a Marinha conti-
nua exercendo forte influência:
a) na Confederação Nacional:
Ate 1979, os Presidentes eram altos oficiais da Marinha
ou de outras Armadas. Ate hoje, o Secretário ê um Tenen
te reformado da Marinha.
b) nas Federações:
Em muitas Federações, oficiais reformados da Marinha são
interventores, alguns dos quais há mais de 20 anos.
c) nas Colônias:
Os citados interventores interferem diretamente na vida
das Colônias:
- nomeando interventores ou juntas governativas pelegas,
- impondo chapas únicas para eleição de diretorias,
- impedindo ou tentando impedir eleições livres nas Colô-
nias ,
- apoiando ostensivamente chapas de pelegos.
Outra influência ê exercida por Capatazes (Agentes
da Polícia Naval) ou por Sub-Agências das Capitanias dos
Portos, através de:
- controle das CatLteÂn.a6 cie Pc-ócadci P/toilòòionat e de em
barcações,
- ameaças e intimidações, quando pescadores querem se or-
ganizar mais livremente e eleger diretorias escolhidas
por eles,
- interferência direta na administração de Colônias,
- assumindo a interventoria em Colônias,
- apoiando despejos de pescadores das praias,
4.3 - Administração das Colônias
Tanto o grupo de pescadores, como o de agentes pastorais e
assessores, deram o depoimento unânime de que, ate hoje, existem Co-
lônias cujas diretorias foram impostas pela Federação. Outras direto
rias foram eleitas pelos associados.
Em ambos os tipos de direção, existem vários problemasadmi.
nistrativos:
a) Presidentes administrando sozinhos, excluindo os outros
membros da diretoria;
b) Os Con6e.lho6 Tlòtalò são meras ^iQixfiaò deco-toXcuíU;
c) Há Colônias que cobram 5% do pescado. Em algumas delas,
principalmente nas que têm intervenção, não se sabe pa-
ra onde vai o dinheiro, pois, não ha prestação de con-
tas; em outras hã prestação de contas e o dinheiro e a-
plicado em benefícios para os pescadores.
d) Em algumas Colônias há ajuda de técnicos da SUDEPE, po-
rem, mais assumindo a administração do que assessorando.
e) Na grande maioria das Colônias, a diretoria não se colo
ca a serviço da defesa dos direitos e interesses dos as
- 10 -
sociados, mas limitam-se â cobrança das mensalidades, a
fiscalização e documentação dos pescadores.
4.4 - Colônias e Sindicatos
0 grupo constatou que, em muitas áreas de Colônias há sin-
dicatos de varias categorias de trabalhadores. Porem um relacionamen
to mais freqüente existe com sindicatos rurais, onde os pescadores '
possuem um pouco de lavoura, e com sindicatos de pescadores nas cida
des de Santos, Rio de Janeiro, Recife e Belém.
0 sindicato e órgão de classe, contrariamente ã Colônia a-
pesar de reiteradas afirmações.
As Colônias nasceram de cima para baixo, e os sindicatos '
de baixo para cima, isto ê, da lata doò th.abalhcidoH.<L&, e têm muito '
mais autonomia do que as Colônias.
4.5 - Questões de terrenos de marinha
Os fatos apresentados pelo grupo resumimos desta forma:
a) Õò H.-ic.oi, estão tomando os terrenos de praia expuXóando
o& pobtLQ.6. Os pescadores ficam assim longe de suas em-
barcações e de seu material de pesca.
b) As usinas estão demarcando terrenos de marinha, a partir
do meio do rio Goiana, PE, expulsando os pescadores que
têm pequenas lavouras as margens do rio.
c) Em alguns Estados, a Capitania permite, em outros, não
permite a construção de "ccúça-ta.ó" (ban.n.aaa.0, patkoçai]
na praia.
d) A Capitania não orienta em questões de terrenos de ma-
rinha, e remete ao Serviço de Patrimônio da União (SPU),
este encaminha para a Prefeitura que manda de volta ao
SPU.
e) Somente algumas poucas Colônias têm lutado pelos direi-
tos dos pescadores.
4.6 - Problemas de Previdência Social
Este grupo repetiu as queixas dos pescadores artesanais, '
desde que foi instituído o FUNRURAL:
- 11 -
/ryj
a) O FUNURRAL não concede auxilío-doença;
b) 0 Seguro de acidentes de Trabalho existe no papel, mas
na prática não funciona, e quando alguém consegue fa-
zer o requerimento,leva um ano para receber o dinheiro;
c) Também o auxílio-funeral demora ate um ano;
d) A Assistência medica e hospitalar funciona somente em
alguns lugares. Nos locais onde não ha postos médicos
''•'' ou! policlínicas, com convênio entre Colônias e INAMPS
não funciona. ; ,
e) A aposentadoria por invalidez ê dificultada de modo ge-
ral e negada quando o pescador tem menos de 30 anos de
idade;
f) Existem áreas que não gozam de assistência alguma.
g) A maioria das Colônias não se engaja na defesa dos di-
reitos previdenciãrios do pescador, ou se limitam a '
assinar as guias de encaminhamento de doentes.
4.7 - A poluição causada pelas industrias
A maior queixa a respeito da poluição veio dos pescadores
do Nordeste, ngtadamente de Pernambuco e Bahia.
a) As principais fontes de poluição são as usinas de açú-
car, as destilarias de álcool, as fabricas de papel e
de produtos químicos;
b) As = conseqüências da poluição são a destruição da fauna
e flora dos rios, dos mangues e estuários, a diminui-
ção do pescado no mar, a fome, a subnutrição, doenças
de pele, de intestino e de respiração, morte de cri-
anças .
c) Em Pernambuco, Alagoas e Paraíba, os pescadores jâ fi-
zeram muitas campanhas contra a poluição, através de
atos públicos, passeatas, abaixo-assinados aos Gover-
nos Estaduais e Federal , documentos contando a historia da'
12
legislação , das medidas oficiais e das campanhas dos '
pescadores. 0 resultado das campanhas foi quase nulo.
Em Pernambuco, a Secretaria Geral do Conselho de Seguran
ça Nacional interveio nas .campanhas, impondo a fábrica
de papelão PONSA, Goiana, medidas concretas para elimi-
nar a poluição. A PONSA, de fato, ja diminuiu a poluição,
mas as usinas continuam poluindo cada vez mais. Os pes-
cadores de Roteiro, AL, puderam anunciar uma redução sen
sível da poluição.
d) A participação das Colônias e da Federação de Pernambu-
co ê quase nula. Na Bahia e em Alagoas houve alguma par
ticipação oficial, A maior parte das campanhas, porem,
foram feitas por grupos de pescadores apoiados pela Pasto-
ral dos Pescadores.
e) Na ilha de São Luís, MA, a população começou a se arti-
cular para campanhas contra a ALCOA, indústria de Alumí
nio altamente poluidora que esta sendo instalada.
5. PROPOSTAS PARA MUDAR A SITUAÇÃO
Na manhã do dia 21 de novembro, os mesmos grupos do
dia anterior elaboraram propostas concretas para mudar essa situação
As conclusões foram apresentadas e esclarecidas em plenário. Aparece
rão.enriquecidas pelos estudos seguintes,no fim desse relatório.
6, APRESENTAÇÃO DE QUATRO EXPERIÊNCIAS EM TORNO DE COLÔNIAS
Durante a maior parte do dia 21 de novembro, a as--
semblêia ouviu quatro experiências de lutas em torno de Colônias de
Pescadores:
6.1 - Colônia Z-2 0 de Santarém, PA
Na região de Santarém apareceram geleiras com grandes ar-
rastões, dizimando o estoque de peixe. Os pescadores levaram o pro-
blema ã Colônia. Resposta: "VamoA vzfi. . . I&òO o. dzòpackado em Mauaa^
e Be.£ém". E nada foi feito.
A Colônia passou 10 anos sem reunião. Em 20 de junho de '
1981, o Interventor da Colônia, Sr Alberto Riker, convoucou uma reu-
- 13 -
nião, sem suspeitar que os pescadores se interessassem . Vários gru-
pos de pescadores começaram a planejar o que iam fazer na reunião.
No fim de junho, compareceram a reunião 150 pescadores. 0 Interventor
apresentou a situação da Colônia. No final disse que os pescadores '
lhe estavam devendo Cr$ 900,000,00. Um dos pescadores exigiu a ap-te-
-òen-tação de. notcu {lX.&ccU.& das despesas.0 "kom&m" reagiu como se qui-
sesse fazer uma agressão, e continuou com enroladas durante duas ho-
ras. Os pescadores disseram o que sentiam, e ele não suportou: "Voa
ckaman. o Tenente Rocha (Interventor da Federação) , que vai n.&òoZve.fL
o ptobZma de uoce-ó. Eu não qaeKo malò, vou òain. dl&òo". Os pescado-
res responderam: "Não vai òalfi, vai fi2.i,pondzn. a& p2.Kqu.nta&".
Mas o homem saiu e não voltou mais.
No mercado, o imposto de 5% do pescado rende 30 mil cruzei^
ros quando o movimento esta fraco, e 45 a 50 mil Cruzeiros quando o
movimento esta bom.
O Jnterventor da Federação e o Tenente José Raimundo Viei-
ra da Rocha, homem de 74 anos de idade, reformado ha 21 anos. Foi cha-
mado pelo Interventor da Colônia. Iniciou a reunião com Intlmldaçõni,
e am(iaq.ai>: Que tinha mandado prender caboclos; que ele ainda prendia
e a quem queria, dava sumiço; o que ele quisesse, tinha que ser fei-
to. Quando ele falou sobre a diretoria da Colônia, um companheiro pe
diu a palavra: "0 antigo 24 do Eòtatuto da Colônia diz que., paia faa-
zQ,n. ztzlção} tzm que. Áe.n anunciado 60 dlaò ante.Á". Ele respondeu que
mandou o edital, mas este nunca chegou.
O Tenente propôs três vezes, uma chapa única para a eleição,
Mas foi rejeitada. O Tenente queria como Presidente, um Delegado da
Polícia. Mandou prender dois companheiros, alegando que tinham tumul
tuado a reunião. 0 Sindicato dos Trabalhadores Rurais apoiou os pes-
cadores e conseguiu soltar os presos.
Foi feita uma denúncia ao Presidente da Confederação Nacio
nal, com 200 assinaturas e também por telefone, A CPP apoiou as de-
núncias. 0 Presidente da Confederação respondeu que não tinha condi-
ções ilnance-lH.a& de ir a Santarém. A Pastoral ofereceu passagens,mas ele tirou o corpo.
Em vez disso, chegou uma portaria, nomeando um interventor,
um comerciante da associação dos peixeiros. Os pescadores exigiram '
prestação de contas ao novo interventor. Ele alegou que perdeu 5a 10
quilos, por causa das pressões dos pescadores, So faria reunião com
a presença do Tenente,
A conquista do Sindicato pelos Trabalhadores Rurais foi pa
- 14 -
ra os pescadores um exemplo. Antes, o Sindicato estava nas mesmas '
condições da Colônia.
6.2 - Colônia Z-24 de Alcobaça, BA
Na Diocese de Caravelas, sul da Bahia, a luta dos pescado-
res começou através da Pastoral. A Colônia de Alcobaça estava desati
vada. Os pescadores con-óegá-c/íam ícatlvã-Za,. elegendo um pescador pa-
ra Presidente. Este, porém, traiu seus companheiros e virou pelego.
Ele contava com homens influentes: o Tenente Neves, Interventor da
Federação, o Capitão dos Portos e o Capataz (Agente da Polícia Naval).
A insatisfação dos pescadores cresceu durante os dois anos de manda-
to do Presidente pelego. Ja antes de passar este prazo, alguns compa
nheiros começaram a se mobilizar pára as eleições, a fim de substitu
ir o Presidente. Eles pressionaram o Presidente para fixar o edital
de convocação das eleições. Mas ele sempre mostrava dificuldades, di_
zendo que precisava de aprovação da Capitania dos Portos e do Presi-
dente da Federação. A pressão continuava. Afinal, ele convocou uma
reunião para formar uma chapa. Mas, sem ninguém saber, ele tinha cha
mado o Tenente da Federação que conduziu a reunião, inclisive pronun
ciando palavras ofensivas aos pescadores. Nesta hora, cs pescadores
ainda não se achavam com bastante força para responder. 0 Tenente a-
meaçava: SÕ aAòam-ia a dltintotLÍa. qu.<L e.&& quÃòzòAií.
Depois da reunião, a insatisfação cresceu. Houve varias reu
niões fora da sede da Colônia, e os pescadores decidiram que a chapa
deles teria que sair de qualquer jeito. A chapa foi apresentada nova
mente, mas foi rejeitada pelo Presidente da Colônia e pelo Tenente.
Dois pescadores foram então ã Confederação Nacional dos Pes-
cadores, no Rio. 0 Presidente Roque Henrique da Silva deu todo apoio
a eles e mandou um documento ã Federação, obrigando-a a fazer as e-
leições e aceitar a chapa dos pescadores. Mas a Federação não acatou
a ordem da Confederação e começou a enviar relatórios para o Rio, de
nunciando que os pescadores estavam fazendo am mov-ime.nto òuAp<o,
Baseados no documento da Confederação, os companheiros fi-
zeram nova pressão sobre o Presidente da Colônia. Mas este continuou
resistindo. Os companheiros, revoltados, telefonaram para a Confede-
ração. Esta mostrou-se vacilante, dando a entender que jâ não estava
âo lado dos pescadores. Estes, porém, não desistiram, cotizaram-se e
mandaram outro companheiro ao Rio, como última tentativa de resolver
o problema por meios legais. Se não conseguissem, seria boicotada a
eleição com chapa única do Presidente.
- 15 -
O companheiro trouxe mais documentos da Confederação, in-
clusive, exigindo a aceitação da chapa dos pescadores. Afinal o Te--
nente cedeu e aceitou a chapa. Foi marcada a eleição e a chapa da '
oposição ganhou com uma maioria de quase dois terços dos votos. A
posse esta marcada para meados de dezembro de 1981. Mas continua no
ar uma duvida: Será que vai haver posse mesmo?
6.3 - As experiências das Pescadeiras de Pernambuco
Contaram sua historia seis pescadeiras de Ponte dos Carva-
lhos, Pontezinha, Igarassu e Itapissuma.
Inicialmente contaram, como viviam & òQ. Jdtntlam antes de
entrar em contato com a Pastoral dos Pescadores: Elas viviam abando-
nadas. Todo o dia, atoladas até os joelhos na lama do mangue, cavan-
do sururu e ostra ou pescando peixinhos e camarão nos rios poluídos.
Passavam fome. As doenças acabando com elas e os filhos. Não tinham
esperança nenhuma de melhorar de vida. Elas se conheciam umas as ou-
tras, mas não se uniam, cada qual vivendo so para si.
Vonte. doò Cafivalho^ 'Ia. existe uma Sociedade Beneficente de
Pescadores. Mas as pescadeiras não participavam. Em 1973, receberam
ura convite da Sociedade dizendo que um padre vinha de Olinda para '
conversas com elas. Elas não quiseram ir, porque não gostavam de pa-
dre. Mas afinal, foram. 0 padre disse que queria ouvir um pouco dos
problemas da vida e dos trabalhos delas. Elas contaram da dureza det
suas vidas. Depois de algumas dessas reuniões marcaram um encontro
do qual participaram 30 pescadeiras. As reflexões evangélicas,feitas
a partir da vida, fizeram com que levantassem a cabeça e assumissem
o compromisso de lutar ao lado dos pescadores.
Jtapiòòuma e JQCUUU&Uí Em 19 75, a Ir. Nilza Montenegro foi
morar em Itapissuma , entrando em contato com as pescadeiras. Inici-
almente, elas eram muito desconfiadas. Mas depois de alguns meses,
umas delas começaram a se reunir com a Irmã. Segundo o depoimento d£
Ias, nas reuniões semanais, elas aprenderam que eram gente, criadas
ã imagem e semelhança de Deus, e que mereciam viver como todos os ou
tros. Isto animou as pescadeiras; elas lentamente, começaram a desço
brir que, apesar de todas as dificuldades, a vida poderia ser diferen
te, A partir de 1979, deu-se processo semelhante em Igarassu, com ia
chegada da Irmã Zefinha.
16
Lata pzloi, dVieJUei,- P>I<L\JIdunclÓLfilo& ■■
Jâ em 1974, as pescadeiras de Ponte dos Carvalhos sentiam
a necessidade de lutar pelos benefícios do FUNRURAL. Consultaram a
Capitania dos Portos e o próprio Presidente do FUNRURAL do Recife.
Mas sempre receberam a resposta, de que as mulheres não fazem parte
da Marinha e não podem ser matriculadas na Capitania dos Portos. Em
conseqüência,não tinham direito aos benefícios do FUNRURAL. Fizeram
outra tentativa de conseguir os benefícios através do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais do Cabo. Mas o Presidente do Sindicato mostrou
muitas dificuldades porque elas não trabalhavam no campo. Elas, po--
rém, não desistiram da luta e procuraram novos caminhos.
Entrentanto, o movimento das pescadeiras foi crescendo aos
poucos, com grupos em Ponte dos Carvalhos, Pontezinha, Itapissuraa,
Igarassu, Cueiras e Itamaracâ. Ao lado da luta pelos direitos previ-
denciãrios foi se firmando a luta contra a poluição. As pescadeiras
chamaram a atenção pública sobre seus problemas. Em 1978, o Governo
Federal emitiu um decreto, estendendo as pescadeiras os benefícios
do FUNRURAL. Pela regulamentação do decreto, elas conseguiram o di--
reito de se matricular nas Colônias de Pescadores, em pe de igualda»
de com os homens, mas sendo os documentos de habilitação para a pes-
ca fornecido pela SUDEPE. . . .,
Daí em diante, o movimento das pescadeiras se expandiu,em-
bora surgissem ainda muitas dificuldades para conseguir os documentos.
Mas as dificuldades foram superadas com coragem. As pescadeiras en--
frentaram as repartições competentes e os "homens de gravata", até
conseguiram liberar os documentos. Hoje ha em Pernambuco mais de 300
pescadeiras documentadas e atendidas pelo FUNRURAL,sendo 260 de Ita'-
pissuma e Igarassu.
A JLu.ta pelgus ColÔn-ca-6
No decorrer das lutas pelos benefícios previdenciârios e
contra a poluição, as pescadeiras dos vários lugares constataram a
apatia de suas Colônias. Na Colônia Z-8 de Gaibú, ã qual pertencem '
Ponte dos Carvalhos e Pontezinha, estavam nas mãos do Capataz da Ma-
rinha que não ligava para nada. A Colônia estava abandonada. Na Colo
nia Z-10 de Itapissuraa que abrange todo o Município de Igarassu, ha-
via um Presidente que respondia as interpelações das pescadeiras:"Ea
/ã atou. izlto} qtxnm quÃ-òn*. que. òe ^aça". £■ rejeitou qualquer cola- boração das pescadeiras na limpeza e arrumação da sede da Colônia.Em
vista disso, elas começaram a se movimentar para eleger uma núva di-
- 17. -
retoria aue desse apoio a elas. Conseguiram formar uma chapa, tendo
como Presidente um pescador, como Secretária uma pescadeira e outras
como Fiscais. Em reuniões,nas pescarias e em visitas as colegas de
casa em casa, foram conscientizando-as em torno das eleições.
A chapa foi aceita pelo Interventor da Federação, Tenente
Ximenes, mas não a cor da chapa, vermelha, porque segundo ele, lem-
brava o comunismo. Daí as pescadeiras escolheram a cor verde e, den
tro de poucas horas comunicaram a mudança a todas as pescadeiras e
aos pescadores, a fim de evitar confusão na hora da vrtação. No dia
da eleição, muitas pescadeiras de Itapissuma compareceram vestidas
de verde e continuaram a campanha de pessoa em pessoa. Resultado da
eleição: 420 votos a favor da chapa delas e 170 a favor da chapa o-
ficial.
Vale a pena notar que todas as atividades em torno da elejl
ção foram revisadas em reuniões semanais, durante vários meses.
Após a contagem dos votos, alguém da chapa oficial teria
dito: "Quem &* tH.ag o a me^mo HAòCL e^eXção ^ofiam £440.4 maZhzH.z& pe4ca-
de-c-t-cu".
As pescadeiras de Ponte dos Carvalhos e Pontezinha apoiaram
a iniciativa do novo Capitão dos Portos de intervir na Colônia de
Gaibu, exigindo do Interventor da Federação a nomeação de uma Junta
Governativa, composta por pescadores. 0 Presidente da Junta e o Pre
sidente da Sociedade Beneficente de Ponte dos Carvalhos.
0 que. há dz dlizn&ntí, antzi & depo-có daò yiovaò dc^e-to^u-íU?
Tanto na Colônia Z-8 de Gaibu, como na Colônia Z-10 de Ita-
pissuma, ha reuniões freqüentes, nas quais um número bastante grande
de pescadores participam ativamente. As diretorias se engajam na or-
ganização da classe e na defesa dos direitos e interesses dos asso-
ciados. Em Itapissuma, alguns pescadores jã foram aposentados. Há
prestação de contas mensal.
6.4 - Colônia Z-12 de Penedo, AL
Ate 1973, a Colônia Z-12 estava na mão de um motorista pe-
lego que tinha todo apoio da Federação e da Capitania dos Portos.Em
1973, alguns pescadores de Penedo entraram em contato com a Pastoral
dos Pescadores de Pernambuco. Frei Alfredo foi a Penedo e participou
de um encontro que muito os animou para buscar soluções para os pro-
blemas da vida e da pesca, inclusive da Colônia. Um grupo de uns 40
pescadores começou a fazer pressão sobre ò Presidente da Colônia, exi-
18
gindo prestação de contas.
No rio São Francisco havia e ainda há, as chamadas portas
d'água. Quando o rio está cheio, as águas invadem os campos de arroz,
às margens. Quando o nível d'água baixa, as portas impedem a saída
dos peixes. Os proprietários pegavam os peixes grandes e deixavam os
pequenos morrer ou os apanhavam e vendiam no mercado. Quando, porem,
um pescador vendia peixe miúdo, pescado com "lambada". o peixe era
apreendido, com o apoio do Presidente pelego. Isso revoltou os pes-
cadores que começaram a reclamar na Federação e na Capitania dos Por
tos,mas sem resultado.
Vendo que não tinham apoio nem da Colônia,nem da Federa--
ção, nem da Capitania, esse grupo de pescadores pensou em fundar uma
sociedade separada da Colônia, a fim de poder solucionar seus proble
mas. Quando o estatuto elaborado pelos próprios pescadores foi publi.
cado pelo Diário Oficial de Alagoas, a diretoria da Colônia foi cha-
mada pelo Capitão dos Portos que reagiu com ameaças e mandou acabar
com a sociedade.
Diante das ameaças, muitos pescadores ficaram com medo e
deixaram de participar das reuniões. Mas um pequeno resto continuou.
Com muita paciência e cuidado e com o apoio das comunidades de base
e de reflexões evangélicas de casa em casa, o grupo foi-se refazen-
do lentamente.
Entretanto chegou a época de eleições na Colônia. 0 grupo
formou uma chapa que foi recusada pela Federação. Com astúcia, com-
binou, então uma outra chapa cujos membros não eram do grupo. A cha-
pa foi aceita, ganhou e levou. 0 Presidente,porem, não correspondeu
as expectativas do grupo. Dois anos depois, lançou outra chapa para
novas eleições. 0 Presidente seria o Presidente da sociedade. A cha-
pa foi aceita e ganhou, mas foi cassada logo depois da eleição. A
Federação nomeou um Intervento/".
0 grupo, porém, não desistiu. Continuou se reunindo e fazen
do dias de estudo, e participando de encontros da Pastoral dos Pesca
dores. Nas eleições seguintes, apresentou nova chapa com outros no--
mes, ganhou e levou. Daí em diante, a Colônia foi se organizando ca-
da vez mais e participando ativamente de lutas em defesa dos direi--
tos e interesses dos pescadores, como por exemplo contra a poluição,
abaixo-assinados para melhorar a Previdência Social etc.
0 grupo começou também a visitar outras Colônias, cons-
cientizando-as para formar uma união frente ã Federação. Um trabalho
lento que custou muitas viagens e persistência.
- 19
Nas últimas el^coes de Penedo, o grupo apresentou duas cha
pas que competiram sem brigas e rixas. Ganhou e levou a chapa que an
teriormente tinha sido cassada.
Em 1980, o advogado Sebastião Bastos, Presidente da Federa
ção ha 24 anos, anunciou sua reeleição, sem mencionar como essa ree-
leição se processou, pois, não tinha convocado os Presidentes das Co
lônias. 0 grupo de Penedo, apoiado pela Pastoral dos Pescadores, te-
lefonou ao Presidente da Confederação Nacional, exigindo a anulação
da eleição. O Presidente atendeu e mandou convocar novas eleições, '
com a participação dos Presidentes das Colônias, jã em cima da hora,
começaram a.se articular e apresentaram uma chapa de pescadores. Mas
a Capitania dos Portos não aceitou a chapa, alegando que os pescado-
res não tinham capacidade de dirigir uma Federação. Os pescadores ba
terara em retirada estratégica e convidaram um Tenente reformado da '
Marinha para aceitar a Presidência, Esse tenente que sempre tinha se
mostrado amigo dos pescadores e merecia a confiança deles, aceitou.
Quando o advogado viu a trama, sentiu-se derrotado e renunciou ã re-
eleição. Ficou a chapa única do tenente que passou sem dificuldade.
O tenente anunciou que não ia terminar o mandato e que os pescadores
se preparassem para assumir a Federação.
. * f •
7. IMPRESSÕES SOBRE AS EXPERIÊNCIAS
Após a apresentação de cada experiência, o plenário mani--
festou suas impressões, principalmente os pontos positivos, como pi£
tas para um futuro trabalho, de norte a sul do Brasil. Aqui resumi--
mos os pontos positivos das quatro experiências:
- Ucu-ão dos pescadores e pescadeiras, apôs seu despertar,
- A osiganZza.ç.dio em torno das eleições,
- A pe.SLAÍAt2.ncÃ.a na lata pela. conquista da Colônia,
- A cotiagtm e iz&litzndla, frente as ameaças,
- A doopzn.aq.ao do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da
Pastoral dos Pescadores,
- 0 acompanhamznto do6 acontzcZmzntoi em relação ã pesca
(Geleira) , .i r
- Vli,tit-ibü.lq.ão <L tòtado dos Estatutos das Colônias v - Vfiz&òao sobre os Presidentes para fazer reuniões e pres-
tação de contas,
- O Qn.au. de. con-ôc-cênc^ca dos grupos de oposição,
- SolldafiliLdadd dos trabalhadores rurais e pescadores para
com os companheiros presos (Santarém),
- 20 -
- CoKCLQzm de viajai duas vezes ao Rio de Janeiro para falar com o Pi-egi dente da Confederação Nacional dos Pescadores (Alcobaça).
- A cotlzação doò ptÁcadotiLò para possibiliar as viagens ao Rio;
- Re^£exõe-i dupcíí déA ^aca^404, fora das reuniões oficiais da Colônia;
- ?A.2.ò2.nç.a de. muXheAe-ó na nova diretoria de Itapissuma;
- A c-tenço. no seu próprio poder e capacidade de enfrentar a luta;
- A conAclê-ncla de ser gente e filho de Deus;
- A.ò A.eanxõ.e-6 Amanalò das pescadeiras;
- Concon.H.êncXa de chapas sem rixas (Penedo) ;
- Reacu-õcó com as comunidades de base;
- Vlòltati da ccLòa m caòa para conseguir amizade e confiança;
- GKupo de ajuda, mútua como esteio da Colônia;
- Extzn&ão da luta para outras Colônias e para derrubar o Presi- dente da Federação (Alagoas).
8. PROPOSTAS PARA A MUDANÇA DA SITUAÇÃO
Após a avaliação das quaitro experiências de luta em torno
de Colônias, a Assembléia retomou, no dia 22 de novembro, o tema das propostas
para mudar a situação de dominação. A fim de que a questão ficasse bem esclareci-
da, a instituição das Colônias do Pescadores foi colocada em cheque com esta per
- l/a£e a pena lutan, pelai, Colônia*,? Sim ou Não? Por que?
A resposta foi unânime,no sentido de que vale a pena, mas
para transforma-la em \jQ.fidad(ilfioi> Õtcgão de c£a^4e dirigido poh. pe-ó-
cado^e.ó, evitando organizações paralelas que dividem a classe.
Após esta definição,os grupos formados por região,passa--
ram a responder as seguintes perguntas:
- Qui tfiabalhoò vamoò zncamtYihan. em tofino daó Co£ônxa4?
- Qae apoio e4peitam da Comlòòão Va&tonai doò Pe4cado^e4?
As respostas foram discutidas em plenário, juntamente com as propostas elaboradas no dia anterior, e sintetizadas em 3 categorias:
8.1 - Reivindicações a serem enviadas às autoridades competentes
8.1.1 - Colônias de Pescadores :
Que -óe pn.oc.tda, com a participação ativa doò ptòcadoncò.a uma
mudança noò BòtatutoA daò Coldnicu>, com o Acgulntz objetivo:
a) tomar as Colônias autônomas
b) transformar as Federações e a Confederação Nacional em Ór-
gãos de coordenação e de apoio;
c) eliminar das Federações e da Confederação Nacional o poder
de fiscalização, normatização e intervenção nas Colônias.
- 21
8.1.2 - Projetos Pesqueiros
Que se garanta aos pescadores atingidos a participação '
ativa:
a) na zlabCLação dos respectivos projetos pesqueiros e da '
legislação regulamentadora da pesca;
b) na exe.cu.cao de tais projetos pesqueiros.
8.1.3 - Poluição
a) Que, òQ, cumpia sUgosio6amQ.nte. a lei n9 6.938, de 31 de a-
■:■■.. gosto de 1981, com o objetivo de se acabar definitivamen te com a poluição.(* Veja anexo).
b) que, no Conòalho Mac-conal do tíd-ío Ambx.en-te, haja a parti
cipação ativa de pescadores atingidos pela poluição.
8.1.4 - Previdência Social:
a) que haja imnlõ&A p<LfilÕdlca& dos presidentes das Colôni-
as de Pescadores cora as autoridades competentes da Previ
dência Social, objetivando o melhoramento do atendimento
dos pescadores.
b) que, na fuz^ohma da Z2.gZ6tação pK.zv.idQ.nclcih.la, sejam aten
didas as seguintes reivindicações contidas no abaixo-as-
sinado (37.74? aò&lnatufLaò da& comu.nidado.ò pz&quzÃ,A.aò] '
ao Sr. Ministro da Previdência Social, em 21 de maio de
1981:
- "Continuar a contribuição de forma indireta, como ate
agora, através do FUNRURAL, uma vez que as próprias au
toridades reconhecem que nos não temos condições de '
contribuir diretamente".
- "A aposentadoria por velhice seja concedida ao pesca-
dor quando este completar 55 anos de idade, independen
te de contribuição".
- "A aposentadoria especial aos 25 anos de atividade, em
vista da insalubridade e periculosidade da profissão".
- "Para fins da legislação providenciaria, o conceito de
pescador artesanal atinja aqueles que trabalham em em-
barcações de ate 20 toneladas, de forma autônoma, com
auxílio de familiares ou através do regime de parceria
com outros pescadores".
- 22 -
- "Sejam atendidos todos os outros benefícios do INPS ao
pescador, mantida ainda a forma indireta vigente da '
contribuição".
8.1.5 - Terrenos de Marinha
a) que o píòcadox. e ^ea õ-tgão de. c£a.64£ tenham prioridade '
nos terrenos de marinha;
b) que, no caso, de òzi dzcldldo o aiofiamznto de. te.n.n.e.)fio&f
o Serviço de Patrimônio da União (SPU) comunique as Co-
lônias, Federações e Confederação Nacional, para que se-
ja garantida a prioridade ao pescador;
c) que, pon. lntzn.me.dlo dot, pie.0A.diLn.t2A dai> Colonial e. Tzde,-
iaç.de6f sejam demarcados terrenos de marinha para os pe£ cadores e suas Colônias.
8.2 - Sugestões para a luta dos pescadores
- Ajudar os pescadores a descobrir seu valor humano;
- Conscientizar um número cada vez maior de pescadores, em
torno de seu órgão de classe;
- Divulgar e estudar os Estatutos das Colônias, analisando-
as criticamente;
- Intensificar a comunicação entre as praias;
- Conscientizar os pescadores sobre as propostas do Governo;
- Lutar pela conquista da direção das Colônias, Federações
e Confederação Nacional;
- Promover a comunicação entre as Colônias, em termos regi^
onais e nacional;
- Conhecer melhor a historia das Colônias e, a partir dis-
so, levar os pescadores a lutar por uma mudança;
- Conhecer melhor os direitos legais e unir as Colônias pa
ra reivindicar.esses direitos;
- Continuar a fazer pressão junto ao Governo contra a polui
ção;
- Continuar a luta pelo melhoramento da Previdência Social;
- Unir pescadores e outras categorias de trabalhadores, na
luta pelos direitos:
- Divulgar mais os boletins da CPP;
- Comunicar-se mais com a CPP em cada Estado e com a CPP
nacional;
- 23 -
- Refletir criticamente com os pescadores sobre a situação
política.
8.3 - Propostas para a Comissão Pastoral dos Pescadores
- A CPP continue dando apoio moKat e motivação cx-Lòtã, pa-
ra a luta dos pescadores;
- Seja intensificada a tnoca da. expe^u-ênc-ca-ó,através do Bo letim"0 LEME"- Informativo Nacional;
- Envie informações sobre política e legislação pesqueira;
- Continue o programa da Radio Olinda;
- Organize mais CaA-ócó BZbtlcoò zm oiLtn.a& HZQíõZò, a fim '
de atingir mais pescadores e aumentar a esperança e a
motivação cristã para a luta por uma mudança da situação;
- Elabore uma cartilha que ajude os pescadores a evangeli-
zar seus companheiros;
- A CPP solicite ã Conferência Nacional dos Bispos do Bra-
sil, que na Assembléia de fevereiro de 1983,sejâffl estu-
dados os problemas dos pescadores e procurados meios pa
ra apoiar suas lutas;
- 0 mesmo seja feito nas Assembléias regionais da CNBB;
- Prepare, um calendário, com datas marcantes da vida dos
pescadores, das Colônias e de suas lutas, tendo por ob-
jetivo o aprofundamento da consciência histórica do pes^
cador.
9. DIA NACIONAL DA LUTA DO PESCADOR
No fim do último plenário, surgiu uma sugestão que foi
aplaudida calorosamente: que a 3a. Assembléia Nacional da Pastoral '
dos Pescadores proclamasse o dia 22 de novmbfio,
VÍA NACIÕUAL VA LUTA VÕ PESCAVOR
As razões apresentadas são as seguintes:
a) No dia 22 de novembro de 1910 aconteceu a chamada "Re--
volta da Chibata" ^ a. revolta dos marujos-pescadores, a
bordo de três Couraçados no Porto do Rio de Janeiro. A revolta teve
por finalidade forçar a abolição do regime de escravidão e dos casti^
gos corporais e a implantação de um regime mais humano,nos navios de
- 24 -
guerra. Os marujos, porém, foram miseravelmente traídos. Muitos deles
deportados para o Amazonas onde pereceram, vítimas de febre amarela,
malária ou ataques se índios. Outros passaram anos em cárceres imun-
dos, no Rio de Janeiro, sendo vítimas de doença e subnutrição. Os
poucos que escaparam com vida, entre os quais o líder da revolta,
João Cândido, passaram o resto de suas vidas como pescadores ou vende-
dores de peixe. A "Rtvolta da Clvibata1' foi, certamente, uma das motji vações fortes para a organização das Colônias de Pescadores no Brasil
b) No dia 22 de novembro de 1981, termina a 3a. AÁòzmblé.Za
Uadlonal da ?at>ton.al doi Vni,tadofino que despertou a consciência his-
tórica de seus participantes, dispostos a buscar uma mudança na poli
tica pesqueira e na vida e organização das Colônias.
10. ENCERRAMENTO
A 3a. Assembléia Nacional da Pastoral dos Pescadores encer
rou seus trabalhos com a lltangla da Palavia preparada por uma equi-
pe de pescadores. Tendo como "pano de fundo" os estudos da Assembléia
e a busca de uma mudança da situação, a Liturgia teve como tema cen
trai dos trechos evangélicos:
Ltic. 7 2,35-40: "Eitzjam clngldoò oò VOAòOá tUnò..." Mat. 16,24-27: "... aquzlz quz pzftdín. a òua vida, poi
minha caaòa, zncontsia-Za-á. .,'!
O caloroso abraço de paz, no final das reflexões, foi um
sinal vivo da disposição dos participantes da Assembléia.
*** *** *** *** * * * * * *
- 25 -
1. INTRODUÇÃO __„_„„_„ __ oi
2. ABERTURA .„„„_„ + 02
3. HISTÓRICO DAS COLÔNIAS DE PERSCADORES 03
3.1 - Antededentes - —
3.2 - Fundação de Colônias de Pernambuco 3.3 - Década de 1930 3.4 - Década de 1940 3.5 - Décadas de 1950 a 1070 3.6 - Conclusão do Histórico
4.1 - Política Pesqueira atual da SUDEPE e dos Estados (Resumo)
4.1.1 - Fiscalização dos pescadores 4.1.2 - Repressão ã Pesca Predatória 4.1.3 - Assistência técnica 4.1.4 - Financiamentos 4.1.5 - Projetos de Desenvolvimento da Pesca
4.2 - Influência da Marinha nas Colônias
5. PROPOSTAS PARA MUDAR A SITUAÇÃO
6. APRESENTAÇÃO DE QUATRO EXPERIÊNCIAS EM TORNO DE COLÔNIAS
6.1 - Colônia Z-20 de Santarém,PA -
6.2 - Colônia Z-24 de Alcobaça,BA 6.3 - As experiências das Pescadeiras de Pernambuco 6.4 - Colônia Z-12 de Penedo,AL
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4. ESTUDO DA SITUAÇÃO PESQUEIRA ATUAL - 06
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4.3 - Administração das Colônias- in 4.4 - Colônias e Sindicatos _ ,,
4.5 ~ Questões de terrenos de marinha
4.6 - Problemas de Previdência Social_
4.7 - A poluição causada pelas industrias^ .___, i o
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7. IMPRESSÕES SOBRE AS EXPERIÊNCIAS 20
8= PROPOSTAS PARA A MUDANÇA DA SITUAÇÃO 21
8.1 - Reivindicações a serem enviadas as autoridades competentes 21
8.1.1 - Colônias de Pescadores 8.1.2 - Projetos Pesqueiros 8.1.3 - Poluição 8.1.4 - Preivdência Social 8.1.5 - Terrenos de Marinha V -■: ■
8.2 - Sugestões para a luta dos pescadores 23
8.3 - Propostas para a CPP - Comissão Pastoral de Pescadores
9. DIA NACIONAL DOS LUTA DOS PESCADORES
10. ENCERRAMENTO
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* *
* Anexo: "Transcrição de alguns pontos mais importantes da Lei n? 6.938,de 31 de agosto de 1981".
CPP - Comissão Pastoral dos Pescadores
Rua do Giriquiti, 48 - 50.000 - Recife - PE
ANEXO
"TRANSCRIÇÃO DE ALGUNS PONTOS MAIS IMPORTANTES DA
LEI N? 6.938 de 31/08/1981" - (pag. 22 - item
8.1.3 - Poluição: letra a)
- Esta Lei estabelece uma Política Nacional do Meio Ambiente. Is- to significa que o Governo fixou uma orientação na manutenção e melhoria do equilíbrio da natureza, combatendo também todas as práticas de poluição que causem dano.
- Um dos princípios desta lei ê de que o Governo tem responsabili^ dade na recuperação e proteção daquelas ãreas que estão bastan- te prejudicadas ou ameaçadas fortemente pela poluição.
- Por poluição, a Lei entende, aqueles prejuízos causados ã natu- reza que possam influir nas atividades econômicas como as de ' pescaria.
- A Lei criou um órgão máximo, responsável pela política do Meio Ambiente chamado Conòzlho Nacional do Me-co Amb-ccníe., composto ' por representantes de Estados, dos empresários e dos empregados na cidade e no campo. Os pescadores não estão representados ' neste Conselho.
- As penalidades para quem poluir poderão ser: multas, a perda ou suspensão de créditos ou incentivos fiscais, e ate a suspensão das atividades.
- Na suspensão das atividades, a Lei diz o seguinte:
. 0ò GovzfinadoKnò dot, Estadoò pod&fião ■òu.^ptndz/L atz um pfiazo de. 15 dlaò.
. 0 M-tn-t-ó-í-to do Int&nlon ate. um pfiazo dz 3 0 dÁ.a&.
. SÓ o Pfizòldcntz da R&pubLLca podzh.ã iuApzndztL o poZuldon. em um pfiazo maloft que 30 dlai,
- Pela Lei, alem das penalidades que poderá sofrer o poluidor, es_ te poderá pagar os prejuízos que causarem a outras pessoas, co- mo por exemplo aos pescadores por morte dos peixes.