«infografia: um novo género joranalístico», # 35 da jj

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  • 8/6/2019 Infografia: um novo gnero joranalstico, # 35 da JJ

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    6|Jul/Set 2008|JJ

    Infografias de imprensa,digitais e televisivas

    Comunicarseduzindo o olharGnero jornalstico complementar ou autnomo,o infografismo tem vindo a conquistar espao eestatuto. As infografias explicam o que um textono descreve, o que uma foto no mostra. Efazem-no sem se sobrepor a nenhum dos dois,podendo at incorpor-los no cumprimento dasua misso primordial: informar de formarpida, eficaz e esteticamente apelativa.

    Textos Helena de Sousa Freitas Fotografias Lus Humberto Teixeira

    Um dos aspectos a esclarecer quando falamos deinfografismo (ou infografia) foi sublinhado JJ por

    Jaime Figueiredo, do Expresso, em resposta a uma das pri-meiras perguntas: Os infografistas fazem um trabalho jor-nalstico? Claro que fazem. Podem gastar duas semanas apesquisar antes de iniciarem um trabalho de grandesdimenses e, por vezes, vo em reportagem com o jorna-lista e o fotgrafo.

    A diferena que ns fazemos fotos especficas, queno so artsticas e se destinam fundamentalmente a auxi-

    liar o nosso trabalho. Para criar uma infografia sobre 16 barcos tpicos portugueses, fui ao Museu da Marinha efotografei todos da mesma perspectiva, contou o directordo departamento de infografismo do Expresso, assinalan-do que a infografia pretende mostrar o que no pode ser

    apresentado de outra forma. Podemos usar um mapa,mas a inteno continua a ser dar resposta s perguntasessenciais, sendo que o ideal termos uma infografia queresponde a umas questes, enquanto o texto responde aoutras. H casos em que o texto um apoio infografia,mas no faz sentido que tente explic-la ela deve falarpor si, ainda que de forma mais visual, esclareceu.

    Com um departamento composto por trs pessoas darea do design e duas da fotografia, o Expresso cria cercade 500 infografias por ano: 75% de pequena dimenso

    (grficos a uma ou duas colunas, de barras ou tipo queijo),17% de dimenso mdia e 8% de pgina inteira ou duaspginas (um plano), o que d sensivelmente uma grandeinfografia por edio.

    A opo de termos uma infografia a ocupar um plano

    TEMA

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    JJ|Jul/Set 2008|7

    por semana comeou no Vero de 2006, aps a remodela-o do jornalcontou Jaime Figueiredo, recordando umepisdio com o espanhol Javier Errea, que impulsionou aremodelao do Expresso.

    Tive a infografia Nem um s minuto de paz na gave-ta durante quase dois anos. Quando o Javier a viu, disseque tnhamos de a publicar. Trabalhei na sua actualizaoe acabou por sair a 07 de Outubro de 2006, vindo a con-quistar uma medalha de ouro nos Prmios Malofiej, osgalardes internacionais atribudos pela seco espanhola

    da Society for News Design e que devem o seu nome aoinfografista Alejandro Malofiej, falecido em 1987.Os galardes comearam a ser atribudos em 1993, dois

    anos aps o final da primeira Guerra do Golfo, facto a queno ser alheio o boom de infografias registado durante o

    conflito, nomeadamente mapas e diagramas com a locali-zao dos bombardeamentos e descries dos tanques edos avies.

    INFOGRAFIA IMPRESSA

    NO FICA ATRS DE ESPANHA OU EUA

    O departamento de infografismo do Expressodedica-se em exclusivo ao suporte impresso, mas

    Jaime Figueiredo considera que a ausncia de infografiasdigitais constitui uma grande carncia do semanrio.Alis, no meio digital temos, na generalidade, um atrasode 10 anos face aos nossos vizinhos espanhis; ns esta-mos a comear e eles j esto na maturidade, afirmou JJ.

    Igreja da Santssima Trindade, em Ftima. Infografia de

    Ana Serra e Jaime Figueiredo (Expresso) distinguida

    com uma medalha de ouro nos Malofiej 2008

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    Na infografia impressa, a situao diferente.Portugal no est atrs do El Mundo, do El Pas, do TheGuardian ou do The New York Times, assegurou, acres-

    centando que a infografia j no apenas uma secoque presta servios ao resto do jornal.

    No estamos a um canto. Levou alguns anos, mas hojeparticipamos nas reunies de editores e damos sugestese ideias, congratulou-se.

    Uma sensao partilhada por Susana Lopes, coordena-dora de infografia do grupo Econmica (que possui oDirio Econmico e o Semanrio Econmico), onde traba-lha desde 2001.

    Estamos inseridos na redaco e h um dilogo per-manente com os jornalistas, afirmou a responsvel dodepartamento, composto por trs pessoas da rea dodesign.

    Para Susana Lopes, a infografia pode vir a ter um esta-tuto prprio a 100%, mas talvez por se tratar de algorecente em Portugal ainda vista muitas vezes comoum boneco para encher o espao, o que no faz sentido,

    j que uma infografia nem sequer tem de funcionar comosuporte, pois h casos em que pode perfeitamente viversozinha.

    O problema da falta de reconhecimento ter a suagnese na fase formativa. Designer grfica, Susana Lopeslamenta que a infografia seja esquecida no apenas noscursos de Jornalismo e Comunicao mas nos de carizartstico: No meu curso, a infografia no teve direito auma cadeira, foi leccionada na disciplina de Design Visuale creio que continua a ser assim.

    Tambm a nvel laboral, o infografista ainda no vistocomo exercendo uma profisso independente. Acreditoque subsista a ideia de que, para conceber uma infografia,

    basta haver na redaco um jornalista com mais jeito parao desenho, declarou Susana Lopes.

    Apresentando a infografia como um exemplo de jor-nalismo visual, a coordenadora esclareceu que, depen-dendo do estilo do jornal, ela pode ser mais ou menosartstica.

    Existem infografias expositivas, que so muito prxi-

    TEMA infograf ia

    H casos em que o texto um apoio infografia, mas no faz sentido que tente

    explic-la ela deve falar por si.Jaime Figueiredo, director do departamento

    de infografismo do Expresso

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    mas da ilustrao, e explicativas, que mostram como sechega a determinado objectivo. No caso do jornalismoeconmico, h essencialmente a necessidade de expor

    dados, sendo a realizao das infografias sobretudo digi-tal. S muito esporadicamente h um trabalho manualenvolvido, acrescentou.

    Tambm Jaime Figueiredo considera que a concepodas infografias deve actualmente muito s ferramentasinformticas. Estudei na Escola de Artes DecorativasAntnio Arroio, mas no tenho jeito para o desenho demo livre. De qualquer modo, desde que se tenha conhe-cimentos de perspectiva e de luz/sombra, o rato faz oresto afirmou.

    DOIS SUPORTES EM DILOGO

    O estdio pode ser embrionrio se comparado aoque se faz no exterior, mas as infografias animadas

    tm vindo a conquistar terreno nos sites portugueses,

    podendo ser apreciadas nos espaos online do dirioPblico, da RTP, do semanrio Sol, da Rdio Renascenaou da revista Deco Proteste, que aposta num dilogo entre

    os dois suportes, papel e digital.Com uma revista mensal e duas bimestrais a Proteste,

    a Teste Sade e a Dinheiro & Direitos, respectivamente aDeco Proteste comeou a incluir infografias nas suaspublicaes em 1995, passando a investir nesta rea deforma mais sistemtica e articulada com outros canais apartir do redesign da revista Dinheiro & Direitos, em2005, contou o designer Nuno Semedo JJ.

    As infografias animadas que tiveram incio em 2001,com um trabalho sobre a doena de Parkinson consti-tuem, na sua maioria, um desenvolvimento das que sopublicadas nas revistas, com a diferena que, no supor-te impresso, uma histria contada de uma nica vez,enquanto no online o leitor pode optar por informaoparcial; por exemplo, numa infografia sobre os acidentesdomsticos, possvel escolher vez as divises da casa,explicou.

    Fazer uma infografia multimdia no apenascriar um boneco e anim-lo recorrendo ao Flash,

    h muitas outras potencialidades.Mrio Cameira, webdesigner e infografista do

    Pblico Online

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    Em www.deco.proteste.pt, a animao infogrficapode conter, alm da narrativa, vdeos, fotografias e docu-mentos (como cartas-tipo).

    A equipa que executa as infografias multidisciplinar:Nuno Semedo trabalha com um jornalista numa primeirafase. O designer Jos Ribeiro contribui com a realizaodos vdeos, sendo a edio final feita pela jornalistaSusana Cruz. O webdesigner Manuel Tavares e o progra-mador web Daniel Serra publicam os contedos na Net,

    explicou Nuno Semedo, querendo realar o papel do tra-balho em equipa.Embora a ideia da infografia seja desenvolvida interna-

    mente, as ilustraes so, por vezes, encomendadas a umaempresa externa: a Anyforms.

    Para o grupo, a infografia permite transmitir informa-o complexa ou bastante detalhada de forma apelativa eintuitiva, justificando-se sempre que necessrio ilustraralteraes ao longo do tempo, inserir dados estatsticos,

    mapas ou diagramas. Em artigos sobre novos tratamentosmdicos, permite explorar mais facilmente os rgos docorpo humano e num evento ou objecto pode ajudar adesvendar os bastidores ou o lado oculto, exemplificam.

    OS DESAFIOS DO INFOGRAFISMO DIGITAL

    As vantagens do suporte digital so igualmente

    enaltecidas por Mrio Cameira, h nove anos comowebdesigner do Pblico Online (www.publico.pt) e autordo blogInfografando (http://infografando.blogspot.com).

    Para este jornalista com carteira profissional, a longevi-dade de uma infografia digital um dos seus pontos for-tes. Ao contrrio da infografia impressa, que morre com o

    jornal, a multimdia permanece disponvel no site. Logo,se eu demoro um ms a faz-la mas ela pode ser vista naNet durante trs anos, sinto-me amplamente compensa-do, afirmou.

    Mas fazer uma infografia multimdia no apenascriar um boneco e anim-lo recorrendo ao Flash, h mui-

    tas outras potencialidades. Pode conter vdeo, som, podeincluir dados para a realizao de simulaes... Uma info-grafia animada pode constituir, por si s, um artigo, entu-siasma-se, salvaguardando que, mesmo na Internet, nemtodas as infografias tm de ser animadas, pois isso s faz

    10|Jul/Set 2008|JJ

    TEMA infograf ia

    Potencial elico da Pennsula Ibrica. Infografia de

    Sofia Miguel Rosa (Expresso) distinguida com uma

    medalha de prata nos Malofiej 2008

    Estamos inseridos na redaco e h

    um dilogo permanente com osjornalistas.Susana Lopes, coordenadora de

    infografia do grupo Econmica

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    JJ|Jul/Set 2008|11

    Da esq. para a dir.: Manuel Tavares, Susana Cruz e Nuno Semedo da Proteste

    Infografia sobre as viagens intercontinentais de avio,

    publicada no Semanrio Econmico e vencedora de

    uma medalha de prata nos Malofiej 2008

    Infografia sobre os gasodutos da Europa, publicada no

    Dirio Econmico e vencedora de uma medalha de

    bronze nos Malofiej 2007

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    TEMA infograf ia

    Infografia "Ideias para poupar gua", publicada na

    revista Proteste em Junho, em dilogo com o suporte

    digital

    Infografia "Ideias para poupar gua",

    publicada no site da Deco Proteste

    em Maio, em dilogo com o suporte

    em papel

    12|Jul/Set 2008|JJ

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    JJ|Jul/Set 2008|13

    sentido se ajudar compreenso daquilo que elas preten-dem transmitir.

    A possibilidade de actualizao constante outra mais--valia assinalada pelo webdesigner, que se estreou comum trabalho sobre o acidente de Entre-os-Rios e actual-mente assina duas infografias por ms no site do Pblico,por onde passam estagirios que nem sabem que existeinfografismo.

    Defendo que uma infografia digital pode e deve ser

    actualizada, sendo at mais compensador fazer um traba-lho cujo tema permita actualizaes ao longo do tempo,declarou, sustentando que a controvrsia sobre alteraesao material noticioso publicado na Net se resolve seguin-do critrios jornalsticos.

    Para comear, o infografista deve sair rua em buscada informao, fazer a pesquisa, tirar as fotos, em suma,mergulhar no assunto. Depois e dado a infografia serum exemplo de jornalismo visual ela deve cumprirrequisitos como iseno, rigor, identificao das fontes e

    incluso da data de publicao, que obrigatria no onli-ne, onde no existe a data do jornal impresso para servirde referncia. Claro que, se uma infografia actualizada,a data da alterao passa a constar da ficha de dados queacompanha a imagem, esclareceu.

    Descrevendo o infografismo como uma forma de comu-nicar que ainda pode ser muito rentabilizada e comouma rea de aprendizagem contnua, Mrio Cameira,que j frequentou workshops de formao em Espanha, afir-mou ainda ter no El Mundo a sua grande referncia.

    O El Mundo tinha, h uns meses, cinco pessoas encar-regues das infografias digitais e 15 a criar infografias para

    o papel, o que ajuda a torn-lo a par do El Pas ummarco mundial nesta rea. E embora quem esteja agora adar cartas seja o The New York Times, a verdade que osamericanos vo buscar os melhores a Espanha, pas comuma forte tradio no desenho, concluiu.

    Infografia digital de Mrio Cameira

    (Pblico Online) sobre as Eleies

    nos EUA

    No suporte impresso, uma histria contada de uma nica vez, enquantono online o leitor pode optar porinformao parcial. Nuno Semedo,

    designer da Deco Proteste

    JJ

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    Antnio Jos Brito, director do Correio Alentejo

    A presena de infografias na imprensanacional tem vindo a aumentar ao longo

    dos ltimos anos, mas sem equivalente naimprensa regional, onde redaces mais peque-nas e oramentos mais reduzidos no facilitam oinvestimento alm do binmio texto/foto. Mas hexcepes a confirmar a regra.

    Enquanto dirigiu o Dirio do Alentejo,Antnio Jos Brito apenas recorreu infografiauma ou duas vezes mas quando fundou osemanrio Correio Alentejo, em Maro de 2006,fez questo de apresentar a infografia como umamais-valia ao nvel da imprensa regional.

    A infografia enriquece grandemente um jornal e

    constitui um valor acrescentado para os leitores,afirmou Antnio Brito JJ, recordando que, noprimeiro ano de existncia, o Correio Alentejo pu-

    blicou uma todas as semanas.E se tivssemos condies para incluir se-

    manalmente mais do que uma, t-lo-amos feito,assegurou, indicando como vantagens das info-grafias, o facto de tornarem a informao maisdirecta, pondo o leitor ao corrente dos elementosessenciais da notcia, alm de concederem belezaao jornal.

    Um aspecto no negligenciado pela publi-

    cao regional que abrange o distrito de Beja eo Litoral Alentejano (Sines, Grndola e Santiagodo Cacm) onde houve sempre o cuidado decolocar as infografias nos planos de cor, j queperdiam virtudes e impacto se fossem impressasa preto e branco.

    Apesar do interesse manifesto, h algunsmeses que a insero de infografias no jornal setornou mais espordica, porque no se trata deum servio barato.

    O semanrio, que solicitava as infografias I+G, foi atingido pela crise generalizada que

    afecta a imprensa e obrigado a emagrecer os cus-tos, revelou Antnio Brito JJ, assegurando que,se a situao melhorar no futuro, haver umaaposta mais regular neste recurso, cuja importn-cia tremenda.

    TEMA infograf ia

    14|Jul/Set 2008|JJ

    Infografia da Ovibeja 2006 no

    Correio Alentejo (autoria: I+G)

    A infografiaenriquecegrandementeum jornal

    JJ

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    JJ|Jul/Set 2008|15

    A infografia publicada na imprensa portuguesano , na totalidade, criada pelos departamentos

    existentes nos jornais e revistas nacionais, que recorremtambm ao servio de empresas externas como aAnyforms, que surgiu em Lisboa em 2001, ou a I+G, for-mada um ano depois no Porto.

    Com cinco pessoas na rea do design e uma na rea dojornalismo, alm da colaborao de um jornalista freelance,a Anyforms cria infografias para rgos como o DN ou ABola, AutoSport, Viso e Proteste, contou Lus MiguelTaklim, director de arte da agncia, JJ.

    Tambm produzimos infografias para o El Mundo, o

    La Vanguardia, o Latino um jornal gratuito destinado comunidade sul-americana em Espanha , para a revistafrancesa Science et Vie e para a National Geographic,acrescentou, indicando a primazia de trabalhos de ndoledesportiva, cientfica e histrico-cultural.

    Difcil ter a percepo do nmero de infografiassemanais. Tanto podemos criar 20 numa semana comoficar 15 dias entregues a um nico trabalho. Se no foreminfografias muito grandes, talvez faamos uma mdia deseis por semana, revelou Lus Taklim, para quem a info-grafia tem vindo a ganhar espao nas pginas mas a per-der em investimento financeiro.

    Uma situao que piora no meio online, onde a apostaainda fraca e de pouca qualidade. No que os profis-sionais sejam maus salvaguarda mas os rgos decomunicao no do o devido espao infografia digitale, muitas vezes, limitam-se a apresentar uma sequncia deimagens estticas, pouco mais do que um slideshow.

    COMUNICAO EFICAZ E ESTTICA APELATIVA

    Para Lus Taklim, h diversas variveis a ter emconta para se conseguir uma boa infografia, mas

    fundamental que o trabalho seja comunicativo, dando aoleitor, em poucos segundos, uma descrio que ele perce-ba, e, se possvel, esteticamente apelativo. Se, alm des-tas duas caractersticas, a narrao e o tamanho foremadequados, tanto melhor para o pblico afirmou.

    Empresas de infografismo

    Anyforms e I+GDescrever factos com brevidade e rigor

    Uma infografia bem-vindasempre que algo muito difcilde explicar por outro meio.Lus Taklim, director de arte da

    Anyforms

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    16|Jul/Set 2008|JJ

    E quando se justifica uma infografia? Ainda nospedem uma quando no h mais nada para ilustrar o textoou quando a foto no suficientemente explicativa, masCorrie Parsonson, antigo director do gabinete de infogra-fia da Reuters, dizia que se podia produzir uma infografiasempre que a explicao de um acontecimento exigissemais do que um pargrafo, recordou.

    uma definio um pouco excessiva, mas consideroque uma infografia bem-vinda sempre que algo muitodifcil de explicar por outro meio, esclareceu, indicandoque o trabalho da Anyforms neste sector recorre fotogra-

    fia, ilustrao manual e ilustrao 3D.Alm de distines indirectas devido a trabalhos reali-zados para enciclopdias do dirio espanhol El Mundo, aAnyforms tem no currculo duas medalhas de bronze nosPrmios Malofiej. Uma foi ganha em 2006 por uma srie

    de infografias de 24 monumentos nacionais desenvolvidapara o Expresso, e outra em 2007, por um conjunto deinfografias de 12 estdios publicadas no DN.

    INFOGRAFIA NO SUBSTITUI TEXTO OU FOTOS

    Srgio Braga j tinha passado pelo JN, pelo Pblicoe por O Jogo, onde foi editor e assinou o projecto

    grfico do jornal, quando fundou a I+G, que tem nestemomento quatro trabalhadores fixos dois jornalistas e

    dois designers e a colaborao de uma rede defreelancers.Um dos designers o prprio director, Srgio Braga, querevelou JJ a carteira de clientes da empresa. Fazemosinfografias para os espanhis El Mundo e Marca, para oDN, Viso, Pblico, para o gratuito Sexta e para o seman-

    TEMA infograf ia

    Uma das 24 infografias da srie sobre monumentos

    que valeu Anyforms uma medalha de bronze nos

    Malofiej 2006

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    JJ|Jul/Set 2008|17

    rio Correio Alentejo, que deve ser dos poucos jornais regio-nais, ou mesmo o nico, a apostar no infografismo.

    O maior leque de trabalhos na rea do desporto, masas infografias para as enciclopdias do El Mundo abrangemvrias reas, da sociedade poltica, passando pela cincia.

    O director da I+G acredita que os jornais de refern-cia vem hoje a infografia com maior seriedade, enquan-to no passado se pedia uma infografia s quando era pre-ciso tapar um buraco na pgina.

    Os jornais descobriram que a infografia muito atrac-tiva para o leitor, na medida em que torna mais fcil a

    exposio de determinadas informaes, assinalou, escla-recendo que uma boa infografia deve evitar a ambiguida-de, encaminhando os vrios leitores para uma leituranica dos acontecimentos.

    A infografia pode tambm mostrar aquilo que um

    texto ou uma foto no conseguem transmitir, mas no sesubstitui a nenhum dos dois; nalguns casos, at os incor-pora destacou.

    No que respeita a preos, Srgio Braga indicou JJ queuma infografia pode custar entre 30 e 700 euros, varian-do com o tempo investido na sua execuo, o tamanho, ograu de pormenor exigido, a complexidade, o rgo a quese destina e o mercado (nacional ou estrangeiro).

    A propsito de mercados, afirmou que Espanha levauma dcada de avano face a Portugal, pois os dirios ElPas e El Mundo esto ao nvel dos Estados Unidos, prin-

    cipalmente na infografia digital, onde comeou a verifi-car-se um maior investimento aps os atentados de 11 deSetembro de 2001. Por c, os jornais ainda no investemna Internet, onde preciso haver uma regularidade depublicao para cativar o pblico.

    Uma das 12 infografias de um con-

    junto de estdios que valeu

    Anyforms uma medalha de bronze

    nos Malofiej 2007

    Infografia da I+G

    relativa a um derby

    Sporting-Benfica

    JJ

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    18|Jul/Set 2008|JJ

    As infografias televisivas da wTVision

    Apostar no mercado

    A animao dos mapas da meteorologia, os roda-ps nos telejornais ou as estatsticas presentes na

    transmisso de um jogo de futebol tambm so um exem-plo de infografismo mas televisivo.

    Quanto maior a frequncia com que necessrio apre-sentar informao mais se justifica recorrer a infografias,

    sustenta Toms Meneses, director de marketing e comuni-cao da wTVision, empresa fundada em 2001 com oobjectivo de se dedicar ao infografismo para televiso eactualmente composta por programadores, gestores edesigners grficos especializados no ramo audiovisual.

    A experincia da empresa mostra que as infografias sofundamentais em reas como o desporto, onde a recolhaestatstica, sua integrao e transmisso normalmentefeita em tempo real, nos noticirios, onde so comuns ostickers (informaes inseridas nos rodaps em movimentona parte inferior do ecr), ou noutros programas de infor-mao que requerem orculos de identificao ou bola-

    chas informativas (ex: trnsito).Existem tambm acontecimentos que j no dispensameste recurso, caso das noites eleitorais, em que um canaltem de recorrer ao infografismo para apresentar os resul-tados medida que so apurados vencedores, tratando-se

    de um projecto bastante complexo pela necessidade de terdados actualizados inmeras vezes, sublinhou TomsMeneses JJ.

    AL-JAZEERA ENTRE CLIENTES DO MDIO ORIENTE

    Entre os clientes da wTVision que tem crescidocerca de 20% ao ano, sendo j um dos maiores

    especialistas na sua rea no mercado europeu, segundo oresponsvel contam-se as portuguesas RTP, SIC, TVI eSport TV. No segmento Corporate TV, desenvolvemos oscanais internos de televiso para o Hospital de Aveiro eHospital da Trofa, acrescentou Toms Meneses.

    Apesar de a sede ser em Lisboa, possumos delegaesno Porto, Madrid, Barcelona e Bruxelas e, ainda que omercado prioritrio seja Espanha, temos uma forte pre-sena no Mdio Oriente, contou o responsvel, mencio-

    nando o trabalho desenvolvido para La Sexta, a TVAstrias, a TV Murcia, a TV Galicia ou empresas do grupoMedia Pro, em Espanha, e para a Belgacom, que detm osdireitos de transmisso da Liga Belga de Futebol.

    No Mdio Oriente, destacamos a Liga de Futebol do

    TEMA infograf ia

    Toms Meneses, director de marketing e comunicao da wTVision: Quanto maior a frequncia

    com que necessrio apresentar informao mais se justifica recorrer ao infografismo.

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    JJ|Jul/Set 2008|19

    Dubai e a nossa relao com a Al-Jazeera Sport, DubaiSports Channel, Emirates Media Incorporated e a Al Kass& Al Dawri Sports Channel, acrescentou Toms Meneses,referindo ainda clientes em pases como a Ucrnia ouCabo Verde, ou a TV Globo, no Brasil.

    Para as vrias cadeias televisivas e produtoras, a

    empresa portuguesa assegura, anualmente, mais de 1.500transmisses desportivas em directo, abrangendo paracima de 40 modalidades.

    ESPECIFICIDADES DAS INFOGRAFIAS PARA TV

    Se no papel e na Net uma infografia pode ser com-plementada pelo texto e fotografia, a situao

    muda no registo audiovisual. Segundo Toms Meneses,em televiso, o apresentador ou locutor complementa ainformao infogrfica com o que diz.

    O director de marketing e comunicao da wTVisionconsidera que o infografismo pode dar o lead no caso deumas eleies ou durante o intervalo de um jogo de fute-

    bol em que apresentada a estatstica relativa primeiraparte do encontro, mas acredita que ele pode ir mais

    longe, adicionando informao bsica um ticker emrodap, a apresentao lateral da meteorologia ou outrotipo de dados relacionados ou no com a transmisso.

    Entendendo que o domnio da arte um requisito cr-tico para o sucesso do infografismo televisivo, o respon-svel sublinhou, todavia, que os conhecimentos tcnicos

    (dominar as plataformas grficas e saber como reagem emdiferentes circunstncias) e na rea da televiso (suasespecificidades e limitaes) so das competncias maisimportantes para o desenvolvimento de uma boa infogra-fia.

    Realando a importncia crescente do aspecto visual,Toms Meneses afirmou JJ que, quando a TV Galiciaatingiu um pico de audincia de 40% durante a transmis-so dos resultados das Eleies Autonmicas de Espanhaem 2007, o factor de diferenciao face aos restantescanais foi a quantidade e qualidade do infografismo apre-sentado, em parceria com a wTVision.

    Apesar da vasta carteira de clientes j angariados, aempresa continua atenta s possibilidades de expanso,tendo as produtoras de televiso entre os seus alvos. um segmento em que acreditamos poder crescer, nomea-damente em Portugal, concluiu.

    internacional

    Infografia da wTVision sobre

    o crescimento da absteno

    JJ

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    20|Jul/Set 2008|JJ

    Comparar a infografia de imprensa

    portuguesa e espanhola

    Em Portugal

    ainda a procissovai no adroSusana Almeida Ribeiro, jornalista do Publico.pt, escolheua infografia como tema de tese no mestrado de Comunicaoe Jornalismo da Universidade de Coimbra, vindo

    posteriormente a publicar a dissertao em livro.Infografia de Imprensa Histria e Anlise IbricaComparada, editado pela MinervaCoimbra em Maro, o primeiro ensaio de um autor portugus sobre o assuntoe chegou s livrarias 16 anos depois de JornalismoIconogrfico, do investigador argentino Gonzalo Peltzer,ter sido lanado em Portugal pela Planeta Editora.

    TEMA infograf ia

  • 8/6/2019 Infografia: um novo gnero joranalstico, # 35 da JJ

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    Jornalismo & Jornalistas Podemos considerar a info-

    grafia um gnero jornalstico?

    Susana Almeida Ribeiro Sim, a infografia pode ser

    considerada um gnero jornalstico autnomo.Diversos tericos da infografia assinalam, sem pudo-res, a sua independncia j desde a dcada de 1990.Carlos Abreu Sojo, que estudou a questo a fundo, sis-tematizou-a afirmando que a infografia um estilo jor-nalstico autnomo porque se apresenta, formalmente,como uma notcia (tem ttulo, texto e crdito) e porquetem como intuito fundamental responder s tradicio-nais seis perguntas que devero nortear a redacoinformativa (quem, o qu, onde, quando, como e porqu).Alm disso, mesmo quando se limita a acompanhar umtexto, uma infografia tem sentido por si mesma, sobre-tudo quando se trata de uma infografia-perfeita, isto ,um grfico que pode ser publicado sem texto a acom-panhar.

    JJ Existe um conjunto de caractersticas que um determina-

    do acontecimento deva possuir para permitir a criao de

    uma infografia eficaz?

    SAR Sim. Um atentado ou uma catstrofe domais facilmente uma infografia do que uma jornadaparlamentar. Isto significa que uma infografia deverter, para comear, algumas caractersticas que permi-tam a sua representao grfica. Depois, dentro de um

    universo de acontecimentos, h uns que so maisinfografveis do que outros. Hoje em dia quasecerto que uma breaking news um mega-acontecimentode ltima hora que obriga a que se altere a ediopr-planeada origina automaticamente uma infogra-fia. Acontecimentos como o 11 de Setembro ou o tsuna-mi na sia ou um acidente de autocarro com muitasvtimas, um terramoto ou uma erupo vulcnica geram um frenesim infogrfico quase imediato nasredaces.

    H tambm outras matrias que facilmente do info-grafias, como os temas econmicos (grficos, quadros

    explicativos) ou cientficos.JJ Quais as caractersticas de uma boa infografia?SAR Uma boa infografia deve responder s ques-

    tes do lead, sem esquecer o porqu e o como, que , alis,a razo de existir de muitas infografias. Quando se falada viagem exploratria doMars Pathfinder, a infografiatem de explicar como que a sonda vai recolher amos-tras de Marte. Uma boa infografia aquela que aclaradeterminado fennemo, que permite ao leitor percebero que se passou, que tem uma funo de sntese e que,apesar de no ser obrigatrio, faz tudo isto de formarelativamente esttica e visualmente simples. Em lti-

    ma anlise, uma infografia cumpre a sua misso quan-do permite ao leitor ampliar conhecimentos sobredeterminada matria.

    JJ Em que circunstncia se justifica recorrer a uma infogra-

    fia?

    SAR Quando no h fotografias do acontecimen-to que se quer noticiar, seja porque no estava nenhumfotgrafo no local no momento em que este ocorreu(muito comum em casos de acidentes ou atentados,

    que so acontecimentos imprevisveis), seja porqueno tecnicamente possvel fotografar (ex: fenmenosespaciais). Porm, mesmo que seja possvel fotografarum acontecimento imprevisvel (uma exploso numas bombas de gasolina, supondo), prefervel elaboraruma infografia, porque ela acrescentar informaesadicionais nomeadamente a origem do incidente ,que o instantneo fotogrfico no pode fornecer. Asinfografias usam-se tambm muito quando um fen-meno decorre durante um longo perodo de tempo e preciso fazer uma sntese/cronologia do que aconteceu(ex: processos judiciais) ou quando se quer apresentar

    resultados de forma grfica, como acontece com dadoseleitorais.JJ Numa boa infografia, h um maior domnio da arte ou da

    tcnica jornalstica?

    SAR preciso um bom domnio de ambas as capa-cidades. Neste ponto h divergncias. Alguns especia-listas dizem que prefervel um infografista ter uma boa capacidade artstica (que tenha competncias anvel do desenho grfico), porque o resto a sua sensi-bilidade para o que jornalisticamente relevante aca-bar por vir ao cimo. Outros autores, nomeadamente oreputado infografista espanhol Alberto Cairo (que foi

    editor da seco de infografia online do El Mundo e quepresentemente d aulas na Carolina do Norte), achaprefervel ter a trabalhar consigo uma pessoa que tenha

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    boas noes jornalsticas, ainda que as suas capacida-des artsticas no sejam as melhores. Para que no secaia em posies exclusivistas, defendo a existncia de

    uma dupla dinmica nas redaces: um jornalista e umdesigner que trabalhem em estreita parceria.

    JJ Que rea do jornalismo recorre mais infografia?

    SAR A infografia no um exclusivo de nenhumaseco em particular, mas pode dizer-se que muitocomum nos temas cientficos, que requerem, normal-mente, explicaes adicionais. Uma fecundao in vitro,um fenmeno atmosfrico, um procedimento cirrgi-co, um maremoto ou um sismo pedem normalmenteinformaes que so mais fceis de entender se foremtransmitidas visualmente. No desporto, o uso dos gr-ficos explicativos tambm comum, sobretudo quandose representam as equipas em campo, quando se quercomparar dois atletas ou preciso apresentar as tabelasclassificativas de um campeonato.

    JJ Nos jornais portugueses, a infografia dispe de um esta-

    tuto prprio ou vista como um boneco para ilustrar a not-

    cia? E em Espanha?

    SAR A infografia est a ganhar cada vez maisterreno nas revistas e jornais. Lembro-me de um casorecente em que a revista Viso fazia uma espcie deprognstico de como ser a vida em 2023 num artigotodo ilustrado com infografias, por acaso muito boas,

    feitas pela Anyforms. Inclusivamente, a capa da edioera uma das infografias que constava do especial infor-mativo. Em resumo, acho que em Portugal s se podecaminhar para uma situao em que a infografia terestatuto prprio. Os editores de imagem, e os prpriosdirectores dos jornais, esto cientes de que as infogra-fias no so j meros bonecos para ocupar pginas.At porque as infografias tm altas taxas de leituraentre o pblico.

    Em Espanha, as infografias j tm estatuto prprioh muitos anos, fenmeno ao qual no alheia a cir-cunstncia de os nossos vizinhos de Pennsula aco-

    lherem os Prmios Malofiej. JJ Surpreendeu-a descobrir que a Gazeta de LisboaOcidental tinha publicado, a 21 de Janeiro de 1723, a segun-

    da mais antiga infografia de imprensa?

    SAR Sim, muito. Na histria internacional dainfografia que foi compilada at agora, a primeira dataem que se detectou uma infografia um mapa da Baade Cdiz foi em 1702, no Daily Courant. Por isso noestava espera que em Portugal se encontrasse umainfografia escassos 21 anos depois. E, mais do que sera segunda mais antiga, a infografia que encontrei ,at prova em contrrio, a primeira que no represen-

    ta um mapa. O grfico mostra uma baleia que tinhaficado encalhada em Cacilhas e que foi representadapor meio de um desenho do animal acompanhado de

    uma espcie de fita mtrica que o mede aos palmos.JJ J possvel fazer um retrato de famlia dos infografis-

    tas portugueses?

    SAR Pelo que me foi possvel apurar num ras-treio aos profissionais afectos aos principais gruposeconmicos portugueses em Abril de 2007 trabalha-vam no universo da infografia 65 profissionais. A gran-de maioria em redaces de jornais e revistas, 10 empools e os restantes 10 numa agncia especializada(Anyforms ou I+G). A maioria no possui carteira dejornalista, o que poder potenciar situaes em que oprofissional acumula trabalhos para as editorias jorna-lsticas e para a publicidade, o que, a meu ver, no eti-camente saudvel. Notei tambm que a comunidadede infografistas est muito dispersa e tem pouco auto-conhecimento do seu estatuto. H muita vontade, masfalta uma maior organizao entre os profissionais dosector. Admito, porm, desconhecer se nos ltimosmeses foi feito algum esforo nesse sentido.

    JJ E ao nvel da infografia digital, podemos comparar

    Portugal e Espanha?

    SAR No possvel comparar o incomparvel.Adoptando a metfora religiosa, em Portugal ainda aprocisso vai no adro. Acompanhei a produo deinfografias nas redaces online dos espanhis ElMundo e El Pas e dos portugueses Dirio de Notcias e

    Pblico e no h comparao possvel. Em Espanha, asredaces do elmundo.es e do elpais.com elaboramvrias infografias por semana. No caso portugus, opublico.pt admitia a elaborao de uma infografia ani-mada por ms e no Dirio de Notcias a situao nemse coloca, pois o DN no tem uma redaco online aut-noma.

    JJ A infografia uma disciplina rara nos programas de

    Jornalismo e Comunicao, surgindo apenas em trs cursos

    superiores, todos em Coimbra. Que leitura faz desta ausn-

    cia? Reflecte falta de reconhecimento ou uma lgica tarim-

    beira (a ideia de que a infografia se aprende fazendo, sem

    que os seus autores necessitem de formao especfica)?SAR difcil assimilar esta falta de representaode cadeiras de infografia nos cursos de Jornalismo eComunicao Social. Talvez reflicta algum desconheci-mento por parte dos responsveis que fazem os planoscurriculares. O resto da culpa poder ser atribuda aessa formatao automtica por imerso que se espe-ra que os designers recebam quando vo trabalhar parauma redaco. Presume-se que, integrado numa equi-pa de jornalistas, um designer grfico comea a assimi-lar por osmose os critrios jornalsticos. Mas nem sem-pre assim. preciso um esforo por parte do designer

    para entender alguns valores-notcia e, s vezes, seriafundamental passar por workshops intensivos de jorna-lismo escrito. JJ