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INFLUÊNCIA DO HIDROGÊNIO NA REDUÇÃO DA TENACIDADE À FRATURA DE UM AÇO INOXIDÁVEL SUPERMARTENSÍTICO Sérgio Leandro Soares Itajahy Pinto da Costa Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro de Materiais. Orientadores: Oscar Rosa Mattos Kioshy Santos de Assis Rio de Janeiro Agosto de 2015

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INFLUÊNCIA DO HIDROGÊNIO NA REDUÇÃO DA

TENACIDADE À FRATURA DE UM AÇO INOXIDÁVEL

SUPERMARTENSÍTICO

Sérgio Leandro Soares Itajahy Pinto da Costa

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Materiais da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro de Materiais.

Orientadores: Oscar Rosa Mattos

Kioshy Santos de Assis

Rio de Janeiro

Agosto de 2015

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Costa, Sérgio Leandro Soares Itajahy Pinto

Influência do hidrogênio na redução da tenacidade à fratura de

um aço inoxidável supermartensítico / Sérgio Leandro Soares Itajahy

Pinto da Costa – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.

xvii, 78 p.: il.; 29,7cm

Orientadores: Oscar Rosa Mattos e Kioshy Santos de Assis

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia de Materiais, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 71-78.

1. Aço inoxidável supermartensítico 2. Mecânica da Fratura 3.

Fragilização por hidrogênio.

I. Mattos, Oscar Rosa e Assis, Kioshy dos Santos. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Engenharia

de Materiais. III. Influência do hidrogênio na redução da

tenacidade à fratura de um aço inoxidável

supermartensítico.

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“O verdadeiro valor das coisas é o esforço e o problema de adquiri-las”.

Adam Smith

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v

Agradecimentos

Quero agradecer aos meus pais Sérgio Roberto Itajahy Pinto da Costa e Marli

Soares Itajahy Pinto da Costa pelo incentivo e pela confiança, me possibilitado iniciar e

terminar essa grande jornada rumo ao conhecimento, ética e valores. Agradeço do

fundo da alma pelo amor de vocês e por cada lição ensinada.

Aos meus irmãos Marcos Vinícius (Marquinhos), Sérgio Roberto (Beto), Sérgio

Eduardo (Duda) e Sérgio Alexandre (Serginho) pelas conversas, pelos carinhos e pelas

brincadeiras, por dividirem alegrias e tristezas, por me balizarem nessa estrada que me

trouxe até aqui. Vocês são meus heróis.

À minha cunhada Denise Moulin e ao meu sobrinho Gabriel por todos os

momentos bons.

À minha noiva Meggie Oliveira de Araújo por ter entrado em minha vida tão

inesperadamente e tão intensamente, por todo apoio no projeto e na vida. Ao nosso avô

Douglas Motta de Oliveira por ter me acolhido de forma ímpar e a todos os seus

familiares.

Ao laboratório LNDC, ao meu orientador Oscar Rosa Mattos e ao co-orientador

Kioshy Santos de Assis, que possibilitaram a execução deste trabalho.

À todos os funcionários do LNDC, das baias, da soldagem, da oficina, da

corrosão e da portaria, pelos ensinamentos e principalmente pela paciência.

Aos amigos da minha rua que fizeram parte da minha infância e com quem pude

dividir incertezas, medos, porém principalmente alegrias.

Aos meus amigos do departamento e principalmente aos do Metalmat

Underground, por cada dia e cada risada, meu fardo com certeza foi muito aliviado por

cada um de vocês, por cada momento que estiveram ao meu lado.

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Agradeço muito a cada um dos professores do departamento de engenharia de

materiais e metalúrgica, pois sem esse auxílio minha vitória não teria nem o peso e nem

o mesmo sentido.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Materiais.

Influência do hidrogênio na redução da tenacidade à fratura de um aço inoxidável

supermartensítico

Sérgio Leandro Soares Itajahy Pinto da Costa

Agosto/2015

Orientadores: Oscar Rosa Mattos e Kioshy Santos de Assis

Curso: Engenharia de Materiais

Os aços inoxidáveis supermartensíticos (AISM) têm sido amplamente estudados devido

as suas boas propriedades mecânicas, soldabilidade e resistência à corrosão. Entretanto,

para as condições em que operam, estes materiais podem ser submetidos a condições

em que há ação conjunta de um carregamento na presença de ambientes contento

hidrogênio. Este elemento, através de reações de adsorção e redução, pode se difundir

através do reticulado, se acumular em regiões específicas da matriz do aço, causar

redução significativa da ductilidade e levar o componente à falha catastrófica. A

mecânica da fratura, linear elástica ou elasto plástica, é comumente utilizada para

avaliar de forma quantitativa a tenacidade à fratura de materiais metálicos em testes ao

ar. Contudo, ainda não consenso no que tange a aplicação de uma metodologia à ser

aplicada para situações em que há ação conjunta de uma carregamento, um defeito e a

presença do hidrogênio. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é avaliar a influência do

hidrogênio na tenacidade à fratura do metal de base do AISM, utilizando metodologia

descrita nas normas BS 7448-1 e BS 7448-2, em diferentes condições microestruturais,

em meios hidrogenados. Os corpos de prova foram submetidos aos testes de tenacidade

ao ar e após pré carregamento de hidrogênio, por um período de 24 horas, com

aplicação de sobretensão catódica de -1100 mVSCE, em uma solução de 3,5% de NaCl.

Uma breve caracterização microestrutural foi realizada com intuito de avaliar e

efetividade do tratamento térmico, no que tange ao revenimento e para que possa ser

entendido, mesmo que superficialmente neste momento, a influência desses sítios de

aprisionamento na redução de tenacidade à fratura. Os resultados mostram que os

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tratamentos térmicos realizados foram efetivos no que tange ao revenimento (aumento

de ductilidade). Os testes de tenacidade à fratura apontam para uma redução de

tenacidade em função da presença do hidrogênio. Além disso, foi observado que há

necessidade de se trabalhar com metodologias que busquem obter valores de CTOD (δ),

ou integral J, relativos a iniciação (δi, Ji) e não valores inerentes à carga máxima (δm,

Jm). Para finalizar, existem fortes indícios de que o efeito nocivo do hidrogênio na

tenacidade do material está relacionado à decoesão interfacial aumentada pelo

hidrogênio (HEDE – hydrogen enhanced decoesion), devido seus efeitos na energia e

no mecanismo de fratura.

Palavras-chave: aço inoxidável supermartensítico, tenacidade, fratura, fragilização pelo

hidrogênio

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfilment of

the requirements for degree of Material Engineer.

Hydrogen Influence on the reduction of the fracture toughness of a supermartensitic

stainless steel

Sérgio Leandro Soares Itajahy Pinto da Costa

August/2015

Advisors: Oscar Rosa Mattos e Kioshy Santos de Assis

Course: Material Engineering

The supermartensitic stainless steel (SMSS) has been widely studied due to its good

mechanical properties, weldability and corrosion resistance. However, to operation

conditions these materials may be subject to conditions in that there is the combination

of loading and hydrogen. This element, through adsorption and reduction reactions, can

diffuse in lattice accumulate in the specific regions, causing significant reduction on

ductility and lead to catastrophic failure. The fracture mechanic, linear elastic or elasto

plastic, is commonly used to assessment quantitatively the fracture toughness of

metallic materials in air tests. Therefore, still do not a consensus about the methodology

that can be applied in situations where there are a loading applied together with

hydrogen. Thus, the aim of this work is to assess the influence of hydrogen on fracture

toughness of the parent metal SMSS, using methodologies described in the BS 7448-1

and BS 7448-2 standards, in different microstructural conditions in presence of

hydrogen. The samples were subject to fracture toughness tests in air and after pre

charging of hydrogen with application of cathodic overpotential of -1100 mVSCE, by 24

hours, in solution 3,5% NaCl. A briefly microstructural characterization was performed

to evaluate the effectivity of the heat treatment, concerning tempering and to be

understood, even superficially in this moment, the influence of these trapping sites in

the reduction of fracture toughness. The results showing that the heat treatments

performed were effective in the tempering (increase of ductility). The fracture

toughness tests indicate to reduction in fracture toughness as function of hydrogen

presence. Furthermore, was observed that there is necessity of work with

methodologies aimed obtain CTOD (δ) or J integral values relatives to initiation and no

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relatives to maximum loading CTOD or J integral (δm, Jm). To finish, there are strong

evidences that the deleterious effect of hydrogen on fracture toughness that associated

to hydrogen enhanced decoesion (HEDE), due effect of hydrogen in the energy and

fracture micromechanisms.

Keywords: supermartensitic stainless steel, fracture, toughness, hydrogen

embrittlement.

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SUMÁRIO

ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................... xiv

ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................. xv

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

2 OBJETIVO ................................................................................................................ 3

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 4

3.1 Aços Inoxidáveis ................................................................................................. 4

3.2 Aços Inoxidáveis Supermartensíticos (AISM) ................................................. 6

3.3 Elementos de Liga ............................................................................................... 8

3.3.1 Cromo (Cr) ..................................................................................................... 8

3.3.2 Níquel (Ni) ..................................................................................................... 9

3.3.3 Molibidênio (Mo) ........................................................................................ 10

3.3.4 Carbono(C) e Nitrogênio (N) ....................................................................... 11

3.3.5 Titânio (Ti), Nióbio (Nb) e Vanádio (V) ..................................................... 12

3.3.6 Manganês (Mn) ........................................................................................... 12

3.3.7 Silício (Si) .................................................................................................... 12

3.3.8 Cobre (Cu) ................................................................................................... 13

3.3.9 Enxofre (S) e Fósforo (P) ............................................................................ 13

3.4 Tratamentos Térmicos ..................................................................................... 13

3.5 Precipitados ....................................................................................................... 14

3.5.1 M23C6 ........................................................................................................... 14

3.5.2 MX ............................................................................................................... 14

3.5.3 M2X .............................................................................................................. 14

3.5.4 M6C .............................................................................................................. 14

3.5.5 M7C3 ............................................................................................................ 15

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xii

3.5.6 M3C .............................................................................................................. 15

3.6 Fases Intermetálicas ......................................................................................... 15

3.6.1 Fase σ ........................................................................................................... 15

3.6.2 Fase χ ........................................................................................................... 15

3.6.3 Martensita .................................................................................................... 16

3.6.4 Austenita Retida ........................................................................................... 17

3.6.5 Ferrita δ ........................................................................................................ 18

3.7 Propriedades Mecânicas .................................................................................. 19

3.8 Estudo do Hidrogênio ....................................................................................... 21

3.8.1 Interação Metal-Hidrogênio ......................................................................... 22

3.8.2 Evolução do Hidrogênio nos Metais ............................................................ 23

3.8.3 Difusividade, Permeabilidade e Solubilidade do Hidrogênio ...................... 25

3.8.4 Aprisionadores de Hidrogênio ..................................................................... 27

3.8.5 Fragilização por Hidrogênio ........................................................................ 29

3.8.6 Trincas Induzidas por Hidrogênio ............................................................... 29

3.8.7 Trincas Induzidas por Hidrogênio por Tensão ............................................ 30

3.8.8 Trincas Induzidas por Hidrogênio Orientado por Tensão ........................... 30

3.8.9 Trincas Induzidas por Sulfetos (Sulfide Stress Cracking (SSC)) ................. 30

3.8.10 Fragilização do AISM por Hidrogênio ........................................................ 30

3.9 Proteção Catódica ............................................................................................. 31

3.9.1 Mecanismos de Atuação .............................................................................. 32

3.10 Mecânica da Fratura ........................................................................................ 34

3.10.1 Mecânica da Fratura Elasto-Plástica ............................................................ 37

3.10.2 CTOD (Crack Tip Opening Displacement) ................................................. 37

3.10.3 CTOD de Iniciação ...................................................................................... 41

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4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 43

4.1 Material Utilizado ............................................................................................. 43

4.2 Tratamento Térmico ........................................................................................ 43

4.3 Caracterização Microestrutural ...................................................................... 44

4.4 Ensaio de Tração .............................................................................................. 44

4.5 CTOD ................................................................................................................. 45

4.5.1 Pré-Trincamento por Fadiga ........................................................................ 46

4.5.2 Teste de Fratura ........................................................................................... 47

4.5.3 Cálculo do Valor de CTOD ......................................................................... 48

4.6 Hidrogenação por Proteção Catódica ............................................................. 48

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 50

5.1 Caracterização Microestrutural ...................................................................... 50

5.2 Taxa de Carregamento ..................................................................................... 54

5.3 Testes de CTOD ................................................................................................ 56

6 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 69

7 PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................... 70

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 71

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Análise Química .............................................................................................. 43

Tabela 2: Resultados dos testes de tenacidade à fratura.................................................. 57

Tabela 3: Valores de crescimento estável obtido em função dos testes realizados......... 65

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1:Diagrama de Schaeffler adaptado [5] ................................................................. 5

Figura 2: Diagrama experimental mostrando os limites da austenita, martensita e ferrita

como função das concentrações de Cr-Ni-Mo com 0,01%C após austenitização a

1050°C e resfriamento ao ar. Adaptado de [13]. ........................................................ 7

Figura 3: Diagrama de fase do sistema Fe-Cr-C, com teor de C abaixo de 0,01% em

peso. Adaptado de [19]. ............................................................................................. 9

Figura 4: Efeito do Ni na estabilidade da fase austenítica no diagrama de fase Fe-Cr.

Adaptado de [22]. ..................................................................................................... 10

Figura 5: Efeito do Mo na estabilidade da fase austenítica no diagrama de fase Fe-Cr.

Adaptado de [22]. ..................................................................................................... 11

Figura 6: Aço AISM após solubilização a 1100°C (a) mostrando estrutura da

martensita em ripas em MO (b) MET- carbonitretos (c) MET- austenita retida nas

ripas de martensita após tratamento de revenimento (d) DRX – evolução dos picos

de austenita com o tratamento de revenimento. Adaptado de [24]. ......................... 18

Figura 7: (a) MEV- γret (branca) entre as ripas de martensita e ilhas de ferrita δ (escura)

após revenimento simples (b) após solubilização e mais dois estágios de

revenimento, a ferrita δ é dissolvida permanecendo martensita e γret. Aumento de

3000x. Adaptado de [10]. ......................................................................................... 19

Figura 8: Ensaio Charpy de um AISM contendo 2% e 14% de ferrita δ em matriz

martensítica não revenida. Adaptado de [29]. ......................................................... 20

Figura 9: Estrutura atômica para dissolução de hidrogênio em (a) ferrita, sítio

octaédrico (b) ferrita, s í t i o tetraédrico (c) austenita, sítio octaédrico (d) austenita,

sítio tetraédrico, respectivamente. Adaptado de [38]. .............................................. 21

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Figura 10: Etapas da dissolução do H em um metal a partir de uma fase gasosa.

Adaptado de [32]. ..................................................................................................... 22

Figura 11: Curva de polarização potenciostática anodica [43]. ...................................... 25

Figura 12: Diagrama esquemático do diagrama de Pourbaix, mostrando o

comportamento do metal no diagrama, quando em proteção catódica[52]. ............ 34

Figura 13: Figura ilustrativa do tratamento de Wells para estender o tamanho efetivo da

trinca considerando o raio do volume deformado plasticamente [63]. .................... 38

Figura 14: Esquemático do sistema de rotação em ponto fixo que permite o cálculo de

CTOD [69]. .............................................................................................................. 39

Figura 15: Aspecto típico da curva de ensaio de CTOD; distinção da parte plástica do

deslocamento [69]. ................................................................................................... 40

Figura 16: Curvas de CTOD ilustrando os diferentes tipos de CTOD crítico, adaptado de

[69]. .......................................................................................................................... 41

Figura 17: Forno utilizado para o tratamento térmico dos corpos-de-prova. ................. 43

Figura 18: Exemplo das curvas tensão x deformação para os diferentes tratamentos

térmicos realizados nas amostras. ............................................................................ 45

Figura 19: Desenho esquemático do corpo-de-prova, apresentando as principais

dimensões. ................................................................................................................ 45

Figura 20: Ensaio de tenacidade à fratura na servo hidráulica da marca Instron modelo

8801. ......................................................................................................................... 46

Figura 21: Imagens obtidas após ataque com reagente de Villela. (a) STT, (b) 620-

20MIN e (c) 620-40MIN. ......................................................................................... 51

Figura 22: Imagens obtidas após ataque com reagente de Behara. (a) STT, (b) 620-

20MIN e (c) 620-40MIN. ......................................................................................... 52

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Figura 23: Análise por EBSD para quantificação de carbonetos nas amostras. (a) MoC e

(b) Cr23C6. ................................................................................................................. 54

Figura 24: Taxa de carregamento utilizado. .................................................................... 55

Figura 25: Curvas de CMOD (mm) x F(N), mostrando que nenhuma amostra ao ar

atingiu o valor de CTOD máximo. ........................................................................... 57

Figura 26: Síntese dos resultados obtidos. (1 - testes ao ar; 2 – abertura do sensor fixada

em 2 mm; 3 – abertura do sensor fixada em 0.4 mm; 4 – abertura do sensor fixada

em 0.6 mm; e 5 – abertura do sensor fixada em 0.8 mm). ....................................... 58

Figura 27: Estereoscopia das amostras STT. (a) STT-Ar, (b) STT-24H-CP02, (c) STT-

24H-CP03, (d) STT-24H-CP04 e (e) STT-24H-CP01. ............................................ 60

Figura 28: Estereoscopia das amostras 620-20MIN. (a) 620-20MIN-24H-Ar, (b) 620-

20MIN-24H-CP02, (c) 620-20MIN-24H-CP03, (d) 620-20MIN-24H-CP04 e (e)

620-20MIN-24H -CP01. .......................................................................................... 62

Figura 29: Estereoscopia das amostras 620-40MIN. (a) 620-40MIN-24H-Ar, (b) 620-

40MIN-24H-CP02, (c) 620-40MIN-24H-CP03, (d) 620-40MIN-24H-CP04 e (e)

620-40MIN-24H -CP01. .......................................................................................... 63

Figura 30: microscopia óptica obtida da amostra 620-40MIN após teste com abertura

fixada em 2 mm. ....................................................................................................... 64

Figura 31: Microscopia eletrônica de varredura das amostras na região de crescimento

estável. (a) STT-24H-CP03, (b) 620-20MIN-24H-CP03 e (c) 620-40MIN-24H-

CP04. ........................................................................................................................ 68

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1

1 INTRODUÇÃO

A indústria de óleo e gás vem mudando em termos de condições operacionais ao

longo dos anos e por busca incessantemente por materiais alternativos para manter a

crescente demanda de petróleo. Com isso cada vez mais tecnologia e investimentos são

aplicados na sua exploração e explotação, tendo em vista que o petróleo e derivados

continuam sendo a maior fonte de energia global, atendendo a 90% do mercado

consumidor.

A busca por novos poços constitui um desafio para as engenharias, e as

dificuldades se apresentam durante todas as etapas do processo: extração, transporte e

processamento. Devido às condições de temperatura, carregamento e pressão atreladas a

meios altamente corrosivos, materiais e técnicas de processamento têm sido pesquisados

e desenvolvidos na busca de atingir a condição ótima de trabalho, minimizando os

riscos e otimizando a produção.

Com a descoberta de reservas de petróleo em camadas ultra profundas, o pré-sal

passa a ter destaque nesse novo contexto de mercado energético. Esses novos campos

exploratórios possuem condições severas de trabalho como; elevada pressão,

temperatura, agentes corrosivos, tais como, H2S, CO2, O2 e cloretos. Por isso, aços

inoxidáveis que aliem boa resistência mecânica, resistência à corrosão e soldabilidade

são cada vez mais empregados nas fases do processo de explotação, produção,

transporte e refino.

Atualmente, os aços inoxidáveis supermartensíticos (AISM), com baixo percentual

em peso de carbono, vêm sendo estudados e cada vez mais aplicados na indústria de

óleo e gás, devido à sua resistência mecânica, resistência à corrosão (localizada e

generalizada) e melhor soldabilidade. Os AISM possuem baixo teor de carbono e teores

maiores de níquel (Ni) e molibdênio (Mo) em relação aos outros aços da família 13Cr.

Aliado ao que já foi exposto acerca dos AISM, os mesmos ainda possuem custos

menores quando comparados aos aços inoxidáveis duplex (AIDs), se tornando assim

uma alternativa técnico-economicamente viável e atraente. Outra excelente

característica destes aços é que não precisam de revestimentos e nem uso de inibidores

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2

levando vantagem econômica e de processo sobre os aços carbono manganês e aços

baixa liga e alta resistência[1,2].

Em condições em que esses materiais operam em condições submersas, é aplicada

como artifício para minimizar a corrosão uma proteção catódica. Este método pode

gerar falhas na tubulação associadas a fragilização pelo hidrogênio[3]. A presença de

H2S, mesmo que em baixas concentrações, no fluido transportado (óleo ou gás natural)

se torna outra fonte de hidrogênio e que também pode levar a falha metais que

apresentem baixa resistência a propagação de trincas características do processo de

fragilização pelo hidrogênio. Sendo assim, um aspecto vêm sendo motivo de

preocupação para utilização dos AISM em ambientes que existam fontes de hidrogênio:

por serem aços de alta resistência e operarem em ambientes contendo fontes de

hidrogênio (proteção catódica e H2S) podem apresentar riscos de fragilização e,

consequentemente, de falha catastrófica (propagação monotônica de trinca).

Assim, linhas de pesquisa que avaliem a influência do hidrogênio na redução das

propriedades mecânicas e tenacidade à fratura ganham força, principalmente, para

materiais de alta resistência, pois viabilizará a construção de equipamentos e/ou

componentes metálicos com boa relação peso/custo, garantindo a integridade estrutural,

segurança operacional e produtividade.

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3

2 OBJETIVO

Estudar a influência do hidrogênio na redução da tenacidade à fratura do aço

inoxidável supermartensítico (AISM), com 12% Cr a partir de três condições distintas:

como recebido e tratados termicamente à 620ºC por 20 minutos e 40 minutos.

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4

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Aços Inoxidáveis

Os aços inoxidáveis, basicamente, constituídos de um sistema binário de Fe-Cr,

pertencem a um extenso grupo de ligas especiais, desenvolvidos para resistir à corrosão.

São aços de alta liga com alta tenacidade à temperatura ambiente, excelente capacidade

de conformação como excelentes propriedades mecânicas também a elevadas

temperaturas. Sua resistência à corrosão é devida às finas camadas de óxido de cromo

fortemente aderidas à superfície do aço. Esta categoria de aços deve conter um teor

mínimo de aproximadamente 11% (em peso) de cromo a fim de garantir que o filme

formado seja eficaz, passivando os aços inoxidáveis em muitos meios corrosivos. Essa

proteção pode ser incrementada por outros elementos de ligas, que também tem por

função estabilizar fases e/ou melhorarem propriedades mecânicas [4]

A partir de sua microestrutura à temperatura ambiente, os aços inoxidáveis podem

ser classificados em três principais grupos: austeníticos, ferríticos, martensíticos e

duplex.

Os aços inoxidáveis austeníticos possuem boa tenacidade em baixas temperaturas e

usinabilidade. Observa-se a predominância da fase austenita (γ), de estrutura cúbica de

face centrada (CFC).

Aços inoxidáveis ferríticos são ligas ferromagnéticas, possuem boa ductilidade,

porém sua tenacidade pode ser um fator limitante em baixas temperaturas.

Predominância da fase ferrita (δ), de estrutura cúbica de corpo centrado (CCC).

Aços inoxidáveis martensíticos são ligas ferromagnéticas e endurecíveis por

tratamento térmico. A estrutura martensítica é conseguida após o resfriamento e possui

um teor de carbono, geralmente, acima de 0,1%. Os aços supermartensíticos possuem o

teor de carbono abaixo de 0,1% e teores de elementos residuais muito baixos.

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5

Existem ainda variações destes grupos como os aços inoxidáveis duplex e

superduplex que se tornaram atualmente uma alternativa aos supracitados, devido a

melhor performance mecânica que os aços ferríticos e melhor performance de corrosão

dos aços, desde que sua microestrutura apresente percentual em peso das fases austenita

e ferrita e estejam livres de fases intermetálicas.

A partir do diagrama de Schaeffler (figura 1) podemos analisar a presença de cada

uma das fases presentes e citadas acima.

Figura 1:Diagrama de Schaeffler adaptado [5]

A construção do diagrama é feita com base nos teores de cromo e níquel

equivalentes, que podem ser calculados segundo as equações (1) e (2), respectivamente.

Este diagrama relaciona a microestrutura de um aço trabalhado com sua composição

química.

Creq = %Cr + %Mo + (1,5 x %Si) + (0,5 x %Nb) (1)

Nieq= (%Ni + 30 x %C) + (0,5 x %Mn) (2)

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Na figura é possível observar fases distintas ou mistura das fases presentes e assim,

projetar o aço inoxidável desejado, alcançando as propriedades desejadas [5].

3.2 Aços Inoxidáveis Supermartensíticos (AISM)

Os aços inoxidáveis supermartensíticos ou Super 13Cr é um sistema composto de

Fe-Cr-Ni-Mo, que possuem boa resistência à corrosão, resistência mecânica e boa

soldabilidade [6]. É bastante utilizado na fabricação de turbinas hidráulicas [7,8], corpos

de válvulas [7], trocadores de calor e vasos de pressão [9], tubos de alta pressão para a

geração de energia [10], indústria de óleo e gás onshore e offshore na fabricação de

tubos sem solda longitudinal [10,11].

Os AISM são mais eficientes que os martensíticos convencionais com 13% Cr (em

peso), devido à sua composição química, contendo uma considerável quantidade de

elementos de liga, como Cr (a partir de 11% em peso), Mo (entre 0,5 – 2,5% em peso),

Ni (entre 4 – 6% em peso) e C (< 0,02% em peso), configurando-se como um aço de

ultrabaixo carbono. Os AISM possuem propriedades mecânicas, soldabilidade (devido

ao baixo teor de carbono) e resistência à corrosão mais elevadas que os martensíticos

convencionais. A adição correta de Mo pode, por exemplo, minimizar a corrosão

causada pelo CO2 [2,11].

Os aços inoxidáveis supermartensíticos são subdivididos em 3 grupos: baixa liga

(13Cr – 2,5Ni – 1Mo), média liga (13Cr – 4,5 Ni – 2 Mo) e alta liga (13Cr – 6,5 Ni –

2Mo) [12]. A combinação dos elementos de ligas citados nos parênteses acima em

teores específicos possibilita uma estrutura completamente martensítica. Como

apresentada na figura 2, a partir de tratamentos térmicos pode haver a formação de

ferrita e austenita e essas três fases podem coexistir à temperatura ambiente.

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7

Figura 2: Diagrama experimental mostrando os limites da austenita, martensita e

ferrita como função das concentrações de Cr-Ni-Mo com 0,01%C após austenitização a

1050°C e resfriamento ao ar. Adaptado de [13].

Os OCTG (oil country tubular goods) são tubos sem solda longitudinal, onde

também são empregados os aços inoxidáveis supermartensíticos. Há três tipos: drilling

(perfuração), casing (revestimento de poços de petróleo) e tubing (produção ou injeção

de fluidos). Os ambientes de trabalho desses materiais são extremamente severos e

problemáticos, a presença de H2S induz à corrosão sobtensão induzida por sulfeto –

sulfide stress corrosion (SSC) – tendo à temperatura ambiente a máxima

susceptibilidade. A corrosão sobtensão – stress corrosion cracking (SCC) - tem sua

máxima susceptibilidade a temperaturas maiores que 60°C [14,15]. Com o aumento da

concentração de cloretos, é reduzida a resistência à SSC e SCC, fazendo com que os

limites de resistência a pressões parciais aplicados de H2S e pH sejam alterados para

valores menores e maiores, respectivamente [16].

Os AISM, usados nos OCTG, possuem menor custo quando comparados aos aços

inoxidáveis duplex (AID) sem a necessidade do uso de revestimentos ou inibidores,

como os aços comuns ao carbono, não havendo necessidade do controle da injeção de

inibidores facilitando seu uso [1].

Segundo a norma NCE MR0175 [13], o Super 13Cr, da categoria 13Cr-5Ni-2Mo

não deve ultrapassar o limite de dureza de 27 HRC, e seu limite de escoamento fica

limitado por 724 MPa, no seu ambiente de trabalho. O ajuste das propriedades

mecânicas e de corrosão pode ser aumentado tanto pela adequada adição de elementos

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de liga como através de tratamentos térmicos específicos, podendo formar precipitados

finamente dispersos na matriz, visando a formação de precipitados (carbonitretos)

finamente dispersos na matriz.

Os AISM também são utilizados para transporte de óleo e gás. Nestas condições os

tubos são submetidos a soldagem de união através de diferentes processos e

procedimentos de soldagem. Atualmente, os AISM soldáveis devem ser submetidos a

tratamentos térmicos pós soldagem (TTPS) com intuito de melhorar a ductilidade, pois

devido a mudanças volumétricas (contrações do volume metálico ocorrem devido aos

múltiplos cíclos térmicos de soldagem) ocorre aumento de dureza e consequentemente

perda de ductilidade nas diferentes regiões da junta soldada. Além disso, outro ponto

importante é a possibilidade de ocorrência de trincamento durante a soldagem e que

pode ser evitadoatravés do controle de temperatura entre os passes [17].

3.3 Elementos de Liga

Com o objetivo de melhorar as propriedades mecânicas e a resistência a corrosão, é

de grande importância o controle do percentual em peso dos elementos de liga. A seguir

será mostrada a influência de cada elemento de liga nos AISM, para a melhor

compreensão dos seus efeitos.

3.3.1 Cromo (Cr)

O cromo a partir de 11% (em peso) atua formando uma camada de óxido passiva

protetora (Cr2O3) na superfície do aço, atuando contra a corrosão, tornando essa a

principal característica dos aços inoxidáveis. Sua adição no sistema Fe-Cr fica tem forte

influência no que tange a estabilização da fase ferrítica. A influência do cromo na

estabilidade da ferrita é dada por uma equação empírica em termos do Creq, onde estão

presentes também outros elementos de liga, como visto anteriormente, na equação (1)

[18].

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O campo completamente austenítico pode ser alcançado elevando-se a temperatura

até aproximadamente 950°C (figura 3) e a microestrutura martensítica é obtida com

resfriamento acelerado a partir desta temperatura [19].

Figura 3: Diagrama de fase do sistema Fe-Cr-C, com teor de C abaixo de 0,01% em

peso. Adaptado de [19].

3.3.2 Níquel (Ni)

O níquel é um agente estabilizador da fase austenítica (γ), sendo o responsável pela

mudança de estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC – típica das fases α e δ)

para a estrutura cúbica de faces centradas (CFC – típica da fase γ). Mesmo com a

adição de outros elementos de liga estabilizadores da fase austenítica como C e N, seu

uso se faz necessário, pois, a presença de C e N são toleráveis em baixos percentuais

em peso e por isso têm-se o níquel como controlador da temperabilidade dos AISM.

Além disso, o Ni em solução sólida controla o crescimento dos grãos e evita a formação

de ferrita δ [20,21]. A equação empírica que reflete a influência do Ni na estabilidade

do campo austenítico, conhecida como níquel equivalente foi apresentada anteriormente

na equação (2) [18].

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10

A figura 4 mostra a influência do níquel no aumento do campo austeníticos em

função da temperatura.

Figura 4: Efeito do Ni na estabilidade da fase austenítica no diagrama de fase Fe-Cr.

Adaptado de [22].

É possível observar que a adição de Ni garante estabilidade da fase austenítica (γ) e

redução do campo ferrítico (α) em temperatura mais baixas, mesmo para elevados

percentuais em peso de cromo.

O níquel também controla a difusão do carbono e com isso é capaz de retardar o

processo de precipitação de carbonetos do tipo Cr23C6, aumentando a tenacidade do aço

e influenciando nas temperaturas do início da transformação martensítica no

resfriamento (Ms) e da temperatura do início da transformação no aquecimento (Ac1)

[21].

3.3.3 Molibidênio (Mo)

O molibidênio é um elemento ferritizante, o que reduz o campo austenítico no

diagrama de fases. Como pode observado na figura 5, este comportamento estabilizador

da fase ferrita δ influencia diretamente na transformação martensítica, pois essa

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depende do percentual em peso da fase γ. Geralmente é usado na faixa de 0–3% (em

peso), acima desse limite existe a tendência para formar fases intermetálicas

indesejadas [23].

Figura 5: Efeito do Mo na estabilidade da fase austenítica no diagrama de fase Fe-Cr.

Adaptado de [22].

Sua adição na faixa estabelecida acima, melhora a resistência à corrosão localizada

em altas temperaturas e reduz a susceptibilidade do material à corrosão sobtensão

induzida por sulfetos (SSC) e é três vezes mais efetivo que o Cr em relação à corrosão

por frestas e por pites em soluções contendo cloretos, pois este elemento estabiliza a

camada de óxido passiva nessas soluções [19,20,23].

3.3.4 Carbono(C) e Nitrogênio (N)

São elementos estabilizadores da fase austenítica (γ) e com isso ampliam o campo

austenítico nos aços inoxidáveis, aumentando a temperabilidade da liga. São átomos

intersticiais, mas também são capazes de promover o endurecimento por solução sólida.

O N em solução sólida é o responsável por aumentar a resistência à corrosão por pites

[24]. A adição desses elementos de liga deve ser muito controlada em teores próximos a

0,01% (em peso) para que a martensita formada pós-têmpera não possua elevada

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dureza, o que pode gerar trincas, inviabilizando sua utilização em meios severos, pois

pode aumentar a susceptibilidade à fragilização por hidrogênio e a corrosão sob tensão

por sulfetos [19,25]. Após tratamento térmico de revenimento, o carbono, tende a

formar aglomerados ou precipitados, minimizando a dureza da martensita [7]. Outro

fenômeno importante associado a presença desses elementos, mais especificamente ao

C, é o fenômeno de sensitização (formação de carbonitretos de cromo do tipo Cr23C6 ou

Cr2N [24,26] nos contornos de grão). Este fenômeno pode ser evitado mantendo-se uma

maior quantidade de Cr em solução sólida para evitar a formação de carbonetos ou

carbonitretos.

3.3.5 Titânio (Ti), Nióbio (Nb) e Vanádio (V)

Esses elementos de liga são ferritizantes e podem formar carbonetos e carbonitretos

mais estáveis, o que auxilia na integridade estrutural do AISM, evitando a formação de

precipitados de Cr e Mo em tratamentos térmicos, que pode ocasionar uma queda na

resistência à corrosão [19,25]. Tratamentos térmicos podem promover o refinamento

desses precipitados nos contornos das ripas da martensita, com isso aumentar a

resistência mecânica e a tenacidade através do endurecimento por precipitação [2,25].

3.3.6 Manganês (Mn)

Elemento austenitizante, pode substituir o níquel como elemento de liga, porém é

um elemento caro, o que restringe sua aplicação. É adicionado em até 2% (em peso) na

liga [19,25]. Sua eficiência em ampliar o campo austenítico à temperatura ambiente é

menor do que a do níquel. Sua adição excessiva pode diminuir a temperatura critica de

pite (CPT – Crittical Pitting Temperature).

3.3.7 Silício (Si)

Elemento estabilizador ferrita δ, assim como o manganês, reduz o campo

austenítico, e essa redução ocorre durante o resfriamento do aço. Por este motivo sua

adição não deve exceder 0,7% (em peso), pois pode reduzir o campo austenítico à altas

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temperaturas[19]. Em meios contendo ácido nítrico sua adição é vantajosa evitando a

oxidação em altas temperaturas.

3.3.8 Cobre (Cu)

O cobre é um estabilizador da austenita, responsável por aumentar a dureza,

melhora a ductilidade e resistência mecânica após revenimento dos AISM [20]. Reduz a

taxa de corrosão em meios redutores.

3.3.9 Enxofre (S) e Fósforo (P)

Esses elementos de liga devem ser mantidos a concentrações muito baixas, o

enxofre em até 50 ppm e o fósforo em até 200 ppm, para uma boa temperabilidade à

quente são considerados como impurezas[19].

3.4 Tratamentos Térmicos

A microestrutura desejada no Super 13Cr, é na sua totalidade, martensita revenida

(CCC), porém estudos mostram a presença de austenita retida (CFC) [7,24,28,29],

ferrita δ (CCC) [10,19,29] e precipitados em amostras temperadas ou temperadas e

revenidas. A quantidade de elementos ferritizantes e austenitizantes, bem como,

tratamentos térmicos são os responsáveis por essas variações microestruturais, podendo

gerar compostos intermetálicos como as fases χ e σ. As quantidades de C e N estão

diretamente ligadas à formação de carbonetos e carbonitretos.

A resistência mecânica e de corrosão e a susceptibilidade à fragilização pelo

hidrogênio dependem diretamente da quantidade de austenita retida e da composição

química, morfologia, quantidade, tamanho e distribuição destes precipitados na matriz.

A seguir, será feita uma abordagem sucinta acerca dos principais precipitados

encontrados nos AISM.

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3.5 Precipitados

3.5.1 M23C6

Esse tipo de precipitado é o mais comumente relatado nos AISM durante

tratamentos de solubilização e revenimento, rico em Cr, diminui a resistência da liga, já

que ele deixa de estar em solução sólida participando da camada de óxido passivadora,

precipita-se nas finas ripas da estrutura martensítica e podem servir como sítios para a

nucleação para a austenita reversa. Esses precipitados possuem estrutura cúbica de face

centrada (CFC) [7,27,30].

3.5.2 MX

Carbonetos, nitretos ou carbonitretos precipitam de forma dispersa no interior das

ripas de martensita, com isso melhoram a resistência mecânica do material. A

precipitação destes compostos nos AISM ocorre durante os tratamentos de

solubilização ou revenimento na presença de elementos de Ti, Nb e V devido esses

elementos de liga possuir maior afinidade com o C e o N, o Cr e o Mo deixam de se

precipitar, preferencialmente, e a resistência à corrosão é mantida[2,24].

3.5.3 M2X

Precipitados dos tipos M2C, M2N ou M2(C, N) se formam devido ao elevado teor

de C e N na liga, estes se precipitam durante o revenimento juntamente com M7C3 e

M23C6, reduzindo a resistência corrosão, pois retiram o Cr e o Mo de solução sólida

[10,31].

3.5.4 M6C

Esse composto nucleia nos contornos de grão, pode conter Mo e Cr, possui

estrutura cúbica de face centrada (CFC) e é um composto ternário rico em Fe, podendo

ser uma transformação do M23C6 [32].

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3.5.5 M7C3

Precipitado rico em Cr solubiliza Fe e Mn e possui estrutura cúbica [30]. É

considerado um dos seus compostos mais estáveis e diminui a resistência mecânica

quando precipitado após o revenimento da martensita [11,30].

3.5.6 M3C

Aparecimento relatado durante um tratamento de revenimento em um AISM [10].

Composto rico em ferro possuindo estrutura cristalina ortorrômbica [32].

3.6 Fases Intermetálicas

Tendo em vista o elevado percentual em peso de elementos de liga, os AISM são

susceptíveis a precipitação de fases intermetálicas indesejadas. Logo, uma breve

discussão acerca das principais fases se faz necessário.

3.6.1 Fase σ

Essa fase é formada em virtude do elevado percentual em peso de cromo e tem seu

ponto de nucleação a partir da ferrita δ, que é rica em elementos formadores da fase σ,

como Cr, Si, Mo e pobre nos austenitizantes (Ni, N, C). A fase σ se forma durante

tratamento térmico em elevadas temperaturas e possui estrutura tetragonal. Sua

precipitação causa empobrecimento da matriz em Cr, Mo, Nb e está associada à perda

da tenacidade, ductilidade, resistência à corrosão [33,34]. A precipitação de fase σ em

AISM não um processo controlado pela difusão, mas sim pelo rearranjo atômico em

pequena escala para formar a complexa estrutura desta fase [35].

3.6.2 Fase χ

Essa fase é conhecida como Fe36Cr12Mo10, possui estrutura cúbica de corpo

centrado (CCC), forma binária, ternária e quaternária, precipita na interface δ/γ [34], e

na interface δ/δ [33]. Sua precipitação causa diminuição de ductilidade, tenacidade e

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resistência à corrosão. A fase χ e σ são difíceis de ser distinguidas, sendo necessário o

do uso de Microscópio Eletrônico de Transmissão (MET) ou Microscópio Eletrônico de

Varredura (MEV) utilizando elétrons retroespalhados para uma possível distinção [36].

3.6.3 Martensita

O objetivo nos AISM é a obtenção de uma estrutura totalmente martensítica

(tetragonal de corpo centrado TCC). A estrutura martensítica é obtida através de um

tratamento térmico, têmpera, que se constitui de um resfriamento rápido do aço a partir

da fase austenítica. A microestrutura desejada depende do teor de carbono, dos

tratamentos térmicos subsequentes. O correto processamento termomecânico e o

controle dos percentuais em peso dos elementos estabilizadores da ferrita e da austenita,

resultará na correta dureza e nas propriedades mecânicas exigidas à sua aplicação. O

tratamento térmico de revenimento da martensita se faz necessário, pois possibilitará a

redução da dureza da martensita, aumentando a ductilidade através da formação de uma

microestrutura de martensita revenida (ferrita e carbonetos dispersos). Sendo assim,

uma conclusão importante que se pode extrair do que foi até o momento exposto é que

o interessante dentro dessa classe de aços inoxidáveis é se obter uma microestrutura

completamente γ em altas temperaturas, completamente martensítica a temperatura

ambiente (rica em elementos formadores de carbonetos), para, posteriormente, se

atingir a melhor condição de revenimento: ganho de ductilidade, com a redução da

dureza da martensita e pela dispersão dos carbonetos na matriz, sem perda significativa

de ductilidade.

Segundo a norma NACE 0175 [14], para um aço AISM UNS S4142-6 com

composição nominal 13Cr-5Ni-2Mo o tratamento térmico deve seguir uma

solubilização até o campo austenítico, com uma posterior têmpera ao ar ou ao óleo.

Após o resfriamento deve-se fazer um tratamento para alívio de tensões, ou seja, um

revenimento seguido de um resfriamento ao ar. Devido à alta temperabilidade dos

AISM a têmpera em água não é necessária, pois um resfriamento severo pode causar

trincas na microestrutura devido a altas tensões internas provocadas pela mudança

brusca no volume da estrutura austenita (CFC) para a martensítica (TCC) [25,35].

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3.6.4 Austenita Retida

Após a solubilização e têmpera, obtemos a microestrutura martensítica com muitas

tensões internas, frágil e com elevada dureza. O tratamento de revenimento pode ser

realizado em etapas sucessivas, onde o primeiro revenimento, que é realizado a uma

temperatura um pouco superior a Ac1 e que dependendo da liga é acima de 600°C, faz

com que a recuperação da martensita seja mais rápida e a precipitação de carbonetos é

limitada pela baixa concentração de C [19]. A esta temperatura pode ocorrer, contudo, à

transformação da martensita para austenita e essa austenita passa figurar na martensita

revenida [26].

A grande quantidade de elementos de liga austenitizante faz com que a temperatura

logo acima de Ac1 haja estabilidade da austenita retida. Essa austenita retida é mais

estável, pois está enriquecida com Ni, C e N, com isso, o Ms diminui [25,27]. O Ms dos

AISM de mais alta liga é em torno de 200°C [19,35] e, quanto maior é a quantidade dos

elementos de liga, menor é o Ms. Se a austenita retida não for estável irá se decompor a

temperaturas muito acimas de Ac1 segregando Ni, C e N por difusão. O Ms aumentará

após têmpera e esta se transformará em martensita frágil não revenida.

O segundo revenimento, abaixo de Ac1, tem por objetivo aliviar as tensões da

martensita recém-formada, melhorando as propriedades mecânicas e reduzindo a

dureza, complementando o primeiro revenimento.

Esse tipo de austenita retida não apresenta estabilidade mecânica, e pode sofrer

transformação martensítica após laminação a frio. Entretanto, há relatos de que a

austenita retida pode apresentar estabilidade térmica em aço inoxidável martensítico e

essa alta estabilidade térmica observada na austenita retida foi atribuída à sua

composição química, bem como, a alta densidade de discordâncias que dificultam o

cisalhamento da microestrutura na transformação martensítica [10].

Além disso, após o resfriamento por têmpera, observou-se que a austenita se

precipitou ao longo dos contornos das ripas de martensita, indicando que a austenita se

tornou estável em elevadas temperaturas muito acima de Ac3, após tratamento de

solubilização [28].

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Os AISM 13Cr5Ni1Mo, com a adição de Nb, V e N, após normalização a 1100°C

seguido de um resfriamento ao ar, mostraram a precipitação de carbonitretos nos

contornos das ripas de martensita, conforme pode ser visto na figura 6.

Figura 6: Aço AISM após solubilização a 1100°C (a) mostrando estrutura da

martensita em ripas em MO (b) MET- carbonitretos (c) MET- austenita retida nas ripas

de martensita após tratamento de revenimento (d) DRX – evolução dos picos de

austenita com o tratamento de revenimento. Adaptado de [24].

Diferentes tratamentos de revenimento foram aplicados acima de Ac1 e observou-se

que com o aumento da temperatura de tratamento de revenimento a fração volumétrica

de austenita retida também aumentava. Temperaturas abaixo de Ac1 serviram apenas

para revenir a martensita, a austenita retida foi identificada por difração de raios-X e

microscopia eletrônica de transmissão e os carbonetos por microscopia eletrônica de

transmissão [24].

3.6.5 Ferrita δ

Esta fase pode ser decorrente de um tratamento de solubilização inadequado a

temperaturas muito acimas de Ac3, para ligas que possuem campos completamente

austeníticos. Ligas que possuem elementos ferritizantes, pode-se alcançar um campo

bifásico com a presença das fases austenita e ferrita em temperaturas de solubilização

muito baixas e, com isso, após resfriamento tem-se a presença das fases martensita e

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ferrita δ a temperatura ambiente. A ferrita δ tem estrutura cúbica de corpo centrado

(CCC) e nos AISM altamente ligados há alta probabilidade de permanecer na

microestrutura à temperatura ambiente [19].

Após simples revenimento de um aço martensítico 13CrNiMo, observou-se a

presença de martensita, austenita retida e ferrita δ, que pode ser observada na figura 7a

[10]. A ferrita δ foi dissolvida apos um tratamento de solubilização a 950°C por uma

hora seguido de resfriamento ao ar. Após esse primeiro revenimento foi realizado um

duplo revenimento que mostrou apenas a presença de martensita, austenita retida e

carbonitretos do tipo M2X, figura 7b [10].

Figura 7: (a) MEV- γret (branca) entre as ripas de martensita e ilhas de ferrita δ

(escura) após revenimento simples (b) após solubilização e mais dois estágios de

revenimento, a ferrita δ é dissolvida permanecendo martensita e γret. Aumento de

3000x. Adaptado de [10].

A supressão ou a formação da ferrita δ na matriz martensítica de um AISM

depende diretamente dos tratamentos térmicos de solubilização. Foi observado também

a presença de Ti (C,N) dispersos na matriz [27].

3.7 Propriedades Mecânicas

Bhadeshia e colaboradores [29] observaram os efeitos da ferrita δ nas propriedades

mecânicas de um AISM através de testes de impacto Charpy V realizados na zona

termicamente afetada (ZTA). A temperatura de transição dúctil-frágil (TTDF) do AISM

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mudou de -86 °C para -46 °C, com o aumento da fração volumétrica da ferrita δ, de 2%

para 14%, essa mudança é apresentada no deslocamento da curva na figura 8.

Figura 8: Ensaio Charpy de um AISM contendo 2% e 14% de ferrita δ em matriz

martensítica não revenida. Adaptado de [29].

Testes de impacto Charpy V, realizados em uma liga 13Cr-4Ni-Mo mostraram que

a energia ao impacto aumenta com a fração volumétrica de austenita retida, esta se

precipita finamente nos contornos das ripas da martensita, com isso a ductilidade e a

tenacidade ao impacto melhoraram [7,35]. Amostras duplamente revenidas mostraram

maior tenacidade ao impacto do que as revenidas em um único estágio. Os carbonetos

formados no primeiro revenimento agiram como sítios de nucleação da austenita

reversa no segundo revenimento [7].

A redução da fração volumétrica da austenita retida, devido ao duplo revenimento,

também reduziu a energia ao impacto das amostras, além de aumentar a dureza quando

comparadas aquelas com revenimento simples, constatou-se a presença de martensita

revenida, austenita retida, ferrita δ e carbonitretos [26].

O limite de escoamento do material apresenta uma queda, devido ao aumento de

austenita retida em um AISM, esta queda foi observada a partir de diferentes

temperaturas de tratamento térmico de revenimento. A adição dos elementos de liga

como N, Nb e V também influenciam no limite de escoamento, devido à fina

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21

precipitação de carbonetos. A decomposição da austenita retida reversa aumenta o Ms

favorecendo a formação da martensita no resfriamento [24].

3.8 Estudo do Hidrogênio

A difusividade do hidrogênio pela estrutura cristalina é maior quando comparada a

de outros átomos. Por ser um átomo muito pequeno, o hidrogênio desloca-se pela

estrutura dos metais de forma intersticial [37].

A partir do tamanho dos sítios encontrados nas redes cristalinas, as estruturas

podem solubilizar mais ou menos hidrogênio. Os interstícios podem ser octaédricos

e/ou tetraédricos dependendo da estrutura a qual pertencem, podendo no caso dos

AISM ser austenita γ, (CFC), ferrita δ (CCC) e martensítica (TCC) [32]. A figura 9

mostra a posição do átomo de hidrogênio nos sítios tetraédricos e octaédricos da

estrutura cristalina.

Figura 9: Estrutura atômica para dissolução de hidrogênio em (a) ferrita, sítio

octaédrico (b) ferrita, sítio tetraédrico (c) austenita, sítio octaédrico (d) austenita, sítio

tetraédrico, respectivamente. Adaptado de [38].

A austenita solubilizará mais hidrogênio que a ferrita e a martensita, pois na

estrutura cúbica de face centrada os maiores sítios são octaédricos, enquanto nas

estruturas cúbica de corpo centrado e tetragonal de corpo centrado os maiores sítios são

tetraédricos. Fukay [37] observou que a distância entre os sítios nas estruturas CCC são

menores quando comparados à distância dos sítios na estrutura CFC, resultando em

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uma maior difusão e uma menor barreira de potencial para a mobilidade dos átomos de

hidrogênio na estrutura.

3.8.1 Interação Metal-Hidrogênio

A pressão parcial do gás hidrogênio, proteção catódica ou corrosão do H2S no

metal, são fontes de produção do hidrogênio molecular no meio onde o metal está

imerso. Esse hidrogênio chega até a superfície do metal, onde pode se adsorver, sendo

essa adsorção química ou física, e pode se dissociar na forma protônica, se recombinar

em moléculas de H2 ou ser absorvido no metal. Se absorvido, o mesmo pode se difundir

pelo material interagindo de diversas formas [32]. Um esquema ilustrativo com as

etapas da dissolução do hidrogênio pode ser visto na figura 10.

Figura 10: Etapas da dissolução do H em um metal a partir de uma fase gasosa.

Adaptado de [32].

A concentração inicial do hidrogênio na camada sub superficial após a absorção é

chamada de C0. Ao se difundir o hidrogênio pode se concentrar em imperfeições

atômicas ou microestruturais, como lacunas, átomos de soluto, discordâncias, contornos

de grão, partículas de segunda fase, que atuam como ancoradouros, fazendo com que o

hidrogênio não seja encontrado apenas nos sítios [39].

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23

3.8.2 Evolução do Hidrogênio nos Metais

A reação de evolução do hidrogênio depende do eletrólito ao qual o metal está

exposto, como mostrado nas reações a seguir nas equações 3 e 4 [40]:

2H3O+ + 2e

- →H2 +2H2O em meio ácido (3)

2H2O+ + 2e

- →H2 +2OH

- em meio alcalino (4)

O próximo passo para que ocorra a evolução do hidrogênio consiste em qualquer

descarga de prótons hidratados em meio ácido (equação 5):

H3O+ +M + e

- →MHads +H2O em meio ácido (5)

Ou a eletrólise da água em meio alcalino (equação 6):

H2O +M + e- →MHads +OH

- em meio alcalino (6)

Em que 𝑀𝐻𝑎𝑑𝑠 representa o átomo de hidrogênio adsorvido na superfície do

metal.

O segundo passo depende do metal em questão e da densidade de corrente

catódica. O desprendimento de átomos de hidrogênio da superfície do metal ocorre por

dessorção química (recombinação catalítica), podendo ocorrer em meios ácidos ou em

meios alcalinos (equação 7):

MHads + MHads →H2 +2M (7)

Ou por dessorção eletroquímica (equações 8 e 9):

MHads + H3O+ + e

-→H2O + H2 + M em meio ácido (8)

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MHads + H2O + e-→H2 + OH

- + M em meio alcalino (9)

A taxa de cada reação depende das condições experimentais. A etapa eletroquímica

maislenta controla a velocidade de reação. Esse processo determina a densidade de

corrente catódica, Ic, e o sobrepotencial, η (equação 10):

η = a – blog(Ic) (10)

Onde a é b são constantes independentes de Ic. Como pode ser visto na figura 11,

quanto maior a densidade de corrente de troca, que depende da relação metal/meio,

menor é o valor de η imposto para se obter a mesma densidade de corrente Ic. A

inclinação da curva de Tafel, b, constitui um dos critérios que são necessários para

determinar o mecanismo da reação de evolução do hidrogênio. Sabendo que diferentes

mecanismos envolvendo diferentes taxas de reação, muitas vezes, tem o mesmo

coeficiente de Tafel, a partir das medições de parâmetros eletroquímicos tais como a

cobertura de hidrogênio, a densidade de corrente de troca, o coeficiente de

transferência, a ordem de reação, o número estequiométrico e o calor de adsorção, é

possível obter conclusões sobre o mecanismo provável da evolução do hidrogênio em

vários metais [41,42].

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25

Figura 11: Curva de polarização potenciostática anodica [43].

3.8.3 Difusividade, Permeabilidade e Solubilidade do Hidrogênio

Difusividade, permeabilidade e solubilidade São propriedades físicas que

dependem do estado de tensões, composição química e da microestrutura do material

[13].

A constante de Sieverts ou solubilidade K (mol H2 m

-3) pode ser definida pela

medida da quantidade de hidrogênio na rede cristalina do material. E não depende da

fugacidade f (atividade de um gás real em baixas temperaturas e altas pressões), a

permeabilidade K é dependente da temperatura, e pode seguir uma relação do tipo

Arrhenius mostrada na equação 11 abaixo [14]:

K = K0 exp(- ∆H/RT) (11)

K0 é o coeficiente de equilíbrio, ∆H é a energia de formação do H-metal (KJ/mol),

R é a constante universal dos gases (8,31447 J mol -1

K -1

), T é a temperatura (K). No

equilíbrio a concentração do gás hidrogênio no meio onde está inserido o material é

igual à concentração de H atômico dissolvido na rede e essa relação é expressa na

equação 12 [14]:

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CL = K f(1/2)

(12)

Sendo CL a concentração de equilíbrio do hidrogênio dissolvido na rede (mol H2 m-

3).

A concentração total de Hidrogênio na amostra <C> durante a permeação de

hidrogênio se deve à soma da concentração de hidrogênio em aprisionadores, sendo

estes reversíveis (CT rev ou irreversíveis CT irr, com a concentração dos hidrogênios nos

sítios da rede cristalina (CL)), conforme pode serv visto na equação 13 [43].

CT irr = <C> - CL – CT rev (13)

Assumindo que a difusão de hidrogênio no material ocorre de maneira linear, de

uma região com elevada concentração para uma região com baixa concentração (o

gradiente de composição química é a força motriz para o processo difusional), essa

relação pode ser matematicamente representada pela primeira lei de Fick (equação 14),

mostrada abaixo [35]:

J = -D dC/dx (14)

Onde J é o fluxo de átomos de hidrogênio na direção x (mol H2 m-2

s -1

), D é a

difusividade (m2 s

-1) e dC/dx o gradiente de concentração de hidrogênio.

A difusividade pode ser escrita como uma equação do tipo Arrhenius (equação 15),

já que é termicamente ativada [35]:

D = D0exp(-ED/RT) (15)

Onde D0 é o coeficiente de difusão do hidrogênio (m2 s

-1), ED é a energia de

ativação da difusão (KJ/ mol).

Permeabilidade ф do hidrogênio (mol H2 m-1

s-1

) é geralmente definida como a

quantidade total de átomos que se difundiram através do reticulado até que seja atingido

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o estado estacionário. Assim, como a difusividade, a permeabilidade ф do hidrogênio

pode também ser escrita como uma equação do tipo Arrhenius, pois também é

termicamente ativada (equação 16) [44].

Ф = ф0 exp -Eф/ RT (16)

Assumindo o estado estacionário e a pressão parcial do hidrogênio desprezíveis no

lado da chegada em uma placa semi-infinita, a primeira lei de Fick (equação (14)) para

difusão pode ser reescrita através da equação 17 [44]:

J ∞ = D CL/L (17)

J ∞ é o fluxo no estado estacionário e L é a espessura da placa (m). Substituindo a

equação 12 na equação 17, o fluxo no estado estacionário pode ser descrito como

(equação 18):

J ∞ = D Kf1/2

/L (18)

A permeabilidade ф pode ser definida através do produto entre D e K (equação 19):

Ф = DK (19)

3.8.4 Aprisionadores de Hidrogênio

O aumento da solubilidade aparente, diminuição do coeficiente de difusão aparente

(aumentando o tempo de difusão), mudança da cinética do coeficiente de difusão

aparente (devido a mudanças na atividade do hidrogênio na superfície) e aumento da

concentração local favorecem o mecanismo de fragilização e são as principais

consequências do aprisionamento do hidrogênio em metais e ligas [32].

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28

Em algumas regiões o tempo médio de residência de um átomo de hidrogênio é

mais longo do que em um sítio intersticial normal da rede, agindo como sumidouros

que retêm os átomos de hidrogênio. Essas regiões que segregam os átomos de

hidrogênio são imperfeições atômicas ou microestruturais como lacunas, átomos de

soluto, discordâncias, contornos de grãos, vazios, partículas de segunda fase e campos

de tensões elásticas [32,40].

Os sítios aprisionadores, dependendo do tempo médio de permanência do

hidrogênio dentro dele, pode ser classificado como reversível se há liberação do

hidrogênio devido a mudanças na concentração de hidrogênio ou na temperatura.

Quando o tempo de permanência do hidrogênio em um sítio excede o tempo de difusão

e só são liberados em temperaturas mais elevadas são chamados de irreversíveis [32].

Quanto maior a energia de ligação do hidrogênio com o sítio aprisionador, maior

será a temperatura (energia) para liberá-lo tornando-se um fator determinante para a

classificação desses sítios. Sítios fracos possuem energia de ligação de até 20 KJ/mol

(discordâncias, precipitados finos, átomos de soluto Cr e Mo [45] e microvazios [46]).

Sítios intermediários têm energia de ligação de aproximadamente 50 KJ/mol (ripas de

martensita e contornos de grãos da austenita prévia). Sítios fortes têm energia de

ligação de 100-200 KJ/mol (inclusões não metálicas, partículas esféricas, interfaces das

ripas de martensita [45] e precipitados incoerentes [46]).

Eliezer e colaboradores [39] relatam que a reversibilidade ou irreversibilidade da

austenita em um aço supermartensítico também é relacionada com a maior ou a menor

oferta de hidrogênio. Já Park e colaboradores [47] apresentaram resultados mostrando

que a austenita retida é uma aprisionadora forte/ irreversível de hidrogênio com picos

de desorção em torno de 600°C para diferentes aços, como os austeníticos e

superduplex.

Solheim e colaboradores [48] apresentaram um estudo mostrando a forte influência

da austenita retida como aprisionador de hidrogênio. Neste estudo os autores mostraram

que os picos de desorção do hidrogênio em um AISM a 400°C estão relacionados tanto

a austenita retida quanto aos carbonetos precipitados e que a esta temperatura os

aprisionadores são classificados como reversíveis.

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Logo, podemos afirmar que a susceptibilidade à fragilização por hidrogênio

depende diretamente da natureza dos aprisionadores, com isso o estudo das interfaces é

muito importante [49]. Quanto maior a coerência do precipitado com a matriz, maior

será a tendência à reversibilidade do aprisionador, deslocando a temperatura do pico de

desorção para temperaturas menores [46].

3.8.5 Fragilização por Hidrogênio

Falha prematura de equipamentos em ambientes contendo hidrogênio em

temperaturas próximas a ambiente, essa é a descrição da fragilização por hidrogênio em

sistemas submarinos de óleo e gás. A origem do hidrogênio é diversa como proteção

catódica, soldagem, subprodutos da corrosão, etc. Esses danos são causados pelo

aprisionamento do hidrogênio em defeitos, precipitados, etc. A fragilização pode

ocorrer por um ou somatório de fatores, como a produção de hidrogênio, microestrutura

suscetível e tensão mecânica [50,51]. As ligas martensíticas e supermartensíticas

apresentam susceptibilidade a fragilização por hidrogênio devido a sua elevada

resistência, podendo ocasionar perda de ductilidade e mudança no modo de fratura.

Dias [26] mostrou que amostras de um AISM hidrogenadas apresentaram uma

redução de tenacidade e uma elevação da dureza em todas as condições de tratamentos

(como recebidas ou revenidas), quando comparadas a amostras tratadas ao ar. Além

disso, o autor mostrou que a fratura das amostras hidrogenadas ocorreu em regime

elástico, enquanto as tratadas ao ar apresentaram fratura no regime elasto-plástico.

3.8.6 Trincas Induzidas por Hidrogênio

Este mecanismo de fragilização pelo hidrogênio está comumente associado a sítios

com alto teor de impurezas, como inclusões e/ ou microestruturas anômalas pela

propagação de impurezas que se tornam sítios aprisionadores de hidrogênio. Assim, o

acúmulo de hidrogênio nestas regiões pode resultar a formação do hidrogênio gasoso

resultando na nucleação de trincas, devido ao aumento da pressão local e com isso a

falhas no material, sem que haja carregamento aplicado.

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30

3.8.7 Trincas Induzidas por Hidrogênio por Tensão

São trincas que ocorrem devido a presença do hidrogênio combinado com tensões

trativas, residuais ou aplicadas.

3.8.8 Trincas Induzidas por Hidrogênio Orientado por Tensão

Uma forma de HIC (Hydrogen Induced Cracking) que se inicia pelo mecanismo de

SSC (Sulfide stress cracking), onde as trincas são formadas perpendicularmente à

tensão principal, residual ou aplicada, empilhando-se na direção da espessura do tubo.

Em materiais soldados sua aparição é recorrente.

3.8.9 Trincas Induzidas por Sulfetos (Sulfide Stress Cracking (SSC))

São trincas produzidas ao envolver corrosão e tensões trativas, aplicadas ou

residuais, na presença de água e de H2S. O átomo de hidrogênio é produzido pela

corrosão na superfície do material. A partir deste momento, através de reações de

adsorção e redução, o hidrogênio se difunde e pode reduzir a ductilidade e aumentar a

susceptibilidade à fratura. É uma forma de trica induzida por hidrogênio por tensão.

3.8.10 Fragilização do AISM por Hidrogênio

Devido à microestrutura martensítica dos AISM, estes, são suscetíveis à

fragilização por hidrogênio. Os aços são especialmente sensíveis na condição não-

tratado termicamente, contendo martensita não revenida e austenita retida instável. Este

é, frequentemente, o caso mais comum de problema encontrado em zonas termicamente

afetadas.

A constante difusão de hidrogênio em aços martensíticos, independentemente do

tipo de material e condições de carregamento é relatado em torno de 1,6 × 10-9

e 6.1 ×

10-14

m2 /s. [35].

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31

AISM também podem ser considerados como aços de duas fases, com uma matriz

martensítica contendo ilhas de austenita retida, dependendo do percentual em peso de

carbono e do processamento termomecânico. A difusão de hidrogênio em AISM como

uma função do teor de austenita retida tem também sido investigada. Em comparação

com aço martensítico 13Cr temperado com menos de 2% de austenita retida, a presença

de austenita retida é capaz de diminuir o coeficiente de difusão em uma ordem de

magnitude. A difusão foi mais de 50% retardada quando a quantidade de austenita

retida aumentou de 5 para 25%.

A estabilidade da austenita retida é um argumento fundamental para a qualidade

desses aços. Transformação de martensita para austenita retida causa expansão

volumétrica e, por conseguinte aumento de tensão locais na matriz. A martensita

transformada é frágil e na presença de hidrogénio pode induzir a micro trincamentos.

A concentração de saturação de hidrogénio típica para microestrutura puramente

martensítica é de 2 ppm [50]. Esta concentração é capaz de elevar a tensão local coesiva

a valores de 1525 MPa [50]. Este valor será fortemente influenciado pelo percentual em

peso austenita retida. Logo, podemos afirmar que dependendo do percentual em peso de

austenita a tensão local coesiva poderá variar desde valores inferiores ao exposto acima

até valores bem superiores, podendo levar a microestrutura ao colapso total [35].

3.9 Proteção Catódica

Para evitar que uma determinada estrutura se deteriore utiliza-se a técnica de

proteção catódica, que se baseia nos princípios da eletroquímica, transformando a

estrutura metálica que se deseja proteger em um catodo [52]. Essa técnica é utilizada

visando o combate à corrosão em instalações metálicas enterradas, submersas e em

contato com o eletrólito

A água do mar apresenta alta condutividade elétrica devido à presença de cloretos

de sódio, gases dissolvidos o que potencializa a corrosividade do meio. Por isso um

estudo aprofundado das condições e do aço a ser utilizado deve ser feito, visando-se um

maior rendimento do material em condições de trabalho [53]. A proteção catódica

possibilita que tubulações enterradas para o transporte de água, petróleo, gás e produtos

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32

químicos, assim como, grandes estruturas portuárias, plataformas submarinas de

produção de petróleo, equipamentos industriais, e tanques de armazenamento

enterrados sejam capazes de operar com segurança, protegidos da corrosão [54].

A fragilização por hidrogênio não é eliminada nessa proteção, já que moléculas de

hidrogênio são geradas. O H2S presente também pode promover efeitos nocivos ao

material. Observa-se a evolução do hidrogênio protônico, que pode se absorver na

superfície do aço. Potenciais muito abaixo do limite inferior podem gerar mais

hidrogênio, devendo ser evitados.

A proteção catódica envolve condução elétrica podendo haver fuga de corrente

para o AISM, se, por exemplo, este estiver em contato com um material a ser protegido.

Apesar dos AISM apresentarem elevada resistência à corrosão, esse pode sofrer

influência da proteção catódica mesmo que de forma indireta [55].

No processo de proteção catódica o fluxo de corrente elétrica anodo/catodo é

cessado e a corrosão é totalmente eliminada, é um processo artificial que visa proteger a

superfície do metal fazendo com que esta tenha comportamento catódico deixando de

ser uma área anódica [54].

3.9.1 Mecanismos de Atuação

O processo corrosivo de uma estrutura metálica enterrada ou submersa se

caracteriza pelo aparecimento de áreas anódicas e catódicas na superfície do material

metálico, com um fluxo de corrente elétrica que ocorre no sentido da área anódica para

a catódica através do eletrólito, sendo o retorno dessa corrente elétrica realizado por

intermédio do contato metálico entre as duas regiões.

No processo de proteção catódica o fluxo de corrente elétrica anodo/catodo é

cessado e a corrosão é totalmente eliminada, é um processo artificial que visa proteger a

superfície do metal fazendo com que esta tenha comportamento catódico deixando de

ser uma área anódica [54].

A corrosão metálica em meio aquoso aerado é descrita pela equação a seguir:

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33

2Fe + O2 +2H2O → 2Fe(OH)2 (20)

O produto, hidróxido de ferro II, geralmente é oxidado para Fe3O4 ou para hidrato

de óxido férrico (FeOOH). Para um melhor entendimento, é conveniente considerar as

reações metálicas e não metálicas separadamente de acordo com as equações 21 e 22.

2Fe → 2Fe2-

+ 4e- (21)

O2 +2H2O + 4e- → 4OH

- (22)

Para balancear as equações anteriores, em termos de carga elétrica, é necessário

que 4 elétrons sejam fornecidos do lado direto da equação 21 e do lado esquerdo da

equação 22. Assim somando e racionalizando-as, resulta-se na equação 20. Conclui-se,

então, que a corrosão é uma reação que ocorre por um mecanismo eletroquímico

envolvendo espécies químicas e elétricas.

A equação 21, que envolve o consumo do metal e a liberação de elétrons, é

chamada de reação anódica enquanto a equação 22, que envolve o consumo das

espécies dissolvidas no meio e de elétrons, é chamada de reação catódica. Para estas

reações ocorrerem, todos os elétrons da reação anódica devem ser consumidos pela

reação catódica, de forma que o metal desenvolve um potencial mais ou menos

constante, denominado potencial de corrosão (Ecorr) [53].

A figura 12 mostra uma representação da proteção catódica através do Diagrama

de Pourbaix. Este diagrama representa a relativa estabilidade de fases sólidas e de íons

solúveis, que são produzidos pela reação entre um metal e um meio aquoso, como

função de dois parâmetros: o potencial do eletrodo e o pH do meio.

A partir dele podemos definir que proteger catodicamente significa polarizar o

material até seu potencial de eletrodo atingir a região de imunidade, ou seja, deslocar o

ponto 1 para o ponto 2. Em virtude das reações eletroquímicas no catodo, há sempre a

elevação do pH e o ponto final da proteção é o ponto 3 [52,56].

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34

Figura 12: Diagrama esquemático do diagrama de Pourbaix, mostrando o

comportamento do metal no diagrama, quando em proteção catódica[52].

A proteção catódica funciona injetando corrente elétrica na estrutura através do

eletrólito. Na proteção catódica por corrente impressa, o fluxo de corrente origina-se da

força eletromotriz de uma fonte geradora de corrente elétrica contínua e para a

dispersão dessa corrente são utilizados anodos especiais inertes. A proteção catódica

galvânica o fluxo de corrente elétrica originam-se da diferença de potencial entre o

metal a proteger e o outro escolhido como anodo (com potencial mais negativo) [54].

3.10 Mecânica da Fratura

A presença de trincas ou descontinuidades em componentes estruturais pode

propiciar uma fratura catastrófica, essas trincas se formam em diferentes etapas do

processo de fabricação, uma vez que a matéria prima é sujeita a solicitações mecânicas

ou gradientes térmicos para adquirir a forma do produto final. Durante a vida útil do

componente pode haver nucleação e propagação de trincas devido à fadiga,

carregamentos cíclicos, ou outros fenômenos como fratura assistida pelo meio com

presença de hidrogênio [57].

31

Figura 2.15 Esquema de proteção catódica do Fe lançada no diagrama simplificado de E-pH do

sistema Fe – água [[[[9]]]].

Embora a termodinâmica dê o completo amparo à proteção catódica, conforme

explicado acima, a sua forma de atuação, isto é, a passagem de ponto 1 para o ponto 3,

na Figura 2.15, é um fenômeno regulado inteiramente pela cinética dos processos

envolvidos. Do ponto de vista prático, o mecanismo de proteção catódica é de fácil

compreensão, bastando que se analise o diagrama de polarização, onde se representa a

curva de polarização anódica de um anodo e a curva de polarização catódica do ferro,

conforme ilustrado na Figura 2.16.

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35

A utilização de fator de segurança é uma primeira tentativa no sentido de

evitar falhas provocadas pela presença de descontinuidades, assegurando-se que o

material trabalhe abaixo das cargas admissíveis. No entanto, uma necessidade dos

projetos atuais é apresentar os menores custos possíveis, para que o produto possa ser

competitivo e eficiente. As reduções de custos ou de peso requerem que os projetistas

trabalhem com fatores de segurança reduzidos.

A mecânica da fratura tem como principal objetivo determinar se um defeito pré-

existente, tipo trinca, irá ou não levar o componente à fratura catastrófica para tensões

normais de serviço, permitindo, ainda determinar o grau de segurança efetivo de um

componente trincado [58].

Mecânica da fratura é o estudo do comportamento mecânico de materiais com

defeitos submetidos a uma carga aplicada, que lida com o processo irreversível de

ruptura devido à nucleação e crescimento de trincas. Essa formação de trincas depende

fortemente da microestrutura, carga aplicada e meio em que a estrutura é exposta ou

aplicada. Além disso, é importante determinar a taxa com que a trinca se propaga. Uma

vez determinado o tamanho crítico da trinca e, também, a sua taxa de propagação,

podem ser programadas inspeções com técnicas não destrutivas, para verificar se o

tamanho real da trinca não está próximo do tamanho crítico, o que significaria o fim da

integridade estrutural da peça. A mecânica da fratura por meios de projetos mais

confiáveis e programas de inspeções, possibilita uma utilização segura de estruturas

com trincas, sem a necessidade de fatores de segurança elevados e com a confiança de

que não ocorrerá uma falha imprevista.

As características microestruturais desempenham um papel fundamental para

processo de fratura. Defeitos e imperfeições que podem agir como núcleo de formação

de trincas e levar ao processo de falha mesmo dentro do nível elástico de carregamento.

As fraturas podem ser classificadas como dúctil, em que a ruptura é precedida por

grande deformação que ocorre ao longo de um período de tempo relativamente longo

sendo associado ao escoamento ou deformação plástica. Este processo é caracterizado

pela grande quantidade de energia dissipada que está associada a grande deformação

plástica, resultando em crescimento lento de trincas devido ao encruamento na região

da ponta da trinca. Por outro lado, a fratura que ocorre repentinamente precedida por

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pequena ou nenhuma deformação plástica é chamada de fratura frágil. É um processo

de baixa energia dissipada, que pode levar a uma falha catastrófica, sem aviso prévio,

tendo um crescimento de trinca com alta velocidade.

Basicamente, a mecânica da fratura tem três fatores que interagem no processo de

fratura. É o estudo que tenta explicar e prever a interação entre as tensões atuantes na

peça ou componentes (estado de carregamento), o tamanho dos defeitos presentes e a

tenacidade à fratura (resistência ao crescimento de trincas) do material [59].

Define-se a tenacidade à fratura de um material como sendo a sua habilidade

inerente de resistir a certo valor de intensidade de tensão na ponta de uma trinca nele

presente sem que ocorra a fratura. O fator de intensidade de tensões na ponta da trinca

pode variar com o nível de carregamento aplicado e com o comprimento da trinca.

Existe um único nível de intensidade que causa fratura, que é o nível crítico de

intensidade de tensões, definida como tenacidade à fratura. Desta forma é feito uma

pequena comparação dizendo que a tensão está para a resistência mecânica assim como

o fator de intensidade de tensões está para a tenacidade à fratura [60].

Existem métodos padronizados para a determinação da tenacidade à fratura sob

condições de deformação plana, característica do estado triaxial de tensão, (KIC), que

são válidos quando o tamanho da zona plástica à frente da ponta de trinca é pequeno, e

é utilizada, neste caso, MFEL. A teoria da MFEL limita-se ao estudo do

comportamento de fratura de materiais essencialmente frágeis, deixando de ser válida

quando uma deformação plástica significativa precede uma falha. Já para materiais com

características dúcteis, em que a plasticidade contribui intrinsecamente para o aumento

de tenacidade pelo consumo de energia, os conceitos mais modernos são os da

Mecânica da Fratura Elasto-Plástica (MFEP) e os métodos mais utilizados para lidar

com essa relação linear são os CTOD e a integral J.[61]Por este trabalho estar

analisando um aço inoxidável supermartensítico, o qual possui elevada resistência

mecânica, porém com certa ductilidade, será dada maior importância para a MFEP.

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37

3.10.1 Mecânica da Fratura Elasto-Plástica

Os materiais dúcteis apresentam considerável plasticidade na ponta da trinca, ou

seja, têm comportamento não linear e que apresentam grande dissipação de energia

durante o processo de falha. Por este fato usa-se a Mecânica da Fratura Elasto-Plástica

(MFEP), pois o modelo MFLE era muito limitado para tais materiais.

Para uma determinada microestrutura, tamanho, níveis de carregamento e

geometria não devem interferir na tenacidade à fratura. A fim de se medir de forma

confiável a tenacidade à fratura, foi criado um parâmetro que descreve as condições da

ponta da trinca de materiais elasto-plásticos denominado CTOD (Crack Tip Opening

Displacement), o qual foi utilizado como um critério de fratura para este trabalho

[58,62].

3.10.2 CTOD (Crack Tip Opening Displacement)

Juntamente com os conceitos de K e J, outro importante parâmetro da mecânica da

fratura é o “crack-tip opening displacement” (CTOD), proposto primeiramente por

Wells. Wells se referiu a essa quantidade como “crack opening displacement” (COD),

mas recentemente o nome foi mudado para CTOD para distinguir a quantidade da

“crack mouth opening displacement” (CMOD), uma medida física do deslocamento da

trinca aberta através da abertura da trinca na superfície do corpo de prova. Wells

desenvolveu o CTOD com o objetivo de medir a intensidade do fator de tensão elástica

para as condições do limite elasto-plástico. Utilizando a estimativa de Irwin referente

ao tamanho da zona plástica e a solução do deslocamento elástico para o centro trincado

em uma placa infinita, o CTOD (δ) foi aproximado para:

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38

Figura 13: Figura ilustrativa do tratamento de Wells para estender o tamanho efetivo da

trinca considerando o raio do volume deformado plasticamente [63].

δ =4K2

I /πEσys (23)

Wells [63] reconheceu que o fator 4/π é inconsistente com o balanço de energia (o

qual iria requerer um fator unitário), e subsequentemente omitindo esse fator. O critério

CTOD assume que a fratura ocorre quando um δc crítico medido na configuração da

amostra é encontrado ou excedido: isto é δ ≥ δc na aplicação estrutural. A partir da

equação acima, esse critério de deslocamento é equivalente ao critério K para a fratura

linear elástica.

Por meio do modelo do campo de faixas de tensões planas proposto pelo Dugdale

para materiais perfeitamente elásticos, Goodier e Field e Burdekin e Stone [64,65,66]

obtiveram uma expressão mais precisa do CTOD para o centro trincado em uma placa

infinita tensionada:

8σysa/πE ln sec (πσ/2σys) (24)

Para aplicações de tensões muito menores que a tensão limite, i.e., 𝜎 << 𝜎ys, a

equação 24 é reduzida para:

δ = K2

I/Eσys (25)

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39

O desenvolvimento do CTOD e a relação com a equação 24 antecede o

desenvolvimento da integral-J por muitos anos, e assim obtendo ampla aplicação na

análise mecânica da fratura elasto-plástica durante os anos 1960. Aplicando a integral-J

para o modelo de Duglade, Rice and Rosengren [66,67] foi obtido a seguinte relação

geral entre J e CTOD:

J = mσysδ (26)

Onde 1 ≤ m≤ 2, sendo m=1 para condições de tensões planas [63].

A medição de CTOD em laboratório é usualmente feita sobre um corpo de prova

tipo SEM (B) pré-trincado por fadiga e posto em um sistema de flexão em três pontos

sujeito a carga crescente monotônica, onde o carregamento em função da abertura da

boca da trinca (CMOD) é levantado. O CMOD é medido em geral com o auxilio de um

clip-gauge e assumindo um modelo de rotação em um ponto fixo do corpo de prova,

que permite a utilização de semelhança de triângulos para chegar ao CTOD de acordo

com a norma BS 7448 parte 1 e 2 (Figura 14).

Figura 14: Esquemático do sistema de rotação em ponto fixo que permite o cálculo de

CTOD [69].

Por levar em consideração não somente a parte plástica, mas também a parte

elástica é necessário separar esses dois componentes, pois a parte de importância é a

parte plástica que é referente à tenacidade do material. Essas duas componentes podem

ser formuladas de acordo com as equações 27 e 28, onde rp é o fator rotacional plástico,

que varia entre 0 e 1 e definido como 0,4 para corpos de prova SEM(B) na norma

BS7448 [69].

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40

δel = K2(1-v

2)/2σysE (27)

δpl = rp(W-a)vp/rp(W-a)+(a+z) (28)

O Vp é determinado traçando uma reta paralela à reta ao comportamento elástico

inicial, para o CTOD crítico de carga máxima, pega-se o ponto de carregamento

máximo (Figura 15).

Figura 15: Aspecto típico da curva de ensaio de CTOD; distinção da parte plástica do

deslocamento [69].

Teoricamente, o valor de CTOD desejado seria aquele referente à carga x

deslocamento imediatamente anterior ao crescimento da trinca (evolução da fratura),

contudo durante o ensaio é possível ocorrer um lento crescimento estável da trinca

antes do momento instável de fratura. Por ser difícil a detecção deste momento inicial

de crescimento estável, toma-se como parâmetro em geral o CTOD crítico como o de

carga máxima. Por se aplicar a toda gama de tenacidade de materiais, estipula-se três

classificações de para este CTOD crítico [58,69].

δc: Referente à materiais de menor tenacidade, com mecanismos de clivagem, onde

a carga máxima é alcançada pouco depois do regime elástico e se tem um crescimento

estável de trinca inferior a 0,2 mm.

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41

δu: Referente à materiais de tenacidade intermediária a alta, onde a carga máxima é

alcançada já distante do regime elástico e se tem um crescimento estável de trinca

superior a 0,2 mm.

δm: Referente à materiais de tenacidade alta, onde a carga máxima é alcançada já

distante do regime elástico e é seguida de um platô de carga alta (por um aumento na

curva R).

A figura 16 distingue os tipos de CTOD:

Figura 16: Curvas de CTOD ilustrando os diferentes tipos de CTOD crítico, adaptado

de [69].

Imediatamente após o término do ensaio de CTOD, o corpo de prova é partido na

região do entalhe para que a superfície de fratura seja estudada, então é medido o

comprimento da trica a, através de uma média de nove pontos.

3.10.3 CTOD de Iniciação

Para se obter o valor do CTOD de iniciação (δi 0,2) que corresponde ao valor

quantitativo de tenacidade à fratura quando ocorre à propagação da trinca de 0,2 mm,

tem-se a seguinte metodologia:

Os valores de CTOD são calculados para vários corpos de prova e colocados em

gráfico contra a extensão física da trinca (>ap) correspondente. A linha de tendência R

deve conter seis pontos distribuídos dentro da faixa de propagação de trinca

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42

especificada para que o aço que está sendo testado. Através desta linha de tendência

consegue-se obter o valor de CTOD de iniciação traçando uma linha vertical >ap = 0,2

mm e a interseção da curva R com a linha vertical > ap = 0,2mm é o valor de δi.

Com o objetivo de atender aos requisitos para traçar a linha de tendência e obter o

valor do CTOD de iniciação, foi considerado realizar-se o primeiro teste de CTOD para

cada condição utilizando toda a abertura válida do “clip-gauge” considerando este

ponto como o máximo. Observa-se o momento em que a trinca de fadiga foi aberta

devido à deformação plástica da amostra e marca-se este ponto como o mínimo da

curva. Com os extremos encontrados, escolhem-se pontos aleatórios dentro do intervalo

para construir a linha de tendência por regressão.

O próprio programa KIC_CTOD retira do gráfico o valor de VP e utiliza na

fórmula de CTOD. Após ter-se atingido o valor desejado, interrompe-se o ensaio e,

posteriormente, fratura-se o corpo de prova para exame de suas superfícies de fratura

[70].

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43

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Material Utilizado

O material estudado é um aço inoxidável supermartensítico, de onde foram retiadas

amostras de tubo sem solda longitudinal, fornecidos pelo fabricante JFE Steel. A

composição química do aço utilizado é mostrada na tabela 1.

Tabela 1: Análise Química

Material %wt

12Cr C Mn Si Mo Cr Ni Fe

0,008 0,47 0,18 2,44 12,08 6,47 Bal

4.2 Tratamento Térmico

Os corpos-de prova foram dividos em três grupos. O grupo 1 não sofreu tratamento

térmico de alívio de tensões (STT). Os outros dois grupos sofreram revenimento à

mesma temperatura (620ºC), modificando-se apenas o tempo ao forno. O grupo 2

permaneceu por 20 minutos no forno (620-20MIN), enquanto o grupo 3 ficou lá por 40

minutos (620-40MIN), nos permitindo alcançar diferentes condições microestruturais.

Figura 17: Forno utilizado para o tratamento térmico dos corpos-de-prova.

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44

4.3 Caracterização Microestrutural

Os corpos-de-prova foram submetidos a um tratamento superficial de lixamento e

foram polidos eletroliticamente, utilizando aplicação de potencial de 3 Volts por

períodos de tempo que variaram entre 90 e 120 segundos. Após a realização do

polimento os corpos-de-prova foram atacados quimicamente, por imersão em duas

soluções diferentes; Villela (1g ácido pícrico (C6H3N3O7), 5ml (HCl) e 100 ml etanol

(CH3CH2OH), durante um tempo de ataque de 15 a 30 segundos, afim de revelar

martensita e a presença de partículas de segunda fase; e Behara modificado (60ml de

H20, 40ml de HCl e 1g de K2S2O5), durante um tempo de 30 a 40 segundos, buscando

revelar carbonitretos e fase ferrita δ (fases escuras escura, de menor ductilidade)

e austenita γ (clara de maior ductilidade).

A análise dos corpos-de-prova foi realizada microscopio Zeiss acoplado com

sistema de aquisição de imagens, por meio do software AxioVision Rel. 4.7. Análise

complementar foi realizada em microscopia eletrônica de varredura em equipamento

ZEISS-EVO-MA25 com sistema integrado de difração de elétrons retroespalhados

(EBSD) para identificação e quantificação dos carbonetos.

O objetivo da caracterização microestrutural é identificar a efetividade do

tratamento térmico de alívio de tensões, do ponto de vista de revenimento, que neste

caso está intrinsecamente relacionado a precipitação e dispersão de carbonetos e alívio

de tensões.

Para a análise do micromecanismo de fratura foi utilizado um microscópio

eletrônico de varredura (MEV), com elétrons secundários afim de se verificar o

crescimento estável da trinca e os efeitos do hidrogênio na amostra.

4.4 Ensaio de Tração

Para determinarmos as propriedades mecânicas do material, que serão utilizadas

nos cálculos de CTOD, foram realizados 03 testes de tração por condição de amostra.

Um exemplo das curvas obtidas encontra-se dispostas na figura 18 abaixo.

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45

Figura 18: Exemplo das curvas tensão x deformação para os diferentes tratamentos

térmicos realizados nas amostras.

4.5 CTOD

O ensaio de tenacidade à fratura CTOD (Crack Tip Opening Displacement), seguiu

as normas BS 7448-1 e 7448-2 e os corpos-de-prova utilizados são de dimensões Bx2B

(15 x 30mm). A figura 19 abaixo exemplifica um destes corpos de prova.

Figura 19: Desenho esquemático do corpo-de-prova, apresentando as principais

dimensões.

Os ensaios foram realizados utilizando uma máquina servo hidráulica da marca

Instron modelo 8801, mostrada na figura 20, com uma célula de carga de capacidade

máxima de 100 kN.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0.000 0.005 0.010 0.015 0.020 0.025 0.030

Tensã

o (

MPa)

Deformação Específica (%)

CP1 - STT

CP2 - 620@20min

CP3 - 620@40min

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46

Figura 20: Ensaio de tenacidade à fratura na servo hidráulica da marca Instron modelo

8801.

4.5.1 Pré-Trincamento por Fadiga

Seguindo procedimento descrito na norma BS7448 utilizada no ensaio, foi

realizado um pré-trincamento por fadiga, afim de inserir uma trinca na ponta do

entalhe. A trinca, também segundo a norma, deve ser de 2,5% da altura W da amostra,

diminuindo assim a influência do campo de deformação plástica produzida durante o

processo de usinagem. A trinca é acompanhada visualmente e para facilitar sua

verificação foram feitos dois riscos de 1,3mm e o segundo de 2mm a partir da ponta do

entalhe. Com isso é possível garantir que a pré trinca de fadiga terá o comprimento

adequado (1.3 mm ou 2,5%W, o que for maior).

A força máxima durante o ensaio é calculada pela equação 29, e o valor da força

mínima é dado pela equação 30.

Fmáx = B(W - a)2 (σLE + σR)/ 4S (29)

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Fmín = Fmáx/0,1 (30)

Onde B é a espessura do corpo-de-prova, W a altura, a o comprimento nominal da

trinca, σLE a tensão de limite de escoamento, σR é o limite de resistência do material e S

a distância entre os roletes.

4.5.2 Teste de Fratura

O teste de fratura foi realizado na mesma máquina, uma servo-hidráulica Instron

8801, com velocidade de carregamento constante de 0,01mm/min. O sensor utilizado

para monitoramento do deslocamento da ponta do entalhe e o sinal inerente da célula de

carga permite que se obtenha um gráfico de extensão de flexão por carga de flexão, à

medida que a carga vai sendo aplicada. O controle dos testes foi feito utilizando o sinal

de abertura do sensor e foram estabelecidos 05 valores para parada do teste: 0.4, 0.6,

0.8 e 2.0 mm para os testes hidrogenados e 4 mm para o teste ao ar. Estes valores foram

utilizados com base em trabalho previamente desenvolvido no LNDC, onde foi

verificado que para testes ao ar deve ser utilizado a abertura máxima do sensor, pois

mesmo assim não seria obtido o valor de CTOD carga máxima (δm), dada a boa

plasticidade na ponta da trinca. Entretanto, para testes hidrogenado, foi verificado que

há perda considerável de plasticidade na ponta da trinca e por isso foram estabelecidos

valores decrescente para fosse possível obter o valor de δm e em seguida valores de

CTOD proximos ao de iniciação (δi). Outro objetivo adicional era, utilizando este

procedimento, obter o valor do δi, mas, durante a execução do plano de trabalho o

equipamento INSTRON apresentou inúmeros problemas e não foi possível chegar a

este valor. Após o resfriamento ao ar do corpo-de-prova ele foi lixado e polido

eletroliticamente para a observação da zona plástica na ponta da trinca. Em seguida, as

amostras foram submetidas a um tratamento térmico de tingimento térmico, “heat

tinting”, que consiste de um aquecimento na temperatura de 300ºC por 1 hora e

resfriado ao ar, este procedimento segue a norma ASTM E1820-08, e visa oxidar a

superfície do corpo-de-prova e facilitar a medição visual do crescimento de trinca da

fadiga e do crescimento estável da trinca que ocorreram durante o teste. Após a fratura

a peça é levada a um projetor de perfil, para que a pré-trinca seja medida e o

crescimento estável (se ocorreu) possa ser medido.

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48

4.5.3 Cálculo do Valor de CTOD

Para o cálculo do valor de CTOD é preciso medir os valores iniciais e finais da

trinca de fadiga, onde será obtido o valor de a0 (mm). Essa medição é realizada em

projetor de perfil e estereoscópio. As medições e os cálculos seguem a norma BS7448-

1, conforme equação 31.

a0 = ((a1 + a9)/2 + ∑ 𝑎𝑖8𝑖=2 )/8 (31)

A partir do gráfico gerado (Força [N] X CMOD [mm]), obtem-se o valor de Vp e

da carga máxima Fmáx. Com o valor de a0 obtido pela análise pós-ensaio calcula-se o

valor do CTOD a partir das seguintes equações 32 e 33:

𝛿 = [𝐹𝑆

𝐵𝑊1,5𝑓 (

𝑎0

𝑊)]

2 (1 − 𝜐2)

2𝜎𝐿𝐸𝐸+

0,4(𝑊 − 𝑎0)𝑉𝑝

0,4𝑊 + 0,6𝑎0 + 𝑧 (32)

𝑓 (𝑎0

𝑊) =

3 (𝑎0

𝑊)0,5

[1,99 − (𝑎0

𝑊) (1 −𝑎0

𝑊) (2,15 − 3,93 (𝑎0

𝑊) + 2,7 (𝑎0

𝑊)2

)]

2 (1 + 2𝑎0

𝑊) (1 −𝑎0

𝑊)1,5 (33)

4.6 Hidrogenação por Proteção Catódica

A hidrogenação por proteção catódica em solução aquosa 3,5% de NaCl foi a

opção escolhida pelo fato de representar muitas aplicações de tubulações expostas a

meios moderadamente corrosivos protegidos por corrente impressa ou anodo de

sacrifício, como dutos enterrados em solos ácidos ou submarinos.

Para o procedimento foram utilizados célula com 3 eletrodos (duas placas de

grafite como contra eletrodo, o corpo-de-prova como eletrodo de trabalho e o eletrodo

de calomelano saturado como eletrodo de referência). Foi utilizada uma fonte para

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49

aplicação de sobretensão catódica de -1100mVSCE. Os corpos-de-prova permaneceram

submersos na solução de NaCl por 24 horas em todos os ensaios hidrogenados antes de

inciar o carregamento inerentes aos testes de CTOD.

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50

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Caracterização Microestrutural

Nas figuras 21a, 21b, 21c, 22a, 22b e 22c apresentamos imagens obtidas em

microscopia óptica com dois diferentes ataques químicos por imersão: reagente de

Villela e Behara.

(a)

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51

(b)

(c)

Figura 21: Imagens obtidas após ataque com reagente de Villela. (a) STT, (b) 620-

20MIN e (c) 620-40MIN.

(a)

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(b)

(c)

Figura 22: Imagens obtidas após ataque com reagente de Behara. (a) STT, (b) 620-

20MIN e (c) 620-40MIN.

Nas imagens obtidas com o reagente de Villela é possível observar que para a

amostra STT há presença de microestruturas com morfologias típicas de martensita

(matriz, fase clara da figura 21a) e de segunda fases (possivelmente carbonitretos e

ferrita delta, fases escuras). A baixa capacidade em discernir as fases está associada a

composição química (baixo percentual em peso de carbono e presença de elevado

percentual em peso de elementos formadores de carbonetos e ferritizantes), que

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53

promovem a formação de fases de geometria e espaçamento manométrico. É possível

observar ainda que nas amostras 21b e 21c a fase martensita revenida (fase clara) ganha

maior destaque e é possível observar ainda a presença de fases secundárias (fases

escuras). Observando a figura 22 (ataque com reagente Behara) é somente possível

observar a evolução da precipitação de fases secundárias (fases escuras) e que estas tem

o percentual em peso aumentado desde a amostra STT, passando pela amostra 620-

20MIN até a amostra 620-40MIN. No que tange a presença de austenita, tendo em vista

o baixo percentual em peso de carbono, a velocidade de ataque desta se confunde com a

velocidade de ataque da martensita, impedindo a diferenciação destas e a identificação

de austenita retida.

Com intuito de analisar de forma quantitativa a evolução do percentual em peso de

carbonitretos (sítios de alta energia de aprisionamento, irreversíveis) realizamos

análises por energia dispersiva de raios X (EBSD). Os resultados são apresentados na

figura 23.

(a)

0

5

10

15

20

25

STT 620-20MIN 620-40MIN

%

Amostra

MoC

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54

(b)

Figura 23: Análise por EBSD para quantificação de carbonetos nas amostras. (a) MoC e

(b) Cr23C6.

É possível observar que para a temperatura e tempo de tratamento térmico

recomendado pelo fabricante, há pequena diminuição no percentual em peso dos

carbonetos de cromo (Cr) com aumento para os carbonetos de molibdênio (Mo) da

amostra STT para as amostras 620-20MIN e 620-40MIN. Além disso, em função do

tempo de tratamento térmico há melhor dispersão dos carbonetos tanto de Cr quanto de

Mo da amostra 620-20MIN para a amostra 620-40MIN.

5.2 Taxa de Carregamento

Abaixo seguem os resultados obtidos mostrando a determinação da estabilidade do

equipamento no que tange a taxa de carregamento utilizada nos testes de CTOD após

pré-carregamento com hidrogênio por 24 horas com aplicação de sobretensão catódica

de -1100 mVSCE.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

STT 620-20MIN 620-40MIN

%

Amostra

Cr23C6

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55

0 500 1000 1500 2000 2500

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0.0344 N.mm3/2

/s

K [

N.m

m3/2]

Tempo [s]

0.0296 N.mm3/2

/s

Figura 24: Taxa de carregamento utilizado.

É possível notar que o equipamento tem reprodutibilidade suficiente para aplicação

da taxa de carregamento. A seleção da taxa de carregamento foi realizada com base em

experiência prévia adquirida em outros testes de CTOD com este material no LNDC,

onde foi verificado existir um valor máximo de taxa de carregamento, onde é possível

observar o efeito deletério do hidrogênio na redução da tenacidade à fratura. Além

disso, o uso da maior taxa de carregamento foi motivado pelo fato de termos tido

problemas com o equipamento durante execução do plano de trabalho e termos certeza

de que esta taxa de carregamento será suficientemente adequada para obtermos a

influência do hidrogênio na redução de tenacidade à fratura, utilizando valores de

CTOD próximo dos valores de iniciação, que seriam representativos do efeito do

hidrogênio na zona de processo do CTOD. Contudo, serão realizados, à posteriori,

testes com taxas menores (duas ordens de grandeza) para validação da metodologia

adotada.

Ouro fato importante é que estamos convictos de que para esta situação o tempo de

pré-hidrogenação é suficiente para saturar a ponta da pré trinca de fadiga de hidrogênio

(aprisionado nos sítios reversíveis e irreversíveis) e, consequentemente, sermos capazes

de detectar o efeito deletério do mesmo no estágio inicial de degradação.

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56

5.3 Testes de CTOD

Abaixo nas figuras 25a, 25b e 25c e na tabela 2 seguem os resultados dos testes de

CTOD ao ar e hidrogenados para as diferentes amostras.

(a)

0 1 2 3 4

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

0.4 mm

0.6 mm

0.8 mm

Teste Hidrogenado

F [

N]

CMOD [mm]

Teste ao Ar

(b)

0 1 2 3 4 5

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

0.4 mm

0.6 mm

0.8 mm

Teste Hidrogenado

F [

N]

CMOD [mm]

Teste ao Ar

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57

0 1 2 3 4 5

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

0.8 mm

0.6 mm

0.4 mm

Teste Hidrogenado

F [

N]

CMOD [mm]

Teste ao Ar

(c)

Figura 25: Curvas de CMOD (mm) x F(N), mostrando que nenhuma amostra ao ar

atingiu o valor de CTOD máximo.

Tabela 2: Resultados dos testes de tenacidade à fratura

É possível observar que em nenhuma das amostras testadas ao ar (curvas pretas nos

gráficos 30a, 30b e 30c) foi obtido o valor máximo de CTOD (δm), sendo os valores de

CTOD obtidos considerados valores mínimos em função da abertura máxima do sensor

(4 mm). Já nas amostras submetidas aos testes de CTOD com pré-hidrogenação de 24

horas e abertura do sensor fixada em 2 mm atingiram o valor de δm e o efeito deletério

do hidrogênio pode ser observado em todas as amostras, mas de forma mais

pronunciada na amostra STT (δm = 0.157 mm) seguido pelas amostras 620-40MIN (δm

= 0.379 mm) e 620-20MIN (δm = 0.384 mm). Um aumento de plasticidade na ponta da

trinca, em um ponto, possivelmente, proximo ao valor de δ de iniciação foi observado

na amostra submetida ao tratamento térmico 620-40MIN. Este efeito fica comprovado

Abertura do

Clip gauge

[mm]

Amostra

(STT)δ [mm] J [kJ/m

2]

Amostra

(620-20MIN)δ [mm] J [kJ/m

2]

Amostra

(620-40MIN)δ [mm] J [kJ/m

2]

4 Ar 0.871 ± 0.08 929.97 ± 0.18 Ar 0.753 ± 0.14 803.98 ± 0.07 Ar 0.663 ± 0.09 879.78 ± 0.03

2 24H-CP01 0.157 ± 0.11 167.63 ± 0.11 24H-CP01 0.384 ± 0.11 410.00 ± 0.22 24H-CP01 0.379 ± 0.07 415.33 ± 0.04

0,4 24H-CP02 0.124 ± 0.03 132.39 ± 0.07 24H-CP02 0.119 ± 0.03 127.06 ± 0.18 24H-CP02 0.130 ± 0.02 138.80 ± 0.11

0,6 24H-CP03 0.228 ± 0.09 243.44 ± 0.10 24H-CP03 0.135 ± 0.05 144.14 ± 0.07 24H-CP03 0.186 ± 0.12 198.59 ± 0.06

0,8 24H-CP04 0.138 ± 0.10 147.34 ± 0.08 24H-CP04 0.175 ± 0.14 186.85 ± 0.09 24H-CP04 0.154 ± 0.09 164.43 ± 0.05

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58

quando comparamos os testes realizados com abertura do sensor fixada em 0.4 mm.

Para este valor de abertura o valor de δ = 0.130 mm foi o maior dentre os obtidos,

enquanto que para as amostras STT-24H-CP02 e 620-20MIN-24H-CP02 se manteve

praticamente inalterado. A partir deste valor de abertura do sensor (aberturas de 0.6 mm

e 0.8 mm) os valores se mantiveram praticamente os mesmos para todas as amostras.

Este fato é relevante, pois isso mostra que o tratamento térmico tem um efeito benéfico

no que tange ao aumento de ductilidade da região de processo.

Abaixo na figura 26 apresentamos uma síntese dos resultados obtidos por condição

de amostra.

Figura 26: Síntese dos resultados obtidos. (1 - testes ao ar; 2 – abertura do sensor fixada

em 2 mm; 3 – abertura do sensor fixada em 0.4 mm; 4 – abertura do sensor fixada em

0.6 mm; e 5 – abertura do sensor fixada em 0.8 mm).

Nas figuras a seguir apresentaremos as análises realizadas por estereoscopia das

superfícies de fratura após testes de tenacidade.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 1 2 3 4 5 6

CT

OD

[m

m]

Amostra

STT

620-20MIN

620-40MIN

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(a)

(b)

(c)

Região de crescimento estável

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60

(d)

Região de crescimento estável

(e)

Região de crescimento estável

Figura 27: Estereoscopia das amostras STT. (a) STT-Ar, (b) STT-24H-CP02, (c) STT-

24H-CP03, (d) STT-24H-CP04 e (e) STT-24H-CP01.

(a)

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61

(b)

(c)

Região de crescimento estável

(d)

Região de crescimento estável

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62

(e)

Região de crescimento estável

Figura 28: Estereoscopia das amostras 620-20MIN. (a) 620-20MIN-24H-Ar, (b) 620-

20MIN-24H-CP02, (c) 620-20MIN-24H-CP03, (d) 620-20MIN-24H-CP04 e (e) 620-

20MIN-24H -CP01.

(a)

(b)

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63

(c)

(d)

Região de crescimento estável

(e)

Região de crescimento estável

Figura 29: Estereoscopia das amostras 620-40MIN. (a) 620-40MIN-24H-Ar, (b) 620-

40MIN-24H-CP02, (c) 620-40MIN-24H-CP03, (d) 620-40MIN-24H-CP04 e (e) 620-

40MIN-24H -CP01.

A partir das estereoscopia é possível observar que na amostra STT o crescimento

estável ocorre a partir da abertura do sensor fixada em 0.6 mm (figura 29c), enquanto

que nas amostras 620-20MIN e 620-40MIN o mesmo ocorre para aberturas de 0.6 mm

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e 0.8 mm, respectivamente. Do ponto de vista experimental tal afirmação é importante,

pois os testes realizados permitem não somente avaliar o efeito deletério do hidrogênio

nas amostras testadas, mas também a partir de qual valor de abertura do sensor o efeito

é mais significante. Em outras palavras, é possível identificar a partir de qual valor de

tenacidade à fratura (δ ou J integral) a energia introduzida durante o carregamento é

utilizada parcialmente para criação de nova superfície (propagação estável de trinca).

Com isso, é possível utilizar os conceitos da mecânica da fratura elasto plástica para

materiais de alta resistência susceptíveis a degradação pelo hidrogênio com segurança e

trabalhando com valores de iniciação e não de δm, conceito amplamente utilizado na

literatura para avaliar a susceptibilidade ao dano pelo hidrogênio utilizando testes de

abertura crítica da ponta da trinca. Além disso, uma análise do ponto de vista de

iniciação permite avaliar a região de processo do CTOD, ou seja, onde o acúmulo de

hidrogênio é mais significativo devido à zona plástica gerada. Um exemplo de como

isto é possível é apresentado na figura 30.

Figura 30: microscopia óptica obtida da amostra 620-40MIN após teste com abertura

fixada em 2 mm.

Nesta figura é possível observar que após surgimento de uma zona plástica

considerável durante teste de δm e diante do acúmulo de hidrogênio há crescimento

estável de trinca. Logo, é mais um resultado que reforça a necessidade de se trabalhar

Plasticidade

restrita ao redor

da trinca

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com valores de δ antes do surgimento do crescimento estável de trinca ou com valores

cujo incremento seja possível correlacionar com um valor de CTOD e forma mais

segura do ponto de vista de integridade estrutural (δi), pois assim, conhecendo

tamanhos de defeito em estruturas seria possível estimar paradas programadas sem que

houvesse aumento de defeito devido à interação com o hidrogênio. Abaixo,

apresentamos na tabela 3 com as medições dos crescimentos estáveis obtidos em função

da abertura do sensor, para o tempo de hidrogenação e taxa de carregamento utilizado.

Tabela 3: Valores de crescimento estável obtido em função dos testes realizados

Amostra Abertura do Clip Gauge

[mm] Δa [mm]

STT-24H-CP03 0,6 0,83

STT-24H-CP04 0,8 1,02

STT-24H-CP01 2 4,41

620-20MIN-24H-CP03 0,6 2,73

620-20MIN-24H-CP04 0,8 3,22

620-20MIN-24H-CP01 2 4,77

620-40MIN-24H-CP04 0,8 0,73

620-40MIN-24H-CP01 2 2,13

Observando a tabela é possível notar que o aumento de ductilidade outrora

ressaltado da amostra 620-40MIN é agora melhor observado quando obtemos os

resultados do crescimento estável. Isto porque, esta amostra foi a que apresentou maior

resistência ao crescimento estável dentre as analisadas, o que indica menor

susceptibilidade a fragilização na região de processo em função do acúmulo de

hidrogênio. Analisando do ponto de vista de mecanismo de fragilização, podemos

ressaltar dois inerentes ao trincamento sobtensão induzido pelo hidrogênio: decoesão

interfacial aumentada pelo hidrogênio (HEDE – hydrogen enhanced decoesion) e

plasticidade local aumentada pelo hidrogênio (HELP – hydrogen enhanced local

plasticity).

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66

No caso do HELP a literatura (35,71,72) relata que a presença do hidrogênio em

solução solida aumenta a mobilidade das discordâncias e cria regiões localizadas de alta

deformação localizada. O aumento dessa mobilidade é atribuída a diminuição da

interação entre as discordâncias e outros obstáculos (como átomos de carbono e

contornos de grão) na presença do hidrogênio. Assim as discordâncias movem-se para

perto uma das outras e para perto dos obstáculos, produzindo empilhamentos mais

densos e compactos na presença do hidrogênio. O resultado disto é que regiões de alta

deformação (onde o hidrogênio aumenta a mobilidade de discordâncias) estão

circundadas de zonas menos dúcteis onde as discordâncias estão mais compactadas e a

tensão se concentra apenas nessas zonas mais duras que representam uma pequena

porção da seção. Quando a tensão resultante nessas pequenas porções é maior que o

limite de resistência a tração, a falha ocorre. Mesmo se, em nível muito localizado

(microscopico), a plasticidade é aumentada pelo hidrogênio, a nível macroscopico o

material apresenta comportamento frágil.

No caso do HEDE, o mecanismo baseia-se na hipótese de que o hidrogênio

intersticial diminui a força coesiva devido à dilatação da rede cristalina e, assim,

diminuindo a energia para que ocorra a fratura. Isto implica que o hidrogênio diminui a

barreira de energia tanto dos contornos de grão como dos planos de clivagem. A ideia é

que a fratura se inicia na área de máxima tensão hidrostática a uma pequena distância

na ponta da trinca.

Logo, como base nas definições dos mecanismos de fragilização induzidos pela

presença do hidrogênio HELP E HEDE e nos resultados obtidos, existem fortes indícios

de que o que ocorre no aço inoxidável supermartensítico é àquele em que há diminuição

da barreira de energia para que ocorra a falha, além disso, a falha ocorre numa região de

próxima da ponta da trinca (HEDE).

Para finalizar a abordagem acerca da influência do hidrogênio na redução da

tenacidade à fratura, é necessário analisar as regiões de crescimento estável para

identificar o micromecanismo de fratura responsável pelo crescimento estável de trinca.

Na figura 31 apresentamos as análises realizadas.

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(a)

(b)

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(c)

Figura 31: Microscopia eletrônica de varredura das amostras na região de crescimento

estável. (a) STT-24H-CP03, (b) 620-20MIN-24H-CP03 e (c) 620-40MIN-24H-CP04.

Os micromecanismos encontrados nas amostras são de “arranchamento”

morfologia comumente chamada Tearing Topography para a amostra STT-24H-CP03,

quase clivagem para as amostras 620-20MIN-24H-CP03 e 620-40MIN-24H-CP04,

mostrando que o hidrogênio atua diretamente na iniciação e crescimento estável de

trinca.

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6 CONCLUSÕES

1. O hidrogênio apresenta um efeito deletério de redução da tenacidade à fratura

do metal de base do aço inoxidável supermartensítico 13Cr;

2. O tratamento térmico utilizado (recomendado pelo fabricante como sendo

adequado para realizar após soldagem) é efetivo no que tange ao aumento de

ductilidade, sem que haja redução de propriedades mecânicas;

3. Existem fortes evidências de que a metodologia mais adequada para avaliação

da integridade estrutural de materiais que operam em ambientes contendo

hidrogênio é a mecânica de fratura elasto plástica relacionada a determinação do

valor de CTOD ou integral J de iniciação (δi ou Ji);

4. No que tange ao micromecanismo de falha induzida pela presença do

hidrogênio em testes de tenacidade à fratura, o HEDE se mostrou mais

adequado para explicar o que foi constato nos testes realizados.

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70

7 PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS

1. Realização de um número reduzido de testes ainda do metal de base para

determinar com precisão o δi ou Ji;

2. Soldagem do material e aplicação da metodologia para determinação da redução

da tenacidade à fratura das regiões termicamente afetada de grãos grosseiros e

do metal de solda, pois o metal de solda comumente utilizado para soldagem

destes materiais é o aço inoxidável superduplex (AWS 25.10.04L), que pode

sofrer fragilização nesta faixa de temperaturas e ter redução drástica de

plasticidade devido a presença do hidrogênio;

3. Identificação e quantificação de austenita retida e testes de permeação de

hidrogênio nas diferentes amostras.

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