influÊncia da temperatura do molde

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UNIVERSIDADE FEEVALE GUSTAVO ALBERTO LUDWIG INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE SOLIDIFICAÇÃO NA RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE ZAMAC UTILIZADO EM METAL SANITÁRIO Novo Hamburgo 2011

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Page 1: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

UNIVERSIDADE FEEVALE

GUSTAVO ALBERTO LUDWIG

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE SOLIDIFICAÇÃO NA RESISTÊNCIA À

CORROSÃO DE ZAMAC UTILIZADO EM METAL SANITÁRIO

Novo Hamburgo

2011

Page 2: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

GUSTAVO ALBERTO LUDWIG

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE SOLIDIFICAÇÃO NA RESISTÊNCIA À

CORROSÃO DE ZAMAC UTILIZADO EM METAL SANITÁRIO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito parcial à

obtenção do grau de Bacharel em

Engenharia Industrial Mecânica com

habilitação em Gerenciamento Industrial

pela Universidade Feevale.

Orientador: Dra. Claudia Trindade Oliveira

Novo Hamburgo

2011

Page 3: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

GUSTAVO ALBERTO LUDWIG

Trabalho de Conclusão do Curso, Bacharel em Engenharia Industrial Mecânica, com o título

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE SOLIDIFICAÇÃO NA RESISTÊNCIA À

CORROSÃO DE ZAMAC UTILIZADO EM METAL SANITÁRIO, submetido ao corpo

docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau de

Bacharel em Engenharia Industrial Mecânica.

Aprovado por:

______________________________________

Orientadora: Dra. Claudia Trindade Oliveira

______________________________________

Me. Felipe Dalla Vecchia

______________________________________

Me. Sandra Raquel Kunst

_______________________________________

Engenheira Luciane Taís Fuhr

Novo Hamburgo, junho de 2011.

Page 4: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por

esse momento de alegria e realização

profissional e por ter me orientado todos esses

anos, mostrando o caminho certo a seguir.

A minha família, pelo apoio e incentivo

demonstrado durante toda a minha vida.

A minha orientadora professora Dra.

Claudia Trindade Oliveira, pela dedicação,

apoio e oportunidade do desenvolvimento da

pesquisa.

Ao professor Me. Felipe Dalla Vecchia

pela ajuda e incentivo.

E tenho um agradecimento especial a

minha namorada, pelo amor e apoio em todos

os momentos.

Page 5: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

RESUMO

Este trabalho faz parte de um projeto aprovado no EDITAL FAPERGS 003/2010,

PROGRAMA DE INTERAÇÃO UNIVERSIDADE/EMPRESA (IUE), coordenado pela

Professora Claudia Trindade Oliveira, o qual busca melhorar o desempenho frente à corrosão

de peças de zamac em substituição às peças de latão utilizadas industrialmente em metais

sanitários. Este projeto conta com a parceria de uma Empresa X, localizada no Vale do Rio

dos Sinos/RS. Para realização deste trabalho de conclusão de curso, foram utilizadas peças de

zamac injetadas sob pressão na empresa X. Estas foram expostas em ambientes agressivos,

por meio de névoa salina, a fim de verificar a resistência a corrosão. A corrosão ocorreu de

forma generalizada, independentemente da temperatura da matriz de injeção. A partir destes

resultados, foram analisadas três partes distintas da peça denominadas de: Base, parte da peça

onde não houve corrosão aparente; Meio, onde a corrosão foi moderada e Topo, onde a

corrosão foi mais acentuada. A análise da morfologia e da microestrutura das amostras foi

feita por meio de microscopia óptica e microscopia eletrônica por varredura (MEV). Além

disso, foram feitos ensaios complementares de microdureza. As peças em zamac apresentaram

defeitos de bolhas gerados pelo aprisionamento de gases no metal líquido e diferença de

microestrutura e dureza ao longo das mesmas, gerada provavelmente pela variação de

temperatura no processo de injeção, ocasionando uma solidificação heterogênea da liga, a

qual teve influência na resistência à corrosão da peça.

Palavra-chave: Zamac; Metais sanitários; Injeção sob pressão.

Page 6: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

ABSTRACT

This research is a piece of the aproved project EDITAL FAPERGS 003/2010, PROGRAMA

DE INTERAÇÃO UNIVERSIDADE\EMPRESA (IUE), coordinated by Professor Claudia

Trindade Oliveira, in order to improve the performance against corrosion of the zamak pieces

used to replaced brass pieces used industrially as metal fittings. This research is a partnership

with company X, located in Vale do Rio dos Sinos/RS. For this study, pieces of zamak

injected under pressure at the company X were used. These were exposed in aggressive

environments, as salt spray, in order to verify the corrosion resistance. The corrosion occurred

in a generally way, regardless of the injection matrix temperature. From these results, they

were analyzed three distinct parts of the pieces called: Base, part of the piece where didn’t

have apparent corrosion; Middle, where the corrosion was moderated and Top, where the

corrosion was more aggressive. The morphology and microstructure analysis of the parts were

done by optical microscopy and scanning electron microscopy (SEM). Furthermore,

additional tests were done by microhardness. The parts of zamak presented bubbles defects

created by trapping of gas in the liquid metal and differences in the microstructure and

hardness, probably, generated by temperature variation in the injection process, resulting in a

heterogeneous solidification of the alloy, that influence on corrosion resistance of the part.

Keyword: Zamak; Metal fittings; Injection pressure.

Page 7: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama de fase Zn-Al (GANIVET, 1987) ......................................................... 144

Figura 2 - Modelo da peça C40 (Empresa X) ......................................................................... 222

Figura 3 - Equipamento de névoa salina .................................................................................. 25

Figura 4 – Fotografia das peças de zamac 5 injetadas antes dos ensaios de névoa salina ....... 28

Figura 5 – Fotografias das peças de zamac injetadas após ensaio de névoa salina .................. 29

Figura 6- Localização das partes da peça c40 denominada de base, meio e topo. ................... 31

Figura 7 - Macrografia por microscopia óptica das amostras de topo, meio e base após o

ensaio de névoa salina. ............................................................................................................. 32

Figura 8 - Macrografia por microscopia óptica das amostras antes o ensaio de névoa salina,

sendo que o topo e a base estão com um aumento de 50x e o meio de 100x. .......................... 33

Figura 9 - Macrografia da amostra de topo. a) amostra sem ataque (aumento de 100x) e b)

amostra com ataque (aumento de 10000x) ............................................................................... 34

Figura 10 – EDS do topo referente análise química do primário ............................................. 35

Figura 11 – Micrografia da amostra de topo indicando o eutético, com aumento de 40000x . 35

Figura 12 – EDS do topo referente a análise química do eutético ........................................... 36

Figura 13 - Micrografia da amostra de topo indicando defeito de bolha com aumento de 1600x

.................................................................................................................................................. 36

Figura 14 – EDS do topo referente a análise do defeito de bolha ............................................ 37

Figura 15 – Macrografia da amostra de meio, com aumento de 100x em A e 10000x em B .. 37

Figura 16 - Macrografia da amostra da base, com aumento de 100x em A e 10000x em B .... 38

Page 8: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição química do zamac 5 ............................................................................ 21

Tabela 2 - Parâmetros dos lotes das peças C40 coletadas após o processo de injeção com o 1°

tratamento superficial. .............................................................................................................. 23

Tabela 3 - Parâmetros dos lotes das peças C40 coletadas após o processo de injeção com o 2°

tratamento superficial. .............................................................................................................. 23

Tabela 4 - Sequencia de tratamentos químicos utilizados na peça C40 para o 2° tratamento

superficial. ................................................................................................................................ 24

Tabela 5 - Amostras selecionadas das peças C40 conforme a corrosão analisada nos ensaios

de névoa salina.......................................................................................................................... 30

Tabela 6 – EDS da análise de composição química do primário. ............................................ 34

Tabela 7 – EDS da análise da composição química do eutético. ............................................. 35

Tabela 8 – EDS da análise de composição química do defeito de bolha. ....................... ERRO!

INDICADOR NÃO DEFINIDO.

Tabela 9 - Resultados da microdureza. ..................................................................................... 39

Page 9: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

SUMÁRIO

1 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 11

1.1 CARACTERÍSTICAS DO ZAMAC ................................................................................. 11

1.1.1 Ligas de zamac ............................................................................................................... 11

1.1.2 Aplicações (Minas Zinco; RICK, 2006) ....................................................................... 12

1.2 ZAMAC E METAIS SANITÁRIOS .................................................................................. 12

1.3 MICROESTRUTURA DO ZAMAC ................................................................................. 13

1.3.1 Influência dos constituintes das ligas de zinco ............................................................ 15

1.3.1.1 Influência do Alumínio ................................................................................................. 15

1.3.1.2 Influência do Cobre ...................................................................................................... 15

1.3.1.3 Influência do Magnésio ................................................................................................ 16

1.4 SOLIDIFICAÇÃO ............................................................................................................. 16

1.5.1 Cristalização (CHIAVERINI, 1986; METALS HANDBOOK, v.15) ....................... 16

1.4.1 Contração de volume ..................................................................................................... 17

1.4.2 Concentração de impurezas .......................................................................................... 18

1.4.3 Desprendimento de gases .............................................................................................. 18

1.5 CORROSÃO ...................................................................................................................... 19

1.5.1 Corrosão uniforme ou ataque generalizado ................................................................ 20

1.5.2 Corrosão puntiforme ou por pites ................................................................................ 20

2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 21

2.1 LIGA DE ZAMAC ............................................................................................................. 21

2.2 OBTENÇÃO DAS PEÇAS EM ZAMAC 5 POR MEIO DE INJEÇÃO SOB PRESSÃO21

2.3 ENSAIO DE NÉVOA SALINA ........................................................................................ 24

2.4 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS PARA OS ENSAIOS DE MICROSCOPIA ÓPTICA,

MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA E MICRODUREZA ........................... 26

2.5 ANÁLISE POR MICROSCOPIA ÓPTICA ...................................................................... 26

2.6 ANÁLISE POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

(KENSTENBACH, 1989) ........................................................................................................ 27

2.7 ANÁLISE DE MICRODUREZA ...................................................................................... 27

Page 10: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................ 28

3.1 ENSAIO DE NÉVOA SALINA ........................................................................................ 28

3.2 ANÁLISE POR MICROSCOPIA ÓPTICA ...................................................................... 31

3.2.1 Análise das amostras após ensaio em névoa salina ......................................................... 31

3.2.2 Análise das amostras que não foram submetidas ao ensaio de nevoa salina ................... 32

3.3ANÁLISE POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA ............................. 33

3.4 ENSAIOS DE MICRODUREZA ....................................................................................... 38

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 43

ANEXO. ................................................................................................................................... 44

ANEXO A – Comparação das amostras analisadas por MEV. ................................................ 44

Page 11: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE
Page 12: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

10

INTRODUÇÃO

Metais sanitários, como torneiras e conectores, normalmente são feitos a base de

latão por meio de fundição por gravidade em molde de arreia. Neste processo, o uso do latão

possibilita a obtenção de peças mais lisas e com acabamento mais brilhoso, além de ser um

material de fácil processamento e de eletrodeposição.

Com a intenção de diminuir custos e melhorar o processo, a empresa X propôs a

troca de metais sanitários produzidos em latão, por metais sanitários feitos em zamac.

O zamac é composto quimicamente por zinco, alumínio, magnésio e cobre. Entre

todas as ligas de metais não ferrosos, o zamac é a liga mais utilizada industrialmente em

fundição sobre pressão, devido as suas propriedades físicas e mecânicas.

O zamac e o latão apresentam propriedades mecânicas semelhantes, porém o zamac

apresenta um custo aproximadamente 30% inferior ao latão. Associado a isso, o zamac possui

a vantagem de apresentar baixo ponto de fusão, o que proporciona boa fluidez no momento da

injeção. Isto possibilita a injeção de peças com paredes mais finas e consequentemente mais

leves.

Os metais sanitários são submetidos a banhos de eletrodeposição, os quais são

responsáveis pelo aspecto brilhoso e pela resistência à corrosão das peças.

As peças técnicas seguem um rigoroso teste de qualidade, em que as mesmas devem

garantir uma boa resistência à corrosão quando expostas a ambientes agressivos, resistindo

por 144 horas em ensaios de névoa salina. Entretanto, foi observado nos ensaios de névoa

salina que as peças injetadas em zamac com banhos de eletrodeposição obtiveram resistência

à corrosão inferior a do latão.

Isto pode ser devido aos revestimentos obtidos por eletrodeposição ou devido ao

processo de injeção do zamac. A engenheira Suzan Arnold, analisou em seu trabalho de

conclusão de curso a influência dos revestimentos protetores, observando que os mesmos não

eram responsáveis pelo baixo desempenho das peças em zamac frente a corrosão.

Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo analisar as peças em zamac

quanto as suas características microestruturais decorrentes do processo de injeção e

correlacionar com o desempenho dessas peças.

Page 13: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

11

1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 CARACTERÍSTICAS DO ZAMAC

Zamac é uma liga de zinco composto por quatro componentes básicos para sua

formação: Zinco(Zn), Alumínio (Al), Magnésio (Mg) e Cobre(Cu). Tais elementos formam o

nome comercialmente conhecido de zamac.

Dentre todas as ligas de metais não ferrosos o zamac é uma das que possui maior

utilização, devido as suas propriedades físicas, mecânicas e a fácil capacidade de revestimento

por eletrodeposição (banho de cromo, níquel, cobre, ouro). O seu baixo ponto de fusão

(aproximadamente 385°C) permite uma maior durabilidade do molde, concedendo uma maior

produção de peças em série fundidas(CHIAVERINI, 1986).

Outra qualidade apresentada pelo zamac é sua grande fluidez, que permite a obtenção

de peças de formato complexo e com paredes finas. Podem ser usadas, também, para a

fundição por gravidade em moldes permanentes ou em fundição centrifugada. São metais de

fácil usinagem, leves e resistentes.

Um dos problemas que as peças injetadas com zamac podem apresentar são fissuras

nos acabamentos, pois o material mantém certa porosidade, o que faz com que os banhos

químicos não sejam suficientes para garantirem um bom acabamento.

Devido as suas características, o zamac tem sido utilizado principalmente na

indústria de metais sanitários, permitindo a obtenção de peças com melhor acabamento em

relação ao latão.

1.1.1 Ligas de zamac

São as ligas mais antigas e utilizadas industrialmente, e devido ao seu baixo ponto de

fusão, possibilitam uma fácil utilização permitindo a produção de peças complexas e com

paredes mais finas.

As características mecânicas destas ligas são influenciadas pela temperatura,

conforme descrita a seguir.

Page 14: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

12

Para baixas temperaturas:

- há aumento da resistência à tração e da dureza;

- há diminuição do alongamento e da resiliência;

Para altas temperaturas:

- há diminuição da resistência à tração e dureza;

- há aumento do alongamento e resiliência;

Seu baixo ponto de fusão de 385ºC possibilita que o molde ou matriz sejam de aço

baixa liga. A boa fluidez da liga permite a obtenção de formas mais complexas e com paredes

de espessura muito fina (METALS HANDBOOK, v.2).

1.1.2 Aplicações (Minas Zinco; RICK, 2006)

- construção automobilística: carburadores, bombas de gasolina;

- construção mecânica;

- construção elétrica e eletromecânica;

- ferragens para móveis e construção civil;

- equipamento eletrodoméstico;

- fabricação de jóias folhadas;

- equipamento de escritório (máquinas e mobiliário);

- aparelhos óticos, de medição e de laboratório;

- linha de metais sanitários, etc.

1.2 ZAMAC E METAIS SANITÁRIOS

Do total de zinco produzido no Brasil, 50% tem como destino a galvanização, sendo

20% para produção de zamac. Esta liga de zinco é bastante empregada na habitação,

construção civil e peças de motor, sendo que 15% vão para a indústria de óxido de zinco para

aplicação em pneus e no setor farmacêutico, e o restante vai para o latão e outras ligas do

metal (AÇOS GRANJO, 2011).

Page 15: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

13

Conforme o diretor executivo da Siamfesp (Sindicato da Indústria de Metais Não

Ferrosos do Estado de São Paulo) Oduwaldo Álvaro, no ano de 2010, o consumo aparente de

zinco no País aumentou 31% em metal sanitário, e a prospecção é de que aumente ainda mais,

com relação direta com o crescimento do metal e o projeto do governo Federal PAC 1 e 2

(Programa de Aceleração do Desenvolvimento), e “Minha casa, Minha vida”, que são

destinados a população de baixa renda (AÇOS GRANJO, 2011).

Os metais sanitários, como torneiras ou conectores são geralmente feitos a base de

latão, que é um material de fácil processamento e eletrodeposição, permitindo a obtenção de

peças com superfícies lisas e brilhosas para uso, além de ser autopassivante. O zamac possui

propriedades químicas e mecânicas que o tornam uma liga de grande fluidez, permitindo a

obtenção de peças com paredes mais finas, tornando a peça mais leve (METALS

HANDBOOK, v. 2). Além disso, o zamac 5 possui um custo 30% menor em comparação ao

latão, e por este motivo, recentemente, a empresa X substituiu os metais sanitários de latão

por peças de zamac injetadas sobre pressão.

Os metais sanitários produzidos em zamac passam por um tratamento superficial,

com banhos de ligas metálicas. Nesse processo, todas as etapas recebem um rigoroso controle

das variáveis, como: tempo, temperatura, composição e concentração do banho, densidades de

correntes e potenciais aplicados.

Uma das principais peças de metais sanitários é conhecida internamente na empresa

X como C40 e é denominada como volante de torneira.

E uma das principais características que os metais sanitário devem apresentar, é de

resistir a 144 horas de ensaios de névoa salina, que esta referida na norma NBR 10283 - 2008,

revestimentos eletrolíticos de metais e plásticos sanitários – requisitos e métodos de ensaio,

onde a norma NBR 8094, corrosão por exposição à névoa salina - método de ensaio,

complementa e padroniza o processo de névoa salina.

Com a mudança de material na empresa X, do latão para o zamac, ocorreram alguns

problemas, sendo o principal deles a não conformidade da norma NBR 10283 – 2008, que

exige que o metal sanitário resista a 144 horas de ensaio de névoa salina.

1.3 MICROESTRUTURA DO ZAMAC

Page 16: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

14

O zinco possui um ponto de fusão baixo, 385ºC, cristaliza no sistema hexagonal

compacto, conforme Figura 1(GANIVET, 1987).

Figura 1 - Diagrama de Fase Zn-Al (GANIVET, 1987)

Sobre o lado do zinco no diagrama, constata-se a presença de um ponto eutético com

5,1% de alumínio, cuja temperatura é de 382ºC, e abaixo desta temperatura uma solução

sólida de alumínio no zinco, que se cristaliza no sistema hexagonal. O teor máximo de

alumínio desta solução sólida abaixo de 382°C é de 1,14% de alumínio no zinco (GANIVET,

1987; METALS HANBOOK, v. 9).

Para temperaturas superiores ou inferiores a esta de teor máximo, a solubilidade do

alumínio no zinco diminui, chegando até aproximadamente 0,05% na temperatura ambiente.

No início da solidificação, a fase β é formada por cristais de solução sólida rica em

zinco, até a temperatura de 382ºC.

Como se observa na Figura 1, a segunda fase α’ só aparece em temperaturas

superiores a 275ºC. Enquanto a liga resfria, a mesma α’ sofre uma reação eutetóide à

temperatura de 275ºC com 22% de alumínio. Nesta fase o zinco é uma solução sólida no

alumínio, em que a composição é variada em função da temperatura, e a fase α’ se divide em

duas fases α e β que são componentes normais de uma liga hipoeutética com 4% de alumínio

no estado de equilíbrio (METALS HANBOOK, v. 9).

Page 17: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

15

A Fase β se caracteriza por:

- cristais de primeira solidificação;

- decomposição do eutético a 5,1% de alumínio;

- decomposição da fase eutetóide a 22% de alumínio;

- precipitado proveniente da variação de composição da fase, durante o resfriamento

em temperaturas inferiores a 275ºC;

A Fase α se caracteriza por:

- decomposição da fase α’ contida no eutetóide;

- precipitação da fase α a partir da fase β sobre-saturada em alumínio;

1.3.1 Influência dos constituintes das ligas de zinco

1.3.1.1 Influência do Alumínio

De todos os metais que pode ser adicionado ao zinco como elemento de liga,

somente o alumínio aumenta a resistência mecânica e a aptidão à moldação, ao mesmo que

reduz a tendência do zinco a dissolver o ferro (GANIVET, 1987).

A liga com 25% de alumínio permite que a mesma já possa ser injetada sob pressão

em máquinas de câmara quente, e quanto maior a porcentagem do alumínio na liga, maior a

carga de ruptura da liga. Se a liga estiver com 3 a 4,5 % de alumínio, pode-se obter ligas

binárias zinco-alumínio hipoeutéticas (GANIVET, 1987).

1.3.1.2 Influência do Cobre

A solubilidade do cobre no zinco, na temperatura de fusão de 419ºC, não chega a 3%

e ela cai a menos de 0,3% na temperatura ambiente (GANIVET, 1987). O cobre por não

possuir a mesmo efeito do que o alumínio, nunca é adicionado só.

Page 18: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

16

A adição de cobre nas ligas de zinco-alumínio aumenta a resistência à corrosão,

resistência mecânica, a dureza, a carga de ruptura e diminui a contração de solidificação,

deixando a liga com uma solidificação mais pastosa (GANIVET, 1987).

1.3.1.3 Influência do Magnésio

O magnésio está geralmente presente nas ligas de zinco de fundição, na razão de 0,03

a 0,06%, porcentagem relativamente baixa, mas suficiente para provocar efeitos benéficos

esperados (GANIVET, 1987).

Sua adição à liga diminui a formação de corrosão intergranular, endurece a liga, onde

aumenta a carga de ruptura e a dureza e retarda o início de fragilização da liga em baixas

temperaturas. A adição de Magnésio diminui o intervalo de solidificação e aumenta a

distância entre as partículas.

O teor de magnésio, deve ser cuidadosamente mantido dentro dos limites mostrados

na tabela 1, pois quantidades excessivas promovem aumento da dureza e diminuem a fluidez,

o que dificulta a produção de peças complexas

No entanto, o zamac pode apresentar defeitos oriundos da solidificação durante o

processo de injeção, o que pode influenciar no desempenho da liga.

1.4 SOLIDIFICAÇÃO

Durante a solidificação dos metais ocorrem os fenômenos de cristalização, contração

de volume, concentração de impurezas e desprendimento de gases (METALS HANDBOOK,

v. 15).

1.5.1 Cristalização (CHIAVERINI, 1986; METALS HANDBOOK, v.15)

Page 19: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

17

Consiste no aparecimento das primeiras células cristalinas unitárias, que servem

como núcleo para o posterior crescimento dos cristais, dando finalmente origem aos grãos

definitivos e à estrutura granular típica dos metais.

Os cristais não crescem de maneira ordenada e uniforme, seu crescimento é de

maneira desordenada, sendo limitado pelas paredes do molde. Dentre os tipos de cristalização

está a dendrita, a qual tem a característica de uma árvore e seus ramos, e seu crescimento é

limitado por elas mesmas, originando os grãos e os contornos de grãos, formando a massa

sólida. Como regra geral a dentrita é favorecida por maiores taxas de resfriamento, maiores

velocidades de solidificação e maiores gradientes de temperatura.

Outra forma de cristalização é a prismática, a qual dá origem aos lingotes, sendo que

neste caso a solidificação começa pelas paredes do molde, sofrendo interferência dos cristais

visinhos e do próprio molde, de modo que os grãos tendem a crescer perpendicular a parede

do molde.

Os defeitos resultam do fato dessas diagonais constituírem planos de maior

fragilidade de modo que, durante a operação de conformação mecânica a que essas peças são

submetidas posteriormente, como laminação, podem surgir fissuras que inutilizem o material.

Uma maneira de evitar esse contratempo é arredondando os cantos vivos do material.

1.4.1 Contração de volume

Os metais, ao solidificarem, sofrem uma contração de volume. Na passagem do

estado líquido ao solido, três contrações são verificadas (CHIAVERINI, 1986; METALS

HANDBOOK, v. 15).

- Contração líquida: corresponde ao abaixamento da temperatura até o início da

solidificação;

- Contração de solidificação: corresponde à variação de volume que ocorre durante a

mudança de estado líquido para o sólido;

- Contração sólida: corresponde à variação de volume que ocorre já no estado sólido,

desde a temperatura de fim de solidificação até a temperatura ambiente (CHIAVERINI,

1986);

O processo inicia na contração líquida, em que a solidificação começa pelas paredes

do molde onde a temperatura é mais baixa, ocorrendo a contração de solidificação, e após

Page 20: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

18

ocorre a contração sólida, onde apresenta um vazio. Esse vazio pode eventualmente ficar na

parte interna das peças, sendo invisíveis externamente.

O que pode ser feito para evitar o defeito de vazio é projetar um massalote de

material refratário, sobre o topo da lingoteira, que é feito de material metálico. É nesse

massalote que o material vai solidificar por último, concentrando nessa região o vazio, que

posteriormente pode ser eliminado.

Ainda em contração de volume pode-se apresentar tensões residuais, que podem ser

controladas por um projeto adequado da peça e pelo tratamento térmico de alívio de tensões.

1.4.2 Concentração de impurezas

Algumas ligas contém impurezas normais, sendo que quando estão no estado líquido,

as impurezas estão totalmente dissolvidas, ou seja, estão homogêneas com toda a liga. Os

tipos de impurezas mais comuns no zamac são: cádmio, o estanho, o chumbo, o ferro e o

níquel. Quando começa a solidificação, essas impurezas sendo, menos solúveis no estado

sólido, vão se acumulando na parte que vai solidificar por último, ocorrendo uma

concentração de impurezas, chamadas de segregação (METALS HANDBOOK, v. 15).

Geralmente as zonas segregadas se localizam no interior das peças, onde as tensões

são mais baixas (CHIAVERINI, 1986).

Existem duas formas de evitar a segregação: exercer um controle mais rigoroso da

composição química das ligas, ou controlar a própria velocidade de resfriamento.

1.4.3 Desprendimento de gases

Este fenômeno ocorre como no caso da segregação, em que os gases estão

misturados com as ligas metálicas em estado líquido. Na medida em que a massa líquida

começa a solidificar, devido à queda de temperatura, os gases começam a ficar aprisionados,

formando bolhas (CHIAVERINI, 1986).

Causas do aprisionamento dos Gases:

- Temperatura excessivamente alta;

Page 21: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

19

- Presença de materiais estranhos no molde (umidade, graxa, etc);

- Obstrução das saídas de gases;

- Direção do fluxo de metal líquido;

- Injeção de ar;

As bolhas devem ser evitadas, pois facilitam o aparecimento da corrosão, para isso,

pode ser adicionando ao metal líquido substâncias chamadas desoxidantes, tais como alguns

tipos de ferro-liga ou alumínio.

1.5 CORROSÃO

"A corrosão é um processo espontâneo, que está constantemente transformando os

materiais metálicos, de modo que a durabilidade e o desempenho dos mesmos deixam de

satisfazer os fins a que se destinam” (GENTIL, 2007, p. 1). "A corrosão é o fenômeno de

deterioração e perda de material devido a modificações químicas e eletrônicas que ocorrem

por reações com o meio ambiente” (CHIAVERINI, 1986, p. 255).

Um dos tipos mais comuns de corrosão é o processo eletroquímico de oxidação

metálica (CHIAVERINI, 1986), sendo que a diferença de potencial resultante possibilita a

formação de área anódicas e catódicas.

Os metais sanitários são utilizados em ambientes com muita umidade e com uma

oferta grande de oxigênio, por isso é exigido que os mesmos possuam revestimentos com alto

nível de resistência a corrosão.

Um agravante em relação ao desempenho frente à corrosão é a influência das

propriedades físicas e mecânicas dos materiais utilizados, sendo que estes podem apresentar

superfícies rugosas e trincas, fatores que influenciam diretamente na qualidade do

revestimento. Para que o material utilizado obtenha uma melhor qualidade, amenizando as

imperfeições, pode-se fazer lixamento e polimento nas peças antes de aplicar o revestimento

protetor.

O revestimento pode ser obtido por diversos processos, sendo o mais utilizado o

processo de eletrodeposição. Neste processo os revestimentos depositados são muito finos,

requerendo que a peça tenha um design favorável, com menos cavidades, com cantos mais

arredondados, potencializando a aplicação do revestimento metálico (CHIAVERINI, 1986).

Page 22: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

20

No entanto, peças heterogêneas, com defeitos, apresentam maior probabilidade à

corrosão, a qual pode iniciar como um pite, dependendo das características do metal e da

peça, chegando à corrosão generalizada.

1.5.1 Corrosão uniforme ou ataque generalizado

É o tipo mais comum de corrosão e o que causa a maior destruição dos metais. É

devida ao ataque químico ou eletroquímico da superfície do metal, cobrindo uma vasta área

que prossegue ininterruptamente e diminui a secção das peças até eventualmente, sua falha

definitiva (CHIAVERINI, 1986).

O ataque, neste caso, se estende de forma homogênea sobre toda a superfície

metálica, e sua penetração média é igual em todos os pontos.

1.5.2 Corrosão puntiforme ou por pites

Esta corrosão se processa em pontos ou em pequenas áreas localizadas na superfície

metálica produzindo pites, que são cavidades que apresentam o fundo em forma angulosa e

profundidade geralmente maior do que a seu diâmetro (GENTIL, 2007).

Esse tipo de corrosão é extremamente perigoso, danificando severamente a peça

atingida. O pite podem ocorrer através do aprisionamento de gases gerados no momento da

injeção do metal, ocasionando um turbilhonamento do metal líquido na matriz (CAMPOS

FILHO, 1978).

Page 23: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

21

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho segue as normas estabelecidas por PRODANOV, 2009, sendo requisito

institucional de formação de trabalho de conclusão de curso.

2.1 LIGA DE ZAMAC

Devido à ampla variedade de utilização do zamac, neste trabalho foi utilizada a liga

zamac 5, conforme a composição química fornecida pela empresa Minas Zinco apresentada

na Tabela 1.

Tabela 1 - Composição química do Zamac 5

Referência: Minas Zinco

2.2 OBTENÇÃO DAS PEÇAS EM ZAMAC 5 POR MEIO DE INJEÇÃO SOB PRESSÃO

As peças confeccionadas em zamac 5 para uso como metais sanitários foram

confeccionadas por meio de processo de injeção sob pressão na empresa X. Estas peças

apresentavam a geometria mostrada na Figura 2.

Liga Composição química %

Al Cu Mg Fe Pb Cd Sn Ni Zn

Zamac 5 3.5-4.3 0.75-1.25 0.03-0.08 0.075 0.005 0.004 0.003 ------ Rest.

Page 24: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

22

Figura 2 - Modelo da peça C40 (Empresa X)

Inicialmente foi realizada a injeção sob pressão da peça denominada pela empresa X

de C40, de uma liga de zamac 5. Para a obtenção das peças foi utilizada uma injetora de alta

pressão de marca Agratti. Nesta foi acoplada uma matriz de acordo com a peça a ser injetada.

Neste processo foi utilizado desmoldante a base de polímeros e ácidos graxos no molde, para

que a peça fosse retirada do molde com facilidade.

A matriz utilizada possui capacidade para injetar duas peças simultaneamente. No

início da injeção das peças, a matriz está a temperatura ambiente. Como o zamac funde a uma

temperatura de aproximadamente 385°C (GANIVET, 1987), durante o processo, o zamac era

injetado a temperatura de 430ºC, ocasionando um aumento de temperatura da matriz com a

quantidade de peças injetadas. Para realização deste trabalho, a temperatura da matriz foi

medida de acordo com o tempo de injeção e foram obtidas peças em diferentes temperaturas

da matriz, variando de 28°C a 149,5°C. Estas peças foram identificadas e separadas por lote.

Os lotes foram identificados de acordo com o fluxo de água na matriz, que tem por

finalidade fazer o resfriamento da matriz por troca térmica. Foram utilizados três lotes

diferentes:

- com o fluxo normal de água;

- com o fluxo máximo de água;

- sem fluxo de água para evitar o resfriamento da matriz.

Em cada lote foram retiradas 5 peças. Durante a retirada das peças foi medida a

temperatura da matriz de injeção com termômetro infravermelho. As peças foram separadas

conforme o lote e o tratamento superficial. Os lotes A, B e C, tabela 2, receberam o 1º

tratamento superficial conforme descrito a seguir.

Page 25: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

23

Tabela 2 - Parâmetros dos lotes das peças C40 coletadas após o processo de injeção com o 1° tratamento

superficial.

Lote

Temperatura da matriz de

injeção Tipo de fluxo de água na matriz de injeção

A 28°C Fluxo normal de água

B 119,8°C Fluxo máximo de água

C 149,5°C Sem fluxo de água

1º tratamento superficial

- Desengraxe em 1 minuto com Extran a 40°C;

- Lavagem com água corrente;

- Lavagem com água deionizada;

- lavagem com álcool;

- secagem com ar frio;

Os lotes D, E e F, tabela 3, receberam o 2º tratamento superficial, conforme descrito

na Tabela 3.

Tabela 3 - Parâmetros dos lotes das peças C40 coletadas após o processo de injeção com o 2° tratamento

superficial.

Lote Temperatura da matriz de

injeção Tipo de fluxo de água na matriz de injeção

Lote D 40°C Fluxo normal de água

Lote E 118,3°C Fluxo máximo de água

Lote F 123,1°C Sem fluxo de água

2º tratamento superficial

- Lixamento com lixadeira da marca KWR;

- Polimento com Politriz Zambelli e Rotary Aston com cera em pasta;

- Solubilização por desengraxe com vapor em tricloroetileno para retirar possíveis

contaminantes e impurezas da superfície da peça;

- Tratamento químico, conforme Tabela 4;

Page 26: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

24

Tabela 4 - Sequência de tratamentos químicos utilizados na peça C40 para o 2° tratamento superficial.

Processo Produtos utilizados Tempo TºC

Desengraxe químico Tensoativos, emulsificantes e

dispersantes 2 min 50ºC

Desengraxe com ultrasom Composto salino contendo uma

combinação de tensoativos 1 min 50ºC

Desemgraxe eletrolítico

alcalino com reversão

anódica e catódica

anódica -5 segundos

catódica -15 segundos 35ºC

- Secagem com ar comprimido;

- 3 minutos em estufa para remoção da umidade;

Posteriormente, as amostras de todos os lotes foram submetidas a ensaio de névoa

salina.

2.3 ENSAIO DE NÉVOA SALINA

Os ensaios acelerados de corrosão são uma maneira de testar a qualidade da C40,

seguindo as normas NBR 10283 de 2008 e NBR 8094 de 1983. Os ensaios de corrosão têm

como objetivo avaliar a exposição das peças submetidas em um ambiente agressivo. Para o

ensaio de névoa salina, Figura 3, foi utilizada uma câmara de ensaio com capacidade mínima

de 0,4 m³; reservatório de solução; fontes de ar comprimido; bicos pulverizadores; suportes de

corpos de prova; um dispositivo para aquecimento da câmara e meios para o controle das

condições de operação durante o período de ensaio.

Page 27: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

25

Figura 3 - Equipamento de Névoa Salina

No ensaio de corrosão foi utilizada uma solução aquosa de cloreto de sódio (NaCl)

com concentração de 5%. O cloreto de sódio usado possui teores de níquel e cobre

individualmente inferiores a 0,001%, não conter mais do que 0,3% de impurezas totais e

inibidores de corrosão.

A água utilizada na preparação da solução foi destilada e desmineralizada. A solução

de ensaio foi filtrada, a fim de prevenir a obstrução dos bicos de pulverização, e pulverizada

somente uma vez, não podendo ser reaproveitada. O pH da solução de cloreto de sódio foi

ajustado, de modo que a solução coletada após a pulverização a 35º C apresentou pH na faixa

de 6,5 a 7,2.

O ar comprimido usado para a formação de névoa salina era livre de óleo e

impurezas e foi mantido com um valor constante de pressão entre 70 kPa (0,7 kgf/cm²) e 170

kPa (1,7 kgf/cm²), com uma flutuação máxima de 0,7 kPa (0,007 kgf/cm²). Essa flutuação foi

controlada através de válvulas reguladoras de pressão.

As peças C40 foram limpas adequadamente, recebendo os corretos tratamentos

superficiais e as mesmas foram colocadas somente na zona de ensaio da câmara, onde o meio

corrosivo satisfez todos os parâmetros especificados para as condições da norma NBR 8094,

obedecendo aos seguintes requisitos principais:

• as peças não devem estar em contato entre si, nem com qualquer outro material,

metálico ou não, capaz de modificar as condições de corrosão do corpo de prova;

• cada peça deve ser colocada na câmara, de forma a permitir o livre acesso da névoa

aos outros ensaios;

• a solução de ensaio escorrida de uma peça não deve gotejar sobre as outras;

Page 28: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

26

• a área de contato entre a peça e seu suporte deve ser a menor possível.

Imediatamente após a secagem das peças, foi efetuada uma cuidadosa avaliação

quanto à extensão da corrosão e de outras falhas.

2.4 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS PARA OS ENSAIOS DE MICROSCOPIA ÓPTICA,

MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA E MICRODUREZA

Antes de serem submetidas aos ensaios de microscopia óptica, microscopia

eletrônica de varredura e microdureza, as amostras receberam um tratamento de metalografia.

As amostras foram cortadas das peças C40 com áreas aproximadas de 1cm2. As amostras

foram embutidas em baquelite e em seguida lixadas e polidas até atingir um acabamento liso e

espelhado. O lixamento foi responsável pela remoção das imperfeições geradas nos cortes das

amostras e foi realizado com água corrente e utilizadas lixas de carbeto de silício de

granulometria #320, #400, #600 e #1200, sempre girando 90° as amostras cada vez que eram

trocadas as lixas. O polimento foi utilizado para remoção dos danos causados nas operações

de lixamento e foi realizado manualmente com o uso de aluminia em suspensão de 1 a 0,25

µm com diferentes granulometrias em politriz rotativa e com o uso de água deionizada.

2.5 ANÁLISE POR MICROSCOPIA ÓPTICA

Após a etapa metalográfica, as amostras foram submetidas a um ataque químico com

nital 1%, onde foi revelada sua microestrutura. Para a análise de microscopia óptica foi

utilizado um microscópio ótico de marca Olympus modelo PMG3.

O microscópio óptico é utilizado para estudar a microestrutura do material, onde

apenas a superfície está sujeita à observação, sendo utilizado no modo de reflexão

(CALLISTER JÚNIOR, 2006). Os contrastes nas imagens produzidas resultam das diferenças

na refletividade das várias regiões da microestrutura (CALLISTER JÚNIOR, 2006; METALS

HANDBOOK, v. 9).

Page 29: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

27

Consequentemente, em uma amostra policristalina as características apresentadas

após o ataque químico variam de grão para grão (METALS HANDBOOK, v. 9).

A luz incide perpendicularmente à superfície analisada, refletindo a morfologia da

amostra, a qual foi submetida ao ataque químico.

2.6 ANÁLISE POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

(KENSTENBACH, 1989)

A caracterização microestrutural foi realizada por meio das técnicas de microscopia

eletrônica de varredura (MEV) no laboratório da PUC, onde observa-se amostras espessas,

não transparentes a elétrons. Possui um alto poder de resolução (3 nm) e grande profundidade

de foco (300 vezes melhor que a do microscópio óptico), resultando em imagens com

aparência tridimensional. Utilizando-se a técnica de espectrometria de energia dispersiva por

Raios-X – EDS (acoplado ao MEV), para identificar os elementos químicos presente na liga.

A análise da microestrutura tem como objetivo observar e identificar as principais

alterações microestruturais da liga de zamac, para tanto, as amostras foram então metalizadas

com um fino filme de ouro a fim de garantir a condução elétrica das mesmas. O microscópio

eletrônico utilizado era da marca Philips, modelo XL 30.

2.7 ANÁLISE DE MICRODUREZA

A determinação da dureza dos metais é um método de controle de qualidade muito

importante na engenharia e na indústria, possibilitando a análise de uniformidade das peças

acabadas (CHIAVERINI, 1986).

As amostras retiradas das peças receberam o mesmo tratamento metalográfico, sendo

posteriormente submetidas a medidas de microdureza. Para realizar a análise foi utilizado um

microdurômetro da marca Shimadzu modelo HMV – 2T, com carga de 100g e tempo aplicado

da carga de 15 segundos.

Page 30: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

28

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.1 ENSAIO DE NÉVOA SALINA

Para as análises de névoa salina as peças C40 foram fotografadas antes e após os

ensaios. A Figura 4 mostra as peças de todos os lotes antes do ensaio de névoa salina.

Observa-se que as peças apresentam um aspecto homogêneo e bastante semelhante, sem

corrosão aparente.

Lote A Lote B Lote C

Temperatura da matriz 28 ºC 119,8 °C 149,5°C

Fluxo normal de água Fluxo máximo de água Sem fluxo de água

Lote D Lote E Lote F

Temperatura da matriz 40°C 118,3°C 123,1°C

Fluxo normal de água Fluxo máximo de água Sem fluxo de água

Figura 4 – Fotografia das peças de zamac 5 injetadas antes dos ensaios de névoa salina

Page 31: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

29

Estas peças foram submetidas aos tratamentos superficiais correspondentes aos lotes e foram

expostas em névoa salina. As fotografias das peças após os ensaios de névoa salina estão mostradas na

Figura 5.

23h de exposição em névoa salina

Peça 1 - Lote A Peça 2 - Lote B Peça 3 -Lote C

Temperatura da matriz 28ºC 119,8°C 149,5°C

Fluxo normal de água Fluxo máximo de água Sem fluxo de água

8h de exposição em névoa salina

Peça 4 -Lote D Peça 5 - Lote E Peça 6 - Lote F

Temperatura da matriz 40°C 118,3°C 123,1°C

Fluxo normal de água Fluxo máximo de água Sem fluxo de água

Figura 5 – Fotografias das peças de zamac injetadas após ensaio de névoa salina

De acordo com a Figura 5, observou-se corrosão branca nas peças, característica da

corrosão do zinco (METALS HANDBOOK, v.5). A corrosão aparentemente ocorreu de

forma semelhante não sendo possível identificar nenhuma região específica que tenha se

iniciado a corrosão. Em algumas peças (peças 1, 2 e 4) observou-se corrosão generalizada.

Neste caso, o tempo de permanência de 23 horas da peça no ensaio de névoa salina pode ter

sido determinante para a análise sendo necessário refazer o ensaio com menor tempo de

Corrosão por pites Corrosão

generalizada

Page 32: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

30

observação. No entanto, nas peças 3, 5 e 6 observou-se corrosão em algumas partes,

possivelmente por pites, conforme mostrado na Figura 5. Os pites podem ter sido formados

durante a análise de névoa salina sendo decorrentes das porosidades nas peças. As

porosidades podem ser decorrentes do processo de injeção, já que velocidades de injeção

provocam intenso turbilhonamento do metal na matriz e, como consequência, geram o

aprisionamento de bolhas de ar que não tiveram tempo suficiente para escapar pelos

massalotes (CALLISTER JÚNIOR, 2006).

Devido às diferenças de aspectos de corrosão nas peças observadas após os ensaios

de névoa salina, foram escolhidas partes da peça em que foram feitas análises da

microestrutura a fim de identificar o mecanismo de solidificação da mesma e correlacionar

com a resistência à corrosão.

As partes da peça escolhidas estão mostradas na Figura 6. As amostras foram

selecionadas das peças após o ensaio de névoa salina, sendo identificadas como topo, meio e

base, conforme Tabela 5.

Tabela 5 - Amostras selecionadas das peças C40 conforme a corrosão analisada nos ensaios de nevoa

salina.

Amostra Aparência quanto a corrosão

Topo corrosão foi mais acentuada

Meio corrosão foi moderada

Base não houve corrosão aparente

Page 33: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

31

Figura 6- Localização das partes da peça C40 denominada de Base, Meio e Topo.

3.2 ANÁLISE POR MICROSCOPIA ÓPTICA

3.2.1 Análise das amostras após ensaio em névoa salina

As amostras foram analisadas por meio de microscopia óptica após o ensaio de névoa

salina e estão mostradas na Figura 7. Observa-se que o Topo apresentou buracos em sua

superfície sendo caracterizado como defeitos de bolhas. A parte do Meio apresentou menos

bolhas em comparação ao Topo, sendo que a Base quase não apresentou bolhas.

De acordo com CAMPOS FILHO (1978), o zamac apresenta defeito de solidificação

de bolhas, que podem ser oriundas do processo de obtenção da peça estando aprisionadas ao

ao metal em estado líquido ou podem ter sido inseridas durante o vazamento do metal.

A fim de verificar se as bolhas eram oriundas do ensaio de névoa salina, as amostras

foram analisadas antes do processo de névoa salina.

Topo

Meio

Base

Meio

Base

Page 34: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

32

Bolhas

Topo Meio Base

Figura 7 - Macrografia por microscopia óptica das amostras de Topo, Meio e Base após o ensaio

de névoa salina, com aumento de 50x.

3.2.2 Análise das amostras que não foram submetidas ao ensaio de nevoa salina

A fim de verificar se os defeitos foram oriundos da corrosão ocasionada durante o

ensaio de névoa salina ou decorrentes do processo de injeção, novas amostras foram

analisadas após a fabricação não sendo submetidas ao ensaio de névoa salina.

A Figura 8 mostra a metalografia das amostras em vista de topo que não foram

submetidas ao ensaio de névoa salina. Observam-se características semelhantes às amostras

submetidas ao teste de névoa salina. A amostra de topo apresentou buracos, sendo que a

amostra de meio apresentou buracos aparentemente maiores. O mesmo comportamento foi

observado na amostra de base, não sendo identificados defeitos comparados aos de topo e

meio. Isto provavelmente indica que os defeitos são originados na peça durante o processo de

injeção (OZÓRIO, FREIRE, GARCIA, 2005), não sendo portanto oriundos do teste de

névoa salina.

Page 35: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

33

Figura 8 - Macrografia por microscopia óptica das amostras antes o ensaio de névoa salina,

sendo que o Topo e a Base estão com um aumento de 50x e o meio de 100x.

De acordo com COLPAERT (2008) as bolhas podem ser geradas devido ao

aprisionamento de gases mecanicamente arrastados no vazamento do lingote, ou gerados por

gases que se formam devido às reações químicas antes da solidificação total do lingote ou

ainda a gases dissolvidos no material em fusão. Esses gases se libertam à medida que a

temperatura baixa, vindo à tona e desprendendo-se. As bolhas que se formam por último não

conseguem mais desprender-se e ficam retidas na peça ou no lingote, se acumulando. Como

as bolhas observadas estão mais concentradas nas partes topo e meio em comparação à base,

provavelmente existe variação de temperatura ao longo da peça durante a solidificação, sendo

que nestas partes a solidificação ocorre por último.

3.3ANÁLISE POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

Com a finalidade de verificar se existia variação de temperatura ao longo da peça

durante a solidificação, as amostras foram analisadas quanto à microestrutura por meio de

microscopia eletrônica de varredura e por análise química por EDS. Para tanto, as amostras

foram atacadas em nital, em que foi revelada e microestrutura.

Topo Meio Base

Bolhas

Page 36: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

34

Figura 9 - Macrografia da amostra de Topo. A) Amostra sem ataque (aumento de 100x) e B) Amostra com

ataque (aumento de 10000x)

Observa-se na Figura 9 que existem defeitos de solidificação classificados como

bolhas, os mesmos observados por microscopia óptica. De acordo com a microestrutura

observam-se grãos de tamanho 3,69µm +/- 0,31 de zinco disperso em uma matriz eutética.

O resultado de EDS mostrado na Tabela 6, Figura 11, mostra a análise química do

ponto eutético primário mostrado na Figura 10.

Tabela 6 – EDS da análise de composição química do primário.

Elemento Wt % At % K-Ratio Z A F

Al 2,08 6,03 0.0067 1.1428 0.2832 1.0000

Au 29,12 11,57 0.1881 0.8549 0.7556 1.0000

Cu 1,26 1,55 0.0132 1.0473 0.9816 1.0216

Zn 67,54 80,85 0.7230 1.0520 0.9868 1.0311

A) B)

Page 37: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

35

Figura 10 – EDS do Topo referente análise química do primário

Figura 11 – Micrografia da amostra de Topo indicando o eutético, com aumento de 40000x

A análise de EDS da Tabela 7, referente a Figura 11, mostra a presença de Al e Zn

no defeito não sendo detectada a presença de oxigênio. Isto indica que o defeito pode ter sido

originado de gases aprisionados no banho de injeção, descartando a possibilidade do o defeito

ter sido originado por óxido formado pela introdução de gases durante a injeção.

Tabela 7 - EDS da análise da composição química do eutético.

Elemento Wt % At % K-Ratio Z A F

Al 11.68 24.27 0.0326 1.0933 0.2550 1.0000

Zn 88.32 75.73 0.8683 0.9829 1.0003 1.0000

Eutético

o

Page 38: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

36

Figura 12 – EDS do Topo referente à análise química do eutético

Figura 13 - Micrografia da amostra de Topo indicando defeito de bolha com aumento de 1600x

Observa-se na Tabela 8, relativo a Figura 13, a presença de elementos de liga,

oriundos do zamac e a presença de oxigênio. No entanto, a quantidade de oxigênio pode ser

devido à formação de óxido ao ar, devido à exposição do zamac ao ar, não sendo suficiente

para considerar como óxido formado durante o processo de injeção. Isto concorda com o

exposto anteriormente, de que provavelmente o defeito de bolha foi oriundo de

aprisionamento de gás originado durante o processo de injeção e não devido à formação de

óxido.

Page 39: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

37

A) B)

Tabela 8 - EDS da análise de composição química do defeito de bolha.

Elemento Wt % At % K-Ratio Z A F

Al 1.62 3.92 0.0044 1.1128 0.2451 1.0000

Au 6.84 2.27 0.0391 0.8241 0.6928 1.0000

Cu 2.04 2.10 0.0205 1.0049 0.9942 1.0050

Zn 88.75 88.65 0.8979 1.0076 0.9971 1.0071

O 0.75 3.06 0.0024 1.1980 0.2636 1.0023

Figura 14 – EDS do Topo referente à análise do defeito de bolha

Figura 15 – Macrografia da amostra de Meio, com aumento de 100x em A e 10000x em B

Page 40: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

38

A) B)

Observa-se na Figura 15 (A) que existe menor quantidade de defeitos comparando

com a amostra de topo, Figura 9(A). Além disso, a matriz mostra maior quantidade de

eutético e menor tamanho de grão, 3,18µm +/- 0,16, comparando com a amostra de topo. Isto

indica que existe diferença de solidificação nestas duas partes da peça. O menor tamanho de

grão e maior quantidade de eutético estão associados à temperatura de solidificação durante o

processo de injeção. Provavelmente esta parte da peça solidifica com uma velocidade mais

rápida que a peça de topo, ou seja, o resfriamento é mais rápido. Os EDS feito no grão e no

eutético foram semelhantes aqueles medidos para a amostra de topo.

Figura 16 - Macrografia da amostra da Base, com aumento de 100x em A e 10000x em B

A amostra da base apresentou menor quantidade de defeitos em comparação com as

amostras anteriores. Observa-se menor quantidade de grãos, porém tamanhos maiores, com

4,08 µm +/- 0,48. Isto indica que a velocidade de solidificação nesta parte da peça é menor e

que a resistência à corrosão está diretamente relacionado as defeitos da peça.

3.4 ENSAIOS DE MICRODUREZA

Pode-se verificar na Tabela 9 uma variação na dureza das amostras que não

apresentavam nenhuma corrosão com as que tinham tendência a corrosão. Nas amostras que

não apresentavam corrosão foi medida dureza de 116,3 HV, enquanto que nas amostras com

tendência a corrosão a dureza medida foi de 96,6 HV. Estes valores estão de acordo com os

estudos realizados de que a dureza de uma liga metálica indica a presença de defeitos. Por

Page 41: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

39

isso, pode-se dizer que a dureza da liga está fortemente relacionada com a microestrutura

obtida durante a solidificação.

Tabela 9 - Resultados da microdureza.

Situação da Peça HV HV

Peça sem corrosão 116,3 +/- 1,5

Peça com tendência a corrosão 96,6 +/- 1,97

Page 42: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

40

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho apresentado trata da avaliação da resistência à corrosão de metais

sanitários a base de zamac e por meio dos testes realizados, observou-se que:

A temperatura da matriz aparentemente não tem influência na resistência à corrosão

das peças, bem como o tratamento superficial.

Existe defeito de bolhas nas peças em zamac 5 originadas provavelmente devido à

diferença de temperatura durante o processo de solidificação.

Esta diferença de temperatura foi responsável pela variação da microestrutura e

dureza ao longo da peça, agindo diretamente na resistência à corrosão das peças.

Existe variação de temperatura ao longo da peça durante a solidificação. A parte da

peça denominada Base, foi a que apresentou maior tamanho de grão, e portanto menor

velocidade de solidificação. A peça Topo foi a que apresentou maior quantidade de defeitos,

sendo estes responsáveis pela maior intensidade de corrosão observada.

Page 43: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO MOLDE

41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ARNOLD, Suzan. Otimização do processo de tratamento de superfície em metais

sanitários. Feevale, Novo Hamburgo: 2010. 62p.

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eletrolíticos de metais e plásticos sanitários - Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro,

2008. 8p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMA TÉCNICAS. NBR 8094: Material metálico

revestido e não revestido - Corrosão por exposição à névoa salina. Rio de Janeiro, 1983. 4p.

CALLISTER JÚNIOR, William D. Fundamentos da ciência e da engenharia de materiais:

uma abordagem integrada. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2006. 702p.

CAMPOS FILHO, Mauricio Prates De. Solidificação e fundição de metais e suas ligas. 2.

ed. Rio de Janeiro: LTC, 1978, 246p.

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43

ANEXO

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ANEXO A – Comparação das amostras analisadas por MEV.

TOPO

MEIO

BASE