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Influência da base na resistência de aderência à tração da argamassa de revestimento em alvenarias de bloco cerâmico e de concreto dezembro/2015 1 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 Influência da base na resistência de aderência à tração da argamassa de revestimento em alvenarias de bloco cerâmico e de concreto André Vieira dos Santos [email protected] MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção Instituto de Pós-Graduação - IPOG Uberlândia, MG, 05 de Janeiro de 2015 Resumo A utilização de argamassa com cimento portland no revestimento de alvenarias é uma técnica tradicional que vem se aprimorando e evoluindo cada vez mais, consequente do aumento do número de obras executadas no país. O desenvolvimento de projetos e técnicas vem sendo cada vez mais usado, a fim de se evitar futuras patologias e buscando uma maior vida útil dos revestimentos. Dentro dos processos de execução, tem-se uma grande preocupação quanto à aderência da argamassa com a superfície a qual estará em contato. Para um melhor entendimento de alguns fatores que exercem influência na resistência de aderência à tração entre a camada de revestimento de argamassa e a alvenaria, o presente trabalho irá mostrar os resultados de ensaios de aderência segundo a NBR 13528:2010, feitos em painéis de alvenaria de bloco cerâmico e de bloco estrutural, com e sem a utilização de chapisco, resultando em quatro variáveis a serem analisadas. Os ensaios realizados foram feitos em um mesmo ambiente de laboratório, a fim de minimizar as interferencias das intempéries, sendo cada etapa feita de acordo com a norma específica. Concluiu-se que a condição da superfície do substrato exerce influência na resistência de aderência à tração do revestimento. Palavras-chave: Aderência. Argamassa. Substrato. Chapisco 1. Introdução O uso de argamassa no sistema de revestimento é uma técnica tradicional que vem se aprimorando e evoluindo cada vez mais, com o grande aumento do número de obras executadas no país. O desenvolvimento de projetos e técnicas, buscando melhorar a qualidade final nos revestimentos de argamassa, vem sendo cada vez mais usado nos últimos anos, a fim de se evitar futuras patologias e buscando uma maior vida útil dos revestimentos. Dentro dos processos de execução, tem se uma grande preocupação quanto à aderência da argamassa com a superfície a qual estará em contato. Segundo Kazmierczak, Brezezinski e Collatto (2007): [...] a incidência de problemas relacionados com a perda ou a falta de aderência de argamassas tem se acentuado, tornando-se hoje uma grande preocupação para as

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Influência da base na resistência de aderência à tração da argamassa de revestimento em alvenarias

de bloco cerâmico e de concreto dezembro/2015 1

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015

Influência da base na resistência de aderência à tração da

argamassa de revestimento em alvenarias de bloco cerâmico e de

concreto

André Vieira dos Santos – [email protected]

MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Uberlândia, MG, 05 de Janeiro de 2015

Resumo

A utilização de argamassa com cimento portland no revestimento de alvenarias é uma técnica

tradicional que vem se aprimorando e evoluindo cada vez mais, consequente do aumento do

número de obras executadas no país. O desenvolvimento de projetos e técnicas vem sendo

cada vez mais usado, a fim de se evitar futuras patologias e buscando uma maior vida útil dos

revestimentos. Dentro dos processos de execução, tem-se uma grande preocupação quanto à

aderência da argamassa com a superfície a qual estará em contato. Para um melhor

entendimento de alguns fatores que exercem influência na resistência de aderência à tração

entre a camada de revestimento de argamassa e a alvenaria, o presente trabalho irá mostrar os

resultados de ensaios de aderência segundo a NBR 13528:2010, feitos em painéis de alvenaria

de bloco cerâmico e de bloco estrutural, com e sem a utilização de chapisco, resultando em

quatro variáveis a serem analisadas. Os ensaios realizados foram feitos em um mesmo

ambiente de laboratório, a fim de minimizar as interferencias das intempéries, sendo cada

etapa feita de acordo com a norma específica. Concluiu-se que a condição da superfície do

substrato exerce influência na resistência de aderência à tração do revestimento.

Palavras-chave: Aderência. Argamassa. Substrato. Chapisco

1. Introdução

O uso de argamassa no sistema de revestimento é uma técnica tradicional que vem se

aprimorando e evoluindo cada vez mais, com o grande aumento do número de obras

executadas no país. O desenvolvimento de projetos e técnicas, buscando melhorar a qualidade

final nos revestimentos de argamassa, vem sendo cada vez mais usado nos últimos anos, a fim

de se evitar futuras patologias e buscando uma maior vida útil dos revestimentos. Dentro dos

processos de execução, tem se uma grande preocupação quanto à aderência da argamassa com

a superfície a qual estará em contato.

Segundo Kazmierczak, Brezezinski e Collatto (2007): [...] a incidência de problemas relacionados com a perda ou a falta de aderência de

argamassas tem se acentuado, tornando-se hoje uma grande preocupação para as

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empresas construtoras e aumentando o passivo ambiental da construção civil, em

função da diminuição da vida útil dos revestimentos. [...].

A aderência se caracteriza como a resistência de arrancamento da argamassa no

estado endurecido. É um fenômeno de contato entre as superfícies, proveniente das interações

químicas e mecânicas que ocorrem na interface entre estas camadas.

São vários os fatores que interferem na resistência final da aderência, sendo

influenciados pelas características da argamassa, da base, do substrato e até mesmo do modo

de execução do revestimento. Este último vem se desenvolvendo e empregando novas

tecnologias como por exemplo o lançamento de argamassa em forma de projeção. De forma

mais específica, dentro destes fatores, esta principalmente a condição do substrato, quanto à

existência ou não de um elemento como o chapisco e a porosidade da superfície do substrato.

Segundo teorias de Carasek, Cascudo e Scartezini (2001), a resistência entre as

camadas de argamassa e substrato é um fenômeno mecânico, consequente da rugosidade das

bases e também da penetração de água nos poros deste substrato. Apresentam também

fenômenos de micro aderência, que se caracterizam pelo preenchimento dos poros do

substrato através da absorção da pasta de argamassa, resultando em uma fixação mecânica

entre estes dois elementos; e da macro aderência que resulta no enchimento das saliências da

rugosidade da superfície da base com a porção de argamassa, garantindo que a camada de

argamassa fique presa à superfície.

Tendo em vista a importância desse fator no resultado final do processo de

revestimento, o presente trabalho busca analisar, de forma técnica, perante normas específicas

do assunto, a resistência de aderência da argamassa aplicada em bases e substratos de

diferentes materiais, sendo: o tipo de substrato (bloco de concreto e bloco cerâmico de

vedação) e a condição da superfície do substrato (com e sem chapisco), tendo assim quatro

variáveis diferentes a serem ensaiadas.

O conhecimento dos resultados se torna importante para uma melhor decisão no

processo de escolha e preparação da base a ser usada na construção da obra. Este assunto vem

sendo tratado com mais seriedade pelos profissionais da área, devido a acidentes ocorridos em

obras, com o desplacamento da camada de reboco por falta de aderência, causando risco a

população e, dependendo do tamanho da peça, podendo provocar até mortes.

2. Desenvolvimento

Foram analisadas as alterações dos valores de resistência à aderência da argamassa

quando aplicada em superfícies distintas, sendo estudada quatro tipos de variáveis diferentes,

sendo: o tipo de substrato (bloco cerâmico de vedação e bloco de concreto) e a condição da

superfície (com e sem chapisco). O ensaio foi feito em painéis de alvenaria para cada tipo de

bloco, com dimensões de 1,20 x 1,00 metros (comprimento x altura), sendo aplicado chapisco

em um lado dos painéis.

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2.1 Substratos

As propriedades mecânicas dos substratos são de uma extrema importância, uma vez

que estas influenciam nas características de união e ancoragem com a camada de

revestimento. Quanto às características superficiais dos substratos, a porosidade pode

influenciar no transporte de água (argamassa no estado fresco) nos instantes após aplicação. A

rugosidade da superfície do substrato também é fundamental no desenvolvimento da

aderência, pois são pontos onde haverá ancoragem da camada de argamassa aplicada.

Superfícies rugosas têm uma maior área de contato com a argamassa, resultando

teoricamente, em uma resistência de aderência maior. Substratos cujas superfícies são mais

lisas e fechadas tendem a apresentar valores de aderência menores.

Os blocos cerâmicos de vedação e os blocos de concreto utilizados para a construção

das paredes feitas neste estudo foram coletados em uma casa de materiais de construção e em

uma fábrica de blocos, respectivamente. Ambos os materiais foram selecionados de um

mesmo lote produzido.

Os materiais coletados foram caracterizados através de ensaios, que estão

apresentados na Tabela 1 abaixo.

TIPO DE SUBSTRATO

DIMENSÕES (comp X alt X larg) (mm)

PLANEZA DAS FACES

(mm)

RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

(MPa)

ABSORÇÃO DE ÁGUA

(%)

Bloco de Concreto

390 x 190 x 140 0 4,1 14

Bloco Cerâmico 290 x 180 x 140 0,9 3,1 20,1

Tabela 1: Caracterização dos substratos utilizados

Fonte: Elaborado pelo autor

A Figura 1 mostra os painéis de alvenaria que foram montados para a realização da

execução do revestimento.

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Figura 1: Painéis de alvenaria cerâmica e estrutural, respectivamente

Fonte: Acervo do autor

Quando se utiliza chapisco na alvenaria, os valores de aderência tendem a serem

maiores, desde que seja bem executado. Substratos com superfícies menos rugosas (lisas)

apresentam uma área menor de contado entre a argamassa e o substrato, levando

teoricamente, a valores de aderência menores.

A capacidade de sucção de água do substrato é

fundamental para promover um caminho fácil

do transporte dos compostos encontrados para

hidratação no cimento. Os substratos com

capacidade de sucção muito baixa apresentam,

teoricamente, valores baixos de aderência com

o revestimento.

Foram feitas imagens das condições

superficiais dos substratos analisados, com e

sem a utilização de chapisco, apresentados

abaixo nas Figuras 2 e 3.

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Figura 2: Imagem aproximada das superfícies do bloco cerâmico e de concreto, respectivamente, sem aplicação

de chapisco

Fonte: Acervo do autor.

Figura 3: Imagem aproximada da superfície dos chapiscos sobre os blocos. (a) bloco cerâmico; (b) bloco de

concreto

Fonte: Acervo do autor.

2.2 Chapisco

A aplicação do chapisco foi feita em um dos lados de cada painel, sendo ele

produzido com cimento Portland tipo CP II E 40 e mistura de areia média e grossa, com

proporção de 50% de cada. O traço utilizado foi 1:3, em massa, sendo feita a mistura de forma

mecânica (betoneira) e a aplicação feita de forma manual, com colher de pedreiro.

Após a superfície do chapisco adquirir uma certa resistência, foi iniciado o processo

de cura, feito durante um período de três dias, garantindo a resistência e aderência entre

chapisco e substrato. Respeitando a idade mínima de três dias após a aplicação do chapisco,

foi feita a execução do revestimento de argamassa.

2.3 Revestimento

A argamassa pronta estabilizada dosada em central, utilizada no revestimento dos

painéis de alvenaria feitos neste trabalho, é composta por uma mesclagem de areias lavadas

de rio, cimento Portland tipo CP II E 40, água e aditivos. A produção é feita na central

dosadora e misturada em caminhão betoneira.

Após 14 dias de espera da execução das paredes, conforme NBR 7200:1998, as

superfícies passaram por uma limpeza para remoção de poeira, para logo após ser realizado o

revestimento das mesmas.

Fonte: Acervo da pesquisa (a) (b)

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2.3.1 Dados dos Materiais Componentes da Argamassa

As características de cada material podem interferir em algumas propriedades da

argamassa, alterando algumas de suas características. Os materiais compostos na argamassa

utilizada para o revestimento dos painéis foram caracterizados e estão apresentados nas

Tabelas 2 e 3, a seguir.

Tabela 2: Características do cimento utilizado na composição da argamassa

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 3: Curva granulométrica das areias utilizadas na composição da argamassa

Fonte: Laboratório de materiais da empresa fornecedora da argamassa.

CIMENTO PORTLAND TIPO CP II E 40

CARACTERÍSTICA DETERMINADA REFERÊNCIA DE

ENSAIO RESULTADO

Massa Específica NBR 9676:1987 2,98 g/cm³

Finura NBR 11579:1991 0,5 %

Inicio de Pega NM 65 : 2003 2:30 horas

Resistência à compressão – 28 dias

NBR 7215:1996 42,7 MPa

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Além do cimento e areia, utiliza-se também a água para o amassamento, definida

como a água necessária utilizada na mistura da argamassa, para que esta tenha consistência

ideal de aplicação. Os aditivos utilizados são de características plastificantes e estabilizadores.

2.3.2 Características da Argamassa no Estado Fresco

Foram realizados ensaios na argamassa utilizada, para conhecimento de suas

características reológicas. A caracterização no estado fresco foi feita logo após a produção da

argamassa, com a mesma consistência utilizada na execução dos revestimentos. A

apresentação dos resultados destes ensaios é apresentada na Tabela 4, abaixo.

CARACTERÍSTICAS DA ARGAMASSA DE REVESTIMENTO – ESTADO FRESCO

ENSAIO REFERÊNCIA DE

ENSAIO RESULTADO CLASSIFICAÇÃO

Índice de Consistência – Flow Table

NBR 13276:2004 276 mm -

Densidade de Massa no Estado Fresco

NBR 13278:1995 1784 Kg/m³ D4

Teor de Ar Incorporado NBR 13278:1995 15 % -

Retenção de Água NBR 13277:2005 75 % U1

Tabela 4: Caracterização da argamassa no estado fresco

Fonte: Elaborado pelo autor.

2.3.3 Características da Argamassa no Estado Endurecido

Os ensaios de caracterização da argamassa endurecida foram feitos com idade maior

ou igual á 28 dias após a produção da mesma. A Tabela 5 apresenta os resultados encontrados

nos ensaios.

CARACTERÍSTICAS DA ARGAMASSA DE REVESTIMENTO - ESTADO ENDURECIDO

ENSAIO REFERÊNCIA DO ENSAIO RESULTADO CLASSIFICAÇÃO

Resistência á compressão - 28 dias

NBR 7215:1997 5,6 MPa P4

Densidade de massa no Estado Endurecido

NBR 13280:2005 1704,2 Kg/m³ M4

Absorção de água NBR 9778:2009 12,4 % -

Tabela 5: Caracterização da argamassa no estado endurecido

Fonte: Elaborado pelo autor

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2.3.4 Aplicação do Revestimento

A aplicação do revestimento foi feita de forma manual, com colher de pedreiro.

Foram determinados os mesmos critérios de lançamento para todos os painéis, sendo alguns

itens controlados para que não se tenha variáveis entre as aplicações, como: consistência da

argamassa, mão de obra e aperto da argamassa. O acabamento foi feito através de régua de

sarrafeamento e desempenadeira. Foi realizada a cura dos revestimentos durante um período

de 3 dias, com início após a superfície do revestimento apresentar uma certa resistência á

água, garantindo a regularidade do acabamento.

2.4 Ensaio de Aderência

Para a execução do arrancamento dos corpos de prova dos painéis de alvenaria, foi

utilizado aderímetro digital da marca Contenco. O equipamento é cuidadosamente encaixado

nas placas, evitando pequenos golpes que possam afetar a integridade do corpo de prova.

O esforço de tração é feito manualmente pela manivela do aderímetro até o corpo de

prova se destacar. O valor da força de arrancamento é gravado no visor digital que acompanha

o equipamento.

2.4.1 Mapeamento dos locais de ensaio

Os locais para a realização do ensaio foram determinados de modo a garantir uma

igualdade nos espaçamentos entre os corpos de prova, sendo distribuídos de tal forma que

contemplem ensaios feitos sobre as juntas de assentamento e sobre a superfície dos blocos.

Cada painel foi composto por 12 corpos de prova apresentando as mesmas

características (tipo e preparo do substrato e da argamassa, forma de aplicação da argamassa,

idade do revestimento). A quantidade de ensaios feitos sobre a junta de assentamento da

alvenaria foram de 5 corpos de prova, em todos os painéis ensaiados.

A localização dos corpos de prova nos painéis podem ser observadas na Figura 04.

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2.4.2 Cálculo da resistência de aderência

Para o cálculo da resistência de

aderência à tração, o valor da carga para a

ruptura é dividido pela área do corpo de prova.

Estes valores devem ser colocados na

expressão em números inteiros. O resultado de

resistência de aderência deve ser expresso com

duas casas decimais.

A equação utilizada para o cálculo é a

seguinte:

Ra = , onde:

F é a força usada para a ruptura, em N (newtons).

A é a área do corpo de prova, em mm² (milímetros quadrados).

3 Resultados

Os ensaios para o conhecimento das resistências de aderência a tração foram feitos

após a idade de 28 dias da aplicação do revestimento. Os resultados estão apresentados nas

tabelas a seguir.

3.1 Bloco de Concreto com Chapisco

A Tabela 6 apresenta os valores de resistência de aderência encontrados no ensaio

realizado no painel de bloco de concreto com a aplicação do chapisco.

PAREDE DE BLOCO DE CONCRETO COM CHAPISCO

Data: 30 /08 /2012 Temperatura Ambiente: 28°C

Idade do Revestimento: 30 dias

Local C.P (nº)

Carga de Ruptura

(Kgf)

Área (mm²

)

Resistência de

Aderência (MPa)

Forma de Ruptura (%)

A B C D E F G

Arrancamento sobre a Junta

1 69 1885 > 0,36 100

2 116 1963 > 0,59 40 60

Figura 4 – Posição dos corpos de prova nos painéis de bloco de concreto e cerâmico, respectivamente.

Fonte: Acervo do autor

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3 87 1924 0,45 70 30

4 72 1963 0,36 10 60 30

5 66 1963 > 0,33 100

Arrancamento sobre o Bloco

6 90 1924 > 0,46 40 60

7 76 1885 > 0,40 20 80

8 81 1924 > 0,42 90 10

9 86 1924 > 0,44 10 90

10 73 1963 > 0,37 90 10

11 109 1924 ≥ 0,56 50 50

12 86 1963 > 0,43 5 95 Tabela 6 – Resultados de aderência no painel de bloco de concreto com chapisco

Fonte: Elaborado pelo autor

Os resultados de aderência obtidos no painel de bloco de concreto com a utilização

de chapisco atendeu os valores especificados pela norma, onde o valor máximo de aderência é

de 0,3 MPa. A média dos resultados neste painel foi de 0,43 MPa. Porém, observa-se que, os

ensaios feitos sobre a junta de assentamento apresentaram uma média menor que a dos

ensaios feitos sobre os blocos, sendo 0,41 MPa a média sobre as juntas de assentamento e

0,44 MPa a média dos resultados de aderência sobre o bloco.

Grande parte dos rompimentos ocorreu na camada de revestimento, tendo a interface

entre argamassa/chapisco e chapisco/bloco um valor de aderência maior do que o encontrado.

A Figura 5 apresenta um rompimento total na camada de argamassa (c.p nº 05).

Figura 5: Corpo de prova com rupture total na argamassa

Fonte: Acervo do autor.

3.2 Bloco de Concreto sem Chapisco

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Os resultados apresentados na Tabela 07 a seguir foram encontrados através do

ensaio de aderência feito no painel de bloco de concreto sem a utilização do chapisco.

PAREDE DE BLOCO DE CONCRETO SEM CHAPISCO

Data: 05 /09 /2012

Temperatura Ambiente: 28°C

Idade do Revestimento: 36 dias

Local C.P (nº)

Carga de Ruptura

(Kgf)

Área (mm²)

Resistência de

Aderência (Mpa)

Forma de Ruptura (%)

A B C D E

Arrancamento sobre a Junta

13 85 1885 > 0,45

100

14 71 1847 > 0,38

100

15 46 1847 0,24

60 40

16 48 1886 0,25 5 60 35

17 60 1886 0,31

60 40

Arrancamento sobre o Bloco

18 91 1963 0,46

100

19 73 1847 > 0,39

100

20 52 1885 > 0,27

30 70

21 46 1924 0,23

100

22 80 1885 0,42

80 20

23 74 1924 0,38

60 40

24 59 1963 > 0,30

100

Tabela 7 – Resultados de aderência no painel de bloco de concreto sem chapisco

Fonte: Elaborado pelo autor.

A resistência de aderência à tração do revestimento no painel de bloco de concreto

sem chapisco apresentou, no geral, valores menores do que o mesmo painel com chapisco. A

porosidade do bloco ajuda no desenvolvimento da aderência, devido à sucção de água da

argamassa no decorrer do tempo após a aplicação, ocorrendo também a hidratação do cimento

e contribuição dos aglomerantes em geral, desenvolvendo a aderência entre as camadas. Sem

a utilização do chapisco, a rugosidade é bastante baixa, consequentemente a ancoragem da

argamassa com a superfície também é menor. Estas questões podem ser as principais causas

da diferença de resultados entre os painéis com e sem chapisco.

O valor médio de resistência de aderência neste painel foi de 0,34 MPa. Nas juntas

de assentamento, assim como no painel com chapisco, a média dos resultados foi menor em

relação ao ensaio feito sobre o bloco. Quanto à forma de ruptura dos corpos de prova, houve

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mais incidências de rupturas ocasionadas totalmente ou em maior porcentagem na interface

substrato/argamassa.

3.3 Bloco Cerâmico com Chapisco

A Tabela 8 a seguir apresenta os resultados encontrados nos ensaios realizados no

painel de alvenaria feito de bloco cerâmico com a utilização de chapisco.

PAREDE DE BLOCO CERÂMICO COM CHAPISCO

Data: 11 /09 /2012 Temperatura Ambiente: 30°C

Idade do Revestimento: 42 dias

Local C.P (nº)

Carga de

Ruptura (Kgf)

Área (mm²)

Resistência de

Aderência (Mpa)

Forma de Ruptura (%)

A B C D E F G

Arrancamento sobre a Junta

25 82 1924 ≥ 0,42

50 50

26 71 1885 > 0,37 30 40 30

27 65 1885 ≥ 0,34

50 50

28 94 1924 > 0,48

20 80

29 92 1963 > 0,46

15 85

Arrancamento sobre o Bloco

30 69 1924 0,35 100

31 100

1963 > 0,50

100

32 90 1963 > 0,45 60 40

33 62 1847 0,33

100

34 86 1963 > 0,43

40 60

35 58 1924 > 0,30 100

36 68 1924 > 0,35

10 90

Tabela 8: Resultado de aderência no painel de bloco cerâmico com chapisco

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nos resultados obtidos no revestimento sobre o painel de bloco cerâmico com

chapisco, observa-se que, assim como no painel de bloco de concreto com chapisco, a

argamassa apresenta uma boa aderência inicial e tem uma boa ancoragem devido a uma maior

área de contato entre as camadas.

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O valor médio deste pianél foi de 0,40 MPa. Nos arrancamentos feitos sobre a junta

de assentamento, o valor médio encontrado foi de 0,41 MPa, enquanto que sobre o bloco a

resistência média foi de 0,39 MPa.

Quanto à forma de ruptura, este painel apresentou uma maior variedade nas formas

de rompimento. De forma geral, os rompimentos ocorreram mais na camada de revestimento,

o que se pode levar a pensar que a aderência esperada da argamassa com a base está

satisfatória.

Em 41,6% dos corpos de provas ensaiados neste painel, a ruptura ocorreu em maior

porcentagem na argamassa. O c.p 34 é apresentado abaixo na Figura 6, como exemplo deste

tipo de rompimento, sendo sua ruptura classificada em 40% na interface chapisco/argamassa e

60% como ruptura na argamassa.

Figura 6: Corpo de prova abrangendo ruptura na interface chapisco/argamassa e na argamassa

Fonte: Acervo do autor.

O Gráfico 1 apresentado abaixo mostra a comparação das médias dos resultados

encontrados nos painéis onde foi utilizado chapisco. Nota-se que ambos apresentaram

resultados que atendem a especificaçõe máxima de 0,30 Mpa. A utilização de chapisco na

alvenaria, juntamente com a correta aplicação do revestimento, garante um bom resultado de

aderência da argamassa.

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0,430,40

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

Bloco de Concreto Bloco CerâmicoRES

IST

ÊNC

IA D

E A

DER

ÊNC

IA

TIPO DE ALVENARIA

Resultados nospainéis comchapisco

Grafico 1: Média dos resultados nos painéis com capisco

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.4 Bloco Cerâmico sem Chapisco

Os resultados dos ensaios realizados no painel de alvenaria com bloco cerâmico sem

chapisco estão apresentados a seguir na Tabela 9.

PAREDE DE BLOCO CERÂMICO SEM CHAPISCO

Data: 14 /09 /2012

Temperatura Ambiente: 25°C

Idade do Revestimento: 45 dias

Local C.P (nº)

Carga de Ruptura

(Kgf)

Área (mm²)

Resistência de

Aderência (Mpa)

Forma de Ruptura (%)

A B C D E

Arrancamento sobre a Junta

37 43 1924 0,22 5 85 10

38 31 1924 0,16

95 5

39 38 1963 0,19

100

40 44 1963 0,22 30 65 5

41 26 1963 0,13 15 85

Arrancamento sobre o Bloco

42 - - -

43 42 1885 > 0,22 100

44 35 1924 0,18

95 5

45 28 1924 0,14

100

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46 46 1963 > 0,23 100

47 43 1885 0,22 40 60

48 56 1963 > 0,28

100

Tabela 9: Resultado de aderência no painel de bloco cerâmico sem chapisco

Fonte: Elaborado pelo autor.

Verifica-se que os valores de resistência encontrados não foram tão satisfatórios

quanto nos outros painéis. Estes resultados estão ligados à textura (rugosidade) e porosidade

da superfície do bloco, inadequadas para uma boa aderência com a argamassa.

O valor médio de resistência encontrado no painel foi de 0,20 MPa, tendo sobre a

junta de assentamento uma média de 0,18 MPa e de 0,21 MPa a média no arrancamento sobre

os blocos.

A ruptura total ou em maior porcentagem na interface substrato/argamassa

predominou em 72,7% dos corpos de prova deste painel. Isso mostra que, o local mais frágil

do conjunto é a interface entre o substrato e argamassa. Esta fragilidade pode ser observada

no momento do arrancamento do c.p 42, apresentado na Figura 7, que se descolou da parede

entre a camada de revestimento e o substrato, durante o posicionamento do aparelho de

ensaio.

Figura 7: exemplo de ruptura na interface substrato/argamassa

Fonte: Acervo do autor.

Para os resultados do ensaio de aderência feito nos painéis sem chapisco, é

apresentado a seguir o Gráfico 2, mostrando a grande diferença encontrada nos dois tipos de

substratos, sendo de 58,8% maior no painel feito de bloco de concreto. Os valores

apresentados no gráfico são a média dos doze valores encontrados em cada painel.

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Gráfico 2: Média dos resultados nos painéis sem aplicação de chapisco

Fonte: Elaborado pelo autor.

Observa-se através do Gráfico 3 que, os ensaios realizados sobre a junta de

assentamento apresentaram valores menores do que sobre a superfície do bloco, exceto para o

painel de bloco cerâmico com chapisco. Este último teve comportamento similar com estudo

feito por Scartezini; Carasek (1999), onde apresentam valores maiores nas juntas de

assentamento feito em alvenaria de bloco cerâmico. Isso demonstra que o local de ensaio na

parede exerce influência nos resultados obtidos.

Gráfico 3: Média dos resultados de aderânica na junta de assentamento e superficie dos blocos

Fonte: Elaborado pelo autor.

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O Gráfico 4 apresenta uma visão geral dos resultados médios encontrados nos quatro

painéis de ensaio. O bloco cerâmico sem a aplicação de chapisco apresentou resultado médio

menor entre as condições estudadas.

Gráfico 4: Valores médios da resistência de aderência nos painéis

Fonte: Elaborado pelo autor.

4 Conclusão

No painel de bloco de concreto, normalmente utilizado em alvenarias estruturais, as

resistências de aderência à tração no painel com chapisco e no painel sem chapisco

apresentaram valores de 0,43 MPa e 0,34 Mpa, respectivamente, e ambos atendem o maior

especificado pela norma, que é de 0,30 MPa. Porém, a média dos valores encontrados nos

ensaios feito no painel com aplicação de chapisco foi maior do que o painel sem chapisco.

Essa diferença está ligada a ancoragem inicial da argamassa no momento após a aplicação.

Isso pode ser comprovado também no painel de bloco cerâmico onde se utilizou chapisco,

pois o valor médio de 0,40 MPa se apresentou aproximado ao valor encontrado no primeiro

painel de bloco de concreto onde também se utilizou chapisco.

Para o ensaio feito no painel de bloco de concreto sem chapisco, já era esperado um

valor de resultado que atendesse a norma. Devido a sua porosidade, o bloco influencia no

desenvolvimento da aderência, pois ocorre uma maior sucção da água da argamassa nos

instantes após a aplicação, ocorrendo também a hidratação do cimento, desenvolvendo a

aderência entre as camadas.

O resultado de aderência no bloco cerâmico sem a aplicação de chapisco não se

mostrou satisfatório, pois além de apresentar grande parte da forma de rompimento na

interface substrato/argamassa, os resultados de resistência à tração foram baixos. Portanto, o

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valor médio para o arrancamento neste painel que foi de 0,2 MPa, atenderia no limite, apenas

para revestimentos internos com acabamento em pintura e revestimentos de tetos.

Portanto, a condição da superfície do substrato exerce influência na resistência de

aderência à tração do revestimento. Cabe então ressaltar a importância do conhecimento dos

comportamentos dos materiais durante a execução de um serviço de revestimento, buscando

garantir sempre a qualidade do resultado final e a segurança.

A continuidade de futuras pesquisas poderá mostrar comportamentos mais

detalhados dos materiais quanto ao sistema de revestimento e, serem estudadas mais variáveis

que causam influência direta ou indireta na resistência de aderência à tração do revestimento

sobre o substrato no qual estará sendo aplicada.

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