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1 Boletim 876/2015 – Ano VII – 18/11/2015 Indústria de São Paulo fechou 20,5 mil vagas em outubro, diz a Fiesp - A indústria de São Paulo registrou um saldo negativo de 20,5 mil vagas na passagem de setembro para outubro, segundo a Pesquisa de Nível de Emprego da Fiesp e do Ciesp. O resultado do mês passado significa uma queda de 0,83% do indicador, na leitura com ajuste sazonal. De janeiro a outubro deste ano, a indústria paulista já demitiu 159 mil empregados. Ainda segundo a pesquisa, o saldo de empregos no setor ficou negativo em 237,5 mil vagas na comparação entre outubro deste ano com outubro de 2014. "Continua caindo num plano de inclinação constante, a uma taxa de 20 mil a 25 mil empregos por mês. E a nossa previsão de chegar perto de 250 mil empregos a menos parece que vai se cumprir", afirma Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp. Das 20,5 mil vagas fechadas no mês, 769 correspondem ao setor de açúcar e álcool, enquanto a indústria de transformação foi responsável por 19.731 demissões. A situação do emprego na indústria paulista no acumulado do ano já é pior que o quadro verificado durante o mesmo período em 2009, auge da crise financeira mundial. Em 2009, o emprego industrial de janeiro a outubro daquele ano registrava queda de 1,06%. Já em 2014, o resultado para o mesmo período ficou negativo em 1,95%.

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Boletim 876/2015 – Ano VII – 18/11/2015

Indústria de São Paulo fechou 20,5 mil vagas em out ubro, diz a Fiesp

- A indústria de São Paulo registrou um saldo negativo de 20,5 mil vagas na passagem de setembro para outubro, segundo a Pesquisa de Nível de Emprego da Fiesp e do Ciesp.

O resultado do mês passado significa uma queda de 0,83% do indicador, na leitura com ajuste sazonal.

De janeiro a outubro deste ano, a indústria paulista já demitiu 159 mil empregados.

Ainda segundo a pesquisa, o saldo de empregos no setor ficou negativo em 237,5 mil vagas na comparação entre outubro deste ano com outubro de 2014.

"Continua caindo num plano de inclinação constante, a uma taxa de 20 mil a 25 mil empregos por mês.

E a nossa previsão de chegar perto de 250 mil empregos a menos parece que vai se cumprir", afirma Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp.

Das 20,5 mil vagas fechadas no mês, 769 correspondem ao setor de açúcar e álcool, enquanto a indústria de transformação foi responsável por 19.731 demissões.

A situação do emprego na indústria paulista no acumulado do ano já é pior que o quadro verificado durante o mesmo período em 2009, auge da crise financeira mundial.

Em 2009, o emprego industrial de janeiro a outubro daquele ano registrava queda de 1,06%. Já em 2014, o resultado para o mesmo período ficou negativo em 1,95%.

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Petroleiros mantêm greve em 8 dos 18 sindicatos da categoria

- A greve contra o plano de venda de ativos da Petrobras está mantida em oito dos 18 sindicatos da categoria, sendo cinco ligados à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e três associados à Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Segundo o coordenador da FUP Francisco José de Oliveira, a Petrobras enviou na tarde de ontem uma nova proposta aos trabalhadores na qual ameniza algumas punições atribuídas aos grevistas pelo tempo de paralisação.

O documento foi analisado pela diretoria da entidade e um laudo seria enviado para os sindicatos filiados, que devem se reunir nos próximos dias para avaliar se aprovam o novo acordo.

Do lado da FNP, o movimento será mantido até que a estatal marque uma nova audiência com os trabalhadores, afirmou a federação.

A entidade acusa a empresa de alterar a proposta negociada nas reuniões com os sindicatos e quer garantir que os funcionários não sejam punidos por participarem da paralisação.

A reunião, porém, ainda não tem data marcada.

Entre os que mantiveram a greve, está o sindicato do Norte Fluminense, responsável pela Bacia de Campos. / Da Redação

(Fonte: DCI dia 18-11-2015).

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Para conter a deterioração de empregos e salários Por Joana Silva e Rita Almeida No contexto da recente crise, do fim do super ciclo das commodities e da desaceleração da China, os brasileiros começam a se questionar sobre o que pode ser feito para preservar os ganhos de emprego e salários conseguidos nos últimos 12 anos. Para encontrar a resposta, há duas reflexões importantes: existe um perigo real de reversão dos ganhos de salário e de emprego? E se para evitar esta reversão há mudanças que são necessárias, que mudanças seriam essas? Nossa análise sumariada no relatório do Banco Mundial, "Sustentando Melhorias no Emprego e nos Salários no Brasil", e construída ao longo de vários anos de parceria com entidades brasileiras, aponta duas metas críticas para evitar a reversão dos ganhos: aumentar a produtividade do trabalho, como forma de impulsionar os aumentos dos salários, e conectar os mais pobres a melhores empregos, para garantir que estes se beneficiem. Programas de qualificação devem estar adaptados ao perfil dos mais pobres, ser mais inclusivos e articulados Entre 2002 e 2014, o mercado de trabalho no Brasil apresentou resultados muito positivos. O país criou mais de 19 milhões de novos empregos formais, os salários reais aumentaram cerca de 40% e a economia passou por um período prolongado de quase pleno emprego. O número médio de anos de escolaridade no país aumentou 50%. Os brasileiros passaram a ser mais bem remunerados, a ter mais oportunidades de qualificação e conseguiram transformar esta qualificação em rendimentos reais. Estes ganhos foram maiores entre os mais pobres. Neste grupo, os jovens que terminaram a escola média, muitos em famílias apoiadas pelo programa Bolsa Família, foram exatamente aqueles que registaram os maiores aumentos de inserção em empregos formais. A redução da pobreza e da desigualdade no país foram notáveis. A maior parte desta redução decorreu do desempenho positivo do mercado de trabalho. Desde 2014, o mercado de trabalho tem experimentado uma forte e preocupante deterioração. O desemprego está agora ao nível de 2009, a geração de empregos formais e a qualidade do emprego têm diminuído. Os trabalhadores menos qualificados e mais pobres são os mais vulneráveis. O abandono da força de trabalho tem aumentado mais entre os jovens

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menos qualificados, cujos vínculos laborais são mais precários e que têm menos experiência profissional. A causa do aumento do desemprego no último ano é claramente a crise econômica. A retomada vai depender da dinâmica da demanda agregada e de como esta se traduz em geração de empregos, mas também de investimentos do lado da oferta que fortaleçam a força de trabalho e apoiem a empregabilidade. De uma perspectiva do mercado de trabalho, há dois grandes desafios que se colocam. Primeiro, que se o mercado de trabalho tiver que se ajustar a um novo "normal" de crescimento, de menor estímulo, proveniente dos altos preços das commodities e de uma demanda interna menos vibrante, a nova trajetória dos salários e da criação de emprego dependerá cada vez mais do vigor da produtividade e competitividade. Neste contexto, a meta da produtividade do trabalho é essencial para estimular o crescimento e preservar os ganhos de emprego e salário. Atingila vai depender das empresas e do valor acrescentado da sua produção; dos trabalhadores e suas qualificações; e do governo e sua capacidade de promover um bom ambiente de negócios, uma oferta de trabalho cada vez mais fortalecida e um bom funcionamento das instituições e regulações laborais. O segundo desafio é que a crise econômica não tenha efeitos regressivos que poderiam levar a um aumento da pobreza e da desigualdade. Em tempos de menor crescimento e mercados de trabalho mais fracos, os menores níveis de escolaridade e a menor disponibilidade para investimento entre os mais pobres tornamos mais vulneráveis às adversidades laborais. Este contexto leva à existência de uma relação estreita entre a performance dos mercados de trabalho e a pobreza, e é por isso que promover a empregabilidade dos mais pobres representa um desafio ainda mais urgente em tempos de crise. Estes padrões de menor criação e menor qualidade dos empregos, além de um percentual crescente de trabalhadores a deixarem a força de trabalho, traduzemse em menor rendimento para as famílias mais pobres, pondo ainda mais pressão sobre os programas de assistência social, seguro desemprego, serviços de intermediação de emprego (SINE), políticas de emprego para jovens e de qualificação profissional. A capacidade de resposta destas políticas vai ser um determinante importante da rapidez do ajuste e de quem sofre as perdas de renda mais elevadas e duradouras.

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O que nos remete à nossa segunda questão. Num contexto de menor espaço fiscal, que mudanças nas políticas e programas já existentes seriam o melhor caminho para aumentar sua eficiência e atingir as metas críticas que apresentamos acima? Aumentar a produtividade depende de diversos fatores, inclusive fatores externos ao mercado de trabalho, como o clima de investimento, o custo de fazer negócios, políticas de concorrência, serviços financeiros e expansão do comércio internacional. Mas depende também de altas taxas de colocação profissional nos serviços de intermediação de emprego (SINE), estágios de aprendizagem que abram a porta para boas carreiras, educação e formação profissional com alta qualidade e relevância face à demanda por competências, da reversão de desincentivos à busca ativa por emprego e dos altos custos não salariais obrigatórios. Promover a inclusão dos mais pobres, conectandoos a melhores empregos, depende de mudanças incrementais nas políticas de qualificação e emprego. Incrementais porque se trata de tornar os programas existentes mais adaptados ao perfil dos mais pobres, mais inclusivos, melhor articulados e sequenciados. Promover a participação na força de trabalho aumentando o acesso a creches. Melhorar o acesso dos pequenos empresários a crédito e tecnologia e estabelecer elos mais eficazes entre os programas de apoio financeiros e assistência técnica. Garantir que os sistemas de monitoramento e avaliação forneçam dados suficientes sobre as taxas de colocação do Sine, sobre resultados de salário e empregabilidade dos beneficiários dos programas de juventude e sobre a sobrevivência de empresas nos programas de empreendedorismo. O Brasil pode ficar mais bem preparado para evitar a reversão dos tremendos ganhos de emprego e salário conquistados na última década e evitar que os trabalhadores mais pobres paguem a maior conta pelo atual cenário econômico. Focar esforços nas metas da produtividade do trabalho e inclusão não é apenas socialmente responsável, mas necessário e financeiramente eficiente. Joana Silva e Rita Almeida são economistas sênior do Banco Mundial e coautoras do relatório "Sustentando Melhorias no Emprego e nos Salários no Brasil". (Fonte: Valor Econômico dia 18-11-2015).

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