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0 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA IGOR DA SILVA GHIZONI PEREIRA ROGER ALENCAR BOSA INDICAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DE RESTAURAÇÕES DE AMÁLGAMA ANTES E APÓS ACABAMENTO E POLIMENTO Itajaí (SC), 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

IGOR DA SILVA GHIZONI PEREIRA

ROGER ALENCAR BOSA

INDICAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DE RESTAURAÇÕES DE

AMÁLGAMA ANTES E APÓS ACABAMENTO E POLIMENTO

Itajaí (SC), 2011

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IGOR DA SILVA GHIZONI PEREIRA

ROGER ALENCAR BOSA

INDICAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DE RESTAURAÇÕES DE

AMÁLGAMA ANTES E APÓS ACABAMENTO E POLIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Profª. Lídia Morales Justino

Itajaí (SC), 2011

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IGOR DA SILVA GHIZONI PEREIRA

ROGER ALENCAR BOSA

INDICAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DE RESTAURAÇÕES DE

AMÁLGAMA ANTES E APÓS ACABAMENTO E POLIMENTO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, aos vinte e dois dias do mês de setembro do ano de dois mil e onze, é considerado aprovado.

1. Profª. MsC. Lídia Morales Justino _______________________________________

Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

2. Prof. MsC. Marcos Aurélio Mayama_____________________________________

Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

3. MsC.Roberto Rogério Molleri__________________________________________

Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

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INDICAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DE RESTAURAÇÕES DE AMÁLGAMA ANTES E APÓS ACABAMENTO E POLIMENTO

Igor da Silva Ghizoni PEREIRA e Roger Alencar BOSA Orientador: Profª. Lídia Morales JUSTINO Data de defesa: 22 de Setembro de 2011

Resumo: Além de ter seu uso cada vez mais restrito, o amálgama dental é o principal motivo de substituição de restaurações, com alegações diversas quanto aos motivos para tais substituições. Este trabalho investigou se restaurações em amálgama estão realmente indicadas para troca ou se uma reanatomização, acabamento e polimento podem ser suficientes para evitar a substituição dessas restaurações ou, pelo menos, prolongar sua vida útil. Para efetuar esta pesquisa, foram selecionados dentes restaurados com amálgama junto ao banco de dentes do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí. Na primeira etapa, os dentes foram montados em bloco de gesso e submetidos à avaliação sobre a necessidade de substituição de restaurações por acadêmicos do último ano do curso. A indicação foi acompanhada do preenchimento de formulário onde devia ser apontada a razão para substituí-las. Para a segunda etapa, foi feita a reanatomização, acabamento e polimento dos dentes que foram novamente submetidos à avaliação pelos mesmos acadêmicos. Os resultados obtidos mostraram que na primeira etapa, 51,88% das restaurações foram indicadas para substituição e 48,12% seriam mantidas. Na segunda etapa, este percentual caiu para 32,33% das restaurações que foram indicadas para substituição e 67,67% seriam mantidas. Entres os critérios que justificariam as substituições, na primeira etapa os mais apontados foram: ausência de anatomia (22,27%) e excesso de amálgama (19,24%). Na segunda etapa foram: infiltração marginal (23,97%) e ausência de anatomia (20,11%). Concluiu-se que: os procedimentos de acabamento e polimento possuem grande influência na indicação de substituição das restaurações de amálgama.

Palavras-chave: Amálgama Dentário, Polimento Dentário, Restauração Dentária Permanente.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................05

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................06

3 MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................19

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS...............................................................25

5 DISCUSSÃO .........................................................................................................27

6 CONCLUSÃO........................................................................................................31

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1 INTRODUÇÃO

O amálgama dental vem sendo utilizado há mais de cem anos em

restaurações dentais em razão de seu baixo custo, facilidade técnica, resistência ao

desgaste e selamento marginal. Entretanto, pela presença do mercúrio e outros

metais pesados potencialmente tóxicos para o profissional e o paciente, aliados a

outras características que envolvem o uso do material, dentre elas a questão

estética, existe uma crescente resistência ao seu uso.

O amálgama como material restaurador possui vantagens comprovadas

como, por exemplo, a resistência e a durabilidade, mas muitas restaurações de

amálgama são substituídas devido a problemas que incluem a microinfiltração

marginal, fraturas e cárie secundária. A vida limite de uma restauração de amálgama

é determinada por alguns fatores, são eles: o material, o profissional e o assistente, e

o meio bucal do paciente, podendo levar a falhas, diminuindo a longevidade e muitas

vezes obrigando sua substituição. (ANUSAVICE, 1998).

Sabendo que a troca de restaurações quase sempre envolve o desgaste de

estrutura dental sadia. Devemos avaliar que nem sempre necessitam de imediata

substituição, podendo ser recuperada sua forma, lisura, adaptação e brilho através

dos procedimentos de acabamento e polimento traduzindo em uma economia de

tempo e de custo para o paciente, de preservação de estrutura dental e aumento de

tempo de vida útil da restauração.

A substituição deste tipo de restauração deve ser bem avaliada, pois, por

vezes um novo acabamento e polimento são suficientes, evitando-se a substituição.

Por isso, este trabalho teve como objetivo avaliar a necessidade de substituição de

restaurações de amálgama, antes e após acabamento e polimento, apontando sua

justificativa, o que foi feito com acadêmicos do último ano do curso de Odontologia

da Universidade do Vale do Itajaí.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Silva e Corrêa (1996) realizaram uma pesquisa para verificar com que

freqüência os cirurgiões-dentistas da cidade de Brusque (SC) faziam substituições

de restaurações de amálgama, quais os motivos mais apontados para esta troca

bem como verificar a influência do acabamento e polimento sobre a decisão de troca.

Vinte dentes posteriores (dez pré-molares e dez molares) restaurados com

amálgama em cavidades classe I e II foram apresentados a 43 profissionais

cadastrados na ABO secção de Brusque (SC). A pesquisa foi dividida em duas

partes. Na primeira fase, os dentes 18 foram apresentados aos dentistas do modo

como estavam quando foram extraídos e foi perguntado se eles fariam a troca da

restauração e qual o motivo. Após isso, as restaurações sofreram acabamento e

polimento e foram levadas aos mesmos dentistas para responderem ao mesmo

questionamento. Os profissionais não sabiam que seriam submetidos a uma

segunda avaliação. Na primeira avaliação, 53% dos dentistas trocariam as

restaurações; na segunda avaliação, apenas 26%. Os motivos mais apontados na

primeira avaliação foram: infiltração marginal (19,7%) excesso de amálgama (13,2%)

ausência de anatomia (10,5%), e cárie secundária (11,5%). Na segunda avaliação

foram: infiltração marginal (10,1%) falta de amálgama (6%) cárie secundária (4,8%) e

fratura marginal (4,6%). Os resultados mostraram que os procedimentos de

acabamento e polimento influíram na decisão de substituição das restaurações de

amálgama.

Glina, Satut e Andrade (1997) discutiram a exposição ocupacional ao mercúrio

metálico de dentistas e assistentes, enfocando a avaliação biológica, os efeitos na

saúde e a avaliação ambiental. Os métodos utilizados foram visitas à unidade,

avaliação ambiental, mapas de riscos, dosagens de mercúrio urinário e avaliação da

saúde. Os resultados referentes ao ambiente e processos de trabalho mostraram: 1)

as concentrações de vapor de mercúrio que impregnavam o revestimento ou

tubulações de encanamentos variaram entre 0,001 e 0,051 mg/m3 de ar; 2)

exposição ocupacional, havendo 62,5% dos trabalhadores com dosagens de

mercúrio urinário entre 10 e 49µg/l e 37,5% abaixo de 10 µg/l em 1994. Estes

trabalhadores estiveram expostos desde 1992, sendo suas dosagens de mercúrio

urinário de 1992 inferiores às atuais; 3) vazamento de mercúrio e amalgamação

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inadequada, em função de um amalgamador defeituoso; 4) a necessidade de usar

um pedaço de camurça para obter um amalgama homogêneo e remover o excesso

de mercúrio; 5) a existência de riscos combinados e simultâneos na situação de

trabalho. Os resultados concernentes à saúde mostraram: 1) a prevalência de

sintomas relativos ao Sistema Nervoso Central; 2) sinais do quadro neurológico e/ou

do quadro psíquico, mas não do quadro gastrintestinal; 3) intoxicações crônicas de

leves a moderadas em 62,5% dos trabalhadores.

Pucci, Giachetti e Araújo (1998) estudaram as possibilidades de aumentar a

longevidade das restaurações de amálgama, analisando a microinfiltração marginal,

utilizando diferentes tipos de forramentos e analisando o mais adequado. Foram

selecionados quarenta dentes humanos. Todos os dentes foram limpos e

impermeabilizados no ápice com super bonder®. Os preparos classe V foram

executados nas faces vestibular e palatina (lingual) de cada dente. Foram divididos

em quatro grupos de dez, os quais receberam diferentes tratamentos: 1. Grupo

controle (sem forramento): o amálgama foi condensado diretamente no preparo

cavitário; 2. Grupo verniz: foram aplicadas duas camadas de verniz cavitário; 3.

Grupo adesivo: foi realizado condicionamento ácido, primer e em seguida adesivo; 4.

Grupo de Ionômero de Vidro: o ionômero foi levado à cavidade, sendo feita

imediatamente à condensação do amálgama. Todos os dentes restaurados

receberam duas camadas de esmalte para unha, com cores diferentes para cada

grupo. Mantiveram-se dois milímetros ao redor das restaurações sem o devido

isolamento de esmalte, para permitir a ação do corante. Para avaliar o grau de

infiltração foi utilizado o critério de escores diversos, de acordo com a penetração do

corante: 0. Sem penetração do corante; 1. penetração do corante nas paredes

gengival e/ou oclusal sem atingir parede axial; 2. penetração do corante nas paredes

gengival e/ou oclusal atingindo parede axial; 3. penetração do corante ao longo da

parede axial; 4. penetração do corante na parede axial e em direção a polpa; 5.

penetração do corante no interior na câmara pulpar. Os grupos controle e verniz

foram mais homogêneos e apresentaram médias maiores que os grupos adesivo e

ionômero de vidro. Nesses dois grupos foram observadas frequências menores que

as esperadas de unidades experimentais com baixo escore. No grupo ionômero

foram observadas frequências menores que a esperada de unidades experimentais

com escore alto e frequência maior do que a esperada de unidades experimentais

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com grau baixo. Estes resultados indicam a superioridade do grupo ionômero sobre

os demais grupos.

Andrade et al. (2000) verificaram a eficiência de quatro diferentes métodos de

acabamento e polimento de amálgama, aferindo a lisura superficial de quarenta

corpos-de-prova de amálgama com um rugosímetro. Os métodos de acabamento e

polimento analisados foram: Grupo 1: polimento imediato com taça de borracha em

baixa rotação e pedra pomes e água 15 minutos e 48 horas após a manipulação;

Grupo 2: polimento com taça de borracha em baixa rotação e pasta de pedra pomes

e água, em seguida pasta de branco de espanha e água e, por último, pasta de óxido

de zinco e água; Grupo 3: acabamento com brocas 12 lâminas em baixa rotação,

polimento com taça de borracha e pasta de pedra pomes e água, branco de espanha

e água e óxido de zinco e água; e grupo 4: acabamento com brocas 12 lâminas em

baixa rotação e polimento usando pontas de borrachas abrasivas na seqüência de

marrom, verde e azul, acompanhadas de gel lubrificante. Os autores concluíram que

o grupo 2 obteve a lisura superficial muito inferior à dos demais; o grupo 4 resultou

em melhor lisura de superfície e os grupos 1 e 3 apresentaram resultado semelhante,

inferior ao grupo 4 e melhor que o grupo 2.

Centola et al. (2000) estudaram efeito de quatro diferentes técnicas de

polimento de restaurações com amálgama feitas em cavidades padrão e

submeteram os corpos-de-prova a análise rugosimétrica. Utilizaram-se duas ligas

convencionais e três com alto teor de cobre no tempo de 168 horas após a inserção

na cavidade. A trituração foi efetuada segundo a indicação dos fabricantes e o

amálgama foi condensado em uma matriz de aço inoxidável fabricada especialmente

para a pesquisa. A matriz tinha uma cavidade de 4,0 mm de diâmetro por 2,0 mm de

profundidade. A massa de amálgama era dividida em 2 partes, levadas à cavidade

com uma pinça clínica, sendo que a primeira porção era condensada com um

condensador de Hollenback número 2, utilizando a ponta de menor diâmetro,

enquanto na segunda porção se utilizava a ponta de maior diâmetro. Cinco minutos

após a condensação, foi feita a escultura com uma lâmina de aço e em seguida a

brunidura. Depois de 25 minutos, utilizando-se um parafuso da própria matriz a

restauração de amálgama era retirada da matriz, na forma de um tablete e

armazenada em recipientes limpos e identificados. Grupo I - Grupo controle, Grupo

II - Taça de borracha + pedra-pomes e escova de Sweeney + óxido de zinco. Então,

168 horas após a condensação, os corpos-de-prova eram polidos .e submetidos aos

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testes de rugosimetria. Sendo que o grupo controle não era submetido a nenhum

tipo de polimento. Os autores concluíram que quando se utilizaram as brocas

multilaminadas para acabamento superficial da restauração, estas apresentaram

níveis de rugosidade superficial semelhantes aos corpos-de-prova não polidos.

Pode-se dizer também que a liga DFL foi a que exibiu valores mais altos de

rugosidade superficial, enquanto a liga GS 80 foi a que apresentou valores menores,

portanto melhores de rugosidade superficial.

Villa et al. (2002) analisaram os aspectos clínicos que devem ser

considerados no momento da avaliação de uma restauração de amálgama, para que

esta seja considerada satisfatória ou venha a ser indicada sua substituição. Usando

o bom senso, deve-se optar por sua preservação, se não houver riscos ao dente

vizinho (pontos de contato), ao antagonista e aos tecidos de suporte. Deve-se

considerar os seguintes itens: forma anatômica, recidiva de cárie, brilho e textura

superficial, integridade marginal e fratura de corpo. Segundo o sistema Ryge de

avaliação, criado por Gynnar Ryge em 1969, após avaliação clínica direta da

restauração, são emitidos conceitos como: A- alfa (ótimo/bom), B- bravo

(clinicamente aceitável), C-charlie (clinicamente satisfatório) e D-delta (clinicamente

inaceitável). A longevidade do amálgama depende de vários fatores, porém, o rigor e

conhecimento do profissional são os principais deles, ou seja, a realização do correto

preparo cavitário reduz o insucesso em 50%. A outra metade está na dependência

direta das técnicas aplicadas pelo operador e sua assistente, dos fatores inerentes à

liga utilizada e dos hábitos de dieta e higienização do paciente. O repolimento das

restaurações de amálgama antigas pode-se muitas vezes recuperá-los, prolongando

sua vida útil. Deve-se seguir procedimentos com parâmetros prefixados para que se

possa obter uma padronização na avaliação de restaurações de amálgama,

conhecida como sistema Ryge de avaliação clínica. Uma restauração de amálgama

pode ser recuperada e ter uma longevidade muito grande, surpreendendo o clínico.

Duran, Lima e Gonçalves (2004) avaliaram a influência do uso do CIV

associado ao amálgama com longo período de armazenamento, para verificar se a

redução na microinfiltração marginal é mantida, comprovando o sucesso dessa

técnica restauradora. Selecionaram 40 dentes bovinos jovens, em que foram

preparadas cavidades tipo Classe V, com brocas diamantadas 3053, na região

cérvico-vestíbulo-mediana, compreendendo a junção amelocementária, sendo

metade da restauração localizada no esmalte e a outra no cemento. Após profilaxia,

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com pedra-pomes, solução detergente e água, foram restauradas com uma camada

de CIV Vidrion R, sobre o qual, foi condensado amálgama convencional (Standalloy).

O acabamento das restaurações foi efetuado com brocas multilaminadas e o

polimento com escova de Robinson pasta de pedra-pomes e água e taça de

borracha, pasta branco de Espanha e água. Os espécimes foram submetidos à

ciclagem térmica em água a 5 °C e a 55 °C (± 2 °C), com 30 segundos em cada

temperatura num total de 500 ciclos. Foram corados com Azul de Metileno 0,5%

tamponado, em temperatura ambiente por 24 horas e lavados por 20 minutos. Os

corpos-de-prova foram, então, divididos em dois grupos: G1, avaliado 24 horas após

a imersão e G2, que ficaram armazenados durante 3 meses em estufa a 37 °C,

imersos em solução de Azida Sódica. Foram realizados dois cortes no sentido inciso-

cervical e a avaliação foi feita por dois examinadores calibrados em escores grau 0,

nenhuma penetração, grau 1, até o limite amelo-dentinário, grau 2, até a parede axial

e grau 3, até a câmara pulpar. Os valores medianos de infiltração marginal

encontrados para o esmalte e dentina não diferenciam, portanto, não houve

diferença estatística significante entre os Grupos I e II.

Dubinski, Cardoso e Hoeppner (2005) avaliaram as causas das substituições

de restaurações dentais dos pacientes atendidos nas disciplinas de Dentística II e

Clínica Integrada, do Curso de Odontologia da UNIPAR - Umuarama. A pesquisa foi

realizada durante 12 meses, por alunos do 3º e 4º anos orientados por professores

das referidas disciplinas. Foram avaliadas 352 restaurações substituídas, sendo 201

de amálgama de prata e 151 de resina composta. Os principais motivos que levaram

à troca das restaurações foram: reincidência de cárie para amálgama de prata e

manchamento de interface para as restaurações de resina composta. Observou-se

que um grande número de restaurações confeccionadas com material adesivo

apresentou cárie no decorrer de sua vida útil. 58 restaurações de resina composta

foram trocadas em um intervalo de uso de 1 a 5 anos. Enquanto 81 restaurações de

amálgama foram substituídas após tempo de uso entre 5 e 10 anos. Assim, concluiu-

se que para a resina composta, erro na técnica restauradora, mais sensível, e na

indicação clínica, podem comprometer sua longevidade. A busca pela estética e o

uso de parâmentros subjetivos adotados para o diagnóstico fazem com que o ciclo

restaurador se repita entre alunos e profissionais.

Fernandes e Ferreira (2005) avaliaram um programa de treinamento

participativo para padronização de critérios na avaliação de restaurações de

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amálgama. Um grupo de cinco professores da disciplina de clínica integrada de um

curso de odontologia avaliou 28 dentes permanentes extraídos contendo

restaurações de amálgama, antes e após a participação em um programa de

treinamento. Foram utilizados os exames visual e radiográfico e a avaliação final foi

agrupada em quatro categorias de julgamento: satisfatória, necessita de substituição

total, necessita de substituição parcial ou necessita de acabamento e polimento, com

justificativa da opção feita. O programa de treinamento foi constituído de quatro

sessões quinzenais: fundamentação teórica, calibração com slides, calibração com

dentes extraídos e elaboração da tabela de critérios. Os resultados mostraram um

aumento após o treinamento tanto no nível de concordância inter-examinadores

(índice Kappa) como no nível de acurácia em relação ao padrão ouro, e estes se

mantiveram, mesmo decorridos cinco meses após o termino do programa de

treinamento. Estes resultados sinalizam a possibilidade da utilização desta

metodologia para outras calibrações e para outros grupos.

Lustosa Neto e Prado Júnior (2006) dissertaram sobre reparo de

restaurações, pretendendo evitar a substituição desnecessária e o sobre tratamento

do paciente. Foi realizada uma pesquisa do tipo exploratória, através de um

levantamento bibliográfico, onde os autores fizeram uso de 13 referências,

publicados entre os anos de 1976 a 2004, e como palavras-chaves para as

determinadas referências utilizou-se: substituição, reparos e amálgama. Concluíram

que o reparo em restaurações de amálgama é uma opção conservadora e viável

clinicamente, apresentando inúmeras vantagens à substituição de toda a

restauração. Requer menor tempo para a sua confecção, é de fácil execução e o

custo é menor. Além disso, através deste procedimento, é possível preservar ao

máximo a estrutura dental sadia, minimizando o enfraquecimento do dente. Também

vale lembrar que a restauração é um procedimento que não cura a doença cárie e

que, para o controle dessa doença, não se pode deixar de lado os procedimentos de

promoção de saúde.

Morelli e Bittencourt (2006) avaliaram a frequência de substituição de

restaurações em amálgama executadas pelos cirurgiões dentistas nos municípios

de Florianópolis-SC e Itajaí-SC e quais os critérios que mais foram apontados pelos

profissionais como justificativa para suas trocas e, ainda, qual a influência do

acabamento e polimento sobre a decisão tomada de manter ou não a restauração. O

trabalho foi realizado em duas etapas, envolvendo o exame de 20 elementos

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dentais, por 30 cirurgiões dentistas atuantes em Florianópolis-SC e Itajaí-SC.

Durante a primeira etapa da pesquisa, o examinador era livre para conduzir a

pesquisa, manipulando cada dente, observando-os a olho nu e fazendo uso de uma

sonda exploradora clínica. Já, durante a segunda etapa, os mesmos elementos

dentais foram submetidos a uma técnica convencional e padronizada de acabamento

e polimento onde foram utilizadas brocas diamantadas cilíndricas número 1093 em

alta-rotação e brocas multilaminadas para acabamento de amálgama em baixa

rotação. Para o polimento inicial das restaurações de amálgama, foi aplicado pedra

pomes e água, após foi utilizado borrachas abrasivas para polimento de amálgama,

que consistem em um conjunto de 3 borrachas com formato de taças e 3 borrachas

com formato tronco-cônica. Cada um destes formatos apresenta 3 cores de

borracha, que foram utilizados exclusivamente nesta ordem: marrom, verde e azul.

Para o polimento final das restaurações foi utilizada a mistura de branco de espanha

e água aplicada com auxilio de taças de borracha. Tanto na primeira como na

segunda etapa, um questionário, foi aplicado e respondido pelos examinadores. A

primeira pergunta era referente à substituição ou não da restauração analisada que,

no caso de haver resposta positiva, era necessário determinar qual(is) critério(s)

utilizado(s) para esta decisão. Foram preestabelecidos 8 critérios de escolha: cárie

secundária, infiltração marginal, fratura de corpo, fratura marginal, ausência de

anatomia, falta de amálgama, excesso de amálgama, corrosão e ainda a alternativa

“outros” caso houvesse algum outro motivo para a substituição. Antes do

acabamento e polimento, 48,7 % das restaurações seriam trocadas pelos dentistas e

após o acabamento e polimento o percentual caiu para 29,5%, que indicariam as

trocas. O procedimento de acabamento e polimento executado corretamente e com

materiais adequados apresenta um alto grau de influência na decisão para

substituição de restauração de amálgama. Dentre os critérios preestabelecidos e

apresentados no questionário para que os cirurgiões-dentistas fizessem suas

decisões, o que mais obteve escolha no momento de trocas das restaurações foi o

critério denominado “ausência de anatomia”. Após a execução dos procedimentos de

acabamento e polimento os critérios que mais sofreram mudanças de opiniões

foram: ausência de anatomia e infiltração marginal, o primeiro com pequena e o

segundo com significativa queda na sua escolha; portanto, as substituições que

anteriormente foram assinaladas com estes critérios não foram mantidas pelos

cirurgiões-dentistas após a execução do acabamento e polimento. Os critérios

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escolhidos pelos cirurgiões-dentistas para efetuar a troca das restaurações variam

muito em uma mesma restauração e entre um indivíduo e outro.

Pereira et al. (2007) avaliaram as restaurações de amálgama efetuadas pelo

alunos de graduação do curso de odontologia da Universidade Norte do Paraná.

Foram avaliadas 100 restaurações com idade entre 3 e 7 anos, mediante o método

de avaliação clínica direta, levando-se em consideração a integridade marginal, a

corrosão, a fratura, a forma anatômica e a reincidência de cárie. Dois examinadores

participaram da avaliação, alcançando durante a calibração um coeficiente Kappa

0,96 e 0,92% intra e inter-examinadores respectivamente. Como resultado verificou-

se que 4,8% das restaurações foram consideradas inaceitáveis, 28% aceitáveis, e

67,2% satisfatórias, sendo que individualmente a característica que mais influenciou

o total foi a integridade marginal com 7,0% e a que menos influenciou foi a corrosão

com 3,0%. O estudo concluiu que a relação de dependência mais expressiva foi

entre a integridade marginal e a reincidência de cárie, e que se considerando o tipo

de liga utilizada, o padrão técnico dos operadores influenciou positivamente a

qualidade das restaurações.

Soncini et al. (2007) questionaram a longevidade das restaurações, usando

um ensaio clínico randomizado para comparar as taxas de substituição do material

restaurador em dentes posteriores das crianças, na Nova Inglaterra. Aleatoriamente

crianças de 6 a 10 anos foram selecionadas para os grupos que receberam

restaurações de amálgama, compômero ou resina composta e prospectivamente os

acompanharam por cerca de cinco anos, proporcionando um método imparcial para

avaliar a durabilidade dos materiais. A média ± desvio padrão de acompanhamento

foi de 2,8 ± 1,4 anos para restaurações de dentes primários e 3,4 ± 1,9 anos para

restaurações de dentes permanentes. Em dentes decíduos, a taxa de substituição foi

de 5,8 % dos compômeros contra 4,0 % de amálgamas (P = 0,10). Em dentes

permanentes, a taxa de substituição foi de 14,9 % dos compositos versus 10,8 % dos

amálgamas (P = 0,45), e a taxa de reparo foi de 2,8 % dos compositos versus 0,4 %

de amálgamas (P = 0,02). Concluíram que embora a diferença na longevidade não

fosse estatisticamente significativa, o compômero foi substituído significativamente

com mais freqüência devido à cárie recorrente e as restaurações de compósito

necessitaram sete vezes mais reparos que restaurações de amálgama.

Santos et al. (2008) avaliaram o nível de aprendizado obtido pelos estudantes

da Disciplina de Dentística 2 do Curso de Odontologia da Universidade Federal de

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Pernambuco para o tema: “tomada de decisão terapêutica frente à substituição de

restaurações”, em dois momentos distintos: no início e no final do semestre letivo.

Nestas ocasiões foram apresentadas fotos de restaurações de amálgama e resina

composta com ou sem falhas. Os estudantes decidiram por apenas uma das três

opções terapêuticas: trocar; reparar ou manter a restauração. Setenta e seis

estudantes matriculados participaram efetivamente das três avaliações. A aplicação

do teste Qui-quadrado não revelou diferenças significativas para um nível de

significância de 5% (p=0,511), quando comparadas a evolução do desempenho

entre as três turmas avaliadas, no entanto pôde-se observar uma tendência a

adoção de terapias mais conservadoras em duas turmas e um comportamento

oposto da terceira turma. Houve uma grande variabilidade no padrão de conduta

quanto à decisão de trocar, reparar ou substituir restaurações entre os estudados.

Sendo assim, é notória a necessidade da construção contínua do conhecimento

sobre o tema no decorrer do curso de graduação para que os estudantes possam,

de fato, assimilar critérios que resultem numa terapêutica restauradora conservativa.

Magalhães et al. (2009) determinaram a validade de fendas marginais e

manchamentos oclusais como critérios para o diagnóstico de cárie adjacente a

restaurações de amálgama. 124 dentes humanos extraídos, restaurados com

amálgama Classe I, foram submetidos a exame clínico em condições padronizadas.

Um examinador treinado registrou a presença de fendas na interface

dente/restauração, a ocorrência de manchamento cinza-azulado na superfície

oclusal e sua relação com a presença e severidade de lesões secundárias de cárie.

Os exames foram repetidos após 4 dias para cálculo da confiabilidade intra-

examinador. A inspeção de cortes seriados ao estereomicroscópio foi utilizada como

padrão-ouro. Seis dentes foram perdidos durante o estudo. Dos 118 restantes, 19

(16%) apresentaram manchamento oclusal cinza/azulado e 26 apresentavam fendas

marginais com largura superior a 0,20 mm, sendo que destes 14 tinham fendas

estreitas e 12 fendas amplas. Os critérios de avaliação apresentaram valores de

sensibilidade extremamente baixos. Pode ser concluído que fendas/valamentos e

manchamentos oclusais não se mostraram como critérios válidos para determinar

presença de cárie adjacente a restaurações de amálgama.

Pedrini et al. (2009) analisaram as razões para substituições de restaurações

de amálgama e resina composta dentre os pacientes atendidos na disciplina de

Clínica Integrada, da Faculdade de Odontologia de Araçatuba. Após a realização do

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exame dos pacientes para a coleta dos dados destinados à formulação do

diagnóstico, o plano de tratamento foi delineado utilizando fichas constando as

restaurações a serem substituídas, as razões para essa substituição, o material

restaurador utilizado e o número de faces restauradas. A seguir, todas as indicações

de substituições foram conferidas e checadas quanto à sua verdadeira necessidade

por 5 examinadores calibrados quanto aos conceitos teóricos sobre os critérios

propostos da necessidade ou não de substituição. O período de análise foi de 5 anos

(2001 a 2005). Para padronizar a análise das restaurações, foi anexado às fichas,

critérios para as substituições. Foram atendidos 856 pacientes, dos quais 753

necessitaram substituir restaurações. As principais razões que levaram a

substituição de restaurações de amálgama foram: adaptação marginal deficiente

(40,9%), recidiva de cárie (24,1%) e forma anatômica deficiente (15,4%). Para as

restaurações de resina composta foram: razões estéticas (31,4%), adaptação

marginal deficiente (29,2%) e recidiva de cárie (20,7%). A respeito da pouca

experiência clínica da população estudada (alunos de graduação), as razões para

substituição das restaurações não divergem da literatura sendo o fator estético o

principal motivo para as restaurações de resina composta e a adaptação marginal

deficiente para as de amálgama.

Cândido et al. (2010) abordaram os principais critérios para a tomada de

decisão diagnóstica e terapêutica frente à avaliação da qualidade das restaurações,

no sentido de mantê-las; repará-las ou substituí-las. Foi realizada uma pesquisa do

tipo exploratória, através de um levantamento bibliográfico, onde os autores fizeram

uso de 15 artigos, publicados entre os anos de 2003 a 2007, e como palavras-

chaves para os determinados artigos utilizou-se: restauração dentária permanente,

falha na restauração dentária, diagnóstico bucal. Apontaram que a cárie secundária

constitui a principal causa para substituir restaurações. Concluíram que as

restaurações devem ser avaliadas com auxilio do exame tátil, visual e radiográfico,

em caso de dúvida quanto à substituição ou não, procedimentos de acabamento,

polimento e preservação devem ser adotados. O material de escolha para realizar os

reparos das porções defeituosas das restaurações é a resina composta.

Popoff et al. (2010) avaliaram a microinfiltração em restaurações de

amálgama com reparo em amálgama ou amálgama adesivo. Foram utilizados trinta

pré-molares humanos restaurados com amálgama que foram extraídos. Simulou-se

um defeito nas restaurações reparado com: Grupo 1. Amálgama (n=15) (Permite C-

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SDI); Grupo 2. Amálgama adesivo (n=15) (Caulk 34% Condicionador dentário Gel –

Dentsply + Prime & Bond 2.1 – Dentsply + Permite C-SDI). Os dentes foram imersos

em solução de nitrato de prata a 50%, termociclados e então, secionados

longitudinalmente através da restauração e examinados por três examinadores

usando um estereomicroscópio. A microinfiltração foi avaliada pela penetração de

corante com uma escala de 0 a 4. Diferenças entre os grupos foram verificadas pelos

testes Kruskal Wallis e Dunn. Na interface reparo/dente, a técnica de reparo com

amálgama adesivo foi significativamente mais efetiva, apresentando menor

microinfiltração (escore 0=53.3%, P= 0,0012). Já na interface reparo/restauração,

houve menor microinfiltração nas restaurações reparadas com amálgama

convencional (escore 0=86.7%, P<0,001). Os autores concluíram que nenhum dos

materiais eliminou a microinfiltração completamente. O uso de sistemas adesivos

tem efeito significativo no selamento da interface reparo/dente, entretanto para

interface reparo/restauração, ele pode aumentar a microinfiltração.

Fernandez et al. (2011) avaliaram o tempo médio de sobrevida de selamento

marginal, recuperação e reparo de restaurações de amálgama e compósitos

resinosos com defeitos localizados, como tratamento para aumentar a longevidade

das restaurações. Este foi um estudo longitudinal envolvendo 66 pacientes com 271

restaurações classe I e II, clinicamente diagnosticadas e com defeitos localizados.

Cada restauração foi incluída num dos seguintes grupos: Selamento Marginal

(n=48), Recuperação (n=73), Reparo (n=27), Substituição (n=42) e Sem tratamento

(n=81). Dois examinadores calibrados avaliaram as restaurações no início e

anualmente durante 4 anos, usando os critérios de Ryge modificados: adaptação

marginal, forma anatômica, rugosidade, cárie secundária e brilho. Cinquenta e dois

pacientes com 208 restaurações foram avaliados após 4 anos; a distribuição das

restaurações nos grupos foi a seguinte: Selamento Marginal (n=36), Recuperação

(n=63), Reparo (n=21), Substituição (n=28) e Sem tratamento (n=60). O teste de

Kaplan Meier mostrou que o grupo do Selamento Marginal apresentou o menor valor

de MST, enquanto que o grupo do Reparo mostrou o maior valor, para as

restaurações avaliadas após o acompanhamento de 4 anos. As restaurações de

amálgama e compósitos tratadas com selamento de fissuras marginais, recuperação

da forma anatômica, brilho ou rugosidade e reparo de cárie secundária, tiveram

aumento de longevidade.

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Lobo et al. (2011) questionaram o emprego das resinas compostas em dentes

posteriores, em uma tentativa de auxiliar os clínicos quando existir dúvida em

substituir as restaurações de amalgama por resina compostas. Foi realizada uma

pesquisa do tipo exploratória, através de um levantamento bibliográfico, onde os

autores fizeram uso de 10 artigos, publicados entre os anos de 2000 até 2007, e

como palavras-chaves para os determinados artigos utilizou-se: amálgama dental,

resina composta, restauração dentária permanente, longevidade, estética. Segundo

a revisão realizada, alguns segmentos de Odontologia acreditam que o amálgama é

a melhor indicação para restaurações dos dentes posteriores, especialmente em

pacientes que a higiene oral não é satisfatória, permitindo a realização dos

procedimentos clínicos cirúrgicos com maior longevidade e baixo custo. É sugerido

que outros estudos sejam conduzidos, fim de alcançar uma resposta mais realista

sobre o uso adequado e indicações.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi do tipo descritivo, transversal, mediante coleta de dados

primários. A população-alvo foi de acadêmicos do último ano do curso de

Odontologia da UNIVALI. A amostra foi não probabilística, sendo obtida por

conveniência. Os critérios de inclusão na amostra foram os seguintes: acadêmicos

matriculados nos últimos semestres do curso (8° e 9° períodos), que aceitaram, por

livre e espontânea vontade, participar da pesquisa, mediante assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TECLE (APÊNDICE A).

O presente trabalho foi desenvolvido em duas etapas, envolvendo o exame de

30 elementos dentais, provenientes do Banco de Dentes do Curso de Odontologia

da UNIVALI, com restaurações de amálgama classe I e classe II.

O exame dos elementos dentais selecionados com restaurações de

amálgama foi realizado por acadêmicos (30 alunos), todos do Curso de Odontologia

da UNIVALI, em Itajaí.

Na primeira etapa, os elementos dentais selecionados foram apresentados,

em grupos de três elementos dentais, montados em blocos de gesso com contato

proximal (Figura 1), em que cada examinador analisou as restaurações na situação

em que se encontravam no momento da extração. A montagem dos dentes em

blocos de gesso teve por objetivo uma maior aproximação da situação clínica. O

examinador ficou livre para conduzir a pesquisa e manipular cada bloco, observando-

os a olho nu, dentro da clínica do curso. Eles foram instruídos a aplicar os mesmos

critérios para os exames clínicos rotineiramente realizados em sua prática clinica.

Para a segunda etapa, os mesmos elementos examinados anteriormente,

foram submetidos a uma técnica convencional e padronizada de acabamento e

polimento. Foram utilizadas brocas multilaminadas para acabamento de amálgama,

montadas em baixa rotação (Figura 2). Para o polimento das restaurações foram

utilizadas pastas para polimento veiculadas com taças de borracha e/ou escova de

Robson na seguinte sequência: pedra pomes e água (Figura 4); provi gloss® (Figura

5), óxido de zinco e álcool (Figura 6) e, para o polimento final, utilizou-se uma bolinha

de algodão com pó de óxido de zinco, montada em uma broca para baixa

velocidade, sobre a superfície seca da restauração (Figura 7).

Os elementos dentais selecionados aleatoriamente foram registrados por

fotografia, antes e após os procedimentos de acabamento e polimento.

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Um formulário contendo perguntas sobre a decisão e os critérios de

substituição das restaurações de amálgama, foi aplicado e respondido pelos

examinadores. (ANEXO A). A primeira pergunta foi referente à substituição ou não

da restauração analisada que, no caso de resposta positiva, era necessário

determinar qual(is) o(s) critério(s) utilizado(s) para esta decisão. Foram

preestabelecidos 8 critérios de escolha: cárie secundária, infiltração marginal, fratura

de corpo, fratura marginal, ausência de anatomia, falta de amálgama, excesso de

amálgama, corrosão e ainda a alternativa “outros” caso houvesse algum outro motivo

para a substituição. Caso a resposta fosse negativa não precisaria ser justificada.

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da

UNIVALI, tendo sido aprovado sob o número 429/10.

A análise dos dados foi efetuada através da distribuição de frequência relativa

e comparação dos resultados da etapa um com os resultados da etapa dois. Os

resultados serão levados ao conhecimento dos participantes da pesquisa, durante a

apresentação pública do trabalho, na Semana de Iniciação Científica do Curso de

Odontologia e, também, pela disponibilização de uma cópia impressa e em CD do

relatório final que serão encaminhadas a Biblioteca Setorial de Odontologia.

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Figura 1. Foto inicial

Figura 2. Acabamento com brocas multilaminadas em baixa rotação.

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Figura 3. Após acabamento. .

Figura 4. Escova de Robson em baixa velocidade com pedra pomes e água. .

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Figura 5. Taça de borracha em baixa velocidade com Provi gloss®.

Figura 6. Taça de borracha em baixa velocidade com Óxido de zinco e álcool.

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Figura 7. Broca de baixa velocidade com bolinha de algodão e pó de óxido de zinco.

Figura 8. Após polimento final.

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4 RESULTADOS

No gráfico 1, observa-se a porcentagem de restaurações de amálgama que

seriam substituídas pelos acadêmicos antes e após o procedimento de acabamento

e polimento.

Gráfico1 - Porcentagem das restaurações de amálgama com indicação de substituição pelos acadêmicos antes e após acabamento e polimento.

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No gráfico 2 consta a porcentagem dos critérios escolhidos pelos acadêmicos

para justificar a necessidade de substituição das restaurações de amálgama antes e

após os procedimentos de acabamento e polimento.

Gráfico 2 – Porcentagem dos critérios escolhidos pelos acadêmicos para justificar a necessidade de substituição das restaurações de amálgama antes e após o acabamento e polimento.

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5 DISCUSSÃO

Na análise do Gráfico 1 constatou-se que 51,88% das restaurações foram

indicadas para substituição pelos acadêmicos na etapa 1. Após a realização dos

procedimentos adequados de acabamento e polimento esses números caíram para

32,33% de indicação, confirmando os resultados também obtidos por Silva e Corrêa

(1996) e por Morelli e Bittecourt (2006) que, apesar do público-alvo das pesquisas

ser diferente, apresentaram resultados similares.

Silva e Corrêa (1996) realizaram a pesquisa com 43 cirurgiões-dentistas da

cidade de Brusque (SC) analisando 20 dentes. Na primeira avaliação, 53% dos

dentistas trocariam as restaurações; na segunda avaliação, apenas 26%. Já Morelli e

Bittecourt (2006) realizaram a pesquisa com 30 cirurgiões-dentistas atuantes em

Florianópolis (SC) e Itajaí (SC) analisando 20 dentes. Na primeira avaliação, 48,7%

dos dentistas trocariam as restaurações; na segunda avaliação, apenas 29,5%

indicariam as trocas.

Estes resultados revelam a grande influência dos procedimentos de

acabamento e polimento, como citado por Villa et al. (2002) onde o repolimento das

restaurações de amálgamas antigas pode muitas vezes recuperá-las, prolongando

sua vida útil. O autor destaca ainda que a longevidade do amálgama depende de

vários fatores, sendo o rigor e conhecimento do profissional os principais, ou seja, a

realização do correto preparo cavitário reduz o insucesso em 50%. A outra metade

está na dependência direta das técnicas aplicadas pelo operador, dos fatores

inerentes à liga utilizada e dos hábitos de dieta e higienização do paciente.

Durante a apresentação dos questionários foi permitido que os acadêmicos

optassem por mais de um critério de substituição ou se houvesse algum critério que

não tivesse sido preestabelecido o entrevistado poderia citá-lo no espaço delimitado

a “outros”; portanto, o número de critérios assinalados pelos cirurgiões dentistas não

corresponde ao número de restaurações substituídas por eles antes e após os

procedimentos de acabamento e polimento.

Analisando o Gráfico 2, antes dos procedimentos de acabamento e polimento

das restaurações, constatou-se que a “ausência de anatomia” (33,02%), “excesso de

amálgama” (29,56%) “infiltração marginal” (24,01%), “corrosão” (19,39%) e “falta de

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amálgama” (18,47%), foram os critérios mais apontados pelos acadêmicos para

justificarem os motivos de suas substituições.

Após o acabamento e polimento das restaurações estes mesmos critérios

tiverem suas porcentagens alteradas para: “infiltração marginal” (32,99%), “ausência

e anatomia” (25,77%), “excesso de amálgama” (23,02%), “falta de amálgama”

(17,53%) e “corrosão” (8,59%).

No item “cárie secundária” pode se observar um aumento significativo da

etapa 1 (5,54%) para etapa 2 (10,31%), provavelmente o motivo que levou a este

percentual após o acabamento e polimento, foi a diminuição dos seguintes critérios:

“ausência de anatomia”, ”fratura marginal”, “fratura de corpo”, “falta de amálgama”,

“excesso de amálgama” e “corrosão” que na primeira avaliação estavam tão

evidenciados que os acadêmicos não observaram a recidiva de cárie. No trabalho de

Silva e Corrêa (1996) o item “cárie secundária” baixou significativamente entre as

duas avaliações (11,5% e 4,8%), ao contrário de Morelli e Bittencourt (2006), que

tiveram valores 10,4% na primeira etapa e 17,1% na segunda, resultados também

diferentes do presente trabalho.

Dubinski et al.(2005) constatou em sua pesquisa que o principal motivo que

leva a troca de restaurações de amálgama é a reincidência de cárie. Candido et al.

(2010) em sua pesquisa constatou que cárie secundária é a principal causa para

substituição de restaurações.

Outro item que chama a atenção é “infiltração marginal”, que aumenta sua

porcentagem significativamente da primeira etapa (24,01%) para a segunda etapa

(32,99%), diferente dos trabalhos anteriores que diminuíram seus percentuais entre

as etapas Silva e Corrêa (1996) 19.7% e 10,1% etapa 1 e 2 respectivamente e

27,7% e 17,6% etapa 1 e 2 de Morelli e Bittencourt (2006). Porém na realização dos

procedimentos de acabamento os excessos de restauração são removidos,

evidenciando a interface dente-restauração e deixando-as mais perceptíveis, sendo

um possível motivo do aumento da porcentagem deste critério na etapa 2.

Os resultados dos itens “fratura marginal” e “ausência de anatomia” foram

similares aos dos trabalhos anteriormente citados. No critério “fratura de corpo”

houve uma diferença significativa entre etapa 1 (5,08%) e etapa 2 (0,69%),

acreditamos que apesar de ser um defeito quase incorrigível, os números

apresentados mostraram que foi obtido um bom resultado.

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O critério “excesso de amálgama” mostrou resultados interessantes, pois

muitos dentes na primeira etapa realmente possuíam mais amálgama do que o

necessário (29,56%), mas após os procedimentos de acabamento e polimento o

resultado mostrou números ainda elevados (23,02%), podendo supor que os

procedimentos que visavam diminuir o excesso, não foram bem realizados, porém

acreditamos que o real motivo seria a de que os examinadores não possuem este

critério bem definido.

No item “falta de amálgama” os resultados da etapa 1 e 2 foram

respectivamente 18,47% e 17,53%, possuindo diferença estatística similar entre as

etapas, confirmando a o resultado obtido por Silva e Corrêa (1996) 9,8% e 6,0% nas

etapas 1 e 2 respectivamente. Já Morelli e Bittencourt (2006) apresentaram um

resultado diferente: primeira etapa 11,9%, segunda etapa 28,1%, que justificaram o

motivo destes números como consequência de perda na quantidade de material

restaurador durante os procedimentos de acabamento e polimento. Porém,

acreditamos que nesta pesquisa os procedimentos realizados na etapa 2 não tiveram

como consequência grande perda de material restaurador, “sendo indicado para

porções defeituosas das restaurações, reparos com resina composta”, Candido et al

(2010), aumentando a longevidade da restauração e evitando trocas desnecessárias.

Quanto à “corrosão”, Morelli e Bittencourt (2006) obtiveram como resultados

na primeira etapa (1,8%) e segunda etapa (2,4%), resultados diferentes aos desta

pesquisa, que mostraram 19,39% e 8,59% na primeira e segunda etapa,

respectivamente. O esperado seria melhorar o estado da corrosão do amálgama,

que o correu no presente trabalho, porém a justificativa do trabalho de 2006 foi à

presença de um corpo de prova apresentando uma liga defeituosa, que respondeu

contrariamente ao procedimento de acabamento e polimento.

Apesar da significativa evolução na qualidade dos compósitos odontológicos,

restaurações de amálgama ainda têm sua indicação, principalmente porque as

resinas compostas não apresentam a resistência do amálgama, amplamente

comprovada na prática clínica, além de sua tolerância às deficiências de técnica na

manipulação e aplicação. A técnica correta na utilização dos materiais é imperativa

para que os seus resultados sejam os melhores possíveis, pois são aspectos

diretamente relacionados à longevidade das restaurações, o que é corroborado por

Pereira et al. (2007) que concluiu que se considerando o tipo de liga utilizada, o

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padrão técnico dos operadores influencia positivamente na qualidade das

restaurações.

Uma restauração só pode ser dada como concluída após os procedimentos

de acabamento e polimento os quais, executados corretamente e com materiais

adequados, apresentam um alto grau de influência na decisão para substituição de

restauração de amálgama.

A concepção de saúde do profissional é determinante na sua avaliação do

paciente, sobretudo quando se defronta com restaurações “antigas” de amálgama.

Se sua concepção for restauradora e não de promoção da saúde, qualquer motivo

será justificativa para indicar a substituição das mesmas. O exame minucioso deve

incluir adequadas condições como iluminação, posição do paciente e operador,

radiografias quando se julgar necessário, para que a avaliação seja eficiente. Na

dúvida, a postura de “preservar e acompanhar” devem ser a escolha.

No caso de dúvida quanto à substituição de restaurações, independentemente

do material, a mesma conduta deve ser adotada associando-se a procedimentos de

acabamento e polimento, além de sempre se dever considerar a possibilidade de

reparos, o que é reafirmado por Cândido et al. (2010) os quais acrescentam que

material de escolha para realizar os reparos das porções defeituosas das

restaurações é a resina composta.

Sendo assim, é notória a necessidade da construção contínua do

conhecimento sobre o tema no decorrer do curso de graduação para que os

estudantes possam, de fato, assimilar critérios que resultem numa terapêutica

conservativa.

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6 CONCLUSÃO

Após a aplicação da metodologia descrita concluiu-se que:

• Os procedimentos de acabamento e polimento possuem grande influência na

indicação de substituição das restaurações de amálgama.

• Os critérios escolhidos pelos acadêmicos para justificar a troca das

restaurações variaram muito em uma restauração e de um avaliador para outro.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO

Substituição? Qual o motivo desta escolha?

Den

tes

Sim Não Cárie sec.

Infilt. Marg.

Frat. Marg.

Frat. Corp.

Aus. Anat.

Exc. Amálg.

Falta Amálg.

Corro são

outros

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06

07

08

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Abreviações: Cárie sec.: cárie secundária Infilt. Marg.: infiltração marginal Frat. Marg.: fratura marginal Frat. Corp.: fratura de corpo Aus. Anat.: ausência de anatomia Exc. Amálg.: excesso de amálgama Falta Amálg.: falta de amálgama