incompetênciaterritorial(art.17ºcppt)

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PROCESSO TRIBUTÁRIO Art. 17º CPPT Incompetência territorial em processo judicial 1. A infração das regras de competência territorial determina a incompetência relativa do tribunal ou serviço periférico local ou regional onde correr o processo. 2. A incompetência relativa só pode ser arguida: a) No processo de impugnação, pelo representante da Fazenda Pública, antes do início da produção da prova; b) No processo de execução, pelo executado, até findar o prazo para a oposição. 3. Se a petição de impugnação for apresentada em serviço periférico local ou regional territorialmente incompetente, o seu dirigente promoverá a sua remessa para o serviço considerado competente no prazo de 48 horas, disso notificando o impugnante. Competência Territorial dos Tribunais Tributários: As regras de competência dos Tribunais Tributários encontram-se previstas no artigo 12º do CPPT. Art. 12º CPPT Competência dos Tribunais 1. Os processos da competência dos Tribunais Tributários são julgados em 1ª instância pelo Tribunal da área do serviço periférico local onde se praticou o ato objeto da impugnação ou onde deva instaurar-se a execução. 2. No caso de atos tributários ou em matéria tributária praticados por outros serviços da AT, julgará em 1ª Instância o tribunal da área do domicilio ou sede do contribuinte, da situação dos bens ou da transmissão. Conhecimento da Competência: Conhecimento Oficioso e dependente de arguição No artigo 13º do CPTA estabelece-se que a competência dos tribunais administrativos, em qualquer das suas espécies, é de ordem pública e o seu conhecimento precede o de outra matéria. Por isso, nos processos a que se aplicam as normas do contencioso administrativo a incompetência territorial também será de conhecimento oficioso. O artigo 17º apenas estabelece um regime especial sobre a arguição da incompetência territorial relativamente aos processos de impugnação e de execução fiscal.

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IncompetênciaTerritorial(Art.17ºCPPT)

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Page 1: IncompetênciaTerritorial(Art.17ºCPPT)

PROCESSO TRIBUTÁRIO

Art. 17º CPPT

Incompetência territorial em processo judicial

1. A infração das regras de competência territorial determina a incompetência relativa do tribunal ou serviço

periférico local ou regional onde correr o processo.

2. A incompetência relativa só pode ser arguida:

a) No processo de impugnação, pelo representante da Fazenda Pública, antes do início da produção da prova;

b) No processo de execução, pelo executado, até findar o prazo para a oposição.

3. Se a petição de impugnação for apresentada em serviço periférico local ou regional territorialmente

incompetente, o seu dirigente promoverá a sua remessa para o serviço considerado competente no prazo

de 48 horas, disso notificando o impugnante.

Competência Territorial dos Tribunais Tributários:

As regras de competência dos Tribunais Tributários encontram-se previstas no artigo 12º do CPPT.

Art. 12º CPPT

Competência dos Tribunais

1. Os processos da competência dos Tribunais Tributários são julgados em 1ª instância pelo Tribunal da área do

serviço periférico local onde se praticou o ato objeto da impugnação ou onde deva instaurar-se a execução.

2. No caso de atos tributários ou em matéria tributária praticados por outros serviços da AT, julgará em 1ª

Instância o tribunal da área do domicilio ou sede do contribuinte, da situação dos bens ou da transmissão.

Conhecimento da Competência:

Conhecimento Oficioso e dependente de arguição

No artigo 13º do CPTA estabelece-se que a competência dos tribunais administrativos, em qualquer das suas

espécies, é de ordem pública e o seu conhecimento precede o de outra matéria.

Por isso, nos processos a que se aplicam as normas do contencioso administrativo a incompetência territorial

também será de conhecimento oficioso.

O artigo 17º apenas estabelece um regime especial sobre a arguição da incompetência territorial relativamente

aos processos de impugnação e de execução fiscal.

Page 2: IncompetênciaTerritorial(Art.17ºCPPT)

Assim, relativamente a todos os processos judiciais tributários que não sejam de impugnação nem de execução

fiscal será aplicável aquele regime do CPTA, como legislação subsidiária, por força do artigo 2º (c) CPPT.

Nos processos de impugnação e de execução fiscal, a incompetência territorial não é de conhecimento oficioso,

só podendo ser declarada na sequência de arguição.

Como processos de impugnação devemos considerar todos aqueles a que no CPPT é dada tal designação.

Assim, será aplicável tal regime aos processos de:

Impugnação da Liquidação de Tributos, de atos de autoliquidação, de retenção na fonte e pagamento por

conta;

Impugnação dos atos de Fixação da Matéria Tributável (quando não haja lugar a liquidação);

Impugnação do Indeferimento Total ou Parcial de Reclamações Graciosas dos atos Tributários;

Impugnação dos atos administrativos em matéria tributária que comportem a apreciação da legalidade do ato

de liquidação;

Impugnação dos Agravamentos à coleta;

Impugnação dos Atos de Fixação de Valores patrimoniais;

Impugnação das Providências Cautelares adotadas pela AT;

Impugnação de atos de apreensão;

(Art. 97º (1) e art. 143º CPPT)

Ficam de fora do âmbito de aplicação deste regime:

Providencias cautelares de natureza judicial:

Requeridas pela AT: Arresto e Arrolamento (art. 135º, 136º e 140º CPPT);

Requeridas pelos particulares: (art.137º (6) CPPT).

Momento em que deve apreciar-se a incompetência territorial

Efetuada a arguição da incompetência territorial, o tribunal deve apreciar essa questão, depois de ouvida a parte

contrária, como exige o princípio do contraditório (art.3º (3) CPC).

O tribunal não pode deixar de se pronunciar sobre essa questão, como lhe impõem os art. 152º (1) e 608º (2)

CPC, subsidiariamente aplicáveis, por força do disposto no art. 2º (e) CPPT.

O conhecimento deverá ser efetuado antes da produção de prova, por razões de economia processual e pelas

vantagens que a imediação da produção de prova perante o juiz que vai julgar de mérito tem para julgamento da

matéria de facto.

(art.17º (2) CPPT)

Se o tribunal, indevidamente, apesar de a incompetência territorial ser arguida tempestivamente, não apreciar

essa questão antes do momento de proferir a decisão final, não pode deixar de a apreciar nesse momento.

Page 3: IncompetênciaTerritorial(Art.17ºCPPT)

Declaração de incompetência judicial – Remessa do processo ao tribunal competente

Na sequência da decisão judicial de incompetência territorial, o processo é oficiosamente enviado ao tribunal

declarado competente (art.18º (1) CPPT).

A declaração da incompetência territorial não tem reflexos na tempestividade do ato praticado pelo interessado,

pois a petição considera-se apresentada na data do primeiro registo do processo (art. 18º (4) CPPT).

Legitimidade para arguir incompetência territorial

Representante da fazenda pública nos processos de impugnação antes do início da produção de prova;

Executado no processo de execução fiscal no prazo de oposição.

Está afastada a possibilidade de a incompetência ser arguida por outras entidades, inclusivamente pelo MP, ou

ser apreciada oficiosamente pelo juiz.

Esta solução vigora apenas para os casos de impugnação e de oposição.

Relativamente a processos de outro tipo, na falta de norma especial do contencioso tributário, tem de fazer-se

apelo às normas sobre processo nos tribunais administrativos, por força do art. 2º (c) CPPT.

Assim, relativamente a todos os outros processos tem de se aplicar o previsto no art. 13º CPTA, em que estabelece

genericamente, que a competência, em qualquer das suas espécies é de ordem pública.

Ou seja, nestes casos não estará na disponibilidade das partes, pelo que é de conhecimento oficioso e pode ser

suscitada a todo o tempo, por qualquer interessado ou pelo MP.

Page 4: IncompetênciaTerritorial(Art.17ºCPPT)

Apresentação da P.I. a serviço incompetente

No art.17º (3) do CPPT estabelece-se que, se a petição de impugnação for apresentada em serviço da AT

territorialmente incompetente, o seu dirigente promoverá a remessa para o serviço considerado competente, no

prazo de 48 horas, disso notificando o impugnante.

À face da redação inicial do artigo 103º (1) CPPT, a petição de impugnação, embora desses inicio a um processo

judicial, era obrigatoriamente apresentada ao serviço periférico local onde tivesse sido ou devesse legalmente

considerar-se praticado o ato tributário, considerando-se este praticado na área do domicilio ou sede do

contribuinte, da situação dos bens ou da liquidação (nº2).

Na sequencia da apresentação da petição, o órgão periférico local a quem a petição fosse apresentada devia

preparar o processo, de harmonia com o preceituado no artigo 110º (2) CPPT na redação inicial, autuando a

petição, apensando o processo administrativo ou elemento equivalente que tivesse servido de base ao ato

impugnado ou o processo de reclamação, e juntando documentos e informações.

Para além disso, nos termos do art.111º do CPPT, na redação inicial, o serviço periférico local deveria tomar

posição sobre a impugnação, podendo deferi-la ou enviar o processo ao órgão periférico regional para

apreciação, que podia revogar total ou parcialmente o ato impugnado.

Nos casos em que o ato fosse totalmente revogado, o processo era arquivado, não sendo sequer

remetido ao tribunal.

Era a existência destas obrigações de a AT levar a cabo esta atividade antes da apresentação da petição ao tribunal

e o facto de só ter legitimidade para revogar o ato impugnado autoridade que fosse para tal territorialmente

competente, que justificavam que fosse tomada posição pelo órgão periférico local ou pelo órgão periférico

regional sobre a competência territorial para a apreciação da impugnação nos termos do artigo 17º (3) CPPT,

apesar de a petição ser dirigida ao Tribunal.

Tratava-se, aqui, de um regime especial para conhecimento da incompetência territorial, que se traduzia em ela

ser conhecida oficiosamente, que estava em sintonia com o previsto no art. 61º (2) LGT, para o procedimento

tributário, pois era um conhecimento oficioso pela AT da questão da sua própria competência para os atos que

devia praticar no processo.

Assim, a petição deixou de ser obrigatoriamente apresentada no órgão periférico local, podendo sê-lo

diretamente no tribunal, e, mesmo nos casos em que seja apresentada àquele órgão periférico, deixou de ter

qualquer atividade administrativa prévia, quer relativa à organização do processo, quer à apreciação da

impugnação, tendo aquele órgão obrigação de enviar a petição ao tribunal tributário competente no prazo de 5

dias após o pagamento da taxa de justiça inicial (art.103º (3) CPPT).

Parece dever considerar-se revogado o artigo 17º (3) CPPT, pois não se compreenderia, que, em vez de enviar a

petição de impugnação ao tribunal a quem o impugnante a dirigiu, a fosse enviar ao outro órgão periférico local,

para ser este a efetuar a remessa.

REGIME

ANTIGO