incêndios força-tarefa da união identifica acidentes como

1
Campo Grande-MS |Quarta-feira, 23 de setembro de 2020 A5 CIDADES Incêndios Carteira Digital Calote Curto-circuito de máquinas agrícolas, rompimento de cabos e até extração de mel foram identificados por peritos Força-tarefa da União identifica acidentes como causas de queimadas no Pantanal Aplicativo de trânsito permite pagamento de multas com até 40% de desconto Queimadas no Pantanal: Imasul já aplicou R$ 3,77 milhões em multas Chico Ribeiro Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que as chuvas registradas na segunda-feira (21) reduziram em 46% os focos de queimadas em Mato Grosso do Sul. Entre os dias 17 e 18 de setembro, foram contabilizados 2,586 mil focos de queimadas em todo o Estado. Com as pancadas de chuvas no domingo (20), mais de mil focos foram controlados. De segunda- feira (21) até ontem (22), foram contabilizados 1,382 mil focos, segundo o Inpe. Mesmo com a redução de focos, a situação ainda é crítica em MS. Equipes do PrevFogo, Ibama, Bombeiros de Mato Grosso do Sul e Paraná continuam com o combate às chamas na região da Serra do Amolar, Nhecolândia, Parque Estadual das Nascentes do Taquari, em Alcinópolis, e em propriedades rurais de Costa Rica. Chuvas aliviam focos de incêndio Rafael Ribeiro Curtos-circuitos em má- quinas agrícolas, rompimentos de cabos de alta-tensão, aci- dentes de trânsito e até extração de mel. Estes foram alguns dos agentes que iniciaram o fogo que, com clima seco, destruiu 2,9 milhões de hectares do Pantanal (19,3% do total do bioma), sendo que, desse total, 1,165 milhão de hectares está em Mato Grosso do Sul (12,7% do total da área). A informação foi divulgada pelo Ciman (Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional), espécie de força-tarefa de órgãos do governo federal, entre eles Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Defesa Civil Nacional, Funai (Fundação Nacional do Índio), Incra (Insti- tuto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), ICMBio (Ins- tituto Chico Mendes de Con- servação da Biodiversidade) e autarquias dos ministérios da Defesa e Justiça e Segurança Pública. No relatório feito pelos pe- ritos, ainda em fase inicial, é apontado que a explosão de um carro em uma fazenda pe- cuarista de Poconé (MT), em 20 de julho, foi o estopim para a propagação do fogo. Segundo o texto, os bombeiros do estado vizinho chegaram a conter o incêndio, mas as chamas perma- neceram nas raízes das árvores e se propagaram em combustão com o tempo seco, consumindo 116,8 mil hectares em 171 focos de incêndio. A partir desse incidente, a reação foi em cadeia, com in- cêndios de grandes proporções se alastrando por conta de pro- blemas gerados justamente pelo clima extremamente seco, como panes em maquinários agrícolas e rompimento de cabos de alta- -tensão. Há focos de incêndio criados até por motivos poucos usuais, como o incêndio de raízes de ár- vores para usar a fumaça para afugentar abelhas de colmeias e, dessa forma, poder fazer a extração dos favos de mel. De acordo com o Ibama, 98% das queimadas no bioma Pan- tanal são oriundas de ações humanas. O problema para os órgãos federais de fiscalização Mariana Moreira O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), órgão vinculado à Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Fami- liar), em quase nove meses, já aplicou R$ 3,77 milhões em multas ambientais por incên- dios. O montante é 43% maior que os R$ 2,34 milhões aplicados em multas durante todo o ano passado. O número de autu- ações mais que dobrou, pas- sando de 20 em 2019 para 42 até setembro de 2020. Em 2018, foram aplicadas 15 autuações com multas que somaram R$ 552 mil. As multas de 2020 foram aplicadas em 28 municípios de Mato Grosso do Sul, e em 2019, em 13 municípios. Em 2018, 11 municípios foram autuados. Conforme o titular da Semagro, Jaime Verruck, as multas apli- cadas em 2020 não incluem a Operação Focus, desencadeada pelo governo do Estado para identificar a origem dos incên- dios na região do Pantanal. “Em 2020 temos uma fiscali- zação mais intensiva em relação aos incêndios e os números serão muito maiores do que no ano passado, quando já tivemos uma fiscalização sistemática”, afirmou o secretário. Todas as multas aplicadas pela equipe de fiscalização do Imasul e da PMA (Polícia Militar Ambiental) geram uma investi- gação criminal realizada pela Polícia Civil, entretanto, nem todo o valor autuado chega aos cofres públicos. A média é de que 30% das multas são pagas, visto que o processo de defesa do autuado passa por várias esferas. Dados de área queimada do Sistema Alarme (Alerta de Área queimada com Monitoramento Estimado por Satélite) e do Lasa- -UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) apontam que, até 20 de setembro deste ano, por volta de 21% do Pantanal foi consumido pelas chamas. A área queimada no bioma equivale a 3,1 milhões de hec- tares, um aumento de 118% em relação ao mesmo período de 2019. Só em Mato Grosso, os incêndios cresceram 608%, apenas em 2020, 1,9 milhão de hectares já foram consumidos pelo calor no estado vizinho. Em MS, o crescimento no número das queimadas repre- Dayane Medina O aplicativo CDT (Carteira Digital de Trânsito), que já reúne as versões digitais da CNH (Carteira Nacional de Ha- bilitação) e do CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos), agora oferece a opção de pagamento de todos os tipos de multas de trânsito de forma eletrônica e com desconto de até 40%. A novidade anunciada pelo Denatran (Departamento Na- cional de Trânsito) fez a junção do SNE (Serviço de Notificação Eletrônica) na Carteira Digital, mantendo assim único aplica- tivo. Desde ontem (22), os ser- viços já seguem um novo padrão facilitado. Segundo a diretora de habi- litação do Detran-MS (Depar- tamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul), Loretta Figuei- redo, os motoristas já cadas- trados apenas precisam atua- lizar o aplicativo da carteira. Para novos usuários, o ca- minho será o mesmo, com a diferença de que a adesão será feita no momento que o condutor permitir o aplicativo. Ao fazer isso, as notificações de multas chegam a partir da CDT. “O desconto das multas é de 20%, mas se ela for paga pelo aplicativo, ela pode ter redução de até 40% em seu valor. No en- tanto, para obter esse desconto, o condutor precisa desistir de interpor recurso contra a in- fração”, explicou Loretta. Dos 148.384 mil condutores que já utilizam o aplicativo no Estado, Loretta acredita que o número de usuários do CDT deve aumentar. “Hoje é tudo feito na CDT e agora está com- pleto, tem CNH, licenciamento e infrações”, comentou. O Denatran informou ainda que, por enquanto, pessoas jurí- dicas continuam usando o SNE para gerenciar as infrações dos veículos de suas frotas, mas as pessoas físicas já podem utilizar o sistema para gerenciar as multas pelo aplicativo da CDT. Sem receber os honorários combinados, o advogado Jean Cabreira decidiu não responder mais pela defesa de Cleber de Souza Carvalho, 43 anos, que ficou conhecido como o “Pedreiro da Morte” após con- fessar o assassinato de sete pessoas em Campo Grande desde 2018. A decisão foi comunicada oficialmente à Justiça na se- gunda-feira (21) e, com isso, Cabreira também deixou de representar a mulher e a filha de Carvalho, também presas pela única morte da qual o Pe- dreiro da Morte foi indiciado até agora: a do comerciante José Leonel Ferreira dos Santos, 61, enterrado na própria casa onde morava, na Vila Nasser, região norte da Capital, no início de maio. Desde agosto, Cabreira vinha reclamando em conversas com a imprensa sobre o não recebimento dos pagamentos prometidos por Carvalho e seus familiares para executar a defesa. Foi por decisão do advogado que a Justiça do Estado decidiu realizar a perícia do acusado para avaliar a alegação de que ele teria insanidade mental. A avaliação foi realizada no fim de agosto pelo psiquiatra Rodrigo Abdo e não tem prazo para ser concluída. Caso a justificativa de insa- nidade mental da defesa seja atestada, Carvalho pode ser considerado inimputável pelo crime, ou seja, incapaz de res- ponder pelos crimes. Isso não o tiraria da prisão, mas sim o deixaria “internado judicial- mente”, com tratamento psiqui- átrico constante e avaliações rotineiras. Um parecer favorável à jus- tificativa da defesa, por parte do médico, mudaria toda a di- nâmica dos crimes pelos quais Carvalho ainda pode ser acu- sado formalmente na Justiça. Até agora, o Pedreito da Morte só foi acusado formal- mente também pelo assassi- nato de Timóteo Pontes Roman, 62. Outros cinco crimes, em que ele é réu confesso e chegou inclusive a apontar onde os corpos estavam enterrados, ainda dependem da conclusão dos inquéritos. (RR) Bombeiros exterminam os focos de incêndio para evitar novas queimadas na região ambiental é que a prática co- meçou justamente após 1º de julho, data em que se iniciou o período proibitivo de quei- madas. E foi nesse cenário que a PF foi acionada para investigar a origem do fogo em MS. Na avaliação do Ciman, a situação foi usada por produtores rurais para fazer alguns incêndios com o objetivo de abrirem pastos para a pecuária. Só que a situ- ação saiu do controle. O trabalho dos peritos do Ciman vai dar a diretriz de atuação da Polícia Federal em operações desencadeadas para identificar a responsabilidades de produtores rurais nos incên- dios, como a Matáá em MS, que desde a semana passada inves- tiga cinco fazendeiros pelo início das queimadas. Os agentes in- vestigam se aconteceu com o Pantanal algo similar ao “Dia do Fogo”, quando fazendeiros e empresários do Pará organi- zaram queimadas na Amazônia em agosto do ano passado. “Queremos descobrir quem foram os autores das quei- madas”, disse o delegado da PF Daniel Rocha, em referência ao fato de que os incêndios que destroem o bioma teriam sido provocados pela ação humana – e não por conta do período seco. As propriedades investigadas pela Polícia Federal na Ope- ração Matáá ficam próximas do Parque Nacional do Pantanal, na senta 5% a mais, em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro de 2020 até agora, 1,2 milhão de hectares foram destruídos pelos focos de calor no Pantanal sul-mato-grossense. Ibama Apesar dos registros histó- ricos de incêndios no Pantanal, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) diminuiu as fiscalizações em Mato Grosso do Sul. As multas aplicadas pelo instituto relacionadas à vegetação, como desmatamento e queimadas ilegais, caíram 22% em 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado. De 1º de janeiro de 2020 até 14 de setembro, o Ibama aplicou 50 multas contra infratores do Estado, por violações envol- vendo a vegetação. No mesmo período de 2019, foram regis- trados 64 autos de infração. Advogado deixa defesa de ‘Pedreiro da Morte’ divisa dos dois estados, e, se- gundo o delegado, são grandes fazendas de pecuaristas. Na segunda-feira (21), o go- verno do Estado já havia di- vulgado que a Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul aguarda apenas ter o resul- tado oficial dos laudos periciais em mãos para começar a autu- ação das fazendas na região do Pantanal, após as investigações da Operação Focus, como foi batizada a força-tarefa capita- neada por servidores do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), bombeiros e policiais militares e civis sobre a responsabilidade de produ- tores rurais sobre as chamas. Também foi deflagada ação coordenada entre ministérios públicos de 17 estados, incluindo MS, voltada a coibir o desmata- mento e a proteger as regiões de floresta que integram o bioma da Mata Atlântica. A operação conta com a participação e o apoio de diversas instituições, com o objetivo de coibir o desma- tamento e proteger as regiões de floresta que compõem o bioma. O fim da operação está previsto para o dia 1º de outubro. Com 35% do bioma, as multas aplicadas no Estado de Mato Grosso foram ainda menores: em 2020, foram 173 infrações relacionadas à flora, ao passo que em 2019 foram 361, uma redução de 52%. Juntando os dados das infrações nos dois estados que abrigam o Pantanal, a queda de multas é de 48%. Desmatamento De acordo com o levanta- mento realizado pela ONG (or- ganização não governamental) Ecoa, em 2020, em média 76 hectares de vegetação nativa são desmatados por dia no Pantanal. Nessa região, a aber- tura de novas pastagens para a criação de gado é a principal causa da supressão de vege- tação natural. Nos seis primeiros meses deste ano, por volta de 13,3 mil hectares foram desmatados no bioma. O número já representa 80% de toda a área desma- tada em 12 meses de 2019. De acordo com o biólogo da Ecoa, Thiago Miguel Oliveira, desses desmatamentos em 2020, “apenas 1,18% tiveram autorização para a supressão”, afirmou. Sobre os números, o biólogo reiterou que a redução nas fiscalizações e o atual ce- nário político corroboram para o desmate desenfreado. “Con- forme a fiscalização vai sendo afrouxada, a tendência é que a cada ano se desmate mais”, lamentou. O diretor-presidente da Ecoa, André Siqueira, res- saltou que, além de fatores climáticos severos, as ações humanas aplicadas desde 1970 e que continuam equivocadas, como grandes projetos de hidro energia e barragens, implicam diretamente no cenário atual do Pantanal. Siqueira afirmou que, em decorrência da crise hídrica, as ações humanas se potencializaram no Pantanal. Por conta da seca, o Rio Para- guai e seus afluentes, princi- pais reguladores de desmata- mento e queimadas no bioma, não foram capazes de segurar a ação do homem em planícies que deveriam estar úmidas ou alagadas por completo. Conforme o diretor-presi- dente, que teve acesso às dili- gências realizadas no Pantanal, grande parte das queimadas, colocadas pelos proprietários das fazendas que estão sendo investigadas, foi justamente para que se pudesse disfarçar o desmatamento.

Upload: others

Post on 16-Oct-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Incêndios Força-tarefa da União identifica acidentes como

Campo Grande-MS |Quarta-feira, 23 de setembro de 2020

A5

cidadESIncêndios

Carteira DigitalCalote

Curto-circuito de máquinas agrícolas, rompimento de cabos e até extração de mel foram identificados por peritos

Força-tarefa da União identifica acidentes como causas de queimadas no Pantanal

Aplicativo de trânsito permite pagamento de multas com até 40% de desconto

Queimadas no Pantanal: Imasul já aplicou R$ 3,77 milhões em multas

Chico Ribeiro

Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que as chuvas registradas na segunda-feira (21) reduziram em 46% os focos de queimadas em Mato Grosso do Sul. Entre os dias 17 e 18 de setembro, foram contabilizados 2,586 mil focos de queimadas em todo o Estado.

Com as pancadas de chuvas no domingo (20), mais de mil focos foram controlados. De segunda-feira (21) até ontem (22),

foram contabilizados 1,382 mil focos, segundo o Inpe.

Mesmo com a redução de focos, a situação ainda é crítica em MS. Equipes do PrevFogo, Ibama, Bombeiros de Mato Grosso do Sul e Paraná continuam com o combate às chamas na região da Serra do Amolar, Nhecolândia, Parque Estadual das Nascentes do Taquari, em Alcinópolis, e em propriedades rurais de Costa Rica.

Chuvas aliviam focos de incêndio

Rafael Ribeiro

Curtos-circuitos em má-quinas agrícolas, rompimentos de cabos de alta-tensão, aci-dentes de trânsito e até extração de mel. Estes foram alguns dos agentes que iniciaram o fogo que, com clima seco, destruiu 2,9 milhões de hectares do Pantanal (19,3% do total do bioma), sendo que, desse total, 1,165 milhão de hectares está em Mato Grosso do Sul (12,7% do total da área).

A informação foi divulgada pelo Ciman (Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional), espécie de força-tarefa de órgãos do governo federal, entre eles Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Defesa Civil Nacional, Funai (Fundação Nacional do Índio), Incra (Insti-tuto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), ICMBio (Ins-tituto Chico Mendes de Con-servação da Biodiversidade) e autarquias dos ministérios da Defesa e Justiça e Segurança Pública.

No relatório feito pelos pe-ritos, ainda em fase inicial, é

apontado que a explosão de um carro em uma fazenda pe-cuarista de Poconé (MT), em 20 de julho, foi o estopim para a propagação do fogo. Segundo o texto, os bombeiros do estado vizinho chegaram a conter o incêndio, mas as chamas perma-neceram nas raízes das árvores e se propagaram em combustão com o tempo seco, consumindo 116,8 mil hectares em 171 focos de incêndio.

A partir desse incidente, a reação foi em cadeia, com in-cêndios de grandes proporções se alastrando por conta de pro-blemas gerados justamente pelo clima extremamente seco, como panes em maquinários agrícolas e rompimento de cabos de alta--tensão.

Há focos de incêndio criados até por motivos poucos usuais, como o incêndio de raízes de ár-vores para usar a fumaça para afugentar abelhas de colmeias e, dessa forma, poder fazer a extração dos favos de mel.

De acordo com o Ibama, 98% das queimadas no bioma Pan-tanal são oriundas de ações humanas. O problema para os órgãos federais de fiscalização

Mariana Moreira

O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), órgão vinculado à Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Fami-liar), em quase nove meses, já aplicou R$ 3,77 milhões em multas ambientais por incên-dios. O montante é 43% maior que os R$ 2,34 milhões aplicados em multas durante todo o ano passado. O número de autu-ações mais que dobrou, pas-sando de 20 em 2019 para 42 até setembro de 2020. Em 2018, foram aplicadas 15 autuações com multas que somaram R$ 552 mil.

As multas de 2020 foram aplicadas em 28 municípios de Mato Grosso do Sul, e em 2019, em 13 municípios. Em 2018, 11 municípios foram autuados. Conforme o titular da Semagro, Jaime Verruck, as multas apli-cadas em 2020 não incluem a Operação Focus, desencadeada pelo governo do Estado para identificar a origem dos incên-dios na região do Pantanal.

“Em 2020 temos uma fiscali-zação mais intensiva em relação aos incêndios e os números

serão muito maiores do que no ano passado, quando já tivemos uma fiscalização sistemática”, afirmou o secretário.

Todas as multas aplicadas pela equipe de fiscalização do Imasul e da PMA (Polícia Militar Ambiental) geram uma investi-gação criminal realizada pela Polícia Civil, entretanto, nem todo o valor autuado chega aos cofres públicos. A média é de que 30% das multas são pagas, visto que o processo de defesa do autuado passa por várias esferas.

Dados de área queimada do Sistema Alarme (Alerta de Área queimada com Monitoramento Estimado por Satélite) e do Lasa--UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) apontam que, até 20 de setembro deste ano, por volta de 21% do Pantanal foi consumido pelas chamas.

A área queimada no bioma equivale a 3,1 milhões de hec-tares, um aumento de 118% em relação ao mesmo período de 2019. Só em Mato Grosso, os incêndios cresceram 608%, apenas em 2020, 1,9 milhão de hectares já foram consumidos pelo calor no estado vizinho.

Em MS, o crescimento no número das queimadas repre-

Dayane Medina

O aplicativo CDT (Carteira Digital de Trânsito), que já reúne as versões digitais da CNH (Carteira Nacional de Ha-bilitação) e do CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos), agora oferece a opção de pagamento de todos os tipos de multas de trânsito de forma eletrônica e com desconto de até 40%.

A novidade anunciada pelo Denatran (Departamento Na-cional de Trânsito) fez a junção do SNE (Serviço de Notificação Eletrônica) na Carteira Digital, mantendo assim único aplica-tivo. Desde ontem (22), os ser-

viços já seguem um novo padrão facilitado.

Segundo a diretora de habi-litação do Detran-MS (Depar-tamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul), Loretta Figuei-redo, os motoristas já cadas-trados apenas precisam atua-lizar o aplicativo da carteira.

Para novos usuários, o ca-minho será o mesmo, com a diferença de que a adesão será feita no momento que o condutor permitir o aplicativo.

Ao fazer isso, as notificações de multas chegam a partir da CDT. “O desconto das multas é de 20%, mas se ela for paga pelo aplicativo, ela pode ter redução de até 40% em seu valor. No en-

tanto, para obter esse desconto, o condutor precisa desistir de interpor recurso contra a in-fração”, explicou Loretta.

Dos 148.384 mil condutores que já utilizam o aplicativo no Estado, Loretta acredita que o número de usuários do CDT deve aumentar. “Hoje é tudo feito na CDT e agora está com-pleto, tem CNH, licenciamento e infrações”, comentou.

O Denatran informou ainda que, por enquanto, pessoas jurí-dicas continuam usando o SNE para gerenciar as infrações dos veículos de suas frotas, mas as pessoas físicas já podem utilizar o sistema para gerenciar as multas pelo aplicativo da CDT.

Sem receber os honorários combinados, o advogado Jean Cabreira decidiu não responder mais pela defesa de Cleber de Souza Carvalho, 43 anos, que ficou conhecido como o “Pedreiro da Morte” após con-fessar o assassinato de sete pessoas em Campo Grande desde 2018.

A decisão foi comunicada oficialmente à Justiça na se-gunda-feira (21) e, com isso, Cabreira também deixou de representar a mulher e a filha de Carvalho, também presas pela única morte da qual o Pe-dreiro da Morte foi indiciado até agora: a do comerciante José Leonel Ferreira dos Santos, 61, enterrado na própria casa onde morava, na Vila Nasser,

região norte da Capital, no início de maio. Desde agosto, Cabreira vinha reclamando em conversas com a imprensa sobre o não recebimento dos pagamentos prometidos por Carvalho e seus familiares para executar a defesa.

Foi por decisão do advogado que a Justiça do Estado decidiu realizar a perícia do acusado para avaliar a alegação de que ele teria insanidade mental. A avaliação foi realizada no fim de agosto pelo psiquiatra Rodrigo Abdo e não tem prazo para ser concluída.

Caso a justificativa de insa-nidade mental da defesa seja atestada, Carvalho pode ser considerado inimputável pelo crime, ou seja, incapaz de res-

ponder pelos crimes. Isso não o tiraria da prisão, mas sim o deixaria “internado judicial-mente”, com tratamento psiqui-átrico constante e avaliações rotineiras.

Um parecer favorável à jus-tificativa da defesa, por parte do médico, mudaria toda a di-nâmica dos crimes pelos quais Carvalho ainda pode ser acu-sado formalmente na Justiça.

Até agora, o Pedreito da Morte só foi acusado formal-mente também pelo assassi-nato de Timóteo Pontes Roman, 62. Outros cinco crimes, em que ele é réu confesso e chegou inclusive a apontar onde os corpos estavam enterrados, ainda dependem da conclusão dos inquéritos. (RR)

Bombeiros exterminam os focos de incêndio para evitar novas queimadas na região

ambiental é que a prática co-meçou justamente após 1º de julho, data em que se iniciou o período proibitivo de quei-madas.

E foi nesse cenário que a PF foi acionada para investigar a origem do fogo em MS. Na avaliação do Ciman, a situação foi usada por produtores rurais para fazer alguns incêndios com o objetivo de abrirem pastos para a pecuária. Só que a situ-ação saiu do controle.

O trabalho dos peritos do Ciman vai dar a diretriz de atuação da Polícia Federal em operações desencadeadas para identificar a responsabilidades de produtores rurais nos incên-dios, como a Matáá em MS, que desde a semana passada inves-tiga cinco fazendeiros pelo início das queimadas. Os agentes in-vestigam se aconteceu com o Pantanal algo similar ao “Dia do Fogo”, quando fazendeiros e empresários do Pará organi-

zaram queimadas na Amazônia em agosto do ano passado.

“Queremos descobrir quem foram os autores das quei-madas”, disse o delegado da PF Daniel Rocha, em referência ao fato de que os incêndios que destroem o bioma teriam sido provocados pela ação humana – e não por conta do período seco. As propriedades investigadas pela Polícia Federal na Ope-ração Matáá ficam próximas do Parque Nacional do Pantanal, na

senta 5% a mais, em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro de 2020 até agora, 1,2 milhão de hectares foram destruídos pelos focos de calor no Pantanal sul-mato-grossense.

Ibama Apesar dos registros histó-

ricos de incêndios no Pantanal, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) diminuiu as fiscalizações em Mato Grosso

do Sul. As multas aplicadas pelo instituto relacionadas à vegetação, como desmatamento e queimadas ilegais, caíram 22% em 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado.

De 1º de janeiro de 2020 até 14 de setembro, o Ibama aplicou 50 multas contra infratores do Estado, por violações envol-vendo a vegetação. No mesmo período de 2019, foram regis-trados 64 autos de infração.

Advogado deixa defesa de ‘Pedreiro da Morte’

divisa dos dois estados, e, se-gundo o delegado, são grandes fazendas de pecuaristas.

Na segunda-feira (21), o go-verno do Estado já havia di-vulgado que a Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul aguarda apenas ter o resul-tado oficial dos laudos periciais em mãos para começar a autu-ação das fazendas na região do Pantanal, após as investigações da Operação Focus, como foi batizada a força-tarefa capita-neada por servidores do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), bombeiros e policiais militares e civis sobre a responsabilidade de produ-tores rurais sobre as chamas.

Também foi deflagada ação coordenada entre ministérios públicos de 17 estados, incluindo MS, voltada a coibir o desmata-mento e a proteger as regiões de floresta que integram o bioma da Mata Atlântica. A operação conta com a participação e o apoio de diversas instituições, com o objetivo de coibir o desma-tamento e proteger as regiões de floresta que compõem o bioma. O fim da operação está previsto para o dia 1º de outubro.

Com 35% do bioma, as multas aplicadas no Estado de Mato Grosso foram ainda menores: em 2020, foram 173 infrações relacionadas à flora, ao passo que em 2019 foram 361, uma redução de 52%. Juntando os dados das infrações nos dois estados que abrigam o Pantanal, a queda de multas é de 48%.

DesmatamentoDe acordo com o levanta-

mento realizado pela ONG (or-ganização não governamental) Ecoa, em 2020, em média 76 hectares de vegetação nativa são desmatados por dia no Pantanal. Nessa região, a aber-tura de novas pastagens para a criação de gado é a principal causa da supressão de vege-tação natural.

Nos seis primeiros meses deste ano, por volta de 13,3 mil hectares foram desmatados no bioma. O número já representa 80% de toda a área desma-tada em 12 meses de 2019. De acordo com o biólogo da Ecoa, Thiago Miguel Oliveira, desses desmatamentos em 2020, “apenas 1,18% tiveram autorização para a supressão”, afirmou. Sobre os números, o biólogo reiterou que a redução

nas fiscalizações e o atual ce-nário político corroboram para o desmate desenfreado. “Con-forme a fiscalização vai sendo afrouxada, a tendência é que a cada ano se desmate mais”, lamentou. O diretor-presidente da Ecoa, André Siqueira, res-saltou que, além de fatores climáticos severos, as ações humanas aplicadas desde 1970 e que continuam equivocadas, como grandes projetos de hidro energia e barragens, implicam diretamente no cenário atual do Pantanal. Siqueira afirmou que, em decorrência da crise hídrica, as ações humanas se potencializaram no Pantanal. Por conta da seca, o Rio Para-guai e seus afluentes, princi-pais reguladores de desmata-mento e queimadas no bioma, não foram capazes de segurar a ação do homem em planícies que deveriam estar úmidas ou alagadas por completo.

Conforme o diretor-presi-dente, que teve acesso às dili-gências realizadas no Pantanal, grande parte das queimadas, colocadas pelos proprietários das fazendas que estão sendo investigadas, foi justamente para que se pudesse disfarçar o desmatamento.