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330 INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR: A ACESSIBILIDADE FÍSICA E ATITUDINAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA, CAMPUS DE JI-PARANÁ Sônia Carla Gravena Cândido da Silva – UNIR Carmen Tereza Velanga – UNIR Jusiany Pereira da Cunha dos Santos – UNIR Eixo Temático: Políticas de inclusão/exclusão em educação Categoria: Comunicação Oral INTRODUÇÃO A qualidade de vida das pessoas com deficiências é tema de numerosos debates sociais atualmente. Muitas instituições, organizações dedicam-se a estudar e lutar pelos direitos da pessoa com deficiência buscando cada dia mais aumentar sua participação nos órgãos representativos na busca de melhores condições de vida e saúde. A Constituição Federal (CF, 1988), em seu artigo 206 abre o discurso educacional do tema quando baseia o ensino nos critérios de igualdade de condições para acesso e permanência na escola de todas as pessoas sem distinção, e especifica a educação das pessoas com deficiência no seu artigo 208 quando afiança a efetivação da educação mediante a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Numa perspectiva histórica, a educação da pessoa com deficiência que, até então, acontecia somente em instituições especiais particulares ou filantrópicas passa a ser pensada numa perspectiva inclusiva na rede regular de ensino e amparada também pela Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que norteia todo o processo educacional no Brasil. Em instituições de ensino superior, a inclusão da pessoa com deficiência foi regulamentada pela Portaria 1.679/99, revogada posteriormente pela Portaria 3284/2003. Neste documento fica assegurado às pessoas com qualquer deficiência condições básicas de

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INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR: A ACESSIBILIDADE FÍSICA E

ATITUDINAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA UNIVERSIDADE

FEDERAL DE RONDÔNIA, CAMPUS DE JI-PARANÁ

Sônia Carla Gravena Cândido da Silva – UNIR Carmen Tereza Velanga – UNIR

Jusiany Pereira da Cunha dos Santos – UNIR Eixo Temático: Políticas de inclusão/exclusão em educação

Categoria: Comunicação Oral

INTRODUÇÃO

A qualidade de vida das pessoas com deficiências é tema de numerosos debates sociais

atualmente. Muitas instituições, organizações dedicam-se a estudar e lutar pelos direitos da

pessoa com deficiência buscando cada dia mais aumentar sua participação nos órgãos

representativos na busca de melhores condições de vida e saúde.

A Constituição Federal (CF, 1988), em seu artigo 206 abre o discurso educacional do tema

quando baseia o ensino nos critérios de igualdade de condições para acesso e permanência

na escola de todas as pessoas sem distinção, e especifica a educação das pessoas com

deficiência no seu artigo 208 quando afiança a efetivação da educação mediante a garantia

de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente

na rede regular de ensino.

Numa perspectiva histórica, a educação da pessoa com deficiência que, até então,

acontecia somente em instituições especiais particulares ou filantrópicas passa a ser

pensada numa perspectiva inclusiva na rede regular de ensino e amparada também pela Lei

9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que norteia todo o processo educacional

no Brasil.

Em instituições de ensino superior, a inclusão da pessoa com deficiência foi regulamentada

pela Portaria 1.679/99, revogada posteriormente pela Portaria 3284/2003. Neste

documento fica assegurado às pessoas com qualquer deficiência condições básicas de

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acessibilidade ao nível superior, de mobilidade e de utilização de equipamentos e

instalações das instituições de ensino.

1 OBJETIVOS

O principal objetivo deste estudo foi identificar e analisar as barreiras enfrentadas pelo

aluno com deficiência no ensino superior, barreiras que impedem o seu acesso ao

conhecimento na Universidade Federal de Rondônia, campus de Ji-Paraná, observando

ainda os tipos e dimensões de acessibilidade existentes ou ausentes no campus que

dificultam o pleno desenvolvimento da pessoa com deficiência. Ao investigar a legislação

brasileira vigente relacionada à promoção da acessibilidade em instituições de ensino

superior a pesquisa pretende demonstrar o abismo entre o que prevê a legislação e o que de

fato ocorre nas Universidades brasileiras.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa tem uma abordagem qualitativa, do tipo exploratória e descritiva. Os

instrumentos de pesquisa utilizados foram a analise documental, leis e documentos

normativos da acessibilidade como: as normas técnicas da Associação Brasileira de normas

técnicas (ABNT), decretos e leis de acessibilidade no ensino superior.

Na segunda etapa da pesquisa realizamos uma visita ao campus para a observação com

fotos da estrutura física e acessibilidade arquitetônica. Outro importante instrumento

utilizado foi entrevista semi estruturada realizada com o gestor do campus que nos indicou

os alunos com deficiência do campus, um que cursa Matemática, e ainda outro aluno

egresso deste mesmo curso.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Ao tratar de inclusão de pessoas com deficiência, quer seja na educação básica ou no

ensino superior, versamos sobre a qualidade do ensino que se oferta a todos sem distinção,

segundo Mantoan (2013, s/p):

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[...] o sucesso da inclusão de alunos com deficiência na escola decorre, portanto, das possibilidades de se conseguir progressos significativos desses alunos na escolaridade, por meio da adequação das práticas pedagógicas à diversidade dos aprendizes.

Nesta perspectiva, a acessibilidade é um dos importantes pontos a ser discutido e

investigado para garantir o sucesso na inclusão. A adequação dos meios físicos e

pedagógicos se faz necessária para que o conhecimento esteja disponível a todos.

De acordo com o Relatório Mundial da Pessoa com Deficiência (2012) considera-se

deficiente a pessoa em situação permanente com perdas ou redução de sua estrutura

anatômica, fisiológica, psicológica ou mental, gerando inabilidade para algumas

atividades. A acessibilidade como conquista social busca retirar barreiras que impeçam a

pessoa com deficiência de participar da sociedade mesmo com suas perdas ou reduções

causadas pela deficiência.

O termo “acessibilidade” remete a qualidade do que é acessível. Velanga e Silveira (2013)

destacam acessibilidade como importante para o debate acerca da inclusão:

[...] o direito à acessibilidade se trata de auxílios técnicos que servem para promover, através de certas facilidades que ajudam a contornar os obstáculos que se apresentam o desempenho das mesmas tarefas possíveis de ser realizadas por pessoas sem qualquer tipo de deficiência. (VELANGA e MOREIRA, 2013, s/p)

De acordo com o Decreto Lei 5.296/2004, acessibilidade é: “ [...]condição para utilização,

com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos

urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de

comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade

reduzida[...]”.

Porém como pontua Sassaki (2006): “[...] hoje a acessibilidade não mais se restringe ao

espaço físico, à dimensão arquitetônica”. Para que se tenha pleno acesso a Universidade,

ao ensino de qualidade as pessoas com deficiências enfrentam ainda muitas outras barreiras

como a da indiferença, preconceitos, dentre outras que impedem a plena participação nas

escolas, Universidades e sociedade como um todo. Estas outras formas de acessibilidade

são descritas por Sassaki (2006) como dimensões:

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a) Dimensão arquitetônica: que trata de aspectos físicos como

sinalizações, acessos, rampas, estacionamentos;

b) Dimensão Comunicacional: que trata de barreiras na comunicação

entre pessoas como tradutor/interprete para surdos, textos ampliados e em

Braille, comunicação interpessoal;

c) Dimensão Metodológica: sem barreiras nos métodos e técnicas de

lazer, trabalho e educação como adaptações curriculares, técnicas de

treinamento profissional diferenciadas;

d) Dimensão Instrumental: sem barreiras nos instrumentos,

ferramentas, utensílios;

e) Dimensão Programática: sem barreiras imperceptíveis em leis,

decretos, portarias;

f) Dimensão Atitudinal: sem preconceitos, estereótipos, estigmas e

discriminações nos comportamentos da sociedade;

Sendo assim, a acessibilidade arquitetônica foi observada segundo a Associação Brasileira

de Normas Técnicas (ABNT) que é o órgão responsável pela normatização técnica no país,

entidade privada, sem fins lucrativos que estabelece base necessária ao desenvolvimento

tecnológico brasileiro. Em 2005 esta associação publicou a versão corrigida para padrões

de acessibilidade: “Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos

urbanos” (NBR 9050). Este documento estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem

observados quando da elaboração do projeto, construção, instalação e adaptação de

edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.

4 OS DADOS DA PESQUISA E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A pesquisa foi realizada no campus da Universidade Pública de Rondônia, no primeiro

trimestre de 2013, com observações acerca do que prevêem as normas técnicas, legislação

vigente e reais necessidades das pessoas com deficiência. Em nossa observação pudemos

destacar que o estacionamento do campus não está de acordo com a ABNT, pois não

possuem sinalização horizontal e vertical de acordo com o símbolo internacional de acesso,

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a rota do estacionamento até a entrada principal não possui rampas e não existem vagas

destinadas a deficientes.

As entradas, saídas, rotas de interligação da Universidade não estão todas de acordo com o

que prevê a ABNT, com rampas, elevadores, sinalização tátil, luminosa, corrimão. Dois

prédios de construções mais antigas não possuem nem um tipo de acessibilidade física,

nem banheiros acessíveis, nem rampas. Dois outros prédios são organizados em rampas,

com banheiros acessíveis, porém não possuem piso tátil, sinalização horizontal e nem

vertical.

Para atender a acessibilidade comunicacional as instituições de ensino superior devem

disponibilizar, quando necessário, tradução e interpretação em LIBRAS para alunos

surdos, textos em BRAILLE para alunos cegos, textos com fontes ampliadas para alunos

com baixa visão, e recursos tecnológicos acessíveis para pessoas com deficiências. Em

entrevista com o gestor do campus de Ji-Paraná, foi possível constatar que a Universidade

não tem alunos matriculados que necessitem de tais recursos de acessibilidade, e que,

portanto, hoje a Universidade não possui profissional habilitado e capacitado para tais

adequações. Não foi possível vislumbrar projetos para contratação de tais profissionais por

enquanto.

No que tange a acessibilidade metodológica e instrumental, a UNIR/Ji-Paraná possui um

grupo de pesquisa em educação inclusiva denominado de GEIPEI – Grupo de Estudos

Interativos e Pesquisa em Educação Inclusiva, vinculado ao Observatório Nacional de

Educação Especial (ONEESP) e conseguindo aos poucos se estruturar dentro também do

recém-criado Observatório Estadual; este grupo tem reuniões quinzenais para debate do

tema Educação Especial na perspectiva da Inclusão. Um dos principais objetivos do grupo

é contribuir para a implantação de uma política de Educação para TODOS, no município

de Ji-Paraná e região, e para tal, além das reuniões quinzenais o grupo, também desenvolve

eventos locais e regionais visando conscientizar a população local sobre o tema. Desta

forma, é possível destacar o grupo de pesquisas dentro da Universidade como um

importante programa de sensibilização e conscientização da convivência e diversidade

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humana, o que contribui para eliminação de barreiras atitudinais contra o aluno com

deficiência.

A acessibilidade programática aborda políticas, normas e regulamentos da Universidade

que possibilitem frequência e participação do aluno em toda sua possibilidade,

independente de deficiências. A Universidade Federal de Rondônia possui no campus de

Ji-Paraná, ao todo 05 (cinco) cursos, sendo eles: Pedagogia, Matemática, Engenharia

Ambiental, Educação Básica Intercultural e Física. Sendo todos os cursos ofertados como

licenciatura, ou seja, que preparam o profissional que atuará na educação. Estes cursos em

consideração ao Decreto nº 5.626/2005 que dispõe sobre o uso e difusão da Língua

Brasileira de Sinais - LIBRAS e estabelece que os sistemas educacionais devem garantir a

inclusão do ensino de LIBRAS em todos os cursos de formação de professores, incluíram

em seus PPP (Projeto Político Pedagógico) que seja esta uma disciplina obrigatória em

todos os cursos. Porém, esta inclusão ainda não foi efetivada, pois depende de uma

homologação destes projetos e consequentemente lançamento de concurso público para

contratação de profissional habilitado para ministrar tal disciplina.

As entrevistas com os alunos contribuem significativamente para o retrato das maiores

barreiras enfrentadas pelos deficientes na Universidade pública em Ji-Paraná.

O primeiro aluno entrevistado (A) está cursando o terceiro período de Matemática. Sua

deficiência traz a ele dificuldades motoras. Questionado sobre sua maior dificuldade para

frequentar as aulas e desenvolver os conteúdos, ele informou que escrever sempre foi “uma

grande batalha”, mas que hoje ele considera esta etapa quase vencida. Para este

entrevistado a maior dificuldade foi entrar na Universidade. Ele afirma ter tentado o

vestibular por quatro vezes, vindo a passar apenas na quinta vez. Portanto, sua ânsia de

mudanças para o acesso e permanência na Universidade é o escasso número de cursos em

nível superior públicos no Estado, com vagas disponíveis não apenas para os deficientes,

mas para todas as pessoas, acredita que desta forma a convivência entre todos diminuiria o

preconceito que ainda existe nas relações. Mesmo não sendo uma barreira para ele (A) o

que precisa ser urgentemente mudado é a acessibilidade para cadeirantes: “A estrutura

física precisa de mudanças urgentes”.

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O segundo entrevistado (B) está no 8º Período de Matemática. Porém sua matricula

encontra-se trancada. Ele afirma que além dos motivos pessoais que o levaram a trancar a

matrícula, as barreiras encontradas no campus dificultaram muito os anos que passou na

Universidade. O aluno B entrou na Universidade no primeiro vestibular que se inscreveu,

cursou os períodos com muita dificuldade principalmente no que tange ao acesso físico, já

que sua deficiência é física. O mesmo utiliza para locomoção uma cadeira motorizada, e o

prédio onde funcionam as aulas do curso de Matemática tem estrutura rústica, sem rampas,

corrimão, banheiro de acordo com o que prevê a ABNT. O entrevistado afirmou que

muitas vezes colegas se organizavam financeiramente para construir rampas diminuindo as

barreiras para que ele e outra aluna de outro curso pudessem frequentar todos os ambientes

do campus. Relembrou que a rampa da biblioteca foi conquista dos alunos. Durante os

quatro anos que passou na UNIR em Ji-Paraná afirma ter recebido sempre muito apoio e

orientações dos professores para a continuidade dos estudos, o que sempre faltou foi ação

por parte da diretoria do campus para diminuir as barreiras físicas de acesso as salas,

corredores e laboratório de Matemática por exemplo. Questionado sobre a maior

dificuldade enfrentada, ele relata sua experiência com os estágios. As escolas estão de

portas fechadas para receberem os estagiários na opinião do mesmo, e no seu caso foi fator

de maior resistência dos professores, uma adptação curricular, um programa que

viabilizasse o cumprimento da carga horária do estágio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim posto, visualizamos importantes avanços na garantia de acessibilidade física e

atitudinal da pessoa com deficiência no ensino superior. Ainda que a UNIR/Campus de Ji-

Paraná conte com apenas um aluno com deficiência cursando a Universidade, vários

apontamentos no sentido de garantir a todos o acesso e a democratização do ensino tem

acontecido dentro da instituição como, por exemplo, a inclusão da disciplina de LIBRAS

no Projeto Político Pedagógico e o Grupo de Estudos Interativos e Pesquisas em Educação

Inclusiva. Importante salientar também que nos parece óbvio que a falta de acessibilidade

física dos prédios dos cursos desestimulam as pessoas com deficiência de tentarem chegar

até a Universidade nesta localidade, pois conhecem as barreiras que as esperam e as

dificuldades. Parece-nos importante refletir que, mais importante do que o fato da chegada

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dos deficientes ao ensino superior a fazer com que os gestores tomem providências para

garantir acessibilidade, é o fato de que esta questão seja desde já incorporada à gestão

como forma de garantir e não cercear o direito das pessoas deficientes que porventura

venham a ingressar no Universidade pública local.

Importante registrar também que a Universidade Federal de Rondônia implementou uma

Comissão de Acessibilidade, instituída pela Portaria 1039/GR/UNIR de 22/11/2012. Esta

comissão atenderá a todos os campi no auxilio técnico para garantia de condições de

acessibilidade na Universidade de acordo com as cinco dimensões tratadas neste artigo.

Apesar de se encontrar em fase de estruturação, a Comissão já tem projeto para um

programa de monitoria especial que visa atender individualmente o aluno com deficiência

matriculado na Universidade. Outras ações importantes têm sido discutidas neste momento

de implantação da Comissão, como o diagnóstico de números de servidores e alunos e suas

necessidades em cada campus em toda a UNIR.

Há que se considerar ainda que a acessibilidade arquitetônica do campus de Ji-Paraná

precisa de adequações em todas as suas aéreas, sendo inadequados seus ambientes de área

externa como estacionamento, lanchonetes, sinalização, jardins, acesso principal e acessos

secundários.

Na sequencia deste estudo há que se considerar ainda:

a) Ações do Projeto Incluir do Ministério da Educação, dentro da

Universidade Federal de Rondônia, campus de Ji-Paraná;

b) A necessidade de se investigar o currículo dos cursos oferecidos pela

Universidade, visando analisar de que forma este currículo está acessível ao

aluno com deficiência;

Concluímos, portanto, que ao chegar ao ensino superior o aluno conquistou uma

importante etapa, porém a Universidade precisa garantir não somente o acesso, mas sua

permanência como fatores ligados ao sucesso na vida universitária do aluno, por meio de

instalações que contemplem sua condição de ser humano com deficiência ou não, o

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redimensionamento do seu espaço físico para que este esteja acessível a todos, sendo esta a

acessibilidade física necessária. Importante destacar ainda a necessidade da acessibilidade

atitudinal que perpassa a comunicação, os métodos, instrumentos, os programas e atitudes

de respeito à diversidade humana.

Enfatiza-se, finalmente, que este estudo teve início no campus de Porto Velho há alguns

anos atrás, verificando-se algumas decisões políticas dos gestores da Universidade que

possibilitaram maior acessibilidade, no entanto, está a carecer de maiores investimentos,

cuidados, atenção à legislação e aos direitos das pessoas com deficiência, a fim de garantir

o acesso e a permanência com qualidade de ensino e de relações humanas. Este estudo

pretende se estender para os demais campi da Universidade, única instituição de ensino

superior pública em todo Estado de Rondônia, bem como buscar outras instituições nos

estados vizinhos da região Norte, com a finalidade de amadurecer ações e políticas

educacionais de acessibilidade para esta região.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. ______. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº 9394, de 23 de dezembro de 1996. Lei que fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional Brasileira. Brasília: 1996. MANTOAN, M. T. E. Caminhos pedagógicos da Inclusão. Disponível em http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=83:caminhos-pedagogicos-da-inclusao&catid=6:educacao-inclusiva&Itemid=17. Acesso em 08/04/2013. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Relatório mundial sobre a deficiência / World Health Organization, The World Bank; tradução Lexicus Serviços. Lingüísticos. - São Paulo: SEDPcD, 2012.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 7ed. Rio de Janeiro: WVA, 2006.

VELANGA, C. T, SILVEIRA, A. Inclusão social e escolar: reflexões e discussões

necessárias à formação de professores. Revista Igarapé, Vol. 1, No 1 (2013)

[http://www.periodicos.unir.br/index.php/igarape/article/view/603]