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Inclusão no Ensino Regular Autor: Roseli Ferreira de Sousa Data: 26/01/2010 Resumo A educação inclusiva, no atual momento, vive uma dinâmica vantajosa de transformação. Em termo de concepção e de diretrizes, neste contexto, vem reafirmar o compromisso de estabelecer um plano de ação político pedagógico para área, que envolva a perspectiva de inclusão das pessoas com deficiência. Aqui estão presentes os anseios que povoam hoje qualquer iniciativa de ultrapassar os limites da segregação, do preconceito, falta de qualidade do ensino escolar e de estruturas adaptadas. Introdução A escolha desse tema torna-se relevante com o processo de inclusão escolar e pelo ideal de uma nova escola para todos, o que proporcionam um novo rumo às expectativas educacionais para o aluno com deficiência. Para tanto, urge a necessidade de mudança de postura do educador frente a essa questão e da escola, a fim de possibilitar uma inclusão efetiva desses educandos. Como a inclusão é um processo incidente na realidade educacional, faz-se necessário efetivar um estudo mais aprofundado acerca do assunto, já que é uma ânsia de todos os envolvidos no processo (professores, alunos, pais, coordenadores, diretor e funcionários) para a conscientização dos mesmos, nessa ação coletiva. Devido a complexidade do tema, efetiva-se nessa pesquisa as principais mudanças para que a inclusão realmente ocorra, como por exemplo a postura adequada dos educadores, a elaboração e a adaptação dos currículos, orientação e de intervenção pedagógica, a inovação educativa dos processos integradores, a adaptação dos recursos humanos e de materiais, possibilitando um ensino de maior qualidade. A realização deste artigo acontece de forma bibliográfica, haja vista que a mesma hoje também é eletrônica. Além de ser uma modalidade de pesquisa teórica, é uma das mais importantes entre outras modalidades de pesquisa, a qual, exige coleta de dados de fontes variadas que se processa através de documentação direta e indireta. Dessa forma, os dados foram recolhidos mediante observações, entrevistas e questionário nos locais em que o fenômeno acontece

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Page 1: Inclusão no Ensino Regular - inesul.edu.br · Inclusão no ensino regular Os problemas sociais que envolvem a pessoa com deficiência acompanham os homens desde os tempos mais remotos

Inclusão no Ensino Regular Autor: Roseli Ferreira de Sousa Data: 26/01/2010 Resumo

A educação inclusiva, no atual momento, vive uma dinâmica vantajosa de transformação. Em termo de concepção e de diretrizes, neste contexto, vem reafirmar o compromisso de estabelecer um plano de ação político pedagógico para área, que envolva a perspectiva de inclusão das pessoas com deficiência. Aqui estão presentes os anseios que povoam hoje qualquer iniciativa de ultrapassar os limites da segregação, do preconceito, falta de qualidade do ensino escolar e de estruturas adaptadas.

Introdução

A escolha desse tema torna-se relevante com o processo de inclusão escolar e pelo ideal de uma nova escola para todos, o que proporcionam um novo rumo às expectativas educacionais para o aluno com deficiência. Para tanto, urge a necessidade de mudança de postura do educador frente a essa questão e da escola, a fim de possibilitar uma inclusão efetiva desses educandos.

Como a inclusão é um processo incidente na realidade educacional, faz-se necessário efetivar um estudo mais aprofundado acerca do assunto, já que é uma ânsia de todos os envolvidos no processo (professores, alunos, pais, coordenadores, diretor e funcionários) para a conscientização dos mesmos, nessa ação coletiva.

Devido a complexidade do tema, efetiva-se nessa pesquisa as principais mudanças para que a inclusão realmente ocorra, como por exemplo a postura adequada dos educadores, a elaboração e a adaptação dos currículos, orientação e de intervenção pedagógica, a inovação educativa dos processos integradores, a adaptação dos recursos humanos e de materiais, possibilitando um ensino de maior qualidade.

A realização deste artigo acontece de forma bibliográfica, haja vista que a mesma hoje também é eletrônica. Além de ser uma modalidade de pesquisa teórica, é uma das mais importantes entre outras modalidades de pesquisa, a qual, exige coleta de dados de fontes variadas que se processa através de documentação direta e indireta.

Dessa forma, os dados foram recolhidos mediante observações, entrevistas e questionário nos locais em que o fenômeno acontece

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(processo de documentação direta) sendo também levantadas por outros pesquisadores (processo de documentação indireta).

Espera?se neste trabalho de pesquisa que as pessoas interessadas em saber como lidar com as diferenças, com a prática de valores humanistas, tenham subsídios e propostas que enriquecerão seu conhecimento, viabilização mudança de pensamento, de idéias e de postura, contribuindo para uma sociedade real cada vez mais próxima de ideal.

E finalmente, explicitar as mudanças no processo educacional,os fundamentos teóricos que subsidiam a educação inclusiva, e os desafios que confrontam a escola inclusiva. Inclusão no ensino regular

Os problemas sociais que envolvem a pessoa com deficiência acompanham os homens desde os tempos mais remotos da civilização propõem?se primeiramente conceituar a "deficiência" sob a perspectiva de vários autores.

Na concepção de Sassaki (2003) uma criança com deficiência era aquela que, do ponto de vista intelectual, físico, social ou emocional, estava tão notavelmente desviada do considerado crescimento normal, que não podia se beneficiar ao máximo com o programa escolar comum e requeriria esta em uma classe especial ou em e serviços complementares.

Diante dessa implicação, é importante destacar que a prática inclusiva vai além da administração da matrícula. O que realmente vale é oferecer serviços complementares, adotar práticas criativas na sala de aula, rever posturas e construir uma nova filosofia educativa.

Já segundo Paula (2004), os alunos com deficiência eram aqueles considerados inferiores à média normal com característica física e psicológicas, que não se ajustavam aos programas escolares elaborados para a maioria dos alunos, e que necessitam de educação especial e, em alguns casos, colaboração de serviços especiais ou de ambos, para atingir um nível compatível às respectivas aptidões ditas normais.

Nesse sentido, salientar-se que educação especial não substitui o ensino regular, mas o complementa.

Mazzota (1982), coloca que, os educandos com desvio acentuado de ordem física, emocional ou sócio-cultural, para serem adequadamente atendidos, requeriria de auxílios ou serviços especiais de educação.

O mesmo autor (1982), reafirma que tais educandos, seja por suas condições individuais ou pelas condições gerais da educação formal,

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encontravam?se numa situação de ensino aprendizagem especiais. Tal situação era assim classificada por depender de auxilio e serviço diferente dos que comumente utilizados na estrutura e funcionamento da educação formal.

Historicamente no Brasil, nas décadas de cinquenta e sessenta, a pessoa com deficiência era vista como uma pessoa "retardado mental" ou "deficiente mental".

Já o termo "excepcional" (utilizado antigamente) se referia às condições individuais do educando.

A sua utilização nos vários textos e contextos revelava a questão como um problema individual.

Contudo, Mazzota (1982) afirma que é a situação de ensino-aprendizagem em que se encontra o educando que era classificado como especial.

Com efeito, na educação inclusiva não se espera que a pessoa com deficiência se adapte à escola, mas que esta se transforme de forma a possibilitar a inclusão daquela.

No entanto, a situação geral da "deficiência" no Brasil tem sofrido significativas alterações. Principalmente, se levarmos em conta a situação social da grande maioria da população brasileira, no tocante às assistências médico?hospitalar, odontológica, educacional, habitacional e outras.

Vale lembrar que em termos de prevenções, assistência médica e reabilitação, o Brasil ainda esta caminhando para melhor.

Em contra partida a escola necessita que os educadores oportunizem situações que minimizem o descaso das autoridades em torno das pessoas com deficiência.

Ressalta-se que falar de inclusão pressupõe também falar em exclusão. Isto porque a inclusão qualificada como social, por uma razão ou outra, também exclui, lançando as sementes do descontentamento e da discriminação.

No entanto, a política nacional para implementação de educação inclusiva vem sendo construída por meio de ação compartilhada entre profissionais, pais instituições educacionais e comunidade, traçando dessa forma, novos rumos para o ensino.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Inclusiva (2002) a educação dos privilégios passou a ser a educação da população geral. Dessa maneira, o desenvolvimento da escola

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apresenta enfoque maior nos direitos da criança de receber educação e o reconhecimento da potencialidade e talentos que possui.

As mudanças no entendimento e dos valores apresentados a criança durante seus anos de formação em ambientes educacionais tem apresentado grandes impactos.

Buccio (2008), a integração traz consigo a idéia de que a pessoa com deficiência deve modificar-se segundo os padrões vigentes na sociedade, para que possa fazer parte dela de maneira produtiva e, consequentemente, ser aceita.

Já a inclusão traz o conceito de que e preciso haver modificações na sociedade para que esta seja capaz de receber todos segmentos que dela foram excluídos, entrando assim em um processo de constante dinamismo político social.

Entretanto, a inclusão é um valor social que necessita da interação dinâmica entre educadores, pais, membros da comunidade e alunos.

Outro fator relevante é a defesa da cidadania e do direito à educação das pessoas com deficiência. Entretanto, mesmo que recente em nossa sociedade, manifesta-se através de medidas isoladas de indivíduos ou grupos. A conquista e o reconhecimento dos direitos da pessoa com deficiência podem ser identificados como elementos integrantes de políticas sociais, a partir de meados deste século.

Com efeito, a inclusão é um processo dialético complexo, já que envolve a esfera das relações sociais, vividas na escola. No seu sentido mais profundo, vai além do ato de inserir, de trazer a criança para dentro da escola. Significa envolver, compreender, participar e aprender.

Guerbert (2007), comenta que o currículo deve ser adaptado em sua integra, priorizando a necessidade do aluno, sendo possível inserir, eliminar, completar e ainda, criar novos objetivos alternativos, pensando sempre na garantia da aprendizagem.

Paula (2004), alerta para o perigo da pedagogia centrada na técnica, no poder do fetiche metodológico, qual pode desviar o professor de uma atitude crítica e reflexiva sobre as estratégias adotadas.

As crenças em métodos fixos impedem a busca de alternativas de ensino, criação de recursos e materiais que promovam a aprendizagem de todos os alunos.

Essas concepções restritas, baseadas na limitação, no déficit estão profundamente enraizadas no imaginário de algumas escolas que ainda creem, que a criança, em virtude de sua deficiência, necessita

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de um currículo especial e individual, de abordagens pedagógicas diferentes e métodos de ensino especiais.

De acordo com a mesma autora (2004), o eixo central da proposta inclusiva é proporcionar melhores condições de aprendizagem para todos, através de uma transformação radical da cultura pedagógica: exige-se assim, que as relações interpessoais e o fazer pedagógico sejam postos em discussão, evitando que não sejam camuflados ou projetados no aluno, a quem na maioria das vezes, se atribui o fracasso escolar em virtude de sua carências ou deficiência.

Nesse contexto, pode se considerar que o pressuposto epistemológico da abordagem pedagógica inclusiva é que o conhecimento é construído pelo sujeito e a aprendizagem, é um processo com tempo e ritmo diversificado, determinado pela qualidade da interação, do nível de participação e problematização, das oportunidades de vivenciar experiências, e de construírem significados, elaborar e partilhar conhecimentos em grupos.

Assim, a escola, o professor e a família têm papel determinante na mediação sócio-cultural para que o aluno avance no processo de desenvolvimento, aprendizagem e na formação humana através de situações desafiadoras para o desenvolvimento positivo da auto imagem, independência e autonomia.

Nesse contexto, para que o sucesso da educação inclusiva realmente aconteça, surge a necessidade dos professores estarem empenhados na interação desses alunos e que haja interesse em compreender suas necessidades e desejos disponíveis para interpretar suas formas de expressão e comunicação que, muitas vezes, os diferenciam dos demais. E, principalmente, professores que estejam empenhados a ensinar de forma realmente significativa.

Paula (2004) destaca a ideia de que o processo de avaliação na perspectiva da educação inclusiva não está centrado apenas no desenvolvimento de habilidades e competências, nem na capacidade de assimilar conteúdos e acumular informações, e sim na possibilidade de fazer escolhas, agir com autonomia, relacionar-se com o outro e com o objeto de conhecimento, de comunicar-se, expressar sentimentos, ideias, resolver problemas, criar soluções, desenvolver a imaginação e participar criticamente da cultura para transformação da sociedade.

Dessa forma, incluir exige dos educadores novos posicionamentos, modernizando a escola e fazendo com que os professores transformem suas práticas para que, de fato, todos os alunos aprendem.

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É necessário operacionalizar a inclusão escolar afim de que todos os alunos, independentemente de classe, raça, gênero, sexo, características individuais ou necessidades educacionais especiais, possam aprender juntos com qualidade. Esse é o grande desafio, numa clara demonstração de respeito à diferença e compromisso com a promoção dos direitos.

Considerando tais pressupostos, é importante salientar que o respeito e a valorização da diversidade dos alunos exige da escola a criação de espaços inclusivos.

É valido relembrar que com o processo inclusivo esses alunos estão nas escolas e todos os conhecem, são aqueles que podem ficar para trás, que podem não acompanhar a classe ou podem não ter pré-requisitos, evidenciado assim a incapacidade do educador.

Dessa forma, é no projeto pedagógico que a escola se posiciona em relação a seu compromisso com uma educação de qualidade para todos os seus alunos. Assim, a escola deve assumir o papel de propiciar ações que favoreçam a interação social, definido em seu currículo, uma opção por práticas heterogêneas e inclusivas.

De acordo com autor Casagrande (2009), a organização do espaço, a eliminação das barreiras arquitetônicas (escadas, depressões, falta de contraste e iluminação inadequada), mobiliários, a relação dos materiais, as adaptações nos brinquedos e jogos são instrumentos fundamentais para a prática educativa inclusiva.

Bottas (2007), comenta que a estrutura é essencial para receber alunos com deficiência da mesma forma, é fundamental definir um bom planejamento, criatividade e boa vontade dos professores, embora seja importante, porém somente aquela não suficiente para que o aluno se desenvolva como deveria.

Conforme Paula (2004) na educação inclusiva torna-se imprescindível que os educadores se coloquem como profissionais transdisciplinares, com conhecimento básico em cada área específico (fisioterapeuta, psicólogo, terapeuta ocupacional, médico etc.) não esquecendo de agir, sem interferir com respeito, ampliando o olhar, avaliando o aluno conforme o potencial de seu próprio ser constituinte, favorecendo as diversas formas de comunicação e apoiando a individualidade de cada um, na solução de problemas.

Destaca-se que a escola inclusiva e toda a comunidade precisam estar envolvidas ou seja a direção, a equipe de coordenação,os professores e os pais, além do próprio aluno. Nesse sentido, o projeto pedagógico e as estratégias de sala de aula devem enfatizar o ensino, em vez de focalizar a deficiência do aluno preocupar-se com tipo de resposta educativa e proporcionar os recursos e apoios adequados,

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em vez de procurar, a origem do problema, ajustar-se para atender as diversidades, os padrões de "normalidade" para aprender, apoiar a experimentação, a reflexão (pensando no porquê daquilo que fazem, quais as influências disso e, como resultado, que outras possibilidades serão encaradas), formar equipes nas quais os membros concordem em ajudar uns aos outros e explorar aspectos da sua prática; estabelecer um clima encorajador de reconhecimento da individualidade, como algo que deve ser respeitado e valorizado.

Conclui-se então que o direito da criança/adolescente com deficiência deve ser analisado, avaliado e unificado e a partir disso repensar e efetivar a inclusão plena, significativa, justa, participativa, sem restrições impostas e sem a obsessão curativa da medicina, evitando assim toda a generalização que pretenda discutir uma educação só para classes consideradas normais.