incidência, caracterização e estrutura genética de

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO P-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOPATOLOGIA Tese de Doutorado Incidência, caracterização e estrutura genética de badnavírus nas culturas do abacaxizeiro e da cana-de-açúcar no Nordeste do Brasil Edlene Maria da Silva Moraes Santos Recife PE 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOPATOLOGIA

Tese de Doutorado

Incidência, caracterização e estrutura genética de badnavírus nas culturas do

abacaxizeiro e da cana-de-açúcar no Nordeste do Brasil

Edlene Maria da Silva Moraes Santos

Recife – PE

2014

EDLENE MARIA DA SILVA MORAES SANTOS

INCIDÊNCIA, CARACTERIZAÇÃO E ESTRUTURA GENÉTICA DE BADNAVÍRUS NAS CULTURAS DO ABACAXIZEIRO E DA CANA-DE-

AÇÚCAR NO NORDESTE DO BRASIL

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Fitopatologia da Universidade Federal Rural de

Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do

título de Doutor em Fitopatologia.

COMITÊ DE ORIENTAÇÃO:

Orientador: Prof. Dr. Gaus Silvestre Andrade Lima

Co-Orientador(a): Drª. Sarah Jacqueline Cavalcanti da Silva

RECIFE-PE

FEVEREIRO – 2014

Ficha catalográfica

S237i Santos, Edlene Maria da Silva Moraes Incidência, caracterização e estrutura genética de badnavírus nas culturas do abacaxizeiro e da cana-de-açúcar no Nordeste do Brasil / Edlene Maria da Silva Moraes Santos. – Recife, 2014. 78 f. :il. Orientador: Gaus Silvestre de Andrade Lima. Tese (Doutorado em Fitopatologia) – Universidade Federal Rural de Pernambuco. Departamento de Agronomia, Recife, 2014. Referências.

1. Caulimoviridae 2. Ananas comosus 3. Saccharum spp 4. Análise molecular 5. Filogenia 6. Estrutura populacional I. Lima, Gaus Silvestre de Andrade, orientador II. Título CDD 632

Aos meus pais, Geová Ferreira de Moraes e

Maria Edileuza da Silva Moraes,

Ao meu esposo, Geraldo Filho,

E a toda minha família,

Por toda força, apoio e momentos de paz e descontração.

DEDICO

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela dádiva da vida e por sua paz que excede todo entendimento.

À Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), por me possibilitar a

realização deste curso de doutorado.

À Universidade Federal de Alagoas (UFAL) por me proporcionar a realização dos

trabalhos de tese.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL) pelo

financiamento da bolsa de doutorado.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela

concessão das bolsas de Produtividade em Pesquisa do Prof. Gaus S.A. Lima.

Ao Prof. Dr. Gaus Silvestre de Andrade Lima, pela orientação na condução deste

trabalho, pelo exemplo de profissionalismo e ética, e por todo conhecimento transmitido

durante minha formação acadêmica / profissional.

À Prof. Drª Iraildes Assunção pela amizade, colaboração e apoio.

À Drª Sarah Cavalcanti pela co-orientação, amizade e auxílio na elaboração desta

tese. Obrigada!

A todos os Professores que compõem o Programa de Pós – Graduação em

Fitopatologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Aos membros da banca examinadora, que se dispuseram a participar da avaliação

desta tese, contribuindo com sugestões para o aprimoramento do trabalho.

A todos os amigos do Laboratório de Fitovirologia Molecular do CECA/UFAL, Joyce,

Márcia, Lucas Fonseca, Renato, Jean Phellipe, Mayra, Janaíne, Aline, Lucas Jordão, Helloá,

Jackeline Laurentino, Jussara, Luis, Dayane e também aos novos membros, pelo

companheirismo e auxílio.

À Drª Liliane Dias e à futura Drª Jaqueline Figueredo, pela amizade e convivência ao

longo de nossa formação acadêmica. Sucesso!

Aos amigos da UFRPE Kátia, Bárbara, Mariote e Willie pela amizade e pelas

informações do PPGF durante minha ausência na instituição.

E a todos que contribuíram de alguma maneira para a realização deste trabalho.

Sinceros votos de gratidão a todos: sem vocês esse trabalho não seria possível. Amo

todos vocês!

vii

SUMÁRIO

SUMÁRIO.................................................................................................................. vii

RESUMO GERAL...................................................................................................... viii

GENERAL ABSTRACT............................................................................................ ix

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO GERAL............................................................... 01

1. Cultura do abacaxi......................................................................................... 02

2. Cultura da cana-de-açúcar............................................................................. 09

3. Família Caulimoviridae................................................................................. 15

3.1. Gênero Badnavirus........................................................................................ 17

4. Variabilidade e estrutura genética de populações de fitopatógenos.............. 20

4.1. Mutação......................................................................................................... 21

4.2. Recombinação................................................................................................ 22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 24

CAPÍTULO II - Incidência e caracterização molecular de badnavírus na

cultura do abacaxizeiro no Nordeste do Brasil.......................................................

35

Resumo........................................................................................................................ 36

Abstract....................................................................................................................... 37

1. Introdução...................................................................................................... 38

2. Material e Métodos........................................................................................ 39

3. Resultados e Discussão.................................................................................. 41

4. Conclusões..................................................................................................... 43

5. Referências Bibliográficas............................................................................. 43

CAPÍTULO III - Estrutura genética de populações de badnavírus que

infectam as culturas do abacaxizeiro e da cana-de-açúcar no Nordeste do

Brasil...........................................................................................................................

52

Resumo........................................................................................................................ 53

Abstract....................................................................................................................... 54

1. Introdução...................................................................................................... 55

2. Material e Métodos........................................................................................ 57

3. Resultados e Discussão.................................................................................. 58

4. Conclusões..................................................................................................... 61

5. Referências Bibliográficas............................................................................. 62

CONCLUSÕES GERAIS......................................................................................... 70

viii

RESUMO GERAL

O Brasil é o principal produtor mundial de abacaxi (Ananas comosus L. Merril) e de cana-de-

açúcar (Saccharum spp.), mas apesar da alta produção dessas culturas, ambas estão expostas a

diversos problemas fitossanitários, inclusive as viroses. Badnavírus causam doenças em

culturas economicamente importantes na maioria das regiões tropicais e subtropicais,

incluindo o Brasil. As badnaviroses do abacaxizeiro são causadas por duas espécies distintas:

Pineapple bacilliform CO virus (PBCoV) e Pineapple bacilliform ER virus (PBErV). Em

cana-de-açúcar também são descritas duas espécies: Sugarcane bacilliform IM virus

(SCBIMV) e Sugarcane bacilliform MO virus (SCBMOV). O gênero Badnavirus (família

Caulimoviridae) engloba vírus de plantas com genoma de DNA circular de fita dupla

(dsDNA) e que replicam por meio de um intermediário de RNA. Informações sobre a

variabilidade e estrutura genética de vírus de plantas com genoma de dsDNA são escassas.

Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi determinar a incidência de badnavírus na

cultura do abacaxi e a estrutura genética de populações de uma espécie de badnavírus que

infecta o abacaxi, PBCoV e de duas espécies que infectam a cana-de-açúcar, SCBIM e

Banana streak OL virus (BSOLV), todas provenientes da região Nordeste do Brasil. A

incidência de badnavírus foi constatada em todas as áreas de abacaxizeiros amostradas e

variou de 80 a 96,4%. Análises de comparações de sequências pareadas e filogenéticas

revelaram que todos os 83 isolados provenientes de abacaxizeiro pertencem à espécie PBCoV.

A estrutura genética das populações do PBCoV, do SCBIMV e do BSOLV, relatado

recentemente em cana-de-açúcar, foram determinadas com base no domínio que engloba a

transcriptase reversa e ribonuclease H (RT/RNaseH). Os resultados obtidos sugerem a ampla

disseminação do PBCoV no Nordeste brasileiro e registra o primeiro relato de badnavírus na

cultura do abacaxizeiro no Brasil. As análises de estrutura genética revelaram que a população

de PBCoV está estruturada com base na região geográfica. A variabilidade genética nas

populações estudadas pode ser considerada alta, com frequências de mutação na ordem de 10-

4 subs/sítio/ano para as populações de PBCoV e de 10

-3 para BSOLV e SCBIMV. Quanto

aos mecanismos evolutivos, seleção purificadora ou expansão recente da população são as

duas principais forças atuando nessas populações.

Palavras-chaves: Caulimoviridae, Ananas comosus, Saccharum spp., análise molecular,

filogenia, estrutura populacional.

ix

GENERAL ABSTRACT

Brazil is the world's leading producer of pineapple (Ananas comosus L. Merril) and sugarcane

(Saccharum spp.), but despite the high production of these crops, both are exposed to many

diseases, including viruses. Badnaviruses cause diseases in economically important crops in

most tropical and subtropical regions, including Brazil. Badnaviroses of the pineapple are

caused by two distinct species: Pineapple bacilliform CO virus (PBCoV) and Pineapple

bacilliform ER virus (PBErV). In sugarcane two species are also described: Sugarcane

bacilliform IM virus (SCBIMV) and Sugarcane bacilliform MO virus (SCBMOV). The

Badnavirus genus (family Caulimoviridae) comprises plant viruses with circular DNA

genome of double-stranded (dsDNA), which replicate by means of an RNA intermediate

virus. Information about the variability and genetic structure of plant viruses with dsDNA

genome are scarce. Thus this study aimed was determine the incidence of badnaviruses in the

pineapple crop and the genetic structure of populations of a specie of badnavirus that infects

pineapple, PBCoV and of two specie that infect sugarcane SCBIM and Banana streak OL

virus (BSOLV) all from the Northeast region of Brazil. The incidence of badnavirus was

detected in all the sampled areas and varied from 80 to 96.4%. Pairwise comparisons analysis

and phylogenetic sequences revealed that all 83 isolates from pineapple belong to the species

PBCoV. The genetic structure of populations of PBCoV, SCBIMV and of BSOLV, recently

reported in sugarcane, were determined from the domain comprising the reverse transcriptase

and ribonuclease H (RT / RNase H). The results suggest the wide spread of PBCoV in

Northeast Brazilian and records the first report of Badnavirus the pineapple crop in Brazil.

Analyses of genetic structure revealed that the population of PBCoV is structured based on

geographic region. The genetic variability at the studied populations can be considered high,

with mutation frequencies on the order of 10-4

subs/site/year for populations of PBCoV and

10-3

for BSOLV and SCBIMV. Regarding the evolutionary mechanisms purifying selection or

recent population expansion are the two main forces acting in these populations.

Keywords: Caulimoviridae, Ananas comosus, Saccharum spp., molecular analysis,

phylogeny, population structure.

CAPÍTULO I

Introdução Geral

2

INCIDÊNCIA, CARACTERIZAÇÃO E ESTRUTURA GENÉTICA DE

BADNAVÍRUS NAS CULTURAS DO ABACAXIZEIRO E DA CANA-DE-AÇÚCAR

NO NORDESTE DO BRASIL

INTRODUÇÃO GERAL

1. Cultura do abacaxi

1.1. Aspectos botânicos

O abacaxizeiro (Ananas comosus L. Merril) é uma planta originária do Brasil, de

clima tropical, herbácea e perene, da família Bromeliaceae, com caule curto e grosso, ao redor

do qual crescem folhas estreitas e resistentes, quase sempre margeadas por espinhos (SÁ,

1994). São conhecidos, aproximadamente, 50 gêneros e 2000 espécies de Bromeliaceae

(CUNHA; CABRAL, 1999). Os portugueses foram provavelmente os responsáveis pela sua

difusão nos países da África e Ásia (MARANCA, 1977).

1.2. Aspectos econômicos e produção

O abacaxi é consumido na maioria dos países e produzido fundamentalmente nos

países de clima tropical e sub-tropical (TAMAKI; CARDOSO, 1982). Segundo dados da

FAO (2011) a produção mundial foi acima de 21,8 milhões de toneladas de abacaxi, sendo o

Brasil o maior produtor, com 2,3 milhões de toneladas colhidas, o que corresponde a 10,5%

da produção no mundo, seguido pela Costa Rica que produziu 2,2 milhões de toneladas no

mesmo ano.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que contabiliza a produção

em número de frutos e não em toneladas, registrou em 2012, uma produção brasileira de

abacaxi de 1.697.734 frutos. O rendimento médio da cultura alcançou a marca de 27.239

frutos por hectare e a área colhida, 60.653 ha, embora a área plantada tenha sido de 90.971 ha.

(IBGE, 2012).

O abacaxizeiro é a quinta fruteira mais cultivada no país, tendo importante papel

social, por gerar emprego e renda no meio rural (MAPA, 2010). Em geral, pequenos

agricultores cultivam de um a dez hectares em áreas arrendadas. No entanto, a produção é

prejudicada por problemas fitossanitários e deficiência nos tratos culturais, reduzindo sua

competitividade, principalmente para exportação (CUNHA, 2004).

A produção de abacaxi no país está bem distribuída em várias regiões, mas é o

Nordeste que concentra a maior produção, por possuir solos com textura média (BARREIRO

3

NETO; SANTOS, 1999), uma vez que de acordo com Gomes (2007) o abacaxizeiro não se

adapta bem a solos compactos ou impermeáveis, bem como a solos calcários.

A produção de abacaxi na região Nordeste foi de 39,9% do total nacional, seguida da

região Sudeste (34,26%). O Estado da Paraíba apresenta a maior produção desta cultura

(283,722 mil frutos), seguido de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte ocupam

as posições (IBGE, 2012).

Existe abacaxi plantado em todas as regiões do país. Observa-se uma tendência de

organização da produção em pólos ou núcleos especializados. Cada núcleo especializando-se

no plantio em determinada época, levando em consideração o mercado, a oferta e

principalmente o fotoperíodo. Assim, obtém-se uma oferta de abacaxi o ano todo,

provenientes de diferentes regiões tendendo a oscilações de preço cada vez menores

(CARVALHO et al., 2009).

1.3. Utilização do abacaxi

Cada planta de abacaxi produz um único fruto saboroso e de aroma intenso, que é

utilizado tanto para o consumo in natura quanto na industrialização, em diferentes formas:

pedaços em calda, suco, geleia, licor, vinho, vinagre. Como subproduto desse processo

industrial pode-se obter ainda: álcool, ácidos cítrico, málico e ascórbico; rações para animais e

a bromelina que é uma substância de alto valor medicinal, pois trata-se de uma enzima muito

utilizada como digestivo e anti-inflamatório (CARVALHO; CUNHA, 1999). Na culinária, o

suco de abacaxi é utilizado para o amaciamento de carnes. Além disso, os frutos são ótimas

fontes de vitaminas A, B e C, rico em ferro e em cálcio. Combate a hiperacidez do estômago e

quando ainda verde é diurético e vermífugo, apesar de ser também abortivo (GOMES, 2007).

1.4. Aspectos culturais

A densidade de plantio por unidade de área é um dos fatores de produção mais

importantes da cultura do abacaxi, estando diretamente relacionada ao rendimento e custo de

produção da cultura. No entanto, ainda é grande a variação das densidades de plantio nas

diversas regiões produtoras dessa fruta no mundo, sendo influenciada por fatores como

variedade usada, tipo de solo, práticas culturais e destino da produção (CUNHA; CABRAL,

1999; CUNHA et al., 1994). O cultivo seguido do abacaxizeiro num mesmo local, sem

rotação de culturas, decresce em rendimento, que pode estar ligado a problemas fitossanitários

e/ou nutricionais (SIMÃO, 1998). Segundo este mesmo autor, a temperatura favorável para o

desenvolvimento da planta situa-se entre 21ºC e 27ºC. Quando a temperatura fica abaixo de

4

20ºC, a planta entra em estado de dormência e quando se mantém acima de 32ºC, verificam-

se danos na planta, devido à transpiração e respiração.

A cultura do abacaxi é propagada vegetativamente por meio de mudas, formadas a

partir de diferentes partes vegetativas da planta, cuja qualidade depende das condições

ambientais onde são produzidas e do manejo dado à cultura. Os principais tipos de muda

convencionais são: coroa (brotação do ápice do fruto), filhote (brotação do pedúnculo, que é a

haste que sustenta o fruto), filhote-rebentão (brotação da região de inserção do pedúnculo no

caule ou talo) e rebentão (brotação do caule) apresentados na Figura 1 (REINHARDT;

CUNHA, 1999).

Figura 1. Esquema de abacaxizeiro mostrando diversos tipos de mudas convencionais.

Desenho: Almira Souza Andrade

A coroa é o tipo de muda menos usado para plantio, pois permanece nos frutos

vendidos nos mercados de frutas frescas, principalmente no Brasil, onde tal tipo de consumo

predomina. Os filhotes apresentam desenvolvimento relativamente uniforme, facilitando o

controle do florescimento e são o tipo de muda mais disponível e utilizado no Brasil,

principalmente em plantios da cultivar „Pérola‟ (MATOS et al., 2009).

Existem também as mudas não convencionais, que são aquelas produzidas a partir de

plantas que já produziram frutos, a partir de gemas axilares na base de cada folha. Mudas de

seccionamento do caule, também denominada plântula, é uma muda produzida em viveiro ou

em casa de vegetação, a partir de secções de talo ou caule de plantas cujos frutos já foram

colhidos. A principal vantagem deste tipo de muda é que as mesmas são livres de algumas

pragas e doenças, especialmente a fusariose (Fusarium subglutinans (Wollew & Reinking)

5

Nelson, Tousson & Marasas, f. sp. ananas, Ventura, Zambolim & Gilbertson). Outro tipo de

muda não convencional é a muda micropropagada. Esta muda é obtida em laboratório

mediante técnicas de cultura de tecidos vegetais. Por serem obtidas em ambiente asséptico,

apresentam excelente sanidade, entretanto seu custo ainda é muito elevado para o pequeno

produtor, o que confere à técnica um uso limitado. Por outro lado, seu elevado potencial de

multiplicação faz da micropropagação a principal tecnologia de produção de material

propagativo das novas variedades de abacaxi geradas em programas de melhoramento

genético desta cultura (MATOS et al., 2009).

1.4.1. Principais cultivares de abacaxi

Todas as cultivares de abacaxi de interesse da fruticultura pertencem à espécie Ananas

comosus (Figura 2) (PEREIRA; MELO, 2003).

A cultivar „Smooth Cayenne‟ é a mais plantada no mundo e possui muitas

características favoráveis. Estima-se que 70% da produção mundial corresponde a esta

cultivar (CUNHA; CABRAL, 1999). É uma planta robusta, de porte semi-ereto, cujas folhas

não apresentam espinhos, a não ser alguns encontrados na extremidade apical da borda da

folha. O fruto é ligeiramente cilíndrico, polpa amarela, rico em açúcar e de acidez maior do

que as outras cultivares. Essas características a tornam adequada para a industrialização e a

exportação como fruta fresca. A coroa é relativamente pequena e a planta produz poucas

mudas do tipo filhote. No entanto, é bastante suscetível ao complexo viral associado à

murcha, Pineapple mealybug wilt associated virus (PMWaV) e à fusariose (PEREIRA;

MELO, 2003). A segunda cultivar em importância para a industrialização é a „Singapore

Spanish‟, sendo amplamente cultivada na Malásia e em outros países do sul da Ásia.

(CUNHA; CABRAL, 1999).

A cultivar „Pérola‟ é de origem brasileira e é a mais plantada no país, representando

mais de 80% da área plantada (CUNHA, 2004). Seus frutos apresentam forma cônica, casca

pouco colorida, haste frutífera e folhas longas com finos espinhos. A polpa é rica em suco,

saborosa, pouco ácida e de coloração branco ou amarelo pálido (CARVALHO et al., 2009).

Apresenta tolerância ao PMWaV e é suscetível à fusariose (PEREIRA; MELO, 2003). Em

plantios comerciais do Nordeste é comum aparecer a cultivar „Jupi‟ em mistura, em lavouras

de „Pérola‟, da qual difere apenas pelo formato cilíndrico do fruto (CUNHA; CABRAL,

1999).

Apesar da ampla predominância da cultivar „Pérola‟ sobre as demais na abacaxicultura

nacional, existem outras cultivares importantes, dentre as quais a MD-2 („Gold‟), um híbrido

6

obtido da variedade „Smooth cayenne‟, que possui grande aceitação no mercado externo

(BARREIRO NETO et al., 2007). As folhas desta cultivar possuem poucos espinhos, o que

facilita o manejo da cultura. Tem ainda como vantagem uma maior durabilidade pós-colheita,

sendo adequada para exportação como fruta fresca (REINHARDT; CUNHA; MENEGUCCI,

2001).

Figura 2. Cultivares de abacaxi: a) „Smooth Cayenne‟, b)‟ Pérola‟, c) „Jup‟i, d) MD-2

(„Gold‟).

Fotos: (A, C) Domingo Haroldo Reinhardt; (B, D) Davi Theodoro Junghans

1.5. Doenças da cultura do abacaxi

O abacaxizeiro está exposto a diversos problemas que causam prejuízos variáveis a

depender da parte da planta afetada, da região produtora e da época de produção. Alguns

patógenos infectam as raízes, outros o talo e a base das folhas e outros o fruto, causando,

geralmente, danos econômicos significativos (MATOS et al., 2009).

Entre esses patógenos, aqueles que infectam as mudas revestem-se de especial

importância, haja vista que, por ser o abacaxizeiro uma cultura de propagação vegetativa, é

bastante comum a prática da compra e venda de mudas de abacaxi entre os produtores, muitas

vezes sem a fiscalização das entidades credenciadas para esta função. A movimentação de

mudas de abacaxi tem sido responsável pela dispersão de pragas e doenças, seja dentro de

uma mesma região produtora, seja de uma região para outra (MATOS et al., 2009).

A fusariose, doença de etiologia fúngica, causada por F. subglutinans f. sp. ananas, é a

mais séria ameaça à cultura do abacaxi no Brasil, onde foi encontrada pela primeira vez no

estado de São Paulo, em frutos da variedade „Smooth Cayenne‟. A fusariose pode ocasionar

perdas de até 80% na produção de frutos, além de poder infectar cerca de 40% das mudas, das

quais 20% morrem antes da produção e colheita. A maioria das variedades comerciais

cultivadas no mundo é suscetível à fusariose (SANTOS, 2010). A doença foi acidentalmente

7

introduzida em diversas regiões produtoras de abacaxi do Brasil na década de setenta através

de mudas infectadas (MATOS et al., 2009). A disseminação do patógeno pode ocorrer através

do vento ou com o auxílio de insetos, entretanto, a forma mais eficiente é por meio de mudas

infectadas (GOES, 2005).

A podridão-negra-do-fruto ou podridão-mole é a mais importante doença de pós-

colheita do fruto do abacaxizeiro, sendo causada pelo fungo Chalara paradoxa (De Seyn.)

Sacc., cujos danos podem se apresentar na haste, folhas, frutos e rebentos Presente em todas

as regiões produtoras de abacaxi do mundo, essa doença caracteriza-se pelo desenvolvimento

de uma podridão mole, aquosa, especialmente em frutos destinados ao mercado in natura.

Perdas também podem ocorrer em frutos destinados à indústria, porém, nesse caso, sua

intensidade depende de vários fatores, entre os quais o período de tempo decorrido entre a

colheita e o processamento (SANTOS, 2010).

Uma importante doença nas principais regiões produtoras de abacaxi do mundo,

principalmente em solos argilosos, úmidos e com valores de pH elevados, é causada por

Phytophthora nicotianae van Breda de Haan var. parasitica (Dastur) Waterhouse, responsável

pela podridão-do-olho. As perdas são variáveis de uma região para outra, sendo o maior

impacto econômico a morte das plantas (VENTURA; ZAMBOLIM, 2002). O patógeno está

presente em quase todas as regiões produtoras de abacaxi do Brasil, possuindo ampla gama de

hospedeiras, tais como citros, eucalipto, pera, maracujá e outras (VITALINO, 2006). Outra

espécie do gênero, P. cinnamomi Ranks é o principal agente causal da prodridão-das-raízes do

abacaxizeiro, embora, eventualmente, P. nicotianae var. parasitica e várias espécies de

Pythium também podem infectar e destruir as raízes da planta (MATOS, 1999).

A mancha-negra-do-fruto do abacaxizeiro é causada por Penicillium funiculosum

Thom. e Fusarium moniliforme Sheldon (VERZIGNASSI et al., 2009). A doença é favorecida

pelos ferimentos provocados pelo ácaro do abacaxi (Steneotarsonemus ananas Tryon) e o

ácaro alaranjado (Dolychotetranychus floridanus Banks), embora ambos não atuem como

vetores (GOES, 2005; VERZIGNASSI et al., 2009; VITALINO, 2006) e ocorre nas principais

regiões produtoras do mundo. As lesões suberificadas dos frutilhos alteram a qualidade do

produto e reduzem o aproveitamento das fatias dos frutos (VENTURA; ZAMBOLIM, 2002).

Frutos das cultivares „Smooth Cayenne‟ e „Pérola‟ não expressam sintomas externos

(MATOS; FERREIRA; CORDEIRO, 2005).

Além dessas doenças, aquelas causadas por nematóides podem provocar danos severos

na cultura do abacaxizeiro, reduzindo a eficiência na absorção dos nutrientes e,

consequentemente, provocando, além da redução do sistema radicular, clorose nas folhas, as

8

quais ficam menores e mais estreitas, bem como produção retardada e com frutos menores

(PY; LACOEUILHE; TEISSON, 1984). O abacaxizeiro é infestado por três grandes grupos

de nematóides que são agrupados em causadores de lesões radiculares (Pratylenchus

brachyurus (Godfrey) Filipjev & S. Stekhoven), o reniforme (Rotylenchus reniformis Linford

& Oliveira) e os formadores de galhas (Meloidogyne spp.) (VENTURA; ZAMBOLIM, 2002).

1.5.1. Doenças causadas por vírus

As doenças ocasionadas por vírus merecem atenção especial. Os vírus podem ser

transmitidos por insetos vetores e por meio de propagação vegetativa, o que pode ocasionar

uma ameaça à produção, tanto nas áreas onde os vírus são endêmicos, quanto naquelas livres

de vírus, mas que recebem novas mudas (FIGUEIREDO; BRIOSO, 2007).

Um fator que contribui para um baixo rendimento na produção do abacaxi é a infecção

pelo complexo viral associado à murcha, Pineapple mealybug wilt associated virus (PMWaV-

1, PMWaV-2 e PMWaV-3) pertencentes ao gênero Ampelovirus, família Closteroviridae

(GAMBLEY et al., 2008a; SETHER; HU, 2002; SETHER; MELZER; BUSTO, 2005). No

campo, estes vírus são transmitidos e disseminados pelas cochonilhas Dysmicoccus brevipes

Cockerell e D. neobrevipes Beardsley, que ocorrem associadas a formigas. Estas

desempenham um importante papel na disseminação de cochonilhas dentro e entre plantios,

pois as protegem e carregam suas ninfas de uma planta à outra (SANCHES; MATOS;

MEISSNER FILHO, 2000; SETHER; ULLMAN; HU, 1998). A murcha do abacaxizeiro foi

primeiramente relatada no Havaí em 1910 e desde então vem causando elevados prejuízos em

todo o mundo, tendo sido relatada inclusive no Brasil (GONÇALVES-GERVÁSIO; SANTA-

CECÍLIA, 2001; OLIVEIRA et al., 2013; SANCHES; MATOS; MEISSNER FILHO, 2000).

As plantas infectadas por esses vírus manifestam os sintomas de avermelhamento

foliar, bordas das folhas voltadas para baixo, apresentando seca em suas pontas. (SANCHES;

MATOS; MEISSNER FILHO, 2000). Os sintomas da murcha só surgem quando a planta

infectada pelo vírus também está sendo colonizada pelo inseto vetor (SETHER; HU, 2002).

Além dos danos diretos no vigor e produção da planta, os danos indiretos são preocupantes,

pois em alguns casos as plantas contaminadas não apresentam sintomas, dificultando a

seleção de mudas para o plantio (SANTOS; ANDRADE, 2009).

Duas espécies do gênero Badnavirus (família Caulimoviridae) também podem infectar

o abacaxizeiro: Pineapple bacilliform CO virus (PBCoV) e Pineapple bacilliform ER virus

(PBErV). Ambos são transmitidos pela cochonilha D. brevipes e, no caso do PBCoV, também

pelas cochonilhas Planococcus citri Risso (GAMBLEY et al., 2008b) e D. neobrevipes

9

Beardsley (SETHER et al., 2012). Uma associação clara entre os sintomas e a infecção por

badnavírus em abacaxi ainda não foi mostrada (GAMBLEY et al., 2008b). Os danos

econômicos ocasionados pelas badnaviroses ainda não foram estimados, mas devido a

predominância da cultura ser vegetativa e dependendo de sua incidência na lavoura, poderão

se tornar um fator limitante.

2. Cultura da cana-de-açúcar

2.1. Aspectos botânicos

A cana-de-açúcar (Saccharum spp.), é originária do sudeste Asiático com centro de

dispersão localizado entre a Nova Guiné e a Indonésia. No Brasil, foi introduzida pelos

colonizadores portugueses. Pertence à família Gramineae (Poaceae) onde as cultivares são

híbridos derivados principalmente do cruzamento entre a espécie domesticada rica em

sacarose S. officinarum e a espécie selvagem S. spontaneum. Dentro do gênero Saccharum,

ocorrem seis espécies: S. officinarum L., S. robustum Brandes e Jeswiet ex Grassl, S. barberi

Jeswiet, S. sinense Roxb., S. spontaneum L., e S. edule Hassk. (DANIELS; ROACH, 1987). A

cultura é a maior produtora de alimento energético por área (AGROLINK, 2014).

2.2. Aspectos econômicos e produção

O Brasil é o primeiro produtor desta cultura em nível mundial. A produção nacional de

cana-de-açúcar em 2013 apresentou um crescimento de 10,0% em relação a 2012, alcançando

737,9 milhões de toneladas. A área colhida apresentou um acréscimo de 4,4% em relação ao

ano anterior. Dentre os estados da federação, São Paulo é o maior produtor, responsável por

54,8% de toda produção brasileira (404,7 milhões de t), seguido por Goiás e Minas Gerais.

No Nordeste, o Estado de Alagoas ocupa a primeira posição, seguido de Pernambuco, Bahia e

Paraíba (IBGE, 2013).

As áreas em produção continuam com progressivo aumento, sendo que esse

crescimento representa a consolidação das novas variedades disponíveis no mercado, aliado

ao crescimento das áreas plantadas com variedades mais antigas (CONAB, 2012).

A cultura da cana-de-açúcar representa uma das mais importantes no cenário

socioeconômico brasileiro, por ser a principal fonte de matéria-prima utilizada pela indústria

sucroalcooleira para a produção de açúcar e álcool. O Brasil não é apenas o maior produtor de

cana, é também o primeiro do mundo na produção de açúcar e etanol, conquistando cada vez

mais o mercado externo com o uso do biocombustível como alternativa energética

(VASCONCELOS, 2002).

10

A cultura canavieira desempenha papel de destaque no agronegócio brasileiro,

representando na indústria sucroalcooleira cerca de 2% das exportações nacionais, além de

gerar quantidade significativa de empregos e contribuir de maneira efetiva para o crescimento

de mercado interno de bens de consumo. Perspectivas para o setor sucroalcooleiro são

promissoras em médio prazo, principalmente devido a quebra de subsídios do açúcar europeu

e a conquista de novos mercados consumidores (BOLOGNA-CAMPBELL, 2007).

A cadeia produtiva da cana-de-açúcar, assim como os seus produtos e subprodutos,

principalmente o açúcar e o álcool, contribuem para a distribuição de riqueza, além de ser

fonte de energia líquida e renovável propiciando a redução da poluição ambiental

(MATSUOKA; GARCIA; ARIZONO, 2005).

No sistema produtivo canavieiro brasileiro, o cultivo de variedades com boas

características agroindustriais é a melhor forma de se obter ganhos da produtividade com

baixo custo. A atuação dos programas de melhoramento genético desta cultura contribuiu

expressivamente para o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro nacional, com a liberação

de variedades mais produtivas e mais resistentes ao ataque de pragas e doenças (BARBOSA

et al., 2003).

2.3. Utilização da cana-de-açúcar

A tendência da produção nacional é mais voltada para o etanol, que alcançou 25,4

bilhões de litros, com alta de 19,26% sobre a safra anterior. Quanto ao açúcar, foram

fabricados 34,27 milhões de toneladas, ou 0,56% a mais que na safra passada. O açúcar

continua sendo um dos principais itens dos embarques para exportação no Porto de Santos,

em São Paulo, onde foram embarcadas ao longo do ano passado 19 milhões de toneladas de

açúcar, volume 15% maior do que no ano anterior. (AGROLINK, 2014)

2.4. Melhoramento genético da cana-de-açúcar

O Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar (PMGCA) da Rede

Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (RIDESA) é composto

por 10 universidades: UFAL (Universidade Federal de Alagoas), UFRPE (Universidade

Federal Rural de Pernambuco), UFS (Universidade Federal de Sergipe), UFV (Universidade

Federal de Viçosa), UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), UFSCar

(Universidade Federal de São Carlos), UFPR (Universidade Federal do Paraná), UFPI

(Universidade Federal do Piauí, UFMT(Universidade Federal do Mato Grosso) e UFG

11

(Universidade Federal de Goiás), as quais obtêm as variedades RB (República Federativa do

Brasil).

O PMGCA teve sua origem em 1971, quando foi estabecido o PLANALSUCAR-

Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-açúcar, que foi nomeado para atuar em

áreas de pesquisas do antigo IAA- Instituto do Açúcar e do Álcool. O programa tinha como

seu principal objetivo o de renovação da lista de variedades de cana-de-açúcar existente, entre

elas algumas importadas, as quais se consolidavam na produção sucroalcooleira do país, e que

era representada por variedades antigas que já apresentavam evidências de deterioração e que

não acompanhavam a produção por serem variedades específicas de algumas regiões

(PMGCA, 2013).

Em Alagoas, o PMGCA situa-se na Unidade Acadêmica Centro de Ciências Agrárias

(CECA) da UFAL, em parceria com o setor produtivo canavieiro. As inovações tecnológicas

desenvolvidas pelo PMGCA/CECA/UFAL e transferidas para o setor produtivo vêm

contribuindo significativamente para a elevação da produtividade e da qualidade das unidades

produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade (RIDESA, 2010).

Na obtenção de variedades RB, a RIDESA tem como ponto de partida um Banco de

Germoplasma da Estação de Floração e Cruzamento Serra do Ouro, situada em Murici -

Alagoas a 09º13‟S; 35º50‟W; 515 m de altitude. A área total da Estação é de 32 hectares e

apresenta pluviosidade anual média de 2.363mm, temperaturas mínima e máxima com média

de 18,2ºC e 27,9ºC, respectivamente, distando 34 km do litoral. Por sua localização e clima

privilegiados, permite o florescimento natural e profuso da cana-de-açúcar, necessário para a

realização de hibridações previamente planejadas pelos pesquisadores das Universidades que

compõem a RIDESA. Atualmente o banco de germoplasma da Serra do Ouro é composto de

2.607 genótipos, provenientes de programas nacionais e internacionais.

A estratégia básica do PMGCA-RIDESA para obtenção de novas variedades RB

baseia-se em cruzamentos de indivíduos superiores, que são realizados visando à seleção de

genótipos que apresentem características vantajosas em produtividade agroindustrial e

tolerância aos principais estresses: pragas, doenças, seca, geada, salinidade e florescimento

(RIDESA, 2010).

A adoção de tecnologias para novas variedades é o que tem contribuído para o avanço

sustentável do setor, pois ao considerar o avanço em produtividade que ocorreu com a cana-

de-açúcar nos últimos 40 anos, verificou-se um aumento em mais de 30% na produtividade

média como também a evolução significativa na qualidade da matéria-prima. Neste sentido, a

12

liberação de novas variedades disponíveis no mercado aliado ao manejo adequado pode

contribuir para elevação da produtividade com menores custos de produção. (RIDESA, 2010).

Mais importante do que o número de variedades liberadas é o nível de adoção das

mesmas pelo setor produtivo. De acordo com o censo varietal 2009, realizado pela RIDESA

considerando todas as Universidades Federais de Ensino Superior integrantes, as variedades

RB ocupam 58% dos canaviais do País, chegando a algumas regiões a representar áreas

superiores a 70%. Ao considerar os últimos censos realizados pela RIDESA verificou-se

tendência crescente na área plantada com variedades RB impulsionadas principalmente pela

liberação de novas variedades que tiveram plantio expressivo em todo território nacional.

(RIDESA, 2010).

O PMGCA/CECA/UFAL, se preocupa não só com a criação, desenvolvimento e

liberação de novas variedades de cana-de-açúcar para o mercado, mas também com a

fitossanidade das mesmas, objetivando solidificar um avanço sustentável para o setor

sucroalcooleiro, desenvolve pesquisas no banco de germoplasma da Estação de Floração e

Cruzamento Serra do Ouro para verificar possível presença de patógenos.

2.5. Doenças da cultura da cana-de-açúcar

É fato que toda essa expansão no setor sucroalcooleiro submete a cultura a uma ampla

variedade de fatores de estresse capazes de reduzir sua produtividade, sendo as doenças um

fator bastante relevante. As cinco principais doenças da cultura da cana-de-açúcar são o

raquistimo das soqueiras, a escaldadura, o carvão, o mosaico e a síndrome do amarelecimento

foliar (TOKESHI; RAGO, 2005). A cana-de-açúcar (Saccharum L. híbridos interespecíficos)

é vulnerável a diversas doenças disseminadas pelo uso de colmos contaminados, sendo que a

monocultura em extensas áreas favorece o surgimento de epidemias. A planta matriz pode se

mostrar infectada sem apresentar qualquer sintoma externo, aumentando os riscos de

disseminação de doenças para novas áreas (CHATENET et al., 2001).

O raquitismo da soqueira apresenta-se como uma das principais doenças da cana-de-

açúcar e quase todas as variedades são suscetíveis. A doença é causada por Leifsonia xyli

subsp. xyli Davis. Não existe um sintoma característico da doença, porém se observa o

crescimento desordenado dos colmos, como o próprio nome da doença retrata, além de

sintomas internos que é o desenvolvimento de uma coloração avermelhada nos feixes

vasculares. Sua transmissão se dá, por ferramentas de corte e também via plantio de toletes

contaminados (MATSUOKA, 1975). Também causada por bactérias, a escaldadura-das-

folhas tem como agente causal Xanthomonas albilineans (Ashby) Dowson. A bactéria

13

coloniza os vasos do xilema, agindo de forma sistêmica e podendo se disseminar

principalmente por meio de ferramentas de corte (facão, colhedora), por mudas infectadas,

além da gutação (TOKESHI; RAGO, 2005). Pode causar perdas de até 100%, com a queima

das folhas e apodrecimento dos colmos.

Os fungos também são causadores de algumas doenças de grande importância para a

cultura da cana. O carvão, causado por Ustilago scitaminea Syd, pertencente à classe dos

Ustomycetes, infecta a planta através dos teliósporos e coloniza preferencialmente os tecidos

meristemáticos. O principal sintoma da doença é a formação de uma estrutura chamada de

“chicote”, induzida pelo fungo, que pode chegar a até meio metro de comprimento. Sua

disseminação ocorre principalmente através do vento. Outra doença de origem fúngica que

merece destaque é a ferrugem marrom, causada pelo fungo Puccinia melanocephala Syd. &

P. Syd. Geralmente apresentam coloração avermelhada ou marrom-alaranjada nas folhas,

iniciando com pequenas manchas cloróticas que evoluem para manchas alongadas de cores

amareladas e tamanhos variáveis (MATSUOKA et al., 2005). Sua principal forma de

disseminação também se dá através do vento, que transporta os uredósporos por longas

distancias.

Nas tradicionais regiões produtoras um dos principais problemas que tem reduzido a

produtividade da cana-de-açúcar é o ataque de fitonematóides, principalmente dos gêneros

Meloidogyne e Pratylenchus (RESENDE JÚNIOR; VICENTE, 2011). Além do dano causado

pela utilização de nutrientes da planta, estes parasitos injetam toxinas no sistema radicular,

resultando em deformações nas raízes, como as galhas provocadas por Meloidogyne javanica

(Treub.) Chitwood, M. incognita (Kofoid & White) Chitwood, e extensas áreas necrosadas,

quando os nematóides presentes são Pratylenchus zeae Graham (COSTA, 2006).

2.5.1. Doenças causadas por vírus

O mosaico da cana-de-açúcar ocorre em mais de 70 países, sendo o Sugarcane mosaic

virus (SCMV) e o Sorghum mosaic virus (SrMV), pertencentes ao gênero Potyvirus, os

agentes etiológicos da doença (ALEGRIA et al., 2003). Os sintomas caracterizam-se pelo

mosaico nas folhas novas. Touceiras tem desenvolvimento retardado, podendo ter sua altura

reduzida à metade. Os sintomas mais frequentes surgem em canaviais jovens e com bom

crescimento vegetativo. Ocasionalmente em variedades extremamente suscetíveis, os colmos

podem apresentar sintomas de riscas e estrias deprimidas que podem evoluir até a necrose do

tecido sub-epidérmico. Neste caso o encurtamento dos entrenós é acentuado TOKESHI;

RAGO, 2005).

14

A síndrome do amarelecimento foliar (SAF), também conhecida por “amarelinho” foi

relatada no Brasil em 1989, mas começou a se tornar problema sério a partir do início da

década de 90 (VEGA; SCAGLIUSI; ULIAN, 1997). Plantações comerciais da variedade

SP71-6163, no Estado de São Paulo, tiveram perdas de produção de até 50%. Nesta época, as

investigações sobre a causa da doença, conduzidas no Brasil e no exterior, levantaram várias

hipóteses, entre as quais: fatores relacionados ao solo e clima ou mesmo a agentes bióticos,

como fungos, nematóides, vírus e fitoplasmas. No entanto, estudos demonstraram que o

Sugarcane Yellow Leaf Curl Virus é o agente causal do amarelinho (SCAGLIUSI;

LOCKHART, 2000).

Outros vírus vêm sendo relatados sobre a cana-de-açúcar, mas em muitos casos a

importância econômica dessas viroses ainda necessita ser determinada. Esse é o caso dos

Badnavirus, patógenos cujos relatos de ocorrência vêm aumentando na cultura em vários

países.

Em cana-de-açúcar (Saccharum spp.) foram descritas duas espécies de badnavírus:

Sugarcane bacilliform IM virus e Sugarcane bacilliform MO virus. A primeira foi descrita em

Cuba infectando S. officinarum com sintomas de estrias cloróticas ou em infecções latentes

(LOCKHART; AUTREY, 1988; RODRIGUEZ-LEMA et al., 1985). Essa espécie também já

foi relatada na Austrália, nos Estados Unidos e no Marrocos e tem como vetor a cochonilha

Saccharicoccus sacchari Cockerell (JONES; LOCKHART, 1993). Além de Saccharum spp.,

o vírus infecta plantas de bananeira (Musa acuminata Colla) em condições experimentais

(LOCKHART, 1995). O outro badnavírus que infecta a cana-de-açúcar é Sugarcane

bacilliform MO virus, relatado nos Estados Unidos sobre S. officinarum apresentando estrias

cloróticas. Ainda não se conhece o vetor desse vírus em condições naturais, sendo transmitido

apenas por propagação vegetativa, mas em condições experimentais o vírus pode infectar

bananeira (BOUHIDA; LOCKHART; OLSZEWSKI,1993).

Santos (2013) estudou a incidência de badnavírus em um dos principais Bancos de

Germoplasma de cana-de-açúcar do mundo, localizado na Estação de Floração e Cruzamento

da Cana-de-açúcar da Serra do Ouro, em Murici, Alagoas (9º13‟S; 35º50‟W), pertencente ao

PMGCA / CECA / UFAL / RIDESA e concluiu que 36,5% dos genótipos analisados estavam

infectados. Os badnavírus detectados por Santos (2013) pertencem a cinco espécies distintas,

sendo duas espécies já descritas, Banana streak OL virus (BSOLV) e Sugarcane bacilliform

IM virus (SCBIMV) e três possíveis novas espécies. Este constituiu o primeiro relato de

BSOLV em cana-de-açúcar, pois este vírus havia sido relatado apenas em plantas de banana

15

(Musa spp.) em diversos países (LOCKHART; OLSZEWSKI, 1993), inclusive no Brasil

(BRIOSO et al., 2000; LOMBARDI; HARAKAVA; COLARICCIO, 2010).

3. Família Caulimoviridae

A família Caulimoviridae engloba vírus de plantas com genoma de DNA de fita dupla

(dsDNA) classificados como pararetrovirus (vírus de DNA que utilizam a transcriptase

reversa no ciclo de replicação) e diferem dos retrovírus com base no seu genoma de DNA e na

sua integração irregular dentro do genoma do hospedeiro para a replicação (TEMIN, 1985).

Os vírus dessa família apresentam partículas não envelopadas as quais podem apresentar

morfologia isométrica (50-52 nm de diâmetro) ou baciliforme (30 nm de diâmetro e 130 -150

nm de comprimento) (GEERING; HULL, 2012).

Os vírions contêm uma única molécula de DNA fita dupla circular não covalentemente

fechada com 7,2 a 9,2 Kb (FAUQUET et al., 2005; GEERING; HULL, 2012). O genoma

possui uma região intergênica poli A, a qual pode também estar ausente, e descontinuidades

de fita simples ou “gaps” em sítios específicos de ambas as fitas (HARPER et al., 2002). O

genoma dos caulimovírus contém de um a oito ORFs (sequências de leitura aberta) e a

organização genômica é uma das principais características utilizadas para distinguir os

diferentes gêneros dessa família.

Atualmente, são reconhecidos pelo International Committee on Taxonomy of Viruses

(ICTV), sete gêneros da família Caulimoviridae: Badnavirus, Caulimovirus, Cavemovirus,

Petuvirus, Solendovirus, Soymovirus e Tungrovirus, os quais são separados de acordo com o

inseto vetor, gama de hospedeiro, organização do genoma e relacionamento filogenético. Os

membros de Caulimoviridae possuem ampla distribuição geográfica, sendo que a maioria das

espécies dos gêneros Tungrovirus e Badnavirus se localiza nas regiões tropicais e subtropicais

(GEERING; HULL, 2012).

Os hospedeiros naturais de espécies da família Caulimoviridae são Angiospermas das

classes Dicotyledonae e Monocotyledonae. Dependendo do gênero, a transmissão natural do

vírus pode ocorrer via inseto vetor ou por contato entre plantas hospedeiras, bem como por

sementes ou pelo pólen e por propagação vegetativa. A transmissão pode ser também

realizada por técnicas como a inoculação mecânica e enxertia (FAUQUET et al., 2005).

Os sintomas causados por esses vírus são variáveis e dependem da espécie viral,

hospedeira e condições climáticas. Mosaico, clareamento de nervuras, clorose entre nervuras

e estrias são os sintomas mais frequentes observados nas infecções causadas pelos diferentes

gêneros de Caulimoviridae (GEERING; HULL, 2012).

16

A replicação dos caulimovírus, em geral, envolve duas fases: transcrição de RNA a

partir do DNA viral no núcleo e transcrição reversa deste RNA para gerar dsDNA no

citoplasma. O genoma desses vírus também contêm uma sequência complementar ao

tRNAMet da planta que corresponde ao sítio de iniciação da replicação do DNA. Geralmente

este sítio está localizado dentro ou adjacente à região intergênica (região não-codificante) e é

geralmente designada como nucleotídeo 1 (DE KOCHKO et al.,1998).

Em contraste com os retrovírus, os pararetrovírus vegetais não necessitam de

integração ao genoma hospedeiro para sua replicação, portanto seu genoma não codifica a

proteína integrase. Sequências virais podem ocorrer dispersas no genoma de plantas,

originárias de uma infecção viral anterior que se fixou na linhagem germinativa. Tais

sequências são conhecidas como sequências endógenas de pararetrovirus (Endogenous

Pararetroviral Sequences - EPRVs) e são a classe mais abundante de sequências virais

endógenas em diferentes espécies de plantas (GAYRAL; ISKRA-CARUANA, 2009).

Um número cada vez maior de EPRVs em membros da família Caulimoviridae tem

sido identificado no genoma de muitas espécies de plantas (GEERING; SCHARASCHKIN;

TEYCHENEY, 2010). Todas as EPRVs descritas até o momento possuem um padrão de

arranjo similar com repetições em tandem, duplicações internas, fragmentações e inversão do

genoma viral. A maioria das EPRVs resulta em genomas virais parciais e não funcionais,

porém várias integrações contêm toda extensão do genoma viral, com sequências de leitura

aberta (ORFs) funcionais. Tais sequências podem então ser ativadas resultando na liberação

do genoma viral funcional que infectará o hospedeiro (GAYRAL; ISKRA-CARUANA,

2009). Essas sequências são integradas no genoma hospedeiro e podem dar origem a vírus

epissomais (NDOWORA et al., 1999) sendo provenientes de eventos de infecções antigas

(HARPER et al, 2005) ou sequências representativas intermediárias entre caulimovírus e

retrotransposons LTR (BOUSALEM; DOUZERY; SEAL, 2008; LLORENS et al., 2009).

Sabe-se até então que as sequências genômicas de alguns pararetrovirus vegetais são

integradas no genoma do hospedeiro, e que podem dar origem a vírus epissomais

(NDOWORA et al., 1999). Existe evidência de que algumas sequências são capazes de iniciar

uma infecção, em determinadas condições. Os melhores exemplos estudados foram para os

vírus: Banana streak OL virus (BSOLV) (NDOWORA et al., 1999), Banana streak GF virus

(BSGFV) (GAYRAL; ISKRA-CARUANA, 2009), Petunia vein clearing virus (PVCV)

(STAGINNUS; RICHERT-PÖGGELER, 2006) e Tobacco vein clearing virus (TVCV).

17

3.1. Gênero Badnavirus

O mais numeroso gênero da família Caulimoviridae é o Badnavirus, cujos membros se

apresentam como vírions baciliformes com 95-130 nm de comprimento e 24-35 nm de largura

(FAUQUET et al., 2005). O genoma de badnavírus geralmente contém uma única molécula

de dsDNA de cerca de 7200-7600 pb que forma um círculo aberto interrompido por

descontinuidades sítio-específicas e que podem conter uma região intergênica poli A

(MEDBERRY; LOCKHART; OLSZEWSKI, 1990). Os badnavírus são o segundo maior

gênero de vírus de plantas conhecido que possui um genoma de DNA (BOUHIDA;

LOCKHART; OLSZEWSKI, 1993; HAGEN et al., 1993), ficando atrás apenas do gênero

Begomovirus.

O membro tipo do gênero Badnavirus é o Commelina yellow mottle virus (CoYMV)

obtido de Commelina difusa Burm. F., em Guadaloupe (MIGLIORI; LASTRA, 1978). Todos

os badnavírus codificam para três principais ORFs (Figura 3A), e contém geralmente três

descontinuidades (gaps) em sítios específicos (BOUHIDA; LOCKHART; OLSZEWSKI,

1993; HAGEN et al., 1993; HARPER; HULL, 1998). As funções dos produtos das ORFs I e

II permanecem desconhecidas. Contudo, para o CoYMV, a proteína da ORF I está associada

com vírions imaturos, enquanto a ORF II é encontrada associada com ambos, imaturos e

maduros (CHENG; YANG; YEH, 1996). A poliproteína codificada pela ORF3 contém

domínios funcionais: rico em cisteína (CYS), motivo de ligação ao RNA (RB), aspartato

protease (PR), e replicase viral (transcriptase reversa, RT e ribonuclease, RNase H-RH)

(Figura 3B), os quais possuem domínios idênticos para os membros da família

Caulimoviridae (HARPER; HULL, 1998; LACO; BEACHY, 1994; MEDBERRY;

LOCKHART; OLSZEWSKI, 1990).

18

Figura 3A. Representação esquemática da organização genômica de Commelina yellow

mottle virus (CoYMV) membro tipo do gênero Badnavirus. O círculo completo representa o

genoma de DNA de fita dupla. As setas largas indicam a posição das ORFs 1, 2 e 3. B.

Representação linear do mapa genômico de badnavírus mostrando a identificação dos

domínios: domínios de movimento (M), motivo de ligação ao RNA (BR), região conservada

de cisteína (CYS), aspartato protease (PR), transcriptase reversa (RT), Ribonuclease H (RH)

(BRIDDON et al., 1999).

B

A

Os badnavírus são relatados infectando uma ampla gama de culturas tropicais

economicamente importantes como arroz (Oryza sativa L.) (OMURA et al., 1983), cana-de-

açúcar (Saccharum spp. L.) (LOCKHART; AUTREY, 1988), banana (Musa spp.)

(LOCKHART; OLSZEWKI, 1993), cacau (Theobroma cacao L.) (BRUNT et al., 1996),

citros (AHLAWAT et al., 1996), pimenta (Capsicum spp L.) (LOCKHART et al., 1997),

inhame (Dioscorea spp.) (PHILLIPS et al., 1999) e taro (Colocasia esculenta (L.) Schott.)

(YANG et al., 2003). A transmissão dos membros do gênero Badnavirus ocorre

principalmente por cochonilhas da espécie P. citri (Hemiptera: Pseudococcidae) e nem

sempre os vírus são detectados apenas em plantas sintomáticas, podendo ser também

detectados em plantas assintomáticas (GAUHL; PASBERG-GAUHL; HUGHES, 1997).

A identificação de badnavírus é baseada na amplificação parcial do genoma por PCR

(“Polymerase Chain Reaction” = Reação em cadeia da Polimerase). Esta técnica não é capaz

de distinguir entre sequências integradas ao genoma e cópias epissomais dos vírus na planta

hospedeira. Como consequência, o número de sequências de badnavírus tem crescido

19

rapidamente, resultando na falta de clareza sobre como determinar o estado taxonômico dos

membros desse gênero (BOUSALEM; DOUZERY; SEAL, 2008).

O genoma de diferentes badnavírus tem sido relatado como sendo altamente variável,

portanto, a maioria dos pares de primers para PCR utilizados para sua detecção foi desenhada

a partir de três regiões conservadas que ocorrem na ORF III (MEDBERRY; LOCKHART;

OLSZEWSKI, 1990), representando o domínio tRNAMet e as regiões da RNase H e RT

(GEERING et al., 2000; LOCKHART; OLSZEWSKI, 1993). Adicionalmente, para a alta

variabilidade genética de badnavírus, a descoberta da integração de Banana streak

virus (BSV) no genoma da planta, acarreta em dificuldades de testes confiáveis de diagnóstico

além de dificultar o intercambio internacional de germoplasma. A integração de partes do

genoma de BSV em espécies de Musa foi primeiramente apontada por Lafleur; Lockhart e

Olszewski (1996) através de hibridização, e demonstrado adicionalmente por técnicas

moleculares e citogenéticas por Harper et al. (1999). Geering et al. (2000) sugerem que

sequências integradas de BSV podem estar ligadas ao genoma A ou B de Musa e que a

distribuição dos integrantes de BSV podem estar restritos a determinadas espécies do

hospedeiro, pois uma infecção em banana pode ser originada a partir de sequências integradas

de badnavírus (NDOWORA et al., 1999). Cultura de tecidos e outros fatores de estresse

podem também ativar algumas dessas sequências (DAHAL et al., 2000; DALLOT et al.,

2001).

3.1.1. Outros hospedeiros de Badnavirus no Brasil

Além do abacaxizeiro, os badnavírus podem infectar uma ampla variedade de

hospedeiros, incluindo algumas culturas de grande relevância para a região Nordeste como o

inhame, a cana-de-açúcar e a bananeira.

Atualmente, apenas duas espécies de badnavírus que infectam inhame são

reconhecidas pelo ICTV, o Dioscorea bacilliform AL virus (DBALV) e Dioscorea bacilliform

SN virus (DBSNV), provenientes de D. alata L. e D. sansibarensis Pax, respectivamente

(GEERING; HULL, 2012), sendo que apenas a primeira espécie foi relatada no Brasil

(ANDRADE, 2007; GUIMARÃES, 2013; LIMA et al., 2013). Análises de sequências de

isolados do DBALV conduzidas por Lima et al. (2013) e por Guimarães, et al. (2013),

baseadas no domínio RT/RNase H revelaram uma diversidade genética relativamente baixa,

fato atribuído, em ambas as situações, a base geneticamente estreita do inhame (praticamente

uma única variedade, propagada vegetativamente). No entanto, Guimarães (2013) estudou

20

também a estrutura genética de cinco populações de DBALV concluindo que a variabilidade é

alta, semelhante àquela encontrada para vírus de ssDNA.

Estudos realizados na África e Sul do Pacífico sugerem alta diversidade de Badnavirus

em inhame e a possível presença de até doze espécies (ENI et al., 2008). O DBALV causa

distorção foliar severa e é o badnavírus mais amplamente distribuído, sendo encontrado em

infecções simples e/ou mistas com potyvírus (PIO-RIBEIRO et. al., 2005; YANG et al.,

2003).

Em bananeira são reconhecidas atualmente pelo ICTV, quatro espécies de badnavírus:

Banana streak OL virus, Banana streak GF virus, Banana streak MY virus e Banana streak

VN virus, descritos inicialmente na Nigéria, Equador, Austrália e Vietnã, respectivamente

(GEERING; HULL, 2012; HARPER; HULL, 1998; LHEUREUX et al., 2007). Os sintomas

consistem em estrias cloróticas nas folhas e redução da produção de frutos (HARPER; HULL,

1998; LOCKHART, 1995). As espécies diferem entre si com base na organização do seu

genoma (HARPER; HULL, 1998; GEERING et al., 2005; LHEUREUX et al., 2007). No

Brasil, o Banana streak virus (BSV) foi primeiramente descrito por Brioso et al. (2000) em

mudas de bananeira. Figueiredo et al. (2006a), relatou que existem no Brasil, pelo menos

quatro estirpes de BSV que podem infectar a bananeira, porém, posteriormente, essas estirpes

foram identificadas como quatro possíveis espécies de Badnavirus (FIGUEIREDO et al.,

2006b).

4. Variabilidade e estrutura genética de populações de fitopatógenos

A estrutura genética de populações de fitopatógenos refere-se à quantidade de

variabilidade genética existente e de sua distribuição dentro e entre populações

(MILGROOM, 1995). O estudo da dinâmica da variabilidade genética de populações de

fitopatógenos é necessário para conhecer como as populações evoluem (MCDONALD;

ZHAN; BURDON, 1999). Uma vez compreendidas as maneiras como populações de

fitopatógenos mantêm a variabilidade genética, é possível inferir sobre a taxa com a qual estas

populações evoluem (MCDONALD; LINDE, 2002a).

Programas de melhoramento visando resistência a patógenos podem ser orientados

pelos conhecimentos da estrutura genética de populações. McDonald e Linde (2002b)

propuseram um modelo para auxiliar na definição de estratégias de melhoramento visando

aumentar a durabilidade da resistência, que se baseia no potencial evolutivo de populações de

fitopatógenos. Por sua vez, o potencial evolutivo é determinado com base na estrutura

21

genética das populações. Em síntese, o modelo considera a quantidade e a distribuição da

variabilidade genética da população.

A durabilidade de variedades resistentes pode ser estimada com base em informações

da estrutura genética de populações de fitopatógenos (MCDONALD e LINDE, 2002a). Por

exemplo, a durabilidade do gene Xa7, que confere resistência de arroz à queima bacteriana

(Xanthomonas oryzae pv. oryzae (Ishiyama 1922) Swings et al.), foi determinada com base

em estudo da estrutura genética da população da bactéria em conjunto com estudos de

variabilidade patogênica, principalmente de atributos relacionados à adaptabilidade do

patógeno (VERA CRUZ et al., 2000).

Para compreensão da variação espacial e temporal na resistência e virulência de

patógenos, torna-se necessário combinar métodos de diferentes áreas de pesquisa como, por

exemplo, análises moleculares acopladas com análises estatísticas de genética de populações e

evolução, pois essas variações são de grande interesse para o desenvolvimento de estratégias

de manejo bem sucedidas (STUKENBROCK; MCDONALD, 2009).

Em populações de vírus o alto grau de diversidade genética é gerado por erros durante

a replicação do genoma. Os dois mecanismos de geração de erros em vírus são a mutação e

recombinação (GARCIA-ARENAL; FRAILE; MALPICA, 2003).

4.1. Mutação

A mutação é o processo pelo qual nucleotídeos que não estão presentes na fita molde

são incorporados na fita filha durante a replicação dos ácidos nucléicos (GARCIA-ARENAL;

FRAILE; MALPICA, 2003).

A taxa de mutação mede o aparecimento de mutações espontâneas, como uma função

do tempo. Taxas de mutações observadas diferem entre as espécies e também variam de

acordo com o genoma de uma dada espécie. Este parâmetro é frequentemente mensurado

como o número de substituições de nucleotídeos por base por geração. Como os vírus de

RNA são replicados por polimerases de RNA dependentes de RNA, que não possuem a

capacidade de correção de erro, eles apresentam as mais altas taxas de mutação por geração

entre 10-6

e 10-4

(DRAKE; HOLLAND, 1999). A taxa de evolução molecular para vírus de

RNA também é alta entre 10-4

e 10-2

subs/sítio/ano (JENKINS et al., 2002). Desta forma, vírus

de RNA são considerados as entidades que evoluem mais rapidamente (HOLLAND et al.,

1982).

A taxa universal de mutação para microrganismos com genoma de DNA é entre 10-10

a

10-6

mutações por base por geração, enquanto essa taxa varia em torno de um padrão médio

22

de 0,003 mutações por genoma por geração, um resultado conhecido como regra de Drake

(DRAKE, 1991). Embora essa taxa reflita estimativas obtidas para alguns vírus de DNA, a

sua universalidade é uma questão em aberto. Por exemplo, a taxa de mutação do ssDNA do

fago ΦX174 é mais alta do que a predita por esse modelo, enquanto os papilomavírus,

evoluem mais lentamente que o previsto (RANEY; DELONGCHAMP; VALENTINE,

2004). Estudos têm demonstrado que vírus de ssDNA como os parvovírus (SHACKELTON

et al., 2006) e geminivírus (DUFFY; HOLMES, 2009), podem apresentar taxas evolutivas

semelhantes as dos vírus de RNA.

As taxas de mutação correspondem à fidelidade das polimerases utilizadas na

replicação: vírus de RNA (os quais utilizam RNA polimerase dependentes de RNA, RdRps)

mutam mais rápido que os retrovírus (DNA polimerase dependente de RNA; RdDps ou

transcriptase reversa, RTs) e mais rápido que os vírus de DNA (DNA polimerase) (DUFFY;

SHACKELTON; HOLMES, 2008). DNA polimerases podem possuir domínios de correção

de erros, os quais rapidamente reduzem a taxa de mutação durante a replicação do DNA por

ao menos uma ordem de magnitude (GARCIA-DIAZ; BEBENEK, 2007). Ainda não se

conhece polimerases de RNA com capacidade de correção de erro. No caso de RTs, a

fidelidade é mais alta que a de RdRps (embora permaneça mais baixa que a de DNA

polimerases), resultando em menores taxas de mutação em retrovírus que em vírus de RNA.

Por exemplo, quando não integrados no genoma do hospedeiro, taxas 0.1-0.2 de mutações por

genoma por geração têm sido estimadas para human immunodeficiency virus type-1 (HIV-1)

(DRAKE et al., 1998), uma taxa aproximadamente cinco vezes menor do que a observada em

vírus que replicam usando RdRps (DRAKE, 1993).

Estudos com bactérias e sistemas animais indicaram que a taxa de mutação dos vírus

de dsDNA e ssDNA diferem significativamente (DUFFY; SHAKELTON; HOLMES, 2008).

As informações sobre taxas de mutação para vírus de dsDNA que infectam plantas são

escassas, sendo relatada apenas para o Cauliflower mosaic virus (CaMV), a qual estima-se

que é em torno de 10-5

subs/sítio/ano (FROISSART et al., 2005). Segundo Firth et al. (2010),

os vírus dsDNA são frequentemente descritos evoluindo através de associações co-

divergentes com seus hospedeiros, onde se espera um padrão de baixas taxas de substituição

de nucleotídeos.

4.2. Recombinação

Recombinação é o processo pelo qual segmentos de uma fita de DNA ou RNA

tornam-se incorporados na fita de um indivíduo diferente durante o mecanismo de replicação

23

(PADIDAM; BEACHY; FAUQUET; 1999). Eventos de recombinação têm sido

demonstrados estar associados com vírus aumentando sua gama de hospedeiros, (GIBBS;

WEILLER, 1999) virulência, (PITA et al., 2001; ZHOU et al., 1997) potencial evolutivo e

adaptação local (MONCI et al., 2002).

A recombinação é um evento bastante comum em vírus que infectam plantas com

genoma de ssDNA, a exemplo dos geminivírus (LEFEUVRE et al., 2007; PADIDAM;

BEACHY; FAUQUET, 1999). A elevada frequência de recombinação nesse grupo de vírus

pode ser, em parte, explicada pela ocorrência frequente de infecções mistas (DAVINO et al.,

2009; GARCÍA-ANDRES et al., 2006; PITA et al., 2001; RIBEIRO et al., 2003; SANZ et al.,

2000; TORRES-PACHECO et al., 1996), com a evidência de infecção do mesmo núcleo da

célula por mais de um begomovírus (MORILLA et al., 2004).

Estudos sugerem que eventos de recombinação contribuem para o nível de variação

genética entre os membros do gênero Caulimovirus (FROISSART et al., 2005) e Tungrovirus

(ARBOLEDA; AZZAM, 2000). Os vírus que pertencem à família Caulimoviridae (dsDNA)

são considerados objetos ideais para estudos de recombinação. Esta família de vírus de

plantas tem recebido atenção adicional desde a descoberta de que é capaz de se integrar no

genoma da planta hospedeira (SQUIRES et al., 2011). Eventos de recombinação homóloga já

foram relatados para ativação do genoma epissomal de BSV e TVCV, integrados nos

genomas de seus hospedeiros (NDOWORA et al., 1999; STAGINNUS; RICHERT-

PÖGGELER, 2006).

No entanto, a recombinação entre badnavírus de inhame em condições naturais parece

ser rara. A investigação de eventos de recombinação em espécies de badnavírus que infectam

inhame identificou apenas um único evento ocorrendo na região que codifica para a

transcriptase reversa entre as espécies tentativas DeBV A e DeBV B. Contudo, como as

análises foram realizadas para um pequeno fragmento do genoma, recombinações em outras

partes do genoma não podem ser excluídas (BOUSALEM et al., 2009).

Este trabalho teve como objetivo determinar a incidência e caracterizar os Badnavirus

detectados na cultura do abacaxi na região Nordeste do Brasil através do sequenciamento da

região RT/RNaseH e determinar a estrutura genética de populações de Badnavirus que

infectam a cultura do abacaxi e cana-de-açúcar na região Nordeste do Brasil, através da

sequência parcial da região RT/RNAseH da ORF3 do genoma viral, com a finalidade de

fornecer informações que possam contribuir para o melhor entendimento da biologia dessas

espécies e auxiliar os programas de melhoramento genético dessas culturas.

24

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CAPÍTULO II

Incidência e caracterização molecular de badnavírus na cultura do abacaxizeiro

no Nordeste do Brasil

36

Incidência e caracterização molecular de badnavírus na cultura do abacaxizeiro no

Nordeste do Brasil

Edlene M. S. M. Santos1; Sarah J. C. Silva

2; Jaqueline F. O. Costa

2; Iraildes P. Assunção

2;

Gaus S. A. Lima1,2

.

RESUMO

O Brasil é o principal produtor mundial de abacaxi (Ananas comosus L. Merril), tendo a

região Nordeste destaque como maior produtora no âmbito nacional. O abacaxizeiro está

exposto a diversos problemas fitossanitários, inclusive as viroses. As badnaviroses do

abacaxizeiro são causadas por duas espécies distintas: Pineapple bacilliform CO virus

(PBCoV) e Pineapple bacilliform ER virus (PBErV). O objetivo do presente trabalho foi

determinar a incidência de badnavírus na cultura do abacaxi no Nordeste do Brasil utilizando

técnicas moleculares através de PCR e caracterizá-los mediante sequenciamento da região

RT/RNaseH. Amostras foliares foram coletadas nos Estados de Alagoas, Maranhão, Paraíba e

Pernambuco e submetidas à extração de DNA. A incidência de badnavírus foi constatada em

todas as áreas amostradas e variou de 80 a 96,4%. Análises de comparações de sequências

pareadas revelaram que todas as sequências obtidas neste trabalho apresentaram identidade

superior a 80% com a sequência da espécie PBCoV (EU377664), oriunda da Austrália,

corroborando integralmente as análises filogenéticas. Estes resultados sugerem a ampla

disseminação do PBCoV no Nordeste brasileiro e registra o primeiro relato de badnavírus na

cultura do abacaxizeiro no Brasil.

Palavras-chave:1 Caulimoviridae, Ananas comosus, análise molecular.

1Departamento de Agronomia/Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), 52171-900, Recife, PE,

Brasil. 2Centro de Ciências Agrárias/ Universidade Federal de Alagoas (UFAL), 57100-000, Rio Largo, AL, Brasil.

Autor para correspondência: Gaus S. A. Lima. e-mail: [email protected]

37

Incidence and molecular characterization of badnavirus in culture of pineapple in

Northeast of the Brazil.

ABSTRACT

Brazil is the world's leading producer of pineapple (Ananas comosus L. Merril), having the

Northeast highlighted as major producing nationally. The pineapple plant is exposed to

various problems, including viruses. Badnaviroses of the pineapple are caused by two

distinct species: Pineapple bacilliform CO virus (PBCoV) and Pineapple bacilliform ER virus

(PBErV). The aim of this work was determine the incidence of Badnavirus in the pineapple

crop in Northeast of the Brazil using molecular techniques by PCR and characterize them by

sequencing of the region RT/RNaseH. Leaf samples were collected in the states of Alagoas,

Maranhão, Paraíba and Pernambuco and subjected to DNA extraction. The incidence of

badnavirus was detected in all the sampled areas and varied from 80 to 96.4%. Analyzes

comparing paired sequences revealed that all sequences obtained in this study showed identity

greater than 80% to the sequence of the specie PBCoV (EU377664), coming from Australia,

fully corroborating the phylogenetic analyzes. These results suggest the wide spread of

PBCoV in Northeast Brazilian and records the first report of Badnavirus the pineapple crop in

Brazil.

Key words: Caulimoviridae, Ananas comosus, molecular analysis.

38

1. INTRODUÇÃO

O abacaxizeiro (Ananas comosus L. Merril) é uma planta monocotiledônea, herbácea,

perene, pertencente à família Bromeliaceae, que apresenta aproximadamente 50 gêneros e

2000 espécies. Do ponto de vista econômico, o gênero Ananas é o mais importante desta

família, pois nele estão incluídos os abacaxis (CUNHA & CABRAL, 1999).

Segundo dados da FAO, em 2011, a produção mundial foi de 21,8 milhões de

toneladas de abacaxi. O Brasil é o maior produtor, com 2,3 milhões de toneladas, o que

corresponde a 10,5% da produção no mundo, sendo a cultivar „Pérola‟ a mais plantada no país

(CARVALHO et al., 2009). A região Nordeste destaca-se com 39,9% do total da produção do

país, e o Estado da Paraíba como maior produtor nacional (IBGE, 2013). Apesar do grande

volume de abacaxi produzido no Brasil e no mundo, o abacaxizeiro está exposto a diversos

problemas fitossanitários que causam, geralmente, danos econômicos significativos (MATOS

et al., 2009), incluindo as viroses.

Dentre as viroses de ocorrência na cultura se destacam a murcha do abacaxizeiro,

causada pelo Pineapple mealybug wilt associated virus (PMWaV-1, PMWaV-2) (SETHER &

HU, 2002) e PMWaV-3 (GAMBLEY et al., 2008a), pertencentes ao gênero Ampelovirus,

família Closteroviridae e as badnaviroses, causadas por Pineapple bacilliform CO virus

(PBCoV) e Pineapple bacilliform ER virus (PBErV), do gênero Badnavirus, família

Caulimoviridae (GAMBLEY et al., 2008b). O PMWaV-1, 2 e 3 tem ampla distribuição,

sendo relatados inclusive no Brasil (OLIVEIRA et al., 2013), enquanto PBCoV e PBErV

foram relatados apenas na Austrália (WAKMAN et al., 1995), na China (WU et al., 2010) e

no Havaí (SETHER & HU, 2002). O PMWaV é transmitido e disseminado pelas cochonilhas

Dysmicoccus brevipes Cockerell e D. neobrevipes Beardsley e causam sintomas de

avermelhamento foliar, as bordas das folhas ficam voltadas para baixo e ocorre seca de suas

pontas (SANCHES et al., 2000). Os dois badnavírus que ocorrem na cultura (PBCoV e

PBErV) são transmitidos pela cochonilha D. brevipes e o PBCoV também por Planococcus

citri Risso (GAMBLEY et al., 2008b) e D. neobrevipes (SETHER et al., 2012). Uma

associação clara entre os sintomas e a infecção por badnavírus em abacaxi ainda não foi

mostrada (GAMBLEY et al., 2008b). No entanto, como o abacaxizeiro é uma planta de

propagação predominantemente vegetativa, a doença pode ser disseminada por meio de

mudas infectadas, mesmo na ausência dos insetos vetores.

De um modo geral os membros da família Caulimoviridae possuem ampla distribuição

geográfica. No entanto, a maioria das espécies dos gêneros Tungrovirus e Badnavirus se

localiza nas regiões tropicais e subtropicais (GEERING & HULL, 2012). Esta família engloba

39

vírus de plantas com genoma de DNA de fita dupla (dsDNA) classificados como

pararetrovirus, ou seja, vírus de DNA que utilizam a transcriptase reversa no ciclo de

replicação (TEMIN, 1985). Os vírus dessa família apresentam partículas não envelopadas as

quais podem apresentar morfologia isométrica (50-52 nm de diâmetro) ou baciliforme (30 nm

de diâmetro e 130 -150 nm de comprimento) (GEERING & HULL, 2012). Essa família tem

recebido maior atenção desde a década passada devido à descoberta de sequências endógenas

pararetrovirais (EPRVs). Acredita-se que EPRVs integram-se por recombinação ilegítima no

genoma do hospedeiro, e sua presença não está necessariamente associada com a infecção

(GEERING et al., 2005; HARPER et al., 1999; NDOWORA et al., 1999).

Os membros do gênero Badnavirus são caracterizados por partículas baciliformes não

envelopadas contendo um genoma circular de DNA de dupla fita, com 7.0–7.6 kb

(FAUQUET et al., 2005). São relatados infectando uma ampla gama de culturas tropicais

economicamente importantes como arroz (Oryza sativa L.) (OMURA et al., 1983), cana-de-

açúcar (Saccharum officinarum L.) (LOCKHART & AUTREY, 1988), banana (Musa spp.)

(LOCKHART & OLSZEWKI, 1993), cacau (Theobroma cacao L.) (BRUNT et al., 1996),

citros (Citrus spp. L.) (AHLAWAT et al., 1996), espécies de pimenta (LOCKHART et al.,

1997), inhame (Dioscorea spp.) (PHILLIPS et al., 1999), taro (Colocasia esculenta (L.)

Schott.) (YANG et al., 2003) e abacaxi (A. comosus) (GAMBLEY et al., 2008b).

Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi determinar a incidência de

Badnavirus na cultura do abacaxi na região Nordeste do Brasil através de PCR e caracterizá-

los por meio do sequenciamento da região que engloba a transcriptase reversa e ribonuclease

H (RT/RNaseH).

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletadas amostras foliares de abacaxizeiros provenientes de cinco áreas de

cultivo localizadas nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Maranhão (Tabela 1).

Algumas amostras foram coletadas de plantas apresentando sintomas de estrias cloróticas e

outras de plantas assintomáticas.

Para a extração do DNA total foram utilizados de 100 a 200 mg de tecido foliar

provenientes de folhas jovens de abacaxizeiro, seguindo o protocolo CTAB (cationic

hexadecyl trimethyl ammonium bromide) de acordo com FERREIRA & GRATTAPAGLIA

(1998). O DNA total serviu de molde para as reações de amplificação por PCR de fragmentos

de aproximadamente 580 pb. O par de oligonucleotídeos utilizados neste trabalho, BadnaFP

(5‟-ATGCCITTYGGIITIAARAAYGCICC-3‟) e BadnaRP (5‟-

40

CCAYTTRCAIACISCICCCCAICC-3‟) foi baseado no domínio RT/RNaseH da ORF 3 do

genoma de vários badnavírus já descritos (YANG et al., 2003).

As reações foram realizadas inicialmente em volume total de 15 μL para avaliar a

presença ou ausência de badnavírus. As amostras positivas foram então submetidas a PCR em

volume total de 60 μL. As condições de amplificação foram: desnaturação inicial a 94°C por

4 min, seguida de 94°C por 30 s, 50°C por 30 s e 72°C por 30 s. Os ciclos foram repetidos 35

vezes exceto o passo inicial e a extensão final a 72°C por 10 min. Após a amplificação, uma

alíquota dos produtos da PCR foi aplicada em gel de agarose a 1,2% e submetidos à

eletroforese em tampão TAE (Tris-Ácido acético, EDTA 0,5M pH 8,0) por aproximadamente

uma hora. Em seguida, o gel foi corado com brometo de etídeo e visualizado sob luz

ultravioleta. Os produtos de PCR foram purificados usando o kit GFX ™ PCR DNA and Gel

Band Purification Kit (GE Healthcare) e enviados para sequenciamento na Macrogen Inc.

(Seul, Coréia do Sul).

As sequências obtidas foram submetidas ao algoritmo BLASTn (Nucleotide Basic

Local Alignment Search Tool) (ALTSCHUL et al., 1990) e, posteriormente, editadas usando o

programa The Staden Package, ver 1.7 (STADEN, 1998) para gerar a sequência consenso de

cada isolado.

Comparações pareadas entre as sequências obtidas nesse trabalho e outras espécies de

Caulimoviridae disponíveis no GenBank (Tabela 2) foram geradas utilizando-se a ferramenta

Species Demarcation Tool, v. 1.0 (SDT) (MUHIRE et al., 2013) e estimada a percentagem de

identidade das sequências de nucleotídeos entre os isolados. De acordo com os critérios do

Comitê Internacional de Taxonomia Viral (ICTV) para delimitação de espécies dentro do

gênero Badnavirus, as diferenças entre as sequências na região RT/RNaseH não devem ser

maiores que 20%, pois acima desse valor serão considerados vírus de espécies distintas

(GEERING & HULL, 2012).

As sequências foram alinhadas utilizando o software MUSCLE (EDGAR, 2004),

disponível no pacote computacional MEGA 5 (Molecular Evolutionary Genetics Analysis)

(TAMURA et al., 2011) e submetidas à análise filogenética de Máxima Verossimilhança

(MV) (RIDLEY, 2006) utilizando o modelo de substituição de nucleotídeos General Time

Reversible com distribuição gama (GTR+G). A confiabilidade da árvore gerada foi obtida a

partir de 2000 repetições bootstrap. A sequência outgroup consistiu da espécie Rice tungro

bacilliform virus (RTBV), a qual pertence ao gênero Tungrovirus, família Caulimoviridae

(Tabela 2).

41

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando todas as áreas, um total de 277 amostras foram analisadas, sendo 244

amostras positivas, o que correspondeu a uma incidência média de 88,1%. O número de

amostras de cada local de coleta e sua respectiva incidência de badnavírus é apresentado na

Tabela 3. A técnica de PCR vem sendo amplamente utilizada para a detecção de membros do

gênero Badnavirus, inclusive para análises de variabilidade genética e caracterização de

espécies desse gênero, mesmo não discriminando sequências integradas (endógenas) ao

genoma das sequências epissomais (DELANOY et al., 2003).

Na Austrália, THOMSON et al. (1996) utilizaram a técnica de PCR para detecção de

Pineapple bacilliform virus (PBV) em extratos de plantas de abacaxi infectadas e foi possível

constatar a presença do PBV em todas as áreas de plantio da costa leste da Austrália. Os

autores concluíram que a sequência de nucleotídeos obtida foi distinta de outros badnavírus já

descritos. Recentemente, SETHER et al. (2012) utilizaram PCR e relataram uma provável

nova espécie designada PBCoV-HI1 e nove variantes (A-I) do PBCoV no Havaí. Esses nove

variantes não podem ser considerados como novas espécies porque compartilham >92/95%

(nucleotídeos/aminoácidos) de identidade com os PBCoVs já relatados no Hawaí.

A forma endógena do vírus é de extrema importância na detecção de viroses e no que

se refere ao controle de doenças, pois vários fatores têm sido descritos como desencadeantes

de doenças devido à geração de formas epissomais dos vírus a partir das formas endógenas

(DAHAL et al., 2000; HARPER et al., 1999), apesar desse processo ser ainda pouco

estudado, já é sabido que ele de fato ocorre (GAYRAL & ISKRA-CARUANA, 2009). Certas

condições de estresse como a cultura de tecidos, hibridação e eventos de recombinação que

ocorrem nas sequências endógenas, podem levar à reconstituição do genoma viral na forma

ativada e, assim, resultar em infecções epissomais (CÔTE et al., 2010; DALLOT et al., 2001;

NDOWORA et al., 1999). Todas as sequências utilizadas neste trabalho foram distintas entre

si. Essa alta variabilidade observada indica que as mesmas são provavelmente sequências

epissomais, pois todas as EPRVs (Endogenous Pararetroviral Sequences) descritas até o

momento possuem um padrão de arranjo similar com repetições em tandem, duplicações

internas, fragmentações e inversão do genoma viral (GAYRAL & ISKRA-CARUANA,

2009).

Dentre as amostras positivas para badnavírus, foram sequenciadas vinte de cada um

dos cinco locais de coleta, totalizando sequências de 100 amostras, no entanto foi possível

montar contigs de boa qualidade apenas para 83 sequências.

42

As análises preliminares utilizando o algorítmo BLAST e comparações de sequências

pareadas com SDT revelaram que todas as sequências obtidas neste trabalho apresentaram

identidade superiores a 80% com a sequência da espécie Pineapple bacilliform comosus virus

(PBCoV) depositada no GenBank com o número de acesso EU377664 (oriunda da Austrália),

o que indica que todas as sequências caracterizadas nesse estudo correspondem a isolados do

PBCoV (Figura 1).

Os relacionamentos filogenéticos analisados com base nas sequências de nucleotídeos

do domínio RT/RNAseH da ORF3 dos badnavírus, revelaram que os isolados sequenciados

neste estudo foram posicionados junto à sequência de PBCoV da Austrália obtida do

GenBank (Figura 2). Essa análise indicou que os 83 isolados utilizados neste trabalho

formaram um ramo monofilético (Grupo I) incluindo a espécie PBCoV, as quais possuem um

ancestral comum com a espécie PBErV (Figura 2). O subgrupo 1 contém isolados

provenientes de todos os municípios amostrados, enquanto o subgrupo 2 mostrou uma

tendência a agrupar por região geográfica, incluindo a maioria dos isolados provenientes dos

municípios de Arapiraca e Coruripe, ambos pertencentes ao Estado de Alagoas. O grupo II

inclui as outras espécies pertencentes ao gênero Badnavirus (Figura 2).

A proximidade geográfica entre o município de Arapiraca e o Povoado Pindorama

(Coruripe), que distam em apenas 66 Km, é a provável causa para os isolados oriundos destes

locais agruparem entre si, pois essa condição facilita a troca de mudas de abacaxizeiro entre

produtores. Estes resultados diferem dos obtidos por GUIMARÃES (2013) ao realizar

análises filogenéticas baseadas no domínio RT/RNAseH de badnavírus que infectam

Dioscorea spp. no Nordeste do Brasil, onde os isolados virais não agruparam de acordo com a

sua origem geográfica.

As análises pareadas corroboraram integralmente com os resultados obtidos na

filogenia, ou seja, o grupo I da árvore filogenética incluiu apenas os isolados obtidos neste

trabalho junto com a sequência do PBCoV da Austrália e que na análise par a par

compartilharam acima de 80% de identidade de sequência, o que de acordo com o ICTV é um

critério decisivo para demarcação de espécies do gênero Badnavirus (GEERING & HULL,

2012; HULL et al., 2005).

Os badnavírus nem sempre são detectados em plantas sintomáticas e podem ser

também detectados em plantas assintomáticas (GAUHL et al., 1997). A ausência de sintomas

em plantas de abacaxizeiro infectadas por badnavírus impossibilita a seleção de mudas sadias

para o plantio e comercialização, acarretando na maior disseminação / introdução do vírus em

outras áreas de cultivo. Além disso, os sintomas causados por badnavírus em plantas de

43

abacaxizeiro ainda não estão claramente determinados (GAMBLEY et al., 2008b; SETHER et

al., 2012).

A transmissão de PBCoV por cochonilhas foi observada na Austrália com incidência

de infecção de 20% e 10% para D. brevipes e P. citri, respectivamente (GAMBLEY et al.,

2008b). Posteriormente, no Havaí, SETHER et al. (2012) observaram alta incidência de

PBCoV (80%) após o contato com a cochonilha D. neobrevipes. A ocorrência da espécie D.

brevipes é relatada em todos os países onde o abacaxi é cultivado e em todos os Estados

brasileiros (LACERDA et al., 2009). A espécie P. citri apresenta uma ampla distribuição

geográfica, ocorrendo em regiões tropicais, subtropicais e temperadas (CORREIA et al.,

2008) e D. neobrevipes já foi relatada em várias fruteiras cultivadas no Brasil (COSTA,

2002). Contudo, a taxa de transmissão de badnavírus por cochonilha é geralmente considerada

baixa, sendo o maior risco de disseminação do vírus causado pelo uso de material propagativo

infectado (LOCKHART & OLSZEWSKI, 1993). Desta forma, acredita-se que a propagação

vegetativa do abacaxizeiro seja um dos principais fatores que contribuem para a prevalência

de PBCoV na região Nordeste do Brasil.

4. CONCLUSÕES

Este constitui o primeiro registro na cultura do abacaxizeiro de infecção por

Badnavirus no Brasil. A presença de Pineapple bacilliform CO virus em Alagoas, Maranhão,

Paraíba e Pernambuco, sugere uma ampla distribuição e prevalência desta espécie na região

Nordeste do Brasil devido à proximidade geográfica das áreas de cultivo avaliadas e ausência

de barreiras fitossanitárias, permitindo assim a prática comum de troca de mudas infectadas

entre as mesmas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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47

Tabela 1. Procedência, cultivar, número e código das amostras de abacaxi coletadas na região

Nordeste do Brasil. Ano de coletas: 2013

Áreas de coleta Latitude Longitude Cultivar Amostras

coletadas

Código das

Amostras

Arapiraca (AL) 09°45'09'' 36°39'40'' „Jupi‟ 60 A1A a A60A

Pedras de Fogo (PB) 07°24'07'' 35°06'59'' „Pérola‟ 60 A1PF a A60PF

São Domingos do

Maranhão (MA) 05°34'33'' 44°23'07'' „Pérola‟ 56 A1SD a A56SD

Coruripe* (AL) 10°07'32'' 36°10'32'' „Pérola‟ 51 A1Pi a A51Pi

Pombos (PE) 08°08'29'' 35°23'45'' „Pérola‟ 60 A1Po a A60Po

* As amostras do município de Coruripe foram coletadas no Povoado Pindorama.

48

Tabela 2. Lista dos vírus pertencentes aos gêneros Badnavirus e Tungrovirus utilizados para

as comparações de sequências e análises filogenéticas, com seus respectivos acrônimos e

números de acesso no GenBank.

Espécies Acrônimo Nº de acesso GenBank

Banana streak GF virus BSGFV AY493509

Banana streak OL virus BSOLV AJ002234

Banana streak MY virus BSMYV AY805074

Banana streak VN virus BSVNV AY750155

Bougainvillea chlorotic vein banding virus BCVBV EU034539 (=NC011592)

Cacao swollen shoot virus CSSV L14546 (= NC001574)

Citrus yellow mosaic virus CiYMV AF347695 (=NC003382)

Commelia yellow mottle virus ComYMV X52938 (=NC001343)

Dioscorea bacilliform SN virus DBSNV DQ822073 (=NC009010)

Pineapple bacilliform CO virus PBCoV EU377664

Pineapple bacilliform ER virus PBErV EU377672

Rice tungro bacilliform virus RTBV NC001914

Sugarcane bacilliform IM virus SCBIMV AJ277091 (=NC003031)

Sugarcane bacilliform MO virus SCBMOV M89923 (=NC008017)

Taro bacilliform virus TaBV AF357836 (=NC_004450)

49

Tabela 3. Incidência de Badnavirus na cultura de abacaxi em quatro Estados do Nordeste do

Brasil.

Local de coleta Número de

amostras testadas

Número de

amostras

positivas

Incidência

de

Badnavirus

Arapiraca (AL) 54 49 90,7%

Pedras de Fogo (PB) 60 55 91,6%

São Domingos do Maranhão (MA) 56 54 96,4%

Coruripe* (AL) 47 38 80,8%

Pombos (PE) 60 48 80,0%

* As amostras do município de Coruripe foram coletadas no Povoado Pindorama.

50

Figura 1. Matriz bidimensional representando a percentagem de identidade de comparações

pareadas de sequências nucleotídicas da região RT/RNaseH dos isolados avaliados neste

trabalho e outras espécies do gênero Badnavirus disponíveis no GenBank e uma espécie do

gênero Tungrovirus.

51

Figura 2. Árvore filogenética de Máxima Verossimilhança baseada em sequências da região

RT/RNaseH de isolados de Pineapple bacilliform CO virus obtidas neste trabalho e outras

espécies de Badnavirus disponíveis no GenBank. O Rice tungro bacilliform virus (RTBV),

gênero Tungrovirus, foi utilizado como outgroup. Valores de suporte de bootstrap de 2000

repetições são apresentados nos ramos.

Sub

grup

o 1

Sub

grup

o 2

Gru

po I

Gru

po I

I

CAPÍTULO III

Estrutura genética de populações de badnavírus que infectam as culturas do

abacaxizeiro e da cana-de-açúcar no Nordeste do Brasil

53

Estrutura genética de populações de badnavírus que infectam as culturas do

abacaxizeiro e da cana-de-açúcar no Nordeste do Brasil

Edlene M. S. M. Santos1; Sarah J. C. Silva

2; Joyce S. Lima

2; Iraildes P. Assunção

2; Gaus

S. A. Lima1,2

.

RESUMO

O gênero Badnavirus (família Caulimoviridae) engloba vírus de plantas com genoma de DNA

circular de fita dupla (dsDNA) e que replicam por meio de um intermediário de RNA.

Badnavírus causam doenças em culturas economicamente importantes na maioria das regiões

tropicais e subtropicais do mundo, incluindo o Brasil. Informações sobre a variabilidade e

estrutura genética de vírus de plantas com genoma de dsDNA são escassas. Dessa maneira, o

presente trabalho objetivou determinar a estrutura genética de populações de uma espécie de

badnavírus que infecta o abacaxizeiro (Pineapple bacilliform CO virus (PBCoV)) e de duas

espécies que infectam a cana-de-açúcar (Banana streak OL virus (BSOLV) e Sugarcane

bacilliform IM virus (SCBIMV)), todas provenientes da região Nordeste do Brasil. A

estrutura genética das populações foi determinada com base no domínio que engloba a

transcriptase reversa e ribonuclease H (RT/RNaseH) e revelaram que a população de PBCoV

está estruturada com base na região geográfica de origem. A variabilidade genética nas

populações estudadas pode ser considerada alta, com frequências de mutação na ordem de 10-

4 subs/sítio/ano para as populações de PBCoV e de 10

-3 para BSOLV e SCBIMV. Quanto

aos mecanismos evolutivos, seleção purificadora ou expansão recente da população são as

duas principais forças atuando nessas populações.

Palavras-chave:2 Caulimoviridae, estrutura populacional, Ananas comosus, Saccharum spp.

1Departamento de Agronomia/Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), 52171-900, Recife, PE,

Brasil. 2Centro de Ciências Agrárias/ Universidade Federal de Alagoas (UFAL), 57100-000, Rio Largo, AL, Brasil.

Autor para correspondência: Gaus S. A. Lima. e-mail: [email protected]

54

Genetic structure of badnavirus populations that infect the cultures of pineapple and

sugarcane in Northeastern Brazil

Edlene M. S. M. Santos1; Sarah J. C. Silva

2; Joyce S. Lima

2; Iraildes P. Assunção

2; Gaus

S. A. Lima1,2

.

ABSTRACT

The Badnavirus genus (family Caulimoviridae) comprises plant viruses with circular DNA

genome of double-stranded (dsDNA), which replicate by means of an RNA intermediate.

Badnaviruses cause diseases in economically important crops in most tropical and subtropical

regions of The World, including Brazil. Information about the variability and genetic structure

of plant viruses with dsDNA genome are scarce. Thus, this study aimed to determine the

genetic structure of populations of a specie of badnavirus that infects pineapple (Pineapple

bacilliform CO virus (PBCoV)) and two specie that infect sugarcane (Banana streak OL virus

(BSOLV) and Sugarcane bacilliform IM virus (SCBIMV)) all from the Northeast region of

Brazil. Pairwise comparisons analysis and phylogenetic sequences revealed that all 83 isolates

from pineapple belong to the species Pineapple bacilliform virus CO (PBCoV). The genetic

structure was determined from the domain comprising the reverse transcriptase and

ribonuclease H (RT / RNase H) and revealed that the population of PBCoV is structured

based on geographic region of origin. The genetic variability at the studied populations can be

considered high, with mutation frequencies on the order of 10-4

subs/site/year for populations

of PBCoV and 10-3

for BSOLV and SCBIMV. Regarding the evolutionary mechanisms,

purifying selection or recent population expansion are the two main forces acting in these

populations.

Key words: Caulimoviridae, population structure, Ananas comosus, Saccharum spp.

55

1. INTRODUÇÃO

A família Caulimoviridae engloba vírus de plantas com genoma de DNA circular de

fita dupla (dsDNA) classificados como pararetrovirus, ou seja, vírus de DNA que utilizam a

transcriptase reversa no ciclo de replicação. Apresentam partículas não envelopadas as quais

podem ter morfologia isométrica ou baciliforme. Atualmente, são reconhecidos pelo ICTV

(International Committee on Taxonomy of Viruses), sete gêneros na família: Badnavirus,

Caulimovirus, Cavemovirus, Petuvirus, Solendovirus, Soymovirus e Tungrovirus, os quais são

classificados de acordo com o inseto vetor, gama de hospedeiros, organização do genoma e

relacionamento filogenético (GEERING & HULL, 2012).

O mais numeroso gênero da família Caulimoviridae é Badnavirus, cujos membros se

apresentam como vírions baciliformes com 95-130 nm de comprimento e 24-35 nm de largura

(FAUQUET et al., 2005). O genoma dos badnavírus geralmente contém uma única molécula

de dsDNA de cerca de 7200-7600 pb que forma um círculo aberto interrompido por

descontinuidades sítio-específicas e que podem conter uma região intergênica poli A

(MEDBERRY et al., 1990). Atualmente, o gênero Badnavirus possui 25 espécies

reconhecidas pelo ICTV, sendo o segundo maior gênero de vírus de plantas conhecido com

genoma de DNA (BOUHIDA et al., 1993; HAGEN et al., 1993), ficando atrás apenas dos

begomovírus.

O genoma de todos os badnavírus possui três ORF‟s, dando origem a três proteínas,

P1, P2 e P3. A função de P1 é desconhecida, enquanto P2 é uma proteína associada ao vírion.

A poliproteína codificada pela ORF3 contém quatro domínios funcionais: rico em cisteína

(CYS), motivo de ligação ao RNA (RB), aspartato protease (PR), replicase viral (transcriptase

reversa – RT e ribonuclease – RNase H-RH), os quais são conservados para os membros da

família (MEDBERRY et al., 1990; LACO & BEACHY, 1994; HARPER & HULL, 1998;

GEERING & HULL, 2012).

Os badnavírus são transmitidos de forma semi-persistente por cochonilhas (GEERING

& HULL, 2012) para uma ampla gama de culturas tropicais economicamente importantes,

incluindo cana-de-açúcar (Saccharum spp. L.) (LOCKHART & AUTREY, 1988), inhame

(Dioscorea spp.) (PHILLIPS et al., 1999) e abacaxi (Ananas comosus) (GAMBLEY et al.,

2008). Nem sempre os vírus são detectados em plantas sintomáticas, podendo ser também

detectados em plantas assintomáticas (GAUHL et al., 1997; GEERING & HULL, 2012).

Atualmente, são reconhecidas pelo ICTV duas espécies de badnavírus que infectam

abacaxi: Pineapple bacilliform CO virus (PBCoV) e Pineapple bacilliform ER virus (PBErV),

originalmente associadas a A. comosus var. comosus e A. comosus var. erectifolius,

56

respectivamente (GAMBLEY et al., 2008; GEERING & HULL, 2012). Para a cana-de-açúcar

também são descritas duas espécies de badnavírus: Sugarcane bacilliform IM virus

(SCBIMV) e Sugarcane bacilliform MO virus (SCBMOV), ambas infectando S. officinarum

(BOUHIDA et al., 1993; LOCKHART & AUTREY, 1988; RODRIGUEZ-LEMA et al.,

1985).

No Brasil o registro de DBALV em inhame (D. cayanensis e D. alata) é bem

documentado (ANDRADE, 2007; LIMA et al., 2013), porém os registros de incidência de

badnavírus em cana-de-açúcar e em abacaxi são recentes. Em cana-de-açúcar, dados

preliminares apontam para a ocorrência de pelo menos cinco espécies distintas, sendo SBIMV

e Banana streak OL virus (BSOLV) as de maior prevalência (SANTOS, 2013). Já para o

abacaxi apenas o PBCoV foi constatado em amostras provenientes de quatro estados do

Nordeste (SANTOS, 2014). Todos esses relatos se restringiram a registrar a incidência e

realizar a caracterização parcial dos vírus.

O Brasil é o maior produtor mundial de abacaxi e de cana-de-açúcar (FAO, 2012).

Apesar da importância destas culturas para o país, há uma escassez de estudos sobre

variabilidade genética de badnavírus na região Nordeste, dificultando a adoção de medidas de

controle que possam auxiliar programas de melhoramento no desenvolvimento de variedades

resistentes e a troca de material nacional e internacional de boa qualidade.

O abacaxizeiro pertence à família Bromeliaceae, gênero Ananas, sendo uma planta de

clima tropical, herbácea e perene, com folhas estreitas e resistentes, quase sempre margeadas por

espinhos (SÁ, 1994). A cultura do abacaxi é propagada vegetativamente por meio de mudas,

formadas a partir de diferentes partes vegetativas da planta, cuja qualidade depende das condições

ambientais onde são produzidas e do manejo dado à cultura (REINHARDT & CUNHA, 1999).

A cana-de-açúcar pertence à família Gramineae (Poaceae), gênero Saccharum, onde as

cultivares são híbridos derivados principalmente do cruzamento entre a espécie domesticada

S. officinarum, rica em sacarose, e a espécie selvagem S. spontaneum, do cruzamento com

híbridos naturais (DANIELS & ROACH, 1987).

No sistema produtivo canavieiro brasileiro, o cultivo de variedades com boas

características agroindustriais é a melhor forma de se obter ganhos da produtividade com

baixo custo. A atuação dos programas de melhoramento genético desta cultura contribui

expressivamente para o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro nacional, com a liberação

de variedades mais produtivas e mais resistentes ao ataque de pragas e doenças (BARBOSA

et al., 2003).

O estudo da dinâmica da variabilidade genética de populações de fitopatógenos é

necessário para conhecer como as populações evoluem (MCDONALD et al., 1999). A

57

estrutura genética de populações está relacionada à quantidade de variabilidade genética

existente e de sua distribuição dentro e entre populações (MILGROOM, 1995). Populações de

vírus apresentam um alto grau de diversidade genética a qual é gerada por erros durante a

replicação do genoma (GARCIA-ARENAL, 2003). No entanto, informações sobre a

variabilidade e estrutura genética de vírus de plantas com genoma de dsDNA são escassas.

O objetivo do presente trabalho foi determinar a estrutura genética das populações de

badnavírus que infectam as culturas do abacaxizeiro e da cana-de-açúcar na região Nordeste

do Brasil através da análise da sequência parcial da região RT/RNAseH da ORF3 do genoma

viral, e assim, fornecer informações que possam contribuir para o melhor entendimento da

biologia dessas espécies e auxiliar os programas de melhoramento genético existentes.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Alinhamentos das sequências de badnavírus

Alinhamentos utilizando o software MUSCLE (EDGAR, 2004), disponível no pacote

computacional MEGA 5 (Molecular Evolutionary Genetics Analysis) (TAMURA et al.,

2011), foram realizados com 83 sequências de PBCoV obtidas de abacaxi provenientes de

cultivos comerciais de quatro estados do Nordeste do Brasil (SANTOS, 2014) e com 17

sequências de BSOLV e 15 de SCBIMV obtidas de badnavírus de cana-de-açúcar

provenientes do banco de germoplasma da Estação de Floração e Cruzamento da Cana-de-

açúcar da Serra do Ouro, em Murici, Alagoas (9º13‟S; 35º50‟W), pertencente ao Programa de

Melhoramento Genético da cana-de-açúcar (PMGCA) do Centro de Ciências Agrárias

(CECA) / Universidade Federal de Alagoas (UFAL) / Rede Interinstitucional de

Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (RIDESA) (SANTOS, 2013). As sequências

alinhadas foram utilizadas para análise da estrutura genética de populações de badnavírus.

2.2. Descritores gerais da estrutura genética de populações virais

Os principais descritores de variabilidade molecular foram estimados para as

populações virais incluindo número total de sítios segregantes (s), número total de mutações

(Eta), número médio de diferenças de nucleotídeos entre sequências (k), diversidade de

nucleotídeos (π), frequência de mutações, número de haplótipos (h), diversidade haplotípica

(Hd). Estas análises foram realizadas com o programa DnaSP v. 5 (ROZAS et al., 2009).

Adicionalmente, foi calculado o índice de fixação F de Wright (WEIR, 1996) utilizado

para detecção de subdivisão da população de badnavírus por região geográfica na cultura de

abacaxi. Ainda de acordo com esse autor, valores de Fst de 0 a 0,05 indicam pouca

58

diferenciação genética; de 0,05 a 0,15 moderada diferenciação; de 0,15 a 0,25, grande

diferenciação; e > 0,25, alta diferenciação.

2.3. Parametrização de mecanismos evolutivos

Três tipos de testes de neutralidade foram empregados para testar a hipótese de

ocorrência de seleção em populações utilizando o programa DnaSP (ROZAS et al., 2009):

Tajima‟s D, Fu & Li‟s D* e F*. O teste de Tajima é utilizado para testar a hipótese de que

todas as mutações são seletivamente neutras e leva em consideração a diversidade de

sequência, sendo que a base deste teste é que os sítios segregantes e o número médio de

diferenças par a par divergem significativamente quando sob seleção. Valores negativos de

Tajima D representam um excesso de polimorfismo de baixa frequência relacionado ao

esperado, indicando expansão no tamanho da população (por exemplo, após um efeito

gargalo) e/ou seleção purificadora, enquanto que valores positivos de Tajima D representam

baixos níveis de polimorfismos de baixa e alta frequência, indicando decréscimo no tamanho

da população e/ou seleção balanceadora (TAJIMA, 1989). Já os testes Fu & Li D e F

baseiam-se na frequência de mutações, de forma que o teste D avalia o excesso de mutações

recentes e o teste F avalia excesso de mutações antigas (FU & LI, 1993). Para comprovar a

hipótese de neutralidade o valor esperado para os testes Fu & Li D e F é zero, e ambos os

desvios positivos ou negativos são característicos de forças demográficas e/ou eventos

seletivos semelhantes aos encontrados para o teste Tajima D, atuando na população (BISWAS

& AKEY, 2006).

Para detectar sítios de aminoácidos sob seleção positiva ou negativa e as taxas de

substituições sinônimas e não-sinônimas (dN/dS), foi analisado o domínio da Transcriptase

Reversa usando o método o single-likelihood ancestor counting (SLAC) implementado no

servidor DataMonkey (DELPORT et al., 2010). A razão dN/dS é esperada exceder uma

unidade quando a seleção natural promove mudanças na sequência de proteínas (seleção

diversificadora), enquanto numa razão mais baixa que uma unidade é esperada se a seleção

natural suprime mudanças na proteína (seleção purificadora ou negativa) (YANG &

BIELAWSKI, 2000). O esperado para regiões neutras é que acumulem ambos os tipos de

substituições (sinônimas e não sinônimas) em uma taxa similar (HUGHES & NEI, 1988).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Descritores gerais da estrutura genética de populações virais

59

A subdivisão das populações de PBCoV foi estimada utilizando os testes estatísticos

Fst e Nst. As análises de diferenciação confirmaram subdivisão por região geográfica para o

PBCoV (Tabela 1).

O índice de fixação F de Wright é uma medida da proporção de variação genética total

contida numa subpopulação em relação à variação genética total. Os valores podem variar

entre 0 e 1 e valores Fst > 0,05 (5%) sugerem um certo grau de diferenciação entre as

subpopulações (WRIGHT, 1951). As populações de PBCoV provenientes de Arapiraca e

Coruripe apresentaram a menor diferenciação genética entre si (0,085), enquanto as de

Arapiraca e Pombos apresentaram a mais alta diferenciação genética (0,529), como mostra a

Tabela 1, indicando que há diferenciação entre as populações e que, portanto, as mesmas não

podem ser tratadas como uma única população. Este resultado corrobora com as análises

filogenéticas realizadas por SANTOS (2014), onde a maioria dos isolados de PBCoV

provenientes dos municípios de Arapiraca e Coruripe, ambos no Estado de Alagoas,

compartilha o mesmo clado na árvore de Máxima Verossimilhança (MV). No entanto,

análises de filogeografia de badnavírus que infectam banana, cana-de-açúcar, citros e inhame

demonstram que estes tendem a agrupar, na maioria dos casos com seus hospedeiros, em

detrimento da região geográfica (BOUSALEM et al., 2009; VARMA, 2012). Este resultado

se deve, provavelmente, à propagação vegetativa dessas espécies que permite a troca de

material propagativo infectado entre áreas de cultivo, aliada à baixa taxa de transmissão do

vírus pelas cochonilhas.

As análises da estrutura das populações de PBCoV, BSOLV e SCBIMV obtidas nesse

estudo foram comparadas com uma população de DBALV, proveniente de inhame da região

Nordeste do Brasil (GUIMARÃES, 2013). Observou-se que o PBCoV e DBALV

apresentaram um alto grau de variabilidade genética, porém menor que os vírus obtidos de

cana-de-açúcar. Por exemplo, os valores para diversidade nucleotídica são 0,0350 para

PBCoV, 0,0733 para BSOLV, 0,1516 para SCBIMV e 0,0534 para DBALV (Tabela 2). A

alta variabilidade observada para badnavírus que infectam abacaxi, cana-de-açúcar e inhame

no Nordeste do Brasil é consistente com aquela encontrada para badnavírus de banana

(JAMES et al., 2011), cacau (MULLER & SACKEY, 2005), cana-de-açúcar (MULLER et al.,

2011), inhame (LIMA et al., 2013) e taro (YANG et al., 2003).

A frequência de mutação determinada para população total e para todas as

subpopulações do PBCoV foi da ordem de 10-4

substituições/sítio/ano, assim como

encontrada para DBALV (GUIMARÃES, 2013). No entanto, as populações de BSOLV e

SCBIMV apresentaram frequência de mutação na ordem de 10-3

substituições/sítio/ano, sendo

60

esse resultado uma possível consequência da introdução de genótipos de cana-de-açúcar

infectados com badnavírus procedentes de diversos países, e em diferentes períodos, no

Banco de germoplasma da Estação de Floração e Cruzamentos da Serra do Ouro (Tabela 2).

Vírus de dsDNA frequentemente evoluem através de associações de co-divergência

com seus hospedeiros, onde um padrão de baixas taxas de substituição de nucleotídeos são

esperadas (FIRTH et al., 2010). Taxas de evolução molecular estimada para herpes simplex

virus, HSV (3,5x10-8

) e human papiloma virus, HPV (4,5x10-7

) são baixas, reforçando a

hipótese de co-divergência com populações humanas (ONG et al., 1993; SAKAOKA et al.,

1994). No entanto, as frequências de mutação encontradas tanto para as populações de

PBCoV, BSOLV e SCBIMV obtidas neste estudo, como para o DBALV são similares

àquelas encontradas para vírus de RNA e ssDNA. Estes resultados corroboram as altas

frequências de mutação, também na ordem de 10-4

subs/sítio/ano determinadas para duck

hepatites B virus (DHBV), hepatites B virus, (HBV), os quais infectam aves e humanos; e

Cauliflower mosaic virus (CaMV) que infecta plantas, os quais também possuem genoma de

dsDNA e replicam via um intermediário de RNA utilizando uma transcriptase reversa

(YASAKA et al., 2014; ZHOU & HOLMES, 2007).

A alta variabilidade genética de badnavírus tem sido atribuída à replicação inacurada

por transcrição reversa presente em Caulimoviridae (BOUSALEM et al., 2009). Embora não

seja conhecida a medida precisa da fidelidade da transcriptase reversa (RT) codificada pelos

vírus que pertencem às famílias Caulimoviridae e Hepadnaviridae, acredita-se que as altas

taxas de mutação encontradas para esses vírus se deve à perda da atividade de correção de

erros de suas RTs. Transcriptases reversas são conhecidas por serem altamente tendenciosas à

produzirem erros em todos os retrovírus e outros retroelementos para os quais a taxa de

fidelidade foi estimada (DRAKE et al., 1998; SVAROVSKAIA et al., 2003).

3.2. Parametrização de mecanismos evolutivos

Testes de neutralidade foram usados para avaliar os tipos de seleção que estão atuando

sobre a sequência codificadora do domínio RT da ORF III de BSOLV, PBCoV e SCBIMV.

Valores negativos para Tajima D, Fu & Li D e Fu & Li F foram obtidos para as populações de

BSOLV e PBCoV, porém estes não foram suportados estatisticamente a p < 0.10. A

população de SCBIMV apresentou valores positivos nos testes de Fu & Li D e F (Tabela 3).

Os valores negativos encontrados para os testes Tajima D, Fu & Li D e Fu & Li F

sinalizam que o domínio da transcriptase reversa das populações de BSOLV e PBCoV estão

sob seleção purificadora ou expansão demográfica recente. Enquanto que a população de

61

SCIMV apresentou valores negativos para o teste Tajima D, indicando possível ocorrência de

seleção purificadora ou expansão demográfica recente. No entanto, os valores estimados para

os testes Fu & Li D e F, foram positivos.

O método SLAC detectou valores de dN/dS < 1, e 47, 34 e 19 sítios foram encontrados

envolvidos sob seleção negativa versus nenhum sítio envolvido sob seleção positiva em

PBCoV, BSOLV e SCBIMV, respectivamente. Estes resultados são um indício de seleção

purificadora (negativa) agindo nesta população (Tabela 4), corroborando os resultados

encontrados para os testes Tajima D, Fu & Li D e Fu & Li F.

Durante o ciclo de infecção viral, vários fatores podem impor seleção purificadora na

população. A biologia do vetor e seus hábitos alimentares criam pontos de estrangulamento

para a manutenção das características estruturais e funcionais das proteínas virais. A interação

com fatores do hospedeiro também pode impor seleção purificadora (GARCÍA-ARENAL et

al., 2001). A presença de seleção purificadora no domínio RT/RNAse H, enfatiza a função

crítica realizada por esta região e seu requerimento para sobrevivência de PBCoV, BSOLV e

SCBIMV, e portanto limitado número de substituições não sinônimas de nucleotídeos era

esperado. Seleção purificadora e expansão populacional também foram as principais forças

evolutivas atuando sobre a população de DBALV ocorrendo no nordeste brasileiro

(GUIMARÃES, 2013). Mecanismos evolutivos como efeito gargalo induzidos por

populações locais do vetor ou hospedeiros, efeito fundador e eventos de mudança de

hospedeira tem, provavelmente, contribuído para variabilidade genética de badnavírus de

inhame (GARCIA-ARENAL et al., 2001; BOUSALEM et al., 2009). Já para populações de

CaMV, mutação, recombinação e fluxo gênico são as principais forças evolutivas (YASAKA

et al., 2014). Contudo, a ocorrência de mutações não é suficiente para explicar completamente

a variabilidade genética de PBCoV, BSOLV e SCBIMV, reforçando a possível influência de

outras forças evolutivas como migração e recombinação atuando sobre estas populações.

4. CONCLUSÕES

A estrutura genética das populações de Pineapple bacilliform CO virus, Banana streak

OL virus e Sugarcane bacilliform IM virus é provavelmente consequência de diferentes

mecanismos os quais incluem seleção purificadora, expansão geográfica e adaptação

evolutiva dos vírus a diferentes populações de hospedeiras e vetor. A variabilidade genética é

alta e reflete a capacidade dessas populações evoluírem rapidamente, principalmente em

resposta a variações das populações locais de hospedeiras, sobretudo para BSOLV e

SCBIMV. Portanto, deve-se considerar a variabilidade genética dessas três espécies em casos

62

de implantação de medidas de controle baseadas em resistência e métodos diagnósticos

baseados em sequência de DNA, uma vez que ambos os métodos poderiam falhar devido a

um longo tempo de exposição contínua as rápidas taxas de mutação desta população.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1. Resultados de testes de subdivisão na população de Pineapple bacilliform CO virus

do Nordeste do Brasil, de acordo com a origem geográfica.

Valores de 0 a 0,05 indicam baixa diferenciação genética; valores de 0,05 a 0,15 indicam moderada

diferenciação; valores de 0,15 a 0,25 indicam grande diferenciação e valores > 0,25 indicam alta diferenciação.

População Nst Fst

Arapiraca / Coruripe 0,086 0,085

Arapiraca / Pedras de Fogo 0,386 0,382

Arapiraca / Pombos 0,536 0,529

Arapiraca / São Domingos do Maranhão 0,511 0,505

Coruripe / Pedras de Fogo 0,292 0,288

Coruripe / Pombos 0,370 0,365

Coruripe / São Domingos do Maranhão 0,367 0,362

Pedras de Fogo / Pombos 0,117 0,116

Pedras de Fogo / São Domingos do Maranhão 0,115 0,114

Pombos / São Domingos do Maranhão 0,122 0,121

67

1 Tabela 2. Estrutura genética de Pineapple bacilliform CO virus, Banana streak OL virus, Sugarcane bacilliform IM virus, Dioscorea AL 2

bacilliform virus do Nordeste do Brasil. 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 s:Número total de sítios segregantes; 23 Eta: Número total de mutações; 24 k: Número médio de diferenças de nucleotídeos entre sequências; 25 π: Diversidade de nucleotídeos; 26 h: Número de haplótipos; 27 Hd:

Diversidade haplotípica; 28

* Guimarães (2013) 29

População Nº de

sequências

Tamanho

da

sequência

(pb)

s Eta k π Frequência

de mutação

h Hd

Região geográfica

PBCoV (Total)

Arapiraca (AL)

Coruripe (AL)

Pedras de Fogo (PB)

Pombos (PE)

São Domingos (MA)

BSOLV

SCBIMV

DBALV*

83

18

15

16

18

16

17

15

96

528

528

528

528

528

528

459

459

435

87

47

53

60

35

35

110

173

158

99

50

54

65

36

40

128

225

199

18,339

10,366

15,647

18,108

12,019

11,058

33,367

68,247

23,079

0,03507

0,01967

0,02969

0,03449

0,02285

0,02102

0,07334

0,15166

0,05342

2,2 x 10-4

5,2 x 10-4

6,8 x 10-4

7,6 x 10-4

3,7 x 10-4

4,7 x 10-4

1,6 x 10 -3

3,2 x 10 -3

4,7 x 10-4

83

18

15

16

18

16

17

13

91

1,0000

1,0000

1,0000

1,0000

1,0000

1,0000

1,0000

0,9710

0,9982

68

Tabela 3. Resultado dos diferentes testes de neutralidade realizados para o domínio RT da

ORF III das populações de Pineapple bacilliform CO virus (PBCoV), Banana streak OL virus

(BSOLV) e Sugarcane bacilliform IM virus (SCBIMV) do Nordeste do Brasil.

População Tajima D Fu & Li D Fu & Li F

PBCoV -0,25350 (ns) -0,10663 (ns) -0,20023 (ns)

BSOLV -0,50708 (ns) -0,12028 (ns) -0,26959 (ns)

SCBIMV -0,06078 (ns) 0,47013 (ns) 0,37019 (ns)

ns, valores não-significativos p < 0.10

69

Tabela 4. Valores médios de taxas de substituições não sinônimas e sinônimas (dN/dS) e

sítios selecionados positivamente e negativamente em populações de badnavírus usando o

método SLAC.

População dN/dS Selecionados

Positivamente Selecionados Negativamente

PBCoV 0.0423 -

1, 5, 12, 17, 19, 24, 27, 34, 36, 38, 49, 62,

67, 69, 72, 74, 76, 77, 78, 81, 85, 86, 98,

101, 102, 105, 108, 110, 112, 117, 119,

120, 122, 124, 128, 136, 142, 144, 147,

153, 154, 159, 169, 170, 171, 172, 173

BSOLV 0.0673 -

1, 5, 9, 18, 20, 23, 30, 32, 35, 37, 42, 44,

45, 47, 59, 61, 70, 71, 75, 81, 82, 83, 89,

90, 91, 107, 122, 129, 131, 135, 136, 137,

138, 151

SCBIMV 0.1535 - 1, 5, 8, 9, 13, 31, 33, 35, 36, 47, 69, 73, 79,

101, 113, 130, 133, 144, 146

70

CONCLUSÕES GERAIS

Este constitui o primeiro registro de infecção por Badnavirus na cultura do

abacaxizeiro no país;

A presença de Pineapple bacilliform CO virus em Alagoas, Maranhão, Paraíba e

Pernambuco, sugere uma ampla distribuição e prevalência dessa espécie em todas as

áreas amostradas da região Nordeste do Brasil;

A estrutura genética das populações de Pineapple bacilliform CO virus, Banana streak

OL virus e Sugarcane bacilliform IM virus é provavelmente consequência de

diferentes mecanismos os quais incluem seleção purificadora, expansão geográfica e

adaptação evolutiva dos vírus a diferentes populações de hospedeiras e vetor;

A variabilidade genética é alta e reflete a capacidade dessas populações evoluir

rapidamente principalmente em resposta a variações das populações locais de

hospedeiras, sobretudo para Banana streak OL virus e Sugarcane bacilliform IM virus.