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Importância do Clima Motivacional na Aprendizagem dos Alunos nas Aulas de Educação Física, Estudo de Revisão Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro). Orientador: Professor Ramiro Rolim Miguel Ângelo Oliveira Duarte Maia Porto, Setembro de 2012

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Importância do Clima Motivacional na

Aprendizagem dos Alunos nas Aulas de

Educação Física, Estudo de Revisão

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional

apresentado com vista à obtenção do 2º

ciclo de Estudos conducente ao grau de

Mestre em Ensino de Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº

74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº

43/2007 de 22 de Fevereiro).

Orientador: Professor Ramiro Rolim

Miguel Ângelo Oliveira Duarte Maia

Porto, Setembro de 2012

Maia, M. (2012). Relatório de Estágio Profissional. Porto: M. Maia. Relatório de

Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de

Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário, apresentado à Faculdade

de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL; PROCESSO ENSINO-

APRENDIZAGEM; PLANEAMENTO; ATUAÇÃO-REFLEXÃO; RELAÇÃO

PROFESSOR-ALUNOS; MOTIVAÇÃO

I

Agradecimentos

Aos meus pais, pelos valores que me incutiram ao longo de toda a vida e

pelo percurso académico de qualidade que proporcionaram. Obrigado por me

apoiarem e respeitarem sempre as minhas decisões e fazerem de mim o

homem que sou hoje.

À minha família por todo o apoio prestado ao longo destes anos e pela

constante preocupação pelo meu sucesso.

Aos colegas do Núcleo de Estágio pela cooperação, companhia e

aprendizagens que me proporcionaram.

Ao Professor Cooperante, Arnaldino Ferreira, por todo o

acompanhamento realizado ao longo deste ano e por todos os conhecimentos

que me transmitiu.

Ao Orientador da Faculdade, professor Ramiro Rolim, pelo trabalho

realizado e por todos os conhecimentos transmitidos.

Aos alunos da Escola Secundária Alberto Sampaio, em especial à turma

11ºD, pelo respeito e amizade com que sempre me trataram e pela atitude

colaboradora ao longo de todo o ano.

Aos meus amigos que estiveram sempre presentes em todos os

momentos.

A todos aqueles que conheci ao longo do meu percurso académico, que

me apoiaram e contribuíram para o meu sucesso.

A todos os que de forma direta ou indireta contribuíram para a minha

formação e para que esta fosse finalizada com sucesso.

III

Índice Geral

Agradecimentos ................................................................................................ I

Resumo ............................................................................................................ VI

Abstract .......................................................................................................... VIII

Abreviaturas ..................................................................................................... X

1. Introdução ..................................................................................................... 3

2. Dimensão Pessoal ........................................................................................ 9

2.1. Dados Pessoais ............................................................................................................... 9

2.2. Expectativas iniciais relativas ao Estágio Profissional .................................................... 10

3. Enquadramento da Prática Profissional ................................................... 15

3.1. Referências ao Contexto Legal, Institucional e Funcional .............................................. 15

3.2. Caracterização da Escola Secundária Alberto Sampaio .................................................. 17

3.3. Da Formação à Profissão .............................................................................................. 20

3.4. Competência Docente .................................................................................................. 22

3.5. Autonomia Profissional ................................................................................................ 23

3.6. Turma 11ºD .................................................................................................................. 24

4. Realização da Prática Profissional ........................................................... 28

4.1. Área 1 – Organização e gestão do ensino e da aprendizagem ....................................... 29

4.1.1. Conceção ............................................................................................................... 29

4.1.2. Planeamento ......................................................................................................... 31

4.1.3. Realização ............................................................................................................. 35

4.1.4. Avaliação ............................................................................................................... 40

4.2. Área 2 e 3 – Participação na Escola e Relação com a Comunidade ................................ 43

4.2.1. Troféu ESAS ........................................................................................................... 44

4.2.2. Desporto Escolar.................................................................................................... 46

4.2.3. Direção de Turma .................................................................................................. 47

4.2.4. Sarau ESAS ............................................................................................................. 48

4.2.5. Visita de Estudo ao Cabo do Mondego e à Serra da Boa Viagem ............................ 49

4.2.6. Reuniões do Grupo de EF e NE ............................................................................... 50

4.3. Área 4 – Desenvolvimento Profissional ......................................................................... 51

4.4. Estudo Investigação-ação ............................................................................................. 52

IV

4.4.1. Introdução ............................................................................................................. 52

4.4.2. Desenvolvimento ................................................................................................... 54

4.4.3. Síntese Final .......................................................................................................... 67

5. Conclusão ................................................................................................... 71

6. Referências Bibliográficas ........................................................................ 75

VI

Resumo

O presente documento visa, de um modo descritivo e reflexivo,

documentar todas as vivências e aprendizagens desenvolvidas e adquiridas, ao

longo do Estágio Profissional. Deste modo, pretendo aqui expor os objetivos

propostos, no início e ao longo do ano, bem como as dificuldades, estratégias

pedagógicas, metas atingidas e as reflexões resultantes de todo o processo de

evolução e formação, enquanto professor-estagiário.

A Faculdade de Desporto da Universidade do Porto enquadra o Estágio

Profissional num modelo reflexivo de formação de professores, propondo o

desenvolvimento profissional e pessoal do estudante-estagiário. Neste sentido,

a reflexão tornou-se num instrumento essencial, durante todo o caminho

percorrido, para a melhoria da prática pedagógica. O meu estágio profissional

foi realizado na Escola Secundária Alberto Sampaio em Braga, num núcleo de

estágio constituído por 3 elementos, numa turma do 11º ano.

Este documento encontra-se organizado em três grandes pontos, a

dimensão pessoal, o enquadramento da prática profissional e a realização da

prática profissional. No que respeita ao projeto de investigação-ação, a

temática, em causa, foi a motivação dos alunos para a prática das aulas de

Educação Física, revelando-se um aspeto muito enriquecedor neste processo

de formação.

Como conclusão, destaco este ano letivo como o ponto de referência de

toda a minha formação, onde pude vivenciar, desenvolver, refletir, colaborar e

me relacionar com a comunidade educativa envolvente e, deste modo,

perceber e evoluir como um verdadeiro professor de Educação Física.

PALAVRAS-CHAVE: Estágio Profissional; Processo Ensino-Aprendizagem;

Planeamento; Atuação-Reflexão; Relação Professor-Alunos; Motivação

VIII

Abstract

The present document has, in a descriptive and reflective mode, all the

experiences and lessons developed and acquired over the Practicum. Thus,

here I intend to expose the proposed objectives at the beginning and throughout

the year, as well as the difficulties, teaching strategies, goals achieved and the

reflections resulting from the process of development and formation as a

teacher-trainee.

The Faculty of Sport of University of Porto fits the Practicum in reflective

model of teacher training, offering professional and personal development of

student-intern. In this sense, the reflection has become an essential tool for the

entire journey, for the improvement of pedagogical practice. My Practicum was

conducted at the Alberto Sampaio Secondary School in Braga, in a group

composed by three elements, in an 11th year class.

This document is organized into three major points, the personal

dimension, the framework of professional practice and the achievement of

professional practice. As regards the action research project, the theme in

question was the motivation of students to the practice of physical education

classes, revealing a very enriching aspect of training in this process.

In conclusion, I emphasize this school year as the reference point of all

my training, where I live, develop, reflect, collaborate, and relate to the

educational community engaging and thus perceive and evolve as a true

teacher of Physical Education .

KEYWORDS: Practicum; Teaching-Learning Process; Planning; Performance-

Reflection; Teacher-Student Relationship; Motivation

X

Abreviaturas

Centro de Formação de Ginástica (CFG)

Diretora de Turma (DT)

Educação Física (EF)

Escola Secundária Alberto Sampaio (ESAS)

Estágio Profissional (EP)

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP)

Modelo de Estrutura do Conhecimento (MEC)

Modelo de Educação Desportiva (MED)

Núcleo de Estágio (NE)

Projeto de Formação Individual (PFI)

Professor Cooperante (PC)

Relatório de Estágio (RE)

Unidade Curricular (UC)

Unidade Temática (UT)

1.INTRODUÇÃO

3

1. Introdução

O Relatório de Estágio (RE) é um documento capital na realização da

Unidade Curricular (UC) do Estágio Profissional (EP) do Ciclo de Estudos

conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física (EF) nos

Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto (FADEUP).

“O EP visa a integração no exercício da vida profissional de forma

progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em

contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam

nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder

aos desafios e exigências da profissão. Estas competências profissionais,

associadas a um ensino da Educação Física e Desporto de qualidade,

organizam-se nas seguintes áreas de desempenho:

I. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem;

II. Participação na Escola;

III. Relação com a comunidade;

IV. Desenvolvimento profissional.” 1

“As atividades do EP são categorizadas consoante as 4 áreas de

desempenho acima referidas englobando diferentes tarefas das quais:

Cumprir todas as tarefas previstas nos documentos orientadores do EP;

Elaborar e realizar o PFI;

Prestar o serviço docente nas turmas que lhe forem designadas realizando

as tarefas de planificação, realização e avaliação inerentes;

Participar nas reuniões dos diferentes órgãos da Escola, destinadas à

programação, realização e à avaliação das atividades educativas;

1 In Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente

ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da

FADEUP.

4

Participar nas sessões de natureza científica, cultural e pedagógica,

realizadas na Escola ou na Faculdade;

Elaborar e manter atualizado o portefólio do EP;

Observar aulas regidas pelo professor cooperante e pelos colegas

estagiários;

Assessorar os trabalhos de direção de turma, de coordenação de grupo, de

departamento de modo a percorrer os diferentes cargos e funções do

professor de Educação Física;

Elaborar e defender publicamente o RE.” 2

Este documento pretende, assim, refletir e descrever toda a atividade

desenvolvida durante o EP, seguindo uma conceção baseada na investigação,

na reflexão e na ação, com o objetivo de reforçar toda a minha ação

profissional. Para isso, está dividido em várias partes, de modo a poder inserir-

se cada peça no seu lugar, cada vivência no seu contexto.

O enquadramento biográfico, onde será apresentada uma breve e

delicada autoapresentação e expostas as minhas expetativas em relação ao

EP.

O enquadramento da prática profissional, que conterá uma

caracterização legal e institucional do estágio e posteriormente uma

caracterização funcional.

A realização da prática profissional, que compreenderá o que foi

realizado e desenvolvido durante o ano letivo nas quatro áreas de

desempenho. Aqui constam as reflexões, dificuldades e estratégias utilizadas

no decorrer da prática pedagógica. Esta parte inclui ainda o meu Estudo

Investigação-ação.

Por último, será elaborada uma conclusão, onde faço uma análise geral

de todo este ano letivo.

2 In Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente

ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da

FADEUP.

5

“Nós e a profissão. E as opções que cada um de nós tem de fazer como

professor, as quais cruzam a nossa maneira de ser com a nossa maneira de

ensinar e desvendar na nossa maneira de ensinar a nossa maneira de ser”.

(Nóvoa, 1992)

Foi com esta afirmação de António Nóvoa que iniciei a introdução do

meu Projeto de Formação Individual (PFI) e, findos todos estes meses de

estágio, nela me revejo cada vez mais, como um Professor peculiar no meio de

tantos outros professores, caracterizados pela sua maneira de ser espelhada

na sua maneira de ensinar.

Este é o relato de um percurso que começou a ser idealizado aquando

da realização do PFI, onde divulguei as minhas expectativas, os meus objetivos

e desejos relativos ao EP, para o ano letivo de 2011/2012, na Escola

Secundária Alberto Sampaio (ESAS), em Braga.

O RE apresenta-se, assim, como um documento que reflete um

processo de desenvolvimento profissional e formação pessoal baseado no

trajeto e progresso ao longo deste ano letivo como docente da UC de EF.

Eis o eclodir da minha formação, um ano de acontecimentos marcantes,

em que pude, após quatro anos de formação académica, pôr em prática todos

os saberes apreendidos. É através dos conhecimentos adquiridos que

traçamos o percurso de um profissional competente, para isso, contei com a

ajuda do Orientador, do Professor Cooperante (PC) e também dos meus

Colegas de Estágio que tiveram um papel fundamental na minha evolução.

O sonho de “Ser Professor” tornou-se uma realidade e, agora sei o

quanto é encantadora a arte do ensino e o quanto é transcendente saber que

quando ensinamos alguém, também nós estamos a aprender.

Este ano, constituiu-se assim, numa experiência memorável e

enriquecedora. Agora sim, sinto-me um verdadeiro professor!

2.DIMENSÃO PESSOAL

9

2. Dimensão Pessoal

2.1. Dados Pessoais

Miguel Ângelo Oliveira Duarte Maia, tenho 22 anos, sou natural de

Guimarães e estou no 2º Ano do 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário na Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto.

Quanto ao meu percurso escolar, as notas falam por si. Aluno de nota 5

no 2º e 3ºciclo. Porém, durante o ensino secundário a minha prestação foi

conscientemente mais fraca, mas controlada de acordo com as médias

exigidas para o objetivo profissional desde muito cedo por mim traçado, ser

profissional na área da Educação Física. Optei pela área de Ciências e

Tecnologias pela maior abrangência em termos teóricos. Contudo, na

passagem para o ensino superior, a escolha recaiu, naturalmente, sobre o

curso de Educação Física e Desporto, tendo sido o 2º aluno a entrar na actual

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com média 17,6 valores.

Sempre fui e serei um apaixonado pelo Desporto. Este sentimento

desabrochou no 2ºciclo do Ensino Básico, com as minhas primeiras

participações nas aulas de Educação Física, não só por gostar da prática

desportiva, mas também, por permitir uma ligação íntima entre o corpo, a

atividade física e a saúde. A este facto, não é alheio o diferente relacionamento

estabelecido com o professor desta disciplina, em comparação com as

restantes disciplinas escolares.

Foi na cidade do Porto que vivi durante os meus primeiros três anos

académicos. Uma realidade estrondosamente diferente, vivida de forma o

intensa, autónoma e responsável, com muita diversão e convívio à mistura.

Aprovado a todas as cadeiras sem nunca deixar uma para trás, numas com

distinção, noutras com maior ou menor dificuldade, concluí o 1º ciclo com

média de 15 valores. No ano seguinte, optei, naturalmente, por frequentar o 2º

10

ciclo em ensino de Educação Física nos ensinos básico e secundário,

frequentando presentemente o ano terminal.

Para finalizar, nestes 4 anos que passaram, conheci grandes pessoas,

fiz grandes amizades, apreendi muitos saberes e sou hoje um homem

enriquecido de conhecimentos provenientes desta mui nobre facultis.

2.2. Expectativas iniciais relativas ao Estágio Profissional

Ao longo deste ano, pretendo colocar em prática todos os ensinamentos

adquiridos, tentar potencializar as minhas capacidades e ao mesmo tempo,

diminuir as lacunas, sabendo que será uma oportunidade única de ganhar

experiência de uma forma orientada e acompanhada.

Assim, tenho como expetativas iniciais, planear e realizar as aulas da

turma 11ºD, de maneira a que estas sejam sempre dinâmicas e produtivas,

interagir com os alunos, criando uma relação saudável com eles, e participar

nas atividades da escola, cooperando, na medida do possível, com todos

aqueles que solicitarem a minha presença (visitas de estudo, acções de

formação, torneios, eventos, Direção de Turma, Conselho Pedagógico, etc),

trocando ideias com outros professores, cujas experiências serão

enriquecedoras.

Espero conseguir motivar os alunos para a prática desportiva,

transmitindo-lhes a sua importância e conduzindo-os a atingir os objetivos

delineados pelos referenciais estabelecidos pelo grupo de Educação Física

para o 11º ano, bem como, a participar nas atividades presentes no PAA da

unidade curricular.

A organização, o respeito e a disciplina, são as minhas palavras-chave

para o sucesso do processo ensino/aprendizagem, que espero, de uma forma

flexível, tê-las sempre presentes nas aulas.

Quanto às pessoas que me acompanham de perto neste estágio

profissional, colegas estagiários, professor cooperante e orientador da

faculdade, apesar de estar a conhecer, desde o inicio do estágio, o professor

cooperante e de ter já um conhecimento superficial em relação aos restantes,

11

oriunda da faculdade, tenho a esperança que construiremos uma relação que

nos permitirá estabelecer um espírito de abertura e frontalidade crítica, para

que aspetos positivos e negativos sejam pretexto para a minha evolução.

Sendo assim, idealizo um orientador e um professor cooperante sempre

disponíveis e possuidores de um conhecimento e sabedoria muito úteis na

construção da minha identidade como professor.

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA

PROFISSIONAL

15

3. Enquadramento da Prática Profissional

3.1. Referências ao Contexto Legal, Institucional e Funcional

“O EP visa a integração no exercício da vida profissional de forma

progressiva e orientada, em contexto real, desenvolvendo as competências

profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e

reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão.” (Matos,

2011)

A regulamentação legal deste modelo de Estágio foi posta em prática

pela primeira vez no ano letivo de 2009/2010, com o intuito de poder fazer

cumprir o objetivo do processo Bolonha. Atualmente subscrito por 45 estados

europeus, é caracterizado globalmente pela criação de:

Um sistema de graus académicos comparáveis e compatíveis;

Dois ciclos de estudo de pré-doutoramento;

Sistema de créditos;

Suplemento ao diploma.

Com a implementação deste processo, pretende-se que haja uma

coerência na dimensão europeia do ensino superior, guiada pela mobilidade,

cooperação, comparabilidade e transparência. Aponta para um aumento da

eficiência dos sistemas de ensino das faculdades, promovendo uma formação

de qualidade a todos os seus alunos e consequentemente o aumento da

competitividade e empregabilidade dos mesmos.

Sendo assim, no que concerne à regulamentação legal, estrutura e

respetivo funcionamento, o EP considera as normas orientadoras presentes no

Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de

Fevereiro, além de ter em conta o Regulamento Geral dos segundos Ciclos da

UP, o Regulamento geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento

do Curso de Mestrado em Ensino de EF.

16

A nível institucional, o EP é uma UC do segundo ciclo de estudos

conducente ao grau de Mestre em ensino de EF nos ensinos Básico e

Secundário, da FADEUP. Consiste na Prática Pedagógica Supervisionada,

permitindo o desempenho do verdadeiro papel de professor de EF.

A nível funcional, o EP encaminha o estagiário para a prática de todas

as funções que o atual professor desempenha, por outras palavras, o estagiário

assume o verdadeiro papel de ser professor. Deste modo, é fundamental para

os estagiários ter em consideração que a prática pedagógica não se resume

apenas ao “dar” aulas, mas à responsabilidade de indicar a toda uma turma em

geral e a cada aluno em particular as coordenadas para o sucesso educativo.

Este EP decorreu na ESAS, juntamente com outros dois colegas, Diana

Ribeiro e Rui Martins, onde fomos orientados pelo PC Arnaldino Ferreira e

supervisionados pelo Orientador da FADEUP Ramiro Rolim, constituindo

assim, o nosso NE.

17

3.2. Caracterização da Escola Secundária Alberto Sampaio

A Escola Secundária Alberto Sampaio (ESAS), remonta as suas origens

ao decreto régio de 11 de Dezembro de 1984, quando Braga foi dotada com

ensino técnico, a funcionar na escola de Desenho Industrial. Mais tarde, passa

a denominar-se Escola Industrial Bartolomeu dos Mártires, integrando já neste

século, o curso elementar de comércio. Desde 1936, ficou instalada na Rua do

Castelo e embora um decreto-lei de 1948 tenha estabelecido a separação entre

Escola Técnica Bartolomeu dos Mártires e Escola Industrial e Comercial Carlos

Amarante, um outro, de 31 de Maio de 1951, fundiu-as na Escola Comercial e

Industrial de Braga. A partir do decreto-lei 457/71 de 28 de Outubro, o ensino

técnico secundário subdivide-se em duas escolas, ficando a parte industrial na

Escola Técnica Carlos Amarante e a comercial na Escola Técnica de Alberto

Sampaio. É através do decreto-lei nº608/79 de 22 de Novembro, que a escola

passa a designar-se de escola Secundária Alberto Sampaio.

A ESAS localiza-se no sector nascente da freguesia de S. Lázaro da

cidade de Braga e foi construída na parte sul do plano fluvial do rio Este. A

freguesia (a segunda, do conselho e cidade em número de habitantes) ocupa

atualmente a zona sudeste da cidade de Braga. Abrange uma área de

aproximadamente 172 hectares, rodeada e limitada por S. Vitor (a leste), S.

Vicente (a norte), S. João do Souto (a noroeste), Cividade e Maximinos (a

oeste) e ainda por Nogueira e Fraião, freguesias da periferia bracarense

(ambas a sul). Compreende igualmente, os seguintes Bairros: Nogueira da

Silva, Pinheiro da Gregória, Imaculada Conceição; e lugares: Devesa, Galos,

Outeiro, Cangosta da Palha.

Relativamente à comunidade educativa, segundo o relatório da

Avaliação Externa conduzida pela Inspeção Geral da Educação (IGE, 2007), a

ESAS, capta uma população estudantil muito diversificada, oriunda de famílias

de diferentes estratos sociais. Assim, na tentativa de corresponder às

necessidades específicas de cada aluno, transforma o espaço educativo, num

espaço de oportunidades para todos. Tal se comprova, com o funcionamento

contínuo entre as 8h30 e as 24h00, dos diferentes espaços de apoio aos

alunos, tais como a biblioteca/centro de recursos, a sala de estudo, a

18

reprografia, a papelaria e outros espaços de desenvolvimento de atividades de

enriquecimento curricular. A ESAS, dispõe de um número significativo de

professores do quadro de escola, 72% do total, o que confere estabilidade ao

corpo docente e garante continuidade do trabalho desenvolvido. Os critérios

para a distribuição do serviço docente contemplam, não apenas a experiência,

a categoria profissional, ou a formação adquirida no âmbito dos novos

programas, mas também o seu perfil, especialmente quando se trata da

lecionação de turmas com características específicas.

No ano letivo de 2009/2010, as infraestruturas da escola sofreram uma

restauração, estando atualmente em excelentes condições. Cada um dos

edifícios integra salas de aula normais e salas específicas, com

apetrechamento técnico adequado. Em relação às instalações desportivas,

dispõe de um pavilhão gimnodesportivo (20x40m), duas salas de ginástica,

campos exteriores de andebol, futebol, basquetebol e voleibol, caixa de areia e

pista de atletismo de 200m.

São inúmeras as atividades, que permitem a alunos, docentes e

funcionários, criar laços de identidade com esta instituição. Em muitas das

atividades que desenvolve, a escola, está aberta à comunidade. Destacam-se

alguns projetos de grande tradição que transportam a escola para lá da

fronteira da sala de aula, tais como as atividades da biblioteca Manuel

Monteiro, as atividades do desporto escolar com especial destaque para o

troféu ESAS, o Sarau de Ginástica que culmina num espetáculo no Parque de

Exposições de Braga, o Centro de Formação Desportiva aberto a alunos de

outras escolas, a revista anual defacto, as oficinas de teatro, de latim e de arte,

o projeto Crescer com as árvores, o programa de integração dos alunos no

ensino secundário, entre outros. Destaca-se ainda o grupo de intervenção

cultural – ACESAS – criado por alunos da ESAS que objetiva a dinamização

cultural da escola através de exposições, debates, conferências bem como a

aproximação da comunidade envolvente.

É prática da escola, a avaliação anual das práticas desenvolvidas, tendo

por base a elaboração e análise dos diferentes relatórios das diversas

estruturas de orientação educativa. Para isso, recorre a avaliadores externos

19

(Universidade do Minho) para a construção e avaliação do projeto educativo.

Merece referência o protocolo com a Fundação Manuel Leão para efeitos de

aplicação de instrumentos validados em outros contextos, no sentido da

construção de dados comparativos e de avaliação do efeito de escola, a partir

dos resultados obtidos pelos alunos.

Por fim, falando na área disciplinar de Educação Física, esta está

representada por 14 professores e 3 estagiários (provenientes da FADEUP).

Os estagiários, Diana Ribeiro, Miguel Maia e Rui Martins, são acompanhados

pelo professor cooperante, Arnaldino Ferreira.

20

3.3. Da Formação à Profissão

Os processos de formação profissional e pessoal são inseparáveis e a

construção da identidade profissional surge da interação com os espaços de

vida do sujeito. A prática dos professores resultará do desenvolvimento e

crescimento pessoal bem como da profissionalização e socialização

profissional. Também os traços pessoais, a formação inicial, as fases da

carreira, as experiências vivenciadas no decorrer da carreira, o contacto com

os pares, o investimento individual, o contexto institucional e os desafios

desencadeados pelo processo de mudança institucional, influenciarão esta

prática.

Existe uma grande dificuldade em transformar o conhecimento teórico

em orientações metodológicas ou em prática quotidiana. A imprevisibilidade e

variabilidade das situações levam a que exista uma grande dificuldade em

transformar o conhecimento teórico em orientações metodológicas ou em

prática quotidiana. Esta imprevisibilidade de situações que se apresentam na

prática faz com que o professor procure o seu método de resolução das

mesmas, a partir das suas experiências e, consolide um reportório pedagógico

próprio. Ao longo da trajetória profissional, o docente vai realizando sínteses

pessoais que contemplam os conhecimentos teórico-práticos e que são

construídas a partir do exercício da docência.

As primeiras experiências, vivências profissionais contribuem para

modelar a identidade profissional, o progressivo amadurecimento profissional

evidencia-se nas relações com os alunos, com os colegas, com o

conhecimento e com a própria profissão.

Para uma melhor compreensão do processo de inserção do professor

iniciante de Educação Física no trabalho, será necessário partir-se da análise

das suas práticas no contexto do seu trabalho procurando identificar aspetos

que influenciam a construção dos saberes desses profissionais e assim,

conseguirmos entender a problemática da construção da identidade do

professor de Educação Física. Esta questão da inserção do professor é

bastante pertinente na medida em que acarreta, logo à partida, um conjunto de

interrogações às quais nem sempre é fácil responder, existindo ainda uma

21

grande variabilidade de respostas que se deve aos diferentes sujeitos. Esta

inconstância de respostas deve-se a diferentes fatores tais como a influência

da trajetória de vida do docente, a sua formação inicial e continuada na

construção da sua prática e ainda as possibilidades e limites do contexto

escolar com as quais os docentes se vão deparando e que variam de caso

para caso.

A trajetória de vida é um dos fatores que interfere no processo de

adaptação ao contexto escolar, cada professor possui a sua história de vida o

que constituirá um recurso relevante para a compreensão do processo da sua

inserção no contexto escolar. A partir da história de vida do docente é possível

fazer um retrato mental das suas relações com os membros do seu grupo, com

a sua profissão, com a sua camada social, com a sociedade como um todo.

Antes de ser um profissional, o professor é uma pessoa, com todas as suas

características individuais e, como qualquer pessoa, faz a sua história através

das interações com o meio socioeconómico-cultural.

22

3.4. Competência Docente

A essência duma profissão é possuir um corpo coerente e estruturado

de conhecimento constituído por conhecimentos, técnicas, linguagens, valores

e destrezas que formam o que podemos chamar a "cultura profissional". Esta

cultura constrói-se à base de investigação e reflexão sobre a prática

profissional.

Essa competência profissional é uma prática orientada pela teoria em

que o profissional possui o como e o porquê da sua atuação, ou, pelo menos,

os critérios para se interrogar acerca do como e do porquê.

A competência profissional do professor define-se como a sua

capacidade para criar, organizar ou modificar as condições de aprendizagem

com a intenção de facilitar o desenvolvimento de processos da ação de

aprender significativa e enriquecedora nos alunos.

Dada a complexidade e diversidade das situações de ensino-

aprendizagem e, apesar da enorme quantidade de investigação realizada nas

três últimas décadas sobre a "eficácia docente", não existe uma definição clara

e universal de competência docente. No ensino a competência é, em grande

medida, situacional.

Quanto mais conhecimentos sobre as condições de aprendizagem e

quanto mais técnicas e destrezas que lhe permitam intervir sobre essas

condições o professor possua, mais possibilidades terá em organizar

ambientes em que se desenvolvam experiências educativas de qualidade.

Não existem receitas de aplicabilidade uniforme em educação, existem

princípios e técnicas de aplicação diferenciada e criativa de acordo com a

dinâmica própria e original que se estabelece na relação professor-alunos. Daí

impossibilidade de desenhar regras de competência ótima a um nível universal,

visto que cada professor ajusta a sua prática de acordo com as suas ideias e

os seus ideais, e também em consonância com o que cada situação requer.

Por outro lado, dada a inserção do processo ensino-aprendizagem num

contexto de intencionalidade educativa – o professor como estimulador do

crescimento dos alunos como pessoas – não é possível definir a sua

competência profissional sem fazer referência às suas perceções e atitudes. A

23

possibilidade de transformar os conhecimentos e técnicas numa arte passa

necessariamente pelas atitudes do professor como pessoa.

3.5. Autonomia Profissional

Entendida como a capacidade para tomar e pôr em prática decisões

responsáveis, o que implica a liberdade para escolher de forma criteriosa e

fundamentada entre as alternativas possíveis numa determinada situação.

No âmbito da escola, este critério de autonomia tem-se utilizado para

defender a privacidade e o isolamento de cada professor dentro da sala de

aula. Mas a autonomia, entendida como individualismo pedagógico, pode ser

uma limitação fundamental ao profissionalismo e, portanto, à qualidade do

ensino.

O poder individual do professor é limitado, visto que os esforços isolados

são ineficazes quando não estão coordenados e apoiados.

Cada escola enquanto comunidade profissional básica necessita de

definir claramente o seu projeto educativo e a sua linha de ação, e isto supõe

uma certa restrição à autonomia individualista do professor em favor da

autonomia da escola. É preciso fazer concessões na autonomia individual para

proporcionar bases para o trabalho em colaboração.

É provável que, neste momento, o desenvolvimento da autonomia, tal

como foi definida inicialmente, só seja possível num contexto de participação.

Quanto mais autónomo for o conjunto dos professores de uma escola, mais

possibilidades terão de colaborar na renovação da escola, o que reverte, por

sua vez, em aumento da autonomia do próprio professor individualmente.

24

3.6. Turma 11ºD

A turma 11ºD é constituída por 28 alunos, 9 do sexo masculino e 19 do

sexo feminino. A média de idades ronda os 16 anos. Dos Encarregados de

Educação, 16 são a mãe e 12 o pai dos alunos. Cerca de 30% dos

Encarregados de Educação apresentam habilitação superior e outros 30%

habilitação média.

Os agregados familiares são constituídos por 3/4 pessoas. Todos os

alunos têm computador e acesso à internet em casa. A grande maioria afirma

ter ajuda no estudo, pelos pais e por explicadores. Cerca de metade afirmam

estudar todos os dias. Dormem cerca de 7horas por dia e a maior parte deita-

se entre as 23h e as 24h. Todos afirmam tomar o pequeno-almoço.

Onze alunos têm dificuldades a nível visual e uma aluna apresenta

dificuldades auditivas e visuais. As disciplinas em que os alunos afirmam ter

mais dificuldades são a Matemática e a Física e Química. Como unidades

curriculares preferidas, a maioria refere a Educação Física, a Biologia e

Geologia e o Português.

4.REALIZAÇÃO DA PRÁTICA

PROFISSIONAL

28

4. Realização da Prática Profissional

“A natureza complexa, unitária e integral do processo de ensino e

aprendizagem, bem como as características gerais da atividade do professor

que decorre num contexto balizado pelas condições gerais do sistema

educativo, pelas condições locais das situações de educação e pelas

condições mais próximas da relação educativa, obrigam a uma tentativa de

integração e de interligação das várias áreas e domínios a percorrer no

processo de formação e, em particular, no EP, de forma a retirar o formalismo

das realizações e a promover as vivências que conduzem ao desenvolvimento

da competência profissional.” 3

De seguida, vou percorrer cada uma das áreas de desempenho com

uma visão crítica e reflexiva acerca de cada uma delas em particular e de todo

o processo no geral, tendo em conta as atividades, os objetivos, as

dificuldades, as estratégias e os recursos que considero importantes no

trabalho por mim desenvolvido, ao longo deste ano letivo.

Tal como disse anteriormente, apesar de analisadas isoladamente, as

quatro áreas deverão ser entendidas como partes de um processo, que se

articulam e interagem na sua realização.

3 In Normas Orientadoras do Estágio Profissional do 2º Ciclo de Estudos Conducente ao Grau

de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário.

29

4.1. Área 1 – Organização e gestão do ensino e da aprendizagem

Esta área é composta por 4 etapas interligadas, a conceção, o

planeamento, a realização e a avaliação do ensino.

É nesta que apliquei todo o conhecimento e experiência adquiridos até

então, fundamentalmente na formação superior que antecedeu este EP e, a

partir daí, fiz todos os ajustes necessários em função do contexto onde estive

inserido.

4.1.1. Conceção

Esta foi a minha primeira tarefa enquanto professor, na qual projetei a

minha atuação, baseada no conhecimento do contexto cultural e social e

análise dos documentos facultados pelo PC, tais como, os referenciais de EF e

o regimento da UC, da escola onde nos inserimos e dos alunos que foram alvo

do nosso ensino.

A realização do projeto de formação individual (PFI) revelou-se um

excelente ponto de partida, pelo que pretendeu ser uma introspeção acerca da

perceção que tinha do meu estado atual, no que diz respeito aos meus

conhecimentos, capacidades e objetivos perante os desafios que iriam ser

colocados no estágio.

No primeiro dia em que me desloquei à escola, o nosso PC apresentou

aos estagiários todo o seu espaço físico, principalmente o que se destina ao

grupo disciplinar de EF, e a alguns futuros colegas de trabalho que se iam

cruzando no nosso caminho, esta visita à ESAS foi sempre acompanha por

intenso diálogo entre PC e estagiários, em prol de uma futura grande relação

entre todos e com todos os intervenientes. O processo de recolha de

informações com o objetivo de conhecer profundamente o contexto

institucional, funcional, cultural e socioafetivo da realidade onde se ia efetuar o

estágio foi decorrendo ao longo dos primeiros dias de atividade na escola, com

reuniões e conversas a serem os seus principais veículos. Realizamos uma

breve caracterização da escola, na qual temos uma referência à história da

30

mesma, ao seu corpo discente e docente, à sua localização geográfica, aos

espaços onde decorrem todas aulas, dando maior ênfase às instalações

desportivas e por fim, uma pequena alusão às atividades desenvolvidas neste

estabelecimento de ensino. O facto de nosso PC ser também o presidente do

Conselho Geral permitiu relembrar alguns temas abordados na faculdade,

como a direção, administração e gestão da escola, as estruturas de

coordenação educativa e supervisão pedagógica, os direitos e deveres da

comunidade educativa, assuntos relativos à assiduidade, procedimentos

disciplinares, etc. Este conhecimento burocrático da escola foi um essencial

complemento para a prática docente, ajudando a compreender o seu

funcionamento na íntegra.

Quando tive conhecimento da turma pela qual me iria responsabilizar,

conversei com o Diretor de Turma (DT), para poder ter uma noção do seu

comportamento, carácter, bem como, os seus domínios cognitivo e

sócioafetivo. As notas do 10º ano foram boas, no cômputo geral, o que revela

que são alunos com bastante aptidão para a atividade física, na generalidade.

A caracterização da turma foi mais aprofundada através do preenchimento da

ficha individual do aluno. Esta ficha foi criada pelo NE onde, após várias

pesquisas, selecionamos um conjunto de perguntas que permitissem recolher

dados relevantes dos alunos para a nossa intervenção como professores. O

estado de saúde foi um dos pontos mais importantes, existindo apenas um

caso clínico a ter em atenção, a laxidez articular de uma das alunas. Tirando

estes caso pontual, o resto da turma está em perfeitas condições para realizar

as aulas.

Estas informações foram preciosas para um planeamento adequado do

processo ensino/aprendizagem à realidade da turma com o qual me deparei.

31

4.1.2. Planeamento

Analisados os referenciais de EF da escola, documento construído pelo

grupo de EF em articulação com o Programa Nacional de Educação Física

para o ensino Secundário, e discutidos com o NE, chegamos à conclusão, após

esta cuidada análise, que o programa curricular é ajustado à carga horária

disponível, uma vez que exige a lecionação de seis modalidades, entre as

quais dois jogos desportivos coletivos, ginástica ou atletismo, dança, raquetes

e luta. No entanto, não concordo que o nível dos alunos neste ano de ensino

seja o avançado, mas sim que o nível de aprofundamento dos conteúdos

corresponda a esse nível. O facto de não existir uma articulação vertical bem

definida entre os anos escolares, implica, em alguns conteúdos, recomeçar da

base a cada ano que se inicia, impedindo a concretização dos objetivos

propostos.

O Planeamento Anual do 11º D, onde estão representadas as

modalidades a lecionar em cada aula, o respetivo espaço e o número de aulas

para cada uma. Este foi realizado sempre com o envolvimento do PC e dos

meus colegas estagiários. Ao longo do ano este foi sofrendo alguns ajustes,

como previsto, sendo que, os maiores aconteceram durante o 3º período,

depois de no final do 2º ter tomado a decisão de finalizar a abordagem do

voleibol e da dança, de forma a compensar as modalidades menos lecionadas

até então. Sendo assim, tive de reorganizar o número de aulas das

modalidades que passei a projetar para o último período. Este “doseamento” de

aulas por cada UT foi auxiliado por um quadro de matérias também criado pelo

grupo de EF que estima o número aproximado de aulas para cada modalidade.

As modalidades desportivas coletivas, que foram escolhidas pelos alunos, após

uma votação realizada, depois de todas terem sido sujeitas a uma avaliação

prognóstica, para que a decisão fosse a mais sustentada possível, são as que

representam a maior fatia das aulas previstas para o 11º ano. Um aspeto

peculiar da ESAS foi a alternância de unidades ao longo do ano, como

podemos ver nos seguintes excertos de uma reflexão realizada:

“Está presente na cultura desta escola o ensino das diferentes

modalidades em função das necessidades dos alunos considerando as

32

características dos espaços atribuídos a cada aula. Nós estagiários não somos

exceções e o ensino por blocos também não faz parte do nosso processo.

No planeamento de uma aula, em coerência com esta cultura, de

maneira a existir um aproveitamento máximo das infraestruturas da escola e

um maior tempo de prática para os alunos, torna-se necessário dividir a turma

em diferentes grupos de trabalho, para cada um deles ser entregue à sua

respetiva modalidade.”

Numa aula poderia abordar uma ou mais modalidades e na aula

seguinte outra(s) modalidade(s). Esta cultura manteve os alunos motivados,

não os saturando, sistematicamente, com a mesma modalidade, perdurando os

conhecimentos acerca de cada durante mais tempo.

O roulement foi, assim, um documento determinante para todo o

planeamento. A rotação dos espaços de aula acontecia de 15 em 15 dias, ou

seja, os diferentes espaços atribuídos para uma semana, voltavam a repetir-se

na semana seguinte, alternando entre o pavilhão gimnodesportivo (1/3 e 2/3), o

espaço exterior (1 campo de voleibol, um campo de andebol ou 2 de

basquetebol, ou ½ dos anteriores, e uma pista de atletismo) e os dois ginásios

(um com praticável, espelhos e aparelhos, outro mais reduzido apenas com

aparelhos). São 5 espaços ao todo, sendo que, apenas um inclui somente o

espaço exterior. Face ao pedido de um professor cujo roulement o tenha

colocado nesse espaço, num dia de más condições climatéricas, é-lhe cedido

1/3 do pavilhão gimnodesportivo, desta forma, nunca deixou de haver aula de

EF por esse motivo.

Depois de realizado o planeamento acima referido, passei ao

planeamento específico dos diversos conteúdos, nomeadamente, os Modelos

de Estrutura do Conhecimento (MEC), as unidades temáticas, os planos de

aula e as diferentes avaliações. Estes documentos orientaram toda a prática ao

longo deste processo ensino-aprendizagem.

Os MEC’s são documentos que contêm toda a informação acerca de

determinada modalidade e do modo como esta é lecionada. A sua

construção/análise permitiu ampliar o meu conhecimento, com especial

33

destaque para a modalidade de dança, mais especificamente, para o Cha cha

cha. Este é um documento precioso na orientação da prática subjacente a cada

modalidade curricular.

As Unidades Temáticas surgiram da articulação da performance dos

alunos nas avaliações prognósticas com os objetivos propostos pelos

referenciais de EF para o 11º ano. Assim, escolheram-se os diversos

conteúdos a lecionar em cada modalidade. Bento (1987) afirma que estas

devem apresentar aos professores e alunos, etapas claras e bem distintas de

ensino e aprendizagem. Na maior parte das modalidades, optei por utilizar uma

metodologia da base para o topo, exceto no Andebol, que foi abordado

segundo o Modelo de Compreensão nos Jogos de Invasão, que adota uma

metodologia do topo para a base. Estas unidades foram sujeitas a pequenas

alterações ao longo do ano letivo em função da resposta dos alunos, de

decisões tomadas relativas ao planeamento, como o término das modalidades

de dança e voleibol no final do 2º período, e também devido a motivos alheios

a esse mesmo planeamento, como as condições climatéricas, indisponibilidade

dos espaços, visitas de estudo, etc.

Penso que os conteúdos das diversas modalidades foram bem

distribuídos, permitindo aos alunos usufruírem de experiencias consistentes e

entusiasmantes. Uma estratégia inovadora para estes alunos, que eu quis

adotar no Voleibol, foi a lecionação segundo o Modelo de Educação

Desportiva, que se traduziu em momentos de enorme enriquecimento e

motivação para os mesmos.

Com a elaboração deste planeamento os critérios de tomada de decisão

face à aprendizagem dos alunos ficaram mais aprimorados, melhorando,

consequentemente, a minha competência docente.

Os planos de aula foram uma preocupação diária ao longo deste estágio

profissional. Segundo Bento (1987), a aula não é somente a unidade

organizativa essencial mas, principalmente, a unidade pedagógica do processo

de ensino, sendo assim, tão importante como a elaboração do plano de aula foi

a estruturação de todo o seu conteúdo, tendo em conta todas as variáveis

presentes. Após cada aula, a reflexão dominou o meu pensamento, sempre

34

com o mesmo objetivo, melhorar o processo ensino-aprendizagem, procurando

aumentar a agradabilidade da aula e a eficácia das situações de aprendizagem

criadas, motivando cada vez mais os alunos para as aulas de EF. Raramente,

o sentimento foi de satisfação plena, existiu sempre uma atitude inquietante de

tentar fazer sempre melhor e de forma inovadora. Ser reflexivo, ponderando

cada detalhe, de forma a evitar o erro, aumentando, por sua vez, a taxa de

sucesso dos alunos.

O planeamento da aula implicou que, todas as vezes, vários fatores

fossem tidos em conta, desde a escolha dos melhores exercícios para

determinados conteúdos, a melhor sequência de aprendizagem, a adequação

desses exercícios aos alunos, de modo a aproveitar o máximo das suas

capacidades e a superarem as suas dificuldades, ao material e espaço

disponíveis, o tempo destinado para cada um e a organização dos alunos em

cada um deles.

Desta forma, o plano de aula e a sua consequente reflexão são os

documentos que espelham o processo contínuo da minha evolução enquanto

professor, ao longo deste ano letivo.

35

4.1.3. Realização

O processo de passagem, de tudo o que foi anteriormente pensado,

analisado e planeado, para a prática, não se realizou de forma totalmente

linear, fidedigna à teoria concebida nos pontos anteriores. Estava consciente

de que a inexperiência poderia ser um catalisador de imprevisibilidade, ou seja,

que a passagem da teoria à prática nem sempre ocorresse da forma como

desejaria, por estar sujeito a adversidades, nunca antes experienciadas, mas

que fazem parte do processo ensino aprendizagem. É a capacidade de prever

tais adversidades e de nos adaptarmos a elas que torna este processo ainda

mais complexo.

A 1ª aula foi aguardada com alguma ansiedade. A sua preparação

minuciosa para que a 1ª impressão fosse a melhor e, no final, o 1º objetivo

alcançado, fez do 1º contacto direto com os alunos, a 1ª memória de

contentamento com a minha prestação e de satisfação com a turma.

Ultrapassada a ansiedade e o bom momento anterior, senti-me mais confiante,

mais entusiasmado e mais motivado para lecionar a próxima aula.

A gestão do tempo de aula foi o 1º problema para resolver. Não tinha

totalmente a noção do tempo que ia despender na instrução dos exercícios,

sendo que, no início debrucei-me demasiado nos pormenores, tornando estes

momentos excessivamente extensos, provocando ligeiros atrasos, que me

obrigaram a encurtar as situações de aprendizagem. Tal como eu senti esta

anomalia, também o PC a verificou, deste modo, alertou-me para a

necessidade de períodos de instrução curtos, focando somente os aspetos que

considero fundamentais. Com esta alteração, passei a conseguir controlar

melhor o tempo de aula, além de tirar outros benefícios ao nível da

performance e motivação dos alunos. Há medida que a experiência foi

aumentando, a gestão do tempo foi se realizando de uma forma mais natural,

deixando de ser uma preocupação.

A capacidade de comunicação é, para mim, fulcral para a competência

de um docente. Rosado e Mesquita (2009) afirmam que a capacidade de

comunicar é um dos fatores decisivos da eficácia pedagógica no contexto do

ensino de EF. Desta forma admito que é acerca deste domínio que mais reflito,

36

é este que mais procuro aprimorar dia após dia, e foi com a minha capacidade

para comunicar que atingi o nível de relacionamento que projetei logo desde

início, conquistando a confiança dos alunos, mantendo um relacionamento

caracterizado pela seriedade e honestidade, mas também afetivo e amigável.

Segundo Ribeiro (2005), os professores asseguram que a afetividade entre

professores e alunos é importante no estabelecimento de uma melhor relação

educativa, permitindo o favorecimento da aprendizagem dos conteúdos

curriculares.

A relação que procurei manter com a turma ao longo deste ano letivo foi

promotora de um ambiente saudável de aprendizagem, tendo por vezes sofrido

algumas oscilações, de forma a existir um total controlo disciplinar dos alunos.

Sempre valorizei este tipo de relação, sem receio de uma maior aproximação

dos alunos, através de brincadeiras e muitas conversas que permitiram

aprofundar a nossa relação. Esta também teve momentos de repreensão, que

considero completamente normais nesta faixa etária, e que foram importantes

para que os alunos se consciencializassem dos limites por mim permitidos, não

voltando, na maioria das vezes, a cometer os mesmos erros, pois sabiam que

se tal voltasse a acontecer, a boa relação existente sairia prejudicada, algo que

eles não queriam que acontecesse. Quando sentia que o espirito grupal ou as

relações interpessoais estavam afetadas por acontecimentos extra aula,

tentava, oportunamente, fomentar a amizade e a coesão dentro da turma.

A importância do feedback pedagógico e do uso frequente de reforços

positivos é notória neste contexto. Kwak (2005) afirma que os participantes que

usufruem de explicações verbais e demonstrações completas, acompanhadas

de palavras-chave, são mais eficazes na execução de uma habilidade. Além de

indicadores do caminho para o sucesso, os feedbacks são o sinal de

preocupação, dedicação e entrega do professor ao processo, fazendo com que

o aluno se sinta observado e, consequentemente, reconhecido pelo seu

trabalho, mantendo-o motivado.

O contorno das adversidades remete de imediato para a ocorrência de

imprevistos. Estes são autênticos testes de reação á capacidade didática do

professor. Sendo que, não posso considerar que a ocorrência destes

37

momentos foi pontual, devido a acontecimentos alheios ao meu planeamento, a

forma como os ultrapassei contribuiu para demonstrar a minha capacidade de

improviso, de adaptação, sem desconfigurar o processo. Como já referi

anteriormente, nem sempre tudo ocorre da forma como desejamos, daí ser

importantíssimo ter esta “ferramenta”, a improvisação, muito bem afinada. A

experiência contribui para o aumento da sua eficácia ao longo do tempo.

O domínio do conteúdo é um fator decisivo na vida de qualquer

profissional, por ser determinante na qualidade do seu desempenho. Para que

o saber-fazer seja uma realidade consolidada, toda a teoria subjacente deve

estar totalmente apreendida e compreendida, de forma a se poder colocar

corretamente em prática todo esse saber, sem qualquer dúvida. Este foi um

dever que antecedeu cada aula deste ano letivo.

As estratégias de ensino foram o resultado da reflexão permanente

acerca da autoperceção das aulas, bem como, dos feedbacks resultantes da

observação do PC e dos meus colegas estagiários. Estas foram debatidas em

reuniões do NE com o objetivo de optar pelo melhor meio para,

essencialmente, aumentar a qualidade da prática dos alunos. O problema que,

neste sentido, mais exigiu de mim, remete para a própria cultura da escola

como o seguinte excerto de uma reflexão elucida:

“No planeamento de uma aula, em coerência com esta cultura, de

maneira a existir um aproveitamento máximo das infraestruturas da escola e

um maior tempo de prática para os alunos, torna-se necessário dividir a turma

em diferentes grupos de trabalho, para cada um deles ser entregue à sua

respetiva modalidade. Definida a modalidade principal e a modalidade

secundária, e estando o professor debruçado sobre a 1ª, levantam-se aqui

algumas das grandes questões: O que transmitir aos alunos presentes na

modalidade secundária? O que é primordial? Depois destas questões serem

debatidas em reunião com o núcleo de estágio, depois de refletidas após as

aulas e com o acumular da experiência, foi-se tentando encontrar a melhor

resposta para estas. Neste momento, apesar de ainda existir algum sentimento

de insegurança para com os grupos de trabalho aos quais é atribuída a

modalidade secundária, o processo evoluiu com a seleção e transmissão

38

progressiva (aula após aula) de conteúdos designados como fundamentais

para a sustentação da situação de aprendizagem por eles executada.

É impossível para o professor entregar-se de igual forma a todas as

modalidades presentes em simultâneo na mesma aula, por mais que isso seja

uma tentação.

Inerentes a esta problemática colocam-se outras grandes questões, que

remetem para a autonomia e sentido de responsabilidade dos alunos a

exercitar na modalidade não acompanhada de perto pelo professor. É

fundamental preparar previamente os alunos para esta característica do

processo ensino-aprendizagem a que eles estão sujeitos. Educá-los para que

não se sintam desamparados e a sua motivação e empenho sejam

característica permanente da turma, quer quando acompanhados de perto quer

quando o professor está mais distanciado da situação de aprendizagem. ”

(Reflexão das aulas 24, 25, 26 e 27)

Os momentos de transição também foram alvo de várias estratégias de

ensino:

“Os momentos de transição, reconhecidos como de grande importância

para o desenrolar e aproveitamento da aula, são o reflexo da organização e

disciplina implementadas pelo professor. Contudo estes também são

influenciados pelas características dos alunos. A utilização dos alunos que por

vezes não podem participar na aula, tem ajudado a tornar o momento de

transição mais controlado, mas como disse anteriormente, as características

dos alunos influenciam o processo, ou seja, estar o “Rui” ou a “Joana” a ajudar

a controlar esse momento, torna-os em momentos diferentes, mais ou menos

controlados. Noutra forma de ver as coisas, poderá uma atitude mais rigorosa,

exigente, severa para com alunos tornar as transições entre exercícios ou

espaços da aula de acordo com o planeado? Não vejo um bom clima de

aprendizagem resultante desta atitude que o professor poderia tomar. Contudo,

existem tarefas de gestão, como, por exemplo, a criação e distribuição dos

grupos de trabalho, que realizadas antecipada e oportunamente diminuem a

“turbulência” desses momentos de transição, porém a extinção dessa

39

turbulência é consciente e compreensivelmente inalcançável pelas

características humanas que cada um de nós possui, mais especificamente

pela personalidade de cada um.

Sendo assim, deverá existir um equilíbrio professor-alunos, entre a

moldagem feita pelo professor aos alunos segundo as suas características e a

influência das características dos alunos sobre essa mesma moldagem, capaz

de conduzi-los à melhor aprendizagem possível dos conteúdos selecionados

para a aula, dentro de um clima saudável.” (Reflexão das aulas 24, 25, 26 e 27)

A aplicação do MED na modalidade de voleibol foi uma marcante

estratégia de ensino utilizada:

“…decorreu com grande sucesso, que se traduziu num clima de

aprendizagem entusiasta, motivador e de grande empenho por parte dos

alunos.

No final da aula estes exibiram os seus gritos, uns com mais outros com

menos criatividade, mas todos cumprindo com o objectivo do mesmo,

demonstrar a sua filiação ao contexto evocado pelo MED. Todos eles foram

aplaudidos e o momento foi vivido com a euforia desejada.” (Reflexão das

aulas 29 e 31)

A amizade, o companheirismo e o espírito competitivo com respeito pelo

adversário foram valores prioritários nas minhas aulas e que segundo Costa

(2002) são extremamente necessários para que os alunos participem nas aulas

de EF e assim, aumentem o seu valor enquanto pessoas,

Para Costa e Linhares (1990), a pontualidade deverá ser exigida a todos

e em todos os aspetos da vida, pelo que a falta desta característica demonstra

desrespeito pelo próximo. Desta forma, posso afirmar que este foi um ano

pontual, porque apenas pontualmente existiu um atraso por parte de um aluno

e o seu motivo foi compreendido. Porque o ditado popular diz, “não faças ao

outro aquilo que não gostas que te façam a ti”, eu fui orgulhosamente um

exemplo, aguardando sempre pela chegada dos alunos.

40

4.1.4. Avaliação

As avaliações foram momentos reguladores do processo de ensino-

aprendizagem. Foi através destes que verifiquei se o ensino estava a ter como

resultado a aprendizagem e qual o nível de aprendizagem de cada um dos

alunos. Estes momentos permitiram perceber o quanto estava a ser bem-

sucedido na minha ação mas também, ajudaram a detetar anomalias

importantes para a evolução do processo que os incluem. Como afirma Bento

(2007), é preciso tentar interpretar e perceber o porquê do sucesso de uma

aula, de um bom trabalho, de estar insatisfeito e o porquê do menor sucesso.

Desde início que o PC nos alertou para subjetividade desta função

didática que, no entanto, deve apresentar todo o rigor possível, para isso, os

critérios de avaliação devem ser muito bem delineados, explícitos e

criteriosamente cumpridos.

Segundo Rosado e Colaço (2002), é através das avaliações

prognósticas que observámos se os alunos possuem os conhecimentos e

aptidões para poderem iniciar novas aprendizagens. Tendo em conta que a

esta função apenas se destina a uma única aula, estas avaliações evoluíram

no sentido da simplicidade, escolhendo os conteúdos que considero

fundamentais e avaliando-os em apenas três níveis. Depois de registado o

nível de cada aluno para cada conteúdo, foi feito um mapa de cores para

perceber em que nível a turma se encontrava, bem como, os alunos que se

destacaram pela positiva e pela negativa.

As avaliações formativas foram aplicadas ao domínio motor e permitiram

obter informações sobre o estado de aprendizagem de cada um dos alunos.

Estas seguiram a mesma linha de construção das avaliações prognósticas,

contudo forneceram informações mais detalhadas relativamente aos conteúdos

avaliados, especificando e diferenciando, também, mais o nível de

performance, com a passagem de 3 para 5 níveis.

A avaliação sócioafetiva realizou-se sempre no final de todas as aulas,

isto é, de forma contínua ao longo de cada período. Esta consistiu numa auto e

heteroavaliação, com a particularidade de que os restantes alunos também

poderiam discordar da nota atribuída quer pelo aluno quer por mim, sendo que

41

a última palavra foi sempre minha e devidamente justificada. Este método foi

sugerido pelo PC e permitiu atribuir de forma justa, no final de cada período, a

nota correspondente a este domínio, tão importante na avaliação final.

O teste declarativo, momento que permitiu avaliar o domínio cognitivo

dos alunos, também fez parte deste processo de avaliação e a sua realização

teve lugar uma vez por período. A sua estrutura baseou-se, maioritariamente,

em perguntas de escolha múltipla e verdadeiros e falsos, tendo sido realizadas

também perguntas de resposta rápida em alguns casos. Estas questões foram

realizadas com base nos documentos de apoio previamente fornecidos aos

alunos e nas informações transmitidas nas aulas. .

As avaliações sumativas:

“…se concentram no produto final de todas as situações de

aprendizagem executadas ao longo das aulas de exercitação, ou seja, nos

conteúdos e estrutura organizativa fundamentais. Chegado o momento de

avaliar, a performance de cada aluno é convertida em valores, de acordo com

uma grelha de apreciação…” (Reflexão da aula 61)

Existiu sempre uma coerência nas avaliações dos alunos, ou seja, nos

critérios utilizados desde as avaliações prognósticas até às avaliações

sumativas, incluindo também as formativas.

Ao longo deste ano letivo os instrumentos de avaliação sofreram uma

evolução natural, consequência da experiência acumulada com as dificuldades

sentidas desde os primeiros momentos de avaliação prognóstica, passando

pelas avaliações formativas, até às últimas de caráter sumativo. As grelhas de

apreciação foram-se cada vez mais debruçando sobre o essencial, sobre os

conteúdos e respetivas componentes críticas fundamentais, dando-me

oportunidade de ser também cada vez mais eficiente durante este processo.

O tempo despendido para o momento de avaliação foi quase sempre

uma das grandes incógnitas, ou seja, a grelha de apreciação construída e o

tempo necessário para a aplicar em cada um dos alunos, aquando do

planeamento da aula, foi difícil de prever. Desta forma, alguns momentos

tiveram de ser repartidos, outros finalizados na aula seguinte ou na próxima

com espaço apropriado para o fazer. (Reflexão da aula 61)

42

A autoavaliação foi um direito concebido a cada aluno no final de cada

período. Os alunos assumiram um papel importante ao terem refletido sobre a

sua aprendizagem e ao terem-na classificado, para depois a terem comparado

com a minha classificação. Quando existiram discordâncias, a discussão da

nota exigiu uma justificação plausível das duas partes, que acabaram sempre

por chegar a um consenso. No entanto, prevaleceu, maioritariamente e

felizmente, a igualdade de pareceres entre professor e alunos.

Apesar da preponderância desta função didática e de todo o método que

ela acarreta, o nível de atividade motora dos alunos foi sempre assegurado.

Outro exercício foi sempre realizado simultaneamente ao de avaliação, na

maioria das vezes, situações de consolidação dos conteúdos a serem

avaliados.

43

4.2. Área 2 e 3 – Participação na Escola e Relação com a Comunidade

Da 2ª e 3ª área fazem parte as competências relacionadas com o meu

envolvimento nas áreas não letivas, que foram desenvolvidas ao longo do ano,

tendo vista a relação e integração na comunidade escolar.

O papel desempenhado pelo PC no meu enquadramento geral com as

normas da instituição ESAS foi excecional. Desde o primeiro momento que

desejou e salientou a importância da participação dos estagiários nas reuniões

de Grupo e de Departamento, de forma a, numa 1ª instância, conhecermos os

diferentes participantes, para que, posteriormente, pudéssemos expor as

nossas ideias e opiniões face às problemáticas presentes na comunidade

educativa, relacionadas direta ou indiretamente com a EF. Deste modo,

assumimos, por vezes, papéis principais, outras vezes secundários nesta nova

área intervenção.

Estive envolvido em várias atividades escolares, com o objetivo de

perceber como funcionaram, desde o planeamento, à organização e

dinamização da comunidade escolar. Assim sendo, apresentarei de seguida

cada uma delas, acompanhadas da sua reflexão.

44

4.2.1. Troféu ESAS

É um evento organizado pelo Grupo de Educação Física desde 1997,

sendo composto atualmente por três provas, realizadas uma em cada período.

A importância e grandeza deste evento para a comunidade escolar são

comprovadas pelo número de participantes que cada uma das provas mobiliza,

entre 300 a 400.

A participação do NE neste evento foi definida logo desde o início, sendo

assim, colaboramos na realização da 1ª prova, organizamos a 2ª e desfrutamos

da 3ª.

A 1ª prova foi de orientação. Nesta ajudei a preparar o espaço, a vigiá-lo

no dia da prova e a contabilizar as pontuações das equipas participantes. Esta

colaboração permitiu perceber como funcionou a sua organização e dinâmica,

bem como, as responsabilidades que lhe são inerentes. Permitiu também

percecionar a relação que se estabelece com os alunos e o modo como se

resolveram determinados imprevistos que foram surgindo.

A 2ª prova foi o “peddy-paper” pela cidade de Braga. A sua organização

foi um grande desafio, esta abriu os meus horizontes no que diz respeito à

organização de atividades, testando a minha dinâmica, criatividade e

imaginação. Em 1º lugar foi definido o trajeto, percorrendo pelo próprio pé o

percurso base definido inicialmente. Dessa forma, foi possível ver quais as

suas virtudes e limitações, os locais importantes, as referências para a

orientação dos alunos e os espaços em que era possível realizar as diversas

atividades que fizeram parte desta prova. Depois de discutido em reuniões de

NE, o percurso final foi definido e foi sobre este que escrevemos o roteiro e

projetamos, posteriormente, as atividades. Na elaboração do roteiro

procuramos fazer algo diferente dos anos anteriores, reunindo uma

multidisciplinaridade de saberes e conhecimentos e proporcionando um

conjunto de experiencias diferentes. A redação do roteiro foi feita em poesia,

como no ano anterior, algo que decidimos manter pela enriquecedora leitura

que proporcionava. Além do teste à capacidade de interpretação dos textos, ao

longo do documento foram também postos à prova os conhecimentos dos

alunos em áreas como o cinema, história, entre outras. Posto isto, passamos

45

para a definição e elaboração das atividades que os alunos realizaram ao longo

da prova. Nesta etapa pudemos dar asas à nossa criatividade, sem, no

entanto, deixar de a conjugar com as condições logísticas que a cidade dispõe.

A divulgação do evento ficou a cargo da estagiária Diana Ribeiro e do

PC. Duas semanas antes do dia da prova, foram colocados cartazes por toda a

escola, publicitando a 2ª prova do troféu ESAS. Como o público-alvo desta

atividade foram os alunos, houve a preocupação de afixar os cartazes em

locais estratégicos, onde houvesse grande densidade e circulação dos

mesmos.

A organização desta prova, além de um grande sucesso, foi uma grande

experiência, que permitiu enriquecer o meu conhecimento relativo à

organização de eventos desportivos. A preparação e verificação de todos os

detalhes para que nada faltasse ou corresse mal foram vivências importantes

para a nossa competência enquanto profissionais de Educação Física.

A 3ª prova foi vivenciada de uma forma diferente das anteriores, e como

foi realizada no final do último período, aproveitei para desfrutar deste

momento mais como um amigo que tornei dos meus alunos do que como

professor, divertindo-me com eles.

46

4.2.2. Desporto Escolar

“O Desporto Escolar constitui uma valência lúdica e desportiva de

enorme valor e é um meio educativo por excelência para o desenvolvimento

harmonioso e integral de qualquer jovem. Deste modo, esta atividade escolar

deve ser entendida como meio de aquisição de hábitos desportivos e de vida

saudável, promoção de saúde e aptidão física, e, ainda, como fator de cultura,

desenvolvendo sentimentos de amizade, cooperação, autonomia, espírito

desportivo e fair-play.” (Jornal Encontro, Magalhães, 2010/2011)

Sendo que a ESAS dispõe de um Centro de Formação de Ginástica,

modalidade muito prestigiada nesta escola, foi através deste que participei em

alguns eventos do desporto escolar, inclusive numa prova do campeonato

distrital.

Pretendi, assim, perceber como funciona o Desporto Escolar, seguindo

de perto os ginastas que representam a ESAS, contribuindo também para o

sucesso da escola neste domínio.

Por tudo o que presenciei durante os eventos, enfatizo convictamente

que o desporto escolar deve permanecer na componente letiva dos

professores, pois estes atletas e todos os alunos da escola merecem ter a

oportunidade de sentir o que é o espírito de uma equipa, a competição e a

filiação que se sente neste ambiente, pois nem todos os jovens têm a

possibilidade de pertencer a um grupo como este.

Além de todos estes contributos emocionais, também desenvolvi

capacidades cognitivas sobre a modalidade, o que foi muito enriquecedor e

produtivo para mim.

47

4.2.3. Direção de Turma

O conhecimento das tarefas de um Diretor de Turma foi um dos

objetivos focados no meu PFI e que, durante o ano letivo procurei cumprir.

Nos primeiros dias de aulas tive uma conversa com o DT, que se

mostrou pronto a ajudar-me em tudo o que fosse preciso. Através de algumas

conversas que tínhamos nas nossas reuniões, o PC também me elucidou

sobre as tarefas que este tinha de realizar enquanto DT e sobre a sua

importância na comunidade escolar.

A minha participação nas reuniões de avaliações também foi uma

experiência bastante enriquecedora, nas quais pude trocar informações com os

professores de outras disciplinas e contactar pessoalmente com a

representante dos encarregados de educação dos meus alunos.

Através de todas as informações adquiridas pude constatar que um

diretor de turma é um elemento nuclear para estabelecer a ligação dos pais

com o processo de ensino-aprendizagem dos filhos, para assegurar a

articulação dos encarregados de educação e professores da turma. É

fundamental em toda a coordenação das atividades, conteúdos, estratégias e

métodos de trabalho, de acordo com toda a turma, no geral, e cada aluno, em

particular.

Toda a atividade do DT deve-se basear numa conceção construtivista da

aprendizagem, onde o docente é um orientador da aprendizagem dos alunos.

Para promover ao máximo o papel ativo do aluno na aprendizagem, deve

procurar utilizar as mais diversas estratégias de ensino-aprendizagem e

contribuir para a formação de uma identidade conducente ao desenvolvimento

de um cidadão ativo, consciente e interveniente na sociedade atual.

O papel da escola não é apenas ensinar, mas também educar. Daí que,

para além de capacitar os jovens em diversos campos de conhecimento, o DT

deve fornecer-lhes alguns dos elementos necessários ao seu desenvolvimento

psico-social, favorecendo assim a sua integração na sociedade.

48

4.2.4. Sarau ESAS

Este acontecimento é uma imagem de marca da ESAS, devido à

elevada qualidade das suas apresentações, à sua árdua preparação e

organização e ao número de pessoas que mobiliza. De forma a condizer com a

sua grandeza, o auditório do Parque de Exposições de Braga serve,

anualmente, de palco para a sua realização, que contou com a presença de

alunos, das suas famílias e amigos, professores e funcionários.

Este evento tem como principal objetivo catalisar e demonstrar as

qualidades desta escola, por intermédio, maioritariamente, dos alunos, mas

também com a participação dos professores. Assim, como tem vindo a ser

costume, o grupo de EF, no qual se insere o nosso NE foi o grande

responsável pela sua preparação e realização. Todos os grupos da escola têm

o seu lugar reservado no reportório deste sarau, no entanto, o Centro de

Formação de Ginástica é grande protagonista, exibindo os seus números mais

recentes, trabalhados ao longo do ano letivo.

Chegado o grande dia, fiquei surpreendido com a dimensão e

formalidade de toda a envolvência do espetáculo. O auditório estava repleto de

pessoas a assistir. Foi um momento de grande satisfação, por fazer parte

daquela escola e por ter contribuído diretamente para que aquele espetáculo

emergisse. Quanto às atuações dos ginastas, fiquei arrepiado quando os vi a

atuar e muito feliz por tudo ter corrido bem. Apresentaram números

espetaculares, de elevado grau de dificuldade, demonstrando o nível e

qualidade de trabalho do CFG.

Esta foi uma experiência memorável, que marcou a minha passagem

pela ESAS.

49

4.2.5. Visita de Estudo ao Cabo do Mondego e à Serra da Boa Viagem

No âmbito do grupo de Biologia e Geologia, os alunos inscritos na

unidade curricular foram convidados a realizar uma visita de estudo ao Cabo do

Mondego e à Serra da Boa Viagem, situados na Figueira da Foz. O NE

também foi solicitado e fez questão de acompanhar as turmas nesta expedição

que começou com a partida da escola às 8h e acabou com a chegada às 20h.

A monotorização e organização das atividades foram da

responsabilidade de um grupo de jovens habilitados para tal, pertencentes ao

Visionarium. A passagem por estes dois locais teve como objetivo dar a

conhecer a sua fauna e flora, bem como, os fósseis que ainda preservam. Já a

nossa função foi de controlar e vigiar os alunos, mantendo-os na ordem e

ajudando-os no que fosse preciso.

A adrenalina tomou conta dos alunos que caminharam pela natureza

com entusiasmo e interesse, divertindo-se com a máxima segurança.

Confesso que foi um dia cansativo, mas também muito produtivo,

interessante e marcante, que primou pelo ambiente mais descontraído, pela

proximidade com a natureza, pela interação com os alunos num contexto

informal e pelas emoções vividas.

50

4.2.6. Reuniões do Grupo de EF e NE

As reuniões do Grupo de EF foram deveras importantes para a minha

formação profissional, promovendo a interação com os outros professores, de

forma a conhecer melhor o funcionamento do grupo, no geral, e de cada

professor, em particular. Permitiram também conhecer as atividades pelo grupo

desenvolvidas, as problemáticas discutidas e de como se processa toda a

burocracia inerente ao ensino. As reuniões de NE, que se realizavam todas as

semanas, foram um ponto de resolução de problemas, de esclarecimento de

dúvidas e de reflexão individual e conjunta. A partilha de problemas, dúvidas,

experiências, opiniões e ideias foi muito importante para mim, pois aumentou e

preparou o meu conhecimento para a organização, gestão e lecionação

posterior das minhas aulas.

51

4.3. Área 4 – Desenvolvimento Profissional

No âmbito desta área, a primeira tarefa foi o Projeto de Formação Inicial,

onde descrevi os meus objetivos e expetativas para este ano de estágio, bem

como, o contexto atual e anterior ao seu início, as minhas dificuldades,

recursos, estratégias e calendarização das respetivas tarefas. Este auxiliou-me

durante toda esta caminhada que termina com a realização deste Relatório, no

qual posso refletir de um modo geral sobre as vivências mais marcantes, os

objetivos alcançados e as dificuldades superadas.

O Projeto Investigação-ação, com qual finalizarei o presente documento,

foi uma tarefa que provocou uma grande ascensão do conhecimento relativo à

temática escolhida, que foi o clima motivacional nas aulas de EF.

O Relatório de Estágio, espelho de todo o trabalho levado a cabo por

mim durante este ano letivo, constitui, sem dúvida, um documento de

grandíssimo valor, ao descrever o meu percurso como professor-estagiário,

todas as minhas conquistas, enfim, o meu desenvolvimento e a minha evolução

enquanto educador, professor reflexivo e professor de educação física.

Os documentos produzidos, os planos de aula realizados, as aulas

lecionadas, as reflexões produzidas, as observações feitas, as atividades

organizadas nas quais participamos, foram alguns dos pressupostos que, no

meu ponto de vista, mais contribuíram para o meu desenvolvimento pessoal,

social e profissional. Em todo o processo de planificação e realização, e

posterior reflexão, procurei ser consequente, retirando ilações para as aulas

seguintes, dando mais e melhor, aula após aula, em prol dos alunos, foi, sem

dúvida, a maior aprendizagem que retiro deste ano de estágio.

52

4.4. Estudo Investigação-ação

O Clima Motivacional nas Aulas de Educação Física.

4.4.1. Introdução

No âmbito da Unidade Curricular do Estágio Profissional, integrada no

plano curricular do 2º Ano do Mestrado em Ensino de Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto, foi proposta a elaboração de um estudo, sobre uma temática pertinente,

proveniente da minha atuação enquanto professor. Por outras palavras, este

desafio e este desígnio corresponde, em boa medida, ao desenvolvimento de

uma atitude investigativa e de permanente questionamento por parte de

qualquer professor. Esta componente investigativa da atividade docente é, sem

sombra de dúvida, um recurso essencial para que qualquer professor possa

interferir e interagir positivamente junto dos seus alunos.

Com este estudo conceptual pretendo espelhar toda a pesquisa

realizada, selecionada e trabalhada acerca desta temática e assimilar todo o

conhecimento adquirido, a fim de fortalecer as competências associadas a este

domínio da Educação Física.

A motivação é um dos temas mais debatidos ao longo dos últimos anos

no domínio educativo. A área da Educação Física, não sendo estanque, tem

sido igualmente objeto de diversos estudos e trabalhos de investigação. Deste

modo, a exigência em torno deste domínio da profissão docente tem vindo a

aumentar, reconhecendo a importância e a sua influência no sucesso dos

alunos, pois partimos do princípio de que, quem não está motivado, dificilmente

aprende.

Os vários autores citados e referenciados ao longo deste estudo de

revisão, reforçam a importância do papel do professor na motivação dos

alunos. Assim, a importância da procura de um clima motivacional positivo nas

aulas de educação física por parte do professor, é o principal objetivo deste

trabalho de revisão, tentando identificar os elementos consensuais

53

perspetivados pelos principais investigadores, que interferem positivamente na

motivação dos alunos.

Apesar de não considerar a motivação como um problema emergente na

minha atuação como professor estagiário ao longo deste ano letivo, reconheço

a sua essencialidade e importância na aprendizagem dos alunos. Por isso,

como fiz questão de afirmar anteriormente, tenho como objetivo pessoal atingir

um clima motivacional de excelência no meu futuro desempenho da profissão

de professor de EF.

54

4.4.2. Desenvolvimento

4.4.2.1. O Conceito de Motivação

Atualmente, o termo motivação não tem ainda um significado técnico

bem preciso (Alderman, 1983). Tal como muitos outros constructos

psicológicos, a motivação tem sido definida numa variedade de formas.

Kleinginna e Kleinginna (1981, in Thill, 1989) analisaram 140 definições

apresentadas na literatura, tendo comprovado a confusão gerada por este

conceito.

Importa esclarecer que, na psicologia, os termos motivação e motivo têm

significados distintos, embora no dia-a-dia estes sejam utilizados

indiferenciadamente. Assim, enquanto motivo diz respeito a uma característica

relativamente estável do indivíduo, que o leva a orientar-se para uma certa

atividade; a motivação corresponde a um estado do organismo, resultante da

interação de fatores internos (personalidade) e externos (situação) a si próprio

e responsável por um determinado comportamento (Fonseca, 1993b).

Ao tentar compreender o conceito de motivação no âmbito da literatura

contemporânea, a qual segue a linha de investigação sociocognitiva, constatei

de facto que tipicamente são referidos fatores da personalidade, cognições

e/ou variáveis sociais, como sendo os elementos que intervêm no processo

motivacional em situações de realização (Roberts, 1982, 1992b, 1993).

Destaca-se aqui a noção de motivação para a realização, a qual

segundo Atkinson (1977, in Biddle, 1993a) pode ser referida como a

necessidade de realização.

Uma situação de realização é um contexto no qual um indivíduo realiza

uma tarefa na qual está implícito algum nível de desafio (ou seja, este indivíduo

entra em competição com outros ou procura alcançar um determinado nível de

excelência), e em que este é avaliado, sendo o próprio o responsável pelo

resultado que obtém na mesma (Roberts, 1992b, 1993).

O desporto, sendo um contexto marcadamente competitivo, também é

um meio orientado para a realização. De facto, neste contexto pode-se

55

presenciar o esforço por parte de um indivíduo ou equipa para atingir um

objetivo, sendo esse indivíduo responsável pelos comportamentos que dão

origem ao resultado - performance esta avaliada por outras pessoas em termos

de sucesso ou de fracasso (Roberts, 1993).

Realização deve então ser entendida em relação ao grau de

cumprimento de determinados objetivos, previamente associados a padrões de

excelência, tais como o tempo despendido numa prova ou o número de pontos

conseguidos num jogo (Fonseca, 1993a).

Neste sentido, estudar a motivação para a realização corresponde a

investigar as cognições e os processos de pensamento/reflexão enquanto

elementos que direcionam o comportamento de realização - uma vez que se

procura atingir um certo objetivo - e que potenciam esse mesmo

comportamento - ou seja, proporcionam uma quantidade de energia/esforço

que impulsiona o indivíduo no sentido do objetivo (Roberts, 1992b, 1993).

Muitos são os autores que quando abordam a motivação fazem

referência e distinção entre estas duas dimensões, designando-as enquanto

direção e intensidade do comportamento de um indivíduo (e.g., Alves, Brito &

Serpa, 1996; Martens, 1942; Sage, 1977; Silva & Weinberg, 1984; Singer,

1977).

Considerando a opinião de Weinberg e Gould (1995), "... motivação é

(...) o complexo processo de governar a direção e a intensidade do esforço".

Sendo assim, e de acordo com Fonseca (1993b), a teoria da motivação

trata do estudo dos constructos que potenciam e direcionam o comportamento

de um indivíduo, isto é, que lhe determinam a sua intensidade e direção

(Fonseca, 1993b).

Segundo Roberts (1992b, 1993) qualquer teoria designada de

motivacional tem que necessariamente procurar compreender o que determina

o comportamento sob estes dois pontos de vista. Partindo deste pressuposto,

as teorias que não satisfazem esta condição, apesar de poderem contribuir

para a explicação dos comportamentos de realização, não se deverão

enquadrar no âmbito da motivação.

56

4.4.2.2. Tipos de Motivação

Existem duas grandes classes de motivações para a concretização de

uma determinada tarefa (Brito, 1974):

- Motivações intrínsecas (internas ou primárias), ou seja, têm a ver

com aspetos essencialmente fisiológicos, com a estrutura orgânica do indivíduo

e caracterizam-se por serem não apreendidas e serem imprescindíveis para

uma sobrevivência individual.

- Motivações extrínsecas (externas ou secundárias), ou seja, têm a ver

de certa forma com aspetos essencialmente psicossociais, fruto da

inserção/integração no meio social, são sensíveis a toda a uma aprendizagem.

Distinguimos assim, como motivações intrínsecas, a necessidade de

movimento, entendida como uma força, uma “modificação somática” do

organismo que estimula o individuo e o leva a procurar certos fins por meio de

certos objetos, desde o seu nascimento e contribui para o seu

desenvolvimento; em seguida o prazer sentido na atividade, ou seja, a

satisfação interior, o divertimento provocado pela sua participação pessoal ao

realizar algo com eficácia, ou ao realizá-la pela primeira vez; a sensação de

dominar o próprio corpo, os gestos, o material e os outros, poderão constituir

conjuntamente uma fonte de prazer próprio, um desejo, uma necessidade de

realização. Podemos ainda referir como fatores que contribuem para

proporcionar prazer e satisfação, o contacto com a natureza (os grandes

espaços livres, o ar, as montanhas, rios e o mar).

Entre as motivações extrínsecas destacam-se “desejo de vencer, de ser

admirado pelos outros, a satisfação de pertencer a um grupo, o desejo de

liderar, ser conhecido (constituindo um fator psicológico fundamental que se

pode designar por “afirmação de si”) (Brito, 1974). “A motivação extrínseca

verifica-se quando um atleta se interessa por uma atividade sendo esta um

meio para alcançar um fim, tal como a participação pela satisfação de ser

melhor que o outro, prestígio (estatuto social), obtenção de recompensas

(dinheiro, aceitação parental) e não aceitação da punição” (SERPA, 1990).

57

Segundo Urbela Fernandes (1986), é notória a supremacia das

motivações intrínsecas em relação às extrínsecas, reveladas em numerosos

estudos, cujos resultados parecem convergir.

4.4.2.3. Teorias da Motivação

Os enquadramentos conceptuais a que recorreram os investigadores da

temática motivacional ao longo dos anos foram substancialmente alterados.

Com efeito, muitas foram as teorias que se propuseram a explicar a motivação,

apesar de nenhuma até então ter obtido um apoio unânime por parte dos

investigadores (Roberts, 1992b). Estas teorias podem-se agrupar em duas

grandes correntes: (1) as teorias mais mecanicistas, segundo as quais as

pessoas são seres reativos, entendendo as suas ações como consequência

exclusivamente de "drives psicológicas" (necessidades/impulsos); (2) as teorias

mais cognitivas, que pelo contrário postulam que os humanos são ativos, isto é,

estruturam o seu comportamento com base em interpretações subjetivas do

contexto de realização em que se inserem (Fonseca, 1993b).

Na primeira parte do século dominaram as teorias mecanicistas, tendo

estas dado lugar às cognitivas, as quais revolucionaram, sem dúvida, a

psicologia.

No âmbito da motivação, a abordagem cognitiva marcou de forma

crescente a investigação nos anos 80, assinalando até hoje uma nova era na

pesquisa motivacional, na qual se desenvolve um grande interesse em utilizar

as teorias cognitivas. Isto deve-se ao facto de estudos terem comprovado que

a motivação é em grande medida um produto de processos cognitivos (ver

Roberts, 1992a, 1992b, 1993).

Os modelos cognitivos da motivação propõem-se assim a explicar

melhor a variação comportamental, uma vez que procuram compreender como

as cognições e/ou pensamentos dos indivíduos mediam o seu comportamento

de realização.

Ao nível da abordagem cognitiva da motivação podem-se distinguir duas

importantes linhas de pesquisa: (1) a atribucional, e (2) a sociocognitiva.

58

A primeira, gerada pela teoria atribucional de Weiner deu um importante

contributo e impulso na investigação da motivação nas décadas de 70 e 80,

uma vez que introduziu novos conceitos e variáveis para estudar (Weiner 1979,

1986, in Roberts, 1992b).

A segunda, a sociocognitiva, deve a sua origem à teoria atribucional, e é

a base da investigação contemporânea. Esta perspetiva é de facto a mais

considerada na medida em que estudando as variáveis sociocognitivas se pode

captar melhor a complexidade do comportamento motivado em situações de

realização (Roberts, 1993).

No campo da atividade física ou desportiva os processos sociocognitivos

estão cada vez mais na origem de investigações que visam compreender a

motivação e o comportamento de realização. Neste contexto, de entre as

abordagens sociocognitivas mais utilizadas pelos investigadores (ver Biddle,

1997; Roberts, 1992b), destacamos a que se relaciona com os objetivos de

realização.

59

4.4.2.4. Clima Motivacional

Quando se estudam as orientações cognitivas dos indivíduos, um aspeto

a considerar é a situação de realização em que as pessoas se encontram,

destacando-se de uma forma particular o clima motivacional que se perceciona

no contexto (Ames, 1992a, 1992b).

O clima motivacional que cada indivíduo percebe existir num contexto,

não é mais do que a perceção dos objetivos situacionais (ver e.g., Roberts,

1992b; Duda, 1998). Segundo Nicholls (1989), num determinado meio tanto

pode sobressair a aprendizagem e o aperfeiçoamento pessoal, e em que se

valoriza prioritariamente o esforço - tratando-se de um clima orientado para a

tarefa - como a competição interpessoal e a avaliação da habilidade por parte

de outros, e em que vencer os outros é o indicador primário de sucesso - ou

seja, um clima orientado para o ego.

Em cada uma das situações, cada indivíduo perceciona que predomina

uma estrutura de objetivo, a qual se crê corresponder ao objetivo das pessoas

significativas desse meio social (Duda, 1992, 1996, 1998). No desporto, ao

nível das crianças e jovens, essas pessoas importantes no contexto são por

exemplo os treinadores, os pais, os professores (Ames, 1987; Duda, 1992,

1996, 1998).

Esse clima motivacional percecionado pelos indivíduos nos meios em

que estes se encontram inseridos pode influenciar a orientação adotada por

estes ao nível dos objetivos de realização e, consequentemente sobre o uso de

estratégias de realização adaptadas ou desadaptadas (Ames, 1992a, 1992b).

Ou seja, o clima percecionado pode predispor o indivíduo a desenvolver um

objetivo de realização em detrimento de outro.

Na realidade, as pessoas significativas num determinado meio ao

estabelecerem um clima motivacional (psicológico), através das instruções,

feedbacks, recompensas e expectativas explícitas que fornecem, expõem

desse modo as suas conceções de habilidade e consequentes objetivos

preferidos, os quais poderão ser percecionados pelos indivíduos. Isto porque, o

clima que cada um perceciona também é resultado da orientação desse

60

indivíduo. Tal como refere Ames (1992b) é pouco provável que numa situação

particular seja saliente para todas as pessoas o mesmo clima motivacional.

Mesmo quando numa situação as "informações" são consistentes para todas

as pessoas, os indivíduos selecionam-nas e interpretam-nas diferenciadamente

(Ames & Archer, 1988).

Segundo Roberts e Treasure (1995), o clima motivacional criado pelos

outros significativos potencia um dos objetivos de realização. Ou seja, nos

meios em que se destaca a competição interpessoal, a avaliação pública ou o

feedback normativo, as probabilidades de se desenvolverem objetivos

orientados para o ego são grandes; nas situações em que é dado maior ênfase

à aprendizagem e à mestria, assim como à participação e à cooperação,

aumenta a probabilidade de surgirem objetivos orientados para a tarefa.

No desporto, vários autores debruçaram-se sobre a correspondência

entre o grau de orientação para a tarefa e orientação para o ego e as

perceções dos objetivos para os quais se orientam pessoas importantes nas

suas vidas, concluindo que o objetivo para o qual uma pessoa se orienta é uma

função de processos de socialização (e.g., Duda & Hom, 1993; Ebbeck &

Becker, 1994; Novais & Fonseca, 1998a; Kimiecik, Horn & Shurin, 1996; Peiro

& Escartí, 1996; Weigand & Pétrie, 1996; Waldron, 1999).

Mas, poucos estudos procuraram investigar simultaneamente o clima

motivacional e os objectivos de realização (e.g.. Treasure & Roberts, 1998;

Goudas, Biddle, Fox & Underwood, 1995). Roberts (1992b; Treasure &

Roberts, 1995) argumenta que uma abordagem compreensiva da motivação

em contextos de atividade física necessita considerar estes dois componentes

do processo.

No âmbito desportivo, a teoria da motivação de Roberts (1984, 1992b)

destaca claramente os objetivos de ação e o clima motivacional, para além da

perceção da habilidade, enquanto constructos cruciais do processo

motivacional. Segundo este autor, no processo motivacional atua um conjunto

dinâmico de constructos integrados, os quais interagem entre si de forma

complexa, determinando assim o comportamento de realização (Roberts,

1984,1992b).

61

4.4.2.5. Instrumentos de Avaliação do Clima Motivacional

Vários questionários têm sido desenvolvidos para medir a perceção do

clima motivacional em contextos desportivos. Os mais utilizados, no âmbito da

atividade física desportiva são o Perceived Motivational Climate in Sport

Questionnaire ou PMCSQ (Seifriz, Duda & Chi, 1992; Walling, Duda & Chi,

1993) e o Parent-Initiated Motivational Climate Questionnaire ou PIMCQ

(White, Duda & Hart, 1992). Ambos apresentam validade e fiabilidade (Duda &

Whitehead, 1998).

O PMCSQ foi elaborado para medir, no desporto, os climas que

envolvem a tarefa e o ego, denominados respetivamente, climas de mestria e

performance (Ames & Archer, 1988). Este questionário foi constituído

inicialmente por 106 itens, tendo sido mais tarde reduzido para 40 itens e por

fim a 21 itens (9 da subescala de mestria e 12 da subescala de performance),

surgindo duas subescalas: a subescala de mestria que inclui itens que

descrevem o esforço, o aperfeiçoamento das habilidades e a análise dos erros

que ocorrem no processo de ensino; a subescala de performance que inclui

itens que enfatizam a punição pelos erros e o favorecimento das "estrelas" da

equipa. Os indivíduos respondem solicitando o seu grau de acordo ou

desacordo com cada um dos itens.

Uma segunda versão do PMCSQ, desenvolvida por Newton e Duda

(1993b) é o Perceived Motivational Climate in Sport Questionnaire - 2 (PMCSQ

- 2). É considerado um questionário multidimensional que tem em consideração

três fatores. No primeiro, assume-se que os climas de mestria e performance

são provavelmente compostos por um número de dimensões que devem ser

avaliadas para uma completa compreensão das dinâmicas do clima

motivacional. No segundo, adiciona-se uma estrutura de subescala para ajudar

a contar a inexplicável variância na escala original. No terceiro, avaliam-se

vários componentes do clima motivacional para aumentar a compreensão

conceptual do modo como a estrutura de objetivos tem impacto na motivação

dos atletas (Duda, 2001; Duda & Whitehead, 1998; Newton et ai., 2000).

62

O PMCSQ-2, ao contrário do PMCSQ-1 que era bidimensional, é um

instrumento estruturado hierarquicamente com duas escalas predominantes

(dimensões de climas de mestria e performance) e seis subescalas.

Conceptualmente baseia-se nas contribuições de Ames (1992a, 1992b), que

reforça a multidimensionalidade do clima motivacional. O PMCSQ-2, no que se

refere ao clima motivacional de mestria, está representado por três dimensões:

a aprendizagem cooperativa, o papel importante dos estudantes e o próprio

aperfeiçoamento. O clima motivacional de performance possui dimensões

como o castigo pelos erros, o reconhecimento desigual e a rivalidade entre

equipas. A última subescala, no entanto, tem sido importunada com uma baixa

consistência interna (que pode ser consequência do seu limitado número de

itens). Este questionário foi adaptado para a Educação Física. (Kavassanu &

Roberts, 1996; Peiro et ai., 1996). Ntoumanis e Biddle (1999) consideram que o

PMCSQ-2 é limitado no sentido que mede somente alguns aspetos do

TARGET.

O PIMCQ foi desenvolvido para medir as perceções das crianças acerca

da visão que os seus pais têm do que é mais crítico na aprendizagem de novas

atividades físicas. Este instrumento está mais direcionado para a Educação

Física e a aprendizagem (Duda & Whitehead, 1998).

Questionários correntes (incluindo aqueles desenvolvidos para avaliar o

clima percebido na aula de Educação Física) variam nas facetas psicológicas e

sociais do ambiente que procuram atingir.

Para o contexto da Educação Física foi proposto outro questionário, o

Learning and Performance Orientations in Physical Education Classes

Questionnaire ou LAPOPECQ (Papaioannou, 1994). Este instrumento foi

construído para aceder às perceções das orientações para a mestria e para a

performance nas aulas de Educação Física, nos climas envolvendo a tarefa ou

o ego, respetivamente (Duda & Whitehead, 1998). Inicialmente o LAPOPECQ

era constituído por 80 itens que foram reduzidos para 45 itens e finalmente

para 27 itens. Este questionário tem uma estrutura hierárquica com dois fatores

de ordem mais elevada (Performance e Mestria/Aprendizagem) e cinco fatores

de ordem mais baixa; dois deles refletem a aprendizagem ou o envolvimento

63

na tarefa, o primeiro foca o comportamento do professor e o segundo a

satisfação dos estudantes com a aprendizagem; os outros três focam a

performance ou o envolvimento para o ego, um relacionado com a avaliação

por critérios normativos, outro relacionado com a habilidade que leva ao êxito

com pouco esforço e o terceiro respeitante aos aborrecimentos pelos erros

(Papaioannou, 1994). O instrumento tem sido adaptado para várias línguas e é

considerado com fiabilidade e validade (Goudas & Biddle, 1994; Biddle et ai.,

1995, in Ntoumanis & Biddle, 1999).

64

4.4.2.6. Estudos realizados sobre o Clima Motivacional

A investigação no âmbito da perceção do clima motivacional, tanto no

campo do Desporto como na Educação Física ainda é escassa (Carpenter &

Morgan, 1999; Kavassanu & Roberts, 1996; Papaioannou, 1994; Treasure,

1997; Treasure & Roberts, 1995), tendo, no entanto, já sido realizadas algumas

investigações.

Ao analisar-se alguns estudos elaborados em períodos de tempo

diferentes, observaram-se constatações idênticas acerca das características do

clima motivacional que pode ser percecionado pelos jovens. Por um lado, os

jovens atletas/alunos que se encontram envolvidos por um clima de mestria,

sentem que são encorajados pelo professor se demonstrarem esforço, trabalho

e aperfeiçoamento e acreditam que cada um desempenha um papel importante

na sua equipa. Por outro, quando percecionam um clima de performance,

percebem que os erros podem ser punidos, verificam que os membros da

equipa que possuem uma elevada habilidade são reconhecidos pelo professor

e que este incentiva a competitividade e valoriza os resultados (Newton &

Duda, 1998 in Newton & Duda, 1999; Seifriz et ai., 1992; Solmon, 1996; White,

1998). Os alunos que percecionam um clima de mestria demonstram mais

preferência por tarefas desafiadoras do que os que percecionam um clima de

performance (Solmon, 1996; Treasure, 1993 in Duda, 1996).

A orientação de um indivíduo para a tarefa e para o ego, num

determinado contexto é influenciado pelo clima motivacional, sendo importante

investigar a relação entre os comportamentos, as cognições e os afetos

resultantes da realização duma determinada atividade e a perceção dos

objetivos salientados nessa atividade.

Os estudos realizados indicam uma forte relação entre climas

motivacionais e a seleção de variáveis cognitivas e afetivas (Ntoumanis &

Biddle, 1999).

As respostas cognitivas e afetivas dos jovens também diferem

consoante o clima motivacional percebido, associando-se divertimento, prazer

e satisfação de pertencer à equipa, à perceção de um clima de mestria. Em

65

contraste, as preocupações em relação aos erros, aos fracassos e ao

rendimento associam-se à perceção de um clima de performance (Seifriz et ai.,

1992; Theeboom, DeKnop & Weiss, 1995; Walling et al, 1993).

Algumas investigações referem que quando os jovens percebem na sala

de aula um clima de mestria elevado mostram sentimentos de satisfação e uma

atitude favorável face à Educação Física (Biddle, 2001; Papaioannou, 1994;

Treasure, 1997). Contrariamente, o clima de performance está relacionado com

o aborrecimento e com a habilidade (Biddle, 2001). Estes resultados indicam a

importância do clima de mestria na promoção das consequências psicológicas

positivas, quando se realiza a atividade física. No entanto, respostas positivas

são também esperadas para os indivíduos orientados para a tarefa que

participam em ambientes cujos climas dão ênfase a critérios que envolvem o

ego (Newton & Duda, 1999).

Em geral, as pesquisas desenvolvidas acerca do clima motivacional,

tanto no Desporto como na Educação Física, parecem indicar valores mais

elevados na perceção de um clima de mestria em relação ao clima de

performance.

Ao analisar 13 estudos, Duda e Whitehead (1998), verificaram que os

seus resultados, no âmbito do clima motivacional percecionado, refletem uma

maior ênfase no clima de mestria do que no clima de performance (Boyd et ai.,

1995; Ebbeck & Becker, 1994; Guest & White, 1996; Guest et al., 1998;

Kavassanu & Roberts, 1996; Seifriz et al., 1992; Vidal, 2001; Walling et al.,

1993).

Idênticos resultados foram observados na investigação, com atletas de

voleibol, elaborada por Newton e Duda (1999), no trabalho realizado por Vidal

(2001) com alunos do 8o ao 12° ano de escolaridade, nas aulas de Educação

Física, e também, nos estudos de Papaioannou (1994) e Papaioannou e

Diggelidis (1996),

Algumas pesquisas analisaram a perceção do clima em função do sexo

(Kavassanu & Roberts, 1996) e do ano de escolaridade dos indivíduos

(Diggelidis & Papaioannou, 1999).

66

Considerando o género, a literatura indica que o sexo feminino

apresenta uma maior perceção de um clima de mestria do que o sexo

masculino, ocorrendo o inverso em relação à perceção de um clima de

performance (Duda et ai., 1991; Duda et ai., 1995; Kavassanu & Roberts, 1996;

Newton & Duda, 1993b; Vidal, 2001; White et ai., 1992).

No que respeita ao ano de escolaridade, surgem algumas evidências

que indicam que alunos mais novos percebem que o ambiente é mais marcado

pela mestria do que os estudantes mais velhos. Por outro lado, os de idade

superior revelaram índices significativamente mais elevados do que os de

idade menor, na perceção do clima de performance (Papaioannou, 1997;

Xiang& Lee, 2002).

Diferentes respostas motivacionais estão associadas com a variedade

na estrutura de objetivos situacionais (climas motivacionais percecionados),

estando isto evidenciado em vários estudos (Ames, 1992a, Papaioannou, 1994,

1995; Seifriz et ai., 1992; Theeboom et ai., 1995; Walling et ai., 1993).

Considera-se que os climas motivacionais de mestria estão

positivamente relacionados com a orientação para a tarefa e negativamente

relacionados com a orientação para o ego. Inversamente, os climas de

performance estão relacionados positivamente com a orientação para o ego e

negativamente com a orientação para a tarefa (Cury et ai., 1996; Ebbeck &

Becker, 1994; Newton & Duda, 1993b; Ommundsen et ai., 1998; Seifriz et ai.,

1992; Vidal, 2001; Walling et al., 1993).

No estudo realizado por Newton e Duda (1999) com jogadoras de

voleibol, sugere-se que as atletas percebem que o clima motivacional nas suas

equipas é de mestria. Este grupo está fortemente orientado para a tarefa e

moderadamente orientado para o ego. Resultados similares foram encontrados

por outros investigadores (Duda et ai., 1995; Duda, Olson & Templin, 1991;

Newton & Duda, 1993b).

67

4.4.3. Síntese Final

Apesar de alguma indefinição conceptual sentida ao longo das diferentes

leituras realizadas, tentei sempre percorrer um fio condutor que permitisse

compreender este domínio da psicologia.

A vasta literatura percorrida sobre esta temática permitiu adquirir um

conhecimento que, posteriormente, trabalhado num período de reflexão que

voltará a fazer parte do meu quotidiano, aquando do exercício da profissão de

docente, permitirá colocar em prática as estratégias necessárias para tentar

atingir o nível motivacional de excelência desejado.

Assim, o meu papel enquanto docente será determinante, pois como

líder de um processo, cabe a mim ser o estratega de um clima que tem como

objetivo principal conduzir cada aluno ao seu sucesso educativo.

Este conhecimento será, contudo, cada vez mais aprofundado no futuro,

por consequência de uma análise qualitativa que será feita da minha prática

pedagógica. Sendo assim, terei uma postura inquietante face a esta

problemática que constantemente me desafia.

5.CONCLUSÃO

71

5. Conclusão

O EP foi, de facto, muito importante para a minha futura carreira

docente, uma vez que me colocou em contacto direto com a realidade,

permitindo iniciar a construção de uma identidade profissional associada à

relação com o processo educativo, em geral, e com a unidade curricular de EF,

em particular. Deste modo, posso considerar o EP como o ponto de partida

para uma realidade profissional que, durante 5 anos, foi ansiosamente

aguardada.

No início existiam várias expetativas, umas posteriormente

concretizadas, outras não passaram disso mesmo. Ao longo do tempo, a minha

posição foi-se tornando cada vez mais confortável, dado o aumento da

confiança nas minhas capacidades. Fruto do consequente incremento da

experiência no terreno e da minha ação enquanto professor de EF, a postura

por mim assumida foi sendo, cada vez mais, a de um verdadeiro professor; foi

sendo mais participativo, reconhecido e, acima de tudo, mais objetivo e

esclarecido sobre aquilo que realmente é fundamental para o sucesso

educativo dos alunos.

A relação de companheirismo, de trabalho e de cooperação com os

meus colegas de Estágio foi um marco fundamental para o meu crescimento

enquanto professor, fazendo com que o proveito desta experiência de

professor estagiário tenha sido ainda maior, mais organizada, partilhada,

permitindo superar mais facilmente algumas problemáticas vivenciadas.

A preponderância do PC Arnaldino Ferreira não pode deixar de ser

realçada, pelo seu companheirismo e cooperação também, pelo sentido crítico

e por não me ter conduzido para o sucesso, mas por me ter dado as

coordenadas para lá chegar.

Foi o início de uma longa carreira profissional, marcado pelo impacto,

pela vulnerabilidade com que me entreguei e com a certeza de que ainda há

muito para aprender. No entanto, o desenvolvimento promovido por este

Estágio permite-me agora enfrentar o futuro com mais confiança e

determinação.

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

75

6. Referências Bibliográficas

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