implantação do processo bim no apoio à execução dentro de ... · modeling (bim) – está se...

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FABIANA KARENINA DE LIMA Implantação do Processo BIM no apoio à execução dentro de uma construtora São Paulo (2019)

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Page 1: Implantação do Processo BIM no apoio à execução dentro de ... · Modeling (BIM) – está se tornando cada vez mais presente no mercado da Construção Civil. Eastman et. al

FABIANA KARENINA DE LIMA

Implantação do Processo BIM no apoio à execução dentro de uma construtora

São Paulo

(2019)

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FABIANA KARENINA DE LIMA

Implantação do Processo BIM no apoio à execução dentro de uma construtora

Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Orientador: Prof. Dr. Sérgio Leal Ferreira

São Paulo

(2019)

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FABIANA KARENINA DE LIMA

Implantação do Processo BIM no apoio à execução dentro de uma construtora

Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Área de Concentração: Inovação na Construção Civil Orientador: Prof. Dr. Sérgio Leal Ferreira

São Paulo

(2019)

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Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob

responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador.

São Paulo, ____ de _________________________de ________

Assinatura do autor: __________________________________

Assinatura do orientador: _______________________________

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou

eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação-na-publicação

Lima, Fabiana Karenina de Implantação do Processo BIM no apoio à execução dentro de uma

construtora / F. K. Lima -- versão corr. -- São Paulo, 2019. 118 p.

Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil.

1.Modelagem da Informação da Construção (BIM) 2.Canteiro de obras 3.Sistemas e processos construtivos 4.Simulação virtual da construção 5.Gerenciamento da construção I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Construção Civil II.t.

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A meu filho Francisco, que me fez descobrir sentimentos nunca imaginados.

A meu esposo Raphael, pelo apoio e carinho.

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AGRADECIMENTOS

A meu orientador Prof. Dr. Sergio Leal Ferreira, pelo apoio e incentivo no decorrer de

toda esta trajetória de mestrado.

À minha mãe Gilvaneide e ao meu pai Osmar, por acreditarem na minha capacidade

e pela compreensão na minha ausência em muitos momentos.

A meus irmãos, por toda infância compartilhada, por colaborarem para ser a pessoa

que me tornei.

À minha sogra Isabel e ao meu sogro Paulo, pelos cuidados com o Francisco para

que pudesse me dedicar mais a este trabalho.

À minha amiga Hosana, pelas conversas e apoio incondicional.

A meus colegas de trabalho que participaram da pesquisa realizada.

A meu esposo Raphael, por todo o amor e confiança dispendidos a mim. Por todos

os momentos que cuidou com o maior carinho do nosso pequeno para que eu me

dedicasse a este trabalho.

A meu filho Francisco, que a cada dia auxilia a me tornar uma pessoa melhor, me

surpreendendo com sua alegria e amor imensuráveis. Que participou das aulas ainda

na barriga e acompanhou a todo o desenvolvimento deste trabalho.

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“Cada um pensa em mudar a humanidade,

mas ninguém pensa em mudar a si mesmo.”

(Liev Tolstói)

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RESUMO

A Modelagem da Informação da Construção (Building Information Modeling – BIM)

veio ajudar a modernizar a indústria da construção civil. No Brasil, com a instabilidade

do mercado AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção), o BIM se torna um

diferencial para as empresas que optam por este processo. São várias as opções de

uso para construtoras e sua abrangência corre por todo o ciclo de vida da edificação.

Através de revisão bibliográfica e estudo de caso dentro de uma construtora, o

presente trabalho visa mostrar as possíveis aplicações do BIM dentro do canteiro de

obras, identificando as barreiras para sua aplicação plena. A partir do material de

estudo levantado e de survey aplicada a funcionários da construtora estudada, são

realizadas propostas de uso da Modelagem da Informação da Construção durante a

fase de execução do empreendimento, ou seja, durante a obra. Apesar de serem

propostas baseadas em casos de uma empresa de porte e bem situada no mercado,

procurou-se generalizar de forma a que distintas construtoras possam se identificar e

tirar o máximo proveito dos estudos e conclusões aqui apresentados.

Palavras-Chave: Building Information Modeling. Modelagem da Informação da

Construção. BIM. Construtora. Canteiro de obra. Obra. Execução. Construção.

Modelo virtual.

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ABSTRACT

The Building Information Modeling (BIM) is helping to modernize the construction

industry. In Brazil, faced with AEC (Architecture, Engineering & Construction) market

instability, BIM becomes a differential for companies that opt for this process. There

are several construction options for builders and their use throughout the lifecycle of

the building. Through a bibliographic review and case study within a construction

company, the present research aims to show the possible applications of BIM in

construction site, identifying the barriers for its full implantation. From the study material

collected and survey applied to employees of the construction company studied,

proposals are made to use the Building Information Modeling during the execution

phase of the project, that is, during the construction. In spite of being proposals based

on cases of a company of size and well placed in the market, it was tried to generalize

so that different constructors can identify and take full advantage of the studies and

conclusions presented here.

Keywords: Building Information Modeling. BIM. Construction company. Construction

site. Work. Execution. Construction. Virtual Model.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Tubulação colidindo com bloco de concreto ............................................. 28

Figura 2 - Modelo IFC de estrutura metálica ............................................................. 32

Figura 3 - Peças com tags em um canteiro de obras ................................................ 32

Figura 4 - Planta de localização da peça com tag ..................................................... 33

Figura 5 - Representação de viga conforme nível de desenvolvimento (LOD) ......... 35

Figura 6 – Detecção no local - nova viga baldrame colidindo com bloco de concreto

existente .................................................................................................................... 40

Figura 7 – Atuação simplificada da construtora estudada ......................................... 42

Figura 8 - Fluxograma da área de projetos antes da implantação do BIM ................ 43

Figura 9 - Inserção do BIM na atuação da construtora estudada .............................. 44

Figura 10 - Setor BIM no Escritório Central ............................................................... 48

Figura 11 - Discrepância entre projeto e memorial de arquitetura............................. 49

Figura 12 - Modelo de Análise de Projeto BIM .......................................................... 50

Figura 13 - Modelo de Análise de Projeto BIM Comentada ...................................... 50

Figura 14 - Família de caixilho de vidro no padrão do Revit ..................................... 52

Figura 15 - Família de caixilho de vidro adaptada para o empreendimento .............. 53

Figura 16 - Disciplinas incompatíveis ........................................................................ 54

Figura 17 - Nomeação de Arquivos em Revit ............................................................ 55

Figura 18 - Fluxograma do processo de modelagem na empresa estudada ............ 56

Figura 19 - Colisão entre disciplinas de ar condicionado e elétrica ........................... 57

Figura 20 - 4D Cronograma inicial x Cronograma impactado ................................... 58

Figura 21 - Modelo de prancha ilustrativa para a obra .............................................. 59

Figura 22 - Alvenaria com previsão para passagem de eletrocalhas ........................ 60

Figura 23 - Fluxograma do Projeto I .......................................................................... 62

Figura 24 - Modelo Projeto II ..................................................................................... 64

Figura 25 - Documento de auditoria de modelagem ................................................. 65

Figura 26 - Fluxograma do Projeto II ......................................................................... 67

Figura 27 - Modelo do Projeto III ............................................................................... 68

Figura 28 - Relatório de colisões apresentado por empresa terceirizada ................. 70

Figura 29 - Legenda do relatório de colisões ............................................................ 70

Figura 30 - Fluxograma do Projeto III ........................................................................ 72

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Figura 31 - LOD por item do modelo ......................................................................... 75

Figura 32 - Fluxograma de atualização no modelo as built - sem laser scanning ..... 79

Figura 33 - Fluxograma de atualização no modelo as built - com laser scanning ..... 80

Figura 34 - Uso de Dispositivos Móveis .................................................................... 83

Figura 35 - Uso do aplicativo BIM 360º Team ........................................................... 84

Figura 36 - Anotação de markup no portão ............................................................... 85

Figura 37 - App da empresa Tekla ............................................................................ 86

Figura 38 - BIM 360 Team - Envio de comentário por e-mail ................................... 87

Figura 39 - Área de atuação dos participantes da pesquisa ..................................... 88

Figura 40 - Idade dos participantes ........................................................................... 89

Figura 41 - Principais Pontos Críticos do Uso do BIM ............................................... 91

Figura 42 - Proposta 2 - Responsável pela Anotação ............................................... 92

Figura 43 - Contribuição do BIM no Canteiro de Obras ............................................ 93

Figura 44 - Natureza dos resultados esperados........................................................ 94

Figura 45 - Fluxograma de um empreendimento que os projetistas não utilizam BIM

.................................................................................................................................. 96

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparativo de impactos na detecção de incompatibilidades ................. 29

Tabela 2 - Prioridades BIM para futuros projetos ...................................................... 45

Tabela 3 - Cursos e Palestras BIM ............................................................................ 74

Tabela 4 - Softwares BIM utilizados na construtora estudada................................... 76

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LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

2D

3D

4D

5D

6D

AEC

ART

BIM

CAD

CAU

CAU/SP

CREA

IFC

IPD

LOD

MEP

MOD

MOI

TI

USP

Duas Dimensões

Três Dimensões

Quatro Dimensões (3D + Tempo)

Cinco Dimensões (4D + Custo)

Seis Dimensões (Modelo do Virtual para Operação do Edifício)

Arquitetura, Engenharia e Construção

Anotação de Responsabilidade Técnica

Building Information Modeling

Computer Aided Design

Conselho de Arquitetura e Urbanismo

Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

Industry Foundation Classes

Integrated Project Delivery

Level of Development

Mechanical, Electrical and Plumbing

Mão de obra direta

Mão de obra indireta

Tecnologia da Informação

Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................... 8

ABSTRACT ................................................................................................................. 9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................ 10

LISTA DE TABELAS ................................................................................................. 12

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS ....................................................................... 13

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17

1.1. CONTEXTO ....................................................................................................... 17

1.2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 20

1.2.1. Objetivo principal ............................................................................................. 20

1.2.2. Objetivos específicos....................................................................................... 20

1.3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 21

1.4. METODOLOGIA ................................................................................................. 24

1.4.1. Revisão bibliográfica ....................................................................................... 24

1.4.2. Levantamento de dados: estudo de caso ........................................................ 25

1.4.3. Análise, elaboração de propostas e survey ..................................................... 25

1.5. ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ................................................................... 26

2. BIM NA CONSTRUTORA ..................................................................................... 27

2.1. DIFERENTES USOS DO MODELO BIM PARA A CONSTRUTORA ................. 27

2.1.1. Modelo para coordenação, compatibilização de projetos e visualização (3D) 28

2.1.2. Modelo para Execução / Planejamento (4D) ................................................... 29

2.1.3. Modelo para Estimava de Custos (5D) ............................................................ 30

2.1.4. Modelo para as built ........................................................................................ 30

2.1.5. Operação e Manutenção (6D) ......................................................................... 31

2.1.6. Fabricação digital ............................................................................................ 31

2.1.7. Uso de mockups virtuais ................................................................................. 33

2.1.8. Maior controle dos fornecedores e materiais ................................................... 34

2.1.9. Análise das condições pré-existentes ............................................................. 34

2.2. LOD – LEVEL OF DEVELOPMENT – DEFINIÇÕES E USOS ........................... 35

2.2.1. Níveis de desenvolvimento do modelo ............................................................ 36

2.2.1.1. Nível 100 ...................................................................................................... 36

2.2.1.2. Nível 200 ...................................................................................................... 36

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2.2.1.3. Nível 300 ...................................................................................................... 36

2.2.1.4. Nível 350 ...................................................................................................... 37

2.2.1.5. Nível 400 ...................................................................................................... 37

2.2.1.6. Nível 500 ...................................................................................................... 37

3. ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 38

3.1. O BIM NA CONSTRUTORA ESTUDADA .......................................................... 39

3.2. PROJETO I – PROJETO PILOTO COM MODELAGEM PRÓPRIA ................... 46

3.3. PROJETO II – MODELAGEM MISTA ................................................................ 63

3.4. PROJETO III – MODELAGEM TERCEIRIZADA ................................................ 68

3.5. EXPERIÊNCIA NA ALEMANHA ......................................................................... 73

3.6. FORMAÇÃO DOS ENVOLVIDOS ...................................................................... 74

3.7. NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POR ITEM DO MODELO ............................. 74

3.8. SOFTWARES UTILIZADOS PELA CONSTRUTORA ........................................ 75

3.9. CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTUDO DE CASO ............................................. 76

4. PROPOSTAS DE USO DO BIM PARA A CONSTRUTORA ESTUDADA ........... 78

4.1. PROPOSTAS PARA ATUALIZAÇÃO DO MODELO AS BUILT ......................... 78

4.1.1. Proposta para atualização do modelo as built - sem laser scanning ............... 78

4.1.2. Proposta para atualização do modelo as built - com laser scanning ............... 79

4.2. BIM NA OBRA – VISUALIZAÇÃO NO CAMPO POR TODOS OS ENVOLVIDOS .. 80

4.2.1. Criação de pranchas ilustrativas ..................................................................... 81

4.2.2. Uso de dispositivos móveis ............................................................................. 81

4.2.2.1. Aplicativo para celular .................................................................................. 84

4.3. SURVEY ............................................................................................................. 87

5. CONSIDERAÇÕES E CONCLUSÃO ................................................................... 94

5.1. RESULTADOS ESPERADOS ............................................................................ 94

5.2. BARREIRAS ENCONTRADAS NA CONSTRUTORA ESTUDADA ................... 95

5.2.1. Projetistas não usam ferramentas BIM............................................................ 95

5.2.2. Falta de convencimento das lideranças .......................................................... 97

5.2.3. Dificuldade de visualização do modelo no campo (obra) ................................ 98

5.2.4. Requerimentos não claros do cliente .............................................................. 98

5.2.5. Imposição de uso de software específico ........................................................ 98

5.2.6. Suporte de TI inadequado às necessidades das ferramentas BIM ................. 99

5.2.7. Crise no mercado da construção civil .............................................................. 99

5.2.8. Alto custo com hardwares e softwares ............................................................ 99

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5.3. CONCLUSÃO ................................................................................................... 100

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 102

REFERÊNCIAS CONSULTADAS ........................................................................... 106

APÊNDICE A - TUTORIAL NAVISWORKS FREEDOM .......................................... 107

APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO – APLICAÇÃO DO BIM NO CANTEIRO ............ 112

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1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTO

O processo da Modelagem da Informação da Construção1 - Building Information

Modeling (BIM) – está se tornando cada vez mais presente no mercado da Construção

Civil. Eastman et. al. (2011) elucida o processo BIM:

Com a tecnologia BIM, um ou mais modelos virtuais precisos de uma

edificação são construídos digitalmente. Eles apoiam todas as fases de

projeto, permitindo melhores análises e controle do que com os processos

manuais. Quando completos, os modelos gerados computacionalmente

contêm a geometria exata e os dados relevantes, necessários para dar

suporte à construção, à fabricação e ao fornecimento de insumos necessários

para a realização da construção. (EASTMAN et al., 2011, p.1, tradução

nossa.)

A tecnologia BIM proporciona diversas formas de atuação dentro do mercado da

construção civil. Um modelo digital BIM pode conter informações úteis para utilização

desde a fase de concepção até o uso e operação do empreendimento.

BIS (2011) afirmou que já estava comprovado, tanto no Reino Unido quanto no

exterior, que os projetistas, construtores e proprietários podem ter ganhos financeiros

substanciais com a adoção dos princípios BIM.

McGraw Hill (2014) defendeu que 2014 era um momento animador no mercado global

da construção civil, e quando a implantação do conceito BIM seria um grande passo

positivo de mudança para construtoras de todos os tipos, tamanhos e localidades.

Devido à competição do mercado da construção civil, quando é necessária a

adaptação às fases de menor demanda, as empresas buscam aprimorar seus

processos internos, muitas vezes através de novas tecnologias. Dentro deste cenário,

o processo BIM vem como uma alternativa promissora para a obtenção de uma

1 Conforme tradução contida na NBR 15965 (2011).

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vantagem competitiva. Porém, em períodos em que a economia brasileira passa por

grande instabilidade, nota-se que isso afeta diretamente a forma com que construtores

e outros agentes do mercado da construção civil percebem os benefícios da

modelagem BIM. Isso porque o planejamento de médio e longo prazo destes agentes

acaba sendo afetado, com os investimentos em tecnologia sendo postergados para

momentos de maior estabilidade no mercado (KIMURA, 2017).

Ainda hoje, entre os agentes do mercado da construção civil há grandes diferenças

de entendimento e uso do processo BIM. Enquanto algumas empresas são usuárias

avançadas de ferramentas BIM, outras não sabem sequer o real significado da sigla

(KIMURA, 2017).

O processo BIM não se restringe ao modelo virtual do empreendimento. Com ele é

possível atuar em várias dimensões além do 3D (modelo paramétrico2 com três

dimensões). Surgem então definições como o 4D (modelo 3D paramétrico vinculado

ao cronograma planejado), o 5D (modelo 3D paramétrico vinculado ao cronograma

planejado e ao orçamento) e o 6D (modelo para operação e manutenção) (PENN

STATE, 2011).

Quando um projeto executivo é desenvolvido desta forma (com o uso do

BIM), ágil e meticulosa, além dos documentos típicos de um projeto

executivo, outras possibilidades surgem, como planejamento,

experimentação, atualização pós-execução e controle de manutenção.

(CASTANHO et al., 2017, p.47)

Hoje em dia, há ainda alguns autores que utilizam definições de 7D e 8D, o primeiro

representando a Sustentabilidade e o segundo a Segurança e a Saúde Ocupacional.

2 Entende-se aqui por modelo paramétrico, um modelo digital com variáveis (parâmetros) que podem ser incluídos em regras,

algoritmos e fórmulas matemáticas. As regras inter-relacionam os elementos e podem ser criadas pelo próprio usuário também.

Para exemplificar, paredes podem ser programadas para serem criadas sempre do piso até encontrar a próxima laje,

independente da altura. Um modelo paramétrico tem a capacidade de se adaptar rapidamente consistentemente a mudanças

nos valores dos seus parâmetros ou dos parâmetros vinculados. Outro exemplo é de uma escada, que refaz o seu desenho

quando se muda a altura (espelho como parâmetro próprio) ou o desnível (parâmetro vinculado). Além disso, informações reais

são atribuídas aos elementos, por exemplo: ao consultar uma porta haverá informações sobre materiais que a compõem.

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Para o âmbito deste trabalho, será considerado o uso do BIM até o 6D anteriormente

mencionado.

Para uma construtora, o uso do processo BIM se estende por todo ciclo da edificação,

desde o 3D até o 6D, com o objetivo de dar apoio ao setor da garantia e entregar um

modelo ao cliente final que possa ser utilizado para operação e manutenção do

edifício.

Devido à capacidade de armazenamento de informação, os modelos BIM são

utilizados como fonte de consulta durante a obra, reduzindo, consideravelmente, os

atrasos pela dificuldade na localização de informações nos projetos (MARTINS;

CACHADINHA, 2012).

Algumas decisões que alteram ou complementam o projeto, tomadas pelo pessoal

responsável pela execução da obra, são uma improvisação causada por projetos

incompletos. O bom uso de ferramentas BIM proporciona a redução destas

improvisações, de retrabalhos, custos e diminuição das intervenções pós-obra

(CASTANHO et al.,2017).

Diversos pesquisadores têm explorado as dificuldades comumente encontradas em

projetos, como a falta de qualidade resultante da deficiência de integração entre

projetistas e seus projetos (CAIADO; SALGADO, 2006).

Eastman et al. (2011) defende que o modelo pode dar suporte às avaliações de

performance durante a fase projetual, aumentando assim a qualidade e o

desempenho da produção.

O BIM vem auxiliar as construtoras a diminuir os problemas de compatibilização e de

falta de detalhamentos nos projetos executivos, através da detecção de interferências

e outras ferramentas. Ao realizar a construção de forma virtual promove-se uma

melhora da qualidade do projeto executivo, prenunciando soluções para problemas

que muito provavelmente, como infelizmente é costume, só seriam descobertos no

momento da execução, impactando diretamente no prazo e, por conseguinte, no custo

da obra. O processo BIM com a utilização das ferramentas apropriadas pode diminuir

as incertezas, garantindo que os custos assumidos e os prazos acordados

inicialmente com o cliente, tenham seus riscos minimizados.

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1.2. OBJETIVOS

O mestrado profissional tem como um de seus objetivos contribuir para aumento de

produtividade nas empresas, no âmbito público e privado (MEC, 2009). Por isso, esta

dissertação visa contribuir para a melhor utilização do processo BIM durante a obra

dentro da construtora estudada neste trabalho, aumentando assim sua produtividade

e qualidade no produto final entregue.

1.2.1. Objetivo principal

O objetivo principal deste trabalho é a elaboração de diretrizes para aumentar a

eficiência da utilização do modelo BIM por uma construtora, durante a construção de

um empreendimento.

1.2.2. Objetivos específicos

Na elaboração de diretrizes inclui-se a avaliação de ferramentas e métodos que

permitam:

• Atualizar mais rapidamente e com maior precisão o modelo BIM durante a obra

(as built);

• Aprimorar a utilização das informações do modelo BIM na obra pelos

arquitetos, engenheiros, técnicos e mestres, locados no canteiro (mão de obra

indireta – MOI);

• O contato da mão de obra direta (MOD) com o modelo BIM para que utilizem o

modelo como consulta para a execução dos serviços no campo.

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1.3. JUSTIFICATIVA

Ao observar a situação atual do setor da construção civil brasileiro, percebe-se

algumas vezes uma lacuna entre o projeto e a execução. As dificuldades com o projeto

vão desde a baixa qualidade (como falta de desenhos para a completa compreensão

do projeto, falta de cotas, de informações, etc.) até o elevado número de falhas (como

incompatibilidades, entre disciplinas e dentro da mesma disciplina, por exemplo) no

projeto executivo.

A falta de integração entre as atividades de projetar e construir provoca uma

série de desperdícios e patologias. Serviços refeitos e alterações

improvisadas, decorrentes de projetos não compatibilizados, a ausência de

detalhe nos projetos, e as decisões tomadas por pessoas não capacitadas ou

em momentos inadequados são frequentes (ARROTÉIA, 2013, p.22).

Arrotéia (2013) defende que melhorar a comunicação do projeto para a obra é um dos

caminhos para se reduzir a distância entre o projeto e a execução. Andery, Campos

e Arantes, 2012 (2012)) defendem que o projeto impacta diretamente na qualidade da

obra tanto em relação ao prazo quanto em relação ao custo, gerando também

qualidade ao produto final.

Há mais de dez anos, a falta de cooperação entre os agentes da cadeia produtiva

dinamarquesa foi apresentada pela National Agency for Enterprise And Construction

(2006). O Brasil também compartilhava essa visão e, ainda hoje, é observada essa

falta de cooperação, materializada também na dificuldade da percepção de que todos

trabalham pelo mesmo objetivo. Manzione (2013) afirma que as interações escassas

entre os membros da equipe é um dos cinco principais fatores problemáticos dento de

uma organização. Zegarra, Frigieri, Cardoso (1999) comentam que dentro de uma

construtora, os diferentes setores normalmente atuam de formas independentes entre

si. Kolaric, Pavlovicm Vukomanovic (2015) citam a grande lacuna de integração

também observada na Croácia, envolvendo todos os participantes do mercado da

construção civil. Na pesquisa de McGraw Hill (2014) a colaboração proporcionada

pelo BIM entre construtora, cliente e projetistas está entre os três principais benefícios

elencados pelas empresas participantes da pesquisa.

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O BIM surge como um processo vantajoso para toda a cadeia construtiva e em todo

o ciclo de vida da edificação. Dentro do fluxo de trabalho de cada construtora, o BIM

pode estar presente desde a obtenção do contrato até a entrega da obra, estendendo-

se inclusive para o período de garantia, dando assistência ao contrato. As metas a

serem alcançadas a partir da incorporação do processo BIM podem incluir a redução

na duração do cronograma, melhora na produtividade da obra, melhora de qualidade,

redução de custos das solicitações de mudança, obtenção de importantes dados para

a operação do empreendimento, entre outros (PENN STATE, 2011).

(O BIM) fornece a base para construtoras economizarem tempo e dinheiro,

criando rapidamente simulações (tempo / custo / construtibilidade),

permitindo planejar e testar virtualmente um projeto, antecipando problemas

antes de se tornarem muito caros. (FERNANDES, 2013, p.17)

As construtoras pesquisadas por McGraw Hill em 2014 consideraram a redução de

erros, omissões e retrabalhos, redução do custo de construção, redução da duração

do projeto e melhora na segurança os principais benefícios decorrentes da

incorporação do processo BIM. Dentre as construtoras brasileiras participantes da

pesquisa, 41% elegeram como fator principal, a melhoria da imagem da empresa com

a implantação do BIM. Além disso, a redução de retrabalhos afeta positivamente o

custo e a duração da obra, assim como melhora os índices de produtividade e a

qualidade do produto final (MCGRAW HILL, 2014).

Os resultados (do uso do BIM) revelam uma clara melhoria na qualidade do

projeto de engenharia, em termos de desenho livre de erros e aumentando

continuamente a melhoria da produtividade do trabalho. (KANER, SACKS,

KASSIAN, 2008)

No entanto, o processo BIM pode não funcionar bem na fase construtiva devido a

diversos fatores. Entre eles está o fato do modelo chegar defasado na obra (sem as

atualizações conforme revisões dos projetos envolvidos). Adicionam-se a este fator

as dificuldades relacionadas à conscientização e ao real conhecimento das

potencialidades deste processo durante a execução do empreendimento (SANTOS,

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2016). Além disso, quando o modelo BIM é utilizado em uma obra, nem sempre a mão

de obra direta tem acesso a ele (BERLO; NATROP, 2015).

O projeto as built faz parte da documentação que deve ser entregue pela construtora

a seu cliente. A construtora que trabalha com subempreiteiros, normalmente, recebe

os projetos as built de instalações dos mesmos. Ao se trabalhar dentro do processo

BIM, o ideal é que todos os projetos sejam realizados dentro de softwares BIM,

incluindo os projetos de fornecedores (shopdrawings) como, por exemplo, projeto de

montagem de estrutura metálica, projeto de elevador, etc. Diante disso, há uma

dificuldade em se obter um modelo as built no final da obra. Isso porque durante a

execução de um empreendimento algumas alterações se fazem necessárias e, em

alguns casos, não há pessoas e/ou recursos disponíveis para atualização do modelo.

O resultado é um modelo defasado no final da obra, como afirma Martins e

Cachadinha (2012):

Uma vez criados, os modelos mantêm-se inalterados, não contemplando

muitas das alterações que, frequentemente, são introduzidas no projecto

original. Para além disso, um conjunto importante de informações

relacionadas, por exemplo, com o processo de montagem de equipamentos,

deve ser anexada aos modelos para que, na fase de manutenção, os

processos de reparação e substituição sejam facilitados. Assim, surge a

necessidade de actualização dos modelos BIM 3D, transformando-os em

verdadeiros modelos as-built. (MARTINS; CACHADINHA, 2012, p.3)

Diante do exposto, faz-se necessária uma boa análise dos processos atuais para

aumento da eficiência da utilização do modelo BIM durante a execução de um

empreendimento, que possa proporcionar o uso do modelo por todo o decorrer da

obra e, ao final, um modelo as built preciso.

Em relação à utilização do modelo no canteiro de obras, é necessário explorar

possibilidades de contato da mão de obra direta com o modelo BIM. Para a mão de

obra indireta é necessário aprimorar o uso do modelo, e não só o contato pelos

colaboradores durante a fase de obra.

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1.4. METODOLOGIA

A metodologia de pesquisa deste trabalho foi dividida em três fases, sendo:

• Revisão bibliográfica;

• Levantamento de dados e estudo de caso;

• Elaboração de propostas e survey.

1.4.1. Revisão bibliográfica

A pesquisa bibliográfica consistiu em estudos sobre os temas vinculados à utilização

do processo BIM por empresas construtoras, desde a implantação até a fase de

construção. Foram pesquisados em especial diferentes métodos e processos que

facilitam a atualização do modelo BIM no decorrer da obra. Também foram

averiguadas opções existentes de softwares gratuitos e dispositivos móveis para a

utilização do modelo no ambiente da obra.

Um manual sobre o uso do BIM é apresentado por Eastman et al. (2011),

demonstrando como funciona a implantação do BIM e seus impactos nos diversos

agentes do mercado da construção civil. Há capítulos direcionados para cada agente,

incluindo um específico para os construtores. Nele são abordados diferentes aspectos

da aplicação do BIM pelas construtoras, considerando as diferenças de tamanhos de

empresa.

Penn State (2011) apresenta um guia para elaboração de um plano de execução BIM.

Neste trabalho é possível encontrar diversos fluxogramas das áreas envolvidas com

a implantação BIM dentro das empresas.

Em 2014, a McGraw Hill fez uma pesquisa online sobre implantação e uso do BIM

com 727 empresas em 10 países diferentes, incluindo o Brasil. Muitas opiniões foram

levantadas como, por exemplo: quais os principais benefícios com a implantação do

BIM, qual o nível da implantação do BIM em cada construtora, qual o retorno dos

investimentos em BIM, qual a influência de alguns governos internacionais na

implantação do BIM nas empresas, entre outros. (MCGRAW HILL, 2014).

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1.4.2. Levantamento de dados: estudo de caso

Baseado no objetivo de elaboração de diretrizes para aumentar a eficiência da

utilização do modelo BIM por uma empresa construtora, durante a construção de um

empreendimento, foi escolhida a metodologia de estudo de caso para análise do

andamento da utilização do BIM. Para tanto, foram selecionados três

empreendimentos. Como no estudo de caso não se deve intervir sobre o objeto

estudado, mas sim revelá-lo conforme a percepção do pesquisador (FONSECA,

2002), a pesquisadora teve acesso às informações nos projetos específicos, porém

sem participar diretamente das decisões do processo.

A partir deste estudo de caso, foram realizadas as seguintes atividades:

• Análise do histórico e escolha de obras;

• Levantamento e separação do material dos projetos escolhidos;

• Identificação e caracterização dos agentes envolvidos;

• Identificação dos principais pontos críticos na utilização do BIM durante a fase

construtiva3.

1.4.3. Análise, elaboração de propostas e survey

Após as atividades anteriores, foram realizadas análises sobre o processo de

implantação do BIM na empresa estudada e sobre as dificuldades e barreiras

encontradas na utilização do BIM durante a construção pela mão de obra direta e

indireta. Posteriormente, esses dados serviram de diretrizes de encaminhamentos

para superar ou amenizar tais dificuldades.

Foi realizada uma pesquisa de campo (survey) com o objetivo de recolher opiniões

dos colaboradores da construtora estudada em relação aos encaminhamentos

sugeridos neste trabalho. A survey buscou obter informações de um determinado

3 Nessa dissertação considera-se a fase construtiva aquela em que os projetos já foram completados e as informações

teoricamente encontram-se disponíveis para que as equipes de produção, montagem e fabricação sigam as indicações dos

projetos e as convertam em realidade física, material. Exemplos: Execução de alvenarias, montagem de estrutura metálica,

execução de estrutura de concreto moldado in loco, etc.

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grupo de pessoas, tendo como instrumento de pesquisa, um questionário (FONSECA,

2002). Essa pesquisa consistiu em levantar elementos para:

• Identificação e caracterização dos agentes envolvidos;

• Identificação dos principais pontos críticos na utilização do BIM para os agentes

entrevistados,

• Análise da utilização das interfaces BIM dentro do escritório central da empresa

estudada;

• Diagnóstico dos processos atuais de apoio à execução de obras;

• Diagnóstico, com base nas opiniões dos colaboradores entrevistados, sobre as

propostas sugeridas neste trabalho;

• Análise de possíveis extensões deste trabalho.

1.5. ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho é estruturado em cinco capítulos.

No primeiro capítulo consta a introdução com a contextualização, objetivos,

justificativa e métodos de pesquisa.

O segundo capítulo aborda o tema BIM dentro de uma empresa construtora, com

suas possibilidades de uso conforme o tipo do modelo, levando em consideração o

nível de desenvolvimento do modelo (Level of Development).

O estudo de caso dentro de uma empresa construtora é abordado no terceiro

capítulo, composto por três projetos da empresa em que foram utilizados o processo

BIM e a experiência na matriz da Alemanha.

O quarto capítulo aborda as propostas de uso do BIM dentro da empresa construtora

estudada.

As considerações finais e conclusões são apresentadas no quinto capítulo.

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2. BIM NA CONSTRUTORA

A construtora que entra no processo de um empreendimento desde a fase da

concepção do projeto, tem uma maior facilidade de implantar o BIM do que a

construtora que participa da concorrência ou licitação, entrando após a total ou quase

total conclusão do projeto (EASTMAN et al., 2011). O construtor pode colaborar desde

a fase de projeto com seus conhecimentos sobre a execução, fazendo com que os

processos sejam mais integrados e colaborativos. Desta forma, o BIM é mais

facilmente aceito nas construtoras que participam dos processos desde o princípio,

por entenderem sua importância e eficácia proporcionada pela sua utilização,

colaborativamente, entre todos os envolvidos.

A abordagem IPD (Integrated Project Delivery) inclui o processo BIM como uma

importante ferramenta de suporte à Entrega Integrada de Projeto (AIA, 2007).

IPD é uma abordagem de entrega de projetos que integra pessoas, sistemas,

estruturas de negócios e práticas num processo que aproveita de forma

colaborativa os talentos e percepções de todos os participantes para otimizar

os resultados do projeto, incrementar valor para o proprietário, reduzir perdas

e maximizar a eficácia através de todas as fases do projeto, da fabricação e

da construção. (AIA, 2007, p. 2, tradução nossa).

Ao optar-se pela implantação do processo BIM em uma construtora, deve-se,

primeiramente, definir quais os objetivos e necessidades desta empresa em relação

ao BIM. É importante definir o uso que o modelo BIM terá em cada projeto/obra dentro

da empresa. Isso, porque cada modelo possui características específicas, de acordo

com sua funcionalidade.

2.1. DIFERENTES USOS DO MODELO BIM PARA A CONSTRUTORA

Existem diversas possibilidades de uso de ferramentas BIM dentro das construtoras.

Para tanto, é necessário analisar as características de cada empresa, com suas

peculiaridades e objetivos específicos. Neste tópico, descrevem-se os principais

objetivos do processo BIM para construtoras, sendo alguns deles abordados por

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Kreider e Messner (2013). É necessário definir o uso que o modelo terá, para depois

definir qual o nível de desenvolvimento do mesmo. A seguir, os diferentes tipos de

modelo conforme sua finalidade.

2.1.1. Modelo para coordenação, compatibilização de projetos e visualização

(3D)

Através da modelagem da edificação voltada para a execução, é possível detectar

com antecedência, as incompatibilidades de projeto e, desta forma, procurar as

melhores soluções dentro do prazo estabelecido. A Figura 1 ilustra a colisão de uma

tubulação hidráulica com um bloco de fundação, com tabela explicativa (Tabela 1) que

representa as principais diferenças da detecção antecipada em relação à detecção in

loco, ou seja, no campo, no momento da execução.

Figura 1 - Tubulação colidindo com bloco de concreto

Fonte: Autora

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Tabela 1 - Comparativo de impactos na detecção de incompatibilidades

Detecção de

incompatibilidade no local

Detecção de

incompatibilidade com BIM

Custo Direto Refazimentos Softwares e hardwares

Custos Indiretos

Pleitos de subcontratados, mão

de obra parada, equipamentos

parados, etc.

mão de obra especializada

Prazos

Atraso no cronograma

Tempo necessário para detectar

e corrigir incompatibilidades

antes da execução

Fonte: Autora

É necessária a modelagem das principais disciplinas envolvidas para que possa ser

realizada a detecção de incompatibilidades e colisões, com emissão de relatórios,

para então a realização da compatibilização de projetos.

Este modelo deverá ter seu LOD (Nível de desenvolvimento do modelo - ver item 2.2

deste trabalho) determinado conforme a definição dos critérios da compatibilização a

ser realizada.

Parreira e Cachadinha (2012) explana que ainda com o BIM é possível reduzir o

número de contestações por parte do cliente, pois é possível realizar a validação do

produto pela comparação do que foi entregue (empreendimento) com o projeto, no

modelo 3D. Para isso, é importante que o modelo contenha todas as informações de

alterações que foram realizadas durante a execução do empreendimento, ou seja, um

modelo as built.

2.1.2. Modelo para Execução / Planejamento (4D)

Este modelo é diferente por representar simultaneamente elementos permanentes e

temporários, que dão suporte à logística da obra como, por exemplo, elevadores

cremalheiras, gruas e guindastes. Todos esses elementos são vinculados ao

cronograma de construção e podem incluir recursos de mão de obra e materiais

(PARREIRA; CACHADINHA, 2012).

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O modelo de planejamento da sequência construtiva pode servir de apoio para

monitoramento e prevenção de segurança dentro da obra (PARREIRA;

CACHADINHA, 2012).

Nesta fase pode-se elaborar também um plano de acompanhamento do cronograma

físico, que possibilita o conhecimento da real situação da programação, e ajudar mais

efetivamente a propor soluções para melhorar a produtividade, ou adaptar o que foi

planejado, ou até mesmo replanejar atividades que sofreram atrasos ou interferências.

O ideal é que a modelagem (3D) seja realizada de acordo com a setorização do plano

de ataque definido pelo planejamento.

2.1.3. Modelo para Estimava de Custos (5D)

Este modelo pode ser o mesmo que o modelo para a compatibilização de projetos,

desde que este último, possua o LOD (Nível de desenvolvimento do modelo)

abrangente para os itens do orçamento. Neste modelo, todos os itens que deverão

estar no orçamento precisarão estar identificados de acordo com a codificação das

atividades contidas no cronograma para a automação da junção do 4D e do 5D.

Com este modelo é possível gerar automaticamente quantitativos para estimativa de

custos. É possível analisar os impactos que alterações no projeto podem gerar

economicamente (PARREIRA; CACHADINHA, 2012).

Também é possível gerar desenhos e quantitativos para a realização de compras

dando suporte à área de suprimentos.

2.1.4. Modelo para as built

Este é o modelo mais completo. É desenvolvido durante a obra, a partir do modelo de

visualização, e inclui todas as alterações realizadas durante o período da execução

do edifício (modelo as built).

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2.1.5. Operação e Manutenção (6D)

Uma vantagem do uso do BIM pela construtora é a possibilidade de oferecer ao cliente

um modelo para o Facility Management (FM).

Para o uso da operação e manutenção, o modelo deve conter informações relativas a

estas funções vinculadas aos elementos modelados, como por exemplo, as instruções

de montagem dos equipamentos, para que durante a fase de operação possam ser

utilizadas na manutenção ou reparo do equipamento (PARREIRA; CACHADINHA,

2012). Informações como número de série, garantias e históricos de manutenção

preventiva e corretiva, também podem dar suporte à operação do edifício pelo usuário

final. Estas informações são incluídas a partir do modelo as built.

O modelo 6D deve prever a possibilidade de alteração do mesmo em caso de

necessidade de reforma, retrofit ou mesmo apenas a reorganização dos facilities do

empreendimento (FERNANDES, 2013).

2.1.6. Fabricação digital

A partir do modelo, peças são enviadas diretamente para a fabricação. Em alguns

segmentos, isso já ocorre com maior frequência, como o de estrutura metálica, por

exemplo. A estrutura metálica, na maioria dos casos, é calculada em softwares que

geram o modelo IFC4 (Industry Foundation Classes). As peças são fabricadas a partir

deste projeto executivo e chegam na obra com as mesmas tags (identificação por

peça) geradas no modelo. Desta forma, a construtora consegue rastrear com maior

facilidade e conferir se o posicionamento das peças está de acordo com o projeto. A

Figura 2 representa o modelo em formato .ifc, entregue por uma montadora de

estrutura metálica, juntamente com o projeto de montagem. As peças deste modelo

possuem as mesmas tags conforme foram entregues na obra (Figura 3), que podem

ser localizados na planta, conforme Figura 2.

4 IFC (Industry Foundation Classes) é um formato aberto para livre transferência de arquivos entre softwares BIM. Entende-se

aqui por aberto o fato de estar desvinculado de um organização com fins lucrativos.

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Figura 2 - Modelo IFC de estrutura metálica

Fonte: Empresa de montagem de estrutura metálica parceira da construtora estudada

Figura 3 - Peças com tags em um canteiro de obras

Fonte: Autora

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Figura 4 - Planta de localização da peça com tag

Fonte: Trecho de desenho elaborado por empresa de montagem de estrutura metálica

2.1.7. Uso de mockups virtuais

Através do modelo BIM é possível a utilização de mockups virtuais.

Durante a execução de um empreendimento, o cliente muitas vezes aprova os

acabamentos através de amostras, e em casos específicos, com a execução de

protótipos ou mockups. Com o modelo virtual, é possível demonstrar os impactos que

as diferentes opções do cliente causariam no empreendimento, sem a necessidade

de realizar um protótipo no local, proporcionando uma tomada de decisão mais rápida

e com menor custo.

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O mockup virtual é gerado pelo software de modelagem e é usado para analisar a

complexidade dos sistemas construtivos, melhorando o planejamento, a

produtividade, a construtibilidade de sistemas complexos, entre outras vantagens

(PENN STATE, 2011). Nas análises de alternativas é possível realizar comparativos

de desempenho de dois tipos de fachadas, por exemplo, uma fachada com caixilhos

de vidro e outra com a aplicação de brises. Através do mockup virtual é possível

analisar o impacto estético, econômico e de conforto térmico.

2.1.8. Maior controle dos fornecedores e materiais

Com o vínculo do modelo tridimensional ao cronograma (4D) é possível gerar

relatórios de quais fornecedores estão trabalhando no instante da análise, quais

materiais deveriam estar na obra, para a execução dos serviços e quais materiais

precisam ser programados para compra, e ainda vincular as informações necessárias

com a localização dos equipamentos temporários, como gruas e cremalheiras, por

exemplo (PARREIRA; CACHADINHA, 2012).

2.1.9. Análise das condições pré-existentes

Através da modelagem do terreno, é possível fazer análises de implantação do novo

empreendimento, visando custo e prazo para a construtora. O projetista de arquitetura

pode realizar diversas análises. Essas análises podem ser estéticas, através de

estudos de massa e volumetria ou mesmo ambientais, como o estudo do melhor

posicionamento do edifício para aproveitamento solar, por exemplo. Desta forma, a

construtora pode, desde o início, prever o impacto no custo e prazo da obra, de acordo

com as decisões iniciais tomadas. Essa opção é especialmente válida para as

construtoras que entram no processo do empreendimento desde a fase inicial de

concepção de projeto ou ainda para construtoras que trabalham também com a

incorporação de empreendimentos.

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2.2. LOD – LEVEL OF DEVELOPMENT – DEFINIÇÕES E USOS

Para determinar o escopo da modelagem, é necessário definir previamente o nível de

detalhes que o modelo terá. O LOD, Level of Development, ou Nível de

Desenvolvimento representa a quantidade de informações contidas no modelo.

Conforme o aumento da numeração (100, 200, 300, etc.), a quantidade de

detalhamento do modelo aumenta gradativamente, para dar suporte às diferentes

fases do projeto.

O AIA – American Institute of Architects (2013) define os LODs, e os classifica em

níveis: 100, 200, 300, 400 e 500. No documento do BIMForum (2015), foi proposto e

desenvolvido o LOD 350, que é de bastante utilidade para a rotina da construtora. Tal

definição também será abordada neste trabalho.

O BIMForum (2015) apresenta como a complexidade de um elemento modelado vai

aumentando a medida que o LOD também aumenta. A Figura 5 representa uma

mesma treliça desde o LOD 100, com uma simples volumetria, até o LOD 400 com

um maior detalhamento.

Figura 5 - Representação de viga conforme nível de desenvolvimento (LOD)

Fonte: BIMForum (2015)

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2.2.1. Níveis de desenvolvimento do modelo

2.2.1.1. Nível 100

No nível 100 o modelo tem um caráter mais conceitual. O modelo não é

necessariamente representado por uma volumetria. Segundo a interpretação do

BIMForum (2015), as informações podem estar vinculadas a outros elementos

modelados ou a símbolos, mas não necessariamente com formas, tamanhos ou

localizações definidas. Uma edificação é representada por um volume simples. As

informações são aproximadas.

Exemplos de utilização: Estudos, projeto conceitual.

2.2.1.2. Nível 200

No nível 200, os elementos são representados genericamente, com quantidades e

dimensões. Não inclui a composição interna dos elementos, apenas a camada

primária de cada estrutura, ou seja, não inclui acabamentos, pinturas, isolamentos,

emboço, etc. A localização e a orientação também são aproximadas.

Exemplos de utilização: levantamentos simplificados como volume e quantidade de

tipos de elementos. Projeto Básico, Anteprojeto.

2.2.1.3. Nível 300

No nível 300, os elementos modelados contêm informações precisas sobre a

orientação, localização, quantidade, dimensões, além da forma. Informações podem

ser vinculadas aos elementos.

Exemplos de utilização: Documentos para construção e contratação, análises mais

detalhadas (AIA, 2013). Projeto Executivo.

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2.2.1.4. Nível 350

Segundo o AIA (2013), nesse nível há a interface com os outros sistemas construtivos.

Segundo o BIMForum (2015) aqui são modelados os elementos necessários para que

haja a coordenação dos projetos. As conexões e suportes das instalações, por

exemplo, são modeladas.

Exemplos de utilização: Coordenação de projetos, relatórios de compatibilidade, uso

do modelo no canteiro, acompanhamento da obra.

2.2.1.5. Nível 400

Nesse nível de desenvolvimento, além das informações já contidas nos níveis

anteriores, há maiores detalhamentos referentes à fabricação, montagem da

edificação.

Exemplos de Utilização: Modelo para Fabricação de peças e montagem de elementos

construtivos.

2.2.1.6. Nível 500

O nível 500 é usado para representar o modelo certificado para um determinado fim.

Exemplos de Utilização: Modelo as built, modelo para gestão e operação do edifício.

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3. ESTUDO DE CASO

A empresa estudada é uma construtora multinacional de grande porte, com sua sede

no Brasil situada em São Paulo. Atua nas áreas de edificações, infraestrutura e

industrial. Em 2016 seu faturamento foi acima de R$ 600 milhões e em 2017 foi de

mais de R$ 1.100 milhões. Possui mais de 50 anos de atuação no Brasil, com mais

de sete milhões de metros quadrados construídos.

Além da construção, empresa oferece a opção de realizar a coordenação de projetos,

com objetivo de garantir que o empreendimento fique dentro do orçamento disponível

determinado pelo cliente, nesta fase de pré-construção. Nesta fase, são realizadas as

contratações de projetistas e também a coordenação de projetos com engenharia de

valor, por equipe interna da construtora. Desta forma, a construtora entrega ao final

desta fase um orçamento consolidado com base nos projetos desenvolvidos. Este

orçamento será a base para a realização do contrato de execução da obra, que

normalmente segue o formato PMG (Preço Máximo Garantido).

Até o momento, a construtora estudada não realizou nenhuma pré-construção em

BIM.

Na pesquisa realizada por McGraw Hill (2014) com construtoras, foram elencados os

três principais benefícios gerados com uso do BIM durante a fase de pré-construção,

sendo: coordenação multilateral, visualização da intenção do projeto e modelagem

para avaliação de construtibilidade os três itens mais pontuados. Em quarto lugar ficou

a extração de quantidades a partir do modelo, e em quinto ficou a integração do

modelo com o cronograma (4D). Estes benefícios serão avaliados dentro da fase de

pré-construção na construtora estudada.

Durante a pré-construção, a primeira ideia de projeto é desenvolvida pelo projetista

de arquitetura e então os projetos executivos são desenvolvidos paralelamente pelas

demais disciplinas. Por fim, todos são compatibilizados pelo projetista de arquitetura.

Como o serviço de pré-construção é oferecido pela própria construtora, ela é

responsável por acompanhar de perto e coordenar todo esse desenvolvimento de

projeto até a compatibilização final. Por esta razão, a coordenação multilateral (item

mais pontuado na pesquisa) é importante para que todos possam acompanhar de

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perto todo o processo projetual e visualizar desde o princípio a intenção de projeto

(segundo item mais pontuado na pesquisa). A modelagem para avaliação da

construtibilidade (terceiro item mais pontuado na pesquisa) é muito importante para

que a construtora possa analisar desde o início do processo se a proposta de projeto

é viável ou não, de acordo com as necessidades do cliente.

3.1. O BIM NA CONSTRUTORA ESTUDADA

Em 2016, a empresa era organizada em três diretorias. As obras tinham estruturas

independentes, porém as grandes contratações de subcontratados e/ou materiais

como concreto, elevadores, aço, etc. eram realizadas pelo escritório central. Além

disso, todas as obras reportavam-se ao escritório central mensalmente.

O surgimento da ideia de utilização do BIM na obra ocorreu dentro da Diretoria de

Edificações. No escritório central havia uma gerente e uma arquiteta de projetos,

dando apoio nas concorrências e às atividades ligadas a fase de pré-construção,

como contratação de projetistas para o cliente, coordenação de projetos, etc.

Ocorria, com certa frequência, no momento da execução a detecção de

incompatibilidades entre projetos, o que gerava retrabalhos, horas paradas, com

impactos no cronograma e no custo da obra. A Figura 6 exemplifica uma interferência

detectada durante a obra. Na execução da escavação da fundação, para realização

das vigas baldrames, foi detectada que a mesma colidiria com um bloco de concreto

de um pilar, em uma construção existente que delimita o terreno da obra.

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Figura 6 – Detecção no local - nova viga baldrame colidindo com bloco de concreto existente

Fonte: Obra da construtora estudada

Nas concorrências e pré-construções havia a necessidade de rápidos estudos de

engenharia de valor, de levantamentos de quantidades para orçamento, de rápidas

composições de custo, de análises da logística pensada para a execução, e a

aplicação do conceito de modelagem da informação da construção vinha como uma

forte possibilidade de apoio para melhoria significativa nesses processos.

As primeiras tratativas de inclusão do conceito BIM dentro da empresa enfrentaram

resistência. Essas resistências partiram desde os arquitetos e engenheiros, que

estavam com medo de serem substituídos pela falta de conhecimento neste novo

processo, até aos cargos de gestão, que acreditavam que o processo BIM

representava uma moda do mercado e que exigia altos investimentos iniciais com

hardwares e softwares. Foram necessárias apresentações à presidência e à diretoria

para a explicação das possibilidades de melhoria dos processos com a implantação

do conceito pela empresa. A partir de reunião da gerência de projetos e da presidência

da empresa, foi estipulada e disponibilizada uma verba para início das atividades

relacionadas à implantação deste novo processo.

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Em seguida ao momento em que a construtora em questão optou pela implantação

de um processo BIM, foram definidos os objetivos a serem alcançados:

• Obter maior qualidade dos projetos, através da detecção antecipada das

interferências entre disciplinas;

• Reduzir retrabalhos proporcionando redução nos custos de projeto e produção,

e consequente aumento de produtividade;

• Analisar mais profundamente a logística e sequência executiva do

empreendimento, aprimorando o planejamento e organização das obras;

• Utilizar as ferramentas BIM no canteiro de obras, para melhor controle do prazo

e da qualidade do serviço executado;

• Maior agilidade e precisão nos orçamentos;

• Reduzir os custos com a garantia;

• Proporcionar possibilidades de operação e manutenção, utilizando o modelo.

Neste ponto, é importante ressaltar que não houve estabelecimento de como estes

objetivos seriam alcançados nem foi definida forma de medir a evolução de cada meta

dentro da empresa. Posteriormente, foram criados objetivos específicos para futuros

projetos BIM, que serão apresentados adiante.

Foi detectada a necessidade de contratar uma consultoria externa para realizar um

diagnóstico de quais áreas seriam impactadas com a implantação do BIM. Sendo

assim, foi necessário fazer uma análise dos processos existentes em cada área da

empresa. Para isso, foram realizadas reuniões com as chefias de cada setor

juntamente com o setor de projetos e a empresa consultora para entender o

funcionamento de cada área e então, estudar a necessidade de adaptá-los ao novo

processo proposto.

A consultoria recomendou que fossem aprimorados os hardwares, principalmente com

melhoras nas placas de vídeo e memória RAM, e indicou modelos de workstations.

Também pontuou melhorias nos pacotes de softwares BIM. Com relação ao

funcionamento da empresa, a consultoria apontou que seria necessário que a área de

planejamento tivesse um entendimento sobre o funcionamento dos softwares de

modelagem. Com isso, poderiam entender a importância da criação de padrões que

acompanhassem o cronograma e estivessem diretamente relacionados com as

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atividades do orçamento. Para a área de instalações, foi sugerido um treinamento

sobre o uso dos softwares de modelagem, para que pudessem ajustar os modelos

durante a obra e pós-obra. A área de orçamentos recebeu como sugestão um

treinamento básico sobre o software de modelagem para extração de quantidades e

estruturação dos padrões de modelagem para atendimento das necessidades do

orçamento. A consultoria reforçou a necessidade da criação de um Plano de Execução

BIM para padronizar e organizar, entre outros pontos, a comunicação entre as áreas

analisadas. Para a área de manutenção e garantia foi sugerido um software para

utilização do modelo BIM na manutenção e funcionamento do empreendimento (6D).

Por fim, a consultoria propôs que a empresa criasse um setor BIM, liderado por um

gerente BIM. Este setor seria o responsável pela organização e implantação do BIM

na empresa como um todo.

Na Figura 7 encontra-se uma representação simplificada da atuação da construtora

estudada, antes da implantação do processo BIM.

Figura 7 – Atuação simplificada da construtora estudada

Fonte: Autora

A área de projeto, que liderou todo o processo de implantação do processo BIM,

atuava desde a fase da concorrência até a entrega do as built, dentro da obra. A Figura

8 ilustra como funcionava o fluxo de trabalho na área de projetos antes da implantação

do BIM.

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Figura 8 - Fluxograma da área de projetos antes da implantação do BIM

Fonte: Construtora estudada

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Segundo diagnósticos resultantes das reuniões com as chefias, a conclusão

alcançada é que o BIM entraria desde o orçamento para novas oportunidades, com o

uso do modelo digital nas concorrências, até a assistência técnica, para dar apoio ao

setor de garantia. A Figura 9 ilustra a inclusão do BIM no fluxograma de atuação da

construtora estudada.

Figura 9 - Inserção do BIM na atuação da construtora estudada

Fonte: Autora

Foi realizado um curso sobre Coordenação de Projetos em BIM, envolvendo a equipe

de projetos do escritório central (gerente, coordenadora e arquiteta).

Neste momento foi realizado um novo contrato com a empresa consultora, com o

intuito de dar apoio à implantação do BIM na construtora, uma vez que anteriormente

se tinha feito somente um diagnóstico. Assim, foram definidos alguns objetivos para

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os futuros projetos, relacionados na Tabela 2. Porém, novamente não foram

discriminadas as expectativas correspondentes a cada objetivo, assim como prazos e

recursos para atingi-las. Também não houve acompanhamento para verificação das

metas, ou mesmo uma análise de riscos, pontuando as maiores dificuldades

envolvidas.

Tabela 2 - Prioridades BIM para futuros projetos

Objetivo Potenciais Usos BIM Priori- dade

Garantir que a construção cumpra com o cronograma.

Modelagem do terreno e condições existentes (3D); Planejamento da utilização do terreno (4D); Planejamento da execução da obra (4D).

Alta

Engenharia de valor - Identificar oportunidades de economia.

Coordenação de Projetos (3D); Planejamento (4D); Orçamento (5D); Fabricação digital.

Alta

Garantir que a construção cumpra com o orçamento.

Coordenação (3D); Planejamento (4D); Orçamento (5D).

Média

Assegurar o cumprimento das metas de qualidade.

Coordenação (3D); Análises de desempenho; Fabricação digital.

Baixa

Simplificar entregas. Documentação a partir do modelo (2D e 3D); modelagem de registro (as built).

Baixa

Fonte: Autora

Devido à ideia de envolver outras pessoas e áreas para trabalharem em conjunto no

futuro, foi detectada a necessidade de uma formalização da implantação deste novo

processo através de documentação, padronizando as atividades principais. Para isso,

foi iniciado o Plano de Implementação BIM com o apoio da consultoria externa. Ele

contém todas as diretrizes da implantação na empresa.

Mesmo com a participação da consultoria externa, havia muitas resistências internas

à implantação do BIM. Algumas pessoas estavam agarradas a ideia de que sempre

desempenharam suas funções de determinado modo e, de repente, sua rotina teria

que ser alterada radicalmente. Alguns gerentes que já tinham o conhecimento, se

mantiveram resistentes apenas pelo custo inicial, devido ao medo de não conseguir o

retorno financeiro.

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Foi definido pela gerência de projetos do escritório central e a diretoria, que seria

necessário um projeto piloto para colocar na prática o que tinha sido desenvolvido

pela equipe envolvida e incluído no Plano de Implementação até o momento.

A seguir, serão apresentados três projetos que foram objetos de inclusão do processo

BIM. Cada um com suas peculiaridades, que serão descritas e que, de certa forma,

se complementaram para a obtenção de uma experiência mais consolidada sobre

possibilidades de modelagem e atuação da construtora.

3.2. PROJETO I – PROJETO PILOTO COM MODELAGEM PRÓPRIA

Para a escolha do piloto dentre os projetos em andamento, considerou-se aquele que

aparentemente teria mais benefícios imediatos com a inclusão de processos BIM.

Desta forma, foi escolhido o projeto de um edifício de um datacenter, que incluía

pavimentos de escritórios com aproximadamente 4.000m² de área construída,

localizado na cidade de São Paulo. Por ser um datacenter e ter uma maior

complexidade em MEP (Mechanical, Electrical and Plumbing), a ideia era que fosse

possível resolver antecipadamente as incompatibilidades decorrentes das instalações

e prever aberturas em alvenarias, por exemplo, reduzindo assim o entulho gerado pela

obra.

Quando a construtora ganhou a concorrência para a execução deste

empreendimento, os projetistas já tinham sido contratados e os projetos já estavam

desenvolvidos. Sendo assim, os modelos BIM seriam feitos com base em informações

das plantas (2D) e no caso de dúvidas, as mesmas seriam sanadas diretamente com

os projetistas responsáveis. Havia sete projetistas para as disciplinas de:

• Arquitetura;

• Estrutura de concreto;

• Fundação;

• Hidráulica, elétrica, combate a incêndio;

• Ar condicionado;

• Automação;

• Impermeabilização.

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Com o início da obra, foram contratados mais quatro projetistas para desenvolvimento

dos projetos de:

• Caixilho;

• Alvenaria e fachada;

• Piso de concreto;

• Drenagem.

As obras prestavam contas para o escritório central, com base no orçamento

consolidado. O gerente do empreendimento era o responsável por garantir o lucro

para construtora através da boa gestão do contrato. Com isto, houve uma dificuldade

inicial de convencimento da gerência da obra, devido ao custo envolvido (arquiteta

dedicada à modelagem e coordenação de projetos) não previsto no orçamento desta

obra. Ainda assim, por incentivo da diretoria, foi iniciada a análise dos projetos

existentes para o início da modelagem BIM, após o começo da obra.

Nenhum projeto tinha sido desenvolvido em ferramentas BIM, então, optou-se por

modelar as diversas disciplinas, a partir das informações bidimensionais, com pessoal

próprio da construtora. Como não havia tempo hábil para o treinamento de arquitetos

em softwares BIM, pois a obra já estava em andamento, a modelagem da arquitetura

e estrutura foi iniciada pela arquiteta da construtora, participante da área de projetos

do escritório central, que já tinha experiências anteriores com ferramentas BIM.

Em paralelo, foi realizado o curso de formação em modelagem para o software Revit,

da Autodesk, a cargo de uma empresa terceirizada, para os outros arquitetos da

construtora, residentes em São Paulo. Com este curso, outra arquiteta atuante no

escritório central passou a integrar a equipe BIM. A gerente e a coordenadora de

projeto passaram a ter maiores conhecimentos e entendimentos sobre o potencial

deste software também. A Figura 10 representa o organograma do setor BIM no

escritório central, as arquitetas BIM respondiam diretamente a Gerente BIM, mas

também havia uma coordenadora BIM com o objetivo de dar suporte a futuros projetos

na empresa.

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Figura 10 - Setor BIM no Escritório Central

Fonte: Autora

A escolha do software se deu pela disponibilidade dentro da empresa. A construtora

já tinha algumas licenças adquiridas da Autodesk, devido ao uso do software

AutoCAD. Essas licenças davam direito ao uso dos softwares Revit e Navisworks

Simulate sem custo adicional.

No primeiro momento, o projeto de arquitetura foi modelado com o auxílio do software

Revit. Com esta modelagem foi possível detectar alguns erros do projeto

bidimensional, que passaram despercebidos pelo projetista de arquitetura

responsável. Por exemplo, foram detectadas divergências entre o memorial de

acabamentos e o projeto, evidenciaram-se informações conflitantes sobre o pé-direito

de um ambiente (corte e planta distintos), etc.

À medida que os erros eram detectados, havia a necessidade de reportá-los aos

respectivos responsáveis. Isso foi feito através de um documento que foi adaptado

para esta finalidade, denominado Análise de Projeto BIM. A Figura 11 é um modelo

deste documento e representa uma discrepância encontrada no momento da

modelagem entre o projeto e o memorial de arquitetura.

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Figura 11 - Discrepância entre projeto e memorial de arquitetura

Fonte: Construtora estudada

A Figura 12 representa a estrutura do documento de Análise do Projeto BIM. A Figura

13 ilustra este mesmo modelo com todos os campos comentados, demonstrando o

uso de cada célula na planilha. Este documento teve a mesma função de outro

documento chamado de Análise de Projeto, usado normalmente em todas as obras

da empresa. Essa adaptação, porém, tornou o documento mais completo, pois foi

possível inserir imagens, facilitando a visualização, e todas as coordenadas da colisão

estavam inseridas, permitindo uma rápida visualização no modelo tridimensional, caso

fosse necessário.

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Figura 12 - Modelo de Análise de Projeto BIM

Fonte: Construtora estudada

Figura 13 - Modelo de Análise de Projeto BIM Comentada

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Fonte: Construtora estudada

Foi detectada a necessidade da elaboração de algumas famílias5 específicas da obra

em questão, devido a que as famílias genéricas do Revit não apresentavam as

características importantes a este projeto e, provavelmente, a outros projetos desta

construtora.

“Uma família é um grupo de elementos com um conjunto comum de

propriedades chamado de parâmetros e uma representação gráfica

relacionada. Os diferentes elementos pertencentes a uma família podem ter

diferentes valores para alguns ou todos os parâmetros, mas o conjunto de

parâmetros (seus nomes e significados) é o mesmo. Essas variações dentro

da família são denominadas de tipos de família ou tipos.” (AUTODESK

HELP, 2018)

5 Família compreende um grupo de elementos, que possuem algumas informações editáveis, sem perder a sua essência. Por

exemplo, não é necessário criar um elemento diferente para cada parede de um ambiente. É possível se criar uma única família

composta por blocos de concreto que terá uma variedade de tipos, como parede com bloco de 9cm, 14cm e 19 cm.

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A criação de famílias foi um passo relevante para a construtora que adquiriu mais

conhecimento sobre a modelagem e ao mesmo tempo, iniciou a criação de uma

biblioteca de famílias específicas de uso da construtora em questão.

A Figura 14 representa uma família padrão do software Revit.

Figura 14 - Família de caixilho de vidro no padrão do Revit

Fonte: Construtora estudada

A Figura 15 ilustra a família que foi criada para o empreendimento, com o aumento na

quantidade de montantes e a inserção de vidros de controle solar (em cinza).

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Figura 15 - Família de caixilho de vidro adaptada para o empreendimento

Fonte: Construtora estudada

Conforme citado anteriormente, uma nova arquiteta foi agregada à equipe após o

término do curso do software Revit. Neste projeto, ela ficou responsável pela

modelagem da estrutura de concreto. Também foram verificadas incompatibilidades

como diferentes posicionamentos de um mesmo eixo no projeto de arquitetura e no

de estrutura, como apresentado na Figura 16, onde é possível visualizar divergência

no Eixo B.

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Figura 16 - Disciplinas incompatíveis

ESTRUTURA

ARQUITETURA

Fonte: Construtora estudada

A inclusão da nova arquiteta na modelagem exigiu, em um primeiro momento, uma

reorganização do fluxo de trabalho.

No segundo momento, foram modeladas todas as instalações pela mesma arquiteta

que modelou anteriormente a arquitetura. Durante a modelagem também foram

detectados erros entre disciplinas como, por exemplo, o mesmo shaft posicionado em

locais diferentes nos projetos de arquitetura e ar condicionado.

Com o aumento da quantidade de modelos sendo manipulados por mais de uma

pessoa, foi necessária a criação de um padrão de nomenclatura (Figura 17), para

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garantir a organização da rede e o rastreamento de informações. Essa nomenclatura

foi adicionada ao Plano de Implementação BIM.

Figura 17 - Nomeação de Arquivos em Revit

1.Nomeação de Arquivos Revit

Todos os arquivos Revit serão nomeados com o mesmo padrão:

AAA-BBB-CC-(DDD)-EEE

Aonde:

AAA: Código do empreendimento

BBB: Disciplina

CC: Fase do projeto Modelada

(DDD: Setor modelado Ex: TIP - Pavimento Tipo; 1SS -1º Subsolo) - Opcional

EEE: Iniciais da Companhia

Ex: JK1-EST-EX-TIP-HTB

Nomeação de Famílias

<função>_<material>_<descrição>(opcional)_< Código do empreendimento >

Ex: Porta-Aço_Inoxidavel_Perfurada-JK1

3.Nomeação de Tipos

Exemplo de nomeação de tipos - Portas

<nomenclatura da porta>(se existir no projeto)_ <dimensão: largura x altura>

Ex: M5_80x210cm

4.Nomeação de Materiais

< HTB >-<material>-<descrição>(opcional)

Ex: HTB-Concreto-fck30

HTB- Placa_Gesso-Branco

Fonte: Adaptado pela autora do material fornecido pela construtora estudada

Desenvolveu-se um fluxograma de modelagem em parceria com a consultoria

externa, representado na Figura 18.

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Figura 18 - Fluxograma do processo de modelagem na empresa estudada

Fonte: Construtora estudada

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Com todas as principais disciplinas modeladas, o software Navisworks da Autodesk

foi utilizado para detecção de incompatibilidades e colisões. A Figura 19 representa

uma colisão detectada dentro deste software. As tubulações azuis representam a

alimentação de água no sistema de ar condicionado e em laranja visualizam-se os

eletrodutos de elétrica. Ambos estão colidindo.

Figura 19 - Colisão entre disciplinas de ar condicionado e elétrica

Fonte: Construtora estudada

Na empresa estudada, normalmente antes do início de toda obra, é realizada uma

análise mais específica do cronograma previsto na fase orçamentária, incluindo a

viabilização da setorização proposta pelo engenheiro planejador locado na obra.

Desta vez, com o auxílio de uma ferramenta BIM, foi iniciada a utilização do 3D e 4D

para apoio à produção na obra do datacenter. O cronograma havia sido elaborado

com o software Project, da Microsoft. O vínculo do modelo com o cronograma foi

realizado no software Synchro, da Verano. Como a modelagem tinha sido realizada

antes da finalização da proposta de setorização do empreendimento, foi necessário

realizar a setorização pelo próprio software Synchro. Assim, foi gerado um vídeo

mostrando as atividades realizadas diariamente, bem como, quais equipamentos de

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apoio (gruas, cremalheiras, guindastes, etc.) seriam utilizados. Estes equipamentos

também foram inseridos diretamente pelo Synchro.

No momento da escavação, foram encontradas rochas, não previstas nas sondagens

preliminares, o que provocou atraso na execução dessa etapa. O 4D gerado

anteriormente, foi atualizado com o cronograma impactado e apresentado ao cliente

para pleito de prazo, ver Figura 20.

Figura 20 - 4D Cronograma inicial x Cronograma impactado

Fonte: Construtora estudada

Como a obra já estava em andamento (fase de fundação), a arquiteta responsável

pela modelagem passou a ficar de duas a três vezes por semana no canteiro de obras,

para facilitar a captação das necessidades da obra e, com isso, elaborava pranchas

de detalhamento a partir do modelo. Essas pranchas eram distribuídas no campo (ver

Figura 21), para auxiliar a mão de obra direta (MOD) na execução.

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Figura 21 - Modelo de prancha ilustrativa para a obra

Fonte: Construtora estudada

Como exemplo da efetividade da manipulação do modelo na obra, foi detectado um

erro importante na concepção do projeto. Nas casas de máquinas do datacenter

corriam duas linhas de eletrocalhas com 4 bandejas cada. As cotas de projeto

indicavam 10 cm de espaçamento de uma bandeja para outra, só que cada bandeja

tinha 80 cm de largura. Diante disso, não havia espaço suficiente para o instalador

realizar a passagens dos cabos. Em parceria da arquiteta com o gerente de

instalações presente na obra, foi sugerida a alteração para 20 cm de espaçamento.

O arquiteto responsável pela área de projetos da obra era o interlocutor entre projetista

e a arquiteta responsável pelo modelo BIM. As sugestões de melhoria eram

repassadas aos projetistas e incorporadas nos projetos.

A parceria com o gerente de instalações foi fundamental para o sucesso da utilização

do modelo no campo. Ele percebeu a vantagem para seu trabalho e incorporou seu

uso até o final da obra.

Também foi possível evitar desperdícios, através de pranchas de elevações de

alvenarias. Dentro do modelo, eram diagramadas pranchas, que ilustravam o espaço

necessário para a passagem das instalações, assim não havia a necessidade de

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quebrar a alvenaria posteriormente. A foto da Figura 22 apresenta uma destas

passagens realizadas na obra a partir do modelo BIM.

Figura 22 - Alvenaria com previsão para passagem de eletrocalhas

Fonte: Construtora estudada

Apesar do amplo uso do modelo na obra, não foi possível atualizar o modelo com as

modificações e ajustes que ocorriam no campo, ou seja, o modelo não se tornou um

modelo as built.

Grande parte do custo das horas de trabalho envolvidas das arquitetas que

trabalhavam com o BIM era locado na obra que estavam atuando, o restante era

absorvido pela verba destinada ao setor BIM no escritório. Como a obra não havia

sido orçada para abarcar este custo, a gerência da obra limitou as horas de

participação das arquitetas que atuavam com BIM na obra. Com isto, não foi possível

manter o modelo atualizado conforme as alterações ocorriam durante a execução,

pois para esta atualização, seria necessária a presença de uma arquiteta em tempo

integral. Desta forma, o gestor da obra optou por priorizar os ambientes mais

relevantes do projeto que seriam beneficiados com o uso do modelo BIM. Estes

espaços tiveram todas as disciplinas modeladas, ou seja, foram mais detalhados e

analisados em relação aos demais.

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Neste projeto piloto, as modelagens realizadas foram: arquitetura, estrutura, elétrica,

hidráulica, combate a incêndio, ar condicionado. Foram levantados os pontos positivos

e negativos decorrentes da opção de modelagem realizada dentro da própria

construtora .

Pontos positivos:

• Para a realização da modelagem foi necessário conhecer todos os

projetos de todas as disciplinas envolvidas;

Quando um projeto estava iniciando, o arquiteto responsável analisava todos os

desenhos, porém muitos detalhes passavam despercebidos, dependendo da

complexidade e tamanho do projeto. A realização da modelagem internamente

obrigou o modelador a identificar todos os detalhes para incorporar ao modelo.

• Maior agilidade na proposta de soluções;

Quando identificada necessidade de estudar novas soluções, devido o maior

entendimento do projeto aliado à experiência da modelagem, foi mais fácil simular

possíveis soluções.

• Experimentação dos softwares disponíveis.

Ao optar por realizar a modelagem internamente, a construtora acabou

conhecendo os softwares disponíveis no mercado, suas funcionalidades e

potencialidades.

Pontos negativos:

• Foi necessário tempo a mais de aprendizagem do software de

modelagem;

Ao optar pela terceirização da modelagem, não é necessário entender os

comandos do software de modelagem. Porém, para a realização da modelagem

interna foi necessário despender tempo para aprendizagem de comandos e

organização das informações dentro do software. Caso uma empresa terceirizada

tivesse sido envolvida no projeto em questão, o tempo para se ter o modelo

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finalizado seria, com certeza, bem menor. Ainda assim, este tempo a mais deve

ser visto como investimento, pois para os projetos futuros, o aprendizado já estaria

incorporado ao modelador, desde que não haja grande rotatividade na equipe

envolvida.

• Tempo excessivo gasto com leitura de projeto e modelagem.

O tempo pode ser considerado excessivo ao se comparar ao tempo gasto para

entregar o mesmo modelo por uma empresa terceirizada. Isto porque as emrpesas

de modelagem normalmente possuem vários fucionários envolvidos em um

mesmo projeto, para atender as demandas de curto prazo. No caso da construtora

estudada, não havia esta disponibilidade de mão-de-obra.

A Figura 23 representa como funcionou o fluxo das principais atividades durante o

Projeto I. É possível perceber que as atividades foram lineares e sequenciais devido

a mão-de-obra reduzida. Se mais pessoas estivessem envolvidas, seria possível

realizar algumas atividades em paralelo.

Figura 23 - Fluxograma do Projeto I

Fonte: Autora

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3.3. PROJETO II – MODELAGEM MISTA

No momento da escolha do segundo projeto piloto, havia muitos empreendimentos

comerciais em execução naquele momento. A empresa entendeu que era necessário

avaliar como funcionaria o processo BIM dentro de um projeto mais convencional para

a empresa estudada. Sendo assim, foi escolhido um edifício comercial localizado na

cidade de São Paulo, composto por 6 subsolos, térreo e 17 pavimentos tipo de

escritórios (ver Figura 24).

Quando a construtora foi contratada, após vencer o processo de concorrência, os

projetos de todas as disciplinas já estavam finalizados, ou seja, a construtora não foi

responsável pelo projeto. Havia dez projetistas para as disciplinas de:

• Arquitetura;

• Estrutura de concreto;

• Estrutura metálica;

• Hidráulica, elétrica, combate a incêndio;

• Automação;

• Impermeabilização;

• Caixilhos;

• Piso de concreto;

• Alvenaria;

• Paisagismo.

Devido ao curto prazo, foi identificado que não seria possível modelar todas as

disciplinas com mão de obra própria da construtora, no tempo necessário para atender

à obra. Desta forma, a modelagem de todas as instalações foi terceirizada e a

arquitetura e estrutura foram modeladas internamente.

A equipe foi a mesma do Projeto I, uma arquiteta foi a responsável pela modelagem

da arquitetura e a outra pela estrutura.

O LOD requerido variava entre 200 e 300, conforme itens pré-definidos com a

empresa terceirizada. Era importante saber onde os bicos dos sprinklers cairiam em

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relação ao forro e as luminárias, por exemplo, então a disciplina incêndio foi

considerada LOD 300.

Figura 24 - Modelo Projeto II

Fonte: Construtora estudada

Com parte da modelagem sendo terceirizada, foi necessário criar um documento para

auditoria do modelo (ver Figura 25), ou seja, foi necessário conferir se os modelos

produzidos pelos profissionais de fora estavam dentro dos padrões necessários para

a construtora.

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Figura 25 - Documento de auditoria de modelagem

Fonte: Construtora estudada

O resultado da auditoria do modelo era encaminhado para a empresa responsável

pela modelagem. O modelo então era revisado e adequado às necessidades

estabelecidas pela construtora.

Toda administração do modelo ocorreu no escritório central. Na obra havia uma

arquiteta locada, porém sem conhecimento dos softwares BIM. A comunicação entre

escritório e obra era realizada pela gerente de projetos do escritório com a arquiteta

da obra, quando eram repassados os relatórios de detecção de interferências e

colisões.

A obra apresentou dificuldades na execução de alguns pontos específicos, e para

isso, pranchas de detalhamento foram elaboradas a partir do modelo, dando apoio à

execução.

Na obra não havia mecanismos para visualização do modelo pela mão de obra direta,

apenas a arquiteta da obra tinha acesso ao modelo. Assim, pode-se dizer que houve

pouca interação da obra com o modelo.

Devido à falta de pleno apoio do gestor da obra em questão, não havia equipe

dedicada à coordenação de projetos em BIM, o que prejudicou o bom andamento dos

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trabalhos. A auditoria dos modelos externos foi realizada inicialmente, porém não foi

executada até a última entrega.

Devido a falta de pessoal habilitado e tempo, não foi possível inserir as alterações no

modelo, assim o as built da obra foi realizado em ferramenta CAD 2D.

Como síntese da experiência com essa obra, que realizou a modelagem mista (parte

com mão de obra interna da construtora e parte com mão de obra de empresa

terceirizada) apresentam-se como pontos positivos:

• Experiência adquirida em auditar modelos externos;

Para a verificação se o modelo estava dentro do padrão esperado pela construtora,

foi necessário avaliar o modelo recebido através da planilha de auditoria.

• Experimentação de softwares de coordenação de projetos BIM para

análise dos relatórios do modelo externo;

Foi necessário estudar os softwares de coordenação de projetos, para avaliação

da melhor forma de analisar os relatórios de colisões provindos do modelo.

• Facilidade de adequação dos prazos com o modelo externo.

A empresa terceirizada possuía vários funcionários disponíveis para atendimentos

dos curtos prazos exigidos.

Os pontos negativos foram:

• Dificuldade de entendimento do projeto pela empresa terceirizada;

Como a empresa terceirizada não havia participado das reuniões iniciais de projeto

não tinha o mesmo conhecimento que a equipe interna da construtora tinha sobre

o projeto em questão. Além disso, a empresa terceirizada possuía diversos

funcionários em nível iniciante e apenas uma coordenadora em nível sênior. Com

isso, possuía maior dificuldade de entender a complexidade do projeto que a

equipe interna da construtora, mais bem preparada.

• Critérios de modelagem divergentes (entre modelos internos e externos).

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Como neste projeto parte da modelagem foi realizada internamente e parte por

empresa terceira, surgiram algumas divergências entre os critérios adotados de

modelagem. Os critérios de modelagem são adotados quando não há informações

suficientes nos projetos e/ou quando padrões da construtora devem ser

considerados, como por exemplo, todas as paredes deveriam receber pintura 10

cm acima do nível do forro para melhor acabamento, ou ainda, todos os dutos de

ar condicionado (quando não informado em projeto) deveriam estar a uma

distância de 5 cm da laje, para o suporte de fixação do duto, etc.

A mão de obra interna realizou a modelagem das disciplinas de arquitetura e estrutura.

As disciplinas de elétrica, hidráulica, combate à incêndio, ar condicionado e

automação foram modeladas pela mão de obra terceirizada.

A Figura 26 representa como funcionou o fluxo das principais atividades durante o

Projeto II.

Figura 26 - Fluxograma do Projeto II

Fonte: Autora

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3.4. PROJETO III – MODELAGEM TERCEIRIZADA

No terceiro projeto estudado, a modelagem foi totalmente terceirizada por uma

empresa parceira, e foram entregues relatórios de compatibilização de projetos.

O projeto era a nova sede de uma empresa de cosméticos. O complexo, localizado

na cidade de São Paulo em uma área de 30.000 m², composto por vários edifícios,

incluindo edifício de escritórios, portaria, central de utilidades, estacionamento e

edifício para heliponto. O modelo BIM visualizado pelo software Navisworks está

representado na Figura 27.

Figura 27 - Modelo do Projeto III

Fonte: Construtora estudada

Quando a construtora foi contratada, os projetos já estavam finalizados. Havia quinze

projetistas para as disciplinas de:

• Arquitetura;

• Estrutura de concreto;

• Estrutura metálica;

• Hidráulica, elétrica, combate a incêndio;

• Automação

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• Luminotécnica;

• Caixilhos;

• Piso de concreto;

• Impermeabilização;

• Acessibilidade;

• Acústica;

• Cenotecnia;

• Cozinha

• Irrigação

• Alvenaria.

Neste projeto, o cliente solicitou que estivesse em contrato o uso do BIM no edifício

administrativo, apenas. Porém, não foi especificada qual a finalidade ou nível de

detalhamento que o modelo teria.

Com a crise econômica no setor AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção), a

construtora teve a necessidade de transferir as duas arquitetas que trabalhavam com

softwares BIM para obras em andamento, sendo uma delas alocada no Projeto III.

Desta forma, nenhuma arquiteta ficou no escritório central.

A arquiteta então, assumiu todas as atividades pertinentes à função de arquiteta de

obra e mais as atividades BIM. Desta forma, não havia tempo hábil para realizar a

modelagem internamente. Assim, foi contratada uma empresa terceirizada para

realizar somente modelagem da arquitetura, estrutura e instalações e fornecer

relatórios a partir do Navisworks. Esta foi a primeira tentativa de coordenação de

projetos em BIM por equipe locada na obra.

Foram acordados de serem entregues três tipos de relatórios: sobre colisões, sobre

discrepâncias e as soluções adotadas. Basicamente, o relatório de colisões registrava

todas as colisões entre elementos de disciplinas diversas, o relatório de discrepâncias

registrava todas as divergências entre disciplinas, como falta de informações, por

exemplo. O relatório de soluções adotadas registrava todas as informações e partidos

que foram assumidos pelo modelador, por falta de informação no projeto como, por

exemplo, a fixação de todos os dutos de ar condicionado a uma distância de 5 cm do

fundo da viga, quando não informado o tamanho do suporte no projeto.

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A arquiteta avaliava cada relatório e filtrava as prioridades (ver a Figura 28 e a Figura

29). Foi realizada uma reunião com todos os projetistas envolvidos para apresentação

dos relatórios com as incompatibilidades e colisões encontradas nos modelos. Cada

projetista foi responsável por revisar seu projeto.

Figura 28 - Relatório de colisões apresentado por empresa terceirizada

Fonte: Construtora estudada

Figura 29 - Legenda do relatório de colisões

Fonte: Autora

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O plano era que após a revisão dos projetos, a empresa terceirizada atualizaria os

modelos, emitindo novos relatórios.

Porém houve uma movimentação de colaboradores dentro da construtora e foi

necessário deslocar a arquiteta para outra obra, o que fez com que a utilização do

modelo, além da compatibilização de disciplinas, não tivesse continuidade. Não foi

possível obter um modelo as built no final deste empreendimento.

Neste projeto, a modelagem foi realizada inteiramente com mão de obra de empresa

terceirizada. Foram modeladas as disciplinas de arquitetura, estrutura, elétrica,

hidráulica, ar condicionado, combate a incêndio e automação. Os pontos positivos

desta opção de modelagem foram:

• Sem tempo gasto com modelagem foi possível focar mais na

coordenação do projeto;

Como a modelagem foi totalmente terceirizada, a arquiteta envolvida pode

envolver-se completamente na coordenação de projetos.

• Como a mesma empresa realizou todos os modelos, foi possível entregar

também um único modelo unificado no Navisworks, com todos os pontos

de atenção marcados.

A empresa terceira realizou um modelo no software Revit para cada disciplina.

Depois exportou os arquivos para que fossem todos unificados em um único

arquivo para utilização no Navisworks. Dentro do Navisworks foram apontadas as

colisões mais críticas para chamar atenção de todos os projetistas envolvidos.

Com isso, a equipe da construtora ganhou tempo e a coordenação das prioridades

para os projetistas foi facilitada.

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Os pontos negativos levantados foram:

• Com a terceirização da modelagem, seria necessário auditar todos os

modelos, o que não foi realizado;

Devido à alta demanda de serviços e apenas uma arquiteta destinada a

coordenação e projetos BIM, não foi possível realizar a auditoria de todos os

modelos, e com isso, nem todos os padrões de modelagem pontuados pela

empresa no plano de implementação BIM foram atingidos.

• Foi necessário avaliar cada item apontado nos relatórios pela empresa

terceirizada, pois foi frequente encontrar erros ou informações

irrelevantes.

A empresa terceira, conforme informado, entregou três tipos de relatórios. Nos

relatórios de discrepâncias e colisões foram listados todos os itens com conflitos e

foram determinadas as prioridades em Baixa, Média e Alta. Porém alguns itens

estavam listados com a prioridade errada, ou seja, não eram tão relevantes

conforme apontados. Desta forma, a arquiteta verificou a prioridade demarcada

item a item para que os projetistas não desperdiçassem tempo com itens de baixa

relevância.

A Figura 30 representa como foi o fluxo de atividades durante o Projeto III.

Figura 30 - Fluxograma do Projeto III

Fonte: Autora

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3.5. EXPERIÊNCIA NA ALEMANHA

Foi realizada uma visita ao setor BIM da matriz alemã. A construtora na Alemanha faz

parte de um grupo de empresas com atuações em diversas áreas, como rede

hoteleira, incorporação imobiliária, indústria, etc.

O setor BIM localiza-se dentro da construtora, porém oferece apoio às outras

empresas do grupo, quando necessário.

A equipe desse setor era composta por dez engenheiros/arquitetos, incluindo um

gerente geral, três coordenadores dois estudantes de mestrado (com tema da

dissertação vinculado à empresa), um estagiário e um trainee. A equipe era

subdividida em três grupos com diferentes focos, sendo eles: iTWO6, Lean

Construction e Modelagem.

Na Alemanha, a modelagem se ocupava apenas do essencial de cada projeto, como

fundações, estruturas, vedações com aberturas e MEP. Essa estratégia visava

atender aos curtos prazos do mercado. As outras informações eram inseridas através

de atributos (parâmetros associados a determinados componentes), ou seja, sem que

fosse preciso modelar novos componentes. Os revestimentos da parede de um

quarto, por exemplo, eram atributos contidos em um objeto room, ou seja, não eram

modelados geometricamente, havia apenas a informação vinculada ao room. Desta

forma, o modelo ficava mais leve (tamanho de arquivo) e fácil de transferi-lo, quando

necessário.

Todo o processo de coordenação do projeto era realizado desde o início da

modelagem, com a detecção de incompatibilidades e colisões entre disciplinas.

O software iTWO era usado para orçamento. Nele o modelo era inserido e muitas

informações como soleiras e rodapés, que não eram modelados, eram incluídos

diretamente no orçamento, agilizando todo o processo.

O modelo era muito usado para levantamentos e checagens de quantidades, tanto na

fase de concorrência, quanto no acompanhamento da obra.

Até o momento da visita (2015) nenhum modelo as built tinha sido entregue ao cliente.

6 Software utilizado para 5D.

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3.6. FORMAÇÃO DOS ENVOLVIDOS

No decorrer do processo de implantação do processo BIM, foram oferecidos diversos

treinamentos pela empresa aos seus colaboradores, conforme apresentado na Tabela

3.

Tabela 3 - Cursos e Palestras BIM

Curso Duração Participantes

Coordenação BIM 36 horas Gerente, coordenadora e arquiteta do

setor de projetos do escritório central

Revit 36 horas Todos os arquitetos residentes em São

Paulo

Syhchro 15 horas Todos os planejadores residentes em

São Paulo e setor de projetos do

escritório central

Navisworks 15 horas Todos os planejadores residentes em

São Paulo e setor de projetos do

escritório central

Palestras e Eventos sobre

BIM (eventos anuais)

- Arquitetas do núcleo BIM, gerência e

superintendência

Fonte: Compilação pela autora do material fornecido pela empresa estudada

3.7. NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POR ITEM DO MODELO

A construtora estudada percebeu que no início do processo de modelagem, momento

da definição do LOD, era necessário analisar item a item para a definição do que

realmente deveria ser modelado. Essa necessidade surgiu após a percepção de que,

ao escolher um LOD 200, a tubulação de sprinkler não era modelada, por exemplo, o

que gerava impactos na compatibilização de projetos. A Figura 31 representa uma

planilha modelo que foi criada para este fim.

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Figura 31 - LOD por item do modelo

Fonte: Construtora estudada

Porém, com a utilização desta planilha, o modelo deixa de ter um único LOD, e passa

a ter um LOD por item, o que torna trabalhosa a contratação de modelagem ou a

contratação de projetos desenvolvidos em BIM assim como dificulta a auditoria dos

modelos entregues.

3.8. SOFTWARES UTILIZADOS PELA CONSTRUTORA

Nos projetos I, II e III foram utilizados diferentes softwares. A Tabela 4 mostra a

contribuição e os pontos de atenção para utilização futura de cada software.

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Tabela 4 - Softwares BIM utilizados na construtora estudada

SOFTWARES FUNCIONALIDADE BENEFÍCIOS PONTOS DE ATENÇÃO

iTWO

Testes para utilização do 5D

Software já utilizado para orçamento na empresa, o que facilita a transição para o 5D.

Difícil comunicação com o suporte (Alemanha).

Synchro

Utilização do 4D É possível criar uma nova. setorização no modelo, mesmo que o modelo não tenha sido modelado para isso.

Ao criar uma nova setorização, a mesma era perdida se o modelo for atualizado em outro software.7

Navisworks

Relatórios de colisões para compatibilização de projeto

Já incluso no pacote da Autodesk que contém o Revit e o AutoCAD.

Algumas regras de checagem são mais complexas de serem executadas, pois ocorrem através da linguagem de programação.

Revit

Modelagem Um dos softwares mais utilizados. Possui vasta biblioteca disponível para download.

Não é possível salvar um arquivo em uma versão anterior da instalada. Ou seja, um arquivo modelado na versão 2017 só abrirá no Revit 2017 ou posterior.

Fonte: Autora

3.9. CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTUDO DE CASO

O estudo de caso é composto pela experiência decorrente do contato com o processo

BIM em três projetos e a oportunidade de entender o funcionamento da dinâmica do

setor BIM na Alemanha, dentro de uma construtora multinacional. Ambas as

experiências geraram diversas reflexões sobre a necessidade de se realizar um bom

7 Conforme informado pela construtora estudada, este ponto de atenção foi verificado na versão disponível na construtora em 2014. Após esta versão, não foi revisto se este ponto permanece.

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planejamento durante e posteriormente à implantação do processo BIM em uma

empresa construtora.

Para cada projeto que foi estudado, o ideal seria que se tivessem estabelecido metas

com seus respectivos prazos e, a cada imprevisto ocorrido, acompanhado através de

um comparativo de cronograma impactado versus cronograma planejado. Na

Alemanha os projetos eram desenvolvidos mais próximos deste ideal. Isso demonstra

também como, mesmo sendo participantes de um mesmo grupo multinacional

empresarial, a filial brasileira está bem distante dos passos já alcançados pela matriz

alemã.

Cada projeto teve sua particularidade, inclusive com fontes de modelagem diferentes,

o que levou a concluir que não há uma melhor opção de modelagem, por esse critério.

O que definiu a melhor opção foi verificação da necessidade da construtora, através

da equipe de modelagem interna disponível, e a análise dos custos e prazos de

elaboração do modelo.

Desta forma, conclui-se que, apesar das adversidades apresentadas, cada projeto

consagrou-se como um grande passo para o amadurecimento do processo BIM dentro

da empresa, através dos resultados obtidos e da ampliação do alcance da

conscientização dos profissionais da construtora estudada.

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4. PROPOSTAS DE USO DO BIM PARA A CONSTRUTORA ESTUDADA

Foram realizadas propostas de uso do processo BIM que vão de encontro às

necessidades da empresa estudada, porém procurou-se generalizar as propostas

para que outras construtoras também possam se identificar e eventualmente utilizá-

las, aproveitando-as ao máximo.

4.1. PROPOSTAS PARA ATUALIZAÇÃO DO MODELO AS BUILT

No mercado da tecnologia da informação, existem várias opções de softwares

modeladores. A empresa estudada usou, principalmente, a plataforma Autodesk.

Nesta plataforma, o software modelador é o Revit (arquivo .rvt).

Cada disciplina que compõe um projeto (arquitetura, estrutura, elétrica, hidráulica,

etc.) pode ser criada em um arquivo .rvt diferente. Cada arquivo .rvt é então exportado

para a extensão .nwc para que seja realizada a compatibilização, dentro da plataforma

Autodesk com o software Navisworks. Dentro deste software, são unificadas todas as

disciplinas (vários arquivos com extensão .nwc).

Essa unificação pode dar origem, caso haja necessidade, há um arquivo único de

extensão .nwd. Este arquivo é leve e pode ser aberto em vários dispositivos móveis

de forma gratuita.

Nas obras, as equipes de projeto poderão absorver o BIM sem grandes impactos

financeiros. É possível a visualização do modelo de coordenação, identificando as

incompatibilidades, através de um software gratuito, fornecido pela própria Autodesk,

chamado Navisworks Freedom. Em relação à formação da equipe, um pequeno

treinamento se faz necessário para utilização deste software. O APÊNDICE A -

TUTORIAL NAVISWORKS FREEDOM é composto por um manual desenvolvido para

uma simples utilização deste software.

4.1.1. Proposta para atualização do modelo as built - sem laser scanning

Através do modelo BIM, é selecionado o trecho de alteração/adaptação e criado um

markup com foto, descrevendo o que foi mudado. Desta forma, ao receber o as built

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da instaladora, a conferência ficará mais fácil caso este último esteja de acordo com

o que foi executado. A Figura 32 representa o fluxograma destas atividades.

Figura 32 - Fluxograma de atualização no modelo as built - sem laser scanning

Fonte: Autora

4.1.2. Proposta para atualização do modelo as built - com laser scanning

Quando for detectada alteração em campo, é utilizado o laser scanning para

levantamento do que foi modificado em relação ao projeto. O laser scanning captura

as condições existentes e, ao ser combinado com o modelo BIM, pode prover modelos

as built confiáveis (AUTODESK, 2008).

Sistemas de imagens tridimensionais (3D), como os lasers scanners,

permitem a captura eficiente de condições detalhadas de as built sob a forma

de conjuntos de medições de pontos 3D, conhecidas como nuvens de pontos.

(HUBER et. al., 2011, p. 1, tradução nossa).

Através da detecção realizada pelo laser scanning, o modelo BIM é atualizado. Desta

forma, ao receber o as built da instaladora, a conferência ficará mais fácil. A Figura 33

representa o fluxograma destas atividades.

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Figura 33 - Fluxograma de atualização no modelo as built - com laser scanning

Fonte: Autora

4.2. BIM NA OBRA - VISUALIZAÇÃO NO CAMPO POR TODOS OS ENVOLVIDOS

Durante a fase construtiva, a visualização do modelo BIM funciona como um

comunicador entre os agentes intervenientes na obra (MARTINS; CACHADINHA

2012). Porém, no item 5.2.3 deste trabalho, é exposto que uma das barreiras

encontradas para a utilização do BIM no campo é justamente a forma de visualização

do modelo na obra, tanto para a mão de obra indireta (engenheiros, arquitetos,

mestres, etc.) quanto direta (pedreiros, marceneiros, eletricistas, etc.). No Projeto I

do estudo de caso realizado, conforme relatado anteriormente, foi percebida uma

grande dificuldade de visualização do modelo pela mão de obra direta, pois não havia

dispositivos móveis disponíveis, nem TVs ou projetores para interação com o modelo.

Diante disso, foi necessária a busca por métodos alternativos de apresentação do

projeto. Este trabalho apresenta propostas de visualização do modelo BIM no campo.

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4.2.1. Criação de pranchas ilustrativas

Este método foi descrito no estudo de caso realizado (item 3.2 deste trabalho), em

que, resumidamente, são criadas folhas de desenho a partir do modelo BIM. Estas

folhas são distribuídas no campo, conforme as frentes de trabalho envolvidas.

A vantagem é o baixo custo. A desvantagem é o trabalho para atualização e controle

das mesmas no campo, depois de emitidas, além do uso excessivo de papel.

Boa parte das construtoras brasileiras ainda utilizam no campo os projetos plotados

em papel, o que exige um rígido controle das revisões, para que folhas obsoletas não

sejam usadas para a execução por engano. Na construtora estudada, há um rigoroso

controle de cópias de projetos impressos na obra. Cada folha é cadastrada e em uma

planilha é inserida a informação da empresa que possui a folha e em qual revisão a

mesma se encontra. A entrega dos desenhos é protocolada através de um documento

e assim, quando há revisão, a rastreabilidade do desenho é facilitada.

4.2.2. Uso de dispositivos móveis

Com a qualificação das lideranças (mestres e encarregados) da mão de obra direta

para visualização e manipulação simples do modelo, a projeção deste poderia ser

realizada para toda equipe de produção com auxílio, até mesmo, de um protótipo

virtual.

Em pesquisa realizada por McGraw Hill (2014), dois terços das construtoras com

maior nível de engajamento no uso do BIM estão com o foco em investir em tablets e

dispositivos móveis para uso da mão de obra no campo.

A partir do modelo disponível para uso no campo, através dos tablets, algumas

construtoras já realizam as medições dos subempreiteiros (SINDUSCON, 2015). Com

o modelo no campo, o engenheiro conseguiria permitir a entrada de fornecedores em

determinado setor, utilizando o vínculo do modelo com o cronograma (4D). Ao final de

cada serviço, após a auditoria de qualidade do serviço executado no campo pelo

engenheiro responsável, seria possível a liberação da medição e, também,

automaticamente, a entrada de um novo fornecedor neste mesmo setor. Ainda através

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do 4D, seria possível realizar o controle da entrada e estocagem dos materiais, visto

que a má estocagem é um problema recorrente nas obras e ocasiona desperdícios e

impactos diretos no custo da obra. A Figura 34 representa a proposta do fluxo de como

da utilização dos dispositivos móveis na obra.

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83 Figura 34 - Uso de Dispositivos Móveis

Fonte: Autora

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4.2.2.1. Aplicativo para celular

Uma pequena experiência foi realizada em uma obra da construtora estudada com a

utilização do modelo de estrutura metálica no acompanhamento da sua execução. Já

era habitual o fornecimento pela construtora de celulares para os arquitetos e

engenheiros que ficam no campo. Diante das opções disponibilizadas no mercado de

hoje, este pode ser considerado um celular tecnicamente mediano em relação às

demais possibilidades. Neste celular foi instalado o aplicativo BIM 360º Team. A

Figura 35 representa o celular disponibilizado pela empresa com o aplicativo BIM 360º

Team em uso.

Figura 35 - Uso do aplicativo BIM 360º Team

Fonte: Autora

A partir deste aplicativo, foi possível visualizar o modelo de toda estrutura metálica e,

quando necessário, selecionar os elementos desejados para consulta de informações.

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Na versão disponibilizada em abril de 2018 foi possível criar markups8 dentro do

modelo e disponibiliza-las aos demais usuários. Durante a experiência de utilização

deste aplicativo, o cliente solicitou alteração no tamanho do portão, que já estava com

a estrutura metálica sendo montada. A partir disso foi criado uma markup (Figura 36)

para avisar os envolvidos que seria necessário o acréscimo de estrutura metálica para

diminuição do portão.

Figura 36 - Anotação de markup no portão

Fonte: Autora

O aplicativo BIM 360º Team é da empresa Autodesk. Também foram pesquisados

outros fornecedores, como o BIMx, por exemplo, que funciona muito bem para

visualização de modelos que foram originados no software Archicad. O aplicativo

Tekla Field 3D, da empresa Trimble, apresentou as mesmas funcionalidades que o

8 Markups são apontamentos dentro de um projeto com o objetivo de alertar outro envolvido no processo. Exemplo: O projetista estrutural insere um markup no projeto de arquitetura para alertar que a viga deverá ser maior que o previsto, ou seja, o objetivo foi alertar o projetista de arquitetura.

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BIM 360º Field, porém não permitiu que fossem realizadas markups dentro do modelo

na versão gratuita, ou seja, para isso seria necessária a versão paga. A Figura 37

apresenta a mensagem sobre essa necessidade.

É importante ressaltar que estes aplicativos sofrem atualizações constantemente, e

possuem versões diferentes conforme o sistema operacional (Android ou IOS). O teste

foi realizado no sistema IOS.

Figura 37 - App da empresa Tekla

Fonte: Autora

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O BIM 360º Team é um aplicativo que vem sofrendo atualizações constantes. Na

versão disponibilizada em novembro de 2018, a criação de markups foi substituída

pela possibilidade de tirar fotos da área selecionada, adicionar comentário e enviar

através de vários aplicativos, como WhatsApp e e-mail. A Figura 38 representa o envio

por e-mail através deste aplicativo.

Figura 38 - BIM 360 Team - Envio de comentário por e-mail

Fonte: Autora

4.3. SURVEY

Foi realizada uma pesquisa de campo dentro da construtora estudada, com o objetivo

de recolher opiniões dos colaboradores em relação às propostas sugeridas neste

trabalho.

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Através de um questionário (APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO – APLICAÇÃO DO BIM

NO CANTEIRO) foram entrevistadas 15 pessoas de 6 áreas diferentes, conforme a

distribuição apresentada na Figura 39.

Figura 39 - Área de atuação dos participantes da pesquisa

Fonte: Autora

Dos participantes entrevistados, mais de 50% trabalham na empresa entre 5 a 10

anos, mais de 30 % trabalham entre 3 e 5 anos e apenas 13% trabalham na empresa

a mais de 10 anos. Nenhum participante está na empresa a menos de um ano.

Dentre os entrevistados, 80% possuíam mais de 30 anos de idade, demonstrando que

funcionários mais maduros se dispuseram a participar da pesquisa. A Figura 40

detalha as faixas de idade.

.

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Figura 40 - Idade dos participantes

Fonte: Autora

Os participantes foram questionados sobre como o projeto as built de instalações é

realizado na empresa. A maioria informou que o subempreiteiro entrega o as built

pronto e a conferência é realizada pelo engenheiro de instalações da obra. Quase

metade dos entrevistados informou que também ocorre do subempreiteiro entregar o

as built pronto e a conferência ser realizada pelo arquiteto da obra. Algumas pessoas

informaram que o engenheiro de instalações anota as alterações e passa para o

arquiteto revisar o projeto. Uma pessoa não tinha o conhecimento de como o as built

é realizado.

Esses resultados demonstram que não há um padrão e é necessário repensar a forma

que o as built de instalações é realizado, independente da adoção do BIM ou não. Isso

porque a pessoa responsável em obra pela execução das instalações é o engenheiro

de instalações e o corresponsável é o engenheiro de produção. Quando não há esta

função na obra, o responsável passa a ser o engenheiro de produção que é o único

com qualificação para exercer a função. Portanto, uma ferramenta que ajude a realizar

a atualização de forma mais simples e efetiva vai contribuir para a resolução dessa

questão em termos de recursos disponíveis, e a responsabilidade passará a ser

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relacionada a quem responda pelos problemas construtivos e não tanto pela execução

da atualização do projeto em si. Ver item 4.1 deste trabalho.

Pensando na natureza do projeto e do BIM, é razoável pensar que o ideal seria não

haver projeto as built. Ou seja, o projeto é executado exatamente como no papel e,

quando por ventura houver a necessidade de alteração, a mesma seria incorporada

rapidamente ao projeto antes da execução.

Diante do cenário apresentado na construtora estudada, são os subempreiteiros que

normalmente entregam o projeto as built, com todas as alterações realizadas. Essas

alterações devem ser controladas e conferidas no projeto pelo engenheiro de

instalações e/ou engenheiro de produção e, quando detectadas divergências do

realizado, as mesmas devem ser incorporadas ao projeto. O arquiteto não deve ser o

responsável pela revisão e sim o subempreiteiro, já que o mesmo foi contratado e se

responsabilizou pela entrega do projeto as built e execução das instalações,

formalizando esta entrega através de um contrato com a construtora e da emissão de

ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), emitida pelo CREA (Conselho

Regional de Engenharia e Agronomia).

Foram solicitadas sugestões para melhoria do processo as built para os entrevistados.

As respostas seguiram quatro direcionamentos. Das sugestões, 40% acreditam que é

necessário definir com antecedência quem será o responsável pela atualização do as

built, 34% acreditam que não deve haver projeto as built pois os subempreiteiros

devem seguir o projeto e, se por ventura houver, deve ser revisado antes da execução.

13% dos entrevistados não souberam opinar e os outros 13% sugeriram a utilização

de softwares ou um sistema que inove na apuração das alterações em campo, para

que nada se perca no projeto final executado.

Considera-se que aqueles que sugeriram eliminar a existência do as built estão

corretos na idealização, porém na prática alterações se fazem necessárias e nem

sempre há o tempo hábil de ter o projeto revisado para o momento da execução. Os

que sugerem definição dos responsáveis com antecedência pontuam a dificuldade da

empresa em se ter uma padronização na elaboração do projeto as built.

De todos os quinze entrevistados apenas um não teve algum contato com modelo

BIM. Dos que tiveram contato, mais da metade classificou a experiência como boa.

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Uma pessoa classificou como péssima a experiência devido a não possuir hardware

adequado para manipulação dos modelos e, uma segunda pessoa opinou como ruim,

pois o modelo estava incompleto.

Os participantes da survey que tiveram contato com o BIM listaram a dificuldade do

mercado da construção civil mudar a forma tradicional de operação como principal

ponto crítico. Em segundo lugar, ocorreu um empate entre a opção que considerava

o fato de os projetistas simplesmente não utilizarem ferramentas BIM e a opção que

considerava a falta de conhecimento das ferramentas. Em terceiro lugar. Ocorreu

novamente um empate entre três itens, foram pontuados: o fato do modelo se tornar

defasado durante a obra, o modelo não estar adequado ao uso (orçamento, obra,

planejamento, etc.) e a dificuldade para achar profissionais qualificados A Figura 41

ilustra esses resultados.

Figura 41 - Principais Pontos Críticos do Uso do BIM

Fonte: Autora

A proposta de visualização do modelo BIM através de dispositivo móvel foi

apresentada aos entrevistados. Os resultados mostraram que 78,6% dos participantes

da pesquisa possuem celular da empresa. Todos os participantes da pesquisa

acharam que a proposta facilitaria a compreensão do projeto e da obra com a

visualização do modelo tridimensional pelo celular.

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A proposta contida na Figura 34 deste trabalho, do uso de dispositivos móveis para

atualização do projeto as built durante a obra foi apresentada aos entrevistados. Dos

e entrevistados, 93 % acredita que a proposta é válida contra apenas 7% acreditar no

inverso.

Os entrevistados foram questionados sobre quem seria o responsável por realizar a

anotação no modelo das alterações detectadas, via celular ou outro dispositivo móvel

na obra. Conforme Figura 42 mais da metade dos participantes responderam que o

responsável é o engenheiro de instalações.

Figura 42 - Proposta 2 - Responsável pela Anotação

Fonte: Autora

Por fim, os entrevistados foram convidados a sugerir como o BIM poderia contribuir

para o canteiro de obras (Figura 43). Quase 30% dos participantes responderam que

o BIM pode ajudar no planejamento da obra, sendo seguido pelo auxílio na

compreensão dos projetos (27%) e maior facilidade de visualizar os projetos (23%).

Apenas 2% entenderam que o BIM poderia contribuir na medição dos serviços

executados, o que demonstra que é possível explorar a conscientização dos

funcionários da empresa sobre as possibilidades de utilização do BIM no canteiro de

obras.

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Figura 43 - Contribuição do BIM no Canteiro de Obras

Fonte: Autora

Os resultados da survey demonstraram que é necessário rever a forma de realização

do projeto as built na construtora estudada. Grande parte dos funcionários da empresa

já teve algum contato com BIM, porém é necessário direcionar seu uso para que seja

mais eficiente. É visível que há conhecimento sobre as possíveis atuações do BIM no

canteiro de obras, porém é necessário que haja uma padronização de utilização em

todas as obras, conforme proposto pelo Plano de Implantação BIM da construtora

estudada.

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5. CONSIDERAÇÕES E CONCLUSÃO

A seguir são apresentadas as considerações finais diante dos resultados esperados

e das dificuldades encontradas durante a pesquisa da construtora estudada.

5.1. RESULTADOS ESPERADOS

Com o uso do processo BIM, resultados de natureza qualitativa, econômica,

ambiental, tecnológica e gerencial são esperados. Todos os itens organizados na

Figura 44 foram abordados por Parreira e Cachadinha (2012) como valores ganhos

conforme utilização do processo BIM.

Figura 44 - Natureza dos resultados esperados

Fonte: Autora

A partir do momento em que se tem um projeto realmente executável aliado com um

planejamento logístico bem realizado, há um aumento da produtividade e as

incompatibilidades encontradas no momento da execução diminuem. Com isso,

diminuem também os retrabalhos, o desperdício de material e o custo da mão de obra

e de equipamentos.

O uso das ferramentas BIM tem como premissa a integração dos processos

envolvidos na execução de uma obra. Projetos, produção, planejamento, suprimentos,

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contratos têm que estar alinhados para que o processo BIM se mantenha operante

por toda a obra.

Todos estes pontos reunidos geram um produto final de melhor qualidade.

Esta pesquisa buscou apresentar as vantagens da utilização do processo BIM no

decorrer da obra, ou seja, durante a execução de um empreendimento, por todos os

colaborados envolvidos (mão de obra direta e indireta). Foram realizadas propostas

para atualização do modelo BIM durante a obra, com o objetivo de se obter um modelo

as built mais confiável e preciso, contribuindo assim, para a melhora da qualidade do

produto final, conforme mencionado no parágrafo acima.

5.2. BARREIRAS ENCONTRADAS NA CONSTRUTORA ESTUDADA

A seguir, foram pontuadas as principais barreiras encontradas durante o estudo da

construtora pesquisada.

5.2.1. Projetistas não usam ferramentas BIM

Além de alguns projetistas não modelarem em softwares BIM, a maioria não

conseguiu atender aos prazos que o processo BIM exigia. Conforme a coordenação

de projetos detectava as necessidades de revisões e passava aos projetistas, eles

não davam conta da demanda de entregar em tempo hábil as revisões para que estas

pudessem ser inseridas no modelo, seja internamente ou por meio de terceiros. O

tempo para entrega em alguns casos era subdimensionado, devido a exigências do

próprio cliente para atender aos prazos de execução, que eram somados ao grande

número de projetos que os projetistas estavam envolvidos ao mesmo tempo.

Há alguns anos, Prates (2010) ressaltou a dificuldade de projetistas de escritórios

pequenos com a implantação do processo BIM, devido ao alto custo com softwares e

hardwares. Dentro da construtora estudada, foi possível verificar que alguns

projetistas parceiros ainda hoje não implantaram o processo BIM justamente devido

ao investimento necessário em equipamentos e treinamentos de profissionais.

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Um ponto desafiador para o projetista é a responsabilidade assumida. Ao projetar

dentro do processo BIM, o projetista tem que antecipar a resolução de questões que

muitas vezes eram solucionadas apenas no campo, pelos próprios executores, como

por exemplo, a definição das cotas de todas as tubulações, para que sejam ajustadas

dentro do forro, ou dentro do shaft.

A tendência, por sua vez é que, na medida que o BIM esteja mais amplamente

difundido entre os projetistas, as construtoras passem a buscar no mercado por

projetistas parceiros que possam entregar projetos mais completos, apoiados então

em modelos BIM.

Enquanto ainda houver dificuldades para o recebimento de projetos em BIM vindos

dos projetistas, Eastman et al. (2011) sugerem que a construtora se responsabilize

pelo modelo, pois são muitos os benefícios atrelados ao uso do BIM na obra. Quando

não for possível criar o modelo BIM dentro da construtora, o autor sugere que seja

avaliada a contratação de um consultor para o desenvolvimento do modelo. A Figura

45 apresenta fluxograma de modelagem na situação que os projetistas contratados

não utilizam BIM.

No item 3.4 deste trabalho foi verificado, através de estudo de caso, o uso do consultor

para terceirização da modelagem.

Figura 45 - Fluxograma de um empreendimento que os projetistas não utilizam BIM

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Fonte: Eastman et al. (2011)

A construtora é um agente de peso no mercado da construção civil. A partir do

momento que mais construtoras aderirem ao BIM, automaticamente ocorrerá o

incentivo para que os outros agentes sintam-se motivados a também aderirem, de

modo que os benefícios vão se estender para ambos os lados.

Governos de vários países do mundo estão exigindo que as obras os projetos de obras

públicas sejam desenvolvidos em BIM. No Brasil, em 2018, o presidente Michel Temer

aprovou o decreto nº 9.377 que institui a Estratégia Nacional de Disseminação

do Building Information Modeling (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 2018). Com isso,

acredita-se que o incentivo para implantação do BIM no país será maior nos diversos

ramos de atuação dentro da Construção Civil.

5.2.2. Falta de convencimento das lideranças

Outra barreira apresentada foi relacionada à dificuldade de convencimento das

lideranças pois, apesar de perceberem a importância do BIM, havia o investimento

inicial necessário com a compra de hardwares, licenças de softwares e treinamento

de equipe dedicada. Os riscos embutidos os deixavam muito inseguros. O diretor de

edificações visitou uma construtora do grupo nos EUA, que já utilizava ferramentas

BIM e então se convenceu da importância da sua implantação. A partir disso, passou

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a solicitar que os gerentes de negócio incluíssem o custo do BIM nas obras sob sua

gestão. Porém nada foi imposto.

Cada área da empresa (projetos, planejamento, suprimentos, etc.) realizava,

anualmente, um workshop com participantes de todas as obras no Brasil. Nesses

workshops também foram realizadas palestras objetivando esclarecer os funcionários

sobre a importância do BIM.

Ainda assim, no ano de conclusão do Plano de Implementação BIM, dos sete

contratos iniciados, apenas dois utilizaram o processo BIM. Este número só aumentou

quando os clientes começaram a requisitar o BIM desde os processos de

concorrência, demonstrando um amadurecimento do mercado.

5.2.3. Dificuldade de visualização do modelo no campo (obra)

Nas obras, nem sempre houve previsão de custo para a utilização de dispositivos

móveis como celulares ou tablets. E quando houve possibilidade de obtenção de

celulares, a mão-de-obra direta e indireta não conseguiu manipular o modelo, devido

à falta de habilidade e hábito para tal.

O item 4.2 deste trabalho apresenta algumas alternativas para vencer esta barreira.

5.2.4. Requerimentos não claros do cliente

Os clientes têm passado a solicitar o BIM desde a concorrência até o uso em obra,

segundo informações fornecidas pela construtora abordada no estudo de caso deste

trabalho. Porém, em alguns casos o aprofundamento do uso do BIM não é

especificado, o que gera confusões sobre os resultados esperados.

5.2.5. Imposição de uso de software específico

Foi determinado pela matriz internacional que um software específico para controle

de custos e orçamento precisaria ser utilizado. Isso impactou diretamente na evolução

da implantação do processo BIM, principalmente em relação ao uso do 5D, pois não

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havia histórico de empresas brasileiras que usavam este software e o suporte e

manuais eram em alemão. Além disso, o funcionamento do software não era

aproximado dos demais softwares para 5D no mercado, o que dificultava o

entendimento do mesmo.

5.2.6. Suporte de TI inadequado às necessidades das ferramentas BIM

A instalação dos softwares BIM não é tão simples se comparada aos softwares de

maior uso como os programas do Pacote Office.

O Revit, por exemplo, precisa ser instalado em conjunto com sua biblioteca. Por ser

um software pesado, participante de um pacote com outros softwares da Autodesk,

possui uma instalação demorada. Em muitos casos, o Revit era instalado

incompletamente e a equipe de TI não conseguia reparar a instalação. Mesmo com a

reinstalação, o problema da falta de biblioteca padrão se mantinha.

A equipe de TI na empresa estudada demonstrou algumas dificuldades de lidar com

estas instalações. Foi preciso buscar suporte externo, com as revendedoras de

softwares e com os próprios fabricantes, o que gerou uma grande perda de tempo no

processo de modelagem e coordenação de projetos.

5.2.7. Crise no mercado da construção civil

O cenário político de 2016 refletiu diretamente na economia e no mercado da

construção civil e a crise se estendeu atingindo o ano de 2017. Com a crise, os

investimentos foram reduzidos em todas as áreas, e isso refletiu-se na falta de

continuidade da aplicação do processo BIM nos projetos novos.

5.2.8. Alto custo com hardwares e softwares

Apesar do pacote Autodesk já adquirido, outros softwares se fazem necessários para

a implantação completa do processo BIM. Porém, o alto custo com estes se tornou

uma dificuldade para a sua implantação. Os softwares Synchro e Navisworks Manage

precisaram ser adquiridos separadamente. Hoje o Navisworks Manage já está incluído

no pacote da Autodesk, mas no momento da implantação não estava.

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Na época, não foi possível adquirir outros softwares, como o Solibri, por falta de verba.

5.3. CONCLUSÃO

Em tempos de crise econômica, surge a oportuna opção de repensar as rotineiras

práticas dentro da cadeia da construção civil.

A pesquisa da McGraw Hill (2014) relata que as empresas citaram como um dos

principais benefícios a melhora da imagem da empresa no mercado com a

implantação do BIM e reconhecem que para alcançar este propósito é necessário todo

um time capacitado para o uso do processo BIM na organização.

Durante o ano de 2017, o CAU/SP (Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São

Paulo) promoveu capacitação gratuita na cidade de São Paulo para diversos temas,

entre eles o BIM, envolvendo arquitetos e estudantes de arquitetura e urbanismo

(CAU/SP, 2017). Medidas como esta reforçam a ideia que o BIM está ganhando cada

vez mais espaço no mercado da construção civil.

Diante dos resultados obtidos com o estudo de caso e a survey, foi possível perceber

que a empresa estudada tem muito para evoluir dentro da implantação do processo

BIM na obra, porém os passos já dados foram importantes e trouxeram resultados

relevantes para e empresa, conforme apresentado.

Com a implantação do BIM, algumas posições profissionais podem surgir como forma

de organização da equipe. Não se detectou uma regra, uma vez que cada empresa

possui uma realidade distinta. Algumas posições existentes podem passar a ter maior

destaque. No estudo de caso realizado foi percebido que o Gerente de Instalações

teve papel fundamental no processo de utilização do BIM no canteiro, no decorrer do

Projeto I. Através da modelagem BIM, foram detectadas diversas incompatibilidades

e através do conhecimento técnico do Gerente, foi possível propor novas soluções,

fazendo com que a revisão de projeto fosse mais rápida e eficiente.

Ainda com o estudo realizado, foi possível perceber a importância de se obter um

plano BIM alinhado com a estratégia da empresa. O ideal é que este plano seja flexível

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às evoluções tecnológicas do mercado e que acompanhe as necessidades da

empresa.

Algumas empresas têm adotado a posição de Coordenador BIM ou BIM Manager na

reestruturação da equipe de trabalho como consequência da implantação do processo

BIM na empresa. Este profissional é o responsável pela organização do setor BIM na

organização e pela gerência da equipe que trabalhará no processo (ROCHA, 2013).

Manzione (2017) defende que o Coordenador BIM é o resultado da qualificação e

aprimoramento do atual Coordenador de Projetos, ou seja, deve-se treinar os

coordenadores atuais para se adequarem ao processo BIM, tornando-os assim

Coordenadores BIM.

Para obter um resultado satisfatório, é importante escolher apropriadamente o uso do

modelo (compatibilização, 4D, 5D, etc.) e qual seu LOD (nível de desenvolvimento),

pois nem sempre a modelagem mais detalhada é a melhor opção. Um modelo com

alto nível de desenvolvimento pode se tornar pesado e de difícil manuseio, dificultando

seu uso. Para tanto, a gestão da necessidade versus possibilidade é fundamental para

obter um melhor resultado.

No decorrer deste trabalho foram desenvolvidas diretrizes para aumentar a eficiência

da utilização do BIM durante a construção de um empreendimento por uma empresa

construtora. Também foi possível avaliar ferramentas e métodos que permitissem a

atualização do modelo BIM durante a obra.

Através de estudo de caso, foi possível analisar as experiências levantadas em uma

construtora, com diferentes particularidades em quatro experiências distintas.

A partir da revisão bibliográfica em união com o estudo de caso, foi possível a criação

de propostas para melhor utilização do modelo BIM no canteiro de obras, tanto pela

MOD quanto pela MOI.

A survey pode complementar o levantamento de dados da construtora estudada e

atestar a opinião dos funcionários participantes sobre as propostas elaboradas nesta

dissertação.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A - TUTORIAL NAVISWORKS FREEDOM

O Navisworks Freedom é um visualizador de extensões DWF e NWD, disponível

gratuitamente no site da Autodesk.

A partir do software Revit, também da Autodesk, é possível exportar para Navisworks,

com o comando External Tools – Navisworks 2018 – Escolher o local de salvamento,

será gerado um arquivo NWC.

Dentro do Navisworks Simulate ou Navisworks Manage, todos os arquivos NWCs são

unificados em um único arquivo NWD que pode ser aberto no Navisworks Freedom.

Abrindo o arquivo

1 – Na barra superior selecionar o botão Open ou ainda, pelo comando no teclado Ctrl

+ O;

2 – Selecionar o arquivo e clicar em abrir.

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Alguns Comandos no Navisworks

• HOME> Select & Search

• HOME> Visibility

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• HOME> Display

• HOME> Display> Properties

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• VIEWPOINT> Navigate

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• VIEWPOINT> Enable Sectioning

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APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO – APLICAÇÃO DO BIM NO CANTEIRO

1. Qual o seu cargo na construtora?_______________________________

2. Aproximadamente, há quanto tempo você ocupa o seu cargo atual?

a) Até 1 ano

b) De 3 a 5 anos

c) De 5 a 10 anos

d) Acima de 10 anos

3. Qual a sua idade?

a) 18 a 29 anos

b) 30 a 39 anos

c) 40 a 49 anos

d) 50 a 59 anos

e) 60 anos ou mais

4. Como o projeto as built de instalações é realizado hoje nas obras? (permitida

a escolha de mais de uma opção)

a) O subempreiteiro entrega o as built pronto. A conferência é

realizada pelo engenheiro de instalações da obra.

b) O subempreiteiro entrega o as built pronto. A conferência é

realizada pelo arquiteto da obra.

c) O subempreiteiro entrega o as built pronto. A conferência é

realizada pelo engenheiro de produção da obra.

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d) O engenheiro de instalações anota as alterações e passa para o

arquiteto revisar o projeto.

e) O engenheiro de instalações anota as alterações revisa o projeto.

f) Não é realizado projeto as built.

g) Outro. Especifique: __________________

5. Qual sua sugestão para melhoria do processo de elaboração do as built hoje?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

___________________________

6. Você já teve contato com um modelo BIM?

Sim Não

Se negativo, pule para a questão 13.

7. Como foi sua experiência com o modelo BIM?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________.

8. Cite os principais pontos críticos.

______________________________________________________________

______________________________________________________________.

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A seguir, serão apresentadas duas propostas com perguntas sobre cada uma delas.

Proposta 1 – Utilização de Dispositivos móveis para navegar no modelo 3D

da obra

Nas vistorias à obra, é possível, a partir de um celular ou tablet, navegar por um

modelo 3D. Com este modelo pode-se visualizar todos os ambientes considerados

no projeto.

Ao selecionar um objeto como uma porta, por exemplo, é possível verificar

informações de materiais, acabamentos, entre outros.

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A imagem a seguir, representa um modelo de estrutura metálica no visualizado no

celular disponibilizado pela empresa.

9. Você tem celular da empresa?

Sim Não

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10. Acha que facilitaria sua compreensão do projeto, se tivesse a oportunidade

de navegar por um modelo 3D?

a) Sim, acho que facilitaria minha compressão com a 3ª dimensão.

b) Não, acho que não me acrescentaria nada.

Proposta 2 – Melhoria na consolidação do projeto de instalações as built

Quando um trecho for alterado na obra, através de modelo 3D (que pode ser

acessado de celular, tablet ou computador) selecionar trecho que foi alterado em

relação ao projeto original e adicionar comentário, descrevendo a alteração.

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Ao receber o as built do subempreiteiro, deverá ser realizada checagem com as

anotações do modelo. Caso não esteja de acordo com o que foi executado, o

modelo com as anotações deverá ser enviado ao subempreiteiro para revisão do

projeto corretamente.

11. Você acredita que seria mais fácil anotar em um modelo 3D as alterações

ocorridas na obra, para futuro projeto as built?

Sim Não

12. Dentro da obra, qual cargo você indicaria para ser o responsável por esta

atividade?

a. Arquiteto

b. Engenheiro de Produção

c. Engenheiro de Instalações

d. Outro. Especifique: _____________

BIM (Building Information Modeling ou Modelagem da Informação da Construção)

é um processo que propõe antecipar a construção da obra através da modelagem

virtual, ou seja, através da criação de um modelo 3D. Este modelo pode conter

diversas informações sobre a obra, como dimensões, materiais, acabamentos,

cotas, etc. Também, através deste modelo, é possível visualizar todos os

ambientes da obra, seja em 3D, ou através de plantas, cortes ou elevações. Além

disso, é possível incluir informações sobre o funcionamento dos equipamentos a

serem instalados.

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O modelo pode ser ainda vinculado ao cronograma, onde é possível prever como

será a sequência executiva da obra e pode ser vinculado também ao orçamento,

o que permite analisar o avanço físico-financeiro da obra.

13. Por fim, como você acha que o BIM pode contribuir no canteiro de Obras?

a) Na organização do canteiro de obras

b) Na visualização dos projetos

c) Na compreensão dos projetos

d) No planejamento

e) Na produção

f) Não acho que pode auxiliar.

g) Outro. (especifique): ____________

Obrigada pela sua atenção!