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ARAÚJO & COSTA (2014) HOLOS, Ano, Vol. 1 IMPACTOS AMBIENTAIS NAS ATIVIDADES DE ABATE DE BOVINOS: UM ESTUDO NO MATADOURO PÚBLICO MUNICIPAL DE CAICÓ-RN P. P. P. Araújo¹ e L. P. Costa² Laboratório de Ciências Naturais – Instituto Federal do Rio Grande do Norte [email protected]¹ - [email protected]² Artigo submetido em xxxx/2014 e aceito em xxxx/2014 RESUMO A bovinocultura apresenta-se como uma atividade de grande relevância econômico-social para o Brasil. Entretanto, não se pode desconsiderar que esta atividade é geradora de efluentes e resíduos de grande potencial poluidor. Em virtude disso, o estudo tem como objetivo identificar os principais impactos ambientais ocorridos nas diversas etapas das atividades realizadas no matadouro público municipal de Caicó/RN. Para tanto, usou-se como metodologia: check list para identificação dos impactos, pesquisas bibliográficas, atividade de campo, registros fotográficos e entrevistas. Os resultados apontaram que os maiores impactos ambientais referem-se ao depósito de fezes, sangue, vísceras não comestíveis e gorduras no lixão do município de Caicó, sendo considerados como fontes atrativas para vetores e contaminação do solo e recursos hídricos, ou seja, uma ameaça à saúde pública. Diante dessas circunstâncias, apontou-se como proposições a reforma e ampliação do matadouro, tendo em vista a complexidade e abrangência dos atuais problemas levantados e a reciclagem como prática mais adequada para destinação dos resíduos gerados. PALAVRAS-CHAVE: produção de carne, efluentes, resíduos, poluição, reciclagem. ENVIRONMENTAL IMPACTS IN THE BOVINE SLAUGHTER ACTIVITIES: A STUDY IN THE MUNICIPAL PUBLIC SLAUGHTERHOUSE OF CAICÓ-RN ABSTRACT The cattle raising for slaughter is presented as an activity of great social-economic relevance to Brazil. However, it cannot be disregarded that this activity is procreative of effluents and residues of great polluting potential. In the face of this, the study has as objective to identify the main environmental impacts occurred in the several stages of the activities carried out in the public municipal slaughterhouse of Caicó/RN. For this, It was utilized as methodology: check list to identify and enumerate environmental impacts, bibliographical researches, field activity, photographic registers and interviews. The results appointed that the biggest environmental impacts are referred to the excrement deposit, blood, non-comestible entrails and fatness in the landfill of the municipality of Caicó, being considered as attractive sources to vectors and soil contamination and hydric recourses, that is, a threat to public health. Before these circumstances, it was appointed as propositions the reform and enlargement of the slaughterhouse, having in mind the complexity and reach of the present raised problems and the recycling as more adequate practice to destination of the generated residues. . KEY-WORDS: production of meat, effluents, residues, pollution, recycling.

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ARAÚJO & COSTA (2014)

HOLOS, Ano, Vol. 1

IMPACTOS AMBIENTAIS NAS ATIVIDADES DE ABATE DE BOVINOS: UM ESTUDO NO MATADOURO PÚBLICO MUNICIPAL DE CAICÓ-RN

P. P. P. Araújo¹ e L. P. Costa² Laboratório de Ciências Naturais – Instituto Federal do Rio Grande do Norte

[email protected]¹ - [email protected]²

Artigo submetido em xxxx/2014 e aceito em xxxx/2014

RESUMO A bovinocultura apresenta-se como uma atividade de grande relevância econômico-social para o Brasil. Entretanto, não se pode desconsiderar que esta atividade é geradora de efluentes e resíduos de grande potencial poluidor. Em virtude disso, o estudo tem como objetivo identificar os principais impactos ambientais ocorridos nas diversas etapas das atividades realizadas no matadouro público municipal de Caicó/RN. Para tanto, usou-se como metodologia: check list para identificação dos impactos, pesquisas bibliográficas, atividade de campo, registros fotográficos e entrevistas.

Os resultados apontaram que os maiores impactos ambientais referem-se ao depósito de fezes, sangue, vísceras não comestíveis e gorduras no lixão do município de Caicó, sendo considerados como fontes atrativas para vetores e contaminação do solo e recursos hídricos, ou seja, uma ameaça à saúde pública. Diante dessas circunstâncias, apontou-se como proposições a reforma e ampliação do matadouro, tendo em vista a complexidade e abrangência dos atuais problemas levantados e a reciclagem como prática mais adequada para destinação dos resíduos gerados.

PALAVRAS-CHAVE: produção de carne, efluentes, resíduos, poluição, reciclagem.

ENVIRONMENTAL IMPACTS IN THE BOVINE SLAUGHTER ACTIVITIES: A STUDY IN THE MUNICIPAL PUBLIC SLAUGHTERHOUSE OF CAICÓ-RN

ABSTRACT The cattle raising for slaughter is presented as an activity of great social-economic relevance to Brazil. However, it cannot be disregarded that this activity is procreative of effluents and residues of great polluting potential. In the face of this, the study has as objective to identify the main environmental impacts occurred in the several stages of the activities carried out in the public municipal slaughterhouse of Caicó/RN. For this, It was utilized as methodology: check list to identify and enumerate environmental impacts, bibliographical researches, field activity, photographic registers and interviews. The results appointed that the biggest environmental impacts are referred to the excrement

deposit, blood, non-comestible entrails and fatness in the landfill of the municipality of Caicó, being considered as attractive sources to vectors and soil contamination and hydric recourses, that is, a threat to public health. Before these circumstances, it was appointed as propositions the reform and enlargement of the slaughterhouse, having in mind the complexity and reach of the present raised problems and the recycling as more adequate practice to destination of the generated residues.

.

KEY-WORDS: production of meat, effluents, residues, pollution, recycling.

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1 INTRODUÇÃO

Uma das questões colocadas em pauta nas discussões sobre os impactos gerados ao meio ambiente está relacionada ao consumo humano e geração de resíduos sólidos e efluentes líquidos, pois o crescimento populacional faz aumentar a demanda por produtos e serviços, que por sua vez, potencializam essa problemática.

Nessa perspectiva, os matadouros públicos apresentam-se como uma atividade econômica geradora de efluentes e de resíduos de grande potencial poluidor. Salienta-se que muitos dos estabelecimentos nesta categoria, públicos e/ou privados, continuam usando de padrões insustentáveis de produção e consumo. Esses estabelecimentos, de forma geral, podem causar uma série de danos ambientais quando não atendem as normas postas na legislação ambiental. No Brasil, apesar de todo o aparato normativo, é comum identificar matadouros em condições precárias de funcionamento, trazendo fatores de risco ao meio ambiente, a saúde da população e a economia regional.

Nesse sentido, os matadouros em seu processo produtivo geram diversos resíduos que precisam ser corretamente geridos de forma a amenizar o impacto ambiental. Dentre os resíduos gerados por matadouros têm-se os efluentes líquidos (águas residuais contaminadas com sangue e esterco e etc.) e os resíduos sólidos (sebo, ossos, esterco, couro, vísceras e outros).

Em se tratando de águas residuais geradas pelos matadouros, elas tanto podem causar danos às águas fluviais como também ao solo. No que se refere à contaminação das águas fluviais, Feistel (2011) alega que os estabelecimentos quase sempre lançam nos rios uma grande carga dessas águas, que por sua vez contaminam os rios pela incapacidade de absorção. Nesses casos os efluentes podem ser classificados como agentes de poluição das águas, constituindo uma ameaça à saúde pública.

Quanto aos resíduos sólidos, eles representam um volume maior e, frequentemente, são depositados em lixões, terrenos particulares ou queimados como combustíveis fósseis, gerando sérios prejuízos ao ar, ao solo e à saúde.

Diante do exposto, a problemática da poluição desperta na sociedade um interesse maior em relação ao meio ambiente. De forma geral, as organizações têm procurado amenizar os impactos ambientais advindos de suas atividades, seja na obtenção de materiais menos agressivos ou no tratamento dos seus resíduos. É claro que, em parte, essa preocupação se dá pela oportunidade de alcançar maior competitividade e visibilidade perante o consumidor.

Até meados da década de oitenta, as empresas enxergavam a gestão ambiental como um custo adicional. A partir da ECO-92, evento importante que marcou as discussões sobre meio ambiente, as questões ambientais nas organizações ganharam maior notoriedade, passou-se a tratá-las como estratégicas e prioritárias. (HENZEL, 2009).

As atividades desenvolvidas e oferecidas pelo poder público devem dirigir esforços para minimizar impactos ambientais. Um município, por exemplo, precisa desempenhar diversas atividades no que diz respeito à gestão de resíduos. Aqui entram em questão algumas responsabilidades como o saneamento básico, incluindo a coleta de resíduos sólidos e de efluentes e seu correto tratamento e destinação.

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Em face da realidade encontrada em diversos matadouros, especialmente naqueles que dependem da gestão pública, e principalmente levando em consideração a questão dos impactos ambientais, o presente estudo teve como proposta responder à seguinte questão: Quais os impactos ambientais gerados pelo matadouro público municipal de Caicó na atividade de abate de bovinos? Para responder a esse questionamento tem-se como objetivo geral identificar os principais impactos ambientais ocorridos nas diversas etapas das atividades realizadas no Matadouro Público do município de Caicó/RN. Para tanto, têm-se como objetivos específicos: Descrever as etapas do processo produtivo desde a geração de resíduos sólidos e efluentes líquidos até o tratamento e destinação; verificar os principais impactos do ponto de vista ambiental e sanitário em decorrência do processo produtivo; averiguar as medidas tomadas pelo setor público no sentido de minimizar os impactos ambientais e problemas sanitários que os dejetos do matadouro trazem para a comunidade local.

Este estudo é importante por poder proporcionar de forma específica a identificação dos impactos ambientais gerados pelo matadouro público municipal de Caicó, tratando-se de uma questão não só ambiental mas também de saúde da população, daí sua relevância socioambiental. Desse modo a Identificação de impactos ambientais é a condição inicial e essencial para que se desenvolvam outras ações, quer seja do ponto de vista científico na realização de outras pesquisas complementares ou do ponto de vista administrativo, no sentido de tomar as medidas cabíveis.

O alcance dos objetivos de pesquisa foi possível mediante a realização de alguns procedimentos metodológicos, tais como: check list para identificação dos impactos, pesquisa bibliográfica, para compreender melhor a problemática ambiental desencadeada pelos matadouros e dar um embasamento teórico mais sólido ao trabalho; pesquisa de campo, para analisar melhor a realidade do objeto de estudo; registros fotográficos, para documentar a realidade local; e por último as entrevistas, para compreender com maior riqueza de detalhes o funcionamento das atividades, processos e rotinas desenvolvidas no matadouro.

2 PRODUÇÃO DA CARNE BOVINA

A criação de bovinos no Brasil existe desde os tempos da colonização portuguesa, sendo, hoje, considerada uma das principais atividades econômicas do país com crescimento a cada ano. Quanto à qualidade nutricional, a carne é a fonte de proteína animal mais completa, é um alimento que faz parte do consumo diário da grande maioria da população brasileira. (SILVA, 2011).

Para se ter uma ideia acerca da atual situação da pecuária brasileira com ênfase na produção de carne, toma-se por referência dados atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):

No 3º trimestre de 2013, o abate de bovinos no Brasil atingiu pela segunda vez consecutiva novo recorde histórico na série trimestral, com a marca de 8,913 milhões de cabeças abatidas. Esse valor foi 4,4% mais alto que o recorde do trimestre imediatamente anterior (8,536 milhões de cabeças) e 10,7% superior ao valor registrado no 3º trimestre de 2012. O 3º trimestre de 2013 também foi o oitavo trimestre consecutivo em que se tem observado aumento da quantidade de bovinos abatidos, nos comparativos anuais dos

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mesmos trimestres, confirmando o bom desempenho da bovinocultura brasileira. (IBGE, 2013, p. 5).

Sem dúvidas o abate de bovinos representa uma atividade econômica significativa, estando

presente em muitos municípios brasileiros. Pela dimensão do abate de animais é possível entender o quanto esta atividade pode impactar o meio ambiente e a saúde pública, sobretudo se não forem postos em prática pela gestão pública alguns aspectos referentes à organização das atividades dos estabelecimentos de abate.

OS ABATEDOUROS

No Brasil esses estabelecimentos de abate de animais são chamados de matadouros ou abatedouros e podem ser públicos ou privados. Henzel (2009, p.23), afirma que “a indústria de carnes é composta por estabelecimentos onde se procede à matança dos animais e ao preparo de carcaças e vísceras, locais de venda in natura, chegando até os estabelecimentos de industrialização de produtos cárneos”.

Segundo Pacheco e Yamanaka (2006, p. 27), sob o ponto de vista da abrangência dos seus processos os matadouros ou abatedouros podem ser definidos como estabelecimentos que “realizam o abate dos animais, produzindo carcaças e vísceras comestíveis. Algumas unidades também fazem a desossa das carcaças e produzem os chamados cortes de açougue, porém não industrializam a carne”.

De acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Estado do Rio Grande do Sul (SENAI-RS) (2013), as instalações completas para o abate de animais envolvem currais, rampa de acesso à matança, área de atordoamento, sala de matança com subseções (sangria, esfola, evisceração, toalete, seções de miúdos), sala de desossa, expedição, setor de utilidades e áreas anexas (processamento de subprodutos: farinha de sangue e de osso, sebo, triparia, bucharia, couro, entre outras).

Conforme as definições, esses estabelecimentos devem possuir uma estrutura adequada que permita o abate, manipulação, preparo e conservação da carne. Todavia, o que se observa costumeiramente no Brasil é que grande parte dos matadouros enfrentam problemas estruturais, financeiros e de gestão, descambando em situações extremamente críticas para o setor e contrastantes do ponto de vista da legalidade. Desse modo, é comum nos veículos de comunicação em geral a exposição de irregularidades em abatedouros que vão desde as condições sanitárias e de funcionamento até as questões que impactam o meio ambiente.

LEGISLAÇÃO

A legislação ambiental brasileira encontra-se bem avançada a ponto de suas normas serem comparadas a de países desenvolvidos. Maldaner (2008, p. 39), foi precisa quando destacou duas das principais bases legais que tratam do meio ambiente: a Constituição e a Política Nacional do Meio Ambiente.

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No Brasil, a Constituição Federal de 1988, ao dedicar, de forma inovadora, todo um Capítulo ao Meio Ambiente, impôs como obrigação da sociedade e do próprio Estado, a preservação e defesa do Meio Ambiente. Desde a Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o licenciamento ambiental é um dos mais importantes instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, para o controle de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras. É importante ressaltar que o licenciamento é basicamente uma atividade a ser exercida pelo Poder Público Estadual, segundo a legislação citada e conforme os ditames da Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997.

Barbieri (2007) salienta que a Política Nacional do Meio Ambiente representa uma nova

fase da legislação ambiental brasileira na medida em que busca promover a integração sistêmica das ações governamentais, ou seja, uma maior sintonia entre Federação, Estados e Municípios.

Sobre a Constituição, o mesmo autor salienta que ela representou outro avanço considerável em matéria ambiental, já que a defesa do meio ambiente passou a ser um dos princípios fundamentais nas atividades econômicas, inclusive uma exigência do consumidor moderno, inteirado dos impactos que estas atividades econômicas podem gerar ao meio ambiente. A seguir destaca-se trecho do capítulo VI da Constituição Federal de 1988 relacionado a esta temática:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...]

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; [...].

Além desses instrumentos legais, tem-se, ainda, a Carta Magna que busca garantir à

coletividade um meio ambiente equilibrado através de empreendimentos corretamente projetados e prevê ainda medidas de controle que garantam o seu correto funcionamento.

Sobre essas e outras medidas de controle é conveniente ressaltar a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre os critérios, as sanções penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente e o Decreto nº 6.514, de 12 de julho de 2008, tratando das infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, imputando ao infrator algumas penalidades, tais como: advertência, multas, demolição de obra, suspensão parcial ou total das atividades, entre outras penalizações.

Contudo, mesmo diante da existência das leis, as infrações ocorrem. Para se ter noção do tamanho de tal problema, convêm destacar que ainda é possível identificar abatedouros funcionando sem o licenciamento ambiental, contrariando o que estabelece a Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997, do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) ao tratar da obrigatoriedade do licenciamento ambiental para os abatedouros.

É esta mesma resolução que, no seu artigo 1º, inciso I, traz o seguinte conceito de licenciamento ambiental:

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Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Reforçando o que foi dito em momento anterior por Maldaner (2008), o licenciamento

ambiental é um importante instrumento para operacionalização da PNMA, na medida em que o mesmo constitui um balizamento para o planejamento, localização, construção e funcionamento de atividades potencialmente poluidoras.

Outro marco legal importantíssimo é a Lei Federal nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Em seu artigo 4º a Lei destaca que a Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne os princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotadas pelo Governo Federal juntamente com Distrito Federal e Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.

Por conseguinte, o que se percebe na prática de gestão dos resíduos de matadouros públicos é que o tratamento e a destinação de alguns resíduos ainda estão distantes do que preconiza a PNRS, principalmente quando se correlacionam as atuas práticas desses estabelecimentos aos princípios de prevenção e precaução, desenvolvimento sustentável e ao reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social.

No entanto não são apenas os aspectos ambientais que estão em discussão, já que a problemática ambiental envolvendo matadouros implica também em condições sanitárias satisfatórias em relação à manipulação, armazenamento, transporte e distribuição do produto bovino, visando a saúde pública. Desse modo, o artigo nº 196 da Constituição Federal dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo isto mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos. Assim, conforme mencionado, o Estado deve promover ações que garantam a saúde pública, ações que serão efetivadas por seus diversos órgãos.

Consoante à discussão proposta está a Lei Federal nº 1.283 de 29 de março de 1950. Em seu artigo 1º ela estabelece “a obrigatoriedade da prévia fiscalização sob o ponto de vista industrial e sanitário de todos os produtos de origem animal, comestíveis ou não comestíveis”, e determina no seu artigo 2º que estão sujeitos a tal fiscalização os “animais destinados à matança, seus produtos e subprodutos e matérias primas”. Convêm ainda mostrar o Decreto nº 30.691 de 29 de março de 1952, que estabelece a classificação dos estabelecimentos de produtos de origem animal, tratando do registro, das condições de higiene, das obrigações, da inspeção da carne, dos procedimentos de funcionamento, manipulação e etc. E para complementar, apresenta-se também a Lei Federal nº 7.889 de 22 de novembro de 1989, a qual consigna que a inspeção sanitária prévia de que trata a Lei nº 1.283/50, quanto aos produtos de origem animal, é também de competência dos municípios, nos termos do artigo 23, II, da Constituição Federal, e ainda que a referida competência fiscalizatória se dará por meio de seus órgãos, quando os estabelecimentos a ela submetidos participarem do comércio apenas no âmbito municipal. Apesar de todas essas

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leis representarem o que existe de mais concreto no controle da higiene na produção da carne brasileira, constata-se que as condições previstas muitas vezes não são obedecidas.

Todas as questões de higiene e saúde mencionadas refletem-se, sobremaneira, nas relações de consumo, uma vez que a carne produzida é comercializada ao consumidor. Neste sentido, a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), versa

sobre a Política Nacional das Relações de Consumo afirmando que a mesma objetiva o respeito à dignidade, saúde e segurança do consumidor, atendido o princípio de que a ação governamental deve protegê-lo efetivamente por iniciativa direta, pela presença do Estado no mercado de consumo e pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. Na mesma direção está o artigo o artigo 8º da mesma lei, determinando que “os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores”.

No que se refere à defesa dos interesses coletivos, a Constituição Federal de 1988 estabelece no seu artigo 129º que cabe ao Ministério Público (MP), por dever constitucional, a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis, sendo sua função institucional “zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos constitucionalmente assegurados, promovendo as medidas necessárias a sua garantia”, como também impute ao MP o dever da instauração de Inquérito Civil e ajuizamento de Ação Civil Pública, para a proteção de interesses difusos e coletivos.

Como se pode observar, os direitos do cidadão e da coletividade estão garantidos na lei e efetivados por meio de instituições como o MP, que na ausência das condições postas na lei e respeitando os interesses difusos ou coletivos interfere de forma a reestabelecer o equilíbrio necessário ao bem social. Por conseguinte, é comum verificar pelos noticiários que muitos abatedouros são questionados pelo MP quanto as suas práticas. As questões de irregularidade vão desde as questões sanitárias, passando por problemas estruturais, de impacto ambiental, trabalhistas, de gestão, entre outras. Algumas vezes estes problemas estão aglutinados, o que dificulta sua resolução por todos eles requererem priorização. Para concluir ressalta-se que nos casos envolvendo matadouros, uma das formas que se tem notícia para resolução dos problemas de forma mais eficiente é o estabelecimento de acordos - entre gestão e entidades fiscalizadoras - efetivados por meio de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), os quais permitem soluções mais rápidas se comparadas à morosidade da justiça brasileira.

ABATE BOVINO: PROCESSO, GERAÇÃO E DESTINAÇÃO DE EFLUENTES E RESÍDUOS SÓLIDOS

De acordo com Pacheco e Yamanaka (2006), a produção da carne para consumo humano requer uma série de cuidados. O processo inicia-se com a recepção dos animais nos currais, respeitando-se o tempo de descanso que varia entre 16 e 24 horas. Após completarem o tempo necessário e estabelecido, os animais são conduzidos para a lavagem e em seguida para o abate, este composto por duas etapas: atordoamento e sangria. Segue-se o processo com a esfola do animal, retirada das vísceras, corte da carcaça, desossa, refrigeração e expedição. De forma geral, o processo de abate de bovinos pode ser descrito conforme Figura 1.

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Figura 1: Fluxograma básico do abate de bovinos e geração de efluentes e resíduos.

Fonte: RABELO; SILVA; PERES, 2014, p. 81.

Apesar de o esquema estabelecer a padronização para o processamento de bovinos, alguns matadouros dispõem de processos que podem variar conforme as especificidades locais ou regionais, por exemplo: o sangue pode ser enviado para o processamento por terceiros ou tratado nas graxarias anexas aos matadouros em virtude de uma demanda local por farinha de sangue para ração animal.

Considerando que cada etapa do processo de produção da carne gera subprodutos diversificados, logo, são necessários diferentes procedimentos quanto à gestão destes, adotando medidas que, prioritariamente, possam reaproveitá-los minimizando a geração de efluentes e resíduos sólidos. A seguir destaca-se uma classificação desses subprodutos para melhor compreensão.

Os subprodutos do abate de animais podem ser classificados como comestíveis – destinados à alimentação humana in natura, semiprocessados ou como matéria-prima de outro produto alimentício – ou não comestíveis – destinados a outras aplicações, tais como farinhas para ração animal, produtos farmacêuticos etc.”. (PARDI et al., 1996 apud BARROS e LICO, [200-?], p.2).

Ainda tomando por referência as palavras dos autores supracitados, as práticas de

destinação dos resíduos de origem animal, geralmente, utilizadas, são: aterros, enterramento,

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compostagem, queima, incineração e reciclagem. Os aterros representam uma péssima escolha por não apresentar temperaturas adequadas para eliminar bactérias e esporos resistentes ao calor. O enterramento traz sérias preocupações com contaminações de águas subterrâneas. A compostagem é uma adaptação do processo que o agricultor utiliza desde a antiguidade para transformar restos agrícolas podendo considerar como uma alternativa apenas para pequenas quantidades. A queima libera fumaça, odores e outros poluentes atmosféricos. A incineração é ideal para este tipo de atividade, pois converte matéria orgânica em inorgânica eliminando qualquer tipo de organismo patogênico, porém deve-se considerar a escassez e custo de incineradores. Por último destaca-se a reciclagem, pois consiste no aproveitamento pela transformação de restos de animais em produtos ainda utilizáveis como sebo, óleo e adubos, sendo, portanto, devido aos baixos custos, a prática mais recomendada entre as demais.

Vale salientar que o artigo nono da Lei Federal 12.305, de 2 de agosto de 2010, deixa claro que “na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”. Nesse sentido, deve-se optar por procedimentos que não causem impactos ou que os minimizem.

Também é interessante mencionar que as organizações devem adotar, sobretudo, uma postura proativa vislumbrando os benefícios internos e externos à organização. Segundo Jabbour A. e Jabbour C. (2013), os benefícios internos de uma gestão adequada relacionam-se ás melhorias das variadas dimensões da performance organizacional, tais como o resultado operacional, desempenho em inovação e mercado. Já os benefícios externos podem ser compreendidos como contribuições que se ampliam à sociedade, como a influencia sobre as regulamentações ambientais, atendimento ao desenvolvimento sustentável e as parcerias com outras organizações.

ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DE ABATEDOUROS BOVINOS

Segundo a norma ABNT NBR ISO 14001:2004, aspecto ambiental é o “elemento das atividades, produtos e/ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente”. A mesma norma destaca que apesar de não existir uma abordagem para se identificar aspectos ambientais, a abordagem poderia considerar emissões atmosféricas, lançamentos em corpos d’água, lançamentos no solo, uso de matérias-primas e recursos naturais, dentre outros. Neste sentido, aspectos ambientais são os elementos da produção que, se utilizados, podem gerar determinados impactos ambientais. . Em outras palavras, Júnior (2010), salienta que aspectos ambientais são as intervenções organizacionais sobre o meio ambiente, quer sejam adversas ou benéficas. Nesse sentido, em se tratando dos abatedouros bovinos, a utilização da água, das máquinas, o processamento da carne, a utilização da energia elétrica, todos podem ser considerados aspectos ambientais.

Já os impactos ambientais são os efeitos das interações entre os aspectos ambientais e o meio ambiente alteração da qualidade de corpos d’água, do ar, contaminação do solo, erosão, etc. A cada aspecto ambiental pode estar relacionado um ou mais impactos ambientais (PACHECO; YAMANAKA, 2006, p. 50). Complementando, Júnior (2010) afirma que os impactos ambientais dizem respeito não somente às atividades antrópicas, mas são fruto também de atividades naturais (enchentes, terremotos e etc.).

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Controlar os impactos ambientais requer monitoramento, medição e avaliação dos processos e aspectos ambientais; requer, também, comprometimento com a melhoria contínua.

Ainda Segundo Pacheco e Yamanaka (2006), os impactos ambientais gerados por matadouros estão relacionados principalmente ao consumo de água e energia, geração de efluentes líquidos com alta carga de poluição orgânica, o odor, os resíduos sólidos e o ruído advindo de máquinas e animais.

3 METODOLOGIA

Tendo como premissa o objetivo geral desta pesquisa que é “identificar os principais impactos ambientais ocorridos nas diversas etapas das atividades realizadas no Matadouro Público do município de Caicó/RN”, classifica-se a mesma como exploratória. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos adotados, pode-se classificá-la como pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo.

Sendo assim, o alcance dos objetivos da pesquisa foram possíveis mediante a realização de alguns procedimentos metodológicos descritos a seguir.

Para identificação dos impactos ambientais fez-se necessária a aplicação do método da listagem de controle (check list). Concomitantemente à utilização desse método, realizou-se uma pesquisa bibliográfica para melhor entendimento da realidade em estudo; visitas ao matadouro para observação de todo o processo de abate, suas etapas, seus efluentes e resíduos gerados bem como uma visita ao lixão municipal para verificar in loco os possíveis impactos gerados a partir do depósito dos resíduos do matadouro. Houve ainda a realização de entrevistas com o gestor e com alguns colaboradores para identificar a destinação de resíduos e efluentes líquidos; por fim, complementado a pesquisa, foram realizados registros fotográficos para melhor análise das condições de abate e estrutura do estabelecimento.

Considera-se como universo de pesquisa todos três dos dezenove servidores públicos atualmente desempenhando suas atividades laborais na unidade do matadouro público municipal de Caicó. A partir de uma amostra composta pelo gestor, que também é servidor público, e por dois outros servidores, captaram-se os dados necessários a realização da pesquisa.

No que se refere à coleta dos dados, eles foram adquiridos no período compreendido entre 01/03/2014 e 24/05/2014 no próprio matadouro público e também no lixão do município. A partir da coleta dos dados optou-se por analisá-los de forma qualitativa, no sentido de identificar estruturas, processos, efluentes, resíduos e impactos gerados.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para identificar os principais impactos ambientais ocorridos nas diversas etapas das atividades realizadas no Matadouro Público do município de Caicó/RN, buscou-se fazer uma descrição da sua estrutura física, a identificação das etapas do processo de produção e seus resíduos/efluentes, a destinação destes, bem como, ao final, verificar o atendimento as normas sanitárias.

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DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA FÍSICA DO MATADOURO PÚBLICO MUNICIPAL DE CAÍCÓ

No tocante a sua estrutura física, o matadouro é composto por currais de recepção dos animais, seringa (corredor) para condução dos animais até a sala de abate, gaiola de atordoamento, salões onde se realizam a esfola, a evisceração e o esquartejamento dos animais, local para tratamento das vísceras, balança para pesagem das carcaças, zona para desossa, elaboração e expedição do produto cárneo e lagoa para armazenamento de efluentes líquidos. A Figura 2 retrata nesta mesma ordem toda a estrutura descrita.

Figura 2: Estrutura física do Matadouro Público Municipal de Caicó/RN.

Fonte: Org. do Autor.

A análise da estrutura física do estabelecimento permite verificar que a mesma não condiz com o que determina o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), aprovado pelo Decreto nº 30.691, de 29 de março de 1952. Para não tornar o estudo exaustivo, destacam-se somente alguns aspectos relevantes: o estabelecimento não possui câmara fria para acondicionamento da carne produzida, não dispõe de uma sala de necropsia com forno crematório, currais de observação, banheiro de aspersão, piso impermeável, tratamento de efluentes e resíduos, entre outras deficiências verificadas.

Todas estas questões de deficiência expostas acima trazem sérias consequências ao meio ambiente e a saúde da população. Desse modo, não possuir câmara fria poderá influenciar nas

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condições da qualidade da carne e também de saúde de quem trabalha e consome, a falta de uma sala de necropsia e forno crematório podem implicar no contato de animais doentes com animais saudáveis e na necessidade de eliminar animais doentes por métodos não recomendáveis como a queima do animal em ambiente aberto pela utilização de combustíveis fósseis, gerando gases poluentes.

IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO DO MATADOURO PÚBLICO DE CAICÓ/RN

No que se refere às etapas do processo de produção segue adiante sua descrição. Em primeiro lugar os animais são recebidos nos currais onde permanecem por um tempo mínimo de 16 horas, para descanso. Só então são conduzidos através da seringa até a sala de abate onde é realizado o atordoamento manual por meio de uma marreta convencional. Após o atordoamento, cujo objetivo é deixar o animal imóvel e inconsciente, é realizada a sangria que efetiva a morte. Em seguida os animais são conduzidos em uma plataforma com rodas até o local onde é feita a esfola, evisceração e esquartejamento manual com uso de facas. Nesta fase, primeiro são retiradas as patas para aproveitamento dos mocotós e logo depois se realiza a esfola do animal seguida da evisceração (retirada das vísceras). O processo segue com a divisão do animal em quatro partes de forma a constituir a carcaça. Depois de pronta, a carcaça é colocada em pequenos carros e submetida ao procedimento de pesagem e posterior expedição para comercialização. A Figura 3 mostra os principais momentos do processo de abate.

Figura 3: Processo produtivo

Fonte: Org. do Autor.

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O Manual para Padronização de Técnicas, Instalações e Equipamentos do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), baseado no RIISPOA, determina alguns parâmetros necessários às instalações de abate de bovinos. Dessa maneira, tomando-se por referência este manual é possível verificar que o estabelecimento ainda não possui instalações e equipamentos essências ao processo de abate dos animais, isto inclui: chuveiros de aspersão para lavagem dos animais, pistola pneumática para insensibilização, serras elétricas para corte da carcaça, trilhagem aérea para condução dos animais mortos nas várias etapas do processo e tantos outros equipamentos necessários. É indispensável esclarecer que a inexistência de alguns equipamentos essências, como a trilhagem aérea, por exemplo, está condicionada a falta de instalações físicas adequadas.

Outra questão pertinente e relacionada à questão anterior diz respeito ao consumo de água no processo produtivo e na higienização do local de trabalho. Por não dispor de instalações e equipamentos, o matadouro torna-se vilão no consumo de água, chegando a ser abastecido com até dois caminhões pipa por dia de abate, além, é claro, do consumo dos seus dois reservatórios. A falta de mecanismos de racionalização modernos conduz a esta situação de desperdício, implicando em uma maior geração de efluentes líquidos.

GERAÇÃO DE RESÍDUOS E EFLUENTES DO MATADOURO PÚBLICO DE CAICÓ/RN

O processo de produção cárneo gera, em cada etapa, resíduos e efluentes. Assim procurou-se estabelecer um esquema que permitisse identificar as etapas do processo e ao mesmo tempo mostrar o que cada etapa gera em termos de resíduos e efluentes. A seguir apresenta-se este esquema na Figura 4.

Figura 4: Fluxo de geração de resíduos e efluentes líquidos

Fonte: Org. do Autor.

Seguindo o fluxo da produção conforme ilustra a figura, na primeira etapa ou fase de recebimento dos animais os resíduos gerados resumem-se as fezes e urina, tendo em vista a

Recebimento dos animais nos currais

Fezes e urina

Atordoamento e

sangria

Sangue, fezes urina e efluentes

líquidos

Esfola

Couro , rabo, cascos, sebo,

cabeça,chifres, e efluentes

líquidos

Evisceração

Vísceras comestíveis,

não comestíveis e efluentes

líquidos

Corte da carcaça

Ossos e aparas de

carne, gordura e efluentes líquidos

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permanência dos animais por um período de aproximadamente 16 horas nos currais de descanso. Cumprido esse período mínimo de descanso os animais seguem para etapa de atordoamento e sangria, onde expelem uma grande quantidade de sangue, fezes e urina. Depois de abatido é realizada a esfola, processo que consiste na retirada do couro e abertura do animal gerando alguns subprodutos como couro, rabo, cascos, sebo, cabeça e chifres. O processo segue com a retirada das vísceras comestíveis e não comestíveis. Essas vísceras seguem para uma estação de tratamento anexa ao matadouro onde são separadas e limpas, gerando subprodutos tais como: as tripas e o bucho. Ainda nesta etapa há geração de resíduos (vísceras não comestíveis e fezes) e efluentes líquidos. Por último ocorre o corte da carcaça em quatro partes, gerando resíduos de ossos, aparas de carne e gorduras.

E para finalizar, ressalta-se que a higienização do ambiente de abate se dá com a utilização abundante de água e produtos químicos que se transformam em efluentes líquidos.

DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS E EFLUENTES DO MATADOURO PÚBLICO DE CAICÓ/RN

Tão importante quanto às questões anteriormente levantadas é mostrar a atual destinação dos resíduos e efluentes líquidos do matadouro, a partir do Quadro 1 é possível verificar essa destinação.

DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS E EFLUENTES

RESÍDUO OU EFLUENTE LÍQUIDO DESTINAÇÃO

Fezes Doadas para adubo. Excesso depositado no lixão

Sangue Coletado para depósito no lixão ou em terrenos particulares

Efluentes líquidos e águas residuais Depositadas em lagoas

Couros Vendidos para fabricação de bolsas e sapatos

Rabos Vendidos para fabricação de cordas e pinceis

Cascos Vendidos para fabricação de farinha de osso

Sebos Vendidos para fabricação de sabão

Cabeças Vendidas para fabricar adubo e ração ou depositadas no lixão

Chifres Vendidos para fabricação de farinha de osso

Vísceras comestíveis Vendidas para consumo humano

Vísceras não comestíveis Enviadas para lixão do município

Ossos Vendidos para fabricação da farinha de osso

Gorduras Depositadas no lixão do município

Aparas de carnes Vendidas como subproduto cárneo

Quadro 1: Destinação dos resíduos e efluentes Fonte: Org. do Autor.

Conforme demonstra o quadro, os maiores impactos referem-se ao excesso de fezes, sangue, vísceras não comestíveis e gorduras que são frequentemente depositados no lixão do município. A Figura 5 enfatiza alguns destes resíduos descartados pelo matadouro no lixão do município de Caicó.

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Figura 5: Resíduos provenientes da atividade de abate depositados no lixão da cidade.

Fonte: Org. do autor.

O descarte de resíduos orgânicos de forma inadequada pode trazer prejuízos irreparáveis, tanto do ponto de vista de saúde pública como também ambiental. Como se tratam de resíduos orgânicos altamente putrescíveis, os odores são permanentes e podem incomodar as comunidades adjacentes tais como sítios e chácaras próximas. Outro agravante do depósito destes resíduos em lixões é que eles podem atrair agentes transmissores de doenças como moscas, baratas, ratos e urubus, gerando riscos iminentes para a população que transita e/ou reside nas proximidades. Do ponto de vista ambiental, estes resíduos apresentam-se como fonte geradora de contaminação do solo e dos mananciais, sejam eles de superfície ou subterrâneos, a exemplo do que pode ocorrer com o Rio Barra Nova cuja margem localiza-se a uma distância de cerca de 300m do lixão. Com a Figura 6 é possível ter uma noção da localização do lixão no município de Caicó bem como identificar a proximidade do matadouro e do lixão em relação às margens do Rio Barra Nova.

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Figura 6: Localização do lixão e do matadouro no município de Caicó/RN

Fonte: Adaptado do Google Maps, 2013.

A imagem mostra que o lixão localiza-se a oeste-noroeste do município de Caicó, a aproximadamente 3 km da zona urbana. Já com relação ao matadouro, está situado a oeste e muito próximo a zona urbana, inclusive próximo a algumas residências.

Dando continuidade à discussão, em virtude de toda esta situação desfavorável aos preceitos ambientais e de saúde e ainda por não possuir licenciamento ambiental, o matadouro público de Caicó/RN vem sendo alvo de constantes fiscalizações principalmente do Ministério Público Estadual, do Ministério Público do Trabalho, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente e de outros órgãos. Atualmente, encontra-se sob Termo de Ajustamento de Conduta, tendo que adequar suas atividades às exigências legais. Embora todas essas pressões sejam permanentes, nem todas as solicitações emanadas das entidades fiscalizadoras foram cumpridas, restando uma série de requisitos a serem atendidos.

CONDIÇÕES SANITÁRIAS DO MATADOURO PÚBLICO DE CAICÓ/RN

As condições sanitárias do matadouro são também merecedoras de atenção e apresentam-se como reflexo da atual estrutura física, instalações e equipamentos. Para se ter uma ideia destas condições torna-se imprescindível abordar alguns pontos. No que diz respeito ao piso do matadouro, este não possui impermeabilidade, inclinação requerida e regularidade, permitindo o acumulo de água e, consequentemente, a possível proliferação de mosquitos. Com relação às janelas, não possuem telas protetoras que impeçam a entrada das moscas. Os portões de entrada e saída do ambiente são totalmente abertos à entrada de insetos como ratos, baratas, mosquitos e também animais domésticos (cães e gatos). No que se refere aos instrumentos de trabalho como facas, baldes, machados, dentre outros, não passam por nenhuma esterilização antes ou após sua utilização. Quanto ao transporte da carne, boa parte dos veículos que fazem o translado da carne são de múltiplo uso e não apresentam as mínimas condições de higiene requerida, tornando-os

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impróprios para esta atividade. Além disso, as ruas e avenidas que contornam às instalações do matadouro não estão pavimentadas, levando o risco de contaminação do produto por partículas de poeira. Outra questão pertinente é a de que não há um processo de higienização para entrada de pessoas, carros de mão, caixas e demais objetos e instrumentos. E por último, por não possuir uma câmara fria, os produtos do matadouro deveriam ser transportados imediatamente a fim de serem acondicionados e conservados, o que na prática não ocorre.

Todas estas condições descritas são, no mínimo, preocupantes, já que o consumo da carne em condições inadequadas pode levar a população a contrair doenças como brucelose, tuberculose, neurocisticercose, entre outras, podendo inclusive levar à morte. Apresentam-se como altamente prejudiciais a saúde humana, um sério risco a sociedade e a própria atividade econômica em questão. Do ponto de vista legal, representam uma afronta ao que estabelece o artigo 196 da constituição, o qual dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo isto mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos.

Diante de todas estas demandas, é pertinente mencionar que a gestão municipal elencou a reforma e ampliação do matadouro como uma prioridade, prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias do município de Caicó no ano de 2013. Apesar disso nada aconteceu, a não ser alguns ajustes paliativos. Segundo informações do administrador do matadouro as questões de adequação esbarram principalmente na falta de recursos do município, que busca articulações políticas para viabilizar a reforma atualmente orçada em 2 milhões de reais.

Também é imprescindível citar a Lei Federal nº 1.283/50 que determina a obrigatoriedade da prévia fiscalização do ponto de vista industrial e sanitário e ainda a Lei Federal n.º 7.889/89, determinando que a inspeção sanitária prévia quanto aos produtos de origem animal é também de competência dos municípios, e ainda que a competência fiscalizatória se dará por meio de seus órgãos, quando os estabelecimentos a ela submetidos participarem do comércio apenas no âmbito municipal. Diante desta situação prevista em lei, a gestão municipal exerce papel de mera expectadora, uma vez que o matadouro não passa por qualquer tipo de inspeção municipal.

5 CONCLUSÕES

A atividade de abate de bovinos é de grande relevância econômico-social para a população brasileira já que ela traz emprego e renda nos seus diversos níveis, a começar pela criação, engorda, reprodução, abate, entre tantas outras atividades afins. No Seridó, e em Caicó/RN especialmente, esta atividade também tem uma importância econômico-social, revelando o quanto ela deve ser valorizada e priorizada.

Por enquanto essa valorização e priorização não passam do discurso ou do campo teórico. A inexistência de ações concretas de iniciativa da gestão municipal que, segundo ela mesma, é ocasionada, principalmente, pela escassez de recursos financeiros determinam as atuais condições do matadouro, que por sua vez, acarretam sérias consequências tanto do ponto de vista ambiental bem como de saúde pública.

O caso do matadouro público do município de Caicó/RN apresenta-se como uma situação de risco ao meio ambiente e a saúde pela gestão inadequada dos resíduos sólidos gerados e pelas

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questões sanitárias evidenciadas. No contexto dos impactos ambientais, observou-se a geração de resíduos sólidos que na maior parte das situações são corretamente aproveitados para a fabricação de outros produtos. Entretanto, alguns resíduos tais como as fezes, gorduras, sangue e vísceras ainda são descartados no lixão do município. São, assim, fontes geradoras de vetores e contaminação do solo e dos recursos hídricos. Quanto às questões sanitárias levantadas, elas apresentam-se de maneira não menos importante, pois são extremamente nocivas a saúde pública.

Acredita-se que a viabilização de recursos para ampliação e reforma do matadouro seja o caminho mais indicado para solucionar toda esta problemática, em virtude de muitos problemas sistêmicos, ou seja, de gargalos não pontuais distribuídos em toda a cadeia produtiva daquele estabelecimento. É imprescindível ressaltar que proporcionalmente à reforma de instalações e aquisição de equipamentos seja realizado um investimento na reeducação de todas as pessoas envolvidas, incluindo produtores, servidores, magarefes e marchantes.

Para finalizar, embora a viabilização de recursos para reforma seja a alternativa aqui defendida, não se pode descartar medidas emergências que minimizem os impactos ao meio ambiente e a saúde pública. A reciclagem, a exemplo do que já é realizado com os outros resíduos do matadouro, apresenta-se como melhor alternativa ambiental, de saúde pública e também econômica, uma vez que os resíduos podem transformar-se em produtos comerciais com valor de venda, gerando emprego e receita. Cabem ao poder público, as entidades de classe e a sociedade criarem alternativas que promovam a transformação destes resíduos em algo de valor do ponto de vista socioambiental e econômico.

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