iluminação - revista backstage · cessidade de uma qualificação profis-sional em termos de...

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72 www.backstage.com.br ILUMINAÇÃO O que mudou no mercado para o iluminador foi, sobretudo, a velocidade com que a tecnologia avançou nos últimos anos. Técnico sem atualização é técnico sem trabalho. Karyne Lins [email protected] colaborou: Danielli Marinho D Iluminação Quem é esse novo profissional de iluminação e qual o perfil sustentado pelo mercado e acordo com uma expressão usada pelos iluminadores, hoje não adianta ser só ‘na graxa’. Ou seja, ter apenas prática. Conhecimentos técnicos e artísticos devem ca- minhar juntos para quem quiser ocupar um espaço de destaque no mercado de iluminação. Isso vale tanto para empresas como para profissionais autônomos. No caso dos profissionais, há ainda outras duas exigências: entender e representar o pensamento da empresa diante dos clientes e criar um projeto de luz que atenda às necessidades de quem contrata, como o desenvolvimento de uma linguagem mais simples, que permita que os clientes se entrosem com a equipe de técnicos e entendam os seus termos. Como o mercado de iluminação abrange diversas áreas distintas como show, TV, gravação de DVDs, eventos de diversas finalida- des, dança, teatro, arquitetura, etc, o iluminador também deve es- tar preparado para lidar com situações distintas. É nessa hora que um profissional com habilidade para resolver questões tanto técnicas quanto estéticas, que contribua com idéias e soluções para que o re- sultado final seja o melhor possível, que tenha um bom relaci- onamento, fale inglês e cumpra os prazos e metas financeiras será bem-vindo. Empresas e clientes Carlos Bento Ban- darra, sócio da B&B Iluminação (RS) – que atua na área de consultoria, treina- mento e educação em iluminação cênica –, aponta dois prin- cipais perfis de empresas: aquelas que prestam serviços casa- dos de sonorização e iluminação e procuram profissionais com mobilidade em várias áreas; e (em minoria) empresas de iluminação que optam por profissionais para gerência. Em ambos os casos a preferência é para quem se adapte à informalidade do mercado. Para Beto Bruel, proprietário da Tamanduá Iluminação, de Curitiba (PR), não existe mais cliente fiel. “Hoje, se você não passar o que ele quer saber em 15 minutos, ele vai atrás de outro”. Atentar para a mudança no relacionamento de empresas e clientes deve fazer parte do perfil desse novo pro- fissional, pois ele é uma espécie de relações-públicas da em- presa. “Se ele tratar mal o cliente, você perdeu de vez para o concorrente”, ressalta. Qualificação O aprendizado do iluminador no Brasil vem primeiro por meio da prática e, depois, a necessidade o faz estu- dar mais a teoria, afi- nal de contas, saber fa- zer para saber exigir é fundamental nos dias de hoje. Ter uma base de eletrotécnica, domi- nar as mesas de luz, de- senhar uma planta bai- Fotos: Divulgação

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72 www.backstage.com.br

ILUMINAÇÃO

O que mudou no mercado para o iluminador foi, sobretudo, a velocidadecom que a tecnologia avançou nos últimos anos. Técnico sem atualizaçãoé técnico sem trabalho.

Karyne Lins

[email protected]: Danielli Marinho

D

IluminaçãoQuem é esse novo profissional de iluminaçãoe qual o perfil sustentado pelo mercado

e acordo com uma expressão usada pelos iluminadores,hoje não adianta ser só ‘na graxa’. Ou seja, ter apenasprática. Conhecimentos técnicos e artísticos devem ca-

minhar juntos para quem quiser ocupar um espaço de destaqueno mercado de iluminação. Isso vale tanto para empresas comopara profissionais autônomos. No caso dos profissionais, há aindaoutras duas exigências: entender e representar o pensamentoda empresa diante dos clientes e criar um projeto de luz que atendaàs necessidades de quem contrata, como o desenvolvimento de umalinguagem mais simples, que permita que os clientes se entrosem coma equipe de técnicos e entendam os seus termos.

Como o mercado de iluminação abrange diversas áreas distintascomo show, TV, gravação de DVDs, eventos de diversas finalida-des, dança, teatro, arquitetura, etc, o iluminador também deve es-tar preparado para lidar com situações distintas. É nessa hora queum profissional com habilidade para resolver questões tanto técnicasquanto estéticas, quecontribua com idéias esoluções para que o re-sultado final seja omelhor possível, quetenha um bom relaci-onamento, fale inglêse cumpra os prazos emetas financeiras serábem-vindo.

Empresas eclientesCarlos Bento Ban-

darra, sócio da B&B

Iluminação (RS) – que atua na área de consultoria, treina-mento e educação em iluminação cênica –, aponta dois prin-cipais perfis de empresas: aquelas que prestam serviços casa-dos de sonorização e iluminação e procuram profissionaiscom mobilidade em várias áreas; e (em minoria) empresas deiluminação que optam por profissionais para gerência. Emambos os casos a preferência é para quem se adapte àinformalidade do mercado.

Para Beto Bruel, proprietário da Tamanduá Iluminação,de Curitiba (PR), não existe mais cliente fiel. “Hoje, se vocênão passar o que ele quer saber em 15 minutos, ele vai atrásde outro”. Atentar para a mudança no relacionamento deempresas e clientes deve fazer parte do perfil desse novo pro-fissional, pois ele é uma espécie de relações-públicas da em-presa. “Se ele tratar mal o cliente, você perdeu de vez para oconcorrente”, ressalta.

QualificaçãoO aprendizado do

iluminador no Brasilvem primeiro por meioda prática e, depois, anecessidade o faz estu-dar mais a teoria, afi-nal de contas, saber fa-zer para saber exigir éfundamental nos diasde hoje. Ter uma basede eletrotécnica, domi-nar as mesas de luz, de-senhar uma planta bai-

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xa e uma planta de cor-te (de preferência nocomputador), ter bomgosto com cores e for-mas e ainda entender aestética proposta no no-vo espetáculo são indí-cios de um profissionalcom a qualificação queo mercado espera.

Djalma Amaral, ilu-minador de Paulinhoda Viola, Arlindo Cruze Wagner Tiso e pro-fessor substituto naUniRio, acha que aquestão da sensibilidade se perdeu com atecnologia. Ele observa, que existe uma ne-cessidade da volta dessa sensibilidade paratrabalhar com a luz hoje.

O que acontece especificamente nocenário de Curitiba, para Luiz Nobre,

diretor da Confraria da Luz (PR) e pre-sidente da ABrIC (Associação Brasi-leira de Iluminação Cênica), é a ne-cessidade de uma qualificação profis-sional em termos de responsabilidade téc-nica. “É imprescindível que a nossa cate-

goria se qualifique aponto de responderpor danos que acon-tecem em espetácu-los. Se um refletor émal colocado e cai, porexemplo, ninguém res-ponde nada! Se o en-genheiro fizer um cál-culo errado ou o mé-dico errar o diagnósti-co eles respondem pro-cesso. Quando não háessa responsabilidadena profissão, qualquerum quer entrar. Isso é

perigoso”, alertou.A Fila Luz Iluminação de Manaus foi

inaugurada no ano de 1987 por Dió-genes ‘Batata’, em uma época que nãoexistia mercado para esse segmento naregião. Como diretor técnico do Teatro

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Amazonas, acompanhou o crescimentode Manaus em termos culturais. Hoje,já há muitas casas de eventos que seprofissionalizaram e precisam de profis-sionais, sendo que a maioria começoupela prática dentro da própria Fila Luz.“Acredito que o mais importante aquina região, para quem está se profis-sionalizando, é o intercâmbio entre nos-so pessoal com os iluminadores de gran-des nomes da música que vêm para a ci-dade, como Marina Lima, Titãs, Para-lamas do Sucesso, Elba Ramalho, GalCosta, Maria Betânia, entre outros quea empresa já atendeu”, disse Batata.

O que dizem desse novoprofissional de iluminação“Acredito que além dos conhecimentos

específicos da área e da prática em ilumi-nação, o profissional deve ter uma certa cu-riosidade, um interesse em aprender novastecnologias, assim como em ampliar suacultura visual. Procuro por profissionais quetenham uma certa especialização em de-terminados campos: rigger, moving light,eletrônica digital, consoles novas, dimmers,energia e geradores”, disse Marcos Olívio,lighting designer há 30 anos e diretor daSpectrum Design e Iluminação Ltda (SP).

Marcos Olívio lembra que os critérios deseleção de funcionários e/ou técnicos free

lance para trabalharem em uma empresanão podem ser comparados com os critériosde 15 ou 20 anos atrás. Um dos motivos éporque o equipamento de hoje é muito di-ferente e a eletrônica e a linguagem digitalestão totalmente incorporadas ao cotidia-no da empresa. O profissional com maiorconhecimento desta linguagem e maiorcapacidade de trazer esta experiência para

a realidade dos trabalhos é aquele que asempresas vão procurar. “Há uma dificulda-de instalada na parte de renovação dosquadros técnicos por falta de escolas e ou-tras formas de aprendizado. Então, valemuito a experiência objetiva em campo,mas o conhecimento técnico de um candi-dato não é o bastante se ele não estiver ha-bilitado e disposto ao trabalho pesado. De

uma forma mais objetiva, poderia apontarcomo critério de capacitação para a contra-tação conhecimento de eletricidade e for-ça de trabalho. Os demais conhecimentossão minimizados. Outro critério que passa aser considerado para contratação é o nívelde educação básica, lastro para o bom com-portamento com os clientes”, acreditaCarlos Bandarra.

Luiz Nobre comenta que as empresasabsorvem todo tipo de equipamento novo epara prestar serviço para locadoras comtecnologia de ponta não pode ser só maisum iluminador, deve pensar e entenderconceitos de cenografia, lighting designer,luz arquitetural, show business, ballet, tea-tro, etc. “Posso dizer que, na minha opinião,o teatro ainda é a melhor escola, pois permi-te dominar todas as linguagens dessa profis-são. O teatro exige que você leia os roteiros,participe dos ensaios, saiba o conceito decada cor dentro da proposta do espetáculo,tudo relativo a iluminação está dentro deum contexto”, diz Luiz Nobre.

Batata espera que a sensibilidade e ogosto pela profissão sejam quesitos bási-cos para trabalhar em sua empresa. “Oiluminador precisa ter conhecimento dasvárias linguagens artísticas e de equipa-mentos, o resto ele vai desenvolver naprática e a nossa região já tem bastantecampo para ele aprender”.

O mais importanteaqui na região é ointercâmbio entre

nosso pessoal com osiluminadores de

grandes nomes damúsica que vêm para

a cidade

Acima, dois projetos do lighting designer Osvaldo Perrenoud

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Luis Carlos ‘Bimbão’ é lighting de-signer há 30 anos e concorda que o mer-cado espera uma constante atualizaçãode quem trabalha com luz às novastecnologias e também uma integraçãomaior entre luz e cenário, como no casodos Leds e dos projetores multimídia.

Transiçãodo analógico para o digitalEssa etapa na carreira do profissional

de iluminação é uma questão ainda bempresente. Carlos Bandarra comenta quealguns profissionais mais antigos continu-am com uma certa resistência ao digital.No entanto, os profissionais mais jovenstêm facilidade com os procedimentostécnicos, mas apresentam a mesma resis-tência em relação às bases sólidas da for-mação técnica. No meio desse cenárioestão os bons profissionais que absorvemas novas tecnologias com seriedade e ser-vem de exemplo para o restante.

Vicente Vitale, diretor da NovaliteIluminação (RJ), observou que essa resis-tência realmente existe entre os mais an-tigos. “A grande maioria dos técnicos seadaptou muito bem a essa transição doanalógico para o digital, porém, algunsmais veteranos relutam em se atualizar”.

“Em nossa empresa, especificamente,tentamos treinar o profissional, mostran-do sempre a necessidade do crescimentoe as facilidades que a tecnologia digitaltraz. A cada semana chamamos um freelance ou funcionário para uma revisãogeral dos moving lights, Leds ou mesas,

fazendo com que todos participem desteprocesso, o que torna esta transição maisfácil”, explicou Marcos Olívio.

Mudanças na profissãonos últimos 20 anosSegundo os diretores das empresas de

iluminação entrevistados pela Backstage,nos últimos 15 anos houve uma grandeabertura para o mercado de equipamentose hoje o Brasil dispõe de uma enormequantidade e variedade de ferramentas.Em relação às novas tecnologias digitais, a

entrada maciça dos equipamentos digitaise o DMX 512 como protocolo Standard enoções de informática são fatores centraisda diferença na capacitação. Paulo CésarMedeiros, sócio-proprietário da Art Light(RJ), lembrou que uma mudança explíci-ta na profissão é que antes poucas pessoasse importavam com a existência desta pro-fissão. Hoje, ela é uma das profissões dofuturo e isso muda tudo.

Quanto às exigências no currículo,em termos de conhecimento e prática,Osvaldo Perrenoud, lighting designer ediretor de fotografia no mercado de ilu-minação desde 1979, disse que é umaquestão muito delicada. “Quando co-mecei, não me foi exigido nada a nãoser vontade de trabalhar na área e paraos que estão começando hoje aconteceo mesmo. Para iluminadores em ação, oque interessa é o portfólio; o que fomoscapazes de realizar nos habilita a reali-zar novos trabalhos”, opina.

A empresa e o free lanceBeto Bruel lembrou que quase todas

as empresas das capitais só tem funcioná-rios fixos nas partes administrativas eoperacionais internas. O pessoal que efe-tivamente atende ao mercado é free lan-ce. Segundo opinião de Carlos Bandarra,o relacionamento desse pessoal com asempresas é pouco comprometido e asempresas têm nessa falta de comprometi-mento seu maior problema. Sabendo dis-so e se empenhando para amenizar essasituação, a empresa de iluminação Ta-manduá, em Curitiba (PR), solicitou àprefeitura que fornecesse um alvará demontador e operador de luz e todos ostécnicos da empresa não vão para a estra-da sem esse alvará. Através desse docu-mento ele é reconhecido como técnicomontador e o responsável pelo materialque está carregando. Você entrega seusequipamentos para um free lance e às ve-zes nem sabe quem ele é. Acabou aqueleromantismo na iluminação. Além dessealvará, todo técnico free lance da Taman-duá assina um contrato de responsabili-dade. Se todo equipamento que ele le-vou voltar em perfeitas condições, alémdo cachê, ele recebe um bônus. Levandoem consideração a nossa região (Curitibae adjacências), isso funciona”, diz Beto,há mais de 30 anos no mercado de ilumi-nação da região sul do Brasil.

Tentamos treinaro profissional,

mostrando sempre anecessidade docrescimento eas facilidades

que a tecnologiadigital traz

Perrenoud: conhecimento e prática são essenciaisBeto Bruel no depósito da Tamanduá Iluminação

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O que mudou no mercadode iluminaçãoA abertura da importação e a carên-

cia de cursos de formação conduziram aqualificação para o campo prático, as-sunto que já foi abordado por alguns en-trevistados. Carlos Bandarra levanta essaquestão, comentando que hoje estãosurgindo cursos para formação de técni-cos e iluminadores, mas vai demorar umtempo até essas certificações definiremoutro critério de qualificação.

O lighting designer Osvaldo Perre-noud (RS) ressalta que, com a evoluçãodos equipamentos, a luz passou a ter um‘poder de fogo’ maior e equilibrou-se arelação luz x cenografia. “Antigamente,muitos cenógrafos assinavam a luz. Ho-je em dia, muitos iluminadores, volta emeia, assinam cenografia. A tecnologiaempregada parece profissionalizar afunção, mas acredito que isto seja sóaparência, pois há um desnível muitogrande entre os profissionais, alguns combaixíssimo nível de conhecimento debase, mas com altíssimo conhecimentoda tecnologia, e vice-versa”, opina Os-valdo, que entre outros trabalhos, fez di-reção de arte no clipe da música “Aomeu redor”, da banda Nenhum de Nós,que foi premiado no MTV Awards, emLos Angeles.

Quando o conhecimentoacadêmico é necessárioConhecimento de mesas computado-

rizadas, moving lights, capacidade decomando, ética e comportamento ade-quados ao local e à equipe de trabalhosão itens indispensáveis. Mas e o conhe-cimento acadêmico? Como ele pode in-terferir na vida do profissional?

Segundo Marcos Olívio, somente aqualificação teórica não dá condições sufi-cientes para o indivíduo corresponder àsdemandas do mercado. Ele observa que aformação acadêmica é um caminho, mas

ainda acredita no profissional autodidata,que se interessa constantemente emaprender mais. “A própria competitividadedo mercado exige um profissional com do-mínio de uma linguagem visual mais apri-morada. Fiz faculdade de artes plásticas,mas não concluí. No entanto, percebo quemeus trabalhos ganham em qualidade àmedida que eu freqüento museus, galeri-as, cinema, etc”, diz.

Paulo César Medeiros, há 22 anos nomercado de iluminação, fez faculdadede comunicação e de artes cênicas nacadeira de direção e acha extremamen-te necessário o pensamento acadêmicopara o fortalecimento de uma área profis-sional. “É aí que as grandes questões sãolevantadas, debatidas e desenvolvidas. Écom pensamento acadêmico que dare-mos à iluminação o valor que ela real-mente possui”.

Luiz Nobre é a favor de mudanças nomodelo e no conteúdo de oficinas diri-gidas à iluminação. “Nos últimos dezanos criaram no Brasil um status de elitepara o iluminador. Então, tem muito cu-rioso nessa área, e acho que cursos deformação podem peneirar essas pessoas.A nossa intenção é ter um curso de ilu-minação que seja reconhecido peloMEC e que ofereça muito mais queuma simples cadeira no curso de teatro,bem diferente também de algumas ofi-cinas que ao final acabam sendo umaapresentação pessoal de quem estápalestrando”, opina Luiz Nobre.

Djalma Amaral valoriza o aprendi-zado na estrada se o iluminador não seesquecer que o processo de criação émais importante do que uma ilumina-ção exagerada e que não diz nada.“Passando pela academia, ele vai pen-sar de uma forma diferente, mas vale apena ressaltar que não adianta passarpor cursos de graduação em cinema,arquitetura e no final das contas nãosaber criar nada”.

Segundo seu conhecimento acadêmi-co, José Henrique Moreira, professor de ilu-minação cênica na cadeira de teatro naUFRJ, explica que a iluminação cênica sedesenvolveu de diferentes formas e acom-panhou tendências diferentes. Nos Esta-dos Unidos existem cursos de formaçãotanto em graduação como pós-graduaçãoem iluminação, porque lá toda a atividadede teatro foi difundida com a expansão dasuniversidades, conseqüência do sistemade ensino e do próprio desenvolvimento doteatro naquele país. Ao contrário da Euro-pa, onde não existe necessidade de statusde ensino superior. “Na minha opinião, nãohá nenhum demérito no ensino de luz noBrasil pelo fato de agora ele não ser de nívelsuperior. A falta que existe no Brasil é deformação institucional. Acredito que, emtermos de níveis de ensino, não é um nívelsuperior só que vai resolver o problema dequalificação no nosso meio.

Alguns acham que sim, mas parti-cularmente acho que ainda não seja omomento para se estabelecer um ba-charelado em artes cênicas com habi-litação em iluminação cênica em umpaís onde boa parte das pessoas que seiniciam nessa profissão não possuemensino médio. Estaremos sendo exclu-dentes. Essa mudança tem que estarinser ida em uma programação daeducação brasileira. Agora, quanto ànecessidade urgente de haver progra-mas de formação nos diversos níveis,não tenho dúvida nenhuma”, finalizaJosé Henrique.

Responsabilidade técnica é o mais importante

para Luiz Nobre