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IIES – Instituto Itapetiningano de Ensino Superior
Aluno: Rafael Porfirio da Conceição
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
Itapetininga, 14 de outubro de 2009.
Trabalho apresentado para a matéria de atividade complementar do curso de graduação de Administração do Instituto Itapetiningano de Ensino Superior.
Sumário
Trabalho: 01................................................................................................................4Categoria: Atualidade................................................................................................4
Introdução..................................................................................................................5
Desenvolvimento.......................................................................................................6
Conclusão................................................................................................................10
Trabalho: 02..............................................................................................................12Categoria: Atualidade..............................................................................................12
Introdução................................................................................................................13
Desenvolvimento.....................................................................................................15
Conclusão................................................................................................................19
Trabalho: 03..............................................................................................................22Categoria: Cultural..................................................................................................22
Atividade: Leitura de livros.....................................................................................22
Desenvolvimento.....................................................................................................23
Conclusão................................................................................................................28
Trabalho: 04..............................................................................................................30Categoria: Acadêmico.............................................................................................30
Disciplina: Ambiente Econômico Global...............................................................30
Introdução................................................................................................................31
Desenvolvimento.....................................................................................................34
Conclusão................................................................................................................45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................51
Trabalho: 01Tema: “Mercado da Maioria” Consumidor EmergenteCategoria: AtualidadeAtividade: Outros temas relevantes
Introdução
O comércio se prepara para um Natal gordo depois de passada a crise.
Pelo menos R$ 140 bilhões, quase 20% a mais que no ano passado, deverão ser
despejados na economia até dezembro com o pagamento do 13º salário e a maior
oferta de crédito ao consumidor. De olho nessa bolada, as lojas já ampliaram em até
20% as encomendas de eletrodomésticos, eletrônicos e itens de informática.
Para atender a demanda crescente, as indústrias da Zona Franca Manaus
(AM), o principal pólo de produção de bens duráveis do País, vão contratar cerca de
3 mil trabalhadores temporários neste fim de ano. O cenário no fim do ano passado
era exatamente o inverso do atual, com demissões na indústria e reduções nas
encomendas do varejo, lembra o presidente do Centro das Indústrias do Estado do
Amazonas, Maurício Loureiro.
A perspectiva de ter mais dinheiro no bolso e o menor risco de
desemprego mudou o humor do brasileiro. O Índice de Confiança do Consumidor
apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) atingiu 111 pontos em agosto e
praticamente voltou ao nível pré-crise.
Para entender os rumos do mercado que mais cresce no Brasil, o Data
Popular, pesquisa e consultoria, empresa referencia em estudos das classes C, D e
E, e o instituto de pesquisa Datafolha desenvolveram um novo método de estudo e
identificaram 10 tendências de comportamento do consumidor emergente.
Criado em 2001, o DATA POPULAR surgiu para produzir conhecimento
de qualidade sobre o mercado popular no Brasil. A empresa é especialista no
desenvolvimento de pesquisas e estratégias de negócio para atuação no mercado
de baixa renda. Seus estudos avaliam a relação deste público com produtos e
marcas para descobrir qual a melhor forma de se comunicar com um segmento
responsável por um mercado de R$ 760 bilhões por ano. Entre os clientes atendidos
estão Associação Comercial de São Paulo, Alpargatas, Aon Affinity, Banco IBI,
Bovespa, Camargo Correa, Dia%, Faber-Castell, Grupo Pão de Açúcar, Grupo Silvio
Santos, Intel, Marabráz, Microsoft, Ministério do Turismo, Natura, Nestlé,
Pernambucanas, Procter & Gamble, Sadia, SBT, Schering- Plough, Telefônica, Wal-
Mart, entre outros.
Desenvolvimento
As classes C, D e E respondem por:
· 85% da população,
· 69% dos cartões de crédito e
· 70% de tudo que se compra no supermercado.
Para entender os rumos do mercado que mais cresce no Brasil, o Data
Popular, pesquisa e consultoria, empresa referencia em estudos das classes C, D e
E, e o instituto de pesquisa Datafolha desenvolveram um novo método de estudo e
identificaram 10 tendências de comportamento do consumidor emergente.
O método analítico desenvolvido pelo Data Popular e o Datafolha parte da
análise conjunta de dois grandes fatores:
1 – DRIVERS DE FUTURO: São fatores referentes a um contexto macro-
social. Funcionam como balizadores do comportamento. Permitem um nível de
antevisão de suas conseqüências no futuro. (Macroeconomia, movimentos
sociológicos e demografia).
2 – PISTAS DE COMPORTAMENTO: Aspectos culturais, valores e
comportamentos que determinarão a forma como esta população lidará com os
balizadores apontados pelos drivers de futuro. As pistas são frutos da soma de três
pilares:
· Pesquisas Contínuas: Banco de dados de mais de 100 mil entrevistas
em 200 cidades brasileiras.
· Análise de Especialistas: entrevista com “hubs populares” (manicure,
dono de padaria, cobrador de ônibus, Professores, etc) e profissionais que lidam
com esse público (Antropólogos, economistas, ‘pauteiros’ de mídias populares, etc).
· Monitoramento de Expressões Populares: Um detalhado monitoramento
das expressões da cultura, da comunicação e do entretenimento (ditados populares,
Letras de música, novelas, capas de revistas…)
TENDÊNCIAS QUE IMPACTAM UM MERCADO DE R$ 760 BILHÕES
1 – CONSUMO DE INCLUSÃO
Diferente do cliente tradicional, a descoberta do consumo faz com que o
mercado emergente desenvolva um jeito próprio e inclusivo de comprar. As marcas
que forem didáticas e apresentarem esse novo universo de consumo terão a
fidelidade das classes C, D e E.
“Agora, eu escolho.”
2 – IDENTIDADE E AUTO-ESTIMA
A base da pirâmide está mais consciente da sua importância na
sociedade e valorizarão cada vez mais as suas conquistas enaltecendo a relação
com as suas origens, sua história e suas características.
“Agora, eu tenho orgulho.”
3 – ACESSO E QUALIDADE
Com maior poder de consumo exigirão cada vez mais. Melhores produtos,
melhores governos, melhor qualidade de vida. As marcas que se souberem conjugar
a melhor relação custo-benefício será recompensado com sua fidelidade. “Agora, eu
Posso.”
4 – EDUCAÇÃO COMO INVESTIMENTO
As famílias de baixa renda se conscientizaram que através da educação
podem mais. De maneira muito funcional investirão cada vez mais na educação dos
filhos pensando no próprio futuro.
“Agora, eu sei, faço e aconteço.”
5 – JUVENTUDE E GERAÇÃO C
Os atuais jovens da baixa renda são mais escolarizados, mais informados
e mais economicamente ativos que seus pais. Formarão um novo perfil de cidadãos
e consumidores que serão a maioria da população brasileira. O Brasil de amanhã
terá mais as características dos jovens da atual baixa renda.
“Agora, tudo é do meu jeito.”
6 – VAIDADE E BELEZA COMO INCLUSÃO:
Estar bem arrumada diminui as barreiras sociais que dificultam a inclusão
da base da pirâmide. Com maior acesso aos produtos de beleza e aos tratamentos
estéticos novos padrões de beleza serão mais abrangentes e as marcas deverão
estar atentas as novas tendências dessa maioria.“Agora, eu sou mais eu.”
7 – NOVOS PAPÉIS, NOVA FAMÍLIA:
Os papéis dos homens e mulheres já não são mais os mesmos. Com o
crescimento do poder (consciência, status e renda) as mulheres da baixa renda,
estarão mais independentes e construirão outra relação familiar. Isso implicará no
desenho de uma nova família, cada vez menor e com uma renda per capita maior.
“Agora eu não dependo de ninguém.”
8 – REDES, DICAS E BOCA A BOCA:
As classes baixas sempre dependeram mais uns dos outros para viver, ou
seja, cresceram e aprenderam a conviver em um ambiente colaborativo. Aliada as
novas tecnologias e a disseminação das redes sociais, a baixa renda potencializará
as suas já extensas relações sociais. “Agora, eu tenho mais meus amigos.”
9 – CAPILARIDADE E SEGMENTAÇÃO:
A geografia dos bairros e os diferentes tipos
sociais das pessoas de baixa renda exigem diferentes formatos de produtos e
distribuição das companhias. Os canais de venda deverão ter maior capilaridade, e
as marcas trabalharão produtos segmentados para uma grande massa de
consumidores. “Agora, tem mais do jeito que eu quero.”
10 – TECNOLOGIA COMO INVESTIMENTO:
A penetração de tecnologia da informação está em plena expansão nas
classes baixas, principalmente através dos jovens populares. Tecnologia é vista
como investimento no futuro profissional e como
canal de acesso as informações antes restritas a minoria da população brasileira.
“Agora, eu me conecto.”
Conclusão
O comércio confirma a previsão favorável da indústria.As Lojas Colombo
ampliaram em 20% os pedidos de eletrodomésticos, enquanto em informática o
acréscimo foi de 20% e nas TVs, variou entre 30% e 40%. Gladimir Somacal, diretor
de compras da rede, diz que a dificuldade é a indústria atender aos pedidos, em
especial no caso de TVs de LCD.
As Casas Bahia confirmam a dificuldade de formar estoques. A empresa
trabalha com a projeção de ampliar em 20% as compras de produtos para o Natal se
tiver produtos disponíveis na indústria.Estimativa do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) indica que o pagamento do 13º salário deve injetar R$
75,8 bilhões na economia até dezembro.
A perspectiva de ter mais dinheiro no bolso e o menor risco de
desemprego mudou o humor do brasileiro. O Índice de Confiança do Consumidor
apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) atingiu 111 pontos em agosto e
praticamente voltou ao nível pré-crise.Um recorte especial da sondagem industrial
da FGV feita a pedido do Jornal “O Estado de São Paulo” mostra que a demanda
prevista entre agosto e outubro pelas indústrias de eletrônicos, eletrodomésticos e
calçados já supera a do mesmo período de 2008. O grande destaque é para os
eletrônicos, que incluem as TVs.
De acordo com a sondagem, 95% dessas indústrias prevêem uma
demanda maior por seus produtos entre agosto e outubro deste ano, enquanto só
48% delas traçavam esse cenário para o mesmo período de 2008.
<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> A
internet está cada vez mais presente na vida dos brasileiros, que está se habituando
a usar a internet não só para pesquisas e sites de relacionamento, mas também
para fazer compras. O comércio eletrônico está ganhando espaço pela comodidade
proporcionada de poder comprar sem filas, sem trânsito e sem precisar sair de casa
e pelo número de ofertas oferecidas na rede. Com isso, nos últimos 10 anos o e-
commerce apresentou um crescimento de 15% em todo o território nacional, e para
os próximos cinco anos, o aumento esperado é de 30%.
No ano passado o segmento apresentou um faturamento considerável de
R$ 8,2 bilhões, a expectativa é de que esse ano esse valor atinja a marca dos R$
10,5 bilhões. O aumento do faturamento está atrelado ao crescimento do número de
empresas que possuem lojas virtuais, 10 mil empresas brasileiras estão vendendo
na internet, um número ainda tímido quando considerado que ele representa apenas
6% do total de varejistas do país.
O comércio eletrônico caiu no gosto do brasileiro, o segmento que em
2001 faturou R$ 540 milhões vai fechar 2009 faturando 10,5 bilhões, ou seja, não
restam dúvidas sobre as oportunidades e o espaço que a Internet disponibiliza para
o crescimento do varejo. A conseqüência desse crescimento é o constante aumento
do investimento em publicidade na web, que em 2008 registrou um aumento de
44%, esse fato é natural, pois as empresas sempre direcionaram seus esforços
publicitários para o meio de maior popularização. No Reino Unido já aconteceu que
no primeiro semestre de 2009 o investimento publicitário na Internet já superou o da
televisão.
Apesar da desaceleração econômica mundial que devastou o setor
mundial de bens eletrônicos de consumo, os fabricantes de TVs de tela plana
conseguiram enfrentar a desaceleração com mais sucesso do que outros setores.
LG e Samsung estão apostando em televisores com iluminação LED como futuras
fontes de lucros. Os televisores com LEDs são cerca de um terço mais estreitos que
os modelos mais antigos, cuja iluminação utiliza lâmpadas catódicas fluorescentes
frias (CCFL), são mais duráveis e oferecem imagens mais vívidas, com maior
contraste e capacidade de cores.
LG afirmou que os televisores com telas LED, que respondem por apenas
2,6 por cento do mercado TVs LCD, poderiam representar até 20 por cento desse
mercado em 2010, e 40 por cento do mercado total em 2011. Os televisores LCD
respondem por 60 por cento do total vendido no mundo, de acordo com o grupo de
pesquisa DisplaySearch. As vendas de modelos com telas LED devem crescer 10
vezes este ano, para cerca de 2 milhões entre os 120 milhões de unidades de
aparelhos LCD vendidos.
No mercado corporativo, as vendas em 2009 devem ser melhores do que
no exercício anterior. "As TVs deixaram de ser um eletrodoméstico e se
transformaram em peças de decoração em lojas e restaurantes, para uso
profissional - no caso de apresentações e reuniões - e para serem acopladas aos
computadores.
Trabalho: 02Tema: Mudança Institucional e Política Industrial no Setor PetróleoCategoria: AtualidadeAtividade: Política
Introdução
A década de 1990 trouxe profundas mudanças, tanto no plano
institucional como macro-econômico, que tiveram consideráveis desdobramentos
para os setores de infra-estrutura. Esses setores eram dominados por grandes
empresas estatais que, a partir de sua posição de monopsônio na compra de
equipamentos, e sob influência do poder público, haviam montado políticas de
capacitação de fornecedores locais de equipamentos, as quais incluíam, além do
domínio tecnológico da produção de equipamentos complexos, a absorção de
tecnologias geradas pelos centros de pesquisa das estatais. Essas políticas se
intensificaram durante as décadas de 70 e 80, com as crises energética e do
endividamento externo, porque serviram de instrumento para reduzir a
vulnerabilidade externa da economia brasileira.
A partir dos anos 1990, as mudanças ocorridas, em primeiro lugar, no
plano macro-econômico, como a abertura externa da economia brasileira, e no plano
institucional, como a quebra de monopólios e privatizações, interromperam os
antigos elos que existiam entre as empresas estatais prestadoras de serviços
públicos e os fornecedores nacionais de equipamentos e serviços. As empresas
estatais foram desmembradas e privatizadas com o intuito de aumentar a
concorrência em setores que se caracterizavam por serem "monopólios naturais". As
novas empresas passaram, na busca de atualização tecnológica e modernização
produtiva, a se relacionar diretamente com fornecedores externos. As aberturas
comercial e tecnológica, além de uma taxa de câmbio sobrevalorizada, favoreceram
a importação de tecnologia incorporada e desincorporada. Houve, em decorrência,
um recuo dos fornecedores e da produção local.
A indústria de petróleo, embora não tenha incorrido pelo mesmo processo
de privatização e desmembramento dos setores elétricos e de telecomunicações,
acompanha a mesma tendência de mudança da relação usuário-fornecedor dos
demais. A mudança institucional da quebra do monopólio do petróleo (Lei n. 9.478
de 1997), e a maior abertura comercial da economia brasileira, trouxeram
importantes conseqüências para essa indústria brasileira de petróleo.
Essa indústria se compõe basicamente de dois tipos de atores: as
companhias de petróleo, chamadas de operadoras, e os fornecedores de bens e
serviços, denominados de indústria para-petroleira. Ela apresentava, antes da
mudança institucional, uma organização verticalizada centrada na empresa líder: a
Petrobras. Por apresentar um impacto muito negativo na Balança Comercial, a
estatal foi induzida pelo poder público a buscar a auto-suficiência do país na
produção de bruto e a reduzir o seu impacto nas importações de bens de capital. Por
essa razão, e também por ser a mais antiga dos setores de infra-estrutura, ela
desenvolveu uma política pioneira e bastante bem sucedida de capacitação e
qualificação dos fornecedores nacionais.
Desenvolvimento
A abertura comercial, no início da década de 1990, alterou a estratégia da
Petrobras de aumentar cada vez mais o índice de nacionalização dos insumos e
equipamentos adquiridos. Esse índice, segundo dados da companhia, chegou a
alcançar 92% no início dos anos 1990, mas logo declinou para um nível próximo de
80% ao longo da década. A empresa passou a fazer licitações internacionais e
incluiu em seu cadastro, os fornecedores estrangeiros.
Os fornecedores locais de equipamentos, principalmente o segmento da
construção naval, que era muito ligado aos investimentos realizados pela Petrobras
no transporte naval e, desde a década de 1980, na produção offshore da Bacia de
Campos, foram muito afetados pelo refluxo desses investimentos no início da
década de 1990. Os investimentos só voltaram para níveis normais quando, a partir
de meados dessa década, o governo aumentou preços internos dos derivados de
petróleo. Em decorrência, a Petrobras pode recobrar rentabilidade interna, tornando
viável a exploração do enorme potencial produtivo, descoberto na Bacia de Campos,
em águas profundas. O salto produtivo que estamos presenciando na atualidade - a
produção interna de bruto passa de 630 mil barris/dia em 1990 para mais de 1,5
milhão de barris de petróleo por dia nos dias de hoje - somente foi possível graças
ao enorme avanço tecnológico que logrou a partir de programas tecnológicos como
o Procap 1000 e 2000. Porém, o aumento dos investimentos da Petrobras, não
repercutirá, em função da abertura, tão favoravelmente nas compras internas de
materiais e equipamentos da empresa.
Neste aspecto, a mudança institucional comprometeu ainda mais os
encadeamentos internos dos investimentos da Petrobras. A Lei 9.478 de 1997
sanciona a quebra do monopólio exercido pela Petrobras sobre as atividades de
exploração, produção, refino e transporte de petróleo, derivados e gás natural,
possibilitando que empresas operadoras e prestadoras de serviços, sejam elas
nacionais ou estrangeiras, venham competir com a empresa estatal em todos esses
segmentos de atividades. No bojo da mudança institucional, surge um novo ator
governamental, a Agência Nacional do Petróleo, que é o órgão regulador
encarregado de zelar pelo adequado funcionamento dessa indústria em bases
competitivas. Para a indústria de fornecedores, cria-se também um novo ator, a Onip
(Organização Nacional da Indústria do Petróleo) com a finalidade de organizar essa
indústria para torná-la competitiva frente aos fornecedores externos.
O principal motivo da mudança institucional no setor do petróleo e do gás
natural não foi a necessidade de consolidar a política industrial, senão a
oportunidade de ampliar o volume de investimentos para atender ao consumidor
final e valorizar os potencias recursos do país. Nesse sentido, a mudança
institucional apresenta importantes oportunidades para indústria de fornecedores. A
quebra do monopólio permite a entrada de novas empresas operadoras, tanto no
upstream (segmentos da exploração e produção) como no downstream (segmentos
do transporte, refino e distribuição) da indústria de petróleo. Essas empresas
representam novos clientes para os fornecedores de equipamentos locais.
Esse aspecto, potencialmente positivo, foi encoberto por uma mudança
ainda mais significativa do regime tributário da indústria. A indústria do petróleo, por
ser de propriedade pública e porque o país carecia ainda de produção de bruto em
nível suficiente para atender ao mercado interno, possuía uma carga fiscal que
recaía fundamentalmente sobre o consumo de derivados. A produção era
praticamente desonerada de impostos, com a justificativa de incentivar a descoberta
e o desenvolvimento de novos campos. Com a Lei do petróleo de 1997, o país
adotou um novo regime que passou a tributar fortemente a produção. Os royalties
passaram de 5 para 10%, dependendo da margem obtida pela operadora. Os
campos mais rentáveis tiveram que pagar participações especiais sobre o lucro.
Uma mudança um pouco anterior fez com que a Petrobras começasse a pagar
imposto de renda. As empresas que concorreram às licitações de bloco da ANP,
inclusive a Petrobras, tiveram que pagar bônus e aluguel de área. Essas mudanças
aumentaram substancialmente a carga tributária sobre as atividades do upstream.
Elas seguem o padrão de regime tributário de países exportadores de petróleo ou de
grandes produtores como Estados-Unidos e a Grã-Bretanha.
Em face à sua "geologia rebelde", que acarreta maiores riscos geológicos
e maiores custos de desenvolvimento, o Brasil era menos atrativo do que países
dotados de abundantes recursos a baixos custos. Isto exigiu uma alteração da carga
tributária que recai sobre as importações de equipamentos para a exploração e o
desenvolvimento de campos marítimos no Brasil. O novo regime tributário
implantado em 1999, denominado de Repetro (Regime Aduaneiro Especial para a
Indústria do Petróleo), possibilitou que a importação de equipamentos fosse
franqueada de qualquer tributação. Os equipamentos permanecem por um tempo
determinado em solo nacional (durante o contrato de concessão) sem ter que pagar
impostos federais (Imposto de Importação, PIS, Cofins e IPI) e estaduais (ICMS).
Esse regime, que é adotado internacionalmente, conduziu a serias
distorções para a indústria de fornecedores quando foi aplicado no Brasil. A
produção nacional acabou sendo desfavorecida porque não logrou ser
completamente desonerada de impostos através do sistema de "exportação ficta", o
qual foi criado pelo Governo Federal para compensar os fornecedores locais da
concorrência desigual dos produtos importados. A produção local, mesmo quando
desonerada de impostos federais, não logrou livrar-se dos impostos estaduais.
Preocupada com o destino da indústria de fornecedores, a ANP passou a
incorporar nos critérios para seleção dos leilões de áreas índices de nacionalização.
Esses índices ficaram, entretanto, muito aquém do que fora alcançado anteriormente
(abaixo de 40%). O Repetro não é a única causa das operadoras se
desinteressarem pelos fornecedores nacionais. Estes estavam defasados
tecnologicamente e careciam de mecanismos de financiamento adequados.
A indústria de fornecedores não entrou completamente em declínio
porque a Petrobras sob pressão do Governo do Estado do Rio tem aumentado
consideravelmente suas encomendas aos estaleiros navais. Essa indústria está hoje
re-emergindo após uma depressão profunda que quase a levou à extinção.
Em suma, as mudanças institucionais da década de 1990 alteraram
profundamente os sistemas industriais e de inovação setoriais, centrados
anteriormente nas estatais. A lógica empresarial, que passou a dominar as
estratégias das empresas lideres, aliada à abertura da economia nacional, induziu
esses atores a buscar fornecedores externos. No caso da indústria do petróleo, a
abertura à concorrência no upstream, feita com o propósito de aumentar o volume
de investimentos nessa atividade, contribuiu para criar um regime tributário que
desincentiva a produção local.
Embora essas mudanças tenham conduzido à busca de eficiência e a
uma maior concorrência entre empresas, elas não foram suficientes para reforçar os
elos entre os atores dos sistemas setoriais de produção e inovação. Pelo contrário,
em alguns aspectos essas mudanças enfraqueceram esses elos porque deram
maior margem de manobra a atores-chaves, como a Petrobras. Além de, em certos
casos, beneficiarem a importação ao invés da produção local. Como o sistema
produtivo dos fornecedores locais padece de séria defasagem tecnológica em
relação aos concorrentes internacionais, e como ocorrem muitas "falhas de
mercado" no Brasil - por ex. taxas de juros altas, infra-estrutura deficiente, etc. -, é
necessário que haja um órgão de política industrial que atue no sentido de corrigi-
las. É justamente esse ator que esteve ausente das mudanças institucionais e das
políticas da década de 1990 na indústria do petróleo.
Conclusão
Até agosto de 1997 a Petrobras detinha o monopólio na área de petróleo
no Brasil. Com a quebra do monopólio, o mercado brasileiro abriu suas portas para o
capital estrangeiro e cerca de 35 empresas já se instalaram no país. A Petrobras
ainda é a maior empresa de petróleo do Brasil, porém, expressões como
internacionalização, expansão dos negócios para outros setores e parcerias com
empresas estrangeiras passaram a definir seus novos rumos.
As análises dos especialistas sobre as mudanças e os possíveis
benefícios desse processo são bastante diversas e ora parecem focalizar interesses
empresariais, compondo um cenário de sucesso, aumento de produção e
faturamento no setor petrolífero brasileiro; ora ligados ao atendimento das
demandas do povo brasileiro, apresentando dúvidas e críticas à abertura do
mercado, sugerindo que as cores do nacionalismo, outrora tão vivas, podem estar
desbotando no setor petrolífero. Mas seriam opostas estas visões? Defender os
interesses da empresa significa negligenciar os interesses dos brasileiros e vice-
versa? E as críticas à quebra do monopólio seriam análises nacionalistas
românticas? Um dos maiores desafios para os atores sociais envolvidos nesse
processo parece ser o diálogo entre opiniões diversas em busca de um equilíbrio
entre essas duas óticas.
O fim do monopólio, determinado pela Lei do Petróleo em 6 de agosto
1997, instituiu não apenas um conjunto de mudanças de caráter técnico-
administrativo, mas uma redefinição no papel do Estado. De produtor e provedor o
Estado passa para regulador e fiscalizador. Para alguns especialistas esta é uma
tendência natural do mercado internacional. Para outros envolve inúmeras escolhas
de caráter político-social, atingindo diretamente o Estado de Bem-Estar Social.
Para atuar nesse novo papel foi criada a Agência Nacional do Petróleo
(ANP), um órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, que passou a regular e
fiscalizar a indústria de petróleo no Brasil. Uma das ocupações da ANP é promover
licitações para a concessão de áreas ou blocos destinados à exploração de petróleo
e de gás natural. Até o momento, quatro licitações (nos anos de 1999, 2000, 2001 e
2002) foram realizadas, resultando na concessão de blocos exploratórios à
Petrobras e a várias outras empresas internacionais
Nesses quase cinco anos de atuação da ANP, a quebra do monopólio
atingiu o setor de exploração e produção (chamado de upstream) que "foi privatizado
e não tem mais participação pública", conta Saul Suslick do Centro de Estudos em
Petróleo (Cepetro), da Unicamp. Na avaliação do pesquisador a condução da ANP
nesse processo foi "muito boa". Mas, por outro lado, ele ressalta que não houve
muito sucesso no setor de refino, distribuição e transporte (downstream). Para ele,
este setor permanece praticamente inalterado, uma vez que existem apenas duas
refinarias privadas e a Petrobras continua responsável por cerca de 95% das
atividades.
João Rodrigues Neto, professor e pesquisador do Departamento de
Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
analisa o processo de concessão sob outra perspectiva: "Essas são concessões de
transferência do patrimônio público para o patrimônio privado, e essa perda de
patrimônio para empresas estrangeiras gera uma divisão das reservas nacionais,
que antes eram da Petrobras, comprometendo o futuro da empresa que estava
garantido".
O que acontece com o segmento de combustíveis no Brasil? Por que este
custo tão alto para a gasolina? Por que tanta adulteração dos combustíveis,
prejudicando a saúde dos frentistas, o bolso e o carro do consumidor e diminuindo a
arrecadação do Estado? Quanto ganham os adulteradores? Estas perguntas podem
ser esclarecidas a partir do levantamento do que aconteceu no mercado de
combustíveis nos últimos anos.
Desde a década de 90 o governo brasileiro vem promovendo a abertura
de segmentos industriais à competição externa, retirando o Estado, enquanto agente
produtor de bens e serviços de alguns setores e revendo monopólios em áreas
controladas durante longo período por empresas estatais. O que está ocorrendo é
uma alteração de prioridades. Os recursos financeiros do Estado, há muito
escassos, vinham, antes da década de 90, sendo dirigidos prioritariamente para
investimentos em infra-estrutura, um papel que pode ser majoritariamente
desempenhado pelo setor privado. Por outro lado, as chamadas áreas sociais, como
educação e saúde tinha suas prioridades diminuídas. Os recursos obtidos com as
concessões e privatizações têm sido empregados no saneamento das finanças
públicas e as necessidades adicionais de investimento lideradas pelo capital privado,
de forma a permitir ao governo realizar investimentos em áreas de maior alcance
social ou onde a presença do Estado seja essencial.
Embora o setor de distribuição e comercialização de derivados fosse o
único a não estar englobado pela legislação monopolista, a regulamentação do
Estado através inicialmente através do CNP - Conselho Nacional do Petróleo mais
tarde substituído pelo DNC- Departamento Nacional de Petróleo e a forte
dependência de um único fornecedor, fizeram com que não se pudesse falar em livre
mercado, mas sim em um oligopólio fechado de empresas distribuidoras, dentre elas
multinacionais de grande peso fortemente atreladas ao controle estatal. O DNC
permitiu então a abertura de novos postos revendedores e distribuidoras que
surgiram às centenas muitas delas, embora cadastradas, eram empresas fantasmas
realizando negócios ilícitos que desarrumaram totalmente o mercado, promovendo
ações na justiça contra o pagamento de impostos e misturando outras substâncias à
gasolina com o intuito de aumentar lucros pelo não pagamento dos impostos. Os
postos de gasolina não eram mais obrigados a comprar o combustível da
distribuidora que representavam facilitando a fraude.
Após a criação da ANP - Agência Nacional de Petróleo ("Lei do Petróleo"
de agosto de 1997 regulamentada em decreto de janeiro de 1998) o governo toma
ações para coibir os abusos. Paulatinamente portarias da ANP vão liberando o
mercado com a permissão de produção de combustíveis pelas petroquímicas, sua
importação direta e liberação dos preços nas refinarias. A regulação torna mais
exigente o cadastramento de distribuidoras (o número delas reduziu-se de mais de
400 na abertura do mercado para 240 em novembro de 2002), torna obrigatória a
compra de combustível na distribuidora que o posto revendedor representa, há um
controle dos solventes hidrocarbonetos comercializados.
O mercado de combustíveis movimenta aproximadamente R$ 70 bilhões
de reais ano gerando uma receita de impostos de aproximadamente R$ 35 bilhões.
Em muitos estados da Federação, a arrecadação de ICMS sobre combustíveis é
uma das principais fontes de recursos da secretarias de fazenda. Mais de 28.000
postos revendedores empregam centenas de milhares de pessoas nos atendimentos
de abastecimento de combustíveis, serviços de borracharia, troca de óleo e lojas de
conveniência sendo ainda células urbanizadoras em regiões ao longo de estradas
estaduais e federais, agregando desenvolvimento econômico e social a diversas
pequenas cidades do interior do país.
Trabalho: 03Tema: A ARTE DA GUERRACategoria: CulturalAtividade: Leitura de livros
Desenvolvimento
A arte da guerra escrito por SUN TZU há mais de dois mil anos, trata da
competição e do conflito em todos os níveis. Ao tratar o conflito de forma tão
completa o autor parece ter tido por objetivo não o encorajamento do conflito mas
sua minimização e isto fica evidente quando diz; " contemplem a devastação
provocada pela guerra, desde as fases iniciais até as formas extremas de ataque
incendiário e assédio, uma espécie de canibalismo em massa dos recursos
humanos e naturais". Afirma ainda que a guerra é destrutiva mesmo para os
vencedores e com frequência contraproducente, só se justificando quando não há
outra escolha.
O livro é um clássico e deve ser visto como um marco de referência para
despertar percepções sobre o tema e a condição humana em situações limites,
apresentando sentidos diversos quando lido em circunstâncias e estados de espírito
diferentes.
Por ser um livro de características essencialmente orientais, alinhado à
filosofia taoísta, a arte da guerra é explorada como um instrumento que possibilita a
compreensão das raízes do conflito e sua administração, motivo de seu grande
sucesso no meio empresarial cuja cultura ainda vivida é a cultura da guerra.
Para o autor, a perfeita compreensão do conflito pode conduzir a uma
solução para o mesmo, bem como, a decisão de evitá-lo. A arte da guerra consistiria
portanto, em saber "o que não fazer e quando não fazer" tanto quanto saber "o que
fazer e quando fazer".
Marcadamente taoísta, o autor descreve o ideal da arte de vencer sem
lutar. E vencer sem lutar exige o desenvolvimento de toda uma habilidade para lidar
com momentos desarmônicos.
O livro A arte da guerra , de autoria do estrategista chinês Sun Tzu, é um
tratado militar composto de treze capítulos, escrito durante o século IV a.C. Entre as
várias lições que se pode extrair da obra é a de que a primeira batalha a ser travada
por uma pessoa é contra ela mesma. O livro expõe a importância da disciplina, do
planejamento e da motivação. A idéia central de A arte da guerra, de Sun Tzu, é a de
que se pode eximir-se da peleja, da batalha, do conflito, desde que haja um
planejamento estratégico e uma integração entre o planejamento (estratégia) e a
execução (tática).
Alguns passos devem ser seguidos para que um projeto, seja ele pessoal
ou profissional, seja bem sucedido. Senão vejamos os treze passos ensinados em
“A arte da guerra”:
Primeiro: Sun Tzu nos ensina que devemos “criar situações que
contribuam para a sua realização”. Todo projeto deve ser antecedido de um
planejamento.
Segundo: Sun Tzu aconselha, primeiramente, a verificar o “custo da
organização” do projeto antes de partir para a ação. Segundo o filósofo chinês, “o
soldado experimentado não faz um segundo recrutamento, nem tampouco suas
carroças de suprimento são carregadas mais de duas vezes”. Deve-se, então,
verificar os custos e o orçamento necessário para se colocar em prática o projeto.
Terceiro: De acordo com Sun Tzu, todo aquele que se lança em uma
batalha deve aprender a “controlar sua impaciência”, a qual pode gerar “defeitos
desastrosos”. Todo projeto demanda um tempo específico; tudo tem um tempo
determinado para a concretização. A impaciência diante da demora pode prejudicar
o seu andamento e levar a decisões precipitadas.
Quarto: Sun Tzu diz que devemos nos colocar “além da possibilidade de
derrota”. Segundo ele, “vislumbrar a vitória somente quando esta estiver ao alcance
da percepção das pessoas comuns não é o auge da virtude”.
Quinto: De acordo com os ensinamentos de Sun Tzu, o controle da
execução de um projeto é “meramente uma questão de organização” e “a qualidade
da decisão é como o mergulho oportuno do falcão”. Portanto, organização e decisão
correta são fundamentais.
Sexto: Sun Tzu aconselha a não focar muitos pontos ao mesmo tempo,
pois as “forças distribuídas em muitas direções, o poder de combate que se
enfrentará em um determinado ponto será proporcionalmente fraco”. O melhor é
concentrar-se em um só projeto.
Sétimo: Sun Tzu alerta para as sociedades, justificando que “ninguém
pode fazer alianças sem estar ciente das intenções dos vizinhos”. Tocar um projeto
sozinho é, portanto, mais aconselhável.
Oitavo: De acordo com o filósofo chinês, aquele que entra em um projeto
deve ser “versado na arte de variar os planos”, devendo considerar “ tanto os fatores
favoráveis como os desfavoráveis”.
Nono: Para Sun Tzu, “aquele que não praticar a reflexão prévia e fizer
pouco de seus oponentes estará se arriscando a ser derrotado por eles”, ou seja, é
necessário refletir sobre os planos e não desconsiderar as circunstâncias externas.
Décimo: Segundo os ensinamentos de Sun Tzu, desconhecer “a natureza
do terreno torna o combate impraticável”. Quem decide colocar em prática um
projeto deve analisar os meios e os fins de tal projeto, todas as etapas pelas quais
ele passará.
Décimo primeiro: Sun Tzu afirma que “a conveniência da tática ofensiva
ou defensiva, e as leis fundamentais da natureza humana são questões que, com
toda certeza, devem ser estudadas a fundo”. Isso quer dizer que o indivíduo que se
propõe a investir em um projeto deve levar em consideração tanto a tática ofensiva –
a sua execução – quanto a defensiva – os problemas que podem advir durante a
execução; além disso, principalmente em projetos pessoais, quem projeta algo deve
ter conhecimento de si mesmo e das pessoas envolvidas.
Décimo segundo: Sun Tzu diz: “Infeliz será o destino daquele que vencer
suas batalhas, conquistar os objetivos que lhe foram atribuídos e não cultivar o
espírito da audácia, aproveitando o êxito; porque o resultado será perda de tempo e
estagnação geral”. De acordo com o seu ensinamento, depois que o indivíduo
realizou o projeto, alcançou os objetivos e teve êxito, mas parar e não dar
continuidade a ele, desfrutando daquilo que dele pode advir, perdeu seu tempo e
estagnou.
Décimo terceiro: Por fim, o estrategista chinês afirma que são “as
informações oportunas que permitem ao soberano esclarecido e ao bom general
atacar e vencer, e obter feitos fora do alcance dos homens comuns”. A maioria das
pessoas executa algum tipo de projeto e atinge seu objetivo; entretanto, Sun Tzu
incentiva-nos a buscarmos patamares mais elevados, acima do comum.
Destarte, aquele que conhecer perfeitamente esses treze passos
inspirados nos ensinamentos do filósofo e estrategista chinês, em “A arte da guerra”,
e colocar em prática seu conhecimento, certamente alcançará êxito.
O livro de Sun Tzu tem um verdadeiro arcabouço de estratégia e de como
um líder de topo deve comporta-se para influenciar seus subordinados. Para ele
grandes resultados serão obtidos, se aqueles que utilizam a sua liderança e o
poderio de seu exercito, para exercer espionagem e conseqüentemente dissecar os
exércitos opositores. Em analogia, os ocupantes de cargos de direção nas
empresas, nas organizações, devem conhecer de forma minuciosa seus
concorrentes, o que evita surpresas ao ocorrer mudanças no mercado.
O primeiro passo para que a guerra a ser enfrentar seja ganha, é fazer
um estudo preliminar detalhado baseado no termos dos cinco fatores fundamentais
e compara-lo com os setes elementos mencionados por Sun Tzu. Os cinco fatores
são: a influência moral, o clima, o terreno, o comando e a doutrina. O domínio
desses fatores levará o general à vitória é o desconhecimento deles a ruína. A
obtenção de subordinado bem preparados e uso concessão de prêmio e castigo de
maneira correta, previsão de vitória e de derrota, uso da simulação para melhor
estudar estratégia de ataque, a mostra de uma atitude concentrada e o ataque as
fraquezas inimigas, aparentar inferioridade para provocar a arrogância do
adversário, mantê-lo sob tensão e cansa-lo e desagregar o inimigo quando este
estiver unido.Esses são os elementos essências a vitória numa guerra.
Após os estudos preliminares, devem-se deslocar as provisões
financeiras, para que as despesas e custos necessários na campanha de guerra
sejam cobertos, garantindo a formação de um exercito. O volume dos gastos da
campanha é diretamente acrescido com o seu tempo decorrido. As reserva estatais
nunca serão suficientes nessa situação, prejudicando o poderio militar, favorecendo
a futura submissão com uma derrota. Os prisioneiros são fatores importantes nas
negociações e força escrava para reconstrução do estado. Trata-los bem torna
essas premissas favoráveis aos aprisionadores. Sendo o general o ministro do
destino do povo e o arbitro do futuro da nação, a conquista da vitória deve ser a sua
maior meta.
A melhor estratégia de guerra é atacar a estratégia inimiga. O cúmulo da
habilidade de um exército é o domínio do inimigo sem o combater. Evita perdas de
contingente e de tempo. Consequentemente evita desperdício financeiro. Não é de
grande valia tomar um Estado em ruínas após a campanha. O território conquistado
precisará de recursos para ser reerguido, e o tempo gasto nessa atividade poderia
ser usado em outra conquista. Habilidoso é aquele general que efetua uma
conquista sem perdas e através de uma ofensiva na estratégia do adversário.
A invencibilidade de um guerreiro é adquirida com o equilíbrio entre o
ataque é a defesa. Dessa forma erros em batalha são evitados. Um comandante
habilidoso é aquele que toma posições onde não pode ser derrotado e não perde
qualquer ocasião para subjugar o inimigo. Ele é aquele equilibra os dois fatores da
invencibilidade de um guerreiro. O exercito vitorioso é aquele que vence sem
batalhas. Aquele que espera vencer, combate a esperança de vencer. Projetos
vitoriosos são melhores formulados pelos seguidores da Tão. Sun Tzu acrescenta a
necessidade de conhecer os elementos da arte da guerra: a noção do espaço, a
avaliação das quantidades, os cálculos, as comparações e as possibilidades de
vitória.
O general-filósofo Sun Tzu que viveu aproximadamente em 500 anos a
C., na China milenar de Lao-Tsé e Confúcio, escreveu os seus treze capítulos que
fizeram parte de um manual de estratégia de guerra que ficou conhecido como A
Arte da Guerra. Suas premissas ainda são atuais, mesmo passados 25 séculos após
sua elaboração e é um dos livros mais utilizados por administradores, empresários,
políticos e todos aqueles que necessitam de uma fundamentação para formular suas
estratégias.
A autoridade de um general precisa ser exercida de forma organizada
tanto na direção de muitos subordinados e a direção de poucos. Isso se torna uma
questão de formações e sinais de liderança. Os movimentos de tropas especiais e
normais fazem com o exército resista a ataques inimigos. As normais são
necessárias para o entrechoque e as extraordinárias para a vitória. O potencial de
tropas comandadas por general habilidoso é análogo a penedos redondos que
rolarão desde o alto da montanha, devido a estes estar facilmente locomovendo-se.
Os pontos francos do inimigo devem ser atacados para que seja evitado
um contra-ataque à tropa. Os peritos no ataque desnorteiam os adversários e os
peritos na defesa não os dão condições de efetivar o ataque. Mesmo o inimigo
protegido por grandes muralhas, o ataque deve ser desferido, pois ele terá que
proteger os pontos atingidos Ao se querer evitar uma batalha, a tropa deve ser
guiada a defender-se em linha, porque o inimigo não difere o ataque, pois se afasta
dos pontos onde deseja atacar. Assim utilizar os pontos fortes da tropa e explorar os
ponto fracos , a vitória na batalha é garantida mais facilmente.
O bom conhecimento do terreno facilita a mobilidade estratégica do
exército em campanha. Pode-se iludir o adversário e o atrair a emboscada, ao se
marchar por caminhos indiretos do terreno. A compreensão do ataque direto e
indireto é facilitada pelo com conhecimento do território de batalha. Entretanto, tanto
as vantagens como os perigos estão ligados as manobras. Planeja-las
antecipadamente evitam surpresas que podem facilitar a derrota do exército.
Conclusão
Existem nove fatores variáveis que o general (líder) precisa conhecer, o
que evitará mais surpresas no campo de batalha. Em campanha contra o adversário
em terreno, cujo o inimigo encontra-se abaixo da sua tropa e que exista água
separando-a dele, o general deve planejar cuidadosamente seu ataque, a fim de
evitar a influência da água. Dessa maneira o exército tem facilitada a vitória.
O nove tipos de terreno apresentados por Sun Tzu precisam ser
conhecidos. São eles: o dispersivo, o fronteiriço, a chave, o comunicante, o focal, o
perigoso, o difícil, o cercado e o morta. De forma adaptável à característica do
terreno, precisa o general conduzir seu exército. A vitória é conquistada de maneira
diferente, conforme o terreno. O uso do fogo como diferencial para a conquista de
uma campanha, necessita de cuidado especial no planejamento de ataque na
batalha. Por que, o seu uso inadequado pode decretar a derrota e ruína do exército
do general, que não o soube utilizar estrategicamente.
Em batalhas em que são necessários muitos homens e que não há
contingente disponível no estado de origem, o general deve cuidadosamente tratar
suas tropas, para evitar motins e não transparecer o inimigo sua fraqueza.
Não se tendo informações precisas do adversário e pouco conhecimento
do terreno da campanha, a vitória será assegurada com uso de espiões. Estes
trarão ao general informação precisas que garantirão a vitória. Entretanto, também
poderão fornecer conhecimentos da tropa ao inimigo em caso de traição. A escolha
dos espiões é atividade somente do general. A ele se credita a traição.
O texto tem como principal objetivo-chave a busca da vitória. A
competição e o conflito geral, em todos os níveis fornecem argumentos para que a
meta pela vitória seja estrategicamente planejada. Por isso, o livro do guerreiro-
filósofo chinês Sun Tzu é recomendável aos ocupantes de cargos de liderança,
políticos e estudantes da arte ou ciência da estratégia.
“A vitória é a seiva da guerra”. Esta é uma das muitas frases ditas em A
Arte da Guerra. O livro é um antigo tratado militar, que sobreviveu a inúmeras
gerações, servindo como uma espécie de guia de referência para comandantes de
exércitos. Através de lições que, de acordo com o autor, Sun Tzu, podem dar a
vitória ao comandante caso sejam seguidas a risca, são comentados todos os
aspectos de uma guerra: terreno, adversários, suprimentos, tudo.
A obra originalmente fazia parte da categoria militar, mas devido a seus
conceitos foi parar nas prateleiras dos livros de negócios, e atualmente conta com
inúmeras edições e variedades - como, por exemplo, “A Arte da Guerra para
Mulheres”, e edições com mais detalhes.
Essa migração tem motivo. Os conceitos apresentados no livro possuem
aplicação em vários aspectos no mundo competitivo e capitalista de hoje. Não se
trata de lutas como a Primeira ou a Segunda Guerra Mundiais, mas outro tipo de
batalha. Trata-se da guerra dos negócios, um tipo de batalha travada através de
informações e serviços oferecidos. “Se conheces a ti próprio, mas ignoras teu
adversário, tens metade das chances de vencer”. Essa frase pode ser interpretada
da seguinte forma: de nada adianta saber que produtos você pode oferecer se não
conhece a concorrência. E esse é apenas um exemplo entre as lições do tratado
que possuem aplicação prática.
As áreas de aplicação podem ser várias: do mundo financeiro ao
esportivo. As frases “Conhece cada um dos teus soldados (...) anota as habilidades
individuais de cada um deles” servem como dicas para um treinador de um time de
futebol ou vôlei montar a equipe balanceando os pontos fortes e fracos de cada um
dos membros.
A Arte da Guerra é um excelente livro, que serve para pessoas de
qualquer área de trabalho. As lições e explicações escritas por Sun Tzu têm
fundamento e são adaptáveis a muitos campos da atualidade. Porém, serão melhor
aproveitadas se aplicadas, pois de acordo com outra frase contida no livro,
“Conhecer os meios para se assegurar a vitória não significa obtê-la”.
Trabalho: 04Categoria: AcadêmicoAtividade: Matérias do semestre vigenteDisciplina: Ambiente Econômico GlobalTema: A CRISE MUNDIAL
Introdução
A crise financeira que assola o mundo é grave. Nada lhe é comparável
desde 1929. É uma profunda crise de confiança decorrente de uma cadeia de
empréstimos originalmente imobiliários baseados em devedores insolventes que, ao
levar os agentes econômicos a preferirem a liquidez e assim liquidar seus créditos,
está levando bancos e outras empresas financeiras à situação de quebra mesmo
que elas próprias estejam solventes. Entretanto, dada a reação pronta e geralmente
competente dos governos de todos os países, que compreenderam a gravidade do
problema e pouco hesitaram antes de tomar medidas para aumentar a solvência e
garantir a liquidez dos mercados, não há razão para pessimismo. Estou seguro que
em breve a razão voltará aos mercados, as bolsas recuperarão parte de suas
perdas, as taxas cambiais voltarão a se estabilizar, e a recessão – inevitável – não
terá nada de parecido com a crise de 1929. Há uma série de fatos que hoje estão
claros a respeito desta crise financeira.
Primeiro, sabemos que é uma crise bancária que ocorre no centro do
capitalismo, não é uma crise de balanço de pagamentos – comuns entre os países
em desenvolvimento que tentavam até os anos 1990 crescer com poupança externa,
ou seja, com déficit em conta corrente e endividamento externo. Os grandes déficits
em conta corrente que marcaram a economia norte-americana nesta década,
combinados com grandes déficits públicos, não são, porém, estranhos à crise
bancária. A falta de confiança não é apenas nos bancos e no mercado, é também na
economia norte-americana como um todo, gravemente enfraquecida por essas
políticas irresponsáveis.
Segundo, sabemos que a causa direta da crise foi a concessão de
empréstimos hipotecários de forma irresponsável, para credores que não tinham
capacidade de pagar ou que não a teriam a partir do momento em que a taxa de
juros começasse a subir como de fato aconteceu. E sabemos também que esse fato
não teria sido tão grave se os agentes financeiros não houvessem recorrido a
irresponsáveis “inovações financeiras” para securitizar os títulos podres
transformando-os em títulos AAA por obra e graça não do Espírito Santo, mas de
agências de risco interessadas em agradar seus clientes.
Terceiro, sabemos que tudo isto pode ocorrer porque os sistemas
financeiros nacionais foram sistematicamente desregulados desde que, em meados
dos anos 1970, começou a se formar a onda ideológica neoliberal ou
fundamentalista de mercado. Para ela os
mercados são sempre eficientes, ou, pelo menos, mais eficientes do que qualquer
intervenção corretiva do Estado, e, portanto, podem perfeitamente ser auto-
regulados.
Para esta ideologia que, desde o governo Reagan, se transformou no
instrumento do softpower americano, este era o sistema econômico mais eficiente –
o único caminho para os demais países – dado que as alternativas seriam formas de
“socialismo social democrata” europeu, de “populismo” no Terceiro Mundo, e de
“estatismo disfarçado” na Rússia e na China que seriam muito inferiores. Quarto,
sabemos que esta ideologia ultraliberal era legitimada nos Estados Unidos pela
teoria econômica neoclássica – uma escola de pensamento que foi dominante entre
1870 e 1930, que entrou em crise e foi substituída pela teoria macroeconômica
keynesiana, que se tornou dominante nas universidades até meados dos anos 1970,
e voltou à condição dominante desde então por razões essencialmente ideológicas.
Economistas como Milton Friedman, James Buchanam, Mancur Olson, Robert
Lucas, Kydland e Prescott apontaram suas armas contra o Estado e se
encarregaram de demonstrar matematicamente, “cientificamente”, com o auxílio dos
pressupostos do homo
economicus, das “expectativas racionais” e da “escolha racional” que o credo
neoliberal
era correto.
Quinto, sabemos que esse tipo de teoria econômica não foi utilizado tanto
pelos formuladores de política econômica nos governos quanto pelos analistas
macroeconômica nas empresas e nos jornais e publicações especializadas. Não
foram utilizados porque a pressuposição neoclássica de mercados eficientes
dispensa qualquer política econômica a não ser a de ajuste fiscal; o resto deve ser
liberalizado, desregulado, já que os mercados seriam auto-regulados. Como os
governos e os analistas precisavam orientar sua política monetária, continuaram a
usar o instrumental keynesiano de forma pragmática. Os experimentos
macroeconômicos neoclássicos foram reservados para os países em
desenvolvimento. Como, entretanto, os países ricos liderados pelos Estados Unidos
não escaparam da prescrição desreguladora, agiram como o “escorpião que morde
sua própria cauda”.
Sexto, agora, quando vemos o Estado surgir em cada país como a única
tábua de salvação, como o único possível porto seguro, fica evidente o absurdo da
oposição entre mercado e Estado proposta pelos neoliberais e neoclássicos. Um
liberal pode opor coordenação do mercado à do Estado, mas não pode se colocar,
como os liberais se colocaram, contra o Estado, buscando diminuí-lo e enfraquecê-
lo. O Estado é muito maior do que o mercado. Ele é o sistema constitucional-legal e
a organização que a garante; é o instrumento por excelência de ação coletiva da
nação. Cabe ao Estado regular e garantir o mercado e, como vemos agora, servir de
emprestador de última instância.
Desenvolvimento
A crise está bem clara. O que não está claro é por que os mercados estão
resistindo a recuperar a confiança apesar das medidas fortes que os governos estão
tomando em todo o mundo. Não tenho resposta segura para esta questão, mas creio
que dois fatores contribuem para a profundidade da desconfiança: de um lado, o
enfraquecimento da hegemonia norte-americana nos anos 2000 não apenas devido
aos déficits gêmeos mais também à guerra do Iraque, aos abusos contra os direitos
humanos, e à instrumentação da democracia como forma de dominação. De outro,
um erro grave e pontual cometido pelo Tesouro norte-americano: não ter salvo o
Lehman Brothers. Bancos grandes não podem ir à falência; o risco de crise
sistêmica é muito grande. Foi a partir dessa decisão que o quadro financeiro mundial
entrou em franca deterioração. O salvamento da AIG no dia seguinte, o pacote de
US$ 700 bilhões para dar solvência aos bancos, as diversas intervenções de bancos
europeus garantindo seus próprios bancos e garantindo os cidadãos depositantes, e
a baixa coordenada de juros pelos bancos centrais não fizeram efeito até agora.
Esta resistência dos mercados financeiros às ações dos governos é mais
uma demonstração de sua irracionalidade. De seu clássico comportamento reflexivo
e de manada. Estou seguro, entretanto, que a confiança voltará em breve. Não
plenamente. Certamente com cicatrizes para os Estados Unidos e com prejuízos
para todos, inclusive cerca de dois anos de recessão. Mas não teremos nada
parecido com a depressão dos anos 1930, porque, naquela época, o governo norte-
americano demorou quase quatro anos para agir. Agora, usando instrumentos
keynesianos e pragmáticos, não apenas o governo dos Estados Unidos, mas todos
os governos relevantes financeiramente estão agindo imediatamente, e com força. E
são governos que têm por trás de si Estados fortes, democráticos, dotados de
legitimidade política e de recursos fiscais vultosos.
Não há razão para que não sejam afinal bem sucedidos, e a confiança
seja recuperada. A internacionalização do sistema financeiro tem alterado
substancialmente a natureza e os determinantes da dinâmica econômica mundial: a
conjugação entre a desregulamentação dos mercados financeiros e inovações
financeiras – tais como securitizações e derivativos – a livre mobilidade de capitais e
a flexibilidade e a volatilidade das taxas de câmbio e de juros têm, por um lado,
limitado a ação das políticas macroeconômicas domésticas e, por outro, sido
responsáveis tanto pelas freqüentes crises de balanço de pagamentos das
economias emergentes, quanto pelas crises de liquidez e solvência, como a recente
crise financeira internacional. Este processo de globalização financeira, em que os
mercados financeiros são integrados de tal forma a criar um “único” mercado
mundial de dinheiro e crédito, acaba, por sua vez, diante de um quadro em que
inexistem regras monetário-financeiras e cambiais estabilizantes e os instrumentos
tradicionais de política macroeconômica tornam-se crescentemente insuficientes
para conter os colapsos financeiros (e cambiais) em nível mundial, resultando em
crises de demanda efetiva.
J.M.Keynes, em sua Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda de
1936, já chamava a atenção para o fato de que, em economias monetárias da
produção, a organização dos mercados financeiros enfrenta um trade-off entre
liquidez e investimento: por um lado, eles estimulam o desenvolvimento da atividade
produtiva ao tornar os ativos mais líquidos, liberando, portanto, o investidor da
irreversibilidade do investimento; por outro, aumenta as possibilidades de ganhos
especulativos. Assim, ao estabelecer uma conexão entre os mercados financeiro e
real da economia, Keynes, na Teoria Geral, escreveu que “a posição é séria quando
o empreendimento torna-se uma bolha sobre o redemoinho da especulação.
Quando o desenvolvimento das atividades de um país torna-se o subproduto das
atividades de um cassino, o trabalho provavelmente será mal-feito”.
Indo ao encontro de Keynes, nos dias de hoje, a ação dos global players,
em um mercado mais liberalizado e integrado, faz com que os mercados financeiros
convertam-se em uma espécie de grande cassino global. Especulação, em uma
economia global, tem caráter disruptivo não somente em mercados domésticos, mas
sobre países como um todo, criando uma espécie de cassino financeiro ampliado.
Na perspectiva keynesiana, instabilidade financeira não é vista como “anomalia”,
mas como resultante da própria forma de operação dos mercados financeiros em um
sistema no qual não existe uma estrutura de salvaguarda que exerça o papel de um
market marker global. Assim, o formato institucional específico dos mercados
financeiros determina as possibilidades de se ter um ambiente em que a
especulação possa florescer.
Crises financeiras não são apenas resultados de comportamentos
“irracionais” dos agentes, mas resultam da própria forma de operação dos mercados
financeiros globais liberalizados e sem um sistema de regulação adequado.
A atual crise financeira internacional, originada pelas perdas causadas
pelo crescente default dos empréstimos das hipotecas do mercado norte-americano
de subprime e dinamizada em termos globais, uma vez que grande parte dessas
hipotecas foi securitizada e distribuída a investidores do mercado global, nos induz a
duas reflexões.
Em primeiro lugar, ela põe em xeque os benefícios concretos da
globalização financeira, com mercados financeiros desregulados, inclusive nos
países desenvolvidos. Em segundo lugar, ela nos remete, a partir das medidas de
natureza fiscal e monetária implementadas pelos EUA e países da Zona do Euro e
do Japão – tais como injeção de liquidez e de capital nos sistemas financeiros por
parte das autoridades econômicas destes países e a redução sincronizada da taxa
básica de juros dos principais bancos centrais mundiais – para se evitar uma
recessão econômica aguda, tanto a repensar o próprio papel do Estado na
economia quanto à necessidade de re-regulamentar os sistemas financeiros
domésticos e reestruturar o sistema financeiro mundial (SFM).
Em relação à primeira questão, como os mercados financeiros
desregulamentados não são eficientes, na ausência de regras que estabilizem o
referido mercado, as atividades especulativas e a valorização financeira da riqueza
afloram naturalmente. Isto porque a liberalização dos mercados financeiros e a
existência de novos instrumentos financeiros (como derivativos) ampliaram a
possibilidade de realização de atividades especulativas.
Torna-se, assim, necessária a regulamentação de operações derivativas
“exóticas” e outras práticas (por exemplo, alavancagem excessiva de instituições
financeiras) que ocasionam a festa dos investidores e bancos.
Quanto à segunda questão, a lição da crise atual é que não somente a
ação estatal é fundamental para prevenir ou remediar a crise, como é necessária,
sobretudo em momentos críticos – o que nos remete a idéia de Minsky que uma
crise financeira tem que ser enfrentada pela ação de um Big Central Bank (banco
central como emprestador de última instância) e de um Big Government (política
anti-cíclica do governo), uma maior coordenação global entre as diferentes políticas
nacionais, em particular dos grandes países desenvolvidos. Assim sendo, pode-se
dizer que há um certo consenso entre economistas e policymarkers de que medidas
para restaurar a estabilidade do SFM são necessárias. Todavia, infelizmente, não há
um consenso acerca de como o referido sistema deve ser reestruturado.
Para os economistas do mainstream, um SFM eficiente para os países é
aquele constituído por regimes cambiais flexíveis, maior mobilidade de capitais e
maior liberalização financeira dos mercados, pois tais medidas equilibram,
automaticamente, os balanços de pagamentos, alocam eficientemente as
poupanças e melhoram a performance econômica. Por outro lado, a necessidade de
se preservarem as autonomias das políticas fiscal e monetária dos países –
essenciais para asseguraram trajetórias de crescimento econômico sustentável –
tem reforçado o ponto de vista de economistas keynesianos de que é necessária a
criação de uma espécie International Market Maker para garantir a liquidez
internacional para expandir a demanda efetiva mundial e coibir a livre mobilidade
dos fluxos de capitais especulativos, condições fundamentais para que a economia
mundial possa voltar a experimentar períodos mais duradouros de crescimento do
produto e do emprego.
No pêndulo das posições, não resta dúvida de que a atual crise financeira
internacional deixa claro que os mercados não são eficientes e que, portanto, é
necessária a mão visível do Estado para assegurar a “funcionalidade” da mão
invisível do mercado.
O sistema financeiro ofereceu aos americanos de renda mais baixa e
instável o sonho da casa própria. Ao mesmo tempo, ofereceu aos de cima outro
sonho, o da alta rentabilidade financeira - já que as operações tradicionais, como a
concessão de crédito, estavam remunerando muito aquém dos seus sonhos
financistas. O sonho dos de baixo era compatível com o sonho dos de cima.
Diferentemente das empresas e outros entes, os americanos de baixo (os indivíduos
do grupo subprime) supostamente poderiam pagar aos de cima juros mais altos. O
sistema pactuou os sonhos dos “sub-cidadãos” com os sonhos das super-
instituições financeiras.
As operações de financiamento imobiliário ao grupo de “sub-cidadãos”
eram de alto risco por estarem garantidas pelo trabalho, por vezes, informal e por
rendas, potencialmente, variáveis. E, finalmente, chegou o dia em que as garantias
evaporaram. Chegou o dia em que as prestações da casa própria não puderam mais
ser pagas. Uma das formas de pactuação dos sonhos foi estabelecer contratos de
financiamento imobiliário com juros altos, mas com percentuais diferenciados ao
longo do tempo. No começo do contrato, as taxas de juros eram baixas, depois eram
muito altas para compensar a redução da primeira fase. Até o final de 2006, a maior
parte dos contratos ainda estava na fase de juros mais baixos (e, portanto, a
inadimplência era reduzida).
Posteriormente, na fase de juros mais altos, a prestação elevada não
cabia no rendimento dos “sub-cidadãos” e os empréstimos deixaram de ser
validados. Esse é o desenho da crise de crédito que atingiu a economia norte-
americana.
O sistema financeiro vendeu a dívida que carregava dos “sub-cidadãos”
para as superinstituições, remunerando-as com elevadas taxas de juros,
proporcionais ao risco da operação. Quando foi percebido que a dívida dos de baixo
não estava sendo validada, decidiu-se vender o papel lastreado na capacidade de
pagamento dos “sub-cidadãos”. Quase que simultaneamente, todos tomaram a
mesma decisão. Por razões óbvias, os papéis passaram a valer quase nada.
Quando os preços de ativos entram em deflação aguda, diz-se, então, que o
mercado entrou em crise de liquidez.
Esses papéis de alto risco e remuneração compunham o ativo de muitas
instituições financeiras nos Estados Unidos. Os valores de passivos são mais rígidos
do que de ativos. Se por um lado, a maior parte dos ativos das instituições
financeiras é cotada pelo mercado, por outro, os seus passivos estão registrados em
contratos. Assim, passivos e ativos se desequilibraram. Foi isto que tornou o capital
de diversas instituições insuficiente para garantir a continuidade de suas operações.
A terceira crise, então, adentrou a economia: a crise patrimonial. Primeiro foi a crise
de crédito, que se transformou em crise de liquidez que, por sua vez, se transformou
em crise patrimonial.
Instituições financeiras que não foram atingidas tão diretamente pela crise
estão temerosas, decidiram retrair seus negócios: afinal, ao negociar um ativo, o
devedor potencial pode ser um “sub-cidadão” oculto ou uma super-instituição em
crise, mas sem sintomas externos. Se isto vale para o sistema financeiro, vale
também para setor real da economia. Quem tinha planos de investimento em capital
produtivo vai mantê-los na gaveta. O trabalhador sujeito a risco de renda
(desemprego) vai reduzir a demanda para fazer um fundo de precaução. Portanto, o
risco agora é de que haja uma quarta crise: uma crise de demanda por mão-de-obra,
bens de consumo e capital produtivo. O canal mais objetivo de contaminação dessa
próxima crise é a redução da oferta e da demanda por crédito, independentemente
das taxas de juros cobradas ou oferecidas.
O outro canal é subjetivo, é a desconfiança generalizada na capacidade
de compra futura da economia, ou seja, mesmo aqueles que não necessitam do
sistema financeiro para investir ou para produzir ou para consumir tenderão a se
retrair.
Aviso aos liberais: esta crise é resultado da falta de regulamentação sobre
as superinstituições financeiras e da falta de políticas públicas habitacionais para os
“subcidadãos”. Foi a falta de atuação do Estado e não a sua ação ativa que
causaram a crise. As políticas governamentais de resgate do sistema financeiro são
todas necessárias. As políticas de compra de papéis que não valem o que mercado
pagaria restituem o capital de instituições que poderiam falir. As benesses
orçamentárias do governo que envolvem as transações de aquisições de instituições
dentro do sistema financeiro são válidas.
As intervenções diretas com re-capitalização e tomada do controle por
parte do Estado são indispensáveis. Contudo, todas essas políticas são limitadas
porque os canais objetivo e subjetivo de contaminação do setor financeiro para o
setor real já estão abertos.
Uma política fiscal agressiva de gastos será necessária. Todas as
políticas de salvamento de instituições financeiras podem restabelecer a saúde do
sistema, mas não são capazes de restaurar a sua atividade. O saneamento do
sistema é um problema objetivo, contábil.
Contudo, sua atividade depende de sentimentos, conjecturas e temores
tanto da parte do sistema financeiro quanto da parte do setor real. Toda a liquidez
que poderá restaurar instituições financeiras e impedir que a crise atinja o sistema
em sua totalidade pode ficar represada. Banqueiros e empresários não têm
interesse em realizar negócios que podem não ser validados pelo consumidor final.
A saída bem sucedida deverá ser uma ativação dos negócios privados estimulada
pelo setor público, que deverá realizar gastos, contratar mão-de-obra e transferir
renda àqueles que têm alta propensão a gastar (que são os “sub-cidadãos) e,
portanto, não vão represar liquidez.
Caso as políticas do governo norte-americano sejam apenas de
restauração do sistema financeiro, a economia dos Estados Unidos ficará patinando
por algum tempo, que poderá ser longo. A economia japonesa já mostrou e tem
mostrado que não vale a pena esperar. A diferença ensinada por J.M.Keynes entre
as políticas de ampliação da liquidez e as políticas fiscais de gastos é que as
primeiras são dependentes das reações, por vezes, pessimistas ou excessivamente
cautelosas do setor privado, enquanto as últimas representam “remédio direto na
veia”, ou seja, compras diretas ao setor privado, contratações de mão-de-obra ou
transferências de renda àqueles que gastam tudo aquilo que recebem e que,
portanto, ativam os negócios privados da economia.
Em cenário original até aqui, o governo realiza dois difíceis objetivos, ao
transferir os custos para os trabalhadores (sem protestos nem desgaste) e atuando
para conter os efeitos sobre o grande capital.
O impacto da crise mundial sobre o Brasil foi muito forte e seus efeitos
continuam se propagando. A brusca desaceleração da atividade produtiva gerou
corte acentuado do emprego e da renda, em especial dos trabalhadores em situação
mais precária. A queda da produção industrial no primeiro trimestre de 2009
ultrapassou as previsões mais pessimistas e confirmou a intensidade do choque
sentido pela economia.
O forte impacto da crise, contudo, não gerou crise cambial, não provocou
problemas relevantes nas finanças públicas e não abalou o sistema financeiro. Além
disso, e também muito relevante, o governo conservou capacidade de reação,
suficiente para adotar medidas como corte seletivo de impostos, programas de apoio
e de estímulo à economia e até redução das taxas de juros. Para completar, a
resistência dos trabalhadores é muito pequena e o governo conserva seu amplo
leque de apoio, desde a direita até as centrais sindicais. Em suma: o custo da crise
até aqui foi transferido para os trabalhadores e os pobres em geral, sem custo
político para o governo, e, dentro do capital, o impacto maior caiu sobre o setor
produtivo e não sobre os grandes bancos.
A percepção de que o governo mantém capacidade de iniciativa não quer
dizer que a crise não seja grave e não quer dizer que o governo pode reverter seus
efeitos com facilidade. O que se verifica até aqui é que o governo mantém
capacidade de manobra: a crise não provocou uma desorganização da economia
capaz de impedir que o governo tome iniciativas para atenuar seus efeitos e para
transferir os custos para a população mais pobre. A originalidade do quadro atual
aparece se for comparado com o que ocorreu com o Brasil e outros países da
América Latina na crise do início dos anos 1980, que levou à crise da dívida externa
e a quase dez anos de forte instabilidade econômica em nossos países.
Essas observações estão sendo escritas no começo de maio e nada
assegura que o quadro não venha a se alterar, por fatores externos ou internos.
Essa ressalva é indispensável, porque esta crise tem contornos muito
originais, como em todos os processos de magnitude semelhante.
As dúvidas sobre os desdobramentos da crise envolvem questões
internacionais e questões internas. No plano externo, convém destacar três
controvérsias: (i) se a crise é "apenas" financeira; (ii) se a posição singular dos EUA
será afetada; (iii) se existem riscos de contração acentuada do comércio
internacional.
Na primeira controvérsia, se a crise é predominantemente financeira,
pode-se supor que a economia real poderá retomar o crescimento depois de
saneados os circuitos financeiros, como os Estados dos países centrais estão
fazendo. É claro que a crise resulta da reversão de uma expansão de crédito
insustentável, mas essa expansão impulsionou o forte crescimento da economia
mundial nesses anos, e no centro desse crescimento esteve a posição fortemente
deficitária dos EUA. A capacidade da economia norte-americana de gerar déficits
comerciais gigantescos ampliou as exportações do mundo e puxou o crescimento
mundial. Passada a fase mais aguda da crise, não está claro se será possível voltar
ao arranjo anterior. A adaptação forçada à queda da demanda por importações e os
déficits comerciais dos EUA pode se revelar muito difícil para diversos países. Até
agora, a sustentação do crescimento econômico da China manteve a demanda por
produtos primários, o que beneficia o Brasil e outros exportadores de commodities.
A segunda controvérsia diz respeito à manutenção da posição singular
dos EUA, como país emissor da moeda mundial, o que permite financiar seus
déficits externos com a emissão de sua própria moeda e de seus próprios títulos. A
continuidade desse papel do dólar como moeda mundial mantém a margem de
manobra dos EUA para gerenciar a crise e afasta o risco de uma desordem
financeira catastrófica, que poderia resultar de uma fuga desordenada da riqueza em
busca de proteção fora do dólar.
A terceira controvérsia, por fim, diz respeito à magnitude da contração do
comércio mundial. Além dos efeitos da recessão sobre a demanda por importações,
as práticas protecionistas podem levar essa retração a níveis suficientes para exigir
a adaptação acentuada e prolongada dos países mais abertos e que tiveram seu
crescimento recente muito vinculado às exportações.
No Brasil
Não são claros os efeitos sobre o Brasil dos desdobramentos dessas três
variáveis. Claro que o país perde com retração do comércio mundial, mas até aqui a
demanda chinesa por commodities atenuou a redução das exportações brasileiras. A
desorganização financeira mundial foi evitada e iniciativas recentes, como o G20
(grupo que reúne os 20 países mais ricos do mundo), apontam para a manutenção
da liderança dos EUA e até a para a revitalização do FMI. E a manutenção do
crescimento da China permanece como uma possibilidade real, o que significaria um
"descolamento" da sua capacidade de crescimento em relação à demanda norte-
americana.
No plano da economia brasileira, uma das principais surpresas é a
permanência do saldo comercial positivo, garantia contra a ocorrência de uma crise
cambial. Esse desempenho dá razão aos defensores da abertura comercial dos
anos 1990, iniciada no governo Collor e ampliada no governo Fernando Henrique.
Para eles, com maior volume de comércio, a economia teria maior resistência aos
efeitos de uma crise externa: a queda de exportações seria compensada por quedas
também das importações, em magnitude suficiente para evitar a ocorrência de
déficits comerciais e de crises de financiamento externo. É o que tem ocorrido até
aqui, com a ajuda da demanda chinesa. É evidente que caíram muito as
exportações de produtos industrializados, enquanto se mantêm as vendas de
produtos primários, um sinal negativo para o futuro do país. Ainda assim, a queda
das importações permite que a recessão doméstica, o desemprego e a redução da
renda dos trabalhadores acomodem os efeitos da crise externa, sem gerar crise
cambial. Acrescente-se que o regime de câmbio flutuante também tem funcionado
no mesmo sentido, inclusive por viabilizar que o encarecimento dos produtos
importados não gere alta generalizada dos preços.
Na área fiscal, o governo conseguiu lançar medidas para conter a queda
da indústria – corte de impostos no setor automobilístico, anúncio de obras públicas,
o programa habitacional. Até agora não ocorreu a situação perversa do passado, em
que o governo era levado a cortar gastos e aumentar impostos em momentos de
crise, o que acentuava os efeitos recessivos. A carga tributária muito alta dá
condições ao governo de fazer cortes de impostos seletivos.
Na área financeira, o governo conta com o sistema de bancos públicos
para ampliar o crédito, em especial o Banco do Brasil e a Caixa. Esses dois bancos
de grande porte estavam saneados no final do governo FHC, herança do
neoliberalismo à brasileira dos tucanos, em que as privatizações não atingiram os
bancos federais nem os grandes fundos públicos, como o FGTS. Por fim, e não
menos importante, o governo consegue até mesmo reduzir os juros na crise, uma
medida importante para reduzir os efeitos recessivos sem prejudicar os grandes
bancos privados, cujo patrimônio foi continuamente engordado pelos juros elevados
impostos pelo Banco Central sobre a dívida pública.
O desenvolvimento da crise até aqui mostra um cenário original. O
governo consegue realizar dois objetivos difíceis: (i) transferir os custos para os
trabalhadores, sem protestos nem desgaste político; (ii) atuar para conter os efeitos
da crise sobre o grande capital, utilizando a margem de manobra de que dispõe na
área cambial, fiscal e financeira.
Uma conclusão preliminar é que o atual modelo capitalista brasileiro é
mais resistente do que se imaginava, capaz de suportar uma crise mundial de
grandes proporções. Iniciado por Collor e mantido por FHC e Lula, o modelo
manteve e reciclou os traços de exclusão social e dependência externa, mas parece
dispor de boa capacidade de adaptação ao cenário internacional.
Á luz dessas considerações pode-se fazer a seguinte indagação: a
economia brasileira está de fato blindada contra a crise financeira internacional? A
resposta é não. A economia brasileira não está blindada contra a crise financeira
internacional em virtude da fragilidade financeira do setor produtivo, a qual se deve a
sua excessiva exposição a instrumentos de derivativos de câmbio. As empresas se
valeram de um processo de defesa de margem de lucro face ao processo contínuo
de apreciação cambial evidenciado nos últimos dois anos, acarretando queda na
receita operacional das empresas. Podemos afirmar, portanto, que as empresas
substituíram receita operacional por receita financeira. Além disso, evidenciou-se um
segundo fator que contribuiu para esta exposição: o otimismo generalizado do
mercado, otimismo este sancionado pelo Governo Federal. Foi sob este contexto
que as empresas reduziam as suas margens de segurança e, sob este enfoque,
afirmamos que o mito da blindagem desconsiderou a fragilidade do setor privado
não-financeiro. A crise brasileira é endógena, fruto da crescente fragilidade
financeira do setor privado e decorrente da exposição ao risco cambial. O gatilho, é
verdade, foi exógeno, oriundo do recrudescimento da crise internacional.
Além disso, o Conselho Monetário Nacional precisa adotar medidas
urgentes de “direcionamento de crédito” para induzir os bancos a retomar as linhas
de crédito ao setor produtivo. Uma medida concreta nesse sentido seria atrelar a
liberação dos compulsórios a concessão de crédito para o financiamento de capital
de giro e para o financiamento das exportações. Algumas medidas nesse sentido já
têm sido adotadas pelo governo, mas ainda são muito tímidas no que se refere aos
valores envolvidos.
Aqui cabe uma análise a respeito da Medida Provisória 443 submetida em
22/10/2008 ao Congresso Nacional. Ela autoriza o Banco do Brasil e a Caixa
Econômica Federal a comprar parcial ou totalmente outras instituições financeiras.
Implicitamente a MP assume que a fragilidade financeira do setor privado já
contaminou o setor financeiro, expondo alguns bancos ao risco de insolvência.
Dessa forma, com vistas a reduzir o risco sistêmico o governo autorizou essas
instituições a fazer o “salvamento” dos bancos com problemas, mediante a
transferência de controle acionário. Essa medida é correta, mas insuficiente, pois
não atua no sentido de promover um efetivo destravamento do crédito ao setor
privado. É necessário que o governo crie mecanismos para induzir os bancos a
reduzir a sua preferência pela liquidez. Do contrário, não seremos capazes de deter
o ciclo vicioso da contração do crédito-redução da produção-aumento do risco de
inadimplência-contração do crédito.
Conclusão
Mais de cem anos atrás, o sociólogo alemão Georg Simmel criticou os
bancos por ficarem cada vez maiores e mais poderosos do que as igrejas. A sua
principal queixa – a de que o dinheiro é o novo deus dos nossos tempos – ainda é
ouvida nos dias de hoje. Se Simmel estava certo, e há indicações de que de fato
estava, a declaração teria que ser modificada para coadunar-se com as
circunstâncias atuais: nem todo mundo reza para o mesmo deus.
Entre o grupo de adoradores de dinheiro, existem pelo menos três fés. A
primeira é a dos Puritanos, que carregam pacientemente o dinheiro deles para as
novas igrejas, esperando que ele se multiplique. O chinês típico, por exemplo,
deposita 40% dos seus rendimentos em bancos. Que disciplina louvável! E há
também os Pragmáticos. Estes poupam e emprestam, mas somente nesta ordem; a
poupança é o fator que limita a ousadia deles. Esta linha é especialmente comum
nos países germânicos, nos quais o banco de poupança é o templo religioso.
Finalmente, temos a comunidade religiosa dos Desinibidos, que é especialmente
popular nos Estados Unidos. Os seus seguidores não se acanham em admitir a falta
de cautela, o desperdício extravagante e a cobiça onipresente.
Eles chamam isto de “American way of life” (”estilo de vida americano”).
Os seus membros vivem no aqui e no agora, sem fazer perguntas sobre o amanhã.
Um empresta dinheiro ao outro, mesmo que o dinheiro não lhes pertença. Em vez
disso, eles tomam quantias emprestadas com uma terceira pessoa, que prometeu
conseguir o dinheiro com um quarto indivíduo – e assim por diante.
Southampton, o início do rastro de evidências: Esta comunidade religiosa é a
mais fervorosa de todas. Há algum tempo, ela adotou a prática de tratar dinheiro
antecipado como dinheiro real e de entender desejo como realidade. Atualmente ela
não conta mais com nenhum fragmento de inibição.
Como todos sabiam que havia mais desejos do que dólares, o resultado
inevitável foi uma certa lacuna de financiamento, ou déficit. Capitalismo sem capital
– o núcleo audacioso desta inovação – não poderia funcionar. Não há salvação
terrena – pelo menos esta foi uma conclusão quanto à qual o antigo Deus, aquele
que carregou a cruz, e o novo deus, o que traz cifrões nos olhos, poderiam
concordar.
E, assim, o inevitável ocorreu: o big bang. Três entre cada cinco bancos
de investimento dos Estados Unidos perderam a independência, e os outros dois
ainda estão afundando. Dois bancos de hipotecas e uma companhia de seguros
encontram-se agora sob administração governamental.
O sistema financeiro global foi abalado, horrorizando os membros das
outras duas fés. Pode haver três religiões, mas só há um céu. Se este cair, todos
morrem.
Uma busca por evidências a fim de identificar os responsáveis deveria
provavelmente começar em Southampton, um reduto da elite endinheirada. Nesta
cidade, na parte leste de Long Island, perto da cidade de Nova York, é possível
presenciar o quanto a cobiça pode ser atraente.
Trata-se de um lugar no qual as opções de ações foram transformadas às
centenas em castelos de contos de fadas à beira-mar. Aproveitando-se das brechas
tarifárias, os gurus financeiros de Wall Street conseguiram retirar os seus bônus da
cidade mais ou menos intactos. Segundo a legislação tributária dos Estados Unidos,
a compensação na forma de ações e garantias é taxada em menos da metade do
índice mais elevado de impostos. Como resultado, a taxa tributária que incide sobre
os rendimentos de muitos banqueiros é inferior àquela a que estão sujeitos os
salários das suas secretárias.
Como menos transformou-se em mais: Os donos destas mansões à beira-mar
não estão lá neste momento, de forma que uma investigação mais profunda requer
uma viagem de trem até Nova York. No arranha-céu de Midtown que abriga os
escritórios do Lehman Brothers, que está em processo de encerramento da sua
história, há muito o que descobrir a respeito da seqüência de eventos. Bilhões de
dólares foram emprestados a pessoas que não tinham crédito para que elas
adquirissem condomínios e casas de pouco valor. No jargão alegre e cínico dos
banqueiros, esse tipo de empréstimo foi batizado de “NINA”, acrônimo de “No
Income, No Asset” (”Sem renda, sem bens”).
Mas mesmo assim as coisas andavam bem no mundo dos financiadores.
O aumento miraculoso da oferta de dinheiro contribuiu para que o preço de imóveis
subisse mais de 70% entre 2000 e 2006. A indústria conseguiu obter lucros
aumentando o risco. Pelo menos na folha de balanço, o menos se transformou em
mais.
Em tempos melhores, alguém poderia ter chamado os banqueiros de
empreendedores; atualmente, eles são chamados de irresponsáveis. Antes mesmo
do surgimento da expressão banco de investimentos, Karl Marx sabia como as duas
coisas estavam vinculadas: “O capital tem tanto horror à ausência de lucro ou de um
lucro muito pequeno quanto a natureza tem horror ao vácuo. Com um lucro
apropriado, o capital é despertado; com 10% de lucro, ele pode ser usado em
qualquer lugar; com 20%, torna-se vivaz; com 50%, fica positivamente ousado; com
100%, ele esmagará com os pés todas as leis humanas; e com 300%, não existe
crime que ele não se disponha a cometer, ainda que se arrisque a ir para a cadeia”.
Um futuro vendido: Quem quer que espere receber um alerta
antecipado deveria simplesmente expandir o seu campo de visão enquanto as luzes
permanecerem acesas.
As companhias de cartão de crédito dos Estados Unidos não estão em
uma situação significativamente melhor do que os bancos. Elas também venderam o
futuro e até mesmo uma parcela do período posterior a ele.
A indústria automobilística norte-americana também se encontra
seriamente combalida e tem dificuldades para estender as suas linhas de crédito no
mercado aberto. A indústria perdeu mais de 300 mil empregos desde 1999. Mas qual
é o benefício disto se são os gerentes – e não os trabalhadores – os culpados pela
crise? A enorme conta dos Estados Unidos com a compra de petróleo – cerca de
US$ 500 bilhões (? 345 bilhões) – é atualmente paga com dinheiro emprestado pela
China. A cada dia útil, a dívida externa dos Estados Unidos aumenta em quase US$
1 bilhão ( 690 milhões).
Provavelmente a pílula mais amarga de engolir nos Estados Unidos de
hoje é o fato de os lares privados não estarem administrando as suas finanças de
maneira melhor do que os executivos de corporações. Estes lares vêem o reflexo de
suas imagens nos banqueiros de Wall Street, e não uma espécie de figura
destorcida de si próprios. “De fato, não conheço nenhum país no qual o amor pelo
dinheiro tenha se estabelecido tão fortemente no sentimento dos homens”, observou
Alexis de Tocqueville 170 anos atrás.
A conversa há muito necessária entre o governo e os governados ainda
não se materializou. Essa teria que ser uma conversa a respeito da relação entre a
economia e os valores, sobre a recuperação daquilo que se perdeu, em vez de
sobre expansão. A palavra frugalidade – que desapareceu do vocabulário dos
Desinibidos – deveria ser reintroduzida.
Mas não há sinal de que nada disso esteja acontecendo. Os Estados
Unidos de hoje são muito estadunidenses para sobreviverem na sua forma atual.
Mas os Estados Unidos atuais são também muito orgulhosos para perceberem isto.
Economistas ligados ao mercado financeiro calculam que os prejuízos
com as operações de “derivativos cambiais” podem superar a cifra espantosa de 50
bilhões de dólares. Como resultado desses prejuízos – cuja extensão ainda não é
totalmente conhecida – ocorreu um aumento significativo do risco de crédito das
empresas do setor produtivo. Tal situação, agravada pelo clima de incerteza
originado pela crise financeira internacional, fez com que os bancos brasileiros
reduzissem de forma significativa o crédito, principalmente o crédito ao
financiamento do capital de giro das empresas. Se essa situação de “evaporação de
crédito” não for resolvida rapidamente, a economia brasileira corre o risco de entrar
em recessão ainda este ano devido a “implosão” da oferta de bens e serviços, a qual
resulta da incapacidade das firmas de obter o financiamento necessário às suas
atividades normais de produção.
A gravidade da crise não tem sido adequadamente percebida pelo
governo. O Banco Central ainda acredita que os efeitos da crise internacional se
limitam a uma questão da “falta de liquidez” do setor bancário. Dessa forma, as
medidas tomadas até aqui se resumem a liberação (parcial) dos depósitos
compulsórios com vistas a irrigar o mercado financeiro com a liquidez necessária
para que o mesmo funcione normalmente.
O problema é que a situação atual não é de falta de liquidez, mas de
“empoçamento de liquidez”. Isso se evidencia pelo fato de que as reservas
compulsórias dos grandes bancos junto ao BC terem sido substituídas por reservas
voluntárias!!! Em outras palavras, o problema não é de falta de liquidez, mas de
aumento da preferência pela liquides dos bancos. Os grandes bancos brasileiros
não emprestam, não porque lhes falte liquidez, mas porque receiam que esses
empréstimos possam não ser pagos. Esse receio tem o poder de se tornar uma
“profecia auto-realizável”: o receio gera contração do crédito, a contração do crédito
gera uma queda do nível de produção e de emprego, a queda do nível de produção
e de emprego gera um aumento da inadimplência dos empréstimos bancários,
sancionando assim o temor inicial e dando origem a uma nova rodada de contração
de crédito.
Qual seria a estratégia mais adequada para se lidar com essa crise, de
maneira a
defender a economia nacional, ou seja, garantir a manutenção de uma taxa razoável
de crescimento (em torno de 4% a.a) da economia brasileira para os próximos 2 ou
3 anos?
Em primeiro lugar, são necessárias medidas no sentido de estabilizar a
taxa de câmbio. O banco central tem atuado nesse sentido por intermédio da venda
de reservas internacionais para irrigar o mercado de câmbio, atuando assim como
um market maker. O problema com essa estratégia é que não sabemos ao certo o
grau de exposição das empresas do setor produtivo aos “derivativos cambiais”. Se a
exposição máxima for de 50 bilhões de dólares, nossas reservas são mais do que
suficientes para estabilizar a taxa de câmbio, ainda mais tendo em vista o fato de
que o fluxo cambial continua positivo
Mas se a exposição for de 100 bilhões de dólares, a estabilização da taxa de câmbio
por intermédio dessa estratégia poderá comprometer uma parcela significativa das
reservas internacionais, num momento em que as mesmas são imprescindiveis para
a manutenção da confiança internacional na solidez da economia brasileira. O
próprio BC reconhece que não sabe ao certo o valor da exposição cambial haja vista
que parte das operações de derivativos cambiais foram acertadas com bancos
estrangeiros. Dessa forma, essa estratégia precisa ser combinada com medidas
jurídicas no sentido de rever os contratos de derivativos cambiais de forma a reduzir
a demanda de brasileiros por dólares no mercado a vista, contribuindo assim para a
estabilização da taxa de câmbio num patamar razoável.
Qual seria um valor razoável para a taxa nominal de câmbio? Estudos
feitos por um dos autores desse artigo e apresentados recentemente no 5° Fórum de
Economia da FGV-SP mostravam a existência de um desalinhamento cambial médio
de 25% no final de 2007.
Considerando que o câmbio médio de dezembro de 2007 era de R$ 1,77
por dólar, isso significa que a taxa de câmbio nominal compatível com os
fundamentos macroeconômicos é de aproximadamente R$2,17 por dólar. Valores
acima desse patamar refletem, portanto, a existência de uma bolha especulativa, a
qual deve ser devidamente “explodida” pelas operações do BCB no mercado
cambial.
Um fator que agrava sobremaneira o problema da bolha especulativa no
mercado de câmbio é a inversão do saldo cambial brasileiro na primeira quinzena de
outubro. De fato, segundo dados do BCB, nos 13 primeiros dias de outubro o saldo
cambial brasileiro foi negativo em 3,751 bilhões de dólares. Em setembro o saldo
fora positivo em 2,803 bilhões de dólares. Isso significa uma reversão líquida dos
fluxos de capitais para a economia brasileira da ordem de 6,5 bilhões de dólares em
pouco mais de um mês. Esse é o primeiro sinal de alerta a respeito da ocorrência de
uma “parada súbita” da entrada de capitais externos na economia brasileira. Se esse
fenômeno persistir por mais tempo, a estabilização da taxa de câmbio irá exigir
medidas mais drásticas como, por exemplo, a proibição temporária à saída de
capitais do Brasil.
Por fim, não é o momento para pseudo-ortodoxias na condução da
política monetária e fiscal. Num contexto de desaceleração cíclica do nível de
atividade econômica é papel da autoridade monetária garantir a menor queda
possível do nível de produção e de emprego.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.comciencia.br/reportagens/petroleo
Acessado em 14/10/2009
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Acessado em 14/10/2009
Livro “A Arte da Guerra”;Tzu, Sun
http://alainet.org/active/30734 =PT⟨
Acessado em 14/10/2009
http://www.ppge.ufrgs.br/akb
Acessado em 14/10/2009