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D urante o evento, o Sindicato preparou uma estrutura que facilitasse a acolhida e o entrosamento das participantes. Além do coquetel de abertura, do café da manhã no sábado, o encontro contou com a oficina “Traba- lhando o Corpo”, preparada por Rogério Silveira, facilitador da International Biocentric Foundation. Na dinâmica de biodanza, as participan- tes foram convidadas a refletir sobre suas práti- cas cotidianas e buscar maneiras mais positivas e harmônicas de lidar com o estresse e com as frustrações do dia a dia, utilizando o corpo como termômetro e agente dessa transformação. O cli- ma de descontração também se manifestou na decoração do evento. Além dos arranjos prepara- dos com fuxico, durante o II Encontro da Mulher Bancária, o Sindicato estendeu a bandeira LGBT na fachada da sua sede. Fim da opressão contra mulheres passa pela superação do capitalismo D iscutir o modelo de sociedade para entender a dinâmica da vida das mulheres. Esse foi o debate na abertura do II Encontro Estadual da Mulher Bancária, realizado nos dias 12 e 13 de agosto, que contou com a participação da professora de História da UFF Virgínia Fontes. “A luta contra a opressão às mulheres passa pelo fim da explora- ção dos trabalhadores e pela supera- ção do capitalismo”. A afirmação é da professora Virgínia Fontes, que fez a palestra de abertura do II Encontro. Além de a palestrante apresentar um panorama do capitalismo atual e dos impactos sobre os trabalhadores, as bancárias puderam relatar suas difi- culdades dentro e fora dos bancos e demonstrar como seu trabalho sus- tenta o mundo. De acordo com Virgínia Fon- tes, a sociedade capitalista é marcada pela concentração privada de tudo que é produzido pelos trabalhadores. Virgínia Fontes: “Hoje, o trabalho é terceirizado, precarizado, flexível e sem contrato, o que indica que a situação do trabalho feminino doméstico passou a ser vivida por grande parte da população” “O capital só existe porque drena o trabalho de homens e mulheres” “O capital só existe porque drena o tra- balho de homens e mulheres”, disse a professora. Ela também afirmou que, desde a década de 1970, o capital in- tensificou a retirada de direitos, agra- vando a situação já vivenciada pelas mulheres. “Hoje, o trabalho é terceiri- zado, precarizado, flexível e sem con- trato, o que indica que a situação do trabalho feminino doméstico passou a ser vivida por grande parte da popula- ção do mundo”, explicou Virgínia. As bancárias que estiveram no debate apresentaram as dificuldades vividas no espaço de trabalho, como a exigência pelo cumprimento de metas, que gera adoecimento. “As metas têm maior implicações para as mulheres. Além de lutar para conquistar espaço em cargos importantes nos bancos, as mulheres também têm as metas a cumprir dentro de casa, com o traba- lho doméstico”, afirmou a diretora de Formação do Sindicato, Rita Lima. Para a integrante do Fórum de Mulheres do Espírito Santo Edna Mar- tins, o capital explora duplamente o trabalho das mulheres, o que permite afirmar que o trabalho delas sustenta o mundo. “Na família, a responsabi- lidade pelo trabalho doméstico fica a cargo das mulheres. Nós cuidamos da força de trabalho que mantém o capi- tal”, explicou. A expressão artística foi um dos pontos altos do Encontro. A atividade da noite de sexta ficou por conta da atriz Sueli Bispo, que apresentou o es- petáculo “Oxum e Yemanjá: o encontro das águas”. No sábado, além de Jandyra Abranches, que elabo- rou uma esquete da música “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, foi a vez da dupla “prata da casa”, formada por Lucimar Barbosa e Ângela Barone, di- retora e ex-diretora do Sindicato, respectivamente, declamar os textos Sedução e Elogio do Percado, da escritora Bruna Lombardi. Mesa de abertura do II Encontro composta por Iracini Soares da Veiga (FEEB RJ/ ES), Deise Recoaro (Contraf), Margaret Belmiro (CUT/ ES), Rita Lima (Intersindical), Edna Martins (Fórum de Mulheres/ES), Lucimar Barbosa (secretária de Relações Sindicais do SEEB/ES) e Jessé Alvarenga (coordenador geral do SEEB/ES). Mulheres sem vergonha de entrar em cena Mulheres sem vergonha de relaxar

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Durante o evento, o Sindicato preparou uma estrutura que facilitasse a acolhida e o entrosamento das participantes. Além

do coquetel de abertura, do café da manhã no sábado, o encontro contou com a oficina “Traba-lhando o Corpo”, preparada por Rogério Silveira, facilitador da International Biocentric Foundation.

Na dinâmica de biodanza, as participan-tes foram convidadas a refletir sobre suas práti-

cas cotidianas e buscar maneiras mais positivas e harmônicas de lidar com o estresse e com as frustrações do dia a dia, utilizando o corpo como termômetro e agente dessa transformação. O cli-ma de descontração também se manifestou na decoração do evento. Além dos arranjos prepara-dos com fuxico, durante o II Encontro da Mulher Bancária, o Sindicato estendeu a bandeira LGBT na fachada da sua sede.

Fim da opressão contramulheres passa pela

superação do capitalismo

Discutir o modelo de sociedade para entender adinâmica da vida das mulheres. Esse foi o debate na abertura do II Encontro Estadual da Mulher Bancária,

realizado nos dias 12 e 13 de agosto, que contou com a participação da professora de História da UFF Virgínia Fontes.

“A luta contra a opressão às mulheres passa pelo fim da explora-ção dos trabalhadores e pela supera-ção do capitalismo”. A afirmação é da professora Virgínia Fontes, que fez a palestra de abertura do II Encontro. Além de a palestrante apresentar um panorama do capitalismo atual e dos impactos sobre os trabalhadores, as bancárias puderam relatar suas difi-culdades dentro e fora dos bancos e demonstrar como seu trabalho sus-tenta o mundo.

De acordo com Virgínia Fon-tes, a sociedade capitalista é marcada pela concentração privada de tudo que é produzido pelos trabalhadores.

Virgínia Fontes: “Hoje, o trabalho é terceirizado, precarizado, fl exível e sem contrato, o que indica que a situação do trabalho feminino doméstico passou a ser vivida por grande parte da população”

“O capital só existe porque drena o

trabalho de homense mulheres”

“O capital só existe porque drena o tra-balho de homens e mulheres”, disse a professora. Ela também afirmou que, desde a década de 1970, o capital in-tensificou a retirada de direitos, agra-vando a situação já vivenciada pelas mulheres. “Hoje, o trabalho é terceiri-

zado, precarizado, flexível e sem con-trato, o que indica que a situação do trabalho feminino doméstico passou a ser vivida por grande parte da popula-

ção do mundo”, explicou Virgínia.As bancárias que estiveram no

debate apresentaram as dificuldades vividas no espaço de trabalho, como a exigência pelo cumprimento de metas, que gera adoecimento. “As metas têm maior implicações para as mulheres. Além de lutar para conquistar espaço em cargos importantes nos bancos, as mulheres também têm as metas a cumprir dentro de casa, com o traba-lho doméstico”, afirmou a diretora de Formação do Sindicato, Rita Lima.

Para a integrante do Fórum de Mulheres do Espírito Santo Edna Mar-tins, o capital explora duplamente o trabalho das mulheres, o que permite afirmar que o trabalho delas sustenta o mundo. “Na família, a responsabi-lidade pelo trabalho doméstico fica a cargo das mulheres. Nós cuidamos da força de trabalho que mantém o capi-tal”, explicou.

A expressão artística foi um dos pontos altos do Encontro. A atividade da noite de sexta ficou

por conta da atriz Sueli Bispo, que apresentou o es-petáculo “Oxum e Yemanjá: o encontro das águas”. No sábado, além de Jandyra Abranches, que elabo-rou uma esquete da música “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, foi a vez da dupla “prata da casa”, formada por Lucimar Barbosa e Ângela Barone, di-retora e ex-diretora do Sindicato, respectivamente, declamar os textos Sedução e Elogio do Percado, da escritora Bruna Lombardi.

Mesa de abertura do II Encontro composta por Iracini Soares da Veiga (FEEB RJ/ES), Deise Recoaro (Contraf), Margaret Belmiro (CUT/ES), Rita Lima (Intersindical), Edna Martins (Fórum de Mulheres/ES), Lucimar Barbosa (secretária de Relações Sindicais do SEEB/ES) e Jessé Alvarenga (coordenador geraldo SEEB/ES).

Mulheres sem vergonha de entrar em cena

Mulheres sem vergonha de relaxar

II Encontro Estadual da Mulher BancáriaII Encontro Estadual da Mulher BancáriaII Encontro Estadual da Mulher Bancária

Mulher 24 HORAS

Informativo do Sindicato dos Bancários/ES - Coordenador Geral: Jessé Gomes de Alvarenga - Diretor de Imprensa: Júlio César Passos - Editoras: Sueli de Freitas (MTb 537/92), Luciana

Silvestre (MTb 2210-ES) e Lara Abib (MTb 2669-ES) - Diagramação: Jorge Luiz (MTb 041/96) - Estagiária de jornalismo: Ana Elisa Bassi - nº 96 - Outubro/2011 - Tiragem: 9.000 exemplares

ImpressoEspecial

9912204028/2008-DR/ESSEEB-ES

... CORREIOS ...

Recomendo o filme “Os Substitutos”, com Bruce Willis. A história acontece em 2054, quando grande parte da população usa andróides para cumprir tarefas do dia a dia sem sair de casa, ficando imune aos perigos da rua. Até que um terrorista passa a assassinar os robôs, desestabilizando esse sistema tão conveniente. Sara Tackla, aposentada da CEF

Mais mulheres nos bancos, mas com dupla jornada de trabalho

Mudar não somente as re-lações de trabalho como todas as relações sociais que envolvam discriminação. Esse foi o desafio proposto pela mesa “Igualdade de oportunidades: uma luta de todas e de todos”.

Embora a categoria ban-cária seja pioneira na luta e na elaboração de políticas de com-bate à discriminação, conquistan-do, desde a Campanha Salarial de 2001, a mesa temática de “Igualda-de de Oportunidades” e, em 2010, a

Combater a homofobia é urgente

No segundo dia do evento, as mulheres debateram a realidade nos bancos, a partir de um vídeo sobre reestruturação produtiva

Nosso trabalho sustenta o mundo

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Achei o Encontro surpreendente. Lamento que algumas pessoas não estavam aqui. Minha filha, uma determinada amiga. Pessoas queridas que eu queria que abrissem um pouquinho a cabeça.

Rachel de Souza Ayres, bancária da CEF

Bancárias comemoram os 18 anos do jornal Mulher 24 Horas

no dia 6 de dezembro

Envie suas sugestões, poesias

e comentários para o e-mail

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Mulheresantenadas

LUGAR DE MULHER É... NO CINEMA

Bruna Lombardi

Elogio do pecado

O que mais me emocionou foram as palestras, a forma como as pessoas demonstraram o mundo da mulher, suas capacidades, suas vontades, refletindo seu desenvolvimento cultural, profissional e familiar.

Sônia Regina,bancária do Banestes

Esse debate é importante porque fortalece a nossa luta, porque integra, porque revela a realidade que a gente vive. É assim que a gente se transforma em uma categoria mais forte: reivindicando a inserção igualitária de todos nos espaços sociais.

Marcelo Miguel,bancário da CEF

Depoimentos

As mulheres estão mais presentes nos bancos, mas ainda são mino-ria em cargos de chefia. Além dis-

so, também fazem o trabalho doméstico. Essa é a realidade apresentada no vídeo “Desafios da reestruturação produtiva”, do Centro Feminista de Estudos e Asses-soria, e relatada no grupo de discussão que ocorreu no segundo dia do Encontro da Mulher Bancária.

A reestruturação produtiva impac-tou a categoria bancária, em especial as mulheres. Além de reduzir postos de tra-

balho e intensificar a exploração, aprofun-dou a precarização do trabalho feminino, que está presente em cargos hierarquica-mente inferiores nos bancos.

“Vamos para o espaço público sem abrir mão da responsabilidade sobre o espaço privado”, afirmou a diretora do Sindicato Bernadeth Martins. Na sua ava-liação, as mulheres abdicam dos espaços conquistados para cuidar da família. “A discussão prioritária deve ser feita com as mulheres, para que elas lutem pela divi-são igualitária das tarefas”, incentivou.

Além de lutar por igualdade no mercado de trabalho, as mulheres têm o desafio de ampliar a participação no movimento sindical. “Existe uma invisi-bilidade no trabalho com as mulheres no meio sindical, aparecendo, muitas vezes, de forma secundária”, afirmou a diretora da Secretaria de Relações Sindicais, Luci-mar Barbosa. Ela reconheceu que é difícil construir um projeto de sociedade basea-do em relações igualitárias entre mulheres e homens, mas que é necessário avançar nessa luta, inclusive nos sindicatos.

Dia 6 de dezembro será dia de festa! É nessa data que as bancárias vão come-

morar “a maioridade” do jornal Mulher 24 Horas, que completa 18 anos em novem-bro. Com isso, a flor ao lado vai ganhar mais uma pétala.

A partir das 18 horas, acontecerá, no Centro Sindical, coquetel e recital poético, além de outras atividades culturais e as “mu-lheragens” (na língua oficial homena-gens) às mulheres que fizeram parte da história do jornal.

O primeiro número do jornal, ainda com o nome de Mulher Bancá-ria, saiu em novembro de 1993. De lá pra cá, o jornal tem sido um veículo de debate e reflexão sobre as questões que envolvem as relações de gênero

entre homens e mulheres. “Sustentar, por 18 anos,

um jornal com essa temática não é fácil. Enfrentamos difi-

culdades, preconceitos e desconfianças para levar

esse projeto à frente. Hoje, temos certeza de que valeu a pena e que é importante co-

memorar essa vitória. Aos 18 anos, a pessoa está numa fase

de transformações e descobertas. É isso que a gente quer projetar para o jornal. Que ele vá da maioridade à me-nopausa, sempre com a disposição de uma jovem”, disse Lucimar Barbosa, diretora do Sindicato.

Além da comemoração em Vi-tória, acontecerão atividades nas sub-sedes do Sindicato em Linhares, Cola-tina e Cachoeiro de Itapemirim.

isonomia de tratamento para casais homoafetivos, muito ainda precisa ser feito. Foi o que lembraram An-tônio Lopes, coordenador do Fórum

Estadual LGBT e Lídia Cordei-ro, integrante do Coletivo Santa Sapataria.

“É preciso acabar com essa cultura de medo que cala mulhe-res e homens que correm o risco de serem ofendidos, assediados, agredidos e até mortos na rua. É preciso que, no âmbito privado,

a família entenda que também está perpetuando esses valores machistas e homofóbicos que colocam as mulheres como reprodutoras e os homossexuais como marginais”, ressaltou Lídia.

Mulheres em festa!

ia 6 de dezembro será dia de festa! É nessa data que as bancárias vão come-

morar “a maioridade” do jornal Mulher 24 Horas, que completa 18 anos em novem-bro. Com isso, a flor ao lado

A partir das 18 horas, acontecerá, no Centro Sindical, coquetel e recital poético, além de outras atividades culturais e as “mu-

entre homens e mulheres.

um jornal com essa temática não é fácil. Enfrentamos difi-

culdades, preconceitos e desconfianças para levar

esse projeto à frente. Hoje, temos certeza de que valeu a pena e que é importante co-

memorar essa vitória. Aos 18 anos, a pessoa está numa fase

de transformações e descobertas. É

Em dois dias de debates, exposição de fotos, performance artística e muita troca de experiências, aconteceu o II Encontro Estadual da Mulher Bancária. Veja um resumo do evento nesta edição especial do M24H.

Ela é uma mulher que goza,celestial, sublime,isso a torna perigosae você não pode nada contra o crime dela ser uma mulher que goza.

Atravessou a história, foi queimada viva, acusada desceu ao fundo dos infernos e já não teme nada, retorna inteira, maior, mais larga, absolutamente poderosa.

Você pode persegui-la, ameaçá-latachá-la, matá-la se quiser,retalhar seu corpo, deixá-lo expostopra servir de exemplo.É inútil. Ela agora pode resistirao mais feroz dos tempos,à ira, ao pior julgamento, repara, ela renasce e brota nova rosa.

No dia 30 de setembro, o filme “Desejo proibido” foi exibido, no Centro Sindical, acompanhado de saborosos caldos. A atividade marcou a luta contra o preconceito e pelo reconhecimento dos direitos sexuais como direitos humanos. O grafiteiro e integrante do Movimento Hip Hop, Sagaz, produziu um painel sobre a temática durante o evento.

Dia da Visibilidade Lésbica

Debate sobre discriminação homoafetiva