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II-111 – DETERMINAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO SISTEMA DE COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DA CIDADE DE NATAL - RN Domingos Fernandes Pimenta Neto(1) Tecnólogo em Meio Ambiente (CEFET-RN, 2002). Técnico em Turismo (CEFET-RN, 1999). Graduando em Geografia – Bacharelado (UFRN). Flaviane Oliveira da Silva Graduanda em Tecnologia em Meio Ambiente (CEFET-RN). Técnica em Tecnologia Ambiental, com habilitação em Controle Ambiental (CEFET-RN, 2000). Glauber Nóbrega da Silva Tecnólogo em Meio Ambiente (CEFET-RN, 2003). Técnico em Controle Ambiental (CEFET-RN, 1999). Régia Lúcia Lopes Engenheira Civil pela UFRN. Mestre em Engª. Química pela UFRN. Engª. Da CAERN de 1987 a 1989. Professora do CEFET/RN desde 1991. Coord. do curso superior de Tecnologia em Meio Ambiente do CEFET/RN. Endereço(1): Rua Aracati, 09 – Cidade da Esperança - Natal - RN - CEP: 59071-020 - Brasil - Tel: +55 (84) 9481-1093 - Fax: +55 (84) 605-1235 - e-mail: [email protected] RESUMO O presente trabalho tem por objetivo ava liar a eficiência do sistema de coleta de resíduos sólidos urbanos da cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte. Para analisar essa eficiência, foram determinadas variáveis qualitativas e quantitativas, de forma a expressar a condição da metodologia ora empregada pelas empresas que prestam serviço de coleta a cidade.

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II-111 – DETERMINAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO SISTEMA DE COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DA CIDADE DE NATAL - RN Domingos Fernandes Pimenta Neto(1) Tecnólogo em Meio Ambiente (CEFET-RN, 2002). Técnico em Turismo (CEFET-RN, 1999). Graduando em Geografia – Bacharelado (UFRN). Flaviane Oliveira da Silva Graduanda em Tecnologia em Meio Ambiente (CEFET-RN). Técnica em Tecnologia Ambiental, com habilitação em Controle Ambiental (CEFET-RN, 2000). Glauber Nóbrega da Silva Tecnólogo em Meio Ambiente (CEFET-RN, 2003). Técnico em Controle Ambiental (CEFET-RN, 1999). Régia Lúcia Lopes Engenheira Civil pela UFRN. Mestre em Engª. Química pela UFRN. Engª. Da CAERN de 1987 a 1989. Professora do CEFET/RN desde 1991. Coord. do curso superior de Tecnologia em Meio Ambiente do CEFET/RN. Endereço(1): Rua Aracati, 09 – Cidade da Esperança - Natal - RN - CEP: 59071-020 - Brasil - Tel: +55 (84) 9481-1093 - Fax: +55 (84) 605-1235 - e-mail: [email protected] RESUMO O presente trabalho tem por objetivo ava liar a eficiência do sistema de coleta de resíduos sólidos urbanos da cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte. Para analisar essa eficiência, foram determinadas variáveis qualitativas e quantitativas, de forma a expressar a condição da metodologia ora empregada pelas empresas que prestam serviço de coleta a cidade.

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Para se chegar a esses valores, foi necessário verificar de que forma eram executados cada roteiro de coleta, analisando informações referentes ao tempo gasto, distância percorrida, peso dos resíduos, entre outras. Tais dados ajudaram a compor um Sistema de Informações Geográficas (SIG), onde foi possível analisar as informações das atividades em caráter geral, facilitando o planejamento de metodologias que garantam um maior grau de excelência na execução dessas atividades. PALAVRAS-CHAVE: Geoprocessamento, Roteiros de Coleta, Eficiência, PDLU. INTRODUÇÃO As práticas atuais de produção e consumo, baseadas em princípios não-sustentáveis, estão aumentando a quantidade e a variedade dos resíduos sólidos produzidos em um ritmo bastante acelerado, podendo, segundo as Nações Unidas, quadruplicar ou quintuplicar até o ano de 2025. A ONU também estima que, até o final do século, mais de 2 bilhões de pessoas não terão acesso aos serviços sanitários básicos e que metade da população urbana dos países em desenvolvimento, não contará com serviços adequados de depósito dos resíduos sólidos. Não menos de 5,2 milhões de pessoas, entre elas 4 milhões de crianças menores de cinco anos, morrem a cada ano devido a enfermidades relacionadas com os resíduos. Os países desenvolvidos enfrentam muitas dificuldades em busca da solução do problema; sendo essas dificuldades intensificadas sobre maneira nos subdesenvolvidos, entre eles o Brasil, onde os "lixões" ainda são largamente utilizados como método de disposição final. Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 1992, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, indicam que, do lixo coletado diariamente no Brasil, cerca de 76% são dispostos a céu aberto, 13% são encaminhados a aterros controlados, 10% dispostos em aterros sanitários, 0,9% vão para usinas de compostagem e 0,1% são incinerados. A adoção de soluções indevidas para a disposição dos resíduos produzidos pelas cidades brasileiras faz com que os seus efeitos negativos se proliferem, tais como: riscos de contaminação do solo, do ar e da água, bem como da proliferação de vetores e doenças e ainda da catação de lixo. Diante desse contexto, a limpeza pública apresenta-se como atividade prioritária, adquirindo importância social e sanitária, já que garante a saúde da população. No entanto, na maioria das cidades brasileiras, os serviços de limpeza pública são operados de forma ineficiente, não obedecendo a critérios técnicos, são onerosos e mal executados, beirando a calamidade no que concerne ao seu destino final. Diariamente, a situação se agrava, ficando mais difícil a sua solução, visto que a limpeza urbana, segundo FONSECA (2001), é prejudicada pela falta de uma política nacional de

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resíduos sólidos. O autor ainda relata que, por outro lado, o indivíduo gerador e o Estado não assumem nenhuma responsabilidade sobre o assunto, ficando todos os encargos com o município, que na grande maioria, não tem condições financeiras, econômicas, técnicas e de recursos humanos capacitados para dar um atendimento adequado aos serviços de varrição, coleta, transporte, tratamento e destinação final aos resíduos sólidos em geral. Assim sendo, torna-se vital o desenvolvimento de pesquisas, dotando os órgãos responsáveis pelos serviços de limpeza urbana de bases técnicas apropriadas, que auxiliem na elaboração e execução de métodos mais eficazes de manejo dos resíduos sólidos, proporcionando segurança sanitária às comunidades atendidas por esses serviços, afastando-as dos efeitos danosos do lixo. Diante da perspectiva de melhoria do cenário acima exposto, o presente estudo, fruto das atividades desenvolvidas no Plano Diretor de Limpeza Urbana da Região Metropolitana de Natal (PDLU – RMN), visa fornecer subsídios para a tomada de decisão dos órgãos responsáveis pela limpeza pública em caráter local, uma vez que produzirá um ágil e moderno sistema de gerenciamento do serviço de coleta urbana, auxiliando na execução dessas atividades pelas empresas responsáveis. Para tanto, foi elaborado um Sistema de Informações Geográficas (SIG) referente aos roteiros de coleta do município de Natal. A sua concepção partiu de observações realizadas em campo, quando procurou-se examinar as práticas de coleta realizadas nos diversos bairros da cidade. Verificava-se, constantemente, a sobrecarga de veículos e funcionários (garis e motoristas), justificando um maior planejamento na execução dos procedimentos de coleta domiciliar. Com o desenvolvimento dessa ferramenta, oriunda de um amplo banco de dados, será possível analisar espacialmente a atual metodologia de coleta de resíduos, sendo possível determinar a sua eficiência e estudar novas práticas de execução do serviço de coleta, remodelando rotas e remanejando os veículos e funcionários, dirimindo, dessa forma, a onerosidade e a ineficiência, bastante comuns a esse setor. SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA: ABORDAGEM GERAL Os serviços de limpeza urbana, segundo JUCÁ (2000), são aqueles destinados a manter a limpeza e a higienização de áreas públicas, bem como aqueles destinados a dar adequado tratamento e destinação final aos resíduos gerados no meio urbano, apresentando importância do ponto de vista estético, sanitário e sócio -econômico. Genericamente, podemos atribuir a esse setor as seguintes atividades: Acondicionamento; Varrição de vias públicas, praças e jardins; Capinação e roçagem;

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Coleta de resíduos sólidos urbanos; Remoção de poda, animais mortos, entulhos, restos de feiras e exposições; Limpeza de praias; Pintura de meio fio; Limpeza de córregos e canais; Limpeza e desobstrução de galerias; Lavagem de ruas e mercados. Tendo em vista a especificidade desse estudo, serão definidos com um maior grau de detalhe os aspectos concernentes a atividade de coleta de resíduos sólidos urbanos. O manual do IPT/CEMPRE, ao tratar da questão da coleta e transporte de lixo, ressalta que " os resíduos sólidos precisam ser transportados mecanicamente do ponto de geração ao destino final. Esse serviço caracteriza-se pelo envolvimento dos cidadãos, que devem acondicionar o lixo adequadamente e apresenta-lo em dias, locais e horários preestabelecidos. Para que este envolvimento ocorra de forma satisfatória, o poder público deve garantir: A universalidade do serviço prestado, ou seja, todo cidadão deve ser servido pela coleta de lixo domiciliar; A regularidade da coleta, isto é, os veículos coletores devem passar regularmente nos mesmos locais, dias e horários. Sua importância pode ser demonstrada pelos custos que representa para o gestor de limpeza urbana, já que, dentre as atividades que compõem um sistema de limpeza urbana, a remoção do lixo urbano representa 80% dos gastos do setor. A operacionalização de um sistema de coleta requer um agrupamento dos diversos tipos de resíduos a serem coletados, a saber: Domiciliares / comerciais, gerados nas residências e estabelecimentos comerciais e compostos principalmente de materiais orgânicos; Resíduos especiais: Públicos, gerados e recolhidos nas vias e logradouros públicos. Estabelecimentos de saúde, resíduos contaminados ou potencialmente contaminados, gerados nos estabelecimentos de saúde;

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Construção Civil, resultante do desperdício na execução de obras, sendo composto por areia, madeira, telhas, peças cerâmicas, pedras, entre outros; Coleta Seletiva, materiais passíveis de reaproveitamento e/ou reciclagem, tais como vidro, papel, metal, plástico, etc. A execução de todas essas atividades exige um planejamento prévio, levando em consideração alguns parâmetros a serem devidamente cumpridos e ajustados ao serviço de coleta. Esses parâmetros, principalmente no que se refere a coleta de resíduos domiciliares e comerciais, devem ser elaborados de forma a atender, indistintamente, toda a zona urbana da referida cidade, pois, o lixo não coletado, por menor que seja o volume, será lançado em qualquer terreno baldio, com sérias conseqüências para a população em geral (FONSECA, 2001). Sendo assim, vale ressaltar alguns desses parâmetros fundamentais para o planejamento, execução e conseqüente eficácia de um sistema de coleta. Determinação do Setor de Coleta: Deve ser feita de modo a buscar o equilíbrio entre as massas dos resíduos a serem coletadas em cada setor. A abrangência de cada setor deve ser determinada com base na estimativa de quantidade de resíduos gerada pela população na referida área, bem como da distância máxima que a equipe de garis consegue percorrer em condições adequadas de trabalho. Rotas: O percurso de coleta em cada setor não deve ultrapassar os 25 km. O percurso de transporte dos resíduos dependerá da distância até a sua área de destinação final, bem como da velocidade dos veículos coletores. Velocidade: Tratando da coleta, essa velocidade deve estar compreendida entre 3 a 5 km/h, estando a sua variação condicionada a obstáculos, tais como: topografia da área, intensidade do trânsito de veículos e pedestres, existência de locais de difícil acesso, etc. A velocidade de transporte ao destino final também está condicionada a esses fatores, sendo, no entanto, atribuída uma velocidade média entre 40 e 60 km/h. Detalhamento Gráfico: Visa indicar no mapa pontos bases para cada setor de coleta. O início e término (em cada viagem) do roteiro devem coincidir com as menores distâncias da garagem e do destino final, respectivamente, de forma a evitar deslocamentos improdutivos do caminhão. Além disso, deve-se observar o sentido de trânsito nas ruas de coleta, de forma a evitar um alto índice de "trechos mortos", admissíveis até 20% do total do percurso. Roteiro Descritivo: A descrição do roteiro de coleta, através da visualização do seu traçado, permitirá estimar o tempo produtivo e previsão de horários aproximados de atendimento em cada trecho do setor de coleta, sendo esse dado de fundamental importância para que os moradores disponham os resíduos para a coleta no horário adequado. Veículos Coletores: A definição dos veículos de coleta se dá em virtude das necessidades do município, sendo normalmente adotado um conjunto de unidades coletoras, com características distintas. Tomemos algumas situações como exemplo: Em locais de difícil acesso, as unidades simples ou caminhões basculantes; Já em locais com grande ou média

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produção de lixo, caminhões compactadores e caçambas estacionárias, com veículo apropriado para transporte desses contentores, são mais indicados. Quantidade de Garis: Deve ser calculada em função das necessidades de cada região, das características dos equipamentos a serem empregados, da produção de lixo nos determinados setores de coleta, além de outros fatores. Para LIMA (2001) a quantidade ideal deve estar entre 4 e 5 garis para os caminhões coletores simples e entre 3 e 4 para as unidades compactadoras. Freqüência: Deve ser determinada em função de alguns parâmetros, tais como: equipamentos, pessoal e combustível. A coleta diária, normalmente mais dispendiosa de recursos, deve ser limitada à área central da cidade e grandes vias de tráfego pesado e de intenso comércio. Nas áreas de baixa produção de resíduos, a coleta alternada é mais indicada, uma vez que traz uma economia de 30 a 40% em relação a coleta diária. Horário: LIMA (2001) destaca alguns aspectos operacionais importantes quanto a definição do horário da coleta, tais como a volume de tráfego das vias e condições climáticas, além de um estabelecimento de um amplo intervalo entre os turnos de coleta, de modo que os problemas de um turno não interfiram no outro. REALIDADE NACIONAL Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada e divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os brasileiros produzem todos os dias 125.281 toneladas de lixo. De acordo com a pesquisa, a coleta de lixo é realizada em 99,4% dos municípios, sendo predominante uma freqüência diária de coleta. Tais dados são ilustrados pelas Tabelas 1 e 2. Tabela 1 - Municípios com serviços de limpeza urbana e/ou coleta de lixo, por percentual de domicílios com lixo coletado, segundo as Grandes Regiões – 2000. Grandes Regiões, Unidades da Federação, Regiões Metropolitanas e Municípios das Capitais. Municípios com serviços de limpeza urbana e/ou coleta de lixo Total Percentual de domicílios com lixo coletado (%) Até 50 Mais de 50 a 70

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Mais de 70 a 80 Mais de 80 a 90 Mais de 90 a 99 Com 100 Sem declaração e não sabe Brasil 5 475 489 728 771 954 525 1 814 194 Norte 445 66 139 99 74 18 33 16

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Nordeste 1 769 241 357 329 306 131 345 60 Sudeste 1 666 28 84 163 270 190 854 77 Sul 1 149 148 127 132 202

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134 367 39 Centro-Oeste 446 6 21 48 102 52 215 2 Tabela 2 - Distritos-sede com serviço de coleta de lixo residencial, por freqüência de atendimento, segundo as Grandes Regiões, Unidades da Federação, Regiões Metropolitanas e Municípios das Capitais – 2000. Grandes Regiões, Unidades da Federação, Regiões Metropolitanas e Municípios das Capitais Distritos-sede com serviço de coleta de lixo residencial Total Freqüência de atendimento Diária 1 vez por semana 2 vezes por semana

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3 vezes por semana Irregular Brasil 5 366 3 274 225 680 1 104 141 Norte 419 231 36 67 54 32 Nordeste 1 742 1 064 76 214 360 47

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Sudeste 1 642 1 196 27 123 289 18 Sul 1 122 467 77 234 332 34 Centro-Oeste 441 316 9 42 69 10 As 13 cidades mais populosas do Brasil respondem sozinhas por 31,9% de todo o lixo urbano produzido por dia no País. São 51,6 mil das 125,2 mil toneladas diárias de lixo produzido em todo o território nacional. De acordo com a pesquisa do IBGE, o grupo

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formado pelas 13 cidades mais populosas tem uma situação privilegiada em relação aos demais: apenas 1,8% dos resíduos das cidades, ou 832 toneladas, acabam em lixões. Quase a totalidade é depositada em aterros controlados ou sanitários. Outro dado de bastante relevância é que dentre os municípios com 500 mil a 1 milhão de habitantes, a porcentagem de lixo público, jogado na rua, é de 25%, revelando que a solução não passa apenas por investimentos e vontade política, mas também pelas conscientização da população. REALIDADE LOCAL A cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte, conta com 712.317 habitantes (IBGE, 2000), concentrando cerca de 25% da população do estado em seu território. No ano de 2001, de acordo com os quadros de controle da URBANA – Companhia de Serviços Urbanos de Natal – foram gerados cerca de 552,99 ton/dia de resíduos domiciliares, 656,25 ton/dia de resíduos de podação e de entulho, além de 5,67 ton/dia de materiais oriundos dos serviços de saúde, perfazendo um total de 1.214,91 toneladas/dia. Os serviços de limpeza pública atendem 97,61% da população (IBGE, 2000), e são administrados pela URBANA, cabendo a ela realizar, direta ou indiretamente, as atividades de coleta, varrição, capinação, remoções especiais, limpeza de praias, canteiros e sistema de drenagem, pintura de meio-fios; e operar o destino final dos resíduos. No que concerne as atividades de coleta de resíduos domiciliares, a realização se dá em caráter diurno / noturno e diário / alternado, compreendendo as quatro zonas administrativas da cidade, conforme ilustra a Figura 1. Figura 1 – Mapa de Setores de coleta de acordo com a organização Os equipamentos utilizados na coleta domiciliar compreendem caminhões compactadores, caçambas basculantes, atendendo vias onde não é possível o acesso do caminhão compactador, seja pela dimensão ou pelo tipo e condição do pavimento; tratores, carroças de tração animal, em áreas onde é impedido o acesso para outros veículos; e carros de mão, utilizados em áreas de extrema dificuldade de acesso, sendo os resíduos depositados em caçambas estacionárias, para posterior recolhimento do poliguindaste. Todos os equipamentos utilizados na coleta domiciliar pertencem a iniciativa privada, até mesmo na Zona Norte, onde a coleta é de responsabilidade direta da URBANA, sendo lá os carros locados a uma empresa particular. No entanto, o sistema de limpeza urbana da cidade apresenta deficiências, principalmente nas áreas de difícil acesso. Além disso, observa-se uma diferença entre a capacidade de transporte disponível dos equipamentos utilizados, especificamente na coleta domiciliar, e a

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quantidade de lixo gerada da ordem de 61,23%, podendo ser otimizado através de uma revisão dos roteiros de coleta atualmente executados. Tendo em vista o solucionamento das deficiências dos serviços de limpeza urbana de Natal, bem como dos demais membros de sua Região Metropolitana (Parnamirim, Macaíba, São Gonçalo do Amarante, Ceará-Mirim, Extremoz, São José de Mipibú e Nísia Floresta), foram iniciadas as atividades de formulação do Plano Diretor de Limpeza Urbana da Região Metropolitana de Natal (PDLU – RMN), visando propor elementos de construção de uma política institucional, econômico-social e ambiental, através da implantação de soluções conjuntas para a gestão eficaz dos resíduos sólidos urbanos na região em questão. As atividades desse plano compreenderam o diagnóstico dos sistemas de limpeza urbana e conseqüente caracterização gravimétrica dos resíduos dos municípios envolvidos; e proposição de um modelo tecnológico para a execução das atividades de limpeza urbana. Nesse sentido, foi realizada a verificação dos roteiros de coleta dos oito municípios visando um diagnóstico preciso da metodologia ora empregada. Para proporcionar uma melhor interpretação, de modo a permitir uma visualização e análise precisa dos dados de cada roteiro verificado, foi concebido um Sistema de Informações Geográficas (SIG), reunindo todos os atributos necessários à análise desejada. O sistema foi inicialmente desenvolvido com os dados de Natal, tendo em vista o seu maior volume e grau de complexidade, determinando, entre outros parâmetros, o nível de excelência da execução das atividades de coleta, sendo os seus resultados o principal alvo desse estudo. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS: ABORDAGEM GERAL Geoprocessamento é definido por RODRIGUES (1988), como a tecnologia de coleta de informações espaciais e de desenvolvimento de sistemas que as utilizam. Essa tecnologia é desenvolvida através de sistemas, que podem ser divididos em aplicativos, especialistas e de informação, estando neste último inseridos os Sistemas de Informações Geográficas (SIG), alvo principal desse estudo. Os formas de conceituar um SIG são bastante diversas, mas, em caráter geral, ele pode ser entendido como um conjunto integrado de hardware e software para a aquisição, armazenamento, estruturação, manipulação, análise e exibição gráfica de dados espacialmente referenciados pelas coordenadas geográficas (KIMERLING, 1994). Vale ressaltar ainda a importância do papel que as pessoas representam para o sistema, já que são elas que o usam e administram. O surgimento dos Sistemas de Informações Geográficas é datado de cerca de quatro décadas e, desde então, tem se tornado uma valiosa ferramenta nas diversas áreas de conhecimento. O primeiro SIG que se têm notícia surgiu no Canadá, em 1964, entretanto, somente a partir da década de 70 o estudo desses sistemas ganhou um maior impulso, favorecendo o lançamento das primeiras versões comerciais de SIG's na década de 80. Com o advento do microcomputador pessoal na década de 90, a aplicação dos SIG's cresceu de forma acentuada, tendo em vista o seu baixo custo e alta performance.

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Atualmente, diversas são as áreas de aplicação de um SIG, sendo importante ressaltar, dentro da abrangência do presente estudo, a sua vasta utilização no planejamento municipal, uma vez que a base de dados que o compõe provê o suporte às funções administrativas e de tomada de decisão em todos os níveis na organização. ARONOFF (1991) ressalta que o desenvolvimento desses sistemas se dá a partir do armazenamento dos dados em formas de mapas e tabelas, sendo que ambas as formas são ligadas por um identificador geográfico que é um único número de identificação (ID). Cada mapa na base de dados representa um tipo de informação para toda a área de cobertura geográfica da base de dados; os dados tabulares associados contém informações tais como o nome de cada rua, o comprimento de cada seção da rua, a variação de endereços. Como exemplo, temos a Figura 2, onde é apresentado o projeto conceitual de um SIG desenvolvido pela ESRI (Environmental System Research Institute) em 1986 para a cidade de San Diego, na Califórnia, tendo em vista o atendimento das necessidades de 37 departamentos municipais, no tocante à informações sobre desenvolvimento da terra, serviços públicos e o meio ambiente. Figura 2 – Projeto conceitual de uma base de dados municipal (ARONOFF, 1991). A concepção do SIG para os serviços limpeza urbana de Natal, especificamente para as atividades de coleta de resíduo s domiciliares, apresenta-se como mais uma aplicação desse valioso instrumento, que, conforme já ressaltado anteriormente, auxilia na tomada de decisão legal, administrativa e econômica, assim como para as atividades de planejamento. A metodologia empregada, além de reduzir os esforços, torna os dados mais disponíveis e, dessa forma, mais passíveis de uma interpretação em caráter integrado. METODOLOGIA Tendo em vista a confecção do SIG, foram definidos parâmetros que se adequassem às necessidades do estudo. O primeiro deles compreende a definição do software básico, ambiente no qual as atividades seriam desenvolvidas. Nesse caso, foi escolhido o ArcView, versão 3.2, da ESRI, um dos mais populares softwares de mapeamento digital disponíveis no mercado. A escolha por tal programa se deu por sua facilidade em elaborar mapas computadorizados, organizados em níveis, com diferentes aspetos, que, uma vez sobrepostos, dão origem ao mapa final desejado. O software ainda associa banco de dados a mapas, permitindo a seleção e localização de objetos e consulta avançada. Tal fato é possível devido a possibilidade do ArcView associar informações a cada ponto, linha ou região do mapa, sendo possível realizar uma grande variedade de análises ao selecionar um objeto ou símbolo no mapa. Iniciando a confecção do sistema, foi inserido no ambiente do ArcView o mapa da área urbana da cidade do Natal, na escala 1: 8.000, oriundo da CAERN (Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte). A partir de então, foi iniciada a digitalização dos

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atributos pertinentes, utilizando a ferramenta polígono para as quadras e a ferramenta linha para as ruas. De forma concomitante a digitalização, foram associadas informações aos vetores gerados: Os polígonos foram identificados ao setor de coleta e freqüência devida enquanto que as linhas foram identificadas de acordo com o nome de cada rua. Finalmente, obteve-se toda a composição digital da área urbana de Natal, abrangendo todas as suas regiões, sendo tais ferramentas fundamentais para o desenvolvimento das demais etapas do estudo. De posse do mapa urbano de Natal em meio digital, começou-se a desenvolver a metodologia necessária a verificação dos roteiros de coleta. De posse da divisão setorial das atividades de coleta no município, formou-se uma equipe de técnicos e traçou-se um cronograma para a realização dessas atividades, compreendendo os meses de maio e setembro de 2002. No geral, o serviço de coleta da cidade compreende 71 roteiros (Tabela 3), divididos entre quatro zonas administrativas e executados de forma terceirizada nas zonas sul, oeste e leste, e semi- terceizada na zona norte, sendo os funcionários pertencentes a URBANA e os caminhões pertencentes a iniciativa privada. No período estipulado, foram verificados 90,1 % desses rote iros, sendo sua verificação total impedida devido a diversas questões de caráter técnico. Tabela 3 – Divisão setorial dos roteiros executados em Natal. Execução Zona Norte Zona Leste Zona Oeste Zona Sul Diurno 28 7 5 11 Noturno 5

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4 10 TOTAL DE ROTEIROS ® ® ® ® 89 A metodologia desenvolvida para a verificação desses roteiros consistia na presença de um técnico em cada veículo coletor (compactadores, caçambas e tratores), estando munido de um mapa do roteiro, impresso do SIG, onde era traçado o caminho percorrido pelo veículo; e uma ficha de acompanhamento, onde eram preenchidas informações referentes a cada trecho do roteiro, tais como: tempo gasto (para a coleta e para o deslocamento até o destino final), quilometragem, peso dos resíd uos, tipo de pavimento das ruas percorridas, dia de verificação e demais observações pertinentes. Em alguns roteiros, onde era a área coberta não estava totalmente compreendida no mapa, foi realizado o roteiro descritivo, não comprometendo, dessa forma, o andamento das atividades. A medida que cada verificação era concluída, o material obtido era enviado para o processamento, onde os dados seguiam para integrar um banco de dados, que, posteriormente, alimentaria o SIG. O traçado de cada roteiro foi transferido para o ambiente do ArcView, utilizando a ferramenta linha, sendo posteriormente gerada uma planilha, associando cada trecho do roteiro às informações referentes a cada roteiro, tais como horários, espaço percorrido, peso dos resíduos, entre outras. Concluída a etapa de verificação dos roteiros, e conseqüente composição do banco de dados, procedeu-se a análise dos dados obtidos, tendo em vista a determinação da eficiência dos roteiros executados. Os parâmetros definidos para análise dessa eficiência englobam aspectos quantitativos e qualitativos inerentes a execução desses serviços, a saber: Velocidade: avaliou-se a relação entre o espaço percorrido e o tempo gasto, inferindo a sua conformidade com os valores de referência (3 a 4 km/h); Compactação dos resíduos: foi avaliado se a quantidade de resíduos coletada, bem como a sua compactação, estavam condizentes com as especificações técnicas de cada veículo. Vale ressaltar que a frota de Natal é composta predominantemente por compactadores de 10 a 12 m3 e o valor de referência estabelecido para a compactação foi de 75%; Garis: De acordo com o total de resíduos produzido em cada roteiro, foi avaliada a produção de cada gari, salientando que, segundo LIMA (2000), cada gari, em condições normais de trabalho, é capaz de coletar 4 toneladas de lixo em uma jornada de 8 horas/dia. Além disso, alguns aspectos qualitativos, avaliados conforme observações feitas em cada prestadora de serviços de limpeza urbana e na infra-estrutura de cada zona da cidade, complementaram a análise da eficiência. Tais aspectos se referem a:

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Pontualidade; Quantidade e estado de conservação dos veículos; Gerenciamento do sistema de coleta; Malha viária. A composição da análise final se deu através da agregação dos dados em uma matriz de avaliação, onde os aspectos positivos, negativos e neutros foram valorados por zona, sendo finalmente calculada a eficiência final, por meio do cálculo de proporções simples. RESULTADOS Todos os resultados encontrados nesse estudo se deram por meio da verificação dos roteiros, já que foi a partir desses dados que foi analisada a eficiência de cada zona de coleta, assim como a concepção do Sistema de Informações Geográficas (SIG). No acompanhamento de cada roteiro também foi possível fazer uma rápida análise da metodologia empregada por cada prestadora de serviços, sendo observadas muitas discrepâncias entre elas. Nas Zonas Norte e Leste, onde a execução é feita pela URBANA e por uma empresa privada, respectivamente, a divisão de setores e a execução das rotas não obedecem a parâmetros técnicos, sendo comuns diversas falhas, oriundas da falta de planejamento, tais como: sobrecarga de veículos, repetição desnecessária de alguns trechos, grandes deslocamentos entre áreas de coleta, entre outros. Nas Zonas Sul e Oeste, ambas sob responsabilidade da mesma empresa, esses fatos não são observados, uma vez que o planejamento realizado, além da apropriada infra-estrutura da empresa, garantem a qualidade dos serviços prestados, estando as adversidades condicionadas a malha viária da cidade. Essas observações podem ser melhor entendidas, principalmente no que concerne a execução das atividades, ao visualizar os dados no ambiente do SIG, onde todos os roteiros verificados podem ser analisados espacialmente, tornando possível planejar a execução das atividades de coleta. No ambiente do SIG, foram adicionadas, para cada roteiro, informações referentes ao peso dos resíduos, tempo e espaço percorrido em cada viagem, número de garis, entre outras, sendo possível cons ulta-las através da ferramenta de consulta rápida do programa, conforme ilustra o exemplo figura 3, onde são apresentados os dados do bairro da Cidade da Esperança, zona oeste de Natal. Figura 3 – Exemplo de consulta ao banco de dados do SIG, através da ferramenta de consulta rápida. A janela à esquerda foi ampliada para permitir uma melhor visualização dos dados.

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A figura anterior apresenta uma das formas de visualização de dados proporcionada pelo SIG. Além disso, a consulta pode ser realizada de forma mais avançada, onde os parâmetros são definidos pelo usuário, através de perguntas ao banco de dados. Formulada a situação, o SIG retorna com as respostas solicitadas. Essa modalidade de consulta permite, através do estabelecimento de valores de referência, analisar a eficiência do sistema, uma vez que aqueles roteiros que não estiverem enquadrados dentro dos valores estabelecidos como ideais pelo usuário, serão facilmente detectados pelo SIG. Essa ferramenta, além de outras disponibilizadas pelo programa, permite o constante monitoramento desses parâmetros, além de ser útil para o redimensionamento de setores e rotas. A partir das primeiras observações feitas no SIG, foi possível estabelecer os parâmetros para determinar a eficiência do sistema, tomando como amostra àqueles roteiros que foram verificados pelo estudo, o que representa, conforme dito anteriormente, 90,1% do total, garantindo, dessa forma, uma alta margem de confiabilidade para os resultados encontrados. Primeiramente, de modo a entender a relação existente entre as variáveis empregadas, procedeu-se uma análise de correlação, dentro do ambiente do software STATISTICA 6.0. A partir dos dados obtidos, apresentados na Tabela 4, pode-se perceber que a maioria das relações tidas como fundamentais, realmente se confirmaram, tais como: Nº garis x capacidade do veículo, quilometragem x tempo, quilometragem x peso dos resíduos, entre outras. Tabela 4 – Matriz de correlação entre as variáveis empregadas. Os valores em vermelho destacam as correlações mais significativas. Zona Capac_m3 Tempo (min) Peso (ton) Nº_garis Km Trecho Zona

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1,00 -0,38 -0,22 -0,07 -0,53 0,00 Capac_m3 -0,38 1,00 0,37 0,24 0,51 0,24 Tempo (min) -0,22 0,37 1,00 0,42 0,54 0,59 Peso (ton) -0,07 0,24 0,42

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1,00 0,29 0,66 Nº_garis -0,53 0,51 0,54 0,29 1,00 0,26 Km Trecho 0,00 0,24 0,59 0,66 0,26 1,00 Para melhor caracterizar essas relações, foi então iniciada a análise da eficiência do sistema. De posse dos dados de cada variável empregada, procedeu-se os cálculos necessários, sendo os seus resultados a seguir descritos por variável e, em seguida, em caráter geral. Vale salientar que a análise foi realizada por zona, uma vez que cada uma delas apresenta uma realidade distinta, julgando-se inoportuno realizar chegar a um número geral para a cidade. Velocidade: A partir da bibliografia consultada, foi estabelecido o valor de referência de 3 a 4 km/h para a velocidade dos caminhões coletores. De posse dos dados de distância e tempo, foi calculada e velocidade de cada roteiro, sendo posteriormente calculada a média

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aritmética para cada zona. Após o confrontamento das velocidades médias com o valor de referência, foi estabelecida a eficiência de cada zona (Ef01), conforme ilustra a Tabela 5 e Figura 4. Tabela 5 – Valores da eficiência da variável velocidade. Zona Velocidade Média Ef01 Norte 3,63 103,71% Sul 3,1 88,57% Leste 2,16 61,71% Oeste 3,46 98,86% Figura 4 – Mapa ilustrando a velocidade de cada zona em função do valor de referência adotado.

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Compactação: Ao serem observados da quantidade de resíduos coletada em cada trecho, em função da capacidade do veículo, foi estabelecida a eficiência da variável compactação, sendo importante destacar que o valor de referência adotado foi o de 75%. Conforme descrito na metodologia, foram analisados os veículos que compõem a grande parte da frota da cidade, ou seja, compactadores de 10 e 12m3. Os resultados, descritos na Tabela 6, foram divididos por cada tipo de veículo, sendo posteriormente calculada uma média aritmética, obtendo-se, finalmente, os valores totais de eficiência. As mesmas conclusões estão representadas graficamente na Figura 5. Tabela 6 – Valores de eficiência da variável compactação. Zona Peso médio (Veículos de 10 m3) Ef02A (0,75) Peso médio (Veículos de 12 m3) Ef02B (0,75) Ef02 Norte 0,81 108,00% 0,85 113,33% 110,67% Sul 0,86 114,67%

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0,7 93,33% 104,00% Leste 0,73 97,33% --- --- 97,33% Oeste 0,62 82,67% 0,67 89,33% 86,00% Figura 5 – Mapa ilustrando a eficiência da compactação em cada zona, em função do valor de referência adotado. Eficiência dos garis: Segundo o valor de referência adotado, 4 ton para cada gari, em uma jornada de 8 horas/dia, em condições normais de trabalho, foi estabelecida e eficiência dos garis da cidade do Natal, abrangendo todas as zonas. Para tanto, foi calculado o valor médio da quantidade de resíduos coletados nos caminhões, sendo esse valor dividido em função da quantidade de garis existente em cada veículo (3 ou 4). Os valores encontrados, assim como a eficiência total para essa variável, estão apresentados na Tabela 7.

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Tabela 7 – Eficiência dos garis da cidade do Natal. Peso Médio 3 Garis 4 Garis Caminhão 7,94 8,65 Individual 2,65 2,16 Eficiência 66,17% 54,06% Para garantir uma análise mais precisa da eficiência do sistema de coleta, procedeu-se também a verificação de variáveis qualitativas, já que somente os valores numéricos não expressariam a real situação de cada zona da cidade. Para tanto, foram adotadas variáveis referentes a pontualidade, estado de conservação da frota, bem como se a quantidade era apropriada para suprir as necessidades da coleta, o gerenciamento realizado por cada empresa e a malha urbana da cidade. Essa interpretação foi realizada no momento em que eram verificados os roteiros, já que foi possível vivenciar o dia-a-dia de cada prestadora de serviços, sendo possível apontar os seus pontos positivos e negativos. Sendo assim, todos os valores foram agrupados em uma matriz de avaliação, divididos em qualitativos e quantitativos. Através da associação e valoração das cores empregadas, foi possível analisar a eficiência de cada zona de coleta, sendo tais valores apresentados na Tabela 8. Vale salientar que devido o fato da análise final ser realizada por zona administrativa, os dados da eficiência dos garis não foram incluídos, já que foram calculados de forma geral.

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Tabela 8 – Matriz de avaliação do sistema de coleta de Natal. Zonas Quantitativos Qualitativos R1 EF14 Efic Empresas Cidade Veloc. Compac Tempo Frota Gerenc. Malha Urbana Estado N Veículos Norte

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-2 5 34,64% Sul 7 14 100,00% Leste

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-4 3 21,43% Oeste 4 11 78,57% Valores Positivo (1) Neutro (0) Negativo (-1) CONCLUSÕES

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O sistema de coleta de lixo de uma cidade deve ser elaborado de forma a atender toda a sua zona urbana, pois, o lixo não coletado, por menor que seja o volume, será lançado em qualquer terreno baldio, com sérias conseqüências para a população em geral (FONSECA, 2001). Sendo assim, o planejamento de um sistema de coleta implica no conhecimento da composição e produção desse lixo, bem como das características geográficas e de ocupação do solo em estudo. O sistema de coleta da cidade do Natal, a princípio, atende as necessidades da população. No entanto, aspectos de caráter técnico, conforme demonstrados nesse estudo, comprometem um maior grau de excelência desses serviços. Um caso a parte é visualizado na zona sul da cidade, onde a empresa responsável pela coleta apresenta um amplo gerenciamento das suas atividades, culminando com uma avaliação bastante positiva, uma vez que atingiu, de acordo com as variáveis empregadas, o grau máximo de eficiência. Na zona oeste, coberto pela mesma empresa, os obstáculos estruturais da cidade, impedem uma maior eficiência de coleta. Nas zonas norte e leste, onde as avaliações consideraram a eficiência do sistema de coleta como insatisfatória, diversos são os problemas encontrados, sendo, no entanto, a fonte deles oriunda de um denominador comum: a falta de planejamento prévio, de modo a dimensionar setores e rotas adequadamente, facilitando o trabalho de garis, otimizando tempo, instrumentos e custos. De forma a garantir um amplo planejamento para essas zonas deficientes e para aprimorar os serviços das zonas adequadas, o presente estudo ainda disponibilizou uma ferramenta de alto nível técnico, o Sistema de Informações Geográficas. A partir dele, pode-se existir um monitoramento eficaz desses serviços, além de ser possível reorganizar as atividades de coleta, dimensionando setores e redirecionando rotas, de forma a garantir um alto grau de excelência às atividades de coleta da cidade. Por fim, vale destacar que os resultados desse estudo já estão dotando os órgãos responsáveis pela atividade de limpeza urbana no município de instrumentos de planejamento eficazes, auxiliando na execução de um estudo mais amplo do sistema, proporcionando a execução das atividades em tempo hábil, garantindo a plena execução das atividades, sanando, dessa forma, um dos seus principais problemas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Agenda 21. 3ª ed. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2001. 598p. FONSECA, Edmilson. Iniciação ao Estudo dos Resíduos Sólidos e da Limpeza Urbana. 2ª ed. João Pessoa: JCR, 2001. 130p. JUCA, L.F.T. Modelos Tecnoló gicos para sistemas de coleta e outros serviços de limpeza urbana. In: Curso: Modelo de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos. Natal: ABES, 2000.

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KIMERLING, J. Sistemas de Informações Geográficas e Cartografia. Associação Cartográfica Universal. LEME, Francílio Paes. Engenharia do Saneamento Ambiental. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1984. 361 p. LIMA, J.D. Gestão de resíduos sólidos urbanos no Brasil. Campina Grande: Inspira Comunicação e Design. SECRETARIA DE CIÊNCIA TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE. Política de Resíduos Sólidos de Pernambuco. 2ª ed. Recife: A Secretaria, 2000. 50p.