igarapé santa rosa

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ARTHUR MENDONÇA FORMIGHIERI LEVANTAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO IGARAPÉ SANTA ROSA PARA IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE RECUPERAÇÃO DE MATA CILIAR RIO BRANCO 2013

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Localizada no sudeste do Estado do Acre, o Município de Xapuri tem importância relevante para o entendimento da história do Estado Acreano e também no estudo da rede hidrográfica que compõem o mesmo. Como aumento preocupante na supressão da mata ciliar, a Administração Pública está cada vez mais atenta à necessidade de preservação dos recursos naturais. Nesse contexto, a fim de garantir qualidade de vida das populações atuais e futuras, elaborou-se um levantamento sócio-econômico ambiental na área de influência do Igarapé Santa Rosa, cujo percurso, da nascente até a foz, se limita ao município de Xapuri. Esse levantamento leva em consideração as características atuais do processo de ocupação e tem a finalidade de fornecer subsídios á elaboração de projetos de recuperação florestal, para a implantação e manutenção em 15 hectares de mata ciliar, do Igarapé Santa Rosa. O estudo envolveu trabalho de campo em toda a extensão do corpo d’água, determinação do curso assumido pelo

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Page 1: Igarapé santa rosa

ARTHUR MENDONÇA FORMIGHIERI

LEVANTAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL DA

ÁREA DE INFLUÊNCIA DO IGARAPÉ SANTA ROSA PARA

IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE RECUPERAÇÃO DE MATA

CILIAR

RIO BRANCO

2013

Page 2: Igarapé santa rosa

ARTHUR MENDONÇA FORMIGHIERI

LEVANTAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL DA

ÁREA DE INFLUÊNCIA DO IGARAPÉ SANTA ROSA PARA

IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE RECUPERAÇÃO DE MATA

CILIAR

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Florestal, Centro de Ciências Biológicas e da Natureza, Universidade Federal do Acre, como parte das exigências para a obtenção do título de Engenheiro Florestal.

Orientador: Me. Hudson Veras Co-orientador: Dr. Ecio Rodrigues

RIO BRANCO

2013

Page 3: Igarapé santa rosa

À minha família:

Saul, Edna e Thaísa

Pela função de alicerce que os mesmos

exercem na minha vida.

Dedico

Page 4: Igarapé santa rosa

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me proporcionar a saúde, a sabedoria e a dedicação

necessária para que fosse possível a elaboração desta pesquisa.

Aos meus pais, Edna Teixeira de Mendonça Formighieri e Saul Túlio

Formighieri, pelo eterno apoio, respeito e compreensão.

A minha namorada Thaísa de Oliveira Costa pelo grande apoio e

imensurável incentivo.

Ao meu orientador, Me. Hudson Veras pela amizade, compreensão,

paciência, conhecimentos e oportunidades concedidas.

Ao meu co-orientador Dr. Ecio Rodrigues, por sua excelente orientação

e pela grande motivação passada durante todo esse período.

Aos meus grandes amigos Antônio Siqueira e Silva Neto, Isaura, Jaércio

e Nelson Leite Lunier Júnior pela amizade construída ao longo do curso, pela

lealdade e companheirismo, com a dedicação de sempre ajudarmos um ao

outro.

Aos meus colegas de curso de Engenharia Florestal por compartilharem

o conhecimento durante toda essa trajetória.

A todos os professores do Curso de Engenharia Florestal da UFAC.

Enfim, a todos aqueles, que mesmo não citados, contribuíram de forma positiva

durante esta etapa de minha vida.

Page 5: Igarapé santa rosa

“Troque suas folhas, mas não perca suas raízes...

“Mude suas opiniões, mas não perca seus princípios.”

(Autor Desconhecido)

Page 6: Igarapé santa rosa

RESUMO

Localizada no sudeste do Estado do Acre, o Município de Xapuri tem

importância relevante para o entendimento da história do Estado Acreano e

também no estudo da rede hidrográfica que compõem o mesmo. Como

aumento preocupante na supressão da mata ciliar, a Administração Pública

está cada vez mais atenta à necessidade de preservação dos recursos

naturais. Nesse contexto, a fim de garantir qualidade de vida das populações

atuais e futuras, elaborou-se um levantamento sócio-econômico ambiental na

área de influência do Igarapé Santa Rosa, cujo percurso, da nascente até a foz,

se limita ao município de Xapuri. Esse levantamento leva em consideração as

características atuais do processo de ocupação e tem a finalidade de fornecer

subsídios á elaboração de projetos de recuperação florestal, para a

implantação e manutenção em 15 hectares de mata ciliar, do Igarapé Santa

Rosa. O estudo envolveu trabalho de campo em toda a extensão do corpo

d’água, determinação do curso assumido pelo manancial e também para

localização das residências foram utilizadas imagens do Google Earth e

imagens do satélite LANDSAT 5. Durante as observações de campo, foram

tomadas fotografias digitais das residências dos moradores, assim como de

alguns trechos críticos do igarapé e alguns impactos visíveis resultantes da

ocupação antrópica. A primeira etapa compreendeu a realização de entrevista

direta, com todos os moradores residentes na mata ciliar do igarapé Santa

Rosa, para orientar a entrevista foi utilizado um formulário. Os dados coletados

nos formulários foram transformados em planilha do EXCEL a qual se

confeccionou um gráfico do tipo pizza Interpretação e análise dos dados.

Finalmente, a partir das informações geradas no levantamento socioeconômico

e ambiental do Igarapé Santa Rosa foi considerado crucial a definição dos

trechos críticos no manancial e elaboração de projetos de recuperação florestal

imediato para cada um dos trechos críticos selecionados, além da manutenção

nos três primeiros anos.

Palavras-chaves: Mata Ciliar, Levantamento sócio-econômico, recursos

hídricos.

Page 7: Igarapé santa rosa

ABSTRACT

Located in the southeast of Acre, the Municipality of Xapuri has importance for

understanding the history of the State Acriano and also in the study of the

hydrographic network comprising the same. With the alarming increase in

removal of riparian vegetation, public administration is increasingly aware of the

need to preserve natural resources. In this context, in order to ensure quality of

life for current and future populations, elaborated a socio-economic survey in

the area of environmental influence Stream Santa Rosa, whose path from the

source to the mouth, is limited to the city of Xapuri. This survey takes into

account the characteristics of the current occupation process and aims to

provide subsidies will draw up forest restoration projects for the implementation

and maintenance of 30 acres of riparian forest, Stream Santa Rosa. The study

involved fieldwork across the length of the water body, determining the course

taken by the wealth and also for location of residences, images from Google

Earth and satellite images LANDSAT 5. During field observations, digital photos

were taken of residents ' homes, as well as some critical stretches of the creek

and some visible impacts resulting from human occupation. The first stage of

conducting direct interviews with all residents living in the riparian zone of the

Santa Rosa creek, to guide the interview was used a form. With data collected

on the forms were transformed into EXCEL spreadsheet which is concocted

one pie chart interpretation and analysis of data. Finally, from the information

generated in the socioeconomic survey and environmental Stream Santa Rosa

was considered crucial to the definition of critical sections in the source and

preparation of forest restoration projects immediately for each of the selected

critical sections, in addition to maintaining the first three years.

Keywords: Riparian Forest, Survey socio-economic resources.

Page 8: Igarapé santa rosa

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de Localização do Igarapé Santa Rosa, Xapuri, Acre. ........... 23

Figura 2 - Georeferenciamento do curso do igarapé Santa Rosa da nascente à

foz pelo sistema Google Earth, 2012 ............................................................... 27

Figura 3 - Crachá usado pelo entrevistador no levantamento socioeconômico

do igarapé Santa Rosa, Xapuri, Cheia de 2012 ............................................... 33

Figura 4 - Tipo de localidade das pessoas residentes no Igarapé Santa Rosa,

Xapuri, Acre em 2012. ...................................................................................... 39

Figura 5 - O que acham do lugar em que residem. Igarapé Santa Rosa, Xapuri,

Acre em 2012. .................................................................................................. 40

Figura 6 - Mudariam para outro local. Igarapé Santa Rosa, Xapuri, Acre em

2012 ................................................................................................................. 42

Figura 7 - Qual o tipo de imóvel. Igarapé Santa Rosa, Xapuri, Acre em 2012 . 43

Figura 8 - Como o imóvel foi adquirido ............................................................. 44

Figura 9 - Há quanto tempo residem no local................................................... 45

Figura 10 - Quantas pessoas residem no imóvel ............................................. 46

Figura 11 - De onde vieram .............................................................................. 47

Figura 12 - Qual a fonte de renda .................................................................... 48

Figura 13 - Qual a renda mensal ...................................................................... 48

Figura 14 - Se recebem algum auxílio do governo ........................................... 49

Figura 15 - Qual o tipo de benefício que recebem do governo ........................ 50

Figura 16 - Qual o tipo de iluminação nas residencias ..................................... 50

Figura 17 - Qual o tipo de construção .............................................................. 51

Figura 18 - Qual o tipo de cobertura do imóvel ................................................ 52

Figura 19 - Como é o acesso a propriedade .................................................... 53

Figura 20 - Qual o estado de conservação da via de acesso a propriedade .... 53

Figura 21 - Qual o meio de transporte mais utilizado ....................................... 54

Figura 22 - Quais seus meios de comunicação................................................ 55

Figura 23 - O que planta .................................................................................. 56

Figura 24 - Qual o tipo de produção ................................................................. 56

Figura 25 - Se realizam queima ...................................................................... 57

Figura 26 - Qual o destino da produção ........................................................... 58

Page 9: Igarapé santa rosa

Figura 27 - Se realiza alguma atividade extrativista ......................................... 58

Figura 28 - Qual o destino da sua produção extrativista .................................. 59

Figura 29 - Se cria animais............................................................................... 59

Figura 30 - Quais animais criam ....................................................................... 60

Figura 31 - Qual o destino da criação .............................................................. 60

Figura 32 - Como é feito o abastecimento de água .......................................... 61

Figura 33 - Qual o destino do esgoto ............................................................... 62

Figura 34 - Qual o destino do lixo ..................................................................... 63

Figura 35 - Quais as fontes de água existentes na propriedade ...................... 63

Figura 36 - Se existe fonte de água próximo ao imóvel ................................... 64

Figura 37 - Se utiliza água do igarapé .............................................................. 64

Figura 38 - Se existe problema de escassez de água ...................................... 65

Figura 39 - Se existe problema de alagação .................................................... 65

Figura 40 - Se há problemas ambientais na comunidade ................................ 66

Figura 41 - Se existe erosão ou solo exposto na área ..................................... 67

Figura 42 - Se existe área de vegetação na propriedade ................................. 68

Figura 43 - Se acha importante a presença da mata ciliar ............................... 68

Figura 44 - Se concorda com o reflorestamento da mata ciliar ........................ 69

Figura 45 - Se colaborariam com a recuperação da mata ciliar ....................... 70

Figura 46 - De que forma poderiam colaborar .................................................. 70

Figura 47 - Se aceitariam participar de uma associação .................................. 71

Figura 48 - Que tipo de incentivo governamental deveria ser oferecido aos

residentes ......................................................................................................... 72

LISTA DE ABREVIATURAS

Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente

Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

UFAC – Universidade Federal do Acre

UNESP – Universidade Estadual Paulista Julho de Mesquita Filho

Page 10: Igarapé santa rosa

LISTA DE SIGLAS

APP – Área de Preservação Permanente

ETEP – Espaço Territorial Especialmente Protegido

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INSS – Instituto Nacional de Seguro Social

Page 11: Igarapé santa rosa

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11

2 OBJETIVOS ....................................... ........................................................... 14

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................. 14

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................... 14

3 REVISÃO DE LITERATURA ........................... ............................................. 15

3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ........................... 15

3.2 LEVANTAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL ...................... 16

3.3 MATA CILIAR.......................................................................................... 17

3.4 ÁREAS PERTUBADAS OU DEGRADADAS .......................................... 18

3.5 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – RAD ............................ 18

3.5.1 Métodos de recuperação de áreas degradadas ............................... 20

3.5.1.1 Regeneração natural ......................................................................... 20

3.5.1.2Plantio direto ...................................................................................... 21

3.5.1.3 Implantação de espécies arbóreas ................................................... 21

4 MATERIAL E MÉTODOS .............................. ............................................... 22

4.1 DESCRIÇÃO DA ÁREA .......................................................................... 22

4.2 MATERIAL E EQUIPAMENTO USADO NO TRABALHO DE CAMPO ... 23

4.3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO .................................................................... 24

4.3.1 Georreferenciamento do Igarapé Santa Rosa .................................. 25

4.3.2 Formulário para entrevista dos moradores ....................................... 28

4.3.2.1 Teste dos formulários ........................................................................ 30

4.3.3 Censo e amostragem da população ................................................. 31

4.3.3.1 Intensidade amostral nos trechos ..................................................... 32

4.3.4 Diário de campo para realização das entrevistas ................................. 32

4.3.5 Processamento dos dados obtidos por meio das entrevistas .............. 35

5 RESULTADOS ...................................... ........................................................ 38

5.1 PERFIL SOCIAL E ECONÔMICO DA POPULAÇÃO RESIDENTE NA

ÁREA DE INFLUÊNCIA DO IGARAPÉ SANTA ROSA ................................. 38

6 CONCLUSÃO ....................................... ........................................................ 73

7 RECOMENDAÇÕES ..................................................................................... 75

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 77

ANEXOS .......................................................................................................... 84

Page 12: Igarapé santa rosa

11

1 INTRODUÇÃO

A proteção do meio ambiente é assunto em constante discussão no

momento. Os recursos hídricos têm sido gradativamente reconhecidos como

recursos escassos em escala mundial (PEREIRA 2009). É fato que o

desmatamento e a urbanização desordenada têm degradado severamente os

cursos d’água, principalmente a partir das alterações das matas ciliares,

ocasionando consequências que interferem diretamente sobre o volume e

qualidade da água disponível no Brasil. Merecendo destaque a destruição da

vegetação existente nas margens e entorno das nascentes e dos cursos de

água promovida por razões e objetivos diversos.

Entende-se por vegetação ciliar ou ripária, aquela que margeia as

nascentes e os cursos de água. Além destas, Martins (2007) cita entre as

denominações comumente usadas em diferentes regiões do Brasil, floresta

ripária, florestas ribeirinhas, matas de galeria, floresta ripícola, e floresta

beiradeira. Definindo mais tecnicamente esta vegetação, o autor denomina

como mata ciliar aquela vegetação remanescente nas margens dos cursos de

água em uma região originalmente ocupada por mata e, como mata de galeria

aquela vegetação mesofílica que margeia os cursos de água onde a vegetação

natural original não era mata contínua.

De acordo com o novo código florestal LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO

DE 2012 Art. 3º entende-se por Área de Preservação Permanente - APP: área

protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de

preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a

biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e

assegurar o bem-estar das populações humanas.

Com o uso e ocupação do solo em áreas próximas aos igarapés, a

extração mineral, a exploração florestal, o acelerado crescimento da zona

urbana, a falta de saneamento básico e a destinação final dos resíduos, estes

são os principais fatores degradativos e geradores de ambientes insalubres e

com baixa qualidade de vida, que acarretam uma série de consequências ao

meio natural como a supressão e degradação das áreas verdes e de

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12

preservação permanente, além de ocasionarem a escassez de água, que

resulta em crises de abastecimentos das áreas urbanas.

É incontestável a importância desses fatores e suas devidas

consequências, que se configura, diante do comportamento recente na bacia

hidrográfica do Acre. Pensando nisso o governo estadual, em prioridade de

política pública, busca investir na recuperação florestal da mata ciliar dos

afluentes do Rio Acre, resgatando assim o equilíbrio hidrológico do rio e

minimizando as constantes deturbações de secas e alagações anuais

(RODRIGUES et al. 2013).

O levantamento socioeconômico é uma importante ferramenta de

análise para a elaboração de planos e projetos em diversas áreas. Consiste na

captação de dados relativos à dinâmica social, envolvendo os laços de

relacionamentos entre os integrantes da área de estudo. A principal função de

um diagnóstico é identificar os pontos de conflitos e as potencialidades na área

em estudo. Essas informações servirão de base para a formulação de ações

correspondentes e adequadas a cada local e situação.

Estes dados de origem empírica ou científica demonstram a importância

da adoção de medidas urgentes que visem à contenção do processo de

degradação, a recuperação das áreas degradadas e a preservação das áreas

ainda não degradadas com o objetivo de preservar as fontes naturais de água

e a biodiversidade. Segundo Santos et al. (2008), muitas propriedades estão

localizadas em áreas de solos pobres e com alto risco de degradação, e os

proprietários não tem condições financeiras para implementar um processo de

recuperação da mata ciliar.

A capacidade de recuperação de uma mata perturbada por ação

antrópica ou por fenômenos naturais é chamada de resiliência. A área que

perdeu sua resiliência é chamada de degradada. De acordo com o nível de

dano verificado, podem ser adotadas diferentes ações para a recuperação das

matas ciliares. Em áreas com baixos níveis de perturbação podem ser

adotadas medidas simples, utilizando espécies nativas de ocorrência comum

na área. Quando o nível de perturbação é elevado, este processo torna-se de

difícil execução, devendo então ser adotadas práticas de recuperação, que

muitas vezes exigem a recuperação da fertilidade do solo e uso de espécies

diferentes das originais existentes na área.

Page 14: Igarapé santa rosa

13

O sucesso na implantação de projetos de recuperação de matas ciliares,

entretanto depende acima de tudo de atividades de conscientização da

comunidade, onde cada cidadão tome consciência de seu papel no processo e

da importância de ações integradas pelos diferentes setores da sociedade.

De acordo com o exposto, o objetivo do presente estudo foi fornecer

subsídios através do levantamento sócio-econômico e ambiental para a

elaboração de projetos de recuperação florestal, para a implantação e

manutenção em 15 hectares de mata ciliar, do Igarapé Santa Rosa, cujo

percurso, da nascente até a foz, se limita ao município de Xapuri.

Page 15: Igarapé santa rosa

14

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo do presente estudo foi fornecer subsídios através do

levantamento sócio-econômico e ambiental para a elaboração de projetos de

recuperação florestal, para a implantação e manutenção em 15 hectares de

mata ciliar, do Igarapé Santa Rosa, cujo percurso, da nascente até a foz, se

limita ao município de Xapuri.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

� Identificar o uso comunitário atual proeminente na área de influencia do

Igarapé Santa Rosa;

� Diagnosticar a destinação de resíduos sólidos e líquidos, oriundos de

residências e de instalações comerciais, que usam o Igarapé Santa

Rosa como via de escoamento;

� Identificar as implicações das instalações residenciais e comerciais

sobre a mata ciliar;

� Determinar o perfil socioeconômico da população residente na mata

ciliar e área de influencia do Igarapé Santa Rosa;

� Identificar a demanda populacional por saneamento básico na área de

influência do Igarapé Santa Rosa;

� Investigar as causas da dinâmica socioeconômica que interferem no

equilíbrio hidrológico do Igarapé Santa Rosa; e

Page 16: Igarapé santa rosa

15

� Propor modelagem de projetos de recuperação florestal da mata ciliar,

condizente com a realidade socioeconômica ali existente.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

O município de Xapuri possui uma população de 14.314 habitantes, dos

quais 7.366 encontram-se na zona urbana (51,5%) e 6.948 na zona rural do

município (48,5%). De 1996 com 12.716 habitantes para 2007, Xapuri

apresentou a menor taxa de crescimento na região (12,5%). Apresenta uma

área total de 5.347 Km², densidade demográfica de 2,7 hab./Km² e um IDH de

0,669 (IBGE, 2007; ACRE, 2006a; PNUD, 2000).

Segundo a FUNASA (ACRE, 2006) a população ribeirinha de Xapuri

soma 6.008 pessoas vivendo em 52 localidades dispersas ao longo dos rios

Acre e Xapuri, sendo 3.020 habitantes nas margens no rio Acre e 2.988 no rio

Xapuri.

O município também possui uma ligação com a capital por via fluvial,

através do rio Acre que faz a ligação com os demais municípios do território do

Alto Acre, utilizando pequenas embarcações. A sede do município também

está situada às margens do rio Acre e em sua confluência com o rio Xapuri, o

primeiro constitui historicamente a principal via de acesso e escoamento de

produtos extraídos da floresta nesta região (ACRE, 2000).

Este rio representa uma importante via de transporte de mercadorias

para populações ribeirinhas, apesar de a região contar com vias de acesso em

boas condições ao longo de todo o ano. O principal afluente do rio Acre na

parte alta da bacia é o rio Xapuri, com uma área física estimada em 5.948 Km²,

que representa a principal via de acesso da cidade para os seringais nativos,

vilas, fazendas, colônias, colocações e povoados (ACRE, 2006a).

O regime hídrico desta bacia se alterna em períodos de cheias e de

vazantes, originando, assim, o ciclo que regula e mantém a vida vegetal e

Page 17: Igarapé santa rosa

16

animal, mantendo conseqüentemente as oportunidades de subsistência, tanto

através da caça como da pesca. Após a vazante dos rios, o solo fica mais fértil

e a bacia se torna mais abundante em alimentos silvestres e também agrícolas,

enquanto que, nas cheias, há uma relativa escassez de alimentos e uma

dispersão da fauna aquática (ACRE, 2000).

3.2 LEVANTAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL

Os levantamentos socioeconômicos e ambientais são uma importante

ferramenta de análise para a elaboração de planos e projetos em diversas

áreas. O primeiro consiste na captação de dados relativos à dinâmica social,

envolvendo os laços de relacionamentos entre os integrantes da área de

estudo. A principal função de um levantamento é identificar os pontos de

conflitos e as potencialidades na área em estudo. Essas informações servirão

de base para a formulação de ações correspondentes e adequadas a cada

local e situação. A elaboração de uma proposta de levantamento sócio-

econômico de uma região deve levar em conta as características atuais do

processo de ocupação e as tendências de expansão internas e externas que

irão consolidá-lo ou alterá-lo ao longo de um determinado tempo (MENDONÇA,

1998).

Segunda a mesma autora, o levantamento ambiental deve ter por

objetivo identificar os problemas do meio ambiente provocados pelo processo

de ocupação antrópico, os principais agentes responsáveis e seus planos de

expansão e as instâncias do setor público que deverão ou já estão exercendo

alguma forma de controle e correção desses problemas, com programas

específicos ou ações de caráter legal (programas de saneamento básico,

legislação municipal, processos judiciais, levantamentos e estudos

principalmente os elaborados para Planos Diretores Municipais).

Page 18: Igarapé santa rosa

17

3.3 MATA CILIAR

As matas ciliares, ripárias ou de galeria, normalmente com flora

influenciada pela formação vegetal circundante (CATHARINO, 1989), são as

que têm recebido maior atenção dos pesquisadores, quer pela sua importância

ecológica na manutenção da biodiversidade ou de corredores biológicos, quer

pela sua importância na manutenção da qualidade hidrológica dos mananciais

(BARBOSA, 1999), sendo necessário, no entanto, considerar a região

ecológica em que elas se localizam (cerrado ou floresta) (DURIGAN &

NOGUEIRA, 1990; DURIGAN et al., 2001), o que pode facilitar a forma de

recuperação.

A vegetação ciliar é considerada parte integrante da rede de drenagem

de uma bacia hidrográfica, e segundo Lima (1989) desempenha uma função

hidrológica: estabilizando as ribanceiras pelo emaranhado radicular;

controlando o ciclo de nutrientes, como tampão e filtro, tanto no nível de

escoamento superficial como na absorção do escoamento subsuperficial

impedindo o carreamento de sedimentos, mantendo a qualidade das águas;

proporcionando cobertura e alimentação para peixes e outros seres aquáticos;

e interceptando a radiação solar, contribuindo para a estabilização térmica de

pequenos cursos.

Apesar da existência de legislação preservacionista específica, esta,

sofre ações antrópicas intensas, como a retirada indiscriminada de madeira,

implantação de pequenos e grandes empreendimentos ou culturas agrícolas

desordenadas. Apesar de sua abrangente área de distribuição, a mata ciliar

reveste uma superfície proporcionalmente pequena, evidenciando sua

fragilidade diante do avanço da fronteira agrícola. Derrubadas, incêndios,

represamento e assoreamento dos cursos d’água, vêm contribuindo para a

destruição dessas áreas, a despeito de todos os dispositivos legais que as

protegem (PEREIRA e LEITE, 1996).

As florestas ciliares desempenham um grande papel como agente

protetor de margens, diminuindo na erosão e no assoreamento dos cursos

d’água (MANTOVANI et al. 1989), regulando o fluxo de água superficial,

subsuperficial e os sedimentos (REICHARDT 1989).

Page 19: Igarapé santa rosa

18

3.4 ÁREAS PERTUBADAS OU DEGRADADAS

As ações antrópicas podem levar um ecossistema a um estado de

perturbação. A área pode sofrer certo distúrbio e manter, ainda, a possibilidade

de regenerar-se naturalmente ou estabilizar-se em outra condição, também

dinamicamente estável. Neste caso fala-se em área perturbada. Quando o

distúrbio é pequeno, a intervenção para recuperação pode consistir apenas em

iniciar o processo de sucessão.

Todos os ecossistemas estão sujeitos a distúrbios naturais ou antrópicos

que promovem mudanças em maior ou menor grau. O processo de sucessão é

ao mesmo tempo contínuo e mundialmente distribuído e ocorre em taxa

variável em todas as áreas que são temporariamente perturbadas. Pode iniciar-

se em habitats recém formados (sucessão primária) ou em habitats já formados

e perturbados (sucessão secundária). O tempo necessário para uma sucessão

ocorrer de um habitat perturbado até uma comunidade clímax varia com a

natureza do clima e a qualidade inicial do solo (TOWNSEND et al., 2006;

ODUM, 1997; MARGALEF, 1974).

Áreas degradadas são aquelas que não mais possuem a capacidade de

repor as perdas de matéria orgânica do solo, nutrientes, biomassa, estoque de

propágulos etc. (BROWN; LUGO, 1994). Os ecossistemas terrestres

degradados são aqueles que tiveram a cobertura vegetal e a fauna destruídas,

perda da camada fértil do solo, alteração na qualidade e vazão do sistema

hídrico (MINTER/IBAMA, 1990) por ações como intervenções de mineração,

efeitos de processos erosivos acentuados, movimentação de máquinas

pesadas, terraplanagem, construção civil e deposição de lixo, entre outras.

3.5 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – RAD

O processo de restauração de áreas degradadas implica em um

conjunto de ações idealizadas e executadas por especialistas das diferentes

áreas do conhecimento, visando proporcionar o restabelecimento de condições

Page 20: Igarapé santa rosa

19

de equilíbrio e sustentabilidade, existentes nos sistemas naturais (DIAS;

GRIFFITH, 1998 e BARBOSA 2003). Existem hoje diversos modelos possíveis

de serem utilizados no repovoamento vegetal, pelo plantio de espécies

arbóreas de ocorrência em ecossistemas naturais, procurando recuperar

algumas funções ecológicas das florestas, bem como a recuperação dos solos

(PINAY et al., 1990; JOLY et al., 1995; RODRIGUES e GANDOLFI, 1996;

BARBOSA, 2000; coord., 2002).

Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, os modelos de

recuperação gerados ainda estão limitados ao âmbito da ciência e da situação

a ser recuperada, com aplicabilidade restringida, muitas vezes, pelos altos

custos de implantação e manutenção, sendo necessário maior envolvimento da

pesquisa científica no desenvolvimento de tecnologias cada vez mais baratas e

acessíveis (KAGEYAMA & GANDARA, 1994; KAGEYAMA, 2003; BARBOSA et

al., 2003)

A redução da cobertura vegetal, a fragmentação e o isolamento de

paisagens, além de promover a perda da biodiversidade e de suas funções,

são resultados, principalmente, da degradação ambiental ocasionada por

intervenções antrópicas. Assim, a necessidade de reverter o quadro atual da

degradação ambiental gera o desafio de se “recuperar” áreas desmatadas ou

degradadas, tendo-se como preocupação ações para o restabelecimento das

funções e da estrutura dos ecossistemas respeitando a diversidade de

espécies, a sucessão ecológica e a representatividade genética entre

populações (RODRIGUES & GANDOLFI, 1996; BARBOSA, 2000a).

A recuperação da área visa a “restituição de um ecossistema ou de uma

população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser

diferente de sua condição original” como é definida pela Lei Federal 9985/2000,

que criou o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação). Trata-se

de retornar às condições de funcionamento, pois objetiva recuperar a estrutura

(composição em espécies e complexidade) e as funções ecológicas (ciclagem

de nutrientes e biomassa) do ecossistema.

Page 21: Igarapé santa rosa

20

O conhecimento sobre as formações florestais nativas em todos os seus

aspectos, a reconstituição de interações e da dinâmica dos ecossistemas, a fim

de garantir a perpetuação e evolução de reflorestamentos no espaço e no

tempo, torna-se fundamental na tentativa de recuperar áreas degradadas

(PALMER et al., 1997; RODRIGUES & GANDOLFI, 2000; BARBOSA &

MARTINS, 2003).

3.5.1Métodos de recuperação de áreas degradadas

Genericamente pode-se indicar as seguintes intervenções: condução da

regeneração natural, plantio direto e a implantação de espécies arbustivo-

arbóreas nativas regionais. RODRIGUES e GANDOLFI (2001) sugerem em

alguns casos, quando possível, a transferência de propágulos alóctones

(serrapilheira e banco de sementes) e implantação de consórcios de espécies

com uso de mudas e sementes.

3.5.1.1 Regeneração natural

Quando a área apresenta pequeno grau de perturbação, onde se

observa a presença dos processos ecológicos (banco de sementes, de

plântulas, rebrota, chuva de sementes), a regeneração natural é a estratégia

indicada, uma vez que há possibilidade de auto-recuperação. As ações de

intervenção consistem em isolar a área dos fatores perturbadores com a

construção de cercas e aceiros (RODRIGUES, 2002).

Page 22: Igarapé santa rosa

21

3.5.1.2Plantio direto

O plantio direto ou semeadura direta pode ser empregado para áreas de

difícil acesso ou áreas montanhosas, embora, não se restrinja a estes casos.

ENGEL et al. (2002) observaram que, embora o desempenho não seja

satisfatório, o baixo custo justifica esta alternativa econômica para a

recuperação florestal.

3.5.1.3 Implantação de espécies arbóreas

A implantação de espécies arbóreas é um procedimento que permite

pular as etapas iniciais da sucessão natural, onde surgem primeiramente

espécies herbáceas e gramíneas que enriquecem o solo com matéria orgânica

e alterando suas características e assim permitindo o aparecimento de

indivíduos arbustivo-arbóreos. Na implantação florestal esta etapa inicial é

eliminada, plantando-se mudas de espécies arbóreas e arbustivas, num solo

previamente corrigido e preparado. No plantio heterogêneo com espécies

nativas regionais a implantação dos espécimes arbustivo-arbóreos pode

ocorrer de forma simultânea, possibilitando a acomodação tanto de espécies

pioneiras, quanto de não-pioneiras.

Page 23: Igarapé santa rosa

22

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 DESCRIÇÃO DA ÁREA

A área de estudo está localizada às margens do Igarapé Santa Rosa

situado na cidade de Xapuri que possui as seguintes coordenadas geográficas:

10º39’06 de latitude sul e 68º30’16 de longitude oeste de Greenwich. A altitude

média da cidade é de 163 m e o bioma dominante é a floresta tropical aberta,

com sub-grupos diferenciados: floresta tropical aberta com bambu, floresta

tropical aberta com palmeiras e floresta tropical aberta com cipó. Em menor

proporção ocorrem formações de floresta tropical densa. Segundo a

classificação de Köppen o Estado do Acre apresenta clima do tipo equatorial

quente e úmido, com duas estações bem definidas: seca e chuvosa. As médias

anuais pluviométricas variam de 1.773,2 mm a 1.877 mm. Segundo dados do

ZEE-AC (ACRE, 2000) a temperatura média anual apresenta-se em torno de

24,5 °C e a temperatura máxima fica em torno de 32 °C.

Page 24: Igarapé santa rosa

23

Figura 1 - Mapa de Localização do Igarapé Santa Rosa, Xapuri, Acre.

Fonte: Associação Andiroba

4.2 MATERIAL E EQUIPAMENTO USADO NO TRABALHO DE CAMPO

� Veículo para transporte da equipe de pesquisadores

� Combustível

� GPS’S, para georreferenciamento das residências

� Dois computadores do tipo laptop

� Kit primeiros socorros

� Oito pranchetas de papelão

� Lápis

� Caneta

� Capa de chuva

� Câmera fotográfica

� Dois mapas de localização e de ação antrópica

Page 25: Igarapé santa rosa

24

Para melhor detalhamento da metodologia abaixo são discutidas,

pormenorizadamente, cada passo adotado pela equipe de pesquisadores.

4.3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO

O estudo envolveu trabalho de campo em toda a extensão do Igarapé

Santa Rosa, no que se convencionou chamar de área de influência do igarapé.

Para auxiliar na definição dessa área de influencia e determinação do curso

assumido pelo igarapé e também para localização das residências foram

utilizadas imagens do Google Earth e imagens do satélite LANDSAT 5.

Durante as observações de campo, foram tomadas fotografias digitais

das residências dos moradores, assim como de alguns trechos críticos do

igarapé e alguns impactos visíveis resultantes da ocupação antrópica.

Posteriormente, todos os pontos de observação, de medição e das entrevistas,

foram georreferenciados para melhor identificação e caracterização. Constatou-

se uma expressiva maior concentração de moradores, no trecho do igarapé

compreendido pelo perímetro urbano da cidade, locais onde se fez a maioria

das entrevistas.

Em síntese, o procedimento metodológico incluiu a realização de três

etapas distintas, a saber:

• Realização de entrevista direta e censitária:

A primeira etapa compreendeu a realização de entrevista direta, com todos

os moradores residentes na mata ciliar do igarapé Santa Rosa. Para orientar a

entrevista foi utilizado um formulário, que se encontra no anexo I, que

possibilitou a identificação do perfil socioeconômico da comunidade. Os locais

onde foram realizadas as entrevistas foram previamente definidos em reunião

de planejamento, que contou com a participação de toda equipe de

pesquisadores, de forma a obter um diagnóstico da realidade vivenciada em

todo percurso assumido pelo Igarapé Santa Rosa na margem esquerda e

direita. E para melhor representatividade dos dados coletados dividiu-se o

Page 26: Igarapé santa rosa

25

curso do igarapé em três trechos distintos: área sob influencia da nascente,

percurso entre a nascente e foz e área sob influencia da foz do igarapé.

• Processamento dos dados:

Os dados coletados nos formulários foram transformados em planilha do

EXCEL de acordo com cada pergunta realizada, para a qual se confeccionou

um gráfico do tipo pizza, afim de facilitar futura interpretação.

• Interpretação e análise dos dados:

Finalmente, a terceira etapa, envolveu um minucioso procedimento de

analise das respostas dos entrevistados, procurando estabelecer um vínculo

entre essas respostas e a recuperação florestal da mata ciliar.

4.3.1 Georreferenciamento do Igarapé Santa Rosa

Com apoio da unidade de geoprocessamento, UCEGEO, vinculada a

fundação de tecnologia do estado do Acre, FUNTAC, que gentilmente

participou do trabalho com a disponibilização de seu banco de dados, foi

possível a elaboração dos mapas de localização e de ação antrópica na área

de influencia do Igarapé Santa Rosa.

Com base em imagem de satélite LANDSAT, de 2010, os técnicos da

UCEGEO preparam um mosaico com 05 imagens que cobriam todo percurso

do igarapé as imagens cobriram um total de aproximadamente 06 quilômetros.

No primeiro mapa, abaixo delimitando em vermelho, estabeleceu-se

uma área de influencia do igarapé, com 02 quilômetros de largura de cada uma

das margens, além de apresentar a mancha urbana em amarelo.

Já a figura 2, apresenta a hidrografia e área antrópica sobreposta à

imagem de satélite de 2010, contendo a dimensão do desmatamento e da

antropização presente em toda área de influencia do Igarapé Santa Rosa.

Esse mapa assume importância particular, pois permite observar a

tendência de expansão da área antrópica em direção ao leito do igarapé, bem

Page 27: Igarapé santa rosa

26

com a amplitude dessa tendência. É fácil observar o comprometimento

expressivo da mata ciliar que se resumiu a algumas pequeníssimas porções

distribuídas de forma desproporcional durante o curso do igarapé.

Nota-se ainda, que tanto a região antropizada quanto as poucas moitas

de mata ciliar remanescentes, se apresentam no decorrer do curso do igarapé,

sem que haja qualquer tipo de planejamento ou intervenção pública, isto é,

existência ou ausência de mata ciliar depende unicamente da intervenção de

atores privados, que, por incrível que pareça, possuem baixa capacidade

financeira de investimentos.

De posse desses dois mapas, obteve-se informação crucial acerca da

ação antrópica e sobre o remanescente de área verde ainda existente no

perímetro delimitado pela área de influencia do Igarapé Santa Rosa, o que

possibilitou realizar todo planejamento da intensidade amostral e dos pontos

residenciais onde seriam realizadas as entrevistas, fatores de fundamental

importância para a realização do levantamento socioeconômico.

Foi com base nas informações oriundas do mapeamento que se

identificou as áreas em adiantado estágio de degradação, onde seriam

realizadas de maneira mais concentrada as entrevistas com foco em uma

possível demanda pela recuperação dessas áreas.

Outro recurso empregado para identificação dos trechos do igarapé a

serem pesquisados e definição de sua intensidade amostral, foram as imagens

retiradas do sistema conhecido como Google Earth, que também usa o satélite

LANDSAT 5, com data de imagiamento de 30 de junho de 2010.

Para acessar o sistema foi preciso fazer uma varredura de campo ao

longo do igarapé, a fim de coletar e georreferenciar pontos amostrais

considerados de relevância para o estudo. Foram coletando uma série de

pontos, cujas marcações no sistema produziram a imagem abaixo.

Essa imagem foi utilizada na identificação das áreas onde o questionário

foi aplicado, pois este recurso nos permitiu uma maior precisão dos acessos

destes locais.

Page 28: Igarapé santa rosa

27

A partir do mosaico elaborado com base nos pontos de

georreferenciamento coletados pela equipe ao longo do trajeto percorrido pelo

Igarapé Santa Rosa, foi possível apresentar uma visão condensada do

caminho do igarapé de sua nascente até a foz, no encontro com o rio Acre.

Figura 2 - Georreferenciamento do curso do igarapé Santa Rosa da nascente à foz pelo sistema Google Earth, 2012.

Page 29: Igarapé santa rosa

28

4.3.2 Formulário para entrevista dos moradores

Para a obtenção de informações acerca da realidade social e econômica

vivenciada pela população residente na área de influência do Igarapé Santa

Rosa, foi elaborado um formulário específico, adaptado a partir do formulário

usado no levantamento sócio-econômico para elaboração de projetos de

restauração, fruto de contrato celebrado entre a Andiroba e a Sema em 2008.

O formulário foi elaborado por uma equipe multidisciplinar de

pesquisadores envolvida no projeto, composta por Engenheiro Florestal,

Agrônomo, Extensionista, Engenheiro Civil e Sociólogo. Uma série de reuniões

da equipe foi realizada na sede da associação Andiroba onde foram discutidas

as melhores formas de abordar a população para melhoria da confiança na

informação a ser coletada. Assim foram necessárias algumas alterações para

que este formulário se adequasse com o trabalho proposto.

Um total de 50 perguntas está inserido no formulário, de forma a permitir

uma análise criteriosa em cinco temas considerados prioritários pela equipe,

quais sejam:

• Localização e característica da moradia

Nesse bloco de perguntas a equipe esperava analisar as características

principais das moradias, bem como a condição de urbanização na qual estava

inserida. Essas informações são importantes na medida em que podem

subsidiar futuras negociações para transferência das comunidades para outras

localidades.

• Uso do solo

Tendo em vista que uma porção do igarapé ainda corre em zona rural e

que mesmo em zona urbana existem atividades praticadas ao longo da

margem com características de produção agropecuária, a equipe de

pesquisadores considerou importante determinar a intensidade de uso

Page 30: Igarapé santa rosa

29

agropecuário presente na mata ciliar do igarapé, bem como a dependência da

comunidade para com esse tipo de atividade.

• Renda e condições de vida

No intuito de analisar a dinâmica econômica na qual a população

residente está inserida, a entrevista incluiu um conjunto de questões

relacionadas à renda obtida em cada residência, bem como em que as

condições econômicas e sociais as pessoas estão submetidas. A ocupação

laboral de cada morador também contribuiu para se estabelecer parâmetros

que subsidiem o envolvimento de trabalhadores locais em projetos de

recuperação florestal da mata ciliar, da mesma forma que serviu de orientação

para outro tipo de intervenção pública.

• Implicações ambientais relacionadas ao Igarapé

Dimensionar a intensidade da relação existente entre a comunidade e o

igarapé também foi priorizado no levantamento socioeconômico. A idéia é que

a partir das informações acerca dos impactos ambientais causados no igarapé

devido a essa relação, será possível planejar um variado conjunto de

intervenções de caráter emergencial, de médio e longo prazo. O que a

comunidade recebe do igarapé, na forma de atendimento de sua demanda,

sobretudo por água, mas também como lazer e via de transporte, e o que a

comunidade devolve ao igarapé, foi o que se pretendeu revelar com esse grupo

de perguntas.

• Perspectivas para restauração da mata ciliar

Finalmente, o último grupo de questões levadas aos entrevistados, fazia

uma síntese de toda a entrevista e buscou atender a demanda por informação

diretamente relacionada com os projetos de recuperação florestal da mata

ciliar. Com essas perguntas se pode aferir a disposição da comunidade em se

envolver na execução de atividades relacionadas com a implantação de

projetos de recuperação florestal.

Page 31: Igarapé santa rosa

30

4.3.2.1 Teste dos formulários

Para averiguar se o formulário elaborado era satisfatório para ser usado

em comunidades ribeirinhas do Igarapé Santa Rosa, a equipe de

pesquisadores realizou uma pré-entrevista por meio de uma visita preliminar

em alguns locais estratégicos, onde foram realizadas um total de 10 entrevistas

testes.

Vários itens do formulário tiveram que ser adaptados para aquela

realidade. O nível de exigência para com a comunidade, em especial com

relação às questões consideradas sensíveis como as que tratam de emprego e

renda, tiveram que ser revistas para não causar constrangimentos e

comprometer a qualidade da informação obtida.

Dessa forma o resultado final foi à elaboração de um formulário

considerado enxuto, com um total de seis páginas, com 50 perguntas divididas

em cinco grupos de acordo com a demanda por informação, conforme descrito

no item anterior.

As partes finais do formulário continham perguntas que visavam

identificar os membros da comunidade que se mostravam favoráveis as

atividades de manutenção das áreas próximas ao Igarapé Santa Rosa, para

uma possível parceria do sema com estes moradores.

Também se optou por incluir questões relacionadas à possibilidade e

disposição comunitária para criação de uma associação de amigos do igarapé

Santa Rosa, atividade que vem sendo realizada com sucesso na região

sudeste do país e que poderia ser testada no igarapé.

Page 32: Igarapé santa rosa

31

4.3.3 Censo e amostragem da população

O estudo é censitário, ou seja, toda população residente foi entrevistada

muito embora um ou outro morador não participasse da entrevista, pois não se

encontrava no momento.

Todavia, para que os pesos da densidade populacional pudessem ser

distribuídos de igual forma, ou seja, para que a opinião dos que vivem no

trecho do igarapé que corta a zona urbana, altamente povoada, e a opinião dos

moradores que vivem no trecho presente em zona rural, com menor densidade

demográfica, pudessem ter o mesmo valor estatístico, foi preciso estabelecer

um sistema de amostragem que levasse em consideração cada realidade.

A amostragem populacional dos residentes da área de influência Igarapé

Santa Rosa foi realizada atendendo a princípios básicos de distribuição

estatística para que não houvesse um resultado tendencioso, devido uma

concentração de opiniões provenientes de apenas um local ou de regiões muito

próximas entre si, ou das que tivessem elevada densidade demográfica.

Dessa forma, a equipe de pesquisadores optou por dividir os seis

quilômetros (6 km) de extensão do Igarapé Santa Rosa, em trechos de 02 km

cada da seguinte maneira:

TRECHO 1 – da nascente até os primeiros 02 quilômetros de igarapé em linha

reta, com predominância da zona rural;

TRECHO 2 – a partir dos 02 quilômetros iniciais até os 02 quilômetros

seguintes, com predominância de uma zona de transição rural/urbana, onde a

densidade populacional começa a se elevar de maneira abrupta;

TRECHO 3 – últimos 2 quilômetros do percurso até a foz no rio acre, com

elevadíssima densidade demográfica.

Os resultados obtidos demonstraram que a distribuição amostral nesses

3 trechos foi mais que oportuna uma vez que existe uma distância considerável

Page 33: Igarapé santa rosa

32

entre a realidade vivenciada pelos moradores no trecho que corta a zona rural

e o da zona urbana.

Realidades diversas que devem orientar a concepção de intervenção

pública igualmente diversa para que tenha sucesso. Não considerar essas três

realidades distintas poderá significar o fracasso da intervenção e, o pior, o

fracasso dos projetos de recuperação florestal da mata ciliar.

4.3.3.1Intensidade amostral nos trechos

A quantidade de entrevistas realizadas nos três trechos foi diferente,

pois a quantidade de moradores dessas regiões também eram distintas.

O numero de entrevistas realizadas na região da nascente, trecho 1, foi

menor se comparado com as regiões do curso médio, trecho 2, e foz, trecho 3,

isso se deve principalmente porque a nascente do Igarapé Santa Rosa localiza-

se, como dito, na zona rural do município de Xapuri, já o restante do igarapé

esta localizado totalmente na zona urbana.

Importante esclarecer que o procedimento metodológico exigiu que as

entrevistas fossem realizadas sempre em ambas as margens do igarapé,

quando haviam residências dos dois lados.

4.3.4 Diário de campo para realização das entrevist as

O trabalho de campo teve início no dia 19 de fevereiro de 2012, com

uma visita preliminar, realizada pela equipe de pesquisadores, com a presença

do coordenador da pesquisa, Dr. Jairo Salin da UNESP, e o responsável

técnico Domingos Ramos, nos bairros localizados na extensão de todo o

Igarapé Santa Rosa, para reconhecimento dos locais onde seriam realizadas

as entrevistas.

Assim no dia 18 de março teve inicio as realizações das entrevistas nos

bairro Braga Sobrinho e Centro. Cada residência, onde ocorreram as

Page 34: Igarapé santa rosa

entrevistas, foi georreferenciada

igarapé.

Contudo, diante do estudo censitário, foram realizadas um total de 43

entrevistas, ou seja, 43 famílias abordadas na área de influência do Igarapé

Santa Rosa. Importante esclarecer que o

que as entrevistas fossem realizadas sempre em ambas as margens do

igarapé, quando haviam residências dos dois lados

porque a nascente do Igarapé Santa Rosa

do município de Xapuri

totalmente na zona urbana.

O entrevistador responsável pela abordagem dos moradores para a

entrevista, era identificado com o crachá, comprovando

equipe de pesquisadores e que se tratava de um estudo oficial realizado sob a

responsabilidade da SEMA

Figura 3 - Crachá usado pelo entrevistador no levantamento socioeconômico do igarapé Santa Rosa, Xapuri, Cheia de 2012

rreferenciada para um melhor mapeamento do curso do

Contudo, diante do estudo censitário, foram realizadas um total de 43

entrevistas, ou seja, 43 famílias abordadas na área de influência do Igarapé

Importante esclarecer que o procedimento metodológico exigiu

entrevistas fossem realizadas sempre em ambas as margens do

igarapé, quando haviam residências dos dois lados.Isso se deve princ

porque a nascente do Igarapé Santa Rosa localiza-se, como dito, na zona rural

Xapuri, já o restante do igarapé esta localizado quase

totalmente na zona urbana.

O entrevistador responsável pela abordagem dos moradores para a

entrevista, era identificado com o crachá, comprovando que ele fazia parte da

equipe de pesquisadores e que se tratava de um estudo oficial realizado sob a

EMA, como pode ser observado na figura abaixo.

Crachá usado pelo entrevistador no levantamento socioeconômico do igarapé Santa Rosa, Xapuri, Cheia de 2012

33

or mapeamento do curso do

Contudo, diante do estudo censitário, foram realizadas um total de 43

entrevistas, ou seja, 43 famílias abordadas na área de influência do Igarapé

procedimento metodológico exigiu

entrevistas fossem realizadas sempre em ambas as margens do

sso se deve principalmente

se, como dito, na zona rural

, já o restante do igarapé esta localizado quase

O entrevistador responsável pela abordagem dos moradores para a

que ele fazia parte da

equipe de pesquisadores e que se tratava de um estudo oficial realizado sob a

, como pode ser observado na figura abaixo.

Crachá usado pelo entrevistador no levantamento socioeconômico

Page 35: Igarapé santa rosa

34

As famílias eram abordadas sempre em suas residências e nunca nas

imediações ou em outros locais. Os entrevistadores foram orientados pelos

coordenadores do estudo a evitar o “suba” para que as condições internas das

habitações não contaminassem a entrevista.

O “suba” é tradicional, sobretudo em áreas rurais. Ao receber um

visitante o morador, tendo em vista que sua casa é construída sobre uma

palafita de em média 1,5 metros, o morador costuma, com a tradicional

hospitalidade, dizer “suba”, como se dissesse entre.

Permanecer do lado de fora da residência, enquanto o morador senta na

escada ou se posiciona na janela, faz com que o morador não se intimide para

responder, fique seguro em sua casa enquanto que o entrevistador, por sua

vez, guarda certa distância para fazer a entrevista com impessoalidade e não

mantém contato com a realidade interior da residência, o que pode sensibilizar

o entrevistador e, o mais grave, contaminar a entrevista com percepções do

entrevistador e não as respostas do entrevistado.

No primeiro contato com o morador o entrevistador se apresentava e

esclarecia do que se tratava o projeto, bem como quais os objetivos da

secretaria estadual de meio ambiente, para realização desse tipo de trabalho,

deixando claro que o resultado final seria um igarapé menos poluído e com

equilíbrio hidrológico recuperado.

Com uma linguagem bastante simples o entrevistador realizava as

apresentações e o esclarecimento sobre o intuito do estudo, para que ficasse

claro para o morador que o objetivo da pesquisa era o igarapé.

Cada entrevista teve uma duração média de 25 minutos entre as

apresentações e as despedidas. No geral todas as questões eram respondidas

com certa facilidade e rapidez pelo morador, que por sua vez, se sentia segura

nas respostas.

Houve uma pequena dificuldade por parte dos entrevistados em opinar

sobre o tópico relacionado à manutenção contínua da mata ciliar e o significado

da sua restauração, uma vez que o tema exige certo grau de informação

adicional, que era realizado pelo entrevistador. No mais, o restante do

formulário foi de simples compreensão, facilitando assim as respostas, o que

forneceu uma segurança ideal na informação obtida.

Page 36: Igarapé santa rosa

35

A equipe de pesquisadores responsável pela realização das entrevistas

junto aos moradores não tem dúvida de que as informações obtidas possuem

elevada credibilidade e, o melhor, refletem a realidade vivenciada pelos

moradores.

4.3.5 Processamento dos dados obtidos por meio das entrevistas

Para facilitar a análise das respostas que os moradores deram nas

entrevistas, aos moradores da área de influencia do Igarapé Santa Rosa, os

dados obtidos em campo foram processados em sistema computacional

concebido especificamente para esse estudo.

Para o processamento dos dados referentes ao levantamento sócio-

econômico, todas as informações obtidas tiveram que ser digitadas e

organizadas em uma planilha do software “Microsoft Excel 2007”. Cada

formulário foi digitado, de preferência, pelo próprio entrevistador que coletou as

informações, para que se evitassem dúvidas com relação à escrita e com

relação a algum indicador presente no formulário.

Após a digitação do formulário na planilha, outro membro da equipe,

diferente daquele que digitou os dados presentes no formulário, se

responsabilizava pela checagem de cada resposta para aferição da digitação.

Um terceiro e último passo ainda era dado para formatação da planilha

envolvendo a checagem específica dos números digitados. A denominada

checagem numérica é de fundamental importância tendo em vista a existência

de um conjunto elevado de questões que envolvem formação das classes de

tamanho, do tipo, nível de renda, área plantada, quantidade produzida e assim

por diante.

Uma aprovação final da planilha foi realizada pelo coordenador da

pesquisa que realizou o que os pesquisadores chamam de teste de coerência,

na qual perguntas que se negam ou se afirmam entre si são analisadas no

somatório da planilha para que os dados, por si só, não se invalidem.

Por exemplo, se 90% dos entrevistados afiram não produzirem nada

esse percentual precisa ser confirmado em todas as respostas relacionadas à

Page 37: Igarapé santa rosa

36

produção. Dessa maneira os 90% que não produzem, também não venderam

nada e não ganharam renda alguma com a produção agropecuária.

O teste de coerência é uma metodologia importante para medir a

consistência das informações fornecidas pelas entrevistas para que a

segurança na informação seja cada vez maior, afinal, os pesquisadores

precisam se cercar de toda cautela possível, uma vez que a referência principal

do estudo encontra-se na palavra do morador. Uma palavra que pode e é

influenciada por um conjunto de reações e valores que cada um possui.

Concluído o processo de digitação e de formatação da planilha, com

aprovação do coordenador da pesquisa, procedeu-se ao planejamento do

processamento dos dados. A equipe se debruçou sobre o conjunto de variáveis

que poderiam ser cruzadas e de que forma esse cruzamento deveria ser

apresentado no relatório final do estudo.

A equipe assumiu dois procedimentos metodológicos padrão para

processar os cruzamentos e apresentar os gráficos no relatório final. Primeiro

que cada cruzamento seria realizado na forma de participação relativa, sempre

totalizando 100% e com as participações presentes no interior do próprio

quesito.

Isto é, não haveria confecção de cruzamentos entre questões presentes

ou distribuídas nos 5 grupos de questões presentes no formulário. Embora

esse cruzamento que pudesse envolver nível de renda com disposição para

entrar na associação de amigos do Igarapé Santa Rosa, por exemplo, apesar

de muito estimulante, levaria o estudo para uma esfera acadêmica que se

pretendia evitar.

Com relação à apresentação dos resultados os pesquisadores

consideraram que os gráficos do tipo pizza, mesmo sendo desconsiderados

pela academia, eram os que mais facilitariam a compreensão das análises

considerando que o público que manusearia o estudo se constitui de agentes

públicos que precisam tomar decisões e não de acadêmicos que costumam ter

mais tempo para pensar.

Esses gráficos forneceram informações quantitativas e qualitativas,

acerca da realidade dos residentes da área de influência Igarapé Santa Rosa

com as informações descritas nos respectivos rodapés de cada gráfico.

Page 38: Igarapé santa rosa

37

Finalmente concluiu o procedimento metodológico a elaboração do

relatório final que procurou analisar isoladamente cada gráfico apresentado. A

rigor, cada pergunta e resposta dada pelo entrevistado geraram uma linha na

planilha de processamento, que por sua vez, permitiu a confecção de um

gráfico de pizza, cuja informação foi analisada no texto apresentado depois de

cada gráfico.

Page 39: Igarapé santa rosa

38

5 RESULTADOS

5.1 PERFIL SOCIAL E ECONÔMICO DA POPULAÇÃO RESIDENTE NA

ÁREA DE INFLUÊNCIA DO IGARAPÉ SANTA ROSA

Com intuito de facilitar a compreensão, e também a leitura, estão

apresentados a seguir, o resultado do levantamento socioeconômico realizado

junto a população que habita a área de influencia do Igarapé Santa Rosa.

Como descrito na metodologia, para cada pergunta inserida no

formulário de entrevista, a equipe analisou em separado, por meio da

formulação de uma planilha de Excel e produziu um gráfico denominado de

gráfico de pizza, para cada uma das questões.

Ao final, o conjunto de gráficos fornece uma idéia clara das interações

sociais e econômicas que a comunidade ali residente mantém com o Igarapé

Santa Rosa, com destaque para o seguinte:

• Identificação do perfil socioeconômico das comunidades que estão

localizadas nas áreas de mata ciliar e seu entorno do Igarapé Santa

Rosa;

• Compreensão da utilização dos igarapés por parte das comunidades;

• Identificação de políticas públicas para as comunidades que estão

inseridas no contexto do levantamento; e

• Identificação da real situação em que se encontram ás áreas de mata

ciliar do Igarapé Santa Rosa.

Os gráficos, independente da ordem em foram elaborados e na forma

em que surgem as perguntas no formulário, estão distribuídos em 4 grandes

grupos relacionados a:

Page 40: Igarapé santa rosa

39

1. Localização e característica da moradia;

2. Uso do solo;

3. Renda e condições de vida;

4. Implicações ambientais relacionadas ao igarapé; e

5. Perspectivas para restauração da mata ciliar.

1. LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA MORADIA

A maioria dos residentes ao longo da mata ciliar e área de influencia do

Igarapé Santa Rosa, aproximadamente 98%,se localizam em área definida pelo

plano diretor de Xapuri como perímetro urbano, sendo que o restante, 02% do

total, residem área classificada como zona rural.

Há uma diferença fiscal importante com relação a essa classificação.

Ocorre que residências localizadas em áreas consideradas rural, pagam

2%

98%

TIPO DE LOCALIDADE

RURAL

URBANA

Figura 4 - Tipo de localidade das pessoas residentes no Igarapé Santa Rosa, Xapuri, Acre em 2012.

Page 41: Igarapé santa rosa

40

anualmente o Imposto Territorial Rural, ITR, tributo recolhido pelo governo

federal, que, no geral, é cobrado com certa parcimônia anual em relação à

inadimplência.

Ou seja, pagar ou não pagar o ITR não se configura em uma obrigação

cidadã que traz transtornos claros ao município, uma vez que sua relação fiscal

se dá com o governo federal, muito embora sua cidadania concretiza-se no

município.

Como o próprio gráfico comprova a ocupação nas margens do Igarapé

Santa Rosa se concentra na zona urbana, sendo que essa ocupação, em que

pese estar em zona considerada urbana encontra-se em área dita “não

edificante” o que significa dizer que a autoridade municipal não permite a

construção de casas ali, apesar de cobrar IPTU.

Aparentemente as residências são instaladas sem qualquer tipo de

ordem. De maneira desordenada e na maioria das vezes ocupadas por uma

população de baixa renda, não há urbanização nem serviços planejados de

infraestrutura.

Não é difícil supor que atividades que deveriam ser realizadas de acordo

com uma política pública pré-definida, quando concretizadas de forma não

planejadas, geram impactos sociais, econômicos e ambientais, o que se

observa em quase toda a extensão da área de influencia, considerada urbana,

da mata ciliar no Igarapé Santa Rosa.

49%

30%

21%

O QUE ACHA DO LUGAR?

BOM

REGULAR

RUIM

Figura 5 - O que acham do lugar em que residem. Igarapé Santa Rosa, Xapuri, Acre em 2012.

Page 42: Igarapé santa rosa

41

A maioria dos residentes no entorno, ou área de influencia, do Igarapé

Santa Rosa, aproximadamente 49%, afirmam que o local em que vivem é bom,

sendo que o restante, 30%, alegam que o local é regular, e 21% que o local é

ruim.

Um fato que se deve levar em consideração é que a porcentagem dos

moradores que afirmam que o local é ruim coincide com as moradias

localizadas em áreas sem infraestrutura. São áreas muito próximas ao leito do

igarapé, e que por isso, são diretamente afetadas pelas consequências da

poluição do mesmo.

Essa informação é importante, pois abre um amplo espaço para

intervenção da política pública. Uma vez que os moradores consideram, na

maioria, os locais onde residem muito ruins, chegando até a concluir pela

impossibilidade de viver no local, sua transferência para locais urbanizados

parece ser facilitada pelo entendimento mútuo. Identificar essas famílias e

instituir um programa de remoção pode ser um passo importante para redução

da antropização intensa na mata ciliar do Igarapé Santa Rosa.

No entanto existem ainda os que mesmo por falta de estrutura se

incomodam mais com problemas diversos do bairro do que com os problemas

gerados pelo igarapé. E ainda há os que mesmo em condições precárias gostam

do local em que moram. Mas, a boa notícia, é que essas famílias não são a

maioria.

Page 43: Igarapé santa rosa

42

A maioria dos residentes na área de influencia do Igarapé Santa Rosa,

aproximadamente 70%, afirmam um contundente sim. Desde que houvesse

oportunidade, se mudariam para outro local, sendo que o restante,

aproximadamente 30%, afirmaram que não, que permaneceriam no lugar em

vivem, mesmo sob condições de infraestrutura precária e sujeitos às cheias

anuais e alagações periódicas.

Percebe-se que os habitantes que consideram positivo se mudarem para

outros lugares são os que possuem habitações precárias, que, por sua vez,

estão localizadas em condições de ausência de urbanização e de saneamento.

A combinação de casas se desmanchando com ausência total de

urbanização acontece nas proximidades do leito do igarapé e muitas vezes

dentro do próprio leito.

Entender essa circunstância é essencial para encontrar uma solução

para o problema da ocupação irregular que se arrasta no tempo e parece para

muitos insolúvel. Ocorre que a maioria das pessoas concorda em se mudar e

são exatamente essas pessoas que se encontram em situação mais precária e

nas áreas mais próximas ao igarapé, às vezes dentro dele.

Ou seja, são essas famílias, as que concordam em sair, que deveriam,

em uma intervenção pública voltada para restauração da mata ciliar do igarapé,

serem as primeiras a mudar para casas populares em áreas já urbanizadas

como as do programa “minha casa, minha vida”.

30%

70%

MUDARIA PARA OUTRO LUGAR?

NÃO

SIM

Figura 6 - Mudariam para outro local. Igarapé Santa Rosa, Xapuri, Acre em 2012

Page 44: Igarapé santa rosa

43

Essa conjugação de interesses, onde de um lado as famílias querem se

mudar e de outro são as que deveriam ser retiradas em uma primeira

intervenção, facilita, sem dúvida, a intervenção pública.

A maioria dos imóveis dos residentes na área de influencia do Igarapé

Santa Rosa, aproximadamente 93%, pertencem aos seus atuais moradores.

Sendo que o restante, aproximadamente 07%, são alugados.

Nota-se que muito embora seja ainda pequeno, na faixa dos 7%, há um

mercado imobiliário se consolidando em áreas de risco. Essa taxa de aluguéis

sugere que os proprietários, também residentes na mesma área de risco,

conseguiram acumular capital para adquirir outras moradias na mesma área de

risco. Algo preocupante e que na medida em que se consolida funciona como

um freio para intervenção pública.

7%

93%

TIPO DE IMOVÉL?

ALUGADO

PRÓPRIO

Figura 7 - Qual o tipo de imóvel. Igarapé Santa Rosa, Xapuri, Acre em 2012

Page 45: Igarapé santa rosa

44

A maioria dos residentes na área de influencia do Igarapé Santa Rosa,

aproximadamente 79%, afirmam que o imóvel foi comprado. Sendo o restante

07% que o local foi doado, 09% conseguiram o imóvel por herança e 02%

afirmam reconhecem que a área é onde vivem é invasão.

Provavelmente não deve haver nenhum tipo de escritura imobiliária que

confirme a compra do imóvel ou mesmo sua propriedade. Quando os

entrevistados afirmam terem comprado o imóvel, isso quer dizer que possuem

algum tipo de contrato de compra e venda dito “de gaveta”, que embora não

tenham validade fiscal, podem ser reconhecido para fins de indenização.

Além disso, nota-se que muitos dos locais onde os residentes afirmam

que compraram, tudo indica tratar-se de área invadida, uma vez que as

condições de urbanização são precárias, e há falta de infraestrutura.

E possível que se trate de uma segunda ou terceira geração de

moradores pós- invasão. Ou seja, embora a área tenha sido invadida há alguns

anos, o mercado de compra e venda se consolidou mesmo não acontecendo à

urbanização.

3%

79%

7%

9%

2%

COMO ADQUIRIU O IMOVÉL?

ALUGADO

COMPRADO

DOADO

HERANÇA

OUTROS

Figura 8 - Como o imóvel foi adquirido

Page 46: Igarapé santa rosa

45

De qualquer maneira o elevado índice de propriedades irregulares pode

servir como motivador para uma ação pública mais eficiente no sentido de

desabitar a área.

Na sua maioria 51% das moradias, ou das pessoas que vivem ali, estão

lá há menos de 05 anos, o que fornece, por um lado, uma oportunidade para a

intervenção pública no que se refere à retirada das habitações, mas por outro

lado, gera preocupação no sentido de que a procura pela área é intensa.

Ou seja, não adiantará um esforço para transferência das famílias para

outros bairros sem que haja um esforço igualmente intenso no sentido de

proteger a área de novas invasões. O que, seguramente, irá acontecer.

Os dados afirmam que a maioria dos residentes na área de influencia do

Igarapé Santa Rosa, aproximadamente 19%, se encontram no local a menos

de 05 a 10 anos, o que pode ser considerado muito recente e, o mais grave,

após a última alagação de que se tem notícia.

19%

16%

2%7%5%

51%

HÁ QUANTO TEMPO RESIDE NO LOCAL?

DE 05 A 10 ANOS

MAIS DE 10 A 20 ANOS

MAIS DE 10 ANOS

MAIS DE 20 ANOS A MENOS DE 40 ANOS

MAIS DE 40 ANOS

MENOS DE 05 ANOS

Figura 9 - Há quanto tempo residem no local

Page 47: Igarapé santa rosa

46

Cabe ressaltar que uma boa parcela dos residentes a menos de 05

anos, afirmaram que residem no local apenas somente há alguns meses, e

alegam estar à procura de um lugar melhor para viver, o que facilitaria uma

intervenção pública mais eficiente.

A maioria das residências na área de influencia do Igarapé Santa Rosa,

aproximadamente 49%, possuem menos de 03 a 04 moradores. Sendo que

nos demais domicílios, 28% moram menos de 01 a 02 pessoas, e 16% das

residências menos de 05 a 06 pessoas, em 07% das famílias residem de 07 a

08 pessoas.

A idéia inicial de que a maioria das habitações funcionam como cortiços,

com um número excessivo de pessoas vivendo em condições de salubridade

ruim e com pouca privacidade e muita libertinagem, não se confirma com os

dados obtidos. Na grande maioria das vezes, a quantidade de moradores está

dentro dos padrões observados na área urbana.

28%

49%

16%

7%

QUANTAS PESSOAS RESIDEM NO IMÓVEL?

DE 01 A 02

DE 03 A 04

DE 05 A 06

DE 07 A 08

Figura 10 - Quantas pessoas residem no imóvel

Page 48: Igarapé santa rosa

47

Embora os residentes, em sua totalidade, sejam de origem acreana,

aproximadamente 93%, são do próprio município de Xapuri. Sendo o restante,

07% vieram de outros municípios do estado do Acre.

2 RENDA E CONDIÇÕES DE VIDA

7%

93%

DE ONDE VEIO?

DE FORA DO MUNICÍPIO

DO PRÓPRIO MUNICÍPIO

Figura 11 - De onde vieram

Page 49: Igarapé santa rosa

48

Quase a metade dos residentes na área de influência do Igarapé Santa

Rosa, aproximadamente 56%, possuem segurança financeira ou porque são

assalariados com carteira de trabalho assinada ou são aposentados

beneficiários do INSS.

Por outro lado um total de 14% vivem na informalidade. O restante, 09%,

alegam ser autônomos, e 09% estão desempregados atualmente. Os 12% que

correspondem a outros, não se encaixaram em nenhuma das alternativas

acima, são donas de casas ou fazem os chamados “bicos” para ajudar na

despesa doméstica.

30%

9%

9%14%

26%

12%

FONTE DE RENDA DA FAMÍLIA?

APOSENTADORIA

AUTONOMO

DESEMPREGADO

EMPREGO INFORMAL(SEM CARTEIRA ASSINADA)

EMPREGO(COM CARTEIRA ASSINADA)

OUTROS

49%

37%

9%

3%

2%RENDA MENSAL?

DE 0 A 01 SALÁRIO MÍNIMO

MAIS DE 01 A 02 SALÁRIOS MÍNIMOS

MAIS DE 02 A 03 SALÁRIOS MÍNIMOS

MAIS DE 03 A 04 SALÁRIOS MÍNIMOS

MAIS DE 4 SALARIOS MINIMOS

Figura 12 - Qual a fonte de renda

Figura 13 - Qual a renda mensal

Page 50: Igarapé santa rosa

49

A maioria dos residentes na área de influencia do Igarapé Santa

Rosa, aproximadamente 49%, afirmam que não ter renda alguma ou receber

menos de 01 salário mínimo. Já o restante, 37% afirmam que recebem até 02

salários mínimos, 09% recebem de dois a três salários mínimos, outros 03%

recebem de 03 a 04 salários mínimos, 02% recebem mais de 04 salários

mínimos.

Uma expressiva parcela das famílias não depende de qualquer tipo de

auxilio público, quer seja como bolsa família quer seja como algum outro tipo

de apoio estatal. A maioria dos residentes, 74%, afirmaram não receber

nenhum auxílio do governo, enquanto que, 26%, afirmaram, por ocasião da

entrevista, que recebiam um auxílio mensalmente.

Essa informação contraria uma série de afirmações comuns a respeito

dessa população que está sujeita a alagações e outras vicissitudes. Acredita-

se, no geral, que se trata de beneficiários das ações do governo que dependem

dos programas sociais para sua sobrevivência. Não é bem assim.

Promover o acesso aos programas sociais, uma vez que se trata de

famílias que precisam do benefício, mas que, provavelmente, encontram

entraves para acesso, pode funcionar como motivador para negociar sua

transferência para outras áreas habitacionais.

74%

26%

RECEBE ALGUM AUXÍLIO DO GOVERNO?

NÃO

SIM

Figura 14 - Se recebem algum auxílio do governo

Page 51: Igarapé santa rosa

50

Dos moradores que recebem auxílio de programas sociais públicos, 19%

recebem o auxílio do bolsa família e 02% recebem outros tipos de auxílios que

não se enquadravam nas alternativas citadas.

Segundo o instituto brasileiro de geografia e estatística – IBGE, em Rio

Branco, cerca de 21.605 famílias são contempladas. Ainda assim, mais de 14

mil, mesmo se enquadrando no perfil de beneficiários, não recebem o auxílio

do governo federal, devido a um conjunto de razões, onde a dificuldade de

acesso surge como a principal delas.

2% 2%

19%

75%

2%

QUAL BENEFÍCIO RECEBE?

APOSENTADORIA

BOLSA ESCOLA

BOLSA FAMÍLIA

NÃO RECEBE

OUTROS

100%

QUAL O TIPO DE ILUMINAÇÃO ?

ENERGIA ELÉTRICA

Figura 15 - Qual o tipo de benefício que recebem do governo

Figura 16 - Qual o tipo de iluminação nas residências

Page 52: Igarapé santa rosa

51

A totalidade das habitações localizadas na área de influencia do Igarapé

Santa Rosa, 100%, tem acesso à energia elétrica, tantos os residentes na zona

urbana quanto os que residem na zona rural.

É importante salientar que a área considerada como zona rural,

corresponde à região da nascente do Igarapé Santa Rosa, onde não há

concentração de moradores.

O emprego da matéria-prima madeira é comum nesse tipo de

habitação. Geralmente se trata de madeira usada várias vezes em outras

residências e, quando novas, de madeira branca usada em caxotaria de

concreto e que são encontradas em depósitos de resíduos da construção civil.

A maioria das residências, 49%, são construídas em madeira. Do

restante, 39% são construídas em madeira e possuem partes em alvenaria e

12% são construídas em alvenaria.

A maioria das casas em madeiras se encontravam nas regiões mais

carentes e quase sempre o seu estado de conservação eram precárias.

12%

49%

39%

TIPO DE CONSTRUÇÃO?

ALVENARIA

MADEIRA

MISTO

Figura 17 - Qual o tipo de construção

Page 53: Igarapé santa rosa

52

O emprego de telha à base de amianto, também chamadas de

fibrocimento, está em vias de ser proibido pelo conselho nacional de meio

ambiente, o CONAMA, devido a evidencia científica de que essa matéria-prima

causa um tipo de câncer chamado de ABESTO, no entanto, a grande maioria

das residências, 95%, quase que a totalidade são recobertas por telhas de

amianto. Outros 05% dos domicílios são cobertos com telhas de alumínios.

Apesar da proibição da legislação ambiental, a cobertura com telhas de

amianto, estas estão entre as mais utilizadas principalmente na cobertura de

construções rurais e moradias populares, isto se deve, principalmente, ao baixo

custo justamente por apresentarem como diferencial a possibilidade de vencer

grandes vãos sem o uso de apoios intermediários, sendo leves e resistentes e

podendo ser apoiadas em estruturas de madeira, metálicas ou de concreto.

5%

95%

TIPO DE COBERTURA?

ALUMÍNIO

FIBRO-CIMENTO

Figura 18 - Qual o tipo de cobertura do imóvel

Page 54: Igarapé santa rosa

53

A maioria do acesso aos domicílios que se encontram no entorno da

extensão do Igarapé Santa Rosa, aproximadamente 98%, são ruas. O restante,

aproximadamente 02% o acesso era por ramal. No entanto vale considerar que

a maioria das ruas não eram asfaltadas e algumas estavam em condições

precárias.

A maioria dos residentes entorno da extensão do Igarapé Santa Rosa,

aproximadamente 35%, afirmam que o estado de conservação da via é regular,

sendo que o restante, 33% afirmam que o estado de conservação é ruim, e

32% afirmam que o estado de conservação é bom.

2%

98%

ACESSO A PROPRIEDADE

RAMAL

RUA

32%

35%

33%

ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA VIA

BOM

REGULAR

RUIM

Figura 19 - Como é o acesso a propriedade

Figura 20 - Qual o estado de conservação da via de acesso a propriedade

Page 55: Igarapé santa rosa

54

Como foi dito anteriormente, a maioria das ruas não eram asfaltadas, ou

não tinham pavimentação alguma ou eram pavimentadas de tijolos.

Como a urbanização é precária nessas áreas o transporte de

passageiros por ônibus também não acontece. A maioria dos residentes do

entorno do Igarapé Santa Rosa, aproximadamente 44%, afirmaram que o seu

meio de transporte era a bicicleta, e 35% afirmaram que se deslocavam a pé.

Sendo o restante dos 21%, 14% utilizam motos, 05% utilizam automóveis e

02% carro com tração animal.

O gráfico mostra as características típicas de cidades do interior, por

serem consideravelmente pequenas o principal meio de locomoção dos seus

moradores ou é a bicicleta ou a pé.

35%

5%

44%

2% 14%

MEIO DE TRANSPORTE

A PÉ

AUTOMÓVEL

BICICLETA

CARRO COM TRAÇÃO ANIMAL

MOTO

Figura 21 - Qual o meio de transporte mais utilizado

Page 56: Igarapé santa rosa

55

A televisão está presente em 42% dos domicílios, um número bem

inferior à média estadual de 98%. Um total de 32% possui telefone, telefone

rádio, uma minoria dos entrevistados tem acesso à internet em suas

residências.

A maioria dos residentes entorno da extensão do Igarapé Santa Rosa,

aproximadamente 35%, possuem telefone, televisão e rádio. 25% afirmaram

que possuíam somente telefone e televisão e o restante dos 40%, 12%

possuem telefone, televisão, rádio e internet, outros 12% possuem somente

televisão, 07% possuem telefone, televisão e internet, 02% possuem apenas

telefone, outros 02% possuem telefone e rádio, e 05% afirmam possuir apenas

televisão e rádio.

2% 2%

25%

7%

35%

12%

12%

5%

MEIO DE COMUNICAÇÃO

TELEFONE

TELEFONE E RÁDIO

TELEFONE E TELEVISÃO

TELEFONE, TELEVISÃO E INTERNET

TELEFONE, TELEVISÃO E RÁDIO

TELEFONE, TELEVISÃO, INTERNET E RÁDIOTELEVISÃO

TELEVISÃO E RÁDIO

Figura 22 - Quais seus meios de comunicação

Page 57: Igarapé santa rosa

56

3 Uso do solo

A maioria dos residentes entorno da extensão do Igarapé Santa Rosa,

aproximadamente 65%, não plantam nenhum tipo de cultura, e 30% afirmam

que em suas áreas possuem frutíferas. O restante dos 5%, 3 % plantam

frutíferas e hortaliças, e 02% outro tipo de cultura.

Por conta das entrevistas em sua maioria terem sido realizadas no

perímetro urbano, os entrevistados não possuíam plantações em suas áreas,

no máximo algumas frutíferas e hortaliças, mas somente para o próprio

consumo e não para fins comerciais.

30%

3%65%

2%

O QUE PLANTAR?

FRUTÍFERAS

FRUTÍFERAS E HORTALIÇAS

NADA

OUTROS

35%

65%

TIPO DE PRODUÇÃO

MANUAL

NÃO PLANTA

Figura 23 - O que planta

Figura 24 - Qual o tipo de produção

Page 58: Igarapé santa rosa

57

A maioria dos residentes entorno da extensão do Igarapé Santa Rosa,

aproximadamente 65%, não plantam nenhum tipo de cultura, e os que

possuem plantações de algo, aproximadamente 35%,afirmam que a produção

é manual.

Como o gráfico anterior mostra, não há a existência de plantações para

fins comerciais, portanto não haveria a necessidade de produção mecanizada.

São apenas plantações de subsistência, pequenas cultivares.

Figura 25 - Se realizam queima

Apesar de a prática de queimada ser corriqueira em áreas rurais, com a

pressão exercida pelos órgãos de controle para regularizar ou licenciar a

queimada tem feito com que essa prática se reduza a cada ano.

Por se tratar, em sua maior parte, de um perímetro urbano e não terem

plantações para fins comerciais, logo não necessitam realizar, assim 100% dos

moradores responderam que não realizam queimadas em suas áreas.

100%

REALIZA QUEIMA

NÃO QUEIMA

Page 59: Igarapé santa rosa

58

A maioria dos residentes entorno da extensão do Igarapé Santa Rosa,

aproximadamente 70%, não plantam nenhuma cultura em suas áreas, e os

30% que afirmaram plantar algo era para consumo próprio e não

comercialização.

70%

30%

DESTINO DA PRODUÇÃO

NÃO PLANTA

SUBSISTÊNCIA

100%

REALIZA ATIVIDADE EXTRATIVISTA OU FLORESTAL?

NÃO

Figura 26 - Qual o destino da produção

Figura 27 - Se realiza alguma atividade extrativista

Page 60: Igarapé santa rosa

59

Em todas as questões relacionadas à prática de atividades extrativistas,

a totalidade dos entrevistados, 100%, afirmaram não realizar nenhuma

atividade extrativista, já que a maioria das entrevistas foram realizadas na zona

urbana esse resultado já era esperado.

Figura 29 - Se cria animais

A maioria dos residentes do entorno da extensão do Igarapé Santa

Rosa, aproximadamente 77%, afirmaram que não criavam animais, sendo o

86%

14%

CRIA ANIMAIS?

NÃO

SIM

100%

QUAL O DESTINO DA SUA PRODUÇÃO EXTRATIVISTA?

NÃO REALIZA

Figura 28 - Qual o destino da sua produção extrativista

Page 61: Igarapé santa rosa

60

restante 23% afirmam que sim, criam algum tipo de animal na sua área. No

entanto, criam para fins de subsistência e não para a comercialização.

Figura 30 - Quais animais criam

A maioria dos entrevistados 79% não cria nenhum tipo de animal, apenas 19%

criam aves e 02% criam gado, aves e eqüinos.

Figura 31 - Qual o destino da criação

19%

2%

79%

QUAIS ANIMAIS CRIA?

AVES

GADO,AVES,EQUINOS

NÃO CRIA

79%

21%

QUAL O DESTINO DA CRIAÇÃO DE ANIMAIS?

NÃO CRIA

SUBSISTÊNCIA

Page 62: Igarapé santa rosa

61

No total de 21% dos entrevistados fazem criação de animais para a

subsistência, e 79% não possuem nenhuma criação animal.

4 Implicações ambientais relacionadas ao igarapé

Figura 32 - Como é feito o abastecimento de água

A maioria dos residentes na área de influência do Igarapé Santa Rosa,

aproximadamente 91%, possuem abastecimento em rede pública de água,

enquanto 07% possuem poço escavado para o abastecimento.

Os demais 02% corresponde a respostas que não se enquadram nas

alternativas citadas.

2%

7%

91%

ABASTECIMENTO DE ÁGUA?

OUTROS

POÇO ESCAVADO(CACIMBA)

REDE PÚBLICA

Page 63: Igarapé santa rosa

62

Figura 33 - Qual o destino do esgoto

A maioria dos residentes do entorno da extensão do Igarapé Santa Rosa,

aproximadamente 79%, afirmam que o destino do esgoto é o igarapé ou o rio,

sendo o restante dos 21%, 16% afirmam ter fossa séptica, 03% outro tipo de

instalação sanitária e 02% afirmam ter vala.

Vale ressaltar que quase a totalidade das entrevistas foram realizadas na

zona urbana, sendo assim, é preocupante essa falta de saneamento básico.

Segundo o Documento Síntese Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre,

somente 17,04% dos domicílios de Xapuri tem atendimento aos serviços de

esgotamento sanitário. Esse percentual é até regular considerando que em

alguns municípios praticamente 100% dos domicílios não estão ligados a rede

geral e nem dispõem de fossa séptica.

16%

79%

3% 2%

DESTINO DO ESGOTO

FOSSA SÉPTICA

IGARAPÉ/RIO

OUTROS

VALA

Page 64: Igarapé santa rosa

63

Figura 34 - Qual o destino do lixo

A maioria dos residentes do entorno da extensão do Igarapé Santa

Rosa, aproximadamente 93%, afirmam que o lixo é coletado, no entanto o

restante dos 7%, 2% afirmou que queimam o lixo e 2% que jogam no igarapé

ou rio.

Segundo o ZEE, o percentual da população que possui o serviço de

coleta de lixo domiciliar no município de Xapuri é de 52,55%, uma taxa de

atendimento considerada. No entanto, a maioria dos entrevistados que

afirmaram ter o lixo coletado também informaram que deixam o lixo nas ruas

principais, já que o acesso a rua das suas casas é precário.

Figura 35 - Quais as fontes de água existentes na propriedade

93%

2%

5%

DESTINO DO LIXO

COLETADO

NO IGARAPÉ/RIO

QUEIMADO

2%

42%

56%

QUAIS AS FONTES DE ÁGUA EXISTENTE NA SUA PROPRIEDADE?

AÇUDE

NÃO POSSUI

RIO E/OU IGARAPÉ

Page 65: Igarapé santa rosa

64

A maioria dos entrevistados 56% possuem rio ou igarapé em suas

propriedades, 42% não possui nenhum fonte de água em sua propriedade.

Figura 36 - Se existe fonte de água próximo ao imóvel

No total de 91% dos entrevistados possuem rio e/ou igarapé a menos de

30 m de distância de suas residências.

Figura 37 - Se utiliza água do igarapé

Nenhuns dos entrevistados utilizam a água do igarapé para alguma

atividade. As razões apontadas dizem respeito ao nível de poluição das águas,

considerado elevado pelos próprios moradores.

9%

91%

FONTE DE ÁGUA PRÓXIMO AO IMÓVEL?

RIO A MAIS DE 30 E MENOS DE 50 METROS DE DISTÂNCIA

RIO E/OU IGARAPÉ COM OU A MENOS DE 30 M DE DISTÂNCIA

100%

USA A ÁGUA DO IGARAPÉ PARA ALGUMA COISA?

NADA

Page 66: Igarapé santa rosa

65

Figura 38 - Se existe problema de escassez de água

A maioria dos entrevistados 84% afirmaram que não há problema com

escassez de água em alguma época do ano, uma minoria 16% afirmaram que

sofrem com a falta de água.

Figura 39 - Se existe problema de alagação

A maioria dos entrevistados disseram que a alagação afeta a região

onde moram, e apenas 23% não sofrem com este problema. Um dos principais

problemas enfrentados pelos moradores das encostas do Igarapé Santa Rosa

84%

16%

EXISTE PROBLEMA DE ESCASSEZ DE ÁGUA?

NÃO

SIM

23%

77%

PROBLEMAS COM ALAGAÇÃO?

NÃO

SIM

Page 67: Igarapé santa rosa

66

é o que eles definem como alagação. Na verdade há uma confusão conceitual

corriqueira entre cheias e alagação que a população não costuma entender.

Assumindo que cheias são as que ocorrem todos os anos quando a

vazão do igarapé chega ao seu ponto médio superior e que alagação é quando

a vazão ultrapassa a cota de transbordamento, o que a população residente

afirma ser problema de alagação na verdade é de cheia.

Acontece que como as residências encontram-se próximas demais do

leito do igarapé as cheias anuais dificultam o acesso às residências e, em

alguns casos, obriga o morador a ir para outra localidade.

As cheias que ocorrem principalmente no mês de fevereiro devido aos

elevados índices de precipitação comuns na Amazônia.

Figura 40 - Se há problemas ambientais na comunidade

A maioria dos entrevistados 44% afirmaram que o problema que atinge a sua

comunidade e a alagação, 21% disseram que a poluição das águas é bastante

comum na região.

Destinação do lixo no próprio igarapé, poluição do igarapé e ocorrência

de cheias/alagação são apontados como os três principais problemas

ambientais para a comunidade residente nas margens do Igarapé Santa Rosa.

44%

3%

16%3%

2%

9%

21%

2%

PROBLEMAS DE MEIO AMBIENTE NA COMUNIDADE?

ALAGAÇÃO

DESMATAMENTO

DESTINAÇÃO INADEQUADA DO LIXO

FALTA DE ÁGUA TRATADA

INCIDENCIAS DE DOENÇAS

OUTROS

POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

QUEIMADAS

Page 68: Igarapé santa rosa

67

É simples observar que se trata de um círculo vicioso no qual o próprio

morador se vê às voltas com problemas ambientais cujas causas parecem ser

sua própria atitude. É o lixo jogado no igarapé que polui as águas e contribui

para alagar, ou seja, parece sem solução.

Pelo fato de os entrevistados residirem a uma distancia pequena das

margens do igarapé, quando perguntado a respeito dos problemas ambientais

que atingem a comunidade nota-se que não somente um fator é tido como

problema ambiental,mas sim um conjunto de fatores que acabam acarretando

um dos principais problemas ambientais que é a poluição do igarapé.

Figura 41 - Se existe erosão ou solo exposto na área

A maioria dos entrevistados 86% não tem problemas com a erosão em

sua propriedade.

5 Perspectivas para restauração da Mata Ciliar

86%

14%

EXISTE EROSÃO OU SOLO EXPOSTO?

NÃO

SIM

Page 69: Igarapé santa rosa

68

Figura 42 - Se existe área de vegetação na propriedade

Somente em 2% das residências localizadas na mata ciliar do Igarapé

Santa Rosa existe presença de uma capoeira em lento processo de

regeneração que os moradores denominam de mata. Fazer com que essa

pequena porção se alastre e acelere seu processo de regeneração natural

deve ser prioridade para os projetos de restauração a serem elaborados.

Em relação a vegetação existente na propriedade dos entrevistados,

vemos que em 82% destas não existe vegetação, e nas 16% que existe

vegetação, esta se apresenta em arvores isoladas, que provavelmente foram

plantadas por algum residente para colheita de frutas de várias espécies.

Figura 43 - Se acha importante a presença da mata ciliar

16%2%

82%

EXISTE ÁREA DE VEGETAÇÃO NA PROPRIEDADE?

ARVORES ISOLADAS

MATA

NÃO EXISTE

2%

98%

ACHA IMPORTANTE A MATA CILIAR NO IGARAPÉ?

NÃO

SIM

Page 70: Igarapé santa rosa

69

Mesmo sem entender exatamente o que é mata ciliar, quando

esclarecido pelos entrevistadores que se tratava da vegetação que auxilia na

manutenção do equilíbrio hidrológico do igarapé, o que pode significar

minimizar a ocorrência de cheias/alagação, os residentes, 98%, concordam

com a importância da mata ciliar.

Todavia para 2% os argumentos a favor da mata ciliar não possuem

cabimento e a mata atrapalha mais que ajuda. Esse tipo de postura pode ser

modificado com campanhas de extensão florestal voltadas para a

conscientização com relação ao papel da mata ciliar para o igarapé.

Figura 44 - Se concorda com o reflorestamento da mata ciliar

Os indicadores mostram prefeita sintonia com o gráfico anterior que

tratou da importância da mata ciliar. Para os 05% dos moradores que não

acreditam no efeito positivo da mata ciliar sobre a vazão do igarapé, também

não há necessidade de seu reflorestamento ou restauração. Por outro lado,

95% defendem a recuperação da mata ciliar.

5%

95%

CONCORDA COM REFLORESTAMENTO DA MATA CILIAR?

NÃO

SIM

Page 71: Igarapé santa rosa

70

Figura 45 - Se colaborariam com a recuperação da mata ciliar

Dos que acham importante a recuperação da mata ciliar quase a

totalidade, 95%, estão dispostos, inclusive, a trabalhar em projetos de

recuperação florestal.

Reforçando as informações dos gráficos anteriores, este mostra a

disponibilidade dos moradores em relação à recuperação da mata ciliar.

Figura 46 - De que forma poderiam colaborar

Dos entrevistados, 51% ajudariam plantando árvores, 35% estariam

dispostos a serem agentes orientadores em suas comunidades. Uma vez que a

5%

95%

COLABORARIA COM A RECUPERAÇÃO DO IGARAPÉ?

NÃO

SIM

35%

5%9%

51%

DE QUE FORMA AJUDARIA?

AGENTE ORIENTADOR

NÃO AJUDARIA

PARTICIPAR EM PROGRAMA DE FORMAÇÃO

PLANTANDO ÁRVORES

Page 72: Igarapé santa rosa

71

maioria dos residentes são pessoas com pouca formação laboral, o plantio de

árvores aparece como atividade que mais estariam dispostos a colaborar para

restaurar a mata ciliar.

Por sorte está no plantio das árvores onde se encontra a maior demanda

para a efetivação de projetos de restauração da mata ciliar.

Um pequeno e providencial teste desse potencial colaborador dos

residentes poderia ser realizado por da distribuição de mudas de espécies de

maior IVI- mata ciliar nas residências para que os moradores realizassem seu

plantio.

Figura 47 - Se aceitariam participar de uma associação

Os moradores também se motivam com a perspectiva de criação de

uma associação civil voltada para cuidar do Igarapé Santa Rosa. Algo como

uma associação de amigos do Igarapé Santa Rosa seria bem vindo, para 91%

dos moradores, que topariam trabalhar para sua viabilidade.

A idéia de se criar uma organização da sociedade civil, do tipo

associação de amigos dos igarapés, tem sido colocada em prática, com

sucesso, em regiões do sudeste do país.

Embora nessas regiões a população possua maior nível de renda, de

escolaridade e de informação. Experimentar o potencial desse tipo de iniciativa

em Rio Branco poderia ser um objetivo imediato para intervenção pública

municipal, tendo em vista que os dados corroboram a disposição dos

moradores.

9%

91%

ACEITARIA PARTICIPAR DE UMA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES?

NÃO

SIM

Page 73: Igarapé santa rosa

72

Figura 48 - Que tipo de incentivo governamental deveria ser oferecido aos residentes

Apesar de se tratar de comunidades com nível de renda inferior,

somente 26% apela para o incentivo público em dinheiro para atuar na

restauração da mata ciliar do Igarapé Santa Rosa.

A maioria, 37%, acredita que a formação e a informação, definidos na

pergunta como capacitação técnica, seria suficiente para que eles entrassem

em projetos de recuperação florestal da mata ciliar.

Um número ainda expressivo de moradores, por sua vez, aposta na

realização do plantio de mudas de árvores de espécies nativas da mata ciliar

como único incentivo público para essa restauração.

37%

26%2%

35%

QUE TIPO DE INCENTIVO DEVERIA SER DADO PELO GOVERNO?

CAPACITAÇÃO TÉCNICA

INCENTIVO FINANCEIRO

OUTROS

PLANTIO DE CULTURAS NATIVAS

Page 74: Igarapé santa rosa

73

6 CONCLUSÃO

O estudo realizado revela que maioria dos entrevistados utilizam-se das

áreas que margeiam o Igarapé Santa Rosa, apenas como moradia, embora

ainda que pequeno, há um mercado imobiliário nessas áreas de risco.Uma

minoria utiliza o solo para plantação de algum tipo de cultura ou criação de

animais, para subsistência, não possuindo qualquer caráter comercial. Nenhum

dos entrevistados utiliza a água do igarapé para alguma atividade, por razões

apontadas ao nível de poluição das águas.

De acordo com os gráficos analisados notou-se que a destinação

incorreta do lixo e do esgoto doméstico realizada diretamente no leito do

igarapé são os principais poluidores e consequentemente causadores de

cheias e alagações, resultando em um dos piores problemas ambientais, que é

a poluição do mesmo. Gerando um grave problema relacionado ao

saneamento básico na comunidade em questão. Levando em consideração

que quase a totalidade das entrevistas foram realizadas na zona urbana, onde

se concentra a maioria dos entrevistados, mostra a total ineficiência e o

descaso político junto ao saneamento básico dos moradores de Xapuri.

Foi constatado, diante da análise dos resultados, que a ocupação das

zonas de APP nas margens do Igarapé Santa Rosa ocorreu de maneira

desordenada desprovida de urbanização, infraestrutura e saneamento básico.

Mesmo consideradas áreas urbanas, estas se classificam como áreas não

edificantes. Este processo resultou na retirada da vegetação, que auxilia na

manutenção do equilíbrio hidrológico do igarapé, o que pode diretamente

influenciar na ocorrência de alagações, pelo aumento da vazão d’água

decorrente das precipitações e uma futura escassez de água, tanto pela

poluição do recurso, quanto da disponibilidade em função da retirada dessa

vegetação.

Pode-se afirmar que o conjunto de gráficos fornecem informações

sociais, econômicas e ambientais satisfatórias sobre a comunidade residente

na área de influência do Igarapé Santa Rosa, definindo a população residente

de origem acreana, em geral, como uma comunidade de baixa renda, em

alguns casos até mesmo vivendo em condições precárias. Quando realizam

Page 75: Igarapé santa rosa

74

alguma criação de animais ou plantações são para fins de subsistência e não

para a comercialização. Outros possuem segurança financeira ou porque são

assalariados com carteira de trabalho assinada ou são aposentados

beneficiários do INSS.

Segundo o Documento Síntese Zoneamento Ecológico-Econômico do

Acre, somente 17,04% dos domicílios de Xapuri tem atendimento aos serviços

de esgotamento sanitário. Os locais aonde foram realizadas as entrevistas, são

residências muito próximas ao igarapé e muitas vezes dentro do próprio leito,

de acordo com resultado analisado aproximadamente 79%, afirmam que o

destino do esgoto é o igarapé ou o rio, sendo o restante dos 21%, 16% afirmam

ter fossa séptica, 03% outro tipo de instalação sanitária e 02% afirmam ter vala

séptica,sendo assim é preocupante essa falta de saneamento básico.

Os dados demonstram que a posição geográfica do Igarapé Santa Rosa,

juntamente com o aumento da população urbana, repercutindo diretamente no

crescimento da cidade em direção aos cursos d’água. Essa expansão foi

promovida, basicamente, por pessoas de baixa renda e para de fins de

moradia, em função das atividades econômicas desenvolvidas no município

Xapuri, como a fábrica de preservativos e de tacos em madeira para assoalhos.

O desmatamento para a instalação de pecuária extensiva também é, sem

dúvida, um grave problema das bacias hidrográficas, pois provoca

assoreamento, o que torna ainda mais difíceis a navegação e o tratamento de

água para abastecimento urbano.

Portanto, depois de identificados os pontos de degradação, deve-se

levar em consideração os tipos mais viáveis de recuperação dessas áreas. Os

modelos mais adequados e indicados a restauração são: condução da

regeneração natural, plantio direto e a implantação de espécies arbustivo-

arbóreas nativas regionais. Onde existe presença de uma capoeira em lento

processo de regeneração que os moradores denominam de mata. Fazer com

que essa pequena porção se alastre e acelere seu processo de regeneração

natural. A implantação de arvores, por algum residente para colheita de frutas

de várias espécies, também é uma técnica de reflorestamento ou restauração.

Por fim, 95% defendem a recuperação da mata ciliar, o plantio direto de

árvores aparece como atividade que mais estariam dispostos a colaborar para

restaurar a mata ciliar.

Page 76: Igarapé santa rosa

75

7 RECOMENDAÇÕES

A partir das informações geradas no levantamento socioeconômico do

Igarapé Santa Rosa a equipe de pesquisadores considera crucial a definição, a

partir de discussão entre os técnicos da Andiroba e SEMA, dos seguintes

próximos passos:

1 Definição dos trechos críticos no Igarapé Santa

Rosa para recuperação florestal imediata;

2 Elaboração de projetos de recuperação florestal

para cada um dos trechos críticos selecionados;

3 Implantação dos projetos de recuperação florestal e

manutenção nos 2 primeiros anos.

• Definição dos trechos críticos

Para definir quais os trechos deverão passar por restauração imediata,

uma vez que estão críticos, tendo em vista seu adiantado estágio de

degradação, a equipe de pesquisadores considera dois pontos fundamentais.

Primeiro e mais importante que os trechos sejam definidos a partir de

reunião, de técnicos, conjunta entre a SEMA e a equipe de pesquisadores da

Andiroba, para que os trechos selecionados, reflitam a opinião da maioria dos

técnicos e não desse ou daquele grupo.

Segundo, que a definição dos trechos críticos, sejam realizadas com o

maior rigor técnico possível, a fim de resguardar o objetivo principal de todo

esse trabalho que é o de fazer com que o Igarapé Santa Rosa inicie um

processo seguro de recuperação de suas características naturais em especial

no que se refere ao equilíbrio hidrológico.

Por rigor técnico a equipe entende que cada trecho crítico selecionado

deverá estar amarrado em alguns critérios de seleção que em seu conjunto

promovam o sucesso da restauração.

Page 77: Igarapé santa rosa

76

Muito embora fuja ao escopo do trabalho contratado pela a Andiroba,

mas no intuito de orientar as discussões sobre a seleção dos trechos críticos, a

equipe elaborou um conjunto de cinco critérios de seleção de trechos críticos

que espera poder discutir melhor no momento da seleção.

1 Quanto mais próximo da nascente o trecho crítico

estiver localizado, melhor;

2 Se o trecho incluir os dois lados da margem do

igarapé, melhor;

3 Quanto menor a densidade demográfica na região

do trecho crítico, melhor;

4 Se a localização do trecho crítico possibilitar a

contratação de trabalhadores locais para realização

das ações de recuperação florestal, melhor; e

5 Quanto maior as garantias institucionais para

manutenção dos plantios de restauração a

localização do trecho crítico promover, melhor.

No parte do Igarapé instituída na área urbana torna-se difícil, por vários

motivos, a utilização da metodologia descrita nesse trabalho. Nessa área a

solução pode ser a urbanização, similar ao que foi realizado no Canal da

Maternidade.

Page 78: Igarapé santa rosa

77

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84

ANEXOS

FORMULÁRIO USADO NO LEVANTAMENTO SOCIOECONOMICO; 1. DADOS DE CONTROLE E IDENTIFICAÇÃODA FAMÍLIA 1.01. Data da Pesquisa: 1.02. Localização (Igarapé/Rio) : 1.03. Município: 1.04. Nome do Entrevistador: 1.05. Coordenada Geográfica: 1.06. Nome do Entrevistado: 1.07. Identificação do domicílio. 1.08. Tipo de Localidade:

� 1. Rural 2. Urbana1.09. O que você acha do lugar onde mora ?

� 1. Bom � 2. regular � 3. Ruim 1.10. Se você tivesse oportunidade de mudar para outro lu gar você aceitaria ?

� 1.Sim � 2. Não.

1.11. O imóvel é : Próprio Alugado 1.12. Como adquiriu o imóvel?

� 1. Comprado � 2. Doado � 3. Invasão

� 4. Herança � 5.Outros:________________

1.13. Quanto tempo reside no imóvel? � 1. Menos de 05 anos � 2. De 05 a 10 anos � 3. Mais de 10 a 20 anos

� 4. Mais de 20 a menos de 40 anos

� 5. Mais de 40 anos 1.14. Quantas pessoas residem no imóvel? � 1. De 01 a 02 � 2. De 03 a 04

� 3. De 05 a 06 � 4. De 07 a 08

� 5. Mais de 08

1.15. De Onde veio? Do próprio município Se Fora do Município, de onde ? _____________________________

De fora do município

W

S

Page 86: Igarapé santa rosa

2

2. FONTE DE RENDA 2.01. Qual a fonte de renda da família?

� 1. Emprego (com carteira assinada)

� 2. Desempregado � 3. Emprego informal (sem

carteira assinada)

� 4. Aposentadoria � 5. Autônomo � 6. Agropecuária � 7.Outros________________

2.02. Qual a renda familiar mensal?

� 1. De 0 a 01 salário mínimo

� 2. Mais 01 a 02 salários mínimos

� 3. Mais 02 a 03 salários mínimos

� 4. Mais de 03 a 04 salários mínimos

� 5. Mais de 04 salários mínimos

2.03. A família recebe algum auxílio do Governo Federal, Estadual ou Municipal? � 1. Sim � 2. Não 2.04. Se sim, qual? � 1.1. Bolsa Moradia. � 1.2. Bolsa Família� 1.3. Vale Gás � 1.4. Bolsa Escola

� 1.5. Outros. _________________

3. HABITAÇÃO 3.01. Tipo de iluminação: 1. Energia elétrica 2. Lampião

3. Vela 4. Gerador

5. Placa solar 6 . Lamparina

3.02. Tipo de moradia: identificar a habitação a) Tipo de material empregado na construção: Madeira Alvenaria Misto b) Tipo de cobertura: Palha

Alumínio Telha cerâmica

fibrocimento

4. SERVIÇOS PÚBLICOS 4.01. O abastecimento de água no imóvel é feito ?

� 1. Rede pública. � 2. Poço escavado

(cacimba). � 3. Açude.

� 4. Águas superficiais (rios, lagos, igarapés, nascente).

� 5. Outros.

4.02. Qual o destino do esgoto ?

Page 87: Igarapé santa rosa

3

� 1. Rede pública

� 2. Privada

� 3. Fossa séptica

� 4. Vala

� 5. Igarapé/Rio � 6. Outro

4.03. Qual o destino do lixo ?

� 1. Coletado � 2. Queimado � 3. Enterrado

� 4. Céu aberto � 5. No igarapé/

Rio

� 6. No mato � 7. Outros

5. ACESSIBILIDADE 5.01.Tipo de acesso à propriedade: Estrada Rua

Rodovia Ramal

Igarapé

5.02. Estado de conservação da via: Ótimo Bom Ruim Regular 5.03. Meio de Transporte: Carro com tração animal

Moto Automóvel

A pé

Bicicleta 5.04. Quanto ao tipo de transporte: Próprio Público Alugado 5.05. Se público ,quanto à qualidade do transporte: Ótimo Bom Regular Ruim 5.06. Quanto à freqüência Diariamente Semanalment

e Mensalmente Anualmente

5.07. Qual o Meio de Comunicação:Telefone Televisão Internet Rádio

6. PRODUÇÃO 6.01. O que você planta na sua área ? Produto

� 1. Arroz � 2. Feijão � 3. Milho � 4. Café

� 5. Banana � 6. Mandioca � 7. Frutíferas � 8. Hortaliças

� 9. Outros � 10. Nada

6.02. A produção é : Manual Mecanizada 6.03. realiza queima na propriedade :

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� 1. Área de pastagem para restauração

� 2. Abrir área de roçado � 3. Abrir área de pastagens

� 4. Outros � 5. Não queima

6.04. Qual é o principal destino da sua produção agrícola ?

� 1.Subsistência

� 2.Comercialização

� 3. Troca

6.05. Pratica alguma atividade extrativista ou florestal ?

� 1. Sim � 2. Não Se sim, qual (quais)?

� 1.1. Não Madeireiro � 1.2. Madeireiro

� 1.3. Não Madeireiro e Madeireiro

6.06. Qual é o principal destino dos produtos extrativist as ou florestais ?

� 1.Subsistência

� 2.Comercialização

� 3. Troca

6.07. Cria animais ? � 1. Sim � 2. Não

Se sim, quais ? Criação

� 1.1. Gado � 1.2. Ovinos � 1.3. Aves

� 1.4. Caprino � 1.5. Suínos � 1.6. Peixes

� 1.7. Equinos

6.08. Qual é o principal destino da sua produção animal ? � 1.Subsistênci

a � 2.Comercializa

ção � 3. Troca

7.MEIO AMBIENTE 7.01. Quais as fontes e/ou cursos de água que existem na sua área ?

� 1.Rio e/ou Igarapé � 2. Açude � 3. Nascentes ou olho de

água

� 4. Cacimba � 5. Outros

7.02. Existe próximo ao imóvel

� 1. Rio e/ou igarapé com ou a menos de 30 m de distância.

� 2. Vertente (nascentes) e/ou olhos d’água a menos de 50 m.

� 3. Rio a mais de 30 e menos de 50 metros de distância.

� 4. Não. � 5. Não sei.

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7.03. O (a) Sr (a) usa a água do Igarapé e/ou Rio para:

� 1. Beber � 2. Tomar

banho

� 3. Lavar � 4. Cozinhar � 5. Pescar

� 6. Outros � 7. Nada

7.04. Existe problema de escassez de água em alguma época do ano? � 1. Sim � 2. Não

7.05. Existe problema com alagação na propriedade ? � 1. Sim � 2. Não

7.06. Quais os principais problemas do meio ambiente qu e existe na sua área ou comunidade ?

� 1. Poluição das águas � 2. Desmatamento � 3. Queimadas � 4. Destinação inadequada

do lixo

� 5. Alagação � 6. Falta de água tratada � 7. Incidências de doenças � 8. Outras

7.07. Existe erosão ou solo exposto (aquele sem vegetação ) no imóvel ?

� 1. Sim � 2. Não7.08. Existe alguma ÁREA DE VEGETAÇÃO NATURAL na sua propriedade ?

� 1. Árvores isoladas � 2. Mata � 3. Campo/capoeira

� 4. Sistema agroflorestal � 5. Outros � 6. Não existe

7.09. Você acha que é importante a presença de mata cil iar para a preservação dos igarapés?

� 1. Sim � 2. Não7.10. O (a) Sr (a) concorda que todas as áreas ciliares desprovidas de vegetação devem ser reflorestadas?

� Sim � 2. Não

8.0. IDENTIFICAÇÃO PARA POSSÍVEIS GESTORES

8.01. Esta disposto em colaborar na conservação do Igar apé: Sim Não 8.02. Deque forma você poderia ajudar na conservação do I garapé:Participar em programa de formação Plantando árvores

Agente orientador Outros

8.03. Aceitaria Participar de uma associação de moradores em regiões de nascente ? Sim Não

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8.04.Qual o tipo de incentivo governamental seria mais a dequado para a preservação do Igarapé: Incentivo Financeiro Capacitação Técnica Plantio de Culturas Nativas