ideia templuz - edição 02

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Segunda edição da revista iDeia Templuz - Edição 02 conta com a participação especial do designer indiano Satyendra Pakhale

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Editorial

A revista vai tomando forma, ganha experiência, diversidade e amadurece a cada edição, buscando primar pela inquietação de uma sociedade que convive singularmente em sua diversidade. O universo é imenso e, nessa imensidão, são as diferenças que per-mitem que ele seja o que é – “universo”. Gerenciar atitudes que tenham como foco a “diversidade” é mais que um desafio, é um teste de aptidão, pois, como dizia Charles Darwin, só os aptos à mudança sobreviverão.

Falar sobre diversidade é tentar entender a variedade e convivên-cia de ideias, características ou elementos diferentes entre si, em de-terminado assunto, situação ou ambiente. Podemos então entender que a ideia de diversidade está intimamente ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, heterogeneidade, variedade, assim como a diferentes ângulos de visão ou de abordagem.

Os princípios desta sociedade diversa trazem estampadas em si as modernas práticas e modelos de ação dos países mais avançados do globo. O homem contemporâneo é chamado a aprender e a utilizar essa diversidade para seu crescimento pessoal. E a iDeia procura seguir esse modelo, reunindo múltiplos conjuntos de infor-mações, que traduzem o nosso estilo de vida atual.

Nossa matéria de capa traz o indiano radicado em Amsterdam, Sa-tyendra Pakhalé, um designer extremamente ativo e empreende-dor que busca encontrar, na mistura entre materiais e tecnologias, soluções para necessidades específicas das várias culturas globais.Recheamos a revista com perfis, entrevistas, artigos e reportagens que materializam a nossa diversidade cultural e que nos mostram a riqueza espalhada em nosso território brasileiro, além de curiosida-des bem específicas fora do nosso país, como é o caso da seção Giro Cultural.

Acrescentamos uma novidade, que deverá estar presente nas pró-ximas edições: a participação especial de profissionais de desta-que nas áreas de arquitetura e design, dizendo o que entendem por “iluminação“.

Espero que, ao ler e folhear a revista, você possa ter o mesmo pra-zer que tivemos ao elaborar esta edição.

Nasce mais uma edição da revista iDeia.

Buscamos organizar e contribuir com

assuntos que são múltiplos e diversos em

sua natureza.

EditorCamilo Belchior

Jornalista Responsável:Cilene Imperizieri 5236/MG

Jornalistas:Ana Cláudia Uhôa

Clarissa Damas

Danilo Borges

Júlia Andrade

Thaís Casagrande

Projeto gráfico e coordenação gráficaCláudio Valentin

Capa:Satyendra Pakhalé

Foto:Simon Bruehlmann, CH

Impressão:Hiper Graphic Digital

Revista iDeia é uma publicação da Templuz, com distribuição gratuita.

Contato:[email protected]

Boa leitura,Camilo Belchior

Expediente:

Page 4: iDeia Templuz - Edição 02

conheça nossos

Andréa TristãoAnalista da unidade

de inovação e

sustentabilidade do

Sebrae Minas.

Jum NakaoTrabalha com

direção de arte,

exposições, aulas,

palestras e projetos

especiais.

Tatiana TameirãoMestre em arte

contemporânea pela

Université Paris 8.

Natália DornellasEditora do caderno

Pandora, publicitária e

jornalista de moda.

Wilson SalloutiEspecialista em

iluminação

e fibra ótica.

João GabrielEngenheiro Elétrico,

professor e especialista

em iluminação.

Júlio PessoaCineasta e

coordenador dos

cursos de Cinema e

Moda da UNA.

Page 5: iDeia Templuz - Edição 02

04Perfil

13Business

18Entrevistas

32Matériadecapa

39Artigos

50Luz,Câmera,Ação

54Projetos

62AçãoSocial

66ModaemAção

70GiroCultural

75Persona

78Lighting

Page 6: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 6

Madeira de volta à madeirapor Júlia Andrade

Perfil

Há 15 anos, Tótora trabalha com papelão, antes descartado nas

redondezas de seu ateliê. Sacos de cimento, caixas e qualquer

tipo de papel. Nenhum material é desperdiçado. “A ideia é

fazer com que o papel volte à sua origem, com a durabilidade,

beleza, resistência e textura da madeira”, conta o designer.

A base de seus trabalhos vem de uma mistura do papel com

cola, aglutinação e água. Apesar de considerar sua técnica

uma espécie de papel marchê, a perfeição do processo

desenvolvido e os acabamentos do trabalho dão um novo

significado às obras feitas do descarte. “O lixo é o material cuja

oferta mais cresce no planeta. Mas, o trabalho tem que ter um

sentido, tem que emocionar” explica.

Em meio às montanhas de Maria da Fé, Minas Gerais, o artista Domingos Tótora coloca em prática o conceito de sustentabilidade, mostrando que é possível não haver distância entre o discurso e as ações. Premiado em diversos concursos de design – como os prêmios Greenbest, Craft+Design e Brasil Design Awards –, o nome de Domingos tem tido projeção internacional e reconhecimento por seu trabalho consciente e, principalmente, pela beleza de suas peças.

Função e emoção, fundamentais nos trabalhos de Domingos Tótora, refletem a sustentabilidade em toda a sua essência

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02Banco Solo

03Estúdio

Domingos Tótora

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Page 8: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 8

Tótora não trabalha sozinho. Oito moradores da pequena comunidade

próxima ao ateliê dão vida aos projetos do designer. Todos têm em

comum uma história de trabalhos árduos como agricultores, pedreiros

e até mesmo padeiros que largaram suas antigas profissões para se

dedicar exclusivamente à arte. São pessoas simples, que através desse

trabalho conquistaram um espaço e um novo olhar para o mundo. “A

sustentabilidade não pode estar presente apenas na reciclagem, mas

na inclusão e oportunidade para todos”, diz.

O trabalho de Tótora transforma em conceitos e formas, matérias

desacreditadas e descartadas. Tudo se torna uma coisa única, que a partir

de traços exóticos ou tradicionais encantam a todos. A madeira retorna à

sua origem, com trabalho e sustentabilidade, convertida em arte.

MAKING OF BANCO TERRÃO – DOMINGOS TÓTORAUm exemplo do trabalho desenvolvido por Domingos Tótora é o

“Banco Terrão”. Ao olhar para a peça é fácil confundi-la com um

assento de pedra. Afinal, a textura e a cor avermelhada do produto

não lembram em nada a sua matéria-prima, o papelão. Para que

você possa entender melhor como se dá o processo de produção do

designer a equipe da revista iDeia separou algumas imagens desse

banco, que esta exposto na IV Bienal Brasileira de Design, que ocorre

durante o mês de outubro, em Belo Horizonte.

04

05

04Artesão colando frisos

05A transformação do papelão começa pela sua forma. Primeiro o material é picado e levado ao liquidificador com água. Depois essa massa é prensada, com as mãos, para retirar o excesso de água. A mistura gerada é a matéria-prima de todos os trabalhos de Domingos.

PerfilFo

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pág. 9

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08

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06Buscando dar um

aspecto natural ao seu último projeto,

Tótora optou pela coloração

avermelhada da terra. Para isso, ele utilizou o pigmento

de amostras recolhidas em Rio

Acima, cidade rica em óxido de ferro.

07Após receber o

pigmento, a massa é exposta ao sol para

secar. Os peda-ços maiores, que

se juntam durante o processo, são

espalhados com um ancinho.

08Na etapa final, o

designer acrescenta uma cola à mistu-ra e a despeja em

moldes. Em seguida, a massa é socada

como um “chão de terra batida”. Depois de secos, os bancos recebem os acaba-

mentos finais. Depois, são lixados, imperme-

abilizados e têm os pés parafusados.

PerfilFo

tos:

Dom

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ora

Page 10: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 10

Conhecida pela pesquisa Topomorfose - desenvolvida a partir de uma viagem

para a Floresta Amazônica – Heloísa sempre teve como foco, em seu trabalho,

a força e a exuberância da natureza. Em todas as peças desenvolvidas, sejam

lençóis, painéis ou louças, é possível encontrar a cor, o desenho e a textura da

madeira.

O interesse em transportar sua vivência para o mundo do surf ocorreu

porque seu filho, Thomaz Sellins, é surfista e empresário da área. “A questão

tribal, que envolve o universo das pranchas e dos surfistas, tem muito a ver

com os desenhos da madeira e uma relação direta com os grafismos que

encontramos no homem, por meio da pintura corporal, ou na superfície de

cerâmicas e adornos”, explica.

Para desenvolver as imagens que seriam reproduzidas nas pranchas, foi

necessário dedicar um bom tempo aos estudos. “Fizemos uma grande

pesquisa. Foi muito inusitado, porque este universo do surf é singular para mim.

Mas, é um lugar no qual se pode utilizar o conceito da Topomorfose. São

impressionantes as possibilidades de desdobramentos e aplicações desses

desenhos”, comenta.

As formas irregulares e curvas dos anéis de crescimento da madeira que inspiraram a designer gaúcha, Heloísa Crocco, em mais de 30 anos de carreira, recebem agora uma superfície de aplicação diferente de todas que a artista já trabalhou. Em parceria firmada entre a CROCCOSTUDIO e o shaper Henrique “Ogro” Perrone, os traços que se formam a cada estação - inverno e verão -, ganham vida em pranchas de surf de diferentes estilos e tamanhos..

Arte sobreondaspor Ana Cláudia Ulhôa

01Pranchas

de Surf artesanal de poliuretano

e madeiraCroccoStudio

+ Ogro

Foto

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por

Hel

oísa

Cro

cco

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pág. 11Perfil

Page 12: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 12 Perfil

Pranchas artesanais

Na primeira fase do projeto Crocco Studio + Ogro, que ocorreu em

junho de 2012, foram confeccionados 12 modelos de pranchas

artesanais de poliuretano e madeira. Agora, a empresa promete

surpreender com mais seis modelos, que terão versões em três cores

distintas, mais uma coleção complementar para o surf, de sacos,

sacolas e mochilas.

Para quem quiser conferir a coleção de perto, o lançamento ocorre

durante o mês de novembro, em paralelo ao festival de vídeos de surf

e skate MIMPI FEST, que ocorrerá no COMPLEX, em Porto Alegre.

Outros trabalhos

Outro projeto recente da designer é o livro “Topomorfose”. Como o

próprio nome indica, a obra aborda a pesquisa realizada por Heloísa

Crocco a partir de 1986, quando ela entrou pela primeira vez na

Floresta Amazônica.

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Foto

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Foto

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idas

por

Hel

oísa

Cro

cco

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pág. 13Perfil

Nessa viagem, Crocco se encantou com o que chamou de “alma

da árvore”. “Quando cheguei de lá, decidi que queria trabalhar com

o que estava dentro da árvore, com os anéis de crescimento. Iniciei

trabalhando cortes em topo da madeira e elegi o quadrado para

fazer todas as combinações. Como uma escritora senta para escrever

um livro, sentei para esgotar as possibilidades daquelas combinações,

e com isso nasceram as matrizes”, afirma.

Através de imagens de topos, carimbos e esboços de projetos, o livro

feito em parceria com José Alberto Nemer e Marcelo Drummond,

busca revelar um pouco da poética e do processo criativo da artista,

em um verdadeiro poema visual.

Em todos esses anos de carreira, Heloísa já desenhou peças para a

marca Tok&Stok e desenvolveu trabalhos ligados à comunidades

artesanais no Brasil, Colômbia, Uruguai e Espanha. Em suas viagens

pelo Brasil, a designer, junto às populações locais, reflete sobre como se

expressar por meio de coisas que tenham significado para elas.

A longevidade do trabalho de Crocco, a metodologia de pesquisa e

o envolvimento em propostas que visam agregar desgin e artesanato,

são alguns dos fatores que transformaram Heloísa Crocco em um dos

principais nomes do design.

02Heloísa Crocco

04Carimbos para produção de estampas – processo topomorfose.

03resultado do processo topomorfose em estampa para tecidos.

Page 14: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 14

“Iluminação unida à tecnologia com soluções inteligentes, valoriza os

projetos dos profissionais”Tânia Salles

Page 15: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 15Business

Especializada em projetos luminotécnicos e produtos

de iluminação, a empresa fechou uma parceria com a

Exporlux – fabricante de artigos de iluminação lusitana

– para levar a marca para o exterior. De acordo com

Manoel Caetano, diretor comercial da Light Design,

essa indústria foi muito importante para seu projeto de

expansão. “A parceira com a Exporlux permite que as

peças sejam fabricadas em Portugal. Esse diferencial torna

o produto Light Design também europeu, o que possibilitou

a empresa receber o selo ‘Compro o que é Nosso’, que

destaca a qualidade dos produtos fabricados no país com

a Certificação Europeia”, destaca.

O bairro Alcântara, em Lisboa, abriga um ponto considerado o reduto da arte, design e gastronomia da capital portuguesa, a LX Factory. Famosa por unir o passado e o presente, através de sua arquitetura e eventos culturais, esse centro que reúne empresas e profissionais da indústria conta hoje com um showroom da brasileira Light Desgin.

Iluminaçãobrasileiraconquistamercadointernacionalpor Ana Cláudia Ulhôa

01

Page 16: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 16 Business

Manoel diz que o interesse em investir fora

do Brasil veio do momento vivido pelo

velho continente, em 2009, quando seus

planos começaram a ser colocados em

prática. “A Europa estava em excelente

situação e percebemos a oportunidade de

internacionalizar a marca Light Design. Essa

foi apenas a ponte para iniciar o trabalho no

exterior, que já conta com projetos na Suíça

e Angola”.

Nos últimos 20 anos, a companhia registrou

um crescimento significativo, ampliando sua

atuação, não só no exterior, mas em todas

as regiões do país. Se em 1974 a empresa

possuía apenas uma unidade no Rio de

Janeiro, hoje ela conta com 11 lojas próprias

e 15 lojas multimarcas nos estados de São

Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Maranhão,

Paraíba, Pará, Rio Grande do Sul, Mato Grosso

do Sul e Distrito Federal.

01Pendente decorativo da LightDesign

02, 04, 05 e 06Luminárias residenciais da LightDesignFotos cedidas pela LightDesign

03Silvia Caetano eManoel Caetano diretores da LightDesign

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pág. 17Business

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pág. 18

O Café Barão convidou o artista plástico Rogério Fernandes para desenvolver, com exclusividade, a embalagem do seu mais novo produto: o Espresso Barão. Uma arte que traduz toda inspiração, técnica e cuidado utilizados na produção de uma grande obra. Tudo isso para proporcionara você o prazer de degustar um sabor único e inconfundível. O estado da arte em espresso.

Belle Époque Café(Acrílica sobre tela)

AF-AD-Espresso-21x30-Templuz.indd 1 9/4/12 12:36 PM

Business

Para Manoel Caetano, os resultados

alcançados pela Light Design estão

diretamente ligados ao seu pioneirismo.

“A empresa nasceu da necessidade de

oferecer aos clientes projetos luminotécnicos

personalizados, conforme as demandas dos

ambientes e estilo de vida das pessoas. A

partir desse enfoque, a Light Design iniciou

seu processo de criação e fabricação de

produtos. Todos elaborados para entregar

soluções diferenciadas às propostas sugeridas

nos projetos. Nós percebemos o quanto a

luz influenciava nos ambientes e na vida das

pessoas”, lembra.

Em 2012, o consumidor da capital mineira

também terá a oportunidade de conferir

toda a linha Light Design. Por meio de

um acordo, a loja Templuz se tornou a

representante exclusiva da marca em Belo

Horizonte, disponibilizando vários modelos de

luminárias e pendentes.

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06Lorem ipsum dolor amet lorem ipsum dolor amet

Page 19: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 19

O Café Barão convidou o artista plástico Rogério Fernandes para desenvolver, com exclusividade, a embalagem do seu mais novo produto: o Espresso Barão. Uma arte que traduz toda inspiração, técnica e cuidado utilizados na produção de uma grande obra. Tudo isso para proporcionara você o prazer de degustar um sabor único e inconfundível. O estado da arte em espresso.

Belle Époque Café(Acrílica sobre tela)

AF-AD-Espresso-21x30-Templuz.indd 1 9/4/12 12:36 PM

Page 20: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 20 Entrevistas

Juliana Jabour é uma colecionadora de parcerias, e não cansa de colocar o seu nome nas mais

diversas áreas. Após a bem sucedida sociedade com a Shoestock, que culminou em sapatos da

marca na sua passarela de inverno 2012, Juliana ainda se atreveu a criar uma coleção de joias ao

lado de Raphael Falci. Com a marca de óculos, Evoke, o sucesso da parceria já dura 5 anos.

Em 2011 ela participou do projeto Fashion Five da Riachuelo, que contou com uma linha de roupas

de festa também com peças assinadas por André Lima, Huis Clos, Maria Garcia e Martha Medeiros.

Com o sucesso do trabalho, foi convidada novamente para criar o Outono/Inverno 2012 pela loja

de departamento. Uma coleção exclusiva assinada pela estilista.

“Foi uma experiência muito legal, eu já tinha feito outras parcerias antes, com outras empresas,

foi tudo mais ou menos com a mesma proposta, de democratizar a moda, de fazer com que o

meu produto chegasse a um público que a princípio não chegaria” conta Juliana Jabour. “Essas

colaborações de estilistas famosos com grandes empresas de varejo é algo que existe há muito

tempo nos países lá fora, e é muito bom ver que agora o Brasil também acordou para isso”, disse Ju.

A coleção para Riachuelo contava com 40 modelos entre confecção e acessórios, e apostava

na variedade de tecidos para compor o mix de produtos. De acordo com Juliana, a experiência

foi incrível e só rendeu bons resultados. “Eu tinha toda essa responsabilidade de manter o DNA da

marca, acredito que seja isso que as pessoas querem quando propõem uma parceria. Por isso,

fiquei muito atenta para manter o controle de tudo, pois tinha a preocupação da coleção levar o

meu nome”, afirma Juliana. “Claro que a matéria prima não iria ser a seda pura, porque assim iria

contra o princípio do fast fashion, tive que ir me adaptando”, finaliza.

Com inúmeras parcerias no currículo, Juliana Jabour, a consagrada estilista que esbanja bom gosto e criatividade nos looks que circulam pelas passarelas mais concorridas do mundo, também aderiu à moda da democratização, pois TODOS têm direito a ter estilo!

Pela democratização da modapor Thaís CasagrandeA badalada estilista Juliana Jabour relata sua experiência de fazer moda para um público diferente

Page 21: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 21EntrevistaNacional

Coleção Juliana Jabour paraRiachuelo - Inverno

2012 - Fotos Jacques Dequeker

Page 22: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 22 Entrevistas

As bases da coleção para a Riachuelo iam desde

rendas com paetês misturadas com moletinho até lãs

pesadas. Outras bases importantes são o georgette,

nas versões lisa e estampada, tricôs, alfaiatarias em

diferentes pesos e viscolycra, que é característica da

marca, usada pela estilista em diferentes formas, com

estampas, com outros tecidos, modelagens amplas e

diferenciadas. “Tentei adaptar para o público ter uma

peça com o DNA da Juliana Jabour, a modelagem, o

bom caimento, e uma boa qualidade, independente

das matérias-primas não serem tão nobres” disse.

A inspiração da estilista para criar a coleção, foi a

mulher moderna, que possui informação de moda, mas

que não abre mão do conforto. Segundo ela, “essa é

a mulher que me inspira, porque ela tem personalidade

pra se vestir e está sempre se sentindo bem, confortável

e linda!”.

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Coleção Juliana Jabour para Riachuelo - Inverno 2012 Fotos Jacques Dequeker

Page 23: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 23Entrevistas

O resultado foi tão positivo que refletiu até mesmo

em sua própria marca, “como a coleção foi feita

direcionada para um público muito maior, isso abre

portas até para outras parcerias, de repente de outras

linhas diferentes, como algo de cama, mesa e banho,

ou produtos de beleza, isso faz com que sua marca

chegue em locais que ela não chegaria normalmente”

relata Juliana Jabour.

Do armário para a casa toda

Fica bem em você, pode ficar bem na sua casa

também. Agora com olhos na arquitetura,

Juliana Jabour criou estampas exclusivas para a marca

Mixtape Design, impressas em tapetes, estofados

e almofadas. “Acho que hoje mais do que nunca,

moda, decoração, arquitetura, e até mesmo música,

está tudo interligado, uma coisa reflete na outra, isso é

comum,” finaliza Juliana Jabour.Coleção Juliana Jabour para Riachuelo - Inverno 2012

Fotos Jacques Dequeker

Page 24: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 24 Entrevistas

A luz comanda nossa vida.Hora de acordar, hora de dormir.

E viver sob nuances divinas, que revelam os objetos de maneira sempre

surpreendentes.Como arquitetos, imitamos a natureza e

provocamos emoções.Valem as velas, cúpulas, fluorescentes,

leds, filtros, graus, dimmers etemperaturas de cor.

Linguagem que articulamos para escrever o bem estar.

Eraldo Pinheiro

Page 25: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 25Entrevistas

Revista iDeia - Você começou sua carreira na área de produtos e, atualmente, atua em diversas áreas – de televisão (como roteirista do Casa Brasileira) a trabalhos de gestão estratégica de design, em empresas. De onde veio esse interesse por outras áreas do design? A versatilidade é uma tendência do design atual?Baba Vacaro: Para mim, o design e o pensamento estratégico

das empresas estão intrinsecamente ligados. O design é,

fundamentalmente, multidisciplinar, e isso se reflete em todas

as suas áreas de abrangência, assim como na relação com os

diversos setores – do produto à comunicação. Desde o início

de minha carreira já atuava dessa maneira nas empresas com as

quais colaborei durante os últimos 20 anos. O desenvolvimento de

produtos é apenas uma das coisas que faço.

Com relação à minha atuação no campo da comunicação,

acho que esta é realmente uma característica pessoal. Sempre

me interessei pelas pessoas e pela maneira como elas se

relacionam com os objetos. Essa curiosidade, acompanhada

de um estudo profundo sobre as nuances do mercado, me

levaram a escrever para diversos veículos e, por fim, para a TV.

Designer de produtos, consultora empresarial, roteirista de TV, palestrante... Baba Vacaro é movida pela curiosidade e um olhar minucioso, características que, nos últimos 20 anos a têm levado a atuar nas mais diferentes áreas. Pragmática, Baba vê o design como uma ferramenta estratégica, seja para agregar valor a uma marca ou para melhorar a vida das pessoas e fazê-las mais felizes. “O design está em nosso dia a dia, mesmo que nem sempre o notemos”, lembra a designer.

Entrevista Baba Vacaropor Danilo Borges

Page 26: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 26 Entrevistas

Ri: Muitos designers recém-formados se queixam da falta de mercado e da competitividade do setor com outras áreas (publicidade, artes plásticas etc). Como você avalia esse mercado? Quais são os principais caminhos e tendências no Brasil?BV: É difícil determinar as fronteiras entre as

diversas áreas em que o design está inserido;

suas relações de proximidade são, inclusive,

uma boa área, um bom objeto de estudo

para nós. Não vejo a competitividade

como um problema. O mercado tende a

se abrir cada vez mais para o designer, nos

mais diversos segmentos de atuação. O

pensamento do design tem sido ferramenta

estratégica para o sucesso dos mais diversos

tipos de negócio, e, por isso, muitas portas

podem se abrir para os profissionais no Brasil.

Ri: Você costuma dizer que gosta de acompanhar o processo de produção de uma peça, vê-la tomar forma na fábrica. Além disso, você também atua nas empresas, como gestora de design estratégico. Na sua opinião, o design ainda precisa ser mais pragmático, “tangível”, para conquistar novos mercados?

BV: O Brasil ainda está amadurecendo para a

parceria entre designers e empreendedores.

Faz pouco tempo que as empresas

começaram a perceber o quanto o design

pode fazer bem para os negócios e que os

designers começaram e entender melhor

seu papel neste processo. Devagar as duas

partes vão criando parâmetros de atuação,

e é preciso que cada um aprenda a olhar

para o outro e entender como cada parte

pode fazer o que for melhor para o negócio.

Ri: Para muitas pessoas, o design é visto como um “luxo”, disponível a poucos. Essa percepção está mudando? Como os designers encaram essa questão?BV: Infelizmente, enquanto o mercado

não cresce, o designer segue desenhando

para um nicho mais restrito. Não é por falta

de vontade dos designers, mas por falta

de oportunidade. Desenhar produtos de

massa demanda um bom investimento em

tecnologia e ferramental – e se não temos

quem consuma, fica difícil encaixar um

projeto nesse segmento.

Ri: Algumas de suas peças, como a famosa poltrona mandacaru, destacaram-se por conciliar funcionalidade e estética. Como lidar com essa permanente tensão entre a demanda ‘objetiva e a “criação artística”?

Page 27: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 27Entrevistas

nossa felicidade, e cada vez mais as pessoas

percebem isso. O sucesso do Casa Brasileira

vem daí. As pessoas querem viver melhor,

com mais harmonia, numa casa que seja um

reflexo delas mesmas, de suas memórias, de

seu repertório cultural, gostos e desejos.

Ri: Você lançou, recentemente, o livro “De traços abertos”. De onde surgiu a ideia do livro? Como foi a produção da obra?BV: Fui convidada pela editora C4 para fazer

parte de sua coleção “Design & Processo”

e convidei a jornalista e escritora Cristina

Ramalho para fazer o projeto do livro. Desde

que respeitássemos o formato e o número

de páginas, tivemos a liberdade de fazer

tudo como queríamos. Então resolvemos criar

crônicas livres sobre os temas que, segundo a

Cristina, mais se destacam em meu trabalho.

É um livro gostoso de se ler – mesmo para

quem não tem intimidade com o design –

porque é repleto de histórias, de crônicas

sobre pessoas que fizeram o design moderno.

Ri: O que o leitor encontrará na obra?BV: O leitor irá encontrar um pouco do meu

universo – não apenas minhas criações, mas

de onde vem meu ‘repertório’: viagens,

leituras, gostos, a formação racionalista, ligada

à escola BauHaus, o amor pela casa, vontade

de aconchego, o trabalho em equipe etc. A

obra também mostra que o design está em

tudo, tem a ver com música, viagens, fatos

históricos, moda, novela, os amores de todos

nós...O design está em nosso dia a dia, mesmo

que nem sempre o notemos.

BV: No meu trabalho, o produto é sempre

decorrente de um processo, de uma

demanda objetiva. A forma é um resultado

mesmo, mas não uma premissa.

Ri: Desde 2009, você assina o roteiro do programa Casa Brasileira. Como você avalia o papel do design de ambientes na vida das pessoas? O Brasileiro está se preocupando mais com o local em que vive?BV: O design, a arquitetura, tudo o que nos

cerca tem um papel muito importante na

Luminária de mesa Nuage produzida no tecido ceda. Criação Baba Vacaro

Page 28: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 28 Entrevistas

Page 29: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 29Entrevistas

Com 22 anos de atuação na área do lighting design,

Fortes possui uma experiência abrangente, com projetos

realizados em diferentes escalas – residenciais, comerciais,

museus, aeroportos, praças etc.

Reconhecido internacionalmente e premiado em 2007

pelo IALD – 24th Annual IALD Lighting Design Award, com

o projeto de revitalização da Estação da Luz, em São

Paulo, e implantação do Museu da Língua Portuguesa

(em parceria com Gilberto Franco), Carlos Fortes conta,

com exclusividade para a revista iDeia, como foi o início de

sua carreira, sua trajetória de sucesso e como enxerga o

cenário do lighting design no Brasil.

Revista iDeia: De onde surgiu o interesse por iluminação? Carlos Fortes: Surgiu de forma intuitiva. Talvez a primeira

influência tenha sido o cinema, ainda na adolescência.

Durante algum tempo esse foi meu principal interesse,

e cheguei mesmo a cursar, durante um curto período,

a faculdade de Cinema na UFF – Universidade Federal

Fluminense. Mas, a Arquitetura, que eu cursava

paralelamente, demandava muito do meu tempo, e eu

acabei optando, profissionalmente, pelo segundo curso.

Logo após minha graduação, cheguei a cogitar um curso

na Escola de Cinema de Cuba, fundada por Gabriel

García Márquez. Mas, mais uma vez, a arquitetura falou

mais alto e eu acabei me mudando para São Paulo.

A LUZ QUE VALORIZA E TRANSFORMAA iluminação valoriza um ambiente tanto na macro escala como em detalhes. Pode torná-lo mais confortável, romântico, dramático ou onírico, reforçando a identidade de um projeto arquitetônico. É desse modo que o renomado lighting designer, Carlos Fortes, define um bom projeto luminotécnico.

Entrevista Carlos Fortespor Thaís Casagrande

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Restaurante Kaá Arquitetura: Arthur Casas Foto: Andrés Otero

01

Page 30: iDeia Templuz - Edição 02

Ri: E como foi o início da sua carreira?CF: Tive meu primeiro contato profissional como lighting design trabalhando no

escritório paulistano dos arquitetos Esther Stiller e Gilberto Franco – a quem, mais

tarde, vim a me associar. Eu conheci o trabalho deles no Rio de Janeiro, quando

era estagiário dos arquitetos Paulo Casé e Luís Aciolie, e a oportunidade de

trabalhar com eles abriu uma nova, e definitiva, perspectiva para mim.

Ri: Qual a filosofia do seu trabalho?CF: Ele se baseia, fundamentalmente, em interpretar e valorizar, através da luz,

as intenções do projeto arquitetônico. Acredito na iluminação em arquitetura

como instrumento a serviço dos edifícios e dos espaços urbanos. Por isso, não uso

fórmulas ou receitas para executar um projeto. Cada um tem suas peculiaridades;

cada arquiteto responde de uma maneira particular a um mesmo programa

ou demanda. Assim, cabe ao lighting designer compreender, antes de elaborar

qualquer proposta, os conceitos apresentados.

Ri: O que é necessário para ser um lighting designer de sucesso?CF: Acredito ser fundamental uma formação multidisciplinar em arquitetura,

design, artes, história – ainda que informal. O conhecimento acumulado, assim

como um olhar crítico e permanente para a produção artística, arquitetônica

e cultural, aliados a uma permanente atualização tecnológica, constituem a

principal ferramenta de trabalho para o lighting designer. A formação específica,

o conhecimento de física e matemática, o domínio de softwares são acessórios

fundamentais à prática profissional – mas só contribuem efetivamente para um

bom resultado se postos a serviço da expertise e talento do lighting designer.

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Page 31: iDeia Templuz - Edição 02

Ri: Qual a importância da iluminação para um projeto arquitetônico?CF: A iluminação reforça a identidade de um projeto arquitetônico. Se bem

interpretado, um bom projeto luminotécnico irá valorizar a arquitetura tanto na

macro escala como em detalhes. Os sistemas a serem adotados devem refletir

as intenções do arquiteto. Assim, a iluminação poderá ser mais intuitiva, discreta,

quase mimetizada em detalhes sutis da arquitetura (como podemos observar nos

projetos do arquiteto Álvaro Siza); poderá ser mais exuberante, expressionista – aqui

tomando emprestado um termo utilizado pela designer Baba Vacaro (como em

projetos do Marcelo Rosenbaum, em que o objeto em si traduz o conceito do

projeto) e assim por diante. Ou seja, a iluminação nunca é a protagonista, é sempre

uma resposta à proposta inicial do projeto. Cabe ao lighting designer interpretar

corretamente esses conceitos. Para isso, precisa conhecer com detalhes o projeto,

seus acabamentos, cores, materiais, para que as propostas de iluminação elejam e

valorizem corretamente detalhes que devem ser enfatizados.

Ri: Como deve ser a parceria do lighting designer com o arquiteto responsável pelo projeto?CF: Quanto mais próxima, maiores são as chances de o projeto ter sucesso. Cabe

ao arquiteto expor seus conceitos e suas expectativas em relação à iluminação

e, ao lighting designer dar as respostas adequadas. Quando o lighting designer

02Antonio Bernardo Iguatemi SPArquitetura: Dado Castello BrancoFoto: Andrés Otero

03Banco VotorantimArquitetura: Edo RochaFoto: Nelson Kon

04Aeroporto Santos Dumont Arquitetura: Sérgio Jardim Foto: Andrés Otero

04

Page 32: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 32

desenvolve seu projeto simultaneamente

ao arquiteto, a sinergia entre os profissionais

gera a oportunidade de se desenvolver,

a quatro mãos, detalhes e soluções que

viabilizem e correspondam às expectativas.

Após a conceituação e definição do projeto

básico de iluminação, os demais planos

complementares devem ser desenvolvidos

e compatibilizados com a iluminação.

Infelizmente, nem sempre esse ritmo é

respeitado, embora cada vez mais os

empreendedores e clientes estejam tomando

consciência da importância desse timing.

Quando o lighting designer é chamado

a desenvolver seu projeto quando o de

arquitetura já está finalizado e os demais

complementares desenvolvidos, as limitações

são muito maiores.

Ri: Qual o projeto mais significativo já realizado por você? Aquele que você julga como um marco em sua carreira.CF: É difícil eleger, dentre tantos projetos

desenvolvidos em 22 anos de atuação,

o mais significativo. Mas, poderia citar,

por exemplo, o projeto de revitalização

da Estação da Luz, em São Paulo, com

a implantação do Museu da Língua

Portuguesa, como marcante em minha

carreira, pelo reconhecimento internacional

que tivemos. Atualmente, o projeto que estou

desenvolvendo para o MAR – Museu de

Arte do Rio (arquitetura de Thiago Bernardes

e Paulo Jacobsen), da Fundação Roberto

Marinho, me entusiasma bastante.

Ri: Como é representar o Brasil no Comitê de Relações Internacionais da Associação IES-NA (Illuminating Engineering Society of North America)?CF: A minha participação começou em

1997, juntamente com os arquitetos e lighting

designers Mônica Lobo e Gilberto Franco.

Naquele ano, participamos do encontro

anual do IES em Cleveland, Ohio, ocasião

em que nos apresentamos em uma reunião

do comitê. Tínhamos a intenção de fundar,

no Brasil, uma associação de profissionais de

iluminação, mas não tínhamos muito claro

o formato. Esse primeiro contato com o IES

talvez tenha sido o movimento embrionário

para a futura fundação da AsBAI (Associação

Brasileira de Projetistas de Iluminação). Os

membros do IES se mostraram bastante

colaborativos, no sentido de nos apoiar com

sua experiência corporativa, e nos cederam

cópias dos estatutos do IES. Houve, inclusive,

um movimento que não vingou de se formar

uma espécie de “IES Brasil”, a exemplo do

que já ocorria no México e no Canadá.

Ri: E você foi um dos Fundadores da Associação Brasileira de Projetistas de Iluminação, certo? Como surgiu a proposta?CF: Depois dessa reunião em Cleveland,

voltamos ao Brasil com o propósito de levar

adiante a proposta. Para isso, contatamos

dois grupos de profissionais atuantes no

mercado, em São Paulo e no Rio de

Janeiro, e convocamos duas reuniões para

apresentar nossa ideia e a possível parceria

com o IES. Esses grupos iniciais eram bastante

heterogêneos, embora todos comungassem

do interesse comum em iluminação

arquitetônica. Como era de se supor, essas

primeiras reuniões, e as que se sucederam,

foram bastantes polêmicas, principalmente,

Entrevistas

05Inhotim - Pavilhão Adriana Varejão Arquitetura: Rodrigo Cerviño LopezFoto: divulgação Inhotim

06Restaurante KaáArquitetura: Arthur CasasFoto: Andrés Otero

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06Fo

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Page 33: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 33

em relação ao formato que deveríamos

adotar. Acabamos por declinar de uma

parceria formal com o

IES – entidade bastante abrangente, que

agrega profissionais das mais variadas

formações. Optamos pela formação de

um grupo de arquitetos de iluminação, que

se aproximava mais do formato do IALD

(Illuminating Association of Lighting Designers)

e do PLDA (Professional Association of Lighting

Designers). Assim foi fundada a AsBAI.

Ri: Você acha que ainda temos muito que aprender com o Lighting Design do exterior?CF: Eu acredito que a produção de projetos

de iluminação no Brasil esteja bastante

aproximada da produção internacional.

É raro que algum empreendimento de

relevância prescinda de um lighting designer

em sua equipe de projetistas. A indústria

de luminárias também vem buscando se

aperfeiçoar, investindo em pesquisa e em

design. Ainda temos um caminho a percorrer

e acredito que a recente e acelerada

mudança na indústria das lâmpadas, com

as restrições impostas por programas de

sustentabilidade e de conservação de

energia, forcem uma rápida e eficiente

adequação dos produtos às novas

tecnologias, principalmente, à utilização de

LEDs em substituição às fontes convencionais.

Mas acho que, definitivamente, o Brasil está

inserido no mercado internacional.

Entrevistas

Page 34: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 34

Design para o mundo real

Satyendra Pakhalé fala sobre a importância de o design atender às necessidades da população

por Clarissa Damas

Page 35: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 35

Indiano radicado na Holanda, o designer Satyendra Pakhalé conquistou o respeito e a admiração mundial. Unindo elementos ocidentais e orientais em suas criações, sempre levando em conta a questão ambiental e a sustentabilidade, Satyendra se firma como um dos designers mais importantes do mundo.

Formado em Engenharia e mestre em Design,

ele traz para seu escritório toda a experiência

adquirida nos anos de trabalho na Phillips,

e alia, a isso, o desejo de contribuir com o

mundo, de proporcionar soluções, e de

resgatar e valorizar o trabalho artesanal.

Add-on RadiatorSistema modular

Foto

: Tub

es, I

T

Page 36: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 36

Criando desde objetos simples, como vasos

e móveis, a mais sofisticados, como carros e

motos, Satyendra diz que ainda tem muito a

fazer pelas pessoas e que o design pode, e

deve, provocar mudanças.

Revista iDeia: Você acredita que o design praticado hoje, de forma geral, está mais próximo das necessidades reais dos seres humanos?Satyendra Pakhalé: É difícil falar em nome

de todos. Sou sempre cauteloso ao fazer tais

generalizações, porque o mundo está cheio

de contradições fascinantes, bem como

possibilidades surpreendentes. Na verdade, o

design deve atender às necessidades reais do

ser humano, olhando para as possibilidades

que estão lá fora, especialmente em

países como o Brasil, Índia e China, onde as

condições geográficas, ambientais e culturais

são únicas e precisam de uma atenção

especial visando novas perspectivas.

Ri: Em 14 anos de escritório próprio, você acredita que o design mudou de alguma forma? Pode nos dizer em que? SP: A única coisa constante na vida é a

“mudança” e o design não é uma exceção.

A mudança é a lei de natureza e da vida.

É difícil falar sobre mudanças globais, mas

podemos ver crescentes preocupações com

“o design para as pessoas no mundo em

desenvolvimento”. Há várias questões que

precisam ser abordadas do ponto de vista

de design. Eu vejo que há oportunidades

de design industrial nas sociedades ao redor

do mundo. O desafio é fazer com que a

vontade política e industrial aconteça.

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03

Page 37: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 37

Ri: Como você definiria a sua atuação hoje, como um designer de expressão mundial?SP: O meu papel primordial é o de criar,

inovar, pensar e cultivar minha sensibilidade

ao mais profundo nível, para ser um designer

melhor a cada dia. Criar possibilidades para

ser um protagonista significativo no campo

da indústria, tecnologia, sociedade e, acima

de tudo, na cultura. Se todas as minhas

atividades puderem levar uma pequena

contribuição para nossa cultura, com certeza

vou estar satisfeito.

Ri: Como você define o Design Universal para o século XXI?SP: Valores humanos universais não são

diferentes agora, no século XXI, do que há

muitos séculos, mesmo que seja mais fácil, nos

dias de hoje, se relacionar com o contexto

humano universal... Graças ao acesso fácil

que temos à informação, tão próxima de

nossos dedos. No entanto, eu sempre me

abstenho de definir algo pronto, muito menos

projetar.

Ri: Em seu trabalho, a ligação entre as questões industriais, humanitárias e sensoriais são importantes. Você acredita que esse é o caminho para o design do século XXI? Por quê?SP: Como você mesmo disse, corretamente,

sou fascinado pelo design e seu impacto

02KABU Chaise Longue

03Alinata Shelving System

04Kalpa - ceramic vase & bowl

04

Matériadecapa

Foto

: Mr.

Shuu

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s, N

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Page 38: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 38

positivo na humanidade, se aplicado

corretamente. No entanto, eu nunca iria

professar qualquer abordagem definida

para desenhar. Eu realmente acredito em

pluralidade de expressão e não iria me limitar

a uma abordagem específica para projetar

no século XXI.

Ri: Existe algum trabalho específico dentro de toda sua vida profissional, que tenha lhe deixado mais orgulhoso do que os demais? Qual e por quê? SP: Não podemos pensar em uma tarefa

específica que torna um profissional mais

orgulhoso, no entanto, a profissão de design é

uma grande satisfação quando ela passa por

um conjunto misto de emoções e frustrações

durante o processo de desenvolvimento e,

eventualmente, leva a uma certa solução,

ideia ou um produto que torne uma solução

completa. Se você insistir na pergunta,

poderia citar em retrospectiva o “add-on do

radiador”, projeto que não só efetivamente

cumpre sua utilidade, mas também se

torna um produto sensorial que pode ser

perfeitamente integrado na arquitetura. Foi

uma grande satisfação quando conseguimos

trazer essa ideia inicial frágil para uma

realidade, e transformá-la em um produto

industrial, que foi bem recebido pelos usuários.

Ri: Você acredita que o design pode provocar uma mudança na forma como as pessoas pensam e veem as coisas? SP: Com certeza, o design pode causar

uma mudança, se ele tiver uma substância,

um propósito, um significado, um apelo

tecnológico e material, inovação ou

expressão cultural.

Ri: Você pode nos falar um pouco sobre os projetos que você está trabalhando atualmente? SP: Neste momento estamos envolvidos com

10-12 projetos cuidadosamente escolhidos

internacionalmente, que vão desde o design

industrial, com produtos tecnologicamente

complexos, até peças de edição para a

arquitetura. Ressalto um projeto que estamos

trabalhando agora, que é um produto feito

através do processo de fabricação do vidro

dobrado aplicado à arquitetura, com ênfase

05O Moonwaka é uma criação de Satyendra para o “Moon Life Project”, pro-jeto que especula sobre a possibilidade dos seres humanos viverem na Lua em um futuro próximo. Esse objeto foi desenvolvido para ajudar os viajantes a se acostumerem com a gravidade da Lua.

05

Foto

: Dan

ny H

olla

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Matériadecapa

Page 39: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 39

para a conservação da água da chuva e

armazenamento da energia solar. Todos os

anos, relacionamos um material ou processo

ao exercício do artesanato. Este ano,

estamos trabalhando com o mármore, em

colaboração com alguns artesãos da Itália

que levarão as peças desta edição para a

Galeria Ammann, na Alemanha.

Ri: Você acredita que o design deve contemplar uma associação de culturas para gerar uma identidade única para os povos do mundo? Como isto é possível?SP: Bem, como eu disse antes, eu não

tenho uma noção fixa ou uma receita

para criar uma identidade única para os

povos do mundo. No entanto, eu acredito

que precisamos ter mais identidades com

expressões plurais, portanto, mais originais,

como as culturas regionais, e não tanto como

as nacionais.

Matériadecapa

06Akasma GlassFruit Basket

07Roll Carbon Ceramic Chair

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07

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Page 40: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 40

“Iluminação não é apenas um recurso funcional, mas também de arte, pois toca os sentidos além da visão,

valoriza o iluminado e emociona o observador.”Claudius e Gabi - Duo Projetos

Page 41: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 41

Recentemente, participei de um Congresso Internacional de Iluminação, em Las Vegas, o Lightfair 2012. Dentre as palestras que tive a oportunidade de presenciar, a que mais me chamou a atenção foi a apresentada pelo Sr. Don Marinelli, professor de Drama e Gerenciamento de Artes e produtor executivo da Entertainment Technology Center , empresa situada na Universidade de Carnegie Mellon, no estado da Pensilvânia, EUA.

Esse grande professor (e brilhante orador!) percebeu

que, para educar a nova geração – chamada por ele

de “geração dos gamers” ou “geração dos jogadores

eletrônicos” –, teríamos que repensar toda a nossa forma

de ensinar, bem como as ferramentas utilizadas no

processo.

Entre os desafios apresentados por Marinelli, estava a

demanda de um grande museu americano, o qual tinha

Novas ferramentas, para umnovo profissionalpor João Gabriel

visto sua frequência e o tempo de permanência dos

visitantes diminuírem assustadoramente nos últimos

anos. O que estaria acontecendo?

Segundo Don Marinelli, a “geração gamer” não

suporta mais ser apenas um ator passivo em suas

atividades cotidianas. Ou seja, seria necessário propor

uma maior integração entre as atrações oferecidas

pelos museus e seus visitantes. De forma geral, a ideia

seria unir os lados esquerdo e direito do cérebro uma

mesma ação: aprender!

Ensinar não é mais como antigamente: livros e

apostilas dão lugar a jogos interativos e softwares

poderosos. E-books, ilustrados com vídeos e músicas,

abrem novas e mais atrativas possibilidades para a

transmissão do conhecimento adquirido.

Em vez de passar horas a fio lendo apostilas

entediantes, por que não “brincar” em um simulador

virtual que possa nos levar a adquirir os mesmos

conhecimentos, de maneira mais interativa,

multissensorial, colorida e em HD?

Artigos

Page 42: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 42

01

Page 43: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 43

BIM, Archicad, Bentlay, Vector Works, Revit, Dialux

Para os profissionais das áreas de arquitetura, engenharia,

design, etc., esta forma de aprendizagem vem à tona

com o surgimento de uma centena de novos conceitos,

como o BIM (Building Information Modelling), as novas

ferramentas de CAD, os softwares para cálculos de toda

espécie, os programas para renderização de imagens,

entre outros.

Trabalhando com as ferramentas do BIM, é possível

alterar dinamicamente um determinado modelo, com a

elaboração automática de layouts, elevações, cortes,

além de poder exportar esses arquivos para outros

programas de cálculos.

Outra grande novidade é que o processo passa a ser

colaborativo: todos os profissionais envolvidos em um

determinado projeto podem trabalhar em uma mesma

base de dados. Como “só uma andorinha não faz

verão”, torna-se necessário que o mercado, como um

todo, passe a adotar esses novos conceitos para que o

sistema realmente funcione.

De maneira geral, nossa atualização profissional passa

muito mais pelos bits e bytes do que por livros e apostilas.

Não que eles tenham perdido o seu valor. Nada disso.

Mas a forma de transmitir o conhecimento é que mudou

radicalmente.

Na área da iluminação, por exemplo, termos como

W/m, lm/m, plugins, drives de corrente, drives de tensão,

pixels, resolução, passam a ser corriqueiros. E para nos

atualizarmos neste novo mundo precisamos estar atentos

aos novos programas e tecnologias disponíveis: ArchiCAd,

Bentlay, Vector Works, Revit, Dialux, etc, etc, etc.

Todas essas novidades e avanços dos softwares

proporcionam uma significativa melhoria na forma

de se apresentar um projeto. Maquetes eletrônicas e

imagens em 3D fornecem ao cliente uma noção cada

vez mais perfeita sobre o projeto em questão, o que

permite comparar com precisão se o que foi comprado

corresponde ao que foi apresentado pelo fornecedor.

A atualização passa por uma poderosa estrutura

tecnológica (hardware de alto desempenho, com

alguns subsistemas para apoio), por infovias largas e

confiáveis. E, nesse quesito, estamos ainda engatinhando.

Recentemente, assistimos a uma ousada iniciativa

do governo federal em punir três das quatro maiores

operadoras de telefonia do Brasil. Entretanto, ainda

temos que melhorar muito.

Pois então, nada de ficar acomodado com o

conhecimento adquirido nos bancos da escola.

Precisamos estudar mais e aprender mais. Sempre!

01 e 02Imagens em 3D resultado de trabalho em softwareFoto: Divulgação Direcional

Artigos

02

Page 44: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 44

Empresas brasileiras e britânicas nos convidaram para assinar a cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Londres 2012, um espetáculo de oito minutos, no qual o Brasil foi apresentado ao mundo. O trabalho foi denominado de “figurinocenárioimaginário”, um figurino pensado para compor o cenário num palco em branco, uma ambientação perfeita para o imaginário coletivo de quatro bilhões de espectadores.A partir de um roteiro que nos fora encaminhado,

desenhamos todos os figurinos. Procuramos

valorizar manifestações populares através da

“gambiarra” como recurso de linguagem. A

“gambiarra”, ou improvisação, é um dos traços

que caracterizam a produção artística no Brasil,

com a assimilação, pela arte, de procedimentos

e estéticas das ruas e do povo.

No maracatu atômico – figurino utilizado pelo

músico “B Negão” –, a fiação interligando as

lâmpadas foi exposta. Sob estas lâmpadas, um

tecido refletor feito de tachinhas. Uma enorme

saia foi construída a partir de guarda-chuvas.

Uma roda gigante foi transportada para as

costas das nossas passistas. A magia e o truque

compartilhados sem receio de desfazer o

encantamento.

Antropófagos dos nossosprópriosclichêspor Jum Nakao

Organização da bateria - Cerimônia

de encerramento das Olimpíadas

de Londres 2012Fotos: cedidas por

Jum Nakao

Page 45: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 45Artigos

Page 46: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 46

O vestido de Alessandra Ambrosio

foi concebido para ser visível em um

estádio, com fluidez para valorizar a

coreografia e mais curto na frente para

conferir liberdade de movimentos. No

espetáculo, Alessandra representou

a beleza da mulher brasileira. Para

bailar com Seu Jorge e Sorriso, o

vestido foi desenhado em um tecido

super vaporoso que valorizava seus

movimentos. O vestido foi paetado em

degradé, com maior concentração de

paetês na parte superior, para iluminar

o rosto, e um pouco menos na saia,

para flutuar ao vento. Em meio a reis,

coroamos Alessandra com uma tiara

cravejada de brilhantes reproduzindo a

calçada de Copacabana. Como uma

estrela prateada no céu, o reluzente

vestido foi feito para brilhar na imensidão

do estádio.

Artigos

01Apresentação do Gari Renato Sorriso, da Top Alessandra Ambrósioe Seu Jorge. Fotos cedidas por Jum Nakao

02Preparação da roupa do rapper BNegãoFotos cedidas por Jum Nakao

03Brasil representado por índios iluminados por luzes verdes eamarelas. Fotos cedidas por Jum Nakao.

01

02

Page 47: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 47

Na dimensão de um estádio a roupa

desparece. O figurino deveria, portanto,

cumprir, também, um papel cenográfico e

dinâmico ao mesmo tempo. Recorremos,

então, aos instrumentos de percussão

gigantes sobre a bateria, assim como as

rodas gigantes nas passistas, ambos com

recursos luminotécnicos que permitiram,

junto com as lâmpadas do figurino

maracatu, um desenho de luzes no palco.

Com recursos simples, simpatia, sorriso,

mostramos que somos um país de braços

abertos para abraçar muito mais do que já

alcançamos.

O Brasil contemporâneo se fez pulsante

por meio do conceito da antropofagia,

do modernismo e, posteriormente, da

Tropicália. A antropofagia na arte brasileira

é a percepção das influências estrangeiras,

sua compreensão e deglutição em uma

apropriação que mantém apenas o

que interessa à criação local, de modo

consciente e refletido. Se a apropriação

de elementos de outras culturas e países é

aceitável por essa elite cultural que critica

a cerimônia, o que nos impede de sermos

antropófagos dos nossos próprios clichês e

valores?

A concepção do projeto foi feita de forma

generosa e não-egocêntrica, voltada

não para uma minoria que se acha mais

inteligente que os outros, que se isola,

e que se envergonha de valores e do

imaginário brasileiros, mas sim para quatro

bilhões de pessoas.

Artigos

03

Page 48: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 48

Quase 80% da população brasileira considera o empreendedorismo como uma boa opção de carreira, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor /GEM 2010. Pergunto-me quantos designers vislumbram essa alternativa. Afinal, um obstáculo rotineiro da profissão é o pouco conhecimento da área entre os empresários.

Essa realidade gradativamente vem sendo corrigida. É possível

dizer que a troca de informações no mercado globalizado e

o bom momento da economia brasileira são responsáveis por

abrir um campo de trabalho precioso para algumas profissões,

inclusive o design. Lojas como Tok&Stok e Imaginarium são

referências na escolha do design como principal atributo de

venda. Elas oferecem ao mercado soluções que o consumidor

nem sabia ter, mas adora encontrar e comprar.

Apesar desse grato diagnóstico, o processo de mudança de

modelos mentais e paradigmas é lento. Por isso, empreender

é uma opção de carreira bastante apropriada aos cenários

atuais. Sérgio Matos é um exemplo de pequeno empreendedor

que gosto de citar. Ao ganhar uma edição do Prêmio Sebrae

Minas Design, Sérgio descartou de vez a ideia de abandonar

a profissão e viu nas parcerias a possibilidade de levar suas

criações ao público final. Inicialmente, o designer paraibano,

criador do banco Ianomâmi, viabilizou seu projeto tendo uma

grande empresa como parceira. Hoje, à frente do seu próprio

ateliê, tem parceria com pequenas empresas do interior de

Minas Gerais. Mas, como ele, existem muitos outros que podem e

devem ser seguidos.

De acordo com a GEM, o Brasil tem a população mais

empreendedora dos países do BRIC, formado também pela

China, Rússia e Índia. No topo da lista dos empreendedores

por Andréa Tristão

Empreender, uma opção de carreira

01Estante Poleirinho porta treco,

em madeira de reflorestamento. Autoria de:

Frederico Mendes Teixeira, Rodrigo Braga França,

Ulisses AndradeN. Neuenschwander Penha.

02

Page 49: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 49Artigos

estão empresas destinadas às soluções

para o consumidor final. Como o designer

dispõe de um mercado amplo de atuação,

escolher um segmento não deve ser difícil. Os

obstáculos estão na gestão de uma empresa,

para isso, o profissional inevitavelmente

precisará do apoio de instituições como o

Sebrae, além de pleitear junto às instituições

de ensino de design a inclusão de disciplinas

ligadas à administração.

O designer empreendedor também deve

pensar na viabilidade do projeto. Não

adianta ter uma boa ideia, saber gerir uma

empresa e, na fase de produção, não

encontrar meios industriais capazes de atingir

o resultado planejado.

Para empreender também é necessário

inovar, isto é, apresentar algo novo ou fazer

de uma forma diferente. Portanto, o designer

deve ter um olhar apurado sobre o meio,

para criar soluções que, realmente, sejam

relevantes para o seu público. Afinal, em sua

atualíssima definição, o design tem a missão de

ser cada vez mais funcional. Definido como o

processo que conecta criatividade e inovação,

o design gera ideias práticas e atrativas tanto às

empresas quanto aos seus clientes.

Com o design — considerado fundamental

na expertise dos negócios — produtos

passam a ter não só o preço como diferencial

competitivo, mas também valores estéticos

e utilitários a eles agregados. Quando é

aplicado em áreas de serviços, alcança

resultados que extrapolam a funcionalidade,

chegando a gerar benefícios até no

convívio entre as pessoas, cumprindo um

papel social. Com o apoio do Sebrae-MG,

tenho conseguido levar essa mensagem

dos diferenciais do design às empresas. Por

outro lado, venho buscando conscientizar os

designers dos resultados extraordinários do

empreendedorismo, inclusive, estamos na

fase final do Prêmio Sebrae Minas Design.

02Mesa abstrak, autoria de Daniel Bahia.

03Banco Yanomami, autoria de Sérgio J. Matos.

02

03

Page 50: iDeia Templuz - Edição 02

BELO HORIZONTE GANHA UMA NOVIDADE NO MERCADO DA ILUMINAÇÃO.

Refletir o futuro em cada projeto

01 balizadores Zero02 sede Vodafone, projeto

Barbosa & Guimarães, Portugal 03 residência, projeto Sérgio

Parada Arq. Associados, Brasil

1

Encontre um de nossos 26 showrooms no Brasil e no exterior através do www.lightdesign.com.br

01

02

03

A TEMPLUZ oferece, com exclusividade, os produtos da Light Design+Exporlux. Agora, em um único lugar, todas as novidades em soluções luminotécnicas completas.

Fundada nos anos 70, a Light Design há mais de 38 anos desenvolve projetos exclusivos, atendendo às múltiplas necessidades do mercado, em parceria com arquitetos, designers de interiores, paisagistas, lighting designers e demais profissionais do setor.

É fabricante de tudo aquilo que projeta e ainda comercializa, instala e garante assistência técnica para cada projeto. Ou seja, cobre todas as etapas, algo bem raro no mercado da iluminação.

Há uma atenção especial às tendências, o que possibilita trabalhar com todo tipo de iluminação, seja planejada, técnica ou funcional.

Em 2012 a Light Design deu um grande passo à frente e realizou sua fusão com a Exporlux, empresa portuguesa líder em soluções LED aplicadas a sistemas de iluminação, unindo suas forças para ampliar as opções ao mercado, em termos de soluções eficazes, sustentáveis e com design inovador, passando a dispor de um centro tecnológico com total domínio das soluções LED dentro de casa.

“É como se o mundo estivesse saindo da era da máquina de escrever para a era do computador neste mercado da iluminação”, como gosta de citar Silvia Caetano, presidente da Light Design+ Exporlux.

Seus produtos não só são produzidos no Brasil, mas também são fabricados e certificados na Europa, com o selo CE de Conformidade Europeia, um diferencial de qualidade sem igual no mercado brasileiro.

Page 51: iDeia Templuz - Edição 02

BELO HORIZONTE GANHA UMA NOVIDADE NO MERCADO DA ILUMINAÇÃO.

Refletir o futuro em cada projeto

01 balizadores Zero02 sede Vodafone, projeto

Barbosa & Guimarães, Portugal 03 residência, projeto Sérgio

Parada Arq. Associados, Brasil

1

Encontre um de nossos 26 showrooms no Brasil e no exterior através do www.lightdesign.com.br

01

02

03

A TEMPLUZ oferece, com exclusividade, os produtos da Light Design+Exporlux. Agora, em um único lugar, todas as novidades em soluções luminotécnicas completas.

Fundada nos anos 70, a Light Design há mais de 38 anos desenvolve projetos exclusivos, atendendo às múltiplas necessidades do mercado, em parceria com arquitetos, designers de interiores, paisagistas, lighting designers e demais profissionais do setor.

É fabricante de tudo aquilo que projeta e ainda comercializa, instala e garante assistência técnica para cada projeto. Ou seja, cobre todas as etapas, algo bem raro no mercado da iluminação.

Há uma atenção especial às tendências, o que possibilita trabalhar com todo tipo de iluminação, seja planejada, técnica ou funcional.

Em 2012 a Light Design deu um grande passo à frente e realizou sua fusão com a Exporlux, empresa portuguesa líder em soluções LED aplicadas a sistemas de iluminação, unindo suas forças para ampliar as opções ao mercado, em termos de soluções eficazes, sustentáveis e com design inovador, passando a dispor de um centro tecnológico com total domínio das soluções LED dentro de casa.

“É como se o mundo estivesse saindo da era da máquina de escrever para a era do computador neste mercado da iluminação”, como gosta de citar Silvia Caetano, presidente da Light Design+ Exporlux.

Seus produtos não só são produzidos no Brasil, mas também são fabricados e certificados na Europa, com o selo CE de Conformidade Europeia, um diferencial de qualidade sem igual no mercado brasileiro.

02

03

Page 52: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 52

Quando John “Scottie” Ferguson (James Stewart) sobe desajeitadamente a escadaria de uma torre atrás de Madeleine (Kim Novak), tentando impedi-la de saltar, a fobia de altura que sentia, transformada em vertigem, é potencializada por uma inserção de trucagem em forma elíptica. Nauseado e tonto, vê pela janela o corpo da amada indo ao encontro da morte. Essa cena, muito conhecida do filme Um Corpo que Cai – tradução infeliz de Vertigo – do cineasta britânico Alfred Hitchcock, é um exemplo emblemático da associação do design gráfico com o cinema. E permite-me relembrar aqui um dos mais importantes designers gráficos de todos os tempos: Saul Bass, bem como sua enorme contribuição para o cinema como o temos hoje.

O nova-iorquino Bass, judeu de origem no leste europeu,

iniciou sua carreira no cinema aos 34 anos, criando para

Otto Preminger o cartaz de Carmen Jones. Impressionado

com a obra, Preminger solicitou a Bass que também

criasse os créditos iniciais do filme. No ano seguinte, 1955,

Bass criou para Preminger o cartaz e os créditos iniciais

de The Man With The Golden Arm (O Homem com o

Braço de Ouro). O impacto causado na conservadora

por Júlio Pessoa

LuzCâmeraAção

Saul Basse o Design no Cinema

01Vertigo - filmeestadunidense de 1958, do gênero suspense, dirigido por Alfred Hitchcock

02Storyboard de Saul Bass para o filme Psicose

01

Page 53: iDeia Templuz - Edição 02

sociedade americana com o filme – a

história de um músico viciado em heroína

– foi ampliado pelo cartaz que mostrava

um braço retorcido, a mão crispada,

sempre com uma aparência sombreada,

emoldurada – ou melhor, “enquadrada”

– por blocos de retângulos mal cortados.

Se não bastasse, Bass ainda fez os créditos

iniciais. A fonte que criara – que passaria

para a História como Hitchcock – alterou

um hábito americano: os cinemas que

antes deixavam a luz acesa para o

público ir se acomodando nas poltronas

durante a exibição dos créditos, passou

a fechar as cortinas e apagar as luzes

quando entravam os créditos. Menos por

admiração a forma do que pela mudança

promovida pelo designer em parceria

com o diretor: os créditos passavam a ser

parte integrante do filme, componente

de seu núcleo dramático e, muitas vezes,

narrativo.

Mas foi, provavelmente, em Um Corpo

Que Cai que a mudança de paradigma

se concretizou. Usando recursos do próprio

cinema com movimentação de câmera

e mudança de enquadramento – a

abertura é em si filmada – e com inserções

de grafismos em cima da película, Bass

cria a atmosfera do filme que receberá o

espectador a partir da filmagem de um

rosto feminino enquadrado em planos

detalhes (boca, olhos, nariz). Injusto seria

esquecer a música perfeita de Bernard

Hermann. Em parceria, os dois evocam

toda a sensação de tensão que percorrerá

o filme nos parcos minutos iniciais. E

permite ao diretor o refinamento de sua

construção narrativa, com vistas a envolver

o espectador que, a essa altura, já está

totalmente ambientado com o “clima” da

narrativa, ainda que não a conheça!

Em Anatomy of a Murder (Anatomia de Um

Crime), Bass criou um cartaz de um corpo

fragmentado, como no chão, remetendo

aos desenhos de giz da polícia e aos

estudos anatômicos médicos. E claro, com

sua singularíssima “assinatura”, um traço

único que permitia reconhecer todo o

Artigos

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02

Page 54: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 54

seu trabalho. A precisão sofisticadíssima oculta em linhas

quase infantis. Nos créditos do filme, o desenho do “corpo

fragmentado” é utilizado a partir de suas partes. Ora pés,

ora mãos. Ora apenas uma referência. Assim permite a

penetração do público na história aos poucos, com uma

referência mais cerebral que sanguínea.

Outra revolução seria feita com os créditos de North by

Norwest (Intriga Internacional), de novo de Hitchcock.

Nesse filme, Bass ultrapassa a ideia de uma apresentação

de créditos que introduz o filme para construir a

passagem em uma fusão de imagens que faz dela,

efetivamente, o começo do filme. Novamente a música

de Bernard Hermann – em prenúncio do que hoje

comporia parte da função do sound designer – pontua e

conduz a passagem. Bass constrói sobre fundo verde as

linhas quadriculadas que, ao se fundirem com a imagem,

revelam um edifício nova-iorquino com janelas de vidro.

Em 1956, em Around the World in 80 Days (A Volta

ao Mundo em 80 Dias) Bass mexe novamente com a

temporalidade do espectador americano. Se antes de O

Homem do Braço de Ouro o americano médio chegava

ao cinema depois dos créditos iniciados, em A Volta

Ao Mundo (...) Bass convence-o a assistir até o fim dos

créditos finais. Cria uma animação riquíssima que resume

a história e até revela algum ponto oculto da trama.

Já em Psycho (Psicose), Bass é

responsável pelo storyboard da mais

conhecida cena: o assassinato de Marion

Crane (Janet Leigh) no banheiro do

Bates Motel. Embora tenha desenhado o

storyboard, é difícil saber até que ponto

participou da decupagem (processo

no qual o diretor define, a partir do

roteiro, como irá planificar o filme,

como enquadrará cada plano, como

a câmera irá se movimentar e como os

atores se movimentarão diante dela),

mas a precisão te faz pensar que foi

mais que um tradutor para o desenho

do pensamento do diretor. De qualquer

forma, nesse filme, ele recebeu créditos

como “pictorial consultant” o que faz

supor que sua participação tenha sido

um pouco mais contundente.

LuzCâmeraAção

Page 55: iDeia Templuz - Edição 02

Depois de uma carreira gloriosa em que

inseriu definitivamente os efeitos visuais

no cinema como parte constituinte da

trama narrativa, Bass diminui o ritmo

nos anos 1970 e 1980. Praticamente

parando. E, mesmo quando trabalhava,

produzia os cartazes, não mais os

créditos. Caberia a James L. Brooks e

Martin Scorcese o resgate do artista,

convidando-o a fazer créditos e cartazes

para seus filmes da década de 90. Em

seu último trabalho, Casino (Cassino),

de 1995, Bass, pelas mãos de Scorcese,

trabalharia pela primeira vez com um

programa de computador. Morreria um

ano depois.

É interessante notar que os sofisticados

softwares que compõem hoje o

repertório cinematográfico, tendo

intervenção na história e na linguagem,

tem origem nos traços únicos de Saul

Bass. Embora o Design – em seus vários

e inumeráveis aspectos – tenha sempre

sido parte integrante da atividade

cinematográfica (que, ela mesma,

poderia ser chamada de “design de

cinema”), foi por suas mãos e pincéis

que o design gráfico se somou a ela

como elemento constitutivo do que

efetivamente entendemos por cinema.

03Montagem de

cartazes

03

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pág. 56

Na movimentada Av. Afonso Pena, um casarão rosado, com escadas de mármore branco e colunas duplas, se destaca na noite de Belo Horizonte. Dezenas de pessoas param seus carros à entrada da casa, onde um vallet os aguarda para levar o veículo ao estacionamento. A maioria enverga trajes elegantes e chega acompanhada por familiares. Não fosse pelo “Funeral House”, escrito em maiúscula nos dois grandes banners estendidos ao longo dos pilares frontais da casa, os milhares de transeuntes que passam pelo local acreditariam tratar-se de uma celebração solene, repleta de luxos e convidados “VIPs”.

E o interior da mansão, tombada pelo Patrimônio

Histórico, faz jus à proposta: o imponente mobiliário

antigo, feito de madeira nobre; os elegantes lustres

de cristal e bronze – fabricados na Itália, de acordo

com os originais – e os pisos de mármore e madeira

resultam num cenário que, provavelmente, não causaria

estranhamento ao arquiteto italiano que projetou a casa,

há mais de 60 anos.

por Danilo Borges

FuneralHouse

01Fachada do Funeral House

02Corredor principal

Projetos

01

Foto

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Page 57: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 57

Além da preocupação com a mobília

e a decoração, outra questão central

para o sucesso do empreendimento

é a iluminação do ambiente. Embora

possa parecer um elemento secundário

– afinal, não se costuma ir a um velório

para garimpar tendências – um projeto

luminotécnico mal feito poderia não

só comprometer o clima “interiorano”

do funeral, como afetar ainda mais a

sensibilidade dos presentes. “Controlar

a temperatura da iluminação é

extremamente importante nessa

ocasião. Uma luz muito branca, por

exemplo, poderia acentuar ainda mais a

palidez do falecido, o que pode causar

constrangimentos desnecessários”, explica

a lighting planner do projeto, Lorena Mattos.

Segundo Lorena, o projeto da Funeral

House procurou dar aconchego e conforto

àqueles que perderam um ente querido.

Desenvolvido com lâmpadas de led e fibra

ótica, a iluminação das três salas de velório

explora cores mais quentes e luzes difusas.

Projetos

02

Page 58: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 58

“A iluminação deve fazer com que os

familiares sintam-se como se estivessem em

sua própria casa”, afirma Lorena.

Mas a verdadeira inovação do projeto

está na “sala da despedida”, por onde

o falecido deixa o casarão, rumo ao

seu derradeiro e eterno destino. O

caixão deixa o ambiente por um nicho

recoberto por uma sutil cortina de fibra

ótica iluminada, um momento que,

segundo o proprietário, costuma causar

bastante comoção nos clientes, dada

sua semelhança com as tradicionais

representações da ascensão aos céus,

sempre repletas de luz.

A ocasião pode ser ainda mais tocante

se os familiares optarem por explorar as

possibilidades da cortina de fibra ótica: é

possível escolher a cor da luz que marcará

a ‘passagem’ do ente querido, o que põe

fim à hegemonia do branco nesse ritual.

“Muitas vezes, a cor é um elemento que

desperta sensibilidade nas pessoas. Por

isso, pensamos em dar às famílias a opção

de escolher aquela que mais representa o

sentimento deles pela pessoa que parte”,

destaca a lighting planner.

03, 04 e 05Dependências do Funeral

Projetos

03

04

05

Page 59: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 59

Page 60: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 60 Projetos

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Foto

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Page 61: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 61

Projeto da Loja Hotel de Belo Horizonte alia a tecnologia de iluminação com o glamour do “Made in Italy”

No primeiro andar, roupas finas vindas da Itália, o berço

da alta costura. No segundo, uma champanharia,

símbolo de glamour e requinte. Ambientes que exigem

um projeto arquitetônico e luminotécnico com o mais

alto nível de sofisticação. A bem-sucedida marca de

moda masculina italiana Hotel Style chega ao Brasil,

primeiramente em Belo Horizonte, para conquistar

os homens que gostam de se vestir bem e apreciam

produtos de qualidade “made in Italy”.

A loja, situada na Av. do Contorno com Rua Lavras,

no coração da revitalizada Savassi, conta com 350

m² divididos entre dois andares, e abriga coleções

lançadas simultaneamente na Itália, da moda street

aos sofisticados ternos em lã fria com silhueta slim e

acabamento clássico.

Decorado para remeter à atmosfera italiana, o ambiente

foi valorizado pelos artefatos italianos de Pompéia,

trazidos pelo renomado artista plástico chileno, Keko

Valenzuela, também responsável pela decoração da

Hotel Style. Sempre com uma penumbra agradável e

música ambiente de qualidade, a loja oferece aos seus

clientes uma experiência única na hora da compra, que

pode render longas conversas ao redor do balcão da

champanharia, e uma sensação única de estar em plena

Europa.

A iluminação técnica foi inteiramente fornecida pela

loja Templuz e projetada de forma cênica. Quanto às

por Thaís Casagrande

Estilo italiano;arquiteto chileno; iluminaçãobrasileira

Projetos

01Primeiro andar da Loja Hotel

02Vitrine da avenida do Contorno, Savassi

03Champanharia, no segundo andar da loja

Page 62: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 62

tecnologias, foram utilizadas fitas de led

nos painéis pintados por Valenzuela para

realçar o trabalho do artista. “A utilização

dessas fitas foi uma solução para valorizar

e não comprometer a pintura dos

afrescos por conta do calor que outras

lâmpadas podem emitir”, afirma Paola.

O responsável pela loja Hotel Style em

Belo Horizonte é Cláudio Fava, um

empresário italiano apaixonado pelo

Brasil, onde reside há cerca de oito anos.

Para alcançar o resultado ideal, foram

realizadas várias reuniões com estudos

preliminares, discutindo o conceito e

técnica a serem utilizados de acordo com

o que Fava tinha em seu pensamento.

Depois disso, foram feitos testes de

iluminação in loco prestando atenção nos

mínimos detalhes para avaliar se estava

tudo dentro das referências construídas.

Ao final do projeto, o artista plástico Keko

Valenzuela foi solicitado para dar seu

último “toque” em toda a loja.

“Fizemos o acompanhamento inclusive

na etapa de instalação, e durante esse

processo realizamos mudanças em

relação ao projeto inicial. Fizemos tudo

em cima do sentimento, das recordações

e referências do cliente”, afirma Paola

Duarte, lighting planner da Templuz.

O Projeto Luminotécnico

Em alguns pontos do projeto foram

utilizados gelatinas âmbar e lâmpadas

mais amarelas para manter o aconchego

que esse tipo de lâmpada produz. Nos

nichos expositores, foram recomendados

o uso de dimmer, também para deixar

o ambiente mais cálido, sem perder o

destaque nos objetos. De acordo com o

proprietário Cláudio Fava, ora esses nichos

funcionariam como exposições de objeto

de arte, ora como expositores de produtos

que poderiam ser comercializados.

Foram usadas lâmpadas de led máster,

led dicroicas e mine dicroicas nos nichos

e no espaço dos provadores, pois

iluminam e substituem perfeitamente as

lâmpadas convencionais. Lâmpadas

mais suaves e de grau fechado foram

usadas no balcão da champanharia

02

Page 63: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 63

e nos provadores do primeiro piso,

deixando o ambiente na penumbra e

com iluminação cênica.

As lâmpadas com um grau mais aberto e

de maior potência foram instaladas nas

vitrines e áreas de exposição, devido ao

pé direito duplo, para dar destaque aos

objetos expostos e mostrar os detalhes

das peças. E ainda, fitas de led nos

afrescos e balcão da champanharia.

Para valorizar a entrada da loja e

chamar a atenção do público, foram

instaladas luminárias de piso na fachada,

que emitem uma luz potente e de grau

fechado, acompanhando o conceito

luminotécnico do interior da loja.

03

Page 64: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 64

O desafio da reabilitaçãoHá quatro anos, Luciana Moreira Xavier, 40 anos, sai de casa, às terças e quintas-feiras, às 06h45. De Contagem até o bairro Mangabeiras, ela gasta em torno de uma hora e meia de carro. Para poder cumprir com seu compromisso, Luciana decidiu até abandonar o emprego. Todo esse esforço é feito para que sua filha, Isadora Moreira Xavier, 6 anos, possa receber o tratamento adequado para uma paralisia causada pela retirada de um tumor no cérebro.

De acordo com Luciana, após a cirurgia, sua filha

apresentou dificuldades para andar e falar. Inicialmente,

Isadora fazia apenas fisioterapia, pois a família não tinha

condições de pagar por outros tipos de tratamentos.

Após uma conversa com uma conhecida, Luciana ficou

sabendo da existência de uma instituição que oferecia

diversos tipos de terapias de forma gratuita, a AMR -

Associação Mineira de Reabilitação. “Depois dessa

conversa, eu fui à AMR e fiz a inscrição da Isadora. Eu

esperei uns dois meses e ela começou a ser atendida”, diz.

Desde então, a menina frequenta sessões de fisioterapia,

fonoaudiologia, terapia ocupacional, esporteterapia e

musicoterapia, apresentando ótimos resultados. “Hoje,

ela já está andando e começando a falar. Ela consegue

tirar o sapato, se alimentar, ser mais independente”,

comemora a mãe.

Outro auxílio oferecido pela associação é o

acompanhamento psicológico para os pais das

crianças. Luciana conta que já chegou a chorar por não

saber como seria o futuro de Isadora, mas, graças ao

apoio dos profissionais da instituição, aprendeu a lidar

com as dificuldades. “Eles me ajudaram a entender o

por Ana Cláudia Ulhôa

AçãoSocial

Trabalho defisioterapia

Page 65: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 65

comportamento dela, a tratá-la de maneira igual e a

não exceder os limites. A AMR me ajudou muito quando

eu precisei”.

História

A Associação Mineira de Reabilitação foi criada em

1964, pelo médico Márcio de Lima Castro, com o

auxílio do empresário José Mendes Júnior, responsável

pela construção do prédio onde a AMR se encontra

atualmente.

Segundo Márcia Castro Fernandes, superintendente geral

da AMR, na época, o número de casos de poliomielite

era enorme. Por isso, Lima Castro decidiu colocar em

prática o projeto de abrir a instituição. “Ela foi concebida

para proporcionar o tratamento de reabilitação para

crianças carentes, pois elas não tinham onde se tratar

em Belo Horizonte. A partir daí, Dr. Márcio, que era muito

envolvido com essa questão, idealizou a construção de

um centro de reabilitação e conseguiu apoio de várias

autoridades”, recorda Márcia.

A superintendente explica que, durante esses 48 anos de

jornada, a associação cresceu aos poucos. Os fatores

fundamentais foram as doações de empresas públicas

e privadas e a evolução da medicina. “Antes, a gente

atendia só crianças, mas agora recebemos também

adolescentes até 17 anos”, comenta.

Hoje, a AMR atende de forma gratuita cerca de 500

crianças e adolescentes carentes com algum tipo de

deficiência. São disponibilizados serviços nas áreas

de Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia,

Page 66: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 66

Doações

Para manter seus trabalhos, a Associação

Mineira de Reabilitação conta com

doações em dinheiro, alimentos e itens de

higiene.

As quantias em dinheiro podem ser

destinadas à AMR através de boletos

bancários, débito em contas da Cemig

e Copasa, ou por depósito na seguinte

conta corrente:

Favorecido:

Associação Mineira de Reabilitação

CNPJ: 17.221.615/0001-40

Banco Real - Agência: 0477 –

Conta Bancária: 103.2002

Os produtos que a instituição mais

necessita são:

Alimentos: leite, amido de milho, Mucilon,

farinha láctea, Neston, arroz, feijão,

açúcar, cremogema.

Higiene: fraldas descartáveis infantil nos

tamanhos G e GG, creme dental, xampu,

condicionador, creme hidratante corporal

e sabonete.

Limpeza: Cloro, cera líquida, desinfetante,

detergente, sabão em pó, limpeza

multiuso.

Outra maneira de ajudar é por meio do

apadrinhamento de crianças. A partir de

uma contribuição mensal, necessidades

básicas como acesso à saúde, educação,

cultura, lazer e proteção dos direitos

dessas crianças podem ser atendidas.

Para tirar dúvidas sobre serviços e

doações basta ligar para os números:

0800 72 71 347 ou (31) 3304-1300

Psicologia, Serviço Social, Neurologia,

Ortopedia, Odontologia e Esporte Terapia. As

famílias que não podem pagar por cadeiras

de rodas adaptadas, cadeiras de banho e

equipamentos terapêuticos feitos sob medida,

também podem se beneficiar com a Oficina

Ortopédica criada pela instituição.

AçãoSocial

01Prática da Esporte terapia

02Terapia Ocupacional

01

02

Page 67: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 67

“Iluminação é a arte de valorizar o belo,é experimentar o inusitado,

é sentir paz e aconchego na penumbra,é sentir o brilho e se emocionar,

é ver detalhes, onde normalmente se vê o todo”.Cristina Morethson

Page 68: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 68

Você já se ligou nos fashion films? Deveria

Efeito imediato do crescimento das redes sociais e sua democratização na divulgação de conteúdos, os fashion films são a bola da vez no Brasil e no mundo. Tratam-se de curtas produções em que o alvo é a moda e se diferenciam dos filmes e documentários do fashion, principalmente pela duração e objetivo.

por Natália Dornelas

ModaemAção

Page 69: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 69ModaemAção

Frames dos fashion films produzidos por: Dois coletivos (Chágelado e Binóculo) e seis profissionais (Erik Ricco, Júlia Lego, Márcio Rodrigues, Paulo Raic, Vinicius Leonel e Weber Pádua)

Page 70: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 70

Tanto para marcas grandes como Prada e

Lavin, que sempre arrasam nas produções,

quanto para gigantes nacionais ou nem tanto,

os fashion films têm por objetivo vender uma

coleção ou seu conceito. Na verdade, tinham.

O resultado final desses materiais tem levado

profissionais de vídeo e fotografia a se lançarem

em produções cada vez mais elaboradas

e artísticas, se aproximando bastante da

linguagem cinematográfica. Um exemplo? O

filme Terapia, em que Helena Bonham Carter

vive uma paciente atormentada pelo ímpeto

do consumo. Do outro lado do divã está o

superator Bem Kinsley, atuando divinamente e,

por trás das câmeras, Roman Polanksi. De quem

é? Prada, caro leitor.

ModaemAção

Page 71: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 71

Focando em Minas

Celeiro de profissionais competentes,

Belo Horizonte tem hoje uma produção

representativa, até mesmo comparável à São

Paulo. Pensando nisso, criou-se o projeto Moda

em Movimento (MM), que pretende jogar luz

sobre o material feito aqui.

Pensado pelo designer estratégico Camilo

Belchior, o diretor do curso de Cinema da UNA

Julio Pessoa, o designer Gustavo Greco e eu,

o MM teve sua primeira edição no mês de

setembro e integrou o calendário paralelo da

Bienal de Design, cujas atividades se estendem

por outubro, em Belo Horizonte.

Dois coletivos (Chágelado e Binóculo) e seis

profissionais (Erik Ricco, Júlia Lego, Márcio

Rodrigues, Paulo Raic, Vinicius Leonel e Weber

Pádua) foram convidados a produzir sete

fashion films de 3 min., que foram exibidos em

simpáticas cabines interativas no BH Shopping,

o primeiro parceiro do projeto. Para o próximo

ano, a ideia da organização é de que o Moda

em Movimento tome proporções maiores, com

premiações de várias categorias e seleção de

possíveis participantes

Vale lembrar que, no circuito global, também

começam a pipocar festivais de formatos

variados. San Diego, na Califórnia, sediou, em

julho, a terceira edição do “La Jolla Fashion Film

Festival” que premia profissionais envolvidos

nas mais diversas áreas dessa indústria, que

começa a se fortalecer. Já São Paulo, a

capital cultural e de moda do Brasil, recebe

em dezembro o São Paulo Fashion Film (SPFF),

idealizado pelo fotógrafo Jacques Dekequer,

do coletivo Cavalaria.

ModaemAção

Page 72: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 72 GiroCultural

ARTE SOB TRILHOSVIADUC DES ARTS

ARTE SOB TRILHOSVIADUC DES ARTS

ARTE SOB TRILHOSVIADUC DES ARTS

ARTE SOB TRILHOSVIADUC DES ARTSARTE SOB TRILHOSVIADUC DES ARTS

por Tatiane Tameirão

Paris é uma cidade intensa, que conquista turistas do mundo inteiro com seus monumentos, praças, museus e sua gastronomia. Porém, o visitante que se aventura fora das páginas do seu guia de viagem pode descobrir lugares inusitados e encantadores que a capital francesa possui. Um desses lugares é o Viaduc des Arts – o Viaduto das Artes.

Page 73: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 73

O Viaduto das Artes é uma antiga linha

de trem elevada, inaugurada em 1859,

que ligava a Bastilha até pequenas

comunidades ao leste de Paris. A linha de

trem existiu por quase um século. Com

a implantação dos trens suburbanos, na

década de 60, ela tornou-se obsoleta e foi

desativada. O local ficou abandonado até

a década de 80, quando começou um

trabalho para reabilitar o viaduto. Em 1994,

o primeiro arco do viaduto foi inaugurado e,

em 1997, o Viaduto das Artes foi finalmente

terminado.

A estrutura de sustentação da linha elevada

do trem é toda construída em tijolos

alaranjados e sua base é em forma de arcos

largos e altos. O Viaduto das Artes se estende

por 1,5 quilômetros, entre a Praça da Bastilha

e a Gare de Lyon, com seus 64 arcos. Essa

estrutura foi transformada em espaços de

exposição e em ateliers, instalados no interior

dos arcos.

Esses espaços são destinados a promover

a arte e o design e funcionam como uma

vitrine para profissionais de todos os tipos de

criação de objetos artísticos. A França é um

país que faz um verdadeiro esforço para

preservar o conhecimento profissional do

artesão, do artista e do trabalho manual. A

criação desse lugar responde à necessidade

de dar um espaço forte, visível e inovador às

profissões artísticas e ao artesanato do país.

Vista geral dos arcos

Page 74: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 74 GiroCultural

01vista da vitrine de uma das varias lojas de arte

02 e 03Interior de uma das lojas

01

02

Page 75: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 75

03

GiroCultural

Hoje, o Viaduto das Artes tornou-se um

local emblemático do design e da arte

em Paris. Ele proporciona a descoberta de

mais de cinquenta ateliers e lojas de design

de interiores, design de joias, iluminação,

grafistas, estilistas, restauração de objetos

de arte, assim como da sede do Instituto

Nacional das Profissões Artísticas (INMA), que

promove o desenvolvimento do trabalho

artístico e do design no país. O Viaduto das

Artes é também a sede do L’Atelier (Ateliers

de arte da França) que serve como local de

exposição do conjunto de profissões ligadas à

criação artística francesa.

Uma visita ao Viaduto das Artes pode durar

toda uma tarde! O visitante é convidado

a conhecer os ateliers e as lojas e existe

uma atmosfera de descoberta do trabalho

criativo. Os profissionais são receptivos e

podemos aprender um pouco mais sobre a

tradição das profissões.

Nos antigos trilhos elevados, acima dos

arcos, um enorme jardim foi construído: é

a Promenade Plantée, um passeio florido.

Ao longo dos arcos, escadas nos levam ao

topo da estrutura e um jardim (muito bem)

escondido de 4 quilômetro se estende entre

a Bastilha e o Jardim Reuilly. Um local em

que se pode viver um momento de calma

e desfrutar de um passeio delicioso nas

alturas, que proporciona ao visitante uma

descoberta de um ponto de vista diferente

da arquitetura local, com uma mistura de

imóveis antigos e de novas construções

populares do século XX. Um jardim muito

apreciado pelos habitantes do bairro, um

verdadeiro jardim secreto na cidade.

Dois cafés-restaurantes também estão

instalados nos arcos. Ideal para tomar um

café na calçada – o “esporte” preferido dos

parisienses – ou almoçar. Muitas vezes, ao

cair da noite, as lojas e ateliers abrem suas

portas para exposições e instalações, que

acontecem em uma atmosfera descontraída

e animada.

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Page 76: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 76

“ Acreditamos que a iluminação é um dos pontos mais importantes do projeto construtivo porque

através dela a arquitetura é valorizada e o ambiente cria vida e passa a despertar emoções.

A iluminação eficiente integra arte e tecnologia para criar um espaço funcional, confortável e

esteticamente agradável. O projeto deve atender a um extenso conjunto de condicionantes: o

conforto visual, a saúde e o bem estar psicológico e estético dos usuários, o baixo consumo de

energia, a vida útil das lâmpadas e a facilidade de manutenção dos equipamentos.”

Ana Paula Luchesi e Junia Carsalade

Page 77: iDeia Templuz - Edição 02

pág. 77Persona

Design brasileiro à moda italianapor Ana Cláudia Ulhôa

Apesar do rosto de menino, Rafael Miranda já se tornou uma das grandes promessas do design contemporâneo. Carioca, 32 anos, o designer que decidiu largar a faculdade de Administração para ir atrás do sonho de se tornar designer industrial na Itália. Hoje, ele atua como sócio da Associazione per il Disegno Industriale, e é também diretor criativo da Dwiss, uma jovem marca de relógios suíços.

Móvel modular Brasileirinho

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Durante o mês de setembro, em uma de suas

passagens pelo Brasil, para o lançamento de

seu último relógio, Miranda atendeu, com

extrema simpatia, a equipe da Revista iDeia

para um pequeno bate-papo sobre a sua

trajetória.

Revista iDeia - Por que você trocou a administração pelo design?Rafael Miranda - Quando escolhi

administração, realmente, não sabia bem

para onde ir. Depois de algum tempo na

faculdade, fui descobrindo a profissão de

designer. Sempre fui muito criativo e gostava

muito de desenhar, mas essa profissão

não era divulgada como hoje. Quando

descobri que poderia trabalhar em algo

tão interessante, mudei o destino da minha

carreira em um piscar de olhos.

RI - Quando você foi para a Itália? Por que você quis ir para fora?RM - Fui em 2000. Percebi que o design

industrial no Brasil, na época, estava muito

atrasado. Tinha muito design gráfico,

webdesign, mas de produtos era, realmente,

pouco ou quase nenhum. Resolvi tentar

a sorte no país que ensinou design para o

mundo. Foi então que embarquei nessa

viajem para Milão e moro lá até hoje.

RI - Quais foram os seus primeiros trabalhos?RM - Meu primeiro trabalho como designer foi

para a Hitachi Europe. Fiquei lá por três anos,

desenhando TVs de plasma, máquinas de

filmar e gravar, leitores de DVDs e eletrônicos

em geral. Em paralelo, desenhava móveis

como designer autônomo, o que faço até

hoje. Mas, com muito menos intensidade,

devido ao tempo dedicado aos relógios.

RI - De onde veio essa paixão pelos relógios?RM - Depois de trabalhar na Hitachi, resolvi

procurar outro emprego e entrei no estúdio

do designer Giorgio Galli. Logo em seguida,

o estúdio foi comprado pela Timex Group e

passou a ser parte do grupo. A partir desse

momento, começamos todos a desenhar

somente relógios, foi aí que percebi essa

minha paixão.

RI - Como surgiu sua marca de relógios?RM - Foi depois de trabalhar por três anos

para o grupo Timex e fazer alguns anos de

consultoria para o grupo Morellato/Sector e

para a Bulova. Tenho know-how do design,

da produção e do marketing, então pude

dar um passo além do design.

RI - Como é representar o Brasil lá fora?RM – Hoje é mais fácil. Antigamente éramos

pouco reconhecidos. Era muito difícil

conseguir apresentar o Brasil em um campo

que não fosse o futebol. Hoje em dia,

felizmente, isso mudou. O futebol está ruim,

mas o design melhorando. Não digo que isso

é fácil. Ainda temos muito pela frente e eu

vou continuar fazendo o que eu puder para

melhorar nossa representação.

RI - Como o design brasileiro é visto no mundo hoje?RM - O design brasileiro era, praticamente,

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zero lá fora. Somente pessoas de muita

cultura na área conheciam o trabalho valioso

de Sérgio Rodrigues, por exemplo. Hoje em

dia, isso mudou. Cada vez mais profissionais

brasileiros são reconhecidos lá fora. Acho que

o avanço que fizemos nesses últimos anos,

nenhum outro país fez.

RI - Como as culturas brasileira e europeia influenciam no seu trabalho?RM - Tem um mix de informações que tento

trazer no meu design. Normalmente, penso

um produto que possa valorizar o melhor dos

dois lados do mundo, misturando a história

europeia com a descontração brasileira.

RI – Pelas costeletas de artista de rock dá para ver que você gosta de música. Como ela influencia no seu trabalho como designer?RM - Tive uma banda por dez anos em

Milão. Gravamos alguns CDs, mas o meu

trabalho mesmo é ser designer, continuo

sempre criando com a música ligada, me dá

inspiração e me enche o ambiente.

RI - Você disse que está no Brasil para lançar um novo relógio da sua marca. Você poderia nos dar mais detalhes desse seu último trabalho?RM - Os relógios Dwiss são produtos de

alta gama, produzidos com o melhor da

relojoaria Suíça, com um design único. Os

modelos “Emme” já estão a venda no Rio de

Janeiro, na Caneta Continental e, em breve,

começaremos as vendas online.

RI - Você está com mais alguma novidade ou projeto?RM - O próximo lançamento será um relógio

em edição limitada chamado “Brasilia”,

desenvolvido especialmente para o

lançamento na Capital Federal. É exclusivo,

feito em ouro 18k, com pulseira em couro de

crocodilo, visor em vidro de safira com duplo

antirreflexo, certificado COSC e resistente à

água (100 metros).

02

Persona

01Linha de relógios da marca Dwiss

02CHAISE SU

03Linha de Anéis Paris Ring

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Observando a proeminente evolução tecnológica demonstrada na última Expolux, resolvi propor um despretensioso e descontraído questionamento aos profissionais de iluminação que por lá circulavam, fossem eles especificadores, lojistas ou fabricantes. A pergunta era: “Qual é – ou deveria ser – a matéria-prima do profissional de iluminação?”

Recebi diferentes e interessantes respostas, sob variados

pontos de vista, que passaram por: “a criatividade”, “os

catálogos de produtos”, “as luminárias”, “a tecnologia”...

Tecnologia! Mas, no caso da iluminação, seria ela uma

aliada ou uma vilã? Após mais de 20 anos trabalhando

nesse segmento no Brasil, ouso arriscar o palpite que ela

pode assumir os dois papéis, dependendo da forma e

contexto em que for empregada.

Sempre fui um defensor da ideia de que a escolha da

tecnologia jamais deveria se sobrepor aos objetivos

claramente definidos de iluminação desejados, sob o

duro risco dos resultados serem comprometidos pelo

emprego de modismos.

Se assim considerarmos, o mais coerente caminho seria

antes desenhar a luz que se quer fazer, para somente

depois buscar o que há disponível em termos de recursos,

cujos pontos fortes e fracos permitam-nos chegar o mais

próximo possível do efeito almejado.

“Amatériaprima doprofissionalde iluminação”por Wilson Sallouti

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Simplificando a ideia, convido o leitor a me acompanhar

em um descontraído devaneio. Vamos imaginar que o

mercado de iluminação profissional, realmente, tivesse

evoluído consideravelmente por um lado, mas ainda

vivêssemos na era do fogo, sem nem mesmo a invenção

da lâmpada elétrica.

Então, os fabricantes de luminárias estariam empenhados

em desenvolver corpos óticos para atingir os mais diversos

efeitos (como “up fires” e “down fires”, por exemplo),

que seriam expostos numa eventual “ExpoFireLux” e

posteriormente usados com maestria pelos “Fire Lighting

Designers” em seus projetos.

Note, caro leitor, que mesmo nessa hipotética (e quase

patética) situação, nossa essência iluminadora já se

faria presente, buscando gerar funcionalidade, causar

emoções, criar ambientes confortáveis, iluminar espaços

e pessoas, independente dos níveis tecnológicos a que

tenhamos alcançado.

Partindo dessa premissa, talvez possamos concluir que

a criatividade se colocaria como a inspiração artística

do profissional de iluminação. E que as luminárias e

catálogos de produtos (ou seja, a tal tecnologia) seriam

algumas das principais ferramentas de trabalho. Mas a

verdadeira e eterna matéria-prima seria sempre, pura e

simplesmente... A LUZ!!!

Lighting

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pág. 82 Entrevistas

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