ideia templuz - edição 01

94

Upload: ideia-design

Post on 29-Mar-2016

222 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

Edição de lançamento da revista iDeia Templuz.

TRANSCRIPT

Page 1: iDeia Templuz - Edição 01

Av. Nossa Senhora do Carmo, 1150Sion - Belo Horizonte - MGCEP: 30330-000Tel.: +55 31 [email protected]

Page 2: iDeia Templuz - Edição 01
Page 3: iDeia Templuz - Edição 01
Page 4: iDeia Templuz - Edição 01

Editorial

No mundo contemporâneo, a informação e o conhecimento são as grandes fontes de poder e de riqueza mundial. Temos vários exemplos disso, como a Google, que em apenas uma década conquistou um em cada seis habitantes do planeta e tornou-se símbolo empresarial do século XXI. Outro exemplo é a Microsoft, que possuí um ativo tangível de U$ 37 bilhões e um intangível, de mais ou menos, U$300 bilhões.

Se pararmos para pensar, o conteúdo de nossa mente é o único patrimônio real que possuímos e aquele profissional que insiste em guardar para si o que sabe, estará fora do mercado em pouco tempo. Isso é comprovado por pesquisas que afirmam que, em 2020, muitas profissões deixarão de existir, por que os conheci-mentos estão se associando, se fundindo.

Na atual fase que nos encontramos, o sucesso das empresas não está mais ligado à capacidade de produção das máquinas, mas sim a de produzir ideias e soluções criativas e inovadoras para os problemas e/ou desafios que surgem a todo instante.

Mas, o que é ser criativo? Para nós é ter ideias novas, que tragam respostas para o que buscamos. E ser inovador? É tornar essas ideias reais, praticáveis, possíveis dentro de nossa realidade econômica, social e cultural.

Esse é nosso objetivo com o lançamento da Revista iDeia: poder, de uma forma criativa, interessante e gostosa, compartilhar co-nhecimento.

iDeia pretende ser um canal de comunicação inteligente com os clientes da Templuz e, porque não, com toda sociedade interes-sada nos assuntos abordados. Eles serão compostos por entrevis-tas e matérias, além da abordagem de diversos assuntos por um “time de ouro”, formado por grandes profissionais atuantes em vá-rios segmentos, que abraçaram nossa iDeia e se dispuseram, ge-nerosamente, a contribuir com parte do conhecimento de cada um. Uma verdadeira co-criação.

iDeia é uma publicação integral da Templuz. Sua periodicidade será semestral, nos meses de maio e novembro, sendo entregue gratuitamente aos clientes da Templuz e de seus parceiros.

Na história mundial, percebemos que a

maior parte dos grandes acontecimentos

sociais estão vinculados às mudanças

econômicas. Em todas as fases da

evolução da sociedade, sempre houve um

símbolo que representava o poder.

EditorCamilo Belchior

Jornalista Responsável:Cilene Imperizieri 5236/MG

Jornalistas:Ana Cláudia Ulhôa

Clarissa Damas

Danilo Borges

Michael Eudes

Projeto gráfico e coordenação gráficaCláudio Valentin

Capa:Ludmila Loureiro

Impressão:Hiper Graphic Digital

Revista iDeia é uma publicação da Templuz, com distribuição gratuita.

Contato:[email protected]

Boa leitura,Camilo Belchior

Expediente:

Page 5: iDeia Templuz - Edição 01

Editorial

No mundo contemporâneo, a informação e o conhecimento são as grandes fontes de poder e de riqueza mundial. Temos vários exemplos disso, como a Google, que em apenas uma década conquistou um em cada seis habitantes do planeta e tornou-se símbolo empresarial do século XXI. Outro exemplo é a Microsoft, que possuí um ativo tangível de U$ 37 bilhões e um intangível, de mais ou menos, U$300 bilhões.

Se pararmos para pensar, o conteúdo de nossa mente é o único patrimônio real que possuímos e aquele profissional que insiste em guardar para si o que sabe, estará fora do mercado em pouco tempo. Isso é comprovado por pesquisas que afirmam que, em 2020, muitas profissões deixarão de existir, por que os conheci-mentos estão se associando, se fundindo.

Na atual fase que nos encontramos, o sucesso das empresas não está mais ligado à capacidade de produção das máquinas, mas sim a de produzir ideias e soluções criativas e inovadoras para os problemas e/ou desafios que surgem a todo instante.

Mas, o que é ser criativo? Para nós é ter ideias novas, que tragam respostas para o que buscamos. E ser inovador? É tornar essas ideias reais, praticáveis, possíveis dentro de nossa realidade econômica, social e cultural.

Esse é nosso objetivo com o lançamento da Revista iDeia: poder, de uma forma criativa, interessante e gostosa, compartilhar co-nhecimento.

iDeia pretende ser um canal de comunicação inteligente com os clientes da Templuz e, porque não, com toda sociedade interes-sada nos assuntos abordados. Eles serão compostos por entrevis-tas e matérias, além da abordagem de diversos assuntos por um “time de ouro”, formado por grandes profissionais atuantes em vá-rios segmentos, que abraçaram nossa iDeia e se dispuseram, ge-nerosamente, a contribuir com parte do conhecimento de cada um. Uma verdadeira co-criação.

iDeia é uma publicação integral da Templuz. Sua periodicidade será semestral, nos meses de maio e novembro, sendo entregue gratuitamente aos clientes da Templuz e de seus parceiros.

Na história mundial, percebemos que a

maior parte dos grandes acontecimentos

sociais estão vinculados às mudanças

econômicas. Em todas as fases da

evolução da sociedade, sempre houve um

símbolo que representava o poder.

EditorCamilo Belchior

Jornalista Responsável:Cilene Imperizieri 5236/MG

Jornalistas:Ana Cláudia Ulhôa

Clarissa Damas

Danilo Borges

Michael Eudes

Projeto gráfico e coordenação gráficaCláudio Valentin

Capa:Ludmila Loureiro

Impressão:Hiper Graphic Digital

Revista iDeia é uma publicação da Templuz, com distribuição gratuita.

Contato:[email protected]

Boa leitura,Camilo Belchior

Expediente:

Page 6: iDeia Templuz - Edição 01

ColaboRadoREs lEIA

1

3

5&6

8

10

1213

2

4

9

11

14

7

nesta edição

conheça nossos

Miscelânia 08

Giro cultural 26

Gastronomia 30

In Trade 34

Lighting 50

Vida tecnológica 54

arte & Companhia 66

Projetos 74

Ação Social 79

artigos 82

1. Andre Naccache: Psicanalista consultora em processos de inovação e criatividade.

2. Claudia Brant: Trindade: Designer de Interiores, coordena o Setor de Estilo e Imagem

da Prima Línea.

3. Flávio Tofani: Palestrante, consultor de empresas, coordenador e professor em

programas de pós-graduação na área de marketing.

4. Guilherme Guerra: Diretor Executivo do Minas Marca, grupo especializado no mercado

de comunicação e marketing de MG.

5. Laura Scofield: Laura Scofield é graduada em

design gráfico pela Universidade Fumec (2010) e trabalha desde 2009 na Greco

Design.

6. Gustavo Greco: Diretor regional da Abedesign, diretor de criação e gestor da

empresa Greco Design.

7. Inácia Soares: Jornalista e apresentadora de programa de negócios. É palestrante,

professora de pós-graduação, redatora e co-autora de 4 livros.

8. Lígia fascioni: Além de palestrante e consultora, Lígia ministra cursos de pós-

graduação nas áreas de marketing, design, inovação e atitude profissional.

9. Márcio Brant: Sound Designer, produtor musical e diretor artístico da NaTrilha

Produções. Professor de Design Sonoro na Universidade Fumec.

10. Renata Rubim: Apaixonada por cores e superfícies, escreveu o 1º livro de design de

superfície no Brasil. Profere palestras e ministra workshops em várias Instituições no Brasil

e América Latina.

11. Rita Ribeiro: Rita Ribeiro é Doutora em Geografia, pesquisadora na área de culturas

urbanas, líder do grupo de pesquisa Design e Representações Sociais e professora do

Programa de Pós-Graduação em Design na UEMG.

12. Roberta Vieira: Arquiteta, doutora em Engenharia Civil - conforto ambiental.

Professora da Escola de Arquitetura da UFMG, coordenadora do Mestrado em

Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável.

13. Rusty Marcellini: Formado em Cinema e em Roteiro de Cinema nos E.U.A.

É Comentarista de gastronomia da rádio CBN e diretor e apresentador do

programa Trilhas

do Sabor, da Rede Minas de Televisão.

14. Vinícius Margalhães: Jornalista, formado pelo Centro Universitário de Belo

Horizonte - UNI-BH, editor do jornal Tribuna Lagoana, de Nova Era, além de

cronista do periódico Leopoldinense. Atualmente trabalha na assessoria de

imprensa do Centro Minas Design. Autor do livro “Poemas e Quinquilharias”.

Entrevista 40

design em Voga 12

Page 7: iDeia Templuz - Edição 01

ColaboRadoREs lEIA

1

3

5&6

8

10

1213

2

4

9

11

14

7

nesta edição

conheça nossos

Miscelânia 08

Giro cultural 26

Gastronomia 30

In Trade 34

Lighting 50

Vida tecnológica 54

arte & Companhia 66

Projetos 74

Ação Social 79

artigos 82

1. Andre Naccache: Psicanalista consultora em processos de inovação e criatividade.

2. Claudia Brant: Trindade: Designer de Interiores, coordena o Setor de Estilo e Imagem

da Prima Línea.

3. Flávio Tofani: Palestrante, consultor de empresas, coordenador e professor em

programas de pós-graduação na área de marketing.

4. Guilherme Guerra: Diretor Executivo do Minas Marca, grupo especializado no mercado

de comunicação e marketing de MG.

5. Laura Scofield: Laura Scofield é graduada em

design gráfico pela Universidade Fumec (2010) e trabalha desde 2009 na Greco

Design.

6. Gustavo Greco: Diretor regional da Abedesign, diretor de criação e gestor da

empresa Greco Design.

7. Inácia Soares: Jornalista e apresentadora de programa de negócios. É palestrante,

professora de pós-graduação, redatora e co-autora de 4 livros.

8. Lígia fascioni: Além de palestrante e consultora, Lígia ministra cursos de pós-

graduação nas áreas de marketing, design, inovação e atitude profissional.

9. Márcio Brant: Sound Designer, produtor musical e diretor artístico da NaTrilha

Produções. Professor de Design Sonoro na Universidade Fumec.

10. Renata Rubim: Apaixonada por cores e superfícies, escreveu o 1º livro de design de

superfície no Brasil. Profere palestras e ministra workshops em várias Instituições no Brasil

e América Latina.

11. Rita Ribeiro: Rita Ribeiro é Doutora em Geografia, pesquisadora na área de culturas

urbanas, líder do grupo de pesquisa Design e Representações Sociais e professora do

Programa de Pós-Graduação em Design na UEMG.

12. Roberta Vieira: Arquiteta, doutora em Engenharia Civil - conforto ambiental.

Professora da Escola de Arquitetura da UFMG, coordenadora do Mestrado em

Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável.

13. Rusty Marcellini: Formado em Cinema e em Roteiro de Cinema nos E.U.A.

É Comentarista de gastronomia da rádio CBN e diretor e apresentador do

programa Trilhas

do Sabor, da Rede Minas de Televisão.

14. Vinícius Margalhães: Jornalista, formado pelo Centro Universitário de Belo

Horizonte - UNI-BH, editor do jornal Tribuna Lagoana, de Nova Era, além de

cronista do periódico Leopoldinense. Atualmente trabalha na assessoria de

imprensa do Centro Minas Design. Autor do livro “Poemas e Quinquilharias”.

Entrevista 40

design em Voga 12

Page 8: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.8 9

por Vinícius Magalhães

bolsas dos Quadrinhos

bolsas dos Quadrinhos

Nesta seção trazemos uma mistura de ideias e novidades que estão dando o que falar no mercado. São projetos inovadores nas áreas de Design, Arquitetura e Arte. Para quem gosta de se atualizar e conhecer o que os diversos profissionais do mundo andam produzindo, está aí uma mixórdia de obras para se entusiasmar. Inspire-se!

Miscelânea

Desenho ou realidade? Quase não dá para acreditar, mas essas bolsas são mesmo de verdade. A ideia

surpreende por trabalhar com um conceito de ilustrações bidimensionais. A criação dessas divertidas bol-

sas é da dupla de designers de Taiwan Chay Su e Rika Lin e foram inspiradas nas histórias em quadrinhos.

Os desenhos animados saltaram do papel e aparecem agora no formato de bolsas. Utilizando cores brilhan-

tes e alegres, a coleção abre um leque na imaginação e, ao mesmo tempo, dá um charme único para um

produto que pode ser utilizado por homens e mulheres. O elegante projeto tem um interior espaçoso para

acomodar pertences pessoais e até um laptop. O nome é sugestivo: JumpFromPaper.

Quem se interessar em comprar, cada bolsa sai em média por 89 dólares. Mais informações no site www.jumpfrompaper.us. Muito original!

Olha que legal! Uma cadeira para os carentes. Com o conceito de es-

tar sempre de braços abertos para te receber a Arms Chair, do designer

Oleksandr Shestakovych, de forma simples, sugere um eterno abraço

aos que nela sentam. A cadeira não está à venda no momento, mas

serve de inspiração aos designers e de conforto para quem quer um

aconchego. Outros trabalhos de Oleksandr no site shestakovych.com.

luminária Comportada

Chinelos ‘Marcadores’ Personalizados

Miscelânea

Mais uma luminária para entusiasmar quem quer decorar a

casa ou deixá-la mais descontraída. Uma ideia bacana é a

dessa lâmpada da empresa Graeme Bettles Design, a Sitting

Lamp, da designer Natasha Graeme.

Segundo a designer a ideia surgiu com um desapontamento

com o que via de design em torno e resolveu fazer algo mais

interativo, dando aos consumidores uma nova perspectiva

sobre um produto comumente chato. “Minha inspiração

veio especificamente de desenhos de personagens. Olhei

para as posições em que você pode imaginar uma pessoa

sentada. Simplifiquei as linhas do projeto para visualizar os

movimentos e assim surgiu a personagem”, conta.

O divertido produto é também o primeiro projeto da em-

presa e já começou a ser produzido devido ao sucesso. É

possível encontrar a venda no México e, garante a designer,

logo estará no Brasil. Além disso, Natasha afirma que outros

trabalhos surgirão e que não serão estritamente luminárias.

“Gosto de trabalhar que a ideia surge em diferentes áreas,

seja em estantes, cadeiras entre outros”, disse.

O produto, modelo pequeno, custa mais de mil reais. Os inte-

ressados em adquirir o site da designer

www.produktofdesign.blogspot.com.br.

A Flip Side Flip Flops é uma empresa onde você pode enco-

mendar seu ‘flip-flop’ (chinelo) personalizado com palavras e

desenhos no solado para quando for à praia. Com diversas

cores, os produtos fazem uma brincadeira para você deixar

a sua pegada e poder mandar um recado momentâneo por

onde passar.

Comumente comprado como presente, os chinelos são óti-

mos para casamentos na praia, bem como para presentear

alguém querido. Uma ideia simples para quem gosta de ser

diferente. O par de ‘flip flop’ custa 20 dólares e pode ser ad-

quirido no site www.etsy.com/people/FlipSideFlipFlops.

Imag

ens:

div

ulga

ção

Imag

em: d

ivul

gaçã

o

Imag

em: d

ivul

gaçã

o

Imag

em: d

ivul

gaçã

o

Page 9: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.8 9

por Vinícius Magalhães

bolsas dos Quadrinhos

bolsas dos Quadrinhos

Nesta seção trazemos uma mistura de ideias e novidades que estão dando o que falar no mercado. São projetos inovadores nas áreas de Design, Arquitetura e Arte. Para quem gosta de se atualizar e conhecer o que os diversos profissionais do mundo andam produzindo, está aí uma mixórdia de obras para se entusiasmar. Inspire-se!

Miscelânea

Desenho ou realidade? Quase não dá para acreditar, mas essas bolsas são mesmo de verdade. A ideia

surpreende por trabalhar com um conceito de ilustrações bidimensionais. A criação dessas divertidas bol-

sas é da dupla de designers de Taiwan Chay Su e Rika Lin e foram inspiradas nas histórias em quadrinhos.

Os desenhos animados saltaram do papel e aparecem agora no formato de bolsas. Utilizando cores brilhan-

tes e alegres, a coleção abre um leque na imaginação e, ao mesmo tempo, dá um charme único para um

produto que pode ser utilizado por homens e mulheres. O elegante projeto tem um interior espaçoso para

acomodar pertences pessoais e até um laptop. O nome é sugestivo: JumpFromPaper.

Quem se interessar em comprar, cada bolsa sai em média por 89 dólares. Mais informações no site www.jumpfrompaper.us. Muito original!

Olha que legal! Uma cadeira para os carentes. Com o conceito de es-

tar sempre de braços abertos para te receber a Arms Chair, do designer

Oleksandr Shestakovych, de forma simples, sugere um eterno abraço

aos que nela sentam. A cadeira não está à venda no momento, mas

serve de inspiração aos designers e de conforto para quem quer um

aconchego. Outros trabalhos de Oleksandr no site shestakovych.com.

luminária Comportada

Chinelos ‘Marcadores’ Personalizados

Miscelânea

Mais uma luminária para entusiasmar quem quer decorar a

casa ou deixá-la mais descontraída. Uma ideia bacana é a

dessa lâmpada da empresa Graeme Bettles Design, a Sitting

Lamp, da designer Natasha Graeme.

Segundo a designer a ideia surgiu com um desapontamento

com o que via de design em torno e resolveu fazer algo mais

interativo, dando aos consumidores uma nova perspectiva

sobre um produto comumente chato. “Minha inspiração

veio especificamente de desenhos de personagens. Olhei

para as posições em que você pode imaginar uma pessoa

sentada. Simplifiquei as linhas do projeto para visualizar os

movimentos e assim surgiu a personagem”, conta.

O divertido produto é também o primeiro projeto da em-

presa e já começou a ser produzido devido ao sucesso. É

possível encontrar a venda no México e, garante a designer,

logo estará no Brasil. Além disso, Natasha afirma que outros

trabalhos surgirão e que não serão estritamente luminárias.

“Gosto de trabalhar que a ideia surge em diferentes áreas,

seja em estantes, cadeiras entre outros”, disse.

O produto, modelo pequeno, custa mais de mil reais. Os inte-

ressados em adquirir o site da designer

www.produktofdesign.blogspot.com.br.

A Flip Side Flip Flops é uma empresa onde você pode enco-

mendar seu ‘flip-flop’ (chinelo) personalizado com palavras e

desenhos no solado para quando for à praia. Com diversas

cores, os produtos fazem uma brincadeira para você deixar

a sua pegada e poder mandar um recado momentâneo por

onde passar.

Comumente comprado como presente, os chinelos são óti-

mos para casamentos na praia, bem como para presentear

alguém querido. Uma ideia simples para quem gosta de ser

diferente. O par de ‘flip flop’ custa 20 dólares e pode ser ad-

quirido no site www.etsy.com/people/FlipSideFlipFlops.

Imag

ens:

div

ulga

ção

Imag

em: d

ivul

gaçã

o

Imag

em: d

ivul

gaçã

o

Imag

em: d

ivul

gaçã

o

Page 10: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.10 11Miscelânea Miscelânea

Amplificador Gelado Parque de tonéis

Navalha para homem modernoCadeiras Pantone

Aos músicos de plantão ou aos apaixonados por música, um produto da mar-

ca líder em amplificadores e a tudo que se refere a som – Marshall -, que aca-

ba de lançar uma geladeira que muitos vão provavelmente querer ter no seu

estúdio, escritório, sala, cozinha, entre outros cômodos da casa.

É uma nova linha de atuação da Marshall. O produto se chama Marshall Frid-

ge. O amplificador-freezer está à venda por 299 dólares. Um som em baixa

temperatura e a vontade de comprar. O site da empresa é www.marshall-fridge.com.

Já não é de hoje que vemos os mais variados produtos que

fazem referência às cores Pantone. Mesmo assim esses ob-

jetos sempre chamam a atenção e atiçam o desejo con-

sumista de muitas pessoas. Aos aficionados por tonalidades

e que adoram dar uma colorida na casa, um produto para

chamar a atenção. Cada cadeira custa em média 54 euros.

Pedidos através do site www.theholdingcompany.co.uk.

O que fazer com cinco mil tonéis? Virariam lixo? Quem imagi-

naria que um aglomerado de tonéis poderia ganhar utilida-

de e ser atrativo para crianças? Um grupo de estudantes de

arquitetura da pequena cidade de Greensboro, nos Estados

Unidos, mostrou que até um parquinho para crianças pode

ser ecológico ao utilizar essa matéria-prima.

O Lions Park Playscape, inaugurado em setembro de 2011

no lugar de um parque bastante degradado, ganhou nova

forma nas mãos dos estudantes da Rural Studio, da Universi-

dade Auburn. Em dezembro do ano passado uma empresa

americana doou para o grupo os cinco mil galões galvani-

zados, já que o fornecedor não poderia reutilizá-lo. Os arqui-

tetos resolveram, como um desafio, incorporar o material ao

playground. Eles criaram um espaço que incentiva a imagi-

nação com os tonéis que eram usados para transportar óleo

de hortelã.

Além disso, foi também construída uma cobertura capaz de

dar sombra para os infantes, garantindo a diversão e a prote-

ção do sol. O resultado vocês conferem nas fotos.

Agora o barbear ficou bem mais interessante com um pro-

duto desses. O Mobius Shaver, projeto do designer Penghao

Shan, é uma verdadeira maravilha da simplicidade e do mi-

nimalismo. Este barbeador feito com uma tira de aço inoxi-

dável de 1 milímetro de espessura permite a adaptação de

placas comerciais. Apesar de o seu design diferenciado pa-

recer frágil, o produto não perde na ergonomia, na robustez

e na qualidade na hora do uso. Um conceito de barbeador

visualmente intrigante e deslumbrante. Por enquanto o pro-

duto não está à venda, mas já vale sonhar com um desses no

nécessaire. Uma bela criação!

Imag

ens:

div

ulga

ção

Imag

em: d

ivul

gaçã

o

Imag

ens:

div

ulga

ção

Imag

ens:

div

ulga

ção

Page 11: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.10 11Miscelânea Miscelânea

Amplificador Gelado Parque de tonéis

Navalha para homem modernoCadeiras Pantone

Aos músicos de plantão ou aos apaixonados por música, um produto da mar-

ca líder em amplificadores e a tudo que se refere a som – Marshall -, que aca-

ba de lançar uma geladeira que muitos vão provavelmente querer ter no seu

estúdio, escritório, sala, cozinha, entre outros cômodos da casa.

É uma nova linha de atuação da Marshall. O produto se chama Marshall Frid-

ge. O amplificador-freezer está à venda por 299 dólares. Um som em baixa

temperatura e a vontade de comprar. O site da empresa é www.marshall-fridge.com.

Já não é de hoje que vemos os mais variados produtos que

fazem referência às cores Pantone. Mesmo assim esses ob-

jetos sempre chamam a atenção e atiçam o desejo con-

sumista de muitas pessoas. Aos aficionados por tonalidades

e que adoram dar uma colorida na casa, um produto para

chamar a atenção. Cada cadeira custa em média 54 euros.

Pedidos através do site www.theholdingcompany.co.uk.

O que fazer com cinco mil tonéis? Virariam lixo? Quem imagi-

naria que um aglomerado de tonéis poderia ganhar utilida-

de e ser atrativo para crianças? Um grupo de estudantes de

arquitetura da pequena cidade de Greensboro, nos Estados

Unidos, mostrou que até um parquinho para crianças pode

ser ecológico ao utilizar essa matéria-prima.

O Lions Park Playscape, inaugurado em setembro de 2011

no lugar de um parque bastante degradado, ganhou nova

forma nas mãos dos estudantes da Rural Studio, da Universi-

dade Auburn. Em dezembro do ano passado uma empresa

americana doou para o grupo os cinco mil galões galvani-

zados, já que o fornecedor não poderia reutilizá-lo. Os arqui-

tetos resolveram, como um desafio, incorporar o material ao

playground. Eles criaram um espaço que incentiva a imagi-

nação com os tonéis que eram usados para transportar óleo

de hortelã.

Além disso, foi também construída uma cobertura capaz de

dar sombra para os infantes, garantindo a diversão e a prote-

ção do sol. O resultado vocês conferem nas fotos.

Agora o barbear ficou bem mais interessante com um pro-

duto desses. O Mobius Shaver, projeto do designer Penghao

Shan, é uma verdadeira maravilha da simplicidade e do mi-

nimalismo. Este barbeador feito com uma tira de aço inoxi-

dável de 1 milímetro de espessura permite a adaptação de

placas comerciais. Apesar de o seu design diferenciado pa-

recer frágil, o produto não perde na ergonomia, na robustez

e na qualidade na hora do uso. Um conceito de barbeador

visualmente intrigante e deslumbrante. Por enquanto o pro-

duto não está à venda, mas já vale sonhar com um desses no

nécessaire. Uma bela criação!

Imag

ens:

div

ulga

ção

Imag

em: d

ivul

gaçã

o

Imag

ens:

div

ulga

ção

Imag

ens:

div

ulga

ção

Page 12: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.12 13design em Voga

Como exercício prático de envolvimento e troca de diversas áreas

do conhecimento para construção de um projeto, exemplificamos

aqui a experiência do projeto Palíndromo, uma publicação que tem

por objetivo divulgar o portfólio de serviços da Rona Editora, empresa

tradicional no ramo gráfico de Minas Gerais. O pedido inicial do clien-

te foi uma revista em moldes tradicionais: formato, grid, matérias e

diagramação constantes. A intenção era lançar o periódico no ano

de comemoração dos 35 anos da empresa (2011). À equipe da Gre-

co coube dar substância, nome e forma à publicação.

O exercício criativo para conceber a Palíndromo exigiu da equipe de

criação decidir como abordar os recursos disponíveis, escolher entre

as possibilidades, buscar um sentido, formar a identidade, ou seja,

organizar as relações entre uma série de circunstâncias heterogêneas

em uma forma expressiva. Partiu-se, então, da razão de ser para a

forma de se mostrar. A solução foi um formato

A interdisciplinaridade é um tema recorrente nos dias de hoje apesar de muito já ter sido discutido sobre o assunto. Em 1969, Hilton Japiassú , já afirmava que “a exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua própria especialidade, tomando consciência de seus próprios limites para acolher as contribuições das outras disciplinas. Uma epistemologia da complementaridade, ou melhor, da convergência, deve, pois, substituir a da dissociação. A totalização incoerente de palavras não compatíveis entre si, deve suceder a busca de uma palavra de unidade, expressão da reconciliação do ser humano consigo mesmo e com o mundo.” ¹

por Gustavo Greco e Laura Scofield

¹ Hilton Japiassú. 1976. Filósofo e cientista brasileiro, um dos responsáveis por trazer os conceitos sobre interdisciplinaridade, discutidos em Nice, França. Fo

to: M

iner

al

01

Page 13: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.12 13design em Voga

Como exercício prático de envolvimento e troca de diversas áreas

do conhecimento para construção de um projeto, exemplificamos

aqui a experiência do projeto Palíndromo, uma publicação que tem

por objetivo divulgar o portfólio de serviços da Rona Editora, empresa

tradicional no ramo gráfico de Minas Gerais. O pedido inicial do clien-

te foi uma revista em moldes tradicionais: formato, grid, matérias e

diagramação constantes. A intenção era lançar o periódico no ano

de comemoração dos 35 anos da empresa (2011). À equipe da Gre-

co coube dar substância, nome e forma à publicação.

O exercício criativo para conceber a Palíndromo exigiu da equipe de

criação decidir como abordar os recursos disponíveis, escolher entre

as possibilidades, buscar um sentido, formar a identidade, ou seja,

organizar as relações entre uma série de circunstâncias heterogêneas

em uma forma expressiva. Partiu-se, então, da razão de ser para a

forma de se mostrar. A solução foi um formato

A interdisciplinaridade é um tema recorrente nos dias de hoje apesar de muito já ter sido discutido sobre o assunto. Em 1969, Hilton Japiassú , já afirmava que “a exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua própria especialidade, tomando consciência de seus próprios limites para acolher as contribuições das outras disciplinas. Uma epistemologia da complementaridade, ou melhor, da convergência, deve, pois, substituir a da dissociação. A totalização incoerente de palavras não compatíveis entre si, deve suceder a busca de uma palavra de unidade, expressão da reconciliação do ser humano consigo mesmo e com o mundo.” ¹

por Gustavo Greco e Laura Scofield

¹ Hilton Japiassú. 1976. Filósofo e cientista brasileiro, um dos responsáveis por trazer os conceitos sobre interdisciplinaridade, discutidos em Nice, França. Fo

to: M

iner

al

01

Page 14: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.14 15

cambiante, para o editorial, e a colaboração interdis-

ciplinar, para a elaboração do conteúdo. A cada ano,

a edição trará um novo tema, o qual será explorado e

interpretado por profissionais de áreas diversas em um

formato diferente, um novo caminho, uma nova forma

de publicação de palavras e imagens, outro modo de

“escrever” e de “ler”, de registrar e de apreender. Uma

construção e reconstrução permanente do objeto. Os

colaboradores são diferentes em cada número, ofere-

cendo, a cada edição, outra percepção, uma nova

experiência ao leitor. Dessa forma, o design, como disci-

plina articuladora, promove múltiplos olhares sobre um

mesmo tema. A co-criação age diretamente no conjunto

de variáveis que influenciaram no resultado formal do

projeto. Quanto mais ampla a participação de especia-

listas diversos na elaboração de um conteúdo editorial,

maior será o repertório a ser trabalhado pela equipe de

criação, refletindo as circunstâncias culturais em que a

publicação foi concebida.

PalíndromoO nome precisava comunicar a essência do periódico.

Palíndromo foi o nome escolhido. Etimologicamente, essa

palavra vem do grego palindromos e significa repetição,

volta. Na composição do termo, palin remete a novo, de

novo, de volta; dromo faz referência a percurso, circuito.

Ama, arara, asa, ele, esse, oco, osso, radar, raiar, reler

e outras mais: você lê a palavra do começo para o fim

e relê a palavra do fim para o começo. O percurso de

volta traz o mesmo resultado. Nos temas abordados pela

publicação o que ocorre não é espelho. A imagem que

se vê não é refletida. É ela mesma, olhada de um outro

jeito. Carrega o mesmo significado, seguindo, porém, um

novo caminho. Assim, ao colocar seu ponto de vista so-

bre um tema, cada especialista lança seu olhar e recebe

o olhar do outro. Da mesma forma, o leitor estabelece

seu próprio percurso de ida e volta.

A palavra ‘palíndromo’, título do primeiro número, foi

ampliada para a sua segunda edição. A partir de agora,

a cada ano uma palavra ou expressão formada por

palíndromos farão a sugestão do tema. A expressão

“Soa como Caos” foi escolhida para apresentar o tema

“tempo”. Em uma breve consulta ao dicionário pode-se

visualizar a quantidade de interpretações possíveis para a

palavra: motivo de poesia, angústia, questionamentos e

design em Voga

02

Foto

: Wéb

er P

ádua

indagações que se confundem com a própria existência

humana.

Relação e TempoO tema escolhido para a primeira edição da Palíndromo foi

relação. Nas interrogações iniciais, a questão do relacionamen-

to entre a gráfica e seu mercado, foi recorrente. Ao discutir a

relação, a publicação enfatiza em seu lançamento a interdis-

ciplinaridade. Numa espécie de metalinguagem, especialistas

se relacionam dando corpo, significados e amplitude ao tema.

Assim, as vivências pessoais de cada indivíduo tornam-se tam-

bém um fator relevante para a construção de

novos discursos.

Em um café da manhã, no final do outono de 2010, a

ideia foi semeada e entregue para os colaboradores o

desafio muitas vezes paralisador da página em branco.

Eles teriam a liberdade de fazer o que quisessem com as

páginas de sua seção, devendo seguir apenas o tema

e o formato definido para o primeiro exemplar. Coube à

equipe de criação articular as produções de todos, le-

vando em consideração o papel de cada um, e encon-

trar a melhor forma de apresentar o que foi criado espe-

cialmente para a Palíndromo. A edição de lançamento

da Palíndromo contou com a psicanalista Olímpia Helena

que ficou a cargo de discorrer sobre o tema e teve suas

palavras interpretadas visualmente pela designer Márcia

Larica. O arquiteto Gustavo Penna apresentou um ponto

de vista incomum, ilustrado por fragmentos de sua arquite-

tura. O artista Rogério Fernandes presenteia os leitores com

pôsteres exclusivamente criados para o tema. A escritora

Mary Figueiredo estendeu suas palavras generosamente em

uma crônica-carta. Ao relatar sua relação com o design,

Alessandra Soares fez uma espécie de auto-retrato. O olhar

apurado do fotógrafo Jomar Bragança revelou a relação

em seus diversos significados. A estilista Tereza Santos mos-

trou um jeito singular de se relacionar com a moda, com

imagens da fotógrafa Telma Villas Boas. A publicidade vem

no texto (e voz) de Carla Madeira. O professor Koji Pereira

discute a relação entre o papel e as novas tecnologias.

Para a segunda edição, “Soa como Caos” os novos cola-

boradores enfrentaram o desafio de responder a pergun-

ta colocada por Santo Agostinho: “O QUE É O TEMPO?

SE NÃO ME PERGUNTAM SOBRE O TEMPO, SEI O QUE ELE

É, QUANDO ME PERGUNTAM, NÃO SEI”. Ângela Dourado,

design em Voga

Page 15: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.14 15

cambiante, para o editorial, e a colaboração interdis-

ciplinar, para a elaboração do conteúdo. A cada ano,

a edição trará um novo tema, o qual será explorado e

interpretado por profissionais de áreas diversas em um

formato diferente, um novo caminho, uma nova forma

de publicação de palavras e imagens, outro modo de

“escrever” e de “ler”, de registrar e de apreender. Uma

construção e reconstrução permanente do objeto. Os

colaboradores são diferentes em cada número, ofere-

cendo, a cada edição, outra percepção, uma nova

experiência ao leitor. Dessa forma, o design, como disci-

plina articuladora, promove múltiplos olhares sobre um

mesmo tema. A co-criação age diretamente no conjunto

de variáveis que influenciaram no resultado formal do

projeto. Quanto mais ampla a participação de especia-

listas diversos na elaboração de um conteúdo editorial,

maior será o repertório a ser trabalhado pela equipe de

criação, refletindo as circunstâncias culturais em que a

publicação foi concebida.

PalíndromoO nome precisava comunicar a essência do periódico.

Palíndromo foi o nome escolhido. Etimologicamente, essa

palavra vem do grego palindromos e significa repetição,

volta. Na composição do termo, palin remete a novo, de

novo, de volta; dromo faz referência a percurso, circuito.

Ama, arara, asa, ele, esse, oco, osso, radar, raiar, reler

e outras mais: você lê a palavra do começo para o fim

e relê a palavra do fim para o começo. O percurso de

volta traz o mesmo resultado. Nos temas abordados pela

publicação o que ocorre não é espelho. A imagem que

se vê não é refletida. É ela mesma, olhada de um outro

jeito. Carrega o mesmo significado, seguindo, porém, um

novo caminho. Assim, ao colocar seu ponto de vista so-

bre um tema, cada especialista lança seu olhar e recebe

o olhar do outro. Da mesma forma, o leitor estabelece

seu próprio percurso de ida e volta.

A palavra ‘palíndromo’, título do primeiro número, foi

ampliada para a sua segunda edição. A partir de agora,

a cada ano uma palavra ou expressão formada por

palíndromos farão a sugestão do tema. A expressão

“Soa como Caos” foi escolhida para apresentar o tema

“tempo”. Em uma breve consulta ao dicionário pode-se

visualizar a quantidade de interpretações possíveis para a

palavra: motivo de poesia, angústia, questionamentos e

design em Voga

02

Foto

: Wéb

er P

ádua

indagações que se confundem com a própria existência

humana.

Relação e TempoO tema escolhido para a primeira edição da Palíndromo foi

relação. Nas interrogações iniciais, a questão do relacionamen-

to entre a gráfica e seu mercado, foi recorrente. Ao discutir a

relação, a publicação enfatiza em seu lançamento a interdis-

ciplinaridade. Numa espécie de metalinguagem, especialistas

se relacionam dando corpo, significados e amplitude ao tema.

Assim, as vivências pessoais de cada indivíduo tornam-se tam-

bém um fator relevante para a construção de

novos discursos.

Em um café da manhã, no final do outono de 2010, a

ideia foi semeada e entregue para os colaboradores o

desafio muitas vezes paralisador da página em branco.

Eles teriam a liberdade de fazer o que quisessem com as

páginas de sua seção, devendo seguir apenas o tema

e o formato definido para o primeiro exemplar. Coube à

equipe de criação articular as produções de todos, le-

vando em consideração o papel de cada um, e encon-

trar a melhor forma de apresentar o que foi criado espe-

cialmente para a Palíndromo. A edição de lançamento

da Palíndromo contou com a psicanalista Olímpia Helena

que ficou a cargo de discorrer sobre o tema e teve suas

palavras interpretadas visualmente pela designer Márcia

Larica. O arquiteto Gustavo Penna apresentou um ponto

de vista incomum, ilustrado por fragmentos de sua arquite-

tura. O artista Rogério Fernandes presenteia os leitores com

pôsteres exclusivamente criados para o tema. A escritora

Mary Figueiredo estendeu suas palavras generosamente em

uma crônica-carta. Ao relatar sua relação com o design,

Alessandra Soares fez uma espécie de auto-retrato. O olhar

apurado do fotógrafo Jomar Bragança revelou a relação

em seus diversos significados. A estilista Tereza Santos mos-

trou um jeito singular de se relacionar com a moda, com

imagens da fotógrafa Telma Villas Boas. A publicidade vem

no texto (e voz) de Carla Madeira. O professor Koji Pereira

discute a relação entre o papel e as novas tecnologias.

Para a segunda edição, “Soa como Caos” os novos cola-

boradores enfrentaram o desafio de responder a pergun-

ta colocada por Santo Agostinho: “O QUE É O TEMPO?

SE NÃO ME PERGUNTAM SOBRE O TEMPO, SEI O QUE ELE

É, QUANDO ME PERGUNTAM, NÃO SEI”. Ângela Dourado,

design em Voga

Page 16: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 16

Bernardo Lessa e Andréa Gomes, sob a ótica do design,

apresentou a resposta em forma de vale-tempo. Os

fotógrafos Márcio Rodrigues e Marco Mendes revelou a

relação do tema com o sexo e com o passar do próprio

tempo. Dan Zecchineli e Márcio Dott discutiram o tempo

e a publicidade, e Angélica Adverse discutiu a moda por

meio do terno, eterno. Adriana Batista trabalha o tempo

e a educação, o artista Jorge dos Anjos recorta o tempo

no papel, enquanto Cau e Laís fazem da produção gráfi-

ca espaço para a perenidade de suas memórias. Carlos

Falci escreve uma crônica sobre encontros no e com o

tempo, e Bob Tostes discorre sobre o tema, com melodia.

Já Sylvio de Podestá arquitetou a relação da poesia com

um tempo em construção.

FormatosPor ser tratar de uma publicação para uma empresa

gráfica, as técnicas de produção deveriam ser enfati-

zadas e ainda, as dimensões físicas da empresa e sua

capacidade produtiva. Uma publicação comemorativa

aos 35 anos da gráfica não poderia se mostrar tímida ou

modesta. A decisão para a primeira edição foi represen-

tar o peso da gráfica em uma publicação de 28,5cm x

42cm (formato fechado), o maior formato de impressão

possível dentro da Rona. Para a edição “Soa como Caos”

os doze cadernos com proporção de 8/9, respeita a re-

lação da escala musical em alusão ao tempo da música

no formato 19cm x 17cm.

Em ambas edições os cadernos vêm separados para que

a ordem de leitura e armazenamento fique a critério do

leitor, possibilitando uma relação pessoal e lúdica com

o objeto. Foram selecionados mais de vinte papéis e

acabamentos distintos, apresentando a diversidade dos

serviços da gráfica e enfatizando a riqueza da discussão

em torno do tema proposto.

Permanente ConstruçãoO projeto Palíndromo é um exercício prático da interdis-

ciplinaridade, não só pelas relações estabelecidas entre

os colaboradores com o tema. Nele, também se encon-

tram os vínculos criados entre o design e o cliente; entre

os componentes da equipe de criação; entre aquele

que escreve e aquele que ilustra. O percurso da expe-

riência estará, portanto, em permanente construção.

Primeiramente, pela própria categoria de periódico ao

qual o projeto pertence. E depois pelo fato de o processo

projetual ter na sua essência a interdisciplinaridade, o

que trará para as novas edições infinitas combinações

e formas de expressão. Finaliza-se este artigo com uma

citação de Italo Calvino:

(...) quem somos nós, quem é cada um de nós senão

uma combinatória de experiências, de informações, de

leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopé-

dia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amos-

tragem de estilos, onde tudo pode ser continuamente

remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis

(CALVINO, 1990, p. 138).

design em Voga

03

Foto

: Wéb

er P

ádua

01, 04 e 05 Palíndromo 2

02 e 03Palíndromo 1

04

05

Foto

: Min

eral

Foto

: Min

eral

Page 17: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 16

Bernardo Lessa e Andréa Gomes, sob a ótica do design,

apresentou a resposta em forma de vale-tempo. Os

fotógrafos Márcio Rodrigues e Marco Mendes revelou a

relação do tema com o sexo e com o passar do próprio

tempo. Dan Zecchineli e Márcio Dott discutiram o tempo

e a publicidade, e Angélica Adverse discutiu a moda por

meio do terno, eterno. Adriana Batista trabalha o tempo

e a educação, o artista Jorge dos Anjos recorta o tempo

no papel, enquanto Cau e Laís fazem da produção gráfi-

ca espaço para a perenidade de suas memórias. Carlos

Falci escreve uma crônica sobre encontros no e com o

tempo, e Bob Tostes discorre sobre o tema, com melodia.

Já Sylvio de Podestá arquitetou a relação da poesia com

um tempo em construção.

FormatosPor ser tratar de uma publicação para uma empresa

gráfica, as técnicas de produção deveriam ser enfati-

zadas e ainda, as dimensões físicas da empresa e sua

capacidade produtiva. Uma publicação comemorativa

aos 35 anos da gráfica não poderia se mostrar tímida ou

modesta. A decisão para a primeira edição foi represen-

tar o peso da gráfica em uma publicação de 28,5cm x

42cm (formato fechado), o maior formato de impressão

possível dentro da Rona. Para a edição “Soa como Caos”

os doze cadernos com proporção de 8/9, respeita a re-

lação da escala musical em alusão ao tempo da música

no formato 19cm x 17cm.

Em ambas edições os cadernos vêm separados para que

a ordem de leitura e armazenamento fique a critério do

leitor, possibilitando uma relação pessoal e lúdica com

o objeto. Foram selecionados mais de vinte papéis e

acabamentos distintos, apresentando a diversidade dos

serviços da gráfica e enfatizando a riqueza da discussão

em torno do tema proposto.

Permanente ConstruçãoO projeto Palíndromo é um exercício prático da interdis-

ciplinaridade, não só pelas relações estabelecidas entre

os colaboradores com o tema. Nele, também se encon-

tram os vínculos criados entre o design e o cliente; entre

os componentes da equipe de criação; entre aquele

que escreve e aquele que ilustra. O percurso da expe-

riência estará, portanto, em permanente construção.

Primeiramente, pela própria categoria de periódico ao

qual o projeto pertence. E depois pelo fato de o processo

projetual ter na sua essência a interdisciplinaridade, o

que trará para as novas edições infinitas combinações

e formas de expressão. Finaliza-se este artigo com uma

citação de Italo Calvino:

(...) quem somos nós, quem é cada um de nós senão

uma combinatória de experiências, de informações, de

leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopé-

dia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amos-

tragem de estilos, onde tudo pode ser continuamente

remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis

(CALVINO, 1990, p. 138).

design em Voga

03

Foto

: Wéb

er P

ádua

01, 04 e 05 Palíndromo 2

02 e 03Palíndromo 1

04

05

Foto

: Min

eral

Foto

: Min

eral

Page 18: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 18

Não imaginava, quando troquei o curso de Psicologia pelo de Design de ambientes, há 37 anos atrás, que iria trabalhar tanto com o universo interior das pessoas.

Quando me formei, fui trabalhar em lojas de móveis, fazendo projetos

de decoração para clientes que procuravam as lojas para “comprar

mobília”. A maioria não sabia como funcionava um projeto, muitos

pensavam que teriam que desfazer de tudo o que tinham e comprar

tudo novo. Não era bem assim.

Nas lojas, atende-se a um público muito diversificado (nível social,

econômico, cultural e faixa etária diferentes). O volume de projetos,

também, é grande, o que nos permite vivenciar realidades e neces-

sidades bem diversas. Por este motivo, pude acompanhar de perto

toda a evolução do nosso mercado nestes últimos anos.

Partindo disso, fui recordando algumas histórias, onde uma nova de-

coração no ambiente motivou mudanças em hábitos, atitudes, hob-

bies e até no estilo de vida das pessoas.

Certo dia um senhor, por volta de setenta e poucos anos, me ligou.

Ele queria que eu o ajudasse a renovar alguns detalhes em sua casa.

A princípio o tecido dos sofás que estavam bem surrados e as cor-

tinas. Ele tinha ficado viúvo há pouco tempo, e sua esposa havia

passado os últimos anos em cima de uma cama. Era fácil notar isto,

quando se entrava na casa, apesar dos objetos de bom gosto e de

valor, havia um ar de abandono. Somava-se a este cenário a tristeza

que ele carregava e não conseguia disfarçar. “Só vou trocar o teci-

do dos sofás e as cortinas, o resto vai ficar do jeito que ela deixou”,

dizia ele. Começamos por aí, mas, como uma coisa puxa a outra, em

pouco tempo, tínhamos uma sala renovada, com outro astral. Isto se

estendeu para o resto da casa e para o espírito dele. Casa pronta,

espírito animado, namorada nova, foi correr o mundo e aproveitar a

vida. Sempre me dizia “ Não há melhor remédio para depressão do

que um projeto de decoração”. Continuei atendendo este cliente

e a sua família por muitos anos, e presenciei o efeito positivo que o

projeto trouxe a sua vida. Pelo menos, uma vez por ano, me chamava

para alguma nova mudança. Acho que isto lhe fazia bem o anima-

va, criando novas motivações.

Decoraçãoe seu poder deTransformaçãopor Cláudia brant

design em Voga

Outro caso foi de um cliente que Morava,

no interior do estado, trouxe a planta e

fotos da casa que acabara de construir,

queria decorá-la. Feito o projeto, chegou

o momento dos quadros, ele não tinha

nenhum ,nenhum mesmo. Mas me revelou

um desejo: gostava de arte, mas não

entendia nada do assunto. Não sabia nem

onde, nem quem procurar. Apresentei-lhe

uma grande galerista, que o iniciou no uni-

verso das artes. Passou a freqüentar gale-

rias, exposições e, hoje, tem uma coleção

razoável, digna de um expert no assunto.

Há algum tempo fiz o apartamento de um

cliente fora de B.H.. Um homem com uma

vida profissional de sucesso , trabalhando e

viajando muito, não tinha o hábito de ficar

em casa. Há pouco tempo me procurou

para fazer um novo projeto, pois estava

sendo transferido para outra cidade. Para

meu espanto ele disse, “quero tudo igual

ao que tenho aqui, hoje meu maior prazer

é ficar na minha casa, fazer as coisas que

gosto e trazer as pessoas para cá. Estamos

terminando seu novo apartamento, se-

guindo a mesma linha, porém, adaptada

ao novo espaço e ao novo local que tem

características bem diferentes. Hoje seu

envolvimento é muito maior, curtindo cada

detalhe, cada escolha, pois sabe o papel

que a casa passou a representar na sua

vida e, segundo ele, isso o deixa muito feliz.

Quem não conhece alguém que desco-

briu seus dotes culinários após uma nova

cozinha? Que se inspirou com isso a entrar

no mundo dos temperos, das misturas e em

consequência na arte de receber amigos

em volta de uma bela mesa? Daí para o

espaço gourmet foi um pulo. Um novo

hobbie!

Há aqueles que aumentaram sua auto-

-estima, ficaram mais vaidosos, começa-

ram a se cuidar mais, depois de um closed

bem projetado ou um banheiro agradável

e bem equipado.

Outros começaram a dormir melhor, se

sentir melhor, quando passaram a usufruir

de um quarto com todo conforto, um am-

design em Voga

Foto

: div

ulga

ção

Foto

: div

ulga

ção

Page 19: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 18

Não imaginava, quando troquei o curso de Psicologia pelo de Design de ambientes, há 37 anos atrás, que iria trabalhar tanto com o universo interior das pessoas.

Quando me formei, fui trabalhar em lojas de móveis, fazendo projetos

de decoração para clientes que procuravam as lojas para “comprar

mobília”. A maioria não sabia como funcionava um projeto, muitos

pensavam que teriam que desfazer de tudo o que tinham e comprar

tudo novo. Não era bem assim.

Nas lojas, atende-se a um público muito diversificado (nível social,

econômico, cultural e faixa etária diferentes). O volume de projetos,

também, é grande, o que nos permite vivenciar realidades e neces-

sidades bem diversas. Por este motivo, pude acompanhar de perto

toda a evolução do nosso mercado nestes últimos anos.

Partindo disso, fui recordando algumas histórias, onde uma nova de-

coração no ambiente motivou mudanças em hábitos, atitudes, hob-

bies e até no estilo de vida das pessoas.

Certo dia um senhor, por volta de setenta e poucos anos, me ligou.

Ele queria que eu o ajudasse a renovar alguns detalhes em sua casa.

A princípio o tecido dos sofás que estavam bem surrados e as cor-

tinas. Ele tinha ficado viúvo há pouco tempo, e sua esposa havia

passado os últimos anos em cima de uma cama. Era fácil notar isto,

quando se entrava na casa, apesar dos objetos de bom gosto e de

valor, havia um ar de abandono. Somava-se a este cenário a tristeza

que ele carregava e não conseguia disfarçar. “Só vou trocar o teci-

do dos sofás e as cortinas, o resto vai ficar do jeito que ela deixou”,

dizia ele. Começamos por aí, mas, como uma coisa puxa a outra, em

pouco tempo, tínhamos uma sala renovada, com outro astral. Isto se

estendeu para o resto da casa e para o espírito dele. Casa pronta,

espírito animado, namorada nova, foi correr o mundo e aproveitar a

vida. Sempre me dizia “ Não há melhor remédio para depressão do

que um projeto de decoração”. Continuei atendendo este cliente

e a sua família por muitos anos, e presenciei o efeito positivo que o

projeto trouxe a sua vida. Pelo menos, uma vez por ano, me chamava

para alguma nova mudança. Acho que isto lhe fazia bem o anima-

va, criando novas motivações.

Decoraçãoe seu poder deTransformaçãopor Cláudia brant

design em Voga

Outro caso foi de um cliente que Morava,

no interior do estado, trouxe a planta e

fotos da casa que acabara de construir,

queria decorá-la. Feito o projeto, chegou

o momento dos quadros, ele não tinha

nenhum ,nenhum mesmo. Mas me revelou

um desejo: gostava de arte, mas não

entendia nada do assunto. Não sabia nem

onde, nem quem procurar. Apresentei-lhe

uma grande galerista, que o iniciou no uni-

verso das artes. Passou a freqüentar gale-

rias, exposições e, hoje, tem uma coleção

razoável, digna de um expert no assunto.

Há algum tempo fiz o apartamento de um

cliente fora de B.H.. Um homem com uma

vida profissional de sucesso , trabalhando e

viajando muito, não tinha o hábito de ficar

em casa. Há pouco tempo me procurou

para fazer um novo projeto, pois estava

sendo transferido para outra cidade. Para

meu espanto ele disse, “quero tudo igual

ao que tenho aqui, hoje meu maior prazer

é ficar na minha casa, fazer as coisas que

gosto e trazer as pessoas para cá. Estamos

terminando seu novo apartamento, se-

guindo a mesma linha, porém, adaptada

ao novo espaço e ao novo local que tem

características bem diferentes. Hoje seu

envolvimento é muito maior, curtindo cada

detalhe, cada escolha, pois sabe o papel

que a casa passou a representar na sua

vida e, segundo ele, isso o deixa muito feliz.

Quem não conhece alguém que desco-

briu seus dotes culinários após uma nova

cozinha? Que se inspirou com isso a entrar

no mundo dos temperos, das misturas e em

consequência na arte de receber amigos

em volta de uma bela mesa? Daí para o

espaço gourmet foi um pulo. Um novo

hobbie!

Há aqueles que aumentaram sua auto-

-estima, ficaram mais vaidosos, começa-

ram a se cuidar mais, depois de um closed

bem projetado ou um banheiro agradável

e bem equipado.

Outros começaram a dormir melhor, se

sentir melhor, quando passaram a usufruir

de um quarto com todo conforto, um am-

design em Voga

Foto

: div

ulga

ção

Foto

: div

ulga

ção

Page 20: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.20 21

biente propício ao relaxamento e ao descanso.

Prazeres como ver um filme, ler um livro, jogar conversa

fora com os amigos, tomam uma nova dimensão se

estamos no ambiente apropriado, com luz certa, conforto

na medida exata, acolhidos na harmonia e proporção

dos volumes.

Gosto de lembrar também de clientes que passaram

a se interessar pela decoração depois de um projeto.

Pesquisando, procurando e garimpando peças, queren-

do saber mais, observando os lugares que freqüentam,

trazendo peças de viagens e sempre tendo um detalhe

novo para contar ou uma foto para mostrar.

Pensando nisso, me vem à mente o tamanho da respon-

sabilidade que temos ao projetar para nossos clientes. O

tempo do ambiente para ser fotografado para revista,

ou mostrar para os amigos já passou. A casa de hoje tem

a personalidade e a história de seus donos integradas à

decoração. Ela tem que acolher as pessoas e os sonhos

delas. Temos que abrir espaço para acomodar os objetos

de estimação que antes ficavam esquecidos num armá-

rio no fundo da casa. Tarefa difícil! Nem sempre o que

nos apresentam significa algo para nós, ou, simplesmente,

não combinam “com o espaço”. É aí que entra em cena

a nossa criatividade, criando suporte para esta história.

Dando a ela a importância que o cliente espera que ela

tenha.

Devemos escutar com muita atenção o que o cliente

tem a dizer, conhecer seus desejos, suas aspirações,

aquilo que deseja manter no seu estilo de vida e também

o que pretende mudar. Conhecer sua história, as peças

que lhe são caras, valorizá-las e respeitá-las, integrando-

-as ao projeto é nosso dever como profissional. Focar no

bem viver do cliente deve ser nosso objetivo principal,

sem esquecer-se dos princípios da estética, pois, é para

isso, que trabalhamos.

Depois de ouvi-lo, tem o próximo processo que é ajudá-

-lo a separar aquilo que, realmente, é importante daquilo

que virou uma carga pesada na sua vida. Esta energia

precisa circular. Desfazer-se de algumas coisas, dando

lugar ao novo, é também uma atitude muito positiva, que

abre novas possibilidades.

Vejo pela frente um tempo onde centenas de novos

design em Voga

clientes se deparam com a possibilidade de

“decorar”, pela primeira vez, a sua casa. É a

realização de um sonho e, nós profissionais

é que vamos acompanhá-lo nesta viagem,

seremos seu guia, orientando o caminho

para tornar este sonho realidade.

Este cliente chega, muitas vezes, sem ter

definido o que quer, sem muitas informa-

ções sobre produtos, materiais, sem sequer

pensar na transformações positivas que um

projeto pode trazer a sua vida, aos seus

hábitos, as suas atitudes. Cabe a nós infor-

mar, orientar, mostrar-lhe todas as possibi-

lidades, ajudando a fazer boas escolhas e

muitas vezes dar mais asas a seus sonhos.

Assim como o universo de clientes tem au-

mentado a cada dia, a oferta de produtos,

estilos e opções no mercado aumentam

numa proporção bem maior. É para os

leigos uma missão quase impossível definir

e escolher um produto. As variantes que

devem ser analisadas, na simples escolha

de uma poltona, tornam esta tarefa a prin-

cípio empolgante, logo depois cansativa,

podendo chegar a ser estressante para

alguém que não é da área. O que, na

nossa cabeça já está pré definido desde

o projeto, na cabeça do cliente demo-

ra tempo para maturar. O processo de

apresentação de um produto, mostrar seus

atributos e a adequação dele ao projeto,

é uma tarefa que requer compreensão e

paciência por parte do profissional. Nem

sempre fica a opção do projeto, às vezes

temos que abrir mão de uma escolha e

adaptarmos a outra preferida pelo cliente.

Afinal este sonho é do cliente!

Ter a consciência desse poder de transfor-

mação que podemos exercer no ambiente

que projetamos e, consequentemente, na

vida das pessoas que o ocupam, aumen-

ta a nossa responsabilidade. A busca por

informações, conhecimento e atualização

tem que ser constante, para estarmos melhor

preparados para orientar.

Não custa lembrar que, hoje, quando novas

tecnologias, novas máquinas, novos designs,

novos produtos brotam vindo de todos os

lados, o protagonista da nossa história são as

pessoas . É para elas que devemos projetar!

design em VogaFo

tos:

div

ulga

ção

Foto

: div

ulga

ção

Page 21: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.20 21

biente propício ao relaxamento e ao descanso.

Prazeres como ver um filme, ler um livro, jogar conversa

fora com os amigos, tomam uma nova dimensão se

estamos no ambiente apropriado, com luz certa, conforto

na medida exata, acolhidos na harmonia e proporção

dos volumes.

Gosto de lembrar também de clientes que passaram

a se interessar pela decoração depois de um projeto.

Pesquisando, procurando e garimpando peças, queren-

do saber mais, observando os lugares que freqüentam,

trazendo peças de viagens e sempre tendo um detalhe

novo para contar ou uma foto para mostrar.

Pensando nisso, me vem à mente o tamanho da respon-

sabilidade que temos ao projetar para nossos clientes. O

tempo do ambiente para ser fotografado para revista,

ou mostrar para os amigos já passou. A casa de hoje tem

a personalidade e a história de seus donos integradas à

decoração. Ela tem que acolher as pessoas e os sonhos

delas. Temos que abrir espaço para acomodar os objetos

de estimação que antes ficavam esquecidos num armá-

rio no fundo da casa. Tarefa difícil! Nem sempre o que

nos apresentam significa algo para nós, ou, simplesmente,

não combinam “com o espaço”. É aí que entra em cena

a nossa criatividade, criando suporte para esta história.

Dando a ela a importância que o cliente espera que ela

tenha.

Devemos escutar com muita atenção o que o cliente

tem a dizer, conhecer seus desejos, suas aspirações,

aquilo que deseja manter no seu estilo de vida e também

o que pretende mudar. Conhecer sua história, as peças

que lhe são caras, valorizá-las e respeitá-las, integrando-

-as ao projeto é nosso dever como profissional. Focar no

bem viver do cliente deve ser nosso objetivo principal,

sem esquecer-se dos princípios da estética, pois, é para

isso, que trabalhamos.

Depois de ouvi-lo, tem o próximo processo que é ajudá-

-lo a separar aquilo que, realmente, é importante daquilo

que virou uma carga pesada na sua vida. Esta energia

precisa circular. Desfazer-se de algumas coisas, dando

lugar ao novo, é também uma atitude muito positiva, que

abre novas possibilidades.

Vejo pela frente um tempo onde centenas de novos

design em Voga

clientes se deparam com a possibilidade de

“decorar”, pela primeira vez, a sua casa. É a

realização de um sonho e, nós profissionais

é que vamos acompanhá-lo nesta viagem,

seremos seu guia, orientando o caminho

para tornar este sonho realidade.

Este cliente chega, muitas vezes, sem ter

definido o que quer, sem muitas informa-

ções sobre produtos, materiais, sem sequer

pensar na transformações positivas que um

projeto pode trazer a sua vida, aos seus

hábitos, as suas atitudes. Cabe a nós infor-

mar, orientar, mostrar-lhe todas as possibi-

lidades, ajudando a fazer boas escolhas e

muitas vezes dar mais asas a seus sonhos.

Assim como o universo de clientes tem au-

mentado a cada dia, a oferta de produtos,

estilos e opções no mercado aumentam

numa proporção bem maior. É para os

leigos uma missão quase impossível definir

e escolher um produto. As variantes que

devem ser analisadas, na simples escolha

de uma poltona, tornam esta tarefa a prin-

cípio empolgante, logo depois cansativa,

podendo chegar a ser estressante para

alguém que não é da área. O que, na

nossa cabeça já está pré definido desde

o projeto, na cabeça do cliente demo-

ra tempo para maturar. O processo de

apresentação de um produto, mostrar seus

atributos e a adequação dele ao projeto,

é uma tarefa que requer compreensão e

paciência por parte do profissional. Nem

sempre fica a opção do projeto, às vezes

temos que abrir mão de uma escolha e

adaptarmos a outra preferida pelo cliente.

Afinal este sonho é do cliente!

Ter a consciência desse poder de transfor-

mação que podemos exercer no ambiente

que projetamos e, consequentemente, na

vida das pessoas que o ocupam, aumen-

ta a nossa responsabilidade. A busca por

informações, conhecimento e atualização

tem que ser constante, para estarmos melhor

preparados para orientar.

Não custa lembrar que, hoje, quando novas

tecnologias, novas máquinas, novos designs,

novos produtos brotam vindo de todos os

lados, o protagonista da nossa história são as

pessoas . É para elas que devemos projetar!

design em Voga

Foto

s: d

ivul

gaçã

o

Foto

: div

ulga

ção

Page 22: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.22 23

Identidade sonorao som que

marca

Através do som diz-se algo, comunica uma ideia, transmite-se uma informação. Portanto, qualificamos o som como sendo as palavras componentes do que chamaremos de linguagem sonora. Através da percepção desta linguagem geramos emoções no outro, seja ao tocar uma música, a gerar um som qualquer no trânsito, ou mesmo falar. Ao usar esta linguagem estamos em contato com as pessoas de uma maneira muito peculiar, e conseguimos de formas inimagináveis tocá-las. Quem não se lembra de uma cena de filme em que a trilha sonora o fez chorar, ou até mesmo aquele grito da personagem ao tomar um susto em um filme de terror.

Entender o potencial que a linguagem sonora tem frente a qualquer

meio é o que uma nova corrente (nem tão nova assim, visto que a

nomenclatura foi usada em 1977 por Ben Burtt no filme “Guerra nas

Estrelas”) traz para os designers e demais profissionais que procuram

utilizar o som de forma significativa: o design sonoro.

O som cada vez mais é responsável pelo entendimento de uma

informação, ou até o fator que influencia em uma decisão. O som

provoca sensações, nos faz chorar e rir, nos faz correr ou andar

devagar, toca em lugares na mente que nos traz lembranças,

torna espaços agradáveis ou estressantes.

design em Voga

por Márcio Brant

Cada vez mais os estudos do som têm apontado para

uma preocupação e entendimento da funcionalidade

dentro do ponto de venda (PDV), sejam lojas, restaurantes,

academias e demais espaços em que o consumidor está

presente. Poucos são os estudos que analisam o ponto de

venda sob a vertente da utilização da linguagem sonora.

O ponto de venda é o local em que todo o empresário quer ver

o seu consumidor. É o local em que podemos transformar nosso

consumidor em fã da nossa marca. Não há outro lugar em que

este fã está mais embebido da nossa marca, do que na nossa

casa, ou melhor dizendo, no PDV. Para tanto ele deve se sentir

aconchegado, se sentir em casa, nem que pra isso tenhamos

que servir um café e deixá-lo ouvir sua música favorita.

Um dos grandes pensadores da atualidade e que tem trazido

à tona uma impressão coerente com o mercado brasileiro é o

sueco Jakob Lusensky que em seu livro “Sounds Like Branding”

diz a seguinte frase: “Assim como design interior de uma loja faz

parte da experiência In Store, a música tem se tornado uma

importante ferramenta competitiva para os donos de loja”. E é

através de uma pesquisa feita por Jakob que iremos analisar a

importância do design sonoro para a nossa realidade.

A pesquisa feita com o público de alguns shoppings, e de

diferentes lojas na capital sueca, Estocolmo, chegam à

algumas conclusões, entre elas: 1) As pessoas consideram

música como sendo uma das coisas mais difíceis de viver sem,

mais que esportes, jornais e filmes; 2) Tocando a música certa no

seu negócio, você faz com que o consumidor fique mais tempo

na loja; 3) A música tocada no seu negócio afeta a opinião do

consumidor sobre a marca; 4) A música melhora o bem estar

entre funcionários no local de trabalho.

A música é uma das formas mais completas para analisarmos

o som. Ela comunica com o coração e a mente, nos conecta

com as emoções, nos faz relaxar e revigorar, sem contar sua

potência de ser memorável e transformadora. Por isso a música

é uma ferramenta tão poderosa, por que nos faz reconhecer

e associar acontecimentos da nossa vida. Não conseguimos

viver sem, seja no trabalho, em casa, na academia, no carro,

estamos com nossos iPods e criamos a trilha sonora de nossas

vidas. Não seria diferente dentro do nosso negócio. E não

podemos negar a importância desta ferramenta para a nossa

marca. Como diria o teórico Martin Lindstrom em seu livro

Brandsense, sucesso de vendas no mundo todo, “ Marca é

identidade em todos os sentidos”, e, portanto, é hora de pensar

sua marca sobre este ponto de vista, ou de escuta!

Para tanto, além de criar uma boa lista de músicas, é

importante pensar nas chamadas guidelines, ou seja, nos

demais pontos de contato do consumidor com sua marca,

como a espera telefônica, a música que é tocada nas

propagandas e a assinatura sonora (momento de lembrar

do plim plim da Globo e das notinhas da Intel). Desta forma,

sempre que estivermos em contato com a marca, teremos o

que chamamos de identidade sonora, que é uma linguagem

sonora coesa e que diga sempre a mesma coisa, enaltecendo

os valores da marca.

Saber aconchegar nosso fã dentro da nossa casa é a alma

do negócio, e estar certo do valor agregado que um projeto

de sound design pode gerar para a sua marca é pensar

estrategicamente e estar à frente no que tange à experiência,

e o que chamamos de design de experiência. Estar em contato

com o som e possibilitar essa experiência sonora é transportar

o cliente a um mundo de sensações e tornar esse momento

inesquecível.

design em Voga

Page 23: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.22 23

Identidade sonorao som que

marca

Através do som diz-se algo, comunica uma ideia, transmite-se uma informação. Portanto, qualificamos o som como sendo as palavras componentes do que chamaremos de linguagem sonora. Através da percepção desta linguagem geramos emoções no outro, seja ao tocar uma música, a gerar um som qualquer no trânsito, ou mesmo falar. Ao usar esta linguagem estamos em contato com as pessoas de uma maneira muito peculiar, e conseguimos de formas inimagináveis tocá-las. Quem não se lembra de uma cena de filme em que a trilha sonora o fez chorar, ou até mesmo aquele grito da personagem ao tomar um susto em um filme de terror.

Entender o potencial que a linguagem sonora tem frente a qualquer

meio é o que uma nova corrente (nem tão nova assim, visto que a

nomenclatura foi usada em 1977 por Ben Burtt no filme “Guerra nas

Estrelas”) traz para os designers e demais profissionais que procuram

utilizar o som de forma significativa: o design sonoro.

O som cada vez mais é responsável pelo entendimento de uma

informação, ou até o fator que influencia em uma decisão. O som

provoca sensações, nos faz chorar e rir, nos faz correr ou andar

devagar, toca em lugares na mente que nos traz lembranças,

torna espaços agradáveis ou estressantes.

design em Voga

por Márcio Brant

Cada vez mais os estudos do som têm apontado para

uma preocupação e entendimento da funcionalidade

dentro do ponto de venda (PDV), sejam lojas, restaurantes,

academias e demais espaços em que o consumidor está

presente. Poucos são os estudos que analisam o ponto de

venda sob a vertente da utilização da linguagem sonora.

O ponto de venda é o local em que todo o empresário quer ver

o seu consumidor. É o local em que podemos transformar nosso

consumidor em fã da nossa marca. Não há outro lugar em que

este fã está mais embebido da nossa marca, do que na nossa

casa, ou melhor dizendo, no PDV. Para tanto ele deve se sentir

aconchegado, se sentir em casa, nem que pra isso tenhamos

que servir um café e deixá-lo ouvir sua música favorita.

Um dos grandes pensadores da atualidade e que tem trazido

à tona uma impressão coerente com o mercado brasileiro é o

sueco Jakob Lusensky que em seu livro “Sounds Like Branding”

diz a seguinte frase: “Assim como design interior de uma loja faz

parte da experiência In Store, a música tem se tornado uma

importante ferramenta competitiva para os donos de loja”. E é

através de uma pesquisa feita por Jakob que iremos analisar a

importância do design sonoro para a nossa realidade.

A pesquisa feita com o público de alguns shoppings, e de

diferentes lojas na capital sueca, Estocolmo, chegam à

algumas conclusões, entre elas: 1) As pessoas consideram

música como sendo uma das coisas mais difíceis de viver sem,

mais que esportes, jornais e filmes; 2) Tocando a música certa no

seu negócio, você faz com que o consumidor fique mais tempo

na loja; 3) A música tocada no seu negócio afeta a opinião do

consumidor sobre a marca; 4) A música melhora o bem estar

entre funcionários no local de trabalho.

A música é uma das formas mais completas para analisarmos

o som. Ela comunica com o coração e a mente, nos conecta

com as emoções, nos faz relaxar e revigorar, sem contar sua

potência de ser memorável e transformadora. Por isso a música

é uma ferramenta tão poderosa, por que nos faz reconhecer

e associar acontecimentos da nossa vida. Não conseguimos

viver sem, seja no trabalho, em casa, na academia, no carro,

estamos com nossos iPods e criamos a trilha sonora de nossas

vidas. Não seria diferente dentro do nosso negócio. E não

podemos negar a importância desta ferramenta para a nossa

marca. Como diria o teórico Martin Lindstrom em seu livro

Brandsense, sucesso de vendas no mundo todo, “ Marca é

identidade em todos os sentidos”, e, portanto, é hora de pensar

sua marca sobre este ponto de vista, ou de escuta!

Para tanto, além de criar uma boa lista de músicas, é

importante pensar nas chamadas guidelines, ou seja, nos

demais pontos de contato do consumidor com sua marca,

como a espera telefônica, a música que é tocada nas

propagandas e a assinatura sonora (momento de lembrar

do plim plim da Globo e das notinhas da Intel). Desta forma,

sempre que estivermos em contato com a marca, teremos o

que chamamos de identidade sonora, que é uma linguagem

sonora coesa e que diga sempre a mesma coisa, enaltecendo

os valores da marca.

Saber aconchegar nosso fã dentro da nossa casa é a alma

do negócio, e estar certo do valor agregado que um projeto

de sound design pode gerar para a sua marca é pensar

estrategicamente e estar à frente no que tange à experiência,

e o que chamamos de design de experiência. Estar em contato

com o som e possibilitar essa experiência sonora é transportar

o cliente a um mundo de sensações e tornar esse momento

inesquecível.

design em Voga

Page 24: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.24 25

Apresentamos o design de superfície com uma história em quadrinhos.

Tapete, Cáucaso 1870

Tribo Nazca, Peru 300 - 600 d.C

Willian Morris, 1879

Parque Guell, Gaudí 1900 - 1914

Cerâmica Karajás, Goiás

Parede Athos Bulcão, Brasília

Calçada RJ, Roberto Burle Marx 1969

Tapete, Florian Pucher

Erwin Hauer

Sirlei Chiminazzo e Liliane de los Santos

Desenho tapete, Renata Rubim, 4 anosTapete ‘Jujuba’2006

Camuflagem

Criação

Marc Koehler

Na natureza:

1

2

3

4

5

6

Crédito Imagens

1 - Tim Davis2 - Luiz Carlos Felizardo3 - Han Hartzuiker4 - Foto sem crédito (Relatório anual Zivi S.A)5 - Daniella Duarte6 - Bruno Veiga (livro O Rio que eu Piso, Iolanda Teixeira)

Na história:

Razão de viver:

Na contemporaneidade com as novas tecnologias:

No Brasil:

I prefer drawing to talking. Drawing is faster, and leaves less room for lies.

(Le Corbusier)

pág. 24 design em Voga

por Renata Rubim

Apresentamos o design de superfície com uma história em quadrinhos.

Tapete, Cáucaso 1870

Tribo Nazca, Peru 300 - 600 d.C

Willian Morris, 1879

Parque Guell, Gaudí 1900 - 1914

Cerâmica Karajás, Goiás

Parede Athos Bulcão, Brasília

Calçada RJ, Roberto Burle Marx 1969

Tapete, Florian Pucher

Erwin Hauer

Sirlei Chiminazzo e Liliane de los Santos

Desenho tapete, Renata Rubim, 4 anosTapete ‘Jujuba’2006

Camuflagem

Criação

Marc Koehler

Na natureza:

1

2

3

4

5

6

Crédito Imagens

1 - Tim Davis2 - Luiz Carlos Felizardo3 - Han Hartzuiker4 - Foto sem crédito (Relatório anual Zivi S.A)5 - Daniella Duarte6 - Bruno Veiga (livro O Rio que eu Piso, Iolanda Teixeira)

Na história:

Razão de viver:

Na contemporaneidade com as novas tecnologias:

No Brasil:

I prefer drawing to talking. Drawing is faster, and leaves less room for lies.

(Le Corbusier)

pág. 25 design em Voga

Camuflagem

Page 25: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.24 25

Apresentamos o design de superfície com uma história em quadrinhos.

Tapete, Cáucaso 1870

Tribo Nazca, Peru 300 - 600 d.C

Willian Morris, 1879

Parque Guell, Gaudí 1900 - 1914

Cerâmica Karajás, Goiás

Parede Athos Bulcão, Brasília

Calçada RJ, Roberto Burle Marx 1969

Tapete, Florian Pucher

Erwin Hauer

Sirlei Chiminazzo e Liliane de los Santos

Desenho tapete, Renata Rubim, 4 anosTapete ‘Jujuba’2006

Camuflagem

Criação

Marc Koehler

Na natureza:

1

2

3

4

5

6

Crédito Imagens

1 - Tim Davis2 - Luiz Carlos Felizardo3 - Han Hartzuiker4 - Foto sem crédito (Relatório anual Zivi S.A)5 - Daniella Duarte6 - Bruno Veiga (livro O Rio que eu Piso, Iolanda Teixeira)

Na história:

Razão de viver:

Na contemporaneidade com as novas tecnologias:

No Brasil:

I prefer drawing to talking. Drawing is faster, and leaves less room for lies.

(Le Corbusier)

pág. 24 design em Voga

por Renata Rubim

Apresentamos o design de superfície com uma história em quadrinhos.

Tapete, Cáucaso 1870

Tribo Nazca, Peru 300 - 600 d.C

Willian Morris, 1879

Parque Guell, Gaudí 1900 - 1914

Cerâmica Karajás, Goiás

Parede Athos Bulcão, Brasília

Calçada RJ, Roberto Burle Marx 1969

Tapete, Florian Pucher

Erwin Hauer

Sirlei Chiminazzo e Liliane de los Santos

Desenho tapete, Renata Rubim, 4 anosTapete ‘Jujuba’2006

Camuflagem

Criação

Marc Koehler

Na natureza:

1

2

3

4

5

6

Crédito Imagens

1 - Tim Davis2 - Luiz Carlos Felizardo3 - Han Hartzuiker4 - Foto sem crédito (Relatório anual Zivi S.A)5 - Daniella Duarte6 - Bruno Veiga (livro O Rio que eu Piso, Iolanda Teixeira)

Na história:

Razão de viver:

Na contemporaneidade com as novas tecnologias:

No Brasil:

I prefer drawing to talking. Drawing is faster, and leaves less room for lies.

(Le Corbusier)

pág. 25 design em Voga

Camuflagem

Page 26: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 26 Giro cultural

Um dos lugares mais fantásticos e imperdíveis para quem curte

arte alternativa é o edifício Tacheles, um espaço único no mundo,

o qual, infelizmente, está com os dias contados.

Situado no centro da capital alemã, o Tacheles foi construído

entre 1907 e 1908 para ser uma loja de departamentos. Seus

cinco andares e 9.000 m2 de arquitetura moderna, misturam

também elementos de estilo clássico e gótico. O prédio fica onde

se localizava, na época, o bairro judeu (próximo da belíssima

Sinagoga, na mesma rua). A ideia era transformar o local no

“embrião” de uma loja de departamentos, com várias lojas de

donos diferentes compartilhando a estrutura comum, inclusive

com caixa único. Pena que o negócio faliu depois de 6 meses.

Foi então arrendado em 1908 por um dono só e se manteve um

sucesso até 1914, quando começou a guerra.

Daí para frente a coisa foi bastante movimentada: a empresa de

elericidade AEG usou o espaço como showroom para mostrar

seus novos produtos (a primeira transmissão de TV da Alemanha

aconteceu lá); os nazistas usaram o prédio como escritório e

prisão; durante a segunda guerra, o edifício foi bombardeado e

sofreu vários danos. Depois disso, vários negócios foram abertos e

fechados, incluindo uma rádio e um teatro. Houve reformas para

recuperar os danos maiores, mas como o Tacheles fica em uma

área nobre da cidade, a partir de 1990, empreendedores ficaram

de olho no negócio.

Berlim é uma cidade surpreendente, um lugar onde a arte emerge em cada esquina. Além dos marcos históricos mais famosos – como o Portão de Brandemburgo, a Coluna da Vitória e o Parlamento Alemão – há tesouros escondidos que merecem ser olhados com mais atenção.

por Lígia Fascioni

Foto

s: w

ww

.kun

stha

us-ta

chel

es.d

e

Foto da construção inicial do Tacheles em 1907

Foto da tentativa de demolição após a queda do Muro de Berlim

O que restou do Tacheles após a demolição

Logo após a queda do muro, no afã de

construir uma nova Berlim, foi marcada a

demolição do edifício (estrategicamente

agendada para um final de semana, para não

chamar atenção). Mas os explosivos utilizados

não foram capazes de colocar abaixo a

robusta extrutura do prédio, que se manteve

de pé.

Foi aí que um grupo de artistas

autodenominado Künstlerinitative Tacheles

(algo como “iniciativa artística Tacheles”),

resolveu ocupar o Tacheles para salvá-lo da

destruição, ciente de que um patrimônio

histórico e arquitetônico de valor inestimável

iria se perder em nome da especulação

imobiliária. Algumas partes foram recuperadas

e a ocupação começou.

Criou-se uma associação e hoje o prédio

abriga residências de artistas e ateliers abertos

ao público. O edifício também abriga lojas,

galerias, oficinas, grupos de teatro, música,

dança e apresentações performáticas, além

de um bar/danceteria (que serviu, inclusive,

de cenário para o ótimo filme “Adeus Lênin”).

Atualmente, o lugar atrai turistas e artistas de

todas as partes do mundo, tanto pela sua

história como por tudo o que lá é exposto.Foto

: arq

uivo

pes

soal

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Esculturas de metal na entrada do Tacheles

Page 27: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 26 Giro cultural

Um dos lugares mais fantásticos e imperdíveis para quem curte

arte alternativa é o edifício Tacheles, um espaço único no mundo,

o qual, infelizmente, está com os dias contados.

Situado no centro da capital alemã, o Tacheles foi construído

entre 1907 e 1908 para ser uma loja de departamentos. Seus

cinco andares e 9.000 m2 de arquitetura moderna, misturam

também elementos de estilo clássico e gótico. O prédio fica onde

se localizava, na época, o bairro judeu (próximo da belíssima

Sinagoga, na mesma rua). A ideia era transformar o local no

“embrião” de uma loja de departamentos, com várias lojas de

donos diferentes compartilhando a estrutura comum, inclusive

com caixa único. Pena que o negócio faliu depois de 6 meses.

Foi então arrendado em 1908 por um dono só e se manteve um

sucesso até 1914, quando começou a guerra.

Daí para frente a coisa foi bastante movimentada: a empresa de

elericidade AEG usou o espaço como showroom para mostrar

seus novos produtos (a primeira transmissão de TV da Alemanha

aconteceu lá); os nazistas usaram o prédio como escritório e

prisão; durante a segunda guerra, o edifício foi bombardeado e

sofreu vários danos. Depois disso, vários negócios foram abertos e

fechados, incluindo uma rádio e um teatro. Houve reformas para

recuperar os danos maiores, mas como o Tacheles fica em uma

área nobre da cidade, a partir de 1990, empreendedores ficaram

de olho no negócio.

Berlim é uma cidade surpreendente, um lugar onde a arte emerge em cada esquina. Além dos marcos históricos mais famosos – como o Portão de Brandemburgo, a Coluna da Vitória e o Parlamento Alemão – há tesouros escondidos que merecem ser olhados com mais atenção.

por Lígia Fascioni

Foto

s: w

ww

.kun

stha

us-ta

chel

es.d

e

Foto da construção inicial do Tacheles em 1907

Foto da tentativa de demolição após a queda do Muro de Berlim

O que restou do Tacheles após a demolição

Logo após a queda do muro, no afã de

construir uma nova Berlim, foi marcada a

demolição do edifício (estrategicamente

agendada para um final de semana, para não

chamar atenção). Mas os explosivos utilizados

não foram capazes de colocar abaixo a

robusta extrutura do prédio, que se manteve

de pé.

Foi aí que um grupo de artistas

autodenominado Künstlerinitative Tacheles

(algo como “iniciativa artística Tacheles”),

resolveu ocupar o Tacheles para salvá-lo da

destruição, ciente de que um patrimônio

histórico e arquitetônico de valor inestimável

iria se perder em nome da especulação

imobiliária. Algumas partes foram recuperadas

e a ocupação começou.

Criou-se uma associação e hoje o prédio

abriga residências de artistas e ateliers abertos

ao público. O edifício também abriga lojas,

galerias, oficinas, grupos de teatro, música,

dança e apresentações performáticas, além

de um bar/danceteria (que serviu, inclusive,

de cenário para o ótimo filme “Adeus Lênin”).

Atualmente, o lugar atrai turistas e artistas de

todas as partes do mundo, tanto pela sua

história como por tudo o que lá é exposto.Foto

: arq

uivo

pes

soal

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Esculturas de metal na entrada do Tacheles

Page 28: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 28

Conflitos entre os moradores não são incomuns, principalmente,

entre os originários da Alemanha ocidental versus antiga

Alemanha oriental (a história ainda é muito recente), por

causa dos diferentes pontos de vista. A discussão tem sucitado

debates interessantes e incessantes entre artistas, sociólogos,

arquitetos, políticos e pensadores – o que não deixa de ser

apropriado, já que Tacheles, em iídiche, signica “conversa

franca”.

Sempre há boatos de que o prédio finalmente será

demolido, e seu futuro é incerto. Artistas de várias partes

do mundo, lá instalados, temem o desenrolar desse

imbróglio, pois poderão ficar sem lugar para morar e

trabalhar. O Tacheles já é um ponto turístico reconhecido

na capital alemã e atrai curiosos do mundo inteiro. Subir

e descer por suas escadas (sim, o prédio é cheio de

corredores escuros e não tem elevador) é uma aventura

babilônica.

Pessoalmente, acredito que seja muito difícil convencer os

moradores da cidade a se desfazer desse patrimônio artístico e

cultural da humanidade (alô, UNESCO?), mas, como já dizia o

visionário Caetano, como medir “a força da grana que constrói

e destrói coisas belas”?

Vamos torcer para que o Tacheles permaneça fervendo de

ideias e contribuindvo para tornar Berlim tão encantadora.

Mas se você puder visitar essa bela cidade cosmopolita e

capital dos bárbaros antes que tudo isso se acabe, anote aí o

endereço: Oranienburgerstr. 54-56a 10117 Berlin.

Giro culturalFo

to: a

rqui

vo p

esso

al

Foto de uma das laterais do prédio Tacheles

Page 29: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 28

Conflitos entre os moradores não são incomuns, principalmente,

entre os originários da Alemanha ocidental versus antiga

Alemanha oriental (a história ainda é muito recente), por

causa dos diferentes pontos de vista. A discussão tem sucitado

debates interessantes e incessantes entre artistas, sociólogos,

arquitetos, políticos e pensadores – o que não deixa de ser

apropriado, já que Tacheles, em iídiche, signica “conversa

franca”.

Sempre há boatos de que o prédio finalmente será

demolido, e seu futuro é incerto. Artistas de várias partes

do mundo, lá instalados, temem o desenrolar desse

imbróglio, pois poderão ficar sem lugar para morar e

trabalhar. O Tacheles já é um ponto turístico reconhecido

na capital alemã e atrai curiosos do mundo inteiro. Subir

e descer por suas escadas (sim, o prédio é cheio de

corredores escuros e não tem elevador) é uma aventura

babilônica.

Pessoalmente, acredito que seja muito difícil convencer os

moradores da cidade a se desfazer desse patrimônio artístico e

cultural da humanidade (alô, UNESCO?), mas, como já dizia o

visionário Caetano, como medir “a força da grana que constrói

e destrói coisas belas”?

Vamos torcer para que o Tacheles permaneça fervendo de

ideias e contribuindvo para tornar Berlim tão encantadora.

Mas se você puder visitar essa bela cidade cosmopolita e

capital dos bárbaros antes que tudo isso se acabe, anote aí o

endereço: Oranienburgerstr. 54-56a 10117 Berlin.

Giro cultural

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Foto de uma das laterais do prédio Tacheles

Page 30: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 30

Afinal, temos a Festa do Maior Pé de Moleque do Mundo em

Piranguinho, o Festival da Quitanda em Congonhas, a Festa

Café com Biscoito em São Tiago, o Festival da Jabuticaba em

Sabará. Podemos vivenciar a rotina dos produtores de queijo do

Serro ou da Serra da Canastra, colher café do pé em Cristina,

pescar trutas em Itamonte, aprender como se faz goiabada

em Ponte Nova. E, entre uma atividade e outra, saborear

frango com ora-pro-nobis, costelinha com angu de milho verde,

tropeiro de feijão andu, pintado na brasa, pessegada e sorvetes

de frutas do cerrado.

Pena que muitos optam por viajar para cantos bem longe

daqui ao invés de trocar miudezas com as senhorinhas de rostos

enrugados, mãos duras como pedra, e sabedoria infinita. Pena

que preferem os restaurantes de toalha de linho, talheres de

prata e taças de cristal ao invés da mesa pelada de tábuas

corridas debaixo da sombra de uma mangueira.

Por quê?A resposta não é simples, mas prefiro “desmineirar” a “esperar a

cor da fumaça” como dizia Fernando Sabino. Se nós, mineiros,

somos conhecidos nacionalmente pela desconfiança ou,

como escreveu Sabino, por “não dizer o que faz, nem o que

vai fazer”, creio que é o momento de começarmos a “meter a

mão na cumbuca”, de “dar um passo maior que as pernas” e

de “pregar prego sem estopa”.

A verdade é que desconhecemos as festas e os festivais

gastronômicos de nosso estado porque a maioria das cidades

interioranas não possuem estrutura para receber o turista. Por

Carlos Drummond escreveu que “ninguém sabe Minas / só os mineiros sabem / e não dizem nem a si mesmos o / irrevelável segredo chamado Minas”. Mas será que não é hora de nós, mineiros, descortinarmos as montanhas que nos cercam para revelar a riqueza cultural e gastronômica de nossa terra?

por Rusty Marcellini

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Gastronomia 01

que devemos deslocar até Maria da Fé para aprender

sobre a transformação da azeitona em azeite,

para lá descobrir que não há um único restaurante

aberto após as vinte horas em dias úteis? Por que ir

até Medeiros para conhecer a produção do queijo

canastra para lá encontrar um hotel que se assemelha

a uma hospedaria de meados do século 20? Por que ir

até Estiva, apelidada de “a capital do morango”, para

lá verificar a inexistência de informações sobre visitas às

fazendas que cultivam a fruta?

É triste notar que o potencial turístico gastronômico em

Minas Gerais seja, ao mesmo tempo, tão grande e tão

mal explorado.

Entretanto, como disse Sabino, ser mineiro também

é ter “simplicidade e pureza, coragem e bravura”.

Precisamos dar um basta no comodismo e passar a

utilizar as virtudes de nosso povo em prol da divulgação

das riquezas gastronômicas de nosso estado. Mas não

sem antes nos estruturarmos para bem receber os

futuros visitantes.

ModismoÉ comum os modismos gastronômicos em nossa

cidade. Houve um ano em que casas de empadas

pipocavam por tudo que é bairro. Outro em que as

temakerias abriam em vários pontos de uma mesma

região. A febre mais recente foram as sorveterias de

iogurte natural. Agora parece que chegou a vez

das parrillas. Por tudo que é esquina (e até dentro de

shoppings) parece haver uma. Mas poucas realmente

valem a pena. Destaco a Parrilla del Mercado (pioneira

na cidade e que possui cortes de primeira qualidade),

a Parrilla Los Hermanos (excelente custo-benefício), a

Parrilla Urbana (agradável ambiente e cardápio que

oferece papas soufflés, chinchulín e riñones), e o La

Milonga (chimichurri equilibrado e gostoso palmito na

brasa para acompanhar o asado de tira).

TravessaDepois de quinze anos de funcionamento, o Café da

Travessa encerrou as atividades em março. Segundo

Fábio Campos, proprietário da casa, “as obras de

revitalização da Savassi tornaram-se, ao longo de sua

execução, angústia e sofrimento dos lojistas, que viram

o público se afastar pelo desconforto da situação”.

É triste notar que a “revitalização” da Savassi resultou

em muito cimento, pouco verde e nada de charme. E

pior: as medonhas mesas e cadeiras de plástico ainda

dominam a Rua Antônio de Albuquerque entre a Rua

Paraíba e a Avenida Getúlio Vargas.

Page 31: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 30

Afinal, temos a Festa do Maior Pé de Moleque do Mundo em

Piranguinho, o Festival da Quitanda em Congonhas, a Festa

Café com Biscoito em São Tiago, o Festival da Jabuticaba em

Sabará. Podemos vivenciar a rotina dos produtores de queijo do

Serro ou da Serra da Canastra, colher café do pé em Cristina,

pescar trutas em Itamonte, aprender como se faz goiabada

em Ponte Nova. E, entre uma atividade e outra, saborear

frango com ora-pro-nobis, costelinha com angu de milho verde,

tropeiro de feijão andu, pintado na brasa, pessegada e sorvetes

de frutas do cerrado.

Pena que muitos optam por viajar para cantos bem longe

daqui ao invés de trocar miudezas com as senhorinhas de rostos

enrugados, mãos duras como pedra, e sabedoria infinita. Pena

que preferem os restaurantes de toalha de linho, talheres de

prata e taças de cristal ao invés da mesa pelada de tábuas

corridas debaixo da sombra de uma mangueira.

Por quê?A resposta não é simples, mas prefiro “desmineirar” a “esperar a

cor da fumaça” como dizia Fernando Sabino. Se nós, mineiros,

somos conhecidos nacionalmente pela desconfiança ou,

como escreveu Sabino, por “não dizer o que faz, nem o que

vai fazer”, creio que é o momento de começarmos a “meter a

mão na cumbuca”, de “dar um passo maior que as pernas” e

de “pregar prego sem estopa”.

A verdade é que desconhecemos as festas e os festivais

gastronômicos de nosso estado porque a maioria das cidades

interioranas não possuem estrutura para receber o turista. Por

Carlos Drummond escreveu que “ninguém sabe Minas / só os mineiros sabem / e não dizem nem a si mesmos o / irrevelável segredo chamado Minas”. Mas será que não é hora de nós, mineiros, descortinarmos as montanhas que nos cercam para revelar a riqueza cultural e gastronômica de nossa terra?

por Rusty Marcellini

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Gastronomia 01

que devemos deslocar até Maria da Fé para aprender

sobre a transformação da azeitona em azeite,

para lá descobrir que não há um único restaurante

aberto após as vinte horas em dias úteis? Por que ir

até Medeiros para conhecer a produção do queijo

canastra para lá encontrar um hotel que se assemelha

a uma hospedaria de meados do século 20? Por que ir

até Estiva, apelidada de “a capital do morango”, para

lá verificar a inexistência de informações sobre visitas às

fazendas que cultivam a fruta?

É triste notar que o potencial turístico gastronômico em

Minas Gerais seja, ao mesmo tempo, tão grande e tão

mal explorado.

Entretanto, como disse Sabino, ser mineiro também

é ter “simplicidade e pureza, coragem e bravura”.

Precisamos dar um basta no comodismo e passar a

utilizar as virtudes de nosso povo em prol da divulgação

das riquezas gastronômicas de nosso estado. Mas não

sem antes nos estruturarmos para bem receber os

futuros visitantes.

ModismoÉ comum os modismos gastronômicos em nossa

cidade. Houve um ano em que casas de empadas

pipocavam por tudo que é bairro. Outro em que as

temakerias abriam em vários pontos de uma mesma

região. A febre mais recente foram as sorveterias de

iogurte natural. Agora parece que chegou a vez

das parrillas. Por tudo que é esquina (e até dentro de

shoppings) parece haver uma. Mas poucas realmente

valem a pena. Destaco a Parrilla del Mercado (pioneira

na cidade e que possui cortes de primeira qualidade),

a Parrilla Los Hermanos (excelente custo-benefício), a

Parrilla Urbana (agradável ambiente e cardápio que

oferece papas soufflés, chinchulín e riñones), e o La

Milonga (chimichurri equilibrado e gostoso palmito na

brasa para acompanhar o asado de tira).

TravessaDepois de quinze anos de funcionamento, o Café da

Travessa encerrou as atividades em março. Segundo

Fábio Campos, proprietário da casa, “as obras de

revitalização da Savassi tornaram-se, ao longo de sua

execução, angústia e sofrimento dos lojistas, que viram

o público se afastar pelo desconforto da situação”.

É triste notar que a “revitalização” da Savassi resultou

em muito cimento, pouco verde e nada de charme. E

pior: as medonhas mesas e cadeiras de plástico ainda

dominam a Rua Antônio de Albuquerque entre a Rua

Paraíba e a Avenida Getúlio Vargas.

Page 32: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.32 33Gastronomia

Premiações Sobre as premiações de melhores “isto e aquilo”

de Belo Horizonte, confesso não entender as

razões que fazem alguns estabelecimentos

serem agraciados em determinadas

categorias, como as que premiam, por

exemplo, os melhores salgados. O fato é que a

maioria dos jurados não gosta de gastar as solas

de sapato e, portanto, não visitam as inúmeras

lanchonetes espalhadas pela cidade. A seguir

meus destaques em quatro categorias de

salgados:

Pastéis: Bar Mercado Central e Rick´s Pastelaria;

Coxinha:Léo´s Gourmet, Doce Meu, e Empório Vila

Árabe;

Pão de Queijo:Dona Diva, Pão de Queijo da Roça e Pão de

Queijo Mania;

Empadas:Litoral Frutos do Mar, Empada Caipira, Ponto da

Empada e Bar Redentor.

sugestãoUma boa sugestão de passeio para uma

manhã de sábado é ir até um antigo armazém

de secos e molhados em Itabirito. Mas antes

sugiro assistir ao vídeo “Mercearia Paraopeba”

no Youtube, que narra a história do lugar. Lá,

vende-se de tudo: mandiopã, umbigo de

bananeira, broto de samambaia, doce de

laranja em barra, gordura de porco, bala

delícia, feijão andu, farinha de milho blocada,

fubá de moinho d´água, canudinho de doce

de leite e outras delícias. Visitar a Mercearia

Paraopeba e conhecer Roninho, o seu dono,

é reviver uma época de gentilezas que parece

ter sido perdida em algum lugar do passado.

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Foto

: arq

uivo

pes

soal

02

03

04

Gastronomia

Foto

: arq

uivo

pes

soal

01Mesa de quitandas

02Caixas de jabuti-caba durante o

Festival da Jabuti-caba, que aconte-ce anualmente em

Sabará.

03Mercearia Paraope-ba, um orgulho dos

mineiros que fica em Itabirito.

04Festival de Quitan-da, que acontece

anualmente no mês de maio em Con-

gonhas

Page 33: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.32 33Gastronomia

Premiações Sobre as premiações de melhores “isto e aquilo”

de Belo Horizonte, confesso não entender as

razões que fazem alguns estabelecimentos

serem agraciados em determinadas

categorias, como as que premiam, por

exemplo, os melhores salgados. O fato é que a

maioria dos jurados não gosta de gastar as solas

de sapato e, portanto, não visitam as inúmeras

lanchonetes espalhadas pela cidade. A seguir

meus destaques em quatro categorias de

salgados:

Pastéis: Bar Mercado Central e Rick´s Pastelaria;

Coxinha:Léo´s Gourmet, Doce Meu, e Empório Vila

Árabe;

Pão de Queijo:Dona Diva, Pão de Queijo da Roça e Pão de

Queijo Mania;

Empadas:Litoral Frutos do Mar, Empada Caipira, Ponto da

Empada e Bar Redentor.

sugestãoUma boa sugestão de passeio para uma

manhã de sábado é ir até um antigo armazém

de secos e molhados em Itabirito. Mas antes

sugiro assistir ao vídeo “Mercearia Paraopeba”

no Youtube, que narra a história do lugar. Lá,

vende-se de tudo: mandiopã, umbigo de

bananeira, broto de samambaia, doce de

laranja em barra, gordura de porco, bala

delícia, feijão andu, farinha de milho blocada,

fubá de moinho d´água, canudinho de doce

de leite e outras delícias. Visitar a Mercearia

Paraopeba e conhecer Roninho, o seu dono,

é reviver uma época de gentilezas que parece

ter sido perdida em algum lugar do passado.

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Foto

: arq

uivo

pes

soal

02

03

04

GastronomiaFo

to: a

rqui

vo p

esso

al

01Mesa de quitandas

02Caixas de jabuti-caba durante o

Festival da Jabuti-caba, que aconte-ce anualmente em

Sabará.

03Mercearia Paraope-ba, um orgulho dos

mineiros que fica em Itabirito.

04Festival de Quitan-da, que acontece

anualmente no mês de maio em Con-

gonhas

Page 34: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.34 35In Trade

Mais de vinte anos depois, o que era apenas uma tendência virou realidade. De acordo

com o estudo “O Observador Brasil 2011”, desenvolvido pela Cetelem BGN em

parceria com a IPSOS–Public Affair, a classe C foi a única camada da população

cuja renda média familiar cresceu em 2011. A evolução foi de 8%, atingindo R$

1.450 mensais. Só no ano passado, a classe C foi incrementada com 2,7 milhões de

brasileiros vindos das classes D e E. Hoje, 103 milhões de pessoas fazem parte dessa

classe social.

A pesquisa mostra que 63,7 milhões de pessoas ascenderam socialmente no Brasil nos

últimos sete anos. O grupo que mais contribuiu para essa evolução foi a classe C, que

representava 34% da população em 2005, e hoje já ocupa 54% do total de brasileiros.

Estes dados nos ajudam a concluir que o mercado consumidor constituído pela nova

classe média brasileira é a bola da vez. Portanto, é fundamental que as empresas

reconheçam o potencial deste mercado e aproveitem as oportunidades advindas de

um posicionamento estratégico adequado para um enorme número de consumidores

de baixa renda, ávidos por adquirir produtos de qualidade e com preços compatíveis

ao seu poder aquisitivo.

Desde a década de 1990, o mercado de produtos e serviços voltados à classe média brasileira tem recebido especial atenção das empresas e do ambiente acadêmico. Isto aconteceu porque, após a implementação do Plano Real, mesmo não havendo uma significativa melhoria na distribuição de renda no país, verificou-se um aumento no poder aquisitivo da população brasileira, principalmente da classe C.

por Guilherme Guerra

Imag

em: O

s Del

írios

de

Con

sum

o d

e Be

cky

Bloo

m (2

005)

Disn

ey B

uena

Vist

a

In Trade

Dentro deste cenário, quem sempre fez bem o

dever de casa e está colhendo frutos do que

plantou são as marcas regionais.

Há 20 anos, enquanto as grandes empresas

nacionais e multinacionais só se interessavam

pelas classes A e B (consideradas as grandes

consumidoras brasileiras), as marcas regionais já

desenvolviam

produtos de qualidade a preço acessível para

as classes mais baixas da população.

Além disso, as marcas regionais têm outras

vantagens competitivas que contribuem para

o seu bom momento. Como as fábricas estão

mais próximas do consumidor, as marcas

regionais conseguem diminuir custos com

distribuição e consequentemente, obter preços

mais competitivos.

Outro ponto importante a ser destacado é que

as marcas regionais, por conhecerem bem

o seu público alvo, respeitam a identidade

local e compreendem muito melhor o que as

pessoas pensam e sentem, criando assim laços

duradouros com as mesmas.

A consequência desse trabalho muito bem

feito pelas marcas regionais foi que, mesmo

com o aumento do poder aquisitivo, os

consumidores da nova classe média brasileira

se mantiveram fiéis a elas.

Essa fidelidade pode ser comprovada por meio

01 02

03

04

Page 35: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.34 35In Trade

Mais de vinte anos depois, o que era apenas uma tendência virou realidade. De acordo

com o estudo “O Observador Brasil 2011”, desenvolvido pela Cetelem BGN em

parceria com a IPSOS–Public Affair, a classe C foi a única camada da população

cuja renda média familiar cresceu em 2011. A evolução foi de 8%, atingindo R$

1.450 mensais. Só no ano passado, a classe C foi incrementada com 2,7 milhões de

brasileiros vindos das classes D e E. Hoje, 103 milhões de pessoas fazem parte dessa

classe social.

A pesquisa mostra que 63,7 milhões de pessoas ascenderam socialmente no Brasil nos

últimos sete anos. O grupo que mais contribuiu para essa evolução foi a classe C, que

representava 34% da população em 2005, e hoje já ocupa 54% do total de brasileiros.

Estes dados nos ajudam a concluir que o mercado consumidor constituído pela nova

classe média brasileira é a bola da vez. Portanto, é fundamental que as empresas

reconheçam o potencial deste mercado e aproveitem as oportunidades advindas de

um posicionamento estratégico adequado para um enorme número de consumidores

de baixa renda, ávidos por adquirir produtos de qualidade e com preços compatíveis

ao seu poder aquisitivo.

Desde a década de 1990, o mercado de produtos e serviços voltados à classe média brasileira tem recebido especial atenção das empresas e do ambiente acadêmico. Isto aconteceu porque, após a implementação do Plano Real, mesmo não havendo uma significativa melhoria na distribuição de renda no país, verificou-se um aumento no poder aquisitivo da população brasileira, principalmente da classe C.

por Guilherme Guerra

Imag

em: O

s Del

írios

de

Con

sum

o d

e Be

cky

Bloo

m (2

005)

Disn

ey B

uena

Vist

a

In Trade

Dentro deste cenário, quem sempre fez bem o

dever de casa e está colhendo frutos do que

plantou são as marcas regionais.

Há 20 anos, enquanto as grandes empresas

nacionais e multinacionais só se interessavam

pelas classes A e B (consideradas as grandes

consumidoras brasileiras), as marcas regionais já

desenvolviam

produtos de qualidade a preço acessível para

as classes mais baixas da população.

Além disso, as marcas regionais têm outras

vantagens competitivas que contribuem para

o seu bom momento. Como as fábricas estão

mais próximas do consumidor, as marcas

regionais conseguem diminuir custos com

distribuição e consequentemente, obter preços

mais competitivos.

Outro ponto importante a ser destacado é que

as marcas regionais, por conhecerem bem

o seu público alvo, respeitam a identidade

local e compreendem muito melhor o que as

pessoas pensam e sentem, criando assim laços

duradouros com as mesmas.

A consequência desse trabalho muito bem

feito pelas marcas regionais foi que, mesmo

com o aumento do poder aquisitivo, os

consumidores da nova classe média brasileira

se mantiveram fiéis a elas.

Essa fidelidade pode ser comprovada por meio

01 02

03

04

Page 36: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.36 37In Trade

de um estudo realizado pela ACNielsen em

2008, que mostra que as marcas regionais são

destaques em todo o país.

Entre os produtos regionais com maior

volume de vendas, destacam-se as massas

alimentícias, que concentraram 52%

das vendas do mercado. Em relação à

importância numérica, o Café em Pó regional

representa 82% do faturamento da categoria.

Em 2008, as marcas regionais já

representavam 34% do faturamento total

das categorias e, em algumas áreas do país,

chegaram a representar mais

da metade das vendas em valor. Em Minas

Gerais, Espírito Santo e interior do Estado do

Rio de Janeiro, esse número chegava a 63%.

Vale lembrar que nessa área, 30% das marcas

regionais eram ao menos 10% mais caras que

as nacionais.

Em 2010, o Grupo Troiano de Branding

fez um mapeamento inédito e analisou

cinco quesitos com relação à impressão

que o consumidor tem das marcas:

desconhecimento, rejeição, familiaridade

(quando o consumidor conhece, mas não

tem opinião sobre a marca), preferência

(o consumidor prefere aquela marca,

ainda que nem sempre opte por ela) e

idealização (quando ele só consome aquela

marca). O resultado mostra a força das

marcas que nasceram e se desenvolveram

regionalmente.

O dado que mais me chamou atenção neste

estudo foi que, enquanto no Brasil, apenas 9%

das marcas são idealizadas, em Minas Gerais,

20% dos consumidores idealizam a Aymoré

(biscoitos), 24% a Vilma (massas) e 39% a

Drogaria Araujo.

Isto tudo me faz crer que, apesar de vivermos

em um mundo globalizado, dominado pelas

grandes marcas, sempre haverá espaço na

mente e no coração dos consumidores para

as empresas que lhes escutam e respeitam,

como no caso das marcas regionais.

01Biscoito Aymoré, mar-ca tradicional desde

1958 no mercado mineiro

02Massas Vilma,

fundada em 1923 por imigrante italiano em

Belo Horizonte

03Araujo, uma das

marcas mais antigas na capital mineira com 106 anos de

existência

04Conhecidos como dinheiro de plásti-co, os cartões de

crédito são hoje um dos facilitadores do

consumo

E essa evolução da mentalidade corporativa e social faz

com que algumas pessoas e organizações tentem encontrar

resposta para uma pergunta até então sem efeito ou que

nunca havia sido feita: “para que estamos aqui?”, sugerida

pelos autores do livro “Os segredos das empresas mais queridas”,

Sheth, Sisodia e Wolfe.

Além disso, a sociedade tem que começar a exercitar a

análise proposta pelo escritor Simon Sinek, que defende que

o objetivo das corporações não é fazer negócio com pessoas

que precisam do “O QUE” você tem, mas inspirar aquelas que

acreditam no “POR QUE” (motivo, razão, propósito) a empresa

existe. Assim, Sinek defende que toda organização (ou a própria

pessoa) deve partir não do que oferecer ao mercado, mas

descobrir o seu real propósito de vida.

“Cada organização no planeta sabe o que faz. Algumas

sabem como fazem. Mas poucas, muito poucas pessoas ou

organizações sabem o porquê fazem o que fazem. E por ‘por

que’ não quero dizer ‘fazer lucros’. Isso é um resultado. Por ‘por

que’ eu quero dizer: qual seu propósito? Qual é a causa? Qual

é a sua crença? Por que sua organização existe? Por que você

A sociedade está caminhando, de maneira acelerada, para uma nova economia, migrando da era da razão, em que os valores são definidos pelo custo e produto, para a economia espiritual, na qual se percebe a valorização dos aspectos não materiais da vida, como as emoções e aspirações individuais e, consequentemente, sociais.

por Flávio Tófani (Tio Flávio)

In Trade

Ilust

raçã

o: J

anaí

na B

elch

ior

Page 37: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.36 37In Trade

de um estudo realizado pela ACNielsen em

2008, que mostra que as marcas regionais são

destaques em todo o país.

Entre os produtos regionais com maior

volume de vendas, destacam-se as massas

alimentícias, que concentraram 52%

das vendas do mercado. Em relação à

importância numérica, o Café em Pó regional

representa 82% do faturamento da categoria.

Em 2008, as marcas regionais já

representavam 34% do faturamento total

das categorias e, em algumas áreas do país,

chegaram a representar mais

da metade das vendas em valor. Em Minas

Gerais, Espírito Santo e interior do Estado do

Rio de Janeiro, esse número chegava a 63%.

Vale lembrar que nessa área, 30% das marcas

regionais eram ao menos 10% mais caras que

as nacionais.

Em 2010, o Grupo Troiano de Branding

fez um mapeamento inédito e analisou

cinco quesitos com relação à impressão

que o consumidor tem das marcas:

desconhecimento, rejeição, familiaridade

(quando o consumidor conhece, mas não

tem opinião sobre a marca), preferência

(o consumidor prefere aquela marca,

ainda que nem sempre opte por ela) e

idealização (quando ele só consome aquela

marca). O resultado mostra a força das

marcas que nasceram e se desenvolveram

regionalmente.

O dado que mais me chamou atenção neste

estudo foi que, enquanto no Brasil, apenas 9%

das marcas são idealizadas, em Minas Gerais,

20% dos consumidores idealizam a Aymoré

(biscoitos), 24% a Vilma (massas) e 39% a

Drogaria Araujo.

Isto tudo me faz crer que, apesar de vivermos

em um mundo globalizado, dominado pelas

grandes marcas, sempre haverá espaço na

mente e no coração dos consumidores para

as empresas que lhes escutam e respeitam,

como no caso das marcas regionais.

01Biscoito Aymoré, mar-ca tradicional desde

1958 no mercado mineiro

02Massas Vilma,

fundada em 1923 por imigrante italiano em

Belo Horizonte

03Araujo, uma das

marcas mais antigas na capital mineira com 106 anos de

existência

04Conhecidos como dinheiro de plásti-co, os cartões de

crédito são hoje um dos facilitadores do

consumo

E essa evolução da mentalidade corporativa e social faz

com que algumas pessoas e organizações tentem encontrar

resposta para uma pergunta até então sem efeito ou que

nunca havia sido feita: “para que estamos aqui?”, sugerida

pelos autores do livro “Os segredos das empresas mais queridas”,

Sheth, Sisodia e Wolfe.

Além disso, a sociedade tem que começar a exercitar a

análise proposta pelo escritor Simon Sinek, que defende que

o objetivo das corporações não é fazer negócio com pessoas

que precisam do “O QUE” você tem, mas inspirar aquelas que

acreditam no “POR QUE” (motivo, razão, propósito) a empresa

existe. Assim, Sinek defende que toda organização (ou a própria

pessoa) deve partir não do que oferecer ao mercado, mas

descobrir o seu real propósito de vida.

“Cada organização no planeta sabe o que faz. Algumas

sabem como fazem. Mas poucas, muito poucas pessoas ou

organizações sabem o porquê fazem o que fazem. E por ‘por

que’ não quero dizer ‘fazer lucros’. Isso é um resultado. Por ‘por

que’ eu quero dizer: qual seu propósito? Qual é a causa? Qual

é a sua crença? Por que sua organização existe? Por que você

A sociedade está caminhando, de maneira acelerada, para uma nova economia, migrando da era da razão, em que os valores são definidos pelo custo e produto, para a economia espiritual, na qual se percebe a valorização dos aspectos não materiais da vida, como as emoções e aspirações individuais e, consequentemente, sociais.

por Flávio Tófani (Tio Flávio)

In Trade

Ilust

raçã

o: J

anaí

na B

elch

ior

Page 38: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.38 39In Trade

sai da cama pela manhã? E por que alguém

deveria se importar?”

A forma como pensamos, agimos e nos

comunicamos é de fora para dentro, ou seja,

partimos da coisa mais clara para a mais densa.

Porém, os líderes e organizações inspiradoras,

independente de seu tamanho ou área de

atuação, pensam, agem e comunicam de

dentro para fora, afirma Sinek .

Mas este movimento rumo à economia

espiritual não é somente em nível corporativo.

A Organização das Nações Unidas, ONU,

em um esforço para melhorar o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH), propõe que os

países se capacitem e se preparem para medir

o bem estar da sua população. Aí entra o FIB –

Felicidade Interna Bruta, que é uma nova forma

de mensurar o progresso das nações (e das

empresas) e que avalia, dentre outros fatores, a

sustentabilidade e o bem estar das pessoas.

Tendo a sua origem registrada no reino do

Butão, entre a Índia e a China, no limite

oriental das Cordilheiras do Himalaia, o FIB vem

crescendo em importância em diversos países,

desde a França até o Brasil, por iniciativas de

ONGs e até mesmo de instituições como a

Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), que criou

um núcleo para realizar estudos nesta área em

terras tupiniquins.

Segundo constatação de um grupo de

cientistas sociais e matemáticos, em 2008,

liderados pelo economista americano Joseph

Stiglitz, Prêmio Nobel de 2001, o Produto Interno

Bruto, PIB, que é o somatório de tudo aquilo

que é produzido em um país, tem pontos cegos

impossíveis de ignorar. A maior lacuna existente

é medir a riqueza de um país sem levar em

Ilust

raçã

o: J

anaí

na B

elch

ior

conta um dos principais objetivos de vida de

boa parte das pessoas: ser feliz, em primeiro

lugar, e não necessariamente rico.

“Alguns dos fatores que fazem a vida valer

a pena não estão à venda nem podem ser

contabilizados com instrumentos monetários”,

concluíram Stiglitz e sua equipe.

Neste novo mercado as pessoas procuram

algo que está além do que o dinheiro pode

comprar. Buscam significado, felicidade e

realização espiritual, segundo defende uma das

maiores autoridades do Marketing, Philip Kotler,

no livro Marketing 3.0. Além disso, é preciso

entender que estamos vivendo uma nova era,

que tem levado as pessoas a repensarem e

reestruturarem suas vidas e seus negócios.

Porém, o desafio das organizações frente a esse

novo cenário indica que a busca da vantagem

competitiva vai além do gerenciamento

tradicional até então praticado, caracterizado

pela extrema timidez e amadorismo no que diz

respeito às inovações e ainda muito preso às

práticas burocráticas.

Aquelas organizações que tinham a única e

exclusiva preocupação com o lucro, através de

uma maior participação dos seus produtos ou

serviços no mercado, estão sendo convidadas

a repensar seus modelos administrativos, através

do desenvolvimento de novas estratégias

que lhes permitam assegurar uma posição de

destaque numa nova realidade de mercado.

O advento da globalização e o imperativo das

práticas de mercado colaborativas fizeram

com que os gestores e empresários brasileiros

dessem início a um replanejamento dos

modelos organizacionais vigentes até então,

orientando-os para a valorização das pessoas

e da melhoria do ambiente organizacional.

O objetivo é o comprometimento dos seus

funcionários com os valores e a filosofia

da empresa, que devem ser entendidos e

compartilhados internamente, além de refletidos

em seus momentos de contatos com todos os

stakeholders (grupos de interesse e influência).

Porém, antes disso, foi necessário repensar o

próprio modo de ser da empresa, buscando

conhecer características da sua identidade,

descobrindo a organização em sua essência.

Em uma economia interligada, as organizações

precisam colaborar umas com as outras,

com os seus acionistas, com seus parceiros

de canal, com seus empregados e com seus

consumidores. O novo mercado representa

a colaboração de entidades de negócios

que compartilham conjuntos semelhantes de

valores e desejos.

Neste amplo contexto, descobre-se a

importância do marketing interno como

estratégia que, juntamente com a gestão de

pessoas, visa proporcionar a integração dos

funcionários aos objetivos organizacionais, mas

que vai além: busca a melhoria da empresa

como organismo social, conhecendo a sua

essência e promovendo as melhorias culturais

necessárias ao seu desenvolvimento.

O marketing interno ajudará a criar a

“nova empresa”, como sugere Wilson

Cerqueira, estabelecendo um norte

cultural sinérgico, que deverá contar com a

participação representativa e proativa de

todos os envolvidos, melhorando não só a

produtividade, mas também a qualidade dos

produtos e das relações entre as pessoas.

In Trade

Page 39: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.38 39In Trade

sai da cama pela manhã? E por que alguém

deveria se importar?”

A forma como pensamos, agimos e nos

comunicamos é de fora para dentro, ou seja,

partimos da coisa mais clara para a mais densa.

Porém, os líderes e organizações inspiradoras,

independente de seu tamanho ou área de

atuação, pensam, agem e comunicam de

dentro para fora, afirma Sinek .

Mas este movimento rumo à economia

espiritual não é somente em nível corporativo.

A Organização das Nações Unidas, ONU,

em um esforço para melhorar o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH), propõe que os

países se capacitem e se preparem para medir

o bem estar da sua população. Aí entra o FIB –

Felicidade Interna Bruta, que é uma nova forma

de mensurar o progresso das nações (e das

empresas) e que avalia, dentre outros fatores, a

sustentabilidade e o bem estar das pessoas.

Tendo a sua origem registrada no reino do

Butão, entre a Índia e a China, no limite

oriental das Cordilheiras do Himalaia, o FIB vem

crescendo em importância em diversos países,

desde a França até o Brasil, por iniciativas de

ONGs e até mesmo de instituições como a

Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), que criou

um núcleo para realizar estudos nesta área em

terras tupiniquins.

Segundo constatação de um grupo de

cientistas sociais e matemáticos, em 2008,

liderados pelo economista americano Joseph

Stiglitz, Prêmio Nobel de 2001, o Produto Interno

Bruto, PIB, que é o somatório de tudo aquilo

que é produzido em um país, tem pontos cegos

impossíveis de ignorar. A maior lacuna existente

é medir a riqueza de um país sem levar em

Ilust

raçã

o: J

anaí

na B

elch

ior

conta um dos principais objetivos de vida de

boa parte das pessoas: ser feliz, em primeiro

lugar, e não necessariamente rico.

“Alguns dos fatores que fazem a vida valer

a pena não estão à venda nem podem ser

contabilizados com instrumentos monetários”,

concluíram Stiglitz e sua equipe.

Neste novo mercado as pessoas procuram

algo que está além do que o dinheiro pode

comprar. Buscam significado, felicidade e

realização espiritual, segundo defende uma das

maiores autoridades do Marketing, Philip Kotler,

no livro Marketing 3.0. Além disso, é preciso

entender que estamos vivendo uma nova era,

que tem levado as pessoas a repensarem e

reestruturarem suas vidas e seus negócios.

Porém, o desafio das organizações frente a esse

novo cenário indica que a busca da vantagem

competitiva vai além do gerenciamento

tradicional até então praticado, caracterizado

pela extrema timidez e amadorismo no que diz

respeito às inovações e ainda muito preso às

práticas burocráticas.

Aquelas organizações que tinham a única e

exclusiva preocupação com o lucro, através de

uma maior participação dos seus produtos ou

serviços no mercado, estão sendo convidadas

a repensar seus modelos administrativos, através

do desenvolvimento de novas estratégias

que lhes permitam assegurar uma posição de

destaque numa nova realidade de mercado.

O advento da globalização e o imperativo das

práticas de mercado colaborativas fizeram

com que os gestores e empresários brasileiros

dessem início a um replanejamento dos

modelos organizacionais vigentes até então,

orientando-os para a valorização das pessoas

e da melhoria do ambiente organizacional.

O objetivo é o comprometimento dos seus

funcionários com os valores e a filosofia

da empresa, que devem ser entendidos e

compartilhados internamente, além de refletidos

em seus momentos de contatos com todos os

stakeholders (grupos de interesse e influência).

Porém, antes disso, foi necessário repensar o

próprio modo de ser da empresa, buscando

conhecer características da sua identidade,

descobrindo a organização em sua essência.

Em uma economia interligada, as organizações

precisam colaborar umas com as outras,

com os seus acionistas, com seus parceiros

de canal, com seus empregados e com seus

consumidores. O novo mercado representa

a colaboração de entidades de negócios

que compartilham conjuntos semelhantes de

valores e desejos.

Neste amplo contexto, descobre-se a

importância do marketing interno como

estratégia que, juntamente com a gestão de

pessoas, visa proporcionar a integração dos

funcionários aos objetivos organizacionais, mas

que vai além: busca a melhoria da empresa

como organismo social, conhecendo a sua

essência e promovendo as melhorias culturais

necessárias ao seu desenvolvimento.

O marketing interno ajudará a criar a

“nova empresa”, como sugere Wilson

Cerqueira, estabelecendo um norte

cultural sinérgico, que deverá contar com a

participação representativa e proativa de

todos os envolvidos, melhorando não só a

produtividade, mas também a qualidade dos

produtos e das relações entre as pessoas.

In Trade

Page 40: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.40 41

showpor Michael Eudes

Trazer toda doçura e encantamento da poesia por meio da

luminotécnica para o interior das casas. Essa é a proposta de um dos

mais respeitados iluminadores do Brasil. Manoel Castello Branco Neto,

mais conhecido como Maneco Quinderé, traz as perspectivas e

possibilidades da iluminação do palco de grandes espetáculos e shows

para projetos residenciais, criando cenas extraordinárias.

O profissional, descendente da segunda geração de iluminadores

de Jorginho de Carvalho – pioneiro na iluminação moderna no Brasil,

ganhou notoriedade a partir dos anos 1980 e, desde então, passou a

se aventurar ora em produções comerciais, ora em trabalhos de cunho

mais experimental.

Nascido em Teresina, mas radicado no Rio de Janeiro, esse homem

de talento inconfundível é sempre muito requisitado para grandes

espetáculos dirigidos por profissionais como Miguel Falabela e Luiz Carlos

Ripper, e estrelados por artistas como Fernanda Montenegro, entre

outras grandes figuras da dramaturgia nacional.

E não para por aí. O currículo é extenso. Maneco Quinderé também

cria projetos para estabelecimentos comerciais, óperas, desfiles, ballet

e demais eventos. E não é que ele também brilha quando o assunto é

projetar a iluminação de shows musicais? Ele já cuidou da luminotécnica

do palco de Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan e Vanessa da Mata.

Por falar em música, quem solicita os projetos luminotécnicos do lighting

designer para deixar a casa com um toque especial fica bastante

satisfeito. “É possível criar várias cenas, deixando a casa mais iluminada

em um dado momento ou mais introspectiva em outras ocasiões. Dessa

forma, dá para pensar a luz como música”, explica.

Direto dos palcos de grandes espetáculos, o projeto luminotécnico migrou para as residências, conferindo charme, beleza e criatividade aos ambientes.

Foto

: Die

go Q

uind

eré

Entrevista Maneco Quinderé 01

Foto

: Die

go Q

uind

eré

Foto

: Die

go Q

uind

eré

02

03

Page 41: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.40 41

showpor Michael Eudes

Trazer toda doçura e encantamento da poesia por meio da

luminotécnica para o interior das casas. Essa é a proposta de um dos

mais respeitados iluminadores do Brasil. Manoel Castello Branco Neto,

mais conhecido como Maneco Quinderé, traz as perspectivas e

possibilidades da iluminação do palco de grandes espetáculos e shows

para projetos residenciais, criando cenas extraordinárias.

O profissional, descendente da segunda geração de iluminadores

de Jorginho de Carvalho – pioneiro na iluminação moderna no Brasil,

ganhou notoriedade a partir dos anos 1980 e, desde então, passou a

se aventurar ora em produções comerciais, ora em trabalhos de cunho

mais experimental.

Nascido em Teresina, mas radicado no Rio de Janeiro, esse homem

de talento inconfundível é sempre muito requisitado para grandes

espetáculos dirigidos por profissionais como Miguel Falabela e Luiz Carlos

Ripper, e estrelados por artistas como Fernanda Montenegro, entre

outras grandes figuras da dramaturgia nacional.

E não para por aí. O currículo é extenso. Maneco Quinderé também

cria projetos para estabelecimentos comerciais, óperas, desfiles, ballet

e demais eventos. E não é que ele também brilha quando o assunto é

projetar a iluminação de shows musicais? Ele já cuidou da luminotécnica

do palco de Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan e Vanessa da Mata.

Por falar em música, quem solicita os projetos luminotécnicos do lighting

designer para deixar a casa com um toque especial fica bastante

satisfeito. “É possível criar várias cenas, deixando a casa mais iluminada

em um dado momento ou mais introspectiva em outras ocasiões. Dessa

forma, dá para pensar a luz como música”, explica.

Direto dos palcos de grandes espetáculos, o projeto luminotécnico migrou para as residências, conferindo charme, beleza e criatividade aos ambientes.

Foto

: Die

go Q

uind

eré

Entrevista Maneco Quinderé 01

Foto

: Die

go Q

uind

eré

Foto

: Die

go Q

uind

eré

02

03

Page 42: iDeia Templuz - Edição 01

Entretanto, para que essa técnica possa ser

empregada também nas residências, são

necessários vários estudos que analisem a

melhor disposição dos elementos. É que

são muitos os equipamentos usados para

criar esse show de luzes. Quem costuma

ir ao teatro, por exemplo, já deve tê-los

visto. Eles são grandes, alguns são pesados,

e a localização tem influência direta no

resultado. “Tudo na arquitetura do local é

aproveitado para construir os mecanismos

de iluminação”, observa Maneco.

O público que procura esse tipo de trabalho

também é muito exigente. Por isso, é preciso

não apenas se empenhar em criar uma

luminotécnica bonita, mas projetar uma

iluminação que tenha identificação com o

cliente. “Agradar esse público tão específico,

assim como nos espetáculos teatrais, não

é fácil. O cliente, na maioria das vezes, não

gosta de uma coisa muito ousada”, ressalta

Maneco

Segundo ele, nesses casos, é necessário

saber lidar com as pessoas, escutá-las e

adequar o projeto. “O profissional deve

saber até que ponto pode propor algo

novo sem deixar de lado as necessidades

daquele que solicitou o serviço”, explica.

Ele lembra ainda que “o trabalho de luz/

arquitetura está muito ligado à estética”.

Isso faz com que o cliente seja mais

rigoroso.

No entanto, as residências não são os

únicos locais que podem abrigar tal

modelo de iluminação, característico dos

palcos. Bares, restaurantes e discotecas,

também recebem esse recurso.

Foto

: Die

go Q

uind

eré

Foto

: Die

go Q

uind

eré

04

05 “Ambientes assim permitem uma liberdade

de criação maior, pois oferecem mais

descontração”, ressalta o iluminador. Seja

para projetos residenciais ou comerciais,

um fator é muito importante para quem

quer deixar o ambiente mais bonito e

agradável sem pesar no bolso: as lâmpadas

LED (diodo emissor de Luz), sinônimo de

economia certa.

Quem adere a esse tipo de luminotécnica

pode ter a certeza de que o ambiente

ficará mais versátil, belo e cheio de

possibilidades. Além, é claro, de brilhar

muito. Um verdadeiro show de luzes.

01Residência -

Valorização do relevo da parede

com iluminação wall washer,

dando um efeito intimista.

02Maneco Quinderé.

03Iluminação

Downlight, pode ser utilizada também para dar a sensa-

ção de aconchego.

04Valorização da sala

de jantar através de uma iluminação

focalizada.

05Iluminação com várias técnicas ,

possibilitando a valoriza-ção de cada

elemento em especial.

Page 43: iDeia Templuz - Edição 01

Entretanto, para que essa técnica possa ser

empregada também nas residências, são

necessários vários estudos que analisem a

melhor disposição dos elementos. É que

são muitos os equipamentos usados para

criar esse show de luzes. Quem costuma

ir ao teatro, por exemplo, já deve tê-los

visto. Eles são grandes, alguns são pesados,

e a localização tem influência direta no

resultado. “Tudo na arquitetura do local é

aproveitado para construir os mecanismos

de iluminação”, observa Maneco.

O público que procura esse tipo de trabalho

também é muito exigente. Por isso, é preciso

não apenas se empenhar em criar uma

luminotécnica bonita, mas projetar uma

iluminação que tenha identificação com o

cliente. “Agradar esse público tão específico,

assim como nos espetáculos teatrais, não

é fácil. O cliente, na maioria das vezes, não

gosta de uma coisa muito ousada”, ressalta

Maneco

Segundo ele, nesses casos, é necessário

saber lidar com as pessoas, escutá-las e

adequar o projeto. “O profissional deve

saber até que ponto pode propor algo

novo sem deixar de lado as necessidades

daquele que solicitou o serviço”, explica.

Ele lembra ainda que “o trabalho de luz/

arquitetura está muito ligado à estética”.

Isso faz com que o cliente seja mais

rigoroso.

No entanto, as residências não são os

únicos locais que podem abrigar tal

modelo de iluminação, característico dos

palcos. Bares, restaurantes e discotecas,

também recebem esse recurso.

Foto

: Die

go Q

uind

eré

Foto

: Die

go Q

uind

eré

04

05 “Ambientes assim permitem uma liberdade

de criação maior, pois oferecem mais

descontração”, ressalta o iluminador. Seja

para projetos residenciais ou comerciais,

um fator é muito importante para quem

quer deixar o ambiente mais bonito e

agradável sem pesar no bolso: as lâmpadas

LED (diodo emissor de Luz), sinônimo de

economia certa.

Quem adere a esse tipo de luminotécnica

pode ter a certeza de que o ambiente

ficará mais versátil, belo e cheio de

possibilidades. Além, é claro, de brilhar

muito. Um verdadeiro show de luzes.

01Residência -

Valorização do relevo da parede

com iluminação wall washer,

dando um efeito intimista.

02Maneco Quinderé.

03Iluminação

Downlight, pode ser utilizada também para dar a sensa-

ção de aconchego.

04Valorização da sala

de jantar através de uma iluminação

focalizada.

05Iluminação com várias técnicas ,

possibilitando a valoriza-ção de cada

elemento em especial.

Page 44: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.44 45

design Sustentável:a nova forma de pensar o Mundopor Michael Eudes

Entrevista John Thackara

Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, o homem

intensificou a exploração dos recursos naturais. A tecnologia

trouxe benefícios – avanços significativos aos mecanismos de

produção na indústria. Em contrapartida, a natureza ficou em

segundo plano, sendo devastada com avidez. Agora, ela dá

constantes sinais de que está no limite. Diversas mudanças

climáticas causam fenômenos naturais nocivos ao homem.

Por isso, mais do que nunca, é chegado o momento de

repensar as ferramentas de produção e aliar a estas ações de

desenvolvimento, soluções que causem menos estragos ao

meio ambiente.

Por falar em Revolução Industrial, coincidência ou não, foi

justamente onde nasceu esse movimento, em Middlesbrough,

na Inglaterra, que surgiu outra prática, contrária à primeira.

Nessa cidade, localizada no nordeste da Inglaterra, John

Thackara fez do seu trabalho vitrine para outros continentes

do mundo. Ele conseguiu, por meio de estratégias bem

elaboradas, plantar alimentos em quantidade suficiente para

atender a população local. O povo foi orientado e conseguiu

aproveitar bem cada espaço disponível ao plantio. Resultado:

em apenas um ano, foram produzidos alimentos suficientes

para sete dos 142 mil habitantes da cidade.

O exemplo de Middlesbrough ressalta a importância de

atitudes sustentáveis. No entanto, John não acredita que deve,

obrigatoriamente, mudar os hábitos da população. “É sempre

um desastre quando designers tentam dizer a outras pessoas

Desenvolver medidas econômicas e buscar materiais que não agridam o meio ambiente são os principais objetivos e valores das corporações contemporâneas. E, no design, há a mesma preocupação com a preservação do Planeta. O filósofo e escritor inglês John Thackara é símbolo desse novo modus operandis do setor e pioneiro em soluções sustentáveis.

como elas devem viver. Não sou favorável à ideia de que o

design possa alterar o comportamento das pessoas. O que

pode ser feito, no entanto, é criar ferramentas e plataformas

que possibilitem às pessoas partilhar recursos, como: energia,

tempo, matéria, habilidade, softwares, espaços, ou até mesmo

comida”, pondera o escritor.

O profissional acredita que, para haver maior difusão da

sustentabilidade, é necessário popularizar, ou seja, facilitar

o acesso das pessoas de várias classes sociais ao design.

“Acredito que o design deve deixar de ser uma ferramenta

disponível apenas para quem pode pagar. Ele precisa estar

diretamente relacionado a valores explícitos, como respeito

incondicional pela vida e pelas condições que a suportam”,

salienta Thackara. Para ele, o problema está em acharmos que

o atual estado do planeta é culpa e responsabilidade de

outras pessoas.

Foto

: Jan

Bijl.

com

Mesmo assim, não basta que apenas os

designers se preocupem com a preservação

do mundo. As indústrias e o comércio, motores

da economia, também precisam contribuir.

De acordo com Thackara, esses setores

devem criar mecanismos que encorajem

atitudes de preservação. “Muitos designers e

líderes de negócios estão se conscientizando

da loucura do crescimento da economia

industrial, e começando a buscar medidas,

ainda modestas, para o desenvolvimento de

uma economia regenerativa. É o início de um

período de transformação”, garante.

John destaca o trabalho de profissionais que

se preocupam com a sustentabilidade: “É

fantástico perceber que os designers estão

sendo envolvidos em projetos que melhoram

o acesso à água potável. É inspirador ver

engenheiros descobrindo maneiras de

reduzir o custo de equipamentos médicos

ou agrícolas. E o design de comunicação,

aumentando a conscientização sobre

questões sociais urgentes, desempenha um

papel genuinamente crítico da vida em

desenvolvimento”.

O futuro é, de fato, uma das bases de trabalho

da política de sustentabilidade. Por isso,

despertar o interesse dos jovens para essa

questão também é um fator imprescindível.

Segundo Thackara, muitos estudantes e

jovens designers estão em busca de uma

nova direção. Porém, em muitas escolas, as

ações estão restritas apenas a cartazes sobre

o assunto. “A transição para a sustentabilidade

não é mais sobre mensagens, e sim, sobre

atitudes e ações. Não tenho dúvida, a escolha

é muito clara! Se você não for a favor da

biosfera, você é contra ela, não tem meio

termo” alerta.

A necessidade imediata de mudança da

qual se refere o britânico encontra um grande

obstáculo: o excesso de produção industrial.

John é enfático ao descrever os exageros: “No

ano passado, um novo produto foi lançado em

algum lugar do mundo, a cada três minutos.

A maioria dessas mercadorias envolveu a

utilização de energia, água e recursos naturais.

Cada produto, assim, contribuiu para os 70

milhões de toneladas de C02 que é emitido

para a atmosfera terrestre, a cada 24 horas,

como resultado da atividade humana. Nós não

precisamos de mais produtos!”.

01

Foto

: arq

uivo

pes

soal

01Fazendas de Zurique que distri-buem seus produtos através de suas próprias lojas. Vinte novos projetos foram lançados, no oeste da Suíça só nos últimos tempos. Um exemplo é o de Ortoloco (abaixo) é uma fazenda auto-gerida cooperativa com 200 membros ativos.(John Thackara)

Page 45: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.44 45

design Sustentável:a nova forma de pensar o Mundopor Michael Eudes

Entrevista John Thackara

Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, o homem

intensificou a exploração dos recursos naturais. A tecnologia

trouxe benefícios – avanços significativos aos mecanismos de

produção na indústria. Em contrapartida, a natureza ficou em

segundo plano, sendo devastada com avidez. Agora, ela dá

constantes sinais de que está no limite. Diversas mudanças

climáticas causam fenômenos naturais nocivos ao homem.

Por isso, mais do que nunca, é chegado o momento de

repensar as ferramentas de produção e aliar a estas ações de

desenvolvimento, soluções que causem menos estragos ao

meio ambiente.

Por falar em Revolução Industrial, coincidência ou não, foi

justamente onde nasceu esse movimento, em Middlesbrough,

na Inglaterra, que surgiu outra prática, contrária à primeira.

Nessa cidade, localizada no nordeste da Inglaterra, John

Thackara fez do seu trabalho vitrine para outros continentes

do mundo. Ele conseguiu, por meio de estratégias bem

elaboradas, plantar alimentos em quantidade suficiente para

atender a população local. O povo foi orientado e conseguiu

aproveitar bem cada espaço disponível ao plantio. Resultado:

em apenas um ano, foram produzidos alimentos suficientes

para sete dos 142 mil habitantes da cidade.

O exemplo de Middlesbrough ressalta a importância de

atitudes sustentáveis. No entanto, John não acredita que deve,

obrigatoriamente, mudar os hábitos da população. “É sempre

um desastre quando designers tentam dizer a outras pessoas

Desenvolver medidas econômicas e buscar materiais que não agridam o meio ambiente são os principais objetivos e valores das corporações contemporâneas. E, no design, há a mesma preocupação com a preservação do Planeta. O filósofo e escritor inglês John Thackara é símbolo desse novo modus operandis do setor e pioneiro em soluções sustentáveis.

como elas devem viver. Não sou favorável à ideia de que o

design possa alterar o comportamento das pessoas. O que

pode ser feito, no entanto, é criar ferramentas e plataformas

que possibilitem às pessoas partilhar recursos, como: energia,

tempo, matéria, habilidade, softwares, espaços, ou até mesmo

comida”, pondera o escritor.

O profissional acredita que, para haver maior difusão da

sustentabilidade, é necessário popularizar, ou seja, facilitar

o acesso das pessoas de várias classes sociais ao design.

“Acredito que o design deve deixar de ser uma ferramenta

disponível apenas para quem pode pagar. Ele precisa estar

diretamente relacionado a valores explícitos, como respeito

incondicional pela vida e pelas condições que a suportam”,

salienta Thackara. Para ele, o problema está em acharmos que

o atual estado do planeta é culpa e responsabilidade de

outras pessoas.

Foto

: Jan

Bijl.

com

Mesmo assim, não basta que apenas os

designers se preocupem com a preservação

do mundo. As indústrias e o comércio, motores

da economia, também precisam contribuir.

De acordo com Thackara, esses setores

devem criar mecanismos que encorajem

atitudes de preservação. “Muitos designers e

líderes de negócios estão se conscientizando

da loucura do crescimento da economia

industrial, e começando a buscar medidas,

ainda modestas, para o desenvolvimento de

uma economia regenerativa. É o início de um

período de transformação”, garante.

John destaca o trabalho de profissionais que

se preocupam com a sustentabilidade: “É

fantástico perceber que os designers estão

sendo envolvidos em projetos que melhoram

o acesso à água potável. É inspirador ver

engenheiros descobrindo maneiras de

reduzir o custo de equipamentos médicos

ou agrícolas. E o design de comunicação,

aumentando a conscientização sobre

questões sociais urgentes, desempenha um

papel genuinamente crítico da vida em

desenvolvimento”.

O futuro é, de fato, uma das bases de trabalho

da política de sustentabilidade. Por isso,

despertar o interesse dos jovens para essa

questão também é um fator imprescindível.

Segundo Thackara, muitos estudantes e

jovens designers estão em busca de uma

nova direção. Porém, em muitas escolas, as

ações estão restritas apenas a cartazes sobre

o assunto. “A transição para a sustentabilidade

não é mais sobre mensagens, e sim, sobre

atitudes e ações. Não tenho dúvida, a escolha

é muito clara! Se você não for a favor da

biosfera, você é contra ela, não tem meio

termo” alerta.

A necessidade imediata de mudança da

qual se refere o britânico encontra um grande

obstáculo: o excesso de produção industrial.

John é enfático ao descrever os exageros: “No

ano passado, um novo produto foi lançado em

algum lugar do mundo, a cada três minutos.

A maioria dessas mercadorias envolveu a

utilização de energia, água e recursos naturais.

Cada produto, assim, contribuiu para os 70

milhões de toneladas de C02 que é emitido

para a atmosfera terrestre, a cada 24 horas,

como resultado da atividade humana. Nós não

precisamos de mais produtos!”.

01

Foto

: arq

uivo

pes

soal

01Fazendas de Zurique que distri-buem seus produtos através de suas próprias lojas. Vinte novos projetos foram lançados, no oeste da Suíça só nos últimos tempos. Um exemplo é o de Ortoloco (abaixo) é uma fazenda auto-gerida cooperativa com 200 membros ativos.(John Thackara)

Page 46: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 47pág. 46

Design no BrasilConfira um bate papo rápido sobre o olhar do inglês em relação ao Brasil:

Você conhece algum projeto no Brasil que está caminhando de acordo com o que você acredita ser o correto? Pode nos dizer qual?Eu fui ao Brasil apenas algumas vezes, então

não sou um expert no mundo do design

brasileiro. Mas, como uma reação instantânea,

eu diria que todos os projetos que podem

levar o país em direção à forma antiga

de industrialização - a produção de carros

particulares, agronegócio, supermercados,

grandes hotéis, são uma forma ruim de

desenvolvimento, do ponto de vista dos

interesses da biosfera.

Há alguma figura da área de design, em especial, que você admira no país?O que mantém meus olhos atentos, e que

sempre apoio, são exemplos de profissionais

que ajudam a desenvolver novas possibilidades

para atender às necessidades da vida diária.

Uma inspiração recente, em minha opinião,

é o novo livro de Adélia Borges “Design +

Artesanato: O Caminho Brasileiro”. Ela reúne

uma série gloriosa de artefatos coletadas em

cada região brasileira. Algo importante que o

livro traz são os artesãos, o papel deles como

especialistas em técnicas e administradores das

possibilidades agrícolas e artesanais de

suas regiões.

Como o design pode contribuir no caso do Brasil?Uma das possibilidades importantes é poder

colaborar com a economia regenerativa, que

é agora emergente, é descobrir quais os bens e

recursos já estão lá, no seu território. Os recursos

naturais, como o vento, o sol, com potencial

para gerar energias limpas, materiais diversos,

e as habilidades necessárias para usá-los se

tornam matéria-prima do design para uma

nova economia.

Entrevista John Thackara

02 e 03Empresa de Zurique que com apenas 02 entregadores fornece produtos orgânicos a bares da cidade, com 40 diferentes tipos de sopa, tudo sem aditivos, completamente orgânico.(John Thackara)

02

04

03

04Visitei uma fazenda inspiradora, Akur, onde Thordur Halldorsson e Karolina Gunnarsdo ttir passa-ram os últimos 20 anos criando o protótipo de um mercado auto-suficiente. (John Thackara)

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Ivo Fariapor Ana Cláudia UlhôaUm sucesso na gastronomia

Entrevista Ivo Faria

Desde muito cedo Ivo Faria, já mostrava aptidão para a cozinha. O dono do restaurante Vecchio Sogno preparou seus primeiros pratos quando ainda tinha 14 anos, ao ingressar no curso técnico do Senac. Para complementar a formação, o chef mineiro estudou em diversas instituições do Brasil e do mundo.

Cursou Nutrição, Dietética e passou pelo Centro Internacional de

Glion, na Suíça. Durante sua trajetória participou de vários festivais

de gastronomia e recebeu prêmios de revistas especializadas,

como Veja, Gula e Wine Spectator. Em entrevista para a Revista

Ideia, Ivo Faria conta como a união entre sabor e design pode

colaborar para uma carreira de sucesso.

Revista Ideia: Como você pensa o design de um prato?Ivo Faria: Quando você pensa em um prato, antes de mais

nada, você tem que pensar no equilíbrio. A primeira coisa

é harmonizar os alimentos, depois vem a cor e, por último, a

montagem propriamente dita. Não adianta nada criar um prato

sem sabor e sem vida. Você tem que escolher os ingredientes

certos, o molho que vai dar presença e a louça que vai terminar

de compor. Agora, muitas vezes, isso nasce na hora que você

está compondo. Vem da alma. Tem prato que você cria uma

vez só e não consegue reproduzir nunca mais.

RI: O que você costuma fazer para não esquecer o prato que acabou de criar?IF: Eu registro muita coisa, porque normalmente eu dou cursos.

As receitas do dia a dia também são mais fáceis. Você tem o

prato no cardápio, então, todos os dias, ele é montado da

mesma forma. Só que no horário de movimento do restaurante,

é complicado. Quando um cliente pede um prato, é comum

você pegar um produto que te interessa ali, outro aqui, executar

e no dia seguinte falar: gente, aquele prato ficou maravilhoso.

Mas você não registrou.

RI: Já teve algum prato, em especial, que você achou magnífico e se arrependeu de não ter registrado?IF: O magnífico é por pouco tempo. Você pode fazer um prato

hoje que é perfeito e depois não achá-lo tão interessante mais.

Tem pratos que eu fiz há mais tempo e que hoje eu não faria

do mesmo jeito, porque as coisas vão evoluindo. Então, daqui a

seis meses, aquilo que você criou já passou, você quer mudar. A

criação é uma coisa de momento.

RI: Existem comidas que são mais complicadas de trabalhar. O que você faz nesses casos?IF: Alguns pratos têm um sabor muito bom, mas, muitas vezes,

não te dão condições de realizar uma apresentação legal.

Nesses casos, você tem que buscar elementos que possam te

auxiliar, como uma louça ou uma taça. Eles vão te ajudar a criar

uma certa beleza, uma certa estrutura. Existe também aquela

comida que é difícil de apresentar beleza, mas vai sempre

Foto

: div

ulga

ção

Page 47: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 47pág. 46

Design no BrasilConfira um bate papo rápido sobre o olhar do inglês em relação ao Brasil:

Você conhece algum projeto no Brasil que está caminhando de acordo com o que você acredita ser o correto? Pode nos dizer qual?Eu fui ao Brasil apenas algumas vezes, então

não sou um expert no mundo do design

brasileiro. Mas, como uma reação instantânea,

eu diria que todos os projetos que podem

levar o país em direção à forma antiga

de industrialização - a produção de carros

particulares, agronegócio, supermercados,

grandes hotéis, são uma forma ruim de

desenvolvimento, do ponto de vista dos

interesses da biosfera.

Há alguma figura da área de design, em especial, que você admira no país?O que mantém meus olhos atentos, e que

sempre apoio, são exemplos de profissionais

que ajudam a desenvolver novas possibilidades

para atender às necessidades da vida diária.

Uma inspiração recente, em minha opinião,

é o novo livro de Adélia Borges “Design +

Artesanato: O Caminho Brasileiro”. Ela reúne

uma série gloriosa de artefatos coletadas em

cada região brasileira. Algo importante que o

livro traz são os artesãos, o papel deles como

especialistas em técnicas e administradores das

possibilidades agrícolas e artesanais de

suas regiões.

Como o design pode contribuir no caso do Brasil?Uma das possibilidades importantes é poder

colaborar com a economia regenerativa, que

é agora emergente, é descobrir quais os bens e

recursos já estão lá, no seu território. Os recursos

naturais, como o vento, o sol, com potencial

para gerar energias limpas, materiais diversos,

e as habilidades necessárias para usá-los se

tornam matéria-prima do design para uma

nova economia.

Entrevista John Thackara

02 e 03Empresa de Zurique que com apenas 02 entregadores fornece produtos orgânicos a bares da cidade, com 40 diferentes tipos de sopa, tudo sem aditivos, completamente orgânico.(John Thackara)

02

04

03

04Visitei uma fazenda inspiradora, Akur, onde Thordur Halldorsson e Karolina Gunnarsdo ttir passa-ram os últimos 20 anos criando o protótipo de um mercado auto-suficiente. (John Thackara)

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Ivo Fariapor Ana Cláudia UlhôaUm sucesso na gastronomia

Entrevista Ivo Faria

Desde muito cedo Ivo Faria, já mostrava aptidão para a cozinha. O dono do restaurante Vecchio Sogno preparou seus primeiros pratos quando ainda tinha 14 anos, ao ingressar no curso técnico do Senac. Para complementar a formação, o chef mineiro estudou em diversas instituições do Brasil e do mundo.

Cursou Nutrição, Dietética e passou pelo Centro Internacional de

Glion, na Suíça. Durante sua trajetória participou de vários festivais

de gastronomia e recebeu prêmios de revistas especializadas,

como Veja, Gula e Wine Spectator. Em entrevista para a Revista

Ideia, Ivo Faria conta como a união entre sabor e design pode

colaborar para uma carreira de sucesso.

Revista Ideia: Como você pensa o design de um prato?Ivo Faria: Quando você pensa em um prato, antes de mais

nada, você tem que pensar no equilíbrio. A primeira coisa

é harmonizar os alimentos, depois vem a cor e, por último, a

montagem propriamente dita. Não adianta nada criar um prato

sem sabor e sem vida. Você tem que escolher os ingredientes

certos, o molho que vai dar presença e a louça que vai terminar

de compor. Agora, muitas vezes, isso nasce na hora que você

está compondo. Vem da alma. Tem prato que você cria uma

vez só e não consegue reproduzir nunca mais.

RI: O que você costuma fazer para não esquecer o prato que acabou de criar?IF: Eu registro muita coisa, porque normalmente eu dou cursos.

As receitas do dia a dia também são mais fáceis. Você tem o

prato no cardápio, então, todos os dias, ele é montado da

mesma forma. Só que no horário de movimento do restaurante,

é complicado. Quando um cliente pede um prato, é comum

você pegar um produto que te interessa ali, outro aqui, executar

e no dia seguinte falar: gente, aquele prato ficou maravilhoso.

Mas você não registrou.

RI: Já teve algum prato, em especial, que você achou magnífico e se arrependeu de não ter registrado?IF: O magnífico é por pouco tempo. Você pode fazer um prato

hoje que é perfeito e depois não achá-lo tão interessante mais.

Tem pratos que eu fiz há mais tempo e que hoje eu não faria

do mesmo jeito, porque as coisas vão evoluindo. Então, daqui a

seis meses, aquilo que você criou já passou, você quer mudar. A

criação é uma coisa de momento.

RI: Existem comidas que são mais complicadas de trabalhar. O que você faz nesses casos?IF: Alguns pratos têm um sabor muito bom, mas, muitas vezes,

não te dão condições de realizar uma apresentação legal.

Nesses casos, você tem que buscar elementos que possam te

auxiliar, como uma louça ou uma taça. Eles vão te ajudar a criar

uma certa beleza, uma certa estrutura. Existe também aquela

comida que é difícil de apresentar beleza, mas vai sempre

Foto

: div

ulga

ção

Page 48: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.48 49

agradar o paladar. Essa é a comida tradicional.

É aquela que nós já temos dentro da nossa

memória gustativa. Ela não precisa ser muito

bonita, porque você já possui uma referência

sobre ela. Quando ela aparece na sua frente,

o desejo de comer já é despertado. O frango

caipira com quiabo, a feijoada, o tropeiro, já

estão gravados no subconsciente. A comida

da mãe não precisa ser tão bonita. Nesse

caso, a beleza é o frescor do alimento, é a

lembrança. Agora, quando o prato não faz

parte das referências do cliente, ele tem que

surpreender mais do que os outros.

RI: O Vecchio Sogno é um restaurante de comida italiana. Como você faz para trabalhar essas referências culturais?IF: O que nós fazemos muito é misturar a

comida do dia a dia com os pratos mais

sofisticados. Porém, essa harmonização não

pode agredir o paladar do cliente. Podemos

também pegar pratos tradicionais e fazer uma

apresentação diferente. Por exemplo, se o

cliente pedir um tutu, ao invés de servir solto,

você pode colocá-lo dentro de uma trouxinha

de taioba, com um torresminho por cima, um

lombo grelhado do lado e arroz. Quando você

faz isso, você muda o conceito. O produto

é o mesmo, você só modificou a forma de

apresentar. Mas, ao fazer isso, você mexe com

o cliente, com a sua criatividade.

RI: A gastronomia sempre veio acompanhada dessa preocupação com a estética?IF: Antigamente, os chefes montavam

bandejas e buffets. Hoje, trabalhamos muito

com pratos e pequenas porções. Mas, nos

dois casos, há uma preocupação com o lado

visual. O que houve foi uma modificação na

maneira como montamos e preparamos a

comida.

RI: Como foi essa evolução da gastronomia?IF: A mudança começa na preparação da

comida. Se você lembrar dos seus avós, eles

comiam pratos preparados com banha,

com toucinho. Com o tempo veio a banha

pronta, depois o óleo, a manteiga, o azeite.

Tudo foi passando por um processo de

refinamento, a partir da exigência do ser

humano. Antigamente, a comida era mais

pesada, hoje existe gente que não come fritura.

Quando eu era jovem, aprendi a usar todos

esses ingredientes. Hoje eu não faço mais esses

pratos, porém eles me servem de base para

executar as receita.

RI: Qual é o efeito do lado estético na pessoa que recebe o prato?IF: Se o maitre descrever um prato de uma

maneira e ele vier de outra você já derruba

50% do desejo do cliente. A beleza cria um

impacto, mas ela não pode ser uma beleza

exagerada, ela tem que mexer com todos

os sentidos, tem que dar vontade de comer.

A mesma coisa quando você cria um prato,

se ele é todo linear, todo chapado, você

não vê nenhum detalhe. Então, você tem

que realçar cores, desníveis e contornos.

Você tem que destacar tudo isso para que

a pessoa possa sentir.

Foto

: div

ulga

ção

RI: Qual dica você daria para quem deseja aprender a fazer um prato com uma boa apresentação?IF: Essa pessoa pode pesquisar elementos

que estejam dentro dos hábitos alimentares

dela, e depois tentar executar as receitas.

Você nunca vai conseguir fazer nada se

não tentar. Ao testar uma, duas, três vezes,

você tem condições de aprimorar o seu

trabalho. Buscar conhecimento também

é importante. Faça cursos, leia e busque

receitas novas.

Involtino de parma com caprino e folhas

Ingredientes (10 pessoas)1 pé alface crespa

2 pés de frizes

½ maço de rúcula

½ pé alface americano

1 pé radichio

1 maço salsa comum

200 gr queijo de cabra fresco

40 ml creme de leite

12 fatias de presunto parma

(fatiado longo)

150 gr raiz de funcho (cubos

pequenos)

150 gr pêra (cubos pequenos)

1 unidade manga haden

(cubos pequenos)

Limão

Azeite extra virgem

Aceto balsâmico reduzido

com açúcar ou mel

Preparação:1)Rasgar as folhas

maiores em 4 pedaços.

2)Fatiar o presunto parma em

laminas finas e dispor 5 fatias

longas uma ao lado da outra,

sobre um plástico.

3)Dispor as folhas sobre o par-

ma colocar o queijo caprino

amolecido com o creme de

leite formando um bastão

cilíndrico e colocar

sobre as folhas.

4)Enrolar as fatias de parma

fazendo rolos de

7 cm de diâmetro.

5)Cortar cada porção em 8

cm de altura

6)Fazer um vinagrete com

a raiz de funcho, a pêra e a

manga cortados em peque-

nos cubinhos

com azeite e limão.

Montagem:1.Quadricular o prato com

redução de aceto balsâmico.

2.Colocar o involtino de par-

ma no centro,

o vinagrete ao lado.

Confira a receita queo chef preparoue tente fazer em casa

Page 49: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.48 49

agradar o paladar. Essa é a comida tradicional.

É aquela que nós já temos dentro da nossa

memória gustativa. Ela não precisa ser muito

bonita, porque você já possui uma referência

sobre ela. Quando ela aparece na sua frente,

o desejo de comer já é despertado. O frango

caipira com quiabo, a feijoada, o tropeiro, já

estão gravados no subconsciente. A comida

da mãe não precisa ser tão bonita. Nesse

caso, a beleza é o frescor do alimento, é a

lembrança. Agora, quando o prato não faz

parte das referências do cliente, ele tem que

surpreender mais do que os outros.

RI: O Vecchio Sogno é um restaurante de comida italiana. Como você faz para trabalhar essas referências culturais?IF: O que nós fazemos muito é misturar a

comida do dia a dia com os pratos mais

sofisticados. Porém, essa harmonização não

pode agredir o paladar do cliente. Podemos

também pegar pratos tradicionais e fazer uma

apresentação diferente. Por exemplo, se o

cliente pedir um tutu, ao invés de servir solto,

você pode colocá-lo dentro de uma trouxinha

de taioba, com um torresminho por cima, um

lombo grelhado do lado e arroz. Quando você

faz isso, você muda o conceito. O produto

é o mesmo, você só modificou a forma de

apresentar. Mas, ao fazer isso, você mexe com

o cliente, com a sua criatividade.

RI: A gastronomia sempre veio acompanhada dessa preocupação com a estética?IF: Antigamente, os chefes montavam

bandejas e buffets. Hoje, trabalhamos muito

com pratos e pequenas porções. Mas, nos

dois casos, há uma preocupação com o lado

visual. O que houve foi uma modificação na

maneira como montamos e preparamos a

comida.

RI: Como foi essa evolução da gastronomia?IF: A mudança começa na preparação da

comida. Se você lembrar dos seus avós, eles

comiam pratos preparados com banha,

com toucinho. Com o tempo veio a banha

pronta, depois o óleo, a manteiga, o azeite.

Tudo foi passando por um processo de

refinamento, a partir da exigência do ser

humano. Antigamente, a comida era mais

pesada, hoje existe gente que não come fritura.

Quando eu era jovem, aprendi a usar todos

esses ingredientes. Hoje eu não faço mais esses

pratos, porém eles me servem de base para

executar as receita.

RI: Qual é o efeito do lado estético na pessoa que recebe o prato?IF: Se o maitre descrever um prato de uma

maneira e ele vier de outra você já derruba

50% do desejo do cliente. A beleza cria um

impacto, mas ela não pode ser uma beleza

exagerada, ela tem que mexer com todos

os sentidos, tem que dar vontade de comer.

A mesma coisa quando você cria um prato,

se ele é todo linear, todo chapado, você

não vê nenhum detalhe. Então, você tem

que realçar cores, desníveis e contornos.

Você tem que destacar tudo isso para que

a pessoa possa sentir.

Foto

: div

ulga

ção

RI: Qual dica você daria para quem deseja aprender a fazer um prato com uma boa apresentação?IF: Essa pessoa pode pesquisar elementos

que estejam dentro dos hábitos alimentares

dela, e depois tentar executar as receitas.

Você nunca vai conseguir fazer nada se

não tentar. Ao testar uma, duas, três vezes,

você tem condições de aprimorar o seu

trabalho. Buscar conhecimento também

é importante. Faça cursos, leia e busque

receitas novas.

Involtino de parma com caprino e folhas

Ingredientes (10 pessoas)1 pé alface crespa

2 pés de frizes

½ maço de rúcula

½ pé alface americano

1 pé radichio

1 maço salsa comum

200 gr queijo de cabra fresco

40 ml creme de leite

12 fatias de presunto parma

(fatiado longo)

150 gr raiz de funcho (cubos

pequenos)

150 gr pêra (cubos pequenos)

1 unidade manga haden

(cubos pequenos)

Limão

Azeite extra virgem

Aceto balsâmico reduzido

com açúcar ou mel

Preparação:1)Rasgar as folhas

maiores em 4 pedaços.

2)Fatiar o presunto parma em

laminas finas e dispor 5 fatias

longas uma ao lado da outra,

sobre um plástico.

3)Dispor as folhas sobre o par-

ma colocar o queijo caprino

amolecido com o creme de

leite formando um bastão

cilíndrico e colocar

sobre as folhas.

4)Enrolar as fatias de parma

fazendo rolos de

7 cm de diâmetro.

5)Cortar cada porção em 8

cm de altura

6)Fazer um vinagrete com

a raiz de funcho, a pêra e a

manga cortados em peque-

nos cubinhos

com azeite e limão.

Montagem:1.Quadricular o prato com

redução de aceto balsâmico.

2.Colocar o involtino de par-

ma no centro,

o vinagrete ao lado.

Confira a receita queo chef preparoue tente fazer em casa

Page 50: iDeia Templuz - Edição 01

Ingo Mauere o design da luz

Foto

: Artc

uria

l, Pa

ris. (

C) I

ngo

Mau

rer G

mbH

, Mun

ique

.

por clarissa damas

Page 51: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 51

Ingo Mauere o design da luz

Foto

: Artc

uria

l, Pa

ris. (

C) I

ngo

Mau

rer G

mbH

, Mun

ique

.

por Clarissa damas

Lighting

O alemão Ingo Maurer pode ser considerado um homem “de luz”. Ele é, atualmente, um dos principais lighting designers do mundo, reconhecido internacionalmente e agraciado com oito grandes prêmios em sua carreira.

Ao realizar um trabalho que é, ao mesmo tempo, simples e

elaborado, inovador e vanguardista, o artista tem seu acervo

espalhado por locais como o Museu de Arte Moderna de Nova

York (MoMA) e o Museu Stedelik , em Amsterdã. Sua mais recente

exposição integrou o 51º Salão do Móvel de Milão, realizado na

Itália, no mês de abril. Nessa matéria, vamos contar um pouco

da vida desse artista tão único e “iluminado”, além de falar sobre

seus principais trabalhos.

Trajetória de sucessoFilho de pescadores e nascido no Lago de Constança, em

1932, Maurer aprendeu tipografia e estudou design gráfico em

Munique. No ano de1960, mudou-se da Alemanha para os

Estados Unidos. Morou nas cidades de Nova York e São Francisco,

onde trabalhou como designer freelancer. Cansado da vida na

América, três anos depois, Maurer voltou para a Alemanha e

fundou sua empresa, a M Design – que mais tarde passaria a se

chamar Ingo Maurer GmbH.

Voltada para o desenvolvimento e fabricação de lâmpadas,

a empresa cresceu e ganhou destaque. Em 1966, uma das

primeiras criações de Maurer conquistou os críticos mundiais e

foi aceita para integrar a coleção de design do MoMa. De lá

prá cá, veio o sucesso. Em 1984, ele foi convidado a expor em

Paris, ao desenvolver o sistema de fio de baixa tensão YaYaHo,

consistindo de dois cabos de aço fixados horizontalmente e uma

série de elementos de iluminação ajustáveis com lâmpadas

halógenas. Essa obra, intitulada “Lumieres je vous Pense um”,

ficou exposta no Centro Georges Pompidou e no Institut Francais

d’Architecture de Paris, além da Villa Medici, em Roma.

Já em 1989, a Fundação Cartier de Arte Contemporânea,

também na França, organizou a exposição Ingo Maurer:

Reflexão Possibilidade Luz. Na ocasião, pela primeira vez, Maurer,

criou objetos de iluminação e de instalação que não foram feitos

para produção em série.

Desde então, trabalhos do designer foram apresentados em

várias exposições na Europa, Estados Unidos e Japão. Apesar do

grande sucesso tanto como artista quanto como empresário, já

que suas criações extrapolam os museus e chegam, também

às prateleiras, Maurer decidiu atuar também no campo

01

Foto

: div

ulga

ção

Page 52: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 52

Foto

: div

ulga

ção

da utilidade pública. Em Munique, ele foi

responsável pelo projeto de instalação de luz

na estação de metrô de Westfriedhof e da

renovação do conceito de iluminação da

estação de Freiheit. Além disso, redesenhou a

área subterrânea de transporte público U-Bahn,

também em Munique, mostrando que o

design é sim essencial e pode tornar os espaços

melhores e mais funcionais.

Trabalhos com LEDApesar da vasta experiência, foi só em 1996

que Maurer começou a trabalhar com o

que, anos mais tarde, se tornaria sua marca

registrada: o LED (diodo emissor de luz).

Seus experimentos com essa tecnologia

revolucionaram o ligthing design tanto de

espaços públicos quanto das casas das

pessoas, trazendo mudanças aplicáveis ao dia

a dia. Entre um dos mais recentes trabalhos de

destaque, está o papel de parede iluminado,

em que pontos de LED foram instalados

no revestimento de papel, simulando uma

verdadeira constelação. Sucesso entre as

crianças, o trabalho colocou Maurer no

patamar dos mais vendidos em todo o mundo,

rendendo capas de revistas de arquitetura

e design, exposições e grande procura do

público em geral.

Além desse trabalho, merece destaque a

criação de um banco de LED, chamado de

Bench, e de um candeeiro de mesa, todos

com edição limitada. Aplicando o LED a

elementos do cotidiano, Maurer cria peças

únicas, inusitadas e que levam, literalmente, luz

para os lares.

PremiaçãesAo longo dos mais de 50 anos de carreira,

Maurer recebeu oito prêmios de destaque

internacional: Prêmio Designer Lucky Strike

de Raymond Loewy Foundation, Alemanha

(2002), Prêmio de Excelência Collab Design,

Philadelphia Museum of Art (2003), Georg

Jensen Prêmio, Copenhagen (2003), Prêmio

Oribe, Japão(2003), Designer Real da Indústria, a

Royal Society of Arts, London (2005), Doutorado

honorário do Royal College of Art , em

Londres(2006), Prêmio de Design da República

Federal da Alemanha (2010). Em 2011, o artista

recebeu ainda o Compasso d’Oro.

02 01Da+Dort Detail

2012

04JBSchmetterling

2011

02 e 03Zak Zarak

2012

05Luce Volante

2012

03

05

04

Foto

: div

ulga

ção

Foto

: div

ulga

ção

Foto

: div

ulga

ção

Page 53: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 52

Foto

: div

ulga

ção

da utilidade pública. Em Munique, ele foi

responsável pelo projeto de instalação de luz

na estação de metrô de Westfriedhof e da

renovação do conceito de iluminação da

estação de Freiheit. Além disso, redesenhou a

área subterrânea de transporte público U-Bahn,

também em Munique, mostrando que o

design é sim essencial e pode tornar os espaços

melhores e mais funcionais.

Trabalhos com LEDApesar da vasta experiência, foi só em 1996

que Maurer começou a trabalhar com o

que, anos mais tarde, se tornaria sua marca

registrada: o LED (diodo emissor de luz).

Seus experimentos com essa tecnologia

revolucionaram o ligthing design tanto de

espaços públicos quanto das casas das

pessoas, trazendo mudanças aplicáveis ao dia

a dia. Entre um dos mais recentes trabalhos de

destaque, está o papel de parede iluminado,

em que pontos de LED foram instalados

no revestimento de papel, simulando uma

verdadeira constelação. Sucesso entre as

crianças, o trabalho colocou Maurer no

patamar dos mais vendidos em todo o mundo,

rendendo capas de revistas de arquitetura

e design, exposições e grande procura do

público em geral.

Além desse trabalho, merece destaque a

criação de um banco de LED, chamado de

Bench, e de um candeeiro de mesa, todos

com edição limitada. Aplicando o LED a

elementos do cotidiano, Maurer cria peças

únicas, inusitadas e que levam, literalmente, luz

para os lares.

PremiaçãesAo longo dos mais de 50 anos de carreira,

Maurer recebeu oito prêmios de destaque

internacional: Prêmio Designer Lucky Strike

de Raymond Loewy Foundation, Alemanha

(2002), Prêmio de Excelência Collab Design,

Philadelphia Museum of Art (2003), Georg

Jensen Prêmio, Copenhagen (2003), Prêmio

Oribe, Japão(2003), Designer Real da Indústria, a

Royal Society of Arts, London (2005), Doutorado

honorário do Royal College of Art , em

Londres(2006), Prêmio de Design da República

Federal da Alemanha (2010). Em 2011, o artista

recebeu ainda o Compasso d’Oro.

02 01Da+Dort Detail

2012

04JBSchmetterling

2011

02 e 03Zak Zarak

2012

05Luce Volante

2012

03

05

04Fo

to: d

ivul

gaçã

oFo

to: d

ivul

gaçã

o

Foto

: div

ulga

ção

Page 54: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.54 55Vida Tecnologica

Controlar um Home Cinema utilizando apenas um Ipad; utilizar o celular para observar as câmeras de vigilância e abrir o portão de casa à distância; criar variadas “cenas” de iluminação para um ambiente e poder mudá-las com um só toque. Graças ao avanço das tecnologias de transmissão de dados e a modernos softwares de automação, tais possibilidades já não são apenas fantasias de filmes futuristas. Integrar os mais diversos aparelhos de uma casa, criando ambientes personalizados, tornou-se uma realidade cada vez mais presente na vida das pessoas.

A demanda por projetos de automação residencial – capazes

de concentrar, num só dispositivo, o controle de televisões,

luminárias, persianas, etc. – tem crescido e se tornado cada

vez mais acessível no país. Utilizando softwares e equipamentos

específicos, designers e engenheiros criam uma moderna rede

de comunicação que pode envolver todos os dispositivos

eletrônicos de uma casa, tornando possível comandá-los

à distância e em conjunto. “O grau de integração em

cada projeto é personalizado de acordo com o gosto e a

necessidade do cliente. Podemos automatizar desde uma

fechadura até a casa toda,” afirma Tadeu Cardoso, diretor

da Ikeise, empresa especializada em tecnologias integradas e

parceira da Templuz.

Como parte do cabeamento, dos equipamentos de áudio e

iluminação precisa ser imbutida no teto e nas paredes, o ideal

é que os interessados em ter uma “casa conectada” procurem

empresas especializadas antes de começar a construção. Mas

a instalação também pode ser feita com o imóvel pronto –

desde que o cliente não se importe em fazer algumas reformas

nos ambientes. Nesse caso, a transmissão wire-less também

Projetos de automação proporcionam praticidade ao integrar os incontáveis dispositivos existentes numa residência

Uma casaconectada

Home Theater - Templuz

Foto

: Mar

iana

Net

o

por danilo borges

Vida Tecnologica

pode ser uma alternativa. O problema é que essa tecnologia

ainda não é muito eficiente em alguns casos, como na

projeção de filmes em 3D. Além disso, o custo de um projeto

sem fios pode ser consideravelmente superior ao convencional.

Automatizar a iluminação da casa é uma das maiores

demandas, conta a gerente da Templuz, Junea Mattos.

A empresa, especializada em iluminação e tecnologias

integradas, realiza cerca de 50 atendimentos diários. Em geral,

os clientes procuram projetos luminotécnicos que possibilitem

a criação de várias “cenas” de iluminação, que podem ser

acionadas de acordo com a ocasião: um jantar romântico,

uma reunião de família ou uma sessão de TV. A instalação é

feita paralelamente à caixa de energia e utiliza um módulo

de integração que é configurado segundo as preferências do

cliente. Cada uma das “cenas” escolhidas recebe um botão

correspondente no interruptor do ambiente. Ao contrário dos

interruptores convencionais – que controlam mecanicamente

a passagem de energia, o funcionamento desse sistema é

eletrônico.

Mas as possibilidades de integração não se restringem à

parte luminotécnica. Para demonstrar o que os sistemas de

automação podem fazer, a Templuz e a Ikeise desenvolveram

showrooms totalmente integrados. Um deles é um home-

cinema que reúne, entre outras tecnologias, um projetor 3D,

um media center, sistema de som 7.1 e tratamento acústico.

Na sala, o único trabalho do espectador é selecionar, utilizando

um iPad, o filme que gostaria de assistir. Além de substituir os

cinco ou seis controles remotos que seriam necessários para

operar todos aqueles equipamentos, o tablet possui interfaces

extremamente amigáveis, familiares a qualquer usuário

acostumado com os smartphones.

Escolhida a programação, tudo no espaço é ajustado

automaticamente para combinar com a atração escolhida:

no caso de um filme romântico, por exemplo, a temperatura

ambiente, a iluminação, o sistema de áudio, claridade da tela

etc. serão regulados para criar uma “cena” mais aconhegante.

Se o usuário decidir mudar do romance para um filme de

ação, basta selecionar a configuração correspondente que

Page 55: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.54 55Vida Tecnologica

Controlar um Home Cinema utilizando apenas um Ipad; utilizar o celular para observar as câmeras de vigilância e abrir o portão de casa à distância; criar variadas “cenas” de iluminação para um ambiente e poder mudá-las com um só toque. Graças ao avanço das tecnologias de transmissão de dados e a modernos softwares de automação, tais possibilidades já não são apenas fantasias de filmes futuristas. Integrar os mais diversos aparelhos de uma casa, criando ambientes personalizados, tornou-se uma realidade cada vez mais presente na vida das pessoas.

A demanda por projetos de automação residencial – capazes

de concentrar, num só dispositivo, o controle de televisões,

luminárias, persianas, etc. – tem crescido e se tornado cada

vez mais acessível no país. Utilizando softwares e equipamentos

específicos, designers e engenheiros criam uma moderna rede

de comunicação que pode envolver todos os dispositivos

eletrônicos de uma casa, tornando possível comandá-los

à distância e em conjunto. “O grau de integração em

cada projeto é personalizado de acordo com o gosto e a

necessidade do cliente. Podemos automatizar desde uma

fechadura até a casa toda,” afirma Tadeu Cardoso, diretor

da Ikeise, empresa especializada em tecnologias integradas e

parceira da Templuz.

Como parte do cabeamento, dos equipamentos de áudio e

iluminação precisa ser imbutida no teto e nas paredes, o ideal

é que os interessados em ter uma “casa conectada” procurem

empresas especializadas antes de começar a construção. Mas

a instalação também pode ser feita com o imóvel pronto –

desde que o cliente não se importe em fazer algumas reformas

nos ambientes. Nesse caso, a transmissão wire-less também

Projetos de automação proporcionam praticidade ao integrar os incontáveis dispositivos existentes numa residência

Uma casaconectada

Home Theater - Templuz

Foto

: Mar

iana

Net

o

por danilo borges

Vida Tecnologica

pode ser uma alternativa. O problema é que essa tecnologia

ainda não é muito eficiente em alguns casos, como na

projeção de filmes em 3D. Além disso, o custo de um projeto

sem fios pode ser consideravelmente superior ao convencional.

Automatizar a iluminação da casa é uma das maiores

demandas, conta a gerente da Templuz, Junea Mattos.

A empresa, especializada em iluminação e tecnologias

integradas, realiza cerca de 50 atendimentos diários. Em geral,

os clientes procuram projetos luminotécnicos que possibilitem

a criação de várias “cenas” de iluminação, que podem ser

acionadas de acordo com a ocasião: um jantar romântico,

uma reunião de família ou uma sessão de TV. A instalação é

feita paralelamente à caixa de energia e utiliza um módulo

de integração que é configurado segundo as preferências do

cliente. Cada uma das “cenas” escolhidas recebe um botão

correspondente no interruptor do ambiente. Ao contrário dos

interruptores convencionais – que controlam mecanicamente

a passagem de energia, o funcionamento desse sistema é

eletrônico.

Mas as possibilidades de integração não se restringem à

parte luminotécnica. Para demonstrar o que os sistemas de

automação podem fazer, a Templuz e a Ikeise desenvolveram

showrooms totalmente integrados. Um deles é um home-

cinema que reúne, entre outras tecnologias, um projetor 3D,

um media center, sistema de som 7.1 e tratamento acústico.

Na sala, o único trabalho do espectador é selecionar, utilizando

um iPad, o filme que gostaria de assistir. Além de substituir os

cinco ou seis controles remotos que seriam necessários para

operar todos aqueles equipamentos, o tablet possui interfaces

extremamente amigáveis, familiares a qualquer usuário

acostumado com os smartphones.

Escolhida a programação, tudo no espaço é ajustado

automaticamente para combinar com a atração escolhida:

no caso de um filme romântico, por exemplo, a temperatura

ambiente, a iluminação, o sistema de áudio, claridade da tela

etc. serão regulados para criar uma “cena” mais aconhegante.

Se o usuário decidir mudar do romance para um filme de

ação, basta selecionar a configuração correspondente que

Page 56: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.56 57

01

02

toda a “cena” será alterada para fazer com

que ele “sinta na pele” toda a movimentação

dos protagonistas. “No Home-cinema, temos

basicamente a integração dos sistemas de

iluminação, de temperatura e de mídia. Aqui

os configuramos para atuar em conjunto,

mas cada um também pode ser operado

separadamente”, explica Tadeu.

Além de oferecer praticidade, a integração

também torna os ambientes mais versáteis,

como mostra o outro showroom. À primeira

vista, o ambiente lembra uma sala de jantar

conjugada com um living. De fato, para que o

local seja um agradável espaço para refeições,

só é preciso escolher, no iPad, o cenário

“jantar”. O sistema, então, encarrega-se de

colocar um som ambiente e uma iluminação

adequada para a ocasião. Ainda utilizando

o tablet, é possível transformar o espaço

numa sala de TV: as persianas se fecham, a

iluminação é reduzida e uma televisão de

tela plana desce de um nicho que se abre

no teto. Terminado o horário de lazer, basta

outro comando no iPad para que a televisão

se recolha novamente, a iluminação se

intensifique. Tem-se, então, um perfeito escritório

de trabalho.

Ter em casa um projeto de integração

completo, tal como o dos showrooms, ainda

não é muito acessível. Para ter um home-

cinema totalmente automatizado, o cliente

pode ter de desembolsar até R$ 60 mil. No

entanto, boa parte desse custo se deve à

aquisição dos aparelhos de projeção, de

som etc. Afinal, é preciso utilizar dispositivos

tecnologicamente mais sofisticados, dotados

de sistemas que possibilitem a comunicação

remota e a programação eletrônica de suas

funções. Mas o desenvolvimento e a execução

do projeto de automação em si responde por

cerca de R$ 5 mil, ou seja, aproximadamente

10% do valor total. No caso de projetos

luminotécnicos, é possível integrar sistemas de

iluminação gastando-se R$ 2 mil, incluídos na

conta os equipamentos necessários para a

automação (módulos, interruptores etc.) e a

instalação. Comparado ao orçamento total de

uma construção, o investimento em design e

automação residencial é razoável, considerada

a praticidade que ele proporciona.

Vida Tecnologica

01Software especial para controle da automação.

02Home Theater Templuz - de-talhe painel acústico.

Muito se fala de aquecimento global, mudanças climáticas e das possíveis soluções para a mitigação dos problemas gerados por eles. Soluções que nos edifícios estão atreladas à incorporação de práticas de sustentabilidade e eficiência energética.

A sustentabilidade nos chama a rever processos e a analisar

nossa maneira de viver de forma a diminuir os impactos da

presença humana no planeta. Um dos principais agentes

destes impactos está diretamento ligado ao uso intensivo

de energia, cada vez mais presente nos processos

produtivos de nossa sociedade.

Hoje há diversos sistemas de avaliação do nível de

sustentabilidade de edifícios e diversas leis e regulamentos

foram elaborados no sentido de se mitigar as mudanças

climáticas e se reduzir o uso de energia neste setor.

O Brasil mais especificamente vê incorporado à realidade

da construção civil processos internacionais de selos

verdes e processos nacionais de etiquetagem do nível

de eficiência energética para edifícios. Os selos verdes,

como o LEED (de origem americana, tropicalizado para

o Brasil) e o AQUA (brasileiro, mas adaptado do selo

francês HQE), tratam de questões mais amplas que vão do

impacto da edificação na vizinhança ao uso de materiais

e à manutenção da qualidade interna do ar, passando

por questões de uso de energia e água. Já o processo

de etiquetagem brasileiro desenvolvido tanto para

edifícios comerciais, de serviços e públicos, quanto para

edifícios residenciais está mais focado no uso da energia

elétrica e também da água, pois este é um regulamento

desenvolvido, especificamente, pela ELETROBRÁS em

parceria com o INMETRO (Instituto de Metrologia, Qualidade

e Tecnologia), visando racionalizar o consumo de energia

elétrica nos edifícios. Há também em Belo Horizonte o Selo

BH de Sustentabilidade, que terá seus

Sustentabiliade e eficênciaenergética em edifícios:é para vocêtambém?

Vida Tecnologica

Foto

: Mes

se F

rank

furt

- Mic

hel C

harlo

t

01

por Roberta Viera

Page 57: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.56 57

01

02

toda a “cena” será alterada para fazer com

que ele “sinta na pele” toda a movimentação

dos protagonistas. “No Home-cinema, temos

basicamente a integração dos sistemas de

iluminação, de temperatura e de mídia. Aqui

os configuramos para atuar em conjunto,

mas cada um também pode ser operado

separadamente”, explica Tadeu.

Além de oferecer praticidade, a integração

também torna os ambientes mais versáteis,

como mostra o outro showroom. À primeira

vista, o ambiente lembra uma sala de jantar

conjugada com um living. De fato, para que o

local seja um agradável espaço para refeições,

só é preciso escolher, no iPad, o cenário

“jantar”. O sistema, então, encarrega-se de

colocar um som ambiente e uma iluminação

adequada para a ocasião. Ainda utilizando

o tablet, é possível transformar o espaço

numa sala de TV: as persianas se fecham, a

iluminação é reduzida e uma televisão de

tela plana desce de um nicho que se abre

no teto. Terminado o horário de lazer, basta

outro comando no iPad para que a televisão

se recolha novamente, a iluminação se

intensifique. Tem-se, então, um perfeito escritório

de trabalho.

Ter em casa um projeto de integração

completo, tal como o dos showrooms, ainda

não é muito acessível. Para ter um home-

cinema totalmente automatizado, o cliente

pode ter de desembolsar até R$ 60 mil. No

entanto, boa parte desse custo se deve à

aquisição dos aparelhos de projeção, de

som etc. Afinal, é preciso utilizar dispositivos

tecnologicamente mais sofisticados, dotados

de sistemas que possibilitem a comunicação

remota e a programação eletrônica de suas

funções. Mas o desenvolvimento e a execução

do projeto de automação em si responde por

cerca de R$ 5 mil, ou seja, aproximadamente

10% do valor total. No caso de projetos

luminotécnicos, é possível integrar sistemas de

iluminação gastando-se R$ 2 mil, incluídos na

conta os equipamentos necessários para a

automação (módulos, interruptores etc.) e a

instalação. Comparado ao orçamento total de

uma construção, o investimento em design e

automação residencial é razoável, considerada

a praticidade que ele proporciona.

Vida Tecnologica

01Software especial para controle da automação.

02Home Theater Templuz - de-talhe painel acústico.

Muito se fala de aquecimento global, mudanças climáticas e das possíveis soluções para a mitigação dos problemas gerados por eles. Soluções que nos edifícios estão atreladas à incorporação de práticas de sustentabilidade e eficiência energética.

A sustentabilidade nos chama a rever processos e a analisar

nossa maneira de viver de forma a diminuir os impactos da

presença humana no planeta. Um dos principais agentes

destes impactos está diretamento ligado ao uso intensivo

de energia, cada vez mais presente nos processos

produtivos de nossa sociedade.

Hoje há diversos sistemas de avaliação do nível de

sustentabilidade de edifícios e diversas leis e regulamentos

foram elaborados no sentido de se mitigar as mudanças

climáticas e se reduzir o uso de energia neste setor.

O Brasil mais especificamente vê incorporado à realidade

da construção civil processos internacionais de selos

verdes e processos nacionais de etiquetagem do nível

de eficiência energética para edifícios. Os selos verdes,

como o LEED (de origem americana, tropicalizado para

o Brasil) e o AQUA (brasileiro, mas adaptado do selo

francês HQE), tratam de questões mais amplas que vão do

impacto da edificação na vizinhança ao uso de materiais

e à manutenção da qualidade interna do ar, passando

por questões de uso de energia e água. Já o processo

de etiquetagem brasileiro desenvolvido tanto para

edifícios comerciais, de serviços e públicos, quanto para

edifícios residenciais está mais focado no uso da energia

elétrica e também da água, pois este é um regulamento

desenvolvido, especificamente, pela ELETROBRÁS em

parceria com o INMETRO (Instituto de Metrologia, Qualidade

e Tecnologia), visando racionalizar o consumo de energia

elétrica nos edifícios. Há também em Belo Horizonte o Selo

BH de Sustentabilidade, que terá seus

Sustentabiliade e eficênciaenergética em edifícios:é para vocêtambém?

Vida Tecnologica

Foto

: Mes

se F

rank

furt

- Mic

hel C

harlo

t

01

por Roberta Viera

Page 58: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.58 59Vida Tecnologica

primeiros prédios certificados ainda este

ano. De acordo com a PBH, o programa

tem como objetivo promover a redução

do consumo de água e de energia, a

redução/reciclagem dos resíduos sólidos e

das emissões de gases de efeito estufa.

Mas será que estes novos processos

de edifícios verdes, sustentáveis e

eficientes que estão tão em voga, são

aplicáveis para todos os profissionais

do setor da construção civil? Para o

arquiteto que projeta casas, para o

designer de interiores? Ou são realidades

ainda longínquas do dia a dia destes

profissionais?

São estes processos acessíveis apenas

a prédios de alto padrão, a imponentes

edifícios coorporativos, a empresas com

ações na bolsa de valores ou podemos

usá-los em nosso cotiadiano?

Os processos de avaliação para rotulagem

de edifícios, seja a certificação verde

ou a etiquetagem, tem metodologias

diferenciadas, mas com o mesmo foco

em comum: tornar mais viável a existência

do ambiente urbano e dos processos

produtivos necessários à manutenção de

nossa qualidade de vida.

O que os sistemas de rotulagem nos

chamam é a refletir sobre nossa prática

e nossas atitudes na hora de projetar

edifícios que sejam mais adaptados ao

meio em que estão inseridos e especificar

produtos e equipamentos que levem

em consideração não apenas aspectos

Selo Leed – classificações de certificado a platinum http://usgbc.org/D

Selo AQUAhttp://vanzolini.org.br

Etiqueta PROCEL para edifícios comerciais de serviços e públicos http://procelinfo.com.br/

Certificação em susten-tabilidade ambiental. http://cesa.pbh.gov.br/scsae/pdf/manual.pdf

estéticos e de preço, mas também de

manutenção e operação ao longo do

tempo. E neste quesito todos podemos

fazer a nossa parte.

Conhecer as condições de avaliação

destes sistemas pode ser útil, mesmo

para quem não vai conseguir o selo ou a

etiqueta. Esses requisitos podem ser usados

como um check-list de itens a serem

considerados na hora de projetar.

Quando se fala mais especificamente de

energia elétrica, tem-se que os edifícios são

responsáveis por aproximadamente 45% do

seu consumo no Brasil. Este consumo pode

ser dividido basicamente em iluminação,

condicionamento de ar e equipamentos

para o setor de edifícios comerciais,

de serviços e públicos. Para o setor de

edificícios residenciais, que possuem uma

matriz energética mais diversificada, boa

parte do consumo está vinculado ao uso

de equipamentos eletroeletrônicos e ao

aquecimento de água.

Em um prédio comercial contar

com uma equipe capacitada de

projetistas pode fazer uma diferença

significativa na especificação e no

dimensionamento de sistemas. Deve-se

sempre optar por empresas ou profissionais

especializados para o correto projeto de

condicionamento de ar, de automação,

iluminação artificial, etc. A consultoria

com profissionais capacitados evita

o superdimensionamento de sistemas

e garante a escolha do produto mais

adequado para cada situação.

Em uma residência, deve-se verificar a eficiência dos

equipamentos antes de definir sua especificação. O PBE,

Programa Brasileiro de Etiquetagem, fornece informação

sobre a eficiência de geladeiras, fogões, lâmpadas,

chuveiros, máquinas de lavar roupa, condicionadores

de ar, coletores solares, etc. Basta acessar o site http://

www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas.asp e verificar

quais os aparelhos possuem melhor classificação, ou seja,

possuem Etiqueta nível “A”. Sempre que possível procure

pelos equipamentos que tenham o Selo PROCEL, dado

anualmente aos melhores representantes dentro do nível

“A” de cada categoria de produtos. Comprar apenas pelo

menor preço pode não ser econômico em longo prazo.

Em especial, deve-se atentar para um estudo de

viabilidade do uso de correto dimensionamento de

sistemas de aquecimento de água que podem ser

responsáveis por 1/5 de todo o consumo de energia

elétrica de uma residência. Hoje Belo Horizonte é

considerada a capital do uso de energia solar para este

fim. Mas os sistemas devem ser bem dimensionados tanto

em sua área de captação (número de coletores) quanto

no dimensionamento dos reservatórios para acumulação

de água quente, lembrando que todos os componentes

do sistema devem ter adequado isolamento e devem

ter sido testados em sua eficiência quando não tiverem

etiqueta do PBE.

E a geladeira deve ser outro foco primordial, pois seu

consumo pode representar 1/3 de toda energia usada.

Hoje grande parte das geladeiras disponíveis no mercado

possuem etiqueta nível “A”, pois esta foi uma indústria

que obteve grandes melhorias no desempenho de seus

produtos. Dessa forma, escolher aparelhos que tenham

o selo PROCEL pode fazer diferença significativa no

consumo final de uma residência.

A iluminação, responsável no setor por 1/10 do consumo,

deve ser especificada de forma a usar-se sempre que

possível lâmpadas fluorescentes que são de 5 a 6 vezes

mais eficientes que as lâmpadas incandescentes comuns

e pelo menos 4 vezes mais eficientes que as lâmpadas

dicróicas. No mercado já existem luminárias que

permitem embutir estas lâmpadas que, por incorporar

em si o reator, são mais longas que as lâmpadas

incandescentes tradicionais ou, em casos em que o

tamanho seja essencial, pode-se pensar na opção do

uso do LED (diodo emissor de luz). Há uma vasta gama

de produtos que podem ser especificados pelo lighting

designer sem que haja perdas na reprodução de cores

ou na temperatura de cor, responsável pela ambiência

de um determinado local.

Vida Tecnologica

01A maior feira

de iluminação e tecnologias

relacionadas do mundo – Light + Building em sua

edição para 2012, teve como tema a Eficiência Enér-gica, focando a

iluminação como um dos

fatores primordiais para o sucesso de

uma economia inteligente.

02

02Complexo

empresarial Rochaverá - um conglomerado

auto-sustentável

Foto

: div

ulga

ção

Page 59: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.58 59Vida Tecnologica

primeiros prédios certificados ainda este

ano. De acordo com a PBH, o programa

tem como objetivo promover a redução

do consumo de água e de energia, a

redução/reciclagem dos resíduos sólidos e

das emissões de gases de efeito estufa.

Mas será que estes novos processos

de edifícios verdes, sustentáveis e

eficientes que estão tão em voga, são

aplicáveis para todos os profissionais

do setor da construção civil? Para o

arquiteto que projeta casas, para o

designer de interiores? Ou são realidades

ainda longínquas do dia a dia destes

profissionais?

São estes processos acessíveis apenas

a prédios de alto padrão, a imponentes

edifícios coorporativos, a empresas com

ações na bolsa de valores ou podemos

usá-los em nosso cotiadiano?

Os processos de avaliação para rotulagem

de edifícios, seja a certificação verde

ou a etiquetagem, tem metodologias

diferenciadas, mas com o mesmo foco

em comum: tornar mais viável a existência

do ambiente urbano e dos processos

produtivos necessários à manutenção de

nossa qualidade de vida.

O que os sistemas de rotulagem nos

chamam é a refletir sobre nossa prática

e nossas atitudes na hora de projetar

edifícios que sejam mais adaptados ao

meio em que estão inseridos e especificar

produtos e equipamentos que levem

em consideração não apenas aspectos

Selo Leed – classificações de certificado a platinum http://usgbc.org/D

Selo AQUAhttp://vanzolini.org.br

Etiqueta PROCEL para edifícios comerciais de serviços e públicos http://procelinfo.com.br/

Certificação em susten-tabilidade ambiental. http://cesa.pbh.gov.br/scsae/pdf/manual.pdf

estéticos e de preço, mas também de

manutenção e operação ao longo do

tempo. E neste quesito todos podemos

fazer a nossa parte.

Conhecer as condições de avaliação

destes sistemas pode ser útil, mesmo

para quem não vai conseguir o selo ou a

etiqueta. Esses requisitos podem ser usados

como um check-list de itens a serem

considerados na hora de projetar.

Quando se fala mais especificamente de

energia elétrica, tem-se que os edifícios são

responsáveis por aproximadamente 45% do

seu consumo no Brasil. Este consumo pode

ser dividido basicamente em iluminação,

condicionamento de ar e equipamentos

para o setor de edifícios comerciais,

de serviços e públicos. Para o setor de

edificícios residenciais, que possuem uma

matriz energética mais diversificada, boa

parte do consumo está vinculado ao uso

de equipamentos eletroeletrônicos e ao

aquecimento de água.

Em um prédio comercial contar

com uma equipe capacitada de

projetistas pode fazer uma diferença

significativa na especificação e no

dimensionamento de sistemas. Deve-se

sempre optar por empresas ou profissionais

especializados para o correto projeto de

condicionamento de ar, de automação,

iluminação artificial, etc. A consultoria

com profissionais capacitados evita

o superdimensionamento de sistemas

e garante a escolha do produto mais

adequado para cada situação.

Em uma residência, deve-se verificar a eficiência dos

equipamentos antes de definir sua especificação. O PBE,

Programa Brasileiro de Etiquetagem, fornece informação

sobre a eficiência de geladeiras, fogões, lâmpadas,

chuveiros, máquinas de lavar roupa, condicionadores

de ar, coletores solares, etc. Basta acessar o site http://

www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas.asp e verificar

quais os aparelhos possuem melhor classificação, ou seja,

possuem Etiqueta nível “A”. Sempre que possível procure

pelos equipamentos que tenham o Selo PROCEL, dado

anualmente aos melhores representantes dentro do nível

“A” de cada categoria de produtos. Comprar apenas pelo

menor preço pode não ser econômico em longo prazo.

Em especial, deve-se atentar para um estudo de

viabilidade do uso de correto dimensionamento de

sistemas de aquecimento de água que podem ser

responsáveis por 1/5 de todo o consumo de energia

elétrica de uma residência. Hoje Belo Horizonte é

considerada a capital do uso de energia solar para este

fim. Mas os sistemas devem ser bem dimensionados tanto

em sua área de captação (número de coletores) quanto

no dimensionamento dos reservatórios para acumulação

de água quente, lembrando que todos os componentes

do sistema devem ter adequado isolamento e devem

ter sido testados em sua eficiência quando não tiverem

etiqueta do PBE.

E a geladeira deve ser outro foco primordial, pois seu

consumo pode representar 1/3 de toda energia usada.

Hoje grande parte das geladeiras disponíveis no mercado

possuem etiqueta nível “A”, pois esta foi uma indústria

que obteve grandes melhorias no desempenho de seus

produtos. Dessa forma, escolher aparelhos que tenham

o selo PROCEL pode fazer diferença significativa no

consumo final de uma residência.

A iluminação, responsável no setor por 1/10 do consumo,

deve ser especificada de forma a usar-se sempre que

possível lâmpadas fluorescentes que são de 5 a 6 vezes

mais eficientes que as lâmpadas incandescentes comuns

e pelo menos 4 vezes mais eficientes que as lâmpadas

dicróicas. No mercado já existem luminárias que

permitem embutir estas lâmpadas que, por incorporar

em si o reator, são mais longas que as lâmpadas

incandescentes tradicionais ou, em casos em que o

tamanho seja essencial, pode-se pensar na opção do

uso do LED (diodo emissor de luz). Há uma vasta gama

de produtos que podem ser especificados pelo lighting

designer sem que haja perdas na reprodução de cores

ou na temperatura de cor, responsável pela ambiência

de um determinado local.

Vida Tecnologica

01A maior feira

de iluminação e tecnologias

relacionadas do mundo – Light + Building em sua

edição para 2012, teve como tema a Eficiência Enér-gica, focando a

iluminação como um dos

fatores primordiais para o sucesso de

uma economia inteligente.

02

02Complexo

empresarial Rochaverá - um conglomerado

auto-sustentável

Foto

: div

ulga

ção

Page 60: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.60 61

Imagine: você varre a sujeira da sala para o canto do

rodapé e tudo é sugado por um vão que se abre na

parede. Parece cena de filme de ficção científica, mas não

é. Trata-se de uma das utilidades oferecidas pelo sistema

de aspiração centralizada. Esse mecanismo confere mais

velocidade na limpeza, menos ruído, máxima higiene, boa

estética, economia e praticidade. Comodidade e conforto

pensados para auxiliar a higienização de ambientes,

combatendo doenças respiratórias e alérgicas.

Os ácaros, geralmente presentes na poeira doméstica,

podem ser os causadores de diversas doenças. Na maioria

dos casos, são responsáveis por variadas manifestações

alérgicas do aparelho respiratório humano, incluindo a

asma. Estima-se que, em cada cama, exista mais de um

milhão e meio de ácaros que se alimentam de células

mortas da pele humana e precisam de umidade para

sobreviver. Para evitar esse inimigo invisível, é recomendada

a correta higienização do ambiente, principalmente com

o uso de aspiradores de pó.

A aspiração centralizada chegou ao mercado para

oferecer às donas de casa uma maneira moderna de

realizar a limpeza dos espaços. Trata-se da evolução dos

aspiradores tradicionais. “Esse sistema consiste em uma

rede de tubos de PVC instalados no interior das paredes,

em cima de forros ou sob o piso, e que transportam

a sujeira até uma central colocada em um ambiente externo a

partir de tomadas instaladas em pontos estratégicos. Para ativá-

lo, basta plugar a mangueira na tomada mais próxima e pronto,

já estará funcionando, sem ruídos, sem incômodos”, explica o

projetista Eduardo Feliciano, da Templuz.

A aspiração centralizada é umaalternativa que traz tecnologia de última geração para a limpeza do lar

Mangueira de sucção acopla-

da em placa de conexão, dispos-tas em pontos na

residência.

Vida Tecnologica

por Michael Eudes

Foto

: div

ulga

ção

Page 61: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.60 61

Imagine: você varre a sujeira da sala para o canto do

rodapé e tudo é sugado por um vão que se abre na

parede. Parece cena de filme de ficção científica, mas não

é. Trata-se de uma das utilidades oferecidas pelo sistema

de aspiração centralizada. Esse mecanismo confere mais

velocidade na limpeza, menos ruído, máxima higiene, boa

estética, economia e praticidade. Comodidade e conforto

pensados para auxiliar a higienização de ambientes,

combatendo doenças respiratórias e alérgicas.

Os ácaros, geralmente presentes na poeira doméstica,

podem ser os causadores de diversas doenças. Na maioria

dos casos, são responsáveis por variadas manifestações

alérgicas do aparelho respiratório humano, incluindo a

asma. Estima-se que, em cada cama, exista mais de um

milhão e meio de ácaros que se alimentam de células

mortas da pele humana e precisam de umidade para

sobreviver. Para evitar esse inimigo invisível, é recomendada

a correta higienização do ambiente, principalmente com

o uso de aspiradores de pó.

A aspiração centralizada chegou ao mercado para

oferecer às donas de casa uma maneira moderna de

realizar a limpeza dos espaços. Trata-se da evolução dos

aspiradores tradicionais. “Esse sistema consiste em uma

rede de tubos de PVC instalados no interior das paredes,

em cima de forros ou sob o piso, e que transportam

a sujeira até uma central colocada em um ambiente externo a

partir de tomadas instaladas em pontos estratégicos. Para ativá-

lo, basta plugar a mangueira na tomada mais próxima e pronto,

já estará funcionando, sem ruídos, sem incômodos”, explica o

projetista Eduardo Feliciano, da Templuz.

A aspiração centralizada é umaalternativa que traz tecnologia de última geração para a limpeza do lar

Mangueira de sucção acopla-

da em placa de conexão, dispos-tas em pontos na

residência.

Vida Tecnologica

por Michael Eudes

Foto

: div

ulga

ção

Page 62: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.62 63

A máxima higienização do local é garantida

pela potência e pelo filtro de poliéster de

alto rendimento, ideal para reter as partículas

mais finas. Esse sistema garante ainda que o

ar insalubre circule novamente no ambiente,

protegendo a saúde das pessoas presentes e

proporcionando mais comodidade. Livrar-

se da sujeira também é simples. O filtro de

grande superfície, feito de poliéster, pode ser

limpo e reaproveitado, e o material recolhido

no depósito de plástico pode ser facilmente

esvaziado.

As vantagens desse aparelho em relação aos

aspiradores de pó comuns são inúmeras, como

a eliminação do ruído do motor no ambiente.

Além disso, as peças são de fácil manutenção.

Eduardo destaca outros benefícios:

“Esse mecanismo evita o passeio com

equipamentos pelo local da limpeza, além

de eliminar os ácaros que normalmente

passam pelos filtros dos aspiradores comuns

e acabam piorando a qualidade do ar”.

De fato, estudos comprovam que a limpeza

a vácuo retira 100% do pó aspirado sem

retorná-lo ao ambiente.

Além de funcional, a aspiração centralizada,

de tecnologia italiana, é também bonita e

discreta. “O impacto estético do sistema é

muito agradável, pois o único detalhe visível é

a tomada de aspiração, que terá o design que

você escolher”, esclarece Eduardo. A Templuz

é a única loja que comercializa este produto

em Minas Gerais.

A empresa buscou o novo conceito em

limpeza para atender a demanda dos

mineiros – que não querem perder tempo

com a limpeza da casa. A moderna solução

atende às necessidades dos consumidores. É

prática e de fácil manutenção, ideal para os

lares que, cada vez mais, estão recheados

de recursos inteligentes que facilitam o dia a

dia das famílias.

Qualquer semelhança com alguma cena

do desenho dos Jetsons não é mera

coincidência. Isso é a realidade. Isso é o

futuro. E ele já chegou!

Vida TecnologicaIm

agem

: div

ulga

ção

Foto

: Mar

iana

Net

oPlaca de conexão da mangueira de succão

Page 63: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.62 63

A máxima higienização do local é garantida

pela potência e pelo filtro de poliéster de

alto rendimento, ideal para reter as partículas

mais finas. Esse sistema garante ainda que o

ar insalubre circule novamente no ambiente,

protegendo a saúde das pessoas presentes e

proporcionando mais comodidade. Livrar-

se da sujeira também é simples. O filtro de

grande superfície, feito de poliéster, pode ser

limpo e reaproveitado, e o material recolhido

no depósito de plástico pode ser facilmente

esvaziado.

As vantagens desse aparelho em relação aos

aspiradores de pó comuns são inúmeras, como

a eliminação do ruído do motor no ambiente.

Além disso, as peças são de fácil manutenção.

Eduardo destaca outros benefícios:

“Esse mecanismo evita o passeio com

equipamentos pelo local da limpeza, além

de eliminar os ácaros que normalmente

passam pelos filtros dos aspiradores comuns

e acabam piorando a qualidade do ar”.

De fato, estudos comprovam que a limpeza

a vácuo retira 100% do pó aspirado sem

retorná-lo ao ambiente.

Além de funcional, a aspiração centralizada,

de tecnologia italiana, é também bonita e

discreta. “O impacto estético do sistema é

muito agradável, pois o único detalhe visível é

a tomada de aspiração, que terá o design que

você escolher”, esclarece Eduardo. A Templuz

é a única loja que comercializa este produto

em Minas Gerais.

A empresa buscou o novo conceito em

limpeza para atender a demanda dos

mineiros – que não querem perder tempo

com a limpeza da casa. A moderna solução

atende às necessidades dos consumidores. É

prática e de fácil manutenção, ideal para os

lares que, cada vez mais, estão recheados

de recursos inteligentes que facilitam o dia a

dia das famílias.

Qualquer semelhança com alguma cena

do desenho dos Jetsons não é mera

coincidência. Isso é a realidade. Isso é o

futuro. E ele já chegou!

Vida Tecnologica

Imag

em: d

ivul

gaçã

o

Foto

: Mar

iana

Net

o

Placa de conexão da mangueira de succão

Page 64: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 65pág. 64

Índices de criminalidade contribuem para a popularização dos dispositivos de segurança

Basta dar uma volta pelas ruas de Belo Horizonte para

notar como as cercas elétricas, câmeras de segurança e

alarmes estão cada vez mais presentes no cenário urbano.

Hoje, tanto os imóveis comerciais quanto os residenciais já

usufruem de recursos variados para inibição de furtos. O

motivo é a insegurança gerada pelo aumento do índice

de criminalidade.

Segundo o último balanço da Secretaria de Estado de

Defesa Social de Minas Gerais (Seds), somente no primeiro

trimestre de 2012 foram registrados 7,2 mil crimes violentos em

todo o estado. No ano passado, os homicídios, sequestros,

roubos, estupros e extorsões já haviam crescido 10%.

Thiago de Souza Matos, do setor de Tecnologia da

Templuz, conta que a divulgação de dados como esses

refletem diretamente na venda de equipamentos de

segurança. “Após a publicação dos números referentes

à violência, vemos, normalmente, uma ampliação do

volume de vendas. Se a segurança pública deixa a

desejar, as pessoas procuram outros métodos para se

proteger”, comenta.

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de

Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abase), esse mercado

tem crescido, em média, 11% ao ano, chegando a faturar

1,830 bilhão US$ em 2011.

Atualmente, existem várias soluções voltadas para a

segurança de imóveis. Entre as mais populares estão os

circuitos fechados de televisão, com 43% da preferência

dos clientes, os sistemas de alarmes contra intrusos, com

24%, o controle de acesso, também com 24%, segundo a

Abase.

Para Thiago, a opção mais segura é a que utiliza alarmes e

circuito fechado de televisão de maneira integrada. Nesse

caso, o sistema funciona da seguinte maneira: sempre que

o alarme toca, as sirenes são disparadas e uma ligação

é direcionada automaticamente para um celular ou

telefone fixo. Ao receber essa chamada, o cliente pode

entrar na internet, através de notebooks, Iphones, Ipods ou

Ipads, e verificar o que está acontecendo.

A comodidade dessa solução foi o que mais chamou a

atenção da designer de interiores Ana Regina Bittencourt.

Ao iniciar a reforma da casa, Ana decidiu aumentar a

segurança dos cômodos, realizando um projeto que

contou com câmeras, sensores, TVs e um no-break. “Os

dispositivos são de fácil acesso e compreensão. É um01

por Ana Cláudia Ulhôa

Foto

s: Lu

dim

ila L

oure

iro

02Câmera infraverme-lho lente varifocal ccd1/3 sony externa

03Controle total do sistema de segurança através de monitores distribuídos na residência.

01Kit vídeo porteiro color sense com câmera pinhole (oculta).

sistema completo, tenho uma visão perfeita

de toda a minha residência, mesmo

quando não estou em casa”, avalia.

Thiago lembra que, antes de optar por

qualquer solução, é preciso realizar

uma análise do imóvel. “O estudo é

necessário para identificar os pontos de

vulnerabilidade do local. Através dele, nós

escolhemos os equipamentos adequados

para cada situação”, completa.

A quantia que cada cliente deseja

investir também pode ser levada em

consideração na hora de elaborar o

projeto. “Muitas vezes, as pessoas deixam

de proteger as suas casas por imaginar

que os custos dos dispositivos são muito

altos, mas hoje existem aplicações

residenciais para todos os bolsos”, conclui

Souza Matos.

02

03

Vida Tecnologica

Foto

s: Lu

dim

ila L

oure

iro

Page 65: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 65pág. 64

Índices de criminalidade contribuem para a popularização dos dispositivos de segurança

Basta dar uma volta pelas ruas de Belo Horizonte para

notar como as cercas elétricas, câmeras de segurança e

alarmes estão cada vez mais presentes no cenário urbano.

Hoje, tanto os imóveis comerciais quanto os residenciais já

usufruem de recursos variados para inibição de furtos. O

motivo é a insegurança gerada pelo aumento do índice

de criminalidade.

Segundo o último balanço da Secretaria de Estado de

Defesa Social de Minas Gerais (Seds), somente no primeiro

trimestre de 2012 foram registrados 7,2 mil crimes violentos em

todo o estado. No ano passado, os homicídios, sequestros,

roubos, estupros e extorsões já haviam crescido 10%.

Thiago de Souza Matos, do setor de Tecnologia da

Templuz, conta que a divulgação de dados como esses

refletem diretamente na venda de equipamentos de

segurança. “Após a publicação dos números referentes

à violência, vemos, normalmente, uma ampliação do

volume de vendas. Se a segurança pública deixa a

desejar, as pessoas procuram outros métodos para se

proteger”, comenta.

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de

Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abase), esse mercado

tem crescido, em média, 11% ao ano, chegando a faturar

1,830 bilhão US$ em 2011.

Atualmente, existem várias soluções voltadas para a

segurança de imóveis. Entre as mais populares estão os

circuitos fechados de televisão, com 43% da preferência

dos clientes, os sistemas de alarmes contra intrusos, com

24%, o controle de acesso, também com 24%, segundo a

Abase.

Para Thiago, a opção mais segura é a que utiliza alarmes e

circuito fechado de televisão de maneira integrada. Nesse

caso, o sistema funciona da seguinte maneira: sempre que

o alarme toca, as sirenes são disparadas e uma ligação

é direcionada automaticamente para um celular ou

telefone fixo. Ao receber essa chamada, o cliente pode

entrar na internet, através de notebooks, Iphones, Ipods ou

Ipads, e verificar o que está acontecendo.

A comodidade dessa solução foi o que mais chamou a

atenção da designer de interiores Ana Regina Bittencourt.

Ao iniciar a reforma da casa, Ana decidiu aumentar a

segurança dos cômodos, realizando um projeto que

contou com câmeras, sensores, TVs e um no-break. “Os

dispositivos são de fácil acesso e compreensão. É um01

por Ana Cláudia Ulhôa

Foto

s: Lu

dim

ila L

oure

iro

02Câmera infraverme-lho lente varifocal ccd1/3 sony externa

03Controle total do sistema de segurança através de monitores distribuídos na residência.

01Kit vídeo porteiro color sense com câmera pinhole (oculta).

sistema completo, tenho uma visão perfeita

de toda a minha residência, mesmo

quando não estou em casa”, avalia.

Thiago lembra que, antes de optar por

qualquer solução, é preciso realizar

uma análise do imóvel. “O estudo é

necessário para identificar os pontos de

vulnerabilidade do local. Através dele, nós

escolhemos os equipamentos adequados

para cada situação”, completa.

A quantia que cada cliente deseja

investir também pode ser levada em

consideração na hora de elaborar o

projeto. “Muitas vezes, as pessoas deixam

de proteger as suas casas por imaginar

que os custos dos dispositivos são muito

altos, mas hoje existem aplicações

residenciais para todos os bolsos”, conclui

Souza Matos.

02

03

Vida TecnologicaFo

tos:

Lud

imila

Lou

reiro

Page 66: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.66 67arte & companhia

A imagem de ilustrações, fotografias e outras formas

de artes visuais dividindo espaço com prédios, casas e

estabelecimentos comerciais ainda é pouco difundida na

capital mineira. Atualmente, as manifestações artísticas

em espaços públicos acontecem apenas em pontos

específicos da capital, como no prédio do Espaço 104 ou

na sede do Grupo O Corpo.

Com o intuito de promover a disseminação e a valorização

desse tipo de arte, a Templuz, em parceria com a Hiper

Graphic Digital, realiza a segunda edição do Mural

Templuz. Durante todo ano, o projeto apresentará 12 obras

de arte contemporânea. Cada uma delas ficará exposta

por 30 dias, através de plotagem, no paredão frontal da

loja, que possui 5,3m de largura x 6,5m de altura e está

localizada na Avenida Nossa Senhora do Carmo, em Belo

Horizonte.

A ideia do Mural surgiu quando a diretoria da loja

percebeu o tamanho da área inutilizada que possuía.

“Nós tínhamos uma enorme parede em branco, em um

corredor por onde passa, em média, 95 mil carros por dia.

Pensamos: por que não aproveitar esse espaço de uma

maneira produtiva?”, explica Junea Mattos, gerente da

Templuz.

“O projeto foi criado porque reconhecemos a importância

de tornar a arte acessível e dar oportunidade para que

novos artistas mostrem seu trabalho”, completa Paulo

Henrique Sampaio, diretor da Hiper Graphic, empresa

responsável pela impressão dos painéis em lona e

instalação.

Para a segunda edição do Mural Templuz, foram

selecionados os painéis de Caio Rodrigues, Deia Quintino,

Leonardo Mathias, Madu Dorella, Nancy Maíra, Nati

Loureiro, Rodrigo Magno Vieira, Thais Conde, além das

Projeto expõe obras em um dos cor-redores mais movimentados de Belo Horizonte.

01

02

por Ana Cláudia Ulhôa

artistas Sonia Burgareli e Tatiana Tameirão, que participam

pela segunda vez do projeto.

De acordo com Junea, o que mais chama a atenção

nos trabalhos escolhidos é a diversidade. “Os murais

selecionados são muito ecléticos. Temos colagens,

ilustrações, fotografias e projetos de arte digital. A origem

também é variada. Recebemos obras da Costa Rica,

França, São Paulo e toda Minas Gerais”, comenta.

A primeira obra exposta foi “Dois Feridos” da costa-

riquenha Nancy Mora, que mescla aquarela e colagem

sobre papel. A artista conta que a proposta de retirar a

arte do seu lugar tradicional foi o que mais a atraiu. “A

ideia é maravilhosa, porque você está deslocando a arte.

Só pelo fato de estar na rua, levanta questionamentos.

As pessoas vão se perguntar sobre a técnica utilizada, o

sentido e o artista que realizou aquele trabalho”.

arte & companhia

03

05

07

04

06

08

Page 67: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.66 67arte & companhia

A imagem de ilustrações, fotografias e outras formas

de artes visuais dividindo espaço com prédios, casas e

estabelecimentos comerciais ainda é pouco difundida na

capital mineira. Atualmente, as manifestações artísticas

em espaços públicos acontecem apenas em pontos

específicos da capital, como no prédio do Espaço 104 ou

na sede do Grupo O Corpo.

Com o intuito de promover a disseminação e a valorização

desse tipo de arte, a Templuz, em parceria com a Hiper

Graphic Digital, realiza a segunda edição do Mural

Templuz. Durante todo ano, o projeto apresentará 12 obras

de arte contemporânea. Cada uma delas ficará exposta

por 30 dias, através de plotagem, no paredão frontal da

loja, que possui 5,3m de largura x 6,5m de altura e está

localizada na Avenida Nossa Senhora do Carmo, em Belo

Horizonte.

A ideia do Mural surgiu quando a diretoria da loja

percebeu o tamanho da área inutilizada que possuía.

“Nós tínhamos uma enorme parede em branco, em um

corredor por onde passa, em média, 95 mil carros por dia.

Pensamos: por que não aproveitar esse espaço de uma

maneira produtiva?”, explica Junea Mattos, gerente da

Templuz.

“O projeto foi criado porque reconhecemos a importância

de tornar a arte acessível e dar oportunidade para que

novos artistas mostrem seu trabalho”, completa Paulo

Henrique Sampaio, diretor da Hiper Graphic, empresa

responsável pela impressão dos painéis em lona e

instalação.

Para a segunda edição do Mural Templuz, foram

selecionados os painéis de Caio Rodrigues, Deia Quintino,

Leonardo Mathias, Madu Dorella, Nancy Maíra, Nati

Loureiro, Rodrigo Magno Vieira, Thais Conde, além das

Projeto expõe obras em um dos cor-redores mais movimentados de Belo Horizonte.

01

02

por Ana Cláudia Ulhôa

artistas Sonia Burgareli e Tatiana Tameirão, que participam

pela segunda vez do projeto.

De acordo com Junea, o que mais chama a atenção

nos trabalhos escolhidos é a diversidade. “Os murais

selecionados são muito ecléticos. Temos colagens,

ilustrações, fotografias e projetos de arte digital. A origem

também é variada. Recebemos obras da Costa Rica,

França, São Paulo e toda Minas Gerais”, comenta.

A primeira obra exposta foi “Dois Feridos” da costa-

riquenha Nancy Mora, que mescla aquarela e colagem

sobre papel. A artista conta que a proposta de retirar a

arte do seu lugar tradicional foi o que mais a atraiu. “A

ideia é maravilhosa, porque você está deslocando a arte.

Só pelo fato de estar na rua, levanta questionamentos.

As pessoas vão se perguntar sobre a técnica utilizada, o

sentido e o artista que realizou aquele trabalho”.

arte & companhia

03

05

07

04

06

08

Page 68: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 68

Espaços PúblicosAs 12 propostas artísticas que compõem o projeto Mural Templuz são apenas um exemplo das possíveis formas

de manifestação da arte urbana.

De acordo com Maria Luiza Viana, professora do curso de Arquitetura da UFMG, além do muralismo, stickers,

grafites, cartazes e desenhos, que muitas vezes são confundidos com propagandas, podem ser classificados

como tal. “A arte urbana é composta por formas expressivas fixadas na rua para provocar e chamar

a atenção dos transeuntes. O objetivo é levar as pessoas a refletirem sobre os outros sentidos presentes na

cidade, além dos econômicos e comerciais”.

Para a professora, a presença do objeto artístico nos espaços públicos é fundamental por possibilitar a

facilidade de acesso e uma nova compreensão do trabalho exposto. “Quando uma obra está na rua, ela

se volta diretamente para o público, deixa de ser disponível somente para um grupo restrito, para atingir uma

quantidade imensurável de pessoas. Na rua a arte está apta a dialogar de forma mais direta com as pessoas,

com a arquitetura, com o espaço urbano e com os interesses sociais”.

arte & companhia

09

11

10

12

01Caio Rodrigues

“Adorando”

02Deia Quintino

“Música“

03Deia Quintino

“Tempo“

04Leonardo Mathias

“Entremeios“

05Madu Dorella

“Quadrilhe“

06Nancy Mora

“Dois feridos“

07Nati Loureiro

“Bike“

08Rodrigo Magno Vieira

“Máquina de cor”

09Sônia Burgareli

“Arara Vermelha do Brasil“

10Tatiana Tameirão

“Bubles“

11Tatiana Tameirão

“Dans Ma Fenêtre“

12Thais Conde

“Germinação“

Page 69: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 68

Espaços PúblicosAs 12 propostas artísticas que compõem o projeto Mural Templuz são apenas um exemplo das possíveis formas

de manifestação da arte urbana.

De acordo com Maria Luiza Viana, professora do curso de Arquitetura da UFMG, além do muralismo, stickers,

grafites, cartazes e desenhos, que muitas vezes são confundidos com propagandas, podem ser classificados

como tal. “A arte urbana é composta por formas expressivas fixadas na rua para provocar e chamar

a atenção dos transeuntes. O objetivo é levar as pessoas a refletirem sobre os outros sentidos presentes na

cidade, além dos econômicos e comerciais”.

Para a professora, a presença do objeto artístico nos espaços públicos é fundamental por possibilitar a

facilidade de acesso e uma nova compreensão do trabalho exposto. “Quando uma obra está na rua, ela

se volta diretamente para o público, deixa de ser disponível somente para um grupo restrito, para atingir uma

quantidade imensurável de pessoas. Na rua a arte está apta a dialogar de forma mais direta com as pessoas,

com a arquitetura, com o espaço urbano e com os interesses sociais”.

arte & companhia

09

11

10

12

01Caio Rodrigues

“Adorando”

02Deia Quintino

“Música“

03Deia Quintino

“Tempo“

04Leonardo Mathias

“Entremeios“

05Madu Dorella

“Quadrilhe“

06Nancy Mora

“Dois feridos“

07Nati Loureiro

“Bike“

08Rodrigo Magno Vieira

“Máquina de cor”

09Sônia Burgareli

“Arara Vermelha do Brasil“

10Tatiana Tameirão

“Bubles“

11Tatiana Tameirão

“Dans Ma Fenêtre“

12Thais Conde

“Germinação“

Page 70: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 70

No ateliê de Rogério Fernandes, situado numa tranquila rua da zona sul de Belo Horizonte, tudo parece ter a marca do artista. Além de ocuparem as dezenas de telas espalhadas pelas paredes, as gravuras de Fernandes, conhecidas por suas referências à cultura nordestina, ilustram copos, peças de vestuário, garrafas decorativas e até a geladeira do espaço – que ele resolveu pintar “só por diversão” numa noite, enquanto bebia com amigos.

Com formação em design e pós-graduação em gravura,

Rogério se considera um artista pragmático: aprendeu,

desde cedo, a lidar com o mercado e a utilizar a arte como

forma de agregar valor aos produtos. Por isso mesmo, o

artista já foi solicitado para produzir estampas para bolsa,

ilustrações para chinelo de dedo, embalagem de café e

até a fachada de prédios da capital mineira.

Ao som de sucessos do rock dos anos 80 e hits do grunge

da década de 90 (o artista costuma pintar com trilha

sonora), Rogério conversou com a revista iDeia sobre a

carreira, o design e as relações entre arte e produto.

Como foi o começo de sua carreira?Comecei trabalhando como designer. O design começou

muito cedo na minha vida, foi à primeira faculdade que

fiz. Cheguei a trabalhar numa época em que design era

bem conceitual, um trabalho mais artístico, de pesquisa

etc.. Estudei na Fundação Mineira de Arte (FUMA, hoje

UEMG), então ligada à Escola de Artes Plásticas. Essa

foi uma experiência muito boa, pois o design e a arte

ensinados na antiga FUMA fugiam um pouco do ensino de

artes plásticas convencional, em que se ficava apenas no

estudo da história da arte, movimentos artísticos, técnicas.

A arte às vezes é muito acadêmica.

arte & companhia 01

Foto

s: ar

quiv

o pe

ssoa

l

RogérioFernandespor danilo borges

E o design?O design é mais prático. Os acadêmicos

no Brasil se concentram em estudar

muito as diferentes escolas e acaba

não sobrando tempo para explorar, na

universidade, a criatividade como artista.

Por isso, sou muito grato por ter caído no

design. Trabalhei por muito tempo com

design e foi uma experiência boa, porque,

além de tudo, foi uma forma de conseguir

ganhar dinheiro mais rápido, o que não é

fácil nas artes plásticas.

Quais foram suas primeiras experiências profissionais?Eu fazia ilustrações. Desde criança

eu sempre desenhei e acabei me

descobrindo como artista de forma muito

empírica: fazendo trabalhos de design,

rendering etc. Comecei num escritório de

design com 17 anos.

Quando você começou a migrar do design para as artes plásticas?Quando eu voltei para Belo Horizonte,

depois de um tempo fora, há uns 10

anos, foi aí que as coisas começaram a

acontecer. E eu sou muito grato à cidade

por isso. Minhas experiências em agência

e escritório também me ajudaram muito,

pois aprendi como funcionava o mercado,

como atender um cliente, ou seja, a ser um

profissional como outro qualquer.

Muitas vezes o artista plástico é visto como

um verdadeiro “autista”, alguém que vive

isolado, sujo de tinta, pintando. Acho esse

estereótipo muito estranho, já que, na

história da arte, os grandes artistas foram os

pragmáticos: Picasso, Matisse, entre outros.

Picasso nem tinha galeria. Ele pintava em

casa, vendia as obras e tomava conta, ele

mesmo, da sua carreira.

Quando resolvi retomar minha carreira

de artista, decidi estudar fora, fazer pós-

graduação em Londres. Quando voltei,

continuei fazendo trabalhos de design, mas

com menor frequência. E ser pragmático

me ajudou bastante nesse começo.

Montei, com amigos, um ateliê em São

Paulo, comprei uma prensa de gravura,

que ninguém aqui usava, comecei a fazer

palestras e cursos sobre gravura, etc.

Aliás, meu primeiro produto de arte foi

a gravura, que é uma reprodução de

uma matriz, que tem uma série cara de

arte & companhia

01Teaser da ilustração para embalagem do novo produto da marca Café Barão.

02Rogério Fernandes, durante a criação de uma das obras da série “Chanel do Sertão”, que esteve em exposição no “beChic loft”, em Madrid.

03 Detalhe da tela pintada por Fernan-des para a mostra “wallmania”, que acompanhou a turnê “The wall”, do baixista Roger Wa-ters, ex-Pink Floyd.

04Pinguins de geladei-ra assinados pelo artista, criados para o dia das mães.

02

Foto

s: Em

ília B

rand

ão

Page 71: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 70

No ateliê de Rogério Fernandes, situado numa tranquila rua da zona sul de Belo Horizonte, tudo parece ter a marca do artista. Além de ocuparem as dezenas de telas espalhadas pelas paredes, as gravuras de Fernandes, conhecidas por suas referências à cultura nordestina, ilustram copos, peças de vestuário, garrafas decorativas e até a geladeira do espaço – que ele resolveu pintar “só por diversão” numa noite, enquanto bebia com amigos.

Com formação em design e pós-graduação em gravura,

Rogério se considera um artista pragmático: aprendeu,

desde cedo, a lidar com o mercado e a utilizar a arte como

forma de agregar valor aos produtos. Por isso mesmo, o

artista já foi solicitado para produzir estampas para bolsa,

ilustrações para chinelo de dedo, embalagem de café e

até a fachada de prédios da capital mineira.

Ao som de sucessos do rock dos anos 80 e hits do grunge

da década de 90 (o artista costuma pintar com trilha

sonora), Rogério conversou com a revista iDeia sobre a

carreira, o design e as relações entre arte e produto.

Como foi o começo de sua carreira?Comecei trabalhando como designer. O design começou

muito cedo na minha vida, foi à primeira faculdade que

fiz. Cheguei a trabalhar numa época em que design era

bem conceitual, um trabalho mais artístico, de pesquisa

etc.. Estudei na Fundação Mineira de Arte (FUMA, hoje

UEMG), então ligada à Escola de Artes Plásticas. Essa

foi uma experiência muito boa, pois o design e a arte

ensinados na antiga FUMA fugiam um pouco do ensino de

artes plásticas convencional, em que se ficava apenas no

estudo da história da arte, movimentos artísticos, técnicas.

A arte às vezes é muito acadêmica.

arte & companhia 01

Foto

s: ar

quiv

o pe

ssoa

l

RogérioFernandespor danilo borges

E o design?O design é mais prático. Os acadêmicos

no Brasil se concentram em estudar

muito as diferentes escolas e acaba

não sobrando tempo para explorar, na

universidade, a criatividade como artista.

Por isso, sou muito grato por ter caído no

design. Trabalhei por muito tempo com

design e foi uma experiência boa, porque,

além de tudo, foi uma forma de conseguir

ganhar dinheiro mais rápido, o que não é

fácil nas artes plásticas.

Quais foram suas primeiras experiências profissionais?Eu fazia ilustrações. Desde criança

eu sempre desenhei e acabei me

descobrindo como artista de forma muito

empírica: fazendo trabalhos de design,

rendering etc. Comecei num escritório de

design com 17 anos.

Quando você começou a migrar do design para as artes plásticas?Quando eu voltei para Belo Horizonte,

depois de um tempo fora, há uns 10

anos, foi aí que as coisas começaram a

acontecer. E eu sou muito grato à cidade

por isso. Minhas experiências em agência

e escritório também me ajudaram muito,

pois aprendi como funcionava o mercado,

como atender um cliente, ou seja, a ser um

profissional como outro qualquer.

Muitas vezes o artista plástico é visto como

um verdadeiro “autista”, alguém que vive

isolado, sujo de tinta, pintando. Acho esse

estereótipo muito estranho, já que, na

história da arte, os grandes artistas foram os

pragmáticos: Picasso, Matisse, entre outros.

Picasso nem tinha galeria. Ele pintava em

casa, vendia as obras e tomava conta, ele

mesmo, da sua carreira.

Quando resolvi retomar minha carreira

de artista, decidi estudar fora, fazer pós-

graduação em Londres. Quando voltei,

continuei fazendo trabalhos de design, mas

com menor frequência. E ser pragmático

me ajudou bastante nesse começo.

Montei, com amigos, um ateliê em São

Paulo, comprei uma prensa de gravura,

que ninguém aqui usava, comecei a fazer

palestras e cursos sobre gravura, etc.

Aliás, meu primeiro produto de arte foi

a gravura, que é uma reprodução de

uma matriz, que tem uma série cara de

arte & companhia

01Teaser da ilustração para embalagem do novo produto da marca Café Barão.

02Rogério Fernandes, durante a criação de uma das obras da série “Chanel do Sertão”, que esteve em exposição no “beChic loft”, em Madrid.

03 Detalhe da tela pintada por Fernan-des para a mostra “wallmania”, que acompanhou a turnê “The wall”, do baixista Roger Wa-ters, ex-Pink Floyd.

04Pinguins de geladei-ra assinados pelo artista, criados para o dia das mães.

02

Foto

s: Em

ília B

rand

ão

Page 72: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.72 73

produto. É mais barato comprar uma

gravura do que uma obra, que é única.

Quem não tem condições de comprar

um quadro, pode comprar uma gravura

assinada pelo artista. Quando comecei

a fazer as gravuras e pensei: “tenho

que criar alguma coisa para carregar

as imagens, preciso de umas pastas”.

Aí desenvolvi umas pastas legais para

colocar a gravura, comecei a cuidar da

embalagem do produto, que também é

muito importante.

Foi nesse período que você começou a investir em outros produtos?Sim. Isso aconteceu em 2004, mais ou

menos. Nessa época também montei meu

site. Fizemos um projeto grande, investimos

bastante para comprar os papéis.

Trabalhávamos com serigrafia,

xilogravura, litogravura. Aí pensei em

aplicar também em produtos. Comecei

a fazer copinhos de cachaça, camisetas

etc., tudo em edições limitadas e

assinadas, como obras de arte mesmo,

e coloquei à venda no site. Tinha um

contrato de exclusividade com uma

galeria, mas só valia para obras únicas.

E não é fácil depender das vendas de

galeria. Gravuras e produtos foi uma

brecha que encontrei, e resolvi investir nisso.

Você pode citar alguns produtos?Fiz pinguins para o Shopping Del Rey,

ilustrações para as havaianas, estampas

para a Ador, exposições temáticas do

dia dos namorados para o Diamondmall,

champanheira para o BH Shopping...

Quais são os desafios de se fazer arte em outros suportes?Para mim, produto é uma plataforma

como outra qualquer. Às vezes são

até mais interessantes, porque têm três

dimensões. Apesar de trabalhar com

escultura, minha formação, meu estilo,

é muito gráfico. Sou muito simbólico,

figurativo. Então é como se meu trabalho

fosse “aplicado” ao produto. Como essa

garrafa de saquê, que pintei à mão. É

uma obra de arte, mas também é um

trabalho de design. Fiz a garrafa, botei

numa caixinha e dei o título “o saquê faz

a cabeça”. Essa peça tem um conceito

de design muito forte e, ao mesmo tempo,

é uma obra de arte, porque é assinada,

única. Eu poderia pegar essa garrafa e

vendê-la a uma empresa de design para

que eles a reproduzissem mil vezes. Vejo

a aplicabilidade dos meus trabalhos em

produtos como uma tridimensionalização

do meu trabalho. Porque geralmente meu

trabalho é muito 2D.

Como a arte pode contribuir para os produtos?Acho que a arte nos produtos é uma

coisa que surpreende as pessoas. O

design no Brasil ainda é muito pobre em

embalagens. O design de produto é mais

avançado, sobretudo o design oriundo

da arquitetura, como o trabalho dos

irmãos Campana, por exemplo. Esses são

mais vanguarda. O problema é que o

mercado nacional demanda pouco dos

designers. Além disso, como competir

com o design japonês, por exemplo,

que faz parte de uma cultura milenar

extremamente ligada à estética? No

Japão, compor à mesa para o jantar é

arte & companhiaFo

tos:

arqu

ivo

pess

oal

03

um verdadeiro ritual, enquanto o brasileiro

costuma colocar tudo meio “de qualquer

jeito”. Temos uma cultura que ainda não se

ateve para a importância da estética, em

toda a vida da gente. Porque a estética é,

inclusive, uma questão de saúde.

Recentemente você foi procurado para fazer a embalagem dos produtos de uma marca de café em pó?Quando me procuraram, todo meu

trabalho nessa área eu faço questão de

assinar. Porque em trabalho de design

muitas vezes não se dá o crédito ao

artista. (...) Sempre achei isso um absurdo

porque muita gente vê um trabalho legal

de ilustração e acha que foi o escritório

de design que criou porque não está

assinado. E foi o escritório que contratou o

artista para ilustrar. Por isso, nada mais justo

que dar o crédito ao artista.

Quando me procuraram para fazer a

embalagem de um novo produto do Café

Barão, achei uma ideia do c..., porque

encomendar um trabalho desse a um artista

já é um grande passo. Como eu irei assinar

a embalagem, como faço com todos os

produtos que ilustro, pensei em pintá-la

segundo a visão que tenho do Café Barão.

Por isso, propus uma ideia que o pessoal

topou de imediato: quando me disseram

que enviariam as referências de imagem, de

cor etc., pedi a eles que não me enviassem

nenhuma referência visual. Queria apenas

palavras. Café não é sentido? Pois eu

precisava era de referências de sentido:

“natureza”, “especiaria”, “aroma”... queria

palavras que remetessem ao “sentido” da

embalagem. Não queria ficar influenciado

por qualquer aspecto visual. Afinal, penso que

quando me contrataram, queriam que eu

colocasse minha visão pessoal sobre o produto

da marca. Essa é, inclusive, a diferença entre o

design e a arte aplicada ao design.

E como foi o trabalho?Para criar a ilustração, resolvi ampliar a

embalagem, colocá-la numa tela e pintar

como se fosse um quadro. Nunca vi nada

parecido e, por isso filmei todo o processo,

fazer uma espécie de making of. Pretendo

até usar o estúdio de um amigo para fazer

as imagens em alta definição, quero fazer

um filme meio “vanguarda”. Pensamos

em filmar não só o processo de criação,

mas também de produção, impressão,

montagem da embalagem, enfim, uma

espécie de vídeo institucional diferenciado.

Mas é claro que esse é um trabalho

diferente, que exigiu muita pesquisa, pois

é um trabalho de arte que precisa ser

aplicável ao produto. Foi preciso pensar

onde ficará cada um dos elementos da

embalagem. E tudo foi feito em tamanho

real: quero que a tela vire uma grande

matriz, na qual só será preciso inserir as

informações, marca e pronto.

E as expectativas?São as melhores possíveis. Acho que esse

trabalho terá um retorno muito grande não

só para mim, como artista, mas para a marca

Café Barão. Acho que vai ser muito legal.

arte & companhia

Foto

: arq

uivo

pes

soal

04

Page 73: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.72 73

produto. É mais barato comprar uma

gravura do que uma obra, que é única.

Quem não tem condições de comprar

um quadro, pode comprar uma gravura

assinada pelo artista. Quando comecei

a fazer as gravuras e pensei: “tenho

que criar alguma coisa para carregar

as imagens, preciso de umas pastas”.

Aí desenvolvi umas pastas legais para

colocar a gravura, comecei a cuidar da

embalagem do produto, que também é

muito importante.

Foi nesse período que você começou a investir em outros produtos?Sim. Isso aconteceu em 2004, mais ou

menos. Nessa época também montei meu

site. Fizemos um projeto grande, investimos

bastante para comprar os papéis.

Trabalhávamos com serigrafia,

xilogravura, litogravura. Aí pensei em

aplicar também em produtos. Comecei

a fazer copinhos de cachaça, camisetas

etc., tudo em edições limitadas e

assinadas, como obras de arte mesmo,

e coloquei à venda no site. Tinha um

contrato de exclusividade com uma

galeria, mas só valia para obras únicas.

E não é fácil depender das vendas de

galeria. Gravuras e produtos foi uma

brecha que encontrei, e resolvi investir nisso.

Você pode citar alguns produtos?Fiz pinguins para o Shopping Del Rey,

ilustrações para as havaianas, estampas

para a Ador, exposições temáticas do

dia dos namorados para o Diamondmall,

champanheira para o BH Shopping...

Quais são os desafios de se fazer arte em outros suportes?Para mim, produto é uma plataforma

como outra qualquer. Às vezes são

até mais interessantes, porque têm três

dimensões. Apesar de trabalhar com

escultura, minha formação, meu estilo,

é muito gráfico. Sou muito simbólico,

figurativo. Então é como se meu trabalho

fosse “aplicado” ao produto. Como essa

garrafa de saquê, que pintei à mão. É

uma obra de arte, mas também é um

trabalho de design. Fiz a garrafa, botei

numa caixinha e dei o título “o saquê faz

a cabeça”. Essa peça tem um conceito

de design muito forte e, ao mesmo tempo,

é uma obra de arte, porque é assinada,

única. Eu poderia pegar essa garrafa e

vendê-la a uma empresa de design para

que eles a reproduzissem mil vezes. Vejo

a aplicabilidade dos meus trabalhos em

produtos como uma tridimensionalização

do meu trabalho. Porque geralmente meu

trabalho é muito 2D.

Como a arte pode contribuir para os produtos?Acho que a arte nos produtos é uma

coisa que surpreende as pessoas. O

design no Brasil ainda é muito pobre em

embalagens. O design de produto é mais

avançado, sobretudo o design oriundo

da arquitetura, como o trabalho dos

irmãos Campana, por exemplo. Esses são

mais vanguarda. O problema é que o

mercado nacional demanda pouco dos

designers. Além disso, como competir

com o design japonês, por exemplo,

que faz parte de uma cultura milenar

extremamente ligada à estética? No

Japão, compor à mesa para o jantar é

arte & companhia

Foto

s: ar

quiv

o pe

ssoa

l

03

um verdadeiro ritual, enquanto o brasileiro

costuma colocar tudo meio “de qualquer

jeito”. Temos uma cultura que ainda não se

ateve para a importância da estética, em

toda a vida da gente. Porque a estética é,

inclusive, uma questão de saúde.

Recentemente você foi procurado para fazer a embalagem dos produtos de uma marca de café em pó?Quando me procuraram, todo meu

trabalho nessa área eu faço questão de

assinar. Porque em trabalho de design

muitas vezes não se dá o crédito ao

artista. (...) Sempre achei isso um absurdo

porque muita gente vê um trabalho legal

de ilustração e acha que foi o escritório

de design que criou porque não está

assinado. E foi o escritório que contratou o

artista para ilustrar. Por isso, nada mais justo

que dar o crédito ao artista.

Quando me procuraram para fazer a

embalagem de um novo produto do Café

Barão, achei uma ideia do c..., porque

encomendar um trabalho desse a um artista

já é um grande passo. Como eu irei assinar

a embalagem, como faço com todos os

produtos que ilustro, pensei em pintá-la

segundo a visão que tenho do Café Barão.

Por isso, propus uma ideia que o pessoal

topou de imediato: quando me disseram

que enviariam as referências de imagem, de

cor etc., pedi a eles que não me enviassem

nenhuma referência visual. Queria apenas

palavras. Café não é sentido? Pois eu

precisava era de referências de sentido:

“natureza”, “especiaria”, “aroma”... queria

palavras que remetessem ao “sentido” da

embalagem. Não queria ficar influenciado

por qualquer aspecto visual. Afinal, penso que

quando me contrataram, queriam que eu

colocasse minha visão pessoal sobre o produto

da marca. Essa é, inclusive, a diferença entre o

design e a arte aplicada ao design.

E como foi o trabalho?Para criar a ilustração, resolvi ampliar a

embalagem, colocá-la numa tela e pintar

como se fosse um quadro. Nunca vi nada

parecido e, por isso filmei todo o processo,

fazer uma espécie de making of. Pretendo

até usar o estúdio de um amigo para fazer

as imagens em alta definição, quero fazer

um filme meio “vanguarda”. Pensamos

em filmar não só o processo de criação,

mas também de produção, impressão,

montagem da embalagem, enfim, uma

espécie de vídeo institucional diferenciado.

Mas é claro que esse é um trabalho

diferente, que exigiu muita pesquisa, pois

é um trabalho de arte que precisa ser

aplicável ao produto. Foi preciso pensar

onde ficará cada um dos elementos da

embalagem. E tudo foi feito em tamanho

real: quero que a tela vire uma grande

matriz, na qual só será preciso inserir as

informações, marca e pronto.

E as expectativas?São as melhores possíveis. Acho que esse

trabalho terá um retorno muito grande não

só para mim, como artista, mas para a marca

Café Barão. Acho que vai ser muito legal.

arte & companhia

Foto

: arq

uivo

pes

soal

04

Page 74: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 75pág. 74 Projetos

Reunidos numa sala, diretores de uma empresa observam

a projeção tridimensional de uma determinada região e

avaliam a viabilidade de um novo empreendimento no

local. Vestindo óculos para visualização em três dimensões,

os executivos têm diante dos olhos uma reprodução virtual

do ambiente no qual pretendem investir: topografia,

estradas, cobertura vegetal – tudo está ali representado

como se eles estivessem a observar pessoalmente o cenário.

A experiência tem certa semelhança com os filmes em 3D,

cada vez mais comuns nos cinemas. Mas a tecnologia

empregada nessa sala – utilizada por uma multinacional

brasileira, que prefere não se identificar – vai muito além da

utilizada pela indústria cinematográfica.

Desenvolvida pela norte-americana Virtalis, o activewall é

um sistema que combina projetores e softwares de última

geração para criar reproduções as mais fidedignas possíveis

de ambientes reais. O objetivo, segundo a companhia, é

facilitar a visualização de projetos industriais, geológicos, de

design etc., substituindo as tradicionais apresentações de

slides (em duas dimensões) por simulações em realidade

virtual.

Tecnologia e design de ambientesPara funcionar corretamente, a projeção em realidade

virtual não depende só dos equipamentos desenvolvidos

pela Vitralis. Foi preciso projetar ambientes que atendessem

a condições específicas de iluminação e acústica, tarefa

encomendada ao escritório Lazuli Arquitetura, de Belo

Horizonte. Além da sala de exibição, foram projetadas uma

cabine de operações, um depósito e uma antecâmara.

Realidade virtual aserviço daindústria

Para auxiliar no desenvolvimento de novos projetos, multinacional investe em sala de projeção 3D

Foto

: Lud

imila

Lou

reiro

Sala de realidade virtual.

por danilo borges

Todas as paredes foram executadas em drywall – estruturas

de aço galvanizado e chapas de gesso acartonado –,

preenchido internamente por lã de vidro, calculado para

proporcionar o isolamento acústico da sala. O drywall

foi a solução encontrada para atender ao cronograma

elaborado pela empresa: todo o projeto deveria ser

executado em, no máximo, dois meses.

De acordo com Mariluce Duque, que coordenou o

trabalho, o projeto luminotécnico foi um dos maiores

desafios: “tivemos que desenvolver um projeto que pudesse

criar vários cenários em um só ambiente. Tivemos que

pensar numa iluminação capaz de atender tanto a uma

reunião – ocasiões em que a luz precisa ser intensa – quanto

a uma projeção em 3D, quando a luminosidade pode

prejudicar a visualização”, explica a arquiteta. Como os

reatores utilizados em lâmpadas comuns poderiam interferir

no funcionamento do projetor, optou-se por fazer tudo com

lâmpadas de LED (diodo emissor de luz) e fibra ótica.

Na sala de exibição, a iluminação principal é feita por

três luminárias, uniformemente distribuídas, compostas

por lâmpadas tubulares e PAR 30, ambas em LED, para

proporcionar uma iluminação mais intensa, adequada

para reuniões. Fitas de LED, instaladas nas sancas que

contornam o perímetro da sala e nos painéis difusores,

iluminam o ambiente de forma indireta, ideal durante

as projeções. No corredor que forma a antecâmara –

projetada para reduzir as interferências do ambiente

externo na projeção quando alguém entra ou deixa

a sala –, optou-se pelo chamado “céu de estrelas”,

formado por dezenas de pontos de fibra ótica instalados

no teto. Todo material (luminárias e assessórios) foram

fornecidos pela Templuz.

Projetos

Page 75: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 75pág. 74 Projetos

Reunidos numa sala, diretores de uma empresa observam

a projeção tridimensional de uma determinada região e

avaliam a viabilidade de um novo empreendimento no

local. Vestindo óculos para visualização em três dimensões,

os executivos têm diante dos olhos uma reprodução virtual

do ambiente no qual pretendem investir: topografia,

estradas, cobertura vegetal – tudo está ali representado

como se eles estivessem a observar pessoalmente o cenário.

A experiência tem certa semelhança com os filmes em 3D,

cada vez mais comuns nos cinemas. Mas a tecnologia

empregada nessa sala – utilizada por uma multinacional

brasileira, que prefere não se identificar – vai muito além da

utilizada pela indústria cinematográfica.

Desenvolvida pela norte-americana Virtalis, o activewall é

um sistema que combina projetores e softwares de última

geração para criar reproduções as mais fidedignas possíveis

de ambientes reais. O objetivo, segundo a companhia, é

facilitar a visualização de projetos industriais, geológicos, de

design etc., substituindo as tradicionais apresentações de

slides (em duas dimensões) por simulações em realidade

virtual.

Tecnologia e design de ambientesPara funcionar corretamente, a projeção em realidade

virtual não depende só dos equipamentos desenvolvidos

pela Vitralis. Foi preciso projetar ambientes que atendessem

a condições específicas de iluminação e acústica, tarefa

encomendada ao escritório Lazuli Arquitetura, de Belo

Horizonte. Além da sala de exibição, foram projetadas uma

cabine de operações, um depósito e uma antecâmara.

Realidade virtual aserviço daindústria

Para auxiliar no desenvolvimento de novos projetos, multinacional investe em sala de projeção 3D

Foto

: Lud

imila

Lou

reiro

Sala de realidade virtual.

por danilo borges

Todas as paredes foram executadas em drywall – estruturas

de aço galvanizado e chapas de gesso acartonado –,

preenchido internamente por lã de vidro, calculado para

proporcionar o isolamento acústico da sala. O drywall

foi a solução encontrada para atender ao cronograma

elaborado pela empresa: todo o projeto deveria ser

executado em, no máximo, dois meses.

De acordo com Mariluce Duque, que coordenou o

trabalho, o projeto luminotécnico foi um dos maiores

desafios: “tivemos que desenvolver um projeto que pudesse

criar vários cenários em um só ambiente. Tivemos que

pensar numa iluminação capaz de atender tanto a uma

reunião – ocasiões em que a luz precisa ser intensa – quanto

a uma projeção em 3D, quando a luminosidade pode

prejudicar a visualização”, explica a arquiteta. Como os

reatores utilizados em lâmpadas comuns poderiam interferir

no funcionamento do projetor, optou-se por fazer tudo com

lâmpadas de LED (diodo emissor de luz) e fibra ótica.

Na sala de exibição, a iluminação principal é feita por

três luminárias, uniformemente distribuídas, compostas

por lâmpadas tubulares e PAR 30, ambas em LED, para

proporcionar uma iluminação mais intensa, adequada

para reuniões. Fitas de LED, instaladas nas sancas que

contornam o perímetro da sala e nos painéis difusores,

iluminam o ambiente de forma indireta, ideal durante

as projeções. No corredor que forma a antecâmara –

projetada para reduzir as interferências do ambiente

externo na projeção quando alguém entra ou deixa

a sala –, optou-se pelo chamado “céu de estrelas”,

formado por dezenas de pontos de fibra ótica instalados

no teto. Todo material (luminárias e assessórios) foram

fornecidos pela Templuz.

Projetos

Page 76: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.76 77

O cinema é a sétima arte. Portanto, é justo que o espaço onde são exibidos os filmes também seja uma obra de arte. Exemplo disso são as novas salas do Cineart, presentes no Minas Shopping, em Belo Horizonte. Projetado a partir de um estilo de arquitetura contemporânea, o novo ambiente agrega conforto, beleza e sofisticação, para deixar relaxados os espectadores da telona.

A demanda para que o ambiente de exibição de filmes do Minas

Shopping fosse reformado veio da necessidade de atender à

região populosa onde o mall se localiza. Modernizar o espaço foi

fator preponderante na solicitação do empreendimento, como

explica Lucio Otoni, gerente do Cineart. “Precisávamos de um

projeto inovador e confortável, com alguns diferenciais das

outras salas de exibição da cidade. É necessário um ambiente

confortável, com inclinação ideal e com uma logística de foyer,

para que o cliente sempre conseguisse transitar com muita

tranquilidade”, detalha.

As novidades no local são muitas: tela EX WALL — que vai de

uma parede a outra, com campo de visão muito maior para o

espectador, salas de projeção digital 2D e 3D, poltronas de couro

ecológico, banheiro família, amplo foyer para maior distribuição

e conforto nas filas, além de ingressos vendidos pela internet.

Já no lado estrutural de construção do espaço, a opção foi

por um estilo contemporâneo, visando proporcionar maior

Pode parecer controverso, mas no escurinho do cinema o projeto de iluminação é fator fundamental

Projetos

Foto

: Ren

ata

Luisa

por Michael Eudes

comodidade aos usuários. O fácil acesso às salas

e a preocupação com o isolamento sonoro e

tratamento acústico também foram

aspectos presentes no projeto, segundo o

arquiteto João de Paula. “O Cineart solicitou

que fizéssemos o melhor projeto de iluminação

e que, ao mesmo tempo, fosse econômico e

adequado às reais necessidades das salas de

cinema”, revela.

Em parceria com a Templuz, o desenvolvimento

da reforma ocorreu de maneira satisfatória.

Segundo Paola Duarte, lighting planner

da Templuz, “a proposta do projeto de

interiores sugerida pelo João de Paula era

algo inusitado e totalmente diferente dos

cinemas existentes em Belo Horizonte. Para

acompanhar essas singularidades, foi decidido

ousar nas especificações de iluminação em

que a mesma integrasse e valorizasse a obra.

Para isso, utilizamos bastante a tecnologia LED

disponível no mercado para causar impacto

na sensação do espectador”.

Para o incremento do hall aplicamos o modo

de iluminação em forma de céu de estrelas.

Ao construir esse ambiente, avaliamos duas

tecnologias disponíveis no mercado. Trata-se da

fibra ótica e o LED, que foi o sistema adotado. O

kit é composto de um cristal iluminado por uma

lâmpada em cada ponto. A distribuição dos

cristais é aleatória no teto, sempre obedecendo

à área de cobertura para que o céu não fique

nem muito cheio ou excessivamente vazio.

“A maior dificuldade foi alinhar as

especificações dos produtos LED ao tempo

de obra. Foram quase dois anos trabalhando

neste projeto e, como esse tipo de tecnologia

está em desenvolvimento mês a mês, surgiam

novos produtos com novas possibilidades.

Tudo isso implicou em uma intensa pesquisa de

fornecedores que oferecessem o melhor custo

benefício”, analisa a lighting planner.

Após trabalho árduo, os resultados parecem

ter agradado tanto os espectadores quantos

os responsáveis pela reforma. “Recebemos na

loja, constantemente, clientes que comentam

sobre o projeto e querem saber quais as

especificações dos produtos que foram

utilizados para adotar em projetos residenciais”,

conta Paola Duarte. Já na visão de João

Eficiente e econômica, a tecnologia LED foi a escolhida para compor o novo Cineart do Minas Shopping.

Projetos

Foto

: Ren

ata

Luisa

Page 77: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.76 77

O cinema é a sétima arte. Portanto, é justo que o espaço onde são exibidos os filmes também seja uma obra de arte. Exemplo disso são as novas salas do Cineart, presentes no Minas Shopping, em Belo Horizonte. Projetado a partir de um estilo de arquitetura contemporânea, o novo ambiente agrega conforto, beleza e sofisticação, para deixar relaxados os espectadores da telona.

A demanda para que o ambiente de exibição de filmes do Minas

Shopping fosse reformado veio da necessidade de atender à

região populosa onde o mall se localiza. Modernizar o espaço foi

fator preponderante na solicitação do empreendimento, como

explica Lucio Otoni, gerente do Cineart. “Precisávamos de um

projeto inovador e confortável, com alguns diferenciais das

outras salas de exibição da cidade. É necessário um ambiente

confortável, com inclinação ideal e com uma logística de foyer,

para que o cliente sempre conseguisse transitar com muita

tranquilidade”, detalha.

As novidades no local são muitas: tela EX WALL — que vai de

uma parede a outra, com campo de visão muito maior para o

espectador, salas de projeção digital 2D e 3D, poltronas de couro

ecológico, banheiro família, amplo foyer para maior distribuição

e conforto nas filas, além de ingressos vendidos pela internet.

Já no lado estrutural de construção do espaço, a opção foi

por um estilo contemporâneo, visando proporcionar maior

Pode parecer controverso, mas no escurinho do cinema o projeto de iluminação é fator fundamental

Projetos

Foto

: Ren

ata

Luisa

por Michael Eudes

comodidade aos usuários. O fácil acesso às salas

e a preocupação com o isolamento sonoro e

tratamento acústico também foram

aspectos presentes no projeto, segundo o

arquiteto João de Paula. “O Cineart solicitou

que fizéssemos o melhor projeto de iluminação

e que, ao mesmo tempo, fosse econômico e

adequado às reais necessidades das salas de

cinema”, revela.

Em parceria com a Templuz, o desenvolvimento

da reforma ocorreu de maneira satisfatória.

Segundo Paola Duarte, lighting planner

da Templuz, “a proposta do projeto de

interiores sugerida pelo João de Paula era

algo inusitado e totalmente diferente dos

cinemas existentes em Belo Horizonte. Para

acompanhar essas singularidades, foi decidido

ousar nas especificações de iluminação em

que a mesma integrasse e valorizasse a obra.

Para isso, utilizamos bastante a tecnologia LED

disponível no mercado para causar impacto

na sensação do espectador”.

Para o incremento do hall aplicamos o modo

de iluminação em forma de céu de estrelas.

Ao construir esse ambiente, avaliamos duas

tecnologias disponíveis no mercado. Trata-se da

fibra ótica e o LED, que foi o sistema adotado. O

kit é composto de um cristal iluminado por uma

lâmpada em cada ponto. A distribuição dos

cristais é aleatória no teto, sempre obedecendo

à área de cobertura para que o céu não fique

nem muito cheio ou excessivamente vazio.

“A maior dificuldade foi alinhar as

especificações dos produtos LED ao tempo

de obra. Foram quase dois anos trabalhando

neste projeto e, como esse tipo de tecnologia

está em desenvolvimento mês a mês, surgiam

novos produtos com novas possibilidades.

Tudo isso implicou em uma intensa pesquisa de

fornecedores que oferecessem o melhor custo

benefício”, analisa a lighting planner.

Após trabalho árduo, os resultados parecem

ter agradado tanto os espectadores quantos

os responsáveis pela reforma. “Recebemos na

loja, constantemente, clientes que comentam

sobre o projeto e querem saber quais as

especificações dos produtos que foram

utilizados para adotar em projetos residenciais”,

conta Paola Duarte. Já na visão de João

Eficiente e econômica, a tecnologia LED foi a escolhida para compor o novo Cineart do Minas Shopping.

ProjetosFo

to: R

enat

a Lu

isa

Page 78: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 79pág. 78

de Paula, o casamento entre arquitetura e

iluminação deu muito certo: “O resultado

superou expectativas. O foyer do cinema tem

sido considerado pelos frequentadores como

um dos mais bonitos da cidade, principalmente

pelo céu de estrelas, pois as lâmpadas LED

criam reflexo no piso, causando sensação de

leveza. Com certeza, as luzes do local foram um

dos elementos que mais contribuíram para o

sucesso do trabalho”.

A repercussão realmente foi imediata, pois apenas no

primeiro mês de operação, quase 100 mil espectadores

passaram pelas novas instalações. “O objetivo de dar

aos clientes conforto e sofisticação foi cumprido com

grande êxito, já que recebemos elogios da equipe

do shopping e, principalmente, dos frequentadores”,

conclui o arquiteto João de Paula.

Céu de estrelas criado com LED

e fibra ótica para causar

sensação de leveza.

ProjetosFo

to: R

enat

a Lu

isa

Ação social

Abílio Coelho tinha um sonho. Construir uma casa para abrigar crianças e adolescentes com paralisia cerebral e tratá-las apenas com doações e trabalho de voluntários. Treze anos atrás, esse sonho parecia distante, impossível.

Mas Fernando Pessoa disse que “o homem é do tamanho

de seu sonho”, e Abílio era um homem Grande. Ele lutou,

batalhou e conseguiu um terreno no bairro Jardim Laguna,

em Contagem. Conquistou a construção da casa, tijolo a

tijolo, e conseguiu ver seu sonho realizado. Abílio inaugurou

a sede do Projeto Assistencial Novo Céu, no dia 12 de

dezembro de 1998.

Dois meses depois da inauguração da casa, Abílio faleceu.

Entretanto, seu sonho continuou vivendo por meio do

trabalho de voluntários que se apaixonaram pela causa e

decidiram levar adiante o projeto já iniciado. Atualmente,

a casa cuida de 80 crianças, adolescentes e adultos que

são totalmente dependentes do Novo Céu.

De acordo com Cioli Stancioli, arquiteto e um dos

voluntários no projeto, desde a fundação da casa, pais

fazem filas pedindo para que seus filhos possam integrar a

instituição, mas apenas aqueles cujas famílias não têm a

mínima condição financeira ou emocional é que podem

ser recebidos. “É uma questão matemática, temos que

respeitar o espaço e a qualidade de vida dos que estão

aqui. Oferecemos remédios, comida, cuidados de higiene

pessoal, assistência médica e odontológica, fisioterapia

e aulas de natação. Oferecemos uma vida melhor.

por Clarissa damas

Page 79: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 79pág. 78

de Paula, o casamento entre arquitetura e

iluminação deu muito certo: “O resultado

superou expectativas. O foyer do cinema tem

sido considerado pelos frequentadores como

um dos mais bonitos da cidade, principalmente

pelo céu de estrelas, pois as lâmpadas LED

criam reflexo no piso, causando sensação de

leveza. Com certeza, as luzes do local foram um

dos elementos que mais contribuíram para o

sucesso do trabalho”.

A repercussão realmente foi imediata, pois apenas no

primeiro mês de operação, quase 100 mil espectadores

passaram pelas novas instalações. “O objetivo de dar

aos clientes conforto e sofisticação foi cumprido com

grande êxito, já que recebemos elogios da equipe

do shopping e, principalmente, dos frequentadores”,

conclui o arquiteto João de Paula.

Céu de estrelas criado com LED

e fibra ótica para causar

sensação de leveza.

Projetos

Foto

: Ren

ata

Luisa

Ação social

Abílio Coelho tinha um sonho. Construir uma casa para abrigar crianças e adolescentes com paralisia cerebral e tratá-las apenas com doações e trabalho de voluntários. Treze anos atrás, esse sonho parecia distante, impossível.

Mas Fernando Pessoa disse que “o homem é do tamanho

de seu sonho”, e Abílio era um homem Grande. Ele lutou,

batalhou e conseguiu um terreno no bairro Jardim Laguna,

em Contagem. Conquistou a construção da casa, tijolo a

tijolo, e conseguiu ver seu sonho realizado. Abílio inaugurou

a sede do Projeto Assistencial Novo Céu, no dia 12 de

dezembro de 1998.

Dois meses depois da inauguração da casa, Abílio faleceu.

Entretanto, seu sonho continuou vivendo por meio do

trabalho de voluntários que se apaixonaram pela causa e

decidiram levar adiante o projeto já iniciado. Atualmente,

a casa cuida de 80 crianças, adolescentes e adultos que

são totalmente dependentes do Novo Céu.

De acordo com Cioli Stancioli, arquiteto e um dos

voluntários no projeto, desde a fundação da casa, pais

fazem filas pedindo para que seus filhos possam integrar a

instituição, mas apenas aqueles cujas famílias não têm a

mínima condição financeira ou emocional é que podem

ser recebidos. “É uma questão matemática, temos que

respeitar o espaço e a qualidade de vida dos que estão

aqui. Oferecemos remédios, comida, cuidados de higiene

pessoal, assistência médica e odontológica, fisioterapia

e aulas de natação. Oferecemos uma vida melhor.

por Clarissa damas

Page 80: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.80 81

Queríamos ampliar a capacidade da casa,

mas não temos condição no momento”,

explica o arquiteto.

Atualmente, o Novo Céu recebe ajuda de

várias formas. Todos os anos, é realizado

um bingo beneficente no Iate Tênis Clube,

em Belo Horizonte. O espaço é cedido

pelo Iate e recebe cerca de 1500 pessoas.

Além disso, são feitos bazares periódicos

com objetos doados pela população

e ofertados à comunidade da região.

“Recebemos roupas, eletrodomésticos e

objetos de uso pessoal, que são revendidos

a preços baixos para quem mora no

entorno do Novo Céu. Assim, ajudamos em

dose dupla”, conta Cioli.

O projeto precisa ainda de doação de

tempo. “O principal é a ação voluntária.

Precisamos de médicos, enfermeiros,

dentistas, educadores e profissionais de

diversas áreas que queiram nos ajudar na

demanda diária da casa. Pessoas que

querem apenas conversar ou dar carinho

as crianças também são muito bem-

vindas”, conclui o arquiteto.

Ação social

Fotos da estrutura fisica da instituição, como, fachada

principal, carrinhos de locomoção, consultório odontológico, cozinha,

rampas de acesso suave, lavanderia,

telemarketing, entre outros.

Fotos de Carlos Olímpia

Com um custo mensal médio de cada paciente em torno

de R$ 1.500,00 e ainda contas a pagar como água, luz,

e salários de funcionários da limpeza e manutenção, a

despesa do novo céu é alta. “Precisamos muito de ajuda,

de qualquer tipo de ajuda, para podermos continuar

exercendo esse trabalho. Seja com doação de objetos

ou alimentos, tempo ou dinheiro, o que faz o Novo Céu

continuar é a solidariedade das pessoas. Contamos com

isso e fico feliz em dizer que nosso projeto deu certo”,

conclui o arquiteto.

apoio da famíliaToda criança precisa e tem direito a receber carinho da

família. Por isso, no Novo Céu, pais, tios, avós, primos e

amigos visitam os internos com frequência. “Aqui não tem

regra quanto à visitação. Alguns pais trabalham o dia

todo e só podem vir nos finais de semana, outros têm mais

tempo e conseguem vir todos os dias. O que vemos é um

grande empenho das famílias com as crianças, ninguém

aqui fica em situação de abandono”, explica Cioli.

Além das famílias, o novo Céu desenvolve ainda

uma parceria com o Colégio Santo Agostinho. Alunos

da instituição vão ao local, conhecem os internos e

desenvolvem atividades com eles, no intuito de estimular

tanto as crianças com paralisia cerebral, no sentido do

desenvolvimento motor, quanto o senso de solidariedade

e responsabilidade social entre os alunos do colégio.

Ação social

Carlos Roberto Mirachi, diretor presidente voluntário

e Cioli Stancioli, voluntário

Necessidades do ProjetoDietas

Isosource1.5

Ensure

Trophic Basic

Nutranon1.5

Nutren1.0

Peptamen

Nutri Enteral 1.0

Nutri Soya

MateriaisFraldas geriátricas tamanho P/M/G;

Fraldas desc. Tamanho Extra G Infantil;

Luvas de procedimento tamanho M;

Fita crepe;

Gaze estéril e não estéril;

Micropore 3M(25x10);

Mucilon de milho/ arroz;

Leite integral;

Erva doce ou camomila;

Soja;

Farinha láctea;

Aveia;

Neston;

Gérmen de Trigo;

Nutrilon;

Xampu neutro;

Desodorante s/ perfume;

Sabonete branco;

Sabão em pó;

Sabonete Líquido;

Cera Líquida Incolor;

Toalhas de papel para banheiro;

Doações diversas para o bazar (roupas,

sapatos, móveis, eletrodomésticos em

bom estado, entre outros).

Outras formas de ajudarAtravés das contas COPASA/CEMIG,

boleto bancário, carnês bancários

(6 e 12 meses), apanha financeira,

Projeto FIA (Fundo para

Infância e Adolescência).

Contato: Karina Militão /

Juliana Nobre

Assessoria de Comunicação

(31) 3368-6860

Site: http://www.novoceu.org.br

Page 81: iDeia Templuz - Edição 01

pág. pág.80 81

Queríamos ampliar a capacidade da casa,

mas não temos condição no momento”,

explica o arquiteto.

Atualmente, o Novo Céu recebe ajuda de

várias formas. Todos os anos, é realizado

um bingo beneficente no Iate Tênis Clube,

em Belo Horizonte. O espaço é cedido

pelo Iate e recebe cerca de 1500 pessoas.

Além disso, são feitos bazares periódicos

com objetos doados pela população

e ofertados à comunidade da região.

“Recebemos roupas, eletrodomésticos e

objetos de uso pessoal, que são revendidos

a preços baixos para quem mora no

entorno do Novo Céu. Assim, ajudamos em

dose dupla”, conta Cioli.

O projeto precisa ainda de doação de

tempo. “O principal é a ação voluntária.

Precisamos de médicos, enfermeiros,

dentistas, educadores e profissionais de

diversas áreas que queiram nos ajudar na

demanda diária da casa. Pessoas que

querem apenas conversar ou dar carinho

as crianças também são muito bem-

vindas”, conclui o arquiteto.

Ação social

Fotos da estrutura fisica da instituição, como, fachada

principal, carrinhos de locomoção, consultório odontológico, cozinha,

rampas de acesso suave, lavanderia,

telemarketing, entre outros.

Fotos de Carlos Olímpia

Com um custo mensal médio de cada paciente em torno

de R$ 1.500,00 e ainda contas a pagar como água, luz,

e salários de funcionários da limpeza e manutenção, a

despesa do novo céu é alta. “Precisamos muito de ajuda,

de qualquer tipo de ajuda, para podermos continuar

exercendo esse trabalho. Seja com doação de objetos

ou alimentos, tempo ou dinheiro, o que faz o Novo Céu

continuar é a solidariedade das pessoas. Contamos com

isso e fico feliz em dizer que nosso projeto deu certo”,

conclui o arquiteto.

apoio da famíliaToda criança precisa e tem direito a receber carinho da

família. Por isso, no Novo Céu, pais, tios, avós, primos e

amigos visitam os internos com frequência. “Aqui não tem

regra quanto à visitação. Alguns pais trabalham o dia

todo e só podem vir nos finais de semana, outros têm mais

tempo e conseguem vir todos os dias. O que vemos é um

grande empenho das famílias com as crianças, ninguém

aqui fica em situação de abandono”, explica Cioli.

Além das famílias, o novo Céu desenvolve ainda

uma parceria com o Colégio Santo Agostinho. Alunos

da instituição vão ao local, conhecem os internos e

desenvolvem atividades com eles, no intuito de estimular

tanto as crianças com paralisia cerebral, no sentido do

desenvolvimento motor, quanto o senso de solidariedade

e responsabilidade social entre os alunos do colégio.

Ação social

Carlos Roberto Mirachi, diretor presidente voluntário

e Cioli Stancioli, voluntário

Necessidades do ProjetoDietas

Isosource1.5

Ensure

Trophic Basic

Nutranon1.5

Nutren1.0

Peptamen

Nutri Enteral 1.0

Nutri Soya

MateriaisFraldas geriátricas tamanho P/M/G;

Fraldas desc. Tamanho Extra G Infantil;

Luvas de procedimento tamanho M;

Fita crepe;

Gaze estéril e não estéril;

Micropore 3M(25x10);

Mucilon de milho/ arroz;

Leite integral;

Erva doce ou camomila;

Soja;

Farinha láctea;

Aveia;

Neston;

Gérmen de Trigo;

Nutrilon;

Xampu neutro;

Desodorante s/ perfume;

Sabonete branco;

Sabão em pó;

Sabonete Líquido;

Cera Líquida Incolor;

Toalhas de papel para banheiro;

Doações diversas para o bazar (roupas,

sapatos, móveis, eletrodomésticos em

bom estado, entre outros).

Outras formas de ajudarAtravés das contas COPASA/CEMIG,

boleto bancário, carnês bancários

(6 e 12 meses), apanha financeira,

Projeto FIA (Fundo para

Infância e Adolescência).

Contato: Karina Militão /

Juliana Nobre

Assessoria de Comunicação

(31) 3368-6860

Site: http://www.novoceu.org.br

Page 82: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 83pág. 82

Até há bem pouco tempo, não se falava em design. A não ser que quiséssemos nos referir a um modelo novo de carro. Então, em pleno século XXI, o termo começou a entrar em nossas vidas. Hoje existem designers de sobrancelhas, hair designers, personal designer. Mas de onde saíram todos?

Na verdade, estamos cercados pelo design,

praticamente, desde o momento em que acordamos.

Certamente, nossas camas, colchões e mesmo os lençóis,

foram projetados por profissionais que pensaram nos

materiais, na ergonomia e nas tendências da estamparia.

Se seguirmos o nosso percurso ao longo do dia, o

modelo de chuveiro, a cafeteira elétrica, o nosso laptop

e, fatalmente, o carro têm o trabalho de dezenas de

designers por trás de suas concepções. E só chegamos

no começo da manhã!

Exatamente pelo fato de estarmos cercados de design,

não nos damos conta de sua presença no cotidiano.

Ou melhor, só nos apercebemos quando ele faz falta.

Quem nunca reclamou de uma cadeira que é incômoda

ao sentar, de um equipamento que se quebra com

facilidade? Esses são todos projetos que carecem de um

bom profissional para pensá-los.

Mas o design não se restringe apenas aos objetos. Nossa

forma de vestir também é influenciada por ele. Já observou

como a cada estação são eleitas cores da moda? Em

uma estação dominam os tons pasteis, em outra os cítricos.

Cada tendência, que acaba por influenciar não apenas

as roupas, mas calçados, maquiagem etc., advém de um

estudo feito também por designers.

O DESIGNno cotidianopor Rita Ribeiro

artigos

Ao andarmos pela cidade, podemos

observar como as distintas tribos urbanas se

comportam. Os skatistas, os garotos ligados

ao hip-hop, os roqueiros, os mods. Cada

tribo urbana se revela, em primeiro lugar,

pelas roupas que veste. O design de seus

tipos é fruto de escolhas que têm a ver

com estilo musical, estilos de vida,

definitivamente influenciados pelos design.

Da mesma maneira, os artefatos que

escolhemos para compor nossas casas. O

design revela nas nossas escolhas, nossa

personalidade. Casas mais clássicas, casas

totalmente high tech.

Mas como podemos entender o que é o

design? O termo é objeto, ainda hoje, de

discussões. Uma infinidade de definições

foi utilizada ao longo dos séculos (sim

séculos!) para descrever a tarefa do

homem de pensar, projetar e transformar

materiais em artefatos. Enquanto o objeto

pode ser entendido como algo material,

que pode ser visto e tocado, o artefato

constitui-se como aquilo que é feito para

ser usado e modificado pela atividade

humana. Na transição para o processo

de industrialização criou-se então o termo

produto, compreendido como um artefato

funcional, que age como uma ferramenta

útil na realização de tarefas. Ou seja, sem a

intervenção do homem, não existe design.

Os produtos foram se modificando,

principalmente, ao longo do século

passado, pois o desenvolvimento

tecnológico foi determinante para as

transformações em diversos campos,

inclusive no conceito de produto. A

produção de bens deixa de lado seu

caráter apenas utilitário e começa a

incorporar valores intangíveis. Os valores

sociais tendem a ser traduzidos a partir de

nossas escolhas de consumo e os objetos

retratam essas opções e criam também

uma identificação com determinados

modos de vida.

Os objetos, cada vez mais, dizem quem

somos e como nos portamos frente ao

Page 83: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 83pág. 82

Até há bem pouco tempo, não se falava em design. A não ser que quiséssemos nos referir a um modelo novo de carro. Então, em pleno século XXI, o termo começou a entrar em nossas vidas. Hoje existem designers de sobrancelhas, hair designers, personal designer. Mas de onde saíram todos?

Na verdade, estamos cercados pelo design,

praticamente, desde o momento em que acordamos.

Certamente, nossas camas, colchões e mesmo os lençóis,

foram projetados por profissionais que pensaram nos

materiais, na ergonomia e nas tendências da estamparia.

Se seguirmos o nosso percurso ao longo do dia, o

modelo de chuveiro, a cafeteira elétrica, o nosso laptop

e, fatalmente, o carro têm o trabalho de dezenas de

designers por trás de suas concepções. E só chegamos

no começo da manhã!

Exatamente pelo fato de estarmos cercados de design,

não nos damos conta de sua presença no cotidiano.

Ou melhor, só nos apercebemos quando ele faz falta.

Quem nunca reclamou de uma cadeira que é incômoda

ao sentar, de um equipamento que se quebra com

facilidade? Esses são todos projetos que carecem de um

bom profissional para pensá-los.

Mas o design não se restringe apenas aos objetos. Nossa

forma de vestir também é influenciada por ele. Já observou

como a cada estação são eleitas cores da moda? Em

uma estação dominam os tons pasteis, em outra os cítricos.

Cada tendência, que acaba por influenciar não apenas

as roupas, mas calçados, maquiagem etc., advém de um

estudo feito também por designers.

O DESIGNno cotidianopor Rita Ribeiro

artigos

Ao andarmos pela cidade, podemos

observar como as distintas tribos urbanas se

comportam. Os skatistas, os garotos ligados

ao hip-hop, os roqueiros, os mods. Cada

tribo urbana se revela, em primeiro lugar,

pelas roupas que veste. O design de seus

tipos é fruto de escolhas que têm a ver

com estilo musical, estilos de vida,

definitivamente influenciados pelos design.

Da mesma maneira, os artefatos que

escolhemos para compor nossas casas. O

design revela nas nossas escolhas, nossa

personalidade. Casas mais clássicas, casas

totalmente high tech.

Mas como podemos entender o que é o

design? O termo é objeto, ainda hoje, de

discussões. Uma infinidade de definições

foi utilizada ao longo dos séculos (sim

séculos!) para descrever a tarefa do

homem de pensar, projetar e transformar

materiais em artefatos. Enquanto o objeto

pode ser entendido como algo material,

que pode ser visto e tocado, o artefato

constitui-se como aquilo que é feito para

ser usado e modificado pela atividade

humana. Na transição para o processo

de industrialização criou-se então o termo

produto, compreendido como um artefato

funcional, que age como uma ferramenta

útil na realização de tarefas. Ou seja, sem a

intervenção do homem, não existe design.

Os produtos foram se modificando,

principalmente, ao longo do século

passado, pois o desenvolvimento

tecnológico foi determinante para as

transformações em diversos campos,

inclusive no conceito de produto. A

produção de bens deixa de lado seu

caráter apenas utilitário e começa a

incorporar valores intangíveis. Os valores

sociais tendem a ser traduzidos a partir de

nossas escolhas de consumo e os objetos

retratam essas opções e criam também

uma identificação com determinados

modos de vida.

Os objetos, cada vez mais, dizem quem

somos e como nos portamos frente ao

Page 84: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 84

mundo. Curiosamente, nossas escolhas, além de dizer

quem somos também pretendem transmitir como

queremos ser vistos pelos outros. Hoje vivemos um

fenômeno denominado de hiperconsumo. Nunca

tivemos acesso a tantos bens, com tamanha diversidade

de escolhas como atualmente. Consumimos numa

velocidade muito maior que o tempo de uso dos objetos.

Ao entendermos o design como um processo de pensar,

projetar e fabricar artefatos, a associação entre design e

cultura permite-nos compreender parte dos mecanismos

da organização social de uma determinada sociedade.

A utilização dos artefatos criados pelo homem possibilita

entender sua forma de estar no mundo, os valores e

hierarquias sociais. Desde os primórdios da humanidade,

alguns artefatos trazem atrelados a si, valores que lhes

conferem um sentido para além do simples caráter

utilitário. Assim, podemos interpretar esculturas sagradas,

representações de santos, coroas que distinguem a

realeza do homem comum. Hoje, no entanto, outros

produtos conferem valor a seus usuários. Uma calça jeans

de determinada grife, ou um celular de última geração

são exemplos cotidianos de distinção social que agora é

determinada mais pelos objetos que possuímos.

E uma das tarefas do design é essa: criar vínculos com

os objetos. Assim, ao escolher um determinado produto,

é o design que está em ação: seja na funcionalidade,

na aparência ou na embalagem. Quantas vezes

compramos um produto apenas pela embalagem,

que é linda, e fazemos questão de guardá-la por muito

tempo? A atividade do design busca entender o que

o consumidor deseja e como concretizar esse desejo

em forma de produto. Por isso, temos tantos produtos e

tantas opções de escolha. No entanto, cabe também ao

designer pensar que produtos realmente são necessários,

pois o consumo desenfreado nos convoca a pensar que

nossas atitudes corroboram para a destruição da ida

em nosso planeta. O design pode criar produtos menos

prejudiciais e, ainda assim, lindos! Esse é um dos desafios

que designers do mundo todo vêm enfrentando.

Entender o design em nosso cotidiano parece uma tarefa

simples, mas não é, pois ele faz parte de, praticamente,

tudo o que fazemos. Mesmo de forma não intencional,

nossas opções acabam sendo induzidas por ele. Por isso,

tambémé importante pensar em como os produtos são

fabricados, como poderemos desfrutar melhor deles. E

quando se deparar com designers de diversas coisas, não

se assuste, pois esse mundo, cada vez mais,

é regido pelo design!

Page 85: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 84

mundo. Curiosamente, nossas escolhas, além de dizer

quem somos também pretendem transmitir como

queremos ser vistos pelos outros. Hoje vivemos um

fenômeno denominado de hiperconsumo. Nunca

tivemos acesso a tantos bens, com tamanha diversidade

de escolhas como atualmente. Consumimos numa

velocidade muito maior que o tempo de uso dos objetos.

Ao entendermos o design como um processo de pensar,

projetar e fabricar artefatos, a associação entre design e

cultura permite-nos compreender parte dos mecanismos

da organização social de uma determinada sociedade.

A utilização dos artefatos criados pelo homem possibilita

entender sua forma de estar no mundo, os valores e

hierarquias sociais. Desde os primórdios da humanidade,

alguns artefatos trazem atrelados a si, valores que lhes

conferem um sentido para além do simples caráter

utilitário. Assim, podemos interpretar esculturas sagradas,

representações de santos, coroas que distinguem a

realeza do homem comum. Hoje, no entanto, outros

produtos conferem valor a seus usuários. Uma calça jeans

de determinada grife, ou um celular de última geração

são exemplos cotidianos de distinção social que agora é

determinada mais pelos objetos que possuímos.

E uma das tarefas do design é essa: criar vínculos com

os objetos. Assim, ao escolher um determinado produto,

é o design que está em ação: seja na funcionalidade,

na aparência ou na embalagem. Quantas vezes

compramos um produto apenas pela embalagem,

que é linda, e fazemos questão de guardá-la por muito

tempo? A atividade do design busca entender o que

o consumidor deseja e como concretizar esse desejo

em forma de produto. Por isso, temos tantos produtos e

tantas opções de escolha. No entanto, cabe também ao

designer pensar que produtos realmente são necessários,

pois o consumo desenfreado nos convoca a pensar que

nossas atitudes corroboram para a destruição da ida

em nosso planeta. O design pode criar produtos menos

prejudiciais e, ainda assim, lindos! Esse é um dos desafios

que designers do mundo todo vêm enfrentando.

Entender o design em nosso cotidiano parece uma tarefa

simples, mas não é, pois ele faz parte de, praticamente,

tudo o que fazemos. Mesmo de forma não intencional,

nossas opções acabam sendo induzidas por ele. Por isso,

tambémé importante pensar em como os produtos são

fabricados, como poderemos desfrutar melhor deles. E

quando se deparar com designers de diversas coisas, não

se assuste, pois esse mundo, cada vez mais,

é regido pelo design!

Page 86: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 87pág. 86

Vejo muitas equipes entrarem em salas de reuniões com a missão de descobrir o furo que levou ao insucesso de uma estratégia. A conversa é sempre tensa, pois é preciso encontrar os culpados. Cada departamento coloca seu plano de metas na mesa, explica as ações que foram implementadas e confere os resultados. O primeiro é o Marketing, claro. Depois, o Comercial. Em seguida, a produção e depois a logística. O Departamento Financeiro costuma ficar só assistindo, como se não fizesse parte da execução do plano estratégico - mas isso é assunto para outro artigo.

Não há como os gerentes evitarem o estresse de um momento

desses. A carga emocional é forte. O processo de caça às

bruxas é uma prática comum nas empresas brasileiras. Saber

que o mal teve origem em apenas um departamento deixa

a organização a salvo de uma derrocada geral. Apesar

desse procedimento de buscas ser doloroso, e de causar uma

instabilidade perigosa na equipe, ele permite que a empresa se

mantenha no controle e estanque o mal que fragiliza a gestão

do negócio.

Depois da rodada em que todos apresentam seus argumentos,

e se defendem, começa um esforço conjunto entre os gerentes

que se unem para encontrar os pontos falhos na estratégia.

Onde a percepção estava errada? Aquela tendência

não se confirmou? Que comportamento do mercado nos

surpreendeu? O que deixamos de fazer?

por Inácia SoaresIlu

stra

ções

: Jan

aína

Bel

chio

r

artigos

Se gasta um bom tempo especulando sobre

os furos do planejamento. Esse exercício de

analisar o planejamento e tentar encontrar

as possíveis falhas seria até muito interessante

se não tivesse sua origem no lugar errado:

na certeza de ter havido um erro. Até que

existe uma boa dose de aprendizado na

instabilidade. Quando temos que rever nossos

argumentos, eles tendem a se fortalecer se

forem devidamente fundamentados, ou

podem parecer tolos, se tomados em uma

análise precipitada.

Após essas reuniões de confronto e análise,

nem sempre as empresas encontram a causa

do insucesso da estratégia e tendem a debitar

esse custo sobre a cabeça de um gestor ou

simplesmente colocam esse custo na conta do

imprevisível ser chamado mercado. Se o gestor

sair perdendo, será demitido. Se o algoz for o

mercado, serão ouvidas lamúrias contra a sorte.

Se o problema não está na estratégia, onde

estará então? Vou suscitar uma afirmação

do grande consultor de empresas

considerado o pai da Administração

Moderna: Peter Drucker. Ele disse que

“O mais importante na comunicação é

ouvir o que não é dito”. E por que trago

essa provocação ao meu artigo? Para

lembrar que a comunicação também faz

parte da estratégia, mas as empresas não

costumam se lembrar disso. Por traz de

muitos erros empresariais, ou de estratégias

aparentemente mal-sucedidas, pode haver

uma comunicação atropelada.

Cheguei ao ponto que queria: cutucar as

empresas e convidá-las à reflexão. Para isso,

conto uma situação real que aconteceu com

um designer que foi contratado para revitalizar

a linha de produtos de uma indústria de móveis

de médio porte. Depois de alguns meses de

trabalho, e bastante autonomia para emplacar

um novo conceito no mobiliário, finalmente, as

peças ficaram prontas. Depois das fotos e de

escolher a peça que ilustraria a campanha, o

catálogo foi para a produção e os outdoors

para as ruas. Era chegado o momento de

conferir a reação do mercado àquele grande

investimento no design.

Não é praxe, mas o designer responsável por

esse projeto só se sentiria realizado quando

visse o produto nas lojas e, de preferência,

conquistando a preferência do consumidor.

Pois lá foi ele visitar a maior loja da rede

daquele cliente. Quando chegou, procurou

pela poltrona que ilustrava a campanha, a

peça-chave de todo o projeto de design.

Encontrou? Não. Não estava na vitrine e

nem nos pontos de destaque da loja. Onde

estaria a poltrona que personificava toda

a ideia da nova fase daquela indústria?

Curioso, o designer perguntou a uma

vendedora, sem informar que ele era o

autor do projeto, onde estava a peça que

ilustrava a campanha de comunicação que já

chamava a atenção pelas ruas. Primeiramente,

ela não se lembrou que peça era aquela.

Depois de uma certa mímica e de quase ver o

designer desenhar no ar o modelo da poltrona,

a vendedora fez uma expressão de quem

entendeu e foi em direção ao fundo da loja.

Fez sinal para o designer lhe acompanhar.

Sabe onde estava a poltrona-símbolo da

campanha publicitária? Escondida no fundo

da loja. Quando o designer perguntou qual a

razão para aquela posição tão escondida, a

vendedora respondeu com toda a segurança:

“A coleção antiga é mais bonita”.

O que temos nesse exemplo? O fracasso de

uma estratégia comercial e de marketing

que tentou ampliar o share e fortalecer

a marca, mas que foi reduzida a pó por

falta de comunicação. O design era ruim,

o produto era mal feito, a loja era mal

localizada, a marca era desconhecida ou

o catálogo ficou mal feito? Nada disso.

Apenas faltou comunicar à equipe a nova

estratégia da empresa. Se a vendedora

tivesse sido treinada, se ela entendesse que

a empresa havia feito investimentos vultosos

na expectativa de ampliar as vendas e de

aumentar a participação no mercado, é

certo que a nova poltrona estaria na linha de

frente da loja.

Erros simples como esse, e fáceis de evitar,

colocam em risco o sucesso de uma

estratégia. A mesma situação vive aquela

artigos

Page 87: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 87pág. 86

Vejo muitas equipes entrarem em salas de reuniões com a missão de descobrir o furo que levou ao insucesso de uma estratégia. A conversa é sempre tensa, pois é preciso encontrar os culpados. Cada departamento coloca seu plano de metas na mesa, explica as ações que foram implementadas e confere os resultados. O primeiro é o Marketing, claro. Depois, o Comercial. Em seguida, a produção e depois a logística. O Departamento Financeiro costuma ficar só assistindo, como se não fizesse parte da execução do plano estratégico - mas isso é assunto para outro artigo.

Não há como os gerentes evitarem o estresse de um momento

desses. A carga emocional é forte. O processo de caça às

bruxas é uma prática comum nas empresas brasileiras. Saber

que o mal teve origem em apenas um departamento deixa

a organização a salvo de uma derrocada geral. Apesar

desse procedimento de buscas ser doloroso, e de causar uma

instabilidade perigosa na equipe, ele permite que a empresa se

mantenha no controle e estanque o mal que fragiliza a gestão

do negócio.

Depois da rodada em que todos apresentam seus argumentos,

e se defendem, começa um esforço conjunto entre os gerentes

que se unem para encontrar os pontos falhos na estratégia.

Onde a percepção estava errada? Aquela tendência

não se confirmou? Que comportamento do mercado nos

surpreendeu? O que deixamos de fazer?

por Inácia Soares

Ilust

raçõ

es: J

anaí

na B

elch

ior

artigos

Se gasta um bom tempo especulando sobre

os furos do planejamento. Esse exercício de

analisar o planejamento e tentar encontrar

as possíveis falhas seria até muito interessante

se não tivesse sua origem no lugar errado:

na certeza de ter havido um erro. Até que

existe uma boa dose de aprendizado na

instabilidade. Quando temos que rever nossos

argumentos, eles tendem a se fortalecer se

forem devidamente fundamentados, ou

podem parecer tolos, se tomados em uma

análise precipitada.

Após essas reuniões de confronto e análise,

nem sempre as empresas encontram a causa

do insucesso da estratégia e tendem a debitar

esse custo sobre a cabeça de um gestor ou

simplesmente colocam esse custo na conta do

imprevisível ser chamado mercado. Se o gestor

sair perdendo, será demitido. Se o algoz for o

mercado, serão ouvidas lamúrias contra a sorte.

Se o problema não está na estratégia, onde

estará então? Vou suscitar uma afirmação

do grande consultor de empresas

considerado o pai da Administração

Moderna: Peter Drucker. Ele disse que

“O mais importante na comunicação é

ouvir o que não é dito”. E por que trago

essa provocação ao meu artigo? Para

lembrar que a comunicação também faz

parte da estratégia, mas as empresas não

costumam se lembrar disso. Por traz de

muitos erros empresariais, ou de estratégias

aparentemente mal-sucedidas, pode haver

uma comunicação atropelada.

Cheguei ao ponto que queria: cutucar as

empresas e convidá-las à reflexão. Para isso,

conto uma situação real que aconteceu com

um designer que foi contratado para revitalizar

a linha de produtos de uma indústria de móveis

de médio porte. Depois de alguns meses de

trabalho, e bastante autonomia para emplacar

um novo conceito no mobiliário, finalmente, as

peças ficaram prontas. Depois das fotos e de

escolher a peça que ilustraria a campanha, o

catálogo foi para a produção e os outdoors

para as ruas. Era chegado o momento de

conferir a reação do mercado àquele grande

investimento no design.

Não é praxe, mas o designer responsável por

esse projeto só se sentiria realizado quando

visse o produto nas lojas e, de preferência,

conquistando a preferência do consumidor.

Pois lá foi ele visitar a maior loja da rede

daquele cliente. Quando chegou, procurou

pela poltrona que ilustrava a campanha, a

peça-chave de todo o projeto de design.

Encontrou? Não. Não estava na vitrine e

nem nos pontos de destaque da loja. Onde

estaria a poltrona que personificava toda

a ideia da nova fase daquela indústria?

Curioso, o designer perguntou a uma

vendedora, sem informar que ele era o

autor do projeto, onde estava a peça que

ilustrava a campanha de comunicação que já

chamava a atenção pelas ruas. Primeiramente,

ela não se lembrou que peça era aquela.

Depois de uma certa mímica e de quase ver o

designer desenhar no ar o modelo da poltrona,

a vendedora fez uma expressão de quem

entendeu e foi em direção ao fundo da loja.

Fez sinal para o designer lhe acompanhar.

Sabe onde estava a poltrona-símbolo da

campanha publicitária? Escondida no fundo

da loja. Quando o designer perguntou qual a

razão para aquela posição tão escondida, a

vendedora respondeu com toda a segurança:

“A coleção antiga é mais bonita”.

O que temos nesse exemplo? O fracasso de

uma estratégia comercial e de marketing

que tentou ampliar o share e fortalecer

a marca, mas que foi reduzida a pó por

falta de comunicação. O design era ruim,

o produto era mal feito, a loja era mal

localizada, a marca era desconhecida ou

o catálogo ficou mal feito? Nada disso.

Apenas faltou comunicar à equipe a nova

estratégia da empresa. Se a vendedora

tivesse sido treinada, se ela entendesse que

a empresa havia feito investimentos vultosos

na expectativa de ampliar as vendas e de

aumentar a participação no mercado, é

certo que a nova poltrona estaria na linha de

frente da loja.

Erros simples como esse, e fáceis de evitar,

colocam em risco o sucesso de uma

estratégia. A mesma situação vive aquela

artigos

Page 88: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 88

empresa que decidiu reduzir as horas extras,

mas que não se dedicou a entender as

razões que levam à extensão do horário

de trabalho. Aparentemente, o excesso de

demanda ou a falta de pessoal poderiam

explicar a situação. Mas somente conhecer

a dinâmica do processo de trabalho, as

necessidades dos clientes e a capacidade

de produção instalada permitirá que o

gestor tire algumas conclusões. Vi isso

ocorrer em uma empresa e ao contrário de

proibir as horas extras, o gestor habilmente

mostrou o custo que elas tinham para

a organização e porque deveriam ser

evitadas. A própria equipe buscou mais

A comunicação é uma das áreas mais

esquecidas dos negócios. Em geral, ela só é

lembrada no lançamento de campanhas

publicitárias, quando o entendimento do

mercado em relação a um novo produto ou

serviço é crucial para o resultado.

Mas, no dia a dia de uma empresa, ninguém

confere se o porteiro entendeu exatamente

a importância de receber bem os clientes

e de tentar auxiliar os visitantes a estacionar

corretamente. Além de ser gentil com quem

chega, é um cuidado para aumentar a

segurança do trânsito de pedestres e de

carretas pelo pátio.

No dia em que a equipe de vendas sai para

visitar clientes e apresentar as novidades,

ninguém confere como cada vendedor

entendeu as explicações sobre os atributos e

características do produto. Percepções mudam

conforme experiências pessoais e níveis de

conhecimento. Gestores já se dão por satisfeitos

em explicar as coisas do jeito deles. Mas como

será que cada um da equipe entenderá aquilo

que foi explicado, se a bagagem que cada um

traz é individual e inigualável?

A solução para o problema não está em

destacar apenas um responsável para a

comunicação, pois ela tem que ser um hábito

de toda a organização. Temos que aprender a

ler os sinais das pessoas e entender que somos

desiguais na forma de entender e interpretar.

E jamais devemos nos esquecer do óbvio:

cada cabeça, uma sentença. Essa expressão

que os antigos usavam muito bem revela que

antes que a sentença seja dada, na cabeça

de cada de um, a comunicação deverá ser o

instrumento da defesa de toda estratégia.

Artigos

Page 89: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 88

empresa que decidiu reduzir as horas extras,

mas que não se dedicou a entender as

razões que levam à extensão do horário

de trabalho. Aparentemente, o excesso de

demanda ou a falta de pessoal poderiam

explicar a situação. Mas somente conhecer

a dinâmica do processo de trabalho, as

necessidades dos clientes e a capacidade

de produção instalada permitirá que o

gestor tire algumas conclusões. Vi isso

ocorrer em uma empresa e ao contrário de

proibir as horas extras, o gestor habilmente

mostrou o custo que elas tinham para

a organização e porque deveriam ser

evitadas. A própria equipe buscou mais

A comunicação é uma das áreas mais

esquecidas dos negócios. Em geral, ela só é

lembrada no lançamento de campanhas

publicitárias, quando o entendimento do

mercado em relação a um novo produto ou

serviço é crucial para o resultado.

Mas, no dia a dia de uma empresa, ninguém

confere se o porteiro entendeu exatamente

a importância de receber bem os clientes

e de tentar auxiliar os visitantes a estacionar

corretamente. Além de ser gentil com quem

chega, é um cuidado para aumentar a

segurança do trânsito de pedestres e de

carretas pelo pátio.

No dia em que a equipe de vendas sai para

visitar clientes e apresentar as novidades,

ninguém confere como cada vendedor

entendeu as explicações sobre os atributos e

características do produto. Percepções mudam

conforme experiências pessoais e níveis de

conhecimento. Gestores já se dão por satisfeitos

em explicar as coisas do jeito deles. Mas como

será que cada um da equipe entenderá aquilo

que foi explicado, se a bagagem que cada um

traz é individual e inigualável?

A solução para o problema não está em

destacar apenas um responsável para a

comunicação, pois ela tem que ser um hábito

de toda a organização. Temos que aprender a

ler os sinais das pessoas e entender que somos

desiguais na forma de entender e interpretar.

E jamais devemos nos esquecer do óbvio:

cada cabeça, uma sentença. Essa expressão

que os antigos usavam muito bem revela que

antes que a sentença seja dada, na cabeça

de cada de um, a comunicação deverá ser o

instrumento da defesa de toda estratégia.

Artigos

Page 90: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 90

Há quem diga que a humanidade prospera graças à loucura. Líderes “maníaco-depressivos” seriam mais capazes de unir os povos para construir um futuro. A depressão faria os líderes empáticos aos dramas da vida do povo. A mania faria o líder ter um fluxo intenso de idéias e cultivar utopias, incitando as pessoas ao trabalho dedicado. Falar assim é de uma psiquiatria simplista e ultrapassada. No entanto, o livro de Nassir Ghaemi, formado em Harvard, “A first-rate madness”- “Uma loucura de primeira linha”, circula desde 2011 pelo planeta e recebe créditos.

Gostamos de pensar que a criação e a transformação

tém uma raiz no tormento e na insanidade. Rondam-nos

historietas sobre a agressividade profissional de Steve Jobs,

de Anna Wintour, de diretores de teatro e cinema, de

publicitários do horário nobre, com sua magia fazedora

de vendas. Talvez ainda sejamos um pouco medievais. Ou

desconfiamos dos benefícios da normalidade.

Qualquer pessoa mais vivida sabe que as reviravoltas

políticas e tecnológicas andam juntas, e mexem

nos costumes, deixando nas ruas uma sensação de

anormalidade. A cada avanço, temos menos certeza do

que pensar, de quem ouvir, em quê trabalhar.

O mundo normal tem divisões estáveis por geografia,

classes, línguas, culturas, tribos, funções. O fato

extraordinário é que nos comove a reimaginar a vida e

ser receptivo à visão do outro. O que une a humanidade,

afinal, é a anormalidade.

por Andréa Naccache

artigos

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Mas a anormalidade que agrega os povos

e os põe a criar o futuro, data venia,

Ghaemi, não precisa ser entendida em

termos psiquiátricos. Só uma sociedade

que sobrevaloriza o indivíduo imagina

que a criação e o tormento são obras da

personalidade de alguém. É ao mesmo

tempo romântico e moderno, típico dos

séculos XVIII, XIX, e início do XX, falar em dom

pessoal, em artista e gênio criativo. Ideias de

um tempo que está ficando para trás.

O criador já foi considerado especial e, por

isso, solitário. O corpo consumido no ato

criativo era frágil e adoecia. O criador era

adulado, temido, protegido. Tuberculoso,

alcoólatra, intratável, caprichoso, sensível,

elevado em sensualidade, incontido

em relacionamentos, infinito em amor.

A doença e o sofrimento eram quase os

únicos aspectos que o aproximavam dos

mortais. Fora isso, era comum o descaso

completo do criador com os problemas

da vida e do cotidiano de todos: ele não

ouvia ninguém, não perdia tempo com

os outros. Ele, em suas ocupações mais

elevadas. Mesmo se pisasse nos demais em

seu caminho, receberia palmas.

Ainda hoje, essa figura está em cena, nos

palcos, nos congressos internacionais,

nas televisões, em altos cargos. Se ela

um dia comeu brioches em Versailles,

agora transita pelas semanas de moda

do planeta. Estrela cadente. É grande

a chance de que seja atropelada pelos

novos tempos.

Nem necessário, nem suficienteEle tem 27 anos de idade, é bilionário e a

figura central do negócio mais badalado

dos últimos anos. Um exemplo da

mudança. Hollywood conta sua história.

Mark Zuckerberg, criador do Facebook, tem

a gratidão dos empresários, dos sociólogos,

dos economistas, de quem tem amigos de

infância, dos namorados, dos solteiros, dos

mochileiros, dos professores, dos agitadores

de festas. Talvez, mais que qualquer outra,

ele tenha a gratidão dos povos submetidos

a ditaduras, especialmente aqueles do

Norte da África - que viveram sua Primavera

revolucionária com a legitimidade de

fazerem o movimento juntos, seguros de

estarem bem acompanhados.

Há alguns meses, Zuckerberg foi

entrevistado sobre as vitórias que ajudou

a alcançar nos totalitarismos norte-

africanos. “Revoluções do Facebook”,

diziam os jornalistas. O menino respondeu

com a delicadeza de quem reconhece

o ponto de vista dos outros: “o Facebook

não foi nem necessário, nem suficiente”

para os sucessos das revoluções. Uma

resposta arrepiante para qualquer “estrela

criativa” à moda antiga, habituada a

agradecer aplausos. Sinal de que uma

postura diferente é convocada dos líderes

contemporâneos.

Agente de uma política virtuosa, referência

em um mundo em que a anormalidade é

a norma, Zuckerberg responde sem mania,

nem depressão. Sem agressividade, sem

créditos pessoais, sem arrogar-se o “gênio”,

sem desprezo pela realização dos outros.

Herói por acaso, diz-se, porque sua rede

social, como tantos outros frutos da era

digital, foi um sucesso quase por acidente,

na diversão de estudantes – e vale lembrar

que assim nasceu também o precioso

sistema Linux, nas mãos de um outro menino

de 21 anos.

No mundo atual, quando os agentes

criativos vestem moletons (há de ser uma

onda passageira, não?), as duras cenas de

Meryl Streep e Anne Hathaway começam a

ficar fora de moda. O diabo está nu.

Grupos criativosA questão profissional então será: podemos

ser radicalmente inovadores sem agirmos

como Steve Jobs? Sem desmoralizar os

esforços dos colaboradores, sem demissões

de elevador, sem berros na sala da

presidência?

A crença de que o assédio estimula e

motiva é apenas “ilusão de ótica”. Nosso

pensamento forma sentido sempre depois

de colher os dados. Se o técnico gritou

artigos

Page 91: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 90

Há quem diga que a humanidade prospera graças à loucura. Líderes “maníaco-depressivos” seriam mais capazes de unir os povos para construir um futuro. A depressão faria os líderes empáticos aos dramas da vida do povo. A mania faria o líder ter um fluxo intenso de idéias e cultivar utopias, incitando as pessoas ao trabalho dedicado. Falar assim é de uma psiquiatria simplista e ultrapassada. No entanto, o livro de Nassir Ghaemi, formado em Harvard, “A first-rate madness”- “Uma loucura de primeira linha”, circula desde 2011 pelo planeta e recebe créditos.

Gostamos de pensar que a criação e a transformação

tém uma raiz no tormento e na insanidade. Rondam-nos

historietas sobre a agressividade profissional de Steve Jobs,

de Anna Wintour, de diretores de teatro e cinema, de

publicitários do horário nobre, com sua magia fazedora

de vendas. Talvez ainda sejamos um pouco medievais. Ou

desconfiamos dos benefícios da normalidade.

Qualquer pessoa mais vivida sabe que as reviravoltas

políticas e tecnológicas andam juntas, e mexem

nos costumes, deixando nas ruas uma sensação de

anormalidade. A cada avanço, temos menos certeza do

que pensar, de quem ouvir, em quê trabalhar.

O mundo normal tem divisões estáveis por geografia,

classes, línguas, culturas, tribos, funções. O fato

extraordinário é que nos comove a reimaginar a vida e

ser receptivo à visão do outro. O que une a humanidade,

afinal, é a anormalidade.

por Andréa Naccache

artigos

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Mas a anormalidade que agrega os povos

e os põe a criar o futuro, data venia,

Ghaemi, não precisa ser entendida em

termos psiquiátricos. Só uma sociedade

que sobrevaloriza o indivíduo imagina

que a criação e o tormento são obras da

personalidade de alguém. É ao mesmo

tempo romântico e moderno, típico dos

séculos XVIII, XIX, e início do XX, falar em dom

pessoal, em artista e gênio criativo. Ideias de

um tempo que está ficando para trás.

O criador já foi considerado especial e, por

isso, solitário. O corpo consumido no ato

criativo era frágil e adoecia. O criador era

adulado, temido, protegido. Tuberculoso,

alcoólatra, intratável, caprichoso, sensível,

elevado em sensualidade, incontido

em relacionamentos, infinito em amor.

A doença e o sofrimento eram quase os

únicos aspectos que o aproximavam dos

mortais. Fora isso, era comum o descaso

completo do criador com os problemas

da vida e do cotidiano de todos: ele não

ouvia ninguém, não perdia tempo com

os outros. Ele, em suas ocupações mais

elevadas. Mesmo se pisasse nos demais em

seu caminho, receberia palmas.

Ainda hoje, essa figura está em cena, nos

palcos, nos congressos internacionais,

nas televisões, em altos cargos. Se ela

um dia comeu brioches em Versailles,

agora transita pelas semanas de moda

do planeta. Estrela cadente. É grande

a chance de que seja atropelada pelos

novos tempos.

Nem necessário, nem suficienteEle tem 27 anos de idade, é bilionário e a

figura central do negócio mais badalado

dos últimos anos. Um exemplo da

mudança. Hollywood conta sua história.

Mark Zuckerberg, criador do Facebook, tem

a gratidão dos empresários, dos sociólogos,

dos economistas, de quem tem amigos de

infância, dos namorados, dos solteiros, dos

mochileiros, dos professores, dos agitadores

de festas. Talvez, mais que qualquer outra,

ele tenha a gratidão dos povos submetidos

a ditaduras, especialmente aqueles do

Norte da África - que viveram sua Primavera

revolucionária com a legitimidade de

fazerem o movimento juntos, seguros de

estarem bem acompanhados.

Há alguns meses, Zuckerberg foi

entrevistado sobre as vitórias que ajudou

a alcançar nos totalitarismos norte-

africanos. “Revoluções do Facebook”,

diziam os jornalistas. O menino respondeu

com a delicadeza de quem reconhece

o ponto de vista dos outros: “o Facebook

não foi nem necessário, nem suficiente”

para os sucessos das revoluções. Uma

resposta arrepiante para qualquer “estrela

criativa” à moda antiga, habituada a

agradecer aplausos. Sinal de que uma

postura diferente é convocada dos líderes

contemporâneos.

Agente de uma política virtuosa, referência

em um mundo em que a anormalidade é

a norma, Zuckerberg responde sem mania,

nem depressão. Sem agressividade, sem

créditos pessoais, sem arrogar-se o “gênio”,

sem desprezo pela realização dos outros.

Herói por acaso, diz-se, porque sua rede

social, como tantos outros frutos da era

digital, foi um sucesso quase por acidente,

na diversão de estudantes – e vale lembrar

que assim nasceu também o precioso

sistema Linux, nas mãos de um outro menino

de 21 anos.

No mundo atual, quando os agentes

criativos vestem moletons (há de ser uma

onda passageira, não?), as duras cenas de

Meryl Streep e Anne Hathaway começam a

ficar fora de moda. O diabo está nu.

Grupos criativosA questão profissional então será: podemos

ser radicalmente inovadores sem agirmos

como Steve Jobs? Sem desmoralizar os

esforços dos colaboradores, sem demissões

de elevador, sem berros na sala da

presidência?

A crença de que o assédio estimula e

motiva é apenas “ilusão de ótica”. Nosso

pensamento forma sentido sempre depois

de colher os dados. Se o técnico gritou

artigos

Page 92: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 92

com a pequena ginasta, e ela venceu as olimpíadas, os

gritos passam a ser considerados ingredientes do sucesso.

Grande falácia.

Estudando grupos criativos da Antiguidade à era da net,

vemos alguns elementos cruciais à inovação sempre

presentes. Os criadores e suas equipes mantêm diálogo

com pessoas estimulantes, fazem laços intensos com o

trabalho e seus parceiros, têm recursos e tempo aberto

para a pesquisa aleatória, autônoma, com liberdade de

tentativa e, especialmente, de erro. A pressão que sofrem

é a de fazer um trabalho consequente para o mundo (há

quem confunda isso com prazos estreitos), com a certeza

de que seus frutos serão avaliados por critérios externos,

até imponderáveis.

A criação acontece com, sem ou apesar dos gritos dos

líderes de projeto - jamais necessários. A rigor, o mérito

criativo está em quem tem a doçura de suportar a

agressividade na hierarquia.

Os homens já foram donos de homens, para premiar

e punir: na escravidão ou nos salários. Também já se

acreditaram donos de idéias. Agora, não há mais lugar

para narcisismo na criação.

O criador contemporâneo assume ser levado por alguma

“musa”, mais que por seu ego. Ninguém, em um mundo

em rede, poderá negar suas influências e referências. As

musas contemporâneas chamam-se creative commons,

e são evocadas por banda larga. Elas são nossos

parceiros globais de reflexão. Porque pensamos juntos

hoje, a pós-modernidade nos faz “donos” apenas de

nossas realizações e atitudes - em uma era que tende a

refinar sua ética.

Nas atitudes, vemos bem como as pessoas tocam as

vidas de outras. Nasce uma sociedade mais responsável,

cuidadosa dos resultados sociais, culturais, econômicos,

ecológicos de cada gesto. Estamos cada vez menos

donos e mais parceiros. Agora, até as crianças estão

atentas. Logo será difícil alguém fazer o diabo, só porque

veste Prada.

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Page 93: iDeia Templuz - Edição 01

pág. 92

com a pequena ginasta, e ela venceu as olimpíadas, os

gritos passam a ser considerados ingredientes do sucesso.

Grande falácia.

Estudando grupos criativos da Antiguidade à era da net,

vemos alguns elementos cruciais à inovação sempre

presentes. Os criadores e suas equipes mantêm diálogo

com pessoas estimulantes, fazem laços intensos com o

trabalho e seus parceiros, têm recursos e tempo aberto

para a pesquisa aleatória, autônoma, com liberdade de

tentativa e, especialmente, de erro. A pressão que sofrem

é a de fazer um trabalho consequente para o mundo (há

quem confunda isso com prazos estreitos), com a certeza

de que seus frutos serão avaliados por critérios externos,

até imponderáveis.

A criação acontece com, sem ou apesar dos gritos dos

líderes de projeto - jamais necessários. A rigor, o mérito

criativo está em quem tem a doçura de suportar a

agressividade na hierarquia.

Os homens já foram donos de homens, para premiar

e punir: na escravidão ou nos salários. Também já se

acreditaram donos de idéias. Agora, não há mais lugar

para narcisismo na criação.

O criador contemporâneo assume ser levado por alguma

“musa”, mais que por seu ego. Ninguém, em um mundo

em rede, poderá negar suas influências e referências. As

musas contemporâneas chamam-se creative commons,

e são evocadas por banda larga. Elas são nossos

parceiros globais de reflexão. Porque pensamos juntos

hoje, a pós-modernidade nos faz “donos” apenas de

nossas realizações e atitudes - em uma era que tende a

refinar sua ética.

Nas atitudes, vemos bem como as pessoas tocam as

vidas de outras. Nasce uma sociedade mais responsável,

cuidadosa dos resultados sociais, culturais, econômicos,

ecológicos de cada gesto. Estamos cada vez menos

donos e mais parceiros. Agora, até as crianças estão

atentas. Logo será difícil alguém fazer o diabo, só porque

veste Prada.

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Foto

: arq

uivo

pes

soal

Page 94: iDeia Templuz - Edição 01

Av. Nossa Senhora do Carmo, 1150Sion - Belo Horizonte - MGCEP: 30330-000Tel.: +55 31 [email protected]