ideia templuz - edição 01
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Edição de lançamento da revista iDeia Templuz.TRANSCRIPT
Av. Nossa Senhora do Carmo, 1150Sion - Belo Horizonte - MGCEP: 30330-000Tel.: +55 31 [email protected]
Editorial
No mundo contemporâneo, a informação e o conhecimento são as grandes fontes de poder e de riqueza mundial. Temos vários exemplos disso, como a Google, que em apenas uma década conquistou um em cada seis habitantes do planeta e tornou-se símbolo empresarial do século XXI. Outro exemplo é a Microsoft, que possuí um ativo tangível de U$ 37 bilhões e um intangível, de mais ou menos, U$300 bilhões.
Se pararmos para pensar, o conteúdo de nossa mente é o único patrimônio real que possuímos e aquele profissional que insiste em guardar para si o que sabe, estará fora do mercado em pouco tempo. Isso é comprovado por pesquisas que afirmam que, em 2020, muitas profissões deixarão de existir, por que os conheci-mentos estão se associando, se fundindo.
Na atual fase que nos encontramos, o sucesso das empresas não está mais ligado à capacidade de produção das máquinas, mas sim a de produzir ideias e soluções criativas e inovadoras para os problemas e/ou desafios que surgem a todo instante.
Mas, o que é ser criativo? Para nós é ter ideias novas, que tragam respostas para o que buscamos. E ser inovador? É tornar essas ideias reais, praticáveis, possíveis dentro de nossa realidade econômica, social e cultural.
Esse é nosso objetivo com o lançamento da Revista iDeia: poder, de uma forma criativa, interessante e gostosa, compartilhar co-nhecimento.
iDeia pretende ser um canal de comunicação inteligente com os clientes da Templuz e, porque não, com toda sociedade interes-sada nos assuntos abordados. Eles serão compostos por entrevis-tas e matérias, além da abordagem de diversos assuntos por um “time de ouro”, formado por grandes profissionais atuantes em vá-rios segmentos, que abraçaram nossa iDeia e se dispuseram, ge-nerosamente, a contribuir com parte do conhecimento de cada um. Uma verdadeira co-criação.
iDeia é uma publicação integral da Templuz. Sua periodicidade será semestral, nos meses de maio e novembro, sendo entregue gratuitamente aos clientes da Templuz e de seus parceiros.
Na história mundial, percebemos que a
maior parte dos grandes acontecimentos
sociais estão vinculados às mudanças
econômicas. Em todas as fases da
evolução da sociedade, sempre houve um
símbolo que representava o poder.
EditorCamilo Belchior
Jornalista Responsável:Cilene Imperizieri 5236/MG
Jornalistas:Ana Cláudia Ulhôa
Clarissa Damas
Danilo Borges
Michael Eudes
Projeto gráfico e coordenação gráficaCláudio Valentin
Capa:Ludmila Loureiro
Impressão:Hiper Graphic Digital
Revista iDeia é uma publicação da Templuz, com distribuição gratuita.
Contato:[email protected]
Boa leitura,Camilo Belchior
Expediente:
Editorial
No mundo contemporâneo, a informação e o conhecimento são as grandes fontes de poder e de riqueza mundial. Temos vários exemplos disso, como a Google, que em apenas uma década conquistou um em cada seis habitantes do planeta e tornou-se símbolo empresarial do século XXI. Outro exemplo é a Microsoft, que possuí um ativo tangível de U$ 37 bilhões e um intangível, de mais ou menos, U$300 bilhões.
Se pararmos para pensar, o conteúdo de nossa mente é o único patrimônio real que possuímos e aquele profissional que insiste em guardar para si o que sabe, estará fora do mercado em pouco tempo. Isso é comprovado por pesquisas que afirmam que, em 2020, muitas profissões deixarão de existir, por que os conheci-mentos estão se associando, se fundindo.
Na atual fase que nos encontramos, o sucesso das empresas não está mais ligado à capacidade de produção das máquinas, mas sim a de produzir ideias e soluções criativas e inovadoras para os problemas e/ou desafios que surgem a todo instante.
Mas, o que é ser criativo? Para nós é ter ideias novas, que tragam respostas para o que buscamos. E ser inovador? É tornar essas ideias reais, praticáveis, possíveis dentro de nossa realidade econômica, social e cultural.
Esse é nosso objetivo com o lançamento da Revista iDeia: poder, de uma forma criativa, interessante e gostosa, compartilhar co-nhecimento.
iDeia pretende ser um canal de comunicação inteligente com os clientes da Templuz e, porque não, com toda sociedade interes-sada nos assuntos abordados. Eles serão compostos por entrevis-tas e matérias, além da abordagem de diversos assuntos por um “time de ouro”, formado por grandes profissionais atuantes em vá-rios segmentos, que abraçaram nossa iDeia e se dispuseram, ge-nerosamente, a contribuir com parte do conhecimento de cada um. Uma verdadeira co-criação.
iDeia é uma publicação integral da Templuz. Sua periodicidade será semestral, nos meses de maio e novembro, sendo entregue gratuitamente aos clientes da Templuz e de seus parceiros.
Na história mundial, percebemos que a
maior parte dos grandes acontecimentos
sociais estão vinculados às mudanças
econômicas. Em todas as fases da
evolução da sociedade, sempre houve um
símbolo que representava o poder.
EditorCamilo Belchior
Jornalista Responsável:Cilene Imperizieri 5236/MG
Jornalistas:Ana Cláudia Ulhôa
Clarissa Damas
Danilo Borges
Michael Eudes
Projeto gráfico e coordenação gráficaCláudio Valentin
Capa:Ludmila Loureiro
Impressão:Hiper Graphic Digital
Revista iDeia é uma publicação da Templuz, com distribuição gratuita.
Contato:[email protected]
Boa leitura,Camilo Belchior
Expediente:
ColaboRadoREs lEIA
1
3
5&6
8
10
1213
2
4
9
11
14
7
nesta edição
conheça nossos
Miscelânia 08
Giro cultural 26
Gastronomia 30
In Trade 34
Lighting 50
Vida tecnológica 54
arte & Companhia 66
Projetos 74
Ação Social 79
artigos 82
1. Andre Naccache: Psicanalista consultora em processos de inovação e criatividade.
2. Claudia Brant: Trindade: Designer de Interiores, coordena o Setor de Estilo e Imagem
da Prima Línea.
3. Flávio Tofani: Palestrante, consultor de empresas, coordenador e professor em
programas de pós-graduação na área de marketing.
4. Guilherme Guerra: Diretor Executivo do Minas Marca, grupo especializado no mercado
de comunicação e marketing de MG.
5. Laura Scofield: Laura Scofield é graduada em
design gráfico pela Universidade Fumec (2010) e trabalha desde 2009 na Greco
Design.
6. Gustavo Greco: Diretor regional da Abedesign, diretor de criação e gestor da
empresa Greco Design.
7. Inácia Soares: Jornalista e apresentadora de programa de negócios. É palestrante,
professora de pós-graduação, redatora e co-autora de 4 livros.
8. Lígia fascioni: Além de palestrante e consultora, Lígia ministra cursos de pós-
graduação nas áreas de marketing, design, inovação e atitude profissional.
9. Márcio Brant: Sound Designer, produtor musical e diretor artístico da NaTrilha
Produções. Professor de Design Sonoro na Universidade Fumec.
10. Renata Rubim: Apaixonada por cores e superfícies, escreveu o 1º livro de design de
superfície no Brasil. Profere palestras e ministra workshops em várias Instituições no Brasil
e América Latina.
11. Rita Ribeiro: Rita Ribeiro é Doutora em Geografia, pesquisadora na área de culturas
urbanas, líder do grupo de pesquisa Design e Representações Sociais e professora do
Programa de Pós-Graduação em Design na UEMG.
12. Roberta Vieira: Arquiteta, doutora em Engenharia Civil - conforto ambiental.
Professora da Escola de Arquitetura da UFMG, coordenadora do Mestrado em
Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável.
13. Rusty Marcellini: Formado em Cinema e em Roteiro de Cinema nos E.U.A.
É Comentarista de gastronomia da rádio CBN e diretor e apresentador do
programa Trilhas
do Sabor, da Rede Minas de Televisão.
14. Vinícius Margalhães: Jornalista, formado pelo Centro Universitário de Belo
Horizonte - UNI-BH, editor do jornal Tribuna Lagoana, de Nova Era, além de
cronista do periódico Leopoldinense. Atualmente trabalha na assessoria de
imprensa do Centro Minas Design. Autor do livro “Poemas e Quinquilharias”.
Entrevista 40
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Vida tecnológica 54
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Projetos 74
Ação Social 79
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1. Andre Naccache: Psicanalista consultora em processos de inovação e criatividade.
2. Claudia Brant: Trindade: Designer de Interiores, coordena o Setor de Estilo e Imagem
da Prima Línea.
3. Flávio Tofani: Palestrante, consultor de empresas, coordenador e professor em
programas de pós-graduação na área de marketing.
4. Guilherme Guerra: Diretor Executivo do Minas Marca, grupo especializado no mercado
de comunicação e marketing de MG.
5. Laura Scofield: Laura Scofield é graduada em
design gráfico pela Universidade Fumec (2010) e trabalha desde 2009 na Greco
Design.
6. Gustavo Greco: Diretor regional da Abedesign, diretor de criação e gestor da
empresa Greco Design.
7. Inácia Soares: Jornalista e apresentadora de programa de negócios. É palestrante,
professora de pós-graduação, redatora e co-autora de 4 livros.
8. Lígia fascioni: Além de palestrante e consultora, Lígia ministra cursos de pós-
graduação nas áreas de marketing, design, inovação e atitude profissional.
9. Márcio Brant: Sound Designer, produtor musical e diretor artístico da NaTrilha
Produções. Professor de Design Sonoro na Universidade Fumec.
10. Renata Rubim: Apaixonada por cores e superfícies, escreveu o 1º livro de design de
superfície no Brasil. Profere palestras e ministra workshops em várias Instituições no Brasil
e América Latina.
11. Rita Ribeiro: Rita Ribeiro é Doutora em Geografia, pesquisadora na área de culturas
urbanas, líder do grupo de pesquisa Design e Representações Sociais e professora do
Programa de Pós-Graduação em Design na UEMG.
12. Roberta Vieira: Arquiteta, doutora em Engenharia Civil - conforto ambiental.
Professora da Escola de Arquitetura da UFMG, coordenadora do Mestrado em
Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável.
13. Rusty Marcellini: Formado em Cinema e em Roteiro de Cinema nos E.U.A.
É Comentarista de gastronomia da rádio CBN e diretor e apresentador do
programa Trilhas
do Sabor, da Rede Minas de Televisão.
14. Vinícius Margalhães: Jornalista, formado pelo Centro Universitário de Belo
Horizonte - UNI-BH, editor do jornal Tribuna Lagoana, de Nova Era, além de
cronista do periódico Leopoldinense. Atualmente trabalha na assessoria de
imprensa do Centro Minas Design. Autor do livro “Poemas e Quinquilharias”.
Entrevista 40
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pág. pág.8 9
por Vinícius Magalhães
bolsas dos Quadrinhos
bolsas dos Quadrinhos
Nesta seção trazemos uma mistura de ideias e novidades que estão dando o que falar no mercado. São projetos inovadores nas áreas de Design, Arquitetura e Arte. Para quem gosta de se atualizar e conhecer o que os diversos profissionais do mundo andam produzindo, está aí uma mixórdia de obras para se entusiasmar. Inspire-se!
Miscelânea
Desenho ou realidade? Quase não dá para acreditar, mas essas bolsas são mesmo de verdade. A ideia
surpreende por trabalhar com um conceito de ilustrações bidimensionais. A criação dessas divertidas bol-
sas é da dupla de designers de Taiwan Chay Su e Rika Lin e foram inspiradas nas histórias em quadrinhos.
Os desenhos animados saltaram do papel e aparecem agora no formato de bolsas. Utilizando cores brilhan-
tes e alegres, a coleção abre um leque na imaginação e, ao mesmo tempo, dá um charme único para um
produto que pode ser utilizado por homens e mulheres. O elegante projeto tem um interior espaçoso para
acomodar pertences pessoais e até um laptop. O nome é sugestivo: JumpFromPaper.
Quem se interessar em comprar, cada bolsa sai em média por 89 dólares. Mais informações no site www.jumpfrompaper.us. Muito original!
Olha que legal! Uma cadeira para os carentes. Com o conceito de es-
tar sempre de braços abertos para te receber a Arms Chair, do designer
Oleksandr Shestakovych, de forma simples, sugere um eterno abraço
aos que nela sentam. A cadeira não está à venda no momento, mas
serve de inspiração aos designers e de conforto para quem quer um
aconchego. Outros trabalhos de Oleksandr no site shestakovych.com.
luminária Comportada
Chinelos ‘Marcadores’ Personalizados
Miscelânea
Mais uma luminária para entusiasmar quem quer decorar a
casa ou deixá-la mais descontraída. Uma ideia bacana é a
dessa lâmpada da empresa Graeme Bettles Design, a Sitting
Lamp, da designer Natasha Graeme.
Segundo a designer a ideia surgiu com um desapontamento
com o que via de design em torno e resolveu fazer algo mais
interativo, dando aos consumidores uma nova perspectiva
sobre um produto comumente chato. “Minha inspiração
veio especificamente de desenhos de personagens. Olhei
para as posições em que você pode imaginar uma pessoa
sentada. Simplifiquei as linhas do projeto para visualizar os
movimentos e assim surgiu a personagem”, conta.
O divertido produto é também o primeiro projeto da em-
presa e já começou a ser produzido devido ao sucesso. É
possível encontrar a venda no México e, garante a designer,
logo estará no Brasil. Além disso, Natasha afirma que outros
trabalhos surgirão e que não serão estritamente luminárias.
“Gosto de trabalhar que a ideia surge em diferentes áreas,
seja em estantes, cadeiras entre outros”, disse.
O produto, modelo pequeno, custa mais de mil reais. Os inte-
ressados em adquirir o site da designer
www.produktofdesign.blogspot.com.br.
A Flip Side Flip Flops é uma empresa onde você pode enco-
mendar seu ‘flip-flop’ (chinelo) personalizado com palavras e
desenhos no solado para quando for à praia. Com diversas
cores, os produtos fazem uma brincadeira para você deixar
a sua pegada e poder mandar um recado momentâneo por
onde passar.
Comumente comprado como presente, os chinelos são óti-
mos para casamentos na praia, bem como para presentear
alguém querido. Uma ideia simples para quem gosta de ser
diferente. O par de ‘flip flop’ custa 20 dólares e pode ser ad-
quirido no site www.etsy.com/people/FlipSideFlipFlops.
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por Vinícius Magalhães
bolsas dos Quadrinhos
bolsas dos Quadrinhos
Nesta seção trazemos uma mistura de ideias e novidades que estão dando o que falar no mercado. São projetos inovadores nas áreas de Design, Arquitetura e Arte. Para quem gosta de se atualizar e conhecer o que os diversos profissionais do mundo andam produzindo, está aí uma mixórdia de obras para se entusiasmar. Inspire-se!
Miscelânea
Desenho ou realidade? Quase não dá para acreditar, mas essas bolsas são mesmo de verdade. A ideia
surpreende por trabalhar com um conceito de ilustrações bidimensionais. A criação dessas divertidas bol-
sas é da dupla de designers de Taiwan Chay Su e Rika Lin e foram inspiradas nas histórias em quadrinhos.
Os desenhos animados saltaram do papel e aparecem agora no formato de bolsas. Utilizando cores brilhan-
tes e alegres, a coleção abre um leque na imaginação e, ao mesmo tempo, dá um charme único para um
produto que pode ser utilizado por homens e mulheres. O elegante projeto tem um interior espaçoso para
acomodar pertences pessoais e até um laptop. O nome é sugestivo: JumpFromPaper.
Quem se interessar em comprar, cada bolsa sai em média por 89 dólares. Mais informações no site www.jumpfrompaper.us. Muito original!
Olha que legal! Uma cadeira para os carentes. Com o conceito de es-
tar sempre de braços abertos para te receber a Arms Chair, do designer
Oleksandr Shestakovych, de forma simples, sugere um eterno abraço
aos que nela sentam. A cadeira não está à venda no momento, mas
serve de inspiração aos designers e de conforto para quem quer um
aconchego. Outros trabalhos de Oleksandr no site shestakovych.com.
luminária Comportada
Chinelos ‘Marcadores’ Personalizados
Miscelânea
Mais uma luminária para entusiasmar quem quer decorar a
casa ou deixá-la mais descontraída. Uma ideia bacana é a
dessa lâmpada da empresa Graeme Bettles Design, a Sitting
Lamp, da designer Natasha Graeme.
Segundo a designer a ideia surgiu com um desapontamento
com o que via de design em torno e resolveu fazer algo mais
interativo, dando aos consumidores uma nova perspectiva
sobre um produto comumente chato. “Minha inspiração
veio especificamente de desenhos de personagens. Olhei
para as posições em que você pode imaginar uma pessoa
sentada. Simplifiquei as linhas do projeto para visualizar os
movimentos e assim surgiu a personagem”, conta.
O divertido produto é também o primeiro projeto da em-
presa e já começou a ser produzido devido ao sucesso. É
possível encontrar a venda no México e, garante a designer,
logo estará no Brasil. Além disso, Natasha afirma que outros
trabalhos surgirão e que não serão estritamente luminárias.
“Gosto de trabalhar que a ideia surge em diferentes áreas,
seja em estantes, cadeiras entre outros”, disse.
O produto, modelo pequeno, custa mais de mil reais. Os inte-
ressados em adquirir o site da designer
www.produktofdesign.blogspot.com.br.
A Flip Side Flip Flops é uma empresa onde você pode enco-
mendar seu ‘flip-flop’ (chinelo) personalizado com palavras e
desenhos no solado para quando for à praia. Com diversas
cores, os produtos fazem uma brincadeira para você deixar
a sua pegada e poder mandar um recado momentâneo por
onde passar.
Comumente comprado como presente, os chinelos são óti-
mos para casamentos na praia, bem como para presentear
alguém querido. Uma ideia simples para quem gosta de ser
diferente. O par de ‘flip flop’ custa 20 dólares e pode ser ad-
quirido no site www.etsy.com/people/FlipSideFlipFlops.
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pág. pág.10 11Miscelânea Miscelânea
Amplificador Gelado Parque de tonéis
Navalha para homem modernoCadeiras Pantone
Aos músicos de plantão ou aos apaixonados por música, um produto da mar-
ca líder em amplificadores e a tudo que se refere a som – Marshall -, que aca-
ba de lançar uma geladeira que muitos vão provavelmente querer ter no seu
estúdio, escritório, sala, cozinha, entre outros cômodos da casa.
É uma nova linha de atuação da Marshall. O produto se chama Marshall Frid-
ge. O amplificador-freezer está à venda por 299 dólares. Um som em baixa
temperatura e a vontade de comprar. O site da empresa é www.marshall-fridge.com.
Já não é de hoje que vemos os mais variados produtos que
fazem referência às cores Pantone. Mesmo assim esses ob-
jetos sempre chamam a atenção e atiçam o desejo con-
sumista de muitas pessoas. Aos aficionados por tonalidades
e que adoram dar uma colorida na casa, um produto para
chamar a atenção. Cada cadeira custa em média 54 euros.
Pedidos através do site www.theholdingcompany.co.uk.
O que fazer com cinco mil tonéis? Virariam lixo? Quem imagi-
naria que um aglomerado de tonéis poderia ganhar utilida-
de e ser atrativo para crianças? Um grupo de estudantes de
arquitetura da pequena cidade de Greensboro, nos Estados
Unidos, mostrou que até um parquinho para crianças pode
ser ecológico ao utilizar essa matéria-prima.
O Lions Park Playscape, inaugurado em setembro de 2011
no lugar de um parque bastante degradado, ganhou nova
forma nas mãos dos estudantes da Rural Studio, da Universi-
dade Auburn. Em dezembro do ano passado uma empresa
americana doou para o grupo os cinco mil galões galvani-
zados, já que o fornecedor não poderia reutilizá-lo. Os arqui-
tetos resolveram, como um desafio, incorporar o material ao
playground. Eles criaram um espaço que incentiva a imagi-
nação com os tonéis que eram usados para transportar óleo
de hortelã.
Além disso, foi também construída uma cobertura capaz de
dar sombra para os infantes, garantindo a diversão e a prote-
ção do sol. O resultado vocês conferem nas fotos.
Agora o barbear ficou bem mais interessante com um pro-
duto desses. O Mobius Shaver, projeto do designer Penghao
Shan, é uma verdadeira maravilha da simplicidade e do mi-
nimalismo. Este barbeador feito com uma tira de aço inoxi-
dável de 1 milímetro de espessura permite a adaptação de
placas comerciais. Apesar de o seu design diferenciado pa-
recer frágil, o produto não perde na ergonomia, na robustez
e na qualidade na hora do uso. Um conceito de barbeador
visualmente intrigante e deslumbrante. Por enquanto o pro-
duto não está à venda, mas já vale sonhar com um desses no
nécessaire. Uma bela criação!
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Amplificador Gelado Parque de tonéis
Navalha para homem modernoCadeiras Pantone
Aos músicos de plantão ou aos apaixonados por música, um produto da mar-
ca líder em amplificadores e a tudo que se refere a som – Marshall -, que aca-
ba de lançar uma geladeira que muitos vão provavelmente querer ter no seu
estúdio, escritório, sala, cozinha, entre outros cômodos da casa.
É uma nova linha de atuação da Marshall. O produto se chama Marshall Frid-
ge. O amplificador-freezer está à venda por 299 dólares. Um som em baixa
temperatura e a vontade de comprar. O site da empresa é www.marshall-fridge.com.
Já não é de hoje que vemos os mais variados produtos que
fazem referência às cores Pantone. Mesmo assim esses ob-
jetos sempre chamam a atenção e atiçam o desejo con-
sumista de muitas pessoas. Aos aficionados por tonalidades
e que adoram dar uma colorida na casa, um produto para
chamar a atenção. Cada cadeira custa em média 54 euros.
Pedidos através do site www.theholdingcompany.co.uk.
O que fazer com cinco mil tonéis? Virariam lixo? Quem imagi-
naria que um aglomerado de tonéis poderia ganhar utilida-
de e ser atrativo para crianças? Um grupo de estudantes de
arquitetura da pequena cidade de Greensboro, nos Estados
Unidos, mostrou que até um parquinho para crianças pode
ser ecológico ao utilizar essa matéria-prima.
O Lions Park Playscape, inaugurado em setembro de 2011
no lugar de um parque bastante degradado, ganhou nova
forma nas mãos dos estudantes da Rural Studio, da Universi-
dade Auburn. Em dezembro do ano passado uma empresa
americana doou para o grupo os cinco mil galões galvani-
zados, já que o fornecedor não poderia reutilizá-lo. Os arqui-
tetos resolveram, como um desafio, incorporar o material ao
playground. Eles criaram um espaço que incentiva a imagi-
nação com os tonéis que eram usados para transportar óleo
de hortelã.
Além disso, foi também construída uma cobertura capaz de
dar sombra para os infantes, garantindo a diversão e a prote-
ção do sol. O resultado vocês conferem nas fotos.
Agora o barbear ficou bem mais interessante com um pro-
duto desses. O Mobius Shaver, projeto do designer Penghao
Shan, é uma verdadeira maravilha da simplicidade e do mi-
nimalismo. Este barbeador feito com uma tira de aço inoxi-
dável de 1 milímetro de espessura permite a adaptação de
placas comerciais. Apesar de o seu design diferenciado pa-
recer frágil, o produto não perde na ergonomia, na robustez
e na qualidade na hora do uso. Um conceito de barbeador
visualmente intrigante e deslumbrante. Por enquanto o pro-
duto não está à venda, mas já vale sonhar com um desses no
nécessaire. Uma bela criação!
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pág. pág.12 13design em Voga
Como exercício prático de envolvimento e troca de diversas áreas
do conhecimento para construção de um projeto, exemplificamos
aqui a experiência do projeto Palíndromo, uma publicação que tem
por objetivo divulgar o portfólio de serviços da Rona Editora, empresa
tradicional no ramo gráfico de Minas Gerais. O pedido inicial do clien-
te foi uma revista em moldes tradicionais: formato, grid, matérias e
diagramação constantes. A intenção era lançar o periódico no ano
de comemoração dos 35 anos da empresa (2011). À equipe da Gre-
co coube dar substância, nome e forma à publicação.
O exercício criativo para conceber a Palíndromo exigiu da equipe de
criação decidir como abordar os recursos disponíveis, escolher entre
as possibilidades, buscar um sentido, formar a identidade, ou seja,
organizar as relações entre uma série de circunstâncias heterogêneas
em uma forma expressiva. Partiu-se, então, da razão de ser para a
forma de se mostrar. A solução foi um formato
A interdisciplinaridade é um tema recorrente nos dias de hoje apesar de muito já ter sido discutido sobre o assunto. Em 1969, Hilton Japiassú , já afirmava que “a exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua própria especialidade, tomando consciência de seus próprios limites para acolher as contribuições das outras disciplinas. Uma epistemologia da complementaridade, ou melhor, da convergência, deve, pois, substituir a da dissociação. A totalização incoerente de palavras não compatíveis entre si, deve suceder a busca de uma palavra de unidade, expressão da reconciliação do ser humano consigo mesmo e com o mundo.” ¹
por Gustavo Greco e Laura Scofield
¹ Hilton Japiassú. 1976. Filósofo e cientista brasileiro, um dos responsáveis por trazer os conceitos sobre interdisciplinaridade, discutidos em Nice, França. Fo
to: M
iner
al
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Como exercício prático de envolvimento e troca de diversas áreas
do conhecimento para construção de um projeto, exemplificamos
aqui a experiência do projeto Palíndromo, uma publicação que tem
por objetivo divulgar o portfólio de serviços da Rona Editora, empresa
tradicional no ramo gráfico de Minas Gerais. O pedido inicial do clien-
te foi uma revista em moldes tradicionais: formato, grid, matérias e
diagramação constantes. A intenção era lançar o periódico no ano
de comemoração dos 35 anos da empresa (2011). À equipe da Gre-
co coube dar substância, nome e forma à publicação.
O exercício criativo para conceber a Palíndromo exigiu da equipe de
criação decidir como abordar os recursos disponíveis, escolher entre
as possibilidades, buscar um sentido, formar a identidade, ou seja,
organizar as relações entre uma série de circunstâncias heterogêneas
em uma forma expressiva. Partiu-se, então, da razão de ser para a
forma de se mostrar. A solução foi um formato
A interdisciplinaridade é um tema recorrente nos dias de hoje apesar de muito já ter sido discutido sobre o assunto. Em 1969, Hilton Japiassú , já afirmava que “a exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua própria especialidade, tomando consciência de seus próprios limites para acolher as contribuições das outras disciplinas. Uma epistemologia da complementaridade, ou melhor, da convergência, deve, pois, substituir a da dissociação. A totalização incoerente de palavras não compatíveis entre si, deve suceder a busca de uma palavra de unidade, expressão da reconciliação do ser humano consigo mesmo e com o mundo.” ¹
por Gustavo Greco e Laura Scofield
¹ Hilton Japiassú. 1976. Filósofo e cientista brasileiro, um dos responsáveis por trazer os conceitos sobre interdisciplinaridade, discutidos em Nice, França. Fo
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cambiante, para o editorial, e a colaboração interdis-
ciplinar, para a elaboração do conteúdo. A cada ano,
a edição trará um novo tema, o qual será explorado e
interpretado por profissionais de áreas diversas em um
formato diferente, um novo caminho, uma nova forma
de publicação de palavras e imagens, outro modo de
“escrever” e de “ler”, de registrar e de apreender. Uma
construção e reconstrução permanente do objeto. Os
colaboradores são diferentes em cada número, ofere-
cendo, a cada edição, outra percepção, uma nova
experiência ao leitor. Dessa forma, o design, como disci-
plina articuladora, promove múltiplos olhares sobre um
mesmo tema. A co-criação age diretamente no conjunto
de variáveis que influenciaram no resultado formal do
projeto. Quanto mais ampla a participação de especia-
listas diversos na elaboração de um conteúdo editorial,
maior será o repertório a ser trabalhado pela equipe de
criação, refletindo as circunstâncias culturais em que a
publicação foi concebida.
PalíndromoO nome precisava comunicar a essência do periódico.
Palíndromo foi o nome escolhido. Etimologicamente, essa
palavra vem do grego palindromos e significa repetição,
volta. Na composição do termo, palin remete a novo, de
novo, de volta; dromo faz referência a percurso, circuito.
Ama, arara, asa, ele, esse, oco, osso, radar, raiar, reler
e outras mais: você lê a palavra do começo para o fim
e relê a palavra do fim para o começo. O percurso de
volta traz o mesmo resultado. Nos temas abordados pela
publicação o que ocorre não é espelho. A imagem que
se vê não é refletida. É ela mesma, olhada de um outro
jeito. Carrega o mesmo significado, seguindo, porém, um
novo caminho. Assim, ao colocar seu ponto de vista so-
bre um tema, cada especialista lança seu olhar e recebe
o olhar do outro. Da mesma forma, o leitor estabelece
seu próprio percurso de ida e volta.
A palavra ‘palíndromo’, título do primeiro número, foi
ampliada para a sua segunda edição. A partir de agora,
a cada ano uma palavra ou expressão formada por
palíndromos farão a sugestão do tema. A expressão
“Soa como Caos” foi escolhida para apresentar o tema
“tempo”. Em uma breve consulta ao dicionário pode-se
visualizar a quantidade de interpretações possíveis para a
palavra: motivo de poesia, angústia, questionamentos e
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Foto
: Wéb
er P
ádua
indagações que se confundem com a própria existência
humana.
Relação e TempoO tema escolhido para a primeira edição da Palíndromo foi
relação. Nas interrogações iniciais, a questão do relacionamen-
to entre a gráfica e seu mercado, foi recorrente. Ao discutir a
relação, a publicação enfatiza em seu lançamento a interdis-
ciplinaridade. Numa espécie de metalinguagem, especialistas
se relacionam dando corpo, significados e amplitude ao tema.
Assim, as vivências pessoais de cada indivíduo tornam-se tam-
bém um fator relevante para a construção de
novos discursos.
Em um café da manhã, no final do outono de 2010, a
ideia foi semeada e entregue para os colaboradores o
desafio muitas vezes paralisador da página em branco.
Eles teriam a liberdade de fazer o que quisessem com as
páginas de sua seção, devendo seguir apenas o tema
e o formato definido para o primeiro exemplar. Coube à
equipe de criação articular as produções de todos, le-
vando em consideração o papel de cada um, e encon-
trar a melhor forma de apresentar o que foi criado espe-
cialmente para a Palíndromo. A edição de lançamento
da Palíndromo contou com a psicanalista Olímpia Helena
que ficou a cargo de discorrer sobre o tema e teve suas
palavras interpretadas visualmente pela designer Márcia
Larica. O arquiteto Gustavo Penna apresentou um ponto
de vista incomum, ilustrado por fragmentos de sua arquite-
tura. O artista Rogério Fernandes presenteia os leitores com
pôsteres exclusivamente criados para o tema. A escritora
Mary Figueiredo estendeu suas palavras generosamente em
uma crônica-carta. Ao relatar sua relação com o design,
Alessandra Soares fez uma espécie de auto-retrato. O olhar
apurado do fotógrafo Jomar Bragança revelou a relação
em seus diversos significados. A estilista Tereza Santos mos-
trou um jeito singular de se relacionar com a moda, com
imagens da fotógrafa Telma Villas Boas. A publicidade vem
no texto (e voz) de Carla Madeira. O professor Koji Pereira
discute a relação entre o papel e as novas tecnologias.
Para a segunda edição, “Soa como Caos” os novos cola-
boradores enfrentaram o desafio de responder a pergun-
ta colocada por Santo Agostinho: “O QUE É O TEMPO?
SE NÃO ME PERGUNTAM SOBRE O TEMPO, SEI O QUE ELE
É, QUANDO ME PERGUNTAM, NÃO SEI”. Ângela Dourado,
design em Voga
pág. pág.14 15
cambiante, para o editorial, e a colaboração interdis-
ciplinar, para a elaboração do conteúdo. A cada ano,
a edição trará um novo tema, o qual será explorado e
interpretado por profissionais de áreas diversas em um
formato diferente, um novo caminho, uma nova forma
de publicação de palavras e imagens, outro modo de
“escrever” e de “ler”, de registrar e de apreender. Uma
construção e reconstrução permanente do objeto. Os
colaboradores são diferentes em cada número, ofere-
cendo, a cada edição, outra percepção, uma nova
experiência ao leitor. Dessa forma, o design, como disci-
plina articuladora, promove múltiplos olhares sobre um
mesmo tema. A co-criação age diretamente no conjunto
de variáveis que influenciaram no resultado formal do
projeto. Quanto mais ampla a participação de especia-
listas diversos na elaboração de um conteúdo editorial,
maior será o repertório a ser trabalhado pela equipe de
criação, refletindo as circunstâncias culturais em que a
publicação foi concebida.
PalíndromoO nome precisava comunicar a essência do periódico.
Palíndromo foi o nome escolhido. Etimologicamente, essa
palavra vem do grego palindromos e significa repetição,
volta. Na composição do termo, palin remete a novo, de
novo, de volta; dromo faz referência a percurso, circuito.
Ama, arara, asa, ele, esse, oco, osso, radar, raiar, reler
e outras mais: você lê a palavra do começo para o fim
e relê a palavra do fim para o começo. O percurso de
volta traz o mesmo resultado. Nos temas abordados pela
publicação o que ocorre não é espelho. A imagem que
se vê não é refletida. É ela mesma, olhada de um outro
jeito. Carrega o mesmo significado, seguindo, porém, um
novo caminho. Assim, ao colocar seu ponto de vista so-
bre um tema, cada especialista lança seu olhar e recebe
o olhar do outro. Da mesma forma, o leitor estabelece
seu próprio percurso de ida e volta.
A palavra ‘palíndromo’, título do primeiro número, foi
ampliada para a sua segunda edição. A partir de agora,
a cada ano uma palavra ou expressão formada por
palíndromos farão a sugestão do tema. A expressão
“Soa como Caos” foi escolhida para apresentar o tema
“tempo”. Em uma breve consulta ao dicionário pode-se
visualizar a quantidade de interpretações possíveis para a
palavra: motivo de poesia, angústia, questionamentos e
design em Voga
02
Foto
: Wéb
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ádua
indagações que se confundem com a própria existência
humana.
Relação e TempoO tema escolhido para a primeira edição da Palíndromo foi
relação. Nas interrogações iniciais, a questão do relacionamen-
to entre a gráfica e seu mercado, foi recorrente. Ao discutir a
relação, a publicação enfatiza em seu lançamento a interdis-
ciplinaridade. Numa espécie de metalinguagem, especialistas
se relacionam dando corpo, significados e amplitude ao tema.
Assim, as vivências pessoais de cada indivíduo tornam-se tam-
bém um fator relevante para a construção de
novos discursos.
Em um café da manhã, no final do outono de 2010, a
ideia foi semeada e entregue para os colaboradores o
desafio muitas vezes paralisador da página em branco.
Eles teriam a liberdade de fazer o que quisessem com as
páginas de sua seção, devendo seguir apenas o tema
e o formato definido para o primeiro exemplar. Coube à
equipe de criação articular as produções de todos, le-
vando em consideração o papel de cada um, e encon-
trar a melhor forma de apresentar o que foi criado espe-
cialmente para a Palíndromo. A edição de lançamento
da Palíndromo contou com a psicanalista Olímpia Helena
que ficou a cargo de discorrer sobre o tema e teve suas
palavras interpretadas visualmente pela designer Márcia
Larica. O arquiteto Gustavo Penna apresentou um ponto
de vista incomum, ilustrado por fragmentos de sua arquite-
tura. O artista Rogério Fernandes presenteia os leitores com
pôsteres exclusivamente criados para o tema. A escritora
Mary Figueiredo estendeu suas palavras generosamente em
uma crônica-carta. Ao relatar sua relação com o design,
Alessandra Soares fez uma espécie de auto-retrato. O olhar
apurado do fotógrafo Jomar Bragança revelou a relação
em seus diversos significados. A estilista Tereza Santos mos-
trou um jeito singular de se relacionar com a moda, com
imagens da fotógrafa Telma Villas Boas. A publicidade vem
no texto (e voz) de Carla Madeira. O professor Koji Pereira
discute a relação entre o papel e as novas tecnologias.
Para a segunda edição, “Soa como Caos” os novos cola-
boradores enfrentaram o desafio de responder a pergun-
ta colocada por Santo Agostinho: “O QUE É O TEMPO?
SE NÃO ME PERGUNTAM SOBRE O TEMPO, SEI O QUE ELE
É, QUANDO ME PERGUNTAM, NÃO SEI”. Ângela Dourado,
design em Voga
pág. 16
Bernardo Lessa e Andréa Gomes, sob a ótica do design,
apresentou a resposta em forma de vale-tempo. Os
fotógrafos Márcio Rodrigues e Marco Mendes revelou a
relação do tema com o sexo e com o passar do próprio
tempo. Dan Zecchineli e Márcio Dott discutiram o tempo
e a publicidade, e Angélica Adverse discutiu a moda por
meio do terno, eterno. Adriana Batista trabalha o tempo
e a educação, o artista Jorge dos Anjos recorta o tempo
no papel, enquanto Cau e Laís fazem da produção gráfi-
ca espaço para a perenidade de suas memórias. Carlos
Falci escreve uma crônica sobre encontros no e com o
tempo, e Bob Tostes discorre sobre o tema, com melodia.
Já Sylvio de Podestá arquitetou a relação da poesia com
um tempo em construção.
FormatosPor ser tratar de uma publicação para uma empresa
gráfica, as técnicas de produção deveriam ser enfati-
zadas e ainda, as dimensões físicas da empresa e sua
capacidade produtiva. Uma publicação comemorativa
aos 35 anos da gráfica não poderia se mostrar tímida ou
modesta. A decisão para a primeira edição foi represen-
tar o peso da gráfica em uma publicação de 28,5cm x
42cm (formato fechado), o maior formato de impressão
possível dentro da Rona. Para a edição “Soa como Caos”
os doze cadernos com proporção de 8/9, respeita a re-
lação da escala musical em alusão ao tempo da música
no formato 19cm x 17cm.
Em ambas edições os cadernos vêm separados para que
a ordem de leitura e armazenamento fique a critério do
leitor, possibilitando uma relação pessoal e lúdica com
o objeto. Foram selecionados mais de vinte papéis e
acabamentos distintos, apresentando a diversidade dos
serviços da gráfica e enfatizando a riqueza da discussão
em torno do tema proposto.
Permanente ConstruçãoO projeto Palíndromo é um exercício prático da interdis-
ciplinaridade, não só pelas relações estabelecidas entre
os colaboradores com o tema. Nele, também se encon-
tram os vínculos criados entre o design e o cliente; entre
os componentes da equipe de criação; entre aquele
que escreve e aquele que ilustra. O percurso da expe-
riência estará, portanto, em permanente construção.
Primeiramente, pela própria categoria de periódico ao
qual o projeto pertence. E depois pelo fato de o processo
projetual ter na sua essência a interdisciplinaridade, o
que trará para as novas edições infinitas combinações
e formas de expressão. Finaliza-se este artigo com uma
citação de Italo Calvino:
(...) quem somos nós, quem é cada um de nós senão
uma combinatória de experiências, de informações, de
leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopé-
dia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amos-
tragem de estilos, onde tudo pode ser continuamente
remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis
(CALVINO, 1990, p. 138).
design em Voga
03
Foto
: Wéb
er P
ádua
01, 04 e 05 Palíndromo 2
02 e 03Palíndromo 1
04
05
Foto
: Min
eral
Foto
: Min
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pág. 16
Bernardo Lessa e Andréa Gomes, sob a ótica do design,
apresentou a resposta em forma de vale-tempo. Os
fotógrafos Márcio Rodrigues e Marco Mendes revelou a
relação do tema com o sexo e com o passar do próprio
tempo. Dan Zecchineli e Márcio Dott discutiram o tempo
e a publicidade, e Angélica Adverse discutiu a moda por
meio do terno, eterno. Adriana Batista trabalha o tempo
e a educação, o artista Jorge dos Anjos recorta o tempo
no papel, enquanto Cau e Laís fazem da produção gráfi-
ca espaço para a perenidade de suas memórias. Carlos
Falci escreve uma crônica sobre encontros no e com o
tempo, e Bob Tostes discorre sobre o tema, com melodia.
Já Sylvio de Podestá arquitetou a relação da poesia com
um tempo em construção.
FormatosPor ser tratar de uma publicação para uma empresa
gráfica, as técnicas de produção deveriam ser enfati-
zadas e ainda, as dimensões físicas da empresa e sua
capacidade produtiva. Uma publicação comemorativa
aos 35 anos da gráfica não poderia se mostrar tímida ou
modesta. A decisão para a primeira edição foi represen-
tar o peso da gráfica em uma publicação de 28,5cm x
42cm (formato fechado), o maior formato de impressão
possível dentro da Rona. Para a edição “Soa como Caos”
os doze cadernos com proporção de 8/9, respeita a re-
lação da escala musical em alusão ao tempo da música
no formato 19cm x 17cm.
Em ambas edições os cadernos vêm separados para que
a ordem de leitura e armazenamento fique a critério do
leitor, possibilitando uma relação pessoal e lúdica com
o objeto. Foram selecionados mais de vinte papéis e
acabamentos distintos, apresentando a diversidade dos
serviços da gráfica e enfatizando a riqueza da discussão
em torno do tema proposto.
Permanente ConstruçãoO projeto Palíndromo é um exercício prático da interdis-
ciplinaridade, não só pelas relações estabelecidas entre
os colaboradores com o tema. Nele, também se encon-
tram os vínculos criados entre o design e o cliente; entre
os componentes da equipe de criação; entre aquele
que escreve e aquele que ilustra. O percurso da expe-
riência estará, portanto, em permanente construção.
Primeiramente, pela própria categoria de periódico ao
qual o projeto pertence. E depois pelo fato de o processo
projetual ter na sua essência a interdisciplinaridade, o
que trará para as novas edições infinitas combinações
e formas de expressão. Finaliza-se este artigo com uma
citação de Italo Calvino:
(...) quem somos nós, quem é cada um de nós senão
uma combinatória de experiências, de informações, de
leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopé-
dia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amos-
tragem de estilos, onde tudo pode ser continuamente
remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis
(CALVINO, 1990, p. 138).
design em Voga
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01, 04 e 05 Palíndromo 2
02 e 03Palíndromo 1
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pág. 18
Não imaginava, quando troquei o curso de Psicologia pelo de Design de ambientes, há 37 anos atrás, que iria trabalhar tanto com o universo interior das pessoas.
Quando me formei, fui trabalhar em lojas de móveis, fazendo projetos
de decoração para clientes que procuravam as lojas para “comprar
mobília”. A maioria não sabia como funcionava um projeto, muitos
pensavam que teriam que desfazer de tudo o que tinham e comprar
tudo novo. Não era bem assim.
Nas lojas, atende-se a um público muito diversificado (nível social,
econômico, cultural e faixa etária diferentes). O volume de projetos,
também, é grande, o que nos permite vivenciar realidades e neces-
sidades bem diversas. Por este motivo, pude acompanhar de perto
toda a evolução do nosso mercado nestes últimos anos.
Partindo disso, fui recordando algumas histórias, onde uma nova de-
coração no ambiente motivou mudanças em hábitos, atitudes, hob-
bies e até no estilo de vida das pessoas.
Certo dia um senhor, por volta de setenta e poucos anos, me ligou.
Ele queria que eu o ajudasse a renovar alguns detalhes em sua casa.
A princípio o tecido dos sofás que estavam bem surrados e as cor-
tinas. Ele tinha ficado viúvo há pouco tempo, e sua esposa havia
passado os últimos anos em cima de uma cama. Era fácil notar isto,
quando se entrava na casa, apesar dos objetos de bom gosto e de
valor, havia um ar de abandono. Somava-se a este cenário a tristeza
que ele carregava e não conseguia disfarçar. “Só vou trocar o teci-
do dos sofás e as cortinas, o resto vai ficar do jeito que ela deixou”,
dizia ele. Começamos por aí, mas, como uma coisa puxa a outra, em
pouco tempo, tínhamos uma sala renovada, com outro astral. Isto se
estendeu para o resto da casa e para o espírito dele. Casa pronta,
espírito animado, namorada nova, foi correr o mundo e aproveitar a
vida. Sempre me dizia “ Não há melhor remédio para depressão do
que um projeto de decoração”. Continuei atendendo este cliente
e a sua família por muitos anos, e presenciei o efeito positivo que o
projeto trouxe a sua vida. Pelo menos, uma vez por ano, me chamava
para alguma nova mudança. Acho que isto lhe fazia bem o anima-
va, criando novas motivações.
Decoraçãoe seu poder deTransformaçãopor Cláudia brant
design em Voga
Outro caso foi de um cliente que Morava,
no interior do estado, trouxe a planta e
fotos da casa que acabara de construir,
queria decorá-la. Feito o projeto, chegou
o momento dos quadros, ele não tinha
nenhum ,nenhum mesmo. Mas me revelou
um desejo: gostava de arte, mas não
entendia nada do assunto. Não sabia nem
onde, nem quem procurar. Apresentei-lhe
uma grande galerista, que o iniciou no uni-
verso das artes. Passou a freqüentar gale-
rias, exposições e, hoje, tem uma coleção
razoável, digna de um expert no assunto.
Há algum tempo fiz o apartamento de um
cliente fora de B.H.. Um homem com uma
vida profissional de sucesso , trabalhando e
viajando muito, não tinha o hábito de ficar
em casa. Há pouco tempo me procurou
para fazer um novo projeto, pois estava
sendo transferido para outra cidade. Para
meu espanto ele disse, “quero tudo igual
ao que tenho aqui, hoje meu maior prazer
é ficar na minha casa, fazer as coisas que
gosto e trazer as pessoas para cá. Estamos
terminando seu novo apartamento, se-
guindo a mesma linha, porém, adaptada
ao novo espaço e ao novo local que tem
características bem diferentes. Hoje seu
envolvimento é muito maior, curtindo cada
detalhe, cada escolha, pois sabe o papel
que a casa passou a representar na sua
vida e, segundo ele, isso o deixa muito feliz.
Quem não conhece alguém que desco-
briu seus dotes culinários após uma nova
cozinha? Que se inspirou com isso a entrar
no mundo dos temperos, das misturas e em
consequência na arte de receber amigos
em volta de uma bela mesa? Daí para o
espaço gourmet foi um pulo. Um novo
hobbie!
Há aqueles que aumentaram sua auto-
-estima, ficaram mais vaidosos, começa-
ram a se cuidar mais, depois de um closed
bem projetado ou um banheiro agradável
e bem equipado.
Outros começaram a dormir melhor, se
sentir melhor, quando passaram a usufruir
de um quarto com todo conforto, um am-
design em Voga
Foto
: div
ulga
ção
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Não imaginava, quando troquei o curso de Psicologia pelo de Design de ambientes, há 37 anos atrás, que iria trabalhar tanto com o universo interior das pessoas.
Quando me formei, fui trabalhar em lojas de móveis, fazendo projetos
de decoração para clientes que procuravam as lojas para “comprar
mobília”. A maioria não sabia como funcionava um projeto, muitos
pensavam que teriam que desfazer de tudo o que tinham e comprar
tudo novo. Não era bem assim.
Nas lojas, atende-se a um público muito diversificado (nível social,
econômico, cultural e faixa etária diferentes). O volume de projetos,
também, é grande, o que nos permite vivenciar realidades e neces-
sidades bem diversas. Por este motivo, pude acompanhar de perto
toda a evolução do nosso mercado nestes últimos anos.
Partindo disso, fui recordando algumas histórias, onde uma nova de-
coração no ambiente motivou mudanças em hábitos, atitudes, hob-
bies e até no estilo de vida das pessoas.
Certo dia um senhor, por volta de setenta e poucos anos, me ligou.
Ele queria que eu o ajudasse a renovar alguns detalhes em sua casa.
A princípio o tecido dos sofás que estavam bem surrados e as cor-
tinas. Ele tinha ficado viúvo há pouco tempo, e sua esposa havia
passado os últimos anos em cima de uma cama. Era fácil notar isto,
quando se entrava na casa, apesar dos objetos de bom gosto e de
valor, havia um ar de abandono. Somava-se a este cenário a tristeza
que ele carregava e não conseguia disfarçar. “Só vou trocar o teci-
do dos sofás e as cortinas, o resto vai ficar do jeito que ela deixou”,
dizia ele. Começamos por aí, mas, como uma coisa puxa a outra, em
pouco tempo, tínhamos uma sala renovada, com outro astral. Isto se
estendeu para o resto da casa e para o espírito dele. Casa pronta,
espírito animado, namorada nova, foi correr o mundo e aproveitar a
vida. Sempre me dizia “ Não há melhor remédio para depressão do
que um projeto de decoração”. Continuei atendendo este cliente
e a sua família por muitos anos, e presenciei o efeito positivo que o
projeto trouxe a sua vida. Pelo menos, uma vez por ano, me chamava
para alguma nova mudança. Acho que isto lhe fazia bem o anima-
va, criando novas motivações.
Decoraçãoe seu poder deTransformaçãopor Cláudia brant
design em Voga
Outro caso foi de um cliente que Morava,
no interior do estado, trouxe a planta e
fotos da casa que acabara de construir,
queria decorá-la. Feito o projeto, chegou
o momento dos quadros, ele não tinha
nenhum ,nenhum mesmo. Mas me revelou
um desejo: gostava de arte, mas não
entendia nada do assunto. Não sabia nem
onde, nem quem procurar. Apresentei-lhe
uma grande galerista, que o iniciou no uni-
verso das artes. Passou a freqüentar gale-
rias, exposições e, hoje, tem uma coleção
razoável, digna de um expert no assunto.
Há algum tempo fiz o apartamento de um
cliente fora de B.H.. Um homem com uma
vida profissional de sucesso , trabalhando e
viajando muito, não tinha o hábito de ficar
em casa. Há pouco tempo me procurou
para fazer um novo projeto, pois estava
sendo transferido para outra cidade. Para
meu espanto ele disse, “quero tudo igual
ao que tenho aqui, hoje meu maior prazer
é ficar na minha casa, fazer as coisas que
gosto e trazer as pessoas para cá. Estamos
terminando seu novo apartamento, se-
guindo a mesma linha, porém, adaptada
ao novo espaço e ao novo local que tem
características bem diferentes. Hoje seu
envolvimento é muito maior, curtindo cada
detalhe, cada escolha, pois sabe o papel
que a casa passou a representar na sua
vida e, segundo ele, isso o deixa muito feliz.
Quem não conhece alguém que desco-
briu seus dotes culinários após uma nova
cozinha? Que se inspirou com isso a entrar
no mundo dos temperos, das misturas e em
consequência na arte de receber amigos
em volta de uma bela mesa? Daí para o
espaço gourmet foi um pulo. Um novo
hobbie!
Há aqueles que aumentaram sua auto-
-estima, ficaram mais vaidosos, começa-
ram a se cuidar mais, depois de um closed
bem projetado ou um banheiro agradável
e bem equipado.
Outros começaram a dormir melhor, se
sentir melhor, quando passaram a usufruir
de um quarto com todo conforto, um am-
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ção
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biente propício ao relaxamento e ao descanso.
Prazeres como ver um filme, ler um livro, jogar conversa
fora com os amigos, tomam uma nova dimensão se
estamos no ambiente apropriado, com luz certa, conforto
na medida exata, acolhidos na harmonia e proporção
dos volumes.
Gosto de lembrar também de clientes que passaram
a se interessar pela decoração depois de um projeto.
Pesquisando, procurando e garimpando peças, queren-
do saber mais, observando os lugares que freqüentam,
trazendo peças de viagens e sempre tendo um detalhe
novo para contar ou uma foto para mostrar.
Pensando nisso, me vem à mente o tamanho da respon-
sabilidade que temos ao projetar para nossos clientes. O
tempo do ambiente para ser fotografado para revista,
ou mostrar para os amigos já passou. A casa de hoje tem
a personalidade e a história de seus donos integradas à
decoração. Ela tem que acolher as pessoas e os sonhos
delas. Temos que abrir espaço para acomodar os objetos
de estimação que antes ficavam esquecidos num armá-
rio no fundo da casa. Tarefa difícil! Nem sempre o que
nos apresentam significa algo para nós, ou, simplesmente,
não combinam “com o espaço”. É aí que entra em cena
a nossa criatividade, criando suporte para esta história.
Dando a ela a importância que o cliente espera que ela
tenha.
Devemos escutar com muita atenção o que o cliente
tem a dizer, conhecer seus desejos, suas aspirações,
aquilo que deseja manter no seu estilo de vida e também
o que pretende mudar. Conhecer sua história, as peças
que lhe são caras, valorizá-las e respeitá-las, integrando-
-as ao projeto é nosso dever como profissional. Focar no
bem viver do cliente deve ser nosso objetivo principal,
sem esquecer-se dos princípios da estética, pois, é para
isso, que trabalhamos.
Depois de ouvi-lo, tem o próximo processo que é ajudá-
-lo a separar aquilo que, realmente, é importante daquilo
que virou uma carga pesada na sua vida. Esta energia
precisa circular. Desfazer-se de algumas coisas, dando
lugar ao novo, é também uma atitude muito positiva, que
abre novas possibilidades.
Vejo pela frente um tempo onde centenas de novos
design em Voga
clientes se deparam com a possibilidade de
“decorar”, pela primeira vez, a sua casa. É a
realização de um sonho e, nós profissionais
é que vamos acompanhá-lo nesta viagem,
seremos seu guia, orientando o caminho
para tornar este sonho realidade.
Este cliente chega, muitas vezes, sem ter
definido o que quer, sem muitas informa-
ções sobre produtos, materiais, sem sequer
pensar na transformações positivas que um
projeto pode trazer a sua vida, aos seus
hábitos, as suas atitudes. Cabe a nós infor-
mar, orientar, mostrar-lhe todas as possibi-
lidades, ajudando a fazer boas escolhas e
muitas vezes dar mais asas a seus sonhos.
Assim como o universo de clientes tem au-
mentado a cada dia, a oferta de produtos,
estilos e opções no mercado aumentam
numa proporção bem maior. É para os
leigos uma missão quase impossível definir
e escolher um produto. As variantes que
devem ser analisadas, na simples escolha
de uma poltona, tornam esta tarefa a prin-
cípio empolgante, logo depois cansativa,
podendo chegar a ser estressante para
alguém que não é da área. O que, na
nossa cabeça já está pré definido desde
o projeto, na cabeça do cliente demo-
ra tempo para maturar. O processo de
apresentação de um produto, mostrar seus
atributos e a adequação dele ao projeto,
é uma tarefa que requer compreensão e
paciência por parte do profissional. Nem
sempre fica a opção do projeto, às vezes
temos que abrir mão de uma escolha e
adaptarmos a outra preferida pelo cliente.
Afinal este sonho é do cliente!
Ter a consciência desse poder de transfor-
mação que podemos exercer no ambiente
que projetamos e, consequentemente, na
vida das pessoas que o ocupam, aumen-
ta a nossa responsabilidade. A busca por
informações, conhecimento e atualização
tem que ser constante, para estarmos melhor
preparados para orientar.
Não custa lembrar que, hoje, quando novas
tecnologias, novas máquinas, novos designs,
novos produtos brotam vindo de todos os
lados, o protagonista da nossa história são as
pessoas . É para elas que devemos projetar!
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tos:
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biente propício ao relaxamento e ao descanso.
Prazeres como ver um filme, ler um livro, jogar conversa
fora com os amigos, tomam uma nova dimensão se
estamos no ambiente apropriado, com luz certa, conforto
na medida exata, acolhidos na harmonia e proporção
dos volumes.
Gosto de lembrar também de clientes que passaram
a se interessar pela decoração depois de um projeto.
Pesquisando, procurando e garimpando peças, queren-
do saber mais, observando os lugares que freqüentam,
trazendo peças de viagens e sempre tendo um detalhe
novo para contar ou uma foto para mostrar.
Pensando nisso, me vem à mente o tamanho da respon-
sabilidade que temos ao projetar para nossos clientes. O
tempo do ambiente para ser fotografado para revista,
ou mostrar para os amigos já passou. A casa de hoje tem
a personalidade e a história de seus donos integradas à
decoração. Ela tem que acolher as pessoas e os sonhos
delas. Temos que abrir espaço para acomodar os objetos
de estimação que antes ficavam esquecidos num armá-
rio no fundo da casa. Tarefa difícil! Nem sempre o que
nos apresentam significa algo para nós, ou, simplesmente,
não combinam “com o espaço”. É aí que entra em cena
a nossa criatividade, criando suporte para esta história.
Dando a ela a importância que o cliente espera que ela
tenha.
Devemos escutar com muita atenção o que o cliente
tem a dizer, conhecer seus desejos, suas aspirações,
aquilo que deseja manter no seu estilo de vida e também
o que pretende mudar. Conhecer sua história, as peças
que lhe são caras, valorizá-las e respeitá-las, integrando-
-as ao projeto é nosso dever como profissional. Focar no
bem viver do cliente deve ser nosso objetivo principal,
sem esquecer-se dos princípios da estética, pois, é para
isso, que trabalhamos.
Depois de ouvi-lo, tem o próximo processo que é ajudá-
-lo a separar aquilo que, realmente, é importante daquilo
que virou uma carga pesada na sua vida. Esta energia
precisa circular. Desfazer-se de algumas coisas, dando
lugar ao novo, é também uma atitude muito positiva, que
abre novas possibilidades.
Vejo pela frente um tempo onde centenas de novos
design em Voga
clientes se deparam com a possibilidade de
“decorar”, pela primeira vez, a sua casa. É a
realização de um sonho e, nós profissionais
é que vamos acompanhá-lo nesta viagem,
seremos seu guia, orientando o caminho
para tornar este sonho realidade.
Este cliente chega, muitas vezes, sem ter
definido o que quer, sem muitas informa-
ções sobre produtos, materiais, sem sequer
pensar na transformações positivas que um
projeto pode trazer a sua vida, aos seus
hábitos, as suas atitudes. Cabe a nós infor-
mar, orientar, mostrar-lhe todas as possibi-
lidades, ajudando a fazer boas escolhas e
muitas vezes dar mais asas a seus sonhos.
Assim como o universo de clientes tem au-
mentado a cada dia, a oferta de produtos,
estilos e opções no mercado aumentam
numa proporção bem maior. É para os
leigos uma missão quase impossível definir
e escolher um produto. As variantes que
devem ser analisadas, na simples escolha
de uma poltona, tornam esta tarefa a prin-
cípio empolgante, logo depois cansativa,
podendo chegar a ser estressante para
alguém que não é da área. O que, na
nossa cabeça já está pré definido desde
o projeto, na cabeça do cliente demo-
ra tempo para maturar. O processo de
apresentação de um produto, mostrar seus
atributos e a adequação dele ao projeto,
é uma tarefa que requer compreensão e
paciência por parte do profissional. Nem
sempre fica a opção do projeto, às vezes
temos que abrir mão de uma escolha e
adaptarmos a outra preferida pelo cliente.
Afinal este sonho é do cliente!
Ter a consciência desse poder de transfor-
mação que podemos exercer no ambiente
que projetamos e, consequentemente, na
vida das pessoas que o ocupam, aumen-
ta a nossa responsabilidade. A busca por
informações, conhecimento e atualização
tem que ser constante, para estarmos melhor
preparados para orientar.
Não custa lembrar que, hoje, quando novas
tecnologias, novas máquinas, novos designs,
novos produtos brotam vindo de todos os
lados, o protagonista da nossa história são as
pessoas . É para elas que devemos projetar!
design em Voga
Foto
s: d
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gaçã
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Foto
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ulga
ção
pág. pág.22 23
Identidade sonorao som que
marca
Através do som diz-se algo, comunica uma ideia, transmite-se uma informação. Portanto, qualificamos o som como sendo as palavras componentes do que chamaremos de linguagem sonora. Através da percepção desta linguagem geramos emoções no outro, seja ao tocar uma música, a gerar um som qualquer no trânsito, ou mesmo falar. Ao usar esta linguagem estamos em contato com as pessoas de uma maneira muito peculiar, e conseguimos de formas inimagináveis tocá-las. Quem não se lembra de uma cena de filme em que a trilha sonora o fez chorar, ou até mesmo aquele grito da personagem ao tomar um susto em um filme de terror.
Entender o potencial que a linguagem sonora tem frente a qualquer
meio é o que uma nova corrente (nem tão nova assim, visto que a
nomenclatura foi usada em 1977 por Ben Burtt no filme “Guerra nas
Estrelas”) traz para os designers e demais profissionais que procuram
utilizar o som de forma significativa: o design sonoro.
O som cada vez mais é responsável pelo entendimento de uma
informação, ou até o fator que influencia em uma decisão. O som
provoca sensações, nos faz chorar e rir, nos faz correr ou andar
devagar, toca em lugares na mente que nos traz lembranças,
torna espaços agradáveis ou estressantes.
design em Voga
por Márcio Brant
Cada vez mais os estudos do som têm apontado para
uma preocupação e entendimento da funcionalidade
dentro do ponto de venda (PDV), sejam lojas, restaurantes,
academias e demais espaços em que o consumidor está
presente. Poucos são os estudos que analisam o ponto de
venda sob a vertente da utilização da linguagem sonora.
O ponto de venda é o local em que todo o empresário quer ver
o seu consumidor. É o local em que podemos transformar nosso
consumidor em fã da nossa marca. Não há outro lugar em que
este fã está mais embebido da nossa marca, do que na nossa
casa, ou melhor dizendo, no PDV. Para tanto ele deve se sentir
aconchegado, se sentir em casa, nem que pra isso tenhamos
que servir um café e deixá-lo ouvir sua música favorita.
Um dos grandes pensadores da atualidade e que tem trazido
à tona uma impressão coerente com o mercado brasileiro é o
sueco Jakob Lusensky que em seu livro “Sounds Like Branding”
diz a seguinte frase: “Assim como design interior de uma loja faz
parte da experiência In Store, a música tem se tornado uma
importante ferramenta competitiva para os donos de loja”. E é
através de uma pesquisa feita por Jakob que iremos analisar a
importância do design sonoro para a nossa realidade.
A pesquisa feita com o público de alguns shoppings, e de
diferentes lojas na capital sueca, Estocolmo, chegam à
algumas conclusões, entre elas: 1) As pessoas consideram
música como sendo uma das coisas mais difíceis de viver sem,
mais que esportes, jornais e filmes; 2) Tocando a música certa no
seu negócio, você faz com que o consumidor fique mais tempo
na loja; 3) A música tocada no seu negócio afeta a opinião do
consumidor sobre a marca; 4) A música melhora o bem estar
entre funcionários no local de trabalho.
A música é uma das formas mais completas para analisarmos
o som. Ela comunica com o coração e a mente, nos conecta
com as emoções, nos faz relaxar e revigorar, sem contar sua
potência de ser memorável e transformadora. Por isso a música
é uma ferramenta tão poderosa, por que nos faz reconhecer
e associar acontecimentos da nossa vida. Não conseguimos
viver sem, seja no trabalho, em casa, na academia, no carro,
estamos com nossos iPods e criamos a trilha sonora de nossas
vidas. Não seria diferente dentro do nosso negócio. E não
podemos negar a importância desta ferramenta para a nossa
marca. Como diria o teórico Martin Lindstrom em seu livro
Brandsense, sucesso de vendas no mundo todo, “ Marca é
identidade em todos os sentidos”, e, portanto, é hora de pensar
sua marca sobre este ponto de vista, ou de escuta!
Para tanto, além de criar uma boa lista de músicas, é
importante pensar nas chamadas guidelines, ou seja, nos
demais pontos de contato do consumidor com sua marca,
como a espera telefônica, a música que é tocada nas
propagandas e a assinatura sonora (momento de lembrar
do plim plim da Globo e das notinhas da Intel). Desta forma,
sempre que estivermos em contato com a marca, teremos o
que chamamos de identidade sonora, que é uma linguagem
sonora coesa e que diga sempre a mesma coisa, enaltecendo
os valores da marca.
Saber aconchegar nosso fã dentro da nossa casa é a alma
do negócio, e estar certo do valor agregado que um projeto
de sound design pode gerar para a sua marca é pensar
estrategicamente e estar à frente no que tange à experiência,
e o que chamamos de design de experiência. Estar em contato
com o som e possibilitar essa experiência sonora é transportar
o cliente a um mundo de sensações e tornar esse momento
inesquecível.
design em Voga
pág. pág.22 23
Identidade sonorao som que
marca
Através do som diz-se algo, comunica uma ideia, transmite-se uma informação. Portanto, qualificamos o som como sendo as palavras componentes do que chamaremos de linguagem sonora. Através da percepção desta linguagem geramos emoções no outro, seja ao tocar uma música, a gerar um som qualquer no trânsito, ou mesmo falar. Ao usar esta linguagem estamos em contato com as pessoas de uma maneira muito peculiar, e conseguimos de formas inimagináveis tocá-las. Quem não se lembra de uma cena de filme em que a trilha sonora o fez chorar, ou até mesmo aquele grito da personagem ao tomar um susto em um filme de terror.
Entender o potencial que a linguagem sonora tem frente a qualquer
meio é o que uma nova corrente (nem tão nova assim, visto que a
nomenclatura foi usada em 1977 por Ben Burtt no filme “Guerra nas
Estrelas”) traz para os designers e demais profissionais que procuram
utilizar o som de forma significativa: o design sonoro.
O som cada vez mais é responsável pelo entendimento de uma
informação, ou até o fator que influencia em uma decisão. O som
provoca sensações, nos faz chorar e rir, nos faz correr ou andar
devagar, toca em lugares na mente que nos traz lembranças,
torna espaços agradáveis ou estressantes.
design em Voga
por Márcio Brant
Cada vez mais os estudos do som têm apontado para
uma preocupação e entendimento da funcionalidade
dentro do ponto de venda (PDV), sejam lojas, restaurantes,
academias e demais espaços em que o consumidor está
presente. Poucos são os estudos que analisam o ponto de
venda sob a vertente da utilização da linguagem sonora.
O ponto de venda é o local em que todo o empresário quer ver
o seu consumidor. É o local em que podemos transformar nosso
consumidor em fã da nossa marca. Não há outro lugar em que
este fã está mais embebido da nossa marca, do que na nossa
casa, ou melhor dizendo, no PDV. Para tanto ele deve se sentir
aconchegado, se sentir em casa, nem que pra isso tenhamos
que servir um café e deixá-lo ouvir sua música favorita.
Um dos grandes pensadores da atualidade e que tem trazido
à tona uma impressão coerente com o mercado brasileiro é o
sueco Jakob Lusensky que em seu livro “Sounds Like Branding”
diz a seguinte frase: “Assim como design interior de uma loja faz
parte da experiência In Store, a música tem se tornado uma
importante ferramenta competitiva para os donos de loja”. E é
através de uma pesquisa feita por Jakob que iremos analisar a
importância do design sonoro para a nossa realidade.
A pesquisa feita com o público de alguns shoppings, e de
diferentes lojas na capital sueca, Estocolmo, chegam à
algumas conclusões, entre elas: 1) As pessoas consideram
música como sendo uma das coisas mais difíceis de viver sem,
mais que esportes, jornais e filmes; 2) Tocando a música certa no
seu negócio, você faz com que o consumidor fique mais tempo
na loja; 3) A música tocada no seu negócio afeta a opinião do
consumidor sobre a marca; 4) A música melhora o bem estar
entre funcionários no local de trabalho.
A música é uma das formas mais completas para analisarmos
o som. Ela comunica com o coração e a mente, nos conecta
com as emoções, nos faz relaxar e revigorar, sem contar sua
potência de ser memorável e transformadora. Por isso a música
é uma ferramenta tão poderosa, por que nos faz reconhecer
e associar acontecimentos da nossa vida. Não conseguimos
viver sem, seja no trabalho, em casa, na academia, no carro,
estamos com nossos iPods e criamos a trilha sonora de nossas
vidas. Não seria diferente dentro do nosso negócio. E não
podemos negar a importância desta ferramenta para a nossa
marca. Como diria o teórico Martin Lindstrom em seu livro
Brandsense, sucesso de vendas no mundo todo, “ Marca é
identidade em todos os sentidos”, e, portanto, é hora de pensar
sua marca sobre este ponto de vista, ou de escuta!
Para tanto, além de criar uma boa lista de músicas, é
importante pensar nas chamadas guidelines, ou seja, nos
demais pontos de contato do consumidor com sua marca,
como a espera telefônica, a música que é tocada nas
propagandas e a assinatura sonora (momento de lembrar
do plim plim da Globo e das notinhas da Intel). Desta forma,
sempre que estivermos em contato com a marca, teremos o
que chamamos de identidade sonora, que é uma linguagem
sonora coesa e que diga sempre a mesma coisa, enaltecendo
os valores da marca.
Saber aconchegar nosso fã dentro da nossa casa é a alma
do negócio, e estar certo do valor agregado que um projeto
de sound design pode gerar para a sua marca é pensar
estrategicamente e estar à frente no que tange à experiência,
e o que chamamos de design de experiência. Estar em contato
com o som e possibilitar essa experiência sonora é transportar
o cliente a um mundo de sensações e tornar esse momento
inesquecível.
design em Voga
pág. pág.24 25
Apresentamos o design de superfície com uma história em quadrinhos.
Tapete, Cáucaso 1870
Tribo Nazca, Peru 300 - 600 d.C
Willian Morris, 1879
Parque Guell, Gaudí 1900 - 1914
Cerâmica Karajás, Goiás
Parede Athos Bulcão, Brasília
Calçada RJ, Roberto Burle Marx 1969
Tapete, Florian Pucher
Erwin Hauer
Sirlei Chiminazzo e Liliane de los Santos
Desenho tapete, Renata Rubim, 4 anosTapete ‘Jujuba’2006
Camuflagem
Criação
Marc Koehler
Na natureza:
1
2
3
4
5
6
Crédito Imagens
1 - Tim Davis2 - Luiz Carlos Felizardo3 - Han Hartzuiker4 - Foto sem crédito (Relatório anual Zivi S.A)5 - Daniella Duarte6 - Bruno Veiga (livro O Rio que eu Piso, Iolanda Teixeira)
Na história:
Razão de viver:
Na contemporaneidade com as novas tecnologias:
No Brasil:
I prefer drawing to talking. Drawing is faster, and leaves less room for lies.
(Le Corbusier)
pág. 24 design em Voga
por Renata Rubim
Apresentamos o design de superfície com uma história em quadrinhos.
Tapete, Cáucaso 1870
Tribo Nazca, Peru 300 - 600 d.C
Willian Morris, 1879
Parque Guell, Gaudí 1900 - 1914
Cerâmica Karajás, Goiás
Parede Athos Bulcão, Brasília
Calçada RJ, Roberto Burle Marx 1969
Tapete, Florian Pucher
Erwin Hauer
Sirlei Chiminazzo e Liliane de los Santos
Desenho tapete, Renata Rubim, 4 anosTapete ‘Jujuba’2006
Camuflagem
Criação
Marc Koehler
Na natureza:
1
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Crédito Imagens
1 - Tim Davis2 - Luiz Carlos Felizardo3 - Han Hartzuiker4 - Foto sem crédito (Relatório anual Zivi S.A)5 - Daniella Duarte6 - Bruno Veiga (livro O Rio que eu Piso, Iolanda Teixeira)
Na história:
Razão de viver:
Na contemporaneidade com as novas tecnologias:
No Brasil:
I prefer drawing to talking. Drawing is faster, and leaves less room for lies.
(Le Corbusier)
pág. 25 design em Voga
Camuflagem
pág. pág.24 25
Apresentamos o design de superfície com uma história em quadrinhos.
Tapete, Cáucaso 1870
Tribo Nazca, Peru 300 - 600 d.C
Willian Morris, 1879
Parque Guell, Gaudí 1900 - 1914
Cerâmica Karajás, Goiás
Parede Athos Bulcão, Brasília
Calçada RJ, Roberto Burle Marx 1969
Tapete, Florian Pucher
Erwin Hauer
Sirlei Chiminazzo e Liliane de los Santos
Desenho tapete, Renata Rubim, 4 anosTapete ‘Jujuba’2006
Camuflagem
Criação
Marc Koehler
Na natureza:
1
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6
Crédito Imagens
1 - Tim Davis2 - Luiz Carlos Felizardo3 - Han Hartzuiker4 - Foto sem crédito (Relatório anual Zivi S.A)5 - Daniella Duarte6 - Bruno Veiga (livro O Rio que eu Piso, Iolanda Teixeira)
Na história:
Razão de viver:
Na contemporaneidade com as novas tecnologias:
No Brasil:
I prefer drawing to talking. Drawing is faster, and leaves less room for lies.
(Le Corbusier)
pág. 24 design em Voga
por Renata Rubim
Apresentamos o design de superfície com uma história em quadrinhos.
Tapete, Cáucaso 1870
Tribo Nazca, Peru 300 - 600 d.C
Willian Morris, 1879
Parque Guell, Gaudí 1900 - 1914
Cerâmica Karajás, Goiás
Parede Athos Bulcão, Brasília
Calçada RJ, Roberto Burle Marx 1969
Tapete, Florian Pucher
Erwin Hauer
Sirlei Chiminazzo e Liliane de los Santos
Desenho tapete, Renata Rubim, 4 anosTapete ‘Jujuba’2006
Camuflagem
Criação
Marc Koehler
Na natureza:
1
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4
5
6
Crédito Imagens
1 - Tim Davis2 - Luiz Carlos Felizardo3 - Han Hartzuiker4 - Foto sem crédito (Relatório anual Zivi S.A)5 - Daniella Duarte6 - Bruno Veiga (livro O Rio que eu Piso, Iolanda Teixeira)
Na história:
Razão de viver:
Na contemporaneidade com as novas tecnologias:
No Brasil:
I prefer drawing to talking. Drawing is faster, and leaves less room for lies.
(Le Corbusier)
pág. 25 design em Voga
Camuflagem
pág. 26 Giro cultural
Um dos lugares mais fantásticos e imperdíveis para quem curte
arte alternativa é o edifício Tacheles, um espaço único no mundo,
o qual, infelizmente, está com os dias contados.
Situado no centro da capital alemã, o Tacheles foi construído
entre 1907 e 1908 para ser uma loja de departamentos. Seus
cinco andares e 9.000 m2 de arquitetura moderna, misturam
também elementos de estilo clássico e gótico. O prédio fica onde
se localizava, na época, o bairro judeu (próximo da belíssima
Sinagoga, na mesma rua). A ideia era transformar o local no
“embrião” de uma loja de departamentos, com várias lojas de
donos diferentes compartilhando a estrutura comum, inclusive
com caixa único. Pena que o negócio faliu depois de 6 meses.
Foi então arrendado em 1908 por um dono só e se manteve um
sucesso até 1914, quando começou a guerra.
Daí para frente a coisa foi bastante movimentada: a empresa de
elericidade AEG usou o espaço como showroom para mostrar
seus novos produtos (a primeira transmissão de TV da Alemanha
aconteceu lá); os nazistas usaram o prédio como escritório e
prisão; durante a segunda guerra, o edifício foi bombardeado e
sofreu vários danos. Depois disso, vários negócios foram abertos e
fechados, incluindo uma rádio e um teatro. Houve reformas para
recuperar os danos maiores, mas como o Tacheles fica em uma
área nobre da cidade, a partir de 1990, empreendedores ficaram
de olho no negócio.
Berlim é uma cidade surpreendente, um lugar onde a arte emerge em cada esquina. Além dos marcos históricos mais famosos – como o Portão de Brandemburgo, a Coluna da Vitória e o Parlamento Alemão – há tesouros escondidos que merecem ser olhados com mais atenção.
por Lígia Fascioni
Foto
s: w
ww
.kun
stha
us-ta
chel
es.d
e
Foto da construção inicial do Tacheles em 1907
Foto da tentativa de demolição após a queda do Muro de Berlim
O que restou do Tacheles após a demolição
Logo após a queda do muro, no afã de
construir uma nova Berlim, foi marcada a
demolição do edifício (estrategicamente
agendada para um final de semana, para não
chamar atenção). Mas os explosivos utilizados
não foram capazes de colocar abaixo a
robusta extrutura do prédio, que se manteve
de pé.
Foi aí que um grupo de artistas
autodenominado Künstlerinitative Tacheles
(algo como “iniciativa artística Tacheles”),
resolveu ocupar o Tacheles para salvá-lo da
destruição, ciente de que um patrimônio
histórico e arquitetônico de valor inestimável
iria se perder em nome da especulação
imobiliária. Algumas partes foram recuperadas
e a ocupação começou.
Criou-se uma associação e hoje o prédio
abriga residências de artistas e ateliers abertos
ao público. O edifício também abriga lojas,
galerias, oficinas, grupos de teatro, música,
dança e apresentações performáticas, além
de um bar/danceteria (que serviu, inclusive,
de cenário para o ótimo filme “Adeus Lênin”).
Atualmente, o lugar atrai turistas e artistas de
todas as partes do mundo, tanto pela sua
história como por tudo o que lá é exposto.Foto
: arq
uivo
pes
soal
Foto
: arq
uivo
pes
soal
Esculturas de metal na entrada do Tacheles
pág. 26 Giro cultural
Um dos lugares mais fantásticos e imperdíveis para quem curte
arte alternativa é o edifício Tacheles, um espaço único no mundo,
o qual, infelizmente, está com os dias contados.
Situado no centro da capital alemã, o Tacheles foi construído
entre 1907 e 1908 para ser uma loja de departamentos. Seus
cinco andares e 9.000 m2 de arquitetura moderna, misturam
também elementos de estilo clássico e gótico. O prédio fica onde
se localizava, na época, o bairro judeu (próximo da belíssima
Sinagoga, na mesma rua). A ideia era transformar o local no
“embrião” de uma loja de departamentos, com várias lojas de
donos diferentes compartilhando a estrutura comum, inclusive
com caixa único. Pena que o negócio faliu depois de 6 meses.
Foi então arrendado em 1908 por um dono só e se manteve um
sucesso até 1914, quando começou a guerra.
Daí para frente a coisa foi bastante movimentada: a empresa de
elericidade AEG usou o espaço como showroom para mostrar
seus novos produtos (a primeira transmissão de TV da Alemanha
aconteceu lá); os nazistas usaram o prédio como escritório e
prisão; durante a segunda guerra, o edifício foi bombardeado e
sofreu vários danos. Depois disso, vários negócios foram abertos e
fechados, incluindo uma rádio e um teatro. Houve reformas para
recuperar os danos maiores, mas como o Tacheles fica em uma
área nobre da cidade, a partir de 1990, empreendedores ficaram
de olho no negócio.
Berlim é uma cidade surpreendente, um lugar onde a arte emerge em cada esquina. Além dos marcos históricos mais famosos – como o Portão de Brandemburgo, a Coluna da Vitória e o Parlamento Alemão – há tesouros escondidos que merecem ser olhados com mais atenção.
por Lígia Fascioni
Foto
s: w
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.kun
stha
us-ta
chel
es.d
e
Foto da construção inicial do Tacheles em 1907
Foto da tentativa de demolição após a queda do Muro de Berlim
O que restou do Tacheles após a demolição
Logo após a queda do muro, no afã de
construir uma nova Berlim, foi marcada a
demolição do edifício (estrategicamente
agendada para um final de semana, para não
chamar atenção). Mas os explosivos utilizados
não foram capazes de colocar abaixo a
robusta extrutura do prédio, que se manteve
de pé.
Foi aí que um grupo de artistas
autodenominado Künstlerinitative Tacheles
(algo como “iniciativa artística Tacheles”),
resolveu ocupar o Tacheles para salvá-lo da
destruição, ciente de que um patrimônio
histórico e arquitetônico de valor inestimável
iria se perder em nome da especulação
imobiliária. Algumas partes foram recuperadas
e a ocupação começou.
Criou-se uma associação e hoje o prédio
abriga residências de artistas e ateliers abertos
ao público. O edifício também abriga lojas,
galerias, oficinas, grupos de teatro, música,
dança e apresentações performáticas, além
de um bar/danceteria (que serviu, inclusive,
de cenário para o ótimo filme “Adeus Lênin”).
Atualmente, o lugar atrai turistas e artistas de
todas as partes do mundo, tanto pela sua
história como por tudo o que lá é exposto.Foto
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uivo
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Esculturas de metal na entrada do Tacheles
pág. 28
Conflitos entre os moradores não são incomuns, principalmente,
entre os originários da Alemanha ocidental versus antiga
Alemanha oriental (a história ainda é muito recente), por
causa dos diferentes pontos de vista. A discussão tem sucitado
debates interessantes e incessantes entre artistas, sociólogos,
arquitetos, políticos e pensadores – o que não deixa de ser
apropriado, já que Tacheles, em iídiche, signica “conversa
franca”.
Sempre há boatos de que o prédio finalmente será
demolido, e seu futuro é incerto. Artistas de várias partes
do mundo, lá instalados, temem o desenrolar desse
imbróglio, pois poderão ficar sem lugar para morar e
trabalhar. O Tacheles já é um ponto turístico reconhecido
na capital alemã e atrai curiosos do mundo inteiro. Subir
e descer por suas escadas (sim, o prédio é cheio de
corredores escuros e não tem elevador) é uma aventura
babilônica.
Pessoalmente, acredito que seja muito difícil convencer os
moradores da cidade a se desfazer desse patrimônio artístico e
cultural da humanidade (alô, UNESCO?), mas, como já dizia o
visionário Caetano, como medir “a força da grana que constrói
e destrói coisas belas”?
Vamos torcer para que o Tacheles permaneça fervendo de
ideias e contribuindvo para tornar Berlim tão encantadora.
Mas se você puder visitar essa bela cidade cosmopolita e
capital dos bárbaros antes que tudo isso se acabe, anote aí o
endereço: Oranienburgerstr. 54-56a 10117 Berlin.
Giro culturalFo
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Foto de uma das laterais do prédio Tacheles
pág. 28
Conflitos entre os moradores não são incomuns, principalmente,
entre os originários da Alemanha ocidental versus antiga
Alemanha oriental (a história ainda é muito recente), por
causa dos diferentes pontos de vista. A discussão tem sucitado
debates interessantes e incessantes entre artistas, sociólogos,
arquitetos, políticos e pensadores – o que não deixa de ser
apropriado, já que Tacheles, em iídiche, signica “conversa
franca”.
Sempre há boatos de que o prédio finalmente será
demolido, e seu futuro é incerto. Artistas de várias partes
do mundo, lá instalados, temem o desenrolar desse
imbróglio, pois poderão ficar sem lugar para morar e
trabalhar. O Tacheles já é um ponto turístico reconhecido
na capital alemã e atrai curiosos do mundo inteiro. Subir
e descer por suas escadas (sim, o prédio é cheio de
corredores escuros e não tem elevador) é uma aventura
babilônica.
Pessoalmente, acredito que seja muito difícil convencer os
moradores da cidade a se desfazer desse patrimônio artístico e
cultural da humanidade (alô, UNESCO?), mas, como já dizia o
visionário Caetano, como medir “a força da grana que constrói
e destrói coisas belas”?
Vamos torcer para que o Tacheles permaneça fervendo de
ideias e contribuindvo para tornar Berlim tão encantadora.
Mas se você puder visitar essa bela cidade cosmopolita e
capital dos bárbaros antes que tudo isso se acabe, anote aí o
endereço: Oranienburgerstr. 54-56a 10117 Berlin.
Giro cultural
Foto
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Foto de uma das laterais do prédio Tacheles
pág. 30
Afinal, temos a Festa do Maior Pé de Moleque do Mundo em
Piranguinho, o Festival da Quitanda em Congonhas, a Festa
Café com Biscoito em São Tiago, o Festival da Jabuticaba em
Sabará. Podemos vivenciar a rotina dos produtores de queijo do
Serro ou da Serra da Canastra, colher café do pé em Cristina,
pescar trutas em Itamonte, aprender como se faz goiabada
em Ponte Nova. E, entre uma atividade e outra, saborear
frango com ora-pro-nobis, costelinha com angu de milho verde,
tropeiro de feijão andu, pintado na brasa, pessegada e sorvetes
de frutas do cerrado.
Pena que muitos optam por viajar para cantos bem longe
daqui ao invés de trocar miudezas com as senhorinhas de rostos
enrugados, mãos duras como pedra, e sabedoria infinita. Pena
que preferem os restaurantes de toalha de linho, talheres de
prata e taças de cristal ao invés da mesa pelada de tábuas
corridas debaixo da sombra de uma mangueira.
Por quê?A resposta não é simples, mas prefiro “desmineirar” a “esperar a
cor da fumaça” como dizia Fernando Sabino. Se nós, mineiros,
somos conhecidos nacionalmente pela desconfiança ou,
como escreveu Sabino, por “não dizer o que faz, nem o que
vai fazer”, creio que é o momento de começarmos a “meter a
mão na cumbuca”, de “dar um passo maior que as pernas” e
de “pregar prego sem estopa”.
A verdade é que desconhecemos as festas e os festivais
gastronômicos de nosso estado porque a maioria das cidades
interioranas não possuem estrutura para receber o turista. Por
Carlos Drummond escreveu que “ninguém sabe Minas / só os mineiros sabem / e não dizem nem a si mesmos o / irrevelável segredo chamado Minas”. Mas será que não é hora de nós, mineiros, descortinarmos as montanhas que nos cercam para revelar a riqueza cultural e gastronômica de nossa terra?
por Rusty Marcellini
Foto
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Gastronomia 01
que devemos deslocar até Maria da Fé para aprender
sobre a transformação da azeitona em azeite,
para lá descobrir que não há um único restaurante
aberto após as vinte horas em dias úteis? Por que ir
até Medeiros para conhecer a produção do queijo
canastra para lá encontrar um hotel que se assemelha
a uma hospedaria de meados do século 20? Por que ir
até Estiva, apelidada de “a capital do morango”, para
lá verificar a inexistência de informações sobre visitas às
fazendas que cultivam a fruta?
É triste notar que o potencial turístico gastronômico em
Minas Gerais seja, ao mesmo tempo, tão grande e tão
mal explorado.
Entretanto, como disse Sabino, ser mineiro também
é ter “simplicidade e pureza, coragem e bravura”.
Precisamos dar um basta no comodismo e passar a
utilizar as virtudes de nosso povo em prol da divulgação
das riquezas gastronômicas de nosso estado. Mas não
sem antes nos estruturarmos para bem receber os
futuros visitantes.
ModismoÉ comum os modismos gastronômicos em nossa
cidade. Houve um ano em que casas de empadas
pipocavam por tudo que é bairro. Outro em que as
temakerias abriam em vários pontos de uma mesma
região. A febre mais recente foram as sorveterias de
iogurte natural. Agora parece que chegou a vez
das parrillas. Por tudo que é esquina (e até dentro de
shoppings) parece haver uma. Mas poucas realmente
valem a pena. Destaco a Parrilla del Mercado (pioneira
na cidade e que possui cortes de primeira qualidade),
a Parrilla Los Hermanos (excelente custo-benefício), a
Parrilla Urbana (agradável ambiente e cardápio que
oferece papas soufflés, chinchulín e riñones), e o La
Milonga (chimichurri equilibrado e gostoso palmito na
brasa para acompanhar o asado de tira).
TravessaDepois de quinze anos de funcionamento, o Café da
Travessa encerrou as atividades em março. Segundo
Fábio Campos, proprietário da casa, “as obras de
revitalização da Savassi tornaram-se, ao longo de sua
execução, angústia e sofrimento dos lojistas, que viram
o público se afastar pelo desconforto da situação”.
É triste notar que a “revitalização” da Savassi resultou
em muito cimento, pouco verde e nada de charme. E
pior: as medonhas mesas e cadeiras de plástico ainda
dominam a Rua Antônio de Albuquerque entre a Rua
Paraíba e a Avenida Getúlio Vargas.
pág. 30
Afinal, temos a Festa do Maior Pé de Moleque do Mundo em
Piranguinho, o Festival da Quitanda em Congonhas, a Festa
Café com Biscoito em São Tiago, o Festival da Jabuticaba em
Sabará. Podemos vivenciar a rotina dos produtores de queijo do
Serro ou da Serra da Canastra, colher café do pé em Cristina,
pescar trutas em Itamonte, aprender como se faz goiabada
em Ponte Nova. E, entre uma atividade e outra, saborear
frango com ora-pro-nobis, costelinha com angu de milho verde,
tropeiro de feijão andu, pintado na brasa, pessegada e sorvetes
de frutas do cerrado.
Pena que muitos optam por viajar para cantos bem longe
daqui ao invés de trocar miudezas com as senhorinhas de rostos
enrugados, mãos duras como pedra, e sabedoria infinita. Pena
que preferem os restaurantes de toalha de linho, talheres de
prata e taças de cristal ao invés da mesa pelada de tábuas
corridas debaixo da sombra de uma mangueira.
Por quê?A resposta não é simples, mas prefiro “desmineirar” a “esperar a
cor da fumaça” como dizia Fernando Sabino. Se nós, mineiros,
somos conhecidos nacionalmente pela desconfiança ou,
como escreveu Sabino, por “não dizer o que faz, nem o que
vai fazer”, creio que é o momento de começarmos a “meter a
mão na cumbuca”, de “dar um passo maior que as pernas” e
de “pregar prego sem estopa”.
A verdade é que desconhecemos as festas e os festivais
gastronômicos de nosso estado porque a maioria das cidades
interioranas não possuem estrutura para receber o turista. Por
Carlos Drummond escreveu que “ninguém sabe Minas / só os mineiros sabem / e não dizem nem a si mesmos o / irrevelável segredo chamado Minas”. Mas será que não é hora de nós, mineiros, descortinarmos as montanhas que nos cercam para revelar a riqueza cultural e gastronômica de nossa terra?
por Rusty Marcellini
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Gastronomia 01
que devemos deslocar até Maria da Fé para aprender
sobre a transformação da azeitona em azeite,
para lá descobrir que não há um único restaurante
aberto após as vinte horas em dias úteis? Por que ir
até Medeiros para conhecer a produção do queijo
canastra para lá encontrar um hotel que se assemelha
a uma hospedaria de meados do século 20? Por que ir
até Estiva, apelidada de “a capital do morango”, para
lá verificar a inexistência de informações sobre visitas às
fazendas que cultivam a fruta?
É triste notar que o potencial turístico gastronômico em
Minas Gerais seja, ao mesmo tempo, tão grande e tão
mal explorado.
Entretanto, como disse Sabino, ser mineiro também
é ter “simplicidade e pureza, coragem e bravura”.
Precisamos dar um basta no comodismo e passar a
utilizar as virtudes de nosso povo em prol da divulgação
das riquezas gastronômicas de nosso estado. Mas não
sem antes nos estruturarmos para bem receber os
futuros visitantes.
ModismoÉ comum os modismos gastronômicos em nossa
cidade. Houve um ano em que casas de empadas
pipocavam por tudo que é bairro. Outro em que as
temakerias abriam em vários pontos de uma mesma
região. A febre mais recente foram as sorveterias de
iogurte natural. Agora parece que chegou a vez
das parrillas. Por tudo que é esquina (e até dentro de
shoppings) parece haver uma. Mas poucas realmente
valem a pena. Destaco a Parrilla del Mercado (pioneira
na cidade e que possui cortes de primeira qualidade),
a Parrilla Los Hermanos (excelente custo-benefício), a
Parrilla Urbana (agradável ambiente e cardápio que
oferece papas soufflés, chinchulín e riñones), e o La
Milonga (chimichurri equilibrado e gostoso palmito na
brasa para acompanhar o asado de tira).
TravessaDepois de quinze anos de funcionamento, o Café da
Travessa encerrou as atividades em março. Segundo
Fábio Campos, proprietário da casa, “as obras de
revitalização da Savassi tornaram-se, ao longo de sua
execução, angústia e sofrimento dos lojistas, que viram
o público se afastar pelo desconforto da situação”.
É triste notar que a “revitalização” da Savassi resultou
em muito cimento, pouco verde e nada de charme. E
pior: as medonhas mesas e cadeiras de plástico ainda
dominam a Rua Antônio de Albuquerque entre a Rua
Paraíba e a Avenida Getúlio Vargas.
pág. pág.32 33Gastronomia
Premiações Sobre as premiações de melhores “isto e aquilo”
de Belo Horizonte, confesso não entender as
razões que fazem alguns estabelecimentos
serem agraciados em determinadas
categorias, como as que premiam, por
exemplo, os melhores salgados. O fato é que a
maioria dos jurados não gosta de gastar as solas
de sapato e, portanto, não visitam as inúmeras
lanchonetes espalhadas pela cidade. A seguir
meus destaques em quatro categorias de
salgados:
Pastéis: Bar Mercado Central e Rick´s Pastelaria;
Coxinha:Léo´s Gourmet, Doce Meu, e Empório Vila
Árabe;
Pão de Queijo:Dona Diva, Pão de Queijo da Roça e Pão de
Queijo Mania;
Empadas:Litoral Frutos do Mar, Empada Caipira, Ponto da
Empada e Bar Redentor.
sugestãoUma boa sugestão de passeio para uma
manhã de sábado é ir até um antigo armazém
de secos e molhados em Itabirito. Mas antes
sugiro assistir ao vídeo “Mercearia Paraopeba”
no Youtube, que narra a história do lugar. Lá,
vende-se de tudo: mandiopã, umbigo de
bananeira, broto de samambaia, doce de
laranja em barra, gordura de porco, bala
delícia, feijão andu, farinha de milho blocada,
fubá de moinho d´água, canudinho de doce
de leite e outras delícias. Visitar a Mercearia
Paraopeba e conhecer Roninho, o seu dono,
é reviver uma época de gentilezas que parece
ter sido perdida em algum lugar do passado.
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Gastronomia
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01Mesa de quitandas
02Caixas de jabuti-caba durante o
Festival da Jabuti-caba, que aconte-ce anualmente em
Sabará.
03Mercearia Paraope-ba, um orgulho dos
mineiros que fica em Itabirito.
04Festival de Quitan-da, que acontece
anualmente no mês de maio em Con-
gonhas
pág. pág.32 33Gastronomia
Premiações Sobre as premiações de melhores “isto e aquilo”
de Belo Horizonte, confesso não entender as
razões que fazem alguns estabelecimentos
serem agraciados em determinadas
categorias, como as que premiam, por
exemplo, os melhores salgados. O fato é que a
maioria dos jurados não gosta de gastar as solas
de sapato e, portanto, não visitam as inúmeras
lanchonetes espalhadas pela cidade. A seguir
meus destaques em quatro categorias de
salgados:
Pastéis: Bar Mercado Central e Rick´s Pastelaria;
Coxinha:Léo´s Gourmet, Doce Meu, e Empório Vila
Árabe;
Pão de Queijo:Dona Diva, Pão de Queijo da Roça e Pão de
Queijo Mania;
Empadas:Litoral Frutos do Mar, Empada Caipira, Ponto da
Empada e Bar Redentor.
sugestãoUma boa sugestão de passeio para uma
manhã de sábado é ir até um antigo armazém
de secos e molhados em Itabirito. Mas antes
sugiro assistir ao vídeo “Mercearia Paraopeba”
no Youtube, que narra a história do lugar. Lá,
vende-se de tudo: mandiopã, umbigo de
bananeira, broto de samambaia, doce de
laranja em barra, gordura de porco, bala
delícia, feijão andu, farinha de milho blocada,
fubá de moinho d´água, canudinho de doce
de leite e outras delícias. Visitar a Mercearia
Paraopeba e conhecer Roninho, o seu dono,
é reviver uma época de gentilezas que parece
ter sido perdida em algum lugar do passado.
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01Mesa de quitandas
02Caixas de jabuti-caba durante o
Festival da Jabuti-caba, que aconte-ce anualmente em
Sabará.
03Mercearia Paraope-ba, um orgulho dos
mineiros que fica em Itabirito.
04Festival de Quitan-da, que acontece
anualmente no mês de maio em Con-
gonhas
pág. pág.34 35In Trade
Mais de vinte anos depois, o que era apenas uma tendência virou realidade. De acordo
com o estudo “O Observador Brasil 2011”, desenvolvido pela Cetelem BGN em
parceria com a IPSOS–Public Affair, a classe C foi a única camada da população
cuja renda média familiar cresceu em 2011. A evolução foi de 8%, atingindo R$
1.450 mensais. Só no ano passado, a classe C foi incrementada com 2,7 milhões de
brasileiros vindos das classes D e E. Hoje, 103 milhões de pessoas fazem parte dessa
classe social.
A pesquisa mostra que 63,7 milhões de pessoas ascenderam socialmente no Brasil nos
últimos sete anos. O grupo que mais contribuiu para essa evolução foi a classe C, que
representava 34% da população em 2005, e hoje já ocupa 54% do total de brasileiros.
Estes dados nos ajudam a concluir que o mercado consumidor constituído pela nova
classe média brasileira é a bola da vez. Portanto, é fundamental que as empresas
reconheçam o potencial deste mercado e aproveitem as oportunidades advindas de
um posicionamento estratégico adequado para um enorme número de consumidores
de baixa renda, ávidos por adquirir produtos de qualidade e com preços compatíveis
ao seu poder aquisitivo.
Desde a década de 1990, o mercado de produtos e serviços voltados à classe média brasileira tem recebido especial atenção das empresas e do ambiente acadêmico. Isto aconteceu porque, após a implementação do Plano Real, mesmo não havendo uma significativa melhoria na distribuição de renda no país, verificou-se um aumento no poder aquisitivo da população brasileira, principalmente da classe C.
por Guilherme Guerra
Imag
em: O
s Del
írios
de
Con
sum
o d
e Be
cky
Bloo
m (2
005)
Disn
ey B
uena
Vist
a
In Trade
Dentro deste cenário, quem sempre fez bem o
dever de casa e está colhendo frutos do que
plantou são as marcas regionais.
Há 20 anos, enquanto as grandes empresas
nacionais e multinacionais só se interessavam
pelas classes A e B (consideradas as grandes
consumidoras brasileiras), as marcas regionais já
desenvolviam
produtos de qualidade a preço acessível para
as classes mais baixas da população.
Além disso, as marcas regionais têm outras
vantagens competitivas que contribuem para
o seu bom momento. Como as fábricas estão
mais próximas do consumidor, as marcas
regionais conseguem diminuir custos com
distribuição e consequentemente, obter preços
mais competitivos.
Outro ponto importante a ser destacado é que
as marcas regionais, por conhecerem bem
o seu público alvo, respeitam a identidade
local e compreendem muito melhor o que as
pessoas pensam e sentem, criando assim laços
duradouros com as mesmas.
A consequência desse trabalho muito bem
feito pelas marcas regionais foi que, mesmo
com o aumento do poder aquisitivo, os
consumidores da nova classe média brasileira
se mantiveram fiéis a elas.
Essa fidelidade pode ser comprovada por meio
01 02
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pág. pág.34 35In Trade
Mais de vinte anos depois, o que era apenas uma tendência virou realidade. De acordo
com o estudo “O Observador Brasil 2011”, desenvolvido pela Cetelem BGN em
parceria com a IPSOS–Public Affair, a classe C foi a única camada da população
cuja renda média familiar cresceu em 2011. A evolução foi de 8%, atingindo R$
1.450 mensais. Só no ano passado, a classe C foi incrementada com 2,7 milhões de
brasileiros vindos das classes D e E. Hoje, 103 milhões de pessoas fazem parte dessa
classe social.
A pesquisa mostra que 63,7 milhões de pessoas ascenderam socialmente no Brasil nos
últimos sete anos. O grupo que mais contribuiu para essa evolução foi a classe C, que
representava 34% da população em 2005, e hoje já ocupa 54% do total de brasileiros.
Estes dados nos ajudam a concluir que o mercado consumidor constituído pela nova
classe média brasileira é a bola da vez. Portanto, é fundamental que as empresas
reconheçam o potencial deste mercado e aproveitem as oportunidades advindas de
um posicionamento estratégico adequado para um enorme número de consumidores
de baixa renda, ávidos por adquirir produtos de qualidade e com preços compatíveis
ao seu poder aquisitivo.
Desde a década de 1990, o mercado de produtos e serviços voltados à classe média brasileira tem recebido especial atenção das empresas e do ambiente acadêmico. Isto aconteceu porque, após a implementação do Plano Real, mesmo não havendo uma significativa melhoria na distribuição de renda no país, verificou-se um aumento no poder aquisitivo da população brasileira, principalmente da classe C.
por Guilherme Guerra
Imag
em: O
s Del
írios
de
Con
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e Be
cky
Bloo
m (2
005)
Disn
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uena
Vist
a
In Trade
Dentro deste cenário, quem sempre fez bem o
dever de casa e está colhendo frutos do que
plantou são as marcas regionais.
Há 20 anos, enquanto as grandes empresas
nacionais e multinacionais só se interessavam
pelas classes A e B (consideradas as grandes
consumidoras brasileiras), as marcas regionais já
desenvolviam
produtos de qualidade a preço acessível para
as classes mais baixas da população.
Além disso, as marcas regionais têm outras
vantagens competitivas que contribuem para
o seu bom momento. Como as fábricas estão
mais próximas do consumidor, as marcas
regionais conseguem diminuir custos com
distribuição e consequentemente, obter preços
mais competitivos.
Outro ponto importante a ser destacado é que
as marcas regionais, por conhecerem bem
o seu público alvo, respeitam a identidade
local e compreendem muito melhor o que as
pessoas pensam e sentem, criando assim laços
duradouros com as mesmas.
A consequência desse trabalho muito bem
feito pelas marcas regionais foi que, mesmo
com o aumento do poder aquisitivo, os
consumidores da nova classe média brasileira
se mantiveram fiéis a elas.
Essa fidelidade pode ser comprovada por meio
01 02
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04
pág. pág.36 37In Trade
de um estudo realizado pela ACNielsen em
2008, que mostra que as marcas regionais são
destaques em todo o país.
Entre os produtos regionais com maior
volume de vendas, destacam-se as massas
alimentícias, que concentraram 52%
das vendas do mercado. Em relação à
importância numérica, o Café em Pó regional
representa 82% do faturamento da categoria.
Em 2008, as marcas regionais já
representavam 34% do faturamento total
das categorias e, em algumas áreas do país,
chegaram a representar mais
da metade das vendas em valor. Em Minas
Gerais, Espírito Santo e interior do Estado do
Rio de Janeiro, esse número chegava a 63%.
Vale lembrar que nessa área, 30% das marcas
regionais eram ao menos 10% mais caras que
as nacionais.
Em 2010, o Grupo Troiano de Branding
fez um mapeamento inédito e analisou
cinco quesitos com relação à impressão
que o consumidor tem das marcas:
desconhecimento, rejeição, familiaridade
(quando o consumidor conhece, mas não
tem opinião sobre a marca), preferência
(o consumidor prefere aquela marca,
ainda que nem sempre opte por ela) e
idealização (quando ele só consome aquela
marca). O resultado mostra a força das
marcas que nasceram e se desenvolveram
regionalmente.
O dado que mais me chamou atenção neste
estudo foi que, enquanto no Brasil, apenas 9%
das marcas são idealizadas, em Minas Gerais,
20% dos consumidores idealizam a Aymoré
(biscoitos), 24% a Vilma (massas) e 39% a
Drogaria Araujo.
Isto tudo me faz crer que, apesar de vivermos
em um mundo globalizado, dominado pelas
grandes marcas, sempre haverá espaço na
mente e no coração dos consumidores para
as empresas que lhes escutam e respeitam,
como no caso das marcas regionais.
01Biscoito Aymoré, mar-ca tradicional desde
1958 no mercado mineiro
02Massas Vilma,
fundada em 1923 por imigrante italiano em
Belo Horizonte
03Araujo, uma das
marcas mais antigas na capital mineira com 106 anos de
existência
04Conhecidos como dinheiro de plásti-co, os cartões de
crédito são hoje um dos facilitadores do
consumo
E essa evolução da mentalidade corporativa e social faz
com que algumas pessoas e organizações tentem encontrar
resposta para uma pergunta até então sem efeito ou que
nunca havia sido feita: “para que estamos aqui?”, sugerida
pelos autores do livro “Os segredos das empresas mais queridas”,
Sheth, Sisodia e Wolfe.
Além disso, a sociedade tem que começar a exercitar a
análise proposta pelo escritor Simon Sinek, que defende que
o objetivo das corporações não é fazer negócio com pessoas
que precisam do “O QUE” você tem, mas inspirar aquelas que
acreditam no “POR QUE” (motivo, razão, propósito) a empresa
existe. Assim, Sinek defende que toda organização (ou a própria
pessoa) deve partir não do que oferecer ao mercado, mas
descobrir o seu real propósito de vida.
“Cada organização no planeta sabe o que faz. Algumas
sabem como fazem. Mas poucas, muito poucas pessoas ou
organizações sabem o porquê fazem o que fazem. E por ‘por
que’ não quero dizer ‘fazer lucros’. Isso é um resultado. Por ‘por
que’ eu quero dizer: qual seu propósito? Qual é a causa? Qual
é a sua crença? Por que sua organização existe? Por que você
A sociedade está caminhando, de maneira acelerada, para uma nova economia, migrando da era da razão, em que os valores são definidos pelo custo e produto, para a economia espiritual, na qual se percebe a valorização dos aspectos não materiais da vida, como as emoções e aspirações individuais e, consequentemente, sociais.
por Flávio Tófani (Tio Flávio)
In Trade
Ilust
raçã
o: J
anaí
na B
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pág. pág.36 37In Trade
de um estudo realizado pela ACNielsen em
2008, que mostra que as marcas regionais são
destaques em todo o país.
Entre os produtos regionais com maior
volume de vendas, destacam-se as massas
alimentícias, que concentraram 52%
das vendas do mercado. Em relação à
importância numérica, o Café em Pó regional
representa 82% do faturamento da categoria.
Em 2008, as marcas regionais já
representavam 34% do faturamento total
das categorias e, em algumas áreas do país,
chegaram a representar mais
da metade das vendas em valor. Em Minas
Gerais, Espírito Santo e interior do Estado do
Rio de Janeiro, esse número chegava a 63%.
Vale lembrar que nessa área, 30% das marcas
regionais eram ao menos 10% mais caras que
as nacionais.
Em 2010, o Grupo Troiano de Branding
fez um mapeamento inédito e analisou
cinco quesitos com relação à impressão
que o consumidor tem das marcas:
desconhecimento, rejeição, familiaridade
(quando o consumidor conhece, mas não
tem opinião sobre a marca), preferência
(o consumidor prefere aquela marca,
ainda que nem sempre opte por ela) e
idealização (quando ele só consome aquela
marca). O resultado mostra a força das
marcas que nasceram e se desenvolveram
regionalmente.
O dado que mais me chamou atenção neste
estudo foi que, enquanto no Brasil, apenas 9%
das marcas são idealizadas, em Minas Gerais,
20% dos consumidores idealizam a Aymoré
(biscoitos), 24% a Vilma (massas) e 39% a
Drogaria Araujo.
Isto tudo me faz crer que, apesar de vivermos
em um mundo globalizado, dominado pelas
grandes marcas, sempre haverá espaço na
mente e no coração dos consumidores para
as empresas que lhes escutam e respeitam,
como no caso das marcas regionais.
01Biscoito Aymoré, mar-ca tradicional desde
1958 no mercado mineiro
02Massas Vilma,
fundada em 1923 por imigrante italiano em
Belo Horizonte
03Araujo, uma das
marcas mais antigas na capital mineira com 106 anos de
existência
04Conhecidos como dinheiro de plásti-co, os cartões de
crédito são hoje um dos facilitadores do
consumo
E essa evolução da mentalidade corporativa e social faz
com que algumas pessoas e organizações tentem encontrar
resposta para uma pergunta até então sem efeito ou que
nunca havia sido feita: “para que estamos aqui?”, sugerida
pelos autores do livro “Os segredos das empresas mais queridas”,
Sheth, Sisodia e Wolfe.
Além disso, a sociedade tem que começar a exercitar a
análise proposta pelo escritor Simon Sinek, que defende que
o objetivo das corporações não é fazer negócio com pessoas
que precisam do “O QUE” você tem, mas inspirar aquelas que
acreditam no “POR QUE” (motivo, razão, propósito) a empresa
existe. Assim, Sinek defende que toda organização (ou a própria
pessoa) deve partir não do que oferecer ao mercado, mas
descobrir o seu real propósito de vida.
“Cada organização no planeta sabe o que faz. Algumas
sabem como fazem. Mas poucas, muito poucas pessoas ou
organizações sabem o porquê fazem o que fazem. E por ‘por
que’ não quero dizer ‘fazer lucros’. Isso é um resultado. Por ‘por
que’ eu quero dizer: qual seu propósito? Qual é a causa? Qual
é a sua crença? Por que sua organização existe? Por que você
A sociedade está caminhando, de maneira acelerada, para uma nova economia, migrando da era da razão, em que os valores são definidos pelo custo e produto, para a economia espiritual, na qual se percebe a valorização dos aspectos não materiais da vida, como as emoções e aspirações individuais e, consequentemente, sociais.
por Flávio Tófani (Tio Flávio)
In Trade
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raçã
o: J
anaí
na B
elch
ior
pág. pág.38 39In Trade
sai da cama pela manhã? E por que alguém
deveria se importar?”
A forma como pensamos, agimos e nos
comunicamos é de fora para dentro, ou seja,
partimos da coisa mais clara para a mais densa.
Porém, os líderes e organizações inspiradoras,
independente de seu tamanho ou área de
atuação, pensam, agem e comunicam de
dentro para fora, afirma Sinek .
Mas este movimento rumo à economia
espiritual não é somente em nível corporativo.
A Organização das Nações Unidas, ONU,
em um esforço para melhorar o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), propõe que os
países se capacitem e se preparem para medir
o bem estar da sua população. Aí entra o FIB –
Felicidade Interna Bruta, que é uma nova forma
de mensurar o progresso das nações (e das
empresas) e que avalia, dentre outros fatores, a
sustentabilidade e o bem estar das pessoas.
Tendo a sua origem registrada no reino do
Butão, entre a Índia e a China, no limite
oriental das Cordilheiras do Himalaia, o FIB vem
crescendo em importância em diversos países,
desde a França até o Brasil, por iniciativas de
ONGs e até mesmo de instituições como a
Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), que criou
um núcleo para realizar estudos nesta área em
terras tupiniquins.
Segundo constatação de um grupo de
cientistas sociais e matemáticos, em 2008,
liderados pelo economista americano Joseph
Stiglitz, Prêmio Nobel de 2001, o Produto Interno
Bruto, PIB, que é o somatório de tudo aquilo
que é produzido em um país, tem pontos cegos
impossíveis de ignorar. A maior lacuna existente
é medir a riqueza de um país sem levar em
Ilust
raçã
o: J
anaí
na B
elch
ior
conta um dos principais objetivos de vida de
boa parte das pessoas: ser feliz, em primeiro
lugar, e não necessariamente rico.
“Alguns dos fatores que fazem a vida valer
a pena não estão à venda nem podem ser
contabilizados com instrumentos monetários”,
concluíram Stiglitz e sua equipe.
Neste novo mercado as pessoas procuram
algo que está além do que o dinheiro pode
comprar. Buscam significado, felicidade e
realização espiritual, segundo defende uma das
maiores autoridades do Marketing, Philip Kotler,
no livro Marketing 3.0. Além disso, é preciso
entender que estamos vivendo uma nova era,
que tem levado as pessoas a repensarem e
reestruturarem suas vidas e seus negócios.
Porém, o desafio das organizações frente a esse
novo cenário indica que a busca da vantagem
competitiva vai além do gerenciamento
tradicional até então praticado, caracterizado
pela extrema timidez e amadorismo no que diz
respeito às inovações e ainda muito preso às
práticas burocráticas.
Aquelas organizações que tinham a única e
exclusiva preocupação com o lucro, através de
uma maior participação dos seus produtos ou
serviços no mercado, estão sendo convidadas
a repensar seus modelos administrativos, através
do desenvolvimento de novas estratégias
que lhes permitam assegurar uma posição de
destaque numa nova realidade de mercado.
O advento da globalização e o imperativo das
práticas de mercado colaborativas fizeram
com que os gestores e empresários brasileiros
dessem início a um replanejamento dos
modelos organizacionais vigentes até então,
orientando-os para a valorização das pessoas
e da melhoria do ambiente organizacional.
O objetivo é o comprometimento dos seus
funcionários com os valores e a filosofia
da empresa, que devem ser entendidos e
compartilhados internamente, além de refletidos
em seus momentos de contatos com todos os
stakeholders (grupos de interesse e influência).
Porém, antes disso, foi necessário repensar o
próprio modo de ser da empresa, buscando
conhecer características da sua identidade,
descobrindo a organização em sua essência.
Em uma economia interligada, as organizações
precisam colaborar umas com as outras,
com os seus acionistas, com seus parceiros
de canal, com seus empregados e com seus
consumidores. O novo mercado representa
a colaboração de entidades de negócios
que compartilham conjuntos semelhantes de
valores e desejos.
Neste amplo contexto, descobre-se a
importância do marketing interno como
estratégia que, juntamente com a gestão de
pessoas, visa proporcionar a integração dos
funcionários aos objetivos organizacionais, mas
que vai além: busca a melhoria da empresa
como organismo social, conhecendo a sua
essência e promovendo as melhorias culturais
necessárias ao seu desenvolvimento.
O marketing interno ajudará a criar a
“nova empresa”, como sugere Wilson
Cerqueira, estabelecendo um norte
cultural sinérgico, que deverá contar com a
participação representativa e proativa de
todos os envolvidos, melhorando não só a
produtividade, mas também a qualidade dos
produtos e das relações entre as pessoas.
In Trade
pág. pág.38 39In Trade
sai da cama pela manhã? E por que alguém
deveria se importar?”
A forma como pensamos, agimos e nos
comunicamos é de fora para dentro, ou seja,
partimos da coisa mais clara para a mais densa.
Porém, os líderes e organizações inspiradoras,
independente de seu tamanho ou área de
atuação, pensam, agem e comunicam de
dentro para fora, afirma Sinek .
Mas este movimento rumo à economia
espiritual não é somente em nível corporativo.
A Organização das Nações Unidas, ONU,
em um esforço para melhorar o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), propõe que os
países se capacitem e se preparem para medir
o bem estar da sua população. Aí entra o FIB –
Felicidade Interna Bruta, que é uma nova forma
de mensurar o progresso das nações (e das
empresas) e que avalia, dentre outros fatores, a
sustentabilidade e o bem estar das pessoas.
Tendo a sua origem registrada no reino do
Butão, entre a Índia e a China, no limite
oriental das Cordilheiras do Himalaia, o FIB vem
crescendo em importância em diversos países,
desde a França até o Brasil, por iniciativas de
ONGs e até mesmo de instituições como a
Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), que criou
um núcleo para realizar estudos nesta área em
terras tupiniquins.
Segundo constatação de um grupo de
cientistas sociais e matemáticos, em 2008,
liderados pelo economista americano Joseph
Stiglitz, Prêmio Nobel de 2001, o Produto Interno
Bruto, PIB, que é o somatório de tudo aquilo
que é produzido em um país, tem pontos cegos
impossíveis de ignorar. A maior lacuna existente
é medir a riqueza de um país sem levar em
Ilust
raçã
o: J
anaí
na B
elch
ior
conta um dos principais objetivos de vida de
boa parte das pessoas: ser feliz, em primeiro
lugar, e não necessariamente rico.
“Alguns dos fatores que fazem a vida valer
a pena não estão à venda nem podem ser
contabilizados com instrumentos monetários”,
concluíram Stiglitz e sua equipe.
Neste novo mercado as pessoas procuram
algo que está além do que o dinheiro pode
comprar. Buscam significado, felicidade e
realização espiritual, segundo defende uma das
maiores autoridades do Marketing, Philip Kotler,
no livro Marketing 3.0. Além disso, é preciso
entender que estamos vivendo uma nova era,
que tem levado as pessoas a repensarem e
reestruturarem suas vidas e seus negócios.
Porém, o desafio das organizações frente a esse
novo cenário indica que a busca da vantagem
competitiva vai além do gerenciamento
tradicional até então praticado, caracterizado
pela extrema timidez e amadorismo no que diz
respeito às inovações e ainda muito preso às
práticas burocráticas.
Aquelas organizações que tinham a única e
exclusiva preocupação com o lucro, através de
uma maior participação dos seus produtos ou
serviços no mercado, estão sendo convidadas
a repensar seus modelos administrativos, através
do desenvolvimento de novas estratégias
que lhes permitam assegurar uma posição de
destaque numa nova realidade de mercado.
O advento da globalização e o imperativo das
práticas de mercado colaborativas fizeram
com que os gestores e empresários brasileiros
dessem início a um replanejamento dos
modelos organizacionais vigentes até então,
orientando-os para a valorização das pessoas
e da melhoria do ambiente organizacional.
O objetivo é o comprometimento dos seus
funcionários com os valores e a filosofia
da empresa, que devem ser entendidos e
compartilhados internamente, além de refletidos
em seus momentos de contatos com todos os
stakeholders (grupos de interesse e influência).
Porém, antes disso, foi necessário repensar o
próprio modo de ser da empresa, buscando
conhecer características da sua identidade,
descobrindo a organização em sua essência.
Em uma economia interligada, as organizações
precisam colaborar umas com as outras,
com os seus acionistas, com seus parceiros
de canal, com seus empregados e com seus
consumidores. O novo mercado representa
a colaboração de entidades de negócios
que compartilham conjuntos semelhantes de
valores e desejos.
Neste amplo contexto, descobre-se a
importância do marketing interno como
estratégia que, juntamente com a gestão de
pessoas, visa proporcionar a integração dos
funcionários aos objetivos organizacionais, mas
que vai além: busca a melhoria da empresa
como organismo social, conhecendo a sua
essência e promovendo as melhorias culturais
necessárias ao seu desenvolvimento.
O marketing interno ajudará a criar a
“nova empresa”, como sugere Wilson
Cerqueira, estabelecendo um norte
cultural sinérgico, que deverá contar com a
participação representativa e proativa de
todos os envolvidos, melhorando não só a
produtividade, mas também a qualidade dos
produtos e das relações entre as pessoas.
In Trade
pág. pág.40 41
showpor Michael Eudes
Trazer toda doçura e encantamento da poesia por meio da
luminotécnica para o interior das casas. Essa é a proposta de um dos
mais respeitados iluminadores do Brasil. Manoel Castello Branco Neto,
mais conhecido como Maneco Quinderé, traz as perspectivas e
possibilidades da iluminação do palco de grandes espetáculos e shows
para projetos residenciais, criando cenas extraordinárias.
O profissional, descendente da segunda geração de iluminadores
de Jorginho de Carvalho – pioneiro na iluminação moderna no Brasil,
ganhou notoriedade a partir dos anos 1980 e, desde então, passou a
se aventurar ora em produções comerciais, ora em trabalhos de cunho
mais experimental.
Nascido em Teresina, mas radicado no Rio de Janeiro, esse homem
de talento inconfundível é sempre muito requisitado para grandes
espetáculos dirigidos por profissionais como Miguel Falabela e Luiz Carlos
Ripper, e estrelados por artistas como Fernanda Montenegro, entre
outras grandes figuras da dramaturgia nacional.
E não para por aí. O currículo é extenso. Maneco Quinderé também
cria projetos para estabelecimentos comerciais, óperas, desfiles, ballet
e demais eventos. E não é que ele também brilha quando o assunto é
projetar a iluminação de shows musicais? Ele já cuidou da luminotécnica
do palco de Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan e Vanessa da Mata.
Por falar em música, quem solicita os projetos luminotécnicos do lighting
designer para deixar a casa com um toque especial fica bastante
satisfeito. “É possível criar várias cenas, deixando a casa mais iluminada
em um dado momento ou mais introspectiva em outras ocasiões. Dessa
forma, dá para pensar a luz como música”, explica.
Direto dos palcos de grandes espetáculos, o projeto luminotécnico migrou para as residências, conferindo charme, beleza e criatividade aos ambientes.
Foto
: Die
go Q
uind
eré
Entrevista Maneco Quinderé 01
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showpor Michael Eudes
Trazer toda doçura e encantamento da poesia por meio da
luminotécnica para o interior das casas. Essa é a proposta de um dos
mais respeitados iluminadores do Brasil. Manoel Castello Branco Neto,
mais conhecido como Maneco Quinderé, traz as perspectivas e
possibilidades da iluminação do palco de grandes espetáculos e shows
para projetos residenciais, criando cenas extraordinárias.
O profissional, descendente da segunda geração de iluminadores
de Jorginho de Carvalho – pioneiro na iluminação moderna no Brasil,
ganhou notoriedade a partir dos anos 1980 e, desde então, passou a
se aventurar ora em produções comerciais, ora em trabalhos de cunho
mais experimental.
Nascido em Teresina, mas radicado no Rio de Janeiro, esse homem
de talento inconfundível é sempre muito requisitado para grandes
espetáculos dirigidos por profissionais como Miguel Falabela e Luiz Carlos
Ripper, e estrelados por artistas como Fernanda Montenegro, entre
outras grandes figuras da dramaturgia nacional.
E não para por aí. O currículo é extenso. Maneco Quinderé também
cria projetos para estabelecimentos comerciais, óperas, desfiles, ballet
e demais eventos. E não é que ele também brilha quando o assunto é
projetar a iluminação de shows musicais? Ele já cuidou da luminotécnica
do palco de Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan e Vanessa da Mata.
Por falar em música, quem solicita os projetos luminotécnicos do lighting
designer para deixar a casa com um toque especial fica bastante
satisfeito. “É possível criar várias cenas, deixando a casa mais iluminada
em um dado momento ou mais introspectiva em outras ocasiões. Dessa
forma, dá para pensar a luz como música”, explica.
Direto dos palcos de grandes espetáculos, o projeto luminotécnico migrou para as residências, conferindo charme, beleza e criatividade aos ambientes.
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Entrevista Maneco Quinderé 01
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02
03
Entretanto, para que essa técnica possa ser
empregada também nas residências, são
necessários vários estudos que analisem a
melhor disposição dos elementos. É que
são muitos os equipamentos usados para
criar esse show de luzes. Quem costuma
ir ao teatro, por exemplo, já deve tê-los
visto. Eles são grandes, alguns são pesados,
e a localização tem influência direta no
resultado. “Tudo na arquitetura do local é
aproveitado para construir os mecanismos
de iluminação”, observa Maneco.
O público que procura esse tipo de trabalho
também é muito exigente. Por isso, é preciso
não apenas se empenhar em criar uma
luminotécnica bonita, mas projetar uma
iluminação que tenha identificação com o
cliente. “Agradar esse público tão específico,
assim como nos espetáculos teatrais, não
é fácil. O cliente, na maioria das vezes, não
gosta de uma coisa muito ousada”, ressalta
Maneco
Segundo ele, nesses casos, é necessário
saber lidar com as pessoas, escutá-las e
adequar o projeto. “O profissional deve
saber até que ponto pode propor algo
novo sem deixar de lado as necessidades
daquele que solicitou o serviço”, explica.
Ele lembra ainda que “o trabalho de luz/
arquitetura está muito ligado à estética”.
Isso faz com que o cliente seja mais
rigoroso.
No entanto, as residências não são os
únicos locais que podem abrigar tal
modelo de iluminação, característico dos
palcos. Bares, restaurantes e discotecas,
também recebem esse recurso.
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: Die
go Q
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Foto
: Die
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04
05 “Ambientes assim permitem uma liberdade
de criação maior, pois oferecem mais
descontração”, ressalta o iluminador. Seja
para projetos residenciais ou comerciais,
um fator é muito importante para quem
quer deixar o ambiente mais bonito e
agradável sem pesar no bolso: as lâmpadas
LED (diodo emissor de Luz), sinônimo de
economia certa.
Quem adere a esse tipo de luminotécnica
pode ter a certeza de que o ambiente
ficará mais versátil, belo e cheio de
possibilidades. Além, é claro, de brilhar
muito. Um verdadeiro show de luzes.
01Residência -
Valorização do relevo da parede
com iluminação wall washer,
dando um efeito intimista.
02Maneco Quinderé.
03Iluminação
Downlight, pode ser utilizada também para dar a sensa-
ção de aconchego.
04Valorização da sala
de jantar através de uma iluminação
focalizada.
05Iluminação com várias técnicas ,
possibilitando a valoriza-ção de cada
elemento em especial.
Entretanto, para que essa técnica possa ser
empregada também nas residências, são
necessários vários estudos que analisem a
melhor disposição dos elementos. É que
são muitos os equipamentos usados para
criar esse show de luzes. Quem costuma
ir ao teatro, por exemplo, já deve tê-los
visto. Eles são grandes, alguns são pesados,
e a localização tem influência direta no
resultado. “Tudo na arquitetura do local é
aproveitado para construir os mecanismos
de iluminação”, observa Maneco.
O público que procura esse tipo de trabalho
também é muito exigente. Por isso, é preciso
não apenas se empenhar em criar uma
luminotécnica bonita, mas projetar uma
iluminação que tenha identificação com o
cliente. “Agradar esse público tão específico,
assim como nos espetáculos teatrais, não
é fácil. O cliente, na maioria das vezes, não
gosta de uma coisa muito ousada”, ressalta
Maneco
Segundo ele, nesses casos, é necessário
saber lidar com as pessoas, escutá-las e
adequar o projeto. “O profissional deve
saber até que ponto pode propor algo
novo sem deixar de lado as necessidades
daquele que solicitou o serviço”, explica.
Ele lembra ainda que “o trabalho de luz/
arquitetura está muito ligado à estética”.
Isso faz com que o cliente seja mais
rigoroso.
No entanto, as residências não são os
únicos locais que podem abrigar tal
modelo de iluminação, característico dos
palcos. Bares, restaurantes e discotecas,
também recebem esse recurso.
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05 “Ambientes assim permitem uma liberdade
de criação maior, pois oferecem mais
descontração”, ressalta o iluminador. Seja
para projetos residenciais ou comerciais,
um fator é muito importante para quem
quer deixar o ambiente mais bonito e
agradável sem pesar no bolso: as lâmpadas
LED (diodo emissor de Luz), sinônimo de
economia certa.
Quem adere a esse tipo de luminotécnica
pode ter a certeza de que o ambiente
ficará mais versátil, belo e cheio de
possibilidades. Além, é claro, de brilhar
muito. Um verdadeiro show de luzes.
01Residência -
Valorização do relevo da parede
com iluminação wall washer,
dando um efeito intimista.
02Maneco Quinderé.
03Iluminação
Downlight, pode ser utilizada também para dar a sensa-
ção de aconchego.
04Valorização da sala
de jantar através de uma iluminação
focalizada.
05Iluminação com várias técnicas ,
possibilitando a valoriza-ção de cada
elemento em especial.
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design Sustentável:a nova forma de pensar o Mundopor Michael Eudes
Entrevista John Thackara
Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, o homem
intensificou a exploração dos recursos naturais. A tecnologia
trouxe benefícios – avanços significativos aos mecanismos de
produção na indústria. Em contrapartida, a natureza ficou em
segundo plano, sendo devastada com avidez. Agora, ela dá
constantes sinais de que está no limite. Diversas mudanças
climáticas causam fenômenos naturais nocivos ao homem.
Por isso, mais do que nunca, é chegado o momento de
repensar as ferramentas de produção e aliar a estas ações de
desenvolvimento, soluções que causem menos estragos ao
meio ambiente.
Por falar em Revolução Industrial, coincidência ou não, foi
justamente onde nasceu esse movimento, em Middlesbrough,
na Inglaterra, que surgiu outra prática, contrária à primeira.
Nessa cidade, localizada no nordeste da Inglaterra, John
Thackara fez do seu trabalho vitrine para outros continentes
do mundo. Ele conseguiu, por meio de estratégias bem
elaboradas, plantar alimentos em quantidade suficiente para
atender a população local. O povo foi orientado e conseguiu
aproveitar bem cada espaço disponível ao plantio. Resultado:
em apenas um ano, foram produzidos alimentos suficientes
para sete dos 142 mil habitantes da cidade.
O exemplo de Middlesbrough ressalta a importância de
atitudes sustentáveis. No entanto, John não acredita que deve,
obrigatoriamente, mudar os hábitos da população. “É sempre
um desastre quando designers tentam dizer a outras pessoas
Desenvolver medidas econômicas e buscar materiais que não agridam o meio ambiente são os principais objetivos e valores das corporações contemporâneas. E, no design, há a mesma preocupação com a preservação do Planeta. O filósofo e escritor inglês John Thackara é símbolo desse novo modus operandis do setor e pioneiro em soluções sustentáveis.
como elas devem viver. Não sou favorável à ideia de que o
design possa alterar o comportamento das pessoas. O que
pode ser feito, no entanto, é criar ferramentas e plataformas
que possibilitem às pessoas partilhar recursos, como: energia,
tempo, matéria, habilidade, softwares, espaços, ou até mesmo
comida”, pondera o escritor.
O profissional acredita que, para haver maior difusão da
sustentabilidade, é necessário popularizar, ou seja, facilitar
o acesso das pessoas de várias classes sociais ao design.
“Acredito que o design deve deixar de ser uma ferramenta
disponível apenas para quem pode pagar. Ele precisa estar
diretamente relacionado a valores explícitos, como respeito
incondicional pela vida e pelas condições que a suportam”,
salienta Thackara. Para ele, o problema está em acharmos que
o atual estado do planeta é culpa e responsabilidade de
outras pessoas.
Foto
: Jan
Bijl.
com
Mesmo assim, não basta que apenas os
designers se preocupem com a preservação
do mundo. As indústrias e o comércio, motores
da economia, também precisam contribuir.
De acordo com Thackara, esses setores
devem criar mecanismos que encorajem
atitudes de preservação. “Muitos designers e
líderes de negócios estão se conscientizando
da loucura do crescimento da economia
industrial, e começando a buscar medidas,
ainda modestas, para o desenvolvimento de
uma economia regenerativa. É o início de um
período de transformação”, garante.
John destaca o trabalho de profissionais que
se preocupam com a sustentabilidade: “É
fantástico perceber que os designers estão
sendo envolvidos em projetos que melhoram
o acesso à água potável. É inspirador ver
engenheiros descobrindo maneiras de
reduzir o custo de equipamentos médicos
ou agrícolas. E o design de comunicação,
aumentando a conscientização sobre
questões sociais urgentes, desempenha um
papel genuinamente crítico da vida em
desenvolvimento”.
O futuro é, de fato, uma das bases de trabalho
da política de sustentabilidade. Por isso,
despertar o interesse dos jovens para essa
questão também é um fator imprescindível.
Segundo Thackara, muitos estudantes e
jovens designers estão em busca de uma
nova direção. Porém, em muitas escolas, as
ações estão restritas apenas a cartazes sobre
o assunto. “A transição para a sustentabilidade
não é mais sobre mensagens, e sim, sobre
atitudes e ações. Não tenho dúvida, a escolha
é muito clara! Se você não for a favor da
biosfera, você é contra ela, não tem meio
termo” alerta.
A necessidade imediata de mudança da
qual se refere o britânico encontra um grande
obstáculo: o excesso de produção industrial.
John é enfático ao descrever os exageros: “No
ano passado, um novo produto foi lançado em
algum lugar do mundo, a cada três minutos.
A maioria dessas mercadorias envolveu a
utilização de energia, água e recursos naturais.
Cada produto, assim, contribuiu para os 70
milhões de toneladas de C02 que é emitido
para a atmosfera terrestre, a cada 24 horas,
como resultado da atividade humana. Nós não
precisamos de mais produtos!”.
01
Foto
: arq
uivo
pes
soal
01Fazendas de Zurique que distri-buem seus produtos através de suas próprias lojas. Vinte novos projetos foram lançados, no oeste da Suíça só nos últimos tempos. Um exemplo é o de Ortoloco (abaixo) é uma fazenda auto-gerida cooperativa com 200 membros ativos.(John Thackara)
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design Sustentável:a nova forma de pensar o Mundopor Michael Eudes
Entrevista John Thackara
Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, o homem
intensificou a exploração dos recursos naturais. A tecnologia
trouxe benefícios – avanços significativos aos mecanismos de
produção na indústria. Em contrapartida, a natureza ficou em
segundo plano, sendo devastada com avidez. Agora, ela dá
constantes sinais de que está no limite. Diversas mudanças
climáticas causam fenômenos naturais nocivos ao homem.
Por isso, mais do que nunca, é chegado o momento de
repensar as ferramentas de produção e aliar a estas ações de
desenvolvimento, soluções que causem menos estragos ao
meio ambiente.
Por falar em Revolução Industrial, coincidência ou não, foi
justamente onde nasceu esse movimento, em Middlesbrough,
na Inglaterra, que surgiu outra prática, contrária à primeira.
Nessa cidade, localizada no nordeste da Inglaterra, John
Thackara fez do seu trabalho vitrine para outros continentes
do mundo. Ele conseguiu, por meio de estratégias bem
elaboradas, plantar alimentos em quantidade suficiente para
atender a população local. O povo foi orientado e conseguiu
aproveitar bem cada espaço disponível ao plantio. Resultado:
em apenas um ano, foram produzidos alimentos suficientes
para sete dos 142 mil habitantes da cidade.
O exemplo de Middlesbrough ressalta a importância de
atitudes sustentáveis. No entanto, John não acredita que deve,
obrigatoriamente, mudar os hábitos da população. “É sempre
um desastre quando designers tentam dizer a outras pessoas
Desenvolver medidas econômicas e buscar materiais que não agridam o meio ambiente são os principais objetivos e valores das corporações contemporâneas. E, no design, há a mesma preocupação com a preservação do Planeta. O filósofo e escritor inglês John Thackara é símbolo desse novo modus operandis do setor e pioneiro em soluções sustentáveis.
como elas devem viver. Não sou favorável à ideia de que o
design possa alterar o comportamento das pessoas. O que
pode ser feito, no entanto, é criar ferramentas e plataformas
que possibilitem às pessoas partilhar recursos, como: energia,
tempo, matéria, habilidade, softwares, espaços, ou até mesmo
comida”, pondera o escritor.
O profissional acredita que, para haver maior difusão da
sustentabilidade, é necessário popularizar, ou seja, facilitar
o acesso das pessoas de várias classes sociais ao design.
“Acredito que o design deve deixar de ser uma ferramenta
disponível apenas para quem pode pagar. Ele precisa estar
diretamente relacionado a valores explícitos, como respeito
incondicional pela vida e pelas condições que a suportam”,
salienta Thackara. Para ele, o problema está em acharmos que
o atual estado do planeta é culpa e responsabilidade de
outras pessoas.
Foto
: Jan
Bijl.
com
Mesmo assim, não basta que apenas os
designers se preocupem com a preservação
do mundo. As indústrias e o comércio, motores
da economia, também precisam contribuir.
De acordo com Thackara, esses setores
devem criar mecanismos que encorajem
atitudes de preservação. “Muitos designers e
líderes de negócios estão se conscientizando
da loucura do crescimento da economia
industrial, e começando a buscar medidas,
ainda modestas, para o desenvolvimento de
uma economia regenerativa. É o início de um
período de transformação”, garante.
John destaca o trabalho de profissionais que
se preocupam com a sustentabilidade: “É
fantástico perceber que os designers estão
sendo envolvidos em projetos que melhoram
o acesso à água potável. É inspirador ver
engenheiros descobrindo maneiras de
reduzir o custo de equipamentos médicos
ou agrícolas. E o design de comunicação,
aumentando a conscientização sobre
questões sociais urgentes, desempenha um
papel genuinamente crítico da vida em
desenvolvimento”.
O futuro é, de fato, uma das bases de trabalho
da política de sustentabilidade. Por isso,
despertar o interesse dos jovens para essa
questão também é um fator imprescindível.
Segundo Thackara, muitos estudantes e
jovens designers estão em busca de uma
nova direção. Porém, em muitas escolas, as
ações estão restritas apenas a cartazes sobre
o assunto. “A transição para a sustentabilidade
não é mais sobre mensagens, e sim, sobre
atitudes e ações. Não tenho dúvida, a escolha
é muito clara! Se você não for a favor da
biosfera, você é contra ela, não tem meio
termo” alerta.
A necessidade imediata de mudança da
qual se refere o britânico encontra um grande
obstáculo: o excesso de produção industrial.
John é enfático ao descrever os exageros: “No
ano passado, um novo produto foi lançado em
algum lugar do mundo, a cada três minutos.
A maioria dessas mercadorias envolveu a
utilização de energia, água e recursos naturais.
Cada produto, assim, contribuiu para os 70
milhões de toneladas de C02 que é emitido
para a atmosfera terrestre, a cada 24 horas,
como resultado da atividade humana. Nós não
precisamos de mais produtos!”.
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01Fazendas de Zurique que distri-buem seus produtos através de suas próprias lojas. Vinte novos projetos foram lançados, no oeste da Suíça só nos últimos tempos. Um exemplo é o de Ortoloco (abaixo) é uma fazenda auto-gerida cooperativa com 200 membros ativos.(John Thackara)
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Design no BrasilConfira um bate papo rápido sobre o olhar do inglês em relação ao Brasil:
Você conhece algum projeto no Brasil que está caminhando de acordo com o que você acredita ser o correto? Pode nos dizer qual?Eu fui ao Brasil apenas algumas vezes, então
não sou um expert no mundo do design
brasileiro. Mas, como uma reação instantânea,
eu diria que todos os projetos que podem
levar o país em direção à forma antiga
de industrialização - a produção de carros
particulares, agronegócio, supermercados,
grandes hotéis, são uma forma ruim de
desenvolvimento, do ponto de vista dos
interesses da biosfera.
Há alguma figura da área de design, em especial, que você admira no país?O que mantém meus olhos atentos, e que
sempre apoio, são exemplos de profissionais
que ajudam a desenvolver novas possibilidades
para atender às necessidades da vida diária.
Uma inspiração recente, em minha opinião,
é o novo livro de Adélia Borges “Design +
Artesanato: O Caminho Brasileiro”. Ela reúne
uma série gloriosa de artefatos coletadas em
cada região brasileira. Algo importante que o
livro traz são os artesãos, o papel deles como
especialistas em técnicas e administradores das
possibilidades agrícolas e artesanais de
suas regiões.
Como o design pode contribuir no caso do Brasil?Uma das possibilidades importantes é poder
colaborar com a economia regenerativa, que
é agora emergente, é descobrir quais os bens e
recursos já estão lá, no seu território. Os recursos
naturais, como o vento, o sol, com potencial
para gerar energias limpas, materiais diversos,
e as habilidades necessárias para usá-los se
tornam matéria-prima do design para uma
nova economia.
Entrevista John Thackara
02 e 03Empresa de Zurique que com apenas 02 entregadores fornece produtos orgânicos a bares da cidade, com 40 diferentes tipos de sopa, tudo sem aditivos, completamente orgânico.(John Thackara)
02
04
03
04Visitei uma fazenda inspiradora, Akur, onde Thordur Halldorsson e Karolina Gunnarsdo ttir passa-ram os últimos 20 anos criando o protótipo de um mercado auto-suficiente. (John Thackara)
Foto
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Ivo Fariapor Ana Cláudia UlhôaUm sucesso na gastronomia
Entrevista Ivo Faria
Desde muito cedo Ivo Faria, já mostrava aptidão para a cozinha. O dono do restaurante Vecchio Sogno preparou seus primeiros pratos quando ainda tinha 14 anos, ao ingressar no curso técnico do Senac. Para complementar a formação, o chef mineiro estudou em diversas instituições do Brasil e do mundo.
Cursou Nutrição, Dietética e passou pelo Centro Internacional de
Glion, na Suíça. Durante sua trajetória participou de vários festivais
de gastronomia e recebeu prêmios de revistas especializadas,
como Veja, Gula e Wine Spectator. Em entrevista para a Revista
Ideia, Ivo Faria conta como a união entre sabor e design pode
colaborar para uma carreira de sucesso.
Revista Ideia: Como você pensa o design de um prato?Ivo Faria: Quando você pensa em um prato, antes de mais
nada, você tem que pensar no equilíbrio. A primeira coisa
é harmonizar os alimentos, depois vem a cor e, por último, a
montagem propriamente dita. Não adianta nada criar um prato
sem sabor e sem vida. Você tem que escolher os ingredientes
certos, o molho que vai dar presença e a louça que vai terminar
de compor. Agora, muitas vezes, isso nasce na hora que você
está compondo. Vem da alma. Tem prato que você cria uma
vez só e não consegue reproduzir nunca mais.
RI: O que você costuma fazer para não esquecer o prato que acabou de criar?IF: Eu registro muita coisa, porque normalmente eu dou cursos.
As receitas do dia a dia também são mais fáceis. Você tem o
prato no cardápio, então, todos os dias, ele é montado da
mesma forma. Só que no horário de movimento do restaurante,
é complicado. Quando um cliente pede um prato, é comum
você pegar um produto que te interessa ali, outro aqui, executar
e no dia seguinte falar: gente, aquele prato ficou maravilhoso.
Mas você não registrou.
RI: Já teve algum prato, em especial, que você achou magnífico e se arrependeu de não ter registrado?IF: O magnífico é por pouco tempo. Você pode fazer um prato
hoje que é perfeito e depois não achá-lo tão interessante mais.
Tem pratos que eu fiz há mais tempo e que hoje eu não faria
do mesmo jeito, porque as coisas vão evoluindo. Então, daqui a
seis meses, aquilo que você criou já passou, você quer mudar. A
criação é uma coisa de momento.
RI: Existem comidas que são mais complicadas de trabalhar. O que você faz nesses casos?IF: Alguns pratos têm um sabor muito bom, mas, muitas vezes,
não te dão condições de realizar uma apresentação legal.
Nesses casos, você tem que buscar elementos que possam te
auxiliar, como uma louça ou uma taça. Eles vão te ajudar a criar
uma certa beleza, uma certa estrutura. Existe também aquela
comida que é difícil de apresentar beleza, mas vai sempre
Foto
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ção
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Design no BrasilConfira um bate papo rápido sobre o olhar do inglês em relação ao Brasil:
Você conhece algum projeto no Brasil que está caminhando de acordo com o que você acredita ser o correto? Pode nos dizer qual?Eu fui ao Brasil apenas algumas vezes, então
não sou um expert no mundo do design
brasileiro. Mas, como uma reação instantânea,
eu diria que todos os projetos que podem
levar o país em direção à forma antiga
de industrialização - a produção de carros
particulares, agronegócio, supermercados,
grandes hotéis, são uma forma ruim de
desenvolvimento, do ponto de vista dos
interesses da biosfera.
Há alguma figura da área de design, em especial, que você admira no país?O que mantém meus olhos atentos, e que
sempre apoio, são exemplos de profissionais
que ajudam a desenvolver novas possibilidades
para atender às necessidades da vida diária.
Uma inspiração recente, em minha opinião,
é o novo livro de Adélia Borges “Design +
Artesanato: O Caminho Brasileiro”. Ela reúne
uma série gloriosa de artefatos coletadas em
cada região brasileira. Algo importante que o
livro traz são os artesãos, o papel deles como
especialistas em técnicas e administradores das
possibilidades agrícolas e artesanais de
suas regiões.
Como o design pode contribuir no caso do Brasil?Uma das possibilidades importantes é poder
colaborar com a economia regenerativa, que
é agora emergente, é descobrir quais os bens e
recursos já estão lá, no seu território. Os recursos
naturais, como o vento, o sol, com potencial
para gerar energias limpas, materiais diversos,
e as habilidades necessárias para usá-los se
tornam matéria-prima do design para uma
nova economia.
Entrevista John Thackara
02 e 03Empresa de Zurique que com apenas 02 entregadores fornece produtos orgânicos a bares da cidade, com 40 diferentes tipos de sopa, tudo sem aditivos, completamente orgânico.(John Thackara)
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04Visitei uma fazenda inspiradora, Akur, onde Thordur Halldorsson e Karolina Gunnarsdo ttir passa-ram os últimos 20 anos criando o protótipo de um mercado auto-suficiente. (John Thackara)
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Ivo Fariapor Ana Cláudia UlhôaUm sucesso na gastronomia
Entrevista Ivo Faria
Desde muito cedo Ivo Faria, já mostrava aptidão para a cozinha. O dono do restaurante Vecchio Sogno preparou seus primeiros pratos quando ainda tinha 14 anos, ao ingressar no curso técnico do Senac. Para complementar a formação, o chef mineiro estudou em diversas instituições do Brasil e do mundo.
Cursou Nutrição, Dietética e passou pelo Centro Internacional de
Glion, na Suíça. Durante sua trajetória participou de vários festivais
de gastronomia e recebeu prêmios de revistas especializadas,
como Veja, Gula e Wine Spectator. Em entrevista para a Revista
Ideia, Ivo Faria conta como a união entre sabor e design pode
colaborar para uma carreira de sucesso.
Revista Ideia: Como você pensa o design de um prato?Ivo Faria: Quando você pensa em um prato, antes de mais
nada, você tem que pensar no equilíbrio. A primeira coisa
é harmonizar os alimentos, depois vem a cor e, por último, a
montagem propriamente dita. Não adianta nada criar um prato
sem sabor e sem vida. Você tem que escolher os ingredientes
certos, o molho que vai dar presença e a louça que vai terminar
de compor. Agora, muitas vezes, isso nasce na hora que você
está compondo. Vem da alma. Tem prato que você cria uma
vez só e não consegue reproduzir nunca mais.
RI: O que você costuma fazer para não esquecer o prato que acabou de criar?IF: Eu registro muita coisa, porque normalmente eu dou cursos.
As receitas do dia a dia também são mais fáceis. Você tem o
prato no cardápio, então, todos os dias, ele é montado da
mesma forma. Só que no horário de movimento do restaurante,
é complicado. Quando um cliente pede um prato, é comum
você pegar um produto que te interessa ali, outro aqui, executar
e no dia seguinte falar: gente, aquele prato ficou maravilhoso.
Mas você não registrou.
RI: Já teve algum prato, em especial, que você achou magnífico e se arrependeu de não ter registrado?IF: O magnífico é por pouco tempo. Você pode fazer um prato
hoje que é perfeito e depois não achá-lo tão interessante mais.
Tem pratos que eu fiz há mais tempo e que hoje eu não faria
do mesmo jeito, porque as coisas vão evoluindo. Então, daqui a
seis meses, aquilo que você criou já passou, você quer mudar. A
criação é uma coisa de momento.
RI: Existem comidas que são mais complicadas de trabalhar. O que você faz nesses casos?IF: Alguns pratos têm um sabor muito bom, mas, muitas vezes,
não te dão condições de realizar uma apresentação legal.
Nesses casos, você tem que buscar elementos que possam te
auxiliar, como uma louça ou uma taça. Eles vão te ajudar a criar
uma certa beleza, uma certa estrutura. Existe também aquela
comida que é difícil de apresentar beleza, mas vai sempre
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agradar o paladar. Essa é a comida tradicional.
É aquela que nós já temos dentro da nossa
memória gustativa. Ela não precisa ser muito
bonita, porque você já possui uma referência
sobre ela. Quando ela aparece na sua frente,
o desejo de comer já é despertado. O frango
caipira com quiabo, a feijoada, o tropeiro, já
estão gravados no subconsciente. A comida
da mãe não precisa ser tão bonita. Nesse
caso, a beleza é o frescor do alimento, é a
lembrança. Agora, quando o prato não faz
parte das referências do cliente, ele tem que
surpreender mais do que os outros.
RI: O Vecchio Sogno é um restaurante de comida italiana. Como você faz para trabalhar essas referências culturais?IF: O que nós fazemos muito é misturar a
comida do dia a dia com os pratos mais
sofisticados. Porém, essa harmonização não
pode agredir o paladar do cliente. Podemos
também pegar pratos tradicionais e fazer uma
apresentação diferente. Por exemplo, se o
cliente pedir um tutu, ao invés de servir solto,
você pode colocá-lo dentro de uma trouxinha
de taioba, com um torresminho por cima, um
lombo grelhado do lado e arroz. Quando você
faz isso, você muda o conceito. O produto
é o mesmo, você só modificou a forma de
apresentar. Mas, ao fazer isso, você mexe com
o cliente, com a sua criatividade.
RI: A gastronomia sempre veio acompanhada dessa preocupação com a estética?IF: Antigamente, os chefes montavam
bandejas e buffets. Hoje, trabalhamos muito
com pratos e pequenas porções. Mas, nos
dois casos, há uma preocupação com o lado
visual. O que houve foi uma modificação na
maneira como montamos e preparamos a
comida.
RI: Como foi essa evolução da gastronomia?IF: A mudança começa na preparação da
comida. Se você lembrar dos seus avós, eles
comiam pratos preparados com banha,
com toucinho. Com o tempo veio a banha
pronta, depois o óleo, a manteiga, o azeite.
Tudo foi passando por um processo de
refinamento, a partir da exigência do ser
humano. Antigamente, a comida era mais
pesada, hoje existe gente que não come fritura.
Quando eu era jovem, aprendi a usar todos
esses ingredientes. Hoje eu não faço mais esses
pratos, porém eles me servem de base para
executar as receita.
RI: Qual é o efeito do lado estético na pessoa que recebe o prato?IF: Se o maitre descrever um prato de uma
maneira e ele vier de outra você já derruba
50% do desejo do cliente. A beleza cria um
impacto, mas ela não pode ser uma beleza
exagerada, ela tem que mexer com todos
os sentidos, tem que dar vontade de comer.
A mesma coisa quando você cria um prato,
se ele é todo linear, todo chapado, você
não vê nenhum detalhe. Então, você tem
que realçar cores, desníveis e contornos.
Você tem que destacar tudo isso para que
a pessoa possa sentir.
Foto
: div
ulga
ção
RI: Qual dica você daria para quem deseja aprender a fazer um prato com uma boa apresentação?IF: Essa pessoa pode pesquisar elementos
que estejam dentro dos hábitos alimentares
dela, e depois tentar executar as receitas.
Você nunca vai conseguir fazer nada se
não tentar. Ao testar uma, duas, três vezes,
você tem condições de aprimorar o seu
trabalho. Buscar conhecimento também
é importante. Faça cursos, leia e busque
receitas novas.
Involtino de parma com caprino e folhas
Ingredientes (10 pessoas)1 pé alface crespa
2 pés de frizes
½ maço de rúcula
½ pé alface americano
1 pé radichio
1 maço salsa comum
200 gr queijo de cabra fresco
40 ml creme de leite
12 fatias de presunto parma
(fatiado longo)
150 gr raiz de funcho (cubos
pequenos)
150 gr pêra (cubos pequenos)
1 unidade manga haden
(cubos pequenos)
Limão
Azeite extra virgem
Aceto balsâmico reduzido
com açúcar ou mel
Preparação:1)Rasgar as folhas
maiores em 4 pedaços.
2)Fatiar o presunto parma em
laminas finas e dispor 5 fatias
longas uma ao lado da outra,
sobre um plástico.
3)Dispor as folhas sobre o par-
ma colocar o queijo caprino
amolecido com o creme de
leite formando um bastão
cilíndrico e colocar
sobre as folhas.
4)Enrolar as fatias de parma
fazendo rolos de
7 cm de diâmetro.
5)Cortar cada porção em 8
cm de altura
6)Fazer um vinagrete com
a raiz de funcho, a pêra e a
manga cortados em peque-
nos cubinhos
com azeite e limão.
Montagem:1.Quadricular o prato com
redução de aceto balsâmico.
2.Colocar o involtino de par-
ma no centro,
o vinagrete ao lado.
Confira a receita queo chef preparoue tente fazer em casa
pág. pág.48 49
agradar o paladar. Essa é a comida tradicional.
É aquela que nós já temos dentro da nossa
memória gustativa. Ela não precisa ser muito
bonita, porque você já possui uma referência
sobre ela. Quando ela aparece na sua frente,
o desejo de comer já é despertado. O frango
caipira com quiabo, a feijoada, o tropeiro, já
estão gravados no subconsciente. A comida
da mãe não precisa ser tão bonita. Nesse
caso, a beleza é o frescor do alimento, é a
lembrança. Agora, quando o prato não faz
parte das referências do cliente, ele tem que
surpreender mais do que os outros.
RI: O Vecchio Sogno é um restaurante de comida italiana. Como você faz para trabalhar essas referências culturais?IF: O que nós fazemos muito é misturar a
comida do dia a dia com os pratos mais
sofisticados. Porém, essa harmonização não
pode agredir o paladar do cliente. Podemos
também pegar pratos tradicionais e fazer uma
apresentação diferente. Por exemplo, se o
cliente pedir um tutu, ao invés de servir solto,
você pode colocá-lo dentro de uma trouxinha
de taioba, com um torresminho por cima, um
lombo grelhado do lado e arroz. Quando você
faz isso, você muda o conceito. O produto
é o mesmo, você só modificou a forma de
apresentar. Mas, ao fazer isso, você mexe com
o cliente, com a sua criatividade.
RI: A gastronomia sempre veio acompanhada dessa preocupação com a estética?IF: Antigamente, os chefes montavam
bandejas e buffets. Hoje, trabalhamos muito
com pratos e pequenas porções. Mas, nos
dois casos, há uma preocupação com o lado
visual. O que houve foi uma modificação na
maneira como montamos e preparamos a
comida.
RI: Como foi essa evolução da gastronomia?IF: A mudança começa na preparação da
comida. Se você lembrar dos seus avós, eles
comiam pratos preparados com banha,
com toucinho. Com o tempo veio a banha
pronta, depois o óleo, a manteiga, o azeite.
Tudo foi passando por um processo de
refinamento, a partir da exigência do ser
humano. Antigamente, a comida era mais
pesada, hoje existe gente que não come fritura.
Quando eu era jovem, aprendi a usar todos
esses ingredientes. Hoje eu não faço mais esses
pratos, porém eles me servem de base para
executar as receita.
RI: Qual é o efeito do lado estético na pessoa que recebe o prato?IF: Se o maitre descrever um prato de uma
maneira e ele vier de outra você já derruba
50% do desejo do cliente. A beleza cria um
impacto, mas ela não pode ser uma beleza
exagerada, ela tem que mexer com todos
os sentidos, tem que dar vontade de comer.
A mesma coisa quando você cria um prato,
se ele é todo linear, todo chapado, você
não vê nenhum detalhe. Então, você tem
que realçar cores, desníveis e contornos.
Você tem que destacar tudo isso para que
a pessoa possa sentir.
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RI: Qual dica você daria para quem deseja aprender a fazer um prato com uma boa apresentação?IF: Essa pessoa pode pesquisar elementos
que estejam dentro dos hábitos alimentares
dela, e depois tentar executar as receitas.
Você nunca vai conseguir fazer nada se
não tentar. Ao testar uma, duas, três vezes,
você tem condições de aprimorar o seu
trabalho. Buscar conhecimento também
é importante. Faça cursos, leia e busque
receitas novas.
Involtino de parma com caprino e folhas
Ingredientes (10 pessoas)1 pé alface crespa
2 pés de frizes
½ maço de rúcula
½ pé alface americano
1 pé radichio
1 maço salsa comum
200 gr queijo de cabra fresco
40 ml creme de leite
12 fatias de presunto parma
(fatiado longo)
150 gr raiz de funcho (cubos
pequenos)
150 gr pêra (cubos pequenos)
1 unidade manga haden
(cubos pequenos)
Limão
Azeite extra virgem
Aceto balsâmico reduzido
com açúcar ou mel
Preparação:1)Rasgar as folhas
maiores em 4 pedaços.
2)Fatiar o presunto parma em
laminas finas e dispor 5 fatias
longas uma ao lado da outra,
sobre um plástico.
3)Dispor as folhas sobre o par-
ma colocar o queijo caprino
amolecido com o creme de
leite formando um bastão
cilíndrico e colocar
sobre as folhas.
4)Enrolar as fatias de parma
fazendo rolos de
7 cm de diâmetro.
5)Cortar cada porção em 8
cm de altura
6)Fazer um vinagrete com
a raiz de funcho, a pêra e a
manga cortados em peque-
nos cubinhos
com azeite e limão.
Montagem:1.Quadricular o prato com
redução de aceto balsâmico.
2.Colocar o involtino de par-
ma no centro,
o vinagrete ao lado.
Confira a receita queo chef preparoue tente fazer em casa
Ingo Mauere o design da luz
Foto
: Artc
uria
l, Pa
ris. (
C) I
ngo
Mau
rer G
mbH
, Mun
ique
.
por clarissa damas
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Ingo Mauere o design da luz
Foto
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.
por Clarissa damas
Lighting
O alemão Ingo Maurer pode ser considerado um homem “de luz”. Ele é, atualmente, um dos principais lighting designers do mundo, reconhecido internacionalmente e agraciado com oito grandes prêmios em sua carreira.
Ao realizar um trabalho que é, ao mesmo tempo, simples e
elaborado, inovador e vanguardista, o artista tem seu acervo
espalhado por locais como o Museu de Arte Moderna de Nova
York (MoMA) e o Museu Stedelik , em Amsterdã. Sua mais recente
exposição integrou o 51º Salão do Móvel de Milão, realizado na
Itália, no mês de abril. Nessa matéria, vamos contar um pouco
da vida desse artista tão único e “iluminado”, além de falar sobre
seus principais trabalhos.
Trajetória de sucessoFilho de pescadores e nascido no Lago de Constança, em
1932, Maurer aprendeu tipografia e estudou design gráfico em
Munique. No ano de1960, mudou-se da Alemanha para os
Estados Unidos. Morou nas cidades de Nova York e São Francisco,
onde trabalhou como designer freelancer. Cansado da vida na
América, três anos depois, Maurer voltou para a Alemanha e
fundou sua empresa, a M Design – que mais tarde passaria a se
chamar Ingo Maurer GmbH.
Voltada para o desenvolvimento e fabricação de lâmpadas,
a empresa cresceu e ganhou destaque. Em 1966, uma das
primeiras criações de Maurer conquistou os críticos mundiais e
foi aceita para integrar a coleção de design do MoMa. De lá
prá cá, veio o sucesso. Em 1984, ele foi convidado a expor em
Paris, ao desenvolver o sistema de fio de baixa tensão YaYaHo,
consistindo de dois cabos de aço fixados horizontalmente e uma
série de elementos de iluminação ajustáveis com lâmpadas
halógenas. Essa obra, intitulada “Lumieres je vous Pense um”,
ficou exposta no Centro Georges Pompidou e no Institut Francais
d’Architecture de Paris, além da Villa Medici, em Roma.
Já em 1989, a Fundação Cartier de Arte Contemporânea,
também na França, organizou a exposição Ingo Maurer:
Reflexão Possibilidade Luz. Na ocasião, pela primeira vez, Maurer,
criou objetos de iluminação e de instalação que não foram feitos
para produção em série.
Desde então, trabalhos do designer foram apresentados em
várias exposições na Europa, Estados Unidos e Japão. Apesar do
grande sucesso tanto como artista quanto como empresário, já
que suas criações extrapolam os museus e chegam, também
às prateleiras, Maurer decidiu atuar também no campo
01
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ção
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da utilidade pública. Em Munique, ele foi
responsável pelo projeto de instalação de luz
na estação de metrô de Westfriedhof e da
renovação do conceito de iluminação da
estação de Freiheit. Além disso, redesenhou a
área subterrânea de transporte público U-Bahn,
também em Munique, mostrando que o
design é sim essencial e pode tornar os espaços
melhores e mais funcionais.
Trabalhos com LEDApesar da vasta experiência, foi só em 1996
que Maurer começou a trabalhar com o
que, anos mais tarde, se tornaria sua marca
registrada: o LED (diodo emissor de luz).
Seus experimentos com essa tecnologia
revolucionaram o ligthing design tanto de
espaços públicos quanto das casas das
pessoas, trazendo mudanças aplicáveis ao dia
a dia. Entre um dos mais recentes trabalhos de
destaque, está o papel de parede iluminado,
em que pontos de LED foram instalados
no revestimento de papel, simulando uma
verdadeira constelação. Sucesso entre as
crianças, o trabalho colocou Maurer no
patamar dos mais vendidos em todo o mundo,
rendendo capas de revistas de arquitetura
e design, exposições e grande procura do
público em geral.
Além desse trabalho, merece destaque a
criação de um banco de LED, chamado de
Bench, e de um candeeiro de mesa, todos
com edição limitada. Aplicando o LED a
elementos do cotidiano, Maurer cria peças
únicas, inusitadas e que levam, literalmente, luz
para os lares.
PremiaçãesAo longo dos mais de 50 anos de carreira,
Maurer recebeu oito prêmios de destaque
internacional: Prêmio Designer Lucky Strike
de Raymond Loewy Foundation, Alemanha
(2002), Prêmio de Excelência Collab Design,
Philadelphia Museum of Art (2003), Georg
Jensen Prêmio, Copenhagen (2003), Prêmio
Oribe, Japão(2003), Designer Real da Indústria, a
Royal Society of Arts, London (2005), Doutorado
honorário do Royal College of Art , em
Londres(2006), Prêmio de Design da República
Federal da Alemanha (2010). Em 2011, o artista
recebeu ainda o Compasso d’Oro.
02 01Da+Dort Detail
2012
04JBSchmetterling
2011
02 e 03Zak Zarak
2012
05Luce Volante
2012
03
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da utilidade pública. Em Munique, ele foi
responsável pelo projeto de instalação de luz
na estação de metrô de Westfriedhof e da
renovação do conceito de iluminação da
estação de Freiheit. Além disso, redesenhou a
área subterrânea de transporte público U-Bahn,
também em Munique, mostrando que o
design é sim essencial e pode tornar os espaços
melhores e mais funcionais.
Trabalhos com LEDApesar da vasta experiência, foi só em 1996
que Maurer começou a trabalhar com o
que, anos mais tarde, se tornaria sua marca
registrada: o LED (diodo emissor de luz).
Seus experimentos com essa tecnologia
revolucionaram o ligthing design tanto de
espaços públicos quanto das casas das
pessoas, trazendo mudanças aplicáveis ao dia
a dia. Entre um dos mais recentes trabalhos de
destaque, está o papel de parede iluminado,
em que pontos de LED foram instalados
no revestimento de papel, simulando uma
verdadeira constelação. Sucesso entre as
crianças, o trabalho colocou Maurer no
patamar dos mais vendidos em todo o mundo,
rendendo capas de revistas de arquitetura
e design, exposições e grande procura do
público em geral.
Além desse trabalho, merece destaque a
criação de um banco de LED, chamado de
Bench, e de um candeeiro de mesa, todos
com edição limitada. Aplicando o LED a
elementos do cotidiano, Maurer cria peças
únicas, inusitadas e que levam, literalmente, luz
para os lares.
PremiaçãesAo longo dos mais de 50 anos de carreira,
Maurer recebeu oito prêmios de destaque
internacional: Prêmio Designer Lucky Strike
de Raymond Loewy Foundation, Alemanha
(2002), Prêmio de Excelência Collab Design,
Philadelphia Museum of Art (2003), Georg
Jensen Prêmio, Copenhagen (2003), Prêmio
Oribe, Japão(2003), Designer Real da Indústria, a
Royal Society of Arts, London (2005), Doutorado
honorário do Royal College of Art , em
Londres(2006), Prêmio de Design da República
Federal da Alemanha (2010). Em 2011, o artista
recebeu ainda o Compasso d’Oro.
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gaçã
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pág. pág.54 55Vida Tecnologica
Controlar um Home Cinema utilizando apenas um Ipad; utilizar o celular para observar as câmeras de vigilância e abrir o portão de casa à distância; criar variadas “cenas” de iluminação para um ambiente e poder mudá-las com um só toque. Graças ao avanço das tecnologias de transmissão de dados e a modernos softwares de automação, tais possibilidades já não são apenas fantasias de filmes futuristas. Integrar os mais diversos aparelhos de uma casa, criando ambientes personalizados, tornou-se uma realidade cada vez mais presente na vida das pessoas.
A demanda por projetos de automação residencial – capazes
de concentrar, num só dispositivo, o controle de televisões,
luminárias, persianas, etc. – tem crescido e se tornado cada
vez mais acessível no país. Utilizando softwares e equipamentos
específicos, designers e engenheiros criam uma moderna rede
de comunicação que pode envolver todos os dispositivos
eletrônicos de uma casa, tornando possível comandá-los
à distância e em conjunto. “O grau de integração em
cada projeto é personalizado de acordo com o gosto e a
necessidade do cliente. Podemos automatizar desde uma
fechadura até a casa toda,” afirma Tadeu Cardoso, diretor
da Ikeise, empresa especializada em tecnologias integradas e
parceira da Templuz.
Como parte do cabeamento, dos equipamentos de áudio e
iluminação precisa ser imbutida no teto e nas paredes, o ideal
é que os interessados em ter uma “casa conectada” procurem
empresas especializadas antes de começar a construção. Mas
a instalação também pode ser feita com o imóvel pronto –
desde que o cliente não se importe em fazer algumas reformas
nos ambientes. Nesse caso, a transmissão wire-less também
Projetos de automação proporcionam praticidade ao integrar os incontáveis dispositivos existentes numa residência
Uma casaconectada
Home Theater - Templuz
Foto
: Mar
iana
Net
o
por danilo borges
Vida Tecnologica
pode ser uma alternativa. O problema é que essa tecnologia
ainda não é muito eficiente em alguns casos, como na
projeção de filmes em 3D. Além disso, o custo de um projeto
sem fios pode ser consideravelmente superior ao convencional.
Automatizar a iluminação da casa é uma das maiores
demandas, conta a gerente da Templuz, Junea Mattos.
A empresa, especializada em iluminação e tecnologias
integradas, realiza cerca de 50 atendimentos diários. Em geral,
os clientes procuram projetos luminotécnicos que possibilitem
a criação de várias “cenas” de iluminação, que podem ser
acionadas de acordo com a ocasião: um jantar romântico,
uma reunião de família ou uma sessão de TV. A instalação é
feita paralelamente à caixa de energia e utiliza um módulo
de integração que é configurado segundo as preferências do
cliente. Cada uma das “cenas” escolhidas recebe um botão
correspondente no interruptor do ambiente. Ao contrário dos
interruptores convencionais – que controlam mecanicamente
a passagem de energia, o funcionamento desse sistema é
eletrônico.
Mas as possibilidades de integração não se restringem à
parte luminotécnica. Para demonstrar o que os sistemas de
automação podem fazer, a Templuz e a Ikeise desenvolveram
showrooms totalmente integrados. Um deles é um home-
cinema que reúne, entre outras tecnologias, um projetor 3D,
um media center, sistema de som 7.1 e tratamento acústico.
Na sala, o único trabalho do espectador é selecionar, utilizando
um iPad, o filme que gostaria de assistir. Além de substituir os
cinco ou seis controles remotos que seriam necessários para
operar todos aqueles equipamentos, o tablet possui interfaces
extremamente amigáveis, familiares a qualquer usuário
acostumado com os smartphones.
Escolhida a programação, tudo no espaço é ajustado
automaticamente para combinar com a atração escolhida:
no caso de um filme romântico, por exemplo, a temperatura
ambiente, a iluminação, o sistema de áudio, claridade da tela
etc. serão regulados para criar uma “cena” mais aconhegante.
Se o usuário decidir mudar do romance para um filme de
ação, basta selecionar a configuração correspondente que
pág. pág.54 55Vida Tecnologica
Controlar um Home Cinema utilizando apenas um Ipad; utilizar o celular para observar as câmeras de vigilância e abrir o portão de casa à distância; criar variadas “cenas” de iluminação para um ambiente e poder mudá-las com um só toque. Graças ao avanço das tecnologias de transmissão de dados e a modernos softwares de automação, tais possibilidades já não são apenas fantasias de filmes futuristas. Integrar os mais diversos aparelhos de uma casa, criando ambientes personalizados, tornou-se uma realidade cada vez mais presente na vida das pessoas.
A demanda por projetos de automação residencial – capazes
de concentrar, num só dispositivo, o controle de televisões,
luminárias, persianas, etc. – tem crescido e se tornado cada
vez mais acessível no país. Utilizando softwares e equipamentos
específicos, designers e engenheiros criam uma moderna rede
de comunicação que pode envolver todos os dispositivos
eletrônicos de uma casa, tornando possível comandá-los
à distância e em conjunto. “O grau de integração em
cada projeto é personalizado de acordo com o gosto e a
necessidade do cliente. Podemos automatizar desde uma
fechadura até a casa toda,” afirma Tadeu Cardoso, diretor
da Ikeise, empresa especializada em tecnologias integradas e
parceira da Templuz.
Como parte do cabeamento, dos equipamentos de áudio e
iluminação precisa ser imbutida no teto e nas paredes, o ideal
é que os interessados em ter uma “casa conectada” procurem
empresas especializadas antes de começar a construção. Mas
a instalação também pode ser feita com o imóvel pronto –
desde que o cliente não se importe em fazer algumas reformas
nos ambientes. Nesse caso, a transmissão wire-less também
Projetos de automação proporcionam praticidade ao integrar os incontáveis dispositivos existentes numa residência
Uma casaconectada
Home Theater - Templuz
Foto
: Mar
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por danilo borges
Vida Tecnologica
pode ser uma alternativa. O problema é que essa tecnologia
ainda não é muito eficiente em alguns casos, como na
projeção de filmes em 3D. Além disso, o custo de um projeto
sem fios pode ser consideravelmente superior ao convencional.
Automatizar a iluminação da casa é uma das maiores
demandas, conta a gerente da Templuz, Junea Mattos.
A empresa, especializada em iluminação e tecnologias
integradas, realiza cerca de 50 atendimentos diários. Em geral,
os clientes procuram projetos luminotécnicos que possibilitem
a criação de várias “cenas” de iluminação, que podem ser
acionadas de acordo com a ocasião: um jantar romântico,
uma reunião de família ou uma sessão de TV. A instalação é
feita paralelamente à caixa de energia e utiliza um módulo
de integração que é configurado segundo as preferências do
cliente. Cada uma das “cenas” escolhidas recebe um botão
correspondente no interruptor do ambiente. Ao contrário dos
interruptores convencionais – que controlam mecanicamente
a passagem de energia, o funcionamento desse sistema é
eletrônico.
Mas as possibilidades de integração não se restringem à
parte luminotécnica. Para demonstrar o que os sistemas de
automação podem fazer, a Templuz e a Ikeise desenvolveram
showrooms totalmente integrados. Um deles é um home-
cinema que reúne, entre outras tecnologias, um projetor 3D,
um media center, sistema de som 7.1 e tratamento acústico.
Na sala, o único trabalho do espectador é selecionar, utilizando
um iPad, o filme que gostaria de assistir. Além de substituir os
cinco ou seis controles remotos que seriam necessários para
operar todos aqueles equipamentos, o tablet possui interfaces
extremamente amigáveis, familiares a qualquer usuário
acostumado com os smartphones.
Escolhida a programação, tudo no espaço é ajustado
automaticamente para combinar com a atração escolhida:
no caso de um filme romântico, por exemplo, a temperatura
ambiente, a iluminação, o sistema de áudio, claridade da tela
etc. serão regulados para criar uma “cena” mais aconhegante.
Se o usuário decidir mudar do romance para um filme de
ação, basta selecionar a configuração correspondente que
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01
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toda a “cena” será alterada para fazer com
que ele “sinta na pele” toda a movimentação
dos protagonistas. “No Home-cinema, temos
basicamente a integração dos sistemas de
iluminação, de temperatura e de mídia. Aqui
os configuramos para atuar em conjunto,
mas cada um também pode ser operado
separadamente”, explica Tadeu.
Além de oferecer praticidade, a integração
também torna os ambientes mais versáteis,
como mostra o outro showroom. À primeira
vista, o ambiente lembra uma sala de jantar
conjugada com um living. De fato, para que o
local seja um agradável espaço para refeições,
só é preciso escolher, no iPad, o cenário
“jantar”. O sistema, então, encarrega-se de
colocar um som ambiente e uma iluminação
adequada para a ocasião. Ainda utilizando
o tablet, é possível transformar o espaço
numa sala de TV: as persianas se fecham, a
iluminação é reduzida e uma televisão de
tela plana desce de um nicho que se abre
no teto. Terminado o horário de lazer, basta
outro comando no iPad para que a televisão
se recolha novamente, a iluminação se
intensifique. Tem-se, então, um perfeito escritório
de trabalho.
Ter em casa um projeto de integração
completo, tal como o dos showrooms, ainda
não é muito acessível. Para ter um home-
cinema totalmente automatizado, o cliente
pode ter de desembolsar até R$ 60 mil. No
entanto, boa parte desse custo se deve à
aquisição dos aparelhos de projeção, de
som etc. Afinal, é preciso utilizar dispositivos
tecnologicamente mais sofisticados, dotados
de sistemas que possibilitem a comunicação
remota e a programação eletrônica de suas
funções. Mas o desenvolvimento e a execução
do projeto de automação em si responde por
cerca de R$ 5 mil, ou seja, aproximadamente
10% do valor total. No caso de projetos
luminotécnicos, é possível integrar sistemas de
iluminação gastando-se R$ 2 mil, incluídos na
conta os equipamentos necessários para a
automação (módulos, interruptores etc.) e a
instalação. Comparado ao orçamento total de
uma construção, o investimento em design e
automação residencial é razoável, considerada
a praticidade que ele proporciona.
Vida Tecnologica
01Software especial para controle da automação.
02Home Theater Templuz - de-talhe painel acústico.
Muito se fala de aquecimento global, mudanças climáticas e das possíveis soluções para a mitigação dos problemas gerados por eles. Soluções que nos edifícios estão atreladas à incorporação de práticas de sustentabilidade e eficiência energética.
A sustentabilidade nos chama a rever processos e a analisar
nossa maneira de viver de forma a diminuir os impactos da
presença humana no planeta. Um dos principais agentes
destes impactos está diretamento ligado ao uso intensivo
de energia, cada vez mais presente nos processos
produtivos de nossa sociedade.
Hoje há diversos sistemas de avaliação do nível de
sustentabilidade de edifícios e diversas leis e regulamentos
foram elaborados no sentido de se mitigar as mudanças
climáticas e se reduzir o uso de energia neste setor.
O Brasil mais especificamente vê incorporado à realidade
da construção civil processos internacionais de selos
verdes e processos nacionais de etiquetagem do nível
de eficiência energética para edifícios. Os selos verdes,
como o LEED (de origem americana, tropicalizado para
o Brasil) e o AQUA (brasileiro, mas adaptado do selo
francês HQE), tratam de questões mais amplas que vão do
impacto da edificação na vizinhança ao uso de materiais
e à manutenção da qualidade interna do ar, passando
por questões de uso de energia e água. Já o processo
de etiquetagem brasileiro desenvolvido tanto para
edifícios comerciais, de serviços e públicos, quanto para
edifícios residenciais está mais focado no uso da energia
elétrica e também da água, pois este é um regulamento
desenvolvido, especificamente, pela ELETROBRÁS em
parceria com o INMETRO (Instituto de Metrologia, Qualidade
e Tecnologia), visando racionalizar o consumo de energia
elétrica nos edifícios. Há também em Belo Horizonte o Selo
BH de Sustentabilidade, que terá seus
Sustentabiliade e eficênciaenergética em edifícios:é para vocêtambém?
Vida Tecnologica
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01
por Roberta Viera
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toda a “cena” será alterada para fazer com
que ele “sinta na pele” toda a movimentação
dos protagonistas. “No Home-cinema, temos
basicamente a integração dos sistemas de
iluminação, de temperatura e de mídia. Aqui
os configuramos para atuar em conjunto,
mas cada um também pode ser operado
separadamente”, explica Tadeu.
Além de oferecer praticidade, a integração
também torna os ambientes mais versáteis,
como mostra o outro showroom. À primeira
vista, o ambiente lembra uma sala de jantar
conjugada com um living. De fato, para que o
local seja um agradável espaço para refeições,
só é preciso escolher, no iPad, o cenário
“jantar”. O sistema, então, encarrega-se de
colocar um som ambiente e uma iluminação
adequada para a ocasião. Ainda utilizando
o tablet, é possível transformar o espaço
numa sala de TV: as persianas se fecham, a
iluminação é reduzida e uma televisão de
tela plana desce de um nicho que se abre
no teto. Terminado o horário de lazer, basta
outro comando no iPad para que a televisão
se recolha novamente, a iluminação se
intensifique. Tem-se, então, um perfeito escritório
de trabalho.
Ter em casa um projeto de integração
completo, tal como o dos showrooms, ainda
não é muito acessível. Para ter um home-
cinema totalmente automatizado, o cliente
pode ter de desembolsar até R$ 60 mil. No
entanto, boa parte desse custo se deve à
aquisição dos aparelhos de projeção, de
som etc. Afinal, é preciso utilizar dispositivos
tecnologicamente mais sofisticados, dotados
de sistemas que possibilitem a comunicação
remota e a programação eletrônica de suas
funções. Mas o desenvolvimento e a execução
do projeto de automação em si responde por
cerca de R$ 5 mil, ou seja, aproximadamente
10% do valor total. No caso de projetos
luminotécnicos, é possível integrar sistemas de
iluminação gastando-se R$ 2 mil, incluídos na
conta os equipamentos necessários para a
automação (módulos, interruptores etc.) e a
instalação. Comparado ao orçamento total de
uma construção, o investimento em design e
automação residencial é razoável, considerada
a praticidade que ele proporciona.
Vida Tecnologica
01Software especial para controle da automação.
02Home Theater Templuz - de-talhe painel acústico.
Muito se fala de aquecimento global, mudanças climáticas e das possíveis soluções para a mitigação dos problemas gerados por eles. Soluções que nos edifícios estão atreladas à incorporação de práticas de sustentabilidade e eficiência energética.
A sustentabilidade nos chama a rever processos e a analisar
nossa maneira de viver de forma a diminuir os impactos da
presença humana no planeta. Um dos principais agentes
destes impactos está diretamento ligado ao uso intensivo
de energia, cada vez mais presente nos processos
produtivos de nossa sociedade.
Hoje há diversos sistemas de avaliação do nível de
sustentabilidade de edifícios e diversas leis e regulamentos
foram elaborados no sentido de se mitigar as mudanças
climáticas e se reduzir o uso de energia neste setor.
O Brasil mais especificamente vê incorporado à realidade
da construção civil processos internacionais de selos
verdes e processos nacionais de etiquetagem do nível
de eficiência energética para edifícios. Os selos verdes,
como o LEED (de origem americana, tropicalizado para
o Brasil) e o AQUA (brasileiro, mas adaptado do selo
francês HQE), tratam de questões mais amplas que vão do
impacto da edificação na vizinhança ao uso de materiais
e à manutenção da qualidade interna do ar, passando
por questões de uso de energia e água. Já o processo
de etiquetagem brasileiro desenvolvido tanto para
edifícios comerciais, de serviços e públicos, quanto para
edifícios residenciais está mais focado no uso da energia
elétrica e também da água, pois este é um regulamento
desenvolvido, especificamente, pela ELETROBRÁS em
parceria com o INMETRO (Instituto de Metrologia, Qualidade
e Tecnologia), visando racionalizar o consumo de energia
elétrica nos edifícios. Há também em Belo Horizonte o Selo
BH de Sustentabilidade, que terá seus
Sustentabiliade e eficênciaenergética em edifícios:é para vocêtambém?
Vida Tecnologica
Foto
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furt
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hel C
harlo
t
01
por Roberta Viera
pág. pág.58 59Vida Tecnologica
primeiros prédios certificados ainda este
ano. De acordo com a PBH, o programa
tem como objetivo promover a redução
do consumo de água e de energia, a
redução/reciclagem dos resíduos sólidos e
das emissões de gases de efeito estufa.
Mas será que estes novos processos
de edifícios verdes, sustentáveis e
eficientes que estão tão em voga, são
aplicáveis para todos os profissionais
do setor da construção civil? Para o
arquiteto que projeta casas, para o
designer de interiores? Ou são realidades
ainda longínquas do dia a dia destes
profissionais?
São estes processos acessíveis apenas
a prédios de alto padrão, a imponentes
edifícios coorporativos, a empresas com
ações na bolsa de valores ou podemos
usá-los em nosso cotiadiano?
Os processos de avaliação para rotulagem
de edifícios, seja a certificação verde
ou a etiquetagem, tem metodologias
diferenciadas, mas com o mesmo foco
em comum: tornar mais viável a existência
do ambiente urbano e dos processos
produtivos necessários à manutenção de
nossa qualidade de vida.
O que os sistemas de rotulagem nos
chamam é a refletir sobre nossa prática
e nossas atitudes na hora de projetar
edifícios que sejam mais adaptados ao
meio em que estão inseridos e especificar
produtos e equipamentos que levem
em consideração não apenas aspectos
Selo Leed – classificações de certificado a platinum http://usgbc.org/D
Selo AQUAhttp://vanzolini.org.br
Etiqueta PROCEL para edifícios comerciais de serviços e públicos http://procelinfo.com.br/
Certificação em susten-tabilidade ambiental. http://cesa.pbh.gov.br/scsae/pdf/manual.pdf
estéticos e de preço, mas também de
manutenção e operação ao longo do
tempo. E neste quesito todos podemos
fazer a nossa parte.
Conhecer as condições de avaliação
destes sistemas pode ser útil, mesmo
para quem não vai conseguir o selo ou a
etiqueta. Esses requisitos podem ser usados
como um check-list de itens a serem
considerados na hora de projetar.
Quando se fala mais especificamente de
energia elétrica, tem-se que os edifícios são
responsáveis por aproximadamente 45% do
seu consumo no Brasil. Este consumo pode
ser dividido basicamente em iluminação,
condicionamento de ar e equipamentos
para o setor de edifícios comerciais,
de serviços e públicos. Para o setor de
edificícios residenciais, que possuem uma
matriz energética mais diversificada, boa
parte do consumo está vinculado ao uso
de equipamentos eletroeletrônicos e ao
aquecimento de água.
Em um prédio comercial contar
com uma equipe capacitada de
projetistas pode fazer uma diferença
significativa na especificação e no
dimensionamento de sistemas. Deve-se
sempre optar por empresas ou profissionais
especializados para o correto projeto de
condicionamento de ar, de automação,
iluminação artificial, etc. A consultoria
com profissionais capacitados evita
o superdimensionamento de sistemas
e garante a escolha do produto mais
adequado para cada situação.
Em uma residência, deve-se verificar a eficiência dos
equipamentos antes de definir sua especificação. O PBE,
Programa Brasileiro de Etiquetagem, fornece informação
sobre a eficiência de geladeiras, fogões, lâmpadas,
chuveiros, máquinas de lavar roupa, condicionadores
de ar, coletores solares, etc. Basta acessar o site http://
www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas.asp e verificar
quais os aparelhos possuem melhor classificação, ou seja,
possuem Etiqueta nível “A”. Sempre que possível procure
pelos equipamentos que tenham o Selo PROCEL, dado
anualmente aos melhores representantes dentro do nível
“A” de cada categoria de produtos. Comprar apenas pelo
menor preço pode não ser econômico em longo prazo.
Em especial, deve-se atentar para um estudo de
viabilidade do uso de correto dimensionamento de
sistemas de aquecimento de água que podem ser
responsáveis por 1/5 de todo o consumo de energia
elétrica de uma residência. Hoje Belo Horizonte é
considerada a capital do uso de energia solar para este
fim. Mas os sistemas devem ser bem dimensionados tanto
em sua área de captação (número de coletores) quanto
no dimensionamento dos reservatórios para acumulação
de água quente, lembrando que todos os componentes
do sistema devem ter adequado isolamento e devem
ter sido testados em sua eficiência quando não tiverem
etiqueta do PBE.
E a geladeira deve ser outro foco primordial, pois seu
consumo pode representar 1/3 de toda energia usada.
Hoje grande parte das geladeiras disponíveis no mercado
possuem etiqueta nível “A”, pois esta foi uma indústria
que obteve grandes melhorias no desempenho de seus
produtos. Dessa forma, escolher aparelhos que tenham
o selo PROCEL pode fazer diferença significativa no
consumo final de uma residência.
A iluminação, responsável no setor por 1/10 do consumo,
deve ser especificada de forma a usar-se sempre que
possível lâmpadas fluorescentes que são de 5 a 6 vezes
mais eficientes que as lâmpadas incandescentes comuns
e pelo menos 4 vezes mais eficientes que as lâmpadas
dicróicas. No mercado já existem luminárias que
permitem embutir estas lâmpadas que, por incorporar
em si o reator, são mais longas que as lâmpadas
incandescentes tradicionais ou, em casos em que o
tamanho seja essencial, pode-se pensar na opção do
uso do LED (diodo emissor de luz). Há uma vasta gama
de produtos que podem ser especificados pelo lighting
designer sem que haja perdas na reprodução de cores
ou na temperatura de cor, responsável pela ambiência
de um determinado local.
Vida Tecnologica
01A maior feira
de iluminação e tecnologias
relacionadas do mundo – Light + Building em sua
edição para 2012, teve como tema a Eficiência Enér-gica, focando a
iluminação como um dos
fatores primordiais para o sucesso de
uma economia inteligente.
02
02Complexo
empresarial Rochaverá - um conglomerado
auto-sustentável
Foto
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ulga
ção
pág. pág.58 59Vida Tecnologica
primeiros prédios certificados ainda este
ano. De acordo com a PBH, o programa
tem como objetivo promover a redução
do consumo de água e de energia, a
redução/reciclagem dos resíduos sólidos e
das emissões de gases de efeito estufa.
Mas será que estes novos processos
de edifícios verdes, sustentáveis e
eficientes que estão tão em voga, são
aplicáveis para todos os profissionais
do setor da construção civil? Para o
arquiteto que projeta casas, para o
designer de interiores? Ou são realidades
ainda longínquas do dia a dia destes
profissionais?
São estes processos acessíveis apenas
a prédios de alto padrão, a imponentes
edifícios coorporativos, a empresas com
ações na bolsa de valores ou podemos
usá-los em nosso cotiadiano?
Os processos de avaliação para rotulagem
de edifícios, seja a certificação verde
ou a etiquetagem, tem metodologias
diferenciadas, mas com o mesmo foco
em comum: tornar mais viável a existência
do ambiente urbano e dos processos
produtivos necessários à manutenção de
nossa qualidade de vida.
O que os sistemas de rotulagem nos
chamam é a refletir sobre nossa prática
e nossas atitudes na hora de projetar
edifícios que sejam mais adaptados ao
meio em que estão inseridos e especificar
produtos e equipamentos que levem
em consideração não apenas aspectos
Selo Leed – classificações de certificado a platinum http://usgbc.org/D
Selo AQUAhttp://vanzolini.org.br
Etiqueta PROCEL para edifícios comerciais de serviços e públicos http://procelinfo.com.br/
Certificação em susten-tabilidade ambiental. http://cesa.pbh.gov.br/scsae/pdf/manual.pdf
estéticos e de preço, mas também de
manutenção e operação ao longo do
tempo. E neste quesito todos podemos
fazer a nossa parte.
Conhecer as condições de avaliação
destes sistemas pode ser útil, mesmo
para quem não vai conseguir o selo ou a
etiqueta. Esses requisitos podem ser usados
como um check-list de itens a serem
considerados na hora de projetar.
Quando se fala mais especificamente de
energia elétrica, tem-se que os edifícios são
responsáveis por aproximadamente 45% do
seu consumo no Brasil. Este consumo pode
ser dividido basicamente em iluminação,
condicionamento de ar e equipamentos
para o setor de edifícios comerciais,
de serviços e públicos. Para o setor de
edificícios residenciais, que possuem uma
matriz energética mais diversificada, boa
parte do consumo está vinculado ao uso
de equipamentos eletroeletrônicos e ao
aquecimento de água.
Em um prédio comercial contar
com uma equipe capacitada de
projetistas pode fazer uma diferença
significativa na especificação e no
dimensionamento de sistemas. Deve-se
sempre optar por empresas ou profissionais
especializados para o correto projeto de
condicionamento de ar, de automação,
iluminação artificial, etc. A consultoria
com profissionais capacitados evita
o superdimensionamento de sistemas
e garante a escolha do produto mais
adequado para cada situação.
Em uma residência, deve-se verificar a eficiência dos
equipamentos antes de definir sua especificação. O PBE,
Programa Brasileiro de Etiquetagem, fornece informação
sobre a eficiência de geladeiras, fogões, lâmpadas,
chuveiros, máquinas de lavar roupa, condicionadores
de ar, coletores solares, etc. Basta acessar o site http://
www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas.asp e verificar
quais os aparelhos possuem melhor classificação, ou seja,
possuem Etiqueta nível “A”. Sempre que possível procure
pelos equipamentos que tenham o Selo PROCEL, dado
anualmente aos melhores representantes dentro do nível
“A” de cada categoria de produtos. Comprar apenas pelo
menor preço pode não ser econômico em longo prazo.
Em especial, deve-se atentar para um estudo de
viabilidade do uso de correto dimensionamento de
sistemas de aquecimento de água que podem ser
responsáveis por 1/5 de todo o consumo de energia
elétrica de uma residência. Hoje Belo Horizonte é
considerada a capital do uso de energia solar para este
fim. Mas os sistemas devem ser bem dimensionados tanto
em sua área de captação (número de coletores) quanto
no dimensionamento dos reservatórios para acumulação
de água quente, lembrando que todos os componentes
do sistema devem ter adequado isolamento e devem
ter sido testados em sua eficiência quando não tiverem
etiqueta do PBE.
E a geladeira deve ser outro foco primordial, pois seu
consumo pode representar 1/3 de toda energia usada.
Hoje grande parte das geladeiras disponíveis no mercado
possuem etiqueta nível “A”, pois esta foi uma indústria
que obteve grandes melhorias no desempenho de seus
produtos. Dessa forma, escolher aparelhos que tenham
o selo PROCEL pode fazer diferença significativa no
consumo final de uma residência.
A iluminação, responsável no setor por 1/10 do consumo,
deve ser especificada de forma a usar-se sempre que
possível lâmpadas fluorescentes que são de 5 a 6 vezes
mais eficientes que as lâmpadas incandescentes comuns
e pelo menos 4 vezes mais eficientes que as lâmpadas
dicróicas. No mercado já existem luminárias que
permitem embutir estas lâmpadas que, por incorporar
em si o reator, são mais longas que as lâmpadas
incandescentes tradicionais ou, em casos em que o
tamanho seja essencial, pode-se pensar na opção do
uso do LED (diodo emissor de luz). Há uma vasta gama
de produtos que podem ser especificados pelo lighting
designer sem que haja perdas na reprodução de cores
ou na temperatura de cor, responsável pela ambiência
de um determinado local.
Vida Tecnologica
01A maior feira
de iluminação e tecnologias
relacionadas do mundo – Light + Building em sua
edição para 2012, teve como tema a Eficiência Enér-gica, focando a
iluminação como um dos
fatores primordiais para o sucesso de
uma economia inteligente.
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02Complexo
empresarial Rochaverá - um conglomerado
auto-sustentável
Foto
: div
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ção
pág. pág.60 61
Imagine: você varre a sujeira da sala para o canto do
rodapé e tudo é sugado por um vão que se abre na
parede. Parece cena de filme de ficção científica, mas não
é. Trata-se de uma das utilidades oferecidas pelo sistema
de aspiração centralizada. Esse mecanismo confere mais
velocidade na limpeza, menos ruído, máxima higiene, boa
estética, economia e praticidade. Comodidade e conforto
pensados para auxiliar a higienização de ambientes,
combatendo doenças respiratórias e alérgicas.
Os ácaros, geralmente presentes na poeira doméstica,
podem ser os causadores de diversas doenças. Na maioria
dos casos, são responsáveis por variadas manifestações
alérgicas do aparelho respiratório humano, incluindo a
asma. Estima-se que, em cada cama, exista mais de um
milhão e meio de ácaros que se alimentam de células
mortas da pele humana e precisam de umidade para
sobreviver. Para evitar esse inimigo invisível, é recomendada
a correta higienização do ambiente, principalmente com
o uso de aspiradores de pó.
A aspiração centralizada chegou ao mercado para
oferecer às donas de casa uma maneira moderna de
realizar a limpeza dos espaços. Trata-se da evolução dos
aspiradores tradicionais. “Esse sistema consiste em uma
rede de tubos de PVC instalados no interior das paredes,
em cima de forros ou sob o piso, e que transportam
a sujeira até uma central colocada em um ambiente externo a
partir de tomadas instaladas em pontos estratégicos. Para ativá-
lo, basta plugar a mangueira na tomada mais próxima e pronto,
já estará funcionando, sem ruídos, sem incômodos”, explica o
projetista Eduardo Feliciano, da Templuz.
A aspiração centralizada é umaalternativa que traz tecnologia de última geração para a limpeza do lar
Mangueira de sucção acopla-
da em placa de conexão, dispos-tas em pontos na
residência.
Vida Tecnologica
por Michael Eudes
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Imagine: você varre a sujeira da sala para o canto do
rodapé e tudo é sugado por um vão que se abre na
parede. Parece cena de filme de ficção científica, mas não
é. Trata-se de uma das utilidades oferecidas pelo sistema
de aspiração centralizada. Esse mecanismo confere mais
velocidade na limpeza, menos ruído, máxima higiene, boa
estética, economia e praticidade. Comodidade e conforto
pensados para auxiliar a higienização de ambientes,
combatendo doenças respiratórias e alérgicas.
Os ácaros, geralmente presentes na poeira doméstica,
podem ser os causadores de diversas doenças. Na maioria
dos casos, são responsáveis por variadas manifestações
alérgicas do aparelho respiratório humano, incluindo a
asma. Estima-se que, em cada cama, exista mais de um
milhão e meio de ácaros que se alimentam de células
mortas da pele humana e precisam de umidade para
sobreviver. Para evitar esse inimigo invisível, é recomendada
a correta higienização do ambiente, principalmente com
o uso de aspiradores de pó.
A aspiração centralizada chegou ao mercado para
oferecer às donas de casa uma maneira moderna de
realizar a limpeza dos espaços. Trata-se da evolução dos
aspiradores tradicionais. “Esse sistema consiste em uma
rede de tubos de PVC instalados no interior das paredes,
em cima de forros ou sob o piso, e que transportam
a sujeira até uma central colocada em um ambiente externo a
partir de tomadas instaladas em pontos estratégicos. Para ativá-
lo, basta plugar a mangueira na tomada mais próxima e pronto,
já estará funcionando, sem ruídos, sem incômodos”, explica o
projetista Eduardo Feliciano, da Templuz.
A aspiração centralizada é umaalternativa que traz tecnologia de última geração para a limpeza do lar
Mangueira de sucção acopla-
da em placa de conexão, dispos-tas em pontos na
residência.
Vida Tecnologica
por Michael Eudes
Foto
: div
ulga
ção
pág. pág.62 63
A máxima higienização do local é garantida
pela potência e pelo filtro de poliéster de
alto rendimento, ideal para reter as partículas
mais finas. Esse sistema garante ainda que o
ar insalubre circule novamente no ambiente,
protegendo a saúde das pessoas presentes e
proporcionando mais comodidade. Livrar-
se da sujeira também é simples. O filtro de
grande superfície, feito de poliéster, pode ser
limpo e reaproveitado, e o material recolhido
no depósito de plástico pode ser facilmente
esvaziado.
As vantagens desse aparelho em relação aos
aspiradores de pó comuns são inúmeras, como
a eliminação do ruído do motor no ambiente.
Além disso, as peças são de fácil manutenção.
Eduardo destaca outros benefícios:
“Esse mecanismo evita o passeio com
equipamentos pelo local da limpeza, além
de eliminar os ácaros que normalmente
passam pelos filtros dos aspiradores comuns
e acabam piorando a qualidade do ar”.
De fato, estudos comprovam que a limpeza
a vácuo retira 100% do pó aspirado sem
retorná-lo ao ambiente.
Além de funcional, a aspiração centralizada,
de tecnologia italiana, é também bonita e
discreta. “O impacto estético do sistema é
muito agradável, pois o único detalhe visível é
a tomada de aspiração, que terá o design que
você escolher”, esclarece Eduardo. A Templuz
é a única loja que comercializa este produto
em Minas Gerais.
A empresa buscou o novo conceito em
limpeza para atender a demanda dos
mineiros – que não querem perder tempo
com a limpeza da casa. A moderna solução
atende às necessidades dos consumidores. É
prática e de fácil manutenção, ideal para os
lares que, cada vez mais, estão recheados
de recursos inteligentes que facilitam o dia a
dia das famílias.
Qualquer semelhança com alguma cena
do desenho dos Jetsons não é mera
coincidência. Isso é a realidade. Isso é o
futuro. E ele já chegou!
Vida TecnologicaIm
agem
: div
ulga
ção
Foto
: Mar
iana
Net
oPlaca de conexão da mangueira de succão
pág. pág.62 63
A máxima higienização do local é garantida
pela potência e pelo filtro de poliéster de
alto rendimento, ideal para reter as partículas
mais finas. Esse sistema garante ainda que o
ar insalubre circule novamente no ambiente,
protegendo a saúde das pessoas presentes e
proporcionando mais comodidade. Livrar-
se da sujeira também é simples. O filtro de
grande superfície, feito de poliéster, pode ser
limpo e reaproveitado, e o material recolhido
no depósito de plástico pode ser facilmente
esvaziado.
As vantagens desse aparelho em relação aos
aspiradores de pó comuns são inúmeras, como
a eliminação do ruído do motor no ambiente.
Além disso, as peças são de fácil manutenção.
Eduardo destaca outros benefícios:
“Esse mecanismo evita o passeio com
equipamentos pelo local da limpeza, além
de eliminar os ácaros que normalmente
passam pelos filtros dos aspiradores comuns
e acabam piorando a qualidade do ar”.
De fato, estudos comprovam que a limpeza
a vácuo retira 100% do pó aspirado sem
retorná-lo ao ambiente.
Além de funcional, a aspiração centralizada,
de tecnologia italiana, é também bonita e
discreta. “O impacto estético do sistema é
muito agradável, pois o único detalhe visível é
a tomada de aspiração, que terá o design que
você escolher”, esclarece Eduardo. A Templuz
é a única loja que comercializa este produto
em Minas Gerais.
A empresa buscou o novo conceito em
limpeza para atender a demanda dos
mineiros – que não querem perder tempo
com a limpeza da casa. A moderna solução
atende às necessidades dos consumidores. É
prática e de fácil manutenção, ideal para os
lares que, cada vez mais, estão recheados
de recursos inteligentes que facilitam o dia a
dia das famílias.
Qualquer semelhança com alguma cena
do desenho dos Jetsons não é mera
coincidência. Isso é a realidade. Isso é o
futuro. E ele já chegou!
Vida Tecnologica
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: Mar
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Placa de conexão da mangueira de succão
pág. 65pág. 64
Índices de criminalidade contribuem para a popularização dos dispositivos de segurança
Basta dar uma volta pelas ruas de Belo Horizonte para
notar como as cercas elétricas, câmeras de segurança e
alarmes estão cada vez mais presentes no cenário urbano.
Hoje, tanto os imóveis comerciais quanto os residenciais já
usufruem de recursos variados para inibição de furtos. O
motivo é a insegurança gerada pelo aumento do índice
de criminalidade.
Segundo o último balanço da Secretaria de Estado de
Defesa Social de Minas Gerais (Seds), somente no primeiro
trimestre de 2012 foram registrados 7,2 mil crimes violentos em
todo o estado. No ano passado, os homicídios, sequestros,
roubos, estupros e extorsões já haviam crescido 10%.
Thiago de Souza Matos, do setor de Tecnologia da
Templuz, conta que a divulgação de dados como esses
refletem diretamente na venda de equipamentos de
segurança. “Após a publicação dos números referentes
à violência, vemos, normalmente, uma ampliação do
volume de vendas. Se a segurança pública deixa a
desejar, as pessoas procuram outros métodos para se
proteger”, comenta.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de
Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abase), esse mercado
tem crescido, em média, 11% ao ano, chegando a faturar
1,830 bilhão US$ em 2011.
Atualmente, existem várias soluções voltadas para a
segurança de imóveis. Entre as mais populares estão os
circuitos fechados de televisão, com 43% da preferência
dos clientes, os sistemas de alarmes contra intrusos, com
24%, o controle de acesso, também com 24%, segundo a
Abase.
Para Thiago, a opção mais segura é a que utiliza alarmes e
circuito fechado de televisão de maneira integrada. Nesse
caso, o sistema funciona da seguinte maneira: sempre que
o alarme toca, as sirenes são disparadas e uma ligação
é direcionada automaticamente para um celular ou
telefone fixo. Ao receber essa chamada, o cliente pode
entrar na internet, através de notebooks, Iphones, Ipods ou
Ipads, e verificar o que está acontecendo.
A comodidade dessa solução foi o que mais chamou a
atenção da designer de interiores Ana Regina Bittencourt.
Ao iniciar a reforma da casa, Ana decidiu aumentar a
segurança dos cômodos, realizando um projeto que
contou com câmeras, sensores, TVs e um no-break. “Os
dispositivos são de fácil acesso e compreensão. É um01
por Ana Cláudia Ulhôa
Foto
s: Lu
dim
ila L
oure
iro
02Câmera infraverme-lho lente varifocal ccd1/3 sony externa
03Controle total do sistema de segurança através de monitores distribuídos na residência.
01Kit vídeo porteiro color sense com câmera pinhole (oculta).
sistema completo, tenho uma visão perfeita
de toda a minha residência, mesmo
quando não estou em casa”, avalia.
Thiago lembra que, antes de optar por
qualquer solução, é preciso realizar
uma análise do imóvel. “O estudo é
necessário para identificar os pontos de
vulnerabilidade do local. Através dele, nós
escolhemos os equipamentos adequados
para cada situação”, completa.
A quantia que cada cliente deseja
investir também pode ser levada em
consideração na hora de elaborar o
projeto. “Muitas vezes, as pessoas deixam
de proteger as suas casas por imaginar
que os custos dos dispositivos são muito
altos, mas hoje existem aplicações
residenciais para todos os bolsos”, conclui
Souza Matos.
02
03
Vida Tecnologica
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s: Lu
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Índices de criminalidade contribuem para a popularização dos dispositivos de segurança
Basta dar uma volta pelas ruas de Belo Horizonte para
notar como as cercas elétricas, câmeras de segurança e
alarmes estão cada vez mais presentes no cenário urbano.
Hoje, tanto os imóveis comerciais quanto os residenciais já
usufruem de recursos variados para inibição de furtos. O
motivo é a insegurança gerada pelo aumento do índice
de criminalidade.
Segundo o último balanço da Secretaria de Estado de
Defesa Social de Minas Gerais (Seds), somente no primeiro
trimestre de 2012 foram registrados 7,2 mil crimes violentos em
todo o estado. No ano passado, os homicídios, sequestros,
roubos, estupros e extorsões já haviam crescido 10%.
Thiago de Souza Matos, do setor de Tecnologia da
Templuz, conta que a divulgação de dados como esses
refletem diretamente na venda de equipamentos de
segurança. “Após a publicação dos números referentes
à violência, vemos, normalmente, uma ampliação do
volume de vendas. Se a segurança pública deixa a
desejar, as pessoas procuram outros métodos para se
proteger”, comenta.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de
Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abase), esse mercado
tem crescido, em média, 11% ao ano, chegando a faturar
1,830 bilhão US$ em 2011.
Atualmente, existem várias soluções voltadas para a
segurança de imóveis. Entre as mais populares estão os
circuitos fechados de televisão, com 43% da preferência
dos clientes, os sistemas de alarmes contra intrusos, com
24%, o controle de acesso, também com 24%, segundo a
Abase.
Para Thiago, a opção mais segura é a que utiliza alarmes e
circuito fechado de televisão de maneira integrada. Nesse
caso, o sistema funciona da seguinte maneira: sempre que
o alarme toca, as sirenes são disparadas e uma ligação
é direcionada automaticamente para um celular ou
telefone fixo. Ao receber essa chamada, o cliente pode
entrar na internet, através de notebooks, Iphones, Ipods ou
Ipads, e verificar o que está acontecendo.
A comodidade dessa solução foi o que mais chamou a
atenção da designer de interiores Ana Regina Bittencourt.
Ao iniciar a reforma da casa, Ana decidiu aumentar a
segurança dos cômodos, realizando um projeto que
contou com câmeras, sensores, TVs e um no-break. “Os
dispositivos são de fácil acesso e compreensão. É um01
por Ana Cláudia Ulhôa
Foto
s: Lu
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02Câmera infraverme-lho lente varifocal ccd1/3 sony externa
03Controle total do sistema de segurança através de monitores distribuídos na residência.
01Kit vídeo porteiro color sense com câmera pinhole (oculta).
sistema completo, tenho uma visão perfeita
de toda a minha residência, mesmo
quando não estou em casa”, avalia.
Thiago lembra que, antes de optar por
qualquer solução, é preciso realizar
uma análise do imóvel. “O estudo é
necessário para identificar os pontos de
vulnerabilidade do local. Através dele, nós
escolhemos os equipamentos adequados
para cada situação”, completa.
A quantia que cada cliente deseja
investir também pode ser levada em
consideração na hora de elaborar o
projeto. “Muitas vezes, as pessoas deixam
de proteger as suas casas por imaginar
que os custos dos dispositivos são muito
altos, mas hoje existem aplicações
residenciais para todos os bolsos”, conclui
Souza Matos.
02
03
Vida TecnologicaFo
tos:
Lud
imila
Lou
reiro
pág. pág.66 67arte & companhia
A imagem de ilustrações, fotografias e outras formas
de artes visuais dividindo espaço com prédios, casas e
estabelecimentos comerciais ainda é pouco difundida na
capital mineira. Atualmente, as manifestações artísticas
em espaços públicos acontecem apenas em pontos
específicos da capital, como no prédio do Espaço 104 ou
na sede do Grupo O Corpo.
Com o intuito de promover a disseminação e a valorização
desse tipo de arte, a Templuz, em parceria com a Hiper
Graphic Digital, realiza a segunda edição do Mural
Templuz. Durante todo ano, o projeto apresentará 12 obras
de arte contemporânea. Cada uma delas ficará exposta
por 30 dias, através de plotagem, no paredão frontal da
loja, que possui 5,3m de largura x 6,5m de altura e está
localizada na Avenida Nossa Senhora do Carmo, em Belo
Horizonte.
A ideia do Mural surgiu quando a diretoria da loja
percebeu o tamanho da área inutilizada que possuía.
“Nós tínhamos uma enorme parede em branco, em um
corredor por onde passa, em média, 95 mil carros por dia.
Pensamos: por que não aproveitar esse espaço de uma
maneira produtiva?”, explica Junea Mattos, gerente da
Templuz.
“O projeto foi criado porque reconhecemos a importância
de tornar a arte acessível e dar oportunidade para que
novos artistas mostrem seu trabalho”, completa Paulo
Henrique Sampaio, diretor da Hiper Graphic, empresa
responsável pela impressão dos painéis em lona e
instalação.
Para a segunda edição do Mural Templuz, foram
selecionados os painéis de Caio Rodrigues, Deia Quintino,
Leonardo Mathias, Madu Dorella, Nancy Maíra, Nati
Loureiro, Rodrigo Magno Vieira, Thais Conde, além das
Projeto expõe obras em um dos cor-redores mais movimentados de Belo Horizonte.
01
02
por Ana Cláudia Ulhôa
artistas Sonia Burgareli e Tatiana Tameirão, que participam
pela segunda vez do projeto.
De acordo com Junea, o que mais chama a atenção
nos trabalhos escolhidos é a diversidade. “Os murais
selecionados são muito ecléticos. Temos colagens,
ilustrações, fotografias e projetos de arte digital. A origem
também é variada. Recebemos obras da Costa Rica,
França, São Paulo e toda Minas Gerais”, comenta.
A primeira obra exposta foi “Dois Feridos” da costa-
riquenha Nancy Mora, que mescla aquarela e colagem
sobre papel. A artista conta que a proposta de retirar a
arte do seu lugar tradicional foi o que mais a atraiu. “A
ideia é maravilhosa, porque você está deslocando a arte.
Só pelo fato de estar na rua, levanta questionamentos.
As pessoas vão se perguntar sobre a técnica utilizada, o
sentido e o artista que realizou aquele trabalho”.
arte & companhia
03
05
07
04
06
08
pág. pág.66 67arte & companhia
A imagem de ilustrações, fotografias e outras formas
de artes visuais dividindo espaço com prédios, casas e
estabelecimentos comerciais ainda é pouco difundida na
capital mineira. Atualmente, as manifestações artísticas
em espaços públicos acontecem apenas em pontos
específicos da capital, como no prédio do Espaço 104 ou
na sede do Grupo O Corpo.
Com o intuito de promover a disseminação e a valorização
desse tipo de arte, a Templuz, em parceria com a Hiper
Graphic Digital, realiza a segunda edição do Mural
Templuz. Durante todo ano, o projeto apresentará 12 obras
de arte contemporânea. Cada uma delas ficará exposta
por 30 dias, através de plotagem, no paredão frontal da
loja, que possui 5,3m de largura x 6,5m de altura e está
localizada na Avenida Nossa Senhora do Carmo, em Belo
Horizonte.
A ideia do Mural surgiu quando a diretoria da loja
percebeu o tamanho da área inutilizada que possuía.
“Nós tínhamos uma enorme parede em branco, em um
corredor por onde passa, em média, 95 mil carros por dia.
Pensamos: por que não aproveitar esse espaço de uma
maneira produtiva?”, explica Junea Mattos, gerente da
Templuz.
“O projeto foi criado porque reconhecemos a importância
de tornar a arte acessível e dar oportunidade para que
novos artistas mostrem seu trabalho”, completa Paulo
Henrique Sampaio, diretor da Hiper Graphic, empresa
responsável pela impressão dos painéis em lona e
instalação.
Para a segunda edição do Mural Templuz, foram
selecionados os painéis de Caio Rodrigues, Deia Quintino,
Leonardo Mathias, Madu Dorella, Nancy Maíra, Nati
Loureiro, Rodrigo Magno Vieira, Thais Conde, além das
Projeto expõe obras em um dos cor-redores mais movimentados de Belo Horizonte.
01
02
por Ana Cláudia Ulhôa
artistas Sonia Burgareli e Tatiana Tameirão, que participam
pela segunda vez do projeto.
De acordo com Junea, o que mais chama a atenção
nos trabalhos escolhidos é a diversidade. “Os murais
selecionados são muito ecléticos. Temos colagens,
ilustrações, fotografias e projetos de arte digital. A origem
também é variada. Recebemos obras da Costa Rica,
França, São Paulo e toda Minas Gerais”, comenta.
A primeira obra exposta foi “Dois Feridos” da costa-
riquenha Nancy Mora, que mescla aquarela e colagem
sobre papel. A artista conta que a proposta de retirar a
arte do seu lugar tradicional foi o que mais a atraiu. “A
ideia é maravilhosa, porque você está deslocando a arte.
Só pelo fato de estar na rua, levanta questionamentos.
As pessoas vão se perguntar sobre a técnica utilizada, o
sentido e o artista que realizou aquele trabalho”.
arte & companhia
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pág. 68
Espaços PúblicosAs 12 propostas artísticas que compõem o projeto Mural Templuz são apenas um exemplo das possíveis formas
de manifestação da arte urbana.
De acordo com Maria Luiza Viana, professora do curso de Arquitetura da UFMG, além do muralismo, stickers,
grafites, cartazes e desenhos, que muitas vezes são confundidos com propagandas, podem ser classificados
como tal. “A arte urbana é composta por formas expressivas fixadas na rua para provocar e chamar
a atenção dos transeuntes. O objetivo é levar as pessoas a refletirem sobre os outros sentidos presentes na
cidade, além dos econômicos e comerciais”.
Para a professora, a presença do objeto artístico nos espaços públicos é fundamental por possibilitar a
facilidade de acesso e uma nova compreensão do trabalho exposto. “Quando uma obra está na rua, ela
se volta diretamente para o público, deixa de ser disponível somente para um grupo restrito, para atingir uma
quantidade imensurável de pessoas. Na rua a arte está apta a dialogar de forma mais direta com as pessoas,
com a arquitetura, com o espaço urbano e com os interesses sociais”.
arte & companhia
09
11
10
12
01Caio Rodrigues
“Adorando”
02Deia Quintino
“Música“
03Deia Quintino
“Tempo“
04Leonardo Mathias
“Entremeios“
05Madu Dorella
“Quadrilhe“
06Nancy Mora
“Dois feridos“
07Nati Loureiro
“Bike“
08Rodrigo Magno Vieira
“Máquina de cor”
09Sônia Burgareli
“Arara Vermelha do Brasil“
10Tatiana Tameirão
“Bubles“
11Tatiana Tameirão
“Dans Ma Fenêtre“
12Thais Conde
“Germinação“
pág. 68
Espaços PúblicosAs 12 propostas artísticas que compõem o projeto Mural Templuz são apenas um exemplo das possíveis formas
de manifestação da arte urbana.
De acordo com Maria Luiza Viana, professora do curso de Arquitetura da UFMG, além do muralismo, stickers,
grafites, cartazes e desenhos, que muitas vezes são confundidos com propagandas, podem ser classificados
como tal. “A arte urbana é composta por formas expressivas fixadas na rua para provocar e chamar
a atenção dos transeuntes. O objetivo é levar as pessoas a refletirem sobre os outros sentidos presentes na
cidade, além dos econômicos e comerciais”.
Para a professora, a presença do objeto artístico nos espaços públicos é fundamental por possibilitar a
facilidade de acesso e uma nova compreensão do trabalho exposto. “Quando uma obra está na rua, ela
se volta diretamente para o público, deixa de ser disponível somente para um grupo restrito, para atingir uma
quantidade imensurável de pessoas. Na rua a arte está apta a dialogar de forma mais direta com as pessoas,
com a arquitetura, com o espaço urbano e com os interesses sociais”.
arte & companhia
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01Caio Rodrigues
“Adorando”
02Deia Quintino
“Música“
03Deia Quintino
“Tempo“
04Leonardo Mathias
“Entremeios“
05Madu Dorella
“Quadrilhe“
06Nancy Mora
“Dois feridos“
07Nati Loureiro
“Bike“
08Rodrigo Magno Vieira
“Máquina de cor”
09Sônia Burgareli
“Arara Vermelha do Brasil“
10Tatiana Tameirão
“Bubles“
11Tatiana Tameirão
“Dans Ma Fenêtre“
12Thais Conde
“Germinação“
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No ateliê de Rogério Fernandes, situado numa tranquila rua da zona sul de Belo Horizonte, tudo parece ter a marca do artista. Além de ocuparem as dezenas de telas espalhadas pelas paredes, as gravuras de Fernandes, conhecidas por suas referências à cultura nordestina, ilustram copos, peças de vestuário, garrafas decorativas e até a geladeira do espaço – que ele resolveu pintar “só por diversão” numa noite, enquanto bebia com amigos.
Com formação em design e pós-graduação em gravura,
Rogério se considera um artista pragmático: aprendeu,
desde cedo, a lidar com o mercado e a utilizar a arte como
forma de agregar valor aos produtos. Por isso mesmo, o
artista já foi solicitado para produzir estampas para bolsa,
ilustrações para chinelo de dedo, embalagem de café e
até a fachada de prédios da capital mineira.
Ao som de sucessos do rock dos anos 80 e hits do grunge
da década de 90 (o artista costuma pintar com trilha
sonora), Rogério conversou com a revista iDeia sobre a
carreira, o design e as relações entre arte e produto.
Como foi o começo de sua carreira?Comecei trabalhando como designer. O design começou
muito cedo na minha vida, foi à primeira faculdade que
fiz. Cheguei a trabalhar numa época em que design era
bem conceitual, um trabalho mais artístico, de pesquisa
etc.. Estudei na Fundação Mineira de Arte (FUMA, hoje
UEMG), então ligada à Escola de Artes Plásticas. Essa
foi uma experiência muito boa, pois o design e a arte
ensinados na antiga FUMA fugiam um pouco do ensino de
artes plásticas convencional, em que se ficava apenas no
estudo da história da arte, movimentos artísticos, técnicas.
A arte às vezes é muito acadêmica.
arte & companhia 01
Foto
s: ar
quiv
o pe
ssoa
l
RogérioFernandespor danilo borges
E o design?O design é mais prático. Os acadêmicos
no Brasil se concentram em estudar
muito as diferentes escolas e acaba
não sobrando tempo para explorar, na
universidade, a criatividade como artista.
Por isso, sou muito grato por ter caído no
design. Trabalhei por muito tempo com
design e foi uma experiência boa, porque,
além de tudo, foi uma forma de conseguir
ganhar dinheiro mais rápido, o que não é
fácil nas artes plásticas.
Quais foram suas primeiras experiências profissionais?Eu fazia ilustrações. Desde criança
eu sempre desenhei e acabei me
descobrindo como artista de forma muito
empírica: fazendo trabalhos de design,
rendering etc. Comecei num escritório de
design com 17 anos.
Quando você começou a migrar do design para as artes plásticas?Quando eu voltei para Belo Horizonte,
depois de um tempo fora, há uns 10
anos, foi aí que as coisas começaram a
acontecer. E eu sou muito grato à cidade
por isso. Minhas experiências em agência
e escritório também me ajudaram muito,
pois aprendi como funcionava o mercado,
como atender um cliente, ou seja, a ser um
profissional como outro qualquer.
Muitas vezes o artista plástico é visto como
um verdadeiro “autista”, alguém que vive
isolado, sujo de tinta, pintando. Acho esse
estereótipo muito estranho, já que, na
história da arte, os grandes artistas foram os
pragmáticos: Picasso, Matisse, entre outros.
Picasso nem tinha galeria. Ele pintava em
casa, vendia as obras e tomava conta, ele
mesmo, da sua carreira.
Quando resolvi retomar minha carreira
de artista, decidi estudar fora, fazer pós-
graduação em Londres. Quando voltei,
continuei fazendo trabalhos de design, mas
com menor frequência. E ser pragmático
me ajudou bastante nesse começo.
Montei, com amigos, um ateliê em São
Paulo, comprei uma prensa de gravura,
que ninguém aqui usava, comecei a fazer
palestras e cursos sobre gravura, etc.
Aliás, meu primeiro produto de arte foi
a gravura, que é uma reprodução de
uma matriz, que tem uma série cara de
arte & companhia
01Teaser da ilustração para embalagem do novo produto da marca Café Barão.
02Rogério Fernandes, durante a criação de uma das obras da série “Chanel do Sertão”, que esteve em exposição no “beChic loft”, em Madrid.
03 Detalhe da tela pintada por Fernan-des para a mostra “wallmania”, que acompanhou a turnê “The wall”, do baixista Roger Wa-ters, ex-Pink Floyd.
04Pinguins de geladei-ra assinados pelo artista, criados para o dia das mães.
02
Foto
s: Em
ília B
rand
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No ateliê de Rogério Fernandes, situado numa tranquila rua da zona sul de Belo Horizonte, tudo parece ter a marca do artista. Além de ocuparem as dezenas de telas espalhadas pelas paredes, as gravuras de Fernandes, conhecidas por suas referências à cultura nordestina, ilustram copos, peças de vestuário, garrafas decorativas e até a geladeira do espaço – que ele resolveu pintar “só por diversão” numa noite, enquanto bebia com amigos.
Com formação em design e pós-graduação em gravura,
Rogério se considera um artista pragmático: aprendeu,
desde cedo, a lidar com o mercado e a utilizar a arte como
forma de agregar valor aos produtos. Por isso mesmo, o
artista já foi solicitado para produzir estampas para bolsa,
ilustrações para chinelo de dedo, embalagem de café e
até a fachada de prédios da capital mineira.
Ao som de sucessos do rock dos anos 80 e hits do grunge
da década de 90 (o artista costuma pintar com trilha
sonora), Rogério conversou com a revista iDeia sobre a
carreira, o design e as relações entre arte e produto.
Como foi o começo de sua carreira?Comecei trabalhando como designer. O design começou
muito cedo na minha vida, foi à primeira faculdade que
fiz. Cheguei a trabalhar numa época em que design era
bem conceitual, um trabalho mais artístico, de pesquisa
etc.. Estudei na Fundação Mineira de Arte (FUMA, hoje
UEMG), então ligada à Escola de Artes Plásticas. Essa
foi uma experiência muito boa, pois o design e a arte
ensinados na antiga FUMA fugiam um pouco do ensino de
artes plásticas convencional, em que se ficava apenas no
estudo da história da arte, movimentos artísticos, técnicas.
A arte às vezes é muito acadêmica.
arte & companhia 01
Foto
s: ar
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ssoa
l
RogérioFernandespor danilo borges
E o design?O design é mais prático. Os acadêmicos
no Brasil se concentram em estudar
muito as diferentes escolas e acaba
não sobrando tempo para explorar, na
universidade, a criatividade como artista.
Por isso, sou muito grato por ter caído no
design. Trabalhei por muito tempo com
design e foi uma experiência boa, porque,
além de tudo, foi uma forma de conseguir
ganhar dinheiro mais rápido, o que não é
fácil nas artes plásticas.
Quais foram suas primeiras experiências profissionais?Eu fazia ilustrações. Desde criança
eu sempre desenhei e acabei me
descobrindo como artista de forma muito
empírica: fazendo trabalhos de design,
rendering etc. Comecei num escritório de
design com 17 anos.
Quando você começou a migrar do design para as artes plásticas?Quando eu voltei para Belo Horizonte,
depois de um tempo fora, há uns 10
anos, foi aí que as coisas começaram a
acontecer. E eu sou muito grato à cidade
por isso. Minhas experiências em agência
e escritório também me ajudaram muito,
pois aprendi como funcionava o mercado,
como atender um cliente, ou seja, a ser um
profissional como outro qualquer.
Muitas vezes o artista plástico é visto como
um verdadeiro “autista”, alguém que vive
isolado, sujo de tinta, pintando. Acho esse
estereótipo muito estranho, já que, na
história da arte, os grandes artistas foram os
pragmáticos: Picasso, Matisse, entre outros.
Picasso nem tinha galeria. Ele pintava em
casa, vendia as obras e tomava conta, ele
mesmo, da sua carreira.
Quando resolvi retomar minha carreira
de artista, decidi estudar fora, fazer pós-
graduação em Londres. Quando voltei,
continuei fazendo trabalhos de design, mas
com menor frequência. E ser pragmático
me ajudou bastante nesse começo.
Montei, com amigos, um ateliê em São
Paulo, comprei uma prensa de gravura,
que ninguém aqui usava, comecei a fazer
palestras e cursos sobre gravura, etc.
Aliás, meu primeiro produto de arte foi
a gravura, que é uma reprodução de
uma matriz, que tem uma série cara de
arte & companhia
01Teaser da ilustração para embalagem do novo produto da marca Café Barão.
02Rogério Fernandes, durante a criação de uma das obras da série “Chanel do Sertão”, que esteve em exposição no “beChic loft”, em Madrid.
03 Detalhe da tela pintada por Fernan-des para a mostra “wallmania”, que acompanhou a turnê “The wall”, do baixista Roger Wa-ters, ex-Pink Floyd.
04Pinguins de geladei-ra assinados pelo artista, criados para o dia das mães.
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ília B
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pág. pág.72 73
produto. É mais barato comprar uma
gravura do que uma obra, que é única.
Quem não tem condições de comprar
um quadro, pode comprar uma gravura
assinada pelo artista. Quando comecei
a fazer as gravuras e pensei: “tenho
que criar alguma coisa para carregar
as imagens, preciso de umas pastas”.
Aí desenvolvi umas pastas legais para
colocar a gravura, comecei a cuidar da
embalagem do produto, que também é
muito importante.
Foi nesse período que você começou a investir em outros produtos?Sim. Isso aconteceu em 2004, mais ou
menos. Nessa época também montei meu
site. Fizemos um projeto grande, investimos
bastante para comprar os papéis.
Trabalhávamos com serigrafia,
xilogravura, litogravura. Aí pensei em
aplicar também em produtos. Comecei
a fazer copinhos de cachaça, camisetas
etc., tudo em edições limitadas e
assinadas, como obras de arte mesmo,
e coloquei à venda no site. Tinha um
contrato de exclusividade com uma
galeria, mas só valia para obras únicas.
E não é fácil depender das vendas de
galeria. Gravuras e produtos foi uma
brecha que encontrei, e resolvi investir nisso.
Você pode citar alguns produtos?Fiz pinguins para o Shopping Del Rey,
ilustrações para as havaianas, estampas
para a Ador, exposições temáticas do
dia dos namorados para o Diamondmall,
champanheira para o BH Shopping...
Quais são os desafios de se fazer arte em outros suportes?Para mim, produto é uma plataforma
como outra qualquer. Às vezes são
até mais interessantes, porque têm três
dimensões. Apesar de trabalhar com
escultura, minha formação, meu estilo,
é muito gráfico. Sou muito simbólico,
figurativo. Então é como se meu trabalho
fosse “aplicado” ao produto. Como essa
garrafa de saquê, que pintei à mão. É
uma obra de arte, mas também é um
trabalho de design. Fiz a garrafa, botei
numa caixinha e dei o título “o saquê faz
a cabeça”. Essa peça tem um conceito
de design muito forte e, ao mesmo tempo,
é uma obra de arte, porque é assinada,
única. Eu poderia pegar essa garrafa e
vendê-la a uma empresa de design para
que eles a reproduzissem mil vezes. Vejo
a aplicabilidade dos meus trabalhos em
produtos como uma tridimensionalização
do meu trabalho. Porque geralmente meu
trabalho é muito 2D.
Como a arte pode contribuir para os produtos?Acho que a arte nos produtos é uma
coisa que surpreende as pessoas. O
design no Brasil ainda é muito pobre em
embalagens. O design de produto é mais
avançado, sobretudo o design oriundo
da arquitetura, como o trabalho dos
irmãos Campana, por exemplo. Esses são
mais vanguarda. O problema é que o
mercado nacional demanda pouco dos
designers. Além disso, como competir
com o design japonês, por exemplo,
que faz parte de uma cultura milenar
extremamente ligada à estética? No
Japão, compor à mesa para o jantar é
arte & companhiaFo
tos:
arqu
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pess
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03
um verdadeiro ritual, enquanto o brasileiro
costuma colocar tudo meio “de qualquer
jeito”. Temos uma cultura que ainda não se
ateve para a importância da estética, em
toda a vida da gente. Porque a estética é,
inclusive, uma questão de saúde.
Recentemente você foi procurado para fazer a embalagem dos produtos de uma marca de café em pó?Quando me procuraram, todo meu
trabalho nessa área eu faço questão de
assinar. Porque em trabalho de design
muitas vezes não se dá o crédito ao
artista. (...) Sempre achei isso um absurdo
porque muita gente vê um trabalho legal
de ilustração e acha que foi o escritório
de design que criou porque não está
assinado. E foi o escritório que contratou o
artista para ilustrar. Por isso, nada mais justo
que dar o crédito ao artista.
Quando me procuraram para fazer a
embalagem de um novo produto do Café
Barão, achei uma ideia do c..., porque
encomendar um trabalho desse a um artista
já é um grande passo. Como eu irei assinar
a embalagem, como faço com todos os
produtos que ilustro, pensei em pintá-la
segundo a visão que tenho do Café Barão.
Por isso, propus uma ideia que o pessoal
topou de imediato: quando me disseram
que enviariam as referências de imagem, de
cor etc., pedi a eles que não me enviassem
nenhuma referência visual. Queria apenas
palavras. Café não é sentido? Pois eu
precisava era de referências de sentido:
“natureza”, “especiaria”, “aroma”... queria
palavras que remetessem ao “sentido” da
embalagem. Não queria ficar influenciado
por qualquer aspecto visual. Afinal, penso que
quando me contrataram, queriam que eu
colocasse minha visão pessoal sobre o produto
da marca. Essa é, inclusive, a diferença entre o
design e a arte aplicada ao design.
E como foi o trabalho?Para criar a ilustração, resolvi ampliar a
embalagem, colocá-la numa tela e pintar
como se fosse um quadro. Nunca vi nada
parecido e, por isso filmei todo o processo,
fazer uma espécie de making of. Pretendo
até usar o estúdio de um amigo para fazer
as imagens em alta definição, quero fazer
um filme meio “vanguarda”. Pensamos
em filmar não só o processo de criação,
mas também de produção, impressão,
montagem da embalagem, enfim, uma
espécie de vídeo institucional diferenciado.
Mas é claro que esse é um trabalho
diferente, que exigiu muita pesquisa, pois
é um trabalho de arte que precisa ser
aplicável ao produto. Foi preciso pensar
onde ficará cada um dos elementos da
embalagem. E tudo foi feito em tamanho
real: quero que a tela vire uma grande
matriz, na qual só será preciso inserir as
informações, marca e pronto.
E as expectativas?São as melhores possíveis. Acho que esse
trabalho terá um retorno muito grande não
só para mim, como artista, mas para a marca
Café Barão. Acho que vai ser muito legal.
arte & companhia
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produto. É mais barato comprar uma
gravura do que uma obra, que é única.
Quem não tem condições de comprar
um quadro, pode comprar uma gravura
assinada pelo artista. Quando comecei
a fazer as gravuras e pensei: “tenho
que criar alguma coisa para carregar
as imagens, preciso de umas pastas”.
Aí desenvolvi umas pastas legais para
colocar a gravura, comecei a cuidar da
embalagem do produto, que também é
muito importante.
Foi nesse período que você começou a investir em outros produtos?Sim. Isso aconteceu em 2004, mais ou
menos. Nessa época também montei meu
site. Fizemos um projeto grande, investimos
bastante para comprar os papéis.
Trabalhávamos com serigrafia,
xilogravura, litogravura. Aí pensei em
aplicar também em produtos. Comecei
a fazer copinhos de cachaça, camisetas
etc., tudo em edições limitadas e
assinadas, como obras de arte mesmo,
e coloquei à venda no site. Tinha um
contrato de exclusividade com uma
galeria, mas só valia para obras únicas.
E não é fácil depender das vendas de
galeria. Gravuras e produtos foi uma
brecha que encontrei, e resolvi investir nisso.
Você pode citar alguns produtos?Fiz pinguins para o Shopping Del Rey,
ilustrações para as havaianas, estampas
para a Ador, exposições temáticas do
dia dos namorados para o Diamondmall,
champanheira para o BH Shopping...
Quais são os desafios de se fazer arte em outros suportes?Para mim, produto é uma plataforma
como outra qualquer. Às vezes são
até mais interessantes, porque têm três
dimensões. Apesar de trabalhar com
escultura, minha formação, meu estilo,
é muito gráfico. Sou muito simbólico,
figurativo. Então é como se meu trabalho
fosse “aplicado” ao produto. Como essa
garrafa de saquê, que pintei à mão. É
uma obra de arte, mas também é um
trabalho de design. Fiz a garrafa, botei
numa caixinha e dei o título “o saquê faz
a cabeça”. Essa peça tem um conceito
de design muito forte e, ao mesmo tempo,
é uma obra de arte, porque é assinada,
única. Eu poderia pegar essa garrafa e
vendê-la a uma empresa de design para
que eles a reproduzissem mil vezes. Vejo
a aplicabilidade dos meus trabalhos em
produtos como uma tridimensionalização
do meu trabalho. Porque geralmente meu
trabalho é muito 2D.
Como a arte pode contribuir para os produtos?Acho que a arte nos produtos é uma
coisa que surpreende as pessoas. O
design no Brasil ainda é muito pobre em
embalagens. O design de produto é mais
avançado, sobretudo o design oriundo
da arquitetura, como o trabalho dos
irmãos Campana, por exemplo. Esses são
mais vanguarda. O problema é que o
mercado nacional demanda pouco dos
designers. Além disso, como competir
com o design japonês, por exemplo,
que faz parte de uma cultura milenar
extremamente ligada à estética? No
Japão, compor à mesa para o jantar é
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um verdadeiro ritual, enquanto o brasileiro
costuma colocar tudo meio “de qualquer
jeito”. Temos uma cultura que ainda não se
ateve para a importância da estética, em
toda a vida da gente. Porque a estética é,
inclusive, uma questão de saúde.
Recentemente você foi procurado para fazer a embalagem dos produtos de uma marca de café em pó?Quando me procuraram, todo meu
trabalho nessa área eu faço questão de
assinar. Porque em trabalho de design
muitas vezes não se dá o crédito ao
artista. (...) Sempre achei isso um absurdo
porque muita gente vê um trabalho legal
de ilustração e acha que foi o escritório
de design que criou porque não está
assinado. E foi o escritório que contratou o
artista para ilustrar. Por isso, nada mais justo
que dar o crédito ao artista.
Quando me procuraram para fazer a
embalagem de um novo produto do Café
Barão, achei uma ideia do c..., porque
encomendar um trabalho desse a um artista
já é um grande passo. Como eu irei assinar
a embalagem, como faço com todos os
produtos que ilustro, pensei em pintá-la
segundo a visão que tenho do Café Barão.
Por isso, propus uma ideia que o pessoal
topou de imediato: quando me disseram
que enviariam as referências de imagem, de
cor etc., pedi a eles que não me enviassem
nenhuma referência visual. Queria apenas
palavras. Café não é sentido? Pois eu
precisava era de referências de sentido:
“natureza”, “especiaria”, “aroma”... queria
palavras que remetessem ao “sentido” da
embalagem. Não queria ficar influenciado
por qualquer aspecto visual. Afinal, penso que
quando me contrataram, queriam que eu
colocasse minha visão pessoal sobre o produto
da marca. Essa é, inclusive, a diferença entre o
design e a arte aplicada ao design.
E como foi o trabalho?Para criar a ilustração, resolvi ampliar a
embalagem, colocá-la numa tela e pintar
como se fosse um quadro. Nunca vi nada
parecido e, por isso filmei todo o processo,
fazer uma espécie de making of. Pretendo
até usar o estúdio de um amigo para fazer
as imagens em alta definição, quero fazer
um filme meio “vanguarda”. Pensamos
em filmar não só o processo de criação,
mas também de produção, impressão,
montagem da embalagem, enfim, uma
espécie de vídeo institucional diferenciado.
Mas é claro que esse é um trabalho
diferente, que exigiu muita pesquisa, pois
é um trabalho de arte que precisa ser
aplicável ao produto. Foi preciso pensar
onde ficará cada um dos elementos da
embalagem. E tudo foi feito em tamanho
real: quero que a tela vire uma grande
matriz, na qual só será preciso inserir as
informações, marca e pronto.
E as expectativas?São as melhores possíveis. Acho que esse
trabalho terá um retorno muito grande não
só para mim, como artista, mas para a marca
Café Barão. Acho que vai ser muito legal.
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pág. 75pág. 74 Projetos
Reunidos numa sala, diretores de uma empresa observam
a projeção tridimensional de uma determinada região e
avaliam a viabilidade de um novo empreendimento no
local. Vestindo óculos para visualização em três dimensões,
os executivos têm diante dos olhos uma reprodução virtual
do ambiente no qual pretendem investir: topografia,
estradas, cobertura vegetal – tudo está ali representado
como se eles estivessem a observar pessoalmente o cenário.
A experiência tem certa semelhança com os filmes em 3D,
cada vez mais comuns nos cinemas. Mas a tecnologia
empregada nessa sala – utilizada por uma multinacional
brasileira, que prefere não se identificar – vai muito além da
utilizada pela indústria cinematográfica.
Desenvolvida pela norte-americana Virtalis, o activewall é
um sistema que combina projetores e softwares de última
geração para criar reproduções as mais fidedignas possíveis
de ambientes reais. O objetivo, segundo a companhia, é
facilitar a visualização de projetos industriais, geológicos, de
design etc., substituindo as tradicionais apresentações de
slides (em duas dimensões) por simulações em realidade
virtual.
Tecnologia e design de ambientesPara funcionar corretamente, a projeção em realidade
virtual não depende só dos equipamentos desenvolvidos
pela Vitralis. Foi preciso projetar ambientes que atendessem
a condições específicas de iluminação e acústica, tarefa
encomendada ao escritório Lazuli Arquitetura, de Belo
Horizonte. Além da sala de exibição, foram projetadas uma
cabine de operações, um depósito e uma antecâmara.
Realidade virtual aserviço daindústria
Para auxiliar no desenvolvimento de novos projetos, multinacional investe em sala de projeção 3D
Foto
: Lud
imila
Lou
reiro
Sala de realidade virtual.
por danilo borges
Todas as paredes foram executadas em drywall – estruturas
de aço galvanizado e chapas de gesso acartonado –,
preenchido internamente por lã de vidro, calculado para
proporcionar o isolamento acústico da sala. O drywall
foi a solução encontrada para atender ao cronograma
elaborado pela empresa: todo o projeto deveria ser
executado em, no máximo, dois meses.
De acordo com Mariluce Duque, que coordenou o
trabalho, o projeto luminotécnico foi um dos maiores
desafios: “tivemos que desenvolver um projeto que pudesse
criar vários cenários em um só ambiente. Tivemos que
pensar numa iluminação capaz de atender tanto a uma
reunião – ocasiões em que a luz precisa ser intensa – quanto
a uma projeção em 3D, quando a luminosidade pode
prejudicar a visualização”, explica a arquiteta. Como os
reatores utilizados em lâmpadas comuns poderiam interferir
no funcionamento do projetor, optou-se por fazer tudo com
lâmpadas de LED (diodo emissor de luz) e fibra ótica.
Na sala de exibição, a iluminação principal é feita por
três luminárias, uniformemente distribuídas, compostas
por lâmpadas tubulares e PAR 30, ambas em LED, para
proporcionar uma iluminação mais intensa, adequada
para reuniões. Fitas de LED, instaladas nas sancas que
contornam o perímetro da sala e nos painéis difusores,
iluminam o ambiente de forma indireta, ideal durante
as projeções. No corredor que forma a antecâmara –
projetada para reduzir as interferências do ambiente
externo na projeção quando alguém entra ou deixa
a sala –, optou-se pelo chamado “céu de estrelas”,
formado por dezenas de pontos de fibra ótica instalados
no teto. Todo material (luminárias e assessórios) foram
fornecidos pela Templuz.
Projetos
pág. 75pág. 74 Projetos
Reunidos numa sala, diretores de uma empresa observam
a projeção tridimensional de uma determinada região e
avaliam a viabilidade de um novo empreendimento no
local. Vestindo óculos para visualização em três dimensões,
os executivos têm diante dos olhos uma reprodução virtual
do ambiente no qual pretendem investir: topografia,
estradas, cobertura vegetal – tudo está ali representado
como se eles estivessem a observar pessoalmente o cenário.
A experiência tem certa semelhança com os filmes em 3D,
cada vez mais comuns nos cinemas. Mas a tecnologia
empregada nessa sala – utilizada por uma multinacional
brasileira, que prefere não se identificar – vai muito além da
utilizada pela indústria cinematográfica.
Desenvolvida pela norte-americana Virtalis, o activewall é
um sistema que combina projetores e softwares de última
geração para criar reproduções as mais fidedignas possíveis
de ambientes reais. O objetivo, segundo a companhia, é
facilitar a visualização de projetos industriais, geológicos, de
design etc., substituindo as tradicionais apresentações de
slides (em duas dimensões) por simulações em realidade
virtual.
Tecnologia e design de ambientesPara funcionar corretamente, a projeção em realidade
virtual não depende só dos equipamentos desenvolvidos
pela Vitralis. Foi preciso projetar ambientes que atendessem
a condições específicas de iluminação e acústica, tarefa
encomendada ao escritório Lazuli Arquitetura, de Belo
Horizonte. Além da sala de exibição, foram projetadas uma
cabine de operações, um depósito e uma antecâmara.
Realidade virtual aserviço daindústria
Para auxiliar no desenvolvimento de novos projetos, multinacional investe em sala de projeção 3D
Foto
: Lud
imila
Lou
reiro
Sala de realidade virtual.
por danilo borges
Todas as paredes foram executadas em drywall – estruturas
de aço galvanizado e chapas de gesso acartonado –,
preenchido internamente por lã de vidro, calculado para
proporcionar o isolamento acústico da sala. O drywall
foi a solução encontrada para atender ao cronograma
elaborado pela empresa: todo o projeto deveria ser
executado em, no máximo, dois meses.
De acordo com Mariluce Duque, que coordenou o
trabalho, o projeto luminotécnico foi um dos maiores
desafios: “tivemos que desenvolver um projeto que pudesse
criar vários cenários em um só ambiente. Tivemos que
pensar numa iluminação capaz de atender tanto a uma
reunião – ocasiões em que a luz precisa ser intensa – quanto
a uma projeção em 3D, quando a luminosidade pode
prejudicar a visualização”, explica a arquiteta. Como os
reatores utilizados em lâmpadas comuns poderiam interferir
no funcionamento do projetor, optou-se por fazer tudo com
lâmpadas de LED (diodo emissor de luz) e fibra ótica.
Na sala de exibição, a iluminação principal é feita por
três luminárias, uniformemente distribuídas, compostas
por lâmpadas tubulares e PAR 30, ambas em LED, para
proporcionar uma iluminação mais intensa, adequada
para reuniões. Fitas de LED, instaladas nas sancas que
contornam o perímetro da sala e nos painéis difusores,
iluminam o ambiente de forma indireta, ideal durante
as projeções. No corredor que forma a antecâmara –
projetada para reduzir as interferências do ambiente
externo na projeção quando alguém entra ou deixa
a sala –, optou-se pelo chamado “céu de estrelas”,
formado por dezenas de pontos de fibra ótica instalados
no teto. Todo material (luminárias e assessórios) foram
fornecidos pela Templuz.
Projetos
pág. pág.76 77
O cinema é a sétima arte. Portanto, é justo que o espaço onde são exibidos os filmes também seja uma obra de arte. Exemplo disso são as novas salas do Cineart, presentes no Minas Shopping, em Belo Horizonte. Projetado a partir de um estilo de arquitetura contemporânea, o novo ambiente agrega conforto, beleza e sofisticação, para deixar relaxados os espectadores da telona.
A demanda para que o ambiente de exibição de filmes do Minas
Shopping fosse reformado veio da necessidade de atender à
região populosa onde o mall se localiza. Modernizar o espaço foi
fator preponderante na solicitação do empreendimento, como
explica Lucio Otoni, gerente do Cineart. “Precisávamos de um
projeto inovador e confortável, com alguns diferenciais das
outras salas de exibição da cidade. É necessário um ambiente
confortável, com inclinação ideal e com uma logística de foyer,
para que o cliente sempre conseguisse transitar com muita
tranquilidade”, detalha.
As novidades no local são muitas: tela EX WALL — que vai de
uma parede a outra, com campo de visão muito maior para o
espectador, salas de projeção digital 2D e 3D, poltronas de couro
ecológico, banheiro família, amplo foyer para maior distribuição
e conforto nas filas, além de ingressos vendidos pela internet.
Já no lado estrutural de construção do espaço, a opção foi
por um estilo contemporâneo, visando proporcionar maior
Pode parecer controverso, mas no escurinho do cinema o projeto de iluminação é fator fundamental
Projetos
Foto
: Ren
ata
Luisa
por Michael Eudes
comodidade aos usuários. O fácil acesso às salas
e a preocupação com o isolamento sonoro e
tratamento acústico também foram
aspectos presentes no projeto, segundo o
arquiteto João de Paula. “O Cineart solicitou
que fizéssemos o melhor projeto de iluminação
e que, ao mesmo tempo, fosse econômico e
adequado às reais necessidades das salas de
cinema”, revela.
Em parceria com a Templuz, o desenvolvimento
da reforma ocorreu de maneira satisfatória.
Segundo Paola Duarte, lighting planner
da Templuz, “a proposta do projeto de
interiores sugerida pelo João de Paula era
algo inusitado e totalmente diferente dos
cinemas existentes em Belo Horizonte. Para
acompanhar essas singularidades, foi decidido
ousar nas especificações de iluminação em
que a mesma integrasse e valorizasse a obra.
Para isso, utilizamos bastante a tecnologia LED
disponível no mercado para causar impacto
na sensação do espectador”.
Para o incremento do hall aplicamos o modo
de iluminação em forma de céu de estrelas.
Ao construir esse ambiente, avaliamos duas
tecnologias disponíveis no mercado. Trata-se da
fibra ótica e o LED, que foi o sistema adotado. O
kit é composto de um cristal iluminado por uma
lâmpada em cada ponto. A distribuição dos
cristais é aleatória no teto, sempre obedecendo
à área de cobertura para que o céu não fique
nem muito cheio ou excessivamente vazio.
“A maior dificuldade foi alinhar as
especificações dos produtos LED ao tempo
de obra. Foram quase dois anos trabalhando
neste projeto e, como esse tipo de tecnologia
está em desenvolvimento mês a mês, surgiam
novos produtos com novas possibilidades.
Tudo isso implicou em uma intensa pesquisa de
fornecedores que oferecessem o melhor custo
benefício”, analisa a lighting planner.
Após trabalho árduo, os resultados parecem
ter agradado tanto os espectadores quantos
os responsáveis pela reforma. “Recebemos na
loja, constantemente, clientes que comentam
sobre o projeto e querem saber quais as
especificações dos produtos que foram
utilizados para adotar em projetos residenciais”,
conta Paola Duarte. Já na visão de João
Eficiente e econômica, a tecnologia LED foi a escolhida para compor o novo Cineart do Minas Shopping.
Projetos
Foto
: Ren
ata
Luisa
pág. pág.76 77
O cinema é a sétima arte. Portanto, é justo que o espaço onde são exibidos os filmes também seja uma obra de arte. Exemplo disso são as novas salas do Cineart, presentes no Minas Shopping, em Belo Horizonte. Projetado a partir de um estilo de arquitetura contemporânea, o novo ambiente agrega conforto, beleza e sofisticação, para deixar relaxados os espectadores da telona.
A demanda para que o ambiente de exibição de filmes do Minas
Shopping fosse reformado veio da necessidade de atender à
região populosa onde o mall se localiza. Modernizar o espaço foi
fator preponderante na solicitação do empreendimento, como
explica Lucio Otoni, gerente do Cineart. “Precisávamos de um
projeto inovador e confortável, com alguns diferenciais das
outras salas de exibição da cidade. É necessário um ambiente
confortável, com inclinação ideal e com uma logística de foyer,
para que o cliente sempre conseguisse transitar com muita
tranquilidade”, detalha.
As novidades no local são muitas: tela EX WALL — que vai de
uma parede a outra, com campo de visão muito maior para o
espectador, salas de projeção digital 2D e 3D, poltronas de couro
ecológico, banheiro família, amplo foyer para maior distribuição
e conforto nas filas, além de ingressos vendidos pela internet.
Já no lado estrutural de construção do espaço, a opção foi
por um estilo contemporâneo, visando proporcionar maior
Pode parecer controverso, mas no escurinho do cinema o projeto de iluminação é fator fundamental
Projetos
Foto
: Ren
ata
Luisa
por Michael Eudes
comodidade aos usuários. O fácil acesso às salas
e a preocupação com o isolamento sonoro e
tratamento acústico também foram
aspectos presentes no projeto, segundo o
arquiteto João de Paula. “O Cineart solicitou
que fizéssemos o melhor projeto de iluminação
e que, ao mesmo tempo, fosse econômico e
adequado às reais necessidades das salas de
cinema”, revela.
Em parceria com a Templuz, o desenvolvimento
da reforma ocorreu de maneira satisfatória.
Segundo Paola Duarte, lighting planner
da Templuz, “a proposta do projeto de
interiores sugerida pelo João de Paula era
algo inusitado e totalmente diferente dos
cinemas existentes em Belo Horizonte. Para
acompanhar essas singularidades, foi decidido
ousar nas especificações de iluminação em
que a mesma integrasse e valorizasse a obra.
Para isso, utilizamos bastante a tecnologia LED
disponível no mercado para causar impacto
na sensação do espectador”.
Para o incremento do hall aplicamos o modo
de iluminação em forma de céu de estrelas.
Ao construir esse ambiente, avaliamos duas
tecnologias disponíveis no mercado. Trata-se da
fibra ótica e o LED, que foi o sistema adotado. O
kit é composto de um cristal iluminado por uma
lâmpada em cada ponto. A distribuição dos
cristais é aleatória no teto, sempre obedecendo
à área de cobertura para que o céu não fique
nem muito cheio ou excessivamente vazio.
“A maior dificuldade foi alinhar as
especificações dos produtos LED ao tempo
de obra. Foram quase dois anos trabalhando
neste projeto e, como esse tipo de tecnologia
está em desenvolvimento mês a mês, surgiam
novos produtos com novas possibilidades.
Tudo isso implicou em uma intensa pesquisa de
fornecedores que oferecessem o melhor custo
benefício”, analisa a lighting planner.
Após trabalho árduo, os resultados parecem
ter agradado tanto os espectadores quantos
os responsáveis pela reforma. “Recebemos na
loja, constantemente, clientes que comentam
sobre o projeto e querem saber quais as
especificações dos produtos que foram
utilizados para adotar em projetos residenciais”,
conta Paola Duarte. Já na visão de João
Eficiente e econômica, a tecnologia LED foi a escolhida para compor o novo Cineart do Minas Shopping.
ProjetosFo
to: R
enat
a Lu
isa
pág. 79pág. 78
de Paula, o casamento entre arquitetura e
iluminação deu muito certo: “O resultado
superou expectativas. O foyer do cinema tem
sido considerado pelos frequentadores como
um dos mais bonitos da cidade, principalmente
pelo céu de estrelas, pois as lâmpadas LED
criam reflexo no piso, causando sensação de
leveza. Com certeza, as luzes do local foram um
dos elementos que mais contribuíram para o
sucesso do trabalho”.
A repercussão realmente foi imediata, pois apenas no
primeiro mês de operação, quase 100 mil espectadores
passaram pelas novas instalações. “O objetivo de dar
aos clientes conforto e sofisticação foi cumprido com
grande êxito, já que recebemos elogios da equipe
do shopping e, principalmente, dos frequentadores”,
conclui o arquiteto João de Paula.
Céu de estrelas criado com LED
e fibra ótica para causar
sensação de leveza.
ProjetosFo
to: R
enat
a Lu
isa
Ação social
Abílio Coelho tinha um sonho. Construir uma casa para abrigar crianças e adolescentes com paralisia cerebral e tratá-las apenas com doações e trabalho de voluntários. Treze anos atrás, esse sonho parecia distante, impossível.
Mas Fernando Pessoa disse que “o homem é do tamanho
de seu sonho”, e Abílio era um homem Grande. Ele lutou,
batalhou e conseguiu um terreno no bairro Jardim Laguna,
em Contagem. Conquistou a construção da casa, tijolo a
tijolo, e conseguiu ver seu sonho realizado. Abílio inaugurou
a sede do Projeto Assistencial Novo Céu, no dia 12 de
dezembro de 1998.
Dois meses depois da inauguração da casa, Abílio faleceu.
Entretanto, seu sonho continuou vivendo por meio do
trabalho de voluntários que se apaixonaram pela causa e
decidiram levar adiante o projeto já iniciado. Atualmente,
a casa cuida de 80 crianças, adolescentes e adultos que
são totalmente dependentes do Novo Céu.
De acordo com Cioli Stancioli, arquiteto e um dos
voluntários no projeto, desde a fundação da casa, pais
fazem filas pedindo para que seus filhos possam integrar a
instituição, mas apenas aqueles cujas famílias não têm a
mínima condição financeira ou emocional é que podem
ser recebidos. “É uma questão matemática, temos que
respeitar o espaço e a qualidade de vida dos que estão
aqui. Oferecemos remédios, comida, cuidados de higiene
pessoal, assistência médica e odontológica, fisioterapia
e aulas de natação. Oferecemos uma vida melhor.
por Clarissa damas
pág. 79pág. 78
de Paula, o casamento entre arquitetura e
iluminação deu muito certo: “O resultado
superou expectativas. O foyer do cinema tem
sido considerado pelos frequentadores como
um dos mais bonitos da cidade, principalmente
pelo céu de estrelas, pois as lâmpadas LED
criam reflexo no piso, causando sensação de
leveza. Com certeza, as luzes do local foram um
dos elementos que mais contribuíram para o
sucesso do trabalho”.
A repercussão realmente foi imediata, pois apenas no
primeiro mês de operação, quase 100 mil espectadores
passaram pelas novas instalações. “O objetivo de dar
aos clientes conforto e sofisticação foi cumprido com
grande êxito, já que recebemos elogios da equipe
do shopping e, principalmente, dos frequentadores”,
conclui o arquiteto João de Paula.
Céu de estrelas criado com LED
e fibra ótica para causar
sensação de leveza.
Projetos
Foto
: Ren
ata
Luisa
Ação social
Abílio Coelho tinha um sonho. Construir uma casa para abrigar crianças e adolescentes com paralisia cerebral e tratá-las apenas com doações e trabalho de voluntários. Treze anos atrás, esse sonho parecia distante, impossível.
Mas Fernando Pessoa disse que “o homem é do tamanho
de seu sonho”, e Abílio era um homem Grande. Ele lutou,
batalhou e conseguiu um terreno no bairro Jardim Laguna,
em Contagem. Conquistou a construção da casa, tijolo a
tijolo, e conseguiu ver seu sonho realizado. Abílio inaugurou
a sede do Projeto Assistencial Novo Céu, no dia 12 de
dezembro de 1998.
Dois meses depois da inauguração da casa, Abílio faleceu.
Entretanto, seu sonho continuou vivendo por meio do
trabalho de voluntários que se apaixonaram pela causa e
decidiram levar adiante o projeto já iniciado. Atualmente,
a casa cuida de 80 crianças, adolescentes e adultos que
são totalmente dependentes do Novo Céu.
De acordo com Cioli Stancioli, arquiteto e um dos
voluntários no projeto, desde a fundação da casa, pais
fazem filas pedindo para que seus filhos possam integrar a
instituição, mas apenas aqueles cujas famílias não têm a
mínima condição financeira ou emocional é que podem
ser recebidos. “É uma questão matemática, temos que
respeitar o espaço e a qualidade de vida dos que estão
aqui. Oferecemos remédios, comida, cuidados de higiene
pessoal, assistência médica e odontológica, fisioterapia
e aulas de natação. Oferecemos uma vida melhor.
por Clarissa damas
pág. pág.80 81
Queríamos ampliar a capacidade da casa,
mas não temos condição no momento”,
explica o arquiteto.
Atualmente, o Novo Céu recebe ajuda de
várias formas. Todos os anos, é realizado
um bingo beneficente no Iate Tênis Clube,
em Belo Horizonte. O espaço é cedido
pelo Iate e recebe cerca de 1500 pessoas.
Além disso, são feitos bazares periódicos
com objetos doados pela população
e ofertados à comunidade da região.
“Recebemos roupas, eletrodomésticos e
objetos de uso pessoal, que são revendidos
a preços baixos para quem mora no
entorno do Novo Céu. Assim, ajudamos em
dose dupla”, conta Cioli.
O projeto precisa ainda de doação de
tempo. “O principal é a ação voluntária.
Precisamos de médicos, enfermeiros,
dentistas, educadores e profissionais de
diversas áreas que queiram nos ajudar na
demanda diária da casa. Pessoas que
querem apenas conversar ou dar carinho
as crianças também são muito bem-
vindas”, conclui o arquiteto.
Ação social
Fotos da estrutura fisica da instituição, como, fachada
principal, carrinhos de locomoção, consultório odontológico, cozinha,
rampas de acesso suave, lavanderia,
telemarketing, entre outros.
Fotos de Carlos Olímpia
Com um custo mensal médio de cada paciente em torno
de R$ 1.500,00 e ainda contas a pagar como água, luz,
e salários de funcionários da limpeza e manutenção, a
despesa do novo céu é alta. “Precisamos muito de ajuda,
de qualquer tipo de ajuda, para podermos continuar
exercendo esse trabalho. Seja com doação de objetos
ou alimentos, tempo ou dinheiro, o que faz o Novo Céu
continuar é a solidariedade das pessoas. Contamos com
isso e fico feliz em dizer que nosso projeto deu certo”,
conclui o arquiteto.
apoio da famíliaToda criança precisa e tem direito a receber carinho da
família. Por isso, no Novo Céu, pais, tios, avós, primos e
amigos visitam os internos com frequência. “Aqui não tem
regra quanto à visitação. Alguns pais trabalham o dia
todo e só podem vir nos finais de semana, outros têm mais
tempo e conseguem vir todos os dias. O que vemos é um
grande empenho das famílias com as crianças, ninguém
aqui fica em situação de abandono”, explica Cioli.
Além das famílias, o novo Céu desenvolve ainda
uma parceria com o Colégio Santo Agostinho. Alunos
da instituição vão ao local, conhecem os internos e
desenvolvem atividades com eles, no intuito de estimular
tanto as crianças com paralisia cerebral, no sentido do
desenvolvimento motor, quanto o senso de solidariedade
e responsabilidade social entre os alunos do colégio.
Ação social
Carlos Roberto Mirachi, diretor presidente voluntário
e Cioli Stancioli, voluntário
Necessidades do ProjetoDietas
Isosource1.5
Ensure
Trophic Basic
Nutranon1.5
Nutren1.0
Peptamen
Nutri Enteral 1.0
Nutri Soya
MateriaisFraldas geriátricas tamanho P/M/G;
Fraldas desc. Tamanho Extra G Infantil;
Luvas de procedimento tamanho M;
Fita crepe;
Gaze estéril e não estéril;
Micropore 3M(25x10);
Mucilon de milho/ arroz;
Leite integral;
Erva doce ou camomila;
Soja;
Farinha láctea;
Aveia;
Neston;
Gérmen de Trigo;
Nutrilon;
Xampu neutro;
Desodorante s/ perfume;
Sabonete branco;
Sabão em pó;
Sabonete Líquido;
Cera Líquida Incolor;
Toalhas de papel para banheiro;
Doações diversas para o bazar (roupas,
sapatos, móveis, eletrodomésticos em
bom estado, entre outros).
Outras formas de ajudarAtravés das contas COPASA/CEMIG,
boleto bancário, carnês bancários
(6 e 12 meses), apanha financeira,
Projeto FIA (Fundo para
Infância e Adolescência).
Contato: Karina Militão /
Juliana Nobre
Assessoria de Comunicação
(31) 3368-6860
Site: http://www.novoceu.org.br
pág. pág.80 81
Queríamos ampliar a capacidade da casa,
mas não temos condição no momento”,
explica o arquiteto.
Atualmente, o Novo Céu recebe ajuda de
várias formas. Todos os anos, é realizado
um bingo beneficente no Iate Tênis Clube,
em Belo Horizonte. O espaço é cedido
pelo Iate e recebe cerca de 1500 pessoas.
Além disso, são feitos bazares periódicos
com objetos doados pela população
e ofertados à comunidade da região.
“Recebemos roupas, eletrodomésticos e
objetos de uso pessoal, que são revendidos
a preços baixos para quem mora no
entorno do Novo Céu. Assim, ajudamos em
dose dupla”, conta Cioli.
O projeto precisa ainda de doação de
tempo. “O principal é a ação voluntária.
Precisamos de médicos, enfermeiros,
dentistas, educadores e profissionais de
diversas áreas que queiram nos ajudar na
demanda diária da casa. Pessoas que
querem apenas conversar ou dar carinho
as crianças também são muito bem-
vindas”, conclui o arquiteto.
Ação social
Fotos da estrutura fisica da instituição, como, fachada
principal, carrinhos de locomoção, consultório odontológico, cozinha,
rampas de acesso suave, lavanderia,
telemarketing, entre outros.
Fotos de Carlos Olímpia
Com um custo mensal médio de cada paciente em torno
de R$ 1.500,00 e ainda contas a pagar como água, luz,
e salários de funcionários da limpeza e manutenção, a
despesa do novo céu é alta. “Precisamos muito de ajuda,
de qualquer tipo de ajuda, para podermos continuar
exercendo esse trabalho. Seja com doação de objetos
ou alimentos, tempo ou dinheiro, o que faz o Novo Céu
continuar é a solidariedade das pessoas. Contamos com
isso e fico feliz em dizer que nosso projeto deu certo”,
conclui o arquiteto.
apoio da famíliaToda criança precisa e tem direito a receber carinho da
família. Por isso, no Novo Céu, pais, tios, avós, primos e
amigos visitam os internos com frequência. “Aqui não tem
regra quanto à visitação. Alguns pais trabalham o dia
todo e só podem vir nos finais de semana, outros têm mais
tempo e conseguem vir todos os dias. O que vemos é um
grande empenho das famílias com as crianças, ninguém
aqui fica em situação de abandono”, explica Cioli.
Além das famílias, o novo Céu desenvolve ainda
uma parceria com o Colégio Santo Agostinho. Alunos
da instituição vão ao local, conhecem os internos e
desenvolvem atividades com eles, no intuito de estimular
tanto as crianças com paralisia cerebral, no sentido do
desenvolvimento motor, quanto o senso de solidariedade
e responsabilidade social entre os alunos do colégio.
Ação social
Carlos Roberto Mirachi, diretor presidente voluntário
e Cioli Stancioli, voluntário
Necessidades do ProjetoDietas
Isosource1.5
Ensure
Trophic Basic
Nutranon1.5
Nutren1.0
Peptamen
Nutri Enteral 1.0
Nutri Soya
MateriaisFraldas geriátricas tamanho P/M/G;
Fraldas desc. Tamanho Extra G Infantil;
Luvas de procedimento tamanho M;
Fita crepe;
Gaze estéril e não estéril;
Micropore 3M(25x10);
Mucilon de milho/ arroz;
Leite integral;
Erva doce ou camomila;
Soja;
Farinha láctea;
Aveia;
Neston;
Gérmen de Trigo;
Nutrilon;
Xampu neutro;
Desodorante s/ perfume;
Sabonete branco;
Sabão em pó;
Sabonete Líquido;
Cera Líquida Incolor;
Toalhas de papel para banheiro;
Doações diversas para o bazar (roupas,
sapatos, móveis, eletrodomésticos em
bom estado, entre outros).
Outras formas de ajudarAtravés das contas COPASA/CEMIG,
boleto bancário, carnês bancários
(6 e 12 meses), apanha financeira,
Projeto FIA (Fundo para
Infância e Adolescência).
Contato: Karina Militão /
Juliana Nobre
Assessoria de Comunicação
(31) 3368-6860
Site: http://www.novoceu.org.br
pág. 83pág. 82
Até há bem pouco tempo, não se falava em design. A não ser que quiséssemos nos referir a um modelo novo de carro. Então, em pleno século XXI, o termo começou a entrar em nossas vidas. Hoje existem designers de sobrancelhas, hair designers, personal designer. Mas de onde saíram todos?
Na verdade, estamos cercados pelo design,
praticamente, desde o momento em que acordamos.
Certamente, nossas camas, colchões e mesmo os lençóis,
foram projetados por profissionais que pensaram nos
materiais, na ergonomia e nas tendências da estamparia.
Se seguirmos o nosso percurso ao longo do dia, o
modelo de chuveiro, a cafeteira elétrica, o nosso laptop
e, fatalmente, o carro têm o trabalho de dezenas de
designers por trás de suas concepções. E só chegamos
no começo da manhã!
Exatamente pelo fato de estarmos cercados de design,
não nos damos conta de sua presença no cotidiano.
Ou melhor, só nos apercebemos quando ele faz falta.
Quem nunca reclamou de uma cadeira que é incômoda
ao sentar, de um equipamento que se quebra com
facilidade? Esses são todos projetos que carecem de um
bom profissional para pensá-los.
Mas o design não se restringe apenas aos objetos. Nossa
forma de vestir também é influenciada por ele. Já observou
como a cada estação são eleitas cores da moda? Em
uma estação dominam os tons pasteis, em outra os cítricos.
Cada tendência, que acaba por influenciar não apenas
as roupas, mas calçados, maquiagem etc., advém de um
estudo feito também por designers.
O DESIGNno cotidianopor Rita Ribeiro
artigos
Ao andarmos pela cidade, podemos
observar como as distintas tribos urbanas se
comportam. Os skatistas, os garotos ligados
ao hip-hop, os roqueiros, os mods. Cada
tribo urbana se revela, em primeiro lugar,
pelas roupas que veste. O design de seus
tipos é fruto de escolhas que têm a ver
com estilo musical, estilos de vida,
definitivamente influenciados pelos design.
Da mesma maneira, os artefatos que
escolhemos para compor nossas casas. O
design revela nas nossas escolhas, nossa
personalidade. Casas mais clássicas, casas
totalmente high tech.
Mas como podemos entender o que é o
design? O termo é objeto, ainda hoje, de
discussões. Uma infinidade de definições
foi utilizada ao longo dos séculos (sim
séculos!) para descrever a tarefa do
homem de pensar, projetar e transformar
materiais em artefatos. Enquanto o objeto
pode ser entendido como algo material,
que pode ser visto e tocado, o artefato
constitui-se como aquilo que é feito para
ser usado e modificado pela atividade
humana. Na transição para o processo
de industrialização criou-se então o termo
produto, compreendido como um artefato
funcional, que age como uma ferramenta
útil na realização de tarefas. Ou seja, sem a
intervenção do homem, não existe design.
Os produtos foram se modificando,
principalmente, ao longo do século
passado, pois o desenvolvimento
tecnológico foi determinante para as
transformações em diversos campos,
inclusive no conceito de produto. A
produção de bens deixa de lado seu
caráter apenas utilitário e começa a
incorporar valores intangíveis. Os valores
sociais tendem a ser traduzidos a partir de
nossas escolhas de consumo e os objetos
retratam essas opções e criam também
uma identificação com determinados
modos de vida.
Os objetos, cada vez mais, dizem quem
somos e como nos portamos frente ao
pág. 83pág. 82
Até há bem pouco tempo, não se falava em design. A não ser que quiséssemos nos referir a um modelo novo de carro. Então, em pleno século XXI, o termo começou a entrar em nossas vidas. Hoje existem designers de sobrancelhas, hair designers, personal designer. Mas de onde saíram todos?
Na verdade, estamos cercados pelo design,
praticamente, desde o momento em que acordamos.
Certamente, nossas camas, colchões e mesmo os lençóis,
foram projetados por profissionais que pensaram nos
materiais, na ergonomia e nas tendências da estamparia.
Se seguirmos o nosso percurso ao longo do dia, o
modelo de chuveiro, a cafeteira elétrica, o nosso laptop
e, fatalmente, o carro têm o trabalho de dezenas de
designers por trás de suas concepções. E só chegamos
no começo da manhã!
Exatamente pelo fato de estarmos cercados de design,
não nos damos conta de sua presença no cotidiano.
Ou melhor, só nos apercebemos quando ele faz falta.
Quem nunca reclamou de uma cadeira que é incômoda
ao sentar, de um equipamento que se quebra com
facilidade? Esses são todos projetos que carecem de um
bom profissional para pensá-los.
Mas o design não se restringe apenas aos objetos. Nossa
forma de vestir também é influenciada por ele. Já observou
como a cada estação são eleitas cores da moda? Em
uma estação dominam os tons pasteis, em outra os cítricos.
Cada tendência, que acaba por influenciar não apenas
as roupas, mas calçados, maquiagem etc., advém de um
estudo feito também por designers.
O DESIGNno cotidianopor Rita Ribeiro
artigos
Ao andarmos pela cidade, podemos
observar como as distintas tribos urbanas se
comportam. Os skatistas, os garotos ligados
ao hip-hop, os roqueiros, os mods. Cada
tribo urbana se revela, em primeiro lugar,
pelas roupas que veste. O design de seus
tipos é fruto de escolhas que têm a ver
com estilo musical, estilos de vida,
definitivamente influenciados pelos design.
Da mesma maneira, os artefatos que
escolhemos para compor nossas casas. O
design revela nas nossas escolhas, nossa
personalidade. Casas mais clássicas, casas
totalmente high tech.
Mas como podemos entender o que é o
design? O termo é objeto, ainda hoje, de
discussões. Uma infinidade de definições
foi utilizada ao longo dos séculos (sim
séculos!) para descrever a tarefa do
homem de pensar, projetar e transformar
materiais em artefatos. Enquanto o objeto
pode ser entendido como algo material,
que pode ser visto e tocado, o artefato
constitui-se como aquilo que é feito para
ser usado e modificado pela atividade
humana. Na transição para o processo
de industrialização criou-se então o termo
produto, compreendido como um artefato
funcional, que age como uma ferramenta
útil na realização de tarefas. Ou seja, sem a
intervenção do homem, não existe design.
Os produtos foram se modificando,
principalmente, ao longo do século
passado, pois o desenvolvimento
tecnológico foi determinante para as
transformações em diversos campos,
inclusive no conceito de produto. A
produção de bens deixa de lado seu
caráter apenas utilitário e começa a
incorporar valores intangíveis. Os valores
sociais tendem a ser traduzidos a partir de
nossas escolhas de consumo e os objetos
retratam essas opções e criam também
uma identificação com determinados
modos de vida.
Os objetos, cada vez mais, dizem quem
somos e como nos portamos frente ao
pág. 84
mundo. Curiosamente, nossas escolhas, além de dizer
quem somos também pretendem transmitir como
queremos ser vistos pelos outros. Hoje vivemos um
fenômeno denominado de hiperconsumo. Nunca
tivemos acesso a tantos bens, com tamanha diversidade
de escolhas como atualmente. Consumimos numa
velocidade muito maior que o tempo de uso dos objetos.
Ao entendermos o design como um processo de pensar,
projetar e fabricar artefatos, a associação entre design e
cultura permite-nos compreender parte dos mecanismos
da organização social de uma determinada sociedade.
A utilização dos artefatos criados pelo homem possibilita
entender sua forma de estar no mundo, os valores e
hierarquias sociais. Desde os primórdios da humanidade,
alguns artefatos trazem atrelados a si, valores que lhes
conferem um sentido para além do simples caráter
utilitário. Assim, podemos interpretar esculturas sagradas,
representações de santos, coroas que distinguem a
realeza do homem comum. Hoje, no entanto, outros
produtos conferem valor a seus usuários. Uma calça jeans
de determinada grife, ou um celular de última geração
são exemplos cotidianos de distinção social que agora é
determinada mais pelos objetos que possuímos.
E uma das tarefas do design é essa: criar vínculos com
os objetos. Assim, ao escolher um determinado produto,
é o design que está em ação: seja na funcionalidade,
na aparência ou na embalagem. Quantas vezes
compramos um produto apenas pela embalagem,
que é linda, e fazemos questão de guardá-la por muito
tempo? A atividade do design busca entender o que
o consumidor deseja e como concretizar esse desejo
em forma de produto. Por isso, temos tantos produtos e
tantas opções de escolha. No entanto, cabe também ao
designer pensar que produtos realmente são necessários,
pois o consumo desenfreado nos convoca a pensar que
nossas atitudes corroboram para a destruição da ida
em nosso planeta. O design pode criar produtos menos
prejudiciais e, ainda assim, lindos! Esse é um dos desafios
que designers do mundo todo vêm enfrentando.
Entender o design em nosso cotidiano parece uma tarefa
simples, mas não é, pois ele faz parte de, praticamente,
tudo o que fazemos. Mesmo de forma não intencional,
nossas opções acabam sendo induzidas por ele. Por isso,
tambémé importante pensar em como os produtos são
fabricados, como poderemos desfrutar melhor deles. E
quando se deparar com designers de diversas coisas, não
se assuste, pois esse mundo, cada vez mais,
é regido pelo design!
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mundo. Curiosamente, nossas escolhas, além de dizer
quem somos também pretendem transmitir como
queremos ser vistos pelos outros. Hoje vivemos um
fenômeno denominado de hiperconsumo. Nunca
tivemos acesso a tantos bens, com tamanha diversidade
de escolhas como atualmente. Consumimos numa
velocidade muito maior que o tempo de uso dos objetos.
Ao entendermos o design como um processo de pensar,
projetar e fabricar artefatos, a associação entre design e
cultura permite-nos compreender parte dos mecanismos
da organização social de uma determinada sociedade.
A utilização dos artefatos criados pelo homem possibilita
entender sua forma de estar no mundo, os valores e
hierarquias sociais. Desde os primórdios da humanidade,
alguns artefatos trazem atrelados a si, valores que lhes
conferem um sentido para além do simples caráter
utilitário. Assim, podemos interpretar esculturas sagradas,
representações de santos, coroas que distinguem a
realeza do homem comum. Hoje, no entanto, outros
produtos conferem valor a seus usuários. Uma calça jeans
de determinada grife, ou um celular de última geração
são exemplos cotidianos de distinção social que agora é
determinada mais pelos objetos que possuímos.
E uma das tarefas do design é essa: criar vínculos com
os objetos. Assim, ao escolher um determinado produto,
é o design que está em ação: seja na funcionalidade,
na aparência ou na embalagem. Quantas vezes
compramos um produto apenas pela embalagem,
que é linda, e fazemos questão de guardá-la por muito
tempo? A atividade do design busca entender o que
o consumidor deseja e como concretizar esse desejo
em forma de produto. Por isso, temos tantos produtos e
tantas opções de escolha. No entanto, cabe também ao
designer pensar que produtos realmente são necessários,
pois o consumo desenfreado nos convoca a pensar que
nossas atitudes corroboram para a destruição da ida
em nosso planeta. O design pode criar produtos menos
prejudiciais e, ainda assim, lindos! Esse é um dos desafios
que designers do mundo todo vêm enfrentando.
Entender o design em nosso cotidiano parece uma tarefa
simples, mas não é, pois ele faz parte de, praticamente,
tudo o que fazemos. Mesmo de forma não intencional,
nossas opções acabam sendo induzidas por ele. Por isso,
tambémé importante pensar em como os produtos são
fabricados, como poderemos desfrutar melhor deles. E
quando se deparar com designers de diversas coisas, não
se assuste, pois esse mundo, cada vez mais,
é regido pelo design!
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Vejo muitas equipes entrarem em salas de reuniões com a missão de descobrir o furo que levou ao insucesso de uma estratégia. A conversa é sempre tensa, pois é preciso encontrar os culpados. Cada departamento coloca seu plano de metas na mesa, explica as ações que foram implementadas e confere os resultados. O primeiro é o Marketing, claro. Depois, o Comercial. Em seguida, a produção e depois a logística. O Departamento Financeiro costuma ficar só assistindo, como se não fizesse parte da execução do plano estratégico - mas isso é assunto para outro artigo.
Não há como os gerentes evitarem o estresse de um momento
desses. A carga emocional é forte. O processo de caça às
bruxas é uma prática comum nas empresas brasileiras. Saber
que o mal teve origem em apenas um departamento deixa
a organização a salvo de uma derrocada geral. Apesar
desse procedimento de buscas ser doloroso, e de causar uma
instabilidade perigosa na equipe, ele permite que a empresa se
mantenha no controle e estanque o mal que fragiliza a gestão
do negócio.
Depois da rodada em que todos apresentam seus argumentos,
e se defendem, começa um esforço conjunto entre os gerentes
que se unem para encontrar os pontos falhos na estratégia.
Onde a percepção estava errada? Aquela tendência
não se confirmou? Que comportamento do mercado nos
surpreendeu? O que deixamos de fazer?
por Inácia SoaresIlu
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artigos
Se gasta um bom tempo especulando sobre
os furos do planejamento. Esse exercício de
analisar o planejamento e tentar encontrar
as possíveis falhas seria até muito interessante
se não tivesse sua origem no lugar errado:
na certeza de ter havido um erro. Até que
existe uma boa dose de aprendizado na
instabilidade. Quando temos que rever nossos
argumentos, eles tendem a se fortalecer se
forem devidamente fundamentados, ou
podem parecer tolos, se tomados em uma
análise precipitada.
Após essas reuniões de confronto e análise,
nem sempre as empresas encontram a causa
do insucesso da estratégia e tendem a debitar
esse custo sobre a cabeça de um gestor ou
simplesmente colocam esse custo na conta do
imprevisível ser chamado mercado. Se o gestor
sair perdendo, será demitido. Se o algoz for o
mercado, serão ouvidas lamúrias contra a sorte.
Se o problema não está na estratégia, onde
estará então? Vou suscitar uma afirmação
do grande consultor de empresas
considerado o pai da Administração
Moderna: Peter Drucker. Ele disse que
“O mais importante na comunicação é
ouvir o que não é dito”. E por que trago
essa provocação ao meu artigo? Para
lembrar que a comunicação também faz
parte da estratégia, mas as empresas não
costumam se lembrar disso. Por traz de
muitos erros empresariais, ou de estratégias
aparentemente mal-sucedidas, pode haver
uma comunicação atropelada.
Cheguei ao ponto que queria: cutucar as
empresas e convidá-las à reflexão. Para isso,
conto uma situação real que aconteceu com
um designer que foi contratado para revitalizar
a linha de produtos de uma indústria de móveis
de médio porte. Depois de alguns meses de
trabalho, e bastante autonomia para emplacar
um novo conceito no mobiliário, finalmente, as
peças ficaram prontas. Depois das fotos e de
escolher a peça que ilustraria a campanha, o
catálogo foi para a produção e os outdoors
para as ruas. Era chegado o momento de
conferir a reação do mercado àquele grande
investimento no design.
Não é praxe, mas o designer responsável por
esse projeto só se sentiria realizado quando
visse o produto nas lojas e, de preferência,
conquistando a preferência do consumidor.
Pois lá foi ele visitar a maior loja da rede
daquele cliente. Quando chegou, procurou
pela poltrona que ilustrava a campanha, a
peça-chave de todo o projeto de design.
Encontrou? Não. Não estava na vitrine e
nem nos pontos de destaque da loja. Onde
estaria a poltrona que personificava toda
a ideia da nova fase daquela indústria?
Curioso, o designer perguntou a uma
vendedora, sem informar que ele era o
autor do projeto, onde estava a peça que
ilustrava a campanha de comunicação que já
chamava a atenção pelas ruas. Primeiramente,
ela não se lembrou que peça era aquela.
Depois de uma certa mímica e de quase ver o
designer desenhar no ar o modelo da poltrona,
a vendedora fez uma expressão de quem
entendeu e foi em direção ao fundo da loja.
Fez sinal para o designer lhe acompanhar.
Sabe onde estava a poltrona-símbolo da
campanha publicitária? Escondida no fundo
da loja. Quando o designer perguntou qual a
razão para aquela posição tão escondida, a
vendedora respondeu com toda a segurança:
“A coleção antiga é mais bonita”.
O que temos nesse exemplo? O fracasso de
uma estratégia comercial e de marketing
que tentou ampliar o share e fortalecer
a marca, mas que foi reduzida a pó por
falta de comunicação. O design era ruim,
o produto era mal feito, a loja era mal
localizada, a marca era desconhecida ou
o catálogo ficou mal feito? Nada disso.
Apenas faltou comunicar à equipe a nova
estratégia da empresa. Se a vendedora
tivesse sido treinada, se ela entendesse que
a empresa havia feito investimentos vultosos
na expectativa de ampliar as vendas e de
aumentar a participação no mercado, é
certo que a nova poltrona estaria na linha de
frente da loja.
Erros simples como esse, e fáceis de evitar,
colocam em risco o sucesso de uma
estratégia. A mesma situação vive aquela
artigos
pág. 87pág. 86
Vejo muitas equipes entrarem em salas de reuniões com a missão de descobrir o furo que levou ao insucesso de uma estratégia. A conversa é sempre tensa, pois é preciso encontrar os culpados. Cada departamento coloca seu plano de metas na mesa, explica as ações que foram implementadas e confere os resultados. O primeiro é o Marketing, claro. Depois, o Comercial. Em seguida, a produção e depois a logística. O Departamento Financeiro costuma ficar só assistindo, como se não fizesse parte da execução do plano estratégico - mas isso é assunto para outro artigo.
Não há como os gerentes evitarem o estresse de um momento
desses. A carga emocional é forte. O processo de caça às
bruxas é uma prática comum nas empresas brasileiras. Saber
que o mal teve origem em apenas um departamento deixa
a organização a salvo de uma derrocada geral. Apesar
desse procedimento de buscas ser doloroso, e de causar uma
instabilidade perigosa na equipe, ele permite que a empresa se
mantenha no controle e estanque o mal que fragiliza a gestão
do negócio.
Depois da rodada em que todos apresentam seus argumentos,
e se defendem, começa um esforço conjunto entre os gerentes
que se unem para encontrar os pontos falhos na estratégia.
Onde a percepção estava errada? Aquela tendência
não se confirmou? Que comportamento do mercado nos
surpreendeu? O que deixamos de fazer?
por Inácia Soares
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artigos
Se gasta um bom tempo especulando sobre
os furos do planejamento. Esse exercício de
analisar o planejamento e tentar encontrar
as possíveis falhas seria até muito interessante
se não tivesse sua origem no lugar errado:
na certeza de ter havido um erro. Até que
existe uma boa dose de aprendizado na
instabilidade. Quando temos que rever nossos
argumentos, eles tendem a se fortalecer se
forem devidamente fundamentados, ou
podem parecer tolos, se tomados em uma
análise precipitada.
Após essas reuniões de confronto e análise,
nem sempre as empresas encontram a causa
do insucesso da estratégia e tendem a debitar
esse custo sobre a cabeça de um gestor ou
simplesmente colocam esse custo na conta do
imprevisível ser chamado mercado. Se o gestor
sair perdendo, será demitido. Se o algoz for o
mercado, serão ouvidas lamúrias contra a sorte.
Se o problema não está na estratégia, onde
estará então? Vou suscitar uma afirmação
do grande consultor de empresas
considerado o pai da Administração
Moderna: Peter Drucker. Ele disse que
“O mais importante na comunicação é
ouvir o que não é dito”. E por que trago
essa provocação ao meu artigo? Para
lembrar que a comunicação também faz
parte da estratégia, mas as empresas não
costumam se lembrar disso. Por traz de
muitos erros empresariais, ou de estratégias
aparentemente mal-sucedidas, pode haver
uma comunicação atropelada.
Cheguei ao ponto que queria: cutucar as
empresas e convidá-las à reflexão. Para isso,
conto uma situação real que aconteceu com
um designer que foi contratado para revitalizar
a linha de produtos de uma indústria de móveis
de médio porte. Depois de alguns meses de
trabalho, e bastante autonomia para emplacar
um novo conceito no mobiliário, finalmente, as
peças ficaram prontas. Depois das fotos e de
escolher a peça que ilustraria a campanha, o
catálogo foi para a produção e os outdoors
para as ruas. Era chegado o momento de
conferir a reação do mercado àquele grande
investimento no design.
Não é praxe, mas o designer responsável por
esse projeto só se sentiria realizado quando
visse o produto nas lojas e, de preferência,
conquistando a preferência do consumidor.
Pois lá foi ele visitar a maior loja da rede
daquele cliente. Quando chegou, procurou
pela poltrona que ilustrava a campanha, a
peça-chave de todo o projeto de design.
Encontrou? Não. Não estava na vitrine e
nem nos pontos de destaque da loja. Onde
estaria a poltrona que personificava toda
a ideia da nova fase daquela indústria?
Curioso, o designer perguntou a uma
vendedora, sem informar que ele era o
autor do projeto, onde estava a peça que
ilustrava a campanha de comunicação que já
chamava a atenção pelas ruas. Primeiramente,
ela não se lembrou que peça era aquela.
Depois de uma certa mímica e de quase ver o
designer desenhar no ar o modelo da poltrona,
a vendedora fez uma expressão de quem
entendeu e foi em direção ao fundo da loja.
Fez sinal para o designer lhe acompanhar.
Sabe onde estava a poltrona-símbolo da
campanha publicitária? Escondida no fundo
da loja. Quando o designer perguntou qual a
razão para aquela posição tão escondida, a
vendedora respondeu com toda a segurança:
“A coleção antiga é mais bonita”.
O que temos nesse exemplo? O fracasso de
uma estratégia comercial e de marketing
que tentou ampliar o share e fortalecer
a marca, mas que foi reduzida a pó por
falta de comunicação. O design era ruim,
o produto era mal feito, a loja era mal
localizada, a marca era desconhecida ou
o catálogo ficou mal feito? Nada disso.
Apenas faltou comunicar à equipe a nova
estratégia da empresa. Se a vendedora
tivesse sido treinada, se ela entendesse que
a empresa havia feito investimentos vultosos
na expectativa de ampliar as vendas e de
aumentar a participação no mercado, é
certo que a nova poltrona estaria na linha de
frente da loja.
Erros simples como esse, e fáceis de evitar,
colocam em risco o sucesso de uma
estratégia. A mesma situação vive aquela
artigos
pág. 88
empresa que decidiu reduzir as horas extras,
mas que não se dedicou a entender as
razões que levam à extensão do horário
de trabalho. Aparentemente, o excesso de
demanda ou a falta de pessoal poderiam
explicar a situação. Mas somente conhecer
a dinâmica do processo de trabalho, as
necessidades dos clientes e a capacidade
de produção instalada permitirá que o
gestor tire algumas conclusões. Vi isso
ocorrer em uma empresa e ao contrário de
proibir as horas extras, o gestor habilmente
mostrou o custo que elas tinham para
a organização e porque deveriam ser
evitadas. A própria equipe buscou mais
A comunicação é uma das áreas mais
esquecidas dos negócios. Em geral, ela só é
lembrada no lançamento de campanhas
publicitárias, quando o entendimento do
mercado em relação a um novo produto ou
serviço é crucial para o resultado.
Mas, no dia a dia de uma empresa, ninguém
confere se o porteiro entendeu exatamente
a importância de receber bem os clientes
e de tentar auxiliar os visitantes a estacionar
corretamente. Além de ser gentil com quem
chega, é um cuidado para aumentar a
segurança do trânsito de pedestres e de
carretas pelo pátio.
No dia em que a equipe de vendas sai para
visitar clientes e apresentar as novidades,
ninguém confere como cada vendedor
entendeu as explicações sobre os atributos e
características do produto. Percepções mudam
conforme experiências pessoais e níveis de
conhecimento. Gestores já se dão por satisfeitos
em explicar as coisas do jeito deles. Mas como
será que cada um da equipe entenderá aquilo
que foi explicado, se a bagagem que cada um
traz é individual e inigualável?
A solução para o problema não está em
destacar apenas um responsável para a
comunicação, pois ela tem que ser um hábito
de toda a organização. Temos que aprender a
ler os sinais das pessoas e entender que somos
desiguais na forma de entender e interpretar.
E jamais devemos nos esquecer do óbvio:
cada cabeça, uma sentença. Essa expressão
que os antigos usavam muito bem revela que
antes que a sentença seja dada, na cabeça
de cada de um, a comunicação deverá ser o
instrumento da defesa de toda estratégia.
Artigos
pág. 88
empresa que decidiu reduzir as horas extras,
mas que não se dedicou a entender as
razões que levam à extensão do horário
de trabalho. Aparentemente, o excesso de
demanda ou a falta de pessoal poderiam
explicar a situação. Mas somente conhecer
a dinâmica do processo de trabalho, as
necessidades dos clientes e a capacidade
de produção instalada permitirá que o
gestor tire algumas conclusões. Vi isso
ocorrer em uma empresa e ao contrário de
proibir as horas extras, o gestor habilmente
mostrou o custo que elas tinham para
a organização e porque deveriam ser
evitadas. A própria equipe buscou mais
A comunicação é uma das áreas mais
esquecidas dos negócios. Em geral, ela só é
lembrada no lançamento de campanhas
publicitárias, quando o entendimento do
mercado em relação a um novo produto ou
serviço é crucial para o resultado.
Mas, no dia a dia de uma empresa, ninguém
confere se o porteiro entendeu exatamente
a importância de receber bem os clientes
e de tentar auxiliar os visitantes a estacionar
corretamente. Além de ser gentil com quem
chega, é um cuidado para aumentar a
segurança do trânsito de pedestres e de
carretas pelo pátio.
No dia em que a equipe de vendas sai para
visitar clientes e apresentar as novidades,
ninguém confere como cada vendedor
entendeu as explicações sobre os atributos e
características do produto. Percepções mudam
conforme experiências pessoais e níveis de
conhecimento. Gestores já se dão por satisfeitos
em explicar as coisas do jeito deles. Mas como
será que cada um da equipe entenderá aquilo
que foi explicado, se a bagagem que cada um
traz é individual e inigualável?
A solução para o problema não está em
destacar apenas um responsável para a
comunicação, pois ela tem que ser um hábito
de toda a organização. Temos que aprender a
ler os sinais das pessoas e entender que somos
desiguais na forma de entender e interpretar.
E jamais devemos nos esquecer do óbvio:
cada cabeça, uma sentença. Essa expressão
que os antigos usavam muito bem revela que
antes que a sentença seja dada, na cabeça
de cada de um, a comunicação deverá ser o
instrumento da defesa de toda estratégia.
Artigos
pág. 90
Há quem diga que a humanidade prospera graças à loucura. Líderes “maníaco-depressivos” seriam mais capazes de unir os povos para construir um futuro. A depressão faria os líderes empáticos aos dramas da vida do povo. A mania faria o líder ter um fluxo intenso de idéias e cultivar utopias, incitando as pessoas ao trabalho dedicado. Falar assim é de uma psiquiatria simplista e ultrapassada. No entanto, o livro de Nassir Ghaemi, formado em Harvard, “A first-rate madness”- “Uma loucura de primeira linha”, circula desde 2011 pelo planeta e recebe créditos.
Gostamos de pensar que a criação e a transformação
tém uma raiz no tormento e na insanidade. Rondam-nos
historietas sobre a agressividade profissional de Steve Jobs,
de Anna Wintour, de diretores de teatro e cinema, de
publicitários do horário nobre, com sua magia fazedora
de vendas. Talvez ainda sejamos um pouco medievais. Ou
desconfiamos dos benefícios da normalidade.
Qualquer pessoa mais vivida sabe que as reviravoltas
políticas e tecnológicas andam juntas, e mexem
nos costumes, deixando nas ruas uma sensação de
anormalidade. A cada avanço, temos menos certeza do
que pensar, de quem ouvir, em quê trabalhar.
O mundo normal tem divisões estáveis por geografia,
classes, línguas, culturas, tribos, funções. O fato
extraordinário é que nos comove a reimaginar a vida e
ser receptivo à visão do outro. O que une a humanidade,
afinal, é a anormalidade.
por Andréa Naccache
artigos
Foto
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soal
Mas a anormalidade que agrega os povos
e os põe a criar o futuro, data venia,
Ghaemi, não precisa ser entendida em
termos psiquiátricos. Só uma sociedade
que sobrevaloriza o indivíduo imagina
que a criação e o tormento são obras da
personalidade de alguém. É ao mesmo
tempo romântico e moderno, típico dos
séculos XVIII, XIX, e início do XX, falar em dom
pessoal, em artista e gênio criativo. Ideias de
um tempo que está ficando para trás.
O criador já foi considerado especial e, por
isso, solitário. O corpo consumido no ato
criativo era frágil e adoecia. O criador era
adulado, temido, protegido. Tuberculoso,
alcoólatra, intratável, caprichoso, sensível,
elevado em sensualidade, incontido
em relacionamentos, infinito em amor.
A doença e o sofrimento eram quase os
únicos aspectos que o aproximavam dos
mortais. Fora isso, era comum o descaso
completo do criador com os problemas
da vida e do cotidiano de todos: ele não
ouvia ninguém, não perdia tempo com
os outros. Ele, em suas ocupações mais
elevadas. Mesmo se pisasse nos demais em
seu caminho, receberia palmas.
Ainda hoje, essa figura está em cena, nos
palcos, nos congressos internacionais,
nas televisões, em altos cargos. Se ela
um dia comeu brioches em Versailles,
agora transita pelas semanas de moda
do planeta. Estrela cadente. É grande
a chance de que seja atropelada pelos
novos tempos.
Nem necessário, nem suficienteEle tem 27 anos de idade, é bilionário e a
figura central do negócio mais badalado
dos últimos anos. Um exemplo da
mudança. Hollywood conta sua história.
Mark Zuckerberg, criador do Facebook, tem
a gratidão dos empresários, dos sociólogos,
dos economistas, de quem tem amigos de
infância, dos namorados, dos solteiros, dos
mochileiros, dos professores, dos agitadores
de festas. Talvez, mais que qualquer outra,
ele tenha a gratidão dos povos submetidos
a ditaduras, especialmente aqueles do
Norte da África - que viveram sua Primavera
revolucionária com a legitimidade de
fazerem o movimento juntos, seguros de
estarem bem acompanhados.
Há alguns meses, Zuckerberg foi
entrevistado sobre as vitórias que ajudou
a alcançar nos totalitarismos norte-
africanos. “Revoluções do Facebook”,
diziam os jornalistas. O menino respondeu
com a delicadeza de quem reconhece
o ponto de vista dos outros: “o Facebook
não foi nem necessário, nem suficiente”
para os sucessos das revoluções. Uma
resposta arrepiante para qualquer “estrela
criativa” à moda antiga, habituada a
agradecer aplausos. Sinal de que uma
postura diferente é convocada dos líderes
contemporâneos.
Agente de uma política virtuosa, referência
em um mundo em que a anormalidade é
a norma, Zuckerberg responde sem mania,
nem depressão. Sem agressividade, sem
créditos pessoais, sem arrogar-se o “gênio”,
sem desprezo pela realização dos outros.
Herói por acaso, diz-se, porque sua rede
social, como tantos outros frutos da era
digital, foi um sucesso quase por acidente,
na diversão de estudantes – e vale lembrar
que assim nasceu também o precioso
sistema Linux, nas mãos de um outro menino
de 21 anos.
No mundo atual, quando os agentes
criativos vestem moletons (há de ser uma
onda passageira, não?), as duras cenas de
Meryl Streep e Anne Hathaway começam a
ficar fora de moda. O diabo está nu.
Grupos criativosA questão profissional então será: podemos
ser radicalmente inovadores sem agirmos
como Steve Jobs? Sem desmoralizar os
esforços dos colaboradores, sem demissões
de elevador, sem berros na sala da
presidência?
A crença de que o assédio estimula e
motiva é apenas “ilusão de ótica”. Nosso
pensamento forma sentido sempre depois
de colher os dados. Se o técnico gritou
artigos
pág. 90
Há quem diga que a humanidade prospera graças à loucura. Líderes “maníaco-depressivos” seriam mais capazes de unir os povos para construir um futuro. A depressão faria os líderes empáticos aos dramas da vida do povo. A mania faria o líder ter um fluxo intenso de idéias e cultivar utopias, incitando as pessoas ao trabalho dedicado. Falar assim é de uma psiquiatria simplista e ultrapassada. No entanto, o livro de Nassir Ghaemi, formado em Harvard, “A first-rate madness”- “Uma loucura de primeira linha”, circula desde 2011 pelo planeta e recebe créditos.
Gostamos de pensar que a criação e a transformação
tém uma raiz no tormento e na insanidade. Rondam-nos
historietas sobre a agressividade profissional de Steve Jobs,
de Anna Wintour, de diretores de teatro e cinema, de
publicitários do horário nobre, com sua magia fazedora
de vendas. Talvez ainda sejamos um pouco medievais. Ou
desconfiamos dos benefícios da normalidade.
Qualquer pessoa mais vivida sabe que as reviravoltas
políticas e tecnológicas andam juntas, e mexem
nos costumes, deixando nas ruas uma sensação de
anormalidade. A cada avanço, temos menos certeza do
que pensar, de quem ouvir, em quê trabalhar.
O mundo normal tem divisões estáveis por geografia,
classes, línguas, culturas, tribos, funções. O fato
extraordinário é que nos comove a reimaginar a vida e
ser receptivo à visão do outro. O que une a humanidade,
afinal, é a anormalidade.
por Andréa Naccache
artigos
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Mas a anormalidade que agrega os povos
e os põe a criar o futuro, data venia,
Ghaemi, não precisa ser entendida em
termos psiquiátricos. Só uma sociedade
que sobrevaloriza o indivíduo imagina
que a criação e o tormento são obras da
personalidade de alguém. É ao mesmo
tempo romântico e moderno, típico dos
séculos XVIII, XIX, e início do XX, falar em dom
pessoal, em artista e gênio criativo. Ideias de
um tempo que está ficando para trás.
O criador já foi considerado especial e, por
isso, solitário. O corpo consumido no ato
criativo era frágil e adoecia. O criador era
adulado, temido, protegido. Tuberculoso,
alcoólatra, intratável, caprichoso, sensível,
elevado em sensualidade, incontido
em relacionamentos, infinito em amor.
A doença e o sofrimento eram quase os
únicos aspectos que o aproximavam dos
mortais. Fora isso, era comum o descaso
completo do criador com os problemas
da vida e do cotidiano de todos: ele não
ouvia ninguém, não perdia tempo com
os outros. Ele, em suas ocupações mais
elevadas. Mesmo se pisasse nos demais em
seu caminho, receberia palmas.
Ainda hoje, essa figura está em cena, nos
palcos, nos congressos internacionais,
nas televisões, em altos cargos. Se ela
um dia comeu brioches em Versailles,
agora transita pelas semanas de moda
do planeta. Estrela cadente. É grande
a chance de que seja atropelada pelos
novos tempos.
Nem necessário, nem suficienteEle tem 27 anos de idade, é bilionário e a
figura central do negócio mais badalado
dos últimos anos. Um exemplo da
mudança. Hollywood conta sua história.
Mark Zuckerberg, criador do Facebook, tem
a gratidão dos empresários, dos sociólogos,
dos economistas, de quem tem amigos de
infância, dos namorados, dos solteiros, dos
mochileiros, dos professores, dos agitadores
de festas. Talvez, mais que qualquer outra,
ele tenha a gratidão dos povos submetidos
a ditaduras, especialmente aqueles do
Norte da África - que viveram sua Primavera
revolucionária com a legitimidade de
fazerem o movimento juntos, seguros de
estarem bem acompanhados.
Há alguns meses, Zuckerberg foi
entrevistado sobre as vitórias que ajudou
a alcançar nos totalitarismos norte-
africanos. “Revoluções do Facebook”,
diziam os jornalistas. O menino respondeu
com a delicadeza de quem reconhece
o ponto de vista dos outros: “o Facebook
não foi nem necessário, nem suficiente”
para os sucessos das revoluções. Uma
resposta arrepiante para qualquer “estrela
criativa” à moda antiga, habituada a
agradecer aplausos. Sinal de que uma
postura diferente é convocada dos líderes
contemporâneos.
Agente de uma política virtuosa, referência
em um mundo em que a anormalidade é
a norma, Zuckerberg responde sem mania,
nem depressão. Sem agressividade, sem
créditos pessoais, sem arrogar-se o “gênio”,
sem desprezo pela realização dos outros.
Herói por acaso, diz-se, porque sua rede
social, como tantos outros frutos da era
digital, foi um sucesso quase por acidente,
na diversão de estudantes – e vale lembrar
que assim nasceu também o precioso
sistema Linux, nas mãos de um outro menino
de 21 anos.
No mundo atual, quando os agentes
criativos vestem moletons (há de ser uma
onda passageira, não?), as duras cenas de
Meryl Streep e Anne Hathaway começam a
ficar fora de moda. O diabo está nu.
Grupos criativosA questão profissional então será: podemos
ser radicalmente inovadores sem agirmos
como Steve Jobs? Sem desmoralizar os
esforços dos colaboradores, sem demissões
de elevador, sem berros na sala da
presidência?
A crença de que o assédio estimula e
motiva é apenas “ilusão de ótica”. Nosso
pensamento forma sentido sempre depois
de colher os dados. Se o técnico gritou
artigos
pág. 92
com a pequena ginasta, e ela venceu as olimpíadas, os
gritos passam a ser considerados ingredientes do sucesso.
Grande falácia.
Estudando grupos criativos da Antiguidade à era da net,
vemos alguns elementos cruciais à inovação sempre
presentes. Os criadores e suas equipes mantêm diálogo
com pessoas estimulantes, fazem laços intensos com o
trabalho e seus parceiros, têm recursos e tempo aberto
para a pesquisa aleatória, autônoma, com liberdade de
tentativa e, especialmente, de erro. A pressão que sofrem
é a de fazer um trabalho consequente para o mundo (há
quem confunda isso com prazos estreitos), com a certeza
de que seus frutos serão avaliados por critérios externos,
até imponderáveis.
A criação acontece com, sem ou apesar dos gritos dos
líderes de projeto - jamais necessários. A rigor, o mérito
criativo está em quem tem a doçura de suportar a
agressividade na hierarquia.
Os homens já foram donos de homens, para premiar
e punir: na escravidão ou nos salários. Também já se
acreditaram donos de idéias. Agora, não há mais lugar
para narcisismo na criação.
O criador contemporâneo assume ser levado por alguma
“musa”, mais que por seu ego. Ninguém, em um mundo
em rede, poderá negar suas influências e referências. As
musas contemporâneas chamam-se creative commons,
e são evocadas por banda larga. Elas são nossos
parceiros globais de reflexão. Porque pensamos juntos
hoje, a pós-modernidade nos faz “donos” apenas de
nossas realizações e atitudes - em uma era que tende a
refinar sua ética.
Nas atitudes, vemos bem como as pessoas tocam as
vidas de outras. Nasce uma sociedade mais responsável,
cuidadosa dos resultados sociais, culturais, econômicos,
ecológicos de cada gesto. Estamos cada vez menos
donos e mais parceiros. Agora, até as crianças estão
atentas. Logo será difícil alguém fazer o diabo, só porque
veste Prada.
Foto
: arq
uivo
pes
soal
Foto
: arq
uivo
pes
soal
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com a pequena ginasta, e ela venceu as olimpíadas, os
gritos passam a ser considerados ingredientes do sucesso.
Grande falácia.
Estudando grupos criativos da Antiguidade à era da net,
vemos alguns elementos cruciais à inovação sempre
presentes. Os criadores e suas equipes mantêm diálogo
com pessoas estimulantes, fazem laços intensos com o
trabalho e seus parceiros, têm recursos e tempo aberto
para a pesquisa aleatória, autônoma, com liberdade de
tentativa e, especialmente, de erro. A pressão que sofrem
é a de fazer um trabalho consequente para o mundo (há
quem confunda isso com prazos estreitos), com a certeza
de que seus frutos serão avaliados por critérios externos,
até imponderáveis.
A criação acontece com, sem ou apesar dos gritos dos
líderes de projeto - jamais necessários. A rigor, o mérito
criativo está em quem tem a doçura de suportar a
agressividade na hierarquia.
Os homens já foram donos de homens, para premiar
e punir: na escravidão ou nos salários. Também já se
acreditaram donos de idéias. Agora, não há mais lugar
para narcisismo na criação.
O criador contemporâneo assume ser levado por alguma
“musa”, mais que por seu ego. Ninguém, em um mundo
em rede, poderá negar suas influências e referências. As
musas contemporâneas chamam-se creative commons,
e são evocadas por banda larga. Elas são nossos
parceiros globais de reflexão. Porque pensamos juntos
hoje, a pós-modernidade nos faz “donos” apenas de
nossas realizações e atitudes - em uma era que tende a
refinar sua ética.
Nas atitudes, vemos bem como as pessoas tocam as
vidas de outras. Nasce uma sociedade mais responsável,
cuidadosa dos resultados sociais, culturais, econômicos,
ecológicos de cada gesto. Estamos cada vez menos
donos e mais parceiros. Agora, até as crianças estão
atentas. Logo será difícil alguém fazer o diabo, só porque
veste Prada.
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