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«BOLSA DE I&D> Dez inovações à procura de capital Representam a mais recente inovação made in Portugal e novas oportunidades de investigação e desenvolvimento para quem quer investir de OlhOS pOStOS no futuro / Texto Maria João Alexandre O Se é investidor e tem olho para novas ideias mais ou menos disruptivas, esta bolsa de oportunidades de investigação e desenvolvimento (I&D) agrega o que de melhor se faz em Portugal. Todos os dias nos chegam notícias de produtos ou so- luções lusas que ganham prémios de mo vação e empreendedorismo. Muitos foram apadrinhados ou até encomendados aos gabinetes de I&D por empresas com cul- tura de inovação. Antes de serem notícia, esses projetos começaram por ser um embrião de negó- cio, passando por centros de incubação que os acolheram e apoiaram antes de serem empresa. Pelo caminho, essas ideias tiveram de prestar duras provas, demons- trando a sua viabilidade. Falamos de mo- delos, testes in vitro e in vivo, protótipos e demonstração de efeitos de escala através de planos de negócio bem detalhados. Al- guém, em certo momento, acreditou ne- les, investiu e pensou mais além. São essas oportunidades que a EXAME desvenda caso pretenda investir em ideias e tornar- -se parceiro da investigação em Portugal. Qual é a nextbig thing nacional? A EXAME visitou os campus de 20 uni- versidades c instituições que funcionam como interface entre o mundo letivo e o das empresas c como ligação ao uni- verso dos gabinetes de apoio à promoção da propriedade industrial (GAPI). De lá trouxe uma dezena de ideias de projetos. Éo que de mais recente está a acontecer na academia e nas incubadoras, e por isso ainda desconhecido de todos os que estão fora das portas das instituições de ensino onde acontece a maior fatia da I&D produzida em Portugal. Tudo co- meçou com uma questão de arranque: onde estão os produtos e serviços do fu- turo que os investidores não vão querer perder? No final selecionámos projetos das Universidades do Minho (três), de Aveiro (quatro), de Lisboa (um) e de Évora (dois) . Equipa da Improveat na centro de incubação da Universidade do Minho Ana Cristina Pinheiro mostra corno efeito o revestimento da fruta por imersão, acompanhada por Miguel Cerquei ra(à direita na foto) e Hélder Silva

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«BOLSA DE I&D>

Dez inovaçõesà procurade capitalRepresentam a mais recente inovação made in Portugal e novasoportunidades de investigação e desenvolvimento para quemquer investir de OlhOS pOStOS no futuro / Texto Maria João Alexandre

O Se é investidor e tem olho para novasideias mais ou menos disruptivas, esta

bolsa de oportunidades de investigaçãoe desenvolvimento (I&D) agrega o que de

melhor se faz em Portugal. Todos os dias

nos chegam notícias de produtos ou so-

luções lusas que ganham prémios de mo

vação e empreendedorismo. Muitos foram

apadrinhados ou até encomendados aos

gabinetes de I&D por empresas com cul-tura de inovação.

Antes de serem notícia, esses projetos

começaram por ser um embrião de negó-cio, passando por centros de incubaçãoque os acolheram e apoiaram antes de

serem empresa. Pelo caminho, essas ideias

tiveram de prestar duras provas, demons-trando a sua viabilidade. Falamos de mo-delos, testes in vitro e in vivo, protótipos e

demonstração de efeitos de escala através

de planos de negócio bem detalhados. Al-guém, em certo momento, acreditou ne-les, investiu e pensou mais além. São essas

oportunidades que a EXAME desvendacaso pretenda investir em ideias e tornar--se parceiro da investigação em Portugal.

Qual é a nextbig thing nacional?A EXAME visitou os campus de 20 uni-versidades c instituições que funcionam

como interface entre o mundo letivo e

o das empresas c como ligação ao uni-verso dos gabinetes de apoio à promoçãoda propriedade industrial (GAPI). De látrouxe uma dezena de ideias de projetos.É o que de mais recente está a acontecerna academia e nas incubadoras, e porisso ainda desconhecido de todos os queestão fora das portas das instituições deensino onde acontece a maior fatia daI&D produzida em Portugal. Tudo co-

meçou com uma questão de arranque:onde estão os produtos e serviços do fu-turo que os investidores não vão quererperder? No final selecionámos projetosdas Universidades do Minho (três), de

Aveiro (quatro), de Lisboa (um) e deÉvora (dois) .

Equipa da Improveat na centro deincubação da Universidade do MinhoAna Cristina Pinheiro mostra corno efeitoo revestimento da fruta por imersão,acompanhada por Miguel Cerquei ra(àdireita na foto) e Hélder Silva

Casca para comerRevestimentos comestíveis para queijos,enchidos e fruta

Conceito Graças ao BioCheeseCoat, a marcade um dos revestimentos comestíveis para a

conservação de queijos, já se pode comer a

casca do queijo industrial como se fosse queijoartesa nal

Empresa Improveat (agosto de 2013)

Fase atual Prova de conceito avançada e em

processo de pré-incubaçãoÁreas tecnológicas Engenharia e TecnologiaAlimentar

Setores alvo da tecnologia Indústria alimentar

Investimento inicial 100.000 euros (comretorno a três anos)

% que necessita de financiamento 80%Outros apoios procurados Apoio â

internacionalizaçãoWebsite www.improveat.pt

O QUEIJOINDUSTRIAL

DE CASCACOMESTÍVELTALHADOÀ MEDIDA

Quando compra um queijo industrial e

chega a casa e parte a primeira fatia, per-cebe que está envolto em algo parecidocom plástico, portanto não comestível.O mesmo acontece com os enchidos in-dustriais que traz do supermercado. Nos

dois casos, se retirar a película, o alimen-to perde poder de conservação. Se optarpor deixar o revestimento, sujeita-se aocontacto com aquela substância químicasempre que voltar a servir-se. Para subs-

tituir estas películas artificiais que reves-tem, por exemplo, os queijos de produçãoindustrial e que são sintéticas, portantonão comestíveis, a Improveat, empresa decinco investigadores, lançou revestimentoscomestíveis e biodegradáveis, que estudadesde 2006 na Universidade do Minho.São feitos de proteínas, polissacarídeos e

lípidos e vêm satisfazer a necessidade de

aumentar o tempo de conservação dos

alimentos, procura essa já identificada

pela equipa junto da indústria alimentar:laticínios (queijos), hortoíratícolas (trutase legumes) e charcutaria (enchidos) . A tec-

nologia de revestimentos comestíveis paraa indústria alimentar não é nova, sendo

utilizada na conservação de frutas. Então,o que traz de novo a Improveat? Faz reves-timentos à medida das necessidades dos

clientes (produtores do agroalimentar) e

das características de cada alimento. Por

exemplo, "a utilização de um revestimentoúnico para queijos diminui a possibilidadede sucesso, uma vez que podemos ter quei-jos com propriedades completamente di-ferentes", explica Miguel Cerqueira, invés

tigador no Centro de Engenharia Biológicada Universidade do Minho. Hoje é a única a

desenvolver revestimentos comestíveis à Ia

carie, ou seja, à medida dos produtos ali-mentares e de acordo com as necessidadesde cada indústria.

©KITSVIRTUAIS DEEXPLICAÇÕES ETEMPOS LIVRES

Nove investigadores do Grupo Universi-tário de Investigação de Autorregulaçãoda Aprendizagem (Guia), que nasceu naEscola de Psicologia da Universidade do

Minho, estão a desenvolver boxes onlinede explicações em todas as matérias,como matemática, português ou línguasestrangeiras, e de tempos livres, comoo desporto, colónias de férias, e ateliersde pintura. A ideia é lançar em Portugal(depois na Europa e na lusofonia) umaplataforma na Internet onde o educador

possa comprar, através de transferência

bancaria, numa primeira fase do projeto,um vale de explicações ou atividades ex-tracurriculares para crianças e jovens dos5 aos 18 anos. As aulas propriamente di-tas são presenciais e dadas por parceirosem todo o País, como centros de apoiopedagógico, ateliers, institutos de lín-guas e centros de desenvolvimento. Novo

em Portugal, como garante a equipa de

nove investigadores dos 25 aos 50 anos, o

conceito engloba outra área de negócio:venda online de jogos interativos cria-dos pelo grupo Guia. Estes passam peloensino de métodos de estudo (aprendera planear, executar e avaliar) e da mate-mática com um tutor virtual para alu-nos do 5. s ao 9.- ano de escolaridade. É

o Hypatiamat, explica Armanda Pereira,uma das promotoras do projeto EDi&Co,

que quer promover o empowerment e o

ensino do "aprender a aprender" logo emtenra idade.

Novas explicaçõesSeis dos nove investigadores da Edy&Co (da

esquerda para a direita): Jennifer Cunha, Tânia

Nunes, Julia Hogemann, Armanda Pereira,Ricardo Pinto e Pedro Rosário

Conceito Pacotes virtuais de explicações,atividades extracurriculares e métodos deestudo para crianças ejovens

Empresa Edy&Co (2011)

Fase atua! Pré-incubaçãoÁreas tecnológicas Tecnologias da educaçãoSetores alvo da tecnologia Crianças ejovens,agregados familiares, instituições de ensino,

empresas da área educativa

Investimento inicial 10.000 euros (com retornoprevisto para o primeiro ano)

% que necessita de financiamento 100%

Outros apoios procurados Marketing e

Estratégia, Gestão e Economia, Avaliação da

Qualidade, Empreendedorismo Social

Website www.guia-psiedu.com;www.hypatiamat.com

©DOSÍMETROSSENSÍVEISCONTRA OCANCRO

Investigadores da Universidade de Aveiro

desenvolveram um dosímetro, permitindoo oposto daquilo que hoje acontece no tra-tamento do cancro, em que a dose é forne-cida tanto ao tumor como aos tecidos sau-dáveis. A vantagem do dosímetro é, paraJosé Paulo Rainho, coordenador da Uni-dade de Transferência de Tecnologia daUniversidade de Aveiro (UATEC) , permitiro tratamento de diversos tipos de cancro

pela sua sensibilidade: faz a dosimetriain vivo (diretamente no paciente) , umaleitura em tempo real e permite aplicar adose de forma mais eficiente nas áreas em

que é necessária. A equipa procura finan-ciamento para desenvolver a parte clínicado dispositivo. E a universidade procurapara a fase de I&D licenciamento e comer-

cialização. Além da radioterapia e da ima-giologia, aplica-se ao controlo da radiaçãona segurança de aeroportos, transportespúblicos, edifícios e ambiente industrial.O projeto nasceu de uma tese de mestradoe patente da Universidade de Aveiro.

O poder do dosímetroJoão Veloso, Filipe Castro e Luís Moutinho (dadireita para a esquerda.) mostram o protótipolaboratorial da sua invenção, que precisa deinvestidores para passar ao protótipo comercial

e aos testes clínicos

Conceito Dosímetro para tratamento do cancro

Fase atual Protótipo laboratorial. Princípio de

operação testado. Encontra-se em fase de

otimização para ensaios em ambiente clínico

Áreas tecnológicas Física Médica, Saúde,

Oncologia

Setores alvo da tecnologia Indústria biomédica,

diagnóstico, produtores de equipamento,controlo e segurança radiológica (médico, de

medida de radiação, eletrónico)

Investimento inicial 70.000 euros (a recuperarem quatro anos)

% que necessita de financiamento 100%

Outros apoios procurados Unidades clínicas

para adaptação a necessidades específicas etestes clínicos

O TINTASLOWCOST

PARA SENSORESELETRÓNICOS

Prontas a serem comercializadas, as três

tintas da Nanopaint permitem imprimirem sensores eletrónicos. Qual a diferençaentre estas novas tintas e as tintas condu-

toras, isoladoras ou semicondutoras paraimpressoras a jato de tinta para o fabricode eletrónica? Segundo Juliana OliveiraFerreira, empreendedora do programado governo Passaporte para o Empreen-dedorismo, "estas são as primeiras tintas

para o fabrico de sensores eletrónicos em

aplicações industriais". Além disso, tor-nam a produção mais simples e flexívele têm um custo reduzido. Destinam-se,numa primeira fase, a investigadores em

Baratas e tecnológicasJuliana Ferreira e Sylvie Ribeiro (na foto)

procuram financiamento e parcerias para iremalém do protótipo. As jovens cientistas sonham

em vender para a indústria têxtil e automóvelem todo o mundo

Conceito Tintas para imprimir em sensoreseletrónicos

Empresa NanopaintFase atual O protótipo já existe e o projetoprocura financiamento

Áreas tecnológicas Nano e microtecnologias eeletrónica flexível

Setores alvo da tecnologia Investigadores,indústria têxtil e automóvel, por exemploInvestimento inicial 100.000 euros (a

recuperar em três anos)

% que necessita de financiamento 100%

Outros apoios procurados Parcerias com

empresas que desenvolvam tintas ou sensores

específicos para aplicações industriais

Website www.nanopaint.pthttp://esm.fisica.uminho.pt

Impressora a jato de tinta As novas tintas sãoespecíficas para sensores e atuadores e vêmalargar a lista de dispositivos que podem serimpressos na indústria

nanotecnologias e eletrónica flexível porvenda direta. Mais tarde, o grupo de inves-

tigação da Universidade do Minho, commais de 10 anos de experiência e que está

na origem de duas spin-off (novas em-presas que decorrem de projetos de I&Dde universidades), acredita que as novastintas deverão chegar aos industriais pormeio de parcerias com distribuidores emdiversos países.

Tudo se transformaO casal Eríka e Filipe Davím (na foto abaixo)vivem incubados na Universidade de Aveiro

para reutilizar o que resta da incineração do lixo.

São parceiros as incineradoras Valor Sul e Lipor

Conceito Fazer cerâmica e vidro a partirde escórias de resíduos sólidos urbanosincinerados

Empresa EcolnCer

Fase atual Incubação na Incubadora de

Empresas da Universidade de Aveiro. Possui

protótipo laboratorial e está a finalizar um

protótipo industrial para o setor de pavimentoe revestimento cerâmico, indústria do barro

vermelho (tijolo e telha) e para a indústriavidreira. Detém uma patente europeia.Áreas tecnológicas Ciências dos materiais

Setores alvo da tecnologia Indústria cerâmica

e vidreira

Investimento inicial 750.000 euros (a

recuperar em três anos)

% que necessita de financiamento 85%

©FAZERAZULEJOSCOM LIXO

Fazer cerâmica e vidro com escórias resul-tantes da incineração de resíduos sólidosurbanos (RSU), ou seja, do lixo que sai

das nossas casas depois de ser queimadoa altas temperaturas, é a ideia da Ecoln-Cer. A empresa é promovida pelo casalDavim - a doutoranda Erika e o bolseirode investigação Filipe -, as Universidadesde Aveiro e Nova de Lisboa e as empre-sas que recolhem e fazem a incineraçãode lixo doméstico, a Lipor, no Porto, e aValor Sul, em Lisboa. A matéria-prima é

o lixo doméstico, não perigoso, ficandode fora os resíduos industriais e hospi-talares. Este lixo é incinerado a 1200 s C--1400 s C, resultando em cinzas de fundo- a que se chama escórias. O trabalho daEcolnCer começa aqui, no tratamento e

valorização dessas escórias através de ma-quinaria e processos que as adequam aos

setores da cerâmica e vidreira. O objetivoé substituir as matérias-primas naturais,como areias, feldspatos, caulinos e bar-ros, pelo que sai das incineradoras. ErikaDavim, de 35 anos, e Filipe Davim, de 33,vivem incubados há um ano e meio naUniversidade de Aveiro para transformaros RSU em pavimentos, revestimentos,tijolos, telhas, vidros e cerâmica utilitáriae decorativa. "Em Portugal produzem--se cerca de cinco milhões de toneladasde RSU por ano, com destino a aterros,e cerca de 20% dos resíduos produzidossão incinerados" , afirma Filipe Davim. Poroutro lado, os fabricantes de matéria-pri-ma para a indústria cerâmica, que usambens naturais escassos, como minerais de

argila, quartzo e feldspato, procuram so-

luções mais baratas e com menor impactoambiental, como as que a EcolnCer querpassar a oferecer. Não existe nenhuma em-presa a incorporar escórias de RSU parafazer cerâmica ou vidro em Portugal, naEuropa e no mundo, explicou nos ErikaDavim, que estuda este tema desde a li-cenciatura em Engenharia Cerâmica e do

Vidro.

©EVITARQUE AÁGUA POTÁVELESCORRA PARAO ESGOTO

Quando se abre uma torneira de águaquente, a água não sai quente de imediato.Até sair na temperatura desejada, a águaescorre pelo menos durante meio minuto

para o lavatório ou banheira e é desper-diçada. Ora, é para combater esta perda e

impedir que água potável escorra para o

esgoto que o investigador da Universidadede Aveiro (UA) Vítor Costa tem vindo a tra-balhar. A invenção assegura que a saídade água quente seja feita acima de umatemperatura previamente estabelecida.Esta vem ainda permitir acumular água

no esquentador ate estar na temperaturadesejada. Assim, a água fica aí reservada e

pode ser usada posteriormente, evitando

que escorra e se perca. Só quando atingea temperatura ideal (predefinida) é que saido esquentador. O sistema de poupançade água pode ser usado em esquentado-res ou caldeiras de água quente. O objetivoé poupar água potável que todos os dias

é lançada diretamente para o esgoto. As

soluções existentes precisam de motoresou bombas, sistemas auxiliares de aqueci-mento de água, ambos alimentados eletri-camente. Esta nova solução "funciona au-tomaticamente, sem recurso a intervençãohumana, e não precisa de meios adicionais

de alimentação", explica o promotor do

Departamento de Engenharia Mecânicada Universidade de Aveiro.

Poupar o essencialO professor Vítor Costa, da Universidade deAveiro (na foto), quer licenciar a sua tecnologia.Procura parcerias com empresas de fabrico de

esquentadores ou caldeiras de água quente

Conceito Novo sistema de poupança de águapara ser usado em esquentadores ou caldeiras

de abastecimento de água quente, evitando

que no tempo que demora a aquecer a águapotável esta escorra para o esgoto

Fase atual Princípio de funcionamento provado.A universidade procura empresas de fabrico

de esquentadores ou caldeiras de água quentepara licenciar a tecnologia e, em conjunto,desenvolverem o sistema

Setores alvo da tecnologia Indústria: empresasde fabrico de esquentadores ou caldeiras deabastecimento de água quente

COMO FINANCIARUMA IDEIA

Formas do financiamento: daideia à internacionalização

FASES DO CAPITAL DE RISCOO capital de risco é um inves-timento temporário (quatro a

sete anos) em empresas comelevado potencial de cresci-mento através da aquisição de

participações no seu capitalsocial - geralmente participa-ções minoritárias. A expec-tativa é obter mais-valias nocurto ou médio prazo e vira sair do capital da empresaapós a intervenção na gestãoe suposta valorização do

negócio. Neste momento, em

Portugal o capital de risco e

a private equity públicos são

geridos pela Portugal Ventu-

res, que resulta da fusão daAICEP Capital Global, Inov-

Capital e Turismo Capital.

É o financiamento maisdifícil de conseguir, poisainda não há nada que ga-ranta retorno. O seed capital(capital semente) é útil numafase inicial, em que existesó a ideia ou um projeto a

comprovar. O momento é

de validação do conceito

enquanto potencial negócio.Pode servir para financiarum conceito, protótipo ou

pesquisa de mercado.Nesta fase embrionária, é

uma sorte conseguir business

angels que aceitem investir.Este é o nome dado a investi-dores privados que apostamde forma isolada ou atravésde sociedades de business

angels no promotor de umaideia de negócio atrativa e

QUANDO HÁ APENAS UMAIDEIA SEM EMPRESA CRIADA

com potencial de valorização,ajudando a criar a empre-sa. Além do investimentofinanceiro, que se traduz em

participação no capital da

empresa, oferecem conheci-mento e contactos.

CROWDFUNDINCNa fase inicial, há quemrecorra ao capital de umamultidão através de platafor-mas na Internet que ligam os

promotores a potenciais in-vestidores em todo o mundo.Os fundos de uma multidãosão gerados quando muitas

pessoas individualmente

apoiam as ideias ou iniciati-vas com quantias pequenas.

FASE DE ARRANQUE ANTESDA COMERCIALIZAÇÃOOutra das formas de entradado capital de risco é na fase

start up, em que o investi-mento é feito no capital de

empresas existentes ou em

processo final de instalação,com um projeto desenvol-

vido, mas que não iniciaramainda a comercialização. O

grau de risco é grande, assim

como o potencial de lucro.

PRIVATEEQUITYTrata-se de um financiamen-to privado por via do capitalpróprio. Tem a vantagem de

aumentar a solidez da em-presa (o capital próprio temcaracterísticas de perma-nência) . Aplica-se a empre-sas com historial mas quenecessitam de financiamento

para passar ao próximo nível,isto é, financiar a internaci-

onalização, uma fusão ou aentrada na bolsa de valores.

©EVITAROS

DESPERDÍCIOSNAS TORNEIRAS DEÁGUA QUENTE

Com uma tecnologia diferente, VítorCosta, da Universidade de Aveiro, está ainventar outra forma de poupar água, masdesta vez aplicada às canalizações, e nãoaos esquentadores, evitando desperdícios

enquanto se espera que aqueça. O sistema

(conjunto de peças) deverá garantir que a

água que sai pela torneira só sai se estiver

quente. Até atingir uma temperatura pre-definida, fica acumulada num reservatório

adicionado aos canos.

CanalizaçõesecológicasO novo sistema vem garantir que a água que sai

pela torneira de água quente só sai se estiver

quente

Conceito Sistema para poupar água aplicado às

canalizações, evitando desperdícios enquantoaqueceFase atual A universidade procura estabelecer

parcerias com empresas de fabrico de

canalizações e torneiras

Setores alvo da tecnologia Indústria: empresasde fabrico de instalações de água

©AZEITONAA VIBRARPELA COPA

No olival intensivo, a técnica tradicionalde colheita com vibradores de tronco tem

limitações, como a falta de espaço e a repe-tição de ciclos de manobras, que originamenorme fadiga nos trabalhadores. Atenta a

estes problemas, a empresa Vicort - VictorCardoso junta se à Universidade de Évora,através do Grupo de Mecanização do De-partamento de Engenharia Rural da Escola

de Ciência e Tecnologia, para criar umanova máquina de apanha de azeitona porvibração da copa da árvore, percorrendoo pomar de uma forma contínua.

A nova tecnologia dispensa grandeparte da mão-de-obra e colhe a azeitonaatravés de uma abordagem lateral (em si-

multâneo, as fileiras da esquerda e da di-reita) , sem passar por cima da árvore ou ar-busto, explica José Oliveira Peça, professorassociado do Departamento de EngenhariaRural da Universidade de Évora e investi-

gador integrado do Instituto de Ciências

Agrárias e Ambientais Mediterrânicas. Os

promotores procuram um financiador paraproduzir o equipamento e comercializá-lo

em Portugal e no estrangeiro.

Inovar na colheitaO grupo responsáveljunto à versão pré--produção em Monforte (da esquerda para adireita): António Bento Dias (Univ. de Évora),José Maria Falcão (sociedade agrícola Torre de

Figueiras), José Oliveira Peça (Univ. de Évora) eVítor Cardoso (Vicort)

Conceito Nova máquina de apanha de azeitona

por vibração da copa da árvore e de forma

lateral, sem passar por cima da árvore ouarbusto.

Empresa Vicort - Victor Cardoso

Fase atual Após a construção da versão

protótipo e do seu ensaio na campanha de

2011-2012, finalizou-se a construção da versão

pré-produção, que está a ser ensaiada

Áreas tecnológicas Agricultura, agroalimentar,

construção de máquinasSetores alvo da tecnologia Olivicultura

e produção de azeite, construtores de

equipamentos agrícolas e florestais.

Websitewww.icaam-projects.uevora.pt/mcca

©USARO

CABELONO COMBATEÀ DROGA

Descontaminar

Sabia que o cabelo é muito útil na pesquisade drogas? É que, ao contrário do sangueou da urina, é uma amostra válida mesmousada anos após o consumo das drogas.Serve para descobrir o consumo de drogasno local de trabalho, crimes que envolvam

drogas, exposição pré-natal a drogas, contro-le de doping e monitorização terapêutica de

fármacos, por exemplo. Mas para ser usado

como teste o cabelo tem de ser descontami-nado em primeiro lugar. É isso mesmo queJosé Restolho, aluno de doutoramento daFaculdade de Farmácia da Universidade de

Lisboa (UL), propõe com o lançamento de

um kit pronto a usar de descontaminaçãode cabelo humano para pesquisa de drogas,um produto feito para a exportação, dado o

Na Universidade de Lisboa, Mário Barroso,Carlos Afonso, José Restolho e Benilde

Saramago (da esquerda para a direita) estão acriar um novo método para limpar amostras de

cabelo e saber se a pessoa consumiu drogas- mesmo que o teste seja feito anos depois do

consumo

Conceito Kit prontos a usar de

descontaminação de cabelo humano parapesquisa de drogas de abuso

Empresa Hairtubes

Fase atual Os k/tsjá estão desenvolvidos evalidados

Áreas tecnológicas Toxicologia forense

Setores alvo da tecnologia Laboratórios de

toxicologia forense públicos e privadosInvestimento inicial 100.000 euros (a

recuperar entre dois a três anos)

% que necessita de financiamento 70%

mercado em Portugal ser inexistente. "Os

métodos que existem hoje não permitemuma descontaminação credível das amostras

(etapa de pré-lavagem)", explica. Enquantoa descontaminação pelos métodos conven-cionais exige que o analista descontamineamostra a amostra, o que implica 5 a 10 mi-nutos por amostra, a nova tecnologia remo-ve todos os contaminantes da superfície do

cabelo, sem qualquer contacto físico entre o

extrator e a amostra. O resultado é o aumen-to do nível de eficiência na descontaminação,

podendo chegar a 20% de diferença face aos

métodos atuais, aponta José Restolho. E além

disso, apesar de o processo demorar 15 horas,

"a ideia é que a descontaminação seja feita

durante a noite, não afetando o expedientedo laboratório", destaca o investigador, que

começou a trabalhar nesta ideia quando es-tava a fazer a tese de mestrado em Medicina

Legal e Ciências Forenses na Faculdade deMedicina da UL. Hoje, o projeto tem como

promotores a Faculdade de Farmácia da UL,o Instituto Superior Técnico e o Serviço de

Toxicologia Forense da Delegação do Sul do

Instituto Nacional de Medicina Legal.

©MÁQUINADE

TRANSPLANTEDE GRANDESÁRVORES

Grandes árvores, como oliveiras, sobrei-

ros, azinheiras e pinheiros, poderão vira ser transplantadas com uma nova tec-nologia que está a ser desenvolvida pelaMaquinarte, empresa de investigação e

desenvolvimento de máquinas instaladano Parque de Ciência e Tecnologia do

Alentejo, em parceria com a Universi-dade de Évora. A curto prazo, prevê-sea construção de um protótipo e certi-ficação de um modelo de transplante.Trata-se de um equipamento indicadopara árvores de médio e grande porte e

que garante a sobrevivência e adapta-ção das árvores aos locais onde passa-rão a ser instaladas. O Treemover é umamáquina com 7,5 metros de largura e

desmontável para ser facilmente trans-portada - mesmo quando os acessos são

por caminhos de cabras. Em Portugal e

na Europa não há nada parecido e quepermita extrair as árvores com o "tor-rão", ou seja, com toda a raiz e terra queas envolvem. "Nos Estados Unidos existeuma máquina com estas funções, mas

que não se desmonta e portanto não é

facilmente transportável", explica José

Inocêncio, sócio da Maquinarte. O dra-ma do abate de árvores antigas, como o

sobreiro, deixará assim de fazer sentido,uma vez que são apenas deslocadas e

não cortadas. O investimento previstoé de cerca de um milhão de euros (a

recuperar entre quatro a seis anos) e

os promotores procuram parceiros dis-

postos a financiar 40% desse valor. Nomercado nacional já foram identificados

potenciais parceiros e prevê-se a expor-tação para países da União Europeia. Na

origem desta invenção está um estudofeito em parceria com a Universidade deÉvora que permite validar as premissase metodologias. ©

Levá-las ao coloJosé Inocêncio (à esquerda) e José AugustoSantos mostram o desenho do protótipo da

máquina desmontável que muda árvores de

lugar, evitanto o abate

Conceito Tecnologia para transplante deárvores de grande porte, como oliveiras,

sobreiros, azinheiras e pinheiros

Empresa Maquinarte (2013). Empresa de

investigação e desenvolvimento de máquinasinstalada no Parque de Ciência e Tecnologia do

AlentejoFase atual Incubação e em fase de prova de

conceito avançada. A curto prazo prevê-se a

construção de um protótipoÁreas tecnológicas Engenharia mecânica,

tecnologias do ambiente e agrárias

Investimento inicial Cerca de 1 milhão de euros(a recuperar em 4-6 anos)

% que necessita de financiamento 40%