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CAPÍTULO I: OS VÍNCULOS FAMILIARES SEUS CONFLITOS E O TIPO DE ACTIVIDADE PROFISSIONAL EXERCIDA PELOS OPERADORES DE PRODUÇÃO EM ONSHORE E OFFSHORE 1.1. Família Muitas abordagens foram feitas sobre a família, várias interpretações foram elucidantes para compreender-se a melhor concepção de família. Ora, na óptica de alguns actores procurou-se sintetizar o termo família como um grupo social com características especiais 1 . A sociedade constitui-se por vários grupos e os mesmos são responsáveis de educar, preparar e orientar o indivíduo. A família é um dos grupos que fazem parte dos que constituem a sociedade, entretanto a estabilidade e o equilíbrio da sociedade é resultado do papel desempenhado pelos diversos grupos sociais. A sociedade divide-se em grupos internos e grupos externos. Os últimos têm haver com as associações, clubes, organizações sindicais etc. mas, o que interessa aqui é a família que faz parte dos grupos internos que são a família e a escola, sendo que na família o individuo é compreendido por via de um processo interactivo 2 . 1 (PETZOLD 1996) 2 (BRONFENBRENNER 1994) 1

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CAPTULO I: OS VNCULOS FAMILIARES SEUS CONFLITOS E O TIPO DE ACTIVIDADE PROFISSIONAL EXERCIDA PELOS OPERADORES DE PRODUO EM ONSHORE E OFFSHORE 1.1. Famlia Muitas abordagens foram feitas sobre a famlia, vrias interpretaes foram elucidantes para compreender-se a melhor concepo de famlia. Ora, na ptica de alguns actores procurou-se sintetizar o termo famlia como um grupo social com caractersticas especiais[footnoteRef:1]. [1: (PETZOLD 1996)]

A sociedade constitui-se por vrios grupos e os mesmos so responsveis de educar, preparar e orientar o indivduo. A famlia um dos grupos que fazem parte dos que constituem a sociedade, entretanto a estabilidade e o equilbrio da sociedade resultado do papel desempenhado pelos diversos grupos sociais. A sociedade divide-se em grupos internos e grupos externos. Os ltimos tm haver com as associaes, clubes, organizaes sindicais etc. mas, o que interessa aqui a famlia que faz parte dos grupos internos que so a famlia e a escola, sendo que na famlia o individuo compreendido por via de um processo interactivo[footnoteRef:2]. [2: (BRONFENBRENNER 1994)]

A famlia na generalidade entendida biologicamente como um agregado de pessoas provenientes da mesma rvore genealgica[footnoteRef:3]. [3: (MRIO 2007)]

Um sentido amplo sobre famlia consiste em todos indivduos ligados aos laos consanguneos e laos de afinidade[footnoteRef:4]. [4: (DINIZ 2007)]

Tambm a famlia aquela que funda-se em laos matrimonias e geram filhos, sendo este conceito mais restrito do que o anterior. A famlia tambm vista no prisma de quatro sistemas que do origem a vrios tipos de famlias atendendo a evoluo e a actual estrutura das famlias. Logo, considerando que os sistemas so: macrossistema, exossistema, mesossistema e microssistema. Como frisou-se anteriormente, existem vrios tipos de famlias, mas, correspondentes aos sistemas indicados as famlias podem constituir-se em essencialmente a famlia nuclear que constitui-se em pai, me e filhos biolgicos; casais que preferem viver sem filhos; partilha ou separao de bens; casais casados ou no; morar juntos ou; filhos biolgicos ou adotivos; relao heterossexual; relao homossexual; dependncia ou independncia financeira etc[footnoteRef:5]. [5: (PETZOLD 1996)]

Os modelos de famlias descritos a cima, no esgotam a possibilidade de considerar-se outros modelos de famlias. O que fica assente neste trabalho, o facto de perceber-se que as famlias so institucionalizadas de acordos as normas, uso e costumes de cada regio, de cada cultura e de acordo o que cada ordenamento jurdico consagra, por exemplo, em angola no institucionalizado o modelo de famlias homossexual. Todavia, ao longo das dcadas a concepo de famlia tem modificando-se, a ponto das sociedades modificarem-se e aceitarem as novas realidades[footnoteRef:6]. [6: (HODKIN et al. 1996)]

Ora, as concepes sobre famlia leva a realar que a famlia um conjunto de sistema de organizao, crenas, valores, costumes e prticas que se estendem alm dos seus limites, tais como as interferncias na sociedade e a reciprocidade para a sobrevivncia dos seus membros e da prpria famlia como instituio[footnoteRef:7]. [7: (MINUCHIN 1985)]

1.1.1. Tipos de Famlia Alm da viso da famlia em sistemas h estudos que apresentam a famlia em categorias, isto , famlia patriarcal, famlia nuclear, famlia extensiva e famlia extensa ampliada.a) Famlia patriarcal As sociedades humanas tm passado por vrios processos dinmicos, a famlia como instituio, desde os tempos mais antigos desempenhou vrios papis. No passado a famlia patriarcal era o centro da sociedade e tinha vrios papis como o de procriao, a gerncia dos bens econmicos e a conduo dos assuntos polticos. Nestas famlias havia a coeso da unidade da famlia atravs das prticas de casamentos entre parentes, o que levava a preservar os bens materiais e imateriais que por sinal o patriarca era o chefe[footnoteRef:8]. [8: (FREIRE1933)]

a) Famlia nuclear Nas sociedades contempornea a famlia nuclear aquela que constitui-se pelos procriadores somente ou ento pelo pai, me e filhos. Nesta famlia o chefe de famlia o pai, a mulher ocupa-se das funes ligadas a economia da casa tais como a gesto do patrimnio da familiar[footnoteRef:9]. [9: (COSTA1989)]

Os filhos quando atingem maior idade nas famlias extensivas passam a assumir as suas responsabilidades e que leva a formarem tambm as suas famlias nas suas prprias casas. Estas famlias tm um tempo de imperactividade de 20 a 30 anos[footnoteRef:10]. [10: (LOMNITZ 1999)]

b) Famlia extensiva As famlias extensivas que constituem-se pelo pai, me, filhos, os avs, os tios e os primos. Estas famlias podem confinar-se na mesma casa ou em casa muito prximas, cujas obrigaes consiste em apoio econmico, apoio emocional aos seus membros e a participao incondicional nos rituais das famlias. Estas famlias tm muito tempo de integrao, de coexistncia ou melhor de imperactividade[footnoteRef:11]. [11: IDEM]

c) Famlia extensa ampliada Nestas famlias considera-se os parentes e no s, tambm os amigos e os empregados domsticos. Na actualidade frequente as pessoas unirem-se por vnculos que permitem a satisfao emocional, financeira e factores biolgicos[footnoteRef:12]. [12: IBIDEM]

A famlia extensa mais complexa de que os outros tipos de famlias aqui frisados, pessoas de vrias genealogias passam a partilhar o mesmo tecto, os mesmos interesses, como por exemplo um grupo de pessoas que fixa uma residncia para realizar uma actividade comercial etc. Uma empregada domstica por razes financeira passa a partilhar um mesmo tecto com os seus empregadores que o incorporam como membro da famlia, mas esta remunerada pela actividade prestada. Por esse sentido de famlias extensas ampliadas incorre para a compreenso de vrios modelos que acabam diferenciando uns dos outros pelo conjunto de integrantes na famlia, mas a realidade que elas constituem-se na base de um sistema hierrquico. Aps considera-se as categorias de famlias que se achou conveniente abordar neste trabalho fica elucidante fazer um enquadramento sobre aquilo que a temtica em causa. Isto significa que, sobre famlia existe muitas formas de classifica-las, mas que, admitem sempre uma convergncia quanto aquilo que so conceitos e fundamentos. 1.2. Vnculo O termo vnculo tem as suas origens no direito romano, que teve a necessidade de regular as relaes de frum comercias. No contexto das sociedades mais antigas, o princpio de organizao deu origem a diviso de trabalho o que consubstanciou numa percusso de especializao. Isto significa que as pessoas especializavam-se numa determinada actividade e prestavam o seu servio vinculado a outrem. Vnculo uma obrigao entre duas ou mais pessoas, em que as mesmas comprometem-se em respeitar o que est estabelecido. Vnculo um contrato em que as pessoas celebram de forma arbitrria ou no[footnoteRef:13]. [13: ANGOLA, Repblica. Cdigo Civil: Departamento Jurdico e Fiscal da KPMG, ed. Plural Editores 2008 ]

Obrigao o vnculo jurdico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com a outra realizao de uma prestao[footnoteRef:14]. [14: Cdigo Civil de Angola Artigo 397]

Fica perceptvel que o vnculo uma faculdade que une pessoas com fins recprocos, quer seja no aspecto comercial quer seja no afectivo. Vnculo a ligao entre pessoas colectivas ou singulares, so os laos que por algum motivo vai unir as respectivas pessoas.1.3. Vnculos Familiares O vnculo familiar a obrigao de um afecto de forma recproca, relacionado ao comportamento dos indivduos[footnoteRef:15]. [15: (AINSWORTH 1964)]

A vinculao como acto um processo interactivo que no seio da famlia resulta em respostas simultneas[footnoteRef:16]. [16: (PEDRO 1985)]

O vnculo descrito na relao recproca de duas pessoas por meio do afecto pode deduzir-se num sentimento de amor que a expresso mais alta das relaes sociais, assim como num sentimento de dio que expressa o sentimento mais nefasto e devastador no seio de uma famlia[footnoteRef:17]. [17: IDEM]

Incontestavelmente os laos familiares vinculam-se no sentimento mtuo entre os membros, o que determina o sucesso da convivncia familiar, a reciprocidade dos pais no cumprimento das suas obrigaes.1.3.1. Casamento versus Unio de Facto O casamento a instituio jurdica consagrada pelo Estado como meio de preservar a famlia, no ordenamento jurdico angolano o Estado consagra o casamento, assim como a unio de facto entre um homem e uma mulher[footnoteRef:18]. As mutaes nas sociedades tm evoludo para diversos tipos de casamentos e unio de facto, o que tem resultado em contradio nos ordenamentos jurdicos. [18: Constituio de Angola 2010, artigo 35 n 1]

O estudo que prope-se a apresentar neste trabalho descarta o reconhecimento de famlias que no so fundadas na base da unio de um homem e uma mulher que posteriormente geram filhos.1.3.2. Poligamia A famlia como instituio obedece vrios modelos, quer do ponto de vista do direito positivo quer do ponto de vista do direito costumeiro. O direito costumeiro uma fonte do direito, so prticas baseadas na cultura de cada povo que rege as normas de como se fundam as relaes entre os membros da comunidade. A poligamia um termo que em latim polygamia a condio de quem tem dois ou mais casamentos, ou vrios laos familiares fundados na base da unio de facto como reconhecimento. O termo poligamia tem sido confundido com prostituio e outros tipos de relaes baseados no sexo. A poligamia pode ser um acto reconhecido legalmente por uma sociedade, assim como pode no ser reconhecida do ponto de vista do direito positivo, mas aceito no direito costumeiro. Mas o facto de um indivduo constituir vrias famlias legalmente, no ausenta-lhe da condio de poligamia, quer a sociedade reconhea ou no, a poligamia todo aquele acto de um homem ou uma mulher ter vrias famlias[footnoteRef:19]. [19: (RUZYK 2005)]

Poligamia um sistema onde o homem tem mais de uma mulher ao mesmo tempo, ou at mesmo, sendo menos comum, onde a mulher tem mais de um marido simultaneamente. Poligamia um termo de origem grega, que significa muitos casamentos[footnoteRef:20]. [20: www.significados.com.br/poligamia]

Em Angola no consagrado constitucionalmente o direito a poligamia. apenas consagrado o direito de constituir uma famlia nos termos da constituio[footnoteRef:21]. [21: Constituio de Angola 2010, artigo 35 n 2 ]

Compreende-se que a poligamia pode ser praticada por um homem ou por uma mulher. Quando praticado pelos homens chama-se de poliginia, e quando praticado por mulher poliandria.1.4. Conflito Os Conflito do-se pelo facto de surgir a necessidade de escolha entre uma ou outra coisa e resulta em situaes que podem ser incompatveis entre uma e outra, traduzindo-se em interesses prprios, sentimentos, ideias, luta, disputa, desentendimento, contradio etc. O conflito na viso de alguns autores, significa a existncia de ideias, sentimentos, atitudes ou interesses contrrios e que chocam-se gerando desarmonia e destruio de laos afectivos, profissionais, em suma, de ndole social[footnoteRef:22]. [22: (CHIAVENATO 1987)]

Ao indivduo pode surgir a contradio entre as ideias com uma intensidade elevada resultando em convergncias de interesses e consensos, porm, este conflito de certa forma positivo.a) Teoria de Max Weber Max Weber tem uma viso sobre conflito, alienando a inevitabilidade do conflito porque a vida uma sequncia de acontecimentos recprocos e influenciveis entre o ser humano e seu ambiente. O homem um ser social e como tal no pode viver isolado da famlia, escola, casamento, profisso, porque se no seriam impossvel a sua sobrevivncia desde o nascimento at ao envelhecimento. Weber d nfase na aco influenciadora entre indivduo e meio: a primeira aco tradicional a que determinada pelos hbitos, costumes e crenas; a segunda a aco racional ligada a um objectivo vulneravelmente determinada por expectativas no comportamento como nos objectos de um mundo exterior envolvente por outras pessoas; a terceira a aco racional ligada a um valor e determinado por valores tico, esttico, religioso ou qualquer outra forma de conduta moral aceite; todavia, a ltima a ao afetiva, a que determina o estado de conscincia ou humor do indivduo, o que acaba definir a reao emocional do protagonista. Para o objecto deste estudo, verifica-se um conflito entre a famlia e a actividade profissional. 1.5. Trabalho versus Actividade Profissional Trabalho uma palavra de origem latino "TRIPALIU". Mas com a necessidade dos homens organizarem-se em grupos pequenos e em sociedades maiores foi necessrio que, os homens desenvolvessem actividades para a sua subsistncia. Para os economistas polticos e filsofos o trabalho desempenha um papel muito importante nas relaes entre os homens[footnoteRef:23]. Pois o homem e o trabalho so indissociveis, a essncia do homem est no trabalho, deste a seu aparecimento na terra, os desafios foram inmeros, obrigando-lhe a superar de forma a suprir as suas necessidades. Cf. Pag 01, [23: (MARX 2009)]

O homem tem vrias necessidades e todas elas devem ser supridas para que, a sua sobrevivncia seja uma realidade, a pirmide das cinco necessidades defendida na teoria de Maslow na verdade uma motivao para o trabalho[footnoteRef:24]. [24: (MASLOW 1973) ]

A pirmide das necessidades de Maslow divide as necessidades de forma hierrquica, comeando pela base que so as necessidades fisiolgicas, em seguida a de segurana, depois a da afiliao, a auto-estima e no topo a auto-realizao[footnoteRef:25]. [25: (MASLOW 1954)]

O trabalho como constactatou-se na teoria de Maslow, foi motivado pelas prprias necessidades do homem, o que leva a compreender que o gradualismo das necessidades caracterizam o homem como um ser insatisfeito, ou melhor, as suas necessidades so infinitas[footnoteRef:26]. [26: IDEM]

O trabalho deixou de ser uma actividade somente para a satisfao individual e ganhou contornos organizacionais. Porm h toda necessidade de cada indivduo realizar uma actividade a favor de outrem ou para o benefcio de terceiros. O homem o resultado do seu prprio trabalho, atravs de actividades o homem sempre procurou produzir bens e servios para satisfazer as suas necessidades[footnoteRef:27]. [27: (VZQUEZ 2007)]

A actividade profissional prestada em detrimento de um acordo que duas ou mais pessoas fazem, promovendo benefcios mtuos. O acordo entre duas pessoas que passa a fazer parte de uma relao jurdica laboral celebrado por meio de um contrato. Vrios contratos podem ser celebrados, mas como referncia fica expresso o Contrato de Trabalho. O contrato de trabalho aquele pelo qual um trabalhador se obriga a colocar a sua actividade profissional disposio de um empregador, dentro do mbito da organizao e sob a direco e autoridade deste, tendo como contrapartida uma remunerao, conforme artigo[footnoteRef:28]. [28: Artigo12 da Lei Geral do Trabalho, Lei n 2/00, de 11 de Fevereiro - Angola]

1.6. Operador de Produo em Onshore e Offshore

a) Operador de produo Operador de produo o tcnico responsvel pelo controlo dos equipamentos de produo, do fornecimento, da organizao dos materiais de produo para que as linhas de produo estejam prontas, das mquinas para que estejam equipadas para todo processo de produo, separao e reaproveitamento das matrias[footnoteRef:29]. [29: (FRANCISCO 2003) ]

Para o desempenho da actividade o operador de produo trabalha na linha de produo e realiza inmeras tarefas como introduzir os componentes nas esteiras de produo, operar mquinas, extraindo o produto e embalando o produto final[footnoteRef:30]. [30: IDEM]

O operador de produo sobre orientaes de um responsvel da rea o responsvel pelo comando de todo equipamento. No desempenho da actividade, o operador de produo aquele profissional que adquire formao no sentido de ter um desempenho qualitativo e quantitativo em toda sua participao no processo de produo. O operador de produo na empresa relaciona-se com os assistentes de produo, coordenador de produo, analista de produo e todas as demais reas em operao no interior da empresa[footnoteRef:31]. [31: IBIDEM]

b) Onshore e Offshore Onshore a produo feita em Terra e o offshore a produo feita em Mar. onshore aparece antes do sistema offshore como o processo de produo de petrleo, provavelmente com incio no ano de 1859 em Pensilvnia (EUA), as exploraes atingiam uma profundidade de 23 metros apenas, tinha uma produo nfima de duas dezenas de barris por dia aproximadamente[footnoteRef:32]. [32: www.significados.com.br/offshore]

Os registos apontam como o marco do incio da produo offshore no condado de Santa Brbara em Califrnia (Estados Unidos da Amrica) em 1896. As mudanas de condies de produo na Terra passaram a ser diferentes s condies de produo no Mar, ou melhor a produo onshore deixou de ser o nico mtodo de explorao de petrleo[footnoteRef:33]. [33: (MILES 2005)]

A produo em onshore e em offshore tm as mesmas reas profissionais, sem descurar as mnimas diferenas que existem quer na vertente social quer na vertente tecnolgica. Na vertente tecnolgica tanto em onshore como em offshore, envolvem recursos tecnolgicos avanados o que leva a proporcionar condies de trabalho similares quer na Terra como no Mar. A produo em onshore e em offshore so feitas em plataformas, implicando o mesmo nmero de trabalhadores para garantir a exequibilidade da produo. Em relao a produo na Terra os custos em termos de equipamentos tecnolgicos so mais reduzidos que a produo no Mar. Na vertente social os perigos para as populaes so maiores quando trata-se da produo em onshore, a probabilidade de criar externalidades so superiores com a produo na Terra do que no Mar. bvio que na produo em offshore pode criar derrames que tambm envolvem riscos para as populaes circunvizinhas. Mas em Terra subsiste a questo das perfuraes serem feitas em espaos que as populaes desenvolviam as suas actividades, e depois comeam a ter outros problemas alm de perderem os seus espaos em que retiravam os meios de subsistncia[footnoteRef:34]. [34: Depoimento de um Funcionrio snior da BP em Angola]

Um outro aspecto de risco na produo em Terra a perda que as empresas podem sofrer por parte das populaes ao praticarem actos de vandalismo como: perfurar as condutas para extrarem produto e/ou destruir os oleodutos[footnoteRef:35]. [35: IDEM]

Os contratos de trabalho em onshore e offshore so feitos em confinamento, os trabalhadores nas plataformas so isolados das famlias por um tempo para desenvolverem as suas actividades. As plataformas so espaos limitados em que o profissional no tem a possibilidade de ver a famlia durante o tempo de actividade. O tempo de servio pode durar 14 dias na plataforma e 14 dias fora deste espao, assim como outros perodos mais extensos que vo de 28 dias em plataforma e 28 dias fora do respectivo espao e/ou seis meses em plataforma e seis meses fora do espao da plataforma[footnoteRef:36]. Cf. 2 [36: RODRIGUES (2001)]

Os trabalhadores em onshore e em offshore vivem um isolamento social, o que leva absterem-se de variadssimas coisas, tais como a participao em eventos ligados a famlia, a falta da assistncia permanente aos filhos, parentes e aos seus afins, a falta da prtica de actos sexuais tudo em troca de estabilidade financeira, acabando por ltimo em sentirem-se insatisfeitos com tudo que lhes rodeia e at mesmo ao ponto de tornarem-se indivduos com fortes desvios de conduta, subterfugiando-se na imoralidade e promiscuidade[footnoteRef:37]. [37: (NUNES 2008)]

As empresas que desenvolvem actividades em onshore e offshore esto ligadas a empresas de produo de petrleo, a empresas de gs natural, em plataformas de prospeco de hidrocarbonetos e outros negcios na qual no so objecto para se frisar nesta dissertao.

1.6.1. Plataforma em Onshore e em Offshore As Plataformas em onshore e offshore so construdas para a explorao de petrleo e gs. A plataforma petrolfera pode ser usada para Terra e para o Mar. A plataforma para Terra obviamente a plataforma em onshore, e as plataformas para o Mar so as plataformas em offshore. Para as plataformas em offshore os trs tipos de plataformas mais usados so: a fixa; perfurao e a completao seca ou molhada. Estas plataformas como constacta-se, so construdas para a prospeco e perfurao no mar. As primeiras plataformas offshore como datam os registos, foram instaladas em 1947 no Golfo do Mxico[footnoteRef:38]. [38: (FERREIRA 2003)]

No caso de Angola a atividade de prospeco e pesquisa de hidrocarbonetos comeou em 1910 pela Companhia Canha & Formigal[footnoteRef:39]. [39: www.sonangol.co.ao/Portugus/.../Paginas/Crude-em-Angola.]

Mais tarde em 1955 aconteceu a primeira descoberta comercial de petrleo, feito pela PETROFINA no vale do Kwanza. Tendo a PETROFINA criado a Fina Petrleos de Angola PETRANGOL com a construo da refinaria de Luanda para processamento do crude. O primeiro levantamento ssmico offshore foi realizado em 1962 pela Cabinda Gulf Oil Company (CABGOC) surgindo neste ano a primeira descoberta em offshore bem propriamente no ms de Setembro na provncia de Cabinda[footnoteRef:40]. [40: IDEM]

A produo de petrleo em Angola feita em onshore e em offshore. A primeira plataforma Flutuante de Produo, Armazenagem e Escoamento em offshore em Angola, foi usada em 1999 no projeto Kuito do Bloco 14. E Desde Agosto de 2003 a maior plataforma Flutuante de Produo, Armazenagem e Escoamento (modelo FPSO) do mundo usada no projeto Kizomba A no Bloco 15, Blocos 17 e 18[footnoteRef:41]. [41: IBIDEM]

CAPTULO II: PRODUO EM ONSHORE E OFFSHORE DA SONANGOL As vrias descobertas de petrleo na faixa Atlntica angolana elevou-lhe ao nvel dos principais produtores de petrleo no continente Africano. 2.1. Contextualizao da Sonangol A Sonangol E.P (Empresa Pblica) tem a sua sede em Luanda, foi criada no processo da Nacionalizao decorrente em Angola no ano de 1976 pelo Decreto lei n 52/76, sendo constituda como Sonangol U.E.E (Unidade Empresarial Estatal), e passa a beneficiar de um novo estatuto como Sonangol E.P em 1999, a mesma vocacionada a gerir a explorao de hidrocarbonetos no pas[footnoteRef:42]. Antes da independncia era denominada ANGOL Sociedade de Lubrificantes e Combustveis, Sarl, actualmente a Sonangol denominada de Sociedade Nacional de Combustveis de Angola, E.P. sendo o seu Presidente o Sr. Francisco de Lemos Jos Maria[footnoteRef:43]. [42: CALEY, Cornlio: os petrleos e a problemtica do desenvolvimento em Angola: Lisboa, 1997 ] [43: Decreto 52/1976 - Estabelecimento da Sonangol U.E.E.Decreto N19/1999 Imposta a necessidade de alterar o estatuto social da Sonangol U.E.E. para que a mesma estivesse em vigor com a Lei das Empresas Pblicas, o Conselho de Ministros aprovou um novo decreto, publicado a 20 de Agosto de 1999 no Dirio da Repblica, I Srie No 34, que autorizava a mudana de U.E.E. para E.P. (Empresa Pblica) no comprimento com a acima referida lei.Decreto 19/99 - Aprovao do Estatuto E.P.Decreto N20/1999 Para complementao do seu novo estatuto, foi necessria a implementao do Conselho de Administrao da Sonangol E.P. e, nomeao dos seus membros no decreto 20/1999 publicado aos 20 de Agosto de 1999 no Dirio da Repblica, I Srie - N 34.]

Decorrente do processo poltico em Angola inevitavelmente afectou o sector econmico, cujas modificaes tiveram um grande impacto na economia do pas, ora, a ex-colnia portuguesa ascende a sua independncia em 11 de Novembro de 1975 na qual foi proclamada solenemente perante a frica e ao mundo pelo saudoso Presidente da Repblica popular de Angola Doutor Antnio Agostinho Neto[footnoteRef:44]. [44: (DILOLWA 1977)]

Angola passa a viver um novo sistema poltico o qual provoca alteraes significativas entre a criao das unidades econmicas estatais e a mudana para uma economia planificada, a razo da Empresa Sonangol ser uma unidade econmica estatal[footnoteRef:45]. [45: Decreto n. 62/77, de 14 de Julho de 1977, do presidente da Repblica, Dirio da Repblica. Com a criao da CNP so extintas a Direco-Geral do Planeamento e Coordenao Econmica e a Direco dos Servios de Planeamento.]

A Sonangol, E.P uma empresa de direito angolano do sector pblico, concessionria exclusiva para a explorao de recursos hidrocarbonetos, lquidos e gasosos no subsolo e na plataforma continental angolana, por conseguinte a responsvel pela explorao, produo, fabricao, transporte e comercializao de hidrocarbonetos em Angola[footnoteRef:46]. [46: IDEM]

A Sonangol conta com 17 subsidirias que actuam no plano nacional e fora de territrio angolano.a) Misso Promover a sustentabilidade e o crescimento da indstria nacional de forma a garantir maior retorno para o Estado angolano, assegurando a participao das empresas e dos quadros nacionais nas actividades da indstria e o benefcio da sociedade nos rexultados gerados.b) Viso 2015 Ser uma empresa de hidrocarbonetos integrada, competitiva e de projeco internacional, com alto nvel de desempenho na base das melhores prticas de governao das sociedades. Estar sempre a altura dos compromissos com o Estado, sociedade, parceiros e empregados, assegurando a criao de valores para os accionistas.c) Valores Orientao ao cliente Desempenho Trabalho em equipa Qualidade, sade, segurana e ambiente Conduta tica Comunicao afectiva Estas so as marcas que identificam a empresa Sonangol no geral, sua misso, sua viso e seus valores. 2.1.1. Sonangol em Onshore Reiteradamente foi em 1910 que em Angola se concede a primeira licena de concesso para a prospeo e pesquisa de hidrocarbonetos por parte da firma Canha & Formigal e a operadora foi a companhia Pesquisas Mineiras de Angola (PEMA). Foram feitas em zonas actualmente localizadas entre o Soyo e o Sumbe. A perfurao do primeiro posto na primeira concesso foi o Dande n1 com incio no ano de 1915 na margem do rio Dande. Depois de quarenta anos mais tarde faz-se a primeira descoberta comercial de petrleo, isto por volta dos anos 1955 h uma zona denominada na poca de Jazigo de Benfica situada na rica Bacia do Kwanza em Luanda por uma subsidiria do Grupo Belga denominado de Petrofina. A Petrofina com a misso de pesquisa em 1961 pela operadora Petrangol descobriu o campo de Tobias, na zona do Cabo Ledo sendo o primeiro jazigo. Nos dias de hoje o onshore em Angola composto por vrias bacias entre elas a Bacias do Congo, Kwanza, Benguela, Namibe e pelas Bacias interiores de Kassanje, Okawango e Owango. A bacia do Baixo Congo na rea do Soyo a que tem um pleno funcionamento. O pleno funcionamento da Bacia do Congo feita a explorao dividida em dois blocos que so: o Cabinda Norte e o Cabinda Sul. No primeiro bloco o operador a Sonangol Pesquisa & Produo, sendo que no bloco de Cabinda Sul, o operador a Rakoil. Sem dvidas, Angola dispe de um enorme potencial em onshore, porm, a Sonangol para intensificar a explorao em onshore efectiva de todo o seu potencial produtivo e econmico. A primeira explorao de crude em onshore pela Sonangol na provncia de Cabinda feita no campo petrolfero Castanho/Coco, localizado em So Vicente, distado aos 10 quilmetros a leste da cidade de Cabinda.2.1.1. Sonangol em Offshore O mundo na dcada de 1970 determinante nas exploraes em guas profundas leva o Estado angolano a incentivar por via de programas a explorao em offshore, dividindo a costa em 13 blocos para licenciamento e contratos de partilhas e produo. Na dcada de 1990 a Sonangol licenciou blocos em guas muito profundas, entretanto, os blocos de 1 13 so prximos da costa e os blocos 14 34 so em gua profundas. 2.2. A Sonangol no Plano Social A Sonangol no plano social tem comprido com as estratgias de formao e abrigo para os jovens. O primeiro projecto que a empresa nacional desenvolve de bolsas de estudos para o exterior do pas. Isto porque na medida que a Sonangol cresce e procura atingir o desenvolvimento h toda necessidade de prepara quadros para no futuro assegurem os destinos na empresa. A aposta na formao no apenas um desafio para a Sonangol mas, para todo o pas. A formao de quadros no sector petrolfero pertinente e inadivel, pois, Angola potencialmente forte em recursos hidrocarbonetos e que leva a potenciar-se na ptica dos seus recursos humano. A Sonangol tem apostado fortemente na foramao de quadros para servirem o sector em particular e o pais em geral. O outro projecto pertinente para os jovens intrinsecamente ligado a habitao com as centralidades a SONIP esteve na gesto do projecto habitacional para os jovens em particular e a pulao em geral. 2.3. Sonangol Pesquisa e Produo Resultado da promoo das empresas nacionais para a explorao de petrleo e gs, a Sonangol E.P. a detentora em exclusividade dos direitos para a prospeco, pesquisa e produo de hidrocarbonetos lquidos e gasosos em Angola. No ramo de explorao e produo criou a subsidirias na qual a Sonangol Pesquisa e Produo (Sonangol P&P) realiza as suas operaes em prospeco, explorao e produo de Petrleo, a mesma foi criada em 1991 como uma empresa petrolfera.

A Sonangol Pesquisa e Produo foi criada em 1991 pela resoluo 4/91, de 6 de Dezembro, da Comisso Permanente do Conselho de Ministro, mas s quase um ano depois, em Novembro de 1992, foram aprovados os seus estatutos[footnoteRef:47]. [47: (Magazine 2008)]

2.3.1. Actividade da Sonangol P&P A Sonangol P&P objectiva a prtica de actividades de prospeco, pesquisa e produo de hidrocarbonetos lquidos e gasosos, em conformidade as linhas orientadoras e estratgicas traadas pela Sonangol E.P. No bloco Cabinda Sul est localizado o campo Castanha/Coco com quatro operadoras: com 55% das exploraes est a Operadora Pluspetrol Angola Corporation; com 20% a Sonangol P&P e seus parceiros; com 20% a Force Petrleos Angola e com 5% a Cupet Cuba Petrleos.2.3.1.1. Plano de Produo e Operaes da Sonangol P&P no Bloco 3-05 A Sonangol P&P, elabora um plano anual para a sua produo e operaes, cujo plano prev um leque de actividades consubstanciadas em manuteno, intervenes sobre os equipamentos, intervenes sobre as unidades de produo e intervenes para o garante da segurana e integridade quer das instalaes quer para o rendimento da produo. A Sonagol P&P foi criada em 1991 como empresa[footnoteRef:48], em 2005 passa para o comando das operaes do Bloco 3-05 que esteve a cargo da Total E&P Angola. A Sonangol P&P desencadeia vrios tipos de intervenes em Terminais no Bloco 3-05, como substituies de condutas flexveis, ligaes de vlvulas de seccionamento submarinas, perfurao de novos poos a partir das plataformas, integrao no sistema de produo, pintura geral das plataformas, recepo da produo proveniente do Bloco 2 e do Bloco 3-85/91, substituio de linhas de tubagem com diferentes comprimentos e dimetros em polegadas, abertura e inspeco interna de capacidades e separadores, bales de sistema de drenagem e bales de reteno de lquidos do sistema de tocha, substituio e interveno em vlvulas de diferentes dimenses, execuo de trabalhos sobre os sistemas elctricos, automao e de controlo. [48: Ver apndice 1, cronologia.]

Estas operaes so feitas de dia e noite o que envolve um total de 215 trabalhadores em offshore e onshore. As operaes realizadas pela Sonangol P&P no Bloco 3-05 evidenciam provas de um excelente trabalho de equipa e profissionalismo existente no seio do seu colectivo de colaboradores com cerca de 85% de mo-de-obra nacional. 2.3.1.2. Contratos de Trabalhos com os seus Colaboradores Os contratos de trabalho so celebrados com base nas predisposies legais no ordenamento jurdico angolano, o facto de ser uma empresa pblica, a Sonangol no geral respeita as clausulas contratuais plasmadas na Lei Geral do Trabalho. Portanto, os contratos com os seus colaboradores so celebrados em colectivos, e individuais em termo indeterminado e/ou em tempo determinado. Os contratos em tempo indeterminados so celebrados com os colaboradores que exercem actividades que so permanentes em onshore e em offshore. Os contratos em tempo determinados so celebrados com os seus colaboradores para exercerem actividades que so pontuais e respeitam um perodo que pode dar-se entre 3 meses, 6 meses e 1 ano

CAPTULO III: A RECIPROCIDADE DO OPERADOR DE PRODUO EM OFFSHORE NA FAMLIA3.1. A Reciprocidade Reciprocidade o acto de retribuir na mesma proporo, do ponto de vista social considera-se que as relaes interpessoais devem promover-se na base do respeito mtuo e da solidariedade. A sociologia encarregue de estudar os fenmenos sociais apresenta uma perspectiva de reciprocidade na optica de vrios autores, por exemplo, Marcel Mauss, apresenta a sua contribuio no ponto de vista de que as coisas tem valores e no podem ser maios que a relao, neste contexto do ponto de vista afectivas e simblicas. A sociedade funda-se na base dos smbolos, crenas, costumes etc[footnoteRef:49]. [49: (MAUSS 2005)]

Numa teoria da ddiva, compreende-se a trplice do dar, receber e retribuir como obrigao, quer seja legal ou moral. Se as alianas e contratos na base das interaes entre os homens forem feitas aqum da reciprocidade a tendncia ser as sociedades retrocederem milhares de anos em que o homem era escravo do homem[footnoteRef:50]. [50: (CAILL 2002)]

A reciprocidade um acto de dar, receber e retribuir, pelo facto do homem ser um ser vivo consciente e socivel no lhe convm que tenha um comportamento insensvel e irresponsvel[footnoteRef:51]. [51: (MAUSS 2003)]

O ser humano resultado da interaco dos grupos sociais, ao sobrepor o individualismo, passa a vigorar o interesse de cada um acima do comum da cultura estruturar da sociedade em geral e dos seus grupos em particular[footnoteRef:52]. [52: (NODIER 1995)]

Todavia, a liberdade individual um aspecto que deve ter-se em conta na sociedade, o que fica difcil constactar o cumprimento recproco de actitudes e comportamentos de cada indivduo perante as suas obrigaes de dar, receber e retribuir[footnoteRef:53]. [53: (DURKHEIM 2005)]

Mauss coloca em causa ao compreender a sociedade como um facto social em que a conscincia colectiva impe regras de convivncia no sentido de cada indivduo viver na base de prestaes e contraprestaes. Logo, neste esprito compreensvel que o amor o senso comum da filantropia na sociedade. No espera-se a retribuio do amor por um outro sentimento subversivo, ou melhor, pago por dio. Sendo que, quem presta amor deve receber como contraprestao o amor Colocando em causo o ego, ou a liberdade individual, as obrigaes da conscincia colectriva passam a ser vista como um meio de privar persuadir a vontade prpria de cada um. As sociedades actuais tm-se se fundado em paradigmas que levam as pessoas a adoptarem comportamentos mais liberais do que colectivos.3.2. Operador de Produo em Offshore na Famlia O operador de produo em offshore aquele profissional que exerce a actividades como tcnico responsvel pelo controlo dos equipamentos de produo, do fornecimento, da organizao dos materiais de produo para que as linhas de produo estejam prontas, das mquinas para que estejam equipadas para todo processo de produo, separao e reaproveitamento das matrias em plataformas em guas profundas ou em guas muito profundas[footnoteRef:54]. [54: (FRANCISCO 2003) ]

Entende-se que, para ser possvel a produo no Mar o profissional tem a responsabilidade de permanecer em offshore um perodo para assegurar a produo. Independentemente do contrato esse tempo vi de 14 dias, 28 dias ou 6 meses em offshore. Cf. 2 A ausncia do operador de produo no seio da famlia recompensada pelo mesmo perodo que ele permanece em offshore. Ora bem, a famlia um grupo social cujas regras de convivncia obedecem os padres de vida da sociedade. Como foi acima abordado a sociedade com um facto social que impe regras ao indivduo, apraz compreender a reciprocidade destes indivduos nas suas famlias. As famlias contemporneas na realidade tm as suas gneses em modelos que j desde a antiguidade surgiram como meio de organizao social. Nesta dissertao o fundamental foi a compreenso de quatro categorias de famlias, e nesta senda em que far-se- o enquadramento do operador de produo em offshore na famlia. O convvio familiar para o operador de produo em offshore, passa a ser restrito, pois ele vive um tempo de abstinncia sexual, ausenta-se por um tempo do convvio familiar como eventos que pressupem a unidade da famlia, de responsabilidades de encarregado de educao etc. Este profissional pela ausncia temporria da famlias por perodos alargados, deve procurar recompensar ou melhor, retribuir a famlia o seu afecto, seu respeito e seu amor sobre tudo.3.2.1. Os Operadores de Produo em Offshore e a reciprocidade nas Famlias Angolanas As famlias angolas por razes culturais so predominantemente famlias alargadas, constitudas por um conjunto de famlias que vivem na mesma casa e famlias constitudas por pai, me ou somente ou com os seus filhos[footnoteRef:55]. [55: Estas famlias em regra geral, foram distinguida como famlias extensas e famlias nuclear.]

Os operadores em offshore trabalham num ambiente sobre regime de turnos diurno e noturno a um ritmo muito intenso com impactos no seu bem estar fsicos, mental e social. Eles apresentam grau de ansiedade elevada, e personalidade extrovertida proporcionando-lhes baixa de ansiedade em alguns momentos. Ostentam comportamentos agressivos quando sentem-se fartos pelo facto de saber que esto muito tempo fechados no ambiente de trabalho[footnoteRef:56]. [56: Depoimento de uma profissional em offshore.]

Os operadores em offshore quando regressarem s suas casas encaram como se o ambiente de famlia fosse um lugar estranho, sentem-se isolados e criam uma situao de conflito com a famlia por razes de deparar que a esposa, os filhos, os parentes e os amigos naturalmente esto a exercer as suas actividades de rotina como ir a escola para os filhos, ir ao trabalho para a esposa, parentes e os amigos[footnoteRef:57]. [57: Depoimento do parente de um operador em offshore. ]

A tendncia tem sido arranjar uma outra relao quando o mesmo operador em offshore entra em conflito com a famlia, e como consequncias verifica-se muitos filhos fora do casamento, fora do lar e at mesmo fora do controlo familiar[footnoteRef:58]. [58: IDEM]

3.3. Estudo de Caso sobre a Empresa Sonangol Pesquisa e Produo O tema sobre a importncia do papel do pai na famlia e a sua actividade laboral, preocupa a sociedade angolana, tendo em conta que o dilema do resgate dos valores morais na famlia deixa as opinies divididas. Como o tema um assunto muito abrangente procurou-se fazer uma abordagem focalizada em aspectos mais especficos como a reciprocidade entre actividade profissional e a vida familiar dos operadores de produo em onshore e offshore da empresa Sonangol Pesquisa e Produo.

3.3.1. Apresentao, Interpretao e Anlise dos Resultados Para o estudo de caso da temtica abordada tem como pblico alvo os trabalhadores em offshore do Bloco 3-05 do Terminal Palanca operado pela subsidiria Sonangol P&P.a) Populao - O Bloco 3-05 alberga 60 trabalhadores de diversas especialidades e reas. - A idade mnima de 24 anos e a mxima de 59. - Dos 60 profissionais na plataforma, 6 so operadores de produo. b) Amostra Foram seleccionados como amostra os 6 operadores de produo em offshore.c) Tcnica de Amostragem A tcnica de amostragem permitiu fazer a anlise das respostas correspondentes a perguntas submetidas aos 6 operadores de produo. Questionrio O questionrio foi submetido a 6 operadores de produo em offshore do Terminal Palanca do bloco 3-05 da subsidiria Sonangol P&P com 60 profissionais da populao alvo. Os 6 profissionais representam uma amostra de 10 % da populao. O questionrio elaborado um questionrio estruturado, cujas perguntas so fechadas num total de 10 perguntas com opes Sim e No. Na primeira pergunta feita aos operadores de produo (Gosta de trabalhar em offshore?) obteve-se os seguintes resultados. Quadro 1PerguntaRespostas

1. Gosta de trabalhar em offshore?SimNo

33

Os operadores de produo ao serem questionados se gostam de trabalhar em offshore, 3 responderam sim e 3 responderam no. O que implica reconhecer que a actividade profissional surge em funo das necessidades de cada um e o local onde realizado a tarefa pode agradar a uns e a outros no. Pois o homem e o trabalho so indissociveis, a essncia do homem est no trabalho, deste a seu aparecimento na terra, os desafios foram inmeros, obrigando-lhe a superar de forma a suprir as suas necessidades. Cf. Pag 01,

De acordo ao grfico 1, foi apurado que 50% dos operadores de produo gostam de trabalhar em offshore. E por razes de supresso das necessidades, 50% dos operadores reconhecem que no gostam de trabalhar em offshore. Quadro 2PerguntaRespostas

2. Gostaria de trabalhar um perodo inferior a 28 dias em offshore?SimNo

51

Os operadores de produo ao serem questionados se Gostariam de trabalhar um perodo inferior a 28 dias em offshore, 5 responderam sim e 1 respondeu no. Verifica-se que o perodo de trabalho em offshore no uma opo de escolha para o trabalhador, como pode-se constatar na seguinte assero: O tempo de servio pode durar 14 dias na plataforma e 14 dias fora deste espao, assim como outros perodos mais extensos que vo de 28 dias em plataforma e 28 dias fora do respectivo espao e/ou seis meses em plataforma e seis meses fora do espao da plataforma[footnoteRef:59]. [59: (RODRIGUES 2001)]

De acordo o grfico 2, dos operadores de produo em offshore questionados, 83% gostariam de trabalhar perodos mais reduzidos em offshore e 17% dos operadores sentem-se satisfeitos por trabalharem em offshore o perodo de 28 dias.Quadro 3PerguntaRespostas

3. Na sua famlia o chefe de famlia?SimNo

43

Os operadores de produo ao serem questionados se nas suas famlias so os chefes de famlia, 4 alegaram serem chefes de famlia e 2 so apenas membros integrantes das suas famlias. No contexto angolano atendendo os tipos de famlias, os jovens na faixa etria dos 20 anos, ainda muitos deles fazem parte das suas famlias como membro, isto de acordo as famlias alagadas. Nestas famlias considera-se os parentes e no s, tambm os amigos e os empregados domsticos. Na actualidade frequente as pessoas unirem-se por vnculos que permitem a satisfao emocional, financeira e factores biolgicos[footnoteRef:60]. [60: IBIDEM]

De acordo o grfico 3, dos operadores de produo em offshore questionados, se nas suas famlias so os chefes de famlia, 67 % so chefes das suas famlias e 33 % dos operadores so apenas integrantes da famlia.Quadro 4PerguntaRespostas

4. Tem filhos?SimNo

60

Os operadores de produo ao serem questionados se tm filhos, todos responderam sim. O que leva a constatao no grfico 3 que, 33 % dos operadores ainda no constituram suas famlias e como tal fazem parte da famlia como um membro apenas. Segundo o depoimento de uma parente de um dos operadores de produo, afirma que tendncia tem sido arranjar uma outra relao quando o mesmo operador em offshore entra em conflito com a famlia, e como consequncias verifica-se muitos filhos fora do casamento, fora do lar e at mesmo fora do controlo familiar[footnoteRef:61]. [61: IDEM]

De acordo o grfico 4, os operadores de produo em offshore questionados se tm filhos, 100 % respondeu sim.Quadro 5PerguntaResposta

5. Tem relao extra conjugal?SimNo

15

Na quinta questo os profissionais submetidos ao questionrio se tm relao extra conjugal, 1 respondeu sim e 5 responderam no. Segundo a assero que, o casamento a instituio jurdica consagrada pelo Estado como meio de preservar a famlia, no ordenamento jurdico angolano o Estado consagra o casamento, assim como a unio de facto entre um homem e uma mulher[footnoteRef:62]. Mas no reconhece a poligamia como uma prtica legal, porm a relao extra conjugal uma situao de conflito na famlia. [62: Constituio de Angola 2010, artigo 35 n 1]

De acordo o grfico 4, os operadores de produo em offshore questionados se tm relao extra conjugal, 17 % tem relao extra conjugal e 83 % no tem relao extra conjugal.Quadro 6PerguntaRespostas

6. Gosta de viajar quando no est no offshore?SimNo

60

Na sexta questo os profissionais submetidos ao questionrio se gostam de viajar quando no esto no offshore, todos responderam sim. O que representa um estilo de vida consequentemente ausente da famlia. O que contrasta a rotina de vida do operador de produo de acordo o depoimento alegando que, os operadores em offshore quando regressarem s suas casas encaram como se o ambiente de famlia fosse um lugar estranho, sentem-se isolados e criam uma situao de conflito com a famlia[footnoteRef:63]. [63: Depoimento do parente de um operador em offshore. ]

De acordo o grfico 6, os operadores de produo em offshore questionados, se gostam de viajar quando no esto em offshore, 100% respondeu sim.Quadro 7PerguntaRespostas

7. Quando est em offshore sente a falta do convvio comos familiares, os parentes e os amigos?SimNo

60

Na stima questo os profissionais submetidos ao questionrio, se quando esto em offshore sentem a falta do convvio com os familiares, os parentes e os amigos, todos responderam sim, o que implica dizer que todos, independentemente da actividade que exercem devem ter o direito de conviver sem restries com os seus familiares, parentes e amigos. De facto, a sociedade constitui-se por vrios grupos e os mesmos so responsveis de educar, preparar e orientar o indivduo. A famlia um dos grupos que fazem parte dos que constituem a sociedade, entretanto a estabilidade e o equilbrio da sociedade resultado do papel desempenhado pelos diversos grupos sociais. A sociedade divide-se em grupos internos e grupos externos. Os ltimos tm haver com as associaes, clubes, organizaes sindicais etc[footnoteRef:64]. [64: (BRONFENBRENNER 1994)]

De acordo o grfico 7, os operadores de produo em offshore questionados, se quando esto em offshore sentem a falta do convvio com os familiares, os parentes e os amigos 100 % respondeu sim.Quadro 8PerguntaRespostas

8. Est satisfeito com a remunerao que recebe?SimNo

06

Na oitava questo os profissionais submetidos ao questionrio, se esto satisfeitos com a remunerao que recebem, 100 % alega no estar satisfeito com a remunerao. Obviamente que as necessidades dos homens so infinitas e o homem est sempre insatisfeito como Maslow argumentou que o trabalho foi motivado pelas prprias necessidades do homem, o que leva a compreender que o gradualismo das necessidades caracterizam o homem como um ser insatisfeito, ou melhor, as suas necessidades so infinitas[footnoteRef:65]. [65: (MASLOW 1954)]

De acordo o grfico 8, os operadores de produo em offshore questionados, se esto satisfeitos com a remunerao que recebem, 100 % no est satisfeito.Quadro 9PerguntaRespostas

9. Tem ajudado financeiramente os seus parentes?SimNo

60

Na nona questo os profissionais submetidos ao questionrio se tm ajudado financeiramente os seus parentes, todos responderam sim. Ora, esta posio leva a compreender que do ponto de vista das suas famlias, eles tm estabilidade financeira e podem ajudar os parentes.

De acordo o grfico 9, os operadores de produo em offshore questionados, 100 % tem ajudado financeiramente os seus parentes.

Quadro 10PerguntaRespostas

10. Quando est de regresso na famlia sente-se isolado?SimNo

42

Na dcima questo os profissionais submetidos ao questionrio se quando esto de regresso nas famlias sentem-se isolados, 4 responderam sim e 2 responderam no. De acordo os grficos 10, os operadores de produo em offshore questionados, se Quando esto de regresso nas famlias sentem-se isolados, 67 % sente-se isolado e 33 % no. 3.3.1.1. Dados apurados

Quadro 11PerguntasPercentagem das Respostas

SimNo

1. Gosta de trabalhar em offshore?50 %50 %

2. Gostaria de trabalhar um perodo inferior a 28 dias em offshore?83 %17 %

3. Na sua famlia o chefe de famlia?67 %33 %

4. Tem filhos?100 %0 %

5. Tem relao extra conjugal?17 %83 %

6. Gosta de viajar quando no est no offshore?100 %0 %

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