i bienal do museu de arte moderna de são paulo

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  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    1/16

    Lygm

    l'agundes 1elles.

    I

    Bienal

    do

    Mu >eu

    de

    ne

    Modemu* A

    MaHhn R10 de

    Jandro.

    15 de

    ju -

    lho de 19Sl

    1

    Yulanda Penteado, op. dt. p 178 .

    1

    lconor A m ~ r a n t c : .

    op.

    dt..

    p .

    ' Aracy

    t\m.Jr,tl

    , Blennl ou dn irn-

    p n ~ l b l l i d a d C

    dc: 11:tcr

    u

    t ~ m p o ,

    art.

    dt..

    p

    19

    .

    Pois

    agora drC'gOII a I'CZ da

    anC'.

    Basta dC s t m r o ~

    considerados apntas macumbeiros ou espenos

    ;ogaclorc >

    dt' futebol. Agora sur mns apresentados

    como

    artrsta5.

    Lygia Fagundt's Tellcs •

    I Bienal do

    Museu

    de Arte Moderna de São Paulo

    o esse mesmo titulo. o MAM de São Paulo lançaria a IB1enal hucmacional dl

    Arte da América Latina. Idéia atribuída a Francisco Matarazzo Sobrinho, mecenas

    criador do próprio Museu. Yolanda Pcmcado. á época casada com Ciccillo, conla

    nos em sua autobiografia como a idéia de fazer uma Bienal de Arte surgiu

    de uma

    maneira completamente imprevista :

    Um dia. o Cicdllo estava conversando com o Anuro Profili. c

    me fez ~ s a

    pergunta:

    -

    Vocc

    não quer

    cxpcri

    memar

    f a z ~ : r

    uma Bienal

    7

    Fiquei

    mwm espantada porque

    nem

    sabia direito o que era uma bienal

    N

    eles

    me

    disseram :

    -

    escrevemos a diversos paiscs

    ugcrindo

    essa idéia. mas

    não

    veio respo:.ta

    Você

    quer lrntar? .

    Houve quem reivmdicasse para SI a autoria da idéia, como o antsta Danilo Dt

    Prete, que. em 1979, conta em entrevista que teria sido ele a sugerir uma Bienal de

    Arte

    em

    meados

    de 1946. Assim

    como houve quem atribuísse a idéia iníci;ll

    à

    própria Yolanda, como o critico argentino Romero

    Brest

    Mas em sua autobiogra

    fia, Yolanda relata que a idéia partira de Cicdllo e a ela caberia a tarefa de fazer os

    convites Internacionais, como veremos. ParaAraC) Amaral. Mpouco rmporta hoJe se a

    idéta das Bienals foi-lhe assoprada por Danilo

    Di

    Prete. conforme recemememc se

    levantou.

    ou

    se

    resultou de uma 'competição' entre o

    MAM-SP

    e o Masp

    de

    Cha

    teaubriand dirigido por Bardi, que lambem tena ideras s1milaresM·. pois OccJIIo

    8 1 r o s I

    37

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    2/16

    38

    teria se proposto a ser o centro e a base

    cfo

    projeto das bienais Enm:tanto, a

    imponância

    do

    "assessoramento" de Di Prcte e a proximidade emrc esse JlllllOr e o

    mccenas talvez s1rvam para exphcar o ~ e n c a n t a m e n t o c a Mp;enerosidade" que a

    Bit·nal teve para

    com

    esse pintor italiano ren:m-chcgado. Pms

    e

    falO

    que as cons

    tantes premiações dadas a

    Di

    Pretc dividiram a critica desde sempre.

    s e ~ V i n d o

    de

    materia para debates c desconfianças.

    Yolandajâ tmha v1agem marcada para a lndia, convidada por embaixadorrs de

    . Pensando nisso. Profili preparou um memorando que devia ser l(·vado pessoal

    mente por

    Yolçondcr que. ao l.mçar r:ruucisco Mnt.1razzo Sohrinho ;a ideia de levar o Museu

    reali1ar uma Bienal. lu dus mni'> acirrados llllllSilore'>. Rcalucn• · o Museu Cl•rncçava.

    Não uuso

    recorrl'r

    à

    con,agrado

    CJCpressão

    mnl

    l·omcç.tv:•"·

    purqUl'

    comc

    'ui•;us :10 Bra.-.l. Dn

    cum•·ntv

    do Arqt11vo da A •·nal

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    3/16

    Ar Jcy

    AmaraL "Bienal ou d:J im

    pos,lhlhdade de noter

    o

    tempo",

    Ml C:it.,

    p

    19.

    " C . ~ n n de Franch,rl Mot..uazzo

    Su

    bnnho

    Ou·ccu

    fnrlloura.

    de 13

    d '

    abril de

    19 >1

    , olfchando .:on

    r m J ç ~ n t lt pmnlo à

    l Bienal Uo

    curm·nto

    rh1

    Antuivu

    da

    Bu:nnl

    No inicio das bienais, é claro que a panicipação de Yolanda Penteado foi funda

    mental. MMesrno apesar

    de: :;un

    tdentt frivolidade", segundo Aracy Amaral. da

    garantia uma habilidade

    e

    um tr;insito permitido por sua familtaridadt

    com

    o meio

    artislico no.tcional

    e

    mtemacwuul l,or exemplo, costumava viajar acompanhada da

    escultora Maria Martins.

    ba-,ta e 'oersada no meio artistico europeu, dentro do

    qual viveu a maior

    pane

    d, sobretudo

    nas duas primeiras btcnats.

    Enquanto

    Yo

    landa Penteado

    .,e

    encarregava dos

    v i t e ~

    imemacionais, Citdllo

    Matarazzo se correspondia com mdusmats do seu meto e com ttuem mais

    p u d e ~ s e

    doar auxilio para as prenuações da Bienal.

    Em cana

    á diretoria

    do

    Rotary

    CluiJ de

    São Paulo, datada de agosto de

    1950,

    Cacei

     

    o lembra que a unidade do Rotary Club

    de Veneza costumava contribuir com

    um

    prêmio para a lienal de la. portanto

    esperava que

    a

    entidack brasileira tamhérn o fizesse Alguns meses mnis tarde.

    com algum a t r o c í n i o ~ c o n f i r m a d o ~ ele l.'scrcve

    a

    outros possivcas patrortnadores,

    tendo mais argumentos a seu favor. Ao solicitar auxilio a Dtrceu Fonwura, ligado

    à indústria de medic:tmemos. por exemplo. Matarazzo coml.'nta que a I cderaçào

    d a ~ Indústrias e o Jorkcy OuiJ contribuiriam com prêmios no valor de

    100

    mil

    cruzeiros cada um c uma granck companhia de seguros contribu iria com mais 50

    mil

    rn17eiros

    o

    mesmo valor que Ctcdllo solicita

    a

    Fontoura

    10

    Com

    os ·in andamentos públicos e paniculares já confirmados c com a ces >ão

    do terreno no Trianon para a constntção do abrigo provisório

    p:1ra

    a mostra. davul

    gou-se então o regulamento da I Bienal do Museu

    de .1\rte

    Moderna de São Paulo.

    cujo objetivo descrito no primeiro item ~ c r i a ..oferecer por via de uma

    c;eleção

    dl

    o i J r a ~

    de

    anista >

    nacionais e e:otrangeiros uma

    vasão

    de conjunto das mab significa

    tivas tendências da

    artL·

    moderna': O regulamento previa também a realização

    til'

    outras

    u ~

    mostras •mernacaonais paralelas a Bienal, denominadas Expostção In

    ternacional de Arquitetura e festival Internacional de

    Cinem••·

    s

    normas para

    a

    panicipação na Bienal eram extremamente simples: os amsttl-"

    nacionais ou l'Strangciro i que desejassem concorrer deveriam enviar

    um

    numero

    maxamo de

    três

    obras

    (de

    fato, solicitava-se que fossem env1auas

    as

    obras originais

    à sede da Bienal no Museu de Anc Moderna, Já emolduradas c em condições Ul'

    :.ercm expostas. caso selecionados), que seriam submetidas ao júri de sell'\·ào.

    Com

    as obras. os anistas deveriam enviar uma ficha t lc inscrição

    em

    que especificariam

    se elas estariam à venda, pois assim também podiam concorrer aos prêmios-aiJUi

    sição"

    Dob

    tkmre os membros do júri de

    ~ e J e ç ã o

    Sl'riam indicados pelos

    a n í ~ t n l

    inscritos. cuquamo os outros três seriam escolhido.>

    pda

    diretoria do Museu

    de

    39

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    4/16

    Arte Moderna e pelo presidente da Bienal. De maneira semelhante seriam eleitos

    os membros do júri de premiação. Constavam do regulamento divulgado três

    prêmios nac10nais e três prêmios estrangeiros nas categorias de pintura, escultura

    e gravura- num total de 260 mil

    cruzeiros-. enquanto

    os demais prêm1os institut

    dos haveriam de ser "prêmios-aquisição", ou seja. deveriam ceder ao Museu de Arte

    Moderna de São Paulo a propriedade das obras. Porém. antes mesmo da inaugu

    ração do evento, os jornais divulgavam que o valor total dos prêmios já passava

    da cifra de um

    mi

    lhão de cruzeiros.

    Ctccillo garantia o apoio financeiro entre seus amigos industriais, enquanto

    outros estavam envolvidos na montagem da exposação. O grupo de montagem.

    formado por Gwmar Morelo. Aldemir Martins, Frans Krajcberg, CarméJao Cruz e

    Marcelo Grassmann, se desdobrava para organizar as obras no Trianon, onde al

    guns deles figurariam como expositores

    0

    Morelo

    conta que

    chegava a dormir no

    próprio Trlanon, pois como o pavilhão ainda não tinha portas. as obras poderiam

    ficar desprotegidas por completo; Aldcmir Martins revezava em turnos com Morelo

    a vigilãnciau.

    A exposição do Trianon

    No dia 20 de outubro de 1951, o pavilhão do Trianon, reformado e adaptado

    pelos arquitetos Luis Saia e Eduardo Knee.se de Mello, recebia convidados em ceri

    mônia restrita. para no dia seguinte abrir ao público em geral. a I Bienal do Museu

    de

    Ane Moderna, com

    ce

    rca de 1.800 obras de vinte países, hnvendo predominãn

    caa

    das tendências abstratas. Uma enormidade para a época, um verdadeiro "mar de

    t e l a s ~ como assinalou o grande critico e artista Arnaldo Pedroso d'Horta. para

    quem esta primeira

    Baenal foi

    "o mais sério acontecimento artístico

    verificado no

    Brasil" Mesmo isso sendo verdade, o critico, no calor da hora, podia

    notar

    que

    havia uma enorme desoncntação do publico, que, ao adentrar o imenso salão, se

    via perdido no tal mar de celas", sem ~ v r as praias pelas quais guiar-se"

    13

    Na

    imprensa, a Bienal era sem dúvida o assunto principal - fosse a publicação

    contra ou a favor da mostra ou do seu conteúdo. Alguns jornais publicavam

    questionamentos innamados em relação à sua organização, a Ciccillo, aos Júris de

    seleção e premiação, aos artistas participantes, às próprias obras, ao passo que

    outros periódicos

    se

    concenuavam em divulgar, por vezes de forma minuciosa,

    tudo o que s passava no Trianon- desde fotografias das celebridades e dos polí

    ticos presentes à inauguração até a publicação de longos artigos e fascículos espe

    ciais sobre a I Bienal.

    Nada disso impediu, entretanto, que um "memorial-protesto" elaborado por

    duzentos artistas acadêmicos ligados

    à

    Associação Paulista de Belas-Artes. consi-

    P  u o r t l a

    • Leonor Amarante, op.c

    li

    ., p.

    8

    .

    " Ibidem p 19

    A m ~ l d n Proroso d Horta. P ~ o q u e

    nos

    aspectos do grande problema

    da arte lo

    Vem

    d Hona (org.)

    olllo o

    coi Scítnl'JD

    São

    l ~ u l

    Imprensa do E. .t;1dn/EDUSP/S•"l'rc

    taria de Estado

    da

    Cu ltura. 2000}

    p.

    7

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    5/16

    • Ueou

    l'ignarari.

    ·oc:wio para o

    ( ' l l l l l ' r t ' ln

    Follla

    r

    S Pmllo,

    20

    111• maio de 2001 .

    L u r ~ \ arrins. "A

    htauguraç lo

    da

    Olfnal"

    o Esrruto r S Pa11/ú, J

    dr

    numhro

    de

    1951.

    Amõnio

    B ~ n t o "A

    Bicrul

    dl"

    5;\o

    Paulo"

    Dwrio Carioro

    1

    de

    ju -

    nht•

    · I ~ 1951

    .

    l.cnnur Am:mune,

    op

    . dr p. 19 .

    '' CarniiXIü Bienal 50 Anos

    -

    19 11

    -

    JV I/

    S.,u

    J>aulu,

    ftU1d.tçl1o

    Bienal,

    2001,

    p.

    derasse a mostra "falso credo anistico, anticristào.

    : ~ n t i l a t i n o

    e antibrasileiro". nem

    que bancârios

    em

    greve trouxessem

    às

    portas da mostra no dia ck

    c;ua

    inauguração

    canazt•.s dizendo "um charuto a menos para o tubarão, c um >ào a mais para o

    bancário", em protesto contra a exposição c seu

    l'USIO

    elevado Dt:ntro da Bienal.

    Ciccrllo

    Matarazzo abria o t•v,·nto

    com

    um

    discurso que. na opinião de

    Oecio

    Pígnatan

    então jovem estudante.

    foi

    um estranho evento de derrisão e rlesprczo:

    a i n t d l i g ~ m s r a

    paulista. drincando no salão. rindo e conversando, sequer o ouviu. Ele sc \ rnganil,

    longa e metodicamente" •

    A

    pan:c

    os rnamfestos conservadores ou justas rctvlndicações elos trabalha

    dores, uma crôntca publicada no ~ w d o d ~ 5. Plltllo ~ o h r e a Inauguração da mostra

    nos

    da uma idcia do e n U I ~ i a ~ m o paulistano em relação

    à

    iniciativa.

    O

    cronista du

    jornal cornl·nta sua experiêrtcia em meio à multidão que aguardava para vishar a

    exposição

    na

    avenida Paulbta:

    A um

    amtgo, um indivrdun

    dizra

    que ~ . . ~ c n t a

    por ccnlll dactud.r

    geme lod.t

    fõrn

    lá por

    simples c u r i o ~ i d a d t c

    csnobbmo.

    E. sabiamente. o outro n.::.pondia c que t ~ · m ú. so?

    Precisamos nos

    convencer de 11uc o esnobe c um elemento Litil da sociedade.

    Não

    tlH

    interessa ~ a b e r se ele vem aqui

    para

    achar l(r.u;u du q u ~ : não emende: o 11npurrante t

    tJUC venha e que

    raça

    onda.

    Como em

    l ernl o

    esnobe

    c

    ncu

    (menos

    1 11

    que .;nu um csnobt

    am.tdorl. pode fazer mais

    pela

    anc

    rnudcma

    do que cu ou voce - wmprnndo ( ..

    Conforrnl' regulamentado. a delegação l.Jrasilcirn cr.r dh·idida em dob grupos

    um grupo de artistas charmulos Mespontáneos", que

    detuaram

    inscrição e foram

    aceitos pdo júri

    de

    seleção. c o grupo dos convidados. composto pnr arristas jã

    famosos. Este último foi bastante criticado. pois os crirerios para os convites não

    eram evidentes. Ciccillo foi questionado quanto ao convrre il escultora Mana

    Martins - em reunião dl· divulgação da Bienal. realizada em JUnho de 1951. o

    escultor .los" Pacheco confirma com Ciccillo qul' Maria Martins iria ligurar como

    convidada da I Bienal, ao que completa: "Mas. a sra. Marrins não é anista .:·• .

    Leonor Amar;mte lembra que, n e ~ s a primeira edição da mostra, tanto Yolanda Pen

    teado como

    Milri

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    6/16

    qual vão

    se

    desenhando formas diversas, an

    im

    adas

    po

    r um colorido imenso que

    pode chegar a ser muito fino c sutil, estruturando-se como composições que a

    pmtura propriamente dita quer obter mas não obtém .

    A grande unanimidade da premiação f 1 o suíço Max

    Bill. com

    a escultura Unida-

    de

    mpartida que hoje pertence ao acervo do Museu de Arte Contemporânea da

    Universidade de São Paulo. A premiação ma1s criticada pelos jornais no período foi

    referente à tela Limões de Danilo Di Prete. O publico estava decepcionado por não

    ver premiados Segall, Portinari e Di Cavalcanti, c isso se somou ao fato de algWlS

    considerarem Limões uma tela menor e, especialmente, de seu autor ser de naciona

    lidade italiana . Até mesmo a irasóvel Patricia Galvão, a Pagu, num arngo divertido

    e sutilmenre conservador em que desanca a Bienal e a arte abstrata, protesttlrá contra

    c

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    7/16

      lconor

    A r n a r a n t ~ .

    op cít.,

    p.

    24

    Murilo Mendes. -sugcstocs la

    B t t n a l ~ Ditirio Cnriorn :

    de

    t ~ m b r o de: 1951 .

    11

    Mano Pedrosa. "Dcpolml'nto ~ o l l r l

    o

    MAM':

    In Otflla Arantes (org.).

    Poluico das

    niTr S.

    op. cu •

    p.

    JOO.

    • ·cogita a Prctdtura da cessao do

    'Trianon' por vlnll.'

    a n u s ~ . ornal

    N a u ~ n s

    Rio

    de

    Janelro

    JO

    de:

    OUIIIhro de

    1951 .

    anovíssima arte apresentada pelas delegações

    de

    cad;t

    pa1s,

    mesclavam-se nomes

    de anistas de trajetória já consagr da no exterior. O resu tado era

    ''

    que

    se

    tomava

    evidente aos olhos de críticos e anistas, o vazio de

    4llgumas

    décadas nas artes

    plãsnca.s brasileiras. Lconor Amarante cita declaraçiio de Danílo Oi Prl'te sobre n

    "azeda" experiência de sua prerniH\'ào com a rela L i m õ r ~ na I Bienal. na q tal o

    anista declarava, apc.spondia.LJ

    Paul Klee. Morandi. Magnelli Sophie Tauber Arp Baumcister. Roger Chastl'i,

    lét er. Max Bill com a sua escultura premiada -em tomo da qual, segundo Murilo

    Mendes, o espectador poderia clrl·ular e circular e circular e ter a

    mesma

    >cnsação

    surpreendente·

    "o

    mundo estava no Trianon"

    1

    \ parafraseando manchete

    loohre

    a

    inauguração da mostra.

    Nos

    jornais. debates entre críticos de arte sobre o

    nbsrracionismo; no Trianon, grandes obras

    de

    artistas consngrados c

    de

    novos ar

    risras; nos bastidores, discussõl'.s inflamadas entre os organizadorrs - tudo

    tsso

    marcava c marcaria para o futuro ,J > bienais paulistana ..

    Organizada pelo jovem diretor artístico Lourival Gomes Machado, segundo Mário

    Pedrosa

    foi

    a ·'Bienal

    do

    ensaio, c i ~ improvisação, da experiência Que e l e s ~ sa1u

    com galhardia da empreitada, todos o atestam" '.

    Nem

    todos. na verdade Pois

    mal se innugurou a l Bienal e os jornais já noticiavam o pl·dido de demissão de l.ou

    rival

    Gumes

    Machado devido a desentendimentos envolvendo o presidente

    do

    Museu,

    Ciccillo Matarazz.o A favor do dm to r, artist;ls mandaram abaixo-;mar a

    do

    solte

    tando a Ciccillo que recusasse o pedido de drmissào.

    Mas a Bienal seguinte, em 195J,já não teria o jovem Lourival em seu comando

    artístico. Em seu lugar estaria aquele que foi talvez o princ1pal intelectual do pm

    jeto o crítico de arte. um dos pnncipais pensndorcs do Brasil naquele momento

    (vindo diretamente da Semana de Arte Moderna). Sérgio M lltel, que já

    t•ra

    o secre

    tário-geral da Bienal. Mas não cta apenas a que

    as

    cmsas mudariam O próprio

    espaço p;ua a Bienal estava em questão. Jâ nessa época, 4l l'refeitura de São Pélulc>

    cognou a cessão do Trtanon

    a

    Bil·nal por

    ma1s

    vinte anos para a conrrl nzação

    da

    mostran.

    mas

    a U Bienal encontraria abrigo ainda melhor no fim do ano dr 195J.

    Absrração c figuração: esquerda e direita

    no debate sobre a arte c a Guerra Fria

    O que Pedrosa chamou de B i ~ n a l da improvisação", a artista Mnna Bonomi

    definiu como "uma bem lubrificacia modeMa rephca da Bil'nal de Veneza ( .. ) < ~ r r e -

    gada claramente dum

    f o r t ~

    sent1memo de 'olha,

    isto

    está existindo e nós \

    arno-.

    fazer também', foi adaptada a nossa realidade': De fato. continua ela.

    B n a

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    8/16

    a J l r i t n e ~ r a Bienal oi

    um

    choqut• muilo grnndc pois ninguém imaginava que tais coisas

    pudcraam csrar

    c n d n kllas

    no mundo

    e

    que u

    Bras1l dm par.

    a

    rrenre

    também pnderia

    se

    l'Unfrontar com c l < ~ ~ ( ..)

    c

    portanto porkna começar

    a

    produz1r m t ~ t e n i J · pan1

    ~ t e

    confrnntn.

    (Max

    Bill,

    Jackson

    Pulluck c Pkasso

    l e t s u ~

    Di Covalca.nli

    ,.

    lorrinari)" .

    Essa "matéria de que fala a artista se conveneu num

    l o n ~ o

    debate que cortou a

    arte urasaleira c a história da Barnal em seus primeiros anos

    de

    maneira contunden

    te

    c com difcre.rnes dimerLc;ões kstétJcas l políticas)· o dchatt. solm a abstração e o

    lugar da anc na comciência,

    l'

    na política, do mundo moderuo

    Sobre esse assunto, e sob outro ponto de VISta, a criuca de

    < ~ r t c

    Maria Alice

    Milliet acredita que

    "a

    abenura da mostra imernacional de

    1951

    marcou o

    fim

    do

    dom111io incomestc dl Portinari e Di Cavalcanti e tornou

    obsokta

    a pintura que

    faziam e o que representava: uma

    cena

    visilo de brasilidade"

    Era

    a

    m a r c : : ~

    dl'f1nili

    va, e isso e incomestavcl, de um

    11rocesso de

    modemiz:ação da compreensão ptctó

    rica no qual a

    ane

    urasileua, por a gum tempo. arleríu aos rigores do construrivismo

    e na construção geométrica encontrou a essênCia da linguagem plástica (

    ..

    ) nas

    Bienais consolidou-se definilivamente o

    1110derno •

    Mas

    o que sena wo modem o

    ..

    naqueles anos

    ern

    que o descnvolvimemismo

    rln

    "era

    JK",

    m novos projetos de industrialização e abertura mercados

    t•

    a Guerra Fria

    davam

    as

    canas? Para Maria Bonomi, que

    Foi

    testemunha dessa epocn. em seu prOJl'lO

    de fundação, a Bienal queria se tornar urna "grife", uma marca distintiva das outras

    grandt' i

    exposições

    dt· :arte. P : ~ r a asso, ela

    deveria

    se

    fundamentar

    em

    três

    princap1os

    basicos: um princ1pio voltado ao coll-tivo,

    à

    ma1or quantidade de público. de anis as,

    de participantes; aposwr tudo no conceito de "novidade . e polêmica .. o cspontãnto da

    vanguarda"; e centrar-se igualmente na idéia da multiplicidade e diversidade da arte

    contemporânea, sempre que possivd em suas diferentes manifestações, na arquitetura,

    no teatro. no cinema. na dança. na

    mli.sica.

    Enfim, surgir -como uma amostragem imernuva

    mais do

    qut

    um simpiD corredor para exibição artistica""'.

    A art1stn observa muito

    hl·m

    ttue esse projeto, "ao longo da maior parte dl' c;ua

    existência( .. ) contou sempre com uma variedade de profissionais desvmculados

    do mercado dt·

    anc

    atuando como dirl'tores ou como assessores d 1 diretoria, de

    curadores nacional$ excelente'> que em sua

    maion01

    ;i pilotaram t•om agilidade': E

    que a Bienal,

    em ua

    or igem, quena ser polcmica "nws abena,

    dt

    preferência

    democrática,

    d i r i ~ 1 d a

    ao poviio, aos que não viajavam" .

    fruetuuto,

    tende a

    centrar

    s s ~

    elogio c o desenho desse projeto à figura de Ciccillo Matarazzo. cru

    sua

    wgcnialidade' ou ·personalidade", como e costl1mc até hoje em muitos co

    memanstas, sobretudo do inicio das bienais, t r i b u i n d o ~ l

    he

    o que era mérito dos

    primeiros grandes críticos c diretores tanto da Bienal quanto do

    MAM

    (como

    Sêrg10 Milliet c M:ino Pcdrosa)

    c o

    P ; u I l a

    Ma

    na Bonumi "Bicn  l

    rl

    rt

    stn US

    Silo l'

    aulu.

    o

    52,

    de

    z

    cmhrn

    . j

    anc1ru.

    k n

    rem1

    .lOO I

    .l0

    02, p.

    l l-2

    .. M.1ria

    Ali

    ce Mllllct.

    Blt:nal

    I" r

    u l ' o o ~ e pen:alçu,• Rr i'

    ISI(l

    USP

    São Paulo, n• 51. d

    cr

    rmhro, ja

    nclru. fevcrciru. 2

    001

    2002. I ·

    94

    " Mnna Bonom l. "Bienal

    >cm(lrc

    · ,

    arl

    ciL,

    p.

    32

    ' Ibidem, p. 32-l

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    9/16

    11

    Rlc.Hdo

    N a ~ d m r n t o Fabhrini

    .

    ·rara uma histOria da B

    irnal

    de

    S ~ o

    PaulD.

    an.

    clt.,

    p.

    48

    O grande resumo

    d e s s a ~ p o l ~ m i

    C lb c ~ t ~ em Aracv Amaral

    rtr

    pur q u ~

    A

    prrorupnção social

    rrnnrrrbrnsi lrrra J9J0 19101Sllo

    Pnulo, Nobel, 1984) p. 227

    7l

    u Marta Alice Milllt:t

    "Birnnl:

    pcr

    (Ur>os

    percalços" art. dt

    ,

    p. 94.

    " ALtl }

    Amaral. "Bienal

    ou d < ~ im

    po,,lbilid,ldc

    de

    reter o

    tempo·.

    art

    cit,

    p.

    20

    Dentro desse proJeto, tão generosamente descrito por Bonomi, s

    polêmica..\

    se

    instalavam. A primeira deJas, e que marcaria a década de 1950, foi a que opõs os

    defensores das formas figurativas (muitos delb vindos da tradição modcrntsta) àqu\:

    lcs que

    declaravam o lim dessas forn1as para investir no surgimemo e na radicalização

    das formas e da pesquisa "abstrata':

    As

    primctras edtções da Bienal

    foram

    profunda

    mente cortadas por polêmicas calorosas (e por vezes maniqueístas), sobretudo entn:

    os criticas que atacavam os "formallsmos modernos", responsabilizando-os por e:>va

    ziar o valor soctal e militante da ane. contra os

    dcfensOrl-s

    das novas

    fom1as

    de

    intervenção e cone (st;ja na história da arte, seja. nos mms sofisttcados,

    nn

    propriil

    percepção estética ou cultural). do abstracionismo, ·amo o geométrico quanto o for

    mal - que, alias, lambem e s t < ~ v a m em confronto uns contra os nutros

    11

    • No meto

    dessas batalhas, muitos iam caindo pelo raminho, como o "naturalismo ll(lifou os

    · m o d e r n i s t a ~

    oficiais, como Poninari e

    Dt

    Cavale1nu. qul' l'ntretant

    >

    nào dcixaram

    de ter suas glórias em algumas bienais H. Mas essr debate transcendeu o terreno da

    estética e incorporou duas qucsrões de ordem pollttca: o debate esquerd.1-direna c

    os

    "interesses" nane-americanos

    na

    divulgação

    da

    arte moderna.

    No campo do debate entre a esquerda e a direita

    (ou.

    mais precisaml'ntc, da(JUI

    Io que se constderava

    ane

    progressista ou não). havia uma subdtvisão

    que

    opunha

    os defensores do abstracionismo construtivo,

    ou

    geométnco. e

    os

    pintores c

    cnu

    cos ligados

    ao

    abstracionismo informal.

    ou

    tachlsmo (como preJI:ria Mário Pedros.t) .

    A questào

    ia

    além

    de

    paradigmas estéticos, dizia respeito ao ··controle

    i d ~ o l ó g i c o

    em

    clíma de guerra

    fria .

    O construttvtsmo geométrico tomou força não apenas no

    Brasil, mas também na Argentina. no Uruguai, na Venezuela e na Colõmbia. pauta

    do na idéia de que os pressupostos construtivos seriam adl.'quados c nc:cessano-. as

    sociedades em desenvolvimento. Por outro lado. o abstraciomsmo informal. cuJo

    carro-chefe era a pmrura gestual dl' Pollock. promovida pelo MoMA sob as bên

    çãos do Depanamenlo de Estado americano.

    foi

    apresentado como a mais legttima

    expressão de liberdade individual. alheta a qualquer constrangimento social ou

    politico. Aos olhos da esquerda, entretanto. essa pintura nilo passava dl' uma ilrte

    alienada e

    a l í ~ : n a n t e n .

    Não

    para

    10da

    a l'squerda.

    é

    claro.

    Na I Bienal. jovens :-trthta.s de esquerda lançaram o "Manifesto Conscqtiénua",

    no

    qual acusavam a Bienal de não st·r

    mais

    do que uma "infame

    propag

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    10/16

    a Btcnal cnarn t•ntrc nos uma c l t b ~ c compmdora da art.: abstratn,

    qucJà

    aparrn· cntrc

    us ~ t u b a r õ e s "

    que

    ligamm

    seus

    nomes oo:.

    prcrnios.

    Essa t•lassc

    compraduru

    c o govcmo

    compn:l•nderc'io

    a tmponanaíl

    da chamada

    art1.

    moderna. Criarão um mcn:ado p.trn os

    anisws que com tsso,

    tcr:'10

    seus problemas resolvidos. desde qu1.· pintem como cnm-

    pradon..., desejam, isto d1.·sdc que punem l'Omo : Btcnal

     \

    Mano Pcdrosa.

    um

    cnttco tambêm de esquerda (na

    verd&ldc,

    um trotskiSta histô

    rlco). responde imrdiaramt•ntc

    ao ataque.

    Em

    anigo publicado

    no

    jornal nbuua r o

    lmpre11sn intitluado Btcnal de São Paulo tos comunist

    1s

    ·.contra-ataca.

    ns cscnhas do stalinbrno nioulo,

    flileira

    na l ó g i c : ~ elos movtmcHtos :mís

    ticos intcrnaetonais. definidos. enquanto idc:irlo. pda b u s ~ < l incessante da cxpcri

    mt·mação formal"

    Mas

    a outra

    ~ q u e s t ã o

    pohnca", at1uda que se rereria aos '·merc.sses am.:rica

    nos".

    tamo na Bienal quamo na arte abstrata. ainda estava nbena.

    De

    fato,

    LSSes

    interesses ex1stiam, e medir seu tamanho c significado ainda hoje é uma questão

    complexa. F certo que as ligações e interesses

    do

    govcmo americano c de Ndson

    Rockefeller são indissociáveis tanto da fundação

    do

    M.AM

    -SP quando da Bienal.

    Arney

    Amaral cot ta que numa entrevista feita por ela corn Yolanda Peuteaôo. em

    olrçO

    P a u

    c t

    \'llanova . \ n i R ~ " -

    ",\

    Blwal cx-

    Jll'C'>':'I"

    da dtc:tdcnna burgul'Sa• 

    Ho r, S ~ u

    Paulu,

    12 agn\lo

    ''

    1

    951

    , . Cf Lt OIIor

    A l l H l r ~ l l l l ' , up

    C:lt

    .

    p.

    16·7

    1

    Ricardo

    Nasdmcntu

    l'ahbrinl. "P.1r.1

    uma

    lt

    i\ lurla

    ela

    Ri

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    11/16

    A racy t \ m : ~ r n l ·sicna l ou da im

    p o ~ ' l h l l l d a d c : de: r ~ 1 t r u tempo·,

    an

    l

    ,

    p

    ..zo.

    D.1hun

    S.tla.

    "Arquivo

    de

    Arte

    da

    I undaçM Bknal dr Silo Paulo",

    nn. p. 126·7,

    1982. sobre os interesses políticos norre-:1mericanos no comcxro da Guerra Fna

    em

    financiar

    a

    "arte moderna" no Brasil ,

    a

    esposa de Cicdllo deixava rxr,lícito essl'

    cálculo político:

    Ela

    n: >pondcu-me com

    simplicidade que

    era

    cvidcnrc

    que

    hawndo

    um

    muc:eu

    aqUJ

    un

    plantadu

    que tr.rria cxpusiçõcs

    intcrnacwnais da

    mais alta

    t diversa

    quahdadt·. abruuJo

    jande

    projeto estava afinado com o tntercsst:' da poliuca de Fstado norll.: americana no

    contexto da Guerra l nn.

    Na

    atuação desses ''bastidores",

    D

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    12/16

    queles

    que-

    adoraram o pais para viver e trabalhar) e de anistas que fossem "lideres

    seus a m p o s ~ · · . Quando deixou o Brasil. segundo demonstra Dalton Sala a partir

    de documento do acervo do Arquivo de Anc da Fundação Bienal de São Paulo.

    d'Hamoncourt

    podia

    di;oer

    que aqui contava. terreno artislico, com colabo

    radores ..•. Ainda que ele se referisse a "colaboradores no sentido de organizadores

    de grandes exposições. a ambigüidade do trrmo era idêntica à dos interesses e

    posturas envolvido >

    Se

    era descabido i m ~ i n r que Milliet, Antomo Candido. Lourival Gomes Ma

    chado ou Mário Pedrosa pudes.)em ser "colaboradores" do Departamento de Estado

    norte-americano

    1

    , c

    cerro que os interesses de CicciUo Matarazzo e o depoimento

    de Yolanda Penteado só corrobora o óbvio). o "bom burguês nacional'', se cm7a-

    vam com de nossa

    cultura"' . Se

    isc;o

    era inegavelmente parte da verdade, os preconceitos arraigados

    na

    cullura brasileira tnmbém mostravam sua verdade nessas crittcas ferrenhas

    e,

    também elas, ambíguas. Por exemplo.

    em

    um artigos a Bienal é

    acusada

    de promo

    ver

    a

    "ane degenerada" e a "loucura·:

    Ou

    seja, o critico aproxima-se do mesmo

    discurso

    (ou

    da visão de cultura) do qual se uttlizou o nazismo, duas décadas antes,

    para perseguir e banir a arte modema de seu tdeall' "higiêmco" Estado autoritario

    e "ariano

      .

    Outras mostras na I Bienal de Arte

    Alem da grande exposição de arte, a I Bienal incluiu urna Exposição Interna

    cional

    de

    Arqunetura, um Festival internacional

    de

    Cinrma, um Salão Nacional de

    Cerâmica

    e

    promoveu ainda

    um

    concurso

    de

    ~ o n t s

    para vtolino

    c

    piano, ck auto

    res nacionais. A Bienal, em seu mtcio, era muito mats ampla e aberta aos vários

    setores da cultura e das artes plasucas do que seria em seu futuro.

    A Bienal

    do N

    Centenário

    A artista plâstica Maria Bonomi conta uma ótima história sobre a chegada a São

    Puulo da

    Guemica,

    de Picasso (que pencncia ao acervo

    do

    MoMA de Nova

    York),

    a grande "estrela·· da HBienal, que dá conta também de mostrar o quanto a jovem

    Bienal era improvisada e dependente dos ânimos e paixões dos poucos envolvidos

    com

    o mundo das artes

    na

    cidade do inicio da década de 1950:

    48

    C

    o

    I

    t

    ç

    O

    P ;

    u

    I

    I

    c

    l l

    "' Ver Rrné d'll tmoncoun. "E\Iildu'

    Unido:>.

    In Cntdlog

    da I B·cnol

    do A1usl u de rte ModC rnn dr

    Siir1

    f>ntrlo. 1951

    '

    1

    Citado

    m1

    Daltou

    Sala.

    "Arquivo

    dr Arte da Fundação Bienal de

    Silo

    P:tulo". art. clt . p. 127.

    E r e r l ~ o lembrar cmprc qur a

    prúprla c ~ q u c r d a ~ r a dlvldld .

    tamhém quanto

    a

    conrt'p\"' io

    arte e cuJwrn. c qul' e s s e ~ nolavds

    mle.lcctuais ·inham

    1amhém

    ' eus

    npushores. para os qunb ch:s dl

    v

    ligavam ·uma

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    n e ~ n r ; â o dn

    \

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    . N,\u c

    ~ i ~ n l n : H i v o

    que n

    d c l c n , o r c ~

    d ~ arte

    no

    Brasil tj;un

    u\ 0\-

    valdo dr Andrade. os fl;tvio dr

    Carvalho. Sérgio Mlllicl?",

    l -

    tTt \ Cll um l1:rto Aydano tlo

    Co111u

    fcrraz

    num

    artigo intitulado • A

    Bienal Propaganda l t l ~ o l 6 g i t

    do Imperialismo", dt: 1951 .

    f

     

    Dalton Sala "Àrquivo dr

    ArtC'

    da

    Fumlaçâu Bienal dt·

    Silo

    Pau

    to•,

    nn . cit

    .

    p. 127.

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    13/16

    '

    M.ula

    Bonoml. Bienal 'ernrtre".

    art. cll.,

    p.

    .

    '

    Mnrio rroro'i.l. ·o rncunrnru 1rthll-

    In Olilla Ar.Uih:' rorg.) , cndê·

    miros

    r

    modrmos

    op. clt., p 2•11 .

    "' Ibidem, p.

    142

    .

    numa madrugada

    (de

    1953) fomos convocados

    às

    duas horas da manhã para cof I Cr a

    Brenal porque haviam chegado umas

    catxac;

    de cerra imporTância e profissionms

    da

    àrea com muita energia

    e

    discrição deveriam plantar suas tendas

    e

    acampar para

    um

    piquete norumo de proteção

    c

    manipulação

    du

    que havia

    >Ido emb rc do Não

    se con

    tava

    ssim de

    repente com

    m ~ c ó l u g o s

    c

    cum

    o p c c i a l C . t a ~ .

    mas sim com ess;c, pessu;c,

    que de boa vontade arrcgaça\'am as mangas c ~ q u c c i m o proprio nome. Guemíca

    havia chegado. Como contorno, Mareei Duchamp, George Braque c Paul

    Klcc••

    .

    Esse5

    eram certamente

    os

    galardões da alta cultura - e eles eram muito bem

    vindos Mas a

    l i

    Bienal do Museu de Art(' Moderna de São Paulo. para mais uma

    ve7.

    negar o maniqueismo ou a visão curta dos seus critico.s stalinistas. apresentou

    também obras o( artistas

    rio

    Paraguai a Cuba. da Indonésia aIugoslávia, do Egito

    à

    Noruega

    Como

    nunca ames. nesse momento praticamente roda a complexidade da

    cultura contemporânea na forma da arte podia ser vista no Brasil.

    01.' fmo. as coisas no mundo da arte estavam mudando e llaviarn mudado ainda

    mais depois da primeira edição da Bienal de São Paulo. Em abril de 1952, o Museu

    de Arte Moderna do Rio de Janeiro elaborou uma grande mostra de arte nacional

    chamada de Exposição de Artistas Brasileiros Era a primeira vez que uma mostra

    de arte brasileira de grandes proporções acontecia depois do impacto rla I Bienal

    Ainda que poucos meses separassem a mostra carioca da Bienal paulistana. trata

    vn-se de um momento em llue se poderia medir s conseqi.lências, no calor da hora,

    do furacão da Bienal sobre a produção nacional.

    De

    fato. Mário Pedrosa notou essa

    oportunidade no texto que escreveu para o catalogo da cxpoc;tção. Em momento

    artístico , Pcdrosa comprova que já se podiam notar os primeiros efeitos do im

    pacto do grande certame internacional sobre os pintores e escultores do pah '\

    O crüico aponta esses efeitos

    1

    os

    j o v e n ~

    artistas. sobrentdo a partir de certa

    perda de pudor. uma salutar irreverência para

    com

    os vdhos . os anistas já

    bc:m

    estabelecidos. Antes

    rla

    Bienal,

    os

    jovens artistas sofriam de timidez c falta de

    nudácia : eram reverentes demais para com os

    velho':

    Pedrosa demonstra qul' o

    impacto da

    1

    Bienal teve um caráter afirmativo, quase de ltbcrtaçào para as inova

    ções no campo estético c comportamental : o ambiente arttstico está em

    c:fcrvc.scência.

    Sumiu-se a modorra asfixiante. Os artistas começam a brigar por

    suas idéias, suas convtcções estéticas Excelente , bradava empolgado o grande

    critico. Porque a partir de então serta possível fazer uma espécit de rccenst'amen

    to do que há, depois do marco divisorio que foi a nossa pnme1ra B i e n a l ·

    De

    fato.

    pouco antes da l Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo, ainda no

    Rio

    de

    Janeiro. em 20 dejaneJro de

    1953 f01

    inaugurada a I Expostção Internacional de Artt>

    Absrrata, no Horel Quirand.inha. essa exposição, sinal dos novos tempos e das novas

    estéticas, teve Mário Pcdrosa

    em

    seu júri.

    B I l

    n a 19

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    14/16

    Ma'>

    o que e'>tava anunciado

    não

    era apl'llas morivo de júbilo. Poil. o que viria

    cmão

    ~ t · r i

    um dos mai'> cerrados e apaixonados debates da história da am· (no

    mundo c. especialmente. no Bra.,il): a querela entre 0 ;mistas (t•

    critico >)

    que

    defendiam a figur.u;ão na

    ane

    moderna contra os abstracionistas. Pt:drosa, romo se

    abe,

    tomava

    panido

    destes úllimos. Foi mesmo

    Sl'U

    maior

    pona-vol.

    na

    Fxposi

    çào

    de

    i\nLc;tas Brasileiro'> defencll' os abstratos- aqueles para os quais

    -a

    arte serve

    para liiR•nar o homem. t•rguê-Jo acima do cotidiano·· -

    contra

    os pmpont:ntes da

    pt•rmanência da rl'presentaçào figurativa -

      q u e k ~

    que. st•gundo u critico,

    mnce

    hem a ane como

    '"

    um nohre instrumento de edu(·nção. despido de

    autono

    mia-n. Ct•rto ou t'rr.Hio, a questão da aulOnomia da anc (inll'macional ou nacional),

    '>t'u

    caráter utópico e

    sua'>

    pULcncialidadt·'> transformadoras

    da

    pern•pçào esl

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    15/16

    Ctttillo

    Matarazzo

    c

    G1uho

    Baradcl

    l n ~ c t o r Geral da Btenal Veneza).

    Functonanos do useu le irtt

    M o d ~ : r n a

    obserV

  • 8/18/2019 I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo

    16/16

    ViSJt3 les observ m

    obra r

    Abraham Palatmk

    (Bras1l)

    Oan

    1o

    D1

    Prt tl

    [Brasil), ümões

    1

    95

    1.

    Virtor

    BrcchercL (Brasil I milo t a Suossuopora 1951