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CianMagentaAmareloPreto Porto Alegre, 1.º a 15 de janeiro de 2009 Ano XIV - Edição N o 529 - R$ 1,50 Jovem tem vez P Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo O ritual repete-se de ano a ano. Mera formalidade e cumprimento de uma tradição cultural? Início de um novo calendário de uma cronologia convencionada? Ou reavaliação de trajetória, renovação de vida e projeção de no- vos ideais e projetos? Páginas centrais. Em fevereiro, o expediente do Solidário será somente pela manhã, das 8 às 12 horas. A Direção Cáritas Arquidiocesana é destaque em Responsabilidade Social Raphaela Martins é a nossa entrevistada desta edição. Leia na página 2. Direitos Humanos: 60 anos de luta Inspirada na declaração francesa dos direitos humanos e do cidadão, de 1789, e na declaração de Independência dos EUA, de 1776, a Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 60 anos em 10 de dezembro último. Assinada em1948, após a 2ª Guerra Mundial, a declaração proclama em seu 1.º artigo que ‘todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direito’. Passadas seis décadas, o maior desafio é aplicar os direitos considerados inalienáveis pelo texto. Atualmente, quase um bilhão de pessoas passam fome no mundo, 2 bilhões ganham menos de 2 dólares por dia e os acessos à educação e saúde são precários em vários países. O superintendente do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Ale- gre, diácono Ivo Guizzardi, recebeu o treféu na Assembléia Legislativa em nome da en- tidade. Página 9

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CianMagentaAmareloPreto

Porto Alegre, 1.º a 15 de janeiro de 2009 Ano XIV - Edição No 529 - R$ 1,50

Jovemtem vez

Página 5

Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo

O ritual repete-se de ano a ano. Mera formalidade e cumprimento de uma tradição cultural? Início de um novo calendário de uma cronologia convencionada? Ou reavaliação de trajetória, renovação de vida e projeção de no-

vos ideais e projetos? Páginas centrais.

Em fevereiro, o expediente do Solidário será somente pela

manhã, das 8 às 12 horas.

A Direção

Cáritas Arquidiocesanaé destaque em

Responsabilidade Social

Raphaela Martins é a nossa entrevistada desta edição. Leia na página 2.

Direitos Humanos: 60 anos de luta Inspirada na declaração francesa dos direitos humanos e do cidadão, de 1789,

e na declaração de Independência dos EUA, de 1776, a Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 60 anos em 10 de dezembro último. Assinada em1948, após a 2ª Guerra Mundial, a declaração proclama em seu 1.º artigo que ‘todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direito’. Passadas seis décadas, o maior desafio é aplicar os direitos considerados inalienáveis pelo texto. Atualmente, quase um bilhão de pessoas passam fome no mundo, 2 bilhões ganham menos de 2 dólares por dia e os acessos à educação e saúde são precários em vários países.

O superintendente do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Ale-gre, diácono Ivo Guizzardi, recebeu o treféu na Assembléia Legislativa em nome da en- tidade. Página 9

Cidadania 2 1.º a 15 de janeiro de 2009

Editorial

attí[email protected]

DIREITOS HUMANOS

tem vezJovem

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: José Ernesto

Flesch ChavesVice-presidente: Agenor Casaril

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi

e José Edson KnobSecretário: G. Carlos Adamatti

Tesoureiro: Décio AbruzziAssistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS

Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster

e Pedro M. Schneider (voluntários)Administração

Paulo Oliveira da Rosa, Ir. Erinida Gheller (vo-luntários), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSImpressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 – Centro – CEP 90010-282 – Porto Alegre/RSFone: (51) 3221.5041 – E-mail: [email protected]

Ano XIV – Nº 529 – 1.º a 15/01/09

Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

Nossa entrevistada de hoje é a jovem Raphaela D’Azevedo Martins (foto), gaúcha, residente em Brasília e torcedora do Grêmio.

Os números são sempre frios e objetivos e muitas vezes escon-dem verdadeiras tragédias humanas. Por exemplo: a tragédia de quase um bilhão de pessoas que passa fome no mundo e

a miséria de outros dois bilhões que ganham menos de dois dólares por dia. O Solidário lembra os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, chamando a atenção que, em seis décadas, o que aquela declaração afi rmava como direitos inalienáveis de toda pessoa, ainda está longe, muito longe de se tornar realidade. Isso se torna particularmente escandaloso quando se vive num país como o Brasil ou num continente como a América Latina, onde cerca de 90% se de-claram cristãos. É de se perguntar: que cristianismo é esse que aceita conviver, sem maiores problemas, com a indigência extrema de mais de 70 milhões de pessoas!?

Outra dolorosa estatística se refere aos casamentos: se é verdade que os brasileiros continuam casando, é também verdade que têm cada vez menos fi lhos e, principalmente, que as separações aumentaram em 200% nos últimos 20 anos.

Viver é a arte de recomeçar. O que pode parecer apenas uma fra-se, um mote ou uma boa intenção, tem um profundo sentido no existir humano. Em linguagem popular: o trágico não é cair do cavalo mas não levantar, não recomeçar. É certo, também, que há recomeços e re-começos. Alguns, naturais, que vivemos sem nos apercebermos. Outros, convencionais, geralmente relacionados com a cultura e os costumes de cada povo, região ou comunidade. Outros, muito dolorosos, porque motivados por tragédias e sofrimentos pessoais ou sociais. Diante dos recomeços difíceis, quando a tendência é culpar a Deus, aos outros ou à vida pelo que de doloroso sucede ou sucedeu, muitos entram em crise e se “retiram” para chorar suas mágoas. Tornam-se pessoas tristes e amargas e amarguradas. Mas, paradoxalmente, são precisamente estes momentos e estas situações dolorosas que nos fazem crescer mais como gente. E preparam, para aqueles que acolhem estas situações com grandeza de alma, espírito e coração, um tempo novo que nem sequer imaginavam. O Solidário, abordando o tema da necessidade de recome-çar, relacionado com o fi m-início de ano que estamos vivendo, buscou o testemunho de algumas pessoas, cuja vida e missão estão intimamente ligadas a este constante terminar e recomeçar... a todo o fi m que traz em seu ventre um novo início no grande ciclo da vida.

Está em pleno processo a preparação do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe (12 a 17 de julho/2009-PUCRS). Dia 10 de dezembro aconteceu, na Associação Rio-grandense de Imprensa (ARI), mais um momento forte deste processo: foi o encontro de jornalistas e comunicadores do Rio Grande do Sul. Os participantes do encontro puderam expressar suas opiniões, dar sugestões à equipe central e, prin-cipalmente, sentir a importância do evento para uma nova comunicação que promova uma cultura solidária em nosso continente (contracapa).

Coordenador do Diálogo Ecumênico e Inter-Religioso, pároco da paróquia Nossa Senhora da Paz e da Paróquia Universitária, professor da PUCRS, amigo e parceiro do Solidário desde seus começos, Pe. Pedro Kunrath celebrou festivamente seus 25 anos de missão sacerdotal. Fa-miliares do Padre Pedro, toda a comunidade, três bispos (Dom Dadeus, Dom Remidio e Dom Jacinto Bergmann) e muitos colegas sacerdotes participaram da solene missa no dia 10/12, na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Porto Alegre, agradecendo a Deus pela vida/missão do Padre Pedro (contracapa).

CNPJ: 74871807/0001-36

Quem és tu?Meu nome é Raphaela D’Azevedo Martins,

tenho 14 anos, moro em Brasília e estudo no Centro Educacional Sigma. Gosto muito de esportes, principalmente vôlei, mas meu time mesmo é o Grêmio. Aqui em Brasília costu-mo sair com minhas amigas para fazer qualquer coisa, des-de uma festa até fi car em casa e assistir a um fi lme ou mesmo sair para comer.

O que conside-ras positivo na tua vida?

Bom, na minha vida o que eu con-sidero positivo, de fato, é a minha fa-mília e meus amigos, sem os quais eu não conseguiria viver, mesmo porque são eles que estão sem-pre ao meu lado e me apoiando para o que quer que seja.

O que conside-ras negativo na tua vida?

Se tem coisa que eu não suporto é mentira e falsidade. Na verdade, sou uma pessoa que tento, ao máximo, falar o que eu penso e, quando alguém não concorda com o que eu falo, prefi ro que ela fale diretamente a mim, não pelas costas. Sinceridade é algo fundamental.

O que pensas fazer no futuro?Quando me formar no Ensino Médio,

pretendo entrar na UNB pelo PAS no curso de Ciência da Computação. Não que eu esteja totalmente decidida, mas é uma possibilidade bem provável.

Tens mais amigos reais ou virtuais?Na realidade, acho que não tenho amigos

virtuais. Prefi ro amigos reais, porque acho que

amigos virtuais nem sempre são o que pensa-mos.

O que achas ser bom nos amigos reais?Amigos reais são muito melhores, pois estão

sempre presentes. São pessoas que posso contar pra quando eu precisar.

O que achas ser bom nos amigos virtuais?

Não acho bom ter amigos virtuais.

Como é a tua fa-mília?

Minha família é, so-bretudo, muito unida. É algo na minha vida que eu não trocaria por nada, são todos muito diferen-tes, mas cada um é espe-cial do jeito que é.

Como é a tua rela-ção com ela?

Passamos por mo-mentos de dificuldade, mas sempre ajudamos muito uns aos outros e, como já falei, nossa união é algo incontes-tável.

O que representas para tua família?

Não sei ao certo, mas como sou fi lha do meio e a mais esquen-tada dos três irmãos, acho que devo repre-sentar algo meio difícil

de lidar.Em que acreditas? Tens fé?Tenho fé e acredito que sem ela não seria

quem sou hoje. Desde que comecei a freqüentar a Igreja mudei muito, e com certeza foi de uma forma positiva.

O que é mais importante na tua religião?O que considero mais importante na minha

religião é não saber amar apenas as pessoas de quem eu gosto, pois isso é fácil. Mais importante que isso é tentar amar quem eu não me dou bem e tentar ao máximo enxergar Cristo nestas e em todas as outras pessoas.

Família e sociedade 31.º a 15 de janeiro de 2009

Divulgação

O senhor está convencido da

necessidade de se “educar para o amor”?

Na família, a pessoa pode e deve ser aceita pelo que é, por ser única. Não tanto pelo que faz, mas sim pelo que é, pelo conjunto dos aspectos de sua intimidade. Hoje em dia, os pais tendem a gastar seus esforços em conseguir que seus filhos aprendam a fazer mais coisas, aprendam mais idiomas, pratiquem mais esportes, e se esquecem da necessidade de criar esse clima de aceita-ção incondicional onde cada pessoa pode expressar-se sabendo que não vai ser julgado ou rotulado. Amar, disse o filósofo Pieper, é dizer ao outro ‘que bom que você existe’. Na família precisamos buscar o que há de positivo nos outros, e dizer-lhes que o temos encontrado. Trata-se de ajudar cada um para que utilize o que possui da melhor maneira possível. Somente neste contexto é possível entender bem a idéia de uma educação sexual voltada para o amor.

Em seus livros o senhor também insiste na dinâmica da comunicação

dentro do matrimônio.Na vida, constantemente temos que tomar decisões.

Se uma decisão foi a de casar-se, deve-se atuar coeren-temente com isso. A prioridade para o homem casado deve ser a sua esposa e vice-versa. A seguir os filhos, e a seguir os demais É evidente que não se trata de ser simplista, mas a verdade é que muitas pessoas deixam de ser conscientes de suas prioridades devido à vida de ação frenética incessante que levam. A palavra ‘comunicação’ vem da palavra ‘comunidade’ que, por sua vez, vem de ‘unidade’. Como podemos conseguir a unidade? Com-partilhando valores. Comunicando-nos, fazendo coisas juntos e tendo projetos de futuro comuns.

Quanto influi a boa comunicação dos pais no

cuidado dos filhos?O exemplo dos pais é vital. De fato, na educação

existem dois princípios que têm vigência sempre: a exem-plaridade e a personalização. Os educadores temos que dar o exemplo lutando sempre para melhorarmos como pessoas e, por sua vez, tratarmos cada filho ou cada aluno como sendo uma pessoa única, irrepetível.

Traduzido por René Bernardes

Formação de ValoresUma entrevista com David Isaacs

O objetivo da educação é a felicidade, embora às vezes nos esqueçamos disso, é o que diz o especialista mun-dial David Issacs, autor do livro “A educação das virtudes humanas”. Convidado para promover um semi-

nário no Chile, respondeu à seguinte entrevista.

Por que o senhor está convencido da necessidade de se aprofundar e divulgar

a educação das virtudes humanas?

Virtudes humanas são hábitos operativos bons. Por exemplo: a sinceridade, a solidariedade, a compreensão, a perseverança, a lealdade ou a responsabilidade. É possível pensar que, como conseqüência do processo educativo, os jovens devem ter aprendido a ser profissionais com-petentes, cidadãos responsáveis, amigos leais, membros responsáveis de uma família e - para os crentes - filhos responsáveis de Deus. Como pode uma pessoa ser um profissional competente sem ser ordeiro, responsável ou perseverante? E ser um cidadão responsável, sem ser honrado, solidário ou justo? Ser amigo leal sem ser sincero e compreensivo? Ou membro responsável de uma família, sem ser generoso e flexível? Seria raro encontrar um filho de Deus responsável que não tenha tentado desenvolver-se em virtudes humanas. Além disso, mediante o desenvolvimento das virtudes se alcança uma maior maturidade pessoal. E o resultado deste esforço é a autêntica felicidade. Parece que existem razões de sobra para insistir na importância das virtudes.

De que maneira e desde que idade se consegue

educar primeiro em hábitos e logo conseguir que estes

se tornem virtudes ou valores ?

As virtudes, sendo hábitos, começam a desenvolver-se desde que nasce a criança. Contudo, desenvolve-se uma virtude conforme a amplitude e a intensidade com que se a vive e também de acordo com a retidão dos mo-tivos ao viver essa virtude. Portanto, de forma restrita, as crianças não podem desenvolver virtudes, como tal, até os sete ou oito anos, quando então chegam a ser conscientes de seus atos. Em troca, antes, pode-se prepará-las para este momento, insistindo no desenvolvimento de hábitos, ainda que as crianças não entendam muito bem o porquê dos mesmos. Com as crianças pequenas temos que insis-tir muito em fazer - e que façam coisas -. Estas ações se traduzirão em hábitos. Paulatinamente, deve-se passar a exigir-lhes mais no pensar, para que pensem antes de tomar suas próprias decisões.

Opinião4

Solicitamos que os artigos para publicação nesta página sejam enviados com 2.400 caracteres ou 35 linhas de 60 espaços

1.º a 15 de janeiro de 2009

NATAL - QUE A VIDA POSSA NASCER!

“Um amigo fiel é um poderoso refúgio, quem o encontrou descobriu um tesouro”.

Eclesiástico 6, 14

SOLIDARIEDADE É PRECISO COM URGÊNCIANATAL NA PERIFERIAAntônio Allgayer

Advogado

Belém, Éfrata Belém ...!Será que ninguém, No velho burgo de Belém,

Percebeu que naquela noite friaAlgo inédito acontecia ? O vaticínio de Miquéias se cumpria E o Salvador do Mundo nasciaNum Estábulo de periferia. Dentre os moradores, Humildes pastores Ouviram coros angélicos cantando E dos páramos celestes anunciando O alegre eventoDe um nascimento , Há longo tempo vaticinadoPor profetas do passado. Pressurosos lá se foram eles ao local assi-nalado.Ali encontraram, em rústica manjedoura reclinado,Um menino que era o Messias por milênios esperado.

Difi cilmente, neste mundo descrente,Se entenderiaQue Deus onipotente Feito criança pobre neste mundo ingressaria. Tu, vivente, Se tiveres um pouco daquela féDe São José e Maria de NazarDos pastores de Belém e magos do Oriente, Neste Natal te levarão teus passos a um ca-sebre isolado Num quarteirão obscuro, triste e semi-aban-donado.Ali uma criança de amor e aconchego ca-rente Te acolherá afável e sorridente.

Saberás que esse minúsculo ser desarraigadoÉ imagem viva de Deus humanado.Se a cercares de paternal desvelo e afago E te envolveres na luta por um mundo justo e decente,Serás guindadoÀ sublime condição de ser divinizado...!

Homero Ferrugem MartinsAdvogado

Solidariedade é a dependência mútua entre os homens, em virtude da qual uns não podem ser felizes e desenvolver-se, sem que os outros também

o possam. A turbulência global, amplamente descrita por todos

os meios de comunicação, com suas alarmantes conseqüên-cias e variadas projeções, são inteiramente conhecidas pela mídia, seriamente preocupada e perplexa em âmbito universal, mormente entre as nações consideradas desen-volvidas – países ricos – assustados declararem – o que é inédito – necessitarem de socorro dos países emergentes – nações pobres, visto que a União Européia e os Estados Unidos da América admitem o seu quadro recessivo e Obama, antes de assumir a Presidência da Nação, anuncia a constituição de Conselho para recuperar a economia do ricaço estado norte-americano.

Entrementes, há as condições subumanas de habi-tação, higiene, saúde e educação em que se encontram milhões de famílias, por força do desemprego ou salários insufi cientes e da fome generalizada no mundo, agravada pela notória corrupção, punida com morosidade, tudo contribuindo para a desagregação da família, a célula “mater” da sociedade humana.

Recentemente, a triste e lamentável calamidade catarinense, avaliada como a maior do Brasil: “Aqui, quem não está sendo ajudado, ajuda os outros”, disse um repórter em Blumenau, uma das cidades mais atingidas dentre as 19 comunidades vitimadas pela catástrofe.

Todos esses patéticos eventos estão clamando por uma solidariedade ampla e iminente! A neutralidade e a

Nelsi Inês UrnauProfessora e escritora

Encerradas as festas convém repensarmos o sentido do Natal que, com certeza, não estava nos enfeites que o comércio ostentou desde que se en-cerraram os festejos do Dia da Criança. Voltemos à Páscoa de 2008, onde se festejou o re-nascimen-to. Mais precisamente ao lema da Campanha da Fraternidade: “Escolhe, pois, a vida!” (Dt 30,19). Será que este assunto já se encerrou? Morreu na sexta-feira da Paixão?

Talvez, sim, tenha morrido em alguma “Pai-xão” muito anterior. Pois, a modernidade quer negar natal a inúmeros inocentes. É a humanidade morrendo em sua ética, enterrando seus valores e princípios, sem ressuscitar, sem renascer para vida. Natal... À falta dos presentes e da ceia, se sobre-vive. À crueldade do aborto não. É o natal que se nega ao mais indefeso, mesmo tendo as ciências já provado tratar-se de um SER HUMANO inteiro, vivo! Muito pior é, por ser este um ato defi nitivo, sem chance de reversão.

Aborto é, entre os crimes hediondos, o mais abominável porque a vítima desse crime é incapaz de fazer ouvir seu grito pedindo clemência. Porque ocorre no silêncio da sociedade anestesiada pelas ideologias que pregam “meus direitos a qualquer

omissão dos ricos e até dos remediados, menos carentes, é injustiça clamorosa, que, absolutamente, não pode persistir e se perpetuar.

O Papa João Paulo II, em sua Encíclica “Preocupa-ções com a realidade social”, fornece inúmeras diretrizes em prol da solidariedade:

“A solidariedade torne-se uma questão de justiça”; “A solidariedade ajuda-nos a ver o “outro” - pes-

soa, povo, nação, não como um objeto qualquer, que se explora, mas como um nosso “semelhante”;

“As angústias e as tristezas de hoje, são a miséria e o subdesenvolvimento”.

O apóstolo São Tiago nos adverte: “Tu tens a fé e eu tenho obras. Mostra-me tua fé sem obras e eu por minhas obras te mostrarei a fé” (Tiago 2, 14-18). O saudoso Papa João Paulo II diz, ainda, que “a interdependência entre as nações seja transformada em solidariedade”.

A solidariedade não pode ser mais protelada, eis que representa o nexo moral que vincula o indivíduo à vida, às responsabilidades do seu grupo social e à própria humanidade.

Deus tem um projeto-vida para cada um de nós. Da concretização desse projeto-vida depende a nossa felicidade, a nossa realização. E o destino no presente e futuro de muitos irmãos nossos. Ninguém fará por nós aquilo que deixamos de fazer... Cristo nasce e renasce, a cada dia, a cada instante, quando estendemos a mão ao nosso irmão caminhante.

“Quem não está sendo ajudado, ajude os outros”. Isto posto, solidariedade é preciso com muita

urgência. Mutirão ecumênico da solidariedade humana?

custo”.A Declaração Universal dos Direitos Huma-

nos deixa claro: “Todos têm direito à vida desde o seu mais incipiente estado...” A Constituição Brasileira, artigo 5.º, salienta que “é inviolável o direito à vida”. Portanto, este direito estende-se ao feto que, desde a concepção já se constitui um ser humano. O erro de uns não se elimina matando um ser inocente.

Miséria, traumas, nada justifi ca a descrimina-lização do aborto. Lutemos antes para combater as causas que geram tantas gestações indesejadas e/ou problemáticas. Quem sabe, se diminuirmos os apelos maciços de culto ao corpo e ao sexo como única fonte de prazer e felicidade, sobre um pouco de tempo e espaço para se resgatar a saúde física e mental, a dignidade do sexo e sentidos mais nobres para a felicidade.

Não há política social limpa sobre sangue de seres pulsando vida como cidadãos em formação. Não há religião - “re-ligação” – que proclame Deus como o Senhor da vida que admita atentar contra ela em tal covarde posição de vantagem.

Enfi m, que este Natal, festa do nascimento do Cristo concebido e gerado em forma humana, tenha nos lembrado que nosso primeiro compromisso é possibilitar que a vida humana gerada possa nascer. Ou então, o que terá sido o Natal?

Educação e psicologia 5

Foto:Lior Angel (modificada)/sxc.hu

1.º a 15 de janeiro de 2009

Santos pagãos JeanDanielou,teólogo,escreveu,emme-

adosdoséculopassado,olivro“SantospagãosdoAntigoTestamento”.Existemjudeusdaprimeiraaliançareconhecidoscomosantospelosprópriosjudeusepeloscristãos,entreosquaisospatriarcasAbraão,Isaac,Jacó;osprofetasIsaías,Jeremias,Oséias;sacerdotescomoSamuel;eoutraspessoasdediversascategoriasefunções.Danieloumostra,noseulivro,combasenaBíblia,comoexistiramsantosentreospagãos,querdizer,entrepovosquenãoreceberamarevelaçãojudaica,nempartici-pavamdesuascrençaseritos.Elecitaalgunsefazaanálisedesuasvidas:Abel,Enoc,Noé,Job,Melquisedec...

Santos não cristãos Fundamentadonopensamentodoteólogo

citado,eporanalogia,podemosdizerqueexistemeexistiramsantosquenãocrêemnamensagemcristã,masquenemporissodeixaramderealizaremgraueminentesuahumanidade,reconhecidospelaintegridadedesuasvidasecausasnobresqueabraçaram. Entre esses podemos citar MahatmaGhandi,oprofetadanão-violênciaegestordain-dependênciadaÍndia,ondeahumanidadeatingiuumadesuasculminâncias.DalaiLama,omongebudista,lutadorpeloTibetecontraaanexaçãochi-nesaé,também,umparadigma.Outrastradiçõesreligiosasproduziramtambémtiposhumanosquealimentamnossaesperança.

Santos ateus? E a salvação dos ateus?Aqueles que

dizem não acreditar em Deus e levam vidadignaehonradaedededicaçãoaopróximo?Éprecisoconsiderarquepessoasdeboavontade,intelectualmente honestas, podem não chegaraoreconhecimentodeDeusporvariadasrazões,inclusive,pelasincoerênciasdaquelesquedizemcrernoSenhor,mascujasvidasatestamocon-trário. Conta-se que Ghandi estava empolgadocomamensagemdoEvangelho,masaochegaràInglaterra,decepcionou-secomoscristãosecomasociedadequeconstruíram.Nãosetornoucristão,continuouhinduísta.Assim,oscristãosprecisamosconsiderarquantodoateísmointelectualdemuitosencontram justificativas nas vidas incoerentes que levamosenotipodesociedadequeconstruímos.QueDeuséesse?!

A salvação dos ateusEducação e fé

Jorge La RosaProfessor universitário. Doutor em Psicologia

ÉdogmadefédaIgrejaqueDeusquerquetodososhomensemulheressesalvem.Umadaspassagensqueilustraessaverdadeencontra-sena2ªcartadePedro(3,9):“Deusnãoquerquealguémseperca,masquetodosseconvertam”.Nessaperspec-

tiva, como vislumbrar a salvação daqueles que se afirmam ateus?

Postura intelectual e engajamento existencial

Precisamostambémfazerdistinçãoentrepostura intelectual e engajamento existencial.Umapessoapodedizer-seatéia–posiçãointe-lectual–esercomprometidacomajustiçaeafraternidade,eestaratuandonaconstruçãodeumasociedademaisjusta–engajamentoexis-tencial – e, neste sentido, ser profundamentecristã.

Poroutro lado,umapessoapodedizer

quecrêemDeus–posiçãointelectual–edeixar-sepenetrarportodaespéciedecorrupçãoedesa-tinos,explorandoopróximoefazendofalcatruas–engajamentoexistencial–e,nesteaspecto,serradicalmenteanticristã.

Dosdoistiposacimacitados,quemfezavontade de Deus? O intelectualmente ateu masexistencialmenteengajadonosvaloresdoReino,ouonominalmente teísta,masexistencialmentecorrupto?Quemestánosseuscaminhos?Lembre-mo-nosdaparáboladosdoisirmãos(Mateus21,28-32):umdissequeiatrabalharnavinha,fazendooqueopaiordenava,masnãofoi;ooutrodissequenãoiria,masacabouindo.Qualdosdoisfezavontadedopai?

Há, também, uma palavra de Jesus, muitoesclarecedora:“NemtodoaquelequedizSenhor,Senhor,entraránoReinodosCéus,masaquelequefazavontadedemeuPai”(Mateus7,21).Jesusdistingue,assim,posturaintelectual/verbal(aquelequereconhecequeDeusexiste,eatéreza,masnãosecomprometecomafraternidade),eengajamentoexistencial:oqueestácomprometidocomosvalo-resdoReinoesuajustiça:éestequefazavontadedoPai–e,porisso,salvar-se-á.

É preciso considerar, ainda, que muitosdessesquesedeclararamateus,nopassadosofre-ramperseguiçõespolíticase ideológicasporquelutavam por uma sociedade mais justa e eramalimentadospelautopiadafraternidade.Estavam,nestesentido,irmanadoscomcristãosquetinhamamesmabandeiraeparticiparamdosmesmossofri-mentos.Ambos,conscienteouinconscientemente,estavamengajadosnoprojetodeDeus.

OteólogojesuítaJoãoBatistaLibânio,noseulivro“Deus e os homens: Os seus caminhos”(Ed.Vozes),faladessesateusemostracomoelestinham “fé antropológica”, que se vincula à féteológica,salvadoraemtodasassituações.

Nossorespeitoaosquesedizemintelec-tualmenteateusequeestãoprofundamentecom-prometidoscomosvaloreshumanos,querdizer,doreino.Aelestambémseescancaramasportasdasalvação.

6 71.º a 15 de janeiro de 2009

Segundo o médico-psiquiatra Victor Frankl, fundador da Logo-terapia e prisioneiro dos nazistas na II Grande Guerra, era notório o aumento de mortes naturais nos campos de concentração no perío-do das festas de natal e ano novo. Por quê? “Já fracos, eles morriam porque lhes era insuportável a não comemoração do natal e ano novo junto às suas famílias. Estar junto, no calor e carinho da família, era o mais poderoso alimento que lhes resgatava sua dignidade, mantinha a coesão psíquica e dava sentido à vida e a tudo. Isso vem provar que nem sempre a celebração de datas convencionadas pelo calendário civil ou religioso representa mera tradição ou obrigação social”.

A conclusão é do psicólogo Albano Werlang, especializado em técnica de Abordagem Direta ao Inconsciente desenvolvido por Re-nate Jost de Morais, hoje desenvol-vida em vários países europeus e da América Latina. Werlang também é formado em filosofia e teologia.

Renovar é preciso Segundo Werlang, “o primeiro

capitulo do Genesis fala nos seis dias de criação. Sabemos que é lingua-gem metafórica. No primeiro, Deus criou a luz, e houve uma tarde e uma manhã. E Deus viu que era bom. No segundo dia, no terceiro, no quarto, no quinto dia... criou. E no sexto

“As pessoas não entendem que o final de uma etapa é que torna possível o próximo passo”. (Khalil Gibran)

“O deserto é bonito porque esconde em algum lugar uma fonte, um oásis”... (Antoine de Saint-Exupéry)

A vida em etapas

O mesmo ritual de renovação em todos os finais de ano e inícios de um novo ano repete-se na sociedade humana. É o ciclo da vida – único e indivisível - fatiado em pedaços segundo uma cronologia convencionada por datas natalícias ou dias, semanas, meses, anos

e décadas para, talvez, ajudar a superar obstáculos, vencer desafios, atingir a etapa seguinte e crescer. São os ciclos menores que, somados, significam muito mais que apenas nascer, viver e morrer. São eles que viabilizam novos planos na vida afetiva e familiar,

novos projetos profissionais, novos sonhos e o caminhar em direção a um horizonte novo na busca de algo mais que talvez nunca se alcance. Tal qual pêndulo de tensão e distensão, resultam em realizações e frustrações; ganhos e perdas; afetos de pessoas queridas e desafetos; amizades e

inimizades; bem estar material e espiritual ou mal-estar.

Virar a páginaO calendário conven-

cionado pode ensinar que também é preciso virar a página da vida vivida, não se prender demais nas coisas que não deram

certo e perceber que as portas continuam abertas para o recomeço de um fazer diferente. Ter tudo às mãos pode significar maçante rotina. Insistir

numa etapa que já passou poder dissipar a alegria e a perda de sentido da vida que continua. Perdeu o emprego, a relação aca-bou, a amizade terminou?

Não adianta dar voltas ao ontem se não tem como modificá-lo. É desgaste inútil. O ontem passou: não há como devolvê-lo. Importa seguir adiante,

limpar as gavetas do pas-sado e deixar espaço para o futuro, para o novo. Desprender-se que já não faz parte da vida faz bem à saúde.

Vencer desafios em capítulos

“O ser humano é movido por desafios. Superá-los e projetar o próximo capítulo da vida faz parte da nossa

essência. Neste sentido, o final de ano representa uma fase em que fazemos um balanço de vida, onde avaliamos o passado e projetamos o futuro, estabele-cendo novos objetivos a partir dos sucessos e fracassos

pelos quais passamos. Este balanço de vida muitas vezes ocorre no período de aniversário, mas o final de ano propicia um encerramento formal de atividades de trabalho, de estudo e de atividades de lazer, implican-do num período de planejamento para a próxima fase da vida”. (Fernanda Ramos da Silva - Servidora Pública - Licenciada em Matemática e Bacharel em Economia)

Ciclos internos têm fluxos próprios

“As datas podem ter significados com valores diferen-ciados para cada um: convenção, referência, parâme-tro. Mas os ciclos internos e a vida têm fluxos próprios.

A passagem de um ciclo interno pode ser marcada em datas, o que nem sempre se dá no ritmo da vida e das necessidades humanas. A convenção, o poder, o desconhecimento de significados e a desconexão

com valores essenciais reforçam a idéia do parâmetro generalizado, muitas vezes superficial. A expectativa do próximo ano e retrospectiva do atual geram sentimen-tos diferenciados: euforia, tristeza, alegria, angústia... Muitos seguem convenções e rituais por hábito e/ou conveniência, não se encontrando de forma inteira no evento. Ao passo que, se conectado com sua essência,

reconhecida necessidade e esta atendida, há cele-bração do encontro, e com ele, a vida, em espaço e

tempo próprios. Ano novo pode ser celebrado em dias diferentes do calendário ocidental, quando há momen-to de expressão da vida e passagem de ciclo. O ritual é um momento sagrado. Celebremos os começos e festejemos os fins. (Lisete Pozatti, assistente social)

Celebrar a vida

Até minha juventude, não se esperava o ano novo lá em casa. Depois, tomei contato com alguns rituais – servir lentilhas, usar roupas de certa cor, etc. Mas nada significam para mim. A festa de fim de ano se reduz a mais uma bela oportunidade como todos os

demais 363 dias do ano, para comemorar a amizade, estreitar laços de família, reunir amigos e celebrar a

vida. (Roberto Schenkel Machry – industriário)

Comemorações de fim de ano: tradição

ou necessidade?

“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.

Quando se vê, já se passaram 50 anos! Agora, é tarde demais para ser reprovado. Se me fosse dado, um dia, outra oportu-nidade,eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho,

a casca dourada e inútil das horas. Desta forma, eu digo: Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo, a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.”

(Mário Quintana)

dia, Deus criou o homem e Deus viu que era muito bom. E descansou no sétimo dia. Portanto, a renovação e reiniciar estão no gérmen de toda a criação. Deus - antes sozinho - com a criação do homem se renova movi-do por seu incomensurável amor”.

Para Werlang, a partir de uma visão antropológica do ser huma-no, tanto filosófica como teológica, aplicada à criação toda - vegetal e animal à qual também pertence o homem, “os ciclos de renovação se repetem em tudo o que vemos. Os répteis (lagartos, cobras) hibernam e, ao ‘ressuscitarem’, deixam a pele e se renovam para um novo ciclo. A natureza cuida disso. O mesmo ocorre com as plantas que um dia foram sementes. A natureza também cuida disso. E a mesma semente, além de alimento para outros elos da escala, servirá para uma planta. A ‘vontade’ de crescer da semente faz ela romper a terra, sair do escuro e se tornar planta”.

Nova vida“É essa mesma renovação que

o homem busca no fim do dia, no fim da semana e nas celebrações de fim de ano. O homem se renova para continuar e atingir a unidade. As experiências que vai fazer no mundo circundante em que está inserido, são renovadas de acordo com o inter-relacionamento”.

Para o psicólogo, a renovação

constante está no plano do Criador que “quer nossa renovação ao dizer crescei e multiplicai-vos e dominai a terra. Nós, humanos, estabelecemos o novo a partir de datas e períodos cronológicos. Seccionamos o tempo para nos renovarmos”.

O descanso e o Dia do Senhor

“Em seu Sermão da M o n t a n h a a o p o v o i s r a e l i -ta, Moisés queria real-mente que o h o m e m se desse o d i re i to ao d e s c a n s o : que desse uma pausa na lida dos c a m p o s e com a pre-o c u p a ç ã o com a ma-téria. Mas t a m b é m aproveitas-se para cui-dar das coi-sas espiritu-ais. E para isso estabe-leceu o sétimo dia da semana, à

semelhança do Criador que ‘des-cansou’ no sétimo dia. Isso sugere que nós - que continuamos a cria-ção - também descansemos para nos religar (religião) em Deus. O mesmo paralelo se estabelece ao ano: após 11 meses de trabalho temos direito-dever ao descanso, às férias e ao reencontro conosco mesmos e com Deus”.

Albano Werlang

8 Saber viver

Imagens: Divulgação

1.º a 15 de janeiro de 2009

NÃO RECEBEU O JORNAL?

Reclame: 3221.5041Trata-se de serviço

terceirizado

Cochilo à tarde é melhor do que café para melhorar desempenho

Uma xícara de café forte pode fazer você se sentir bem desperto, mas um pequeno estudo sugere que, para um melhor desempenho físico e mental, um cochilo à tarde é mais eficaz.

Cientistas passaram uma manhã treinando 61 pessoas em tarefas motoras, perceptivas e verbais: tocar um teclado em uma seqüência específica, distinguir formas em uma tela de computador e memo-rizar uma lista de palavras.

Então, os cientistas, aleatoria-mente, dividiram os participantes em três grupos. O primeiro tirou um cochilo à tarde, entre as 13h e as 15h. Às três da tarde, o segundo grupo tomou uma pílula de 200 miligramas de cafeína. O terceiro grupo tomou um placebo. Os par-ticipantes repetiram as tarefas que haviam sido ensinadas anterior-mente e foram avaliados por pes-quisadores que não sabiam a qual grupo as pessoas pertenciam.

Aqueles que tomaram cafeína tiveram habilidades motoras piores do que aqueles que cochilaram ou tomaram o placebo. Na tarefa de percepção, os que repousaram tiveram desempenho sig-nificativamente melhor do que o grupo da cafeína e o do placebo. No teste verbal, os participantes que tiraram um cochilo foram os melhores com uma ampla margem, e os que tomaram cafeína não tiveram desempenho melhor que o grupo do placebo. Apesar do desempenho inferior, os que tomaram cafeína relataram freqüen-temente menos sonolência do que os outros.

“As pessoas acreditam ficar mais espertas com a cafeína”, afirmou Sara C. Mednick, professora assistente de psiquiatria da Universidade da Califórnia, em San Diego, e autora responsável pelo estudo, publi-cado na edição de 3 de novembro do “Behavioral Brain Research”. “Mas esse estudo é um forte argumento a favor do cochilo em vez da xícara de café”, completou a pesquisadora. (Fonte: G1)

Com o início das férias de verão, é comum que a criançada fique boa parte do dia exposta ao sol e se ali-mente de lanches e refeições rápidas. Para aproveitar o final de ano sem problemas, os pais devem tomar alguns cuidados. Segundo o pediatra Jorge Huberman, médico do Hospital Albert Einstein, a alimentação da garotada deve ser adaptada devido às altas temperaturas. “É importante consumir comidas leves, com maior quantidade de frutas, legumes e grelhados. Frituras, salgadinhos e doces devem ser deixados de lado”, explica.

O pediatra alerta para o fato de que, nessa época de clima quente os alimentos se deterioram com maior facilidade. Por isso, é impor-tante ter cuidado ao consumir maionese não-industriali-zada, cremes e comidas de procedência e conservação duvidosa.

Ingestão de líquidos

A desidratação é muito co-mum no verão e se caracteriza pela perda de líquidos e sais minerais. O problema pode ocorrer por vários motivos, sendo alguns deles o suor in-tenso, o vômito ou a diarréia. Por isso, a ingestão constante de líquidos é essencial. Tam-bém é muito importante que as crianças fiquem em ambientes arejados e sombreados, usando roupas leves.

Huberman explica que o principal sintoma de uma criança desidratada é a sede, mas algumas vezes elas não se queixam disso. Por este motivo, os pais devem oferecer constantemente bebidas saudáveis, como água natural ou de coco e sucos de frutas.

Como evitar a desidratação Para evitar a desidratação

o pediatra dá algumas dicas, como:

- Dê líquidos para a criança várias vezes ao dia.

- Lave as mãos depois de usar o banheiro e antes de prepa-rar os alimentos, evitando assim problemas que podem causar diarréia.

- Lave bem as frutas, legu-mes e vegetais, usando sempre água filtrada ou fervida, e trata-da com cloro.

- Mantenha a criança em ambientes ventilados e evite multidões.

- As roupas da garotada de-vem ser sempre frescas e leves, preferencialmente de algodão.

Sintomas da desidratação

- Lábios secos, língua seca, os olhos ficam mais fundos, meio encovados, a pele perde a elasticidade, a criança passa a urinar menos, irritação ou sonolência, como se quisesse dormir o tempo todo.

Sol A exposição das crianças

ao sol deve ser cercada de cui-dados. Para evitar problemas, o ideal é curtir a praia ou piscina com os pequenos antes das 10 ou após as 16 horas. Para evitar queimaduras, o pedia-

tra dá algumas dicas: respeite os horários do sol, use filtro solar fator 15, no mínimo, e reaplique-o regularmente, não deixe a criança dormir ao sol, os bebês não devem tomar sol por mais de 30 minutos (15 de frente e 15 de costas), aumente o tempo de exposição ao sol lentamente, chapéus ou bonés são essenciais, cobrindo o rosto e o pescoço, proteja seu filho mesmo em dias nublados. O fil-tro solar só pode ser passado no corpo inteiro da criança depois de um teste, feito com um dia de antecedência, em pequena área da pele para confirmar se há reação alérgica. O médico afirma que a melhor proteção, no entanto, é não exagerar na exposição ao sol.

Bebês Os filtros solares são obriga-

tórios, mas só podem ser usados em crianças após os seis meses de idade. O mesmo vale para os repelentes. Já no caso de brotoe-ja, muito comum no verão, uma ótima dica é colocar um pouco de maisena na água da banheira do bebê e usar pasta d’água. Se não houver melhora, a criança deve ser examinada por um especialista.

Acidentes Durante o verão, o número

de acidentes em piscinas aumenta bastante. Portanto, os responsá-veis devem redobrar a vigilância. “O melhor é nunca deixar as crianças sozinhas na piscina e checar se a área possui grades ou cercas de proteção”, recomenda o pediatra. De acordo com Huber-man, os acidentes costumam va-riar de acordo com a faixa etária da criança. Em torno dos cinco anos, por exemplo, são comuns acidentes com traumatismo, pois as crianças têm muita energia e não medem o risco quando se atiram na piscina. Já com três e quatro anos, o maior risco é o de afogamento.

Acidentes com bicicletas, pa-tinetes ou patins também podem acontecer. Porém, não é preciso que as crianças deixem de prati-car as atividades, basta colocá-las em condições seguras para a diversão. A maioria das lesões pode ser prevenida com o uso de equipamentos de proteção.

Muitos perigos rondam a garotada no verão e todo cuidado é pouco

PUCRS recebe recursos para o Instituto do Cérebro

Foi assinado em Brasília o convênio que liberará recursos para a cons-trução do prédio do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), que será instalado próximo ao Hospital São Lucas. Recentemente, em solenidade no Palácio Piratini, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, já havia anunciado a liberação desses recursos na presença da governadora Yeda Crusius, do secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, do reitor Joaquim Clotet e do diretor do InsCer, Jaderson Costa. O complexo do Instituto, com características inéditas na América Latina, ocupará um prédio de 10 pavi-mentos e 6 mil metros quadrados. Nele, funcionará o Centro de Diagnóstico e Pesquisa de Imagem Molecular, incluindo a tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT), que disponibiliza imagens detalhadas do cérebro.

Serão desenvolvidas pesquisas para o tratamento de doenças neuro-lógicas, neuro-oncológicas, neurovasculares e neurodegenerativas, que beneficiarão os pacientes atendidos, inclusive pelo SUS. O Ministério da Saúde destinará R$ 7,5 milhões para a construção do prédio e R$ 13,8 milhões para equipamentos (via Finep).

Espaço aberto 91.º a 15 de janeiro de 2009

Martha Alves D´AzevedoComissão Comunicação Sem Fronteiras

Idosos alteram perfIl do paísSem fronteiras

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LIVRO DA FAMÍLIA 2009

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alegria em atendê-lo. Também o Familien-Kalendar/2009está disponível.

Lembrando: a Livraria Padre Reus é representante dasEdições Loyola para o sul do Brasil.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), baseado no relatório “Primeiras Análises”, do Insti-tuto de Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio

(PNAD), de 2007, informa: “O Brasil está deixando de ser um país de jovens e entrando em um novo perfil de estrutura populacional, com envelhecimento da população e cresci-mento da faixa etária de idosos”.

O Brasil, que era considerado um país de jovens, está vendo alterado o perfil do país em decorrência da redução da taxa de fecundidade da população brasileira para 1,83 filho por mulher em 2007. Ana Amélia Camarano, chefe do Grupo Técnico de População e Cidadania do IPEA, informa que “a taxa está abaixo do nível de reposição da população, que é de 2,1. Sem reposição, a população vai manter a tendência de redução”. Essa queda, segundo Ana Amélia, iniciou-se na segunda metade da década de 1960, e tem dois resultados: desaceleração do ritmo de crescimento da população e mu-dança na estrutura etária nacional.

A pesquisa do IPEA identificou um aumento de famílias chefiadas por mulheres, de 4,2% em 1992, para 23,5% em 2007. Este resultado revela que a mulher brasileira continua sobrecarregada com os afazeres domésticos, necessitando prover o sustento dos filhos e assumir a responsabilidade pela casa na condição de chefe de família. Estes fatores pressionam a família a ser cada vez menor.

Os dados do PNAD mostram que a população menor de 15 anos, que em 1992 respondia por 33,8% do total, baixou em 2007 para 25,2%, enquanto a de idosos representa 10,6%, apesar de que em 1992 eles fossem apenas 7,9%. Hoje, já são mais de 1,6 milhão de pessoas com mais de 80 anos. O dire-tor da Área Social do IPEA, Jorge Abrahão, observou: “Isso aumenta a demanda por cuidados de longa duração e requer pagamento de benefícios previdenciários e assistenciais por período de tempo mais longo”.

Esta mudança do perfil do País exige políticas públicas para retardar a aposentadoria. O Japão e a Europa, países com grande população idosa e necessidades cada vez maiores de políticas públicas, procurou ocupar a pessoa madura e retardar o fim da idade economicamente ativa. E nós, o que estamos fazendo no Brasil?

Entidades ligadas à Igreja Católica foram contem-pladas no dia 3 de dezembro com o Troféu Destaque do Prêmio de Responsabilidade Social, concedido pela Assembléia Legislativa. A entrega ocorreu no Teatro Dante Barone. A iniciativa destaca instituições que de forma organizada atuam na gestão e na implementação de programas de desenvolvimento social. Entre as enti-dades filantrópicas e sem fins lucrativos, o Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre recebeu o Prêmio Destaque de Responsabilidade Social pelo segundo ano consecutivo.

A escolha ocorreu entre mais de mil concorrentes que se credenciaram ao prêmio. O secretário de Justiça e do Desenvolvimento Social, Fernando Schüler, disse que o mundo que se desenha hoje necessita da união de esforços do poder público, das entidades civis e empresas para promover o bem-estar social. Segundo ele, acima de tudo, a sociedade deve apostar na formação e geração de capital social.

O superintendente do Secretariado de Ação social da Arquidiocese de Porto Alegre, Diác.Ivo Guizzardi, afirmou que a instituição não trabalha para ganhar prê-mios, mas o reconhecimento revela o impacto da ação de milhares de agentes abnegados que formam essa grande rede de ação social na Igreja, ligada à entidade. “É o somatório do conjunto dos programas realizados pela entidade em Porto Alegre e Região Metropolitana, que resultaram nesse reconhecimento”.

Guizzardi afirmou que a credibilidade institucional é um fator decisivo para uma ação de tamanho impacto. Somente em 2008, a entidade auxiliou a mais de 64 mil

Cáritas Arquidiocesana destaque em Responsabilidade Social

famílias, em seus diversos programas de ação. Ele salienta que o programa Mensageiro da Caridade é o criador de um clima de solidariedade e colaboração permanente, para que a comunidade participe de uma ação organizada que alavanca os recursos necessários ao desenvolvimento de suas iniciativas. “Não basta boa vontade e disposição para uma a ação social efi-ciente. É imperiosa uma qualificação das pessoa e a formação de redes, que possam realizar um trabalho social integrado, porque ninguém realiza tudo sozi-nho”. Ele dedicou o prêmio aos servidores, colabo-radores e entidades paroquiais integradas na grande rede de trabalho social da Igreja Católica.

Mensageiro da CaridadeCom a colaboração dos doadores, o Mensageiro

da Caridade em 2007 auxiliou 82.880 famílias em situação de emergência social, com alimentação, orientação educacional, geração de renda e utensílios domésticos. Números por atividades: 179 famílias com assistência habitacional; 7.514 famílias com alimentação básica; 61 jovens com primeiro emprego; 167 famílias com empréstimo de equipamento para pessoas com deficiência e 1.830 pessoas com acom-panhamento, apoio financeiro e orientação familiar sistemática.

Para doações, chame o Mensageiro da Ca-ridade ligando para (51)3223.2555. - Programa do Secretariado de Ação Socvial da Arquidio-cese de Porto Alegre. Av. Ipiranga, 1145 - CEP 90160-093.

Dom Sinésio BohnBispo de Santa Cruz do Sul

Recebi o seguinte convite: “No dia 15 de dezembro acontece-rá a posse da primeira Direção

do SINDIGREJAS/RS: Sindicato dos Trabalhadores em Igrejas, Templos, Dioceses (Mitras Diocesanas), Con-gregações, Pastorais Sociais, Entida-des Religiosas e Cristãs do Estado do Rio Grande do Sul”.

De longe e de perto surgem as perguntas: De que se trata? Estra-nho!? O que pensa o episcopado brasileiro desta iniciativa? Roma ficará preocupada?

A iniciativa é de um grupo de líderes católicos, que se dedicam generosamente ao Evangelho na Igreja. Estão convencidos de que os tempos estão maduros para que a Igreja aplique sua doutrina social também “para dentro” (ad intra), para seus quadros internos e não somente “para fora” (ad extra), para a sociedade civil.

Há vários anos um grupo de servidores em Igrejas vem insis-tindo na conveniência de serem representados por uma entidade sindical com o perfil, a identidade, os anseios e os objetivos próprios da categoria e que atenda as neces-sidades de seus filiados.

O SINDIGREJAS/RS foi cria-do aos 12 de julho de 2008. Es-tamos, portanto, no início de um processo. Os Bispos católicos do Interdiocesano Centro-Oeste do Rio

SindicaliSmo na igreja?Grande do Sul (Uruguaiana, Santo Ângelo, Cruz Alta, Santa Maria, Ca-choeira do Sul e Santa Cruz do Sul) apoiaram a criação deste sindicato dos servidores.

Os Bispos das 18 Dioceses do Rio Grande do Sul decidiram por unanimidade criar o Sindicato Patronal (das Mitras Diocesanas). Se a iniciativa florescer, caberá à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) criar o Sindicato Nacional.

Caberá à Igreja - aos fiéis leigos e à hierarquia - fazer o discernimen-to à luz do Evangelho e da natureza da Igreja. Pois a Igreja é ao mesmo tempo uma assembléia visível de fé e uma comunidade espiritual: Igreja terrestre e Igreja ornada de dons celestes.

O Código de Direito Canônico (Cân 215) reconhece o direito dos fiéis de “fundar e dirigir livremente associações”, inclusive para favo-recer a vocação cristã no mundo. É claro, “levando em conta o bem comum da Igreja”, como adverte o Cânon 223.

O Catecismo da Igreja Católica (nº 2430) reconhece que a vida eco-nômica abrange interesses diversos, muitas vezes opostos entre si: “Os conflitos que daí surgem devem ser resolvidos pela negociação que res-peite os direitos e os deveres de cada parceiro social”. É difícil imaginar que os parceiros sejam representa-dos pelos respectivos sindicatos: patronal e dos servidores?

Uma pergunta inevitável é sobre o papel dos poderes públicos. Qual sua ingerência na vida sindical da Igreja? Outra questão é sobre o direito de greve. Se o padre chega em casa cansado e com fome e encontra um bilhete na porta da cozinha: “Estamos em greve”!

Pedimos ao Espírito Santo que nos ilumine no discernimento da questão sindical. Fazemos nossa a frase de Santo Agostinho, lembrada pelo papa Bento XVI na Catedral da Sé (São Paulo, 11/05/08): “Vacilará a Igreja se vacilar o seu fundamen-to, mas poderá talvez Cristo vacilar? Visto que Cristo não vacila, a Igreja permanecerá intacta até o fim dos tempos”.

Igreja e comunidade 10

Voz do PastorCatequese solidária

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano de P. Alegre

A vertigem dA rApidAção

doAção de órgãos não contrAriA fé cristã

1.º a 15 de janeiro de 2009

Catequese e família, por quê?*

Pe. Mário Sérgio S. Baptistim

A família continua sendo, em qualquer das suas expressões, o melhor espaço e a mais oportuna realidade para formar e orientar os filhos rumo a

uma vida verdadeiramente humana, cristã e feliz. A psicologia mostra seguramente que, desde o útero

materno, a criança já vai assimilando e sentindo se é querida, se é amada e desejada. Portanto, desde esse tempo a mãe e o pai – a família – devem ajudar a nova vida a se desenvolver em todos os sentidos e aspectos, evitando trazer consigo problemas, complexos e traumas que irão desabrochar com o seu crescimento.

Catequese já no ventre materno!Portanto, a educação da fé, que é um processo cate-

quético, não começa na catequese de primeira Eucaris-tia, como é pensamento de muitas pessoas. A catequese deve, de fato, começar quando a criança ainda não veio à luz.

Desde o nascimento, o bebê pode ser levado a sentir que é amado pelos seus pais e que estes estão felizes com a sua vinda, porque sabem que ele é um presente de Deus. Ao conversar com o bebê, os pais podem transmitir a experiência e o amor de Deus. Já vão dizendo para ele que Deus também gosta muito dele.

Ninguém é mais responsável pela catequese das crian-ças, dos adolescentes e jovens que as suas famílias.

Na intimidade do lar e no cotidiano das coisas da casa é que a prática da fé vai acontecendo e, à medida que as oportunidades vão surgindo, com o crescimento de cada filho, a catequese se desenvolve numa linguagem cheia de afetividade, carinho e certeza.

O fundador da psicanálise afirma que nós somos o que fomos, ou seja, aquilo que foi mostrado e ensinado nos primeiros anos de vida. Tudo isso vai ser expresso nos anos em que a criança já usa a sua razão e o adolescente busca a sua identidade.

Quanto mais a família for uma verdadeira escola de fé, mais a criança e o adolescente terão uma evolução tranqüila, assumindo comportamentos positivos e con-formes com o que a sociedade espera de cada indivíduo e com o que a Igreja necessita para continuar a sua missão evangelizadora.

Família: primeira escola de féFamília e catequese possuem entre si uma relação

dialética. A família será cristã se, desde o seu início, for uma família que une fé e vida, e que, portanto, catequiza a todos os seus integrantes. A catequese será eficaz e atingirá os seus mais importantes objetivos se acontecer de maneira viva e firme na vida familiar.

A família é e sempre será a primeira escola de fé, porque nela o testemunho dos pais fala mais que qual-quer outra palavra, qualquer gesto ou imagem. Não há melhor forma de catequizar do que as ações efetuadas pelos pais e que são percebidas, entendidas e assimiladas com interesse, curiosidade e amor pelos filhos.

O amor a Deus é uma graça que precisa ser comuni-cada aos filhos, para que eles façam também esta expe-riência. Mas, o amor não se mostra com palavras ou com idéias e poemas, o amor é mostrado com e pela vida.

“Quem fala de amor fala de Deus” (1Jo 4, 16). Na medida que há um real testemunho de amor na família e pela família, há igualmente uma positiva e verdadeira experiência de Deus.

*Resumo de artigo de Missão Jovem

Felipe AquinoTeólogo

A Igreja Católica não se opõe à doação de órgãos, quando realizada de maneira ética, sem conotação comercial e com o pleno consentimento da pessoa

ou da família após a morte. O Catecismo da Igreja ensina que “a doação gratuita de órgãos após a morte é legítima e pode ser meritória” (§ 2301).

“O transplante de órgãos é conforme à moral e pode ser meritório se os perigos e os riscos físicos e psíquicos a que se expõe o doador são proporcionais ao bem que se busca no destinatário. É moralmente inadmissível provocar diretamente a mutilação que venha a tornar alguém inválido ou a morte de um ser humano, mesmo que seja para retardar a morte de outras pessoas. O transplante de órgãos não é moralmente aceitável se o doador ou seus representantes legais não deram para isso explícito consentimento” (§2296).

Está claro, então, que a Igreja aceita que uma pessoa viva doe, por exemplo, um de seus dois rins para outra pessoa, se a medicina constatar que essa atitude generosa não o prejudique gravemente.

Na Encíclica Evangelium Vitae, o Papa João Paulo II disse: “Merece particular apreço a doação de órgãos feita segundo normas eticamente aceitáveis para oferecer possibilidades de saúde e de vida a doentes, por vezes já sem esperança” (n. 86). E no 18º Congresso Inter-nacional sobre Transplantes de Órgãos, disse que: “A doação de órgãos é uma decisão livre de oferecer, sem recompensa, uma parte do próprio corpo em benefício

da saúde e do bem-estar de outra pessoa” (Roma 29 de agosto de 2000).

A Lei Federal 10.211, de 23 de março de 2001, de-termina que a família tem o direito de decidir a doação de órgãos da pessoa em estado de morte encefálica. Recentemente, em 25 de setembro de 2008, a CNBB publicou uma “Nota sobre a doação de órgãos”, que diz: “Reunidos em Brasília nos dias 24 a 26 de setembro de 2008, nós - Bispos do Conselho Permanente da CNBB - desejamos esclarecer a posição da Igreja Católica a respeito da doação de órgãos de pessoas com morte encefálica comprovada. A questão tem sua relevância, dado o grande número de pessoas que estão à espera de algum tipo de órgão”.

“Encorajamos as pessoas e especialmente as famílias a que - livre, conscientemente e com a devida proteção legal - doem órgãos como gesto de amor solidário em consonância com o evangelho da vida. Certamente, es-tamos diante de um gesto nobre e comovente: um sim à vida. Aproveitamos a ocasião também para recordar que a moral católica considera lícita não apenas a doação vo-luntária de órgãos, bem como os transplantes. Encoraja-mos a todos a colaborarem sempre mais com as doações de sangue e de medula óssea, tão necessárias.”

Diante de posição tão clara, fica evidente que a doa-ção de órgãos não contraria a fé cristã na ressurreição fi-nal, já que “Deus dá vida aos mortos e chama à existência o que antes não existia” (Rm 4,17). Todos aqueles que se dispõem a doar órgãos aos irmãos, tenham a certeza de que o amor e tudo o que se faz por amor permanecerão para sempre: “o amor jamais acabará” (1Cor 13,8).

Até o século XVIII, a humanidade vivia de modo bastante estável, tanto pelo cres-cimento populacional – levando cerca

de mil anos para duplicar seu número – como pela mobilidade. Era basicamente sedentária. Foi a época que sucedeu à condição nômade de seus primórdios. De quando em vez, aparecia uma explosão, com uma assustadora migração de povos, que no tempo dos romanos se cha-mava de ‘invasão dos bárbaros’ e se registrava um espantoso crescimento de habitantes, para, porém, logo se voltar ao normal. Até no traba-lho a estabilidade marcava a vida das famílias. A profissão passa de pai para filho. Além do mais, 80% da população se dedicava à agrope-cuária. Malthus, pela primeira vez, no século XIX, assustou-se e espalhou pânico com o que logo se chamaria de ‘explosão demográfica’. A população do mundo crescia de modo cada vez mais vertiginoso. Duplicava, no tempo dele, em apenas cem anos. Mas, logo mais, isso acontecia em 30 anos. Calculava-se, então, quando esta explosão iria se tornar fatal, não havendo mais possibilidade de sustentar tamanha população.

Na década de 50 do século passado, falava-se que isso deveria acontecer na passagem do milênio, quando a humanidade, pelos cálculos de crescimento de então, atingiria seus 15 bilhões. Seria o limite que a Terra poderia su-portar. Mas a “rapidação” não se restringiu ao crescimento populacional. Hoje, rimos quando lemos os relatos dos primeiros veículos automo-tores. Um trem que passasse na velocidade de 30 km horários não só afetava a psicologia dos que nele viajavam, como também angustiava os

que viam esse veículo correr nessa espantosa velocidade. Os meios de transporte começaram a andar cada vez mais depressa: automóveis, trens, navios, aviões. Lembramo-nos ainda dos supersônicos. Passar a barreira do som consti-tuiu uma façanha. Hoje, alguém pode almoçar em Roma e novamente fazer a mesma refeição, no mesmo dia, em Nova Iorque. Preconiza-se o dia em que poderá almoçar em Londres e tomar café da manhã do mesmo dia em Nova Iorque, ou seja, ‘antes da saída’, porque se ultrapassa, de longe, a velocidade da rotatividade da Terra, que no tempo de Copérnico se afigurava espan-tosa. Se os meios de transporte são cada vez mais velozes – fala-se de trem-bala, de avião-foguete... que dizer dos meios de comunicação? São sinais da espiritualização da humanidade. Estendem, literalmente, nossa sensibilidade por toda a superfície da Terra. Não só as notícias aparecem instantâneas em todo o mundo, como também circulam as imagens.

Conhecíamos o telefone como um modo de falar à distância. Veio o rádio. Depois a televisão. Mas eram ainda, por assim dizer, de senso único. Agora, a Internet conecta o mundo inteiro simultaneamente, com tudo o que existe. Chegamos a um novo modo de vi-ver, praticamente onipresente. Nesse contexto, ser pobre é estar desconectado. Por isso, com uma amplidão quase infinita de informações sempre disponíveis, enfatiza-se o aqui e agora. Predomina o provisório. Como não se consegue absorver tudo em profundidade, destaca-se o efêmero e o descartável. O estático cede lugar ao dinâmico. Corremos o risco de vertigem. Tudo passa rápido demais. Qualquer descuido torna-nos atrasados e desatualizados.

Comunidade e Igreja 11

Mensagem da Equipe Vocacional

Luiz F. Cirne Lima - 01/01Emílio H. Moriguchi - 02/01

Maria I. H. Rodrigues - 03/01Yokio Moriguchi - 15/01

4 DE JANEIRO – EPIFANIA DO SENHOR (BRANCA)

1.ª leitura: Livro do Profeta Isaias (Is) 60,1-6Salmo 71(72), 2.7-8.10-11.12-13 (R./ cf 11) 2.ª leitura: Carta de Paulo Apóstolo aos Efésios (Ef) 3,2-3a.5-6Evangelho: Mateus (Mt) 2,1-12Comentário: O Evangelho deste domingo nos coloca bem dentro do coração da missão de Jesus: ele não veio para um povo determinado, para uma cultura, para uma religião; Jesus veio com um projeto religioso absolutamente novo que faz do espaço da religião um lugar de salvação para toda a humanidade. O relato da visita que lhe fazem sábios, magos ou reis que vinham do oriente, guiados por uma estrela, confirma esta verdade fundamental e, mesmo, essencial da fé em Jesus: ele é Emmanuel, Deus conosco, no meio de nós. Aqueles homens não eram judeus, não eram da cultura nem da religião judaicas, mas buscavam alguém que liderasse uma proposta religiosa ecumênica e inter-religiosa. Isso fica claro, quando, na sua pregação, ele define o perfil dos seus seguidores: “Nisso conhecerão todos que sois meus discípulos; se vos amardes uns aos outros”. A observância da lei do amor é o que identifica esta nova proposta religiosa. E quando ensina seu pequeno grupo de discípulos a orar, ele inicia, dizendo: “Pai Nosso!” Com isso, ele queria dizer que o Deus do antigo testamento judeu, é, na verdade, um Deus que quer o bem e a salvação de todos, sem distinção. Nenhum povo, nenhuma cultura, nenhuma religião pode querer apropriar-se de Jesus; ele é a presença, na história humana, de um Deus para todos e quer que todos, homens e mulheres de todos os tempos, possam viver com dignidade, respeitando-se uns aos outros e amando-se com amor solidário. Enfim, que todos, filhos e filhas do mesmo Pai, possam ser felizes aqui e agora e, depois, na eternidade.

11 DE JANEIRO – BATISMO DO SENHOR (BRANCA)

1.ª leitura: Livro do Profeta Isaias (Is) 42,1-4.6-7Salmo 28(29), 1a. e 3ac-4.3b e 9b-10 (R./ 11b)2.ª leitura: Atos dos Apóstolos (At) 10,34-38)Evangelho: Marcos (Mc) 1,7-11Comentário: Há um simbolismo muito significativo no relato do Evangelho deste do-mingo: Jesus vem da Galiléia, vem da sua terra, Nazaré, para iniciar o que chamamos de “vida pública”. Já é adulto, e pede o batismo a João que, sabendo quem ele era, se sentiu constrangido: “Não, não sou digno!” (1,7). A voz que vem do céu, identifica o neo-bati-zado: “Meu filho amado” (1,11). Este o duplo sentido de todo o batizado: sentir-se amado por Deus com amor de predileção e ser enviado em missão para levar a Boa Nova a todos, continuando a obra de Jesus, pregando, curando enfermos, perdoando, sendo uma luz de esperança e de vida para todos que encontrar em seus caminhos. O batismo de Jesus e o nosso batismo têm isso em comum: há um Deus que nos ama como a um filho... a uma filha e, no Espírito de Jesus, somos chamados a ser seus continuadores na vida e no co-ração de muitos. A água, sinal de vida, é o símbolo escolhido por Jesus para visibilizar esta filiação divina. Em tempo: não altera em nada a sacramentalidade do batismo se ele é feito por aspersão ou por imersão; a forma é apenas uma convenção humana, cultural ou da disciplina interna das instituições eclesiais. O que sim é parte integrante do nosso ser-cristão é fazer da nossa vida, de nossos gestos e atitudes, uma presença do Deus que, em Jesus, por Jesus e com Jesus, nos leva a dizer “Abba, Pai”. Vivemos o nosso batismo quando testemunhamos, com nossa vida, que Nele, por Ele e com Ele somos todos irmãos, filhos e filhas do mesmo Pai comum.

18 DE JANEIRO – 2.º DOMINGO DO TEMPO COMUM (VERDE)

1.ª leitura: Primeiro Livro de Samuel (1Sm) 3,3b-10.19Salmo 39(40), 2.4ab.7-8a.8b-9.1- (R./ 8a.9a) 2.ª leitura: 1ª Carta de Paulo Apóstolo aos Coríntios (Cor) 6,13c-15a.17-20Evangelho: João (Jo) 1,35-42Comentário: O encontro de Jesus com seus primeiros discípulos não poderia ser mais cheio de simbolismo e conteúdo comunicacional. João Batista, que identifica Jesus como o “Cordeiro de Deus”, outra designação para Messias ou o Enviado, cumpre com sua missão de ser precursor de Jesus... de ser aquele que prepara os caminhos do Senhor... que não se importa em “desaparecer” para que Jesus possa aparecer, se manifestar, assumir para o que tinha vindo: anunciar a Boa Nova da salvação para todos. João não retém aqueles seus dois discípulos, João e André, mas os encaminha para Jesus. Sentindo-se seguido, Jesus pergunta: O que procurais? (1,38). Perguntado sobre o local onde morava, Jesus não respondeu como todos responderiam, dando nome da cidade, rua, etc. Comunicação do Pai, Jesus acolhe os discípulos de uma maneira inusitada: ele os convida a irem com ele e ver com seus próprios olhos onde morava. Eles foram e ficaram com ele naquele dia (1,39). João Batista, exemplo de um homem livre, liberta seus discípulos e os encaminha para alguém que pode mais do que ele, que batiza no Espírito Santo, que é o Messias esperado. Ficando com Jesus, conhecendo-o pessoalmente, João e André ficaram seduzidos por ele e se tornaram imediatamente anunciadores da boa nova para seus amigos e companheiros pescadores: Encontramos o Messias, o Cristo (1,41). Quando, impelidos pelo Espírito de Jesus, temos um encontro pessoal com ele e nos deixamos seduzir por ele, também nos convertemos em livres e alegres anunciadores do seu Projeto de um mundo justo e solidário, de um tempo de homens e mulheres ternos e fraternos.

A ALEGRIA QUE VEM DO SOFRIMENTO

Pe. Maurício da Silva JardimMissionário na Igreja irmã de Moçambique

Na vida cotidiana do povo moçambicano há uma mistura paradoxal de alegria e sofrimento. É um povo que sofre pela falta de necessidades básicas de alimentação, água potável

e atendimento na área da saúde. Caminham longas distâncias de até 50 quilômetros em busca de atendimento médico e, na maioria das vezes, voltam para casa sem solução. Muitos ainda se deslocam 15 quilômetros em busca de água. As lideranças da paróquia percorrem de bicicleta mais de 20 quilômetros para uma reunião do conselho paroquial. No entanto, não poupam largos sorrisos, olhares serenos e fé confi ante para continuidade da missão. Alegria e sofrimento são duas realidades aparentemente contraditórias que caminham juntas e, na perspectiva da fé cristã, assumem dimensão de ressurreição.

Tenho me lembrado muito de São Paulo aqui neste contexto. Na perseguição, prisão e sofrimento, ao invés de escrever uma carta cheia de amargura, convoca a comunidade de fi lipenses à alegria: “Alegrai-vos no Senhor! Repito: alegrai-vos!”(Fl,4,4). Inspirado por este grande apóstolo farei uma peregrinação missionária, a pé, de 80 quilômetros, visitando e celebrando em quinze comunidades. Saio de Moma, onde resido, no dia 30 de dezembro e chego em Chalaua no dia 14 de janeiro. Comigo irão três seminaristas da fi losofi a e teolo-gia de nossa paróquia. Certamente, passarei um ano novo diferente dos demais, não menos feliz por acreditar que estou cumprindo uma missão que recebi de Deus.

Pastoralmente, ainda estamos celebrando batismos de crian-ças com visitas nas comunidades. Encontrei, há poucos dias, uma comunidade que há seis anos não celebrava a Eucaristia, isto num universo de 140 comunidades nas duas paróquias. Na hora de fazer o programa no conselho pastoral nos vemos limitados por não con-seguir atender as reais necessidades e pedidos de visita do padre às comunidades. Ficam esperando para que este dia se concretize. É muito desafi ador e ao mesmo tempo realizador ser padre neste ambiente de missão. Não há espaço para perder tempo ou ocupar-se com desvios do ministério.

A volta do Pe. Fabiano ao Brasil, depois de uma missão bem cumprida, faz com que pessoalmente comece um tempo de deserto e espera de outro padre gaúcho para compartilhar esta missão. Sei dos esforços que os bispos e toda Igreja do Rio Grande do Sul estão fazendo para que este compromisso missionário continue além fron-teiras. O povo daqui continua rezando, pedindo que o Espírito Santo convoque mais missionários.

Desejo a todos(as) que neste Natal nossos corações se voltem para o mistério escondido na pobre gruta de Belém, onde Deus despojou-se e veio ao nosso encontro para nos comunicar que o caminho da felicidade autêntica e verdadeira passa pelo mistério da encarnação. Gostaria de tê-los celebrando comigo de uma forma muito simples, como isto não será possível, estaremos em comunhão para ouvir, de lugares tão distantes, a voz dos pastores dizendo: “Eis que vos anuncio uma grande alegria que será para todo povo, nasceu para nós o Salvador que é o Cristo Senhor”. Muita Paz e alegria na missão que o Espírito nos confi ou.

Solidário Litúrgico

[email protected]

16 a 31 de dezembro de 2008

CianMagentaAmareloPreto

Porto Alegre, 1.º a 15 de janeiro de 2009

Rafael Dias Borges/PUCRS

JOSY M. WERLANG ZANETTE

Técnicas variadasAtendemos convênios

Jubileu sacerdotal

Franqueza e objetividade marcaram o encontro de jor-nalistas gaúchos, realizado na Associação Rio-grandense de Imprensa – ARI – em 10 de dezembro último, visando à mobilização para o Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe. Recebidos pelo presidente da entidade, jornalista Ercy Pereira Torma, e sob a coordenação do Pe. Attílio Hartmann sj, meia centena de jornalistas que atuam junto às diversas dioceses e universidades católicas gaúchas puderam expor e debater sobre suas expectativas do evento que será realizado na PUC/RS, entre 12 e 19 de julho em Porto Alegre e que pretende reunir em torno de quatro mil profissionais da comunicação de todo o Brasil e América Latina.

Cultura Solidária“Processos de Comunicação e Cultura Solidária” é o

tema do Mutirão. Através de uma série de conferências, debates e oficinas – para os quais são esperadas mais de 40 mil pessoas no decorrer dos seis dias – objetiva-se discutir sobre o papel da mídia para a construção de uma verdadeira cultura de solidariedade na América Latina face às gritantes diferenças sócio-econômicas da região. “Os meios e processos de comunicação têm um papel funda-mental na aceleração da mudança deste cenário e na dis-tribuição de conhecimento. Que comunicação queremos? Que desafios cabem aos atuais e futuros comunicadores? Que papel compete aos meios de comunicação na con-strução de uma sociedade mais humana, justa e solidária”? questiona o texto de apresentação do evento.

Temas e conferencistasTrês grandes eixos temáticos serão desenvolvidos

durante o Mutirão: ‘Novos cenários políticos e sociais e processos de comunicação’, com diversos subtemas a serem desdobrados pelos seguintes conferencistas: Pedro Ribeiro de Oliveira (Brasil), Carmen Loro (Peru), Rosa Maria Alfaro (Peru), Guillermo Mastrini (Argentina) Ga-briel Jaime Pérez (Colômbia) e Agenor Brighenti (Brasil). O segundo grande eixo temático – ‘Economia e comuni-cação na era digital’, terá como conferencistas Armand Matterlart (Bélgica), Martin Becerra (Argentina), Carlos Cortés (Colômbia), Inácio Neutzling (Brasil), Paulo Singer (Brasil) e Leomar Brustolin (Brasil). E o terceiro eixo – ‘Comunicação e diálogo das culturas’, terá exposições de Rossana Reguillo (México), Tenius Karam (México), Dennis Smith (Guatemala), Paulo Suess (Brasil), Maria Cristina Mata (Argentina) e Urbano Zilles (Brasil).

Mutirão de Comunicação estreita relações com jornalistas gaúchos

Eu tinha medo da escuridão, até que as noites se fizeram longas e sem luz Eu não resistia ao frio facilmente, até passar a noite molhado numa laje Eu tinha medo dos mortos, até ter que dormir num cemitério Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires até que me deram abrigo e alimento Eu tinha aversão a Judeus, até darem remédios aos meus filhos Eu escolhia cuidadosamente a minha comida, até que tive fome Eu desconfiava da pele escura, até que um braço forte me tirou da água Eu não lembrava os idosos, até participar dos resgates Eu não sabia cozinhar, até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras, até ver todas cobertas pelas águas Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome, até me tornar um anônimo Eu criticava a bagunça dos estudantes, até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos, agora nem tanto Eu não tinha boa memória, talvez por isso eu não lembre de todo mundo Mas terei o que me resta de vida para agradecer a todos Eu não te conhecia, agora você é meu irmão Tínhamos um rio, agora somos parte dele É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio, graças a Deus Vamos começar de novo. (Anônimo, durante uma grande enchente na Argentina).

S. Catarina se reconstróiA rede de solidariedade que mobilizou

brasileiros de todos os recantos cumpriu e ainda está cumprindo seu papel no socorro mais urgente e na reconstrução de Santa Catarina. O golpe foi duro. Mas o gesto de um Brasil solidário, e mais especialmen-te de vizinhos que não foram diretamente atingidos, infundem suficiente ânimo e co-ragem para um recomeço às mais de 30 mil pessoas ficaram sem ter onde morar depois que enchentes e desmoronamentos em ci-dades adjacentes ao Rio Itajaí Mirim e Ita-jaí Açu, no nordeste do vizinho estado.

Começar de novo

Amigo e parceiro ao longo da trajetória do projeto do jornal Solidário, Pe. Pedro Alberto Kunrath (foto) comemorou jubileu de prata de ordenação sacerdotal em 10 de dezembro último. Pe. Pedro é pároco de Nossa Senhora da Paz - Paróquia Universitária, professor de Teologia na PUCRS e coordenador do Diálogo Ecumênico e Inter-Religioso. É doutor em Teologia pela Uni-

versidade Gregoriana, e trabalhou em diversas paróquias da Arquidiocese. “Ad multos annos!”, Pe. Pedro, são os votos da direção e funcionários do Solidário.

Dom Dadeus GringsPe. Attilio Hartmann e Erci Torma