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CianMagentaAmareloPreto Porto Alegre, 1 o a 15 de dezembro de 2008 Ano XIV - Edição N o 527 - R$ 1,50 O mutirão na construção do bem comum Esta edição tem a impressão patrocinada pelo Alunos do An- chieta partici- pando de deba- tes sobre eleição no GEA. (Contraca- pa) Jovem tem vez E nesta edição é a vez da jovem Gabriela D’Azevedo Martins (foto), gaúcha, gremista, hoje residente em Brasília, contar seus gostos, suas experiências e seus desejos, o relacio- namento com a família, em entrevista publicada na página 2. Falecimento de Dom Bruno Maldaner O corpo do bispo emérito de Frederico Westphalen foi sepultado em 17 de novembro, na Catedral S. Antônio daquela cidade, após missa de corpo presente. Dom Bruno (foto ao lado), 84 anos, faleceu no Hospital de Ijuí, onde estava in- ternado após cirurgia de bacia. Natural de Pinhal Alto, atual município de Nova Petrópolis, onde nasceu em quatro de agosto de 1924, Maldaner foi o segundo bispo da Diocese criada em 21 de maio de 1961. Assumiu em 31 de julho de 1971, sucedendo a Dom João Hoffmann, e passou o cargo a Dom Zeno Hastenteufel, atual bispo de Novo Hamburgo, em 17 de março de 2003. Antes de ser ordenado bispo auxiliar do Cardeal Agnelo Rossi, arcebispo de S. Paulo, em abril de 1966, atuou como vigário paroquial de São Sebastião, Santo Antonio do Pão dos Pobres, Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora dos Navegantes, em Porto Alegre. Também foi professor no Seminário de Gravataí e professor de Introdução à Te- ologia na PUC de Porto Alegre. Advento tempo de espera Durante quatro semanas a Igreja prepara a celebração do Natal. É o tempo do Advento, que visa à reflexão do signifi- cado da data na vida de cada cristão e de um questionamento honesto sobre o lugar que ocupam as pessoas colocadas próximas de nós na nossa vida: na família, na comunidade, no local de trabalho, na rua. Ver mais, em Solidário Litúrgico, na página 11. Tradição ou herança atávica, o voluntariado coletivo está na origem de dezenas de cidades gaúchas. Tendo à frente um líder comunitário leigo ou religioso, imigrantes europeus do século 19 e seus descendentes não esperavam por providências públicas. E uniam forças para construir escolas, capelas, igrejas, hospitais e abrir e conservar estradas pelo Rio Grande afora, lançando as sementes de hoje prósperos municípios. Páginas centrais O fascínio e a dificuldade de ser casal Página 3

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CianMagentaAmareloPreto

Porto Alegre, 1o a 15 de dezembro de 2008 Ano XIV - Edição No 527 - R$ 1,50

O mutirão na construção do bem comum

Esta edição tem a impressão

patrocinada pelo

Alunos do An-

chieta partici-pando

de deba-tes sobre

eleição no GEA.

(Contraca-pa)

Jovem tem vezE nesta edição é a vez da jovem

Gabriela D’Azevedo Martins (foto), gaúcha, gremista, hoje residente em Brasília, contar seus gostos, suas experiências e seus desejos, o relacio-namento com a família, em entrevista publicada na página 2.

Falecimento de Dom Bruno MaldanerO corpo do bispo emérito de Frederico Westphalen foi sepultado em 17 de

novembro, na Catedral S. Antônio daquela cidade, após missa de corpo presente. Dom Bruno (foto ao lado), 84 anos, faleceu no Hospital de Ijuí, onde estava in-ternado após cirurgia de bacia. Natural de Pinhal Alto, atual município de Nova Petrópolis, onde nasceu em quatro de agosto de 1924, Maldaner foi o segundo bispo da Diocese criada em 21 de maio de 1961. Assumiu em 31 de julho de 1971, sucedendo a Dom João Hoffmann, e passou o cargo a Dom Zeno Hastenteufel, atual bispo de Novo Hamburgo, em 17 de março de 2003. Antes de ser ordenado bispo auxiliar do Cardeal Agnelo Rossi, arcebispo de S. Paulo, em abril de 1966, atuou como vigário paroquial de São Sebastião, Santo Antonio do Pão dos Pobres, Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora dos Navegantes, em Porto Alegre. Também foi professor no Seminário de Gravataí e professor de Introdução à Te-ologia na PUC de Porto Alegre.

Advento tempo de esperaDurante quatro semanas a Igreja prepara a celebração do

Natal. É o tempo do Advento, que visa à refl exão do signifi -cado da data na vida de cada cristão e de um questionamento honesto sobre o lugar que ocupam as pessoas colocadas próximas de nós na nossa vida: na família, na comunidade, no local de trabalho, na rua. Ver mais, em Solidário Litúrgico, na página 11.

Tradição ou herança atávica, o voluntariado coletivo está na origem de dezenas de cidades gaúchas. Tendo à frente um líder comunitário leigo ou religioso, imigrantes europeus do século 19 e seus descendentes não esperavam por providências públicas. E uniam forças para construir escolas, capelas, igrejas, hospitais e abrir e conservar estradas pelo Rio Grande afora, lançando as sementes de hoje prósperos municípios.

Páginas centrais

O fascínio e a difi culdade de ser casal

Página 3

Page 2: Document

Cidadania 2 1o a 30 de dezembro de 2008

Editorial

attí[email protected]

O ESPÍRITO DO MUTIRÃO

tem vezJovem

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: Dom Dadeus Grings

Vice-presidente: José Ernesto Flesch Chaves

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi

e José Edson KnobSecretário: Elói Luiz ClaroTesoureiro: Décio Abruzzi

Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS

Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster

e Pedro M. Schneider (voluntários)Administração

Paulo Oliveira da Rosa, Ir. Erinida Gheller (vo-luntários), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSImpressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 – Centro – CEP 90010-282 – Porto Alegre/RSFone: (51) 3221.5041 – E-mail: [email protected]

Ano XIV – Nº 527 – 1o a 15/12/08

Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

Nossa entrevistada desta edição é a jovem Gabriela D’Azevedo Martins (foto abaixo), 16 anos, gaúcha mas hoje residente no DF.

1- Quem és tu?Eu sou a Gabriela D´Azevedo Martins,

tenho 16 anos e moro em Brasília, DF. Estudo no Centro Educa-cional Sigma, torço para o Grêmio, sou bastante dedicada aos estudos e con-sidero a saúde algo muito importante, por isso vou à aca-demia regularmente. Adoro me divertir e sair com meus ami-gos nos finais de semana.

2- O que consi-deras positivo na tua vida?

Considero minha vida em si positiva, mas, com toda a cer-teza, merecem des-taque minha família e todas as pessoas maravilhosas que fazem parte dela e que estão sempre ao meu lado.

3- O que consideras negativo na tua vida?Considero negativos os meus defeitos e

meus erros, porém faço o possível para tentar melhorar e aprender para não repeti-los.

4- O que pensas fazer no futuro?Quando me formar no colégio, pretendo

fazer Direito e me tornar uma advogada.5- Tens mais amigos reais ou virtu-

ais?Tenho mais amigos reais. Na verdade,

não tenho amigos que são apenas virtuais.6- O que achas ser bom nos amigos

reais?

Acho que os amigos reais são mais pre-sentes. Eles estão sempre ao meu lado para me ajudar.

7- O que achas ser bom nos amigos virtu-ais?

Não acho bom ter ami-gos apenas virtuais.

8- Como é a tua fa-mília?

Minha família é ma-ravilhosa. Não digo que é perfeita, mas beira a perfeição.

9- Como é a tua rela-ção com ela?

Minha relação com a minha família é muito harmoniosa: nos ama-mos incondicionalmente e sempre estamos dispostos a ajudar uns aos outros.

10- O que represen-tas para tua família?

Acho que, como fi lha mais velha, represento um certo desafi o, mas nos en-tendemos muito bem.

11- Em que acredi-tas? Tens fé?

Tenho fé e acredito que sem ela não somos nada. Acreditar em Deus e nas Suas obras me ajuda a compreender a minha própria vida e o meu papel no mundo.

12- O que é mais importante na tua religião?

A minha religião- Católica Apostólica Ro-mana – defende muito, além do amor a Deus, a caridade, a igualdade entre as pessoas, a solidariedade e o amor ao próximo. Esses cinco fatores são essenciais para a construção de um mundo melhor.

Nestes últimos tempos vem se falando muito em mutirão. O termo, que signifi ca atividade coletiva gratuita e solidária, é empregado para designar

estas atividades em muitas frentes na sociedade. Embora não com esta designação, o espírito do mutirão está presente desde tempos muito antigos e faz parte das próprias raízes da nossa cultura, das relações sociais e comunitárias de nosso povo. Eminentemente humanista e essencialmente cristão, o mutirão é um contraponto do sistema capitalista do lucro, do acúmulo e consumo individualista de bens. Muito presente nas antigas comunidades indígenas, o mutirão tem no projeto das missões e na saga dos jesuítas, seu paradigma histórico. O espírito do mutirão contradiz, frontalmente, o espírito cunhado na “lei de Gerson”, a lei do levar vantagem em tudo. No mutirão, o objetivo é sempre o bem comum, uma atividade gratuita que benefi cia a todos. Não dá lucro econômico, mas garante um retorno que não se mede pelo engrossar de contas bancárias, nem por aplausos fáceis, nem por honrarias ou placas em praças e ruas; o retorno se mede pela realização pessoal e pelo reconhecimento de que, quem participa de um mutirão, ainda não perdeu sua condição de GENTE. O sentido da vida passa pela capacidade de ainda sermos gratuitos e solidários com uma causa, com um projeto, com alguém. Este é o sentido e o espírito de mutirão, que o Solidário resgata e exemplifi ca nas páginas centrais desta edição.

Porto Alegre será sede, em julho do próximo ano (12 a 17, PUCRS) do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe, quando comunicadores dos 37 países do continente estarão, em regime de mutirão, discutindo um dos temas mais transcendentais de nosso tempo: a comunicação a serviço de uma cultura solidária. As inscrições já estão abertas e podem ser efetuadas em www.muticom.org

Todo o fi m de ano traz, invariavelmente, transferências e nomeações de párocos e vigários paroquiais. Estas transferên-cias e nomeações servem, também, para nossos padres, como um momento de re-opção por uma nova realidade comunitária, com novos desafi os, novos questionamentos, novos rostos, novas vidas, dentro da mesma dimensão do seu ministério sacerdotal. Quando a comunidade reza por seus sacerdotes, reza também para que eles possam responder, generosa e desprendidamente, às necessidades da nova realidade comu-nitária que vão assumir. Esta re-opção se, por um lado, pode ser salutar, não deixa de ser também um momento/tempo de cruz, de “noite escura”, de confi ança na graça do Senhor que nunca abandona a quem a ele entrega sua vida e sua missão (contracapa).

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Família e sociedade 31o a 15 de dezembro de 2008

Guenter M. Kirchweger/sxc.hu

Se há exagero no cultivo do eu (indivi-dualidade), ou no cul-tivo do nós (conjugali-dade), entra-se na área dos conflitos: quando se perde de vista a ‘diferenciação’, não é possível chegar à união madura, que permanecerá então

O fascínio e a dificuldade de ser casal

Deonira L. Viganó La RosaTerapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

“Todo fascínio e toda dificuldade de ser casal reside no fato de o casal encerrar, ao mesmo tempo, na sua dinâmica, duas in-dividualidades e uma conjugalidade, ou seja, de o casal conter dois sujeitos, dois desejos, duas percepções do mundo, duas

histórias de vida, dois projetos de vida, duas indentidades individuais que, na relação amorosa, convivem com uma só conjugalidade, isto é, com um desejo conjunto, uma história de vida conjugal, um projeto de vida de casal, uma identidade

conjugal. Como ser dois sendo um? Como ser um sendo dois? Na lógica do casamento contemporâneo, um e um são três, segundo Caillé. Para este autor cada casal cria seu modelo único de ser casal, portanto, a definição de casal contém os dois parceiros e seu ‘modelo único’,

seu absoluto”. Estas são afirmações de um interessante artigo da terapeuta e pesquisadora carioca Terezinha Féres-Carneiro.

Os vínculos realizam o ‘próprio’ da família

A família nasce para dar continuidade e estabilidade às relações de per-tença entre marido e mulher, filhos, e outros num sentido mais amplo. Estes vínculos realizam o próprio da família, mas, essa mesma família, que se forma para dar espaço aos vínculos experimentados como positivos, cultiva o ideal da autonomia e em alguns momentos considera os vínculos opressivos e mortificantes, cada um procurando alcançar a liberdade um dia vinculada a outra pessoa.

Feres-Carneiro prossegue, em seu artigo : “A constituição e a manutenção do casamento contemporâneo são muito influenciadas pelos valores do indi-vidualismo. Os ideais contemporâneos de relação conjugal enfatizam mais a autonomia e a satisfação de cada cônjuge do que os laços de dependência entre eles. Por outro lado, constituir um casal demanda a criação de uma zona comum de interação, de uma identidade conjugal. Assim, o casal hoje é confrontado, o tempo todo, por duas forças paradoxais: a individualidade (eu) e a conjugalidade (nós). Se, por um lado, os ideais individualistas estimulam a autonomia dos cônjuges, enfatizando que o casal deve sustentar o cresci-mento e o desenvolvimento de cada um, por outro lado, surge a necessidade de vivenciar a realidade comum do casal, os desejos e projetos conjugais.

A relação conjugal vai se manter enquanto for ‘prazerosa’ e ‘útil’ para os dois cônjuges. Valorizar os espaços individuais significa, muitas vezes, fragilizar os espaços conjugais, assim como fortalecer o casal demanda, quase sempre, ceder diante das individualidades”.

A vida do casal situa-se no ponto intermediário entre comunhão e diferenciaçãoinfantil e simbiótica; e quando se perde de vista a ‘união’, tem-se duas pessoas indivi-dualistas, preocupa-das consigo mesmas e não com a construção do novo sistema fa-miliar.

O equilíbrio entre essas duas linhas - in-

dependência e depen-dência (diferenciação e comunhão) - é o foco da vida do casal. Essas duas linhas são ante-riores ao matrimônio. Suas raízes remon-tam à primeiríssima infância. A soma de todas as experiências sucessivas contribuiu

progressivamente para formá-las ou deformá-las. Nessa evolução das duas linhas é que surge, em um dado momento, a decisão de casar.

Por conseguinte, a relação de casados refletirá o grau de maturação das duas

linhas: Individuali-dade (independência, autonomia) e Comu-nhão (dependência, parti lha, pertença, conjugalidade).

O crescimento da ‘individualidade’ é um processo de liber-tação contínua, pas-sando da dependência

para a flexível auto-determinação; e da segurança do ventre materno, para o risco. O crescimento da ‘co-munhão’ faz emergir a alegria da partilha e do vínculo humano e pos-sibilita o amor, na vida adulta. Este processo dura uma vida.

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opinião4

Solicitamos que os artigos para publicação nesta página sejam enviados com 2.400 caracteres ou 35 linhas de 60 espaços

1o a 15 de dezembro de 2008

A vidA humAnA, quAndo se iniciA?

Os astecas e a educaçãO nO terceirO milêniO

deuses e celebridades

J. Peirano MacielMédico

Podemos definir a vida? Podemos defini-la com facilidade, diretamente, sem muitos preâmbulos? Entendo que sim, se para isso usarmos um termo

bastante conhecido, por muitos considerado uma tenta-tiva de escapulir, inaceitável para certos filósofos, mas hoje já bastante usado por cientistas, especialmente os que aceitam o conhecido “Princípio da Incerteza quântica”. Disse o Ph D. Allan Wolf, eminente cientista da física quântica: hoje o “mistério” soa-nos como razoável e necessário. Pois esse é o termo: Mistério, o mistério da vida. Sim, eis o termo esclarecedor, leitor moderno, que aprecia coisas palpáveis e iluminadas pela luz do sol.

Um grande autor escreveu um livro famoso, intitulado “Tudo é mistério”.

Certamente, esse autor, que morreu com mais de 90 anos, viveu bastante para estudar, meditar, comparar, e, com tão grande experiência, concluir pela Misteriosa Vida nossa de cada dia. Seu nome: Alceu Amoroso Lima, nos anais de nossa literatura.

Essa definição, que pode parecer nada dizer, na ver-dade diz tudo, porque deixa transparecer a complexidade, a profundidade, a simplicidade e, ao mesmo tempo, a grandeza da vida. Somos seres contingentes, poderíamos não existir, mas fomos chamados à vida, grande dom de Deus.

Entretanto, a pontual pergunta deste artigo é o início da vida humana, qual o momento em que emerge de sua inesgotável fonte de luz.

Recentemente, entrou em pauta no STF (Supremo Tribunal Federal) a questão do início da vida humana, tema que reúne ética, religião, ciência, filosofia e direito, no mínimo.

Poderá a Justiça decidir quando se inicia a Vida? Sabemos que, ligados a esse problema, estão graves

questões como o aborto, uso de células-tronco, eutanásia, etc, sempre questões de alta relevância.

Leitor, não é um assunto que parece impactar nossa inteligência, nosso conhecimento?

Novamente não estamos diante de um Mistério? Não há consenso em nenhum ramo do conhecimento. Já os antigos filósofos preocuparam-se com a questão. Para o grego Platão (427/347 a.C.), a vida (alma para ele) en-trava no corpo no momento do nascimento; Aristóteles acreditava que a vida começava no primeiro movimento do feto dentro do útero; para o Judaísmo o que existe no útero até o 40.o dia é água, a partir desse dia começa então a vida; para o Islamismo, o homem recebe a vida (alma) por volta da 16.a semana.

Também a Ciência não dá uma resposta de consen-so: a corrente neurológica entende que o início se dá entre a oitava e vigésima semana, quando começa a atividade cerebral; a corrente ecológica, quando o feto é capaz de sobreviver fora do útero Existem outras.Quem está com a verdade? Todos e ninguém. Acreditar em qualquer dos conceitos é uma questão de Fé, em amplo sentido.

Para concluir, resta-nos referir a posição da Igreja Católica sobre essa questão fundamental.Durante bastante tempo predominaram as idéias de Santo Agostinho e San-to Tomás de Aquino, influenciadas por Platão e Aristóte-les, até 1869, data em que o Papa Pio IX estabeleceu que a vida humana começava na união do óvulo feminino com o espermatozóide masculino, posição mantida até nossos dias, posição de Fé e sábia, pois a vida é contínua, as duas células, já vivas antes da união, contêm potencialmente toda a genética humana, dando origem ao único ser que é imagem e semelhança divina.

Façamos novamente a pergunta: Poderá o STF decidir quando se inicia a vida?

A Constituição garante o direito à vida no seu artigo 5o .

Carmelita Marroni AbruzziJornalista e professora universitária

Em quem ou em quê nós acreditamos? O filósofo espanhol Fernando Savater diz que é difícil aos não crentes explicar em que

acreditam. Humberto Eco e o Cardeal Martini, na obra “Em que crêem os que não crêem” (Record, 2001), analisam questões de crença através de um diálogo, em que debatem alguns temas fundamen-tais à vida do homem, numa tentativa de encontrar pontos comuns entre laicos e cristãos.

Mas chegar a uma conclusão sobre esse tema é difícil, porque as respostas serão tantas, quantas são as pessoas empenhadas em buscar um senti-do para sua vida. Cada um procura seu caminho, algo em que acreditar e, se não tem fé num único Deus, variadas opções surgirão no mundo atual, em que se procura apresentar, embaladas em papel colorido, ilusões e promessas fáceis de felicidade; essas escolhas vão pautar a vida do indivíduo e se transformar em valores.

Surge o ideal da beleza, do esporte, do poder, do sucesso, do dinheiro, que se transformam em deuses exigentes e requerem cultos especiais e, até, grandes sacrifícios.

Seguem-se regimes alimentares, que com-prometem a saúde, crianças e jovens deixam a segurança e o carinho de seus lares para, longe das famílias, dedicarem-se a treinamentos esportivos exaustivos, pisa-se em qualquer um para alcançar poder e sucesso, corre-se atrás do dinheiro, deixan-

Antônio AllgayerAdvogado

Uma citação inicial: “Deves esmerar-te na fala, adoçar as palavras, a voz (...). Não fales sem parar, não interrompas o discurso de outros...”

(Todorov, Tzvetan: A Conquista da América, Martins Fontes, São Paulo, p.75, 1983).

Qualificar de bárbaros ou selvagens os índios da América é trair a história dos vencidos e admitir como verazes versões forjadas no interesse dos vencedores.

Os arcabuzes, os cavalos, o uso do engodo e da men-tira de europeus acicatados pela sagrada fome do ouro (auri sacra fames), sob o comando de Hernan Cortez, lograram submeter ao domínio da Espanha habitantes pré-colombianos da América, amordaçar-lhes a cultura e encobrir um sistema educacional dos mais primorosos de todos os tempos, protagonizado pelos tenochcas, também chamados astecas.

Tão esmerada era a forma de se expressar desse povo, tamanha a nobreza e a precisão de sua linguagem, que os espanhóis, mesmo após a “Conquista”, ficavam fascinados escutando os índios falarem.

O missionário franciscano Bernardino Sahagun viveu durante mais de 5O anos entre os astecas, ama-va-os e tentou explicar em termos não demonizadores os sacrifícios humanos e a antropofagia ritualística por eles praticada.. Ele nos legou precioso documento, por ele traduzido do nahuatl para o espanhol. Obtive esse documento vertido para o alemão gótico pelo historiador vienense J. B. Weiss no início do século XX. Dei à publicidade em vernáculo, através deste jornal, amos-tragem da fala de uma mãe tenochca à sua filha. Estou de volta para reproduzir a fala de um pai. Limito-me a trazer à estampa apenas alguns tópicos do texto. Eis o que diz esse pai:

“Meu filho, vieste à luz como um pintainho saído do ovo e terás de preparar-te como ele para alçar o vôo pelo mundo... Honra os que são mais velhos que tu e

não desprezes a ninguém... Não te faças mudo diante dos pobres e infelizes, mas consola-os... respeita os outros, especialmente os teus pais, a quem deves obediência, acatamento e disponibilidade... Não zombes de pessoas idosas e imperfeitas, nem desprezes a quem tenha co-metido um erro ou uma estultice... Numa conversa não te refiras negativamente a alguém, nem fales demais e de modo algum interfiras na fala de outrem... Antes de falar, reflete sobre o que pretendes dizer... Não brinques com os pés nem te ponhas a morder a túnica, não cuspas com demasiada freqüência, quando te sentares. Tais atos evidenciam leviandade e má educação... Se notares al-guém vindo a teu encontro, dá-lhe lugar a fim de que lhe sobre espaço para seguir o seu caminho... Nunca profiras uma inverdade, pois a mentira é um ato abominável... Não sejas esbanjador, uma vez que com isso irritarias os deuses, que te cobririam de opróbrio... Refreia-te e espera até que a moça que os deuses te destinarão para ser tua esposa tenha alcançado a idade conveniente... Não furtes nem te entregues ao jogo, sob pena de causares a teus pais vergonha em lugar de reconhecimento pela educação que te deram...” Face a tal linguagem, não consigo afastar da mente a hipótese de ter havido uma evangelização pré-colombiana na América.

Recentemente vim a saber que o nauhuatl dos astecas continua sendo falado no México. Minha sobrinha-neta Fernanda Ruschel Robinson, que lá se encontra, fez dissertação de mestrado, tendo como te-mática esse prestimoso idioma. Ao que estou informa-do, estão sendo resgatados tesouros arqueológicos da soberba Tenochtitlan de Montezuma II, sepultos sob os alicerces da cidade do México. É fato auspicioso constatar que vêm sendo trazidos à tona artefatos que lembram os valores éticos, a religiosidade urânica, trágica e fatalista de um povo respeitável por muitos títulos, em especial no que concerne à arte e à criati-vidade inventiva, incluindo notáveis conhecimentos de astronomia e elaboração de um calendário solar semelhante ao por nós usado.

do de lado princípios éticos e religiosos....e talvez por isso, e graças aos meios de comunicação, se vê, hoje, um culto desenfreado a celebridades, um fanatismo por certas modalidades de esporte e uma corrida atrás de bens de consumo supérfluos.

Esse culto por celebridades, que representam um ideal que se pretende atingir, é uma das ca-racterísticas do mundo atual, que as cria nas mais variadas áreas da atividade humana e assim como as constrói, também as destrói.

Mas o que é celebridade ? Para Rojek ),”ce-lebridade é a atribuição de status glamouroso ou notório a um indivíduo dentro da esfera pública” e, segundo ele, celebridades são fabricações culturais que supõem a ajuda de “intermediários culturais de marketing, fotógrafos, promoters”.

Sabemos que a força da mídia é muito grande, ainda mais se considerarmos o número de horas que as pessoas passam diante da TV. Surge, então, a pergunta: como esses “deuses criados”, essas celebridades influenciam nosso cotidiano? Em que medida as crianças e jovens tendem a imitá-los, a desejar as roupas que vestem, e consumir o que eles sugerem?

E nós, como adultos, como lidamos com tudo isso? Até que ponto somos influenciados? Como analisamos essas questões com os mais jovens?

São pontos que merecem profunda reflexão, porque essa análise poderá nos ajudar a revisar quais são os valores que realmente estão orien-tando nossa vida.

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educação e psicologia 5

Jeramey Jannene/sxc.hu

1o a 15 de dezembro de 2008

Elias Minasi/sxc.hu

D o n a M a l v i n a é uma professora de Matemática, 40 anos, 24 de experiência de magistério, três filhos adolescentes e um ma-rido que embora com-panheiro é muito exi-gente. Estuda os livros didáticos fornecidos pela escola, avalia-os cuidadosamente e faz pesquisas na Internet, incentivando seus alu-nos a fazerem o mes-mo. Além de se dedicar à família, à sua comu-nidade escolar, à sua

Qualidade do ensino: foco na aprendizagem

Juracy C. MarquesProfessora Universitária. Doutora em Psicologia

Ninguém ensina se ninguém aprende, mas se pode aprender sem ninguém aparentemente ensinar. Neste último caso, o papel do pro-fessor é criar ambientes de aprendizagem, onde os alunos e também o professor inserem-se em situações, onde uns aprendem com os outros. É através da interatividade, com suporte em projetos pedagógicos relevantes, que os alunos desenvolvem atividades que

ensejam novas percepções do mundo, da vida, dos outros e de si mesmo. Aí se insere a intersubjetividade na busca do conhecimento para produzir experiências que, ao transformar a visão de mundo, transforma a nós mesmos.

Aprender é fenômeno

social Esther Pillar Gros-

si escreveu um artigo “O inssinu no Bra-siu è ótimo” (ZERO HORA, 27 Agosto, 2008), “numerosas pesquisas revelam carências graves nas a p r e n d i z a g e n s d a língua materna e da matemática, que são alicerces para a cons-trução de qualquer conhecimento”, diz ela e enfa t iza que “só se aprende se há alguma falta a preen-cher (...) aprender é um fenômeno social e se aprende visce-ralmente em trocas com os outros. Por-tanto, mais do que explicar ou dissertar sobre os conteúdos, o bom professor levan-ta questões e faz com que o aluno formule hipóteses para solu-ção de problemas. Muitas vezes o pro-fessor presta um mau serviço, pois a autori-dade deste atua como um bloqueio à acei-tação (pelo aluno) de que está equivocado e de que necessi ta humildemente aceitar seu equívoco”.

“Quando o professor pede para os 40 alunos da 2ª série da Escola Média escreverem uma redação sobre a primavera, virão 40 redações diferentes, nas quais a organização das frases, a seqüência das idéias, os vocábulos utiliza-dos poderão ser diferentes, e nem por isso serão consideradas incorretas (...). Esse tipo de operação pela qual a inteligência, a partir de uma só informação, produz diferentes respostas, e todas podem ser corretas, chama-se produção divergente”, disse Jorge La Rosa, em seu texto sobre “Atividades da inteli-gência: produção convergente e divergente” (SOLIDÁRIO, Edição No. 523, 1º. a 15 de outubro de 2008, p.5). Na verdade, inteligência, conhecimento e aprendizagem se mesclam em fluxos de criatividade, quando o indivíduo dá o melhor de si mesmo, ao responder aos estímulos de um professor compro-metido com um ensino de qualidade. O aluno sente-se autor e co-autor dos resultados que vão sendo arquitetados pelas mútuas influências de seu grupo de sala de aula. E certamente os erros de grafia e gramática irão se corrigindo, em função dos comentários do professor e dos colegas, numa aprendizagem colaborativa e dialógica que resulta em mudanças e novos modos de pensar a realidade.

Os alunos são sujeitos ativos de suas aprendizagens

O professor está em processo contínuo de aprender a aprender

matéria de ensino e a seus alunos de Ensino Médio, trabalha como voluntária nas ativida-des de sua paróquia, voltadas para a Juven-tude, numa de suas Pas-torais. Tem uma forma especial de manter-se em contínuo aperfei-çoamento: nas missas, após a comunhão, fala com Cristo presente na hóstia consagrada, agradecendo a sema-na que passou e for-mulando objetivos de auto-aperfeiçoamento

para a semana que se inicia. Assim, no últi-mo domingo resumiu suas intenções em três palavras-chave: humil-dade, tolerância e com-paixão, invocando o Espírito Santo para ilu-minar seus caminhos. Transcorrida a semana, freqüentemente não al-cança satisfatoriamente seus propósitos, então, pede perdão por suas fraquezas e renova suas decisões de “aprender a aprender” com suas experiências. Em meio

aos seus muitos desa-fios, confronta-se coti-dianamente com os jo-vens e seus problemas, seja na aprendizagem de matemática, nas re-lações familiares, com os namorados, com seus grupos de amigos e nos inúmeros conflitos que surgem nas festas e ‘ba-ladas’. É uma pessoa alegre e comunicativa, irradia um dinamismo que encaminha suas ações para a aceitação amorosa de si mesma e dos outros.

Page 6: Document

6 7tema em foco1o a 15 de dezembro de 2008

Mutirão: a força comunitária para

o desenvolvimento gaúcho

O trabalho comunitário em mutirão, ao lado do cooperativismo – este, para fi ns de bar-ganha e geração de renda – está na origem do surgimento de dezenas de localidades e hoje pujantes cidades gaúchas. Diante da premência de inadiáveis soluções de ne-

cessidades, os pioneiros desbravadores de regiões ermas preferiram não esperar pelas tardias – ou talvez jamais crumpridas – providências do poder público. Arregaçaram as mangas e fi zeram por eles próprios. Se quisessem estradas, que as fi zessem. Foi assim que nasceram as picadas e linhas, muitas delas hoje transformadas em confortáveis vias de trânsito inter-municipal. Se quisessem escola, igreja, hospital que juntassem forças e matéria-prima para fazê-lo. E, muito antes de ser pronunciada, transformaram em realidade a resposta à famosa frase de Kennedy: “Não pergunte o que o seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país” (“It is not what America can do for you, but what you can together do for”).

Legado cristãoEm grande parte, o desenvolvimento mais acentuado da metade

norte do Rio Grande do Sul poderia, talvez, ser tributado a esse espírito comunitário com a união pelo bem comum. Porque esses pioneiros, especialmente imigrantes alemães e italianos e seus descendentes, tiveram que fazer por eles mesmos. Força similar ainda hoje se faz presente em todas as frentes de necessidades, suprindo e fazendo às vezes do estado. Já se disse que, se da noite para o dia, as ONGs e instituições particulares, mormente entida-des confessionais, deixassem de atuar, o País entraria em colapso social imediato.

De alguma forma, gesto solidário, tanto dos pioneiros da imigração como dos milhares de fi liados a Ongs de socorro e voluntariado, é legado cristão que se repete pelos tempos afora em todos os horizontes.

Testemunhas silenciosas O primeiro mutirão em solo gaúcho de que se tem notícia

foi liderado pelos missionários jesuítas no século 17. Da união de forças nasceu uma pujante civilização indígena agrupada em torno dos Sete Povos das Missões, infelizmente dizimados pela ganância materialista de invasores. Mas seu exemplo está lá, nas ruínas que sobraram, qual mudas, mas eloqüentes testemunhas de solidariedade e voluntariado.

Exemplos similares são encontrados em todos os quadrantes gaúchos: basta perguntar quem fez possível a primeira escola, igreja, capela no surgimento das cidades, especialmente na metade norte do Estado. A resposta é quase sempre a mesma: a união de forças e a doação de material e horas de trabalho (que para muitos foram anos de trabalho ao longo de sua existência). Apenas para lembrar: Cate-dral S. João de Santa Cruz do Sul e Igreja de S. Pedro da Serra.

É o que ensina o Pe. Guido Lawisch sj, um líder nato na mobi-lização de forças e recursos para a realização de obras de interesse comunitário. E diz mais: “Sempre existem dois caminhos para um objetivo comunitário: ser possível e ter vontade de fazer. Sem motivação, é melhor parar. Pode-se exigir e pressionar. Isso não resolve. No fi nal, vai fi car pendurado no padre. Quando as pessoas acreditam, vendo o que está sendo feito com sua contribuição, os recursos vêm. Mas sempre precisamos nos ater àquilo que é viável”. Em seus 28 anos de padre, esse ex-irmão coadjutor jesuíta, é teste-munho de como ainda hoje é possível mobilizar forças com vistas a um bem comum. Ordenado padre em 1980, trabalhou durante alguns meses como pároco substituto de um colega.

Em 1982 foi designado para a Paróquia Santo Inácio, em Braz Madeira, periferia da cidade de Cascavel, (PR), um bairro pobre e constituído de muitos bóias-frias.

A busca da simpatia“Às quatro da manhã, dezenas de caminhões saíam da frente da

nossa capelinha, lotados com trabalhadores de roça que voltavam no fi m da tarde”, recorda o sacerdote. “A gente se perguntava do que vivia esse povo. Mas começamos o movimento de motivação. Achamos terreno, conseguimos carro com a prefeitura com quem tínhamos um bom relacionamento. Contamos com algumas ajudas de fora. Mas o maior recurso veio da união do povo. Só um exemplo: uma madeireira nos adiantava a madeira de pinho para o forro da igreja. Havíamos estabelecido um bonito relacionamento com eles. Quando, depois de uma promoção, conseguimos arrecadar recursos, fomos lá para pagar, eles foram direto: ‘não, isso é colaboração nossa’. E foram mais de 1.500 metros quadrados de pinho de primeira qualidade”, lembra o padre. Em resumo: sete anos depois, ao ser designado para outra frente, o local estava transformado em centro de referência, com nova igreja – simples, mas espaçosa e confortável – e um salão paroquial.

“Alguém tem que puxar a frente”Agilidade para não arrefecer o ânimo

“A gente precisa agilizar para não cansar e não diminuir o ânimo”, ensina Pe. Lawisch, lembrando como foi a mobilização para a construção do centro de pastoral em S. João do Oeste, SC, para cuja paróquia foi transferido em 1989. “Foi realmente algo impressionante. Um dia havia mais de 60 pessoas para concretar a laje: todos voluntários. A comunidade inteira veio. Eu mesmo me vi virando a betoneira. Todos pegaram juntos”, conta o sacerdote.

Com realidade econômica e social bem diversa (“antes de sugerir ou propor melhorias, sempre procuro saber como anda a economia do lugar, se a aparência patrimonial é virtual, isto é, baseada em empréstimos bancários, ou se é real”) em S. João do Oeste, além do centro de pastoral com três andares, padre Lawisch liderou ainda a construção de um belo salão paroquial. “Foi um período em que aprendi muito”, recorda.

Torre para sinos novos “Vim para cá em 2000. A nova igreja estava levantada. Faltavam

os acabamentos, os sinos e uma torre adequada”, resume Lawisch, agora à frente da Paróquia Três Santos Mártires das Missões, em Sal-vador do Sul. “O pessoal logo concordou que tínhamos que seguir em frente”. Além de um belo salão de festas instalado sob a construção, Pe. Lawisch conseguiu mobilização para os acabamentos internos da igreja, que incluem decorações no teto, anatômicos bancos e um potente órgão eletrônico.

Faltavam os sinos e uma torre. Nova mobilização e os quatro sinos lá estão, para momentos festivos e menos festivos. “Foram bancados por três padrinhos. Formam acorde maior ou menor, de acordo com a fi nalidade”, diz Lawisch. Sua inauguração ocorreu dia 15 de no-vembro último, para celebrar os 380 anos de martírio (1628-2008) de Roque, Afonso e João, respectivamente em Caaró e Pirapó, na região missioneira do Rio Grande do Sul. Os sinos estão suspensos numa armação provisória, sob a torre sineira de 38 metros de altura que está em construção. “Queremos inaugurar a torre até o fi m do ano. O povo está ajudando”, revela o sacerdote. Além dos sinos, na torre, formando um arco anterior à rampa de acesso ao templo, estarão as estátuas do três santos mártires em grande dimensão. O gesto maior de

solidariedadeMuito mais que árvores de Natal gigantescas e que pretendem

integrar o livro de recordes (a árvore do centro de compras de Itu, SP, tem 84 metros, representando um prédio de 28 andares, e é enfeitada com milhares de lâmpadas em mangueiras coloridas); muito mais que festivais gastronômicos e consumismo desenfreado, o Natal que celebramos em dezembro é para lembrar que Deus enviou seu Filho à terra como maior gesto de solidariedade aos homens. Esse mesmo seu Filho que, bem antes de desejar a fundação e sistematização de uma instituição com hierarquia, liderou um movimento solidário que se estendeu sobre a terra qual manto inconsútil. A alma solidária – da disponibilidade para a gratuidade em favor da coletividade, que está na cultura e na formação histórica do Rio Grande do Sul, como acima refl etida, não é algo novo. Era isso que o menino que nasceu e se fez homem em Nazaré há dois mil anos veio para ensinar à humanidade: que todos se ajudassem. Era esse o espírito que infundiu em seus apóstolos e discípulos. E esse natal poderia acontecer todos os dias no coração dos cristãos. Uma solidariedade desprendida de bens materiais e que viabiliza a verdadeira liberdade. Bem diferente da cultura do indi-vidualismo, do ‘levar van-tagem em tudo’ reinante. O Nazareno já o ensinava: ‘não acumulai bens, levai sempre o mínimo e ensinai o amor ao próximo, sede livres, pois o bem material só traz preocupação e pri-são’. Sem solidariedade nos corações e no gesto não há solidariedade. O verdadeiro cristianismo nunca morre porque está no coração dos homens de boa vontade, não necessariamente ‘fi liados’ à Instituição.

Um mutirão para a pazPorto Alegre tem status de sede de grandes eventos internacio-

nais. Em 2009 acontecerá mais um deles: Mutirão de Comunica-ção America Latina e Caribe, organizado por bispos e equipes de comunicação das 18 dioceses do Rio Grande do Sul e promovido pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), pela Orga-nização Católica Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (OCLACC), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, (CNBB), Organização Católica Internacional do Cine-Brasil (OCIC), Rede Católica de Rádio (RCR), União Cristã Brasileira de Comunicação (UCBC) e União de Radiodifusão Católica (UNDA-BR), com a colaboração de mais de uma dezena de outras entidades gaúchas e brasileiras. O evento, na PUCRS, entre 12 e 17 de julho do ano que vem, reunirá comunicadores de todo o continente para dialogar e aperfeiçoar um projeto de construção de uma cultura de solidarie-dade através da comunicação.

À esquerda: Catedral S. João Batista, de S. Cruz do Sul e Igreja de S. Pedro da Serra

Acima: Paróquia Três Santos Mártires das Missões e o pároco Pe. Guido Lawisch sj

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8 saber viver1o a 15 de dezembro de 2008

CONSELHOS PARA VIVER MELHOR IV

Das Universidades Harvard e Cambridge

* Pensar positivamente. Pes-soas otimistas podem viver até 12 anos mais que os pes-simistas, que estão mais su-jeitos a gripes e resfriados. * Ser sociável. Pessoas com fortes laços sociais ou redes de amigos têm vidas mais saudáveis que as pessoas solitárias ou que só têm con-tato com a família. * Conhecer a si mesmo. As pessoas que têm fé e aqueles que priorizam o ‘ser’ sobre o ‘ter’ têm 35% de probabili-dade de viver mais tempo. A propósito, é conveniente lembrar a frase de Sêneca: Escolha a melhor forma de viver, o costume a tornará agradável’.

Água oxigenada*A água oxigenada foi desen-volvida na década de 1920 para conter problemas de infecções e gangrena em sol-dados em campos de batalha, com resultados surpreenden-tes: redução no número de baixas e amputações. Numa solução a 3%, é um dos mais potentes desinfetantes.Isso é pouco divulgado por-que é produto simples e barato e não interessa aos laboratórios que produzem desinfetantes domésticos e hospitalares mais caros e com maior potencial lucrativo.

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dentes. Cuspir após.* Manter escovas de dente numa solução de água oxi-genada conserva as escovas livres de germes.* Tábuas de carnes e outros utensílios são desinfetados após o uso.* Passada nos pés à noite evita frieiras e fungos, e o mau cheiro.* Passada em ferimentos várias vezes ao dia ajuda na cicatrização.* Deixar de molho numa solução de a.o. roupas que precisam desinfecção, antes da lavagem normal. * Excelente para usar em banheiros e cozinhas, como desinfetante, em pano mo-lhado.

Transcorreu recentemente o II Dia Nacional de Prevenção das Arritmias Cardíacas e Mor-te súbita. O problema é muito sério, mas pouco se fala sobre o assunto. Ela mata mais que Aids, acidentes de automóveis, AVC e câncer de mama, mas só aparece na mídia quando atinge a personalidades como a ex-primeira dama, dona Ruth Cardoso, e o jogador de futebol Serginho, do São Caetano. Nos EUA, são cerca de 400 mil ca-sos de morte súbita por ano. E no Brasil esse número pode ser ainda maior. Embora não haja estatística que comprove esse dado preocupante, estima-se que aqui a situação seja mais grave por dois motivos: nossos hábitos são semelhantes aos dos norte-americanos e ainda temos a doença de Chagas, inexistente naquele país. “É difícil chegarmos a um número exato porque os atestados de óbito nem sempre correspon-dem à causa efetiva da morte. Culturalmente, os brasileiros rejeitam a realização da necrop-sia, prejudicando ainda mais o diagnóstico. Então, muitos atestados aparecem como infar-to, quando na verdade a pessoa

Morte súbita mata mais do que os acidentes automobilísticos

pode ter falecido por morte súbita”, lamenta o médico Tar-císio Medeiros Vasconcelos, cardiologista do Hospital Be-neficência Portuguesa de São Paulo. Segundo ele, a necropsia ajuda, inclusive, a detectar pos-síveis chances de morte súbita em outros membros da família, quando diagnosticada sua causa por hereditariedade.

A morte súbita se caracte-riza quando a pessoa morre em até uma hora após o início da manifestação dos sintomas, que podem ser palpitações, sensa-ção de mal estar, escurecimento das vistas, suor frio, palidez, etc. O problema é que, muitas vezes, não existem sintomas.

“Por isso é tão importante alertar a população sobre o peri-go das arritmias cardíacas. Elas nunca são normais e podem levar à morte súbita, sendo que poderiam ser evitadas a partir da realização de simples exa-mes”, comenta o especialista.

Outra questão importante levantada pelo médico é o fato de a população não poder de-pender apenas dos Bombeiros quando precisar de socorro, especialmente em uma cidade com o trânsito de São Paulo.

De acordo com Tarcísio, é fundamental que se criem leis para a obrigatoriedade do uso de desfibriladores em locais públicos.

“Hoje temos em alguns shoppings e metrôs, mas o ideal é que todo local com aglomera-ção de pessoas fosse obrigado a ter um aparelho como esse que pode, sem dúvida, salvar vidas. Se um condomínio não tem extintor, por exemplo, é multado. Por que não manter um desfibrilador também?”, diz o médico. “A cada minuto sem socorro, perde-se aproxi-madamente 20% de chances de reverter a situação. Após 5 minutos, o coração do paciente pode até voltar a bater, mas possivelmente ele já perdeu alguns neurônios, que não se regeneram, resultando em morte cerebral”, explica o car-diologista.

Entenda as arritmiasEm condições normais, o

nosso coração “bate” em uma freqüência que varia de 60 a 100 vezes por minuto. Os es-tímulos responsáveis por esse batimento cardíaco são repre-sentados por uma espécie de “corrente elétrica”, transmitida a todo o coração por meio de estruturas que poderiam ser grosseiramente comparadas a “fios condutores”.

As arritmias cardíacas são distúrbios do ritmo cardíaco, que inclui um grande número de doenças, algumas bastante comuns e outras extremamente raras. Ocorrem em qualquer idade, independente do sexo e da etnia, estando ou não as-sociadas a outras doenças do coração. Podem ser classifica-das como:

• Bradicardia: quando o coração bate mais lento.

• Taquicardia: quando o coração bate mais rápido.

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espaço aberto 9

Martha Alves D´AzevedoComissão Comunicação Sem Fronteiras

Pobreza cresceu

1o a 15 de dezembro de 2008

Sem fronteiras

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LIVRO DA FAMÍLIA 2009

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Lembrando: a Livraria Padre Reus é representante dasEdições Loyola para o sul do Brasil.

É o que anuncia o relatório do Banco Mundial infor-mando que há mais gente vivendo sob a linha de pobreza nos países em desenvolvimento do que

se pensava anteriormente. Alegando que o parâmetro da linha de pobreza, reajustado de US$ 1 para US$ 1,25 por dia, seria uma das causas do crescimento da pobreza em muitas regiões do mundo, com pequenas exceções.

O Bird calcula que em 2005 havia 1,4 bilhões de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia, o que significa um quarto da população dos países subdesen-volvidos. No ano anterior, 2004, a entidade calculava que 1 bilhão de pessoas estaria vivendo com menos de US$ 1. Para o Bird, com exceção da China, que vem conseguindo resultados positivos no combate à pobreza, o mundo vê um aumento no número de miseráveis nos últimos 25 anos, inclusive na América Latina. Para os pesquisadores do Banco Mundial, até mesmo a Índia, que declarava ser um exemplo de crescimento, demonstra ter um número maior de pobres hoje do que em 1981, em termos absolutos.

Em outras regiões, houve declínio na taxa de pobre-za. No Leste Asiático (China incluída), a redução foi de quase 80% em 1981, para 18% em 2005- deixando de ser a região mais pobre. Na China, o número total de pobres caiu de 835 milhões em 1981, para 207 milhões.

Na Índia, a taxa caiu entre 1981 e 2005 (de 60% para 42%), mas o total de pobres cresceu (420, para 455 milhões).

As novas estimativas do Bird se baseiam em preços globais atualizados, e a revisão da linha de pobreza reflete o fato de que o custo de vida nos paises em desenvolvi-mento é mais alto do que se pensava. Embora tenha sido registrado um aumento na quantidade global de pobres, o economista-chefe do Banco Mundial, Justin Lin, acha que ainda será possível alcançar a meta estabelecida pela ONU de reduzir à metade o número de pobres até 2015, em comparação a 2000. As previsões foram feitas antes da turbulência na economia mundial.

curiosidades nas férias dos PaPasCarlos Adamatti

Jornalista

Existe uma natural curiosidade acerca das férias dos Papas. Afinal, eles são líderes de uma multidão de católicos, em todo o mundo, que hoje ultrapassam mais de um bilhão de seguidores. Assim,

como homem, o Papa também precisa descansar, após um estafante ano de audiências, viagens, discursos, visitas e ser a última instância para a qual afloram os problemas da Igreja Católica nos cinco continentes. Para recuperar as energias gastas, há, desde 1929, uma Casa de Campo espe-cial em Castelgandolfo, junto ao Lago Albano, a cerca de 40 quilômetros do Vaticano. João Paulo II e Bento XVI, além de freqüentar esse local, criaram o hábito de passar alguns dias em albergues nas montanhas dos Alpes, no norte da Itália.

Recentemente, o diretor da Casa de Campo Castelgandolfo, Saverio Petrillo, escreveu o livro “As Vilas Pontifícias de Castelgandolfo”, cujos depoimentos são revelados pelo jornalista Sandro Magister, no seu Site Chiesa. O Museu do Vaticano editou o livro. Como dirige as “Vilas Pon-tifícias”, desde 1958, Petrillo relata muitas curiosidades nessa entrevista. Pouco depois dele assumir o cargo, morreu, em 9 de outubro de 1958, o Papa Pio XII, que se encontrava ainda de férias em Castelgandolfo. Depois dele, os últimos cinco Papas passaram e passam as férias ali.

João XXIII, por exemplo, costumava desaparecer, sem que ninguém notasse. Saía por um portão auxiliar da Vila, sem escolta, indo para as colinas próximas ou indo ao encontro da população. “Num domingo pela manhã, conta Petrillo, recebemos um telefonema informando que o Papa estava em Anzio. Podem imaginar nossa surpresa, que acreditávamos estivesse em seu apartamento. Ele gostava de estar junto do povo”.

O Papa Paulo VI, cujo nome era Giovanni Battista Montini, com o Cardeal de Milão, uma semana antes do conclave que o elegeu, hospedou-se em Castelgandolfo, a convite de seu amigo, o diretor anterior da Casa, Emilio Bonomelli. Escondeu-se ali para fugir da curiosidade da imprensa, que o assediava e falava dele como o próximo Papa. No dia 19 de junho de 1963, quando partiu para o conclave, todos os servidores da Vila se postaram na saída principal e um deles gritou “Santo Padre, muitas feli-cidades”. “Os colegas o repreenderam, mas quando retornou era o Papa”, conta Petrillo. Pio XII, quando ingressava de férias em Castelgandolfo, costumava passar a primeira semana em retiro e oração. Depois, reassumia seus compromissos. Na Festa da Assunção de Nossa Senhora, a 15 de agosto de 1977, o papa inaugurou a Igreja da Senhora do Lago. Fez um discurso que comoveu a todos, quase se despedindo. Na realidade, faleceu depois, a 6 de agosto do ano seguinte, ali mesmo em Castelgandolfo. Seu sucessor, João Paulo I (Albino Luciani), que teve um pontificado curto, apenas pouco mais de um mês, nunca esteve em Castelgandolfo, nem mesmo como Cardeal.

João Paulo II tornou Castelgaldolfo uma Casa de Campo alternativa. Para lá ia não só no verão, mas também no inverno. Como Paulo VI tam-bém se hospedou ali, diz Saverio Petrillo, antes do conclave que o elegeu. Freqüentava a Vila após as longas viagens internacionais, e tinha uma predileção pelos os filhos dos empregados. Brincava com eles de “esconde-esconde”, visitava suas famílias, onde lhe davam café ou chá. No inverno, costumava sair sempre vestido de preto, usando frequentemente um capuz de lã, também preto. Por motivo de saúde, construíram em Castelgandolfo, uma piscina de 18 metros de comprimento, onde, a conselho médico, cos-tumava nadar. Foi muito criticada pela imprensa italiana a construção dessa piscina. O Papa, porém, reagiu com muito bom humor, afirmando: “Um conclave custa muito mais”. Gostava também de brincar com os cardeais italianos, dizendo que eles não praticavam esportes, enquanto entre os cardeais poloneses, cinqüenta por cento praticava. Na realidade, existiam apenas dois cardeais polacos: ele (agora Papa), e Wyszynski.

Bento XVI considera Castelgandolfo sua “segunda casa”. O que ele mais gosta de fazer aí é tocar piano no final da tarde. Domina com desen-voltura as obras de Mozart, Bach e Beethoven. Dizem que também Pio XII tocava muito bem violino, mas ninguém o ouviu ou viu tocar na Vila. No verão romano, essa feitoria vira o Vaticano por dois meses.

O jornalista Pe. Attílio Hart-mann sj, diretor-editor do Solidá-rio, lançou na Feira do Livro a obra “Vida que te quero Viva”. O texto apresenta crônicas do cotidiano sobre fatos que agridem a vida e situações de vida. “Neste processo, quero contribuir para que as ame-aças sejam transformadas em atos geradores de vida” diz ele. A obra é editada pela Livraria Editora Padre Reus. No mesmo ato, o Pe. Roque Schneider sj autografou “Pequenos recados para cidadãos apressados”, também editado pela Reus.

Attilio Hartmann e Roque Schneider

autografaram na Feira

Castelgandolfo

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Igreja e comunidade 10

Voz do PastorCatequese solidária

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano de P. Alegre

Os desafiOs de nOssa épOca

O acOrdO Brasil-santa sé

1o a 15 de dezembro de 2008

Vergamos os umbrais do terceiro milênio. Trazemos a herança do passado. Falando de terceiro milênio, situamo-nos, eviden-

temente, num contexto cristão. Nosso ponto de referência é Jesus Cristo. A partir dele começamos e continuamos a contar nosso tempo. Pode alguém evocar o que aconteceu antes de Cristo. Temos ali civilizações que marcaram a história humana, desde os egípcios, babilônios, até gregos e roma-nos. Mas, para nós, o centro da história é Jesus Cristo. A partir dele não só contamos nossos anos, como também entendemos nossa história. E logo, nessa perspectiva de fé, percebemos que se trata de uma história da salvação. É a história que Cristo faz conosco. Não a conheceríamos a fundo sem Ele. Sem nos atermos às carac-terísticas dos dois primeiros milênios, apenas registramos que ‘a vida se manifestou, nós a vimos e a testemunhamos’ (1 Jo 1,2). Não nos atemos às idéias, como se o cristianismo fosse uma filosofia. Ele é vida, que se transmite pelo batismo e pela evangelização. Esta vida chegou até nós. É a mesma que tem, em Cristo, sua fon-te. Está organizada pelo tripé da fé, esperança e caridade. Esta vida encarnou-se e assim se fez história. Sofre as vicissitudes dos tempos. Ninguém duvida de que ela é infantil na criança, juvenil nos jovens, madura nos adultos e fragili-zada nos idosos. Mas também vem afetada pelas carências nos pobres, pela abundância dos ricos; é sacudida pela doença nos enfermos e sofrida pela precariedade nos desabrigados...

Além disso é afetada pelas circunstâncias do tempo e do lugar; sente a influência da educação e das condições que proporcionam um substrato de movimentações. Colocamos, agora, esta vida no contexto da história, para adentrar o terceiro milênio. Vivemos, sem dúvida, do fenômeno da

globalização. Contudo, é preciso reconhecer que, mesmo no terceiro milênio, a vida na Europa é dife-rente da vida na América Latina e, aqui, é diferente da África, ou da Ásia, ou dos Estados Unidos. No Brasil, essa mesma vida tem conotações diferentes no Sul – onde realizamos, em 2007, o Primeiro Fó-rum da Igreja Católica, para ver e testemunhar essa vida – e no Norte ou no Nordeste, e no centro do país. Trata-se, sem dúvida, sempre da mesma vida, mas situada em contextos e culturas diferentes. Fala-se, por isso, da necessidade de inculturação, no sentido de uma ação que nos leve para dentro da cultura de cada época e de cada lugar, para ali concretamente viver a vida cristã. Se o cristianismo é vida, é preciso descobri-la e desenvolvê-la nos respectivos contextos.

Mas há algo inconfundível: é a própria vida que vem de Cristo. Não se reduz à individua-lidade. É essencialmente eclesial. Mesmo com todas as diversidades e diferenças, partilhamos todos de uma e mesma vida. Somos membros de um grande corpo, no qual circula a seiva da graça, que vem do Espírito Santo. Vida cristã só se entende na e pela convivência. É comunidade. Por isso é também história. Nossa vida não se reduz aos poucos anos, que vão desde nossa concepção até os dias de hoje. Nós temos dois milênios de existência. Esta é a vida de cada cristão. É preciso tomar consciência dela, para firmar a própria identidade. Temos uma longa história e fazemos parte de um organismo que se estende pelo mundo inteiro. Cristo é sua cabeça, o Espírito Santo a alma e cada batizado seus membros. Por isso, interessa-nos sumamente como viveram nossos antepassados na fé e como vivem nossos contemporâneos em outros continentes. Esta é nossa vida. Nós somos esta Igreja do passado e do presente, projetada para o futuro, que se concretiza neste nosso planeta, conhecido por Terra.

Acaba de ser assinado em Roma um acordo Internacional entre a República Federa-tiva do Brasil e a Santa Sé (Vaticano)

sobre o estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil. Esta é uma das conseqüências práticas da visita do Presidente Lula à Itália e ao Vaticano. A assinatura de tratados internacionais com Estados modernos é freqüente, mesmo com Estados sem tradição cristã.

O objetivo é dar segurança jurídica, clareza e estabilidade nas relações entre Igreja e Estado. Nos últimos anos a Santa Sé firmou mais de 100 (cem) acordos desse gênero, de modo especial com países do antigo bloco soviético, no Oriente Médio e na África.

O acordo implica no reconhecimento da per-sonalidade jurídica da Igreja Católica, também de suas instituições, como as Dioceses, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, as Paróquias e as Congregações Religiosas.

O acordo firma os direitos já reconhecidos na

Constituição Federal, como por exemplo, a imu-nidade tributária, conforme o artigo 150 (inciso VI, letras b e c).

Aliás, não é privilégio da Igreja Católica, mas, direito de todas as confissões religiosas.

É reconhecido também o princípio de que os presbíteros da Igreja não têm vínculo empregatí-cio com Dioceses e Paróquias. O mesmo se diga de membros de Congregações religiosas. Pois “o vínculo que une o pastor à sua Igreja é de natureza religiosa e vocacional”.

Afirma-se também o ensino religioso “pluri-con-fessional”, em pé de igualdade com as demais Igrejas e confissões. Será de freqüência facultativa para os alunos, mas obrigatório para escola. Segue o modelo já implantado no Estado do Rio de Janeiro.

O acordo internacional não traz novidades, mas reúne num acordo único as normas e diretri-zes espalhadas. Para entrar em vigor precisa da aprovação do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Como é para a paz e o bem comum do povo brasileiro, esperamos que os representantes do povo dêem o seu aval.

Dom Sinésio BohnBispo de Santa Cruz do Sul

Toda a comunidade é caTequisTa

Marina ZamberlanProfessora e catequista

Como afirma “leninha” em seu blog, até há não muitos anos, a catequese era uma tarefa do pároco e de algumas piedosas velhinhas.

Mas era ele quem fazia quase tudo. Agora, podemos afirmar que a catequese se tornou um trabalho do pároco e dos catequistas. Mas não seria isso o mais importante.

Também não basta que os pais se interessem pela catequese dos filhos. É toda a comunidade cristã, a paróquia inteira que tem o dever de educar na fé os seus pequeninos e todos os que se espera que tenham fé.

Para colocar esta convicção na cabeça dos nossos cristãos, mesmo os chamados praticantes, é preciso que a catequese paroquial os envolva de todos os modos possíveis.

Uma catequese que envolve e compromete a paróquia inteira provoca necessariamente um forte arejamento nela própria e obriga-a a renovar-se.

Só uma paróquia assim sacudida e renovada está em condições de fazer catequese autêntica. Esta paró-quia aprimora cada vez mais o diálogo, sabendo que este não é apenas uma metodologia, mas compreende um modo de entender o ensino-aprendizagem.

Diálogo e catequeseO diálogo sempre foi importante para o desenvol-

vimento das potencialidades humanas, tanto no nível pessoal, como no cultural e social. Feita à imagem e semelhança de Deus, a pessoa descobre-se como ser dialogante, como o é o próprio Deus.

Mas, que vem a ser diálogo?

Diálogo não é... - conversa para legitimar resoluções já tomadas; - um meio de “dobrar“ o outro; - só ouvir ou só falar; - uma conversa que pode ter um só resultado final; - dar bons conselhos a quem não sabe nada; - algo que só é considerado bem sucedido quando

convence o outro; - conhecer a opinião do outro para poder combatê-lo

melhor.

Diálogo é… - um ato de mútua aprendizagem; - uma oportunidade para conhecimento do outro; - uma conversa cujo resultado não se prevê; - um exercício de respeito; - uma comunicação horizontal; - algo que pode ter sucesso mesmo quando as opi-

niões divergentes são mantidas; - crer na boa vontade do outro, mesmo se discor-

damos.

Portanto, usar o diálogo é fundamental, tanto na ca-tequese, como na administração de todas as atividades da paróquia.

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comunidade e igreja 11

NOTAS

Mensagem da Equipe Vocacional

Odila Terezza Luzzi de Campos - 02/12Irmãs Salvatorianas - 08/12

Egon R. Fröhlich - 11/12

ERRAMOSEm nossa edição anterior, o artigo do Pe. Jorge Sampaio, intitulado A importân-

cia da reunião de pais e catequistas, previsto para ser publicado na página ao lado, na coluna Catequese Solidária, por uma falha involuntária acabou sendo veiculado

também neste espaço, pelo que pedimos escusas aos nossos leitores.

30 DE NOVEMBRO – 1.º DOMINGO DO ADVENTO (ROXA)

1a leitura: Livro do Profeta Isaias (Is) 63,16b-17.19b;64,2b-7Salmo (Sl) 79 (80), 2ac e 3b.15-16.18-19 (R/. 4)2a leitura: 1ª Carta de Paulo Apóstolo aos Coríntios (1Cor) 1,3-9Evangelho: Marcos (Mc) 13,33-37Comentário: “Estai preparados... não sabeis o dia nem a hora. Para que não suceda que, quando o Senhor vier, encontre vocês... dormindo” (13,33.36). Estas palavras do evangelho do primeiro domingo do advento trazem preocupação, medo, angústia para muita gente. Primeira coisa: nosso Deus, depois de se manifestar e se comunicar em Jesus e por Jesus, não é mais o Deus que mete medo, que ameaça com raios, trovões, castigos e inferno. O medo de Deus pode até ser um ótimo negócio, mas os que falam, pregam e até fazem comércio com o deus do medo, da vingança, do castigo, não estão falando no Deus de Jesus! Jesus inaugura o tempo da misericórdia de Deus. O Deus que Jesus anuncia, não quer adoradores que o adoram porque estão com medo dele, mas porque o amam, o querem bem e, por isso mesmo, confi am na sua misericórdia. Mas... como fazer para que, quando o Senhor vier, não nos encontre dormindo, usando as palavras do evangelista Marcos? A resposta é simples: estamos sempre preparados para nosso encontro com o Senhor se tomarmos cada dia de nossa vida um novo momento de amar a nossos irmãos e irmãs, especialmente aqueles que mais necessitam de nossa vida. O tempo do Advento que estamos iniciando é o tempo para olhar para nossa vida e nos perguntar, muito honestamente, sobre o lugar que ocupam as pessoas do nosso entorno mais próximo: em nossa família, na comunidade, no local de trabalho, na rua, onde for.

Estamos sempre preparados para nosso encontro pessoal e definitivo com o Senhor se/quando formos a sua presença solidária, sua presença de perdão, sua presença de justiça, de amor e de vida para todos os que vamos encontrando em nosso caminhar. Inquilinos do tempo... migrantes pelo mundo... é o amor solidário que nos deixará sempre despertos e alegremente prontos para o Dia do Senhor, para a defi nitiva festa do amor solidário, no céu do Pai.

7 DE DEZEMBRO – 2.º DOMINGO DO ADVENTO (ROXA)

1a leitura: Livro do Profeta Isaias (Is) 40,1-5.9-11Salmo (Sl) 84 (85), 9ab-10.11-12.13-14 (R?.8)2a leitura: 2ª Carta de Pedro (Pd) 3,8-14Evangelho: Marcos (Mc) 1,1-8Comentário: A humildade não é artigo muito em voga e certamente, não está de moda para o homem e a mulher deste tempo. A ciência e a tecnologia dão respostas a perguntas que, há menos de um século, eram tabu ou mistério. Há 20 anos, que mãe poderia sequer imaginar poder conversar, com som e imagem, com a fi lha, ela, em sua casa, e a fi lha, no seu pequeno apartamento de estudante, em Filadélfi a, nos Estados Unidos? Ou que pudéssemos examinar aqui na terra material trazido da Lua... de Marte? Ou que alguém fi zesse uma cirurgia de catarata e, meia hora depois, fosse para sua casa? Ou que em seu peito batesse o coração de outra pessoa, no incrível milagre dos transplantes? Avanços da ciência... avanços da tecnologia. E o homem se tornou orgulhoso de seus avanços e parece estar esquecendo uma virtude essencial, até para continuar avançando: a humildade. Em seu orgulho, o homem pode vir a dispensar a dimensão espiritual, transcendente. Que exige humildade para ser reconhecida e vivida. O homem quer ser sempre mais o dono do seu destino, o proprietário da sua vida, e rejeita todo tipo de dependência ou de obediência. Depois de dois mil anos, a frase de João, no Evangelho deste segundo domingo do Advento, soa quase como uma agressão: “Depois de mim vem alguém mais forte... maior do que eu. Nem sou digno de desamarrar suas sandálias” (1,7). Somente a humildade honesta, que é a humildade dos verdadeiros santos, sempre reconhece sua limitação, sua não onipotência, sua necessidade profunda e essencial do outro em sua vida. É esta humildade honesta que permite um pai a incentivar o fi lho a caminhar seus próprios caminhos pela vida... que permite à mãe não querer junto a si, como se fossem propriedade sua, o fi lho, a fi lha, mas os estimula para que vivam a sua própria vida, que cresçam, mesmo que, para isso, ela, a mãe, tenha que ficar num segundo plano, na sombra, como que “desaparecer”. Viver esta humildade honesta é muito duro, muito difícil, especialmente porque tudo à nossa volta nos leva a sermos orgulhosos de nossas conquistas em todos os campos. Mas, paradoxo dos paradoxos, quem vive a humildade honesta tem sempre mais chances de realizar-se como pessoa... de ser realmente feliz.

A EXPERIÊNCIA DE SERMOS AMADOS E CHAMADOS POR JESUS

Amaro Manoel da Silva Seminarista

É o mais precioso testemunho que eu posso dar: a do amor de Jesus Cristo, da sua delicada fi deli-dade em todas as circunstâncias, como se pre-

cisasse de nos agradecer pelo fato de nos termos posto ao serviço da sua própria missão. A primeira certeza de amor é o sentirmo-nos escolhidos. Ele próprio no-lo recordou: “Não fostes vós que me escolhestes, fui que vos escolhi e vos instituí, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça” (Jô 15,16). Só quem nunca amou é que não sabe saborear o fato de ser escolhido. O sacerdote sente que esta escolha do Senhor é contínua e se renova em cada dia e em cada missão. Sempre que Ele nos envia ao encontro dos irmãos, sentimos que esta escolha é a fonte da fecundidade da nossa vida e do nosso ministério.

O sacerdócio assenta numa misteriosa amizade de Jesus Cristo. A sua promessa de amizade perene per-manece no nosso coração como fonte de generosidade no serviço, força nas difi culdades, disponibilidade para a missão: “Não vos chamo servos, porque o servo não participa nos segredos do seu Senhor; chamo-vos ami-gos, porque tudo o que aprendi de Meu Pai, vo-lo dei a conhecer” (Jo 15,15). Esta amizade de Jesus faz-no entrar nos Seus segredos, porque partilha conosco o que de mais íntimo Ele tem, a Sua intimidade com o Pai. O exercício do sacerdócio é lugar continuo da revelação do amor de Deus, não só por Ele, mas pela Igreja e pelo mudo.

O Senhor deseja que este amor cresça, se aprofunde e permaneça para a eternidade. “Como o Pai me amou, Eu vos amei. Permanecei no Meu amor” (Jo 15,9). Esta experiência de ser amado por Jesus Cristo torna-se, a pouco e pouco, no maior tesouro da nossa vida. Permanecer no amor de Cristo signifi ca, antes de tudo, deixarmo-nos amar por Ele, à Sua maneira, com as Suas exigências, aceitando com Ele o perene e contínuo sacri-fício da Cruz. Jesus disse-nos: “recordai-vos da palavra que vos disse: o servo não é maior que o seu Senhor. Se Me perseguiram, hão-de perseguir-vos também a vós; se guardaram a minha palavra, hão-de guardar também a vossa” (Jo 15,20).

Assistentes hospitalares - Realizou-se no mês de outubro, em São Paulo, o IX Congresso Brasileiro Ecumênico de Assistentes Espirituais Hospitalares,coordenado pela Associação Cristã de Assistentes Espirituais Hospitalares do Brasil e Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde. O tema abordado foi “A prática da espiritualidade ecumênica no ambiente hospitalar”. N. Sra. das Graças - A Paróquia N. Sra. das Graças, da Tristeza, promoveu, de 17 a 23 de novembro, a Festa da Padroeira, com a celebração de missas, “Terço da Madrugada”, apresentação das atividades das Pastorais para a comunidade,

apresentação teatral, carreata conduzindo a imagem de N. Sra. das Graças, procissão e almoço festivo. A coordenação geral esteve a cargo do pároco Pe. Jaime Caspary. Evangelização - A CNBB está mobilizando todas as paróquias e comunidades do país para a implementação do Projeto Nacional de Evangelização – Brasil na Missão Continental. O texto completo está disponível nas livrarias de todo o país na série Documentos da CNBB n.º 88. O secretário geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, disse que a iniciativa coloca a Igreja no Brasil em sintonia e comunhão com todas as Igrejas Particulares da América Latina e Caribe, empenhadas na Missão Continental. “Esperamos que o projeto seja acolhido por

todos e inserido criativamente nas prioridades e nos planos regionais e diocesanos. Dom Dimas acrescentou que a igreja pretende proporcionar a alegra experiência do discipulado no encontro com Cristo. A iniciativa vai oferecer informação, formação e articulação nacional para despertar e estimular o espírito missionário. Navegantes - Para resgatar uma tradição de mais de 130 anos, a Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes de 2009 volta a ter o trajeto pelo Rio Guaíba. Ao mesmo tempo, será realizada a procissão terrestre respeitando o trajeto original. A procissão fl uvial foi suspensa nos últimos vinte anos em razão da difi culdade de observância nas normas de segurança para o transporte dos romeiros.

Solidário Litúrgico

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16 a 30 de novembro de 2008

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CianMagentaAmareloPreto

Porto Alegre, 1o a 15 de dezembro de 2008

O Colégio Anchieta tem, entre seus principais objetivos, formar cidadãos com compreensão do mundo e consciência de suas responsabi-lidades na sociedade. Ligado à questão da cidadania está o conceito de liderança, trabalhado desde as séries iniciais da Escola.

É durante a preparação para a escolha de representantes de turma, eleitos pelos colegas em sala de aula, que é inserida a figura do líder na rotina das crianças. “A idéia é que eles entendam que essa pessoa representa um grupo e que todas as suas ações devem ser pensadas no coletivo”, explica Márcia Schvitz, do Serviço Orientação Pedagógica (SOP) da 2ª à 4ª Séries do Ensino Fundamental.

O começo do processoOs primeiros conceitos de liderança são apresentados na 2ªs e na

3ªs séries. Mais que eleger o representante e o vice, os alunos passam a entender a questão do coletivo. “É necessário que eles tomem consciência de que tudo funciona quando todos estão envolvidos e interessados pelas causas”, afirma Márcia.

O exercício da liderança se intensifica na 4ª série: depois de levantar os principais requisitos para ser um bom candidato, tem início as cam-panhas eleitorais, com direito a cartazes, santinhos e até um “palanque” em sala de aula onde são apresentadas as propostas. “As promessas ficam em torno do social, já que a pretensão deles é unir cada vez mais a série. Então, temos propostas de festas e reuniões dançantes, caixa de sugestões na sala, jornal da turma, entre várias outras atividades de integração”, explica.

Semanalmente, todos os representantes de turma se reúnem para debater sobre as sugestões dos colegas e a viabilidade de realizá-las. Há pouco tempo aconteceu uma atividade envolvendo todas as turmas: um lanche coletivo para que os alunos se conhecessem, confraternizassem e fizessem novas amizades.

Segundo Márcia Schvitz, neste ano – quando tivemos eleições municipais – é possível dar algumas pinceladas sobre o assunto em sala de aula. “Isso depende muito do espaço que é dado ao tema em casa”, explica. E muito disso chega nas discussões de sala de aula, como a de-claração de Henrique Belloli Schuh, da turma 47, em um dos encontros de preparação para as eleições de representante: “Políticos engordam, enquanto crianças passam fome”.

Liderança e cidadaniatambém se aprende na escola

Mais responsabilidadeAs turmas de 5ª à 8ª série do Ensino Fundamental e Ensino Médio

seguem com as experiências do exercício da liderança. Além de dar continuidade às atividades de representantes de turma, os alunos podem se candidatar ao processo eleitoral para o Grêmio Estudantil Anchieta (GEA).

As chapas apresentam suas propostas em todas as turmas da escola e depois é feita a eleição, organizada pelos próprios integrantes dos grupos, conforme prevê a legislação.

Neste ano, o GEA é formado por Pedro Noguez, presidente; Leonardo Bittencourt, vice-presidente; Rafael Aita, tesoureiro e Roberto Ochoa, secretário. “É uma grande responsabilidade representar todos os alunos, tanto na frente da Direção do Colégio quanto fora da instituição. No entanto, procuramos levar a gestão com tranqüilidade”, afirma Noguez.

Os meninos destacam ainda a expectativa que os eleitores depositam no Grêmio e nas atividades organizadas por eles. “Durante nossa campanha, fizemos várias promessas e algumas já estão saindo do papel. Uma delas é a Taça GEA - que já é tradição e consiste em jogos de futebol entre as turmas do Ensino Médio”, conta ele.

Os projetos são desenvolvidos pelos membros da chapa, com o auxílio de alguns professores. “Trabalhamos junto com o Serviço de Orientação Religiosa (SOR) da 2ª série do Ensino Médio na organização do debate entre os candidatos à Prefeitura de Porto Alegre, que aconteceu em setem-bro aqui na Escola”, destacou o presidente.

A inclusão da política na rotina dos alunos pode ser considerada fundamental para o início de uma caminhada. É o que afirma o depu-tado federal e ex-aluno Vieira da Cunha, que também já foi presidente do GEA. “Organizar uma chapa, discutir as propostas, passar de sala em sala, interagir com os colegas, debater as questões de interesse da comunidade escolar e, finalmente, viver a emoção de uma movimentada disputa eleitoral aos 15 anos, foi uma experiência inesquecível e que me amadureceu muito”, conta.

O Colégio Anchieta teve também participação no desenvolvimento de valores e conceitos que o deputado leva para sua vida pública. “Tenho consciência da necessidade de lutar pela construção de um mundo mais

justo e mais fraterno. E foi isso que me levou à militância política. Aprendi no Anchieta e levo para a vida pública os valores cristãos. Para mim, liderança tem a ver com personalidade, com postura e também com disposição. Líder é aquele - ou aquela- que tem a confiança do grupo”, conta.

Nas atividades diárias ou nos eventos do calendário escolar, a busca do Colégio Anchieta é por trabalhar esses importantes conceitos da cidadania e da liderança integrados a outros valores, como a autonomia e a alteridade. Na segunda quinzena de outubro, o Colégio realizou a Semana Anchietana, tradicional evento que há décadas movimenta a comunidade escolar no último trimestre. Os alunos, orientados pelos educadores, mobilizaram-se na escolha do uniforme da turma que os identificasse nas competições esportivas e demais atividades programa-das, como apresentações de peças de teatro, elaboração de vídeos e oficinas diversas. “O diálogo e a busca de consenso na construção dessas atividades revelaram-se excelentes exercícios de convivência cidadã e de oportunidades de manifestação de lideranças”, finaliza o Diretor Geral do Colégio, Pe. Guido Kuhn.

Vieira recebendo as chaves do GEA em 1976

Padres cedidos Para a igreja irmã da prelazia do Xingu: Pe. Antônio Augusto HofmeisterPara os migrantes brasileiros na Inglaterra: Pe. Eduardo da Silva SantosPara as missões em Moçambique: Pe. Maurício Silva JardimPara a Marinha: Pe. Vilmar Nasário VieiraPara os seminaristas maiores de Montenegro, em Viamão: Pe. Leonardo Reichert Para a Diocese de Osório: Pe. Jorge Soares MenezesEm licença: Pe. Marco Antônio Monteiro GomesRegresso para a Arquidiocese: Pe. Celso Alexandre da Cunha Trois (Osório)Pe. Carlos Antônio Omelischuck (Osório)

Nomeações eclesiásticas 2009 na Arquidiocese de Porto AlegreVindos de foraJosefinos: Pe. Francisco GrasselliSanta Maria: Pe. Alexsandro Mello NunesBagé: Pe. Luciano de Oliveira Gouveia De Uruguaiana: Pe. Jorge CésarNomeaçõesReitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul: Ir. Joaquim Clotet Vice-reitor: Ir. Evilázio TeixeiraDiretor da Faculdade de Teologia da PUCRS: Pe. Leandro Miguel Chiarello Diretor Espiritual do Seminário Maior: Pe. Roque Antônio Soares MachadoReitoria do Santuário Arquidiocesano da Mãe de Deus: Padres

RedentoristasCapelão da Brigada Militar e provisoriamente para o San-tuário Mãe de Deus: Pe. Jacques Zycortyka Rodrigues

PárocosN.Sa.das Dores, Porto Alegre: Pe. Luiz Carlos de AlmeidaN. Sa. da Piedade: Pe. Luiz Benedicto LorenzattoMenino Jesus de Praga: Pe. Edson SteinDivino Espírito Santo: Pe. Wilson Luiz Galizoni JúniorN.Sa. de Fátima – Sapucaia do Sul: Pe. Celso Alexandre da Cunha TroisS. Pedro – Sapucaia do Sul (nova, desmembrada da S. José): Pe. Silmar Antônio PossaN.Sa. da Boa Viagem – Cachoeirinha: Pe. Alexsandro Melo NunesS. Hedwiges – Alvorada: Pe. Carlos Antônio Omelischuck S. Hilário – Gravataí: Pe. Luciano de Oliveira GouveiaN. Senhora dos Navegantes – Charqueadas – Pe. João MoraesN. Senhora Aparecida – Minas do leão: Pe. Jorge CésarN.Senhora das Dores – Sentinela do Sul: Pe. Claudiovane Buffi Marques

Vigários ParoquiaisS. Vicente de Paulo – Cachoeirinha: Pe. Fa-biano Lucaora PauliS. Pedro – Sapucaia do Sul, com N. Senhora Aparecida: Pe. Rafael Martins Fernandes N. Sa. de Fátima – Canoas – Pe. Joel Souza da Silva (pároco coadjutor)S. Bárbara – Arroio dos Ratos: Pe. Lizandro Cardoso GoularteS. Cecília – Porto Alegre: Pe. João Cláudio WeilerSenhor Bom Jesus – Porto Alegre: Pe. Inácio WinterN. Sa. de Belém – P. Alegre: Pe. Antônio Schneider da Cunha

Arquivo Col. Anchieta