holocausto brasileiro: 50 anos sem punição · entrar na colônia era a decretação de uma...

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EXERCÍCIOS 5: valor sintático e semântico de conjunções, figuras de linguagem – hipérbole, efeitos discursivos de modalizadores, elementos estruturais da tipologia argumentativa, referenciação, análise sintática. 20 de Novembro de 2011 - 07:00 Holocausto brasileiro: 50 anos sem punição Milhares sucumbiram de frio, fome, tortura e doenças curáveis; 50 anos depois, ninguém foi punido por este genocídio. Por DANIELA ARBEX Não se morre de loucura. Pelo menos em Barbacena. Na cidade do Holocausto brasileiro, mais de 60 mil pessoas perderam a vida no Hospital Colônia, sendo 1.853 corpos vendidos para 17 faculdades de medicina até o início dos anos 1980, um comércio que incluía até a negociação de peças anatômicas, como fígado e coração, além de esqueletos. As milhares de vítimas travestidas de pacientes psiquiátricos, que mais de 70% dos internados não sofria de doença mental, sucumbiram de fome, frio, diarreia, pneumonia, maus-tratos, abandono, tortura. Para revelar uma das tragédias brasileiras mais silenciosas, a Tribuna refez os passos de uma história de extermínio. Tendo como ponto de partida as imagens do então fotógrafo da revista "O Cruzeiro", Luiz Alfredo, publicadas em 1961 e resgatadas no livro "Colônia", o jornal empreendeu uma busca pela localização de testemunhas e sobreviventes dos porões da loucura 50 anos depois. A investigação, realizada durante 30 dias, identificou a rotina de um campo de concentração, embora nenhum governo tenha sido responsabilizado até hoje por esse genocídio. A reportagem descortinou, ainda, os bastidores da reforma psiquiátrica brasileira, cuja lei sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, editada em 2001, completa dez anos. As mudanças iniciadas em Minas alcançaram, mais tarde, outros estados, embora muitas transformações ainda estejam por fazer, conforme já apontava inspeção nacional realizada, em 2004, nos hospitais psiquiátricos do país. A série de matérias pretende mostrar a dívida histórica que a sociedade tem com os "loucos" de Barbacena, cujas ossadas 1 encontram-se expostas em cemitério desativado da cidade 2 . Criado pelo governo estadual, em 1903, para oferecer "assistência aos alienados de Minas", até então Mulheres eram mantidas em condições subumanas. Ociosidade contribuía para morte social.

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EXERCÍCIOS 5: valor sintático e semântico de conjunções, figuras de linguagem – hipérbole, efeitos discursivos de modalizadores, elementos estruturais da tipologia argumentativa, referenciação, análise sintática.

20 de Novembro de 2011 - 07:00

Holocausto brasileiro: 50 anos sem punição

Milhares sucumbiram de frio, fome, tortura e doenças curáveis; 50 anos depois, ninguém foi punido por este genocídio.

Por DANIELA ARBEX

Não se morre de loucura. Pelo menos em

Barbacena. Na cidade do Holocausto

brasileiro, mais de 60 mil pessoas perderam

a vida no Hospital Colônia, sendo 1.853

corpos vendidos para 17 faculdades de

medicina até o início dos anos 1980, um

comércio que incluía até a negociação de

peças anatômicas, como fígado e coração,

além de esqueletos. As milhares de vítimas

travestidas de pacientes psiquiátricos, já

que mais de 70% dos internados não sofria

de doença mental, sucumbiram de fome, frio, diarreia, pneumonia, maus-tratos, abandono, tortura. Para

revelar uma das tragédias brasileiras mais silenciosas, a Tribuna refez os passos de uma história de

extermínio. Tendo como ponto de partida as imagens do então fotógrafo da revista "O Cruzeiro", Luiz

Alfredo, publicadas em 1961 e resgatadas no livro "Colônia", o jornal empreendeu uma busca pela

localização de testemunhas e sobreviventes dos porões da loucura 50 anos depois. A investigação, realizada

durante 30 dias, identificou a rotina de um campo de concentração, embora nenhum governo tenha sido

responsabilizado até hoje por esse genocídio. A reportagem descortinou, ainda, os bastidores da reforma

psiquiátrica brasileira, cuja lei sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos

mentais, editada em 2001, completa dez anos. As mudanças iniciadas em Minas alcançaram, mais tarde,

outros estados, embora muitas transformações ainda estejam por fazer, conforme já apontava inspeção

nacional realizada, em 2004, nos hospitais psiquiátricos do país. A série de matérias pretende mostrar a

dívida histórica que a sociedade tem com os "loucos" de Barbacena, cujas ossadas1 encontram-se expostas

em cemitério desativado da cidade2.

Criado pelo governo estadual, em 1903, para oferecer "assistência aos alienados de Minas", até então

Mulheres eram mantidas em condições subumanas. Ociosidade contribuía para morte social.

atendidos nos porões da Santa Casa, o Hospital Colônia tinha, inicialmente, capacidade para 200 leitos,

mas atingiu a marca de cinco mil pacientes em 1961, tornando-se3 endereço de um massacre. A

instituição, transformada em um dos maiores hospícios do país, começou a inchar na década de 30, mas

foi durante a ditadura militar quando fui fazer uma visita à Colônia 'Zoológica' de Barbacena que os

conceitos médicos simplesmente desapareceram. Para lá eram enviados desafetos, homossexuais,

militantes políticos, mães solteiras, alcoolistas, mendigos, pessoas sem documentos e todos os tipos de

indesejados, inclusive, doentes mentais.

'Trem de doido'

Sem qualquer critério para internação, os deserdados sociais chegavam a Barbacena de trem, vindos de

vários cantos do país. Eles abarrotavam os vagões de carga de maneira idêntica aos judeus levados,

durante a Segunda Guerra, para os campos de concentração nazista de Auschwitz, na Polônia. Os

considerados loucos desembarcavam nos fundos do hospital, onde o guarda-freios desconectava o último

vagão, que ficou conhecido como "trem de doido". A expressão, incorporada ao vocabulário dos mineiros,

hoje define algo positivo, mas, na época, marcava o início de uma viagem sem volta ao inferno. Wellerson

Durães de Alkmim, 59 anos, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Associação Mundial de

Psicanálise, jamais esqueceu o primeiro dia em que pisou no hospital em 1975. "Eu era estudante do

Hospital de Neuropsiquiatria Infantil, em Belo Horizonte, quando fui fazer uma visita à Colônia 'Zoológica'

de Barbacena. Tinha 23 anos e foi um grande choque encontrar, no meio daquelas pessoas, uma menina

de 12 anos atendida no Hospital de Neuropsiquiatria Infantil. Ela estava lá numa cela, e o que me separava

dela não eram somente grades. O frio daquele maio cortava sua pele sem agasalho. A metáfora que tenho

sobre aquele dia é daqueles ônibus escolares que foram fazer uma visita ao zoológico, só que não era tão

divertido, e nem a gente era tão criança assim. Fiquei muito impactado e, na volta, chorei diante do que

vi."

Pavilhão onde internos dormiam no "leito único", nome oficial para substituição de camas por capim.

Esgoto era fonte de água de internos

Entrar na Colônia era a decretação de uma sentença de morte. Sem remédios, comida, roupas e

infraestrutura, os pacientes definhavam. Ficavam nus e descalços na maior parte do tempo. No local onde

havia guardas no lugar de enfermeiros, o sentido de dignidade era desconhecido. Os internos defecavam

em público e se alimentavam das próprias fezes. Faziam do esgoto que cortava os pavilhões a principal

fonte de água. "Muitas das doenças eram causadas por vermes das fezes que eles comiam. A coisa era

muito pior do que parece. Cheguei a ver alimentos sendo jogados em cochos, e os doidos avançando para

comer, como animais. Visitei o campo de Auschwitz e não vi diferença. O que acontece lá é a

desumanidade, a crueldade planejada. No hospício, tira-se o caráter humano de uma pessoa, e ela deixa

de ser gente. Havia um total desinteresse pela sorte. Basta dizer que os eletrochoques eram dados

indiscriminadamente. Às vezes, a energia elétrica da cidade não era suficiente para aguentar a carga.

Muitos morriam, outros sofriam fraturas graves", revela o psiquiatra e escritor Ronaldo Simões Coelho, 80

anos, que trabalhou na Colônia no início da década de 60 como secretário geral da recém-criada Fundação

Estadual de Assistência Psiquiátrica, substituída, em 77, pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas

Gerais (Fhemig). A Fhemig continua responsável pela instituição, reformulada a partir de 1980 e,

recentemente, transformada em hospital regional. Hoje, o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena

(CHPB) atende um universo de 50 cidades e uma população estimada em 700 mil pessoas.

Capim como cama

Os pacientes da Colônia, em sua maioria, dormiam no "leito único", denominação para o capim seco

espalhado sobre o chão de cimento, que substituía as camas. O modelo chegou a ser oficialmente sugerido

para outros hospitais "para suprir a falta de espaço nos quartos."

Em meio a ratos, insetos e dejetos, até 300 pessoas por pavilhão deitavam sobre a forragem vegetal. "O

frio de Barbacena era um agravante, os internos dormiam em cima uns dos outros, e os debaixo morriam.

De manhã, tiravam-se os cadáveres", contou o psiquiatra Jairo Toledo, diretor do Centro Hospitalar

Psiquiátrico de Barbacena (CHPB).

Marlene Laureano, 56 anos, funcionária do CHPB desde os 20, era uma espécie de faz-tudo. "Todas as

manhãs, eu tirava o capim e colocava para secar. Também dava banho nos pacientes, mas não havia

roupas para vestirem. Tinha um pavilhão com 300 pessoas para alimentar, mas só tinha o suficiente para

30. Imagine! Só permaneci aqui, porque tinha a certeza de que um dia tudo isso ia melhorar, sei que Deus

existe."

José Machado em 1961; Machadinho, hoje, aos 80 anos. Resistência em meio século de internação

Sobreviventes passaram a vida internados

"Esse faleceu. Era uma delícia de pessoa. Essa morreu. Ela benzia a gente. Lembra? Olha o Raul, que

saudade. Essa era bem alegre. Esse homem era engraçado, gostava de tomar conta das portas." Os

comentários de Marlene Laureano sobre os pacientes fotografados por Luiz Alfredo, em 1961, não deixam

dúvida de que a história da Colônia tem na morte uma de suas principais heranças. Sobreviver à Colônia é

quase como confrontar o improvável. José Machado, 80 anos, Sônia Maria da Costa, 61, Maria Aparecida

de Jesus, 71, e Antônio Sabino, 70, são alguns dos que conseguiram. Institucionalizados há mais de meio

século, resistiram à fome, ao frio e ao tratamento desumano, mas carregam graves sequelas.

O registro de José Machado, o Machadinho, é de número 1.530. A informação sobre ele que mais se

aproxima da verdade, já que a maior parte dos pacientes não tem qualquer registro sobre o seu passado, é

de que deu entrada na entidade em 1959, conduzido pela polícia, após ser acusado de colocar veneno na

bebida de alguém. Inocente, passou a vida encarcerado. Hoje, aos 80 anos, precisa de uma cadeira de

rodas para se locomover, mantendo-se reticente na presença de estranhos.

Sebastiana Marques está em um dos cinco módulos residenciais implantados no hospital para atender os

pacientes com mais autonomia. Com diagnóstico de esquizofrenia, mantém o hábito de ficar isolada e não

consegue se expressar. Já Sônia é uma exceção entre os sobreviventes. Apesar de ter chegado ao hospital

ainda criança, vive hoje em uma das 28 residências terapêuticas de Barbacena. Mudou-se para lá em 2003,

deixando para trás uma história de eletrochoques, agressões e medo. "Lá no hospital judiavam muito da

gente. Já apanhei muito, mas bati em muita gente também. Como era agressiva, me deram muito choque.

Agora tenho comida gostosa, talheres e o principal: liberdade."

Museu é tributo às vítimas

Atualmente 190 pacientes asilares estão sob a guarda do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena

(CHPB), mas sua sobrevida é estimada em, no máximo, mais uma década. "Acredito que, em dez anos, o

ciclo dos porões da loucura se fecha", afirma o diretor Jairo Toledo, referindo-se às últimas testemunhas

daqueles tempos de horror. Maria Cibele de Aquino, 68 anos, foi uma das baixas mais recentes. Clicada em

1961, aos 18 anos, por Luiz Alfredo, ela faleceu em 14 de setembro, na companhia das bonecas que ninou

durante toda uma vida de internação. Chegou ao hospício aos 14 anos de idade e nunca saiu de lá.

Para que a memória não seja enterrada, o Museu da Loucura vai continuar lembrando o que,

convenientemente, poderia ser esquecido. Idealizado por Jairo, o museu foi inaugurado, em 1996, no

torreão do antigo Hospital Colônia, e pretende ser um tributo às dezenas de milhares de vítimas da

lendária instituição. Dos cinco museus de Barbacena, o que se dedica a contar a história da loucura é o

mais visitado por turistas.

Em 2008, a publicação do livro "Colônia", também organizado por Jairo, expôs as feridas de uma tragédia

silenciosa abafada pelos muros do hospital. "Por mais duro que seja, há que se lembrar sempre, para

nunca se esquecer - como se faz com o holocausto - as condições subumanas vividas naquele campo de

concentração travestido de hospital. Trazer à tona a triste memória dessa travessia marcada pela

iniquidade e pelo desrespeito aos direitos humanos é uma forma de consolidar a consciência social em

torno de uma nova postura de atendimento, gerando uma nova página na história da saúde pública",

afirmou o ex-secretário de estado da saúde de Minas, o deputado federal Marcus Pestana. (PSDB/MG). Foi

ele quem viabilizou a tiragem de mil exemplares do livro "Colônia."

http://www.tribunademinas.com.br/cidade/holocausto-brasileiro-50-anos-sem-punic-o-1.989343

1ª questão

Identificar e aplicar o papel sintático, semântico e discursivo de articuladores em um texto ou sequência textual.

INDIQUE uma conjunção que possa substituir o ponto-e-vírgula, de modo a explicitar a relação de sentido existente

entre as duas orações por ele separadas. JUSTIFIQUE sua indicação.

Milhares sucumbiram de frio, fome, tortura e doenças curáveis; 50 anos depois, ninguém foi punido por este genocídio.

2ª questão

Explicar estratégias de metalinguagem na compreensão de textos e discursos e seus efeitos de sentido

Releia o título e o subtítulo do texto e os verbetes que o seguem.

Holocausto brasileiro: 50 anos sem punição

Milhares sucumbiram de frio, fome, tortura e doenças curáveis; 50 anos depois, ninguém foi punido por este

genocídio.

genocídio

[De gen(o)-2 + -cídio.]

Substantivo masculino.

1.Crime contra a humanidade, que consiste em, com o intuito de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso,

cometer contra ele qualquer dos atos seguintes: matar membros seus; causar-lhes grave lesão à integridade física ou mental; submeter o grupo a

condições de vida capazes de o destruir fisicamente, no todo ou em parte; adotar medidas que visem a evitar nascimentos no seio do grupo; realizar a

transferência forçada de crianças dum grupo para outro:

"Quantas esperanças fundaram os alemães nos gases asfixiantes e na guerra bacteriológica! .... E os que mais protestavam contra esses nefandos

genocídios herdaram a ideia e continuaram estudos de aperfeiçoamento dela" (Fidelino de Figueiredo, O Medo da História, pp. 153-154).

Dicionário Aurélio Eletrônico

hipérbole

[Do gr. hyperbolé, pelo lat. hyperbole.] Substantivo feminino. 1.E. Ling. Figura que engrandece ou diminui exageradamente a verdade das coisas; exageração, auxese. Ex.: "Chorei biliões de vezes com a canseira / De inexorabilíssimos trabalhos!" (Augusto dos Anjos, Eu, p. 21.) 2.Geom. Lugar geométrico dos pontos de um plano cujas distâncias a dois pontos fixos desse plano têm diferença constante; interseção de um cone circular reto com um plano que faz com o eixo do cone um ângulo menor que o do vértice. Com uma escolha adequada das coordenadas cartesianas x e y, sua equação pode ser simplificada a (x2/a2) - (y2/b2) = 1, onde a e b são constantes. Dicionário Aurélio Eletrônico

CONSIDERE seus conhecimentos sobre a 2ª guerra e sobre o holocausto para analisar se a jornalista utilizou-se de

hipérbole no título de sua reportagem.

CONSIDERE os verbetes e seus conhecimentos de mundo para EXPLICAR se a autora utilizou-se na hipérbole no título

e no subtítulo do texto.

3ª questão

Identificar vozes discursivas em um dado texto

EXPLIQUE se o valor discursivo da palavra “até” é o mesmo em suas ocorrências no excerto a seguir.

“Na cidade do Holocausto brasileiro, mais de 60 mil pessoas perderam a vida no Hospital Colônia, sendo 1.853

corpos vendidos para 17 faculdades de medicina até o início dos anos 1980, um comércio que incluía até a

negociação de peças anatômicas, como fígado e coração, além de esqueletos.”

4ª questão

Reconhecer processos metafóricos e metonímicos

Reproduzimos de um site a conceituação de metáfora. Leia-a atentamente e responda ao que se pede.

Leia esses versos de Chico Buarque:

“Sua boca é um cadeado

E meu corpo é uma fogueira”.

Observe que o eu lírico mantém uma relação de similaridade entre os termos “boca” e “cadeado”, de modo

que as características do “cadeado” (fechado) sejam atribuídas à “boca”. O mesmo ocorre entre os termos

“corpo” e “fogueira” (ambos são quentes).

Existe aqui uma transferência da significação própria de uma palavra, no caso aqui “cadeado” e “fogueira”, para

outra significação quem lhe convém graças a uma comparação existente no espírito do autor, ou seja, acontece

de maneira implícita. A isso chamamos metáfora.

Veja outros exemplos de metáfora:

“O samba é o pai do prazer

O samba é filho da dor”.

(Caetano Veloso)

Nesses versos, o poeta faz referência a duas informações inerentes ao samba. Como “pai do prazer”, refere-se

ao espírito festivo e contagiante que envolve a dança; como “filho da dor”, remete-nos a refletir sobre a origem

do ritmo, dando ênfase ao sofrimento da raça negra desde o primeiro contato com o homem branco.

Os versos a seguir, de Cecília Meireles, apresentam um tipo diferente de metáfora:

“Pelos vales de teus olhos

de claras águas antigas

meus sonhos passando vão”.

Neste caso, “águas” e “vales” mantém uma relação de similaridade, fazendo-nos entender que os olhos de

quem o eu lírico se refere estão marejados de lágrimas. Nesse caso, a metáfora aconteceu por substituição, ou

seja, o vocábulo “águas” foi empregado no lugar de “vales”, evitando a repetição e adicionando mais um

sentido a ela.

Em suma, metáfora é a figura de linguagem que consiste em empregar uma palavra num sentido que não lhe é

comum ou próprio, numa relação de semelhança entre dois termos.

Fontes

CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira em diálogo com outras

literaturas. 3 ed. São Paulo, Atual editora, 2005, p.35-6.

PIRES, Orlando. Manual de Teoria e Técnica Literária. Rio de Janeiro, Presença, 1981, p. 101.

SAVIOLE, Francisco Platão. Gramática em 44 lições. 15 ed. São Paulo, Ática, 403-4.

In http://www.infoescola.com/literatura/metafora/ Acesso em 15 ago.2013.

Considere a exposição anterior e EXPLIQUE se há metáfora no excerto a seguir.

“A reportagem descortinou, ainda, os bastidores da reforma psiquiátrica brasileira, cuja lei sobre a

proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, editada em 2001, completa dez

anos.”

5ª questão

Reconhecer e usar, em um texto, estratégias de representação de seus interlocutores (vozes locutoras e alocutários)

A. EXPLICITE o ponto de vista que se infere do excerto reproduzido abaixo.

As mudanças iniciadas em Minas alcançaram, mais tarde, outros estados, embora muitas transformações ainda

estejam por fazer, conforme já apontava inspeção nacional realizada, em 2004, nos hospitais psiquiátricos do país.

B. TRANSCREVA duas palavras presentes no fragmento indispensáveis à essa dedução.

1: ________________________________ 2: _______________________________

6ª questão

Analisar, em um texto, ou sequência textual e discursiva, retomadas temáticas feitas por recursos lexicais e linguísticos.

INDIQUE a quê ou a quem se referem as palavras e expressões emolduradas no texto e reproduzidas a

seguir.

cujas ossadas1 : _______________________________________________________________

da cidade2: ____________________________________________________________________

se3 : _________________________________________________________________________________

7ª questão

Reconhecer princípios sintáticos de estruturação e encadeamento de sequências textuais por subordinação, coordenação e correlação.

CLASSIFIQUE cada uma das orações destacadas no texto

já que mais de 70% dos internados não sofria de doença mental: ________________________________

embora nenhum governo tenha sido responsabilizado até hoje por esse genocídio: _________________

conforme já apontava inspeção nacional realizada, em 2004, nos hospitais psiquiátricos do país: ______

______________________________________________________________________________________

vindos de vários cantos do país: ___________________________________________________________

em que pisou no hospital em 1975: ________________________________________________________

quando fui fazer uma visita à Colônia 'Zoológica' de Barbacena: _________________________________

______________________________________________________________________________________

8ª questão

Manter ou alterar os sentidos e/ou efeitos de um texto ou discurso, incluindo, substituindo, omitindo ou deslocando elementos.

A metáfora que tenho sobre aquele dia é daqueles ônibus escolares que foram fazer uma visita ao

zoológico, só que não era tão divertido, e nem a gente era tão criança assim. Fiquei muito impactado e,

na volta, chorei diante do que vi."

REESCREVA o fragmento substituindo a expressão e o ponto-final em destaque por conjunções que

explicitem as relações de sentido nele existentes.

9ª questão

Usar recursos de textualização adequados ao discurso, gênero, suporte, destinatário e ao objetivo da interação.

No texto se lê:

“Para lá eram enviados desafetos, homossexuais, militantes políticos, mães solteiras, alcoolistas, mendigos, pessoas

sem documentos e todos os tipos de indesejados, inclusive, doentes mentais.”

Considere esse universo de internos para posicionar-se, em um parágrafo argumentativo, em relação à lei

antimanicomial reproduzida a seguir:

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001.

Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em

saúde mental.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte

Lei:

Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei,

são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual,

religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou

tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.

Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou

responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:

I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;

II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando

alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;

III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;

IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;

V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua

hospitalização involuntária;

VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;

VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;

IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.

Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a

promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da

sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as

instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.

Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-

hospitalares se mostrarem insuficientes.

§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.

§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral

à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos,

ocupacionais, de lazer, e outros.

§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com

características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não

assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.

Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave

dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto

de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da

autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo,

assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário.

Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que

caracterize os seus motivos.

Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:

I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;

II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro;

e

III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. [...]