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TEMPO TROVOADAS MIN 23 MAX 27 HUMIDADE 80-95% • CÂMBIOS EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEGUNDA-FEIRA 16 DE ABRIL DE 2012 ANO XI Nº 2590 PUB Ter para ler SECRETISMO NA DECISÃO Paulo Estorninho encara estar em lista para Assembleia ÚLTIMA TAÇA DE MACAU EM FUTEBOL Cenas de pancada acabam jogo a 18 minutos do fim PÁGINA 16 CENSOS 2011 População cresce 26,9% em 10 anos e salário duplica PÁGINAS 4-5 Cada vez chegam mais emigrantes de Portugal, mas estão focados na carreira. Quanto à política local, encaram-na como os portugueses que já cá vivem: interesse é zero. PÁGINA 3 A nossa política é o trabalho Portugueses nem querem ouvir falar do Governo e da reforma em curso

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Edição do Hoje Macau de 16 de Abril de 2012 • Ano X • N.º 2590

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Page 1: Hoje Macau 16 ABR 2012 #2590

TEMPO TROVOADAS MIN 23 MAX 27 HUMIDADE 80-95% • CÂMBIOS EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEGUNDA-FEIRA 16 DE ABRIL DE 2012 • ANO XI • Nº 2590

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Ter para ler

SECRETISMO NA DECISÃO

Paulo Estorninho encara estar em lista para Assembleia

ÚLTIMA

TAÇA DE MACAU EM FUTEBOL

Cenas de pancada acabam jogo a 18 minutos do fim

PÁGINA 16

CENSOS 2011

População cresce 26,9% em 10 anos e salário duplica

PÁGINAS 4-5

Cada vez chegam mais emigrantes de Portugal, mas estão focados na carreira. Quanto à política local, encaram-na como os portugueses que já cá vivem: interesse é zero. PÁGINA 3

A nossa política é o trabalhoPortugueses nem querem ouvir falar do Governo e da reforma em curso

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Jason Chao, presidente da ANM, não sabe precisar quantas pessoas

passaram pelo largo do Senado, mas tem a certeza que “há muitos cidadãos

que não sabem muito bem as injustiças da reforma política”. Por essa

razão, prometem chamar o debate na próxima semana junto ao edifício da

Administração Pública, no Iao Hon e na Taipa.

DEBATE PROMETE CONTINUAR

2 política segunda-feira 16.4.2012www.hojemacau.com.mo

Associação Novo Macau vai apresentar inquérito

Democracia só chega com a criseScott Chiang acredita que a sensibilização para a democracia vai chegar com o surgimento de problemas económicos. Na próxima semana, o grupo vai apresentar os resultados de uma consulta pública alternativa

Andreia Sofia [email protected]

PASSAR 24 horas sem co-mer um único alimento foi a maneira encontrada pela Associação Novo

Macau (ANM) para criticar a forma como a reforma política tem sido levada a cabo nos úl-timos meses. Quem passou este fim-de-semana junto à igreja de São Domingos descobriu os pró--democratas a reivindicarem um processo de auscultação da po-pulação mais transparente e com mais oportunidades de debate, sem “fórmulas pré-concebidas.”

Mas não se pense que este é um acto que se esgota em si mesmo. Scott Chiang, vice-presi-dente da ANM, confirmou que foi elaborado um questionário como resposta à consulta pública ofi-cial. “Uma das coisas que estamos a tentar mostrar ao Governo são as bases para um bom processo de consulta. Estamos a concluir uma recolha de opiniões, cujos resultados queremos revelar a

edi tor ia lNuno G. Pereira

PERDER A VOZMargaret Thatcher enfrentou uma grave crise em 1981, quando elementos do Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla original) fizeram greve de fome, que culminou com a morte de quatro homens, incluindo o líder, Bobby Sands, de 27 anos.Para lá dos porquês - o olhar de quem avalia é muitas vezes a única diferença entre o grupo criminoso e o exército idealista – esta história tem um ponto fulcral: greve de fome é compromisso de honra, que pode terminar na morte.Nos anos mais recentes, as greves de fome deixaram de ser decisões de risco para se tornarem manobras de marketing. Foi isso que fez a Associação Novo Macau – para chamar a atenção à “fome de democracia” optaram por um simbólico dia de greve de fome.Além de desvalorizar um acto de coragem, parece ainda por cima uma brincadeira à volta de um tema tão caro à associação. Em suma, junta-se o mau gosto à ineficácia.Os democratas fazem falta ao mapa político de Macau, porque deles se espera a real oposição aos poderes instalados: dinâmica, inteligente, tolerante. Não a banalização do protesto. Aqueles que reclamam sempre com a mesma intensidade correm o risco de falar e já ninguém os ouvir. Em especial quando trazem o ridículo de barriga cheia.

meio da próxima semana. O Go-verno, com todo o dinheiro e o conhecimento que tem, continua a enganar a população. Nós, que só temos as opiniões e nenhum dinheiro, queremos mostrar-lhes como se faz uma consulta como deve ser.” São três as opções de escolha, onde cada pessoa terá de respeitar “um processo de identificação muito sério.”

O vice-presidente da ANM não tem duvidas. “Para ser considerada válida e verdadei-ra do ponto de vista científico, a consulta pública tem de ter uma difusão transparente e uma discussão honesta. As opiniões deveriam ter sido recolhidas segundo um modelo cientifico, ou pedida a análise de alguma instituição académica. Até agora o Executivo falhou em todos os aspectos. Estamos a chegar à fase final e a população ainda está pouco informada.”

DEMOCRACIA SEM LUGARA ANM quer, sobretudo, pensar a longo prazo, além de 2013 e 2014.

“Estamos no pico do desenvolvi-mento económico, e o que temos de fazer é preparar a região para as gerações futuras. Queremos fazer algo que chame a atenção não para nós, mas para o público. As pessoas deveriam participar além das opções pré-concebidas pelo Governo. Eles saturam o sistema com as propostas. Desde o primeiro momento que vemos isso, e para a maioria do público, não existe clareza sobre o que está a acontecer.”

Mais do que discutir fórmulas de eleição, Scott Chiang está preocupado sobre o momento em que já não haverá prosperidade. “As pessoas sentem-se bem com o estado das coisas, mas ainda não pensámos sobre o nosso destino.” Quando as pessoas decidirem parar “de jogar como loucas”, a economia irá ressentir-se e aí a sensibilização para a democra-cia poderá acontecer. “Talvez seja verdade que não estamos preparados para a democracia, mas precisamos de trabalhar.

As pessoas têm limitações em compreendê-la, porque vivem momentos tão bons que não se preocupam. Quando as pessoas virem que têm de lutar mais pelas coisas, aí vão ter esse poder.”

LONGE DA POLÍTICAScott Chiang acredita ainda que os cidadãos “não estão sequer encorajados e educados” para pensar no sufrágio universal. “As pessoas preocupam-se com o trânsito, as casas e com a in-flação, mas não com as questões políticas.”

Neste sentido, será possível haver uma manifestação em 2014, à semelhança do que aconteceu na eleição do Chefe do Executivo de Hong Kong? Scott Chiang acredita que “haverá sempre pessoas que vão para a rua”, mas que as vozes ainda custam a fazer-se ouvir. “A esmagadora maioria não irá. As pessoas estão a viver momentos tão bons que não pensam sequer no que vai acontecer amanhã.”

É internacional e assusta os cidadãos de Macau.

A dívida financeira e a crise dos países da zona Euro e dos EUA foram ontem duas das justificações mais utilizadas para que os intervenientes na sessão de consulta pública sobre a reforma política manifestassem discordar com mudanças na política do território.

Durante duas horas de sessão - e onde se notou uma participação mais jovem -, a maioria dos intervenientes mostrou-se

Dívida internacional desmotiva mudanças na política

O mal dos outroscontra grandes alterações na Assembleia Legislativa (AL). Recorde-se que a actual reforma, a realizar pelo Governo e depois de autorizada pelo Governo Central, prevê que sejam acrescentados mais dois lugares no hemiciclo para deputados eleitos pela via indirecta e dois pela via

directa, mantendo-se os deputados nomeados pelo Chefe do Executivo. As alterações prevêem ainda um aumento de cem pesso-as no número de membros da Comissão que elege o líder do Governo.

Mas enquanto uns pe-dem sufrágio universal directo, outros vêem este

tipo de eleição como uma ameaça à estabilidade eco-nómica e social de Macau. “Muitas são as pessoas que pedem um voto por cidadão, mas vemos que a democracia por sufrágio directo não tem resultado nos países mais demo-cráticos, como os EUA, onde a dívida financeira é

de milhões”, frisou Chan Kan Man.

EXEMPLO DA GRÉCIAO jovem foi dos muitos que evocou a crise financeira dos EUA e da Europa para mostrar que nem sempre a democra-cia funciona. “Vejamos o exemplo da Grécia”, referiu Leong Pui Leng, outra cidadã.

“Cada pessoa um voto não significa que a democracia é justa. Vê-se que a democracia nem sempre funciona, não é a melhor forma e prejudica a população.”

Os cidadãos assumem que mudar radicalmente o sistema político de Macau é sacrificar oportunidades de desenvolvimento e falam numa Macau com estabilidade, harmonia e desenvolvimento finan-ceiro suficientes para, por exemplo, ter emprego para todos. - J.F.

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3políticasegunda-feira 16.4.2012 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

SABEM que está em curso uma reforma do sistema político, mas quando questionados

por algo mais concreto limitam--se a dizer que está relacionado com deputados. Os portugueses que vivem em Macau estão des-ligados da política e das decisões administrativas, muito pelo facto de terem escolhido o território apenas para trabalhar.

A ausência de portugueses foi óbvia para quem esteve presente nas consultas públicas sobre a reforma política: só na primeira ronda foram vísiveis dois por-tugueses, com quem, na altura, o Hoje Macau também falou, ambos residentes permanentes e um deles membro de uma lista já candidata às eleições legislativas.

O Hoje Macau falou agora com alguns exemplos da comu-nidade portuguesa. Realçam que ser residente não permanente – com as consequentes condicio-nantes no acesso à política – é um dos factores que desmotiva a participação mais activa. “Sa-bendo que não posso votar por não ser um residente permanente, perco ainda mais o interesse na política local”, diz-nos Jorge.

Afirma-se informado sobre a actual reforma em curso no siste-ma eleitoral, graças aos órgãos de

Trabalham e vivem em Macau, mas a política que por aqui se faz é algo que lhes passa ao lado. Desde a reforma eleitoral ao contacto mais directo com o Chefe do Executivo, os portugueses de Macau não têm participação activa no que rege o território

Portugueses em Macau estão desligados da política local

“Aqui a governação é de aldeia”

comunicação social, mas descar-ta mais participação. Considera não ter os mesmos direitos que o resto da população chinesa ou um residente permanente.

Recorde-se que um cidadão para ser candidato às eleições legislativas da Assembleia tem de ser residente permanente do território.

BRINCAR ÀS GOVERNAÇÕESEnquanto Jorge admite poder a vir interessar-se mais tarde pela política de Macau – quando se tornar residente permanente, se isso suceder -, o mesmo não acontece com dois outros entrevistados. Bruno e Luís, trabalhadores no território, não mostram vontade em ter partici-pação activa na política. Ainda que por razões diferentes.

“Passa-me ao lado e, since-ramente, nem sei dizer porquê”, explica Bruno. “É como se não fosse necessário à minha vida.”

Quando questionados sobre se a distribuição de cheques pe-cuniários é uma decisão política que interfere nas suas vidas, os portugueses afirmam que não. “Os portugueses de Macau

A última consulta pública sobre a reforma política ficou mar-

cada pelas piores razões. Ontem, o Centro Cultural de Macau en-cheu-se de cidadãos que quiseram partilhar as suas opiniões, mas as vozes que se levantaram mais alto acabaram por ser as dos que não foram chamados a falar.

Numa sessão que não acres-centou muitas alterações às opiniões que têm vindo a ser veiculadas, foram seis as pessoas postas fora da sala por seguran-ças à paisana. Para duas delas foi mesmo necessário recorrer à força. Um dos protagonistas dos incidentes foi Wong Wai Man, representante da Associação de Mútuo Auxílio dos Operários (AMAO), detido pela polícia nas manifestações do primeiro de Maio de 2011.

Os ânimos exaltaram-se logo no início, com dois homens a serem postos fora da sala por exibirem cartazes com palavras de ordem. No caso de Wong Wai Man, as razões que o levaram a sair com pernas e braços presos pelos seguranças foram gritos da plateia. “Não temos liberdade”, ouviu-se da boca do já reincidente representante da AMAO.

Os que se auto-intitularam defensores da democracia foram os que mais interromperam quem apresentava opiniões, motivando os restantes cidadãos a vaiar as intervenções forçadas.

Foram diversas as interven-ções que José Chu, director dos Serviços de Administração e Função Pública, se viu obrigado a fazer para acalmar os ânimos.

POUCA VARIEDADEDurante as duas horas da sessão, as propostas apresentadas não va-riaram muito do que já tem vindo a ser hábito: a maioria defendeu a proposta de acrescentar mais dois deputados pela via directa e outra dupla na via indirecta, mantendo os nomeados na Assembleia Legislativa.

Ainda no final da sessão, e já cá fora - depois de um segundo caso mais grave, onde um homem que reinvidicou não ter tempo para falar ter sido posto fora da sala - alguns idosos gritavam contra o Executivo, não sendo possível perceber as razões. - J.F.

Última sessão pública sobre

reforma política marcada por incidentes

Opiniões à força

não estão cá para receberem 400 euros [4000 patacas], que é o que recebem por serem residen-tes não-permanentes”, contesta Luís. “Os portugueses de Macau estão aqui porque recebem bem e porque arranjam trabalho melhor do que em Portugal. Além disso, vivem uma vida paralela, onde as decisões da Administração não interferem em nada.”

Para este português, a falta de motivação para participar na vida política tem razões que vão além do sentido de pertença. “A política aqui não é a sério, é uma governação de aldeia. As deci-sões mais importantes são feitas pelo partido chinês, pela China. Isso faz perder o interesse.”

Luís caracteriza a política de Macau como inócua na socie-dade, uma vez que as pessoas não têm, por sua vez, influência directa nas decisões do Gover-no. “O poder político de Macau é abafado pelo poder político do Governo Central. É só ver: a Administração aqui não quer saber das opiniões para coisas mais importantes e depois dá uns bombons e lá deixa escolher a carruagem de metro.”O ano passado, Chui Sai On,

Chefe do Executivo, lançou um site que pretendia ser

uma plataforma de co-municação mais directa com os cidadãos. Se, em cerca de cinco meses, os comentários na versão

chinesa ultrapassam os 50, a versão portuguesa do site não recebeu comentários, questões ou pedidos. Nada.

FORA DAS CONVERSASA confirmação foi feita ao Hoje Macau pelo técnico superior do Gabinete do Porta-Voz do Conselho Executivo, Fernando Ferreira. Garante que ainda não houve qualquer tipo de inter-venção portuguesa. Da mesma forma, também o site que aloja as opiniões da segunda ronda da reforma política não tem qualquer versão portuguesa.

Ao Hoje Macau, Bruno fala em sentido de pertença para justificar a fraca participação política. O português refere que, apesar de não estar muito por dentro da política que se faz em Macau, está atento ao que se passa em Portugal. “No fundo, é o meu país e interessa--me mais saber como vão as coisas lá. Porque eu vim para aqui trabalhar. Não posso dizer que queira ficar aqui sempre.”

Já no caso de Jorge, a pouca participação política é escolha geral – está desmotivado tam-bém na política portuguesa. As conversas sobre política são “ocasionais” com os amigos, nada de aprofundado. O mesmo se passa com Bruno e Luís, que admitem falar mais da política portuguesa do que dos caminhos que Macau segue nessa área.

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4 sociedade segunda-feira 16.4.2012www.hojemacau.com.mo

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AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, encontra-se terminado, e, que de acordo com o artigo 3.º da Lei nº. 8/91/M de 29 de Julho, conjugado com o artigo 2.º e o artigo 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que, deverão os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos: - Avenida do Almirante Lacerda, n.os 65 e 67 e Avenida Marginal do Patane, n.os 532 a 536 (Edifício Chun Hang); - Avenida do Alrmirante Lacerda, n.os 99 a 101A )Edifício Heng Ip Lau); - Rua de Francisco Xavier Pereira, n.os 137 a 145 e Travessa do Gafanhoto, n.os 1 a 1C (Edifício Industrial Pou Fung).2. Agradecemosaoscontribuintesque,noprazode30diasapósarecepçãodanotificaçãodopagamento,ou,até02/05/2012,

sedirijamaoNúcleodaContribuiçãoPredialeRenda, situadono rés-do-chãodoEdifícioFinanças,aoCentrodeServiços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, proceder-se-á à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada. Aos, 28 de Março de 2012. A Directora dos Serviços de Finanças, Vitória da Conceição

A população de Macau cresceu 26,9% nos últi-mos dez anos até

Agosto de 2011, atingindo 552.503 residentes, dos quais apenas 0,6%, 3.485 pessoas, têm ascendência portuguesa, indicam os Cen-sos 2011, divulgados ontem.

A informação publicada pela Direcção de Serviços de Estatísticas e Censos dá conta de mais 117.268 residentes do que em 2001,

Censos 2011 População cresceu 26,9% em dez anos

Um mar de gentenum crescimento médio anual de 2,4%, fenómeno justificado com o “rápido de-senvolvimento económico” e “aumento das necessidades de mão-de-obra”.

A maioria da população

de Macau (59,1%) não nas-ceu no território, registando--se um aumento de 3% na população imigrante na última década.

O continente chinês continua a ser a principal

origem dos residentes de Macau, com 46,2% do to-tal ou 255.186 indivíduos, apesar de o número ter caído 1,2 pontos percentuais em relação a 2001, enquanto os naturais de Hong Kong equivalem a 19.355 residen-tes ou 3,5% da população de Macau.

Os residentes de ascen-dência portuguesa estão contabilizados em 3.485 pessoas, ou 0,6% da popu-lação, percentagem idêntica à de 2001, apesar de então totalizarem 2.810 pessoas. Os nascidos em Portugal perfazem um total de 1.835 indivíduos, equivalente a 0,3% da população.

LÍNGUAS E NACIONALIDADESNa última década a RAEM assistiu à diversificação das origens dos residentes e a nacionalidade portuguesa representa agora 0,9% da população total, menos 1,1

pontos percentuais em rela-ção a 2001.

As outras nacionalidades representam, por sua vez, 6,8% do total da população ou 37.695 pessoas, mais quatro pontos percentuais do que em 2001, destacando-se os 2,7% de nacionalidade filipina.

A imigração reflecte-se também no domínio linguís-tico, pois, apesar da prepon-derância do cantonês - falado por 83,3% da população - o mandarim e inglês são agora a língua corrente de 5% e 2,3%, respectivamente, da população local. O português é língua corrente de 0,7% da população, mas é falado por 2,4% dos residentes.

FAIXAS ETÁRIASOs dados hoje divulgados dão também conta do en-velhecimento da população da RAEM, onde o número de crianças e jovens até aos 14 anos registou uma queda substancial de 30,1%, para

65.870 pessoas ou 11,9% da população total.

Por sua vez, a população em idade adulta, dos 15 aos 64 anos, cresceu 44,4% e os maiores de 65 anos regista-ram um acréscimo de 8.276 pessoas ou 26,1%.

Em consequência da “queda da taxa de nasci-mentos, prolongamento da esperança de vida e contínuo envelhecimento da popula-ção”, a mediana da idade da população está agora fixada em 37 anos, mais 3,7 anos do que em 2001.

CASAS PRÓPRIASDe acordo com os dados agora divulgados, 70,8% dos agregados familiares mora em casa própria, embora a percentagem de proprietários tenha diminuído 6,1 pontos percentuais face a 2001.

Aumentaram também 5,5 pontos percentuais os agregados familiares mo-radores em unidades arren-dadas, totalizando 41.376 (24,5%), o que é justificado com a “subida dos preços dos imóveis e aumento da procura de habitação para alugar” pelos trabalhadores não residentes permanen-tes. - Lusa

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5sociedadesegunda-feira 16.4.2012 www.hojemacau.com.mo

O salário da popu-lação empregada em Macau dupli-cou nos últimos

10 anos para MOP 10.000, indicam os Censos 2011 publicados ontem e que referem a “escassez de recursos humanos e o au-mento de oportunidades de emprego” no território. “Em Julho de 2011 a mediana do rendimento do emprego da população atingiu as MOP 10.000, duplicando em relação às MOP 5.000 patacas de Julho de 2001”, indica o relatório publicado pela Direcção de Serviços de Estatísticas e Censos.

O desenvolvimento eco-nómico dos últimos dez anos é visível no aumento das remunerações dos agregados familiares, que cresceram a um ritmo médio anual de 10,2% na última década.

Segundo os últimos da-dos, “em julho de 2011, a mediana do rendimento do emprego do agregado fa-miliar era de MOP 23.700, bastante superior à mediana de MOP 9.000 em 2001”.

O Censos 2011 evidencia também a terciarização da economia ao longo da última década, já que os que se de-dicam a actividades culturais e recreativas, incluindo jogo, hotelaria e restauração, e comércio aumentaram 14 pontos percentuais em rela-ção a 2001, representando agora 52,1% dos 337.716 empregados.

O número de pessoas a desempenhar funções administrativas - incluindo

‘croupiers’, chefes e fiscais de banca e empregados de te-souraria - cresceu entretanto 9,1% face a 2001, represen-tando agora 27,7% do total da população empregada (93.686 trabalhadores).

Já os profissionais em funções de gestão ou técni-cos de nível médio, por sua vez, cresceram 3,4 pontos percentuais para 22,8%, enquanto o pessoal dos serviços e vendedores repre-senta 21,3% da população empregada.

FÁBRICAS E LARESO número de trabalhadores fabris e artesãos caiu 4,5 pon-tos percentuais para 7,7%, e os operadores de máquinas, condutores e montadores diminuiu 7,9 pontos percen-tuais para 4,6%, em relação a 2001, reflectindo o declínio da indústria transformadora.

Por outro lado, os traba-lhadores domésticos ascen-deram a 16.863, represen-tando 5% do universo dos empregados, mais 2,8 pontos percentuais do que em 2001, aspecto destacado no relató-rio como um contributo para a entrada das mulheres no mercado de trabalho, cuja taxa de actividade subiu 6,5 pontos percentuais para 67,2%.

De acordo com os últi-mos dados, os trabalhadores não qualificados represen-tam 15,4% da população empregada.

Globalmente, a taxa de actividade global cresceu 2,9 pontos percentuais para de 72,2%. - Lusa

Cecília [email protected]

UM trabalhador mor-reu e outro, do sexo

feminino, ficou ferido em duas obras de Macau. Os acidentes aconteceram na passada sexta-feira e já colocaram a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) a pedir responsabilidades.

O falecido, um trabalha-

dor da China continental, oriundo de Cantão, foi en-contrado por uma colega de trabalho por volta das 16h. De acordo com relatos da testemunha, que se mostrou incomodada com o que viu, o homem foi encontrado no fosso do elevador com a cabeça despedaçada, depois de ter caído mais de 20 andares. As autoridades revelaram que o falecido era titular de autorização de

trabalho, por isso a sua si-tuação estava devidamente regularizada,

A outra vítima do dia, uma mulher, ficou ferida depois de ter caído de uma encosta junto à obra onde trabalhava, na Taipa. Posteriormente, já mais recomposta, terá dito às autoridades que não se lembrava de nada

A DSAL já tomou uma posição pública sobre os

acidentes, lamentando os sucedidos. O organism que regula as questões la-borais lembrou ainda que os responsáveis das obras devem dar um alto grau de importância à segurança e saúde no trabalho, fortale-cendo, neste caso particular, o “hardware” necessário de protecção dos trabalha-dores da construção civil, reduzindo assim o risco de acidentes.

Andreia Sofia [email protected]

TERMINOU este fim-de--semana o II Encontro da Comunidade Juvenil Ma-caense, que proporcionou

aos jovens locais e da diáspora novas formas de olhar para a sociedade da RAEM. Duarte Alves, membro da comissão organizadora, fala de uma iniciativa “muito positiva” não apenas “para os representantes das casas de Macau, que vão voltar em breve, mas também para os jovens macaenses residentes”.

Depois de terem chegado ao ter-ritório com ideias pré-concebidas, os jovens da diáspora, segundo Duarte

Alves, levam novas concepções sobre o que é a região nos dias de hoje. “Sinto um entusiasmo da parte deles de que-rerem voltar para casa com Macau no coração. A Macau que eles conheciam era através de fotografias dos avós, e tinham a ideia da Macau dos casinos, sem coração. Mas chegaram cá e viram que é um sítio especial, que não só está numa fase de desenvolvimento económico como tenta manter a sua história e cultura.”

Apesar de ainda não haver datas concretas, a iniciativa pro-mete repetir-se em 2015. “A nossa vontade é dar continuidade a este projecto. Visto que a diferença entre o primeiro e o segundo encontro foi de três anos, espero que no máximo

dos máximos seja daqui a três anos. Tudo depende dos apoios que nós temos.” Duarte Alves garantiu que para o ano decorre o encontro geral dos macaenses, que deverá reunir cerca de 1500 pessoas.

Quanto aos projectos práticos que saíram deste segundo encontro, a criação da associação dos jovens macaenses é a que mais se destaca.

“O mais importante são as amiza-des que (os jovens) fizeram connosco e com os locais. Voltaram às raízes com vontade de querer dar continui-dade a este projecto. Vamos criar aqui a associação que temos em mente para atrair mais jovens que estejam realmente interessados em participar e estar mais activos.”

Censos 2011 População cresceu 26,9% em dez anos

Um mar de gente

Censos 2011 Salário médio duplicou em 10 anos

A prosperidade é aqui

Acidentes de trabalhos provocam um morto e um ferido

Obras inseguras

Jovens macaenses partiram com novas aprendizagens

Novo encontro em 2015

Page 6: Hoje Macau 16 ABR 2012 #2590

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6 sociedade segunda-feira 16.4.2012www.hojemacau.com.mo

Helder [email protected]

O ministro que che-fiou a delegação cabo-verdiana à China teve co-

nhecimento de mais um gol-pe de estado no país irmão que é a Guiné-Bissau, onde permanece a instabilidade política. “Em Cabo Verde mantemos a nossa disponi-bilidade permanente para sermos solidários com os irmãos guineenses”, afir-mou António Correia e Sil-va ao Hoje Macau. “O povo da Guiné-Bissau é, como se sabe, um povo amigo do povo cabo-verdiano, par-tilhamos laços de sangue,

Coloca Macau como ponto alto da viagem que o trouxe à China, onde obteve acordos em energias renováveis, tecnologias de informação e saúde. Sobre a situação difícil na Guiné- -Bissau, pede “a solidariedade necessária para com o povo guineense”

António Correia e Silva, ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação de Cabo Verde

Em Macau com Guiné no pensamento

laços culturais, partilha-mos uma história. É com enorme dor que assistimos a esta instabilidade. A intervenção política dos dirigentes de Cabo Verde tem sido sempre no sentido conciliatório, no sentido de serem encontradas as soluções mais correctas, de modo a permitir ao povo da Guiné-Bissau exercer a sua soberania e, ao mesmo tempo, lançar um processo de desenvolvimento. Isso há-de chegar, é necessário ser persistente e abrir as melhores soluções para o desenvolvimento almeja-do, querido, ansiado por todos nós, nomeadamente pelo povo guineense.”

Por seu lado, Cabo Verde vai dando bom exemplo, não apenas ao continente africano, mas ao mundo, de

como saber viver em regime democrático, respeitando com naturalidade a alter-nância no poder. Correia e Silva considera que a sociedade cabo-verdiana fez uma notável transição para a democracia. “Duran-te os primeiros 15 anos de independência tivemos um regime de partido único que predominava no continente. Ultrapassado esse tempo, foi consensual na nossa sociedade a necessidade de mudar, ajustando o relógio com o compasso do mundo moderno e com a própria sociedade cabo-verdiana que tinha evoluído e queria continuar a fazê-lo de forma mais ampla, mais clara e mais tranquila. Fez-se essa mudança dentro da mol-dura institucional vigente, de forma negociada, com

grande grau de consenso, instalando-se novo regi-me.”

EXEMPLO DEMOCRÁTICOMais de duas décadas depois, o regime político de Cabo Verde tem, na opinião do seu ministro do Ensino Superior, a competitividade, a luta política normal em demo-cracia e, ao mesmo tempo, a estabilidade, muito bem instaladas. “Esta realidade não é realmente comum, se levarmos em conta que em muitas paragens, inclusive Portugal, os processos de transição costumam levar à instabilidade, através de ten-tativas de golpe de estado, quedas de governo, crises de governabilidade, governos de excepção. Desde 1991 que em Cabo Verde todos os governos chegaram ao fim, não houve ruptura na ordem constitucional, a democracia funciona, tal como funciona muito bem a liberdade po-lítica e o desenvolvimento económico.”

Desejando dirigir-se à comunidade cabo-verdiana, com a qual confraternizou por iniciativa da Asso-ciação de Amizade Cabo Verde-Macau, o ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação sublinhou que a comunidade cabo-verdiana em Macau é muito especial, de gente muitíssimo bem formada, de grande prestí-gio local, sem problemas de integração. “E também uma comunidade orgulhosa da sua pertença, da seu ser

cabo-verdiano. Isso deixa-se também, e naturalmente, orgulhoso, enquanto cabo--verdiano, deste sucesso

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que a nossa gente tem, social e profissionalmente, individual e colectivamente, nesta paragens. Esta expe-riência do reencontro, que agora senti através da tão agradável iniciativa da as-sociação de cabo-verdianos em Macau, é algo importante da nossa cultura. Este reen-contro com amigos, com pa-rentes e com novos amigos, me deixou particularmente sensibilizado.”

O MAR E O HOMEMAcadémico e historiador an-tes de ser político, tem obra publicada, por exemplo, como co-autor da História Geral de Cabo Verde, ou várias obras onde o primado é a reflexão histórica acerca da posição geoestratégica de Cabo Verde e a respec-tiva influência no percurso histórico do país. António Correia e Silva gosta de citar Joseph Schumpeter, tido como um dos mais importantes economistas do século XX.

Algumas das referidas reflexões estiveram na base da palestra que apre-sentou na Universidade de Macau, a que deu o título “O Mar e o Homem em Cabo Verde”. Sempre voltado para o mar, o povo cabo-verdiano tem essa tradição e está a mobilizar--se, enquanto sociedade, para o reencontro com esse mar, como de resto está previsto no programa do governo. “Tem muita relação com as novas orientações oficiais, mas, como sou historiador, e sob inspiração de uma reflexão de Schumpeter, quando ele diz ‘os carros andam mais depressa quando possuem retrovisores’, introduzi na palestra uma componente histórica nesse processo de relacionamento de Cabo Verde com o mar.”

Agora, com menos tem-po para a investigação, por causa das funções governa-mentais, o ministro afirma sentir-se “muitas vezes dividido entre as várias actividades, uma vez que é bastante absorvente a activi-dade política, naturalmente não deixando muito espaço àquilo que é também a minha paixão, ou seja a investiga-ção histórica”.

“O povo da Guiné-Bissau é, como se sabe, um povo amigo do povo cabo-verdiano, partilhamos laços de sangue, laços culturais, partilhamos uma história. É com enorme dor que assistimos a esta instabilidade. A intervenção política dos dirigentes de Cabo Verde tem sido sempre no sentido conciliatório, no sentido de serem encontradas as soluções mais correctas, de modo a permitir ao povo da Guiné-Bissau exercer a sua soberania e, ao mesmo tempo, lançar um processo de desenvolvimento.”

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7nacionalsegunda-feira 16.4.2012 www.hojemacau.com.mo

Ligeiro alargamento da margem de flutuação do yuanA margem de flutuação diária do yuan contra o dólar vai ser alargada a partir de segunda-feira, de 0,5% para 1%, anunciou ontem o banco central chinês. Em comunicado, a instituição explicou a sua decisão, constatando o “desenvolvimento do mercado de câmbios da China e o reforço gradual das capacidades de fixação dos preços e de gestão dos riscos dos actores no mercado”. Os principais parceiros comerciais da China consideram que o yuan está subavaliado.

Economia com valor mais baixo dos últimos três anosA China registou no primeiro trimestre de 2012 o mais baixo crescimento económico dos últimos três anos, abrandando para 8,1%, anunciou sexta-feira o Gabinete Nacional de Estatísticas do país. “A situação global é complexa, a pressão sobre as exportações é enorme”, disse o porta-voz daquele gabinete, Sheng Laiyun. Mesmo assim - realçou o porta-voz - a China manteve “um ritmo de crescimento moderadamente rápido”. O crescimento anunciado representa um abrandamento de 0,8 pontos percentuais em relação ao último trimestre de 2011 e é mais acentuado do que era esperado.

Fim dos protestosno Mar do Sul da ChinaO ministro dos Negócios Estrangeiros das Filipinas disse sexta-feira ter sido alcançado um acordo com a China para a retirada de navios de guerra de uma zona disputada por ambos os Governos no Mar do Sul da China para aliviar as tensões. Albert Del Rosario disse que a China já retirou um dos três navios que tinha no Banco de Scarborough, mantendo outras três embarcações no local onde também se e encontra um navio da guarda costeira filipina. O ministro filipino explicou aos jornalistas que foi o embaixador da China no arquipélago a propor acabar com os protestos diplomáticos, que se iniciaram esta semana quando os navios chineses impediram a marinha das Filipinas de deter um pescador chinês, que estaria a pescar na zona ilegalmente.

Ronda de negociações sobre questão nuclear iranianaUma nova ronda de negociações a seis sobre o programa nuclear iraniano, (EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha) e o Irão teve início este sábado em Istambul, na Turquia. O ponto principal das conversações é a questão do enriquecimento de urânio. O negociador do Irão, Saeed Jalili, revelou antes das conversações que o país apresentará uma nova proposta para a solução da questão visando restabelecer a confiança dos envolvidos nas actividades nucleares do Irão. O representante chinês Ma Zhaoxu adiantou que a China vai incentivar a evolução das negociações.

Wen Jiabao visitaquatro países europeusO primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, visitará Islândia, Suécia, Polónia e Alemanha entre 20 e 27 de Abril para promover as relações económicas bilaterais, anunciou sexta-feira um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China. A visita “aprofundará os laços com aqueles quatro países e a relação entre a China e a União Europeia”, disse o porta-voz, Liu Weimin. Na Alemanha, Wen Jiabao assistirá à cerimónia de abertura da Feira de Hannover, um dos mais prestigiados certames tecnológicos e industriais do mundo, e em que a China é este ano “o parceiro oficial”.

A China está “choca-da” e “preocupada com o impacto” que o golpe terá na esta-

bilidade política e na segurança da Guiné-Bissau, disse o porta--voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Liu Weimin.

“Faremos uma avaliação posterior de acordo com o desenvolvimento da situação”, acrescentou o porta-voz.

Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guine-enses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pon-tos estratégicos da capital da Guiné-Bissau.

A acção foi justificada, em comunicado, por um auto--denominado Comando Mi-litar, cuja composição se desconhece, como visando defender as Forças Armadas de uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada pelos chefes do estado interino e do governo.

A mulher de Carlos Gomes Júnior disse sexta-feira que este foi levado por militares na noite do ataque e encontra-se em parte incerta, bem como o Presidente interino, Raimundo Pereira.

Entretanto, em comunica-do, o Comando Militar que realizou o golpe de Estado veio dizer que o Presidente interino da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e o Che-fe do Estado Maior General das Forças Armadas, António Indjai, estão “são, salvos e seguros nos lugares em que se encontram sob vigilância”.

CENSURA GERALOs acontecimentos militares na Guiné-Bissau, que antece-deram o início da campanha eleitoral das presidenciais de 29 de Abril, mereceram a con-denação da União Africana, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e de vários países, incluindo Portugal, que exortou os auto-res do “golpe militar” a libertar os políticos detidos.

Entretanto, o Presidente de Timor-Leste, José Ramos--Horta, disse este sábado que a situação na Guiné-Bissau é complexa e perigosa e dispo-nibilizou-se para um eventual

País “chocado” e “preocupado” com golpe militarna Guiné-Bissau. Ramos-Horta disponível para mediação

Golpe militar condenado

processo de mediação, no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“A situação na Guiné--Bissau, que acompanhei ao longo de anos e procuro acom-panhar, é extraordinariamente complexa, perigosa, porque pode degradar-se para maiores actos de violência, e o país não está em situação de se dar a esse luxo de novo retrocesso no processo de pacificação, de democratização”, afirmou à agência Lusa.

VISITA DE MÉDICO NÃOQuestionado sobre se estaria disponível para regressar à Guiné-Bissau como enviado especial, José Ramos-Horta

disse estar disponível, mas que um eventual processo de mediação não pode ser uma visita de médico. “O nosso ministro dos Negó-cios Estrangeiros alertou--me atempadamente para os problemas que se estavam a avolumar na Guiné-Bissau e perguntou-me da minha dis-ponibilidade para uma possí-vel participação num processo de mediação. Eu disse claro que sim, disponibilizo-me no quadro da CPLP e, desde que a mediação também seja bem-vinda e aplaudida pelas autoridades da Guiné-Bissau e pelo governo legitimamente eleito e pelos militares.”

O presidente da Associa-ção dos Amigos e Naturais

da Guiné-Bissau em Macau, declarou entretanto que a situa-ção na Guiné-Bissau é estranha e revela a pouca vontade de mudança de um punhado de pessoas que pretende manter refém toda uma população. “Tudo isto é muitos estranho”, assinalou António Barros. “Há movimentação de militares, mas não há uma certeza do que aconteceu ou está a acontecer verdadeiramente.”

Para António Barros, “há, de facto, uma pouca vontade de mudança de um punhado de pessoas que mantêm em escravatura 1,6 milhões de habitantes, há pessoas que não querem mudar, que não pretendem a manutenção do Estado de Direito.”

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8 nacional segunda-feira 16.4.2012www.hojemacau.com.mo

À semelhança do que aconteceu em várias localidades ligadas directamente ao Ti-

tanic - promoveram diversas cerimónias para assinalar o centésimo aniversário do nau-frágio do navio -, um hotel de Hong Kong ofereceu no sábado um menu que recria o último banquete servido a bordo.

Cada uma das oito pessoas que reservou mesa pagou cerca de MOP 15 mil por um menu com dez pratos, baseado naquele que foi oferecido a bordo do Titanic há um século, disse o chefe do restaurante Philippe Orrico, citado pela agência noticiosa francesa AFP.

O ponto alto do jantar foi a abertura de uma garrafa de cham-panhe francês Heidsieck & Co Monopole 1907, adquirida pelo hotel por mais de MOP 85 mil.

“Um dia estava a pesquisar diferentes menus históricos que poderíamos recriar e encontrei o menu do Titanic”, lembrou

Maior capacidade de energia hidráulica e eólicaA capacidade instalada de geradores de energia hidráulica e eólica da China ultrapassou 230 milhões de quilowatts e 47 milhões de quilowatts, respectivamente, consolidando-se como a maior do mundo. A informação foi divulgada nesta sexta-feira pelo vice-director da Administração de Energia da China, Liu Qi. Liu afirmou que os segmentos de energia hidráulica e eólica têm sido um grande sucesso e deparam-se agora com oportunidades inéditas de desenvolvimento. Para além disto, estes segmentos desempenham um importante papel no crescimento do fornecimento de energia, na manutenção da segurança enérgica, e na redução das emissões de carbono, ajudando a combater as mudanças climáticas.

Nove mineiros encurralados em mina de carvãoNove mineiros ficaram encurralados na sexta-feira de manhã depois da mina de carvão em que trabalhavam ter sido inundada, informaram as equipas de salvamento, citadas pela agência oficial Xinhua. O acidente ocorreu no município de Xiangyuan na província chinesa de Shanxi, no norte do país. Anualmente, cerca de 3.000 pessoas morrem nas minas chinesas devido a acidentes, maioritariamente provocados pelas escassas condições de segurança na exploração do carvão a principal fonte de energia do país.

Hotel de Hong Kong recria último menu 100 anos depois

Titanic é um bom negócioOrrico, ao explicar que esse menu “tinha sido guardado por alguém que viajava no Titanic em primeira classe.”

O banquete arrancou com a degustação de ostras em molho de vodka e está recheado de sabores requintados como um consommé feito com vieiras, galinha salteada, cordeiro com molho de menta, pudim Waldorf com gelado, entre outras suges-tões. “Foi um desafio encontrar toda a informação para recriar a atmosfera e tornar este jantar o mais autêntico possível. Por isso procurámos encontrar in-formação sobre a forma de pôr a mesa, os vinhos, os copos, os candelabros, os nomes dos convidados.”

LOIÇA CHINESAO banquete foi servido por empregados vestidos com uni-formes semelhantes aos usados no Titanic, em loiça de porcelana chinesa, tal como na primeira classe do cruzeiro há 100 anos.

Oito marinheiros originários de Hong Kong estariam a bor-do do Titanic quando o navio embateu contra um icebergue no oceano Atlântico, tendo naufragado na madrugada de 14 de Abril de 1912, quatro dias depois de ter partido do porto de Southampton, em Inglaterra, com destino a Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Mais de 1.500 pessoas mor-reram e apenas cerca de 700 sobreviveram, incluindo seis dos marinheiros de Hong Kong, segundo a página electrónica da Enciclopédia Titânica.

Para assinalar um século sobre o naufrágio, o Museu Ma-rítimo de Hong Kong também vai acolher uma exposição sobre o Titanic.

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9regiãosegunda-feira 16.4.2012 www.hojemacau.com.mo

Japão pondera reactivar central nuclear O governo japonês está a ponderar reactivar a central nuclear Oi, na província de Fukui, no centro do país, com receio de que falte energia durante o verão na sequência da crise de Fukushima, de acordo com o diário nipónico Nikkei. “Enfrentamos cortes de energia graves” se não se proceder à reactivação dos reactores da central Oi, afirmou o ministro japonês da Indústria, Yukio Edano, citado sábado pelo Nikkei. O acidente na central de Fukushima, deixou o Japão com apenas um reactor activo, entre um total de 54. De acordo com Edano, a reactivação dos reactores 3 e 4 da central Oi, é vital para assegurar o fornecimento de energia eléctrica durante o Verão, em que se verifica um pico de consumo.

Líder da oposiçãona Coreia do Sul demite-seA líder do principal partido da oposição da Coreia do Sul anunciou sexta-feira que vai resignar ao cargo, depois da derrota, esta semana, nas eleições legislativas. “Estou a abandonar o cargo de líder do partido assumindo a responsabilidade”, disse a dirigente do Partido Democrático Unido (centro-esquerda) e antiga primeira-ministra Han Myeong-Sook, aos jornalistas. O conservador Partido da Nova Fronteira (NFP, na sigla em inglês) venceu as eleições legislativas de quarta-feira, mantendo a maioria no parlamento, após conquistar 152 dos 300 assentos na Assembleia Nacional, mais 25 do que o Partido Democrático Unido.

Três mortosem explosão durante luta de galosPelo menos três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na sequência da explosão de uma granada durante uma luta de galos no sul das Filipinas, informaram as autoridades locais. De acordo com a polícia filipina, o ataque terá sido perpetrado por um indivíduo que estaria a perder dinheiro na luta de galos, que são muito populares no arquipélago.

A campanha eleitoral para a se-gunda volta das presidenciais

de Timor-Leste, marcadas para hoje, terminou na sexta-feira com registo de incidentes que foram desvalori-zados pelas autoridades policiais e com garantias dos candidatos de que vão aceitar o resultado das eleições.

Num balanço das duas semanas de campanha eleitoral, os dois can-didatos, Francisco Guterres Lu Olo e Taur Matan Ruak, afirmaram estar satisfeitos, considerando que correu tão bem como a da primeira volta.

Sem grandes desvios do que já tinham defendido na primeira volta

das presidenciais, que decorreu a 17 de Março, tanto Lu Olo como Matan Ruak insistiram junto dos seus apoiantes na necessidade de irem às urnas e na manutenção da paz e estabilidade no país, essen-ciais para o desenvolvimento de Timor-Leste.

Durante a campanha foram registados vários incidentes, no-meadamente destruição de pro-priedade e propaganda, agressões e lançamento de pedras contra caravanas de apoiantes, segundo fonte policial, que no entanto des-valorizou os incidentes.

DEPOIS do lançamento fracassado do fogue-te norte-coreano na sexta-feira, Pyongyang

exibiu no domingo um novo míssil durante uma parada militar para assinalar o centenário do nasci-mento do seu fundador. Apesar do foguetão lançado pela Coreia do Norte ter fracassado, os Estados Unidos descreveram o lançamento como uma “acção provocatória” que ameaça a segurança regional e viola o direito internacional, iniciativa também condenada por Japão, Alemanha e Reino Unido.

Num comunicado, o porta--voz da Casa Branca, Jay Carney, afirmou que qualquer actividade envolvendo mísseis por parte da Coreia do Norte preocupa a comunidade internacional, sendo que Washington já tinha alertado que o lançamento colocaria em risco o plano de ajuda alimentar.

O comunicado foi difundido após o Comando da Defesa Ae-roespacial da América do Norte (NORAD, na sigla em inglês) ter detectado o lançamento do foguetão da Coreia do Norte, cuja primeira parte caiu no mar com o resto do projéctil a desintegrar-se no ar.

Também para o Japão, o lan-çamento, apesar de ter fracassado, constituiu uma “grave provoca-ção” que viola várias resoluções das Nações Unidas. “Mesmo que tenha sido um fracasso, é uma grave provocação ao nosso país e a outros países e viola as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, disse o porta-voz do governo japonês.

Berlim e Londres também condenaram o lançamento, com o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, a apelar a uma “forte” resposta por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas. “Condeno a

Autoridades fazem balanço positivo da campanha

Timorenses escolhem presidente

Lançamento de foguete norte-coreano criticadopela comunidade internacional. Apesar do fracasso

Pyongyang exibe novo míssil

tentativa de lançamento de um foguetão pela Coreia do Norte. Trata-se de uma violação dos compromissos internacionais e irá elevar as tensões na península coreana.”

O Reino Unido fez saber igualmente da sua posição, com o chefe da diplomacia britânica, William Hague, a manifestar a sua “profunda preocupação”. “Estou muito preocupado acerca do lançamento”, afirmou, citado

num comunicado difundido pelo seu gabinete.

HOMENAGEMPequim apelou ontem à “calma” e à “contenção”. “Nós esperamos que todas as partes mantenham a calma, façam prevalecer a contenção e não façam nada que possa prejudicar a paz e a estabilidade da península (coreana) e da região”, frisou o porta-voz da diplomacia chinesa, Liu Weimin.

A Coreia do Norte, entretanto, já reconheceu o falhanço do lan-çamento do satélite.

O satélite “não conseguiu entrar em órbita e os cientistas e técnicos estão agora a apurar a causa do falhanço”, disse a agên-cia noticiosa oficial norte coreana KCNA.

Já este domingo o novo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, proferiu o seu primeiro discurso com transmissão televisiva duran-te uma parada militar para assina-lar o centenário do nascimento do seu avô, Kim Il-Sung.

“Presto o mais puro respeito e a maior honra aos grandes camaradas Kim Il-Sung e Kim Jong-Il”, disse à multidão concentrada na maior praça de Pyongyang que tem o nome do seu avô e capacidade para 100 mil pessoas. O novo líder norte coreano garantiu que a era em que as armas nucleares podiam ser utilizadas para ameaçar o seu país “acabou para sempre”, apelando ao reforço da políti-ca de defesa, que tenha como “primeira, segunda e terceira” prioridades o poderio militar.

Kim Jong-Un disse ainda que o seu país construiu um “poderio militar” preparado para o ataque e para a defesa em qualquer tipo de guerra moderna. “A superioridade na tecnologia militar não é mais monopolizada por imperialistas”, afirmou.

Durante a parada foi exibido um novo míssil. Analistas mili-tares do Japão e Coreia do Sul disseram que o míssil exibido parece tratar-se de algo novo e possivelmente maior do que a Coreia do Norte tem vindo a exibir em eventos semelhantes, ressalvando que é ainda necessário uma maior análise para perceber se se trata de um míssil balístico intercontinental.

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10 segunda-feira 16.4.2012www.hojemacau.com.mofotografia

Rita Marques [email protected]

A comunidade cigana do Bairro do Iraque, na vila transmontana de Carra-zeda de Ansiães, valeu

a António Pedrosa o Prémio de Fotojornalismo 2012 - Estação Ima-gem/Mora, neste sábado. As nove fotografias do fotojornalista, todas a preto e branco, pretendiam retratar o quotidiano de uma comunidade de

A comunidade cigana de uma vila em Trás-os-Montes foi a melhor história, pelo seu forte dramatismo. Outras categorias também se destacaram, vindas dos quatro cantos do mundo

Prémio de Fotojornalismo 2012 galardoou, pela 3ª vez, a éticado fotojornalismo

O Bairro do Iraque desarmado

120 pessoas de etnia cigana, que até aos anos 90, andava de “aldeia em aldeia, a fazer pequenos arranjos, em cestos ou utensílios para cava-los”, depois de nos anos 40, ter sido deslocada de um acampamento no centro da vila para um monte, onde laborava numa mina de volfrâmio alemã - hoje lixeira de materiais de obras -, lê-se na ficha explicativa da reportagem.

Uma criança a tapar a cara no meio de um lamaçal onde de fundo

se avistam carripanas e barracas que compõem parte do bairro é uma das imagens apresentadas. Noutra fotografia observa-se um homem com ar cabisbaixo num cenário de reclusão, junto de uma parede desenhada. Outro retrato, mais aproximado, que abriu a reporta-gem, mostra um outro membro da

comunidade encurralado num carro, de ar intrigado e direccionado para o exterior, do qual reflectem feixes de luz vindos de fora.

O trabalho “Iraquianos” de An-tónio Pedrosa destacou-se de entre os 452 trabalhos - com mais de 4500 fotografias - enviados à orga-nização da 3ª edição do concurso.

O prémio foi bem merecido, pelo menos, segundo Emílio Morenatti, presidente do júri internacional. “Era a melhor história, muito fácil de entender e contada com forte dramatismo”, afirmou à organiza-ção do concurso Estação Imagem/Mora. Morenatti sublinhou ainda o “profundo trabalho de apro-

Esta sequência de três fotos fazem parte da reportagem de António Pedrosa que venceu o grande prémio de Fotojornalismo Estação-Imagem/Mora

A categoria de Retrato foi ganha pelo moçambicano Filipe Branquinho com o seu trabalho “Ocupações” de onde esta foto foi retirada

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11segunda-feira 16.4.2012 www.hojemacau.com.mo fotografia

ximação” à comunidade cigana retratada e o “estilo de fotografia muito clássico” em que o preto e branco foi trabalhado “de forma perfeita”.

MÉRITOS DIVERSOSPara além do Prémio Estação Imagem/Mora, o concurso está

estruturado em seis categorias: notícias, vida quotidiana, arte e espectáculos, ambiente, desporto e retratos.

João Carvalho Pina, do colecti-vo Kameraphoto, ganhou o primei-ro prémio da categoria Notícias, com a reportagem “Revolução Egípcia”. A reportagem, que teve lugar em Fevereiro de 2011, mostra um casal descontraído a folhear o jornal na varanda de um andar alto do prédio, de onde se consegue avistar o frenesim da praça Tharir, na cidade do Cairo.

Na categoria Vida Quotidiana, o trabalho “Curandeiros” de Miguel Proença venceu o primeiro prémio. Em Arte e Espectáculos, Rui M. Oliveira foi o vencedor, com “Uma ‘fábrica’ de teatro”. Em Ambiente, o trabalho distinguido foi “The last fo-rest”, da autoria de Tommaso Rada. E em Desporto, foi Pedro Cunha, do PÙBLICO, quem arrecadou o primeiro prémio com o trabalho “Surf em Portugal”.

O portefólio “Ocupações”, de Filipe Branquinho, conquistou a atenção do júri para o primeiro prémio na categoria Retrato, com uma lutadora de boxe, num túnel de treino abandonado com as pa-redes descamadas. As cores vivas do seu equipamento destacam-se naquele meio descaracterizado. Esta imagem faz parte de uma série de doze retratos que ilustra a diversidade da população de Moçambique.

Nelson d’Aires, um dos fo-tógrafos já reconhecidos com o prémio máximo, é neste momento o único prémio de fotojornalismo em Portugal para a Bolsa Esta-ção Imagem/Mora 2012 com a proposta “Álbum de família – a

memória de Mora, como demora a fotografia”.

ÉTICA DITOU SELECÇÃOO presidente do júri fez questão de frisar o ambiente que rodeou o processo de escolha dos trabalhos vencedores. “Um debate intenso, nalguns casos acalorado, com diferentes pontos de vista em busca da ética do fotojor-nalismo”, referiu à organização. O presidente do júri lamentou ainda que, entre as centenas de trabalhos enviados, não houvesse nenhum sobre a actual situação de crise económico-financeira que atravessa Portugal e vários países da União Europeia. “Os fotógrafos contemporâneos têm que fiscalizar a

crise social. Têm que fotografar o que se passa em frente às suas casas. É im-portante sair à rua e medir isso que se passa em Portugal e na Europa actual”.

Por outro lado, Emílio Morenatti apontou também o dedo aos traba-lhos desclassificados, por ostentarem demasiada pós-produção digital: “Havia trabalhos com excesso de recurso ao Photoshop na pós-produ-ção, que tiveram que ser excluídos”.

Dedicado à reportagem, o pré-mio, estreado em 2010, é promovido pela associação Estação Imagem com sede em Mora e dedicada ao estudo e promoção da imagem, so-bretudo da fotografia documental, e pelo município.

Momento particular captado por João Carvalho Pina durante a revolução egípcia, valeu-lhe o primeiro lugar na categoria Notícias

A categoria de Retrato foi ganha pelo moçambicano Filipe Branquinho com o seu trabalho “Ocupações” de onde esta foto foi retirada

“Era a melhor história, muito fácil de entender e contada com forte dramatismo”, afirmou à organização do concurso. Morenatti sublinhou ainda o “profundo trabalho de aproximação” à comunidade cigana retratada e o “estilo de fotografia muito clássico” em que o preto e branco foi trabalhado “de forma perfeita”

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segunda-feira 16.4.2012www.hojemacau.com.mo12 publicidade

Aviso [N.º 264/2012]

Assunto: Desocupação e demolição de barracaLocal: Povoação de Sam Ká, na Taipa, Barraca n.º 21-06-05-061-001 (assinalada na planta em anexo)

São por esta via notificados os possuidores, utilizadores eterceiros incertos da barraca acima mencionada e outras pessoas, visto que a respectiva barraca se situa numa área da rede viária para melhoramento, de acordo com o disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 21.º e do artigo 24.º do Decreto-lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro, e nos termos da Presidente Substituta do Presidente do Instituto de Habitação, exarado na Inf. n.º 0280/DAHP/DFH/2012, de 12 de Abril de2012,osutilizadoresdabarracaacimamencionadadevedesocupá-lanoprazode30dias,acontardadatadepublicaçãodopresenteaviso.

Senãodesocuparareferidabarracanoprazoacimaindicado,asacções de desocupação e demolição serão efectuadas, coercivamente, pela entidade competente.

Os indivíduos acima mencionados podem apresentar reclamação aoPresidente do InstitutodeHabitação, noprazode15dias, a contar da data de publicação do presente aviso, não tendo a reclamação o efeito suspensivo, nos termos dos artigos 148.º, 149.º e do n.º 2 do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro.

Os indivíduos acima mencionados podem interpor recurso contenciosonoTribunalAdministrativo,noprazode30dias,acontarda data de publicação do presente aviso, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lein.º110/99/M,de13deDezembro.

A Presidente Subst.ª,

Kuoc Vai Han12 de Abril de 2012

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segunda-feira 16.4.2012 www.hojemacau.com.mo 13vida

Macau Sã Assado

*NOTA DA REDACÇÃOO Hoje Macau substituiu a rubrica “Click Ecológico” por outra, intitulada “Macau sã assado”. O desafio serve para mostrar diversos aspectos do quotidiano caricato do território. Os nossos leitores ficam assim convidados a enviar fotos para o e-mail [email protected], em assunto “Macau sã assado” e uma breve legenda. As fotos devem retratar os momentos mais engraçados e insólitos do dia-a-dia de Macau e deverão ser identificadas com o nome do seu autor.

MUITAS clínicas na China prometem curas para o Alzheimer, Parkinson, autismo através de in-

jecções de células estaminais. No entanto, a eficácia das terapias ainda não foi provada e muitas pessoas põem a sua saúde em risco. O governo quer pôr fim a estes tratamentos, mas ainda está longe

Há três meses, o Ministério da Saúde chinês aplicou medidas para erradicar o uso clínico de tratamentos não eficazes com células estaminais mas a revista Nature diz que múltiplas empresas e clínicas espalhadas pelo país continuam a ficar com o dinheiro dos doentes.

Estas clínicas publicitam casos de doentes que dizem ter experimentado benefícios dos tratamentos e alguns destes centros até têm instalações associadas a complexos hospitalares, dando-lhes uma aparência de legitimi-dade que, de acordo com a Nature, é falsa. “Peritos em células estaminais contactados pela revista insistem que estas terapias não estão em fase de

poder ser usadas clinicamente e que algumas terapias poderão até pôr em risco a saúde dos doentes”, escreve a revista, sublinhando, porém, que o Governo chinês está a lutar contra este tipo de práticas.

A partir de Janeiro deste ano, re-conhecendo que esta situação estava a perder o controlo - apesar de, em 2009, já ter classificado estes tratamentos de “alto risco” -, Pequim anunciou um pacote de medidas para este tipo de actividade, obrigando as empresas e clínicas a registarem-se junto das autoridades para poderem levar a cabo as suas práticas.

De acordo com um porta-voz do Ministério da Saúde, nem uma clínica se registou junto das autoridades da forma correcta.

TERAPIAS DE ALTOS CUSTOSA WA Optimum Health Care é uma destas clínicas. Está instalada numa das zonas mais prósperas de Xangai e oferece um tratamento entre quatro e oito injecções de células estaminais (o preço de cada injecção varia entre

os 3600 e os 6000 euros) para tratar a doença de Alzheimer. A terapia contra o autismo pode ser ainda mais cara, revela David Cyranski, autor da investigação.

Outra clínica (Tong Yuan Stem Cell) assegura ter já tratado mais de 10 mil doentes que padeciam de diversas enfermidades e indica que a sua terapia para o autismo, por exemplo, dura um ano e tem por base quatro injecções de células estaminais de fetos abortados.

Diversos peritos internacionais frisam que estes tratamentos poderão provocar doenças auto-imunes e até alguns tipos de cancros.

Precisamente porque as doenças que este tipo de tratamentos prome-tem resolver são muito graves, estas empresas e clínicas - que se anunciam livremente online - atraem milhares de pessoas de todo o mundo. Algu-mas delas até afirmam ter parcerias com centros de investigação norte--americanos, como a Universidade de Harvard ou a Universidade da Califórnia, que negam rotundamente semelhantes relações.

NO primeiro censos de uma espécie já realiza-

do a partir do espaço, fotos em alta-resolução de 44 coló-nias em torno do continente antárctico, mostraram 595 mil pinguins imperadores - o número anterior era de 350 mil.

Os pinguins foram fo-tografados perto da estação de pesquisa Halley, e vistos pelos satélites em áreas de reprodução até agora difí-ceis de serem estudadas, por serem remotas e quase sempre inacessíveis com temperaturas que chegam aos -50°C.

Os pinguins, com cerca de 1 metro de altura, com plumagem em preto e bran-co, são facilmente notados contra o gelo e a neve, e as colónias são visíveis nas imagens de satélite.

Cientistas liderados pelo Programa Antártico Britâni-co (BAS, na sigla em inglês) descreveram essa semana no jornal PLoS ONE - a técnica que usaram para melhorar a

resolução da imagem e dife-renciar os pássaros do gelo.

ESPÉCIE AMEAÇADA?Os modelos climáticos su-gerem que as populações de pinguins podem ser re-duzidas num futuro próximo em razão do aquecimento na Antárctica, que pode acabar com grandes áreas de gelo marinho, onde os animais fazem ninho.

“Se quisermos entender se os pinguins imperado-res estão ameaçados pelo aquecimento global, preci-samos, em primeiro lugar, saber quantas aves existem e dispormos de uma meto-dologia para monitorá-los ano a ano”, afirmou Peter Fretwell, também do BAS. “O estudo dá-nos o tama-nho da população, o que é surpreendente porque é o dobro do que imagináva-mos, mas também nos dá a capacidade de seguir os seus progressos para ver se há mudanças populacionais ao longo do tempo.”

QUAL É O TEU?

• O meu ponto de

vista é o de que lá,

no Alto de Coloane,

há um dos maiores

miradouros. É o que

dá as traduções

literais. “Viewpoint”

logo, “ponto de

vista”.

Porque Macau sã

assim, mas também

sã assado.

Foto: Rita Marques Ramos

Satélite revela duas vezesmais pinguins imperadores

Afinal sãomeio milhão

Tratamentos ineficazes com células estaminaislevam pessoas de todo o mundo à China

Clínicas burlam doentes

Page 14: Hoje Macau 16 ABR 2012 #2590

14 publicidade segunda-feira 16.4.2012www.hojemacau.com.mo

Aviso [N.º 239/2012]

Assunto: Desocupação e demolição de barracaLocal: Povoação de Sam Ká, na Taipa, Barraca n.º 21-06-06-050-001 (assinalada na planta em anexo)

SãoporestavianotificadososutilizadoresChanKaIun,LeiKio,da barraca acima mencionada e outras pessoas, visto que a respectiva barracasesituanumaáreadaredeviáriaparamelhoramento,deacordocom o disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 21.º e do artigo 24.º do Decreto-lein.º6/93/M,de15deFevereiro,enostermosdodespachodaPresidenteSubstitutadoInstitutodeHabitação,exaradonaInf.n.º0277/DAHP/DFH/2012, de 12 deAbril de 2012, os utilizadores dabarraca acimamencionada deve desocupá-la no prazo de 30 dias, acontar da data de publicação do presente aviso.

Senãodesocuparareferidabarracanoprazoacimaindicado,asacçõesdedesocupaçãoedemoliçãoserãoefectuadas,coercivamente,pela entidade competente.

Os indivíduos acima mencionados podem apresentar reclamação aoPresidente do InstitutodeHabitação, noprazode15dias, a contar da data de publicação do presente aviso, não tendo a reclamaçãooefeitosuspensivo,nostermosdosartigos148.º,149.ºedon.º2doartigo150.ºdoCódigodoProcedimentoAdministrativo,aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro.

Os indivíduos acima mencionados podem interpor recurso contenciosonoTribunalAdministrativo,noprazode30dias,acontarda data de publicação do presente aviso, nos termos do artigo 25.º do Código de ProcessoAdministrativo Contencioso, aprovado peloDecreto-Lein.º110/99/M,de13deDezembro.

A Presidente Subst.ª,

KuocVaiHan12 de Abril de 2012

Aviso [N.º 236/2012]

Assunto: Desocupação e demolição de barracaLocal: Povoação de Sam Ká, na Taipa, Barraca n.º 21-06-06-023-001 (assinalada na planta em anexo)

São por esta via notificados os utilizadores ChanWa Chou,LeongLaiChan,ChanIokFong,ChanYukLin,ChanTakMan,ChanSioWai,dabarracaacimamencionadaeoutraspessoas,vistoquearespectivabarracasesituanumaáreadaredeviáriaparamelhoramento,de acordo com o disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 21.º e do artigo 24.º do Decreto-lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro, e nos termos do despachodaPresidenteSubstitutadoInstitutodeHabitação,exaradonaInf.n.º0274/DAHP/DFH/2012,de12deAbrilde2012,osutilizadoresdabarracaacimamencionadadevedesocupá-lanoprazode30dias,acontar da data de publicação do presente aviso.

Senãodesocuparareferidabarracanoprazoacimaindicado,asacçõesdedesocupaçãoedemoliçãoserãoefectuadas,coercivamente,pela entidade competente.

Os indivíduos acima mencionados podem apresentar reclamação aoPresidente do InstitutodeHabitação, noprazode15dias, a contar da data de publicação do presente aviso, não tendo a reclamaçãooefeitosuspensivo,nostermosdosartigos148.º,149.ºedon.º2doartigo150.ºdoCódigodoProcedimentoAdministrativo,aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro.

Os indivíduos acima mencionados podem interpor recurso contenciosonoTribunalAdministrativo,noprazode30dias,acontarda data de publicação do presente aviso, nos termos do artigo 25.º do Código de ProcessoAdministrativo Contencioso, aprovado peloDecreto-Lein.º110/99/M,de13deDezembro.

A Presidente Subst.ª,

KuocVaiHan12 de Abril de 2012

Page 15: Hoje Macau 16 ABR 2012 #2590

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

15culturasegunda-feira 16.4.2012 www.hojemacau.com.mo

José Simões [email protected]

MONSENHOR Manuel Tei-xeira nasceu a 15 de Abril

de 1912, em Freixo de Espada à Cinta, Trás-os--Montes. Por interferência do pai, António Maria Teixeira, Manuel foi in-corporado com 12 anos na comitiva que saiu de Freixo pela mão do padre José An-tónio Augusto Monteiro.

Também de Freixo, o padre Monteiro, nascido em 14 de Abril de 1888, esteve em Macau e mis-sionava na China quando, em gozo de licença, veio à terra natal e aí recrutou cinco adolescentes, para irem continuar os estudos no Seminário de S. José, em Macau. Assim, conjun-tamente com os quatro ra-pazes que o padre regular já havia escolhido, Eduardo Augusto Massa, sobrinho do Almirante Sarmento Rodrigues, Francisco Ma-deira, António Manuel Pi-res e Manuel Maria Variz, no dia 16 de Setembro de

De Freixo de Espada à Cinta ao Oriente

A epopeia de Monsenhor Manuel Teixeira

Conversador nato e ouvinte entusiasta, não esperava ser convidado para aparecer em casa dos

seus amigos, assim como gostava muito de receber visitas, sobretudo quando esteve internado no Hos-pital Conde de S. Januário e depois na Estalagem de Mong Há.

Monsenhor Manuel Teixeira deixou obra mis-sionária em Singapura, Malásia e em Macau e pelo seu conhecimento da História diocesana e local foi visitado e citado por todos os que queriam escrever sobre esses locais e sobretudo sobre Macau. Incansável estudioso, dei-xou inúmeras e valiosas obras de História. Foi forçado em 2001, já no fim da vida, a regressar a Portugal, após 75 anos de Oriente, morrendo em Chaves no ano de 2003, com a saudade do Oriente, que foi a sua terra.

CENTENÁRIO DO PADRE FRANCISCO MADEIRAComo brevemente se as-sinala os 10 anos da inde-pendência de Timor Leste e, na próxima semana, no dia 24 de Abril, passarão cem anos do nascimento de Francisco Madeira, outro missionário nativo de Freixo de Espada à Cinta, e que com Manuel Teixeira fez a viagem para Macau, aqui se deixa desde já um pequeno apontamento.

Francisco Madeira, apenas nove dias mais novo que Manuel Teixeira, já que tinha nascido em 24 de Abril de 1912, após ser ordenado padre regular vai para Timor como mis-sionário. Mas a invasão japonesa leva-o a entrar no movimento de resistência e embrenhando-se pela selva, aí ferido de combate, morre de fome no ano de 1943.

Estes e muitos outros nomes, daqueles que foram estudar para Macau, estão gravados no memorial aos missionários, situado no canteiro triangular que como primeira imagem aparece à chegada a Freixo de Espada à Cinta. Estátua que representa todas essas crianças que se viram pelo mundo como missionários de um universalismo te-lúrico vivido na infância a-Trás-(d)os-Montes.

mensal O Clarim. Parte em 1948 como Superior e Vigário Geral das Missões Portuguesas de Singapura e Malaca e só regressa a Macau em 1962, voltando às suas funções de docente.

OS 10 MIL DIASEm 1991, em Macau, vê-se a esvoaçar na ponte Nobre de Carvalho um vulto de batina branca, a cor tam-bém das barbas e cabelo, onde apenas os óculos de hastes pretas desvelam o padre Manuel Teixeira, na sua caminhada para manter a forma dos seus 80 anos de vida. Em passo de exercí-cio percorria a ponte todos os dias (e este “todos os dias” são o que na China se designa por “10 mil”, isto é, mesmo muitas vezes).

Ancião de Macau, co-nhecia toda a gente e to-dos o reconheciam, pois sabiam que as confissões e outros segredos que lhe contavam ele nunca os revelaria. E quantas his-tórias pérfidas ele guardou de grandes famílias ma-caenses e outras figuras proeminentes da cidade,

como Governadores, altos quadros da Administração portuguesa e ilustres cida-dãos de Macau!

1924, com o padre Mon-teiro embarcou também Manuel Teixeira. A viagem de barco demorou um mês e meio e chegaram a Macau a 27 de Outubro de 1924.

Desde 1860, Freixo de Espada à Cinta fora esco-lhida para os filhos pobres da terra, os que mostravam qualidades de inteligência e gostariam de ir para além da instrução primária, para continuarem os estudos no seminário de S. José, em Macau. Desta terra partiram muitas crianças que sonhavam atrás dos montes, o que estaria para lá destes. Encontraram esse Além, imaginado na infância, pela Ásia.

Manuel Teixeira foi ordenado padre com 22 anos e a 1 de Novembro de 1934 celebrou a sua primeira missa na igreja de S. Domingos, tornando-se pároco de S. Lourenço. Foi professor do Seminário en-tre 1932 e 1946 e no Liceu de 1942 a 1945. Esteve na direcção do Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau de 1934 a 1947 e fundou em 1942 a revista

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Mais tranquila foi a estreia de Monte Carlo e Ka I na edição de 2012 da competição. A formação

“canarinha” derrotou o onze do Ponto 48 por cinco bolas a zero, num desafio em que Paulo

Bento aproveitou para fazer rodar alguns dos atletas menos utilizados. O brasileiro Joãozinho

voltou a ser o atleta que mais se destacou na estratégia do Monte Carlo, ao apontar três dos

cinco golos com que os vice-campeões do território asseguraram a passagem à segunda fase

da Taça da Associação de Futebol de Macau. No outro encontro ontem disputado, o Windsor Arch

Ka I não deixou créditos por mãos alheias e carimbou a velocidade de cruzeiro a presença na

segunda ronda da prova, ao vencer a Selecção de Sub-16 por nove bolas a zero. Com dois golos

cada, Cesinha e Pang Chi Hang foram os jogadores mais em evidência no grupo de trabalho dos

bi-campeões do território.

MONTE CARLO E KA ICUMPREM COM GOLEADAS

16 desporto segunda-feira 16.4.2012www.hojemacau.com.mo

Marco [email protected]

O encontro entre o Organismo A u t ó n o m o Desportivo da

Casa de Portugal e a for-mação da Roma, a contar para a primeira ronda eliminatória da Taça da Associação de Futebol de Macau, foi interrompido a dezoito minutos do fim do tempo regulamentar, depois de elementos de ambas as equipas se terem envolvido em confrontos.

O lance que despoletou os mais graves desacatos vistos nos estádios do território nos últimos anos ocorreu aos quarenta minutos, numa jogada que envolveu o guarda-redes da Roma e o dianteiro luso Rui Figueiredo.

Num lance aparente-mente inócuo, o guardião da formação que evolui no Campeonato da III Divisão entrou com o pé em riste sobre o jogador da Casa de Portugal, atingindo Figueiredo no ombro em plena grande área. O árbitro da parti-

Taça de Macau Jogo entre Casa de Portugal e Roma termina em pancadaria

Lamentável, inaceitável e condenável

Piloto de Macau foi atingido por adversários nas duas corridas

Ávila mostrou competitividade em Xangai

da não hesitou, mostrou cartão vermelho directo ao guarda-redes da Roma e apontou a consequente grande penalidade, numa altura em que a formação orientada pelo são-tomen-se Pelé já vencia por duas bolas a zero e tinha quase assegurada a presença na segunda ronda da prova.

PORRADA DE MEIA-NOITELonge de ser aceite de forma cordata, a decisão do trio de arbitragem desencadeou a pior das reacções junto dos atletas da Roma, que partiram sem hesitar das agressões verbais para as agressões físicas. Depois de terem ameaçado agredir Custódio Antunes caso o jogador macaense arriscasse marcar a grande penalidade, os jogadores da formação azul não se coibiram de procurar o confronto di-recto. Marino Silva foi um dos primeiros alvos da ira dos adversários da Casa de Portugal. O atleta macaense foi violentamente agredido pelo camisola 17 da Roma, mas acabou por acompanhar o seu agressor para a rua por alegadas invectivas verbais

dirigidas aos atletas do con-junto adversário.

POLÍCIA FANTASMAAs expulsões pouco con-tribuíram para acalmar os ânimos dentro e fora das quatro linhas e nem a tímida intervenção dos dois agentes da Polícia de Segurança Pública que asseguraram a vigilância do encontro evi-tou novos confrontos entre os jogadores de ambas as equipas. Sem condições para garantir a continuidade da partida, o trio de arbitragem acabou por determinar o fim do desafio quando havia ainda mais de um quarto de hora para jogar.

A partida começou, de resto, com mais de vinte minutos de atraso face à hora a que estava prevista, depois dos responsáveis pela Roma não terem conseguido apresentar o certificado de alguns dos atletas inscritos no encontro. O período de espera não roubou acuti-lância ofensiva à formação de matriz portuguesa, que não tardou a colocar-se em vantagem. Marcelino Silva abriu o marcador antes ainda da passagem do primeiro

quarto de hora e pouco depois foi a vez de Áureo, um jovem de apenas 13 anos brilhar, ao estrear-se a marcar com a camisola da formação principal da Casa de Portugal.

FUTEBOL DE MACAUBATEU NO FUNDOOs incidentes que pautaram a segunda metade do encon-tro deixaram os responsáveis pela formação de matriz portuguesa indignados. O treinador da Casa de Portu-

gal quer que a Associação de Futebol de Macau tome medidas disciplinares duras para punir o comportamento de alguns dos jogadores da Roma: “Vamos enviar uma carta para a Associação com as imagens dos desa-catos, porque algumas das coisas que se passaram são inadmissíveis em relvados de futebol. A Casa de Por-tugal conseguiu cumprir com os objectivos a que se propunha, mas a postura e a reacção de alguns dos joga-

dores da Roma envergonha o futebol”, mantém Pele.

Apesar da Associação de Futebol de Macau ainda não se ter pronunciado a propósito dos incidentes de sábado e da validade da vantagem obtida pela Casa de Portugal, o jovem treinador são-tomense está convicto de que a formação de matriz portuguesa não terá de voltar a esgrimir argumentos com a Roma, tendo em vista a obtenção de um lugar na segunda ronda eliminatória da Taça do território.

OS resultados obtidos por Rodolfo Ávila na primeira

prova da temporada 2012 da Taça Porsche Carrera Ásia, que se realizou este fim-de-semana em paralelo com o Grande Prémio da China de Fórmula 1, não transmi-tem, de acordo com a assessoria do piloto, o andamento real do vice-campeão de 2011.

Na manhã de sábado, Ávila mostrou toda a sua competitivida-de, colocando o Porsche 911 GT3 Cup do Team Jebsen na segunda linha da grelha de partida, ao mar-car o terceiro melhor tempo da sessão de treinos cronometrados, entre vinte e oito concorrentes.

Da parte da tarde, Ávila fez um bom arranque para a primei-ra corrida do ano, mas acabou por cair para a quinta posição após ter sido atingido por um adversário. Ainda assim, Ávila recuperou ao terceiro lugar até

que no calor da batalha um impre-visto electrónico atirou de novo o piloto do Team Jebsen para a quinta posição, posição em que finalizou a corrida.

Na segunda corrida, realizada ontem, Rodolfo Ávila voltou a ser atingido por um adversário nos momentos iniciais da corrida, o que viria a danificar ligeiramente

a suspensão do carro do Team Jebsen. O jovem piloto português ainda se manteve com firmeza na luta por um lugar no pódio, mas, na oitava volta, um novo contac-

to com um adversário acabou por danificar o radiador do seu Porsche, ditando o abandono. “Em ambas as corridas estive involuntariamente envolvido em acidentes que poderiam muito bem ter sido evitados, princi-palmente quando se tratam de concorrentes convidados e que não pontuam para o campeonato”, referiu o piloto em comunicado. “O que fica deste fim-de-semana é que mostramos que temos anda-mento para lutar pelos primeiros lugares. O carro está hoje melhor do que o que estava há um ano e estou confiante que vamos dar a volta por cima já na próxima prova do campeonato.”

A segunda jornada dupla da Taça Porsche Carrera Ásia de 2012 decorre de 1 a 3 de Junho no Circuito Internacional de Zhuhai, também na República Popular da China.

Page 17: Hoje Macau 16 ABR 2012 #2590

17futilidadessegunda-feira 16.4.2012 www.hojemacau.com.mo

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1BATTLESHIP [C]Um filme de: Peter BergCom: Taylor Kitsch, Brooklyn Decker14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 2 TITANIC [3D] [B]Um filme de: James CameronCom: kate Winslet, Leonardo Di Caprio14.30, 20.30

[Tele]visão

Aqui há gato

Su doku [ ] Cruzadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Homem extraordinário pelas suas proezas guerreiras. Satisfazem o preço. 2-O m. q. sovela (ave.). Culpada. Mulher do harém do sultão. 4-Vencimento de um soldado. Observar com tento, intentar. 5-Despachem. Borda marcas em roupa. 6-Nome de homem. Itineário. 7-Alçava. Sagrada. 8-Flutuando. Rio de França. 9-Posto em alerta. Em partes iguais. (Farm.). 10-Imposto, tributo (Ant.). 11-Aromatizo. Pancadas com a mão fechada, murros.

VERTICAIS: 1-Instrumento de cordas desiguais que se toca com as duas mãos. Não nascida. 2-Terreno em que há muita erva. 3-Rádio (s.q.). Medida para cereais, nos campos marginais do Tejo. 4-Germe de uma ave ou doutro animal. Fizeram eivas ou manchas em. 5-Misturam com iodo. Casa ou lugar de perdição. 6-Categoria (abrev.). Ministrar. 7-Tiram a pele, o pêlo ou a casca. Carboneto de sódio (pl.). 8-Acertava pelo tino. Espádua, ombro (Pref.). 9-Relativa ao estômago. No corrente ano (abrev. lat.). 10-Porção de objectos velhos e inúteis. 11-Dera mios. Narração dos factos Segundo a ordem por que se deram de ano em ano.

HORIZONTAIS: 1-HEROI. PAGAM. 2-A. AVOCETA. I. 3-RE. ODALISCA. 4-PRE. ATENTAR. 5-AVIEM. MARCA. 6-ARI. VIA. 7-IÇAVA. SACRA. 8-NADANDO. AIN. 9-ALERTADO. AA. 10-T. GARRAMA. I. 11-AROMO. SOCOS.VERTICAIS: 1-HARPA. INATA. 2-E. ERVAÇAL. R. 3-RA. EIRADEGO. 4-OVO. EIVARAM. 5-IODAM. ANTRO. 6-CAT. DAR. 7-PELEM. SODAS. 8-ATINAVA. OMO. 9-GASTRICA. AC. 10-A. CACARIA. O. 11-MIARA. ANAIS.

PATCHOULIOuvi dizer que existe uma loja de produtos para a higiene pessoal que vende um gel-de-banho com perfume a geranium e patchouli. Lembrei-me logo de uma banda portuguesa dos anos 80, que o pessoal da redacção ouve de vez em quando, chamada Grupo de Baile. Mas lembrei-me também dos Táxi, dos Heróis do Mar, dos Jafumega, dos Trabalhadores do Comércio ou os Sétima Legião.Bom, mas não é de música portuguesa que quero falar. O cerne da questão é o patchouli, nome dado tanto a um conjunto de espécies do plantas do género Pogostemon como ao óleo essencial obtido das suas folhas. Um dos mais conceituados é o patchouli de Java, na Indonésia, bem aqui perto.Mas, pelo menos em Portugal, e durante os anos 70 e 80, o patchouli foi considerado um perfume “barato e foleiro”, associado muitas vezes à prostituição. O seu aroma é forte e considerado agressivo por algumas pessoas. Para outras é considerado relaxante. Enfim, não existe uma concórdia sobre o patchouli.O seu óleo essencial passou por um surto excepcional de popularidade durante a década de 60 e de 70, principalmente entre os devotos do amor livre e estilos de vida hippie.Mas não é só de cheiros que o patchouli vive. A planta possui várias propriedades benéficas usadas, principalmente, pelos adeptos de medicina alternativa e ervanários.Em Macau, não sei quem é que usa o patchouli. Se houver alguém, que escreva para a nossa redacção a informá-lo. Sei, como já disse em cima, que há uma loja de produtos de higiene pessoal que vende um misto de geranium e patchouli, e pelos vistos com algum sucesso, pois, segundo ouvi dizer, as promoções do gel-de-banho em questão fez com que o stock diminuísse com alguma rapidez.Bem-vindo seja o patchouli a Macau, que por vezes bem precisa de um perfume forte para afastar os maus odores das ruas e das pessoas que por nelas andam. E você, já experimentou o patchouli?

Pu Yi

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi14:45 RTPi Directo18:00 Música Movimento (Repetição)18:30 Contraponto ( Repetição )19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Desporto22:10 Passione23:00 TDM News23:30 Sexta às 900:00 Telejornal - Repetição00:30 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Histórias Que a Vida Conta15:00 Magazine EUA Contacto – N. Inglaterra15:30 Um Dia no Museu16:00 Bom Dia Portugal17:00 O Elo Mais Fraco18:00 Vingança18:45 Best of Portugal 19:15 Pai à Força 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Magazine EUA Contacto – N. Inglaterra22:45 Portugal no Coração

ESPN 3012:30 NASCAR Sprint Cup Series 2012 - Highlights13:30 Spirit Of London 14:00 (Delay) PBA Tour - PBA Tournament Of Champions15:30 MLB Regular Season 2012 Los Angeles Angels vs. New York Yankees18:30 (Delay) Baseball Tonight International 2012 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 Monday Night Verdict 20:30 Pursuing The Dream 21:00 Beach Soccer Worldwide Miami Cup 2011 Brazil vs. Mexico22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 Monday Night Verdict

23:00 Pursuing The Dream 23:30 Beach Soccer Worldwide Miami Cup 2011 Brazil vs. Mexico STAR SPORTS 3112:30 WTA Barcelona Ladies Open18:30 FIA World Touring Car Championship 201219:00 Auto GP World Series 21:00 When The Games Begin 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 The S-League Show22:30 Engine Block 2012 23:00 FIA F1 World Championship 2012 - Highlights Chinese Grand Prix

FOX MOVIES 4011:40 Ramona And Beezus13:25 Titanic Part 314:20 Titanic Part 415:15 Hancock16:50 Black Hawk Down19:10 Homeland20:10 The Walking Dead21:00 True Justice22:30 X-Men: The Last Stand00:15 The One

HBO 4112:00 Country Strong13:55 Clash Of The Titans15:50 Young Guns Ii17:30 A Dog Year18:45 Paradox20:15 Charlie’S Angels22:00 Luck23:05 Paranormal Activity 200:35 Vertical Limit

CINEMAX 4212:45 Body Snatchers14:20 The Guardian16:00 The Spy With A Cold Nose17:45 Sinbad Of The Seven Seas19:30 Hollywood Buzz20:10 Paul22:00 Paradise Alley23:45 Case 39

THE GREY [C]Um filme de: Joe CarnahanCom: Liam Neeson, Frank Grillo, Dermont Mulroney18.30

SALA 3WRATH OF THE TITANS [3D] [C]Um filme de: Jonathan LiebesmanCom: Sam Worthington, Liam Neeson, Ralph Fiennes14.15, 21.30

THE LORAX [3D] [A](Falado em cantonense)Um filme de: Chris Renaud16.15, 18.00, 19.45

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

A PISTA DE GELO • Roberto BolañoTudo se passa durante um mês de verão numa praia do Mediterrâneo. Há uma mansão arruinada, uma bonita patinadora em decadência, e a paixão de um autarca de província. É há um crime, nas diferentes versões de três narradores que se vão completando e corrigindo. Remo Móran, Gaspar Heredia e Enric Rosquelles estão ligados a esse acon-tecimento central e, sem o saberem, podiam tê-lo impedido. Pista de Gelo - que se constrói sobre as linhas características do projeto narrati-vo de Roberto Bolaño - é um espaço de reflexão sobre a corruptibilida-de dos políticos, sobre a ação perturbadora do amor nas pessoas, sobre o desenraizamento, a amizade e a dissolução dos sonhos. E mostra--nos, sobretudo, que nada é o que aparenta ser, nada é bem o que nos contam; e que mesmo na ausência de sentido, a vida prossegue.

A ROSA NEGRA • Nora RobertsRosalind Harper é uma mulher cuja experiência a tornou forte o suficiente para enfrentar qualquer situação. Viúva, com três filhos, resistiu a um segundo casamento desastroso e construiu a sua empresa de jardinagem que, mais do que um mero negócio, se transforma num símbolo de esperança e independência para ela. Mas agora Roz está a ser posta à prova e conta com a ajuda do dr. Mitchell Carnegie, con-tratado para investigar a identidade da Noiva Harper. Só que o tempo escasseia para descobrir a verdade antes que a imprevisível aparição destrua a única pessoa que a poderá ajudar a descansar em paz.

Page 18: Hoje Macau 16 ABR 2012 #2590

18 opinião segunda-feira 16.4.2012www.hojemacau.com.mo

António Vitorino VAirA Vike-FreibergA *In Público

ERÁ a Europa que está a emer-gir da crise do euro uma Europa alemã? Durante a crise do euro, o poder na União Europeia pa-rece ter sido transferido para as capitais nacionais em geral, e na

direcção de uma capital nacional em particular: Berlim. Mas, com a Alemanha introvertida, a França desvalorizada, e o Reino Unido semi-afastado, a grande notícia na política externa europeia é que chegou o momento para o tipo pequeno que pensa em grande.

Nesta Europa, as movimentações im-portantes agora acontecem por vezes em Estocolmo ou Varsóvia, não apenas em Berlim, Paris, ou Londres. E, com questões importantes de política externa à porta da Europa – quer seja no Egipto, Bielorrússia, ou agora a Síria – iniciativas europeias úteis devem ser bem-vindas, independentemente de onde são originadas.

A Alemanha, na política externa como na economia, pode exercer uma lideran-ça decisiva na UE – quando quer. Por exemplo, conjuntamente com a Polónia, liderou a tentativa da UE de desenvolver uma abordagem concertada à Rússia, e mostrou a sua força na Sérvia. Mas, em outros assuntos – por exemplo, na Líbia – a Alemanha preferiu, em vez de lide-rar, usar o seu recentemente encontrado espaço de manobra para seguir as suas próprias preferências perante os outros membros da UE.

Portanto a resposta actual à famosa pergunta de Henry Kissinger sobre quem deveria contactar quando quiser falar

Uma Europa alemã?com a Europa, não é necessariamente “o chanceler alemão.” Ao mesmo tempo que Berlim impõe crescentemente as suas preferências económicas a outros na zona euro, também não está preparada para usar a força militar como uma ferramenta de política externa, como demonstrou no caso da Líbia.

Além disso, a Alemanha parece estar a tornar-se uma “potência geo-económica” impelida pelas necessidades do seu sector exportador. Usando meios económicos para perseguir os seus fins de política externa, a Alemanha está gradualmente a virar as costas aos seus parceiros europeus.

Entretanto, enquanto a França conhece uma perda de poder em questões económi-cas relativamente à Alemanha, continua a representar um papel decisivo na política externa. A França liderou a operação da Líbia, e está a fazer algo similar com tenta-tivas de impor sanções mais fortes contra o Irão e de fornecer apoio às Nações Unidas na Côte d’Ivoire.

Mas a abordagem unilateral da França antagoniza frequentemente os seus parceiros europeus. Por exemplo, o Presidente Fran-cês Nicolas Sarkozy impediu uma posição europeia comum relativamente à proposta de soberania palestiniana às Nações Unidas em Setembro. Por outras palavras, mesmo quando a França lidera, não o faz sempre de uma maneira construtiva.

Tirando o papel decisivo que desem-penhou na Líbia ao lado da França, o Reino Unido está a tornar-se crescente-mente marginal no desenvolvimento da política externa europeia. Mesmo antes de ter vetado um plano apresentado pelos países da zona euro para criar uma “união fiscal” na cimeira europeia de Dezembro de 2011, já desempenhava um papel de liderança menor que o tradicionalmente

A Alemanha, na política externa como na economia, pode exercer uma liderança decisiva na UE – quando quer. Por exemplo, conjuntamente com a Polónia, liderou a tentativa da UE de desenvolver uma abordagem concertada à Rússia, e mostrou a sua força na Sérvia

Sdetido em questões centrais da política externa europeia.

O Reino Unido tem continuado a apoiar o alargamento da UE, as relações mais pró-ximas com a Turquia, e o desenvolvimento em África, mas não lançou quaisquer ini-ciativas criativas para criar consensos com outros estados membros ou mudar os termos do debate da UE. Em outros assuntos, como no diálogo com “parceiros estratégicos” – a China e a Rússia em particular, o Reino Unido é também muitas vezes um seguidor.

À medida que os “três grandes” perse-guem cada vez mais os seus estreitamente definidos interesses nacionais, no entanto, outros estados membros da UE estão a emergir como líderes em assuntos centrais de política externa. Por exemplo, a Suécia – o 14º maior estado membro em termos de população, e o oitavo em termos de PIB – sob a liderança do primeiro-ministro Fre-drik Reinfeldt e do ministro dos Negócios Estrangeiros Carl Bildt, almeja conside-ravelmente acima da sua estatura. No ano passado, aumentou a ajuda anual à África do Norte em 100 milhões de coroas suecas (11,1 milhões de euros), propôs uma missão

da UE à Tunísia apenas uma semana após a revolução para aí apoiar as aspirações democráticas, e foi um apoiante inicial e forte das resoluções das Nações Unidas em apoio da revolta na Líbia.

A Polónia, também, está a emergir como um líder da política externa. O primeiro--ministro Donald Tusk e o ministro dos Negócios Estrangeiros Radek Sikorski tomaram especialmente a iniciativa na estratégia da UE relativamente à Russia, tendo a Polónia ultrapassado largamente as suas diferenças com a Alemanha e estando agora na vanguarda dos esforços para de-senvolver uma abordagem genuinamente abrangente. A Polónia também liderou na defesa Europeia (embora tenha declinado tomar parte na intervenção militar na Líbia). Isto reflecte a força da economia polaca, que se espera que venha a crescer por mais de 3% em 2012 – mais rapidamente que quase em qualquer sítio da UE.A Alemanha pode estar a receber toda a atenção neste tempo de crise, mas o último ano tem servido para lembrar que a Europa é mais eficaz e influente quando os pequenos países se envolvem e unem forças com – ou mesmo lideram – os grandes países. Por exemplo, relativamente ao Irão (com excepções como a Grécia), os europeus uniram-se em torno de uma política clara e de posições colectivas, como um embargo ao petróleo.

Portanto, Polónia e Suécia: a Europa precisa da vossa liderança. Mas isso pode não ser suficiente numa UE com mais de 500 milhões de cidadãos. Outros estados da UE devem seguir o seu exemplo de modo a tornar a política externa europeia verdadeiramente eficaz e influente.

* António Vitorino foi comissário europeupara a Justiça e Assuntos Internos. Vaira Vike-Freiberga

foi Presidente da Letónia.

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curva apertadaChico Moore

C A Ç A D O R

19opiniãosegunda-feira 16.4.2012 www.hojemacau.com.mo

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M 1978 apalpei o rabo à Cristina. O meu pai fora buscar-me à escola e estava parado, à espera que a miudagem saísse da estrada. O carro era um Citröen Mehari, com janelas de lona. Através delas, vi a

Cristina passar perto. Tão perto que empur-rei a janela um bocado, para pôr a mão de fora. Com a raça dos seis anos, agarrei-a onde menos esperava. Ah, eu era mesmo um puto danado! A Cristina gritou de prazer (ou susto, pouco importa), sem perceber de onde vinha a mãozinha vitoriosa.

Quando me descobriu, extasiado dentro do Mehari, desapareceu a bufar. Eu sorri. Dias a fio. Afinal, tinha concretizado o meu maior feito sexual até então (e por muitos mais anos, mas isso não vem ao caso).

Já no 9º ano, era grande amigo da Cristina. Ela até dizia, por graça claro, que eu “só

não lhe saltava para cima por ser otário”.Numa aula de ginástica, o prof pôs-nos a

fazer sprints e, no fim, tínhamos que medir a pulsação uns dos outros. Ia fazer par com o Joel, mas a Cristina agarrou-me logo. Peguei-lhe no pulso e ela - o que a rapariga gostava de complicar! – desviou-me a mão para o peito. Um transtorno, porque já tinha as maminhas muito desenvolvidas e não dava jeito ouvir-lhe o coração a bater, bem no fundo daquela massa toda.

“Ó Cristina, vou pôr a mão por baixo do teu peito, dá para sentir os batimentos melhor.”

“Não! Tem que ser por cima. Aperta com mais força!”

“É a terceira vez e perco-me sempre a contar.”

“Podes demorar o que quiseres.”Já me doíam os dedos, tinha que fazer

qualquer coisa. Resolvi à macho. “Olha, desculpa lá, mas estás a abusar. A Josélia ficou livre, pede-lhe que conte!” E pirei-me para fazer sprints com o Joel.

Quando fui para a universidade, ela esco-lheu o mesmo curso. Uma provocação

do destino, já que eu continuava com pulsões cavalares sempre que a via. Uma manhã, a professora de História da Arte levou-nos ao Mosteiro dos Jerónimos. Acabada a visita, a turma foi para um debate nos jardins de Belém. Às tantas senti um toque no ombro, que se transformou numa festa exploratória do meu pescoço. Era a Cristina.

“Querido, anda comigo, estou com um problema.”

“Agora? O debate está quase a começar.”“É urgente, anda.”Levou-me para trás de um arbusto e

explicou-se.

A coerência sentimental

Fui finalmente à mítica discoteca D2 e fiquei impressionado assim que entrei. Coisa rara, havia mais mulheres do que homens e estes ou eram mais velhos do que eu ou tombavam pelos sofás. Estava perante uma savana altamente propícia ao êxito da minha caçada

“Tenho um pêlo púbico encravado, que me está a doer horrores, e não o encontro.”

“Hmmm, mostra lá.”“Já podes.”“Não vejo nada...”“Mexe à vontade.”“Onde é que dói?”“Mais ao meio.”Estivemos uma data de tempo daquilo,

em vão. Bem procurei, mas não via o maldito pêlo. Foi aí que reparei na alça do soutien descaída, na exposição de carnuxa da axila com sete por cento de mamoca. Fiquei doido, não aguentei e baixei as calças.

Troquei-as logo pelos calções o mais depressa que consegui - felizmente tinha trazido o saco do ginásio - e corri 17 esba-foridos quilómetros até estar debaixo de um duche frio na minha santa casa.

Ontem conheci outra Cristina. Fui final-mente à mítica discoteca D2 e fiquei

impressionado assim que entrei. Coisa rara, havia mais mulheres do que homens e estes ou eram mais velhos do que eu ou tombavam pelos sofás. Talvez demasiado álcool, talvez soninho pela hora tardia. Enfim, razões irre-levantes, o importante é que estava perante uma savana altamente propícia ao êxito da minha caçada.

Com aquele instinto assassino que o Senhor me deu, localizei logo uma presa apetecível. A mistura da sua pele luzidia com os estampados de leopardo pôs-me de imediato a visualizá-la na lareira. Não por cima, embalsamada, mas bem viva, à frente, serpenteando em paralelo com o fogo. Só estragou um bocadinho a fantasia eu não ter

lareira aqui em Macau. Ou uma casa com espaço para alguém se conseguir deitar.

Apontei-lhe a mira, com o meu ar mais letal, mas nem tive tempo de disparar, porque ela veio ter comigo toda lampeira. Trocámos nomes e olhares sequiosos. Fiquei com vontade de arfar enquanto corria à volta da pista, mas consegui controlar-me. E atirei o primeiro piropo. Uma referência de design de moda, para ela ver logo como eu sabia ser sensível.

“Adoro o conjunto que tens vestido. É da Viviene Westwood?”

“Não, é meu.”Ri-me imenso. Além de sensual tinha um

sentido de humor refrescante. Ainda por cima dizia estas coisas com sotaque aristocrático.

“O teu inglês é fantástico, parece-me de Oxford. Acertei?”

Mostrou-se espantada.“Sim, como adivinhaste? Já foste ao

Oxford?”Fiquei um pouco baralhado. “Ao” Oxford?Explicou-me que era um bar em Manila,

E

muito frequentado por soldados americanos, onde aprendera a falar inglês. Trabalhara lá uns anos, fazendo pinturas genitais ao vivo, com auxílio de zarabatana. Escusado será dizer, fiquei ainda mais impressionado – uma artista plástica!

“Tinham-me dito que talvez encontrasse aqui prostitutas, nem imaginas como me sinto feliz por estar com uma mulher tão interessante como tu.”

“Obrigado. Também acho horrível mulhe-res que dormem com homens por dinheiro.”

“A mim deixa-me até um bocado de-primido.”

“Vou-te só pedir um favor: podes emprestar-me um dinheirito para depois apanhar o táxi para casa?”

“Não há problema. Onde moras?”“Em Pequim.”

Claro que lhe emprestei o dinheiro, afinal o que é isso de estourar um visa quando

as perspectivas para o resto da noite são tão boas? Perguntei-lhe se me acompanhava até casa antes de apanhar o táxi e a Cristina concordou. Fomos andando, com a conversa sempre a fluir às mil maravilhas. Quando chegámos, ela disse que tinha a tatuagem de um caractere chinês, que significava “bem-vindo”, num sítio especial. Depois perguntou se podia subir para eu ver a obra de arte de perto.

Topei-a logo - a tatuagem estava de certeza na nuca, escondida pelo cabelo, e não ia haver cobóiada. Por isso, de surpresa, apalpei-lhe o rabo, deixando-a estupefacta. Fechei a porta do prédio e subi a correr para casa, sorrindo triunfante. Um puto danado.

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segunda-feira 16.4.2012www.hojemacau.com.mo

FALHANÇO

O abecedáriodo DesportoDepois de em 2009 ter lançado “Desporto em Macau - 1981-85”, Fernando Vinhais Guedes, antigo responsável pela Repartição de Juventude e Desporto de Macau (nos anos referidos), apresenta amanhã no Colégio Militar, às 18h30, “Desporto com Palavras”. O livro reúne 26 textos, num compêndio de 1000 caracteres, que vai buscar a cada letra do abecedário um tema relacionado com o desporto, sob uma perspectiva económica. Algumas das palavras escolhidas, foram Árbitro, Estádios, Indústria, Olimpismo e Universo (caso das vogais). O livro está traduzido em chinês e inglês e é dirigido a um público vasto, que se interesse ou não por desporto. O autor vai distribuir na cerimónia cerca de 500 exemplares do livro. - R.M.R.

Ladrão dormena cama de P. DiddyUm homem invadiu pela segunda vez a mansão de Sean ‘P. Diddy’ Combs, em Nova Iorque, e terá comido a comida do magnata da música e ainda dormido na sua cama. A mansão tem sido usada por Diddy, anteriormente conhecido por Puff Daddy, para as suas famosas festas de verão e segundo o relatório da detenção, Taylor entrou na casa através de uma porta na cave que estava destrancada e “comeu, bebeu refrigerante e bebidas alcoólicas e foi dormir num quarto no andar de cima”. Quando o alarme disparou e a polícia respondeu dirigindo-se ao local mas Taylor convenceu os polícias de que teria a permissão de P. Diddy para estar lá, só no dia seguinte quando chegou a empregada é que esta avisou a polícia que Taylor não tinha autorização para frequentar a casa, sendo então detido. De acordo com o relatório policial Taylor já havia sido detido em 2001 na mesma casa.

Músico dos BeeGees em comaO músico britânico Robin Gibb, dos Bee Gees, foi hospitalizado em coma num hospital de Londres, devido a uma pneumonia. O britânico, de 62 anos, sofre de uma pneumonia, após ter ultrapassado vários problemas clínicos. Em 2010 o músico venceu um cancro e há duas semanas foi submetido a uma operação devido a uma obstrução intestinal, o mesmo problema que causou a morte do irmão gémeo Maurice, em 2003. Robin Gibb é um dos membros da banda Bee Gees, composta por três irmãos, o mais velho Barry Gibb e os gémeos Robin e Maurice Gibb, que nos anos 70 e 80 venderam mais de 200 milhões de discos, com músicas tão conhecidas como “Stayin’ Alive”, “More Than A Woman”, “How Deep Is Your Love” ou “Night Fever”.

Irão Conversações sobre nuclear em MaioA chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, confirmou, este sábado, em Istambul que as novas conversações sobre o controverso programa nuclear iraniano vão ter lugar no próximo dia 23 de Maio, em Bagdad. “Vamos encontrarmo-nos novamente a 23 de maio, em Bagdad”, disse Ashton em conferência de imprensa, no final de um dia de negociações entre as grandes potências e o Irão sobre o programa nuclear deste país. Ashton manifestou-se confiante de que as conversações de Maio irão permitir avanços muito concretos.

Cabul Ataques são início da “ofensivada primavera”Os talibãs anunciaram que os três ataques coordenados em Cabul e em três outras províncias do país marcam o início da “ofensiva da primavera”. Zabihullah Mujaheed, porta-voz do movimento talibã, afirmou num telefonema para a agência France Presse em Cabul que os ataques são uma mensagem para o governo afegão e os seus aliados ocidentais. “A administração de Cabul e as forças invasoras disseram há algum tempo que os talibãs não eram capazes de lançar uma ofensiva na primavera. Os ataques de hoje são o princípio da nossa ofensiva da primavera”, disse. Três ataques coordenados visaram ontem a capital do Afeganistão, incluindo o Parlamento e o bairro das embaixadas, e instalações governamentais ou da polícia em três outras províncias.

Gays brasileiros querem ter direitoao casamento civilA comunidade gay brasileira lançou uma campanha pelo casamento civil igualitário no país, em reconhecimento da união civil, e ter acesso aos cerca de 70 direitos garantidos apenas para casais heterossexuais. Homossexual assumido, o deputado federal do Partido Socialismo e Liberdade, Jean Wyllys vai propor ao Congresso Nacional a aprovação de um Projecto de Emenda Constitucional (PEC) para garantir o direito ao casamento civil a todas as pessoas, sejam gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais ou heterossexuais. Para que o pedido seja protocolado e comece a tramitar no Congresso, são necessárias 171 assinaturas de parlamentares. Até ao momento, a proposta conta com a assinatura de 103 políticos.

car toonpor Steff

Andreia Sofia [email protected]

HÁ 16 anos foi membro da lista que elegeu o deputado Fong Chi Keong, e assume que

desde aí não mais deixou de par-ticipar na vida cívica. Em decla-rações ao Hoje Macau, Palmiro Estorninho acredita na existência de uma sociedade harmoniosa, deixando no ar a possibilidade de integrar uma lista candidata à Assembleia Legislativa nas próximas eleições. “Anterior-mente já fui convidado para duas listas. Sempre trabalhei desde a minha última candidatura, nunca desisti. Aquilo em que eu acredi-to, que é numa convivência em harmonia, eu continuo. Ninguém sabe, é só em 2013. Não vou para uma candidatura só para mere-cer atenção, não tenho vontade. Quando faço corridas no Grande Prémio é para ganhar, para estar

Em 1996 integrou uma lista da comunidade chinesa para a eleição do deputado Fong Chi Keong à Assembleia Legislativa. Hoje, assume que deveria ter “pedido autorização” aos macaenses, deixando no ar que o regresso à política pode acontecer

Palmiro Estorninho deixano ar a possibilidade de integrar lista à AL

“O segredo éa alma do negócio”

no pódio. As listas onde estou podem estar ou não (na corrida à AL). É muito cedo e há que dar faces a todas as partes.”

Palmiro Estorninho referiu um encontro ocorrido ontem à noite, mas não quis avançar mais pormenores. “Tenho um jantar marcado com um grupo, pessoas que amam a sua própria terra e que têm trabalhado muito aos longo dos anos para Macau. Mas o segredo é a alma do negócio.”

A EXPERIÊNCIA EM 1996 Da experiência política em 1996, Palmiro Estorninho

recorda as aprendizagens, mas assume falhas. “Ganhei muita experiência com a minha pri-meira candidatura, só pequei porque não pedi autorização à minha comunidade. Não fui muito correcto em ter entrado numa lista da comunidade chinesa sem ter informado a minha.” Estorninho fala ainda de um coração dividido. “Sem-pre gostei de conviver com os chineses, que sempre foram muito abertos à nossa comu-nidade, ensinaram-me muito e deram-me muitos apoios. Mas tenho muito orgulho em ser macaense.”

Do encontro que teve em Pequim em Junho do ano pas-sado, a convite do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM e onde participaram vários macaenses, Palmiro Es-torninho frisou a interligação entre comunidades. “Defendi que é bom ter uma fusão, é uma ideia sobre a qual a co-munidade deve pensar bem. Percebo os problemas da nossa entidade, têm de ser pensados na prática. É uma comunidade pequena e tem as suas espe-cificidades.” “Tem de haver um consenso na nossa própria comunidade, que não há nem nunca vai haver”, acredita.