hoje macau 22 abr 2015 #3315

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DROGA Quando as aparências iludem TIAGO ALCÂNTARA SOCIEDADE PÁGINA 6 SOCIEDADE PÁGINA 9 POLÍTICA PÁGINA 3 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 22 DE ABRIL DE 2015 ANO XIV Nº 3315 PUB BIBLIOTECA CENTRAL FICA NO ANTIGO TRIBUNAL E ESTARá PRONTA EM 2019 Daqui não saio hojemacau ÚLTIMA PÁGINA 2 PEREIRA COUTINHO “Estou contente com o Governo” SIR ROGER LOBO (1923-2015) Um adeus português O deputado Chui Sai Peng propôs a instalação da Biblioteca Central no Hotel Estoril, mas o Instituto Cultural não está para novas aventuras: o projecto está pronto, será concluído em 2019, abre em 2020 e inclui dois edifícios. CASO RAYMOND TAM A defesa não se fica EDMUNDO BETTENCOURT por Herberto Helder h

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Hoje Macau N.º3315 de 22 de Abril de 2015

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Page 1: Hoje Macau 22 ABR 2015 #3315

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“estou contente com o governo”

Sir roger Lobo (1923-2015)

Um adeus português

o deputado Chui Sai Peng propôs a instalaçãoda biblioteca Central no Hotel estoril,

mas o instituto Cultural não está para novas aventuras: o projecto está pronto, será concluído

em 2019, abre em 2020 e inclui dois edifícios.

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2 hoje macau quarta-feira 22.4.2015grande plano

n a década de 70, o mundo estava de olhos postos na guerra do Vietname e o conflito gerava todos

os dias milhares de refugiados. Muitos deles optaram por Hong Kong para seguirem as suas vidas, o que levou o Governo britânico na altura a pôr em marcha um plano de apoio social. E se os refugiados conseguiram receber um apoio de 60 pence por dia, devem-no a Rogério Hyndman Lobo, mais conhecido por Sir Roger Lobo.

Um dos seis filhos do lendário Pedro José Lobo e Branca Helena Hyndman, com raízes escocesas e portuguesas, faleceu este sábado em Hong Kong com 91 anos, ví-tima de cancro. O lendário mentor do Clube Lusitano de Hong Kong e empresário é recordado como um homem de valores que não hesitava em ajudar os que mais precisavam.

“Sir Roger Lobo estava sempre a apoiar aqueles que não podiam olhar por si próprios. Houve uma altura em que os refugiados do Vietname se deslocaram para Hong Kong, o departamento de segurança social tinha proposto ao Governador, então o Sir Ma-clehose, para providenciar a cada refugiado 30 pence por dia, para as necessidades básicas. Quando a sua opinião foi requisitada, Sir Roger disse simplesmente ao Governador que aquele montante não era sufi-ciente e propôs um aumento para o dobro, e os refugiados começaram a receber por dia 60 pence”, recor-dou, por escrito, ao HM.

Também na Fundação Portu-guesa para a Educação e Segurança Social, Sir Roger Lobo se desta-cou por nunca desistir de atribuir bolsas de estudo aos jovens mais necessitados.

O homem que presidiu ao Clube Lusitano entre 2010 e 2013 recorda “um mentor e um grande amigo”, que fez muito pela comunidade por-

Quem foi Sir roger Lobo?Empresário de profissão, Rogério Hyndman Lobo, nascido em Macau em 15 de Setembro de 1923, foi elemento activo da vida pública de Hong Kong, tendo sido membro do Urban Council (câmara municipal) entre 1965 e 1978, do Conselho Executivo, entre 1967 e 1985 e do Conselho Legislativo de Hong Kong, entre 1972 e 1985. Sir Roger Lobo - que recebeu o título honorífico britânico de cavaleiro em 1984 - ganhou lugar próprio na política local em 1984 quando apresentou no Conselho Legislativo a que ficou conhecida e foi aprovada como “Moção Lobo”, que exigia que todas as propostas em debate entre o Reino Unido e a China referentes à transferência de soberania de Hong Kong, concretizada em 1997, fossem debatidas pelo conselho antes de qualquer decisão ser tomada pelos dois países. De ascendência portuguesa e escocesa, Rogério Hyndman Lobo, fundou em 1989, com outros empresários e funcionários públicos, a Fundação Vision147, com o objectivo de construir um entendimento global sobre Hong. Kong. Para além do título de cavaleiro, Roger Lobo recebeu também da coroa britânica os títulos de oficial da Ordem do Império Britânico, em 1972 e de comandante da Ordem do Império Britânico, em 1978.

Sem ele, o Clube Lusitano de Hong Kong não mais será o mesmo. Francisco da Roza, Miguel de Senna Fernandes e José Sales Marques falam da morte de um dos maiores representantes da comunidade portuguesa de Hong Kong. O filho do histórico Pedro José Lobo faleceu no sábado aos 91 anos

Sir roger Lobo faLeceu em Hong Kong aoS 91 anoS de idade

O gentleman lusitano

tuguesa em Hong Kong. “Perdemos um verdadeiro filho, um filho que nos deu muito orgulho. Esta comunidade não vai mais ser a mesma.”

O mesmo sentimento é partilha-do por Miguel de Senna Fernandes, que se mostrou surpreendido pela morte de Sir Roger Lobo. “Ele e o [arnaldo de Oliveira] Sales e mais outros eram considerados os ilustres da casa, os grandes dinamizadores do Clube Lusitano. Era uma pessoa

que estava sempre atrás e insurgia--se contra as coisas que fugiam aos seus carris. Tinha os seus valores bem definidos. São pessoas que rareiam hoje em dia e referências que vão desaparecendo”, disse o advogado ao HM.

Um cavalheiroSir Roger Lobo é tido como um daqueles exemplos de homens donos de um cavalheirismo ímpar

Sir Roger Lobo é tido como um daqueles exemplos de homens donos de um cavalheirismo ímpar que já escasseiamno mundo moderno

que já escasseiam no mundo mo-derno. assim o recorda Francisco da Roza. “Era um marido amável e um homem de família, com visões muito fortes sobre os valores fami-liares. Tinha um enorme sentido de humor e vi-o muitas vezes a usar esse dom para diminuir situações de tensão em reuniões, com o natural atributo de um diplomata.”

Miguel de Senna Fernandes conheceu-o com a idade de 85 anos

e recorda um “tipo muito vivaço, que aparecia constantemente no Clube Lusitano e que fazia parte da velha guarda. Transparecia juventude, mesmo sendo um oc-togenário. Era um gentleman, de trato muito fácil. Era um patriota, da velha guarda dos portugueses de Hong Kong, que se prezavam de ser tratados por portugueses”.

Rogério Hyndman Lobo recebeu o título de Sir da rainha de Inglaterra em 1984 e ganhou muitos outros títulos honoríficos, como o de oficial da Ordem do Império Britânico, em 1972, e comandante da Ordem do Império Britânico, em 1978. Apesar de fazer questão de falar português, nunca rejeitou as distinções dadas pelo Governo britânico.

“O arnaldo de Oliveira Sales era ainda mais português, no sentido de ter recusado qualquer distinção da rainha. Mas Sir Roger Lobo era mais prático, era comer-ciante, tinha outra visão das coisas. apesar de ser Sir, nunca retirou a sua costela bem portuguesa. Falava muito bem português e nunca se esqueceu. É uma grande perda. É mais um ilustre filho da terra que vai”, disse o advogado macaense.

“Um papel importantíssimo” José Sales Marques chegou a ter encontros com Sir Roger Lobo para debaterem o futuro das duas comu-nidades macaenses em Macau e Hong Kong. apesar de manterem “um bom relacionamento”, não mantiveram contactos estreitos. “Uma das grandes preocupações que ele demonstrava sempre era o facto da comunidade portuguesa e o Clube Lusitano estarem a viver uma fase diferente daquela que foi a sua raiz, na medida em que a ligação à língua portuguesa dos actuais responsáveis e membros não é a mesma que existia.”

O economista considera que Sir Roger Lobo “teve um papel importantíssimo em Hong Kong, a nível cívico como em cargos oficiais e até políticos”, sendo uma perda inestimável e uma figura que nos merece todo o respeito e admiração. O homem com coração mais luso do que inglês deixou vivos mulher, dez filhos, 28 netos e 17 bisnetos. Com ele vai um período que já não volta e que os mais velhos macaenses gostam de recordar.

andreia sofia [email protected]

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3políticahoje macau quarta-feira 22.4.2015

“t emos resolvido muitos problemas e achamos que não há necessidade de participar [nas manifesta-

ções do 1 de maio]”. É assim que José Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de macau (ATFPM), justifica a ausência da associação nas manifestações do Dia do Trabalhador.

Apesar de também não ter mar-cado presença nas manifestações que aconteceram no ano passado, a ATFPM está finalmente contente com o novo Governo. segundo o presidente, a Associação mostra-se sempre activa quando há razões para o fazer ou quando o “Governo não está a resolver os problemas dos cidadãos”.

“Quando o Governo dialoga e fala connosco, está tudo bem. o Chefe do executivo tem dialogado muito bem connosco e resolvido muitos problemas”, defendeu Pe-

“Estou contente com o Governo. Temos um bom relacionamento com os novos Secretários, já fomos recebidos por todos, até mais que uma vez, para resolver os problemas dos sócios”Pereira Coutinho Presidente da atFPM

A ATFPm não irá marcar presença naquele que é o dia com mais agitação nas ruasde macau, o 1º de maio, por estar “contente com o Governo”. outras associaçõescom mais actividade política também não vão marchar até à sede do Governo

1 de Maio PrinciPais associações, aTFPM incluída, não ParTiciPaM

Só eu sei porque fico em casa

reira Coutinho. Assim não existem motivos que levem a Associação a manifestar-se neste dia.

e o deputado insiste: “estou contente com o Governo. Temos resolvido os problemas. estamos contentes”, reforçou, exemplifi-cando que a ex-secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, nunca recebeu a associação, ao contrário dos novos secretários. “Temos um bom relacionamento com os novos secretários, já fomos recebidos por todos, até mais que uma vez, para resolver os proble-mas dos sócios”, remata.

Ainda assim, Pereira Coutinho marcará presença na marcha de forma individual. “Irei, em meu nome, não no da ATFPm”, escla-receu. A presença não é em vão: o deputado vai “ouvir” as pessoas e os manifestantes. “Vou ouvir. Ouvir o que têm para dizer, para depois conseguir ajudá-los”, diz.

Minorias e aniMais de foraTambém Jason Chao, líder do grupo Macau Consciência, frisou que o grupo não irá tomar parte na iniciativa, mas lembrou que também vai participar a título

individual, na marcha promovi-da pela Juventude Dinâmica de macau. em cima da mesa estão reivindicações relacionadas com vários assuntos sociais, nomea-damente com a implementação de educação Patriótica nas esco-las do território. “sou totalmente contra a implementação disto”, disse ao Hm, referindo a necessi-dade de se participar num evento deste género.

Já Anthony Lam, que lidera a Associação Arco-Íris, afirmou ao Hm que o colectivo não vai tomar parte neste manifestação emblemá-tica. o argumento, explica Lam, passa pela alteração de foco da Associação. “estamos a focar-nos mais nos direitos da comunidade LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais], por enquanto”, disse o responsável. “em vez de ir para a rua protestar sobre coisas, estamos efectivamente a entrar na comunidade e a falar com membros

das comunidades para saber do que precisam”, disse. Questionado ontem sobre a realização de outros eventos do 1º de maio, Lam não avança novidades, acrescentando que, “para já, não há nada progra-mado”.

esta, recorde-se, é uma das associações que mais tem rei-vindicado contra o Governo pela alteração da Lei de Combate e Repressão à Violência Domésti-ca, devido a ter sido retirado do diploma o artigo que protegia os casais homossexuais.

À lista de ausências junta-se também a Associação de Protec-ção dos Animais Abandonados de macau (APAAm), que justifica a sua opção por existirem, neste dia, demasiadas solicitações das várias associações a participar. “o foco é diferente”, explicou a presidente, Josephine Lau, ao Hm, frisando, que a APAAm “nunca teve intenção política, apenas quer dar atenção ao as-sunto da protecção de animais e à respectiva lei”.

A marcar presença estará tam-bém a associação Novo macau, que “apesar de nunca organizar manifestações” e de não marchar em seu nome, quer ter uma posição activa neste dia. segundo sou Ka Hou, presidente da Associação, o seu grupo estará presente para auxiliar as outras associações que já confirmaram a sua presença.

filipa araújo (com L.s.M. e f.f.)[email protected]

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4 política hoje macau quarta-feira 22.4.2015

A comunidade por-tuguesa e ma-caense está hoje muito afastada

da política, ao contrário do que se passava antes da transferência de Macau para a China. Contudo, ainda domina fortemente a área do Direito. As conclusões são de um estudo publicado este mês por Hao Zhidong, sociólogo e investigador da Universidade de Macau (UM).

“Estratificação Social e Política Étnica e de Classe

O vice-presidente da Federação das As-sociações de Ope-

rários de Macau (FAOM), Lei Chan U, sugere que o Governo deve criar um sistema de padrões laborais que beneficie os direitos de trabalhadores, por considerar que não existe um mecanis-mo que promova relações laborais harmoniosas em Macau.

Em declarações ao Jor-nal do Cidadão, Lei Chan U apontou que muitos di-plomas sobre a protecção

Estudo Chineses dominam polítiCa, portugueses dominam direito

o último pedestalUm estudo que compara o papel das comunidades portuguesa, macaense e chinesa, diz que Macau se caracteriza hoje pelo domínio político dos chineses e a marginalização dos outros, ainda que os portugueses consigam manter a sua importância no Direito

Dos 46 juízes de Macau, 24% são portugueses e 11% macaenses. Entre os 272 advogados registados, 76,4% são portugueses ou macaenses.

em Macau antes e depois da Transferência em 1999” é um estudo que compara o papel das comunidades portuguesa, macaense e chinesa.

Hao Zhidong salienta que, revertendo o padrão anterior à transferência de Administração, Macau é hoje caracterizada pelo do-mínio político dos chineses e a marginalização dos por-tugueses e macaenses.

Segundo o investigador, tal pode afirmar-se mesmo tendo em conta a presença de deputados macaenses como José Pereira Coutinho e Leonel Alves e directores de serviço como Manuel Joaquim das Neves e Maria Helena de Senna Fernandes.

Fazendo uma retrospec-tiva, Hao Zhidong recorda que entre 1997 e 2011, o número de portugueses em Macau caiu 56% e de

macaenses 60%. Da mesma forma, a percentagem de portugueses ou macaenses a ocupar cargos de Secretário no Governo caiu de 83% para 11%.

trabalho FaoM dEFEndE sistEMa dE padrõEs laborais

Em prol da igualdade

Os números indicam “uma mudança do poder político dos portugueses para os chineses”, diz.

AcAbAr com diferençAsEsta mudança gradual veio acabar com um cenário de desigualdade: apesar de, em 1997, 96% dos residentes de Macau serem chineses, eram os portugueses e macaenses que “constituíam a maioria dos dirigentes do Governo e dos funcionários públi-cos, incluindo da polícia, e que gozavam não só do privilégio de salários mais elevados como do poder de tratar os chineses como pessoas inferiores”, escreve o académico.

Hao Zhidong traça um cenário de discriminação em cadeia - dos portugueses para com os macaenses e dos macaenses para com os chineses -, em várias áreas, incluindo disparidades sa-lariais e violência policial.

Há no entanto uma ilha de poder ainda dominada

pela comunidade portuguesa e macaense: o Direito. Tendo em conta que a lei de Macau foi escrita originalmente em português e que a versão traduzida em chinês é di-fícil de perceber devido “a má tradução”, o Português permanece a língua domi-nante “e os portugueses e macaenses continuam a ser os principais intervenientes no domínio legal”, defende.

Dos 46 juízes de Ma-cau, 24% são portugueses e 11% macaenses. Entre os 272 advogados registados, 76,4% são portugueses ou macaenses.

Hao Zhidong lembra que, de acordo com a lei, todos os documentos legais têm de ser traduzidos para português, mesmo que todos os intervenientes no proces-so sejam chineses.

“Além de protegerem o mercado de trabalho dos ad-vogados, os portugueses e os macaenses também protegem a sua cultura ao efectivamente forçarem mais pessoas a estu-darem português e a usarem português, em detrimento dos chineses envolvidos no processo”, descreve.

conveniênciAs Assim, “o domínio legal dos portugueses e macaenses numa sociedade predomi-nantemente chinesa, que não compreende português, criou conveniências para os dois primeiros grupos, mas inconveniências para o últi-mo”. Para o sociólogo, a po-lítica de língua no campo do Direito acabou por criar um “monolinguismo de facto” e é “equivalente à continuação do colonialismo”.

Assim, e apesar de con-siderar a democratização de Macau inevitável a longo prazo, Hao Zhidong con-sidera que a actual posição da comunidade portuguesa e macaense acaba por se “adequar aos interesses do Governo”, contrário a essa mudança política.

O sociólogo parte do pressuposto que os por-tugueses são favoráveis à introdução de um regime democrático em Macau: “Maior incorporação de portugueses e macaenses na política pode unir os apoiantes portugueses e ma-caenses da democracia aos seus homólogos chineses e atrair mais críticas ao Go-verno. [Ao mesmo tempo,] uma reforma legal podia gerar grande controvérsia, servindo melhor os seus interesses se o ‘status quo’ for mantido”. lusa/hM

de direitos laborais estão atrasados, o que causa pro-blemas de sobreposição de feriados com dias de descan-so. Tal atraso origina ainda limites às indemnizações pagas por despedimento sem justa causa, os quais não podem ser resolvidos através da Lei de Relações Laborais.

Por isso, Lei Chan U considera que, para criar um melhor ambiente labo-ral, o Governo precisa de construir um sistema de padrões para garantir os

direitos dos trabalhadores, apontando a necessidade de melhoria e implementação de um regime de supervisão da Lei Laboral, o qual deve conjugar-se com um meca-nismo de prevenção e aviso de ilegalidades.

O mesmo responsável, que é também membro do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), diz que é preciso investigar questões como o salário mínimo, distribuição de rendimentos, o aumento da capacidade e qualidade do

trabalho, servindo de base à implementação de políticas laborais. Lei Chan U disse ainda que a consolidação desse regime deve ser fei-to entre as partes laboral, empregador e Governo, por forma a assegurar a resolução dos conflitos e a manutenção das igualdades sociais. F.F.

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5 políticahoje macau quarta-feira 22.4.2015

ANÚNCIOA Região Administrativa Especial de Macau, através do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, faz público que, de acordo com o Despacho de 10 de Abril de 2015, do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, foi autorizado o procedimento administrativo para adjudicação da empreitada designada “Obras de Remodelação no Gabinete de Gestão de Crises do Turismo no 5.º Andar do Edifício Hotline”.

1. Entidade que põe a obra a concurso: Gabinete de Gestão de Crises do Turismo.2. Modalidade do procedimento: Concurso público.3. Local de execução da obra: Edifício Hotline - 5.º Andar, Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção, n.os 335-341, em Macau. 4. Objecto da empreitada: Trabalhos de construção civil em salas existentes de arquivo, com

compartimentação e acabamentos para constituição e readaptação de gabinetes e sala de imprensa e arquivos, e a sala de instalação do servidor da rede de computa-dores, incluindo todas as instalações electromecânicas necessárias.

5. Prazo máximo de execução: 150 dias após a consignação, contando com o período de mobili-zação e aprovação e entrega de materiais e equipamentos.

6. Prazo de validade das propostas: 90 dias, a contar do acto público do concurso.7. Tipo de empreitada: Por Preço Global.8. Caução provisória: MOP50.000,00 (cinquenta mil patacas), podendo ser prestada mediante depó

sito bancário à ordem do Fundo de Turismo no Banco Nacional Ultramarino ou depósito em nu-merário, em ordem de caixa ou cheque entregue no Fundo de Turismo, sita na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Hot Line”, 12.° andar, Macau, à ordem do Fundo de Turismo, ou mediante garantia bancária.

9. Caução definitiva: 5% do preço total de adjudicação.10. Valor da Obra: Sem preço base.11. Condições de admissão: Entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas

e Transportes na modalidade de execução de obras.12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Gabinete de Gestão de Crises do Tu

rismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 5.º Andar até às 17:45 horas do dia 27 de Maio de 2015 .

13. Sessão de esclarecimento: os interessados podem assistir à sessão de esclarecimento deste concurso público que terá lugar às 10:00 horas, do dia 07 de Maio de 2015 , na sala de Imprensa do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, 5.º andar do Edifício Hotline, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341.

14. Local, dia e hora do acto público do concurso: Local: Sala de Imprensa do Gabinete de gestão de crises do Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 5.º Andar;Dia e hora: 28 de Maio de 2015, pelas 10:00 horas.

15. Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação:a) Preço: 55%; b) Prazo de execução: 15%;c) Plano de trabalhos 10% : i. Nível de detalhe, descrição, encadeamento e caminho crítico das tarefas 3%; ii. Adequabilidade à mão-de-obra e meios propostos 7%.d) Experiência em obras semelhantes 10% : i. Obras executadas deste tipo, de valor e dimensão igual ou superior, com comprovativos

de recepção e de qualidade pelos Donos de Obras Públicas 5%; ii. Currículo de obras públicas e privadas desta natureza 5%.e) Equipamentos e Materiais: 10%;

O cálculo está descrito no artigo 11.° do Programa de Concurso.

16. Local, data, horário e preço para a obtenção da cópia e exame do processo do concurso: Local: Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 5.º andar.Data e horário: Dias úteis, a contar da data da publicação do anúncio até ao dia e hora do Acto Público do Concurso;Preço: MOP250.00 (duzentas e cinquenta patacas).

17. Esclarecimentos adicionais: Os interessados poderão comparecer no Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hot line”, 5.º Andar, a partir de 23 de Abril de 2015 (inclusive) e até à data limite para a entrega das propostas para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

18. Adiamento: Em caso de encerramento dos serviços públicos por motivo de tufão ou força maior, o termo do prazo de entrega das propostas será adiado para o primeiro dia útil imediata-mente seguinte, à mesma hora.

19. Os concorrentes ou os seus representantes deverão fazer-se representar no acto público de aber-tura das propostas para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decrecto-Lei n.º 74/99/M, de 8 de Novembro, e para apresentação de eventuais reclamações e/ou esclarecimento de dúvidas acerca da documentação integrante da proposta.Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, em Macau, aos 15 de Abril de 2015.

A Coordenadora, Maria Helena de Senna Fernandes

A deputada Ella Lei considera que a forma de recolha de opiniões da

população sobre as plantas de condições urbanísticas é “demasiado burocrática e inconveniente”, apontando que contraria as Normas para a Consulta de Políticas Públicas.

Numa interpelação es-crita entregue ao Governo, Ella Lei referiu que falou com residentes que explica-ram que, quando tentaram apresentar as suas opiniões junto da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DS-SOPT), tiveram de fazer o download de um formulário oficial e preenchê-lo, caso contrário as suas opiniões não seriam validadas. A de-putada considera, por isso,

Comércio livre Lionel Leong lidera projecto-piloto

Deputado pede revisão de detenção de imigrantes ilegais

DSSOPT Ella lEi critica burocracia nas consultas

Recolha de opiniões muito inconveniente

que o processo é demasiado burocrático.

“Para os jovens que utili-zam sempre computadores, também é um processo bu-rocrático expressar opiniões sobre plantas de condições urbanísticas, mas para pes-soas que nem sequer utili-zam computadores, é um

obstáculo absoluto”, referiu a deputada.

Ella Lei recordou que, se-gundo as normas já referidas, devem ser recolhidas informa-ções de “forma conveniente, directa e fácil”, para que o público compreenda e expres-se as suas ideias. Contudo, a deputada diz que maneira utilizada pela DSSOPT para recolher as opiniões não só contraria esse princípio como “limita de forma irrazoável a expressão das opiniões”.

A deputada pede assim que o processo seja me-lhorado e que sejam imple-mentadas diversos meios de expressão das opiniões, para que os processos sejam mais convenientes à população. Ella Lei pede uma revisão a todo o processo, com foco nas opiniões que são consideradas inválidas. F.F.

Chui Sai On nomeou Lionel Leong para li-

derar a construção da zona de comércio livre em Fujian, algo que, diz, tem “benefí-cios duplos” para as duas re-giões envolvidas. “[O Chefe do Executivo nomeou] o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, como representante de Ma-cau que vai liderar a equipa de trabalho para aperfeiçoar o mecanismo de reunião com a província de Fujian e promover os contactos

estreitos e regulares”, re-fere o Gabinete do líder do Governo em comunicado. A declaração foi proferida numa visita do Chefe do Executivo a Fuzhou, há dois dias. “[Chui Sai On] disse ainda que ambas as regiões vão entrar numa nova fase de desenvolvimento e irão agarrar, indubitavelmente, essa enorme oportunidade estratégica e, em conjunto, reforçar o mecanismo de cooperação e a colabora-ção, no sentido de elevar a

sua eficácia”. Recorde-se que Chui Sai On tinha já mostrado interesse em que a criação desta zona de co-mércio livre fosse uma das prioridades para os cinco anos seguintes, na apre-sentação das suas Linhas de Acção Governativa. A cooperação com Fujian pas-sa por organizar visitas de delegações governamentais àquela região, explorar o crescimento das empresas locais e desenvolver os trabalhos de intercâmbio.

O deputado Zheng An-ting apontou que o tra-

tamento dado aos imigrantes ilegais é um problema que preocupa “extremamente” a população. O deputado considera que é necessário rever as leis sobre os centros de detenção, bem como re-solver o problema através da cooperação com as regiões vizinhas. Numa interpe-lação escrita, o deputado recordou o caso de um grupo de imigrantes vietnamitas que foi preso no campus da

universidade de Macau, na ilha da Montanha. O grupo foi libertado depois de um curto espaço de tempo, diz, por, para além de não existiram factos crimino-sos, não haver “espaço no Estabelecimento Prisional de Macau”. Recorde-se que, por norma, os imigrantes ilegais não chegam a ser presos, pois são de ime-diato expatriados. Zheng Anting considera que esta questão pode trazer mais problemas de trabalhadores

ilegais e de permanência ilegal, causando risco para a segurança. O deputado explica que a detenção dos imigrantes ilegais de 60 dias máximo, não é um política a longo prazo. Questionou assim, se o Governo pensa em resolver o problema da imigração ilegal através da cooperação com o respec-tivo organismo do interior da China, considerando que esta é uma forma eficaz para evitar essa lacuna no território. F.F.

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6 hoje macau quarta-feira 22.4.2015sociedade

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Os números da PJ indicam que o consumo de drogas entre adolescentes diminuiu mas, segundo agentes da área, esta não é a realidade. A polícia reprime e os jovens escondem-se. A mudança na estrutura social, no acesso e nos locais de consumo podem ser os factores, defendem, que estão a camuflar a verdade

Droga Consumo pode não ter diminuído mas estar Camuflado

Por debaixo do panod AdOs da Polícia

Judiciária (PJ) in-dicam que houve uma diminuição

no número de casos de jovens levados ao Minis-tério Público (MP) por consumo de droga, sendo que, em 2011, eram 31 e o ano passado menos 20. As autoridades defendem, por isso, que o consumo entre os jovens tem diminuído, mas afirmação que é refutada por agentes que se dedicam a esta problemática.

“Esta é uma realidade camuflada”, afirmou Luísa de Almeida, assistente social na Associação BeCool, su-blinhando que “não existem dados factuais que permitam dizer que uma determinada [parte] da população esteja a consumir”. O que existe, defende, são apenas “relatos e factos do que é registado”. Portanto, não só as da PJ, como as estatísticas do Ins-

tituto de Acção social (IAs) não mostram o que “se está a passar na realidade”.

Também a docente da área da Educação da Uni-

versidade de Macau, Teresa Vong, defende um “aumento claro” no consumo de dro-gas entre os jovens, apesar dos números indicarem o contrário. A verdade, diz, é que os adolescentes têm um mais rápido e maior acesso às drogas principalmente no interior da China.

“Alguns colegas meus a trabalhar na área dos ser-viços médicos, mencionam que há um grande número de jovens a consumir drogas, há um padrão que tende a aumentar”, defende.

Mudanças que enganaMApesar das autoridades mostrarem que há menos casos de consumo, defen-dem também que há uma mudança comportamental.

“Nos últimos anos, os problemas ligados à droga entre os jovens de Macau têm vindo a agravar-se. Isto devido, por um lado, à mudança dos locais ha-bituais de consumo, antes consumia-se nos karaokes, discotecas, etc., agora pas-sou-se gradualmente para habitações, quartos de hotel e nalguns casos além fron-teira”, defende Lok Cheng, técnica superior do Núcleo de Acompanhamento de Menores (NAM) da divisão de Ligação entre a Polícia e a Comunidade e Relações Públicas, num artigo de opinião.

Esta mudança faz com que os dados oficiais, como diz Teresa Vong, não sejam os que realmente correspon-

dem à realidade. “Há imen-sos casos que nem sequer são identificados pela PJ, porque estão escondidos e quando olhamos para os jornais e vemos aquelas notícias de jovens consumidores, e cada vez mais casos, percebemos que o consumo está a subir e nunca a descer”, argumenta.

Augusto Nogueira, di-rector da Associação de Reabilitação de Toxico-dependentes de Macau (ARTM), assina a opinião apresentada, explicando que este esconder da realidade acontece devido a uma pres-são social.

“Claro que existe um comportamento diferente entre os jovens quanto ao consumo de droga. Os jo-vens que querem consumir drogas fazem-no mais em casa, entre os amigos, o que torna um ponto de difícil acesso para as equipas de prevenção. Mas, não nos po-demos esquecer que muitos assistentes sociais de insti-tuições de Macau estavam sistematicamente a criticar, a falar e a informar sobre os locais onde os jovens mais consumiam drogas e [com] essas coisas, é natural que a polícia actue. Hoje os jovens acabam por se esconder e optar por sítios menos fá-ceis de serem descobertos”, argumenta.

Causas e afins Famílias disfuncionais, senti-do de curiosidade e stress são alguns dos motivos defendi-dos pela técnica do NAM.

“No processo de crescimen-to, se o jovem não for capaz de encarar correctamente as vicissitudes e lidar com o stress, terá problemas psico-lógicos ou comportamentais. A maior parte deles sente-se frustrado, tem falta de auto--identidade, normalmente sente-se inferiorizado e não consegue agir com raciona-lidade, usando a droga para se afastar temporariamente da realidade ou valorizar a sua posição entre os amigos”, defende.

Para a técnica, a mudança da sociedade tem também proporcionado o aumento do consumo de drogas entre os adolescentes. “devido ao rápido desenvolvimento e às mudanças da estrutura da sociedade de Macau re-gistados nos últimos anos, há muitas famílias em que o pai e a mãe trabalham por turnos. Isto faz com que faltem oportunidades de comunicação entre pais e filhos”, argumenta.

Esta opinião é também defendida por Hui Hong Chek, chefe do Instituto de Menores da direcção dos serviços para os Assuntos de Justiça, que olhando para o passado considera que os jo-vens consumem muito mais, pela maior disponibilidade.

“As famílias estão com menos tempo, por passarem muitas horas a trabalhar e depois não percebem que os filhos estão a cair neste vício. Às vezes os jovens podem estar trancados no quarto a jogar computador, mas não estão, estão a consumir. Os pais não sabem”, diz ao HM.

Mais forMaçãoUma aposta na formação para as famílias é a medida defen-dida por Hui Hong Chek para um melhor olhar mais atento a este assunto. Por sua vez, Augusto Nogueira considera que é “necessário investir muito mais na prevenção para as famílias”.

Palestras informativas nos locais de trabalho, associações de moradores, escolas e outras instituições devem abrir as suas portas. “Em Macau devido a muitos pais trabalharem por turnos nos casinos, hotéis, os avós podem ter um papel muito importante na prevenção”, diz. Apesar disso, “nada terá resultados se os pais ape-nas manifestarem interesse quando o problema lhes bate à porta e muitas vezes, ainda assim, tentam esconder a situação”, remata.

filipa araújo (com f.f.)[email protected]

Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética

Notificação n.º 005/2015

Considerando-se a impossibilide de notificar pessoalmente, de acordo com o n.º 1 do artigo artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, o interessado da seguinte empresa comercial à qual é concedido apoio financeiro no âmbito do Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética, a mesma é notificada por edital ao abrigo do artigo 68.° e do n.º 2 do artigo 72.º do referido Código:

Nome do beneficiário N.º de registo de entrada Data de vistoriaCHAN HOK LEONG FP1003788 5 de Junho de 2014

Por motivo de ter sido verificada, durante a fiscalização feita pelo pessoal da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental à empresa comercial acima referida, a não instalação dos equipamentos objecto de apoio financeiro, proceder-se-á ao cancelamento da concessão de apoio financeiro à referida empresa, nos termos da alínea 2) do n.° 1 do artigo 17.° do Regulamento Administrativo n.° 22/2011 – Plano de Apoio Financeiro à Aquisição de Produtos e Equipamentos para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética.

Nos termos dos artigos 93.° e 94.° do Código do Procedimento Administrativo, a empresa comercial acima referida pode, no prazo de 15 dias contados a partir da data de publicação da presente notificação, apresentar justificação escrita e os eventuais comprovativos, podendo a mesma dirigir-se, durante as horas de expediente, à Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, sita na Estrada de D. Maria II, n.os 11 a 11-D, Edf. dos Correios, r/c, Macau, para consultar o respectivo processo.

22 de Abril de 2015.

O Presidente do Conselho Administrativo do FPACEVai Hoi Ieong

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7 sociedadehoje macau quarta-feira 22.4.2015

AVISO

Informa-se que se encontra publicada no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 16, II série, de 22 de Abril de 2015, e afixada na sede da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), sita na Estrada de D. Maria II, n.os 11 a 11-D, Edf. dos Correios, r/c, Macau, a lista classificativa final para o preenchimento de dois lugares de intérprete-tradutor de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de intérprete-tradutor, área de interpretação e tradução (línguas chinesa e portuguesa), do quadro de pessoal da DSPA, podendo a mesma ser consultada na página electrónica da DSPA http://www.dspa.gov.mo.

O Director, substituto,

Vai Hoi IeongAos 16 de Abril de 2015

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO N.o 12/P/15

O presidente da Co-missão Executiva do Banco Nacional Ultramarino (BNU),

Pedro Cardoso, assegura que o banco pretende abrir em 2016 uma sucursal na Ilha da Montanha. O responsável disse mesmo que já foi feito o pedido para tal às au-toridades.

“Já decorre o processo junto das autoridades de Macau e vamos iniciar em breve o processo junto das autoridades chinesas tendo

Economia BNU qUer aBrir sUcUrsal Na ilha da MoNtaNha eM 2016

a fama que vem de longeJá está feito o pedido para a abertura de uma nova sucursal do BNU na Ilha da Montanha. A ideia é abrir em 2016. O anúncio é feito no dia em que se soube que os lucros do banco português subiram

em vista a abertura da sucursal em meados de 2016”, disse Pedro Cardoso, em declarações à agência Lusa.

O mesmo responsável acres-centou que a abertura da sucursal se prende com a vontade do banco acompanhar mais de perto os seus clientes e ter uma postura mais acti-va na promoção dos negócios entre a China que pretendem negociar e os Países de Língua Portuguesa.

“É, de certa forma, participar neste projecto de Macau como plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa e, ao mesmo tempo, reforçar o leque de serviços aos nossos clientes que possuem cada vez mais ligações à China continental”, disse.

Para Pedro Cardoso, a abertura de uma sucursal abre as perspecti-vas de negócio do próprio banco até porque a economia de Macau está, também, fortemente dependente de negócios feitos na e com a China continental.

“Há portugueses na China e chineses que pretendem também

uma ponte para o exterior e para os países de língua portuguesa onde o grupo Caixa Geral de Depósitos possui uma posição de

mercado ímpar e é nesse sentido que queremos reforçar o apoio aos nossos clientes, potenciar os negócios com empresários

chineses e projectar o grupo e a nossa capacidade de prestação de serviços como um todo”, afirmou.

Lucros a subirNo objectivo de criar mais conhe-cimento e maior rede de potenciais negócios, o Grupo Caixa Geral de Depósitos organizará também em Junho deste ano em Macau um encontro interno ao mais alto nível, onde vai juntar os seus principais responsáveis nos Países de Língua Portuguesa, de Macau e na própria China para criar uma rede de contactos que “reforce o papel de ponte que o banco pode desempenhar”.

Cumpridos 113 anos de activi-dade em Macau, o BNU tem ainda agendada para este ano uma expo-sição cujo palco será a residência consular portuguesa, o antigo hotel Bela Vista, e onde estará patente o percurso do banco ao longo da sua actividade em Macau.

O BNU registou em 2014 lu-cros líquidos de 443,28 milhões de patacas, uma subida de 10,1% face ao ano anterior. Pedro Cardoso destacou que, fruto do processo de transformação profundo encetado no banco, os lucros do BNU em Macau cresceram em moeda local, ao longo dos últimos três anos, mais de 36%. LUSa/Hm

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 8 de Abril de 2015, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de Um Espectrómetro de Massa com Analisador de Tempo de Voo e Ionização/Dessorção a Laser Assistida por Matriz aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 22 de Abril de 2015, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP39,00 (trinta e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

Os concorrentes deverão comparecer no Laboratório de Saúde Pública dos Serviços de Saúde no dia 24 de Abril de 2015 às 15,00 horas para visita às instalações a remodelar a que se destina o objecto deste concurso.

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 21 de Maio de 2015.

O acto público deste concurso terá lugar no dia 22 de Maio de 2015, pelas 10,00 horas, na sala do «Museu» situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto ao C.H.C.S.J.

A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP56.000,00 (cinquenta e seis mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 17 de Abril de 2015

O Director dos Serviços

Lei Chin Ion

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8 sociedade hoje macau quarta-feira 22.4.2015

A actividade criminosa praticada por menores atingiu os níveis regis-tados na década de 90,

antes de Macau passar para a estar sob administração chinesa. É o que revelam os dados oficiais divul-gados pelo Instituto dos Menores (IM) no seu website: no quarto trimestre do ano passado, eram apenas 30 os jovens internados no IM, localizado em Coloane. Em 1997, a instituição tinha 35 jovens, contra 33 em 1998. Desde

D oIs trabalhadores do La-boratório de Engenharia Civil de Macau (LECM)

são suspeitos de corrupção activa por terem alegadamente recebido um suborno para falsificarem relatórios sobre o estado de solos. o anúncio foi ontem feito pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC).

“os dois trabalhadores do LECM terão recebido um suborno oferecido por pessoal de uma em-presa de engenharia como contra-partida pela falsificação de vários relatórios de ensaios de solos”, começa por explicar o CCAC em comunicado.

As falsificações surgiram por-que uma operadora de Jogo exigiu ao empreiteiro da obra e ao su-bempreiteiro que procedessem ao

África do Sul Governo de Macau alerta para riscos de segurança

o Gabinete de Gestão de Cri-ses do Turismo emitiu on-

tem um alerta para os residentes de Macau que pretendam viajar para a África do sul, de forma a que estes percebam eventuais riscos de segurança. o país tem visto uma recente onda de ata-ques a imigrantes chineses, onde se incluem lojistas, cujas pro-priedades foram roubadas. Dada a recente situação de segurança, o Consulado-Geral da China em Durban e o Consulado-Geral da China em Johannesburgo emitiram alertas de segurança para os cidadãos chineses e instituições chinesas para au-mentarem a sua sensibilidade de risco, tomarem iniciativa na vigilância da situação de segu-rança e evitarem deslocar-se às zonas de protestos. o GGCT assegurou que não recebeu ainda qualquer pedido de in-formação ou assistência, mas confirma que vai continuar a acompanhar o desenvolvimento da situação. “Relembramos aos residentes de Macau que pretendem viajar para a África do sul para seguirem de perto o estado de segurança, avalia-rem criteriosamente os riscos de segurança e considerarem cuidadosamente os seus planos de viagem. os residentes de Macau que se encontrem na África do sul devem ter em conta as devidas precauções de segurança de modo a salva-guardar a sua segurança pessoal e evitarem deslocar às zonas de protestos.”

InstItuto de Menores Número de iNterNados No aNo passado igual à década de 90

Crime com bolinha baixaNo último trimestre do ano passado estavam 30 jovens internados no Instituto de Menores, números semelhantes ao período antes da transferência de soberania. Há dez anos, os internados eram mais de cem. Um advogado e um deputado dizem que as políticas de prevenção são mais eficazes e que as seitas já não recrutam nas escolas

aí que os números começaram a subir, tendo atingido o pico há dez anos, com um total de 111 menores internados. A partir de 2007, data em que foi criada a lei que regula o IM, os números começaram a bai-xar, tendo atingido os valores mais baixos (28 internados) em 2013.

Quais as razões que poderão estar por detrás deste panorama? Para o advogado Pedro Leal, es-

CCAC trAbAlhAdores do leCM suspeItos de fAlsIfICAr relAtórIos de solos

A segurança do chão que pisamos acompanhamento de um incidente numa parte do pavimento junto do seu casino, ainda em construção, onde desabou uma parte da via pú-blica “uns dias depois da conclusão da obra e da reabertura daquela via ao trânsito”. A operadora pediu então aos empreiteiros a apresen-tação dos relatórios de ensaios de solos do local.

Dado que o subempreiteiro não tinha realizado qualquer ensaio neste âmbito no decorrer da obra e que a realização dos respectivos ensaios numa altura em que a obra já estava concluída implicaria a apresentação de novo requerimen-to para efeitos de encerramento ao trânsito e a escavação daquele troço de via pública, “um quadro superior, de apelido Mak, e um consultor de engenharia externo,

de apelido Tai, ambos trabalha-dores do subempreiteiro daquela obra, decidiram apresentar ao empreiteiro relatórios de ensaios de solos sem ter sido efectuada qualquer escavação daquele troço de via pública”, explica o CCAC.

Tai ofereceu a um engenheiro e a um técnico de laboratório do LECM um suborno de 40 mil pa-tacas. Os dois homens falsificaram dez relatórios de ensaios de solos, juntamente com Mak, que apresen-tou ao empreiteiro os relatórios de ensaios de solos falsificados como prova da qualidade daquele troço de via pública.

“No decorrer da investigação, há quem admita ter aceite van-tagens oferecidas por pessoal do subempreiteiro como contrapartida pela falsificação dos relatórios de

ensaios de solos em questão, sem ter procedido a qualquer recolha de amostras ou ensaio”, esclarece o CCAC.

o caso aconteceu em Maio de 2014, mas só agora foi desco-berto. os indivíduos envolvidos são suspeitos de terem praticado o crime de corrupção activa, de falsificação praticada por funcio-nário e de corrupção passiva para acto ilícito, crimes puníveis com pena de prisão até três, cinco e oito anos, respectivamente. O caso já foi encaminhado para o Ministério Público.

o CCAC diz ainda que no mesmo local que desabou surgiram novas fendas facilmente verificá-veis, menos de seis meses após a conclusão da obra do aterro e reabertura ao trânsito. J.f.

pecialista na área penal, o fim do recrutamento das seitas junto das escolas pode ser uma das explica-ções possíveis.

“A ideia que tenho é que aquela situação que havia de recrutamento de menores nas escolas por parte de seitas para a prática de crimes está diminuída, nunca mais ouvi falar disso. Começou antes de 2000 e prolongou-se naqueles anos a se-

guir à transição, mas essa situação deixou de acontecer”, disse ao HM.

Apesar de ter trabalhado apenas com três casos que envolveram menores, os quais acabaram por sair em liberdade do IM sem rein-cidência, Pedro Leal destaca um melhor trabalho das autoridades policiais, ao nível da investigação e também de prevenção.

“É sintomático, se há menos internados é porque as políticas em relação à prevenção estão a actuar bem. Não tenho dúvida nenhuma de que a actuação da polícia antes e depois de 2000 é completamente diferente. Antes de 2000 eram essen-cialmente quadros portugueses na polícia e não controlavam a situação, neste momento os quadros são chi-neses e controlam toda a situação, porque dominam a língua, sabem os âmbitos, pessoas que são radicadas em Macau há muito tempo e que conhecem o sistema. Por isso o sis-tema está a funcionar bem, não tenho dúvidas nenhumas”, acrescentou.

Economia também ajudaGabriel Tong, deputado nomeado e vice-director da Faculdade de Direito da Universidade de Macau (UM), considera que os números se devem às diferenças que a socie-dade local veio registando: pleno emprego e novo ambiente familiar.

“o ambiente familiar é diferen-te, porque as famílias começaram a ter mais condições para preparar os jovens para as escolas. os pais podem prestar mais atenção aos

filhos. Outra questão é a facilidade em encontrar trabalho, porque um jovem que não consiga continuar os estudos ou encontrar trabalho é mais favorável que entre para o mundo do crime, e há uma dimensão psi-cológica que incentiva à prática do crime”, disse, frisando que a melhor actuação da polícia “também pode ser um dos factores”.

Andreia sofia [email protected]

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9 sociedadehoje macau quarta-feira 22.4.2015

O Ministério Público (MP) afinal não acom-panha o recurso inter-posto por Paulina Alves

dos Santos face à decisão do Tribunal Judicial de Base (TJB) em absolver Raymond Tam, ex-presidente do IACM. Pelo menos no que ao repre-sentante do organismo do MP junto do Tribunal de Segunda Instância (TSI) diz respeito. O procurador--geral adjunto que acompanhou o caso no TJB acompanha a advogada e assistente no caso, mas essa concor-dância termina com o representante do MP no TSI.

O esclarecimento foi dado ao HM pelos advogados de Raymond Tam, depois de Paulina Alves dos Santos ter assegurado a este jornal que o MP não só acompanhou, como concordou com a interposição de recurso. Ainda que o delegado do MP junto da primeira instância tenha defendido o recurso, a defesa de Tam fala inclusive num parecer emitido por outro representante do MP junto do TSI, que discorda até do colega.

“O MP pode até ter acompa-nhado, mas neste caso concreto da 1ª Instância. Já o [representante] do MP que vai para a 2ª Instância já emitiu um parecer onde não dá razão”, começa por explicar Álvaro Rodrigues ao HM. “Foi emitido um parecer a 13 de Janeiro de 2015, onde vem a dizer que não há razão nem da parte do MP”, nem de Paulina Alves dos Santos, nem do tribunal que aceitou o recurso. “Dizia que ela não tinha razão e que a motivação de recurso dela são meras opiniões” e convicções próprias.

O advogado acrescenta ainda que esse parecer explica que “a decisão do TJB é intocável” e que o recurso “deve ser julgado improcedente”. Álvaro Rodrigues sublinha, contudo, que esta é “certamente a opinião do MP e que o juiz [do TSI] pode até dar seguimento ao recurso”.

O recurso interposto por Pau-lina Alves dos Santos, recorde-se,

R AyMOnD Tam, ex-presi-dente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Muni-

cipais (IACM), e os outros três responsáveis que se sentaram con-sigo no banco dos réus continuam suspensos das suas funções. Isso mesmo assegurou um porta-voz do Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça, que disse que os ex-responsáveis estão à espera da decisão do Tribunal de Segunda Instância.

Os quatro homens foram acu-sados do crime de prevaricação, por alegadamente terem atrasado a entrega de documentos sobre o

Raymond Tam dependenTe de decisão do Tsi

Processo quase enterrado

caso Raymond Tam MP já não aPoia recurso e defesa resPonde a Paulina alves dos santos

“está a manipular a opinião pública”O representante do MP junto do TSI, onde foi interposto um recurso contra a decisão que ilibou Raymond Tam, não concorda com o recurso, ao contrário do seu colega do MP na primeira instância. O esclarecimento vem dos advogados de defesa e surge devido às declarações de Paulina Alves dos Santos sobre o caso

reclamava da apreciação da prova, algo que fez com que a advogada – também assistente e queixosa no processo – referisse ao HM não ter sido afectada com a recente decisão do Tribunal de Última Instância, de que os assistentes não podem interpor recurso sobre a pena aplicada.

Álvaro Rodrigues concorda com isto – salientando que Paulina Alves dos Santos teria direito de recorrer como fez -, mas explica que a advogada foi notificada do parecer do representante do MP contra o seu recurso.

“[Paulina Alves dos Santos] teve conhecimento. Ela foi noti-ficada do parecer, tanto que até reagiu contra essa parecer, mani-festando oposição e o juiz disse in-clusive que ela não tinha direito de atacar o parecer do MP, que pugna pela não procedência do recurso”, realça Álvaro Rodrigues ao HM.

Questão temporalEm declarações ao Jornal Tribuna de Macau, Paulina Alves dos Santos referiu que o processo de recurso no TSI “poderia levar anos”, mas, tam-bém de acordo com a defesa de Tam, essa informação poderá estar errada.

“Tenho informação contrária a essa. A [situação] está em fase final, [à espera da] divulgação de decisão.

O MP já se pronunciou junto do TSI, já foi para os juízes adjuntos e estamos à espera que o tribunal agende o dia para a decisão, algo que tem a ver com a dis-ponibilidade do tribunal. não sabemos se é esta semana, se daqui a um mês, dois meses ou um ano. Mas está na fase final de apreciação e ela não pode dizer que vai demorar anos”, explica a defesa do ex-presidente do IACM,

que acrescenta que a questão foi já apreciada e que está agora na fase de elaboração do acórdão. É este acórdão que vai determinar se Raymond Tam vai ou não sentar-se de novo no banco dos réus.

Braço de ferroÁlvaro Rodrigues faz ainda questão de salientar que só vem a público falar do caso devido às declarações de Paulina Alves dos Santos, até porque não é hábito dos advogados que compõem a defesa de Tam ou dos outros três arguidos falaram aos média.

“Sempre tive o cuidado de não falar ao órgãos de comunicação social sobre o processo e sempre aconselhei os intervenientes a não o fazer. Mas agora não posso con-tinuar calado”, começa por dizer. “Ela está a manipular a opinião pública e isso é um desrespeito ao tribunal, aos advogados e aos arguidos. Em defesa dos arguidos, falamos agora, caso contrário nunca viríamos a público com estes argumentos.”

Confrontada com a situação, Paulina Alves dos Santos diz ao HM discordar do que diz a defesa, mas salienta apenas a primeira posição conhecida do MP. “O MP apoiou, concordou e acompanhou o meu recurso. As palavras são do procurador”, começa por apontar. “Quanto ao conteúdo [do parecer] do MP, não posso divulgar.”

Paulina Santos diz que o processo está a ser visto pelos juízes adjuntos e só no acórdão é que se vai saber a posição do TSI, algo também defendido por Álvaro Rodrigues. A advogada insiste, contudo, que vai ser preciso mais tempo para saber essa decisão.

“Estou a aguardar. Vai levar, pelo menos, dois ou três anos”, explica, dando como exemplo outros recursos interpostos antes, mas sobre os quais ainda não há decisão. A advogada diz ainda não querer comentar mais o assunto, uma vez que o processo decorre.

Joana [email protected]

caso das campas. Este é o caso que diz respeito à atribuição alegada-mente ilegal de dez sepulturas perpétuas no Cemitério de São Miguel Arcanjo.

Florinda Chan, ex-Secretária para a Administração e Justiça, foi ilibada das queixas contra si apresentadas de abuso de poder. Chan era também a responsável pela Câmara Municipal Provisó-ria, substituído pelo IACM.

Raymond Tam, Lei Wai nong, vice-presidente do IACM, Fong Wai Seng, Chefe do Serviços de Ambiente e Licenciamento, e ainda Sio Kuok Kun, chefe funcional

foram acusados de ajudar a manter em segredo os documentos que comprovariam essa ilegalidade, de forma a atrasar uma investigação que estaria a ser feita.

Contudo, tal como Florinda Chan, também os quatro res-ponsáveis do instituto foram absolvidos, depois de meio ano de julgamento. Tam, Lei Wai nong, Fong Wai Seng e Sio Kuok Kun foram suspensos das suas funções, mas assim continuam devido ao facto do TSI ainda não ter tomado decisão sobre o recurso apresentado por Paulina Alves dos Santos. J.F.

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10 hoje macau quarta-feira 22.4.2015eventos

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

poRTugal deFiniTivo • antónio victorino d’almeida«Em “Portugal Definitivo” voltamos a encontrar Marcelino Ban-deira, com a única diferença de que se trata agora de um homem velho. Este é o último livro da trilogia que mergulha com graça e inteligência na sociedade portuguesa, que ousa entrar nos bastidores e faz subir ao palco as verdades incómodas do nosso país. Sem hipocrisias nem cinismos.»

TubaRão 2000 • antónio victorino d’almeidaPortugal é governado pela primeira vez por uma maioria absoluta. Marcelino passa de herói do romance Coca-Cola Killer a narrador. O excêntrico em-baixador, à partida com a queda que se lhe conhece para um comportamento menos escrupuloso do que seria desejável, assiste em Tubarão 2000 a novas formas de corrupção e ao desenvolvimento de outros poderes sobre os quais não tem qualquer influência.

Cirque du Soleil vendido a ameriCanoS e ChineSeS

Os parceiros ideais

IPM Exposição de estudantes de Design na Creative Macau Os estudantes de Design do Instituto Politécnico de Macau (IPM) vão juntar-se na Creative Macau na próxima quinta-feira, dia 23 de Abril, para apresentar a exposição “Experiment = Assignment + Creativity”. A mostra inclui ilustrações, obras a três dimensões, design de livros e também design multimédia. A exposição tem lugar no espaço da Creative, no Centro Cultural de Macau, às 18h30. A entrada é livre.

o arquitecto português João Santa--Rita inaugura hoje a exposição “POST pombalino IT”, um con-junto de desenhos feitos em post-

-its e que mostram uma realidade alternativa daquilo que poderia a estrutura arquitectónica e urbana da baixa Pombalina. Esta colecção, que já foi apresentada em Lisboa mas não só, demorou apenas pouco mais de dois meses a ser feita e pretendia ter um efeito imediato no papel.

“É uma reflexão, de acordo com um arqui-tecto, sobre a cidade de Lisboa, apoiando-se naquilo que é a baixa Pombalina no passado e no presente. É a partir daí, repensar os modelos de ocupação que foram utilizados no tempo do terramoto de 1755 e naquilo que foi a he-rança da aposta na altura e imaginar como é que essas propostas poderiam ter conduzido a uma Lisboa diferente”, começou o arquitecto por explicar, em entrevista.

esPontaneidade eternizada“O post-it é uma coisa que se cola e que tem um certo carácter efémero”. Foi assim mesmo que o profissional da área do Urba-nismo optou por explicar a utilização deste material para eternizar as ideias. Inspirado nas plantas de engenheiros e arquitectos de épocas passadas, João Santa-Rita quis dar às suas ideias “para Lisboa um certo ime-

João Santa-Rita inaugura, às 18h30 de hoje,“POST pombalino IT” no Albergue SCM. A exposição engloba uma série de desenhos espalhados por três salas. Todos eles feitos em post-its, que mostram a efemeridade do espaço urbano que neste caso é Lisboa e só existe no imaginário do arquitecto

deSenho ArquItECtO JOãO SAntA-rItA APrESEntA DESEnhOS DE LISbOA EM POSt-ItS

efemeridade feita para durar

diatismo”, ou seja, a noção de pensamentos espontâneos e lançados dessa mesma forma: rapidamente.

“Quis dar a estas ideias para Lisboa um certo imediatismo e foram ideias lançadas mui-to rapidamente, num pequeno formato e que se colam e podem até ser levadas”, explicou.

João Santa-Rita é licenciado em Arqui-tectura pela Universidade Técnica de Lisboa e trabalhou em Macau de 1986 a 1988 com Manuel Vicente. Além de estar neste momento envolvido em projectos relacionados com a bai-xa da capital lusa, João Santa-Rita participou numa série de outros projectos de arquitectura, principalmente relacionados com urbanismo.

De visita ao território, explicou que a ideia de criar este conjunto de obras partiu totalmente do seu imaginário e pretende ser apenas uma reflexão sobre aquilo em que a cidade alfaci-nha se podia tornar. “É tudo centrado na baixa

O Cirque du Soleil foi vendido, por um montante não divulgado, a um consórcio dirigido pela empresa de

investimentos norte-americana TPG e que inclui o investidor chinês Fosun, anunciou ontem o grupo canadiano de espectáculo. Os novos proprietários pretendem expandir o Cirque du Soleil na China, indicou o grupo em comunicado.

A TPG detém uma participação maioritária na empresa, ao passo que o seu fundador, Guy Laliberté, conservará uma participação mino-ritária e continuará a fazer parte da direcção estratégica e artística do grupo. Apesar de os termos do negócio não terem sido divulgados, a imprensa canadiana noticiou que a TPG, que também investiu na empresa Uber e no Caesars Palace, em Las Vegas, comprou uma

participação de 60% da empresa avaliada em 1,5 mil milhões de dólares.

A Fosun Capital, que no mês passado ganhou uma guerra de licitação pela empresa de férias francesa Club Med, fica com 20%. E o Governo do Quebeque, através do seu ramo de investimentos Caisse de Depot et Placement, ficou com dez por cento da em-presa circense criada em 1984 por Laliberté.

“Depois de 30 anos a construir a marca Cirque du Soleil, encontrámos agora os parceiros ideais na TPG, na Fosun Capital e na Caisse para levar o Cirque du Soleil para a próxima etapa na sua evolução enquanto empresa fundada com a convicção de que as artes e os negócios, juntos, podem contribuir para fazer um mundo melhor”, declarou Laliberté em comunicado.

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11 eventoshoje macau quarta-feira 22.4.2015

MGM, Venetian e Beverly ganham prémio de ouro Hotel VerdeOs hotéis MGM, Venetian e Beverly Plaza foram os grandes vencedores do “Prémio Hotel Verde Macau” arrecadando o prémio de ouro. Ao seu lado, com o prémio de prata, ficaram os hotéis Galaxy, Mandarin Oriental, Hotel Guia, Waldo e Royal. No bronze ficaram os hotéis Grandview, Pousada Marina, Fu hua Guang Dong e com prémios de mérito foram reconhecidos os hotéis Hong Thai e 5 Footway. Da organização da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), o “Prémio Hotel Verde Macau” pretende incentivar a concretização das medidas de protecção ambiental pelos sectores relacionados com a indústria hoteleira, contribuindo para reduzir os custos de operações e melhorar a imagem ecológica do hotel. Até Março de 2015, um total de 32 hotéis participaram e ganharam o “Prémio Hotel Verde Macau”, equivalente a cerca de 30% do número total de hotéis em Macau, ou seja, mais de 17.300 quartos de hotel, o que representa 60% do total dos quartos de hotel em Macau.

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Desenho ARquiTecTO JOãO SANTA-RiTA APReSeNTA DeSeNHOS De LiSBOA eM POST-iTS

efemeridade feita para durar

Pombalina e das colinas que estão junto e são vários modelos idealizados para a ocupação [daquela zona]”, continuou. “Estes desenhos equacionam, de certa forma, conceitos como ‘uma habitação para todos’, mais acessibili-dade dentro da cidade e por aí fora”, explica o arquitecto luso. Questionado sobre a existência de semelhanças entre os espaços urbanos de Lisboa e Macau, Santa-Rita refere que são cidade totalmente diferentes, mas que acabam por possuir elementos de ligação. Não têm, no entanto, qualquer relação em termos de construção da paisagem dos edifícios, portos, jardins e estradas.

O desafiO que ficaCada desenho da mostra encontra-se cercado por uma moldura de vidro e é constituído por nove pequenos post-its, embora as figuras não sejam perceptíveis através de um simples e

rápido olhar. As outras duas obras têm o ta-manho de 45 post-its e todos os quadros estão disponíveis para venda.

A mostra inclui cerca de 50 desenhos de pequena dimensão e dois outros de grande formato e que mostram Lisboa de uma vista panorâmica. Patente na galeria A2 do Albergue SCM, das 15h00 às 20h00, estará aberta ao público até 20 de Maio. Para já, Santa-Rita não tem planos para criar uma exposição deste género sobre Macau, mas nada indica que tal não poderá acontecer um dia. Questionado sobre isso mesmo, o arquitecto refere que “é um desafio que fica”, pelo que se poderá ver um trabalho semelhante do autor sobre o espaço urbano do território. No fundo, sobre aquilo que Macau nunca foi porque não pode ou porque não se deixou que fosse.

Leonor sá [email protected]

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12 publicidade hoje macau quarta-feira 22.4.2015

Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética

Notificação n.º 001/2015

Considerando-se a impossibilidade de notificar pessoalmente, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, os interessados das seguintes empresas comerciais que apresentaram pedido de apoio financeiro ao Fundo para a Protecção Ambiental e Conservação Energética, as mesmas são notificadas por edital ao abrigo do artigo 68.º e do n.º 2 do artigo 72.º do mesmo Código:

Nomedo requerente

N.º de registode entrada

Montante de apoio financeiroconcedido (patacas)

SI IP MAN FP1000701 21,093.60

SAM KAI FONG FP1002835 7,645.20

NG MUI KAM FP1003741 52,728.40

Deferido pelo Conselho Administrativo do Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética (FPACE) o pedido de concessão de apoio financeiro formulado pelas empresas comerciais acima referidas, estas devem, para o efeito de concessão do mesmo e no prazo de 30 dias contados a partir da data de publicação da presente notificação, proceder à entrega da Declaração (modelo 14) e da factura relativas aos produtos e equipamentos adquiridos ou substituídos, das fotografias com características definidas no “Regulamento para a entrega de fotografias dos produtos e equipamentos adquiridos e instalados” e dos outros documentos considerados necessários, sob pena do respectivo apoio financeiro concedido ser cancelado nos termos da alínea 4) do n.º 1 do artigo 17.º do Regulamento Administrativo n.º 22/2011 – Plano de Apoio Financeiro à Aquisição de Produtos e Equipamentos para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética.

No caso das referidas empresas comerciais desistirem, no âmbito do FPACE, do apoio financeiro concedido, é-lhes aplicado o disposto no n.º 2 do artigo 7.º do Regulamento Administrativo n.º 22/2011 – Plano de Apoio Financeiro à Aquisição de Produtos e Equipamentos para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética.

Ao instalarem e utilizarem os produtos e equipamentos objecto de apoio financeiro concedido, as mesmas empresas comerciais devem obedecer à legislação local e de acordo com as orientações emitidas para o efeito, disponíveis no sítio da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental.

22 de Abril de 2015.

O Presidente do Conselho Administrativo do FPACEVai Hoi Ieong

Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética

Notificação n.º 002/2015

Considerando-se a impossibilidade de notificar pessoalmente, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, os interessados das seguintes empresas comerciais que apresentaram pedido de apoio financeiro ao Fundo para a Protecção Ambiental e Conservação Energética, as mesmas são notificadas por edital ao abrigo do artigo 68.º e do n.º 2 do artigo 72.º do mesmo Código:

Nome do requerente N.º de registo de entrada

CHAN HANG NGAI FP1001636

CENTIMETER CONSULTADORIA DE DESIGN LDA. FP1000941

CHIO KA MAN FP1003515

KOK PAK SANG FP1001818

O Conselho Administrativo do FPACE concorda com os pedidos de desistência de apoio financeiro apresentados pelas empresas comerciais acima referidas, cancelando assim a concessão de apoio financeiro às mesmas.

22 de Abril de 2015.

O Presidente do Conselho Administrativo do FPACEVai Hoi Ieong

Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação EnergéticaNotificação n.º 003/2015

Considerando-se a impossibilidade de notificar pessoalmente, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, os interessados das seguintes empresas comerciais que apresentaram pedido de apoio financeiro ao Fundo para a Protecção Ambiental e Conservação Energética, as mesmas são notificadas por edital ao abrigo do artigo 68.º e do n.º 2 do artigo 72.º do mesmo Código:

Nome do requerente N.º de registo de entrada

WHITE HORSE STREET LDA. FP1001185CHEONG IAN CHO FP1002545

Devido à não entrega, decorrido o prazo de 30 dias após a recepção da notificação sobre o resultado do pedido, pelas empresas comerciais acima referidas, da declaração e da factura relativas aos produtos e equipamentos adquiridos ou substituídos, do documento descritivo ou informações sobre os produtos e equipamentos e de outros documentos considerados necessários, proceder-se-á ao cancelamento da concessão de apoio financeiro às mesmas, nos termos da alínea 4) do n.º 1 do artigo 17.º do Regulamento Administrativo n.º 22/2011 – Plano de Apoio Financeiro à Aquisição de Produtos e Equipamentos para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética.

De acordo com o disposto nos artigos 93.º e 94.° do Código do Procedimento Administrativo, as empresas comerciais acima referidas podem, no prazo de 15 dias contados a partir da data de publicação da presente notificação, apresentar justificação escrita e os eventuais comprovativos, podendo as mesmas dirigir-se para o efeito, durante o horário de expediente, à Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, sita na Estrada de D. Maria II, n.os 11 a 11-D, Edf. dos Correios, Macau, para consultarem os respectivos processos.

22 de Abril de 2015.

O Presidente do Conselho Administrativo do FPACEVai Hoi Ieong

Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação EnergéticaNotificação n.º 004/2015

Considerando-se a impossibilidade de notificar pessoalmente, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, os interessados das seguintes empresas comerciais que apresentaram pedido de apoio financeiro ao Fundo para a Protecção Ambiental e Conservação Energética, as mesmas são notificadas por edital ao abrigo do artigo 68.º e do n.º 2 do artigo 72.º do mesmo Código:

Nome do requerente N.º de registo de entrada

GESTÃO E AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO INTERNACIONAL DE

MACAU PRUDENT, LDA.FP1001041

LAI MEII FP0003753

Devido à não entrega, decorrido o prazo de 30 dias após a recepção da notificação sobre o resultado do pedido, pelas empresas comerciais acima referidas, da declaração e da factura relativas aos produtos e equipamentos adquiridos ou substituídos, do documento descritivo ou informações sobre os produtos e equipamentos e de outros documentos considerados necessários, bem como devido à não apresentação de nenhuma justificação pela mesma, é cancelada a concessão de apoio financeiro às respectivas empresas, nos termos da alínea 4) do n.º 1 do artigo 17.º do Regulamento Administrativo n.º 22/2011 – Plano de Apoio Financeiro à Aquisição de Produtos e Equipamentos para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética.

Relativamente à decisão do Conselho Administrativo do FPACE, as empresas comerciais acima referidas podem, ao abrigo do disposto nos artigos 145.º, 148.º e 149.° do Código do Procedimento Administrativo e no prazo de 15 dias contados a partir da data de publicação da presente notificação, apresentar reclamação ao Conselho Administrativo do FPACE e / ou, ao abrigo do artigo 25.º do Código do Procedimento Administrativo Contencioso e no prazo de 30 dias contados a partir da data de publicação da mesma notificação, interpor recurso contencioso ao Tribunal Administrativo da RAEM.

22 de Abril de 2015.

O Presidente do Conselho Administrativo do FPACEVai Hoi Ieong

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13chinahoje macau quarta-feira 22.4.2015

Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética

Notificação n.º 002/2015

Considerando-se a impossibilidade de notificar pessoalmente, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, os interessados das seguintes empresas comerciais que apresentaram pedido de apoio financeiro ao Fundo para a Protecção Ambiental e Conservação Energética, as mesmas são notificadas por edital ao abrigo do artigo 68.º e do n.º 2 do artigo 72.º do mesmo Código:

Nome do requerente N.º de registo de entrada

CHAN HANG NGAI FP1001636

CENTIMETER CONSULTADORIA DE DESIGN LDA. FP1000941

CHIO KA MAN FP1003515

KOK PAK SANG FP1001818

O Conselho Administrativo do FPACE concorda com os pedidos de desistência de apoio financeiro apresentados pelas empresas comerciais acima referidas, cancelando assim a concessão de apoio financeiro às mesmas.

22 de Abril de 2015.

O Presidente do Conselho Administrativo do FPACEVai Hoi Ieong

O s níveis de poluição em algumas grandes cidades chinesas caíram cerca de um terço no primeiro trimestre de 2015, mas o fenó-

meno continua a ser “uma grande ameaça à saúde pública”, disse hoje a organização ambientalista internacional Greenpeace.

Em Pequim, a densidade de PM 2.5 - as partículas mais pequenas e suscetíveis de se infiltrarem nos pulmões - diminuiu 13% e na vizinha província de Hebei, considerada a principal responsável pela elevada poluição na capital chinesa, registaram-se descidas de 31%, precisa um comunicado da Greenpeace.

segundo a mesma fonte, entre 74 cidades cuja qualidade do ar é diariamente monito-rizada pelas autoridades, houve algumas em que o nível de poluição chegou a cair 48% nos primeiros três meses deste ano.

Um responsável da Greenpeace para a Ásia Oriental, Zhang Kai, atribuiu a me-lhoria às “drásticas medidas” tomadas pelo governo chinês.

só em Pequim, foram encerradas duas centrais elétricas a carvão.

Mas “apesar das modestas melhorias” em cidades como Pequim, “os dados des-crevem um panorama sombrio”, considera a Greenpeace.

“Para a nossa saúde e a dos nossos filhos, é essencial que recuperemos o nosso céu

A página Internet Portu-gal Economy Probe, que disponibiliza, gra-

tuitamente, informação sobre a economia portuguesa, pode ser a partir de ontem lida em mandarim e pretende “melho-rar a qualidade das decisões” de investimentos, quer em Lisboa quer em Pequim.

“A China está a olhar para a Europa e Portugal está a ser uma porta de entrada do in-vestimento chinês na Europa. Esta forma de dar informação é um contributo muito impor-tante para se poderem tomar decisões informadas, capazes, e para melhorar a qualidade das decisões”, declarou à agência

A China abre na terça-feira três novas zonas francas comer-

ciais, seguindo o modelo de Xangai lançado há menos de dois anos que, no entanto, não conseguiu cumprir com as expectativas cria-das, informa nesta segunda-feira a imprensa estatal.

Estas novas zonas ficarão nas províncias de Guangdong e de Fujian, assim como na megalópole portuária de Tianjin, perto de Pe-quim, segundo o Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista da China. Cada zona cobre uma superfície de 120 km2.

Estas áreas, destinadas a esti-mular os intercâmbios comerciais no país, buscam reproduzir a experiência de Xangai, cuja zona franca foi inaugurada em setembro de 2013 como uma espécie de la-boratório das reformas económicas e financeiras chinesas.

Mas as empresas estrangeiras não esconderam uma certa decep-ção com o projecto, alegando que a zona não possui muita visibilidade e que ainda há muitos sectores com a entrada vetada no espaço, apesar de muitas empresas terem se instalado sem a necessidade de contar com um sócio chinês, como acontece no resto do país.

Aço Desaceleraçãona China provocaqueda na procuraO uso global de aço deve crescer a um ritmo levemente menor neste ano devido à desaceleração na China, embora em outros países a procura esteja a melhorar e as perspectivas para 2016 pareçam melhores, disse a associação que representa o sector, a Worldsteel, nesta segunda-feira. “Vejo sinais cada vez mais positivos de economias desenvolvidas, especialmente na zona do euro. No mundo em desenvolvimento, vemos optimismo maior com a Índia e crescimento nos países do Médio Oriente e Norte de África e da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean)”, disse Hans Jurgen Kerkhoff, presidente do comité económico da entidade. “Embora estes desdobramentos não sejam suficientes para compensar a desaceleração da China, esperamos ver perspectivas de crescimento que gradualmente melhorem para além de 2016”.

BMW reduzprodução e preços A BMW baixou os preços de alguns modelos e reduzirá a produção na China para evitar o acumulação de carros. Esse é mais um sinal da desaceleração da economia chinesa e mostra ainda que a procura por modelos de luxo no maior mercado automóvel do mundo está em queda. A BMW reduziu a produção no país para diminuir o “stock” dos seus distribuidores, disse Karsten Engel, director da BMW na China, que preferiu não dar detalhes. Segundo ele, a empresa fará um novo corte na produção no segundo trimestre. A empresa alemã está a ajustar-se a “uma espécie de tendência decrescente”, disse Engel, em entrevista nesta segunda-feira no Salão do Automóvel de Xangai. “Este é o novo normal e temos que aceitar e nos adaptar a isso”, sublinhou. Os fabricantes de veículos estrangeiros, incluindo a Ford e a Volkswagen, reduziram os preços até 10% nas últimas semanas e o crescimento das marcas internacionais diminuiu para próximo de zero, segundo a Sanford C. Bernstein Co.

Arqueólogos descobrem43 ovos de dinossauro Um grupo de arqueólogos encontrou 43 ovos de dinossauro fossilizados, que estavam enterrados numa zona em obras em Heyuan, cidade da província de Cantão, no sul da China, informou, na noite de segunda-feira, a Xinhua. Segundo a agência oficial chinesa, desconhece-se, porém, de momento, a que espécie de dinossauro pertence os ovos encontrados, levados para o museu arqueológico local para serem examinados e colocados sob melhores condições de conservação. Dezanove dos 43 ovos encontrados estão intactos, segundo a Xinhua. Com a nova descoberta, Heyuan reafirma-se como um destacado depósito de ovos de dinossauro, já que desde 1996 foram desenterrados na cidade mais de 17.000. Foi naquela cidade chinesa que foi feita, em 2005, maior descoberta até ao momento deste tipo de fósseis: mais de 10.000 unidades.

China abre três zonas francas comerciais

Portal sobre economia Portuguesa em mandarim

De Lisboa com amorLusa o coordenador da página, Miguel Athayde Marques.

O Museu do Oriente, em Lisboa, recebe na terça-feira o evento de lançamento da versão chinesa do portal, cerimónia que contará com as presenças do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, do embaixador em Portugal da República Po-pular da China, Huang songfu, e de empresários como Eduardo Catroga (EDP) ou Rodrigo Costa (REN).

A nova versão do Portugal Economy Probe, diz o seu coordenador, “serve utiliza-dores chineses, mas também irá beneficiar as instituições portuguesas e as empresas

portuguesas que se relacionam com a China”.

A página, prosseguiu Mi-guel Athayde Marques, “vai aumentar a notoriedade de Portugal junto dos operadores chineses”.

Uma série de instituições ligadas à sociedade civil lan-çaram há cerca de dois anos o portal Portugal Economy Probe, que promove a imagem de Portugal no exterior ao nível da realidade económica, um projecto liderado pelo ex--presidente da Euronext Lisboa, Miguel Athayde Marques.

O Portugal Economy Probe (www.peprobe.com) foi pensa-do para decisores económicos e políticos e tem por objectivo “prestar um serviço ao país naquilo que é a capacidade” de se transmitir a realidade da economia portuguesa, vincou Miguel Athayde Marques.

A página é actualizada dia-riamente, disponibilizando gra-tuitamente informação sobre a economia portuguesa, o seu sistema financeiro e sectores de actividade.

greenPeace POlUiçãO DiMiNUiU NO PriMEirO triMEStrE DO ANO

combate ao “arpocalipse”

azul (...) A melhor solução a longo prazo é conseguir uma transição do carvão para as energias limpas e renováveis”, defende a organização.

Em 2013, quando os níveis de poluição em Pequim deram origem à palavra “arpo-

calipse”, o novo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, prometeu “declarar guerra à poluição”. A poluição é uma das maiores fontes de insatisfação popular na China, a par da corrupção e das crescentes desigualdades sociais.

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14 hoje macau quarta-feira 22.4.2015

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A lgumAs pessoas atentas come-çam agora a descobrir o sentido de determinados acontecimentos ocorridos há cinquenta anos. Certa

gíria chama a isto perspectiva histórica. É bem de ver que não se pode considerar numerosa a gente que, decorridos cinquenta anos, já pos-sui uma perspectiva histórica. um clima espi-ritualmente desfavorável, empenhamentos que afastam a objectividade, sem contar que meio século pouco significa para uma correcção pe-dagógica da estupidez – tudo isto, digo, não tem permitido tornar-se mais geral o entendi-mento da lição revolucionária que nos legou a geração de Fernando Pessoa.

A ambiguidade de uma geração é algo que nasce não dela mesma, como entidade criadora, mas da resistência oferecida pelos seus elemen-tos estáticos. A decifração de um tempo, isto é, a solução da sua ambiguidade, realiza-se mercê dos elementos criativos do tempo seguinte, ac-ção esta que é nada mais nada menos do que a consecução da perspectiva histórica. O comum das pessoas não possui mais do que a aceitação (induzida) das significações. Elas aceitam, por espírito de convenção, o que a história garantiu. A seu respeito não se deve falar, por conseguin-te, em conseguimento de uma perspectiva. A compreensão da massa é sempre formal, jamais atingindo a intimidade das forças que tornaram revolucionário certo momento.

mas nem sempre, considerando mesmo que só as élites intelectuais participam do progresso no conhecimento e da decifração das suas ci-fras de base, nem sempre essas próprias élites se movem na direcção propícia à captação dos valores inovados pela geração anterior.

Isto mesmo se constata através da leitura de um belo ensaio que Eduardo lourenço publicou há dois anos, numa revista brasileira, sobre o que ele certeiramente denomina acontra-revolução da Presença. Tomando como representante por-tuguês do espírito moderno europeu o grupo de Pessoa e pondo-o em jogo com a geração seguinte, essa que aparentemente se filiava no mesmo impulso inovador – Eduardo lourenço apresenta de modo indiscutível o equívoco de uma perspectiva histórica que os presencistas supunham e afirmavam possuir. Contudo, a Pre-sença  era provinciana, académica de certa ma-neira, anti-revolucionária com certeza. Assim, não é difícil verificar-se que a geração posterior ao Orpheu, em vez de criar a atmosfera propícia ao desenvolvimento dos princípios revolucioná-rios contidos nele, veio atrasar de muitos anos a frutificação do exemplo.

mas nós somos um povo infeliz, já que, logo após o provincianismo presencista, surgiu oNovo Cancioneiro. Aliava este, à reacção presen-cista, um humanitarismo sentimental assente num complexo de culpa pequeno-burguês, que menos ainda o inclinava para a compreensão do profundo revolucionarismo orfeico. Deste modo se foi relegando para um futuro que nos deseuropeizava a recuperação de uma moder-nidade viva.

Como mobilizador de consciências, o sur-realismo, tardiamente aparecido em Portugal, não pôde solucionar o nosso atraso. À parte o valor pessoal, e até o valor da sua consciência

Herberto HelderIn Documenta PoetIca

Relance sobRe a Poesia de edmundo de bettencouRt

revolucionária, os nomes de mário Cesariny e António maria lisboa não agem visivelmente sobre a neutra paisagem da nossa poesia. E onde isso lhes não foi possível, é a história comple-xa de toda uma situação mental ainda presente. Razões terríveis deslocaram para uma acção sus-peita como valor revolucionário aquelas forças pelas quais se poderia ter tornado espiritualmen-te europeia a nossa mentalidade.

O neo-realismo, vinculando a literatura a uma acção virtualmente transformadora, mas que os homens não souberam exercer no devi-do plano prático, criou apenas uma curiosaalie-nação (termo que lhe é excessivamente grato), um cómodo processo de fuga. Para utilizar uma expressão dos domínios da psicanálise, os neo--realistas portugueses realizaram um  transfert. Transferiram para má literatura o que deveria ter sido uma boa acção social. Creio que, as-sim, pacificaram a sua perturbada consciência de pequeno-burgueses e imaginaram ter refor-mado o gosto, a sensibilidade e a imaginação. A verdade, contudo, é que não conseguiram acordar uma consciência de classe nas cama-das populares (e, se não era esta a sua tarefa como força de intervenção social, qual seria ela então?). mas vejamos: as camadas popula-res não liam. Nesse caso, para quem escreviam os neo-realistas? Ninguém soube criar, a este respeito, responsabilidades morais tão gran-des. O paradoxo da sua acção literário-social é evidente. Por outro lado, tão-pouco realiza-ram, nas camadas intelectualmente interessa-das, aquele convite à revisão de valores que é o primeiro sinal, no domínio da cultura, de uma proposta inovadora.

Aliás, parece existir algo de centralmente errado no realismo socialista, dado que não se produziu, em nenhum país do mundo, uma única obra superior inspirada pela doutrina. será esse erro a recusa de uma dimensão me-tafísica? maiakovski? Quem poderá resistir a citar estes dois períodos de sophie laffitte? – «Dépassant la foule, de toute la puissance de son génie, maiakovski subit le sort tragique de tout artiste qui renie sa nature profonde. Acculé à un impasse, il ne lui restait plus qu’à sortir de ce monde qu’il avait voulu recréer, plier à son orgueilleuse vision.» E, em todo o caso, a visão de maiakovski vinha carregada do poder místico da tradição espiritual russa. Era uma visão. mas hoje, utilizando embora o que nas circunstâncias seria uma ilegítima herança metafísica, quem poderia transformar em mito heróico o que é muitas vezes decepcionante experiência político-social?

Existe agora a obsessão do que se costu-ma denominar  testemunho social. Quando um Homero explora o princípio do heroísmo e o valor apaixonado do acto humano, ou quan-do um shakespeare levanta a problemática da razão envolvida pela paixão, ou ainda quando um goethe caminha do direito à experiência total para o dever de uma ordem superior à paixão indiscriminada – não englobam a afir-mação de uma urgência de definido testemu-nho do seu acto como correspondendo a uma vivência geral do tempo. Então, acreditava-se no indivíduo, crença que certa filosofia ou cer-ta pragmática não haviam posto em dúvida.

Homero, shakespeare e goethe simboliza-vam, no plano individual da criação, uma ex-periência humana.

mas hoje deslocou-se a capacidade cria-dora do indivíduo para a comunidade, crendo que o indivíduo é apenas uma flexão do poder criador dela. Talvez pareça dignificar-se assim o indivíduo, por um lado, concedendo carácter universal ao seu acto; e, por outro, a sociedade, dando-lhe qualidade essencialmente criativa. mas algo de vital se perdeu nesta operação – e essa perda, mal-grado as apressadas e solícitas correcções posteriores, deu origem a um dos maiores equívocos da arte contemporânea.

maiakovski instalou-se no ponto crucial desse equívoco. O seu princípio da  encomenda social da obra de arte ilustra sobretudo a terrí-vel obediência do artista à instituição, partin-do da ideia (por demonstrar) que a instituição contém em si os poderes originais da criação e os poderes criadores da originalidade. se a instituição fosse, por definição, uma categoria revolucionária, é evidente que tudo estaria cer-to, mas a verdade é que ela representa o orde-namento congelado do impulso revolucionário

que lhe deu origem. só a instituição como elemento permanentemente revolucionário – o que é contradição nos termos – serviria a permanente afirmação revolucionária que é o acto de criar. mas o movimento é qualidade da imaginação, quer dizer, atributo da individuali-dade – ao contrário da fixação institucional, da ordem, que é qualidade da razão, quer dizer, atributo da comunidade. É a esta individualida-de que se recorre para ultrapassar o estatismo da instituição. Revolucionar equivale a imagi-nar, a ser individual. Revolucionar é destruir a instituição. O artista deve, por conseguinte, opor-se, em sentido dinâmico, àencomenda social.

maiakovski pagou caro a convicção de que a sociedade lhe pedia alguma coisa à al-tura do seu génio. O seu suicídio talvez sirva para garantir a visão súbita da contradição en-tre um destino de grande artista e um destino de homem social activo. Aliás, a decisão que tomou, no período imediatamente posterior à revolução, de abandonar a política em favor da actividade artística, partiria da ideia de uma incompatibilidade básica de duas tendências. será excessivo afirmar que a actividade artísti-

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 22.4.2015

ca (o primado da imaginação, o direito de não aceitar os limites sociais, o carácter metafísico do acto criador) é, no fundo, anti-social, se concebermos a sociedade moderna como um espaço que se organiza em nome da ordem e da felicidade a certos níveis, contra os perigos da imaginação, do desejo e da metafísica?

Na realidade, o problema reduz-se ao cho-que entre dois grandes valores morais – a aven-tura e a ordem. Simplesmente, cada um destes princípios ganhou agora enorme poder e vastas implicações. A aventura é mais do que nunca intransigente afirmação individual e, sem dú-vida, um acto radical no plano revolucionário. A assumir-se politicamente, só vejo que um ar-tista possa ser anarquista – anarquista vitalício.

Simples confusão de interesses morais é o que está, por conseguinte, na raiz da adesão de um artista a tudo o que não seja o que Sophie Laffitte chama «sa nature profonde». Ética social e ética artística, quando confundidas, renovam perigosamente aquela atitude esco-lástica contra a qual o espírito moderno, desde a Renascença, se vem rebelando. O esforço da modernidade parece-me ser precisamente esse: libertar o espírito de qualquer moralismo. E lembremo-nos: na base do realismo socialis-ta existe um ríspido rigorismo moral capaz de, em muitos aspectos, avizinhá-lo da velha lite-ratura de edificação e exemplo que alimentou as boas intenções de vários séculos da cultura cristã ocidental.

Nós somos um povo seriamente contami-nado de moralismo, por um lado, e de esclava-gismo sócio-político, por outro. Nada melhor para a criação de um mito optimista moralizan-te, de benefício popular. Se isso pode inspirar uma realização, o caso é que o nível do assunto não deve ser decerto o da ética artística. Ques-tões destas resolvem-se noutras dependências da acção humana.

Depois, pensar que o acontecimento esté-tico possui as mesmas leis que o acontecimento social, ou mesmo vital, é ignorar um ponto bá-sico. A ser assim, não se compreenderia que o psiquismo humano tivesse necessidade de criar uma situação de vivência da mesma natureza de outras já existentes. Se o homem cria uma vida nova, é porque o seu espírito exige novas leis. O homem escreve um poema para se opor à vida e ao mundo, para negar o poder dos ho-mens e libertar aquele «daemon» interior que, ao mesmo tempo que indica uma tensão cria-dora, manifesta igual tensão destruidora. E não se trata aqui sequer de considerar a liberdade individual do artista, mas de ser justo e inteli-gente para com o espírito humano.

*

Se parecerem demasiado longas ou um pouco inoportunas estas generalidades, considere-se que procuram caracterizar, do meu ponto de vista, a época em que decorreu a lenta e du-radoura actividade poética de Edmundo de Bettencourt. É certo que tal época assume, nas circunstâncias, valor negativo e serve só, por contraste, para indicar a personalidade inde-pendente do poeta.

Escapando aos lugares-comuns de um tem-po – tão poderosos e, aparentemente, tãoirrevo-gáveis –, o autor de Rede Invisível assumiu, toda a vida, um silencioso desafio (e silencioso porque Bettencourt sempre fugiu à publicação) que, se significa a recusa de uma vida literária, mostra também discreta mas convicta desaprovação quanto ao papel que se vinha exigindo à poe-sia. Apraz-me salientar este significado moral de um silêncio de trinta e três anos. A decisão de se manter intacto dentro da sua própria aventura teria principiado já na época presen-cista, quando Bettencourt rompe com a revista e, ao mesmo tempo, não aparece na direcção da dissidente Sinal. Daí em diante haveria a po-sição solitária, a concepção da individualidade sistemática que se afirmaria pelo incómodo e fecundo repúdio dos grupos. Tal projecto vai

custar-lhe algum esquecimento, pela parte do público e confrades, e a realização retirada de uma poesia extremamente pessoal e pouco referenciável às propostas das várias gerações que se irão sucedendo.

Assim, logo após a publicação de  O Mo-mento e a Legenda, onde aparecem ainda alguns exemplos quase típicos de poesia presencista, o poeta começa a escrever os primeiros trechos de uma lírica que, alguns anos mais tarde, atin-giria o completo desenvolvimento no conjun-to Poemas Surdos.

De que é que primeiramente se desembara-ça o poeta? Quanto a mim, ele desembaraça-se de dois grandes fardos. Primeiro: do narrati-vismo presencista, tão evidente sobretudo em Régio e Torga. Se é certo que, por vezes, o dis-curso ainda apareça depois nalgumas compo-sições, será elaborado agora de outra maneira. Terá sentido mais moderno, quer por nele se deslocarem subjacentemente várias correntes que se interceptam, quer por os seus nexos se-rem mais de sugestão que de narração. O dis-curso ganha uma polivalência de movimentos e significações que não possuía antes, dirigido como estava à apresentação de um tema e de um significado. É fácil estabelecer o elucidati-vo cotejo entre, por exemplo, Noite Ferida e As Meninas Velhas, no último dos quais a emoção é fornecida como que lateralmente e o signifi-cado profundo aparece para além das palavras, num momento posterior, deduzido do subtil contraponto entre duas emoções que as arcai-cas e tranquilas tias e o mar de onde o poeta regressa tendem a personificar.

Assim, parece-me que a primeira decisiva conquista de Bettencourt, com referência à modernidade e à sua própria originalidade, sur-ge na nova concepção do discurso.

O segundo passo é talvez ainda mais im-portante. Poderei chamá-lo, para simplificar (embora tal simplificação comporte riscos), o encontro com a imagem. A imagem (e tome--se o termo com o sentido que uma moderna nomenclatura lhe possa dar) conduzirá o poeta aos domínios da analogia, isto é, a uma nova noção das relações entre os elementos do real. Digo: concepção nova da realidade, consciên-cia de inéditas dimensões dela. Pela aproxi-mação agora possível entre as distâncias do real, pela capacidade de fusão de antinomias, a poesia de Bettencourt torna-se mais profun-da, complexa e densa. O tema desaparece, ou fragmenta-se, ou somente se insinua, ambíguo ou pré-textual, apenas.

Hipotéticos encontros com o imagismo anglo-americano e o surrealismo francês, a li-ção rimbaldiana difusa na poesia europeia, te-riam auxiliado o poeta na conquista destoutra dimensão da realidade. De qualquer modo, ela apresenta-se inteiramente pessoal.

Não é sem comoção que lemos os Poemas Surdos, lugar onde desemboca a terrível e liber-tadora aventura do poeta. Quando pensamos que esses textos foram escritos num tempo em que imperava a estética presencista e começava a instalar-se o dogma neo-realista, não pode-mos deixar de sentir um estremecimento. Estes poemas são, ao lado de algumas composições de António de Navarro e Vitorino Nemésio, a quase única reconfortante liberdade da poesia portuguesa, antes do aparecimento de Mário Cesariny e António Maria Lisboa. Mas Antó-nio de Navarro é prejudicado por falta de aten-ção e excessiva confiança no acaso, enquanto Nemésio se prejudica a si mesmo pelas quali-dades opostas.

Sabemos que Bettencourt, durante o perío-do, ou parte dele, em que escreveu tais poe-mas, viveu em circunstâncias especiais que não é lícito revelar, nem publicamente interessam. Basta anotar que esses textos nasceram de uma sobrecarga de emoção e imaginação que, nor-malmente, não é possível ou provável alguém possuir. Evidentemente que o caminho para eles fora iniciado já antes, nos tempos da Pre-sença, mas podemos aceitar que circunstâncias

especiais apressaram o seu aparecimento e lhes deram mesmo fisionomia própria.

Não sei o que melhor defina as composi-ções deste período. O insólito das imagens e metáforas, o clima sufocante, a obliquidade da emoção, a medida onírica, o delírio gelado e nocturno – são aspectos seus menores ou for-tuitos. Suponho que assentam, precisamente, na ideia de que a poesia não se propõe criar uma realidade poética a partir da realidade co-mum, mas criar uma realidade independente que se baste a si mesma e seja, ela própria, uma finalidade. A noção do poema como uma vida, organismo com leis específicas e realidade au-tónoma, é possivelmente a mais revolucioná-ria proposta da lírica moderna. Ideia assente em Rimbaud, embora parcelar e timidamente crescida ao longo de muito tempo, determi-na o grande salto da poesia contemporânea, libertando-a de certo servilismo em relação aos quadros vitais e à experiência humana. Que a verdade está na imaginação não seria desco-berta nenhuma, mas procurar que a própria imaginação deixe de contar com a  tradição da realidade  para a conquista de uma verdadeira vida e que (sobretudo isso) a imaginação encar-regue o poema de realizar o acto de um corte decisivo com os princípios do humanismo e da experiência histórica do sentimento, da ética e da cultura – é algo de soberbamente arrojado.

Oportuno citar o que sobre o assunto diz Hugo Friedrich que, mal-grado a sua simpatia pelas tradições humanísticas, seu gosto clássico e respeito pela concepção de linguagem como instrumento servidor de uma organização his-toricamente coerente do espírito – indica, com objectividade, o que foi o grande acto revolu-cionador da poesia moderna.

«A partir de Rimbaud, o crítico vê-se obri-gado a recorrer heuristicamente à realidade como termo de comparação, já que só assim poderá apreciar até que ponto esta realidade foi destruída, assim como com quanta violência se rompeu com o antigo estilo metafórico.» […] «Visto que esta (a realidade) é percebida como insuficiente perante a transcendência, a paixão pela transcendência converte-se em destruição cega da realidade. A realidade destruída cons-titui agora o signo caótico da insuficiência do real em geral, assim como da inacessibilidade do desconhecido. Eis o que se pode chamar adialéctica da modernidade.»

Friedrich fala depois na afirmação de Bau-delaire de que «o acto inicial da imaginação é uma decomposição». O ensaísta germânico subli-nha que, nesta decomposição, se inclui, já em Bau-delaire, a deformação‚ princípio que «em Rimbaud se converte no processo efectivo da poesia».

Utilizando as suas insuperáveis (insuperá-veis num homem tão universitariamente forma-do) noções de realidade, Hugo Friedrich ob-serva: «Na medida em que se pode dizer exis-tir, contudo, realidade (ou que podemos medir heuristicamente o poema tomando a realidade como critério), esta é objecto de dilatação, de-composição, tensões de contraste, até ao ponto de se tornar uma forma à beira do irreal.» De-pois, o ensaísta chama-lhe «irrealidade sensí-vel», na impossibilidade (dele) de saltar sobre os princípios tradicionais das relações entre a

poesia e a realidade fornecidas pela cultura e vivência histórica.

Friedrich – inteligente, douto e conscien-cioso espírito humanista – não se livra de ficar abrangido naquela impiedosa frase de Pierre Reverdy: «Tem-se mais o hábito da vida do que da arte. Apresentar uma obra que se eleva acima desta aparência é exigir uma formidável mudança de hábito.» Com efeito. «A realida-de», diz ainda o poeta francês, «não motiva a obra de arte.»

É evidente que as palavras utilizadas por um poeta carregam aquele valor  real  da de-signação e referência – do mesmo modo que o poeta maneja parcelas de uma experiência emocional e mental referidas aos quadros ge-rais da vivência humana. Contudo, o objecto a que a experiência e as palavras se dirigem já nada tem a ver com a realidade e a lingua-gem da história. Há uma nova realidade. É o poema. Assim é que se pode dizer possuir o poema existência tão própria, independente e suficiente como um corpo. As suas leis são as de uma nova realidade – a realidade do poema.

Parece-me que, neste aspecto, Edmundo de Bettencourt logra não só conseguir alguns poemas onde esta existência se releva das es-truturas circundantes de tempo e espaço, isto é, da cultura e quotidiano – mas assume uma atitude sistemática de agente da realidade do poema. Nomes como os de Camilo Pessanha, Ângelo de Lima, Sá-Carneiro e Fernando Pes-soa servirão para indicar o que uma posição de modernidade atingira já antes entre nós. Mas qualquer deles não descobriu a tempo, ou não descobriu bem, ou descobriu tantas coisas que não podia ter descoberto tudo – não somente que «a poesia é o real absoluto» do romantis-mo alemão, mas que é um absoluto real e que o poema é arealidade desse absoluto.

Chamar imagistas ou surrealistas aos textos do Bettencourt desta altura parece-me pouco louvável esforço de enquadramento, próprio só de gente a quem incomoda que o acto pessoal não seja reportável a linhas estabelecidas.

Eles distinguem-se do imagismo pela falta de propósito em criar uma imagem como reali-dade final de um movimento psicológico, além de a imagem possuir em Bettencourt valor me-nos representativo do que dinâmico. Não sei em que se distinguem do surrealismo, se con-cebermos que a Bettencourt não falta confiança nos poderes activos da imaginação, nem força para ultrapassar todas as antinomias, sobre cujo movimento alternado se estabeleceu o conhe-cimento tradicional. Mas quando se fala em surrealismo, apesar de ele haver precisamente procurado aniquilar a literatura como propósi-to, pensa-se num típico estilo literário datado de mil novecentos e vinte e tal, trinta e tal, França. Assim, não há vestígios no nosso poe-ta de lição surrealista. Mas há propósitos sur-reais, ou pontos de chegada que se avizinham de uma consciência de surrealidade, como os há em Ângelo de Lima, Sá-Carneiro e Pessoa – e os houve em Saint-Pol-Roux, Reverdy ou Perse. Surrealismo é uma incómoda designação escolar que os surrealistas nos forneceram. Não será surrealista (despido o termo do equívoco geracional) todo aquele que transpôs a noção tradicional de realidade, essa mesma a partir da qual Hugo Friedrich se horroriza de Rimbaud, o irrealista, o corruptor da realidade? Nesse sen-tido, Bettencourt, poeta moderno, é surrealista. Surrealistas, decorrentemente, a sua vocação de liberdade, o conhecimento de um lugar real superior onde se dá a unidade do espírito, a confiança na imaginação como agente recu-perador de um mundo que a cultura atraiçoou.

Poemas como Ar Livre, Nocturno Fundo, Noite Vazia, Vigília, Atmosferas, Abrigo, Circunstância são, porventura, os mais altos exemplos desta fase, aqueles em que melhor se atesta o esforço para realizar um espaço poemático completamen-te coerente na sua estrutura e respondendo à

Chamar imagistas ou surrealistas aos textos do BettenCourt desta altura pareCe-me pouCo louvável esforço de enquadramento

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16 hoje macau quarta-feira 22.4.2015h

necessidade da imaginação de criar uma vida eficaz para superar a vida sem coerência, sem unidade, sem surpresa, sem plenitude, do cha-mado real quotidiano. Estes objectos terríveis, respirando na sombra, organizados como cor-pos que tivessem abolido barreiras da ordena-ção biológica, no entanto corpos organizados – apelam para a exaltação de certas forças som-brias e implacáveis que o espírito escamoteou, para que no real se pudesse instalar a cidada-nia. Como um poeta português, situado entre o presencismo e o neo-realismo, pôde levar a efeito essa tarefa, nos anos 1930-40,  é coisa que me surpreenderia, se eu não acreditasse haver homens, em todas as circunstâncias, ca-pazes de preservar a sua individualidade e cora-josos bastante para a marginalidade e a solidão.

A evolução posterior de Bettencourt fez-se noutro sentido, sem que determinadas con-quistas-chave do percurso anterior tivessem sido totalmente abandonadas. A tal evolução não me parecem estranhas as personagens de certo Fernando Pessoa e de Afonso Duarte, embora aqui se não fale de influência, mas de posição e exemplo.

Eu suponho, apesar de todos os equívocos (alguns conscientemente forjados) que noções como  romântico  e  clássico  possam ter criado, comportarem estes termos bem definíveis con-teúdos em referência a posições distintas do es-pírito perante o acontecimento e a linguagem. Distingui-los como apenas dois movimentos de um mesmo acto não me parece destruir a diferença de situações que implicam. Podemo--nos reportar à concepção nietzschiana da tragédia grega e colocar a força dionisíaca (ro-mântica) como impulso criador e a força apo-línea (clássica) como a consecução de uma lin-guagem organizada. Os interesses da expressão podem, no entanto, ser outros que não a comu-nicação ao nível de um entendimento clássico (a transformação de caos em cosmos), como acontecia na tragédia grega. Vimos já como, segundo a intenção rimbaldiana, o poema – fi-nalidade em si mesma e realidade bastante – se consuma e organiza a um nível que repudia as ideias antigas acerca de ordem, realidade e comunicação. Eu, por mim, não compreendo como um moderno espírito romântico (e penso aqui em toda a grande poesia pós-rimbaldiana, incluindo o surrealismo) possa caminhar em di-recção ao classicismo, ainda que se diga dever (ou poder) cada qual encontrar o seu próprio classicismo. Mesmo que a situação dionisíaca e apolínea correspondam a dois níveis do mesmo impulso, à maneira nietzschiana, não entendo que a  surrealidade, quero dizer, a situação dio-nisíaca extrema, pretenda dispor-se para uma organização implicando fé num tipo de lingua-gem e comunicação que negaria certas recusas fundamentais do romantismo moderno. Todos quantos em certo momento acreditaram no en-tusiasmo (entusiasmo, no sentido holderlinia-no), numa visão do mundo em que o homem participa inteiramente na sua visão, confiança com que se fez coração do mito – todos esses podem muito bem, em dada altura, caminhar noutro sentido. Mas isso significará, no estado presente da aventura romântica, uma ruptura com a crença anterior, a crença na unidade intrínseca da paixão que prescinde de formas intelectualmente acessíveis de comunicação.

A última fase da poesia de Edmundo de Bet-tencourt antolha-se-me como uma modificação básica de atitude. Não atinge tal modificação diferença de qualidade, pois Bettencourt conser-va-se o grande poeta que é. Mudança de atitude a que subjazem interesses psicológicos que não seria fácil estabelecer – apenas isso. Mas a par-tir de agora – e a exemplo daquela figuração de Pessoa desempenhada pelos poemas ortónimos e por Ricardo Reis, a exemplo ainda do interesse pela objectividade, a organização plástica e o valor objectual da linguagem do penúltimo e úl-timo Afonso Duarte – Edmundo de Bettencourt apresenta uma vigilância e interesse pelos signos exteriores acerca dos quais se pode utilizar a pa-

lavra clássicos, mas a que não falta – curiosamente – a ironia, embora muito subtil, quase desatenta. Esta economia irónica na construção do poema não despreza, contudo, o exercício libertário da imaginação que dá chaves para lugares onde a concepção da economia é insólita, o que torna Bettencourt uma espécie de romântico que en-controu o seu próprio – mas irónico – classicis-mo. Ambígua nos seus propósitos e fundamen-tos internos, secretamente contraditória, alguma da poesia desta última fase. O que lhe empresta, aliás, novo interesse. Esta interna contradição, esta interna riqueza desavinda, provém assim das bases românticas de uma personalidade que possui, outrossim, consciência da validade cultural da arte e da validade moral da cultura. Pessoa – e penso também no nome de Jorge de Sena – possuía estes dois apelos – o amor da estabilidade emocional, com o seu cortejo de consequentes qualidades, e o fascínio da aven-tura, com todas as negações humanísticas que comporta.

A Europa, levada pela ideia do impasse criado pelo surrealismo e pela impossibilidade de reiventar a crença (demolida irrevogavel-

mente) nos ideais da cultura ocidental, lançou--se na provisória solução desta ambiguidade. Ambiguidade que, carreada por outros lados e com a fisionomia epocal própria, foi já a de Goethe, por exemplo. Assiste-se talvez ao mo-roso e irremediável desmoronamento interno de toda a cultura ocidental. E desconhecemos as soluções, se é que as há.

Entretanto, o dramático esforço de Orfeu, que desce aos infernos para reunir a sua dis-persão na unidade final do canto, é tarefa para cada um – e isso nos baste, mesmo que não sir-va para nada, além de servir para a provisória salvação de quem nela se empenhe. O mito de Sísifo, de que fala Camus.

*

Estamos aqui perante um poeta raro que um enorme silêncio escondeu do público. Do pon-to de vista literário, esse silêncio prejudicou--o, pois o que seria estupenda novidade em 1930-40 perdeu um pouco de interesse, ago-ra. Não decerto o melhor dele, o que é per-manentemente novo num poeta, mas apenas aquelas surpresas laterais que para um Apolli-naire constituíam um dos valores fundamentais da estética moderna. Claro que os poemas de Bettencourt surpreenderão hoje e amanhã, mas eu gostaria de lhes ver atribuídos – e sê-lo-iam – certos arrojos, novidades, experiências, que hoje já lhes não serão. Isto, contudo, diz so-mente respeito à literatura e, mesmo assim, a

uma província menor dela. A grande originali-dade tem outros sinais e, mesmo quando con-siderada literariamente, não se perde por causa de aspectos secundários.

Trinta anos de silêncio pediam que o poeta fosse apresentado ao público. Essa difícil tarefa requereria um ensaísta, e não um simples admi-rador da sua poesia. Umas notas escritas apres-sadamente por alguém que não possui nem a prática nem a vocação críticas arriscam-se a dificultar, em vez de tornar mais acessível, a leitura de uma poesia tão rica como despistan-te, tão original como complexa, tão estranha como bela. Muitos aspectos – alguns importan-tes – da obra de Bettencourt nem mencionados foram ao longo destas linhas. Como fazê-lo senão através de um estudo paciente e minu-cioso que nada autoriza que eu faça? Limito-me a consignar, em meia dúzia de páginas, o que me pareceu imprescindível e se refere à manei-ra pessoal como fui tocado pela poesia do autor de Rede Invisível, e também a alguns dos proble-mas gerais levantados por ela.

Creio que se houvesse tido o cuidado de aparecer há vinte anos, Bettencourt se arrisca-

ria a ser posto à margem, ou influiria então de-cisivamente na lírica portuguesa posterior. E, se influísse, talvez se apressara o que tanto tardou – o aparecimento de personalidades como Ce-sariny e Lisboa e, com eles, a formação de uma sensibilidade que ainda muito a custo vai trans-formando o gosto de um pequeno público, como é sempre pequeno o público cronologi-camente correspondente à criação avançada.

De qualquer maneira, cabe a Bettencourt a honra de ser uma das pouquíssimas vozes modernas entre o milagre do Orpheu e o breve momento surrealista português.

Presumo ser a partir de Orpheu, desses pou-cos poetas posteriores e do surrealismo – nesta linha, e para diante – que alguma coisa nova e bela poderá surgir na poesia portuguesa. Talvez então se conceda a Edmundo de Bettencourt, e a alguns mais, o lugar de relevo que é seu.

[1963] 

Post-Scriptum  – Agora o texto não está en-quadrado. Estava enquadrado primeiramente, 1963, quando pretendeu introduzir os até aí quase todos dispersosPoemas de Edmundo de Bet-tencourt. Era o tempo da ditadura neo-realista.Como sempre, como em qualquer sistema de autoridade, toda a gente fazia parte dela, incluin-do as vítimas. Mas as vítimas não escreviam nos jornais. A ditadura escrevia neles todos: revistas, jornais, livros, tudo. De modo que o texto foi compactamente desancado. O autor, que não estava ali para outra coisa, rejubilava. Tinha ra-

zão, uma razão fora daquilo que acontecia, uma razão depois. Não se considerava precursor de nada; sabia só que a razão dominante tinha o es-paço inteiro e a força de ter para si o espaço in-teiro. E alegrava-se disso, o autor, alegrava-se de não estar contido naquele espaço senão como vítima. Entretanto não constavam do texto mé-ritos particulares. Era até canhestro, e abundan-te em observações ingénuas, previsões de futuro sem futuro à vista, para já não falar de muitas inocências estilísticas. Não era o que deveria ser: uma análise da poesia de Bettencourt. Ser, ambição maior, um exemplo condizendo com as palavras de Breton: «[…] toute spéculation autour d’une oeuvre est plus ou moins stérile, du moment qu’elle ne nous livre rien de l’essentiel: à savoir le secret de la puissance d’attraction que cette oeuvre exerce». Enfim, o texto mostrava unicamente o seu amor inábil. O amor inábil não ajudava. E então os guardas vermelhos pre-cipitaram-se sobre o escrito do amor. A notícia que iam dando dos poemas propriamente ditos era vaguíssima. Isto é: o texto não servia senão para a psicoti-camente exultante pancadaria crítica. Foi uma festa. O introdutor tinha portanto as suas ra-zões, mas eram um pouquíssimo ganho para quem desejava sobretudo que as pessoas se interessassem por umas duas dúzias de poemas soberanos que vinham dentro do livro. Custava que a algazarra dos directores espirituais não permitisse escutar a música sussurrada, custava que os poemas desaparecessem entre a inabili-dade introdutória e a inépcia neo-realista.Bom, foi tudo chão de uvas, acabou, não in-teressa, não existe. E, sabendo-o, o introdutor não queria reeditar o texto, queria dar o escrito por não escrito. Insistiu-se contudo em que o texto se enquadrava. Ah sim, haveria um texto para enquadrar de novo, mas não era aquele, porque o quadro era outro. Embora fosse se-melhante o professorado, sempre os maîtres à penser, sempre os que dizem como está bem e como está mal. Porque, não tenham esperan-ça, a escola não finda nunca, o mais prodigioso nela é mesmo essa capacidade de nunca findar, de recorrer continuamente a múltiplas formas de vigência. Eis do que ela sabe, é a sua única sabedoria: dizer sem parar como é.Volto-me um bocado para trás e vejo como era. Havia dois poderes: o do regime político e esse, o cultural. E é terrível supor que o se-gundo era poderoso apenas porque o primeiro achava que a cultura não tinha importância ne-nhuma. E não tinha de facto, pois se consumia na cena cómica de os autores se lerem entre si e a grande população dos outros ser analfabeta. Mas é tão passado, tudo isto, tanto que serve só para encobrir o presente. E no presente aquilo de que se pode tratar é do analfabetismo demo-crático e de um caldo de culturas tão pobre em vitaminas que está fora de qualquer hipótese alimentar. A reserva tenaz e silenciosa fica em casa a dedicar-se a si própria e, fervorosamente, a saber que não está em dia.O texto não propicia coisa nenhuma, nenhu-ma verdade, nenhuma evidência. É desajeita-do, como no seu tempo de bulício, e inactual nos termos. Serve ao menos como documento histórico, como depoimento de uma época transacta? E se servir, para que serve isso? Sou pessimista desde o coração à cabeça. Não creio na ressurreição dos corpos e das almas. Nem creio sequer que as pessoas não-analfabetas saibam ler, e menos ainda creio que saibam ler poesia. E quando parecem saber, vai-se ver e é um equívoco. Lêem errado. Verifico mais do que suporto verificar que se pega em tudo pelos lados de fora, e se não vê aquilo que esperava ser pegado e visto pelos lados de dentro. Ora isto não põe muita fé nas transformações ver-dadeiras, e parece-me que Edmundo de Betten-court escreveu os seus trinta poemas expoentes para aqueles tais que ficam em casa com a pou-ca poesia que se vai exorbitando.E nada há que nos valha, nada para dizer.

[1999]

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Hoje Semana da BiBlioteca

edifício do antigo tribunal

Entrada livre

Sexta-feiraconcerto BackStreet BoyS

Venetian macau, 19h45

Bilhetes entre as 588 e as 988 patacas

PaleStra SoBre o deSenVolVimento

do led no futuro

centro de ciência de macau, 12h00

Entrada livre

SábadoGoran malmqViSt aPreSenta “a literatura

contemPorânea cHineSa e o Prémio noBel

da literatura”

centro de ciência de macau, 15h00

Entrada livre

Seminário “influência da múSica ocidental

na áSia”

instituto ricci, 15h30

Entrada livre

domingoconcerto JorGe Palma - trio acúStico

centro cultural de macau, 20h00

Bilhetes das 150 às 200 patacas

diariamente exPoSição de fotoGrafia de erwin olaf

(até 8 de maio)

casa Garden

Entrada livre

exPoSição “landfall”, de eric fok (até 25 aBril)

art for all

Entrada livre

exPoSição “HomenaGem a meStreS inSPiradoreS”

(até 10 de maio)

armazém do Boi

Entrada livre

exPoSição “Valquíria”, de Joana VaSconceloS

(até 31 de outuBro)

mGm macau, Grande Praça

Entrada livre

17hoje macau quarta-feira 22.4.2015 (F)utilidadestempo pouco nublado min 21 max 28 hum 60-90% • euro 8 .5 baht 0 .2 yuan 1 .2

João Corvo fonte da inveja

C i n e m acineteatro

O que fazer esta semana

AcontEcEu HojE 22 de aBril

É descoberto o Brasil• Neste dia, em 1500, a frota de Pedro Álvares Cabral vislum-bra terra firme, depois de 44 dias de viagem. A bordo de 13 navios, os navegadores começam, então, a descobrir a nova terra e os seus habitantes, índios. Era o início da história do Brasil, que foi detalhadamente contada ao rei de Portugal através de uma carta enviada por Pêro Vaz de Caminha. O dia 22 de Abril fica, então, oficialmente marcado como o dia em que a coroa Portuguesa anunciou o descobrimento de terras brasileiras. Durante muito tempo, esse evento de dimensões históricas foi interpretado como o resultado de uma aventura realizada por corajosos homens do mar que se lançaram ao desconhecido e encontraram uma nova terra. contudo, apesar de empolgante, existem outras questões por trás dessa versão da história que marcou oEm 1500, o rei português Dom Manuel I autorizou que o navegador Pedro Álvares Cabral organizasse uma esquadra que, se-gundo consta, deveria aportar na Índia. Para tal propósito foi designado o uso de oito naus, três caravelas, um navio de mantimentos e uma caravela mercante. Além disso, foram convocados aproximadamente 1500 homens, incluindo capitães, tripulantes, soldados e autoridades religiosas.Mas, entre esses vários participantes da viagem marítima estava o cosmógrafo Duarte Pacheco da Costa, que, se-gundo apontam alguns historiadores, tinha participado de uma expedição secreta que já havia chegado ao Brasil no ano de 1498. mesmo estando muito bem amparada, a esquadra de cabral “repentinamente” seguiu uma rota marítima completamente inesperada. As embarcações tomaram distância da costa africana e realizaram uma passagem pela ilha atlântica de Cabo Verde. Depois disso, seguiram uma viagem tran-quila que percorreu 3600 quilómetros a oeste. Passados exactamente trinta dias da passagem por cabo Verde, os navegadores portugueses avistaram o famoso Monte Pascoal. Chegando ao território brasileiro, inicialmente chamado de “Vera Cruz”, o escrivão oficial, Pêro Vaz de Caminha, fez o relato sobre as terras. Já Pedro Álvares Cabral não fez questão de contar pessoalmente a descoberta das “novas terras”. Ao invés disso, partiu para a Índia e mandou o navegador Gaspar Lemos oficializar a descoberta levando a carta de Pêro Vaz ao rei.Neste dia, mas em 1821 Dom Pedro, filho de João VI (rei de Portugal), é nomeado regente da Coroa no Brasil.em 1994, o dia 22 de abril fica marcado pela morte de richard Nixon, ex-presidente dos Estados Unidos. este dia é ainda oficialmente conhecido como o dia Mundial da Terra.

Sala 1faSt and furiouS 7 [c]filme de: Jame wancom: Paul walker, Vin diesel, dwayne Johnson14.15, 16.45, 21.45

faSt and furiouS 7 [3d] [c]filme de: Jame wancom: Paul walker, Vin diesel, dwayne Johnson19.15

Sala 2child 44 [c]filme de: daniel espinosacom: tom Hardy, Gary oldman, noomi rapace14.15, 16.45, 19.15, 21.45

Sala 3the water diviner [c]filme de: russell crowecom: russell crowe, olga kurylenko, Jai courtney14.30, 16.30, 19.30, 21.30

?tHE wAtEr divinEr

na história da música temos vários exemplos de canções que fazem um sucesso estrondoso no mundo inteiro por terem uma determinada par-ticularidade. No caso dos Peter, Bjorn and John, ficaram conhecidos de todos por terem feito a “Young Folks”, cheia de assobios no refrão que ficam no ouvido. Mas dando maior atenção ao resto do álbum, encontra-mos canções cheias de pinta, como é o caso de “amesterdam” ou “The Chills”. Porque às vezes vale a pena ir além dos singles que escalam os tops e descobrir o resto. - Andreia Sofia Silva

PtEr, Bjorn And joHnwritEr’S Block (2006)

U m d i s C o h o j e

Um aeroplano é um projecto que levantou vooe nunca mais ninguém o viu.

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18 publicidade hoje macau quarta-feira 22.4.2015

ANÚNCIOVENDA EM HASTA PÚBLICA

Faz-se público que se vai realizar uma venda em hasta pública de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens que reverteram a favor da Região Administrativa Especial de Macau nos termos da lei ou que foram abatidos à carga pelos serviços públicos. Os locais, dias e horas marcadas para visualização dos bens agora colocados à venda, para efeitos de prestação da caução e da hasta pública propriamente dita, são os seguintes:

Visualização dos bens

1. Sucata resultante de veículos, bens e sucata de bens Na tabela abaixo indicada encontram-se discriminados os lotes de sucata resultante de veículos, os lotes de bens e os lotes de sucata de bens, colocados à venda, bem como, a respectiva data, hora e local para visualização dos mesmos na presença de trabalhadores da Direcção dos Serviços de Finanças:

No. de lote Local de armazenamento

Data de identificação

Horário(1) Local (2)

VS01, VS02;MS01 Macau 24/04/2015 10:00am

Edifício Veng Fu Shan Chuen (Rua da Penha, n.º 3 – 3C, Macau

VS03, VS04,VS05MS01, MS02,MS03, MS04L01 (parte)

Coloane 24/04/2015 3:00pmParque de estacionamento provisório para veículos abandonados (Estrada de Flor de Lotus, Coloane)

L01 (parte), L02;B01 Macau 27/04/2015 10:00am

Lugar provisório entre Av. Doutor Rodrigo Rodrigues e a Estrada do Reservatório em Macau

Nota(1) A visualização de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens inicia-se, impreterivelmente, quinze minutos após a hora marcada, não

sendo disponibilizada uma outra oportunidade para o efeito. Os interessados devem providenciar meio de transporte para se deslocarem ao local de armazenamento de cada lote.

(2) Para se dirigirem aos locais de armazenamento de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens, devem os interessados concentrar-se nos locais acima indicados.

Não há lugar à visualização de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens no dia da realização da hasta pública, mas são projectadas fotografias dos mesmos através de computador. 2. As listas de bens podem ser consultadas na sobreloja do Edifício “ Finanças”, ou na página electrónica desta Direcção dos Serviços ( website: http://dsf.gov.mo). As listas dos bens com descrição pormenorizada podem ser consultadas no 8.º andar do Edifício “ Finanças”, sala 803.

Prestação de caução

Período: Desde a data do anúncio até ao dia 28 de Abril de 2015.

Montante: $ 5,000.00( cinco mil patacas)

Modo de prestação da caução: - Por depósito em numerário ou cheque, o qual será efectuado mediante a respectiva guia de depósito e paga em instituição bancária nela indicada. A referida guia de depósito será obtida na sala 803 do 8.º andar Edifício “ Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585; ou, - Por garantia bancária, de acordo com o modelo constante do anexo I das Condições de Venda.

Realização da Hasta Pública

Data: 29 de Abril de 2015 (quarta-feira)

Horário: às 09:00 horas - registo de presenças às 10:00 horas - início da hasta pública

Local: Auditório, na Cave do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585.

Consulta das Condições de Venda

As Condições de Venda podem ser: - obtidas na sala 803 do 8.º andar do Edifício “ Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585;- consultadas na sobreloja do Edifício “ Finanças”, ou na página electrónica da Direcção dos Serviços de Finanças( website: http://www.dsf.gov.mo).

A Diretora dos Serviços Vitória da Conceiçao

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇASEDITAL

Foros

Faz-se saber aos contribuintes que, durante o mês de Maio do corrente ano, estará aberto o cofre da Recebedoria da Repartição de Finanças de Macau, para a cobrança voluntária dos foros de concessões de terrenos por aforameto relativos ao ano de 2015.

Mais faço saber que, de harmonia com o artigo 22.º da Lei n º 9/2014, durante o ano de 2015 não se poderá à cobrança dos foros e rendas, cujo montante anual seja inferior a $100,00( cem patacas). Aos, 1 de Abril de 2015.

A Directora dos Serviços Vitória da Conceição

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇASEDITAL Rendas

Faz-se saber aos contribuientes que, durante o mês de Maio do corrente ano, estará aberto o cofre da Recebedoria da Repartição de Finanças de Macau, para a cobrança voluntária das rendas de concessões de terrenos por arrendamento relativas ao ano de 2015. Mais faço saber que, de harmonia com o artigo 22.º da Lei n.º 9/2014, durante o ano de 2015 não se precederá à cobrança dos foros e rendas , cujo montante anual seja inferior a $100,00 ( cem patacas).

Aos, 1 de Abril de 2015. A Directora dos Serviços Vitória da Conceição

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hoje macau quarta-feira 22.4.2015 ócios / negócios 19

“No ano passado, ficámos a cargo de um projecto de alterar canções chinesas para música Jazz. Em Janeiro deste ano, ajudámos a realizar um concerto na Praça do Tap Seac.”

CaoBox2, estúdio de arte e entretenimento Ken Loi, responsáveL

“Para bandas e artistas”

yoga

loft

A entrada diz tudo: é um estúdio alternativo, com graffitis nas pa-redes, que, se não cobertas com

esta arte, são pretas, para que o interior seja mais intimista e mais ‘underground’. “É um estúdio para os clientes alugarem, principalmente para bandas e músicos, que fazem espectáculos, lançamentos de álbuns e gravação de músicas”, explicou Ken Loi, um dos irmãos responsáveis pelo Caobox2.

No estúdio, o ambiente é dominado pelos grafittis que enchem as paredes. Ken refere que disponibilizou o espaço aos amigos e clientes locais, de Hong Kong e do interior da China, que gostam desta arte, aproveitando o seu talento, fazendo

É um estúdio que oferece espaço a mais de 20 bandas locais, para espectáculos e gravações. Mas dinheiro não é suficiente e o negócio vai fechar porque o edifício vai ser reconstruído. Ken garante que fica até o último momento

ao mesmo tempo a decoração do estúdio. “Desenharam nas paredes durante três dias seguidos”, conta.

O negócio só começou em Janeiro do ano passado. Surgiu depois do sucesso do primeiro CaoBox, no mesmo edifício, o industrial Wan Kau, na Avenida do Almi-rante Lacerda. Ken Loi e os outros dois sócios queriam arrendar um lugar grande que pudessem dividir em vários espaços para diferentes artistas ou músicos.

“Reparámos que o sítio era bem popu-lar, muitas pessoas chegaram para trocar experiências com desconhecidos, havia um interesse em comum. Então, podiam tocar músicas em conjunto e fazer espec-táculos. É bom”, conclui.

A falta de espaços do género em Macau ajudou. Mas o estúdio não oferece apenas este espaço. Tem também equipamentos de música, de luz e muitos outros. Foi aqui realizada uma competição de dança, com o nome ‘Waacking Battle’, em Abril do ano passado, onde os dançarinos se juntaram para competir.

Ken revela ainda que os seus parceiros do estúdio também adoram música e cinema e, por isso, às vezes participam em eventos de clientes, que se realizam no CaoBox.

O responsável referiu que apenas um dos sócios tem um emprego fixo, enquanto os outros dois se dedicam a tempo inteiro ao negócio. Na realidade, Ken confessa que os dois estúdios não têm grandes lu-cros. “Nós não conseguimos prever que a renda e as despesas de decoração fossem tão caras. Depois, o rendimento não chega a um salário de um emprego normal.”

Mas a equipa ajuda de vez em quando outros grupos a realizar eventos no exte-rior, disponibiliza equipamentos de luzes e de música em palcos, para ganhar algum dinheiro extra.

“No ano passado, ficámos a cargo de um projecto de alterar canções chinesas para música Jazz. Em Janeiro deste ano,

ajudámos a realizar um concerto na Praça do Tap Seac. São esse tipo de eventos que nós fazemos”, explica ao HM.

Ken trabalhou dez anos na área de gestão de entretenimento e de audiovi-suais em hotéis como o Galaxy, City of Dreams e MGM. Quando subiu à posição de gerente, reparou que não era adequado para ele por causa de pressão, além de ser, confessa, algo contrário ao que ele queria fazer. Surgiu então a ideia de criar o que sempre desejou: algo relacionado com arte.

O que prova o sucesso dos estúdios são as mais de 20 bandas que escolhem realizar eventos no CaoBox. Apesar disso, o negócio enfrenta o problema de muitos outros espaços semelhantes: as rendas. “O proprietário já confirmou que o edifício industrial vai ser reconstruído para um edifício comercial com 27 andares. Nós temos de sair.”

Mesmo assim, insistem em manter o negócio até ao último momento. “Quando o estúdio for fechado, não sei quando poderemos abrir um novo, é difícil en-contrar outro lugar.” Espera Ken Loi que, se existirem condições, o CaoBox reabra quando encontrarem um espaço adequado noutro edifício.

Olhando para futuro, o CaoBox 2 tem, para já, a ideia de realizar através da Macao Oriental Sound Chinese Orchestra um espectáculo no Venetian, em Agosto deste ano, e funcionar como consultor técnico de música vocal no Instituto Cultural. Depois logo se vê...

Flora [email protected]

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A Biblioteca Central de Macau só se vai mudar para o edifício do antigo tribunal em

2019, entrando em funcionamen-to apenas em 2020. Foi isso que o Instituto Cultural (IC) disse ao HM, depois de questionado sobre a data da mudança de instalações do acervo. “Actualmente, o IC encontra-se a discutir com a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes sobre os trabalhos relativos ao se-guimento da obra, cuja conclusão está prevista, com esforço, para 2019, tendo em vista a entrada em serviço da nova biblioteca em 2020”.

Neste momento, a Biblioteca Central de Macau está localizada e funciona no Tap Seac, mas a mudança para a Avenida da Praia Grande é uma decisão que devia já ter sido efectivada em 2012. No entanto, o IC foi atrasando as obras de construção no novo local escolhido e nem em 2013 o projecto arrancou.

Yasukuni Shinzo Abe envia oferendaO primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, enviou ontem uma oferenda ao controverso santuário de Yasukuni, em Tóquio, templo que presta homenagem aos mortos da Segunda Guerra Mundial e de outros conflitos bélicos. Shinzo Abe ofereceu uma árvore ao santuário que, por estes dias, celebra o festival anual da primavera, sendo apontada como pouco provável a possibilidade de visitar o local, como fez no passado, o que desencadeou fortes críticas por parte de Pequim e Seul. O santuário, de 145 anos, presta tributo a cerca de 2,5 milhões de cidadãos que morreram na Segunda Guerra Mundial e noutros conflitos bélicos. Porém, é altamente controverso porque entre os homenageados figuram criminosos de guerra, tal como o general Hideki Tojo, que autorizou o ataque contra Pearl Harbor.

Líder do ISIS gravemente feridoAbu Bakr al-Baghdadi ficou gravemente ferido num ataque aéreo em março, assegura o “The Guardian”, que cita uma fonte com ligações à organização terrorista. Enquanto recupera dos ferimentos, al-Baghdadi não controla as operações desta organização terrorista. Segundo uma fonte contactada pelo “The Guardian”, os ferimentos sofridos por Baghdadi chegaram a pôr em risco em vida dos chamado “jiadista invisível”, mas actualmente já estará em recuperação. Os principais responsáveis pelo grupo radical chegaram a reunir de emergência para nomear um novo líder.

Comboio japonês atinge 600 km/hO comboio de levitação magnética em fase de testes operado pela ferroviária japonesa Central Japan Railway bateu ontem o seu próprio recorde mundial de velocidade ao atingir 603 quilómetros por hora. O título foi alcançado na linha de provas de 42 quilómetros, localizada na prefeitura de Yamanashi, a cerca de 35 quilómetros a oeste de Tóquio. O mesmo comboio tinha batido o recorde mundial de velocidade, na passada quinta-feira, dia 16, quando alcançou os 590 quilómetros por hora. A Central Japan Railway espera proporcionar a primeira viagem comercial entre as cidades de Tóquio e Nagoyaem 2027.

Apagão CEM entrega relatório preliminar O Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE) já recebeu o relatório preliminar feito pela Companhia de Electricidade de Macau (CEM) em relação ao incidente da suspensão da electricidade no dia 15 deste mês. Segundo um comunicado do GDSE, o relatório confirmou que o incidente foi causado pela avaria de um “conector” de GIS de 110 kw na subestação no Canal dos Patos, afectando quatros subestações: Areia Preta, Dona Maria, São Paulo e Porto Exterior, assim causando o apagão. O relatório menciona ainda que o fabricante de equipamentos e a respectiva equipa profissional já levaram a cabo análises, exames e avaliação em relação ao incidente. O GDSE assegurou ainda que vai continuar a acompanhar o incidente, fazendo a avaliação quando receber o relatório mais detalhado da CEM.

Seul Primeiro-ministro deixa o governoO primeiro-ministro sul-coreano, Lee Wan-koo, apresentou ontem a sua demissão, na sequência de suspeitas de que terá aceitado um suborno de um empresário, num caso tido como um dos maiores escândalos políticos da história recente do país. Lee Wan-koo colocou o cargo à disposição da Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, segundo informou a televisão KBS. Contudo, a chefe de Estado da Coreia do Sul encontra-se actualmente de visita à América Latina, pelo que apenas decide se aceita a resignação quando regressar a Seul, no próximo dia 27. Lee Wan-koo, primeiro-ministro há apenas dois meses, que recentemente declarou “guerra total à corrupção”, negou as acusações, mas a oposição exigiu a sua renúncia.

Sexo Panda atinge novo recorde Um dos factores que dificulta a sobrevivência dos pandas e aumenta o perigo de de extinção é a falta de sexo entre os animais. Mas um panda, que vive numa das reservas do Centro de Protecção e Pesquisa dos Pandas Gigantes da China, é uma excepção. Lu Lu quebrou novamente o recorde de relação sexual mais duradoura. O macho, que já havia conseguido 7 minutos e 45 segundos, bateu o seu próprio recorde este mês. Lu Lu conseguiu acasalar por mais de 18 minutos. A média de tempo de acasalamento entre os animais é de 1 minuto e 20 segundos.

BiBlioteca central MUDANçA DE INSTALAçõES EM 2019

conversa acabadaA Biblioteca Central de Macau muda-se para o edifíciodo antigo tribunal em 2019. Chui Sai Peng propôs levá-lapara o Hotel Estoril mas o IC não está pelos ajustes

Tal como anteriormente referenciado, e depois do can-celamento de um concurso por convite, o design continua a ser da responsabilidade do Governo, nomeadamente do departamento liderado por Guilherme Ung Vai Meng. Na resposta, o IC frisa que o “projecto não está atrasado” e que a demora na continuação das obras se deve à obrigatoriedade de cooperação interdepartamental.

“Uma vez que o projecto da nova Biblioteca Central é um projecto de grande complexida-de, que envolve uma coopera-ção intersectorial, é necessário aguardar-se a conclusão do projecto detalhado para abrir concurso e iniciar a obra, portan-to, o projecto não está atrasado”, afirmou o IC.

Novo projectoA alegada demora na passagem da biblioteca do Tap Seac para a Praia Grande deve-se, essen-cialmente, ao facto da Polícia

Judiciária ter confirmado, em 2012, a sua saída do edifício junto ao antigo tribunal, situa-do na Rua Central. “Devido à confirmação da saída da Polícia Judiciária do edifício contíguo, situado na Rua Central, tendo em conta a eficiência e a qualidade no planeamento geral do espa-ço, o Instituto Cultural decidiu combinar os dois edifícios e, no período de 2013 e 2014, elaborar um novo projecto global, cuja proposta de construção foi já concluída”, anunciou o Governo.

Contudo, o mesmo orga-nismo assegura que o espaço reservado para a nova biblioteca vai continuar a ser utilizado para actividades lúdicas e didácticas. “Antes de realização das obras de reconstrução, o IC não deixará os edifícios vazios, os quais perma-necerão abertos para fins de uso cultural, a fim de fazer o melhor uso dos mesmos”, acrescentou o Instituto.

Leonor Sá [email protected]

DIA D

A TERRA