hoje macau 24 abr 2012 #2596

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TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 23 MAX 28 HUMIDADE 75-95% • CÂMBIOS EURO 10.3 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 24 DE ABRIL DE 2012 ANO XI Nº 2596 PUB Ter para ler UNIVERSIDADE SÃO JOSÉ Demissão de Ruben Cabral suscita comentários PÁGINA 5 O deputado acusa o Governo de estar a enganar a população e agir com maldade. O Executivo diz que não tem verba suficiente para pagar os retroactivos referentes aos aumentos da função pública e que não se pode pensar só nuns quantos na hora de distribuir a riqueza. No Dia do Trabalhador, os 6,45% a mais começam a valer. PÁGINA 3 Sozinho na luta Pereira Coutinho bate-se com Florinda Chan por pagamento de quatro meses de retroactivos ESTEREOGRAFIA As paisagens surreais de Slavin CENTRAIS REFORMA POLÍTICA 100 mil opiniões no último dia de consulta pública PÁGINA 3 DÚVIDA NO FUTEBOL Casa de Portugal quer explicações para os Sub-23 PÁGINA 16

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Edição do Hoje Macau de 24 de Abril de 2012 • Ano X • N.º 2596

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Page 1: Hoje Macau 24 ABR 2012 #2596

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 23 MAX 28 HUMIDADE 75-95% • CÂMBIOS EURO 10.3 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 24 DE ABRIL DE 2012 • ANO XI • Nº 2596

PUB

Ter para ler

UNIVERSIDADE SÃO JOSÉ

Demissão deRuben Cabral suscita comentários

PÁGINA 5

O deputado acusa o Governo de estar a enganar a população e agir com maldade. O Executivo diz que não tem verba suficiente para pagar os retroactivos referentes aos aumentos da função pública e que não se pode pensar só nuns quantos na hora de distribuir a riqueza. No Dia do Trabalhador, os 6,45% a mais começam a valer. PÁGINA 3

Sozinho na lutaPereira Coutinho bate-se com Florinda Chanpor pagamento de quatro meses de retroactivos

ESTEREOGRAFIA

As paisagenssurreaisde Slavin

CENTRAIS

REFORMA POLÍTICA

100 mil opiniões no último dia de consulta pública

PÁGINA 3

DÚVIDA NO FUTEBOL

Casa de Portugal quer explicações para os Sub-23

PÁGINA 16

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2 política terça-feira 24.4.2012www.hojemacau.com.mo

Joana Freitas [email protected]

AU Kam San e Kwan Tsui Hang não que-rem estudantes es-trangeiros a trabalhar

em Macau. Os dois deputados fizeram uso do período antes de ordem do dia na Assembleia Legislativa (AL), ontem, para criticar novamente a contratação destes alunos.

“Há opiniões que defendem o levantamento da proibição de trabalho imposta aos estudantes estrangeiros. Volto a salientar que quem frequenta instituições superiores de Macau são apenas estudantes e deixam de gozar desse estatuto depois de acabarem os estudos. Ao activar-se uma política há que ter um objectivo claro”, atirou Kwan Tsui Hang.

Tanto a deputada como Au Kam San acreditam que permitir que os estudantes estrangeiros tra-balhem em Macau não é um acto que visa atrair mais pessoas para estudarem no território, mas serve como forma de suprir a escassez de mão-de-obra e de maneira mais barata. “Para que possam manter-se em Macau, argumenta--se que são pessoal qualificado. Que intenções estarão por detrás desta luta pela integração de estudantes estrangeiros no mer-cado de trabalho?”, questionou o deputado pró-democrata.

Kwan Tsui Hang apelou ao Executivo para que reveja a política de fixação de residência por ser técnico qualificado e que defina realmente quem são os técnicos especializados de que Macau precisa.

FICAR DEPOIS DE ESTUDARO que mais inquieta os dois de-putados é o facto de os estudantes

“Cheque pecuniário é analgésico”, diz Coutinho Começam a ser distribuídos no final deste mês os cheques de comparticipação pecuniária, algo que inquieta José Pereira Coutinho, não só pela altura da distribuição – 1 de Maio, data normal de manifestações dos trabalhadores -, mas pela ineficácia da medida. Ontem, no plenário da Assembleia Legislativa (AL), o deputado acusou o Governo de ser “preguiçoso e incompetente” na elaboração de medidas que realmente minimizem as custas de vida face à inflação, à subida dos preços de produtos e rendas e que melhorem os serviços de saúde e transportes. “Este cheque pecuniário é um analgésico para o sofrimento dos cidadãos”, criticou o deputado, alegando que estes eram apenas uma “bóia de salvação” derivada da fartura financeira de Macau. A inflação em Macau atingiu os 6,22% em Março. - J.F.

Apoios para hotéis mais baratos Ho Ion Sang quer que o Governo apoie e incentive a construção de hotéis com tarifas económicas para satisfazer as necessidades do mercado e resolver o problema das pensões ilegais. O deputado considera que o Executivo deve adoptar um regime de prioridades para acelerar o processo de tratamento e autorização dos pedidos que estão já em curso para este tipo de alojamentos e aumentar adequadamente o número de hotéis e pensões desse género. Ho Ion Sang sustentou a sua posição nos dados oficiais de fevereiro, citando a existência de 95 hotéis e pensões. No território, os hotéis de cinco estrelas representam 63,5% dos mais de 22.300 quartos. O preço médio praticado - fixado em 1306 patacas - é superior em 25% ao de Hong Kong. “Tudo isto demonstra que Macau dispõe de um grande número de quartos de hotel, no entanto, está a direccionar os serviços para os turistas do grupo de consumidores de nível elevado, desleixando as necessidades reais da maior parte dos turistas que pertencem ao grupo de nível médio”, afirmou Ho Ion Sang. O deputado criticou ainda o “longo tempo” de apreciação e autorização para a construção de hotéis económicos, afirmando que as “formalidades complexas não conseguem acompanhar a evolução dos tempos”.

Importados à margem da lei A recente greve dos camionistas de Macau que, a semana passada, parou o trânsito na Ponte Flor de Lótus leva Melinda Chan a pensar nos riscos decorrentes da política de importação de mão-de-obra. A deputada falou ontem sobre o assunto, no período antes da ordem do dia do plenário da Assembleia Legislativa (AL). Melinda Chan considera que pode haver camionistas chineses a abusar de “zonas cinzentas” na lei sobre a licença especial de condução – a ser revista até ao final do ano -, para poderem conduzir shuttle-buses em Macau. “Transformam-se em trabalhadores importados não abrangidos pela Lei de Contratação de Trabalhadores Não-Residentes , sendo isto injusto para os trabalhadores locais e para os que forem legalmente importados”, referiu a deputada. A licença especial de condução foi criada para permitir que camionistas chineses pudessem entrar no território para fazerem o transporte de mercadorias e produtos. A greve da semana passada foi levada a cabo por motoristas locais, que se queixam que os condutores do continente estão a roubar o seu mercado de trabalho. Melinda Chan utilizou como exemplo estas situações para apelar ao Executivo que se concentre nas necessidades reais de mão-de-obra do território. “O Governo deve deixar de utilizar, na sua política de mão-de-obra, a taxa de desemprego e os postos de trabalho vagos e deve, antes, fazer o levantamento dos recursos humanos para apurar quais os sectores e empresas carecem de pessoal.” - J.F.

Deputados contra alunos do exterior a trabalhar em Macau

Empregados disfarçadosde estudantes

não-residentes, no caso de arranja-rem trabalho em Macau, poderem tornar-se residentes permanentes. Tal não acontece, por exemplo, com os trabalhadores não-resi-dentes importados de acordo com a política de contratação que lhes diz respeito.

Kwan e Au Kam San defen-dem, por isso, que a contratação de estudantes estrangeiros se baseia numa questão de interes-ses. “Um estudante local, depois de licenciado, recebe sete a oito mil patacas por mês, enquanto o estrangeiro aceita qualquer tipo

de trabalho por mais baixo que seja o salário. Afinal em causa está o elitismo ou a mão-de--obra barata?”, interrogou Au Kam San.

Na interpelação oral que fez ontem no plenário, o deputado da bancada democrata afirma que a justificação de que Macau precisa de talentos não é válida. “Se é para reter pessoal quali-ficado, então deveriam focar essa intenção nos estudantes formados pelas universidades de Macau. Para alguns, os estu-dantes provenientes do exterior

são tidos como talentos por excelência, só para justificarem que eles merecem permanecer e trabalhar aqui. Os locais são tidos como ignorantes e incom-petentes e o Governo para os despachar até tem de lhes sub-sidiar a frequência de estágios no exterior.” Segundo dados recentes de um estudo sobre os estudantes universitários do território, Macau tem 33.821 alunos a frequentar o ensino superior, mas quase metade opta por ir para universidades no exterior.

Au Kam San deu até um exemplo concreto: apesar de não mencionar a instituição a que se referia, o deputado relembrou o caso de uma uni-versidade privada de Macau que apenas exige aos alunos que paguem as propinas nem que seja apenas para fazer um exame. Passa, assim, a ser estudantes no território e aproveitam essa designação para permanecer em Macau.

A proposta de dar oportuni-dade aos estudantes estrangei-ros para trabalharem em Macau foi pensada pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES). A medida, que já é praticado em Hong Kong, “visa trazer a excelência” para o território.

Resguardando-se nos dados do Gabinete para os Recursos Humanos(GRH), Kwan Tsui Hang relembrou, numa outra interpelação, esta escrita, que existem quase cem mil trabalhadores estrangeiros no território, o que representa 30% dos trabalhadores do território.

A deputada sugere, por isso, um regime de pontuação para os candidatos que pretendam ficar em Macau a trabalhar.

IPM deixa de cobrar 10% aos professores que queiram trabalhar por foraO deputado da Assembleia Legilstiva (AL) José Pereira Coutinho congratula-se pelo facto de o Instituto Politécnico de Macau (IPM) ter decidido não voltar a cobrar 10% dos vencimentos dos professores a tempo inteiro que queiram prestar alguma actividade remunerada extra IPM. Pereira Coutinho sempre foi critico ao modo de gerência daquela instituição de ensino superior e relembrou, em comunicado,

que desde 23 de Setembro de 2009 até 23 de Março de 2010 apresentou diversas interpelações escritas ao Governo sobre aquilo que sempre considerou serem “problemas na aplicação da lei por parte daquela instituição” e que mais tarde se vieram a provar no relatório do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), onde foram apontadas diversas falhas de gestão e incumprimento da lei. A saga das interpelações continuou e

durante o ano passado, o deputado voltou a interpelar o Governo da RAEM por mais três vezes com questões relacionadas com o IPM. Igualmente, o IPM referiu que o trabalho justificado em dias de descanso semanal é remunerado adicionalmente nos termos previstos na lei. Com estes esclarecimentos, Pereira Coutinho, mostra-se, assim, agradado com a posição do IPM, classificando as decisões de “ justas e legais”. Apenas um senão

que o deputado quer ver resolvido com a maior brevidade, o IPM explicou-se quando foi confrontado com a situação de os seus regulamentos internos não estarem redigidos, também, na Língua Portuguesa. “O IPM envidará todos os esforços na tradução dos seus regulamentos internos”, pode ler-se nas explicações publicadas pela Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). - G.L.P.

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3políticaterça-feira 24.4.2012 www.hojemacau.com.mo

Funcionários públicos com salários actualizados em Maio, mas sem retroactivos

A maldade de Florinda Chan

Cecília [email protected]

Joana [email protected]

NO último dia da con-sulta pública sobre

a reforma política, a Di-recção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) recebeu só ontem, até às 17h, 100 mil opiniões, entregues por oito associações e 12 membros da Comissão Eleitoral. Foi o número recorde de pro-postas alguma vez apresen-tadas, especialmente num único dia.

Já há um mês, a Fe-deração das Associações dos Operários de Macau recolheu 30 mil propostas que apoiam a fórmula apre-sentada pelo Executivo, de aumentar dois assentos para os deputados directos, dois

Reforma política Associações e membros do Colégio Eleitoral recolhem propostas

De repente mais de 100 mil

o deputado puxou exemplos anteriores. “Então o Governo não se lembra que fez o pagamento de retroactivos de todos os titulares de cargos de chefia e direcção desde Julho de 2007 a 2009? E porquê? Porque o Executivo atrasou a apresentação da proposta na AL. E agora, em situações idênticas retroagir quatro meses não é possível?”

O deputado frisou que o atraso na actualização dos salários se deveu a uma tardia apresentação da proposta pelo Governo. Foi em Novembro do ano passado que Chui Sai On, Chefe do Executivo, tomou a decisão, mas a proposta só ontem foi aprovada na especialida-de. “O Chefe do Executivo nunca disse que os vencimentos seriam actualizados a partir de Maio deste ano. Aliás, se assim fosse, os venci-mentos poderiam ser actualizados em Dezembro, que não deixava de ser uma actualização dos salários referente a este ano. A proposta de lei foi apresentada muito tarde, ou seja, o diploma deveria produzir efeitos jurídicos a partir de Janeiro de 2012.”

Ainda assim, nada mais será possível fazer e os funcionários públicos vão receber os salários actualizados em 6,45% no próximo mês e sem retroactivos. Segundo dados divulgados ontem, a inflação de Março situou-se nos 6,22%.

Sem efeitos retroactivos, a actualização salarial vai custar aos cofres da RAEM 700 milhões de patacas.

necessários 8,57 mil milhões de patacas para salvaguardar “benefí-cios sociais para toda a população”.

EXEMPLOS DIFERENTESPereira Coutinho foi não só dos poucos que falou no plenário, como o único insistente na assunção de responsabilidades. Por isso mesmo,

Joana [email protected]

FOI ontem aprovada por unanimidade a proposta de Lei de Actualização dos Vencimentos da Função

Pública, que prevê um aumento salarial de 6,45% para os funcioná-rios públicos já a partir de Maio. A questão da ausência de retroactivos voltou a estar ontem na ordem do dia, no plenário da Assembleia Legislativa.

O deputado José Pereira Cou-tinho e a secretária para a Ad-ministração e Justiça, Florinda Chan, foram as vozes que mais se ouviram. Se o primeiro insiste em ter uma justificação para que, pela primeira vez, não haja retro-activos ao início do ano, a segunda descarta ter existido qualquer compromisso face a essa questão. “Temos afirmado que o Governo não se comprometeu a integrar o mecanismo de retroactividade nesta actualização. E não temos qualquer regime que obrigue a que sempre que haja actualizações, haja também retroactividade.”

Florinda Chan mantém a mesma justificação já dada ante-riormente para explicar a ausência de retroactividade: é uma decisão política, que se baseia na taxa de inflação actual, nos salários praticados no mercado privado e na situação actual das receitas da RAEM. A secretária afirma que o reembolso de retroactivos iria provocar mais despesas nos cofres

para os indirectos e 100 membros para o Colégio Eleitoral que escolhe o Chefe do Executivo.

Ho Sut Heng, presiden-te da associação, afirmou ontem que através da rea-

lização do evento para re-colher as opiniões, deu para perceber que os residentes não sabem muito sobre a re-forma política. A associação quer, por isso, fazer mais actividades que permitam

à população conhecer a Lei Básica e o sistema político do território.

A União Geral das As-sociações dos Moradores foi outro dos grupos que se juntou à causa, recolhendo 23 mil propostas. O mesmo fez a Associação das Pes-soas de Macau oriundas de Jiangmen, que recolheu 17 mil, e a Associação Nova Juventude Chinesa de Ma-cau, que recolheu 3400.

Os 12 membros da Comissão Eleitoral que realizaram actividades para a recolha de opiniões sobre a reforma política juntaram 9400 propostas. David Chow – um deles – afirmou

que 80% dos residentes que compareceram à activi-dade preferem a proposta apresentada pelo Governo: dois deputados indirectos, dois directos, manutenção dos nomeados e mais cem membros para o Colégio Eleitoral.

REFORMA VOLTA A SER TEMAOntem, no plenário da Assembleia Legislativa, a reforma política voltou a ocupar tempo antes da ordem do dia. Entre os sete deputados que falaram sobre o tema, Ng Kuok Cheong foi o único que se manteve contra o processo

que está a ser levado a cabo pelo Governo.

Ng Kuok Cheong diz que o Executivo só pro-moveu o aumento dos indirectos na proposta que apresentou, não tendo es-pecificado o aumento dos assentos directos.

O deputado insistiu no-vamente para que o Governo organize um referendo sobre o aumento ou redução dos assentos na Assembleia Le-gislativa, de forma a que toda a população possa manifestar a sua opinião através do voto e pediu até que contrate instituições profissionais e credíveis para saber a opinião real da população.

do Executivo, tendo que se utilizar a reserva financeira.

Pereira Coutinho, que é tam-bém presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), discorda e acusa mesmo o Governo de estar a enganar a população. “Diz que não há verbas disponíveis, mas isso não é verda-

de. O Governo agiu com falsidade na questão dos retroactivos e quis assustar a população, enganando-a que os 200 milhões iriam afectar a reserva financeira. Isto é uma maldade.”

Florinda Chan diz que não se pode pensar apenas nos funcioná-rios públicos e recorda que foram

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4 sociedade terça-feira 24.4.2012www.hojemacau.com.mo

MESES de espera e muitas derrapagens depois, o novo cam-pus da Universida-

de de Macau (UMAC) deverá estar pronto a abrir portas daqui a 240 dias. Em mais uma visita à ilha de Hengqin, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, confirmou, citado pela Rádio Macau, que as contas do projecto estão encerradas, não devendo ocorrer mais uma revisão do orçamento aplicado.

No ano passado as contas foram revistas e os resultados finais foram esmagadores: o orça-mento tinha crescido 30%, numa derrapagem que afectou não só a construção da nova UMAC como o túnel que vai ligar a Taipa à Ilha da Montanha.

Cheong U garantiu ainda que, apesar de não haver uma decisão final, os terrenos onde se situam as actuais instalações da universidade deverão cair nas mãos de privados.

Governo garante que não haverá novas derrapagens no orçamento

Campus da UMAC com contas fechadas Com capacidade prevista para

10 mil alunos, a UMAC espera com as novas instalações alcançar outro patamar enquanto institui-ção do ensino superior. “Preci-samos de desenvolver as nossas capacidades para sermos uma universidade de ponta. Iremos desenvolver a nossa educação especializada para um modelo que é composto por várias outras componentes (...) Vamos ter aulas para ensinar o conhecimento ge-ral. Por exemplo, uma estudante

de Economia tem de ter conhe-cimento de Direito e também conhecimentos culturais”, disse o reitor da UMAC, Wei Zhao.

O responsável frisou ainda que vão ser criadas novas facul-dades, nas áreas das Ciências da Saúde e do Design, além das fa-culdades de Letras e de Ciências Sociais que vão ser separadas. Os cidadãos vão poder utilizar os equipamentos desportivos e culturais do novo campus, ga-rante o reitor.

Dos mais de 33 mil alunos que actualmente frequentam o ensino superior, 15.396 estudam fora do território. Estes dados foram adiantados por Sou Chio Fai, coordenador do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), no âmbito de um estudo elaborado pelo Governo sobre os estudantes universitários de Macau. Dados do estudo mostram que a China

é o destino mais comum para os universitários, com 7050 estudantes, seguindo-se Taiwan, com 4244 e Hong Kong, com 2688. Portugal acolhe 171 alunos, nas áreas do Direito ou da Medicina. Sou Chio Fai mostrou-se ainda satisfeito pelo facto de 11,7% dos alunos que estão no estrangeiro frequentarem universidades inseridas no ranking das 100 melhores a nível mundial.

Metade dos alunos estuda fora

Cecília [email protected]

A ACÇÃO de separar o trigo do joio parece

estar a funcionar depois da polícia fronteiriça ter iniciado um combate ao tráfico ilegal na fronteira entre Macau e Zhuhai. Desde que o cerco apertou que quase desapareceram todos comerciantes ilegais, embora ontem tenha sido interceptado um homem da China Continental que pas-sou as Portas do Cerco com excesso de vinho, o que o obrigou ao pagamento de um imposto de 200 patacas.

Para já, as lojas que ficam junto das Portas do Cerco estão a sofrer com as medidas apertadas da polícia. O deputado da Assembleia Legislativa (AL) Au Kam San propôs ao Governo que incentive os comerciantes ilegais a mudar de “profissão”.

Há quase 5000 pessoas a fazerem esse tipo de tran-sacção e mil dependem na

Tráfico de mercadorias entre Macau e Zhuhai abranda

Controlo rouba emprego

íntegra desse trabalho para sobreviver. “O Governo tem responsabilidade de ensiná-los a participar na sociedade. As pessoas com menos estudos podem participar em trabalhos nas áreas de segurança ou lim-peza”, referiu o deputado.

“O problema é que algumas companhias con-tinuam a pagar o fundo de segurança social quando despedem um empregado residente de Macau, com o

objectivo de contratar um empregado estrangeiro que é mais barato”, denuncia Au.

Como os comerciantes têm quase todos níveis de educação muito baixo, per-der esse “negócio” é como cortar a fonte de dinheiro que sustenta o seio familiar. “O lucro de dois volumes de tabaco não ajuda. Se calhar tenho de procurar outro método para ganhar dinheiro”, desabafou um comerciante.

AVISO

Candidatura aos Subsídios para Pagamento de Propinas, de Alimentação e de Aquisição de Material Escolar para o Ano Lectivo 2012/2013

O Fundo de Acção Social Escolar vai aceitar, de 25 de Abril a 11 de Maio, as candidaturas aos subsídios acima mencionados. Os candidatos podem, no mesmo boletim, candidatar-se a um ou mais subsídios. O boletim de candidatura deve ser entregue na escola, o mais tardar até ao dia 11 de Maio. As crianças que irão matricular-se na escola, no próximo ano lectivo, podem entregar, directamente, a sua candidatura, na DSEJ, durante o período mencionado desde que, neste momento, nenhum membro da respectiva família se encontre a frequentar um estabelecimento escolar. O boletim pode ser obtido na escola que frequentam, na Direcção dos Serviços de Educação e Juventude ou na homepage: http://www.dsej.gov.mo.

Os resultados das candidaturas serão divulgados, a partir de 19 de Julho, através da linha aberta ou na homepage da DSEJ. Os detalhes podem ser obtidos nas escolas que os alunos frequentam ou na DSEJ, através do telefone 83972512.

Macau, 20 de Abril de 2012.

A Presidentedo Conselho Administrativo do FASE

Leong Lai(A Directora)

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5sociedadeterça-feira 24.4.2012 www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

O comunicado da Uni-versidade de São José (USJ) chegou ontem à comunicação social

mas as razões da saída do ex-reitor Ruben Cabral não são novas. “A demissão do reitor deve-se a razões pessoais (..), ele acredita que era tempo de pedir uma licença sabá-tica e sair por um ano”, lê-se no comunicado da USJ, que adianta que o reitor irá assumir depois funções apenas como professor da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (UCP). A substituí-lo virá vice-reitor da UCP, o sacerdote Peter Stilwell, que se inicia nas funções a 1 de Maio.

As reacções dos funcionários da USJ, por seu turno, não pare-cem dividir-se, já que a juntar à surpresa da recepção da notícia a meio de ano lectivo, junta-se a ideia de que o anúncio peca pela demora.

“Estou feliz pelo facto de ele se ter ido embora. Foi um alívio”, refere um docente da USJ, que diz poder ser quase porta-voz do sentimento geral. “A maioria das pessoas está contente com a sua saída, duas ou três próximas da direcção defenderam-no mas julgo estarem em processo de negação.”

A causa desta animosidade? Explica a mesma fonte, deve-se à falta de comunicação interna, à personalidade autoritária do reitor e às permanentes mudanças caóti-cas na instituição.

“Era ‘one man show’. Tudo era decidido apenas por uma pessoa - as investigações, os programas educativos. Nunca houve um conselho científico, os quadros mudavam de seis em seis meses - tal como o número dois e três da universidade -, as pes-soas demitiam-se, muitas devido à forma de gerir tecnicamente a universidade.”

A mesma atitude nem todos podiam tomar. Porque, afirma o docente, não se consegue mudar assim de emprego e o número de oportunidades é limitado em Macau. Uma associação de profes-sores ou um organismo colectivo nunca existiram, e por essa razão, as opiniões dos vários departamen-tos não eram tidas em conta. As mudanças, salienta, começaram a notar-se em 2009.

SAÍDA FORÇADA?Outra fonte interna na instituição afirma ser estranho o afastamento ter acontecido numa altura tão pouco apropriada. “Uma mudança radical como esta era natural que acontecesse nas férias do Verão para que fosse suave. Isto assim espantou-nos.” Afirmando que, se não houvesse algum motivo forte, não deveria ter renovado contrato há cerca de seis meses, no início de Setembro, depois de nove anos

Governo de olhoO coordenador do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), Sou Chio Fai, disse ontem à imprensa que o Governo está a acompanhar as mudanças na reitoria da USJ. “Sabemos que vamos ter uma mudança de reitoria na Universidade de São José. Quanto aos pormenores, temos ainda de falar com os responsáveis da USJ”, afiançou, sem adiantar como o GAES se encontra a acompanhar o processo. “O que vamos fazer é acompanhar se a universidade, na mudança de liderança, está a cumprir o estatuto aprovado.”

As verdadeiras razões da saída de Ruben Cabral como reitor da Universidade de São José ainda deixam dúvidas, pelo menos, para fontes internas que ficaram surpresas com a sua resignação anunciada repentinamente. Ao Hoje Macau, referem que a comunicação interna não era das melhores

USJ Demissão de Ruben Cabral suscita comentários

Uma estranha saída

de direcção. “Não sei responder pois não tenho ideia do que terá acontecido mas qualquer coisa se passou recentemente. Com o que é que está relacionado não sei.” Ainda assim, a mesma fonte diz que pode estar associado com os fracos desenvolvimentos no novo campus da USJ.

“Pode ter a ver com o novo cam-pus universitário, que ainda nem começou e já estaria na altura de estar pronto [entre Março e Maio]. Está atrasado relativamente ao pla-no inicial. E, portanto, ou não há dinheiro para o concluir ou houve falta de gestão ou de organização. Alguma razão se sobrepôs para isto acontecer.”

Recorde-se que, o projecto do novo campus universitário foi anunciado em 2003, tendo a Diocese de Macau concedido ter-renos na Ilha Verde para tal, mas na altura ainda não havia apoio financeiro. Mais tarde, já em 2009, e com a aprovação do Governo, a Fundação Macau concedeu um subsídio de 150 milhões de patacas, parcelado em três fases. A USJ recebeu apenas a primeira tranche de 55 milhões de patacas porque o projecto nunca avançou. Em dois anos, só a primeira parte foi concluída, tendo sido aberto o concurso público que conta com três dos 11 interessados iniciais na adjudicação.

Por essa razão, fonte interna diz que os docentes não sentiam a universidade como a sua casa. “Tinham de andar de um edifício para o outro no meio de ruas, não é prático, nem traz coesão entre os grupos de trabalho. A inexistência de um campus universitário preju-dicou muito a comunicação, que já era muito pobre.”

E, neste caso, a comunicação está também relacionada com a falta de pontes com a comunidade local, facto referido pelo novo reitor Peter Stilwell ao jornal “Ponto Final”, que referiu apenas o mal-estar académico a partir das queixas dos estudantes. “Ao nível de comunicação as coisas falharam bastante. Não se estabeleceram os elos com as várias comunidades de Macau. A Universidade precisava de se abrir à comunidade local através de workshops, ligação com outras instituições - IPOR; UMAC, Politécnico -, escolas secundárias. Isso não aconteceu”, refere a mesma fonte.

Quanto a outras “acusações” do novo reitor à política do seu antecessor, é entendido que com certeza “baseou-se em factos, em informações muito bem fundamen-tadas que ele tem.”

SENTIMENTOS CONTRADITÓRIOSDe outro modo, as fontes são unâ-nimes na atribuição de créditos ao ex-reitor. “Conheci-o há muitos anos e não há pessoas totalmente boas nem pessoas totalmente más. Criou a universidade do zero em muito pouco tempo”, ressaltam. No entanto, nos últimos tempos, “não ouvia os docentes, era autoritário e não sabia comunicar com as pesso-as e estragou relações existentes”.

João Pereira, professor da USJ também contactado pelo Hoje Ma-cau, disse que o ex-reitor “sempre foi uma pessoa muito cordial” e diz ter recebido com perplexidade a notícia da saída, “porque tinha sido recon-duzido há meia dúzia de meses”. No entanto, nada de oficial lhe chegou às mãos pelo que também não especula sobre as razões da saída. Sobre Ruben Cabral, tem apenas a dizer que “há várias maneiras de liderar equipas, ele quis um objectivo e conseguiu--o: uma universidade cosmopolita”.

NOVO REITOR A CAMINHO“O novo reitor tem um currículo académico espectacular”, foi uma das reacções ouvidas. “Está em estado de graça. Estamos muito optimistas. Toda a gente está es-perançada e confiante. Até porque houve uma promessa de mudança de planos de estudo e de ouvir as pessoas e isso é muito importante”, dizem, com unanimidade, as duas fontes anónimas.

Por outro lado, João Pereira refere apenas que conhece mal o novo reitor, cruzando-se com ele na Católica, mas considera-o uma pessoa muito concordata. “Espero o melhor.”

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6 publicidade terça-feira 24.4.2012www.hojemacau.com.mo

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7nacionalterça-feira 24.4.2012 www.hojemacau.com.mo

EMPRESÁRIOS de Macau e da China

deslocam-se ao Brasil entre 6 e 12 de Maio numa visita de contactos com as autoridades e grupos empresariais integrada nas actividades do Fórum Macau, disse à agência Lusa fonte oficial.

A delegação empre-sarial, que será chefiada por um vice-ministro do Comércio chinês integra também, em termos po-líticos, o secretário para

O primeiro-minis t ro chinês, Wen Jiabao, compareceu com a chanceler alemã, An-

gela Merkel, na Feira Industrial de Hannover Messe na Alema-nha, onde proferiu um discurso intitulado “Persistir nas refor-mas, na abertura e promover a inovação”.

O líder chinês afirmou que a China e a Alemanha, sendo dois grandes países manufactores, vão exercer uma influência considerá-vel na inovação e no desenvolvi-mento do sector industrial mundial,

Wen Jiabao na Feira de Hannover com a chanceler alemã

“Persistir nas reformas, na abertura e promover a inovação”

através de uma cooperação intensa e de um esforço conjunto na pro-moção do diálogo e da cooperação internacional no sector.

O papel da inovação foi salien-tado por Wen Jiabao no caminho para a recuperação económica, que destacou também a missão da Feira de incentivar os intercâmbios tecnológicos entre países.

Wen Jiabao prometeu que a China vai continuar a aperfeiçoar as leis e os regulamentos, alargando a entrada das empresas estrangeiras no mercado chinês, reforçando a protecção da propriedade intelec-

tual e tratando em pé de igualdade todas as empresas legitimamente registadas no país.

O primeiro-ministro chinês também advertiu que a crise financeira internacional ainda não foi totalmente superada e o caminho para a recuperação eco-nómica global continua repleto de obstáculos. Na avaliação de Wen, os países deveriam dar prioridade ao crescimento da economia real. Para o chefe de governo chinês, a economia virtual cresceu demasia-do em diversos países.

Durante discurso em Han-nover, Wen disse que a China promoverá a industrialização, a urbanização e a modernização da agricultura, estabelecendo funda-ções sólidas para o crescimento económico.

A Alemanha é a segunda es-cala de uma viagem de Wen pela Europa que começou na Islândia. Depois de terminar a visita à Alemanha, Wen seguirá para a Suécia e para a Polónia.

Empresários chineses e de Macau deslocam-se ao Brasil

Negócios em expansãoGoverno chinês expressa

confiança no novo líder norte-coreano

Amigos como dantesa Economia e Finanças

do Governo de Macau, Francis Tam.

Além de Brasília, a de-legação desloca-se ao Rio de Janeiro e a São Paulo e terá, fundamentalmente, contactos empresarias ou com associações comer-ciais de forma a potenciar o conhecimento mútuo e explorar oportunidades de negócio entre empresários brasileiros, da China e de Macau.

Os contactos e visitas

aos países de língua por-tuguesa com delegações empresariais de Macau e da China são promovidos pelo Fórum Macau, que actua como “ponte” entre a China e os países de língua portuguesa no âmbito da cooperação económica e comercial e têm o apoio do Instituto de Promoção do Comércio e do Inves-timento do Governo de Macau. De Macau estão já inscritos para integrar a visita 15 empresários.

O Brasil é o principal parceiro comercial da China no seio dos países de língua portuguesa e de acordo com os dados da alfândega chinesa divul-gados recentemente pelo Fórum Macau, Brasília e Pequim registaram nos primeiros dois meses do ano trocas comerciais de cerca de 90 mil milhões de patacas, mais 10,8% do que o apurado no pe-ríodo homólogo do ano passado.

A China está com escassez de 25 tipos de recursos minerais,

incluindo 11 que são cruciais para a economia local, segundo o ministro das Terras e Recursos Naturais, Xu Shaoshi. O país enfrentará uma séria escassez de recursos minerais até 2020, uma vez que consome cada vez mais para promover a sua industrialização, urbanização e mo-dernização agrícola, disse o ministro, numa entrevista à agência Xinhua para assinalar o Dia da Terra.

A previsão baseia-se em pesqui-sas de reservas recuperáveis de 45 ti-pos dos principais minerais, afirmou Xu, acrescentando que a China terá de aumentar de forma significativa a

China terá preocupante escassez de recursos minerais até 2020

Consumo a disparar

importação de minerais, cuja oferta é escassa para acompanhar a procura nos próximos dez a 20 anos.

Nos últimos 15 anos, a China apresentou um crescimento de dois dígitos no consumo de recursos mi-nerais. Mais de metade do petróleo do país, minério de ferro, alumínio e cobre são importados, de acordo com o ministro.

“O consumo [de recursos mine-rais] tem crescido mais rapidamente do que a produção, enquanto a expansão da produção ultrapassou a de exploração, o que explica parcialmente a razão pela qual há escassez”, disse Xu.

No ano passado, o Governo Cen-tral aprovou um plano de dez anos para a exploração de minerais no país. “Deveríamos também estudar como conservar e utilizar de forma com-pleta os recursos minerais”, afirmou.

As autoridades locais tentam estabelecer um sistema de gestão de recursos que inclui a avaliação de indicadores de quantidade, qua-lidade e ambientais.

O conselheiro de Estado da China, Dai Bingguo, teve

um encontro no domingo com uma delegação da Coreia do Norte, durante o qual manifestou a sua confiança no novo líder do país, Kim Jong-Un.

O Ministério chinês dos Ne-gócios Estrangeiros informou em comunicado que Dai Bingguo reuniu-se em Pequim com uma delegação norte-coreana liderada pelo secretário do Comité Central do Partido dos Trabalhadores, Kim Yong-il.

Na ocasião, o responsável chinês disse estar confiante na liderança de Kim Jong-Un e que a Coreia do Norte continuará a avançar em direcção à constru-

ção de um país próspero, tendo garantido que Pequim trabalhará com Pyongyang para “lançar as relações de amizade e cooperação para um novo nível”.

A China é o maior aliado da Coreia do Norte, mas ma-nifestou a sua preocupação em relação ao lançamento recente de um foguete por Pyongyang, que não foi bem sucedido e considerado pelos EUA como um teste balístico disfarçado, tendo suspendido a ajuda ali-mentar ao país.

O Partido Comunista Chinês informou que Kim Yong-il ainda se encontrava ontem em Pequim, não tendo revelado mais detalhes sobre a sua visita à China.

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8 nacional terça-feira 24.4.2012www.hojemacau.com.mo

A Índia apresentou o lançamento do seu míssil de longo alcance, na semana

passada, como um grande êxito do seu poderio militar. Este acontecimento ocorre apenas alguns meses depois de ter sido anunciada a intenção de Pequim de dispor de ins-talações nas Ilhas Seychelles para abastecer os seus navios militares. A intenção foi interpretada em Nova Déli como “A China vai abrir a sua primeira base no Oceano Índico”, segundo a manchete de um jornal indiano.

Estes episódios po-deriam ser considerados os últimos atritos de uma relação tensa e complica-

China e Índia disputaminfluência na Ásia Central

Novo “grandejogo” em curso

da, sobretudo tendo em conta que ambos os países disputaram uma guerra em 1962. Mas esta relação é inevitável, já que a Índia e a China compartilham quase 4000 quilómetros de fronteira.

O correspondente da BBC no sul da Ásia, Andrew North, define este cenário como um novo “grande jogo”, ao referir-se ao ter-mo usado para descrever a rivalidade entre os impérios britânico e russo pela influ-ência na Ásia Central no século XIX. Segundo North, nos dias de hoje, mudaram os jogadores, mas não os objectivos.

O ministro da Defesa

chinês, Liang Guanglie, tratou de acalmar a pre-ocupação da Índia sobre a suposta base nas Ilhas Seychelles. Declarou que não havia motivo para te-mores, por se tratar apenas de instalações para abaste-cer navios.

Agora, quando é a Índia que move as peças de ataque, a China volta a mostrar as suas técnicas no “grande jogo”. “A China e a Índia são grandes nações em de-senvolvimento. Não somos competidores, mas sim parceiros”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Liu Weimin.

No entanto, o tom é muito diferente no editorial publicado pelo “Global Times”, jornal ligado ao Partido Comunista da China, que escreveu: “A Índia não deve sobrestimar a sua força. Ainda que tenha mísseis que possam chegar a muitas partes da China, isso não significa que ganhará algo por ser arrogante nas suas dispu-tas com a China. A Índia deveria ter bem claro que o poder nuclear da China

é mais forte e mais confi-ável”, disse o jornal.

Segundo o correspon-dente da BBC, mesmo que os diplomatas insistam que querem manter laços cor-diais, as tensões entre os dois gigantes vizinhos asiáticos são crescentes. North diz que as hostilidades são visíveis há já algum tempo nos meios de comunicação. Os jornais chineses acusam a Índia de ter inveja do êxito da China.

TENSÃO CONSTANTE NO ARDo lado da Índia, um alto diplomata admitiu a North que existe um “défice de confiança” entre os dois países, mas que os indianos rejeitam as possibilidades de um conflito real.

Quase 50 anos depois de uma guerra breve, Nova Déli e Pequim ain-da não conseguiram estar de acordo a respeito de boa parte dos quase 4000 quilómetros de fronteira comuns. E a corrida ao armamento continua de ambos os lados, diz North.

E, como se as fronteiras não fossem suficientes para provocar a discórdia entre os vizinhos, existe ainda a questão do Tibete.

Segundo o ex-titular da pasta dos negócios es-trangeiros da Índia Shyam Saran, a relação entre os dois países está destinada a ser de adversários.

Saran critica as políticas da China: “Querem estar por cima, talvez não para domi-nar o território, mas para ter poder de veto sobre qualquer política dos seus vizinhos que não lhes agrade”.

Como no “grande jogo” original, esta é uma batalha com muitas frentes, que se trava com ajudas, investi-mentos, política e cultura, do Paquistão até ao Nepal. Paradoxalmente, parte das razões pelas quais a rela-ção “é mais complicada”, é porque “estão cada vez mais próximos”, diz Jonathan Holslag, especialista em as-suntos chineses do Instituto

de Estudos Contemporâne-os, com sede em Bruxelas.

GUERRA DE PALAVRASO comércio entre a Índia e a China está a expandir-se, mas com mais benefícios para a China. E a economia domina a ajuda internacional e as obras públicas. A China está a construir e a melhorar estradas e vias ferroviárias que ligam zonas próximas da fronteira.

“A China está muito mais adiantada do que a Índia em matéria de transporte ao longo da fronteira, o que lhe dá a possibilidade de estar pronta para mover tropas na zona em caso de guerra”, diz North.

Para compensar este desequilíbrio, aparecem os Estados Unidos. Uma semana depois do anúncio das intenções chinesas nas Seychelles, o número dois da diplomacia americana, William Burns, visitou Nova Déli e abordou temas de cooperação nuclear.

Segundo a visão de Pequim, a Índia colabora com uma política de con-tenção levada adiante por Washington.

No entanto, há certas cautelas, diz Saran. “Os EUA não se decidem a tratar a Índia como parceiro ou não, para além de [estarem pendentes] questões relacionadas com a tecnologia”, afirma.

O certo é que, ao longo da fronteira, as coisas têm es-tado tranquilas nos últimos 30 anos, diz North. “Não se disparou um tiro, nem se perdeu um soldado”, diz o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia, Vishnu Prakash.

Mas alguns vêem ris-cos na contínua guerra de palavras nos meios de comunicação. “Só 25% do que dizem é verdade”, diz Holsag. “Mas levanta um sentimento nacionalista e reduz a possibilidade de alcançar acordos.”

O novo “grande jogo” está em curso.

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9regiãoterça-feira 24.4.2012 www.hojemacau.com.mo

www. iacm.gov.mo

Notificação n° 004/DLA/SAL/2012

Considerando que não é possível notificar o interessado, KIM TAE JOHZ por ofício, via telefone nem por outro meio de acordo com o estipulado nos artigos 10° e 58º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 57/99/M, de 11 de Outubro, notifico que, nos termos do n° 2 do artigo 72° e do artigo 93º do mesmo Código, o Estabelecimento de Comidas Kuem Gang San, sito na Rua de Berlim, nº. 112, Edf. Comercial Tai Fung, r/c e 1º andar, loja K, Macau não reúne os requisitos determinados pelo Regulamento Administrativo nº. 16/2003 para a actividade pretendida.

Nestes termos, o interessado deverá comparecer dentro de 10 dias, contados a partir da publicação da presente notificação, na Divisão de Licenciamento Administrativo sita na Av. da Praia Grande, nºs. 762-804, Edf. China Plaza, 3º andar para audiência sobre o procedimento de cancelamento da respectiva licença.

O não comparecimento do interessado no prazo determinado será considerado desistência do direito de ser ouvido antes de ser tomada a decisão final por parte deste Instituto.

Macau, aos 13 de Abril de 2012.

O Vice-Presidente do Conselho de Administração

Lei Wai Nong

A União Europeia (UE) concordou ontem em sus-pender a maior

parte das sanções contra a Birmânia por um ano, em reconhecimento pelas refor-mas democráticas adoptadas pelo governo após 50 anos de regime militar, afirma-ram diplomatas do bloco europeu.

Espera-se que a sus-pensão, que não se aplica a um embargo de armas, entre em vigor no final da semana. Com esta medida, as companhias europeias poderão investir na Birmâ-nia, país vizinho da China e que possui quantidades significativas de recursos naturais.

A medida da UE reco-nhece uma mudança no ambiente político birmanês, que assistiu à eleição da líder veterana pró-democracia Aung San Suu Kyi para o Parlamento e à suspensão de uma série de medidas repressivas.

Ao decidirem suspen-der as sanções em vez de revogá-las por completo, os governos da UE estão a agir de forma cautelosa para

OS Estados Unidos reiteraram o seu com-

promisso militar com as Filipinas durante as manobras conjuntas que desenvolvem no arquipé-lago perante um ambiente de crescente tensão com a China, informou ontem a imprensa local.

“Os EUA e as Filipinas têm um tratado de defesa comum que garante o nos-so compromisso na defesa mútua”, afirmou o tenente--general Duane Thiessen, comandante dos Marines no Pacífico, durante os exercícios militares con-juntos, que terminam na sexta-feira, sem explicitar que tipo de ajuda o país prestaria em caso de con-flito bélico.

Estas declarações fo-ram proferidas num mo-mento de tensão entre a China e as Filipinas pela soberania do banco de Scarborough, disputada

por ambas as nações no Mar da China Meridional.

No sábado a China alertou os Estados Uni-dos de que os exercícios militares americanos e filipinos aumentam os riscos de confronto armado sobre o disputado Mar da China Meridional, no tom mais duro já usado durante semanas de tensão. O jor-nal oficial do Exército de Libertação Chinês advertiu que os recentes desgastes com as Filipinas poderia acabar num conflito direc-to, colocando grande parte da responsabilidade sobre Washington.

“Qualquer pessoa vê claramente, há muito tempo, que por detrás destes exercí-cios há uma mentalidade que levará a questão do Mar da China Meridional na direc-ção de um confronto militar e à sua resolução através da força armada”, publicou o jornal chinês.

O nadador português João Luís Baeta vai tentar fazer a travessia entre a ilha de

Ataúro e a cidade de Díli, a 21 de Maio, no âmbito das comemorações do 10.º aniver-sário da restauração da independência de Timor-Leste.

“É um grande desafio tentar fazer a tra-vessia a nado de Ataúro a Díli, o que nunca foi tentado a nível mundial, devido aos riscos existentes da fauna marítima [tubarões e cro-codilos] e o desconhecimento das correntes marítimas existentes, tendo em consideração que a distância entre as duas ilhas é muito longa”, refere a presidência timorense em comunicado enviado à agência Lusa.

A ilha de Ataúro fica situada em frente à capital timorense, a uma distância de 28 quilómetros.

A prova é apadrinhada pelo presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, e está inserida no âmbito das comemorações do 10.º aniversário da restauração da independência

de Timor-Leste, celebrado a 20 de Maio, que contarão com a presença do presidente português, Aníbal Cavaco Silva.

João Luís Baeta tem 17 anos e foi o mais novo atleta a conseguir realizar a travessia das Berlengas, Peniche, a nível mundial, conseguindo um quarto lugar.

O atleta começou a dedicar-se a esta especialidade da natação em 2010, tendo participado em várias provas nacionais e internacionais. Durante a prova vai estar presente um oficial da Federação de Natação de Portugal para validar a travessia.

EUA reiteram compromisso militar com Filipinas

Tensão a subir

Timor Nadador português tenta sero primeiro a fazer a travessia entre Ataúro e Díli

Tubarões, crocodilose outros que tais

UE suspende maior parte das sanções contra a Birmânia

Reconhecimento europeupressionarem o partido do governo, apoiado pelo Exér-cito, para manter o ritmo de mudança.

“O presidente Thein Sein deu passos importantes em direcção à reforma na Bir-mânia, e é correcto que o mundo responda”, afirmou o primeiro-ministro britâ-nico, David Cameron, em declaração após a decisão da União Europeia. “Mas estas mudanças ainda não são irreversíveis, e por isso é mais correcto suspender e não revogar as sanções por completo.”

As medidas de UE têm como alvo quase mil empre-sas e instituições, incluindo o congelamento de bens e a proibição de vistos, que afectaram quase 500 pes-soas. As sanções também proibiam a assistência a matérias relacionadas com questões militares e baniam os investimentos na área de exploração de minério, madeira e metais preciosos.

Entretanto o presidente birmanês, Thein Sein, garan-tiu ontem em Tóquio que o processo de democratização no seu país não será reverti-do. “Não voltaremos atrás”,

afirmou Thein Sein, ao ma-nifestar o desejo do Governo birmanês de “cooperar com Aung San Suu Kyi, líder da oposição e Nobel da Paz, no sentido de prosseguir a mesma direcção no interesse da população”.

O presidente birmanês disse, porém, que não tem a intenção de alterar o jura-mento que deverão prestar os deputados eleitos, apesar da reivindicação de Suu Kyi, salientando que cabe à líder da oposição decidir se pretende ocupar o lugar no Parlamento que conquistou.

Suu Kyi e os outros 36 membros do seu partido

eleitos anunciaram que vão boicotar a sessão inaugural do Parlamento por discor-darem do juramento que os obriga a “salvaguardar” a Constituição redigida pela junta militar que governava o país e, entretanto, dis-solvida. A oposição pediu que as palavras fossem alteradas para “respeito” à constituição.

Thein Sein e David Cameron

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10 terça-feira 24.4.2012www.hojemacau.com.mofotografia

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11terça-feira 24.4.2012 www.hojemacau.com.mo fotografia

O fotógrafo e realizador americano Randy Scott Slavin, de 34 anos, aca-ba de apresentar o seu

mais recente projecto. “Alternate Perspectives: surreal landscape” faz o espectador ver o mundo numa perspectiva nova e com outra luz.

Para conseguir o efeito deseja-do, Slavin, que realizou muitos dos telediscos da banda Foo Fighters, passou meses a viajar pelos EUA. O trabalho passou pela captura de cerca 100 fotografias de uma única paisagem para construir uma um panorama de 360º. Depois, “cola-as” e obtém uma projecção estereográfica. “Quando comecei a fotografar paisagens, fui obrigado a

idealizar uma perspectiva. Depois de experimentar a fotografia pa-norâmica, desenvolvi uma técnica que poderia realizar o meu desejo de transformar o real em surreal. O resultado é algo rebelde, lindo e provocante”, explicou o fotógrafo.

Segundo o artista, em decla-rações ao jornal The Telegraph, “fotografar as imagens é o que consome menos tempo. O mais moroso é encontrar os locais per-feitos e chegar ao local para obter o ‘quadro’ perfeito. Não se consegue iluminar uma paisagem, por isso é determinante escolher a hora do dia para obter a luz perfeita. Por vezes isso implica muitas horas de espera e de observação”.

Randy Scott Slavinapresenta as paisagens surreais

Estereografia a quanto obrigas

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terça-feira 24.4.2012www.hojemacau.com.mo12 vida

O novo organis-mo internacional que vai dar uma resposta global

à perda de biodiversidade e dos ecossistemas do planeta, o IPBES, ficará com a sede em Bona, na Alemanha, foi decidido recentemente numa conferência internacional.

Especialistas de todo o mundo estiveram reunidos na cidade do Panamá para pôr de pé a Plataforma Inter-governamental para a Bio-diversidade e os Serviços dos Ecossistemas (IPBES), organismo que recebeu “luz verde” da Assembleia-Geral das Nações Unidas a 20 de Dezembro de 2010. Portugal é representado nas negociações por Henrique Miguel Pereira, investigador do Centro de Biologia Ambiental (CBA) da Universidade de Lisboa.

Este painel independen-te vai, em grande medida, espelhar o Painel Intergo-vernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (IPCC), que tem promovido o conhecimento global sobre as alterações climáticas, fazendo a ponte entre os investigadores e as soluções no terreno. O IPBES vai analisar e dar consistência aos estudos científicos de institutos de investigação es-palhados pelo mundo e com eles elaborar relatórios para os governos, com o estado, a

Bona será a sede do novo painel internacional para a biodiversidade

Plataforma entre ecossistemas

classificação e as tendências de espécies e ecossistemas e ainda as respostas políticas necessárias.

ESTRUTURA A NEGOCIAR“A estrutura institucional da plataforma está a ser nego-

ciada”, disse uma nota do CBA, nomeadamente como será feita a avaliação da bio-diversidade e ecossistemas do planeta. Além disso, a reunião no Panamá está a discutir a “forma de capaci-tar cientificamente os países

em vias de desenvolvimento e estabelecer a forma de nomeação de cientistas para os diferentes grupos de trabalho, bem como as contribuições financeiras de cada país”.

Henrique Miguel Pereira

considera que “este é um momento importante para a comunidade científica, que ao longo das últimas duas décadas tem estudado as alterações globais da bio-diversidade e alertado para o impacto destas alterações no bem-estar humano”. Mas ainda há muito trabalho para fazer. “Agora vamos estabelecer um calendário para a avaliação científica dos principais problemas e trabalhar para que os países se comprometam a imple-

mentar as conclusões dessa avaliação”, acrescentou.

“A biodiversidade não conhece fronteiras e os ecossistemas também não: um grou (Grus grus) avis-tado durante o Inverno em Portugal pode ser avistado, no Verão seguinte, na Es-candinávia ou na Sibéria; a Amazónia, uma floresta hú-mida cuja biodiversidade se mantém, em grande medida, desconhecida, estende-se ao longo de sete milhões de quilómetros quadrados, entre nove países sul-ame-ricanos”, lembra o CBA.

“O IPBES representa um grande avanço em termos de organização de uma resposta global à perda de organismos vivos e de florestas, rios, re-cifes de coral e outros ecos-sistemas”, comentou Achim Steiner, director-executivo do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, na altura da criação do IPBES, em Dezembro de 2010.

CEM VEZES SUPERIORÀ EXTINÇÃO NATURALDepois de dois anos de ne-gociações com os países do Sul, liderados pelo Brasil - que receavam um processo controlado pelo Norte e um potencial entrave ao seu de-senvolvimento -, o princípio da criação do IPBES foi aprovado em Junho de 2010 na Coreia do Sul. Mas foi a adopção em Nagoia (Japão), em Outubro desse ano, de um acordo sobre a partilha dos benefícios de algumas indústrias biogenéticas com os países do Sul que permitiu levantar as últimas reticên-cias, explicou à AFP Salva-tore Arico, especialista em biodiversidade na Unesco, associada a este painel.

Em Nagoia os governos adoptaram ainda um novo plano estratégico com me-tas para travar a perda da biodiversidade até 2020. Por exemplo, os governo aceitaram aumentar a su-perfície das áreas protegi-das de 12,5% para 17% da superfície da Terra e passar as áreas marinhas protegidas do actual 1% para 10%.

De acordo com a ONU, o actual ritmo de perda das espécies, causado pelas ac-tividades humanas, é “mais de cem vezes superior ao da extinção natural”. Hoje estão ameaçadas de extinção ao nível mundial uma em cada três espécies de anfí-bios, mais de uma espécie de aves em cada oito, mais de um mamífero em cada cinco e mais de uma espécie de conífera em cada quatro.

Depois de dois anos de negociações com os países do Sul, liderados pelo Brasil - que receavam um processo controlado pelo Norte e um potencial entrave ao seu desenvolvimento -, o princípio da criação do IPBES foi aprovado em Junho de 2010 na Coreia do Sul

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terça-feira 24.4.2012 www.hojemacau.com.mo 13vida

*NOTA DA REDACÇÃOO Hoje Macau substituiu a rubrica “Click Ecológico” por outra, intitulada “Macau sã assado”. O desafio serve para mostrar diversos aspectos do quotidiano caricato do território. Os nossos leitores ficam assim convidados a enviar fotos para o e-mail [email protected], em assunto “Macau sã assado” e uma breve legenda. As fotos devem retratar os momentos mais engraçados e insólitos do dia-a-dia de Macau e deverão ser identificadas com o nome do seu autor.

Macau Sã Assado

BARBEARIA DELUXE

• A isto se chama

um trabalho com

ajuda. Basta um

pouco de vento e

cortar o cabelo

fica mais fácil.

Para quê ter um

salão de beleza,

quando se pode

ter a beleza das

ruas?

Porque Macau

sã assi, mas

também sã

assado

Foto: Sónia Gonçalves Sabia que...

NA capital indiana, moderno e tradicional se misturam, assim como riqueza e po-breza. Nova Deli tornou-

-se a capital da Índia há cem anos, ainda durante o império britânico, e foi planeada para 70 mil habitantes. Hoje, são quase 17 milhões de pes-soas a viver na cidade e, segundo projecções, a Índia deve tornar-se no país mais populoso do mundo nos próximos 20 anos.

A capital - considerada uma ilha de riqueza numa nação de muitos mi-seráveis - apresenta contrastes entre a Índia moderna, líder em tecnologia e serviços e uma das maiores economias

do mundo, e a Índia tradicional, com o seu sistema de castas e ruas divididas por carros, autocarros e animais, inclu-sive elefantes.

Cenas como estas são mais comuns na antiga Deli, com as suas ruelas to-madas por riquexós e carroças puxadas a cavalo.

O aumento populacional apresenta desafios para os governantes, princi-palmente em termos da colecta de lixo, saneamento e acesso à água, problemas ainda comuns num país que, segundo o Wealth Report 2012, feito por Knight Frank & Citi Private Bank, deve tornar--se a maior economia do mundo até ao ano 2050.

O biólogo e fotógrafo es-loveno Matevz Lenar-

cic aterrou nesta sexta-feira no aeroporto de Ljubljana, depois de ter sobrevoado num ultraleve sete conti-nentes, fazendo 100 mil quilómetros, consumindo o menos combustível pos-sível.

Lenarcic, 53 anos, viajou a bordo de um ultraleve Pi-pistrel Virus-SW914, com 290 quilos, com o objectivo de consumir o menos com-bustível possível e chamar a atenção para a preservação do planeta.

A viagem começou a 8 de Janeiro, na capital eslovena. Desde então sobrevoou sete continentes, 60 países, mais de 100 parques nacionais, o cume mais alto do mundo, três oceanos e a Antárctida.

“Posso dizer que a via-gem aconteceu sem proble-mas, tendo em conta a dura-ção e a exigência exigidas”, disse Lenarcic à chegada ao

... se nada se fizer para protegê-las, metade de todas as espécies da Terra vão estar extintas dentro de 100 anos?

Biólogo sobrevoou sete continentes num ultraleve ecológico

O melhor avião do mundo

aeroporto. “Este é o melhor avião do mundo, tendo em conta o seu desempenho, o seu consumo de combustível e o seu perfil ecológico”, acrescentou, entusiasmado. Segundo o site da iniciativa, o aparelho usou energia so-lar, eólica e geotermal.

O ultraleve foi concebido pela Pipistrel, uma empresa eslovena especializada em ultraleves e que recebeu em 2011 o prémio de avia-ção ecológica da agência espacial norte-americana (NASA), por ter conseguido percorrer 322 quilómetros em menos de duas horas e utilizando menos de 3,79 litros por ocupante.

Durante o seu périplo, o biólogo Lenarcic tirou foto-grafias dos oceanos a partir do ar e mediu a concentra-ção de algumas substâncias poluentes, no âmbito de es-tudos climáticos, em regiões onde essas medições ainda não tinham sido feitas.

Elefantes nas ruas ainda representam atraso

Índia de contrastes

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14 cultura terça-feira 24.4.2012www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

O engenheiro civil e pro-fessor da Universidade

São José Rui Furtado falou ao Hoje Macau, ontem, antes da aula aberta sobre “Análise e Estrutura de Edifícios”, tendo confidenciado que os casinos são edifícios exigentes e, por isso, representam um desafio dentro da sua profissão. “Eu sou engenheiro e desse ponto de vista - dimensão estrutural, controlo climático, electri-cidade, etc. - são edifícios de grande excelência e seria extremamente desafiante fa-zer um casino.” Rui Furtado acredita que estes edifícios têm uma função muito clara nesta cidade, que é entendida e elaborada como um centro internacional de turismo e lazer, e compara-a arquitecto-nicamente ao estilo da capital do entretenimento americana. “Não consigo dizer que Las Vegas não é um sítio inte-ressante, é coerente e lógico, dentro daquele ambiente de sonho e conceito virtual que foi criado, serve o seu propó-sito”, analisa o engenheiro.

Por essa razão, Rui

Rui Furtado confidenciou interesse em novos projectos

“Seria desafiante fazer um casino”

Furtado compreende que haja uma competição entre as operadoras de jogo para criar o mais espampanante, visto que “é isso que faz com que os visitantes procurem um em detrimento de outro”.

ENGENHARIA JOGA COM OUTRAS DISCIPLINASNa aula de ontem, o pro-fessor engenheiro analisou alguns dos prédios emble-máticos em que em que es-teve envolvido, tais como o Estádio Municipal de Braga (2003), um projecto arqui-tectado pelo Prtizker Souto Moura, a Casa da Música (2005) no Porto, arquitec-tado pelo holandês Reen Koolhaas e a recente Casa

dos Coches (2012), sobre os quais a apreciação au-mentou a fasquia, de forma “bastante alta”. “Todos eles têm coisas em comum - são obras públicas, com todas as vicissitudes que isso acar-reta - e todo o seu processo tem de ser algo em que se aprende, sobretudo depois de se trabalhar com três arquitectos de excelência.”

O engenheiro diz ainda que mantém a cada um uma ligação até a nível afectivo. “Ficou lá um bocado de mim”, confidencia.

Toda experiência e for-mação profissional adquirida até hoje, tem-lhe permitido compreender a engenharia com uma visão mais ampla,

que tem de explorar cada vez mais o conceito de interdis-ciplinaridade.

“Não consigo conceber algo que não seja pensado como peça de arte. Mas não existem estruturas por si só. Têm sempre um fim. E o seu fim é contribuir para o melhor possível naquele edifício, com a integração perfeita das diferentes áreas”, diz Rui Furtado, ao assumir que um edifício, sobretudo dentro de ambições concretas, tem de conjugar funcionalidade com os conceitos de riqueza e espacialidade.

A excelência, na sua opinião, deve estar presen-te em cada especialidade, sempre tendo como ponto de interesse o resultado final do edifício como um todo, e nesse sentido, diz também ter ganho uma vi-são arquitectónica do lado da engenharia.

Em calha estão já novos projectos da sua empresa Afaconsult. Duas torres em Milão e o Museu de Centro de Arte da EDP, que vai ser iniciado em breve, em Lisboa, junto do Museu da Electricidade.

Rui Furtado, engenheiro civil, responsável por projectos como a Casa da Música, no Porto, e o novo Museu dos Coches, em Lisboa, acredita que os casinos, enquanto projectos de grande dimensão estrutural e excelência, representariam um desafio profissional

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15culturaterça-feira 24.4.2012 www.hojemacau.com.mo

HÁ 20 anos, quando pisou Macau pela pri-meira vez, era apenas um jovem artista fran-

cês em início de carreira curioso pelos jardins da então colónia portuguesa. Em 1991, Jean-Michel Othoniel, na altura com 21 anos, chegou a Hong Kong para parti-cipar num programa de residência para artistas, durante o qual desen-volveu esculturas abstractas feitas a partir de enxofre.

Desde então, a vida de Othoniel sofreu uma verdadeira reviravolta. O trabalho produzido no território vizinho foi seleccionado para uma grande exposição de arte con-temporânea na Alemanha e foi o pontapé de saída para digressões um pouco por todo o mundo. Dos tempos de iniciante em Hong Kong - experiência que diz ter-lhe aberto os horizontes e desenvolvi-do a fluência do inglês –, guardou impressões que lhe moldaram para sempre a forma artística. As suas obras já passaram pelo Museu do Louvre, o Centre Pompidou ou o MoMa de Nova Iorque e chegam agora, pela primeira vez, a Macau.

Desde hoje, e até 17 de Junho, o francês exibe no Museu de Arte

Francês Jean-Michel Othoniel expõe pela primeira vez na cidade que lhe abriu horizontes

O caminho da metamorfose

de Macau quase 70 peças que evi-denciam a sua evolução artística e a consequente mudança de estilo e de materiais. O título da expo-sição, “My Way”, é inspirado na música de Frank Sinatra e resume aquilo que Othoniel tem levado a grandes cidades, como Tóquio, Seul, Roma e Nova Iorque, desde o ano passado: uma retrospectiva dos seus 25 anos de carreira e a sua metamorfose pessoal.

“Esta exibição é um apanhado do que tenho feito desde 1986. É a minha própria metamorfose. Iniciei-me com materiais sólidos, como o enxofre, o fósforo e a cera, para mais tarde voltar-me para o vidro, um material muito mais maleável, frágil e sensível”, disse ontem Othoniel, na abertura da exposição. “É uma mostra também

das mudanças do meu estado de espírito ao longo deste tempo. Agora tento transmitir uma nova ideia de alegria e felicidade no meu trabalho. É a minha própria maneira de olhar para o mundo – uma visão nova que para mim é mais feliz agora”, acrescenta.

Nos mais de 25 anos de carreira, o francês aprendeu que é preciso viajar para inovar. A China, e mais propriamente Macau, tem representações nas suas criações e significou uma quebra na ins-piração nas escolas europeias de arte contemporânea. “Quando vim a Ásia pela primeira vez, foi um sentimento completamente novo. Descobri a poesia, a música, a arquitectura, as tradições – uma série de coisas que nunca tinha ouvido falar antes. Viajar é muito

É um dos artistas contemporâneos mais conceituados na Europa. O francês Jean-Michel Othoniel traz pela primeira vez a Macau uma exposição que já passou por Nova Iorque, Paris, Tóquio e Seul e reflecte a sua evolução artística nos 25 anos de carreira. Cá recorda o seu primeiro contacto com um jardim tipicamente chinês na altura em que era um mero aprendiz de artes. “Foi uma sensação fantástica”

importante para alargar as frontei-ras artísticas. Não queria que o meu trabalho tivesse apenas influências europeias”, refere.

Macau marcou definitivamente as primeiras recordações da vida na Ásia. Chegou ao território curioso por ver jardins de estilo chinês e não se desiludiu. “Macau traz-me óptimas recordações. Adoro visitar jardins em todo o mundo e cá foi a primeira vez que vi um parque de estilo chinês. Fiquei muito im-pressionado com os sons da água e dos pássaros e a combinação da arquitectura. Foi uma sensação fantástica”, recorda.

Entre as peças em exibição, Othoniel destaca “A Minha Cama”, uma criação com inspirações na China, de quase três metros de comprimento em vidro de Mura-

no, aço, alumínio, colcha e feltro. Levou seis anos para chegar ao resultado final, tendo contado com a ajuda de arquitectos para tornar o objecto estável.

Apesar de ser mais recentemen-te conhecido pelo seu trabalho com vidro, Othoniel também fez uma selecção de vídeos, fotos e pinturas que consolidam a sensação de ar-tista multifacetado e volátil. O uso do vidro pelo artista francês é algo que tem impressionado o público asiático, já que é considerado um material de luxo, como ressalta William Zhao, curador da mos-tra. “Apesar da Rota da Seda ter impulsionado o uso da porcelana oriental no Ocidente, o vidro era algo que só podia ser admirado nos palácios reais da China”, explica.

Para o artista, de 48 anos, o vidro é “o elemento perfeito para expressar a mudança dos sentimentos”. E a escolha da matéria-prima é fundamental para a qualidade das peças. “Trabalho em estreita colaboração com ofi-cinas na Basileia e em Murano para chegar às formas desejadas”, refere Othoniel.

A próxima paragem será o Museu do Brooklyn.

Page 16: Hoje Macau 24 ABR 2012 #2596

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16 desporto terça-feira 24.4.2012www.hojemacau.com.mo

Elo Comercial Limitada 32573(SO)

Anuncia-se, nos termos da al. b) do n.º 1 do art.º 65.º e al. u) do art.º 5.º, ambos do Código de Registo Comercial que, pela Ap. n.º 66 de 12/04/2012, foi registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis, a dissolução e extinção da Sociedade acima iden-tificada, por encerramento da liquidação, que não possui activo nem passivo a partilhar.

24/Abril/2012

Balotelli regressa à selecção Após cerca de dois meses de ausência, o seleccionador italiano Cesare Prandelli confirmou que o avançado Mario Balotelli, do City, irá voltar a ser chamado. “Nunca realmente pensei na convocatória sem Balotelli. Ele é um elemento fulcral da seleção”, afirmou Prandelli, em declarações no jornal inglês The Sun. O selecionador italiano revelou que está tudo resolvido com o polémico jogador: “Se fiz as pazes com Balotelli? Fiz, mas para ser honesto nunca discutimos.” Prandelli esclareceu que foi a reacção de Balotelli após os incidentes frente ao Arsenal, onde foi expulso e teve várias entradas perigosas, que o surpreendeu: “Gosto daqueles que assumem os seus erros e aceitam serem responsabilizados por aquilo que fizeram.”

Egipto Jogos de futebol canceladosO Governo interino do Egipto decidiu suspender os jogos da Taça, devido a questões de segurança, cancelando assim todos os jogos de futebol no país até ao final da presente temporada. A suspensão dos jogos da Taça do Egipto vem no seguimento da paralisação do campeonato, no mês passado, na sequência dos incidentes em Port Said, em Fevereiro, no qual morreram 74 pessoas. Segundo a federação de futebol egípcia, o Ministério do Interior quer concluir os julgamentos dos 75 suspeitos por envolvimento nos incidentes antes de dar luz verde para o reatar das competições de futebol no país.

Britânica morre em maratonaClaire Squires, de 30 anos, estava a terminar a conceituada prova da Maratona de Londres quando desmaiou. A resposta médica foi pronta, mas já não foi possível salvar a jovem. A atleta britânica tinha revelado, no seu “site”, que corria para angariar fundos para o grupo Samaritanos, que ajuda pessoas vítimas da guerra, pobreza e desastres naturais. A reacção das pessoas perante esta notícia tem sido impressionante e o “site” da britânica está a receber cerca de 180 euros de donativos por minuto e já superou os 30 mil euros em poucas horas.

ROMAN Abramovi-ch, proprietário do

Chelsea, está disposto a pagar o que for preciso para convencer José Mourinho a regressar a Stamford Bridge na pró-xima época.

Segundo noticia o Dai-ly Mail, o empresário russo quer um treinador forte e experiente para o Chelsea e elegeu o ‘Special One’ para reconstruir a equipa, que deverá perder algumas das principais referências no próximo verão.

Uma fonte próxima do clube londrino revelou ao

jornal britânico que “a de-terminação de Abramovich é de tal forma grande, que está preparado para bater o ordenado de Mourinho no Real Madrid e pagar uma compensação para libertar o treinador dos dois anos de contrato” que tem com o clube merengue.

Abramovich deverá, segundo a mesma fonte, oferecer um salário anual de 110 milhões de patacas – a Mourinho, e uma com-pensação de 300 milhões de patacas para comprar a saída do português do Bernabéu.

Marco [email protected]

O Organismo Au-tónomo Despor-tivo da Casa de Portugal em Ma-

cau quer ver esclarecidas as regras que norteiam a edição de 2012 do principal Campe-onato de Futebol de Macau e saber com que estatuto joga a Selecção de Sub-23 que disputa a competição, depois da formação do Kei Lun ter anunciado que não tenciona inscrever-se na próxima edição da prova.

Após ter empatado na quinta-feira com o onze de matriz portuguesa e ter conseguido por direito pró-prio carimbar a passagem ao convívio dos grandes do futebol de Macau, o Kei Lun surpreendeu tudo e todos ao fazer saber que dificilmente disputará no próximo ano a Liga de Elite. Os responsáveis

Abramovich prepara proposta milionária para Mourinho

A volta do ‘Special One’

Empresário confirma: “Nolito está feliz no Benfica”O representante de Nolito confirma que foi sondado sobre a situação do jogador no Benfica mas assegura que o espanhol está feliz na Luz e disponível para prolongar o vínculo com o clube encarnado. “Fui contactado por alguns intermediários que perguntaram por Nolito, querem saber como está a sua situação. Dizem que há clubes interessados mas não recebi nada de concreto, são apenas sondagens. Disse o mesmo a todos: que Nolito está muito contente em Lisboa, que o seu objectivo é triunfar ao máximo aqui e, se puder, prolongar a sua ligação ao Benfica. Assinou um contrato de cinco anos, faltam cumprir quatro e não temos nada para falar com ninguém porque o jogador está contente no Benfica”, disse Óscar

Fonte em declarações à TSF. “Está muito feliz, num grande clube europeu, com uma grande estrutura, uma grande massa associativa, um estádio maravilhoso e um plantel que lhe permite jogar ao lado de grandes valores, o que para ele é um orgulho. Tanto ele como a família gostam muito de Lisboa, uma cidade bonita, com muito sol, boa comida e com um nível de vida igual ao de Espanha”, reforçou o empresário. Nolito foi o homem do jogo frente ao Marítimo, no sábado, contribuindo com dois golos e duas assistências para o triunfo (4-1) dos encarnados. “Ele fica feliz quando a equipa ganha, gosta de fazer golos e assistências mas estaria mais feliz se estivesse mais perto do FC Porto na luta pelo campeonato, o que está complicado”, concluiu

Casa de Portugal quer clarificação do estatuto dos Sub-23

Elite à vista com renúncia do Kei Lun

pelos vice-campeões da II Divisão justificam a decisão com razões de cariz financei-ro, num volte-face que deverá ser aproveitado pela Casa de Portugal para reivindicar um lugar no principal campeonato de futebol da RAEM.

Antes de avançar com um pedido formal junto da Associação de Futebol de Macau (AFM), os respon-sáveis pela formação lusa querem que o organismo que

tutela o desporto-rei no terri-tório esclareça se a Selecção de Sub-23 está ou não sujeita a regras de excepção no que diz respeito à despromoção ao segundo escalão. A for-mação jovem da AFM ocupa actualmente a penúltima posição da tabela com oito pontos, seis pontos menos que o oitavo classificado Lam Ieng. Se as regras de excepção que beneficiaram a equipa ao longo das últi-

mas épocas se mantiverem e a equipa não descer de divisão, Pelé ameaça levar a posição da Casa de Portugal às instâncias internacionais: “Tencionamos tomar uma posição oficial quando a Liga de Elite terminar, por-que só então saberemos ao certo a posição da Associa-ção de Futebol de Macau. Se os interesses da Casa de Portugal forem prejudicados porque a Associação enten-de que os Sub-23 não devem descer, então não nos resta alternativas senão colocar a Confederação Asiática de Futebol ao corrente do que se passa em Macau”, adianta o técnico são-tomense.

UMA MONTAÑADE PROBLEMASO braço-de-ferro entre a Casa de Portugal e a Associação de Futebol de Macau deve, ainda assim, conhecer no-vos desenvolvimentos esta

semana, depois da direcção do Organismo Autónomo de Futebol ter decidido con-testar a arbitragem do juiz filipino Ariel Montaña. A for-mação de matriz portuguesa tenciona entregar até ao final da semana a gravação de seis encontros que disputou em que Montaña foi o árbitro escolhido pela Associação de Futebol de Macau. Nos seis encontros em questão, o juiz filipino mostrou 37 cartões amarelos e cinco cartões vermelhos a jogadores da formação orientada por Pelé. O técnico da formação de matriz portuguesa alega que Ariel Montaña prejudica de forma intencional os interes-ses da Casa de Portugal: “Em seis jogos da Casa de Portu-gal que esse senhor arbitrou, ganhámos um, empatámos dois e perdemos três. O sr. Montaña foi sempre um dos principais inimigos da nossa equipa”, sustenta.

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Page 17: Hoje Macau 24 ABR 2012 #2596

17futilidadesterça-feira 24.4.2012 www.hojemacau.com.mo

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1BATTLESHIP [C]Um filme de: Peter BergCom: Taylor Kitsch, Brooklyn Decker14.30, 16.45, 19.15, 21.30

[Tele]visão

Aqui há gato

Sudoku [ ] Cruzadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS:1-Corcova (pl.). O m. q. contrabaixos (Mús.). 2-Vasos com asas. Amima. 3-Afecção súbita que fere como um golpe (Med.). Puxar à sirga (Prov.). 4-Corda de reboque. Gritos de dor. Omoplata da rês. 5-Fizessem sentar. 6-Leigo, laical. 7-Tiritei de frio. Alago. 8-Sal resultante do ácido fosforoso. 9-Juntas, somas. Enlaçai. 10-Fluito aeriforme. Esvaziada. Falo em tom oratório. 11-Profissão (Suf.). O cerne, o centro. Existes.

VERTICAIS:1-Instrumento de sopro com vários orifícios, que se toca com os lábios. Nome de homem. 2-Isca para a pesca (pl.). Aplicar. 3-Dês pancadas. Nome de letra (pl.). 4-Ajunto, somo. Armadura antiga para a cabeça (pl.). 5-Solitário. Anexais. Cabo da Guiné. 6-Pássaro conirrostro. Põe em foco. 7-Tua (Arc.). Tirai à força. Prata (s.q.). 8-Admiração (Interj.). Liberta, desprende. 9-Projécteis de arma de fogo. Macaco americano. 10-Refeição que os primitivos cristãos faziam em comum. Lavre com charrua. 11-Dão ou restituem a saúde a. Lazeres, folgas.

HORIZONTAIS: 1-GIBAS. TUBAS. 2-ASADO. AFAGA. 3-ICTO. T. ALAR. 4-TOA. UIS. APA. 5-ASSENTASSEM. 6-LAICO. 7-TREMI. ALACO. 8-I. FOSFITO. C. 9-ADES. O. ATAI. 10-GAS. OCA. ORO. 11-OR. AMAGO. ES.VERTICAIS: 1-GAITA. TIAGO. 2-ISCOS. R. DAR. 3-BATAS. EFES. 4-ADO. ELMOS. A. 5-SO. UNAIS.OM. 6-TITI. FOCA. 7-TA. SACAI. AG. 8-UFA. SOLTA. O. 9-BALAS. AOTO. 10-AGAPE. C. ARE. 11-SARAM. OCIOS.

A CIDADE IDEAL PARA NAMORAR

Como sou um gato, além de comer e dormir, não tenho muito mais para fazer durante o dia. Assim, sempre que posso olho para a rua e observo as pessoas que passam pela Praia Grande. Que linda a vista.Como não tenho namorada, vejo-me perdido a pensar no futuro. Macau é a cidade ideal para namorar, acho eu. As igrejas de Macau, os caminhos de Coloane ou o pôr-do-sol no crepúsculo vespertino, só me lembram os beijos que ainda não dei numa gatinha.Tenho saudades dos meu pais. Lembro-me vagamente das suas presenças mas como estou sempre sozinho, tudo não passa de uma memória. Se tiver oportunidade para os reencontrar, pergunto como eles se conheceram e como é que ficaram apaixonados um por outro. Lembrei-me agora que existe um local em Macau com o nome de Travessa da Paixão. Não é giro?Disseram-me que as praias de Macau não têm piada. Aliás de areia só mesmo a que me colocam na caixa das necessidades. Mas se arranjar namorada vou querer ir até Hác-Sá.Voltando à realidade. Na redacção, as meninas daqui todas bonitas e simpáticas para mim. Não vou comentar os homens, a casa aqui só dá para um homem, certo?Enfim, Macau é um lugar calmo, não tem tantas pressões como em Hong Kong. Isso também ajuda a uma relação romântica.Só tenho mesmo pena de não ter uma namorada para a levar a passear pelas ruas. Que chatice! Moral da história. Se tem um namorado (a) aproveite. Não se feche no seu mundo, não fique em casa a ver televisão ou a navegar na Internet. Namore!Recentemente, ouvi falar da história romântica do Titanic. O homem disse à mulher, plenos de amor: “You jump, I jump”. Faça tudo por um amor. Macau é a cidade ideal para namorar.

Pu Yi

TDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:45 RTPi DIRECTO17:00 Liga Sagres: Benfica - Marítimo (Repetição)18:30 TDM Desporto (Repetição)19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Linha da Frente22:10 Passione23:00 TDM News23:30 Magazine Liga dos Campeões00:00 Príncipes do Nada00:30 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 A Hora de Baco15:00 Consigo15:30 Feitos em Portugal16:00 Bom Dia Portugal 17:00 O Elo Mais Fraco17:45 Vingança18:30 Correspondentes19:15 Retratos Contemporâneos: Salgueiro Maia20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Ingrediente Secreto – Baunilha22:45 Portugal no Coração

ESPN 3012:30 Toshiba Windsor Triathlon 13:30 Unlikely Heroes 114:00 Fina Diving World Series15:30 MLB Regular Season 2012 New York Yankees vs. Texas Rangers18:30 (Delay) Baseball Tonight International 2012 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 The Football Review20:30 Unlikely Heroes 2 21:00 Euro Beach Soccer League Superfinal Switzerland vs. Portugal22:00 Sportscenter Asia 2012

22:30 The Football Review23:00 Unlikely Heroes 2 23:30 Euro Beach Soccer League Superfinal Switzerland vs. Portugal

STAR SPORTS 3113:00 The S-League Show13:30 Engine Block 2012 14:00 HSBC Asian 5 Nations Rugby 2012 Sri Lanka vs. Philippines16:00 Volvo China Open Day 3 19:00 SBK Superbike World Championship 2012 - Races 21:00 Intercontinental Rally Challenge 2012 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 When The Games Begin 22:30 Golf Focus 2012 23:00 Masters Tournament 2012 Day 1 Highlights FOX MOVIES 4012:20 Knight & Day14:10 True Justice15:40 Tron: Legacy17:45 Gulliver’S Travels19:15 Tooth Fairy21:00 You Don’T Mess With The Zohan22:50 Homeland23:50 Killers

HBO 4112:00 Bury My Heart At Wounded Knee14:15 Divine Secrets Of The Ya-Ya Sisterhood16:10 John Grisham’S The Rainmaker18:25 13 Going On 3020:05 Dinner For Schmucks22:00 Eat Pray Love00:20 The Runaways

CINEMAX 4212:20 The Beast14:15 Nightmares16:00 Funeral In Berlin18:00 Beverly Hills Cop Iii19:50 Lethal Weapon 422:00 Arachnophobia23:50 Death Race 2

SALA 2 MACHINE GUN PREACHER [C]Um filme de: Marc ForsterCom: Gerard Butler, Michelle Monaghan14.30, 16.30, 21.30

TITANIC [3D] [B]Um filme de: James CameronCom: kate Winslet, Leonardo Di Caprio18.30

SALA 3DARK FLIGHT [3D] [C](Falado em thai & english, com legenda em chinês)Um filme de: Isara NadeeCom: Macha Wattanapanich, Peter Knight14.15, 21.30

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

A VISITA DO BRUTAMONTES • Jennifer EganBennie Salazar, antigo punk rocker, está a envelhecer e é agora um executivo discográfico; Sasha é a sua assistente, uma jovem mulher impetuosa e cleptomaníaca. Apesar de Bennie e Sasha nunca che-garem a descobrir o passado do outro, o leitor vai conhecê-lo, até ao mais íntimo detalhe, bem como a vida secreta de um variadíssimo leque de personagens, cujos caminhos se cruzam com os deles ao longo de muitos anos e muitos lugares: Nova Iorque, São Francisco, Nápoles e África. A Visita do Brutamontes é um livro sobre a interação do tempo e da música, a capacidade de sobreviver, e as mudanças e transformações, quando inexoravelmente postas em movimento ainda que pelas mais efémeras conjunturas do nosso destino. Numa arrebatadora plêiade de estilos e registos - da tragédia à sátira, passando pelo Power Point - Egan captura a corrente que nos atrai para a auto-destruição - à qual sucumbimos se não a soubermos dominar; a fome de redenção de cada homem e mulher; e a tendência universal para alcançar ambas através da ação “condutora” da arte e a música e escapando à impiedosa passagem do tempo. Um livro astuto, surpreendente e hilariante.

LEVANTAR O CÉU • de José Mattoso“Levantar o céu” é o nome que os mestres de Chi Kung (uma variante do Tai Chi) dão a um dos seus principais exercícios. Consiste, fisicamente, em levantar os braços em arco com as palmas das mãos apontadas uma para a outra e viradas para cima, isto é, para o “céu”. Pouco importa a execução do exercício. Tomo-o como metáfora de uma atitude de vida que dá a primazia ao Céu, no sentido que a palavra tem, por um lado, na cultura chinesa, e, por outro, na nossa. Na cultura chinesa, Céu (Yang) designa aquilo que vem do alto [ ], que anima a realidade espiritual da existência. Opõe-se à Terra (Yin), isto é, àquilo que vem de baixo [ ], que representa a realidade material da existência. O movimento das mãos e dos braços, que se elevam como se conduzissem a Terra ao encontro do Céu, constitui uma espécie de representação do papel que o homem pode e deve desempenhar na união do Céu e da Terra. [ ] Dominamos a matéria, manipulamos as leis físicas, acumulamos o poder e o dinheiro, aperfeiçoamos a racionalidade, e, todavia, o caminho que escolhemos parece conduzir dire-tamente ao caos. [ ] Não será preciso, então, preservar as realidades espirituais para nelas encontrar a inspiração necessária ao exercício prático, efetivo, da solidariedade e da responsabilidade? Não será preciso fazer aquilo que não dá dinheiro nem poder e que muitos homens e mulheres praticam sem esperar qualquer lucro, mas o Estado ignora e a cultura dominante despreza, isto é, “levantar o Céu”? Os textos aqui reunidos foram escritos ao sabor de solicitações variadas [ ] Uns são mais “cívicos”, outros mais espirituais; uns inspirados no senso comum, outros na mensagem evangélica; uns recorrem à História, outros a princípios intemporais. Qualquer que seja a linguagem e o pensamento que os inspira, pretendem todos contribuir em alguma coisa para “levantar o Céu”.»

MACHINE GUN PREACHER

Page 18: Hoje Macau 24 ABR 2012 #2596

caderno diár ioPedro Correia

18 opinião terça-feira 24.4.2012www.hojemacau.com.mo

SEGUNDA, 16 A frase da semana: «A palavra perdão é curta. Mas é ainda mais doce do que curta.» (Shakespeare)

TERÇA, 17 É uma frase muito portu-guesa. De vez em quando ouvimos dizer, a propósito de pessoas, instituições ou seja do que for: “Já não é como dantes”. Digo isto porque já ouvi várias vezes esta frase aplicada àquela que é sem dúvida uma das instituições gastronómicas nacionais, justamente galardoada com a medalha de mérito turístico: o restaurante Fialho, autêntico ex-libris alimentar da cidade de Évora. Não acreditem quando ouvirem dizer isto: a antiga tasca fundada em 1948 por Manuel Fialho, a dois passos do belo Teatro Garcia de Resende, mantém-se fiel aos pergaminhos que lhe deram fama muito para além de terras alentejanas (nomeada-mente em Macau, onde conheci os actuais proprietários quando geriam o restaurante do Clube Militar em 1992), sobretudo a partir de meados da década de 60, quando adquiriu a configuração actual.

Fiel às origens, o Fialho serve ao cliente aquilo que promete: cozinha tradicional alentejana. Sopa de cação, ensopado de borrego, pezinhos de porco de coentrada, borrego assado no forno, arroz de lebre, carne de alguidar com migas. Pratos com lastro histórico e geografia delimitada. Ninguém venha aqui em busca de culinária “de fusão” ou outras inovações muito em voga. O Fialho é um clássico - tanto no cardápio como na decoração singela nas duas salas, - a da en-trada, que acompanha o balcão, destinada a fumadores, e a do interior, mais ampla, com pratos de loiça regional e troféus de caça espalhados nas paredes. Também nas loiças e nos atoalhados. E ainda no serviço, eficiente e profissional, a cargo de empregados com larga tarimba nesta casa, habituada a receber visitantes das mais diversas origens.

Enquanto consultamos a ementa, chega-nos à mesa um tabuleiro com petiscos vários, em jeito de preâmbulo ao repasto. Concentremo--nos no essencial: as empadinhas de frango, do melhor no seu género, com tempero e textura adequados. Há-de vir depois uma entrada sufi-cientemente generosa para poder ser partilhada à vontade por duas pessoas: espargos bravos com ovos. Estes cremosos no ponto certo, em perfeita harmonia com o vegetal de tão sólidas raízes alentejanas aos quais se somam ainda uns pedaços de presunto pata negra - tudo na proporção adequada.

Eu no Fialho, em matéria de pratos principais, vario pouco: mantenho-me fiel ao magnífico ensopado de borrego, com generosas fatias de pão de trigo demolhado. Outra especialidade que veio igualmente para a mesa foi o arroz de pombo bravo, que também conserva a sua legião de adeptos. É como digo: por aqui nada de modernices. Nem de ‘fast food’: a palavra de ordem, nestas bandas, é comer devagar. E divagar na troca de argumentos que se vão desenrolando à mesa, pois o petisco estimula a palavra. Sobretudo quando é empurrado por um vi-nho da região - no caso, EA (da Fundação Eugénio de Almeida). Nos líquidos, como nos sólidos, joga-se em casa.

Muita gente é incapaz de perceber a magia do futebol. “São apenas uns homens a correr atrás de uma bola”, ouço dizer. E no entanto dentro das quatro linhas de um rectângulo relvado pode decidir-se um destino, por vezes num instante fugaz

As sobremesas são também tradicionais - encharcada de Mourão e torrão real de Évora, por exemplo. Ou a tarte de requeijão com doce de abóbora que aqui se provou, neste caso também em dose dividida para evitar abusos calóricos. Até porque, com o café, ainda há-de chegar uma queijada de Évora. Daquelas que se comem e nunca mais se esquecem.

Hoje havia brasileiros, franceses e espa-nhóis na sala interior: todos pareciam satis-feitos, todos partiram com largos sorrisos. Gabriel e Amor Fialho, filhos do fundador, mantêm fama e proveito de aconchegar os estômagos dos comensais, com arte e saber que vêm de longe. E não é isso afinal, acima de tudo, que pretendemos quando frequen-tamos um restaurante?

QUARTA, 18 Muita gente é incapaz de perceber a magia do futebol. “São apenas uns homens a correr atrás de uma bola”, ouço dizer. E no entanto dentro das quatro linhas de um rectângulo relvado pode decidir-se um destino, por vezes num instante fugaz. Basta um capricho do acaso, uns centíme-tros mais aquém ou mais além, uma tabela inesperada, o vento que subitamente sopra com um pouco mais de intensidade, aquele impulso que um avançado por vezes conse-gue arrancar ao mais fundo das suas forças, aquele inesperado suplemento de talento que um defesa demonstra - surpreendendo tudo e todos, a começar por si próprio.

Futebol são aqueles segundos finais do Manchester City-Sporting, em que o guarda--redes anfitrião, Joe Hart, abandona em trote rápido a sua baliza na certeza antecipada de que poderia sagrar-se o herói da noite. Eleva-se acima dos defesas contrários e en-via uma cabeçada certeira rumo às redes de

Rui Patrício, o guardião sportinguista. Este estira-se num reflexo ditado pelo mais puro instinto e consegue desviar a trajectória da bola com a ponta dos dedos da mão direita, fazendo-a encaminhar para fora do terreno, a escassos centímetros da baliza que vigiava.

Tornou-se ele o herói da noite: embora derrotado, pela margem mínima, o Sporting seguiu em frente na Liga Europa. Mas o herói, em vez de chamar-se Rui, podia ter-se chamado Joe. Como no poema de Mário de Sá-Carneiro, “um pouco mais de sol - eu era brasa, um pouco mais de azul - eu era além”.

Futebol é isto: um imenso sortilégio, feito de alegrias e tristezas, com o triunfo e a derrota intervalados de poucos centímetros, de poucos segundos.

Um jogo, apenas isso. Mas também muito mais que isso.

Como a vida, afinal.

QUINTA, 19 Escutado por aí, ao acaso das ruas:- «Para escrever é preciso ler. A escrita é in-dissociável da leitura» (jovem universitária para um interlocutor mais velho, brasileiro)

- «Antigamente fumávamos e o pulmão nem sentia. Agora é um veneno...» (homem de meia idade para outro)

SEXTA, 20 Registei aqui há dias, a propósito da morte de Millôr Fernandes, algumas das frases que fui coleccionando deste jornalista, dramaturgo, cronista, poeta, tradutor, humo-rista, desenhador, pintor e caricaturista - figura ímpar da cultura de expressão lusófona, um autor dotado de um estilo inconfundível que o levou a criar os melhores aforismos de que há registo no nosso idioma. Neste aspecto, só seria comparável a um Oscar Wilde ou a um George Bernard Shaw. A aparente leveza dos seus escritos, sempre mais profundos do que pareciam, tê-lo-á impedido de receber o Prémio Camões - galardão plenamente justificável para um virtuoso da palavra como ele era.

Em complemento à minha anterior home-nagem a Millôr, deixo aqui mais alguns dos seus fabulosos aforismos. Que já se tornaram património universal da língua portuguesa.- «Amor não é coisa para amador.»- «O ateísmo é uma espécie de religião em que ninguém acredita.»- «Os analfabetos têm falta de vitamina ABC.»- «De todas as taras sexuais, não existe ne-nhuma mais estranha do que a abstinência.»- «Nos momentos de perigo é fundamental manter a presença de espírito, embora o ideal fosse conseguir a ausência de corpo.»- «As estatísticas provam: as estatísticas não provam nada.»- «Quem não tem boa aparência acha sempre que as aparências enganam.»- «Errando é que se aprende. A errar.»- «Todo homem nasce original e morre plágio.»

E eu acrescento: humor não é coisa para amador. Não é mesmo, Millôr.

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à f lor da peleHelder Fernando

19opiniãoterça-feira 24.4.2012 www.hojemacau.com.mo

Há 20 anos as vietnamitas, vestindo cabaia, eram muito mais elegantes do que com essas roupas ocidentais. POR FERNANDO

Ciclone

Pássaro ferido

O 25 de Abril foi como um pássaro que, finalmente em Liberdade, deixaram voar e saiu cantando. Depois, perseguiram-no, foram disparando sobre ele, sem parar, até o alvejarem quase de morte. O pássaro da Liberdade cai, desamparado, no abismo

Á anos que sonho muitas vezes com o mar. Oiço-lhe as vozes. As dele, misturadas com as vozes dos ventos quando am-bos dialogam, se irritam, em tumulto, um com o outro, ou se

unem, com a mesma Liberda de, na tormenta e na bonança. Se acreditasse, pensaria estar a falar com os deuses.

Em toda a vida, nunca me afastei muito tempo do mar - no Índico, no Atlântico ou no Pacífico - não consigo, sempre que posso fico especado, a olhá-lo, em letargia infinita ou num entusiasmo de entronização. As vozes dos mares e dos ventos dizem-nos, porventura, tudo; nós é que, ressonantes, não entendemos bem.

Gosto da gente do mar e dos andarilhos do vento - nós todos, nem que seja por uma vez, precisamos de voar - mas também gosto de quem, deambulando pelos cheiros da terra, se perde e reencontra, se fixa ou caminha na busca de assentos novos. A Liberdade também passará sempre por ali.

A Liberdade também passa a ser passado, se já não a sentirmos dentro do peito. Há 38 anos, por um conjunto de motivos, Portugal foi devolvido à Liberdade. Talvez a palavra devolvido não seja a mais acertada. Não sei se algum dia Portugal foi livre, sabemos que agora não o é.

Sabemos que, grande parte dele, ador-mece dependente. E não acorda. Quando na História de uma nação constam demasiados exemplos de aceitação do tosco, do incom-petente, do serviçal, do chico esperto, do falinhas cinicamente mansas, então qualquer coisa de funesto não despega. Então, é a Liberdade sem cor, mal amada, a Liberdade que emurcheceu.

O Portugal destes dias, para não ir-mos um bocadinho mais longe, tem sido desgovernado por gente cada vez mais do piorio. Operações gigantescas de ma-rketing, através de cirúrgicas mudanças

H

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de imagem, idas governamentais a pro-gramas de televisão, o tirar de gravata à pressa, mas com os sujeitos novos ricos, pasmados com o exercício do poder, já cobertos de vícios e de tiques, este é o cenário repulsivo de um sombrio Estado, completamente subserviente às ordens do exterior e atingindo o estado deplorável.

As anormais variações da bolsa, a ar-rogância dos reguladores de mercados, as exigências terroristas da banca internacional

gananciosa, desnaturalizam os costumes dos povos, os despojam, amarfanham culturas, desprezam o ser humano responsavelmente livre. É o princípio do regresso ao tempo medieval, por mais esquisito que, no século XXI, isso nos possa parecer.

Oiço a respeitável gente do Direito, este conceito: “não há delito que não esteja sob observação da Lei”. Será, mas as leis nem sempre são bem reflectidas no uso pleno da Justiça. É a liberdade em caixa baixa.

O 25 de Abril foi como um pássaro que, finalmente em Liberdade, deixaram voar e saiu cantando. Depois, perseguiram-no, foram disparando sobre ele, sem parar, até o alvejarem quase de morte. O pássaro da Liberdade cai, desamparado, no abismo.

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terça-feira 24.4.2012www.hojemacau.com.mo

car toonpor Steff

CORRIDAELEITORAL

Habitação pública Mais de 7000 famílias à espera

Seac Pai Van no limite

CTM Serviçomóvel com falhasOs serviços móveis da CTM falharam na tarde de ontem em algumas zonas de Macau, a partir das 18h20. Segundo nota da empresa de telecomunicações, o serviço voltou ao normal por volta das 19h30, depois de “ter sido reparado pela equipa técnica da CTM.” A empresa promete “manter os clientes informados com o progresso (dos trabalhos de reparação) e expressa as mais sinceras desculpas pelos inconvenientes causados.”

Preços voltam a subirO Índice de Preços do Consumidor (IPC) voltou a registar subidas. Desta vez, o aumento foi de 6,22%, sendo o IPC actualmente de 115,39 em comparação com Março do ano passado. No mês passado, as bebidas alcoólicas, tabaco, produtos alimentares e também outro tipo de bebidas foram os produtos cujos preços registaram “subidas notáveis”, de acordo com nota enviada pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Tal aumento voltou a ser compensado pelo subsidio de electricidade e pela diminuição dos preços das telecomunicações, cujo índice desceu 6,51%.

João Costa Antunesna liderança da PATAO director dos Serviços de Turismo de Macau, João Costa Antunes, assumiu no fim-de-semana a presidência da Associação de Turismo da Ásia Pacífico (PATA, na sigla inglesa) para o biénio 2012-2014. “Como próximo presidente, vejo desafios, mas também muitas oportunidades. Estou confiante no futuro da indústria do turismo da Ásia-Pacífico e estou pronto para liderar a PATA e fazê-la avançar, respeitando a sua rica herança, com mais de 60 anos, para a próxima geração”, disse Costa Antunes, na conferência anual da organização, que decorreu em Kuala Lumpur, na Malásia. Vice-presidente da PATA desde 2010, Costa Antunes avança agora para a liderança da organização, que tem como presidente cessante Hiran Cooray.

Licenças de táxi têm concorrentes dão 1,1 milhãoDe entre 2172 candidaturas ao concurso público de atribuição de licenças de táxi, há quem esteja disposto a desembolsar 1,1 milhão de patacas para garantir uma das 200 vagas disponíveis. A maior parte das propostas, contudo, ficou-se pelas cerca de 200 mil patacas, sem contar o depósito de 20 mil que deverá ser dado à Direcção para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Houve ainda uma proposta mais modesta: 830 patacas. O prazo para a entrega de candidaturas acabou na quinta-feira passada, tendo a DSAT recebido 2172 candidaturas. Durante todo o domingo, o organismo esteve a abrir as propostas, tendo recusado 29 delas, enquanto outras 37 desistiram a meio do processo. A DSAT promete agora notificar os agraciados no prazo de cinco dias e garante que as novas licenças serão entregues entre os meses de Junho e Novembro, das propostas mais para as menos caras. Mas só se sentirá o efeito do concurso para o final do ano, quando a frota de táxis deverá finalmente saltar das 980 viaturas – 880 de veículos pretos e 100 dos amarelos. O Governo acredita que com a concessão destas novas licenças as queixas de residentes e turistas quanto a falta de táxis vão perder força. Mas as autoridades também reconhecem que a acção ainda não é suficiente para resolver o problema da carência de táxis. Para melhorar a situação, os táxis amarelos e o Governo abriram fogo um contra o outro e avançaram para acções judiciais para melhor definir o conceito de “serviço de táxi especial”. A companhia insiste que os taxistas não deveriam ficar apenas à espera de chamadas telefónicas, mas deveriam sim circular livremente e apanhar passageiros às portas dos casinos e hotéis. – C.L.

Andreia Sofia [email protected]

A promessa che-gou em Maio do ano passado e parece que vai

ser cumprida. Depois de mais uma visita à futura “cidade nuclear” em Seac Pai Van, os responsáveis de três organismos gover-namentais garantiram que as habitações públicas da área próxima de Coloane deverão estar concluídas em Dezembro deste ano.

Kuok Chi Cheong, chefe do departamento de infra-estruturas da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), garantiu que o orçamento está dentro do previsto e que todos os projectos “estão de acordo com o calendário”. Desta forma, a conclusão das 9000 casas irá dar um contributo ao objectivo do Governo de completar as prometidas 19 mil fracções econó-micas.

Kuok Wai Hai, vice--presidente do Instituto da Habitação (IH), referiu que até ao dia 20 deste mês 7514 famílias estavam em lista de espera para ter acesso a uma fracção eco-nómica, sendo que dessas 521 vivem em Coloane.

Para já, o IH assume que está a realizar os tra-balhos preparatórios de análise das candidaturas. O organismo “vai preparar os trabalhos de definição dos preços e da venda anteci-pada da mesma habitação pública. O IH não sabe ainda se vai atribuir as ca-sas este ano ou qual será a percentagem das fracções sociais e económicas. Só

depois de uma análise das candidaturas”.

TRABALHOSA TODO O GÁSAs estruturas em bambu ainda estão montadas, mas tudo indica que os diversos lotes que constituem as habi-tações económicas de Seac Pai Van estarão concluídos por altura do Natal. Dos oito edifícios que compõem o lote CN3, seis viram a sua estrutura concluída em Março, estando prevista a conclusão dos restantes no próximo mês.

Está ainda prevista a construção de um parque de estacionamento com 690 lugares, sendo que as chamadas “instalações so-ciais” não serão esquecidas. Ficou prometida a criação de um “centro de acção social, creche e alojamento com-plementar para deficientes.”

Face às infra-estruturas complementares às habita-ções, cuja construção teve início em Agosto do ano pas-sado, deverão estar prontas também no final do ano, em conjunto com o abastecimen-to de água, luz e gás.

Junto a Seac Pai Van vão ainda existir quatro passagens superiores para peões, sendo que três delas já foram sujeitas a concurso público para a empreitada. Tal obra “terá início em breve e segundo as expectativas será con-cluída de forma faseada a partir do terceiro trimestre do próximo ano”.

A ligação com o siste-ma de transportes também está garantida. Kuok Chi Cheong disse que vai exis-tir mais uma paragem de autocarros na zona, além da já anunciada estação do Metro Ligeiro.