hoax no jornalismo: o processo comunicativo que ocorre nas redes sociais e os ruídos que interferem...
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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
HOAX NO JORNALISMO
O processo comunicativo que ocorre nas redes sociais e os ruídos que interferem
na apuração jornalística para a web
por
Eduardo Leonel Barreto
Rio de Janeiro
2015.1
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
HOAX NO JORNALISMO
O PROCESSO COMUNICATIVO QUE OCORRE NAS REDES SOCIAIS E OS RUÍDOS QUE
INTERFEREM NA APURAÇÃO JORNALÍSTICA PARA A WEB
Trabalho acadêmico apresentado ao
Curso de Comunicação Social da
UNISUAM, como parte dos requisitos
para obtenção do Título de Bacharel em
Comunicação Social (Jornalismo).
Por:
Eduardo Leonel Barreto
Professor-Orientador:
Prof. Ms. Vanessa Paiva
Rio de Janeiro
2015.1
FICHA CADASTRAL
Nome completo do aluno: Eduardo Leonel Barreto
Matricula:10100672
E-mail: [email protected]
EDUARDO LEONEL BARRETO
HOAX NO JORNALISMO
O processo comunicativo que ocorre nas redes sociais e os ruídos que
interferem na apuração jornalística para a web
Banca Examinadora composta para a defesa de Monografia para obtenção do
grau de Bacharel em Comunicação Social (Jornalismo).
APROVADA em: ______ de ___________ de _______
Professor-Orientador: ____________________________________________
Professor Convidado: ____________________________________________
Professor Convidado: ____________________________________________
Rio de Janeiro
2015.1
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
ÁREA DE ..................................................
CURSO DE .................................................................................
ATA DE MONOGRAFIA
Aos ...... dias do mês de ................................., do ano de 20......, na sala
............do bloco ........., da Unidade ................................................. do Centro
Universitário Augusto Motta – UNISUAM, reuniu-se a Banca Examinadora de
Monografia composta pelos Professores: .............................................................
........................................................................ como Orientador, .........................
............................................................................................. e ..............................
........................................................................................., sob a presidência do
primeiro, para julgamento do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado
...................................................................................................................................
................................................................................................ de autoria de
..............................................................................................................................,
matrícula número ..............................., como requisito para a obtenção do grau de
............................................................................................ Após o exame do
trabalho escrito, apresentado aos membros anteriormente, e a respectiva defesa,
a Banca Examinadora (sugestões da
banca)........................................................................................................................
...........................................................................................................................
conferindo o grau ................. (..........................). E, nada mais havendo a registrar,
eu,....................................................................................................., lavrei a
presente ata que segue por todos os membros assinada.
Rio de Janeiro, ............ de ................................. de 20.......
Presidente (Orientador): .......................................................................................
Primeiro Membro:..................................................................................................
Segundo Membro: ................................................................................................
DEDICATÓRIA
Eu dedico este trabalho, primeiramente, à minha avó Lucila Barreto que
com a sua simplicidade, foi o meu espelho para que eu nunca pudesse desistir
dos meus sonhos. Eu te amo.
Dedico à minha amada esposa Elaine Barreto pelo apoio incondicional e
pelo olhar crítico a cada linha escrita.
À minha primeira e já amada filha que está chegando para tornar a minha
vida mais interessante. Eduarda, papai já te ama.
AGRADECIMENTOS
À Vanessa Paiva, minha professora e orientadora, que muito me ensinou
durante a vida acadêmica e me ajudou ter a certeza da minha vocação.
Aos professores que passaram pela minha vida acadêmica e que vão
deixar saudades: Mirian Magalhães, profissional de alto nível. Maria João Palma,
mais que uma professora, uma amiga. Altayr Derossi, aulas apaixonantes de
fotografia. Alexandre Ferreira, radiojornalismo levado a sério, e Cíntia Neves, com
seus conselhos motivadores.
Ao professor e Coordenador do curso de Comunicação Social, Ovídio
Mota, pelos debates intelectuais e jornalísticos em sala de aula.
A todos os meus amigos no qual compartilhamos conhecimentos, vontade
e ansiedade. Não caberiam todos aqui. Nós somos vencedores.
Ao Edgard Matsuki, pela gentileza e disponibilidade pelo qual me ajudou na
pesquisa deste trabalho.
À minha família, minha base forte.
“A busca pela audiência é importante,
mas o Jornalismo só cumpre sua
função quando mobiliza a sociedade de
alguma forma. Aplicando a ética e a
moral.”
Carol Aleixo
RESUMO
BARRETO, Eduardo Leonel. Hoax no jornalismo: o processo comunicativo que ocorre nas redes sociais e os ruídos que interferem na apuração jornalística para a web. Orientador: Profª. Ms. Vanessa Paiva. Rio de Janeiro: Unisuam, 2015. 66 páginas. Monografia. (Graduação em Comunicação Social).
O presente trabalho busca entender como surgem e como se propagam os hoaxes ou boatos virtuais, que atuam como ruídos que prejudicam o trabalho jornalístico. Para tal iremos analisar desde o advento da internet, passando pela revolução da web 2.0, a democratização da informação e o jornalismo participativo. O foco principal será investigar a falha na apuração e as consequências para a credibilidade do trabalho jornalístico.
Palavras-chave: Hoax; jornalismo participativo; apuração jornalística.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................1
CAPÍTULO 1 – WEB 1.0 e 2.0................................................................................3
1.1 O surgimento da internet...................................................................................3
1.2 A revolução na web 2.0.....................................................................................5
1.3 O webjornalismo................................................................................................7
1.4 Os blogs e a democratização na informação.....................................................9
1.4 O jornalismo participativo.................................................................................10
CAPÍTULO 2 – AS REDES SOCIAIS E O HOAX.................................................15
2.1 As redes sociais...............................................................................................15
2.2 A comunicação nas redes sociais....................................................................16
2.3 O hoax.............................................................................................................18
2.4 Quais as motivações na propagação do hoax?...............................................20
2.5 As consequências do hoax no jornalismo........................................................22
CAPÍTULO 3 – O HOAX E A FALHA NA APURAÇÃO
JORNALÍSTICA....................................................................................................24
3.1 A popularização das redes sociais..................................................................24
3.2 A apuração em tempo real...............................................................................26
3.3 O hoax nos sites jornalíticos............................................................................29
3.3 Jornalismo fast-food.........................................................................................32
CONCLUSÃO........................................................................................................38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................40
ANEXOS................................................................................................................55
1
INTRODUÇÃO
Com a popularização das redes sociais, ficou evidente a essência delas:
comunicar-se e relacionar-se com outros indivíduos. E, mais ainda, a
comunicação agora é de todos para todos. A democratização da informação
trouxe novas possibilidades: agora todos são ao mesmo tempo produtores e
receptores de informações. Porém, com a maior possibilidade de conexão entre
as pessoas, e em tempo mais veloz e que, agora, independe da distância e do
espaço.
O presente trabalho tem como objetivo principal discorrer sobre o processo
comunicativo que ocorre nas redes sociais e os ruídos que interferem na
apuração jornalística para a web. A ideia principal surgiu após uma inquietação
pessoal, primeiramente com os questionamentos acerca da validade do trabalho
jornalístico frente às novas possibilidades midiáticas, que consequentemente se
traduz na desvalorização do jornalista. Em segundo lugar, o crescente ruído no
processo de comunicação através das redes sociais com os hoaxes que, muitas
vezes, são traiçoeiros para a prática do profissional de comunicação.
No primeiro capítulo veremos o surgimento da internet na década de 60,
como ferramenta militar nos EUA e, posteriormente, as primeiras formas
primitivas de webjornalismo. A revolução da web 2.0, que tornou a internet mais
interativa, e a migração do jornalismo tradicional para o ambiente digital. Também
abordaremos o surgimento do webjornalismo atual e a popularização dos blogs
com a democratização da informação. Será também abordada a crescente do
jornalismo participativo na internet.
2
No segundo capítulo veremos o surgimento e a dinâmica das redes sociais
e a forma de comunicação que ocorre dentro delas. A dinâmica do Hoax, que é
diferente dos boatos e rumores, tendo uma característica mais virtual. Por fim,
analisaremos as motivações para o compartilhamento de informações falsas, bem
como as consequências no webjornalismo.
No ultimo capítulo, iremos discorrer sobre a popularização das redes
sociais e o perigo da apuração em tempo real no jornalismo online, que fornece
um campo fértil para os hoaxes. E, por fim, dissecaremos dois estudos de caso
que trouxeram consequências ruins para os jornais na internet.
3
CAPÍTULO 1
WEB 1.0 e 2.0
1.1 O surgimento da Internet
A internet surgiu na década de 60 como um projeto de pesquisa militar nos
EUA durante a Guerra Fria. Segundo Manuel Castells (2003, p. 13), a origem foi
através da Advanced Research Projects Agency (ARPA), em setembro de 1969,
para mobilizar recursos de pesquisas nas universidades americanas. O propósito
inicial era proteger informações sigilosas do governo americano, caso houvesse
algum ataque russo às bases americanas. O primeiro nó de ligação entre dois
computadores da Arpanet tinha sido estabelecido em 02 de Setembro de 1969,
pelo que a história da Internet e do e-mail em rede se confundem. Desde então, a
internet se expandiu, surgindo novas possibilidades.
No início dos anos 60, o filósofo e sociólogo americano Theodore Nelson
inventou o termo “hipertexto” para formalizar a ideia de escrita/leitura não-linear
em um sistema de informática, pelo sistema Xanadu. O grande mote do trabalho
de Nelson era tornar os computadores acessíveis para pessoas comuns: uma
interface para um usuário deve ser tão simples que um iniciante, numa
emergência, deve entendê-la em 10 segundos.1
Foi esse projeto que ficou conhecido como “World Wide Web”, ou
simplesmente Web, como o conhecemos. Pinho (2003, p. 33) considera a Web
como, provavelmente, o item mais importante da Internet.
Em 1990 com a criação, por um pesquisador do Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear em Genebra (Cern), Tim Berners-Lee, do protocolo HTTP (Hyper Text Transfer Protocol) e da linguagem HTML (Hyper Text
1 WIKIPÉDIA. Theodor Nelson. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_Nelson.
Acesso em: 12/03/2015.
4
Markup Language), que permitem navegar de um site a outro, ou de uma página a outra. A World Wide Web (www) lançou seu vôo, e a internet se abriu ao público, empresas particulares e privadas. Uma multidão de sites apareceu.
2
Segundo Xavier (2005), o hipertexto concretiza a possibilidade de tornar
seu usuário “um leitor inserido nas principais discussões em curso no mundo ou,
se preferir, fazê-lo adquirir apenas uma visão geral das grandes questões do ser
humano na atualidade”.
De acordo com Gabriel (2010, p. 78), do início da internet comercial, em
meados dos anos de 1990, aos dias de hoje, temos testemunhado mudanças
significativas: passamos da web estática para a web dinâmica; da web da leitura
para a web da participação. A web 1.0 é chamada de “estática”, pois seus
conteúdos não podem ser alterados pelos usuários finais, ou seja, serve apenas à
leitura, por isso o termo “estática”.
Segundo esta definição, nos parece se tratar de diferentes tipos de versões
de web, porém, na verdade, tais títulos enfatizam apenas as mudanças na
utilização da internet pelos desenvolvedores e usuários. Gabriel (2010, p. 79)
reforça essa ideia ao afirmar que os termos web 1.0. 2.0 e 3.0 estão mais
relacionados à mudança no comportamento dos usuários web do que a
tecnologias que proporcionaram essas mudanças.
Segundo Luciana Mielniczuk3, jornalista doutorada e integrante do Grupo
de Pesquisa em Jornalismo Online pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)
(2001), graças ao avanço na tecnologia e nas comunicações, a internet passa a
2 DUMAS, Véronique. A origem da internet. Disponível em
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_nascimento_da_internet.html. Acesso em 10/03/2015. 3 MIELNICZUK, Luciana. Características e implicações do jornalismo na Web. Disponível em
www.facom.ufba.br/jol/pdf/2001_mielniczuk_caracteristicasimplicacoes.pdf. Acesso em 12/03/2015.
5
ser empregada, de forma expressiva, para atender finalidades jornalísticas, a
partir da sua utilização comercial.
Com a popularização da Internet e a expansão do ciberespaço, os veículos passaram a migrar para a web. A Internet também foi se adaptando e passou a ter suas próprias características, apropriando-se de muitas particularidades do rádio, da TV e do impresso. E por ser uma prática relativamente nova nesse ambiente virtual, o fazer jornalístico ainda se confunde nas mais variadas denominações, como jornalismo online, jornalismo digital e webjornalismo.
4
No início dos anos 90, quando surgiram as primeiras formas primitivas de
Webjornalismo, este era apenas uma extensão do jornalismo tradicional, nada
mais que uma versão virtual dos jornais de papel. Pinho traduz de forma
simplificada a contribuição da internet no jornalismo: “a internet é acima de tudo a
maior enciclopédia, biblioteca, livraria, universidade, agenda de telefones e seção
de referência, que nunca foi antes imaginada. E tudo isto está acessível pela
janela de um monitor de computador". (PINHO, 2003, p. 98).
1.2 A revolução na Web 2.0
A Web 2.0 é um termo popularizado a partir de 2004 pela empresa americana O'Reilly Media
para designar uma segunda geração de
comunidades e serviços, tendo como conceito a "Web como plataforma", envolvendo wikis, aplicativos baseados em folksonomia, redes sociais, blogs e Tecnologia da Informação.
5
O termo Web 2.0 tornou-se popular pelas palavras do irlandês Tim O'Reilly,
cujo termo “busca descrever o atual período da rede cuja ênfase passa da
publicação (que caracterizou os primeiros dez anos da web) para a colaboração”
6. Dessa forma, o foco da Web 2.0, não está na tecnologia, mas nas pessoas e
também nos serviços de empresas que estas pessoas utilizam. Este novo termo
4 MIELNICZUK, Luciana. Características e implicações do jornalismo na Web. Disponível em
www.facom.ufba.br/jol/pdf/2001_mielniczuk_caracteristicasimplicacoes.pdf. Acesso em 12/03/2015. 5 WIKIPÉDIA. Web 2.0. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Web_2.0#cite_note-1. Acesso
em 12/03/2015.
6
passa a caracterizar a internet como interativa. Alex Primo cita O’Reilly que
destaca esta transição importante na web:
Blogs com comentários e sistema de assinaturas em vez de home-pages estáticas e atomizadas; em vez de álbuns virtuais, prefere-se o Flickr, onde os internautas além de publicar suas imagens e organizá-las através de associações livres, podem buscar fotos em todo o sistema; como alternativas aos diretórios, enciclopédias online e jornais online, surgem sistemas de organização de informações (del.icio.us e Technorati, por exemplo), enciclopédias escritas colaborativamente (como a Wikipédia) e sites de webjornalismo participativo (como Ohmy News, Wikinews e Slashdot).
7
Segundo Antonia Alves8, “a diferença entre a Web 1.0 e a Web 2.0 está no
significado das palavras download e upload”. Se antes o usuário pesquisava
conteúdos que lhe interessavam, com a Web 2.0 ele também pode enviar
arquivos de textos e outras mídias, além de escrever no texto elaborado por
outras pessoas9.
Para Primo10, a Web 2.0 pode ser conceituada como a segunda geração de
serviços online, caracterizada por potencializar as formas de publicação,
compartilhamento e organização de informações. Nela, os espaços interativos
entre participantes e o processo são extremamente ampliados. Além disso, o
autor também ressalta que a Web 2.0 não se restringe a apenas uma combinação
de técnicas de informática, mas também a uma era do período tecnológico, na
qual ocorre um conjunto de novas estratégias mercadológicas e processos de
comunicação mediados por computador. Para Sá e Bertocchi11, basicamente a
6 PRIMO, Alex; SMANIOTTO, Ana. Comunidades de blogs e espaços conversacionais.
Disponível em www.ufrgs.br/limc/PDFs/insanus.pdf. Acesso em 12/03/2015. 7 PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. Disponível em:
http://www.ufrgs.br/limc/PDFs/web2.pdf. Acesso em 12/03/2015. 8 ALVES, Antônia. EAD: planejar de olho no sujeito social. Disponível em:
http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/825967. Acesso em: 11/03/2015. 9 Idem
10 PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. Disponível em:
http://www.ufrgs.br/limc/PDFs/web2.pdf. Acesso em 12/03/2015. 11
SÁ, Alberto; BERTOCCHI, Daniela. A Web 2.0 no ano de 2006. Disponível em: http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php/anuario2006/article/viewFile/380/3. Acesso em 16/03/2015.
7
definição de Web 2.0 é construída a partir do distanciamento em relação ao
passado recente da Web, o qual assinala uma passagem do predomínio das
grandes empresas tradicionais de software (como a Microsoft) para o advento das
empresas prestadoras de serviços na Internet, desviando o centro de influência
do computador pessoal para a rede enquanto plataforma.
1.3 O Webjornalismo
Segundo o site Wikipédia12, o Jornalismo online, ou JOL, pode ser definido
como a “coleta e distribuição de informações por redes de computadores como
internet ou por meios digitais”. Professor de Planejamento Gráfico e Mídias
Digitais da Universidade Federal de Santa Maria, no RS, José Rocha lembra que
“os holandeses Bardoel e Deuze usam um nome específico e adequado para esta
produção: network journalism, o jornalismo em rede”13. Estudante de Jornalismo
do CEUNSP, o Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, na cidade de
Salto-SP, Giovana Nava, simplifica a definição de webjornalismo.
O Webjornalismo (cyberjornalismo, jornalismo online, jornalismo digital) nada mais é do que o jornalismo na internet. Antes era apenas um complemento – algumas empresas jornalísticas tinham sites que eram atualizados regularmente. Hoje, está se tornando o foco principal de todos os veículos de imprensa.
14
Para Oliveira e Glanzmman, o Jornalismo evoluiu e se adaptou às
inovações tecnológicas para aperfeiçoar e propagar conteúdo, e que a Web 2.0
ampliou estas formas de propagação e produção através de várias ferramentas.
12
WIKIPEDIA. Jornalismo online. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo_online. Acesso em: 19/03/2015. 13
ROCHA, José. Entendendo o jornalismo online. Disponível em: http://meiradarocha.jor.br/news/2000/12/31/entendendo-o-jornalismo-online. Acesso em 16/03/2015. 14
CASA DOS FOCAS. O que é webjornalismo?. Disponível em: http://www.casadosfocas.com.br/o-que-e-webjornalismo. Acesso em 16/03/2015.
8
Os autores ainda afirmam que “o Jornalismo jamais obteve tantas e variadas
formas de atuação interessantes como hoje, graças à nova era”.15
Assim como a prática do Jornalismo se beneficiou das diversas tecnologias criadas com o passar dos anos, a Web 2.0 também oferece uma série de vantagens para os profissionais atuais exercerem a profissão. Além da praticidade e da velocidade que um computador conectado à rede pode apresentar, a integração das mídias amplia o repertório do jornalista, bem como as aplicações da Web 2.0 agregam valor ao processo comunicacional, potencializando as formas de apuração, publicação, compartilhamento e organização de informações.
16
Viana afirma que cada vez percebemos mais comum as práticas de coleta
e trato da informação “tendo a internet como fonte nos mais diversos suportes e
formatos midiáticos, englobando tanto os meios online quanto offline e incluindo
jornais, revistas e programas televisivos de todos os gêneros”.17 Com o jornalismo
cada vez mais presente no ambiente online.
Para Mielniczuk, se antes da invenção da World Wide Web (WWW) a rede
já era utilizada para a divulgação de informações, tendo como características os
serviços oferecidos para um público muito específico, através da distribuição de e-
mails, de boletins, e recursos semelhantes, agora a Internet tem o seu uso mais
expressivo para atender finalidades jornalísticas com caráter comercial, com o
desenvolvimento da Web no início dos anos 9018.
Segundo a autora, ao longo desta década do jornalismo na web, é possível
identificar três fases distintas na evolução do Jornalismo Online no Brasil.
Primeiro, o momento chamado de transpositivo: “os produtos oferecidos, em sua
maioria, eram reproduções de partes dos grandes jornais impressos, que
15
OLIVEIRA, Carolina F.; GLANZMMAN, José H. Jornalismo na era da Web 2.0. Disponível em: www.cesjf.br/revistas/.../06_COMUNICACAO_jornalismonaeradaweb.pdf. Acesso em 16/03/2015. 16
Idem 17
VIANA, Luciana. O Hoax e os desafios jornalísticos no trato da informação. Disponível em www.intercom.org.br/papers/nacionais/2010/resumos/R5-1857-1.pdf. Acesso em 18/03/2015. 18
MIELNICZUK, Luciana. Características e implicação do Jornalismo na Web. Disponível em www.facom.ufba.br/jol/pdf/2002_mielniczuk_piramides_invertidas.pdf. Acesso em 18/03/2015.
9
passavam a ocupar um espaço na Internet”19. A autora observa que nesta fase,
não passavam de transposições de algumas matérias do jornal impresso,
atualizados a cada 24 horas. A internet se aperfeiçoou em estrutura, então
chegamos na segunda fase, que a autora denomina de metáfora.
Nesta fase, mesmo ainda sendo meras cópias do impresso para a Web, começam a surgir links com chamadas para notícias de fatos que acontecem no período entre as edições; o e-mail passa a ser utilizado como uma possibilidade de comunicação entre jornalista e leitor ou entre os leitores, através de fóruns de debates; a elaboração das notícias passa a explorar os recursos oferecidos pelo hipertexto. A tendência ainda era a existência de produtos vinculados não só ao modelo do jornal impresso, mas também às empresas jornalísticas cuja credibilidade e rentabilidade estavam associadas ao jornalismo impresso.
20
Na terceira fase, tem-se o webjornalismo: “são sites jornalísticos que
extrapolam a idéia de uma simples versão para a Web de um jornal impresso e
passam a explorar de forma melhor as potencialidades oferecidas pela rede”.21
1.4 Os Blogs e a democratização da informação.
O Blog é uma contração do termo inglês Web Log. Pela definição, tem
características de diário que é atualizado regularmente22. Segundo Araújo23, a
palavra se tornou muito popular a partir de 1999, “quando surgiram os primeiros
softwares de edição de páginas on-line que dispunham os arquivos inseridos em
ordem cronológica reversa”, ou seja, os arquivos seguem uma ordem de
hierarquia, com os mais recentes no topo da página. A popularidade dos blogs
entre os seus usuários se deu justamente pela facilidade em disponibilizar
19
MIELNICZUK, Luciana. Características e implicação do Jornalismo na Web. Disponível em www.facom.ufba.br/jol/pdf/2002_mielniczuk_piramides_invertidas.pdf. Acesso em 18/03/2015. 20
Idem 21
Idem 22
PRIBERAM DICIONÁRIO. Blo-gue. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/blogue. Acesso em 23/03/2015. 23
ARAUJO, Artur. A notícia que é notícia: o blog jornalístico. Disponível em: www.nuted.ufrgs.br/objetos/2005/obj_blog/conceito.pdf. Acesso em 23/03/2015.
10
conteúdo e, sobretudo, por permitir tratar de assuntos de interesses desse público
de modo bastante informal. Segundo Zuza:
A partir do momento em que o escrito deixa o tradicional diário de papel para a página do computador, ele perde a intimidade do caderno fechado e ganha evidência no ciberespaço, um campo aberto em que todos têm a chance de ler e comentar.
24
Atualmente existem cerca de 112 milhões de blogs e cerca de 120 mil são
criados diariamente, de acordo com o estudo State of Blogosphere25. Este
fenômeno se deu, principalmente, pela democratização da informação,
especialmente na internet. Entende-se democratizar como popularizar, tornar
acessível a todas as classes26. Lima afirma que “a democratização da
comunicação é um processo no qual temos avançando, em especial, por
intermédio das potencialidades oferecidas pela internet”27. A interatividade e a
multiplicidade de opinião é o novo cenário que se apresenta no Jornalismo, antes
tradicional, e como principal característica unilateral. “Graças à Internet, os
usuários podem se juntar e compartilhar ideias. A inovação liderada por usuários
é parte desse cenário criativo e democrático da nova era. As pessoas querem ter
voz”. (LABORATÓRIO INTEGRADO DE MARKETING E CULTURA, 2005, p.14).
1.5 Jornalismo participativo
Não tem intermediário na informação, não tem ditadura da informação. Todo mundo produz e distribui conteúdo.
28
24
ZUZA, Erika. O uso do blog por meios jornalísticos no Brasil. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/revistas/index.php/inovcom/article/view/326. Acesso em 25/03/2015. 25
WIKIPEDIA. Blog. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Blog. Acesso em 23/03/2015. 26
DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS. Democratização. Disponível em: http://www.dicio.com.br/democratizar/. Acesso em 26/03/2014. 27
LIMA, Venício. Regular a mídia para democratizar a comunicação. Disponível em: http://www.teoriaedebate.org.br/colunas/midia/regular-midia-para-democratizar-comunicacao. Acesso em 26/03/2015. 28
MERIGO apud AMARAL, Mauro. U2 faz Show em São Paulo e quem aparece é a Katilce. Disponível em: http://www.carreirasolo.org/inspiracao/katilce-e-o-show-do-u2#.VRVacI4YHgx. Acesso em 27/03/2015.
11
O envolvimento de cidadãos comuns, antes considerados meros leitores,
na publicação e edição de conteúdos jornalísticos, tem se tornado uma prática
cada vez mais comum. A esta tendência atribui-se o conceito de “jornalismo
participativo”, “jornalismo cidadão” ou mesmo “jornalismo open-source”29.
Cavalcanti define Jornalismo Colaborativo como sendo:
Um modelo de jornalismo em que o leitor ou usuário deixa de ser um mero receptor e participa, parcial ou integralmente, do processo de produção de determinado conteúdo jornalístico. Nele, o receptor de conteúdo passou a produzir material para as plataformas dos veículos tradicionais. São indivíduos sem formação jornalística que, engajados na ideia de reconhecimento como parte integrante do jornal, passam a participar dos processos de produção e construção da informação.
30
Savi afirma que, por serem classificações recentes, “possuem definições
similares que ainda estão sendo trabalhadas, pois não se chegou a um consenso
para estabelecer com maior precisão o significado e diferenças entre elas”31. O
autor conclui ainda que o uso de ferramentas como os blogs e wikis
“possibilitavam que pessoas sem conhecimentos específicos de informática ou
programação pudessem publicar informações na web”.
Para Gilmor, “a tecnologia deu-nos um kit de ferramentas para
comunicação que permite a qualquer um tornar-se um jornalista a baixo custo e,
na teoria, com alcance global. Nada disto teria sido possível no passado”32.
Segundo Aroso, “só se deve falar em jornalismo participativo quando existem
29
WIKIPEDIA. Web 2.0. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Web_2.0. Acesso em 24/03/2015. 30
CAVALCANTI apud DORNELLES, Beatriz; LAUX, Morgana. Experiência de jornalismo colaborativo na produção do noticiário de blogs do jornal Zero Hora aproxima leitores de cadernos de bairro a produtores da notícia. Disponível em: http://www.mundodigital.unesp.br/revista/index.php/comunicacaomidiatica/article/view/303/182. Acesso em 23/03/2015. 31
SAVI, Rafael. Utilização de ferramentas interativas em jornalismo participativo: uma análise de casos de blogs, wikis, fóruns e podcasts em meados da primeira década do século XXI. Disponível em: http://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/90833. Acesso em 27/03/2015. 32
GILMOR apud FRANCISCO, Kárita. O jornalismo e as redes sociais: participação, inovação ou repetição de modelos tradicionais? Disponível em: http://revistas.ua.pt/index.php/prismacom/article/view/754. Acesso em 10/04/2015.
12
efetivamente jornalistas e os cidadãos participam efetivamente na produção,
construção e transmissão da informação”33. Pinheiro traz luz a uma questão
fundamental no Jornalismo Participativo: a credibilidade das informações. O autor
chama atenção para a checagem da veracidade, que assegura a credibilidade.
E nesta questão que reside o grande conflito do jornalismo colaborativo. De um lado temos o profissional confinado a procedimentos rígidos e de outro lado o público, ansioso pela verdade e agora detentor dos meios tecnológicos para obter e revelar informações.
34
Para Pinheiro, o jornalismo colaborativo trabalha com a seguinte lógica:
“publicar primeiro para depois filtrar as informações, imitando o princípio de auto-
correção que impera nas redações só que quem faz o papel de editor que separa
o que deve ser de proveito é o próprio leitor”35. A falta de credibilidade neste
modelo de Jornalismo se dá, principalmente, segundo Brambilla:
Sem a chancela de uma instituição ou mesmo o suporte de técnicas jornalísticas de apuração conduz, inegavelmente, à desconfiança da veracidade por uma sociedade habituada a esperar que o jornalismo seja o porta-voz do mundo real.
36
Esta modalidade jornalística parte do princípio de que qualquer pessoa
pode ser um jornalista que contribui para a construção do noticiário.
O cidadão entra em cena, enviando para os veículos de comunicação, imagens cinematográficas, fotos ou textos que ilustram determinada situação, que na grande maioria das vezes o cidadão-repórter presenciou. Esse fenômeno deve-se em grande parte à “vulgarização de máquinas de fotografia digital e celulares que podem captar fotos ou vídeos e enviar mensagens multimídia”.
37
33
AROSO, Inês. As redes sociais como ferramentas de jornalismo participativo nos meios de comunicação regionais: um estudo de caso. Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/aroso-ines-2013-redes-sociais-ferramenta-jornalismo.pdf. Acesso em 26/03/2015. 34
PINHEIRO, Guilherme. O cidadão-repórter e o papel do jornalista profissional através do jornalismo participativo. Disponível em: www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2009/.../R14-0289-1.pdf. Acesso em 27/03/2015. 35
Idem 36
BRAMBILLA, Ana. Jornalismo open source em busca de credibilidade. Disponível em: http://www.ufrgs.br/limc/PDFs/Ana_4.pdf. Acesso em 27/03/2015. 37
PRIMO, Alex; TRÄSEL, Marcelo. Webjornalismo participativo e a produção aberta de notícias. Disponível em: www.ufrgs.br/limc/PDFs/webjornal.pdf. Acesso em 27/03/2015.
13
Silva afirma que “um dos pontos fracos da participação do leitor na
construção das notícias é a questão da credibilidade”38. Neste processo novo,
Gilmor acrescenta que a história passa a ser escrita por aqueles que previamente
faziam parte da audiência. A internet passa a oferecer a possibilidade da
comunicação de muitos-para-muitos e poucos-para-poucos. Cruz, em seu
Trabalho de Conclusão de Curso, sugere que:
O jornalismo participativo e suas ferramentas não representam ameaça à prática profissional, mas exige novas aplicações no exercício de jornalistas, que passam a ter relacionamento mais interativo e intenso com seu público, tendo também a função de intermediar a colaboração de usuários comuns (internautas/leitores) nos veículos pelos quais respondem, visando zelar pela credibilidade do mesmo, bem como preservar sua identidade como profissional da comunicação.
39
Para López, ao longo do século XX, “a produção de notícias foi quase que
exclusivamente um trabalho jornalístico e que os então usuários tinham um papel
bastante passivo”40. Porém, com os novos media surgem novas formas de
participação assim como tendências de mudanças nas atitudes dos usuários. “Os
cidadãos com ajuda de pequenas máquinas estão aprendendo a criar notícias e
outros modos de expressão”41.
Para Canavilhas42, uma das grandes possibilidades do webjornalismo é a
interação direta e imediata com o produtor da notícia. “No ciberespaço há um
grande fluxo de informações acontecendo de forma mais rápida, com atualizações
em poucos espaços de tempo”. Atualmente, as redes sociais Facebook e Twitter
38
SILVA, Letícia. Webjornalismo Colaborativo ou Culto ao Amador?. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/silva-leticia-webjornalismo-colaborativo-ou-culto-ao-amador.pdf. Acesso em 13/04/2015. 39
CRUZ, Thaís. Jornalismo participativo na internet – o “eu-repórter” do Globo online: um estudo de caso. Disponível em: http://pt.slideshare.net/atitudedigital/mtv-brasil. Acesso em 27/03/2015. 40
LÓPEZ apud FRANCISCO, Kárita. O jornalismo e as redes sociais: participação, inovação ou repetição de modelos tradicionais? Disponível em: http://revistas.ua.pt/index.php/prismacom/article/view/754. Acesso em 10/04/2015. 41
Idem 42
CANAVILHAS, João. Webjornalismo Considerações gerais sobre jornalismo na web. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/canavilhas-joao-webjornal.pdf. Acesso em: 10/04/2015.
14
aparecem como ferramentas importantes para a coleta e divulgação da
webnotícia.
Neste capítulo, discorremos sobre a origem da internet e a sua evolução,
através da web 2.0. Consequentemente, o jornalismo se beneficiou das suas
potencialidades. O fenômeno dos Blogs na democratização da informação e a
revolução do webjornalismo com o surgimento do Jornalismo Participativo. No
próximo capítulo iremos investigar como as redes sociais influenciaram a
construção da notícia na internet e os perigos dos hoaxes.
15
CAPÍTULO 2
AS REDES SOCIAIS E O HOAX
2.1 As redes sociais
O site da Wikipédia define as redes sociais como “uma estrutura social
composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de
relações, que compartilham valores e objetivos comuns” 43. Para Marteleto, redes
sociais são “um conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e recursos
em torno de valores e interesses compartilhados” 44.
Com o avanço da tecnologia e da informação, as redes sociais foram
ganhando um papel de destaque na sociedade. Segundo Recuero45, as redes
sociais ditas online podem operar em diferentes níveis, como, por exemplo, redes
de relacionamentos (como Facebook e Twitter) e as redes profissionais (como
Linkedin), dentre outras, e que nos permitem analisar a forma como as
organizações desenvolvem suas atividades, como os indivíduos alcançam os
seus objetivos ou medir o capital social (isto é, o valor que os indivíduos obtêm da
rede social). Um ponto em comum entre as redes sociais é o compartilhamento de
informações, de conhecimentos, interesses e esforços em busca de objetivos
comuns. Para Recuero46, as redes sociais têm por objetivo a interação.
43
WIKIPÉDIA. Rede Social. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_social. Acesso em 24/04/2015. 44
MARTELETO, Regina. Análise de Redes Sociais - aplicação nos estudos de transferência da informação. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v30n1/a09v30n1.pdf. Acesso em: 24/04/2015. 45
RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Disponível em: http://www.ichca.ufal.br/graduacao/biblioteconomia/v1/wpcontent/uploads/redessociaisnainternetrecuero.pdf. Acesso em: 25/04/2015. 46
Idem
16
Rede social é gente, é interação, é troca social. É um grupo de pessoas, compreendido através de uma metáfora de estrutura, a estrutura de rede. Os nós da rede representam cada indivíduo e suas conexões, os laços sociais que compõem os grupos. Esses laços são ampliados, complexificados e modificados a cada nova pessoa que conhecemos e interagimos
47.
O crescimento das principais redes sociais é surpreendente. Estudos
recentes revelam que o Facebook, em resultados do terceiro trimestre de 2014,
inclui uma impressionante base ativa mensal de nada menos que 1,35 bilhões de
usuários. Essa é mais ou menos a mesma população da China, o país com a
maior população do planeta48. Em terceiro lugar está o Twitter, com 11,3 milhões
de usuários brasileiros. Os números são ainda mais impressionantes porque na
época a rede social tinha apenas 375 mil usuários. Até abril deste ano, essa
quantidade saltou para 4 milhões49. O Twitter viu o número de usuários subir para
271 milhões50.
2.2 A comunicação nas redes sociais
Segundo Recuero, no espaço offline, ou seja, fora da grande rede, uma
notícia ou informação só se propaga na rede através das conversas entre as
pessoas. “Nas redes sociais online essas informações são muito mais
amplificadas, reverberadas, discutidas e repassadas”. Para a autora, essas redes
“proporcionaram mais voz às pessoas, mais construção de valores e maior
47
RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Disponível em: http://www.ichca.ufal.br/graduacao/biblioteconomia/v1/wpcontent/uploads/redessociaisnainternetrecuero.pdf. Acesso em: 25/04/2015. 48
CÓDIGO FONTE. Número de usuários do Facebook está quase ultrapassando a quantidade de pessoas na China. Disponível em: http://codigofonte.uol.com.br/noticias/numero-de-usuarios-do-facebook-esta-quase-ultrapassando-a-quantidade-de-pessoas-na-china. Acesso em 25/04/2015. 49
CANAL TECH. Linkedin passa Twitter e agora é a segunda rede social mais usada no Brasil. Disponível em: http://canaltech.com.br/noticia/internet/LinkedIn-passa-Twitter-e-agora-e-a-segunda-rede-social-mais-usada-no-Brasil/. Acesso em: 25/04/201.
17
potencial de disseminar informações. Esses valores são chamados capital social”.
Para Tomaél, “no ambiente das redes, o compartilhamento de informação e de
conhecimento entre as pessoas é constante, pois as pessoas frequentemente
gostam de compartilhar o que sabem” 51.
Boa parte da transmissão das informações se deve às redes móveis. O
WhatsApp, por exemplo, é um mensageiro gratuito para smartphones. O
aplicativo permite enviar mensagens de textos, imagens, vídeos e outros
arquivos para outros usuários que também tenham o programa instalado no
smartphone ou no tablet52. O aplicativo é utilizado por 700 milhões de pessoas,
segundo anunciou no dia 06/01/2015 o criador e presidente-executivo da
empresa, Jan Koum53.
Apesar dos inúmeros benefícios, as redes sociais online apresentam um
ambiente favorável à disseminação de notícias falsas ou boatos virtuais devido à
rapidez e o número de usuários que as informações podem alcançar. Para
Francisco54, “as redes sociais, assim, além de terem potencial para colaboração,
têm também potencial para a difusão de informações e para a construção de
50
EXAME.COM. Número de usuários ativos do Twitter bate expectativas. Disponível em: http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/numero-de-usuarios-ativos-do-twitter-bate-expectativas-e-acoes-disparam-2. Acesso em 25/04/2015. 51
TOMAÉL, Maria. Redes de conhecimento: O Compartilhamento da informação e do conhecimento em consórcio de exportação do setor moveleiro. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/EARM-6ZFQFX/doutorado___maria_in_s_toma_l.pdf?sequence=1. Acesso em 01/05/2015. 52
WIKIPEDIA. Whatsapp. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/WhatsApp. Acesso em: 25/04/2015. 53
G1. WhatsApp atinge os 700 milhões de usuários por mês em todo o mundo. Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/01/whatsapp-atinge-os-700-milhoes-de-usuarios-por-mes-em-todo-o-mundo.html. Acesso em 24/05/2015. 54
FRANCISCO, Kárita. O jornalismo e as redes sociais: participação, inovação ou repetição de modelos tradicionais? Disponível em: http://revistas.ua.pt/index.php/prismacom/article/view/754. Acesso em 10/04/2015.
18
novos valores sociais”. Mazzanti55 diz que “a Internet é agora a precursora de
folclores contemporâneos”.
2.3 O hoax
Diferente de vírus ou ataques de phishing, que visam o roubo de informações da pessoa ao se passar por uma instituição séria, os hoaxes têm outras finalidades. Normalmente são usados para difamar pessoas ou instituições, transmitir visões políticas, atrair tráfego para determinada página/site/blog/perfil ou mesmo por diversão irresponsável
56.
A primeira preocupação é diferenciar rumores e boatos, do termo hoax. Para
Borinatti e Pinheiro “o fato de o termo ser novo e exclusivamente digital já
diferencia o Hoax de rumor e boato, já que os dois últimos podem ocorrer em
qualquer meio de comunicação e através do boca a boca”57. Damasceno e Lima
dizem que o termo é muito utilizado na cibercultura: “o hoax é tratado como ruído
no ciberespaço, e caracteriza-se pela velocidade de viralização, desorientando
usuários e produtores de conteúdo dentro da rede”58.
Para Alecrim, o hoax é como um tipo de spam, que tem a finalidade de
propagar boatos ao maior número de indivíduos possíveis. “Uma pessoa pode
receber um hoax por e-mail e enviá-lo em poucos segundos para a sua lista de
contatos ou divulgá-lo em uma rede social, permitindo que várias pessoas ao
mesmo tempo vejam este conteúdo” 59. A internet, principalmente os sites de
55
MAZZANTI, Eduardo. Hoax: Lendas e Boatos na Internet. Disponível em: http://www.inf.ufsm.br/~mazzanti/elc1020/artigo_elc1020.tex. Acesso em: 03/05/2015. 56
COLUNA DIGITAL. O que são hoaxes? E como jornalistas podem evitá-los. Disponível em: http://www.colunadigital.com/2013/04/o-que-e-hoax-como-nao-ser-enganado.html. Acesso em 06/05/2015. 57
BORINATTI, Luiz Antônio; PINHEIRO, Paulo. Principais características dos hoaxes. Disponível em: http://www.intercom.org.br/sis/2014/resumos/R9-2319-1.pdf. Acesso em 06/05/2015. 58
DAMASCENO, Diana. LIMA, Christopher. A construção da informação jornalística na pós-modernidade: Hoaxes e ruídos da rede. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bauman/article/view/2883/1105. Acesso em 04/05/2015. 59
ALECRIM, Emerson. Hoax: os perigos dos boatos na internet. Disponível em: http://www.infowester.com/hoax.php. Acesso em 02/05/2015.
19
redes sociais, é um ambiente favorável à disseminação e proliferação de boatos
ou rumores.
Para Reule, a circulação de rumores na rede “é um processo
comunicacional, resultado de ações coletivas”60. O fenômeno é definido como um
tipo de informação não confirmada que se propaga em rede e que circula com a
intenção de ser tomada como verdadeira. A autora afirma ainda que, com o
advento da internet, ficariam potencializadas pelo sujeito social as atividades
inerentes ao ser humano.
A rede representa um ideal de democratização – diminuindo, utopicamente, hierarquias – e possibilita, através do anonimato, um sentimento de liberdade em diversos níveis, seja emocional, relacional, cultural ou mesmo profissional.
61
Wolton chama atenção e nos diz que na internet “cada um pode agir sem
intermediários, quando bem quiser, sem filtro nem hierarquia e em tempo real”62.
Reule também reforça este conceito com os termos “desterritorializado” e
“interativo” para citar a internet e seu espaço social, e que “potencializa uma
interação sem coincidência temporal e geográfica, caracterizado pela multimídia,
pelo hipertexto, pela velocidade e pela produção coletiva” 63.
Alguns sites têm se especializado em identificar e desmistificar informações
falsas nas redes sociais. O pioneiro é o E-Farsas64, idealizado em 2002, pelo
60
REULE, Danielle. A dinâmica dos rumores na rede: a web como espaço de propagação de boatos virtuais. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/13796?locale=pt_BR. Acesso em 07/05/2015. 61
Idem 62
WOLTON apud REULE, Danielle. A dinâmica dos rumores na rede: a web como espaço de propagação de boatos virtuais. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/13796?locale=pt_BR. Acesso em 07/05/2015. 63
REULE, Danielle. A dinâmica dos rumores na rede: a web como espaço de propagação de boatos virtuais. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/13796?locale=pt_BR. Acesso em 07/05/2015. 64
http://www.e-farsas.com
20
Analista de Sistema Gilmar Lopes, e o mais recente Boatos.org65, idealizado pelo
jornalista Edgard Matsuki.
2.4 Quais as motivações na propagação do hoax?
Na Internet, “cada um pode agir sem intermediários, quando bem quiser,
sem filtro nem hierarquia e em tempo real”66. Rosa afirma que a potencialidade
do hoax se dá pela possibilidade de “um grande número de conexões entre os
indivíduos, estreitamento de laços entre pessoas fisicamente distantes e a
facilidade de acesso a informações” 67. Mas quais são as motivações para o
surgimento de um boato virtual? Jean-Noël Kapferer explica que:
Um boato pode surgir como compensação a um desejo frustrado de alguém ou de um grupo social, da necessidade de tornar público alguma confidencialidade, de interesses perturbadores de uma ordem que não convém, das fantasias (ou fantasmas) que povoam as narrativas míticas de uma cultura, de mal entendidos, de interpretações distorcidas, etc...
68
Na internet, tudo é registrado. Iasbeck afirma que “o boato só se torna um
fenômeno depois que ganha circulação”69. Reule explica que o compartilhamento
de boatos virtuais se dá da seguinte forma:
Ao receber o rumor, o indivíduo permanece num estado de dúvida sobre o significado dos eventos ocorridos ou mesmo sobre quais eventos ainda podem ocorrer. Na ausência de notícias formais, ele busca mais informações em suas redes sociais, ampliando a propagação do rumor.
70
65
http://www.boatos.org/ 66
REULE, Danielle. A dinâmica dos rumores na rede: A web como espaço de propagação de boatos virtuais. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/13796?locale=pt_BR. Acesso em: 01/05/2015. 67
ROSA, Míriam. A ditadura da audiência e os boatos na web. Disponível em: http://www.abciber.org.br/simposio2014/anais/GTs/miriam_silva_da_rosa_90.pdf. Acesso em: 07/05/2015. 68
Apud IASBECK, Luiz Carlos. Os boatos - Além e aquém da notícia. Disponível em: http://www.ufjf.br/facom/files/2013/03/R5-Iasbeck-HP.pdf. Acesso em 08/05/2015. 69
IASBECK, Luiz Carlos. Os boatos - Além e aquém da notícia. Disponível em: http://www.ufjf.br/facom/files/2013/03/R5-Iasbeck-HP.pdf. Acesso em 08/05/2015. 70
REULE, Danielle. A dinâmica dos rumores na rede: a web como espaço de propagação de boatos virtuais. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/13796?locale=pt_BR. Acesso em: 08/05/2015.
21
Iasbeck faz a seguinte indagação: “e por que correm os boatos?” O autor
cita Kapferer que discorre sobre as motivações:
Os boatos correm porque são notícias, porque trazem novidades, mesmo que a novidade não esteja no fato narrado, mas – como não raras vezes acontece – na forma de como é narrado. Além disso, a mídia do boato é informal, tal como ocorria antes da invenção da imprensa: o boato corre de ouvido a ouvido, criando um elo de cumplicidade e confirmando laços de confiança. Nesse sentido, o boato é fator de coesão social.
71
No Facebook, por exemplo, nos deparamos com montagens e imagens
que transmitem mensagens falsas ou fora do contexto. “A vontade de expressar
sua visão sobre algo polêmico ou de surpreender seus amigos com uma “bomba”
levam ao compartilhamento inocente – ou não – de hoaxes”72. Dejavite faz uma
observação interessante. Segundo a autora, a disseminação e o uso do boato dá-
se segundo a teoria de Flusser, ou conversa fiada cósmica, pois:
Pela necessidade natural do ser humano de se comunicar freqüentemente. Ou seja, as pessoas precisam falar, mesmo que não tenham de quê, por isso costumam incrementar suas conversas com informações descartáveis ou até mesmo conscientemente inverídicas.
73
Para De Souza nunca devemos acreditar em citações que não incluam um
link para a informação e que, em casos assim, a notícia deve ser confirmada para
ser passada adiante74. Para que o hoax possa ter credibilidade, diversas
estratégias são utilizadas para persuadir o receptor, como “usar expressões
apelativas ou ao associar o fato a nomes ou instituições respeitadas” 75.
71
KAPFERER Apud IASBECK, Luiz Carlos. Os boatos - Além e aquém da notícia. Disponível em: http://www.ufjf.br/facom/files/2013/03/R5-Iasbeck-HP.pdf. Acesso em 08/05/2015. 72
COLUNA DIGITAL. O que são hoaxes? E como jornalistas podem evitá-los. Disponível em: http://www.colunadigital.com/2013/04/o-que-e-hoax-como-nao-ser-enganado.html. Acesso em 06/05/2015. 73
DEJAVITE, Fábia. O jornalismo de celebridade e a propagação do boato: uma questão ética. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/f2d6afe132c5b6219bd9ac13037177c7.pdf. Acesso em: 09/05/2015. 74
DE SOUZA apud MAZZANTI, Eduardo. Hoax: Lendas e Boatos na Internet. Disponível em: http://www.inf.ufsm.br/~mazzanti/elc1020/artigo_elc1020.tex. Acesso em: 06/05/2015. 75
ZAGO, Gabriela. Boatos que viram notícias: Considerações sobre a Circulação de Informações entre Sites de Redes Sociais e Mídia Online de Referência. Disponível em:
22
Allport e Postman afirmam que qualquer necessidade humana pode dar
movimento a um rumor76. Difonzo e Bordia levam a questão mais profundamente
e afirmam que, “no contexto da transmissão de rumores, tais objetivos são
representados por três motivações”:
Valorizar relacionamentos, pois uma reputação como uma fonte de informação confiável e fidedigna é vital para a aceitação em redes sociais, valorizar a si mesmo, pois refere-se à necessidade do indivíduo de se sentir bem com ele mesmo, e buscar o fato, no qual a incerteza sobre assuntos de importância pessoal produz sentimentos de falta de controle e ansiedade
77.
2.5 As consequências do Hoax no jornalismo
No jornalismo, o boato se torna extremamente prejudicial, como foi bem
definido pelo sociólogo T. Shibutani, que afirma: “o boato é o mercado negro da
informação”78. Moretzsohn observa que não é possível “simplesmente, substituir a
informação jornalística pelo que circula na internet” e que “é preciso filtrar para
zelar pela credibilidade e combater o caos”79. É inquestionável o valor das redes
sociais como fonte de informação para o jornalista, porém há de ter um cuidado
por parte do profissional de comunicação.
A proliferação de boatos ocorre com imensa facilidade porque a fluidez do mundo virtual o torna particularmente permeável a esse tipo de coisa. Além disso, as redes sociais são um reflexo do comportamento das pessoas na vida cotidiana, cuja característica é precisamente o automatismo, a reação irrefletida.
80
http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2010/resumos/R20-0675-1.pdf. Acesso em 08/05/2015. 76
ALLPORT; POSTMAN Apud REULE, Danielle. A dinâmica dos rumores na rede: a web como espaço de propagação de boatos virtuais. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/13796?locale=pt_BR. Acesso em: 08/05/2015. 77
DIFONZO; BORDIA Apud REULE, Danielle. A dinâmica dos rumores na rede: a web como espaço de propagação de boatos virtuais. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/13796?locale=pt_BR. Acesso em: 08/05/2015. 78
SHIBUTANI apud ROSA, Míriam. A ditadura da audiência e os boatos na web. Disponível em: http://www.abciber.org.br/simposio2014/anais/GTs/miriam_silva_da_rosa_90.pdf. Acesso em: 07/05/2015. 79
MORETZSOHN, Sylvia. Redes sociais, boatos e jornalismo. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/caderno-da-cidadania/_ed751_redes_sociais_boatos_e_jornalismo/. Acesso em 09/05/2015. 80
Idem
23
Para Fraga, Rollemberg e Terra, “o dano causado por meios de
comunicação, mídias, por conta de seu conteúdo ser falso ou ofensivo resulta na
violação da confiança”. O jornalista trabalha com a credibilidade dos fatos, e, ao
perdê-la, se constitui em uma tragédia na comunicação. Neste contexto vale uma
reflexão de Chesterton: “quando as pessoas deixam de acreditar em alguma
coisa, o risco não é de que passem a acreditar em nada, e sim, de que acreditem
em qualquer coisa”81. Para Sodré e Paiva, “a falha na apuração e o excesso de
informação em circulação ou à disposição têm produzido um ambiente em que as
notícias circulam de maneira acelerada consolidando o ambiente de boato”82.
Deiro chama atenção para a urgência na atividade jornalística e “a semelhança
entre a agilidade do jornalismo online e dos antigos serviços de agência
noticiosas”. Segundo o autor:
A gravidade reside no fato de que, enquanto os últimos produzem um material que depois será filtrado pelos jornais, o trabalho feito pelos primeiros tem publicação quase imediata e muitas vezes automática. A ausência dos mecanismos de checagem, detalhamento e contextualização, assim, muitas vezes compromete a qualidade das notícias veiculadas
83.
Neste capítulo falamos sobre a importância das redes sociais na
comunicação e o surgimento do hoax. Analisamos as motivações que levam ao
seu compartilhamento e as consequências dos boatos virtuais no jornalismo. No
próximo capítulo iremos analisar alguns casos de boatos que prejudicam o
trabalho jornalístico e os cuidados que o profissional deve ter na apuração das
informações na grande rede.
81
Apud SODRÉ, Muniz. O boato nosso de cada dia. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/o-boato-nosso-de-cada-dia/. Acesso em 09/05/2015. 82
Apud DEIRO, Bruno. O ônus da agilidade no jornalismo online. Disponível em: http://casperlibero.edu.br/wp-content/uploads/2014/04/Bruno-Peixoto-Deiro.pdf. Acesso em 09/05/2015.
24
CAPÍTULO 3
O HOAX E A FALHA NA APURAÇÃO JORNALÍSTICA
3.1 A popularização das redes sociais
O volume de informações que transitam pelas redes sociais é assustador.
Segundo estudo de 2014 da comScore, empresa de análise de mídias digitais, “os
brasileiros continuam liderando o engajamento online, com usuários que navegam
29,7 horas por mês, 7 horas a mais do que a média mundial” 84. Ainda segundo o
estudo:
O Brasil possui a 5ª maior audiência do mundo com 68.1 milhões de visitantes únicos em Fevereiro de 2014, um crescimento de 11% em comparação a fevereiro de 2013. Em relação a total de minutos, ocupa o terceiro lugar com 126,857 milhões de minutos. Dos 169 milhões de internautas da América Latina, 40% da audiência online está no Brasil. O Facebook lidera a categoria de Redes Sociais, seguido por LinkedIn. Os Brasileiros passam mais tempo navegando no Facebook do que Mexicanos e Argentinos passam online por mês.
Para Maffesoli85, “as pessoas não querem só informação na mídia, mas
também é fundamentalmente ver-se, ouvir- se, participar, contar o próprio
cotidiano para si mesmas e para aqueles com quem convivem”. O autor ainda
afirma que a informação serve de cimento social. O fato é que os internautas
querem ouvir e serem ouvidos. Recuero86 explica que as redes sociais são um
conjunto formado por dois elementos, os atores e as conexões. As pessoas,
83
DEIRO, Bruno. O ônus da agilidade no jornalismo online. Disponível em: http://casperlibero.edu.br/wp-content/uploads/2014/04/Bruno-Peixoto-Deiro.pdf. Acesso em 09/05/2015. 84
COMSCORE. Estudo da comScore: Brazil Digital Future in Focus 2014 está disponível. Disponível em: http://www.comscore.com/por/Imprensa-e-eventos/Press-Releases/2014/5/Estudo-da-comScore-Brazil-Digital-Future-in-Focus-2014-esta-disponivel. Acesso em 12/05/2015. 85
MAFFESOLI, Michel. A comunicação sem fim (teoria pós-moderna da comunicação). Disponível em: http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/famecos/article/viewFile/336/267. Acesso em: 13/05/2015. 86
RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Disponível em: http://www.raquelrecuero.com/livros/redes_sociais_na_internet.pdf. Acesso em 16/05/2015.
25
instituições ou grupos (os indivíduos envolvidos na rede), de um lado, e suas
respectivas conexões, de outro.
Na atualidade, uma característica marcante dos atores nas redes é a
necessidade de visibilidade que, por sua vez, reforça a possibilidade de interação.
Para Costa e Bezerra87, as redes sociais são “um novo meio através do qual os
cidadãos também tomam conhecimento de fatos, buscam informações e/ou
externam posicionamentos, num processo que pode abordar temas diversos”.
O advento das novas tecnologias, aliado aos diferentes modelos de comunicação e disseminação das mensagens, fez da Internet um campo fértil para o surgimento de espaços propícios, inclusive, ao debate público
88.
Porém, Recuero89 afirma que “as redes sociais não têm uma vocação
jornalística em essência, mas complementar à prática jornalística”. Pase e Goss
citam Gillmor90 ao dizer que “o jornalismo deixou de ser uma palestra, com a
atenção destinada apenas a uma pessoa, e intensificou seu tom de conversa,
formando um diálogo entre diferentes partes”.
Outro fator altera totalmente o cenário jornalístico atual: no jornalismo
colaborativo, a popularização das tecnologias móveis, como as câmeras
fotográficas digitais, os smartphones, etc. “As tecnologias móveis modificam os
papeis tradicionais dos atores, de consumidor a produtor, e o jornalismo parece
87
COSTA, Juliana dos Santos; BEZERRA, Beatriz. A viralização das notícias sobre celebridades em redes sociais e a interação para construção da nova notícia: o caso Anitta. Disponível em: http://www.geminis.ufscar.br/download/jornada_internacional_geminis:_entretenimento_transm%C3%ADdia_(jig_2014)/redes_de_produ%C3%A7%C3%A3o_e_circula%C3%A7%C3%A3o_do_conte%C3%BAdo_audiovisual/A%20Viraliza%C3%A7%C3%A3o%20das%20Not%C3%ADcias%20Sobre%20Celebridades%20em%20Redes%20Sociais%20e%20a%20Intera%C3%A7%C3%A3o%20para%20Constru%C3%A7%C3%A3o%20da%20Nova%20Not%C3%ADcia_%20O%20Caso%20Anitta.pdf. Acesso em 16/05/2015. 88
Idem 89
RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet, Difusão de Informação e Jornalismo: Elementos para discussão. Disponível em: http://www.raquelrecuero.com/artigos/artigoredesjornalismorecuero.pdf. Acesso em 20/05/2015.
26
não ter reelaborado o seu papel neste cenário de permanente troca de
informações e de conexões ubíquas”, afirma Mielniczuk91.
3.2 A APURAÇÃO EM TEMPO REAL
A primeira tarefa do jornalista/criador de contexto ainda é verificar que informação é confiável, mas apresentar de maneira correta e de forma que o público possa compreender corretamente.
92
Para os profissionais de comunicação, principalmente os jornalistas,
desenvolver habilidades de checagem na internet é essencial. A grande questão
no Jornalismo Online é a apuração das notícias em tempo real. Franciscato
chama atenção para este tipo esse aceleramento do fluxo de informação,
praticado aqui no país:
O jornalismo que opera em uma dimensão de tempo real se defronta com a possibilidade de romper práticas tradicionais tanto na produção quanto na circulação do seu produto. A experiência de atualidade, ao se aproximar dramaticamente da meta da instantaneidade e utilizar o ‘instante’ como ordenador temático, gera uma tensão entre sua real capacidade de relatar o instante e a secundarização do atendimento a outras tarefas fundamentais do jornalismo, como a apuração rigorosa da informação
93.
Costa e Kondlatsch94 afirmam que “é fundamental questionar se a
apuração sofre de uma diminuição de sua importância quando contraposta com a
90
GILLMOR apud PASE, André; GOSS, Bruna. Entre cordeiros e cabritos: um estudo da relação entre jornalistas e torcidas na apropriação do conteúdo das redes sociais. Disponível em: http://www.fumec.br/revistas/mediacao/article/view/1901. Acesso em: 18/05/2015. 91
MIELNICZUK, Luciana. O celular afronta o jornalismo. Disponível em: http://sbpjor.kamotini.kinghost.net/sbpjor/admjor/arquivos/9encontro/CC_42.pdf. Acesso em 18/05/2015. 92
KOVACH; ROSENTIEL Apud PASE, André; GOSS, Bruna. Entre cordeiros e cabritos: um estudo da relação entre jornalistas e torcidas na apropriação do conteúdo das redes sociais. Disponível em: http://www.fumec.br/revistas/mediacao/article/view/1901. Acesso em: 18/05/2015. 93
FRANCISCATO Apud COSTA, Helton; KONDLATSCH, Rafael. Sujeito emissor: O “bolsa prostituição” como verdade nas redes sociais. Disponível em: http://www.unigran.br/mercado/paginas/arquivos/edicoes/4/6.pdf. Acesso em: 13/05/2015. 94
COSTA, Helton; KONDLATSCH, Rafael. Sujeito emissor: O “bolsa prostituição” como verdade nas redes sociais. Disponível em: http://www.unigran.br/mercado/paginas/arquivos/edicoes/4/6.pdf. Acesso em: 13/05/2015.
27
urgência da notícia em tempo real”95, e afirmando que “o que é imperativo no
jornalismo, porém, é a necessidade da veracidade dos fatos relacionados à
ocorrência”96. Para Machado e Palacios97, “as chamadas Últimas Notícias
tornaram-se uma característica de quase todos os jornais mais importantes na
web”. Os autores ainda sinalizam outro ponto preocupante: “alguns jornais,
especialmente aqueles localizados em portais, chegam a estabelecer como sua
marca registrada a rapidez da atualização, no estilo fast-food”. Pase e Goss
também chamam a atenção para uma atualização técnica do profissional:
No horizonte jornalístico, a consequência disso é a exigência de novas habilidades, principalmente a atualização técnica. A principal diferença, porém, está no desafio de agir corretamente em frações menores de tempo. O registro permanente do que é veiculado culmina na perpetuação de deslizes
98.
O resultado é um jornalismo que “disputa” a audiência do internauta e
prejudica o trabalho jornalístico, pois a informação é transmitida com deficiências
na sua construção. E cada vez mais os internautas acompanham os sites ditos
jornalísticos:
O acompanhamento da informação através de sites e portais de notícias já faz parte do cotidiano de um número crescente de pessoas, que por sua vez encontram nas chamadas redes sociais da Internet uma maneira de expressar suas opiniões
99.
95
Idem 96
COSTA, Helton; KONDLATSCH, Rafael. Sujeito emissor: O “bolsa prostituição” como verdade nas redes sociais. Disponível em: http://www.unigran.br/mercado/paginas/arquivos/edicoes/4/6.pdf. Acesso em: 13/05/2015. 97
MACHADO, Elias; PALACIOS, Marcos. (Org.). Modelos de Jornalismo Digital. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/117393289/Modelos-de-Jornalismo-Digital. Acesso em: 13/05/2015. 98
PASE, André; GOSS, Bruna. Entre cordeiros e cabritos: um estudo da relação entre jornalistas e torcidas na apropriação do conteúdo das redes sociais. Disponível em: http://www.fumec.br/revistas/mediacao/article/view/1901. Acesso em: 18/05/2015. 99
COSTA, Juliana dos Santos; BEZERRA, Beatriz. A viralização das notícias sobre celebridades em redes sociais e a interação para construção da nova notícia: o caso Anitta. Disponível em: http://www.geminis.ufscar.br/download/jornada_internacional_geminis:_entretenimento_transm%C3%ADdia_(jig_2014)/redes_de_produ%C3%A7%C3%A3o_e_circula%C3%A7%C3%A3o_do_conte%C3%BAdo_audiovisual/A%20Viraliza%C3%A7%C3%A3o%20das%20Not%C3%ADcias%20Sobre%20Celebridades%20em%20Redes%20Sociais%20e%20a%20Intera%C3%A7%C3%A3o%20para%20Constru%C3%A7%C3%A3o%20da%20Nova%20Not%C3%ADcia_%20O%20Caso%20Anitta.pdf. Acesso em 16/05/2015.
28
Mas como o jornalista deve se comportar frente a uma informação que
julgue incerta? Werner100, editor da mídia social do Metro Sweden, sugere alguns
conselhos:
Quando você suspeita que uma história é falsa, olhe para os fatos. Algum nome foi mencionado? Tem fotos da cena ou pessoas envolvidas? Existe algum lugar ou tempo específico citado? Se houver, pesquise. Se não houver, é provavelmente falso. Se encontrar um nome em uma história que você suspeita ser falsa, sempre [tente] entrar em contato com a pessoa
Matsuki101, jornalista da EBC e da UOL, criou o site Boatos.org em 2013
com a proposta de investigar as principais notícias que circulam nas redes
sociais. Segundo ele, “o nível notícias falsas que circulam online é imenso” e o
número de sites para desmentir “essas histórias (algumas vezes publicadas na
mídia e depois esquecidas sem qualquer correção) não era tão grande assim”. O
jornalista ensina cinco truques na identificação dos hoaxes:
1 – Descubra se a fonte da notícia é confiável, checando as fontes. 2 – Confira se o texto tem características de um boato. Quase todos os textos com informações falsas têm um caráter alarmista. Preste atenção se o texto usa as seguintes palavras: ALERTA, CUIDADO, ATENÇÃO, LEIA ANTES QUE APAGUEM, entre outros termos. Também é comum que eles peçam divulgação. Sendo assim, as palavras COMPARTILHEM ou REPASSEM, também são comuns em boatos. 3 – Dê um Google no nome dos personagens citados, se o nome deles aparecerem só em textos que descrevem o boato, há chances da história ser falsa. 4 – Imagens podem dedurar mentiras. Grande parte das mentiras online usa imagens. Se a história for falsa, é óbvio que a imagem ou foi adulterada ou não tem nada a ver com a história. 5 – Use o bom senso
102.
O New York Times103 fez uma pesquisa para saber quais eram as
motivações para o compartilhamento de informações nas redes sociais e chegou
a cinco principais razões:
100
WERNER, Jack Apud SILVERMAN, Craig. Conselhos para jornalistas que querem apurar e desmentir boatos. Disponível em: https://ijnet.org/pt-br/blog/conselhos-para-jornalistas-que-querem-apurar-e-desmentir-boatos. Acesso em: 19/05/2015. 101
MATSUKI, Edgard. Entrevista cedida ao autor em 11/05/2015. 102
Idem 103
THE NEW YORK TIMES. The psychology of sharing. Disponível em: http://nytmarketing.whsites.net/mediakit/pos/. Acesso em20/05/2015.
29
Levar conteúdo valioso e entretenimento para as pessoas da rede; para definir sua imagem perante os outros atores; para nutrir relacionamento; para autor realização; e para fazer com que outras pessoas se importem com causas ou marcas.
Como consequências que a disseminação de hoax pode causar, podemos
citar ofender, denegrir e causar constrangimento às pessoas, empresas e
organizações; causar comoção social desnecessária e até consequências mais
graves como a morte. “A mídia pode impulsionar um rumor mesmo sem dar
crédito a ele. Isso acontece normalmente quando um boato virtual toma
dimensões que escapam ao mundo online e entram na pauta de grandes
veículos de comunicação”104.
Reule chama a atenção para o fato de que “se o conteúdo de uma
mensagem falsa que circula na Internet é tratado pelos meios de comunicação
como uma informação verdadeira, por mais que continue sendo boato, essa
mensagem ganha credibilidade”105. A autora também complementa afirmando que
“rumores podem preceder escândalos ou simplesmente alimentá-los e é
comum que sejam usados como estratégia para atingir pessoas públicas,
principalmente na política”106.
3.3 O hoax nos sites jornalísticos
Os boatos virtuais podem trazer diversas consequências, conforme
mencionado anteriormente. Um bom exemplo de notícias que são veiculadas por
grandes sites jornalísticos, sem a devida apuração: no dia 13 de outubro de 2014,
104
REULE, Danielle. A dinâmica dos rumores na rede: A web como espaço de propagação de boatos virtuais. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/13796?locale=pt_BR. Acesso em: 21/05/2015. 105
Idem 106
Ibidem
30
a coluna Planeta Bizarro do G1107, que compartilha notícias polêmicas e curiosas,
publicou a informação de uma espanhola que teria contratado um stripper anão
para animar a sua festa de despedida de solteira, e que acabou engravidado, “por
engano”, dele. Segundo o site e-farsas108 “a notícia não cita nenhum
nome, nenhuma fonte, nenhuma data… Ou seja, não se sabe quando e com
quem o incidente teria ocorrido”. O site ainda cita que a jornalista Mari Luz
Penteado, do jornal El País da Espanha, fez uma pesquisa minuciosa sobre a
história, “indo atrás das empresas de entretenimento que alugam strippers para
festas de despedida de solteiras na Espanha”. Segundo a matéria da Jornalista,
apenas duas empresas, em toda a Espanha, possuem strippers anões, e em
entrevista a funcionários, todos desconheciam o caso.
Um caso que ilustra bem a falha na apuração do jornalismo, onde os
profissionais se apropriaram de uma informação sem o devido trato, pode ser
citato no caso “Selton Mello”. No dia 05 de junho de 2014, vários portais
jornalísticos na internet, como EGO, O Dia109 e UOL, publicaram a notícia que o
ator estaria escalado para fazer parte do novo elenco da série televisiva norte
americana “Games Of Thrones” (figura 1). A informação era dada no site gringo
“Breathe Cast”. Além dos sites, a notícia repercutiu nas redes sociais. Porém tudo
não passou de mais um hoax. Rapidamente, os principais sites correram para
desfazer e esclarecer o erro.
107
G1. Mulher fica grávida de stripper anão em despedida de solteira na Espanha. Disponível em: http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2014/10/mulher-fica-gravida-de-stripper-anao-em-despedida-de-solteira-na-espanha.html. Acesso em: 21/05/2015. 108
E-FARSAS. Espanhola engravida de anão em sua despedida de solteira! Disponível em: http://www.e-farsas.com/espanhola-engravida-de-anao-em-sua-despedida-de-solteira.html. Acesso em 21/05/2015. 109
O DIA. Selton Mello fará participação em 'Game of Thrones', diz site. Disponível em: http://odia.ig.com.br/diversao/televisao/2014-06-05/selton-mello-fara-participacao-em-game-of-thrones-diz-site.html. Acesso em 23/05/2014.
31
Figura 1: A página do site EGO publica a informação da participação de Selton Mello em Games Of Thrones.
A reportagem do Breathe Cast era na verdade feita com o SHRTURL110. O
autor da brincadeira foi Felipe Venetiglio, que teve a ideia junto com Gabriel Gil.
Utilizando o site Shrturl, que produz páginas que imitam outras páginas, Felipe editou uma notícia publicada sobre a quinta temporada da série no Breathe Cast, um site cristão que acompanha as novidades da cultura pop. O assunto logo repercutiu na internet e chegou a ser um dos assunto mais comentados no Twitter no Brasil.
111
O site do Youpix tratou de esclarecer toda a história: “É claro que o site
depois teve que soltar uma nota de correção sobre a matéria”. O site ainda
informa que “o caso retoma a discussão da web de informação x desinformação.
Há ferramentas que ajudam a fazer hoaxes, o que torna mais difícil pra quem
busca credibilidade em uma notícia”.
De fato a dinâmica da internet requer um jornalismo mais atento na
apuração. “A apuração é o mais importante para a notícia, da mesma forma como
110
SHRTURL é um site no qual você cria pegadinhas, criando ou editando endereços virtuais, incluindo imagens. 111
CINEMA 10. Selton Mello na quinta temporada de Game of Thrones? Disponível em: http://cinema10.com.br/noticias/selton-mello-na-quinta-temporada-de-game-of-thrones-9840. Acesso em 23/05/2015.
32
a notícia é o mais importante para o jornalismo” 112. Felipe Venetiglio, em seu site,
explica todo o processo:
Fiz um post no Facebook pouco antes das 19h. Meus amigos comentaram. Um ou outro sacou que era pilha, e eu atento apaguei e avisei que eu que tinha feito e queria ver até onde ia. Eles entraram na onda e compartilharam, assim como outros amigos que caíram (mal, galera). Mandei um tweet. Só 3 retweets. Mas alguém pegou o link e jogou no twitter mesmo assim. Aí começou a sair em blogs e logo tava no EGO. Tava feito o estrago
113.
Para se ter uma ideia do efeito devastador do boato, Venetiglio coletou os
dados referentes114:
Foram mais de 145.000 acessos na falsa página;
521 tweets no twitter com a url da página;
4.500 tweets com “Selton Mello” nas últimas 24 horas (usei o Topsy);
3.717 compartilhamentos (usei esse counter) e 13.363 likes no Facebook;
Só a notícia do Ego foi compartilhada mais de 9.000 vezes. Trending topic
no Brasil durante quase o dia inteiro.
3.4 Jornalismo fast-food
Professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, Leonel
Aguiar115 afirma que “um princípio ético fundamental da prática profissional do
jornalismo determina que qualquer informação, mesmo aquelas que venham de
fontes oficiais, deve ser sempre checada com rigor”. Aguiar ainda acrescenta que,
112
BAHIA, Juarez Apud SANTI, Vilso. O desafio da apuração jornalística no ciberespaço. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/famecos/article/viewFile/9021/6244. Acesso em: 23/05/2015. 113
VENETIGLIO, Felipe. Anatomia de um hoax: como e por que eu pus o Selton Mello em Game of Thrones e o que dá pra aprender com isso. Disponível em: http://venetiglio.com.br/post/88028153424/anatomia-de-um-hoax-como-e-por-que-eu-pus-o. Acesso em 23/05/2015. 114
Idem
33
muitas vezes, devido à acirrada concorrência existente entre os sites jornalísticos,
que culmina em publicar notícias mais rápido do que os concorrentes, “cometem
graves erros éticos que são também erros primários de produção da notícia”116.
Em outras palavras, o jornalismo abandona o princípio da verificação da
informação com fontes diversificadas e com credibilidade. É o chamado
“jornalismo fast-food que garanta maior audiência na internet às notícias mais
lidas, produzidas com rapidez para chegar primeiro ao público” 117.
No dia 20 de setembro de 2014 diversos portais compartilharam a
informação do site inglês The Huffington Post118, de que a americana Jasmine
Tridevil teria implantado um terceiro seio (figura 2). Sites como Terra119, O Dia120,
a Gazeta Online121 e Globo.com122 replicaram a suposta informação. A notícia foi
amplamente compartilhada nas redes sociais. A massagista chegou a criar um
canal no YouTube123, onde postou um vídeo mostrando o suposto terceiro seio,
onde chegou a marca de 5.571.916 visualizações.
115
AGUIAR, Leonel. “Jornalismo fast-food dá barriga”, alerta professor. Disponível em: http://pucriodigital.com.pucrio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=13188&sid=175#.VWMJhtJViko. Acesso em 24/05/2015. 116
AGUIAR, Leonel. “Jornalismo fast-food dá barriga”, alerta professor. Disponível em: http://pucriodigital.com.pucrio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=13188&sid=175#.VWMJhtJViko. Acesso em 24/05/2015. 117
Idem. 118
http://www.huffingtonpost.com/ 119
TERRA. Americana implanta terceiro seio para "espantar os homens". Disponível em: http://beleza.terra.com.br/americana-implanta-terceiro-seio-para-espantar-os-homens,d85971ff91d98410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html. Acesso em 24/05/2015. 120
O DIA. Jovem norte-americana implanta terceiro seio para espantar homens. Disponível em: http://odia.ig.com.br/noticia/mundoeciencia/2014-09-22/jovem-norte-americana-implanta-terceiro-seio-para-espantar-homens.html. Acesso em 24/05/2015. 121
GAZETA ONLINE. Massagista de 21 anos implanta terceiro peito para espantar os homens. Disponível em: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2014/09/noticias/mundo/1497900-massagista-de-21-anos-implanta-terceiro-peito-para-espantar-os-homens.html. Acesso em 24/05/2015. 122
GLOBO.COM. Americana que alega ter implantado 3º seio vira sensação na internet. Disponível em: http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2014/09/americana-que-alega-ter-implantado-3-seio-vira-sensacao-na-internet.html. Acesso em 24/05/2015. 123
https://www.youtube.com/watch?v=I8hNMpb4b04
34
Novamente o site Boatos.org resolveu investigar o caso124. Segundo o site,
algumas evidências colocaram em xeque a informação: Em primeiro lugar “de
acordo com o site Snopes, cirurgiões apontam que é preciso uma motivação
lógica para que procedimentos do tipo sejam realizados e que nenhuma cirurgia
plástica pode ser feita antes de garantir a saúde mental do(a) paciente”125. O
médico que aceitasse este procedimento, estaria quebrando o código de ética da
medicina. Em segundo lugar “que em esclarecimento afirmou a impossibilidade de
um procedimento como esse ser realizado tão rápido e sem dor. Uma cirurgia
assim requereria pelo menos um ano de cuidados e sessões médicas”. Jasmine
124
BOATOS.ORG. Lorota: massagista americana gasta R$ 47 mil para ter três seios. Disponível em: http://www.boatos.org/bizarro/lorota-massagista-americana-gasta-r-47-mil-para-ter-tres-seios.html. Acesso em 24/05/2015. 125
Idem
35
posou para fotos sem nenhuma cicatriz. O site ainda lista outros motivos126, como
o fato da massagista ter criado uma conta no Facebook no dia 11 de agosto
daquele ano, e a criação de um site, que também foi registrado na mesma data.
E, finalizando a matéria, o site chega à conclusão:
A mulher que registrou o site é a modelo americana Alisha Hessler. Ela já tem um histórico que não a faz ser muito confiável. A garota foi responsável por um viral em 2013 de um homem que segurou uma placa na rua dizendo que batia em mulheres. Ela também já foi presa por dar informações fraudulentas à polícia. Além disso, ele é descrita no site Daily Mail profissionalmente como massagista e criadora de Hoaxes na web. Ou seja, o currículo da moça não é dos melhores.
No dia 26 de setembro de 2014, o site E-Farsas atualizou a notícia e trouxe
informações úteis que confirmaram o hoax:
De acordo com o jornal 10 News, da Flórida, um incidente ocorrido no inicio do mês de setembro de 2014 no Aeroporto Internacional de Tampa denunciou a farsa inventada pela moça. Alisha Jasmine Hessler (o nome completo da moça) teve sua bagagem roubada. Quando os pertences de Jasmine foram recuperadas e duas pessoas foram presas por roubar várias malas nas esteiras dos aeroportos, a moça foi reaver seus itens que haviam sido roubados. Adivinha o item que estava na lista fornecida pela policia? Pois é! A moça havia perdido uma prótese de três seios (que foi recuperada logo em seguida).
127
Com a expansão da internet, são inevitáveis as modificações no mundo da
informação. De fato, a participação do internauta trouxe benefícios ao jornalismo.
Com o fenômeno dos smartphones, com câmera fotográficas digitais embutidas, e
o mensageiro instantâneo WhatsApp, o jornalismo passou a ser mais
colaborativo. Este cenário reforça ainda mais o papel do jornalista como
intermediador, separando boatos e fatos, através da apuração das notícias.
A credibilidade do jornalismo perante a sociedade depende de profissionais
que prezam pelas etapas do processo noticioso. A notícia precisa responder as
126
BOATOS.ORG. Lorota: massagista americana gasta R$ 47 mil para ter três seios. Disponível em: http://www.boatos.org/bizarro/lorota-massagista-americana-gasta-r-47-mil-para-ter-tres-seios.html. Acesso em 24/05/2015. 127
E-FARSAS. É verdade que Jasmine Tridevil implantou um terceiro seio? Disponível em: http://www.e-farsas.com/e-verdade-que-jasmine-tridevil-se-implantou-um-terceiro-seio.html. Acesso em 24/05/2015.
36
seis perguntas básicas: O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê?128.
Dasmaceno e Lima afirmam que “o hoax utiliza-se de coberturas jornalísticas
reais para sobrepor informações fantasiosas”129. Diante da crescente dos hoaxes
na rede, as grandes empresas já atentaram para esta realidade. Recentemente
foi lançado o “Manual de Verificação Para Cobertura Digital”, disponível
gratuitamente para download130:
As redes sociais pautam jornalistas todos os dias, mas, ao mesmo tempo que podem garantir o furo da carreira, também podem render uma “barriga” histórica. Para evitar armadilhas, vale conferir o Manual de Verificação para Cobertura Digital, originalmente lançado pelo Centro Europeu de Jornalismo (EJC) e que agora conta com versão em português. O manual foi editado por Craig Silverman, autor do blog Regret the Error, que aponta erros publicados na imprensa e suas respectivas correções, e conta com a colaboração de diversos profissionais de veículos renomados como BBC e ABC, dentre outros.
131
Viana afirma que dois fatores são fundamentais para a qualidade do
jornalismo feito a partir de informações obtidas na internet: “o primeiro está
relacionado ao comportamento do profissional de jornalismo frente àquilo que
encontra, e o segundo deriva das habilidades necessárias para trafegar entre tudo
o que encontra”132. Em meio ao cenário turbulento, o jornalismo precisa de
comprometimento à prática jornalística.
128
BARROS, Edgard. Quem? Quando? Como? Onde? O quê? Porquê?. Disponível em: http://www.edgardbarros.net.br/livro%20quem-prof.%20edgard.pdf. Acesso em 27/05/2015. 129
DAMASCENO, Diana; LIMA, Christopher. A construção da informação jornalística na pós-modernidade: Hoaxes e ruídos da rede. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bauman/article/view/2883/1105. Acesso em 27/05/2015. 130
http://verificationhandbook.com/downloads/manual.de.verificacao.pdf 131
OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA. Manual de Verificação para Cobertura Digital. Acesso em: http://observatoriodaimprensa.com.br/netbanca/_ed807_manual_de_verificacao_para_cobertura_digital/. Acesso em: 27/05/2015.
37
132
VIANA, Luciana. O Hoax e os desafios jornalísticos no trato da informação. Disponível em:
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2010/resumos/R5-1857-1.pdf. Acesso em 27/05/2015.
38
CONCLUSÃO
O advento da internet e as transformações da web trouxeram novas
possibilidades para o jornalismo. Não podemos negar que a democratização da
comunicação e o jornalismo participativo, com um número crescente de
acessos nas redes sociais, principalmente o Facebook, e a popularização dos
Smartphones, também trouxeram benefícios. Hoje, boa parcela dos brasileiros
possuem smartphones com câmera fotográfica digital, filmadora com uma
resolução aceitável e o aplicativo de mensagens instantâneas, WhatsApp. Se
tornou fácil ver e ser visto, produzir seu próprio conteúdo ou se tornar
testemunha ocular de um evento. Mas assim como no mundo off-line, os
rumores e boatos estão presentes, sejam eles intencionais ou não.
Apesar do volume de hoaxes que circulam nas redes sociais, as coisas
parecem que começaram a mudar. Recentemente o Facebook, através do site
FB Newsroom, afirmou que os usuários do site “tendem a excluir mensagens
enganosas após serem alertados pelos amigos, por meio dos comentários”. A
rede social criou uma ferramenta que permite sinalizar hoaxes. A mesma foi
lançada inicialmente em inglês, mas deverá chegar aos outros usuários.
Atualmente o jornalismo vem sofrendo com a não obrigatoriedade do
diploma para o exercício da profissão e a desvalorização por parte da sociedade.
Recentemente, a exigência do diploma entrou em votação. Por mais democrática
que seja a web, o jornalista ainda tem um papel fundamental diante da apuração
dos fatos. O Jornalismo não pode abrir mão da qualidade pela velocidade das
informações. Para o trabalho do jornalista como divulgador de informações, é
39
primordial uma apuração criteriosa com o objetivo de garantir informações de
qualidade e produzida com responsabilidade social e parâmetros éticos.
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIVROS:
CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet. Reflexões sobre a internet, os
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55
ANEXO 1
ENTREVISTA COM EDGARD MATSUKI,
JORNALISTA E FUNDADOR DO SITE BOATOS.ORG*
1) Qual foi a motivação para criar um site voltado a desvendar os boatos na
internet?
O site foi criado em junho de 2013. Antes disso, eu já trabalhava com a editoria de
tecnologia pelo UOL e pela EBC. Nos dois lugares, consegui notar que o nível
notícias falsas que circulam online é imenso. Já o número de páginas criadas
para desmentir essas histórias (algumas vezes publicadas na mídia e depois
esquecidas sem qualquer correção) não era tão grande assim.
2) Como surgem os boatos virtuais?
Há muitos fatores que fazem uma notícia falsa se tornar viral. Pelo o que tenho
visto, fazem mais sucesso as que tocam em assuntos polêmicos (política, religião,
sexo, drogas, futebol), carregam uma teoria confusa (que são, inclusive mais
difíceis de refutarem) e chamem a atenção. Esse último fator é no sentido de levar
a história para a vida das pessoas em algum sentido.
3) De que forma podemos identificar um hoax?
Esse artigo dá conta de explicar um pouco isso:
http://www.boatos.org/opiniao/aprenda-cinco-truques-para-detectar-mentiras-na-
internet.htm. Acho que adicionaria dois fatores: esperteza e bom raciocínio lógico.
Do mesmo jeito que quem é incauto cai mais em balelas, quem é “malandro” (no
56
bom sentido), as derruba. O raciocínio ajuda no sentido de “resolvermos um
problema” de lógica todas as vezes que matamos um boato.
4) Até que ponto os hoaxes podem prejudicar o trabalho jornalístico?
Dificultam em dois sentidos. O primeiro, mais óbvio, é relacionado á própria
apuração. Ao mesmo tempo em que a internet gerou mais fontes de conteúdo, é
preciso ficar atento na checagem desse material. Infelizmente, maus jornalistas só
olham para o fator positivo disso e esquecem de verificar algo que já foi
publicado. O segundo ponto é na formação da opinião pública. Muitas vezes, é
complicado desfazer maus entendidos criados com base em boatos. Neste
sentido, o nosso site sempre vai contra a corrente.
* Entrevista concedida para o Trabalho de Conclusão de Curso sobre Hoax.