histórico da educação

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Histórico da Educação A história da educação no Brasil começou em 1549 com a chegada dos primeiros padres jesuítas, inaugurando uma fase que haveria de deixar marcas profundas na cultura e civilização do país. Movidos por intenso sentimento religioso de propagação da fé cristã, durante mais de 200 anos, os jesuítas foram praticamente os únicos educadores do Brasil. Embora tivessem fundado inúmeras escolas de ler, contar e escrever, a prioridade dos jesuítas foi sempre a escola secundária, grau do ensino onde eles organizaram uma rede de colégios reconhecida por sua qualidade, alguns dos quais chegaram mesmo a oferecer modalidades de estudos equivalentes ao nível superior. Em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, abrindo um enorme vazio que não foi preenchido nas décadas seguintes. As medidas tomadas pelo ministro D. José I, o Marquês de Pombal, sobretudo a instituição do Subsídio Literário, imposto criado para financiar o ensino primário, não surtiu nenhum efeito. Só no começo do século seguinte, em 1808, com a mudança da sede do Reino de Portugal e a vinda da família Real para o Brasil-Colônia, a educação e a cultura tomaram um novo impulso, com o surgimento de instituições culturais e científicas, de ensino técnico e dos primeiros cursos superiores, como os de medicina nos estados do Rio de Janeiro e da Bahia. Todavia, a obra educacional de D. João VI, importante em muitos aspectos, voltou-se para as necessidades imediatas da corte portuguesa no Brasil. As aulas e cursos criados, em diversos setores, tiveram o objetivo de preencher demandas de formação profissional. Esta característica haveria de ter uma enorme influência na evolução da educação superior brasileira. Acrescenta-se, ainda, que a política educacional de D. João VI, na medida em que procurou, de modo geral, concentrar-se nas demandas da corte, deu continuidade à marginalização do ensino primário. Com a independência do país, conquistada em 1822, algumas mudanças no panorama sócio- político e econômico pareciam esboçar-se, inclusive em termos de política educacional. De fato, na Constituinte de 1823, pela primeira vez se associou apoio universal e educação popular - uma como base do outro. Também foi debatida a criação de universidades no Brasil, com várias propostas apresentadas. Como resultado desse movimento de idéias, surgiu o compromisso do Império, na Constituição de 1824, em assegurar "instrução primária e gratuita a todos os cidadãos", confirmado logo depois pela lei de 15 de outubro de 1827, que determinou a criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e vilarejos, envolvendo as três instâncias do Poder Público. Teria sido a "Lei Áurea" da educação básica, caso tivesse sido implementada. Da mesma forma, a idéia de fundação de universidades não prosperou, surgindo em seu lugar os cursos jurídicos em São Paulo e Olinda, em 1827, fortalecendo o sentido profissional e utilitário da política iniciada por D. João VI. Além disso, alguns anos depois da promulgação do Ato Adicional de 1834, delegando às províncias a prerrogativa de legislar sobre a educação primária, comprometeu em definitivo o futuro da educação básica, pois possibilitou que o governo central se afastasse da responsabilidade de assegurar educação elementar para todos. Assim, a ausência de um centro de unidade e ação, indispensável, diante das características de formação cultural e política do país, acabaria por comprometer a política imperial de educação. A descentralização da educação básica, instituída em 1834, foi mantida pela República, impedindo o governo central de assumir posição estratégica de formulação e coordenação da política de universalização do ensino fundamental, a exemplo do que então se passava nas nações européias, nos Estados Unidos e no Japão. Em decorrência, se ampliaria ainda mais a distância entre as elites do País e as camadas sociais populares. Na década de 1920, devido mesmo ao panorama econômico-cultural e político que se delineou após a Primeira Grande Guerra, o Brasil começou a se repensar. Em diversos setores sociais, as mudanças foram debatidas e anunciadas. O setor educacional participou do movimento de renovação. Inúmeras reformas do ensino primário foram feitas em âmbito estadual. Surgiu a primeira grande geração de educadores, Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Almeida Júnior, entre outros, que lideraram o movimento, tentaram implantar no Brasil os ideais da Escola Nova e divulgaram o

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Page 1: Histórico Da Educação

Histórico da Educação

A história da educação no Brasil começou em 1549 com a chegada dos primeiros padres jesuítas, inaugurando uma fase que haveria de deixar marcas profundas na cultura e civilização do país. Movidos por intenso sentimento religioso de propagação da fé cristã, durante mais de 200 anos, os jesuítas foram praticamente os únicos educadores do Brasil. Embora tivessem fundado inúmeras escolas de ler, contar e escrever, a prioridade dos jesuítas foi sempre a escola secundária, grau do ensino onde eles organizaram uma rede de colégios reconhecida por sua qualidade, alguns dos quais chegaram mesmo a oferecer modalidades de estudos equivalentes ao nível superior.Em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, abrindo um enorme vazio que não foi preenchido nas décadas seguintes. As medidas tomadas pelo ministro D. José I, o Marquês de Pombal, sobretudo a instituição do Subsídio Literário, imposto criado para financiar o ensino primário, não surtiu nenhum efeito. Só no começo do século seguinte, em 1808, com a mudança da sede do Reino de Portugal e a vinda da família Real para o Brasil-Colônia, a educação e a cultura tomaram um novo impulso, com o surgimento de instituições culturais e científicas, de ensino técnico e dos primeiros cursos superiores, como os de medicina nos estados do Rio de Janeiro e da Bahia.Todavia, a obra educacional de D. João VI, importante em muitos aspectos, voltou-se para as necessidades imediatas da corte portuguesa no Brasil. As aulas e cursos criados, em diversos setores, tiveram o objetivo de preencher demandas de formação profissional. Esta característica haveria de ter uma enorme influência na evolução da educação superior brasileira. Acrescenta-se, ainda, que a política educacional de D. João VI, na medida em que procurou, de modo geral, concentrar-se nas demandas da corte, deu continuidade à marginalização do ensino primário.Com a independência do país, conquistada em 1822, algumas mudanças no panorama sócio-político e econômico pareciam esboçar-se, inclusive em termos de política educacional. De fato, na Constituinte de 1823, pela primeira vez se associou apoio universal e educação popular - uma como base do outro. Também foi debatida a criação de universidades no Brasil, com várias propostas apresentadas. Como resultado desse movimento de idéias, surgiu o compromisso do Império, na Constituição de 1824, em assegurar "instrução primária e gratuita a todos os cidadãos", confirmado logo depois pela lei de 15 de outubro de 1827, que determinou a criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e vilarejos, envolvendo as três instâncias do Poder Público. Teria sido a "Lei Áurea" da educação básica, caso tivesse sido implementada.Da mesma forma, a idéia de fundação de universidades não prosperou, surgindo em seu lugar os cursos jurídicos em São Paulo e Olinda, em 1827, fortalecendo o sentido profissional e utilitário da política iniciada por D. João VI. Além disso, alguns anos depois da promulgação do Ato Adicional de 1834, delegando às províncias a prerrogativa de legislar sobre a educação primária, comprometeu em definitivo o futuro da educação básica, pois possibilitou que o governo central se afastasse da responsabilidade de assegurar educação elementar para todos. Assim, a ausência de um centro de unidade e ação, indispensável, diante das características de formação cultural e política do país, acabaria por comprometer a política imperial de educação.A descentralização da educação básica, instituída em 1834, foi mantida pela República, impedindo o governo central de assumir posição estratégica de formulação e coordenação da política de universalização do ensino fundamental, a exemplo do que então se passava nas nações européias, nos Estados Unidos e no Japão. Em decorrência, se ampliaria ainda mais a distância entre as elites do País e as camadas sociais populares.Na década de 1920, devido mesmo ao panorama econômico-cultural e político que se delineou após a Primeira Grande Guerra, o Brasil começou a se repensar. Em diversos setores sociais, as mudanças foram debatidas e anunciadas. O setor educacional participou do movimento de renovação. Inúmeras reformas do ensino primário foram feitas em âmbito estadual. Surgiu a primeira grande geração de educadores, Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Almeida Júnior, entre outros, que lideraram o movimento, tentaram implantar no Brasil os ideais da Escola Nova e divulgaram o Manifesto dos Pioneiros em 1932, documento histórico que sintetizou os pontos centrais desse movimento de idéias, redefinindo o papel do Estado em matéria educacional.Surgiram nesse período as primeiras universidades brasileiras, do Rio de Janeiro em 1920, Minas Gerais em em 1927, Porto Alegre em em 1934 e Universidade de São Paulo em 1934. Esta última constituiu o primeiro projeto consistente de universidade no Brasil e deu início a uma trajetória cultural e científica sem precedentes.A Constituição promulgada após a Revolução de 1930, em 1934, consignou avanços significativos na área educacional, incorporando muito do que havia sido debatido em anos anteriores. No entanto, em 1937, instaurou-se o Estado Novo concedendo ao país uma Constituição autoritária, registrando-se em decorrência um grande retrocesso. Após a queda do Estado Novo, em 1945, muitos dos ideais foram retomados e consubstanciados no Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, enviados ao Congresso Nacional em 1948 que, após difícil trajetória, foi finalmente aprovado em 1961, Lei nº 4.024.No período que vai da queda do Estado Novo, em 1945, até a Revolução de 1964, quando se inaugurou um novo período autoritário, o sistema educacional brasileiro passou por mudanças significativas, destacando-se entre elas o surgimento, em 1951, da atual Fundação CAPES, que é a Coordenação do Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior, a instalação do Conselho Federal de Educação, em 1961, campanhas e movimentos de alfabetização de adultos, além da expansão do ensino primário e superior. Na fase que precedeu a aprovação da LDB/61, ocorreu um admirável movimento em defesa da escola pública, universal e gratuita.O movimento de 1964 interrompeu essa tendência. Em 1969 e 1971, foram aprovadas respectivamente a Lei 5.540/68 e 5.692/71, introduzindo mudanças significativas na estrutura do ensino superior e do ensino de 1º e 2º graus, cujos diplomas vieram basicamente em ardor até os dias atuais.A Constituição de 1988, promulgada após amplo movimento pela redemocratização do País, procurou introduzir

Page 2: Histórico Da Educação

inovações e compromissos, com destaque para a universalização do ensino fundamental e erradicação do analfabetismo.

o História da Educação

INTRODUÇÃO

A História da Educação Brasileira não é uma História difícil de ser estudada e compreendida. Ela evolui em rupturas marcantes e fáceis de serem observadas. A primeira grande ruptura travou-se com a chegada mesmo dos portugueses ao território do Novo Mundo. Não podemos deixar de reconhecer que os portugueses trouxeram um padrão de educação próprio da Europa, o que não quer dizer que as populações que por aqui viviam já não possuíam características próprias de se fazer educação. E convém ressaltar que a educação que se praticava entre as populações indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo educacional europeu. Num programa de entrevista na televisão o indigenísta Orlando Villas Boas contou um fato observado por ele numa aldeia Xavante que retrata bem a característica educacional entre os índios: Orlando observava uma mulher que fazia alguns potes de barro.

Assim que a mulher terminava um pote seu filho, que estava ao lado dela, pegava o pote pronto e o jogava ao chão quebrando. Imediatamente ela iniciava outro e, novamente, assim que estava pronto, seu filho repetia o mesmo ato e o jogava no chão. Esta cena se repetiu por sete potes até que Orlando não se conteve e se aproximou da mulher Xavante e perguntou por que ela deixava o menino quebrar o trabalho que ela havia acabado de terminar. No que a mulher índia respondeu: "- Porque ele quer." Podemos também obter algumas noções de como era feita a educação entre os índios na série Xingu, produzida pela extinta Rede Manchete de Televisão. Neste seriado podemos ver crianças indígenas subindo nas estruturas de madeira das construções das ocas, numa altura inconcebivelmente alta.

Quando os jesuítas chegaram por aqui eles não trouxeram somente a moral, os costumes e a religiosidade européia; trouxeram também os métodos pedagógicos. Este método funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal. Se existia alguma coisa muito bem estruturada em termos de educação o que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. Tentou-se as aulas régias o subsídio literário, mas o caos continuou até que a Família Real, fugindo de Napoleão na Europa, resolve transferir o Reino para o Novo Mundo. Na verdade não se conseguiu implantar um sistema educacional nas terras brasileiras, mas a vinda da Família Real permitiu uma nova ruptura com a situação anterior. Para preparar terreno para sua estadia no Brasil D. João VI abriu Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Botânico e, sua iniciativa mais marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia.

Segundo alguns autores o Brasil foi finalmente "descoberto" e a nossa História passou a ter uma complexidade maior. A educação, no entanto, continuou a ter uma importância secundária. Basta ver que enquanto nas colônias espanholas já existiam muitas universidades, sendo que em 1538 já existia a Universidade de São Domingos e em 1551 a do México e a de Lima, a nossa primeira Universidade só surgiu em 1934, em São Paulo. Por todo o Império, incluindo D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, pouco se fez pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim. Com a Proclamação da República tentou-se várias reformas que pudessem dar uma nova guinada, mas se observarmos bem, a educação brasileira não sofreu uma processo de evolução que pudesse ser considerado marcante ou significativo em termos de modelo. Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento educacional, mas a educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do mundo, que é a de manter o "status quo" para aqueles que freqüentam os bancos escolares.

Concluindo podemos dizer que a Educação Brasileira tem um princípio, meio e fim bem demarcado e facilmente observável. E é isso que tentamos passar nesta Home Page. Cada página representa um período da educação brasileira cuja divisão foi baseada nos períodos que podem ser considerados como os mais marcantes e os que sofreram as rupturas mais concretas na nossa educação. Está dividida em texto e cronologia, sendo que o texto refere-se ao mesmo período da Cronologia. A cronologia é baseada na Linha da Vida ou Faixa do Tempo montessoriana. Neste método é feita uma relação de fatos históricos em diferentes visões. No nosso caso realçamos fatos da História da Educação no Brasil, fatos da própria História do Brasil, que não dizem respeito direto à educação, fatos ocorridos na educação mundial e fatos ocorridos na História do Mundo como um todo. Estes períodos foram divididos a partir das concepções do autor em termos de importância histórica. Se considerarmos a História como um processo em eterna evolução não podemos considerar este trabalho como terminado. Qualquer crítica ou colaboração será sempre bem vinda.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL PERÍODO JESUÍTICO (1549 · 1759)

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A Companhia de Jesus foi fundada por Inácio de Loiola e um pequeno grupo de discípulos, na Capela de Montmartre, em Paris, em 1534, com objetivos catequéticos, em função da Reforma Protestante e a expansão do luteranismo na Europa. Os primeiros jesuítas chegaram ao território brasileiro em março de 1549 juntamente com o primeiro governador·geral, Tome de Souza. Comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega, quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, tendo como mestre o Irmão Vicente Rodrigues, contando apenas 21 anos.

Irmão Vicente tornou·se o primeiro professor nos moldes europeus e durante mais de 50 anos dedicou·se ao ensino e a propagação da fé religiosa. O mais conhecido e talvez o mais atuante foi o noviço José de Anchieta, nascido na Ilha de Tenerife e falecido na cidade de Reritiba, atual Anchieta, no litoral sul do Estado do Espírito Santo, em 1597. Anchieta tornou·se mestre·escola do Colégio de Piratininga; foi missionário em São Vicente, onde escreveu na areia os "Poemas à Virgem Maria" (De beata virgine Dei matre Maria), missionário em Piratininga, Rio de Janeiro e Espírito Santo; Provincial da Companhia de Jesus de 1579 a 1586 e reitor do Colégio do Espírito Santo.

Além disso foi autor da Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil. No Brasil os jesuítas se dedicaram a pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Perceberam que não seria possível converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu·se para o sul e em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento, escrito por Inácio de Loiola, o Ratio ataque Instituto Studiorum, chamado abreviadamente de Ratio Studiorum. Os jesuítas não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso elementar eles mantinham os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava·se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava·se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais.

Os que pretendiam seguir as profissões liberais iam estudar na Europa, na Universidade de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no campo das ciências jurídicas e teológicas, e na Universidade de Montpellier, na França, a mais procurada na área da medicina. Com a descoberta os índios ficaram à mercê dos interesses alienígenas: as cidades desejavam integrá·los ao processo colonizador; os jesuítas desejavam convertê·los ao cristianismo e aos valores europeus; os colonos estavam interessados em usá·los como escravos. Os jesuítas então pensaram em afastar os índios dos interesses dos colonizadores e criaram as reduções ou missões, no interior do território. Nestas Missões, os índios, além de passarem pelo processo de catequização, também são orientados ao trabalho agrícola, que garantiam aos jesuítas uma de suas fontes de renda.

As Missões acabaram por transformar os índios nômades em sedentários, o que contribuiu decisivamente para facilitar a captura deles pelos colonos, que conseguem, às vezes, capturar tribos inteiras nestas Missões. Os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira durante duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de todas as colônias portuguesas por decisão de Sebastião José de Carvalho, o marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777. No momento da expulsão os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. A educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histórica num processo já implantado e consolidado como modelo educacional.

ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA DO MUNDO 1500

o Sai de Portugal a esquadra de Pedro Álvares Cabral com destino à Índia. o · Chega às costas brasileiras a esquadra de Pedro Álvares Cabral. 1501 o · Américo Vespúcio percorre a costa do Brasil, do Rio Grande do Norte até Cananéia, em São Paulo,

nomeando os acidentes geográficos litorâneos. 1502 o · É concedida a Fernando de Noronha o direito de exploração do pau-brasil. o · Montezuma torna-se chefe dos Astecas, no México. 1503 o · Morre o Papa Pio III. Em seu lugar assume Giuliano della Rovere, que adota o nome de Papa Júlio II. 1513 o · Morre o Papa Júlio II e assume Leão X. 1517 o · Martinho Lutero divulga suas 95 teses contra as indulgências da Igreja, dando início à Reforma Protestante. o · Os espanhóis ocupam Yucatán, na América Central. 1526 o · Frei Pedro de Gante funda a Escola de São Francisco, no México. 1532 o · Martim Afonso de Souza funda a vila de São Vicente, depois de comandar a primeira expedição para

defender o litoral brasileiro contra o contrabando de pau-brasil pelos franceses. 1534 o · São criadas as Capitanias Hereditárias.

Page 4: Histórico Da Educação

o · Ignácio de Loyola funda a Companhia de Jesus. 1536 o · Frei João de Zumárraga funda o Colégio Imperial de Santa Cruz de Tlateloco, consagrado à educação

superior dos índios.. 1538 o · O Colégio dos Frades Dominicanos passa a se chamar Universidade de São Tomás de Aquino, em São

Domingos. 1539 o · É impresso no México o primeiro livro. 1544 o · A beata Angela de Mérici funda a Ordem das Ursulinas, em honra de Santa Ursula, para educação das

meninas. 1545 o ·Tem início o Concílio de Trento, formulando diretrizes para a Contra-Reforma e instituindo o Index Librorum

Prohibitorum, lista de livros proibidos aos católicos, sob pena de excomunhão. 1549 o · Chega ao Brasil o primeiro grupo de seis padres jesuítas, chefiados por Manuel de Nóbrega, marcando o

início da História da Educação no Brasil (nos moldes europeus). o · Quinze dias após a chegada fundam, na cidade de Salvador, a primeira escola elementar. o · Tome de Souza, primeiro Governador Geral do Brasil, funda a cidade de Salvador para servir de sede do

governo.

ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA DO MUNDO 1551 ·

o São criadas a Real e Pontifícia Universidade no México e a Universidade de São Marcos, em Lima. 1553 o · Duarte da Costa é o segundo Governador Geral do Brasil. 1554 o · São fundadas as escolas jesuítas de São Paulo de Piratininga, tendo como seu primeiro professor o padre

José de Anchieta, e a da Bahia. 1555 o · Primeira invasão francesa ao território brasileiro na Baía de Guanabara. o · Os franceses fundam a França Antártica, na Baía de Guanabara, para abrigar calvinistas fugidos da guerra

religiosa na Europa. 1556 o · É fundado o colégio jesuíta de Todos os Santos. o · Começa a vigorar as "Constituições da Companhia de Jesus", incluindo a aprendizagem do canto, da

música instrumental e o estudo profissional agrícola. 1557 o · Mem de Sá é o terceiro Governador Geral do Brasil. o · Mem de Sá, junto com seu sobrinho Estácio de Sá, expulsam os franceses da Baía de Guanabara. o · Estácio de Sá funda a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. 1564 o · É colocado em execução o "Padrão de Redízimo" que consistia em que 10% de toda a arrecadação dos

dízimos reais, em todas as capitanias da colônia e seus povoados, ficavam vinculados ao sustento e à manutenção dos jesuítas. 1567

o · É fundado o colégio jesuíta do Rio de Janeiro. o · Os franceses são expulsos do Rio de Janeiro. 1568 o · É fundado o colégio jesuíta de Olinda. o · Tem início a escravidão africana, onde cada senhor de engenho teve o direito de adquirir até 120 escravos

por ano. 1570 o · O Brasil conta com cinco escolas elementares (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São

Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). o · Carlos Borromeu funda a Ordem dos Oblatos para religiosos que ofereciam e se preparavam para a

educação. 1572 o · Em Paris são assassinados mais de três mil protestantes, entre eles mulheres e crianças, sob às ordens da

Rainha Catarina de Médicis. Este episódio ficou conhecido como A Noite de São Bartolomeu. 1573 o · É criada a Universidade de Santa Fé de Bogotá. 1575 o · No colégio da Bahia já se colava grau de Bacharel em Artes. 1576 o · No colégio da Bahia formam-se licenciados. 1584 o · A imprensa chega ao Peru. 1599 o · Ganha uma elaboração definitiva a "Ratio Ataque Institutio Studiorum", ou Plano de Estudos da Companhia

de Jesus, que codificava a pedagogia dos jesuítas.

ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA DO MUNDO 1600 ·

O vice-rei Dom Gaspar de Zuñiga promulga a Ordenança dos Mestres da Nivíssima Arte de Ler, Escrever e Contar, uma legislação escolar.

o · É fundada a Companhia Britânica das Índias Orientais para explorar o comércio com o Oriente, a Ásia e a Índia. 1613

o · É criada a Universidade Córdoba do Tucumã. 1618 o · Os jesuítas possuem 572 colégios espalhados pelo mundo.

Page 5: Histórico Da Educação

o · O ducado de Weimar regulamenta a obrigatoriedade escolar para todas as crianças de 6 a 12 anos. o · Tem início a Guerra dos Trinta Anos entre protestantes e católicos. 1622 o · É fundado o colégio jesuíta do Maranhão. 1623 o · É criada a Universidade de Lá Plata. 1624 o · Primeira invasão holandesa no Brasil, em Salvador. São expulsos um ano depois. 1628 o · É editada Didactica magna, universale omnes ominia docendi artificium exibens (a magna Didática, que

apresenta a completa arte de ensinar tudo a todos) de João Amós Comênio. 1630 o · Segunda invasão holandesa no Brasil, em Recife. o · Escravos fundam o Quilombo de Palmares. o · A imprensa chega à Argentina. 1631 o · É fundado o colégio jesuíta de Santo Inácio, em São Paulo. 1646 o · Os jansenistas, conhecidos como os "solitários de Port·Royal", organizam as "pequenas escolas" que terão

importante papel na formação de líderes para a Igreja e para o Estado.

ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA DO MUNDO 1652 ·

É fundado o colégio jesuíta de São Miguel, em Santos, o de Santo Alexandre, no Pará, e o de Nossa Senhora da Luz, em São Luiz do Maranhão. 1654

o · É fundado o colégio jesuíta de São Tiago, no Espírito Santo. o · Os holandeses são definitivamente expulsos do Brasil. 1675 o · É criada a Universidade da Guatemala. 1678 o · E fundado o colégio jesuíta de Nossa Senhora do Ó, em Recife. 1683 o . É fundado o colégio jesuíta da Paraíba. 1684 o João Batista de La Salle funda o Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs, para que os pobres obtenham

gratuitamente instrução elementar. 1686 o · Madame de Maintenon, esposa de Luiz XIV, funda o Colégio de Saint-Cyr, para meninas de 7 e 12 anos

que permanecem lá até os 20 anos. 1688 o · A Revolução Gloriosa destrona os Stuarts e encerra o absolutismo na Inglaterra. 1689 o · É resolvida a "Questão dos Moços Pardos", surgida com a proibição, por parte dos jesuítas, da matrícula e

da freqüência dos mestiços. Como as escolas eram públicas, para não perderem os subsídios que recebiam, são obrigados a readmití·los. 1692

o · É criada a Universidade de Cusco. 1699 · É fundada na Bahia a Escola de Artes e Edificações Militares.

ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA DO MUNDO 1708

· Guerra dos Emboabas. Emboabas eram os estrangeiros ou pessoas vindas de outras partes da colônia para procurar ouro em São Vicente, São Paulo. · Os jesuítas possuem 769 colégios espalhados pelo mundo. 1710 · Guerra dos Mascates, em Pernambuco. 1712 · Nasce em Genebra Jean·Jacques Rousseau. 1721 · É criada a Universidade da Caracas. 1722 · Os oficiais da Câmara queixam-se ao Rei, contra alguns religiosos, sobre a questão do ensino. 1738 · É fundada no Rio de Janeiro a Escola de Artilharia. · É criada a Universidade de Santiago do Chile. 1739 · São fundados os Seminários de São José e São Pedro, no Rio de Janeiro. 1740 · É fundada em Paris a primeira Escola de Artes e Ofícios.

ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA DO MUNDO 1750 ·

o Tratado de Madri anula o das Tordesilhas, resolvendo o problema das Missões. o A introdução da máquina a vapor inicia a Revolução Industrial. 1756 o Tem início a Guerra dos Sete Anos, motivada pelas disputas de colônias entre a Inglaterra e a França. 1759 o Duzentos e dez anos após a chegada e de serem os únicos responsáveis pela educação no Brasil, deixam a

colônia cerca de Quinhentos padres jesuítas, expulsos pelo Marquês de Pombal, Ministro de D. José I, paralisando 17 colégios, 36 missões, seminários menores e escolas elementares.

o O Alvará de 28 de julho determina a instituição de aulas de gramática latina, aulas de grego e de retórica, além de criar o cargo de "Diretor de Estudos". Medidas inócuas para um sistema de ensino fragmentado.

o Marques de Pombal extingue as últimas Capitanias Hereditárias.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL PERÍODO POMBALINO (1760 - 1808)

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Com a expulsão saíram do Brasil 124 jesuítas da Bahia, 53 de Pernambuco, 199 do Rio de Janeiro e 133 do Pará. Com eles levaram também a organização monolítica baseada no Ratio Studiorum. Pouca coisa restou de prática educativa no Brasil. Continuaram a funcionar o Seminário episcopal, no Pará, e os Seminários de São José e São Pedro, que não se encontravam sob a jurisdição jesuítica; a Escola de Artes e Edificações Militares, na Bahia; e a Escola de Artilharia, no Rio de Janeiro. Os jesuítas foram expulsos das colônias por Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777, em função de radicais diferenças de objetivos. Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o proselitismo e o noviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal da decadência que se encontrava diante de outras potências européias da época. A educação jesuítica não convinha aos interesses comerciais emanados por Pombal. Ou seja, se as escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para servir aos interesses do Estado. Marquês de Pombal Através do alvará de 28 de junho de 1759, ao mesmo tempo em que suprimia as escolas jesuíticas de Portugal e de todas as colônias, Pombal criava as aulas régias de Latim, Grego e Retórica. Criou também a Diretoria de Estudos que só passou a funcionar após o afastamento de Pombal. Cada aula régia era autônoma e isolada, com professor único e uma não se articulava com as outras. Portugal logo percebeu que a educação no Brasil estava estagnada e era preciso oferecer uma solução. Para isso instituiu o "subsídio literário" para manutenção dos ensinos primário e médio. Criado em 1772 era uma taxação, ou um imposto, que incidia sobre a carne verde, o vinho, o vinagre e a aguardente. Além de exíguo, nunca foi cobrado com regularidade e os professores ficavam longos períodos sem receber vencimentos a espera de uma solução vinda de Portugal. Os professores eram geralmente mal preparados para a função, já que eram improvisados e mal pagos. Eram nomeados por indicação ou sob concordância de bispos e se tornavam "proprietários" vitalícios de suas aulas régias. De todo esse período de "trevas" sobressaíram-se a criação, no Rio de Janeiro, de um curso de estudos literários e teológicos, em julho de 1776, e do Seminário de Olinda, em 1798, por Dom Azeredo Coutinho, governador interino e bispo de Pernambuco. O Seminário de Olinda "tinha uma estrutura escolar propriamente dita, em que as matérias apresentavam uma seqüência lógica, os cursos tinham uma duração determinada e os estudantes eram reunidos em classe e trabalhavam de acordo com um plano de ensino previamente estabelecido" (Piletti, 1996: 37). O resultado da decisão de Pombal foi que, no princípio do século XIX (anos 1800...), a educação brasileira estava reduzida a praticamente nada. O sistema jesuítico foi desmantelado e nada que pudesse chegar próximo deles foi organizado para dar continuidade a um trabalho de educação. Esta situação somente sofreu uma mudança com a chegada da família real ao Brasil em 1808.

ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA DO MUNDO 1759 ·

Duzentos e dez anos após a chegada e de serem os únicos responsáveis pela educação no Brasil, deixam a colônia cerca de Quinhentos padres jesuítas, expulsos pelo Marquês de Pombal, Ministro de D. José I, paralisando 17 colégios, 36 missões, seminários menores e escolas elementares.

o O Alvará de 28 de julho determina a instituição de aulas de gramática latina, aulas de grego e de retórica, além de criar o cargo de "Diretor de Estudos". Medidas inócuas para um sistema de ensino fragmentado.

o Marques de Pombal extingue as últimas Capitanias Hereditárias. 1762 o Jean-Jacques Rousseau escreve Emílio e Contrato Social. 1763 o Mudança da capital do Vice-Reino de Salvador para o Rio de Janeiro. 1764 o Jean-Jacques Rousseau escreve Devaneios de um Passeante e Confissões. 1765 o O inglês James Watt aperfeiçoa o motor a vapor que se tornou marco da Revolução Industrial. 1767 o A Espanha expulsa os jesuítas e fecha seus colégios. o Carlos III lança uma Ordenança Real obrigando todo município espanhol a ter uma escola de primeiras

letras, com freqüência obrigatória. 1768 o Carlos III dispõe que deveriam ser fundadas escolas para meninas, dando preferência para filhas de

lavradores e artesãos. 1770 o A Reforma Pombalina de Educação substitui o sistema jesuítico e o ensino é dirigido pelos vice-reis

nomeados por Portugal. o L'Abbé de L'Epée funda em Paris a primeira instituição específica para a educação dos surdos. 1772 o É instituído o "subsídio literário", imposto destinado a manutenção dos ensinos primário e médio. o É fundada, no Rio de Janeiro, a Academia Científica. 1774 o Basedow funda em Dessau o Instituto Filantropinum e tem início o movimento pedagógico conhecido como

filatropismo (philos, "amigo"; anthropos, "homem"). 1776 o É criado no Rio de Janeiro, pelos padres Franciscanos, um curso de estudos literários e teológicos, destinado

à formação de sacerdotes. o L'Abbé de L'Epée publica A Verdadeira Maneira de Instruir os Surdos. o Os Estados Unidos proclamam sua independência. 1777 o D. Maria I assume o trono de Portugal. 1778 o Morre Jean·Jacques Rousseau. 1782

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o É criada a Universidade de Havana. 1784 o É criado no Rio de Janeiro o Gabinete de História Natural. 1789 o Tiradentes e a Inconfidência Mineira. o A Queda da Bastilha é o marco da Revolução Francesa. 1791 o É criada a Universidade Quito. 1797 o É criada em Santiago do Chile a Academia de São Luiz, pelo mestre Dom Manuel de Salas. 1799 o É criada em Buenos Aires a Escola Náutica, por Manuel Belgrano. o Napoleão Bonaparte dá o Golpe do Dezoito Brumário, e assume o poder na França

ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA DO MUNDO 1800

o O bispo Azeredo Coutinho funda o Seminário de Olinda. 1802 o D. Azeredo Coutinho funda em Pernambuco o Recolhimento de Nossa Senhora da Glória, só para meninas

da nascente nobreza e fidalguia brasileira. o O educador suíço Felipe Manuel Fallenberg, funda a Escola Prática de Agricultura. 1807 o O educador suíço Felipe Manuel Fallenberg, funda o Instituto Agronômico Superior. 1808 o É fundado uma escola de educação, onde se ensinavam as línguas portuguesa e francesa, Retórica,

Aritmética, Desenho e Pintura. o É criada a Academia de Marinha, no Rio de Janeiro. o São criados cursos de cirurgia no Rio de Janeiro e na Bahia. o É criada uma cadeira de Ciência Econômica, na Bahia, da qual seria regente José da Silva Lisboa, o futuro

Visconde de Cairu. o Chegada da Família Real ao Brasil. o Abertura dos portos às nações amigas. o Impresso o primeiro periódico do Brasil: Gazeta do Rio de Janeiro.

Referências: PILETTI, Nelson, História da Educação no Brasil. 6. ed. São Paulo: Ática, 1996.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL PERÍODO JOANINO

ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA DO MUNDO 1808 ·

o É fundado uma escola de educação, onde se ensinavam as línguas portuguesa e francesa, Retórica, Aritmética, Desenho e Pintura.

o É criada a Academia de Marinha, no Rio de Janeiro. o São criados cursos de cirurgia no Rio de Janeiro e na Bahia. o É criada uma cadeira de Ciência Econômica, na Bahia, da qual seria regente José da Silva Lisboa, o futuro

Visconde de Cairu. · Chegada da Família Real ao Brasil. o Abertura dos portos às nações amigas. o Impresso em Londres, por Hipólito da Costa, o Correio Braziliense é o primeiro jornal em língua portuguesa a

circular no Brasil. o Impresso o primeiro periódico do Brasil: Gazeta do Rio de Janeiro. 1810 o Desfazendo·se de seus próprios livros (60.000 volumes), D. João VI funda a nossa primeira biblioteca. o É criada a Academia Militar. 1812 o São criados cursos de Agricultura na Bahia. o É criada a escola de serralheiros, oficiais de lima e espingardeiros, em Minas Gerais. o É criado o laboratório de química no Rio de Janeiro. 1814 o Franqueada a população a biblioteca real torna-se nossa primeira biblioteca pública. o São criados cursos de agricultura no Rio de Janeiro. 1815 o Elevação do Brasil a Reino Unido ao de Portugal e Algarves. 1816 o É criada a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios. 1817 o É criado um curso de química na Bahia. o Tem início a Revolução Pernambucana. 1818 o Surge um curso de desenho com o objetivo de "beneficiar muitos ramos da indústria". o É criado o Museu Nacional no Rio de Janeiro. 1820 o A Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios muda para Real Academia de Pintura, Escultura e Arquitetura Civil

e depois para Academia de Artes. o História da Educação

História da Educação

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PERÍODO IMPERIAL (1822 - 1888)

Para o professor Lauro de Oliveira Lima a vinda da Família Real representou a verdadeira "descoberta do Brasil" (Lima, [197_], 103). Ainda segundo o professor Lauro, "a 'abertura dos portos', além do significado comercial da expressão, significou a permissão dada aos 'brasileiros' (madereiros de pau-brasil) de tomar conhecimento de que existia, no mundo, um fenômeno chamado civilização e cultura" (Idem) Em 1820 o povo português mostra-se descontente com a demora do retorno da Família Real e inicia a Revolução Constitucionalista, na cidade do Porto. Isto apressa a volta de D. João VI a Portugal em 1821. Em 1822, a 7 de setembro, seu filho D. Pedro I declara a Independência do Brasil e, inspirada na Constituição francesa, de cunho liberal, em 1824 é outorgada a primeira Constituição brasileira.

O Art. 179 desta Lei Magna dizia que a "instrução primária e gratuita para todos os cidadãos". Em 1823, na tentativa de se suprir a falta de professores institui-se o Método Lancaster, ou do "ensino mútuo", onde um aluno treinado (decurião) ensina um grupo de dez alunos (decúria) sob a rígida vigilância de um inspetor. Em 1826 um Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias. E, em 1827 um projeto de lei propõe a criação de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever o exame na seleção de professores, para nomeação. Propunha ainda a abertura de escolas para meninas. Em 1834 o Ato Adicional à Constituição dispõe que as províncias passariam a ser responsáveis pela administração do ensino primário e secundário. Graças a isso, em 1835, surge a primeira escola normal do país em Niterói. Se houve intenção de bons resultados não foi o que aconteceu, já que, pelas dimensões do país, a educação brasileira se perdeu mais uma vez, obtendo resultados pífios.

Em 1880 o Ministro Paulino de Souza lamenta o abandono da educação no Brasil, em seu relatório à Câmara. Em 1882 Ruy Barbosa sugere a liberdade do ensino, o ensino laico e a obrigatoriedade de instrução, obedecendo as normas emanadas pela Maçonaria Internacional. Em 1837, onde funcionava o Seminário de São Joaquim, na cidade do Rio de Janeiro, é criado o Colégio Pedro II, com o objetivo de se tornar um modelo pedagógico para o curso secundário. Efetivamente o Colégio Pedro II não conseguiu se organizar até o fim do Império para atingir tal objetivo. Até a Proclamação da República, em 1889 praticamente nada se fez de concreto pela educação brasileira. O Imperador D. Pedro II quando perguntado que profissão escolheria não fosse Imperador, respondeu que gostaria de ser "mestre-escola". Apesar de sua afeição pessoal pela tarefa educativa, pouco foi feito, em sua gestão, para que se criasse, no Brasil, um sistema educacional.

ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA DO MUNDO 1821

o Anexação da Província Cisplatina. o · D. João VI retorna a Portugal, deixando D. Pedro como Príncipe Regente. 1822 · o O Decreto de 1o de março criava no Rio de Janeiro uma escola baseada no método lancasteriano ou de

ensino mútuo. Ou seja, somente um professor para cada escola. o · D. Pedro declara a Independência do Brasil, tornado-se o primeiro Imperador do Brasil com o título de D.

Pedro I. 1824 · o A Constituição, outorgada pela Assembléia Constituinte, dizia, no seu artigo 179, que a instrução primária era

gratuita a todos os cidadãos. 1825 · É criado o Ateneu do Rio Grande do Norte. o · É criado um curso jurídico provisório na Corte. o · Portugal e Inglaterra reconhecem a Independência do Brasil. o · Início da luta pela independência do Uruguai. 1827 o · São criados os cursos de Direito de São Paulo e Olinda. o · É criado o Observatório Astronômico. o · Uma Lei Geral, de 15 de outubro, dispõe sobre as escolas de primeiras letras, fixando-lhes o currículo e

institui o ensino primário para o sexo feminino. o · Começa a circular o jornal A Aurora Fluminense. o · Os brasileiros lutam contra tropas argentinas e uruguaias pela posse da Província Cisplatina. o · Um ano depois é assinado um tratado de paz entre as partes, reconhecendo a Independência do Uruguai. o · O inglês John Dalton apresenta a primeira formulação da teoria atômica. 1829 o · O Professor Louis Braille, cego desde os três anos, cria um sistema de leitura para cegos, em Paris. o · O Papa Pio VIII sucede o Papa Leão XII. o · Em Maryland, nos Estados Unidos, a Companhia de Estrada de Ferro inicia a primeira linha de passageiros.

1830 o · Uma Resolução do Senado declara livres os índios selvagens prisioneiros de guerra escravizados. o · Michael Faraday, cientista inglês, descobre a indução magnética. o · Distúrbios de operários têxteis na Inglaterra. o · Morre Simon Bolívar, herói da Independência de vários países hispânicos. 1831 o · Noite das Garrafadas.

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o · D. Pedro I abdica em favor de seu filho D. Pe·dro II, então com oito anos. o · Em Recife eclode as rebeliões conhecidas como Setembrizada e Novembrada, em função da abdicação de

D.PedroI. o · Constituição da Primeira Regência Trina Provisória, composta pelos Senadores Carneiro de Campos,

Campos Vergueiro e pelo Brigadeiro Francisco de Lima e Silva. o · Uma Lei declara livres todos os escravos que entrassem no Brasil após a data da Lei. o · O botânico inglês Robert Brown descobre o núcleo das células. o · Morre de cólera o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel. 1832 o · Convertem·se em Faculdades de Medicina, as Academias Médico-Cirúrgicas do Rio de Janeiro e da Bahia. o · Ainda em função da abdicação de D. Pedro I, eclode em Recife a revolta conhecida como Abrilada e a

Guerra dos Cabanos. 1834 o · O Ato Adicional da reforma constitucional dizia que a educação primária e secundária ficaria a cargo das

províncias, restando a administração nacional o ensino superior. o · O Ato Adicional estabelece a eleição de um só Regente. o · Revolta da Cabanagem, no Pará. · Revolta das Cameiradas, em Recife. o · A escravidão é abolida em todo o Império Britânico. o · Morre em Portugal D. Pedro I. 1835 · É criada uma escola normal em Niterói. A primeira do Brasil. o · Regência Una com a eleição de Diogo Antônio Feijó o . · Tem início a Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul. o · Eclode a Revolta do Malês, na Bahia. 1836 · É criada uma escola normal na Bahia. o · São criados os Liceus da Bahia e da Paraíba. 1837 o · Tem início a revolta conhecido como Sabinada, na Bahia. o · Em substituição a Feijó, assume a Regência Pedro de Araújo Lima. 1838 o · O Colégio Pedro II é fundado no Rio de Janeiro. o · Tem início a revolta conhecida como Balaiada, no Maranhão. o · Surgem na Inglaterra os primeiros sindicatos (trade union) 1839 o · É criada uma escola normal no Pará. o · Inglaterra e China envolve·se no conflito conhecido por Guerra do Ópio. Vencida a guerra pelos Ingleses a

China é obrigada a transferir a posse de Hong Kong para os britânicos. o · As mães inglesas, separadas ou divorciadas, passam a ter acesso aos seus filhos. o · As mulheres conquistam o direito de ter propriedades nos Estados Unidos. o · É construída a primeira locomotiva elétrica pelo americano Charles Page. 1840 o · Aos 14 anos de idade D. Pedro II torna-se Imperador do Brasil. 1844 o · Samuel Morse cria a mensagem telegráfica através de um código de sinais de sons. 1845 o · É criada uma escola normal no Ceará. o · A Inglaterra promulga a Bill Aberdeen, que lhe dá o direito de aprisionar qualquer embarcação que

traficasse escravos. · Karl Marx é expulso da França e muda-se para Bruxelas. 1846 o · É criada uma escola normal em São Paulo. o · O dentista William Morton utiliza pela primeira vez uma anestesia local numa cirurgia. 1848 o · É criada uma escola normal em São Paulo. o · Setores radicais do Partido Liberal pernambucano inicia a Revolta Praieira. o · Karl Marx e Friedrich Engels publicam o Manifesto do Partido Comunista. 1849 o · Gonçalves Dias, encarregado de estudar as condições do ensino nas Províncias do Norte dizia que "os

nossos liceus são escolas preparatórias da academia e escolas más".

ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA DO MUNDO 1850

A Lei Eusébio de Queiroz acaba com o tráfico de escravos.

o · Chegam no Rio de Janeiro os bondes puxados por cavalos. 1852 o · Gonçalves Dias, em seu relatório de inspeção, dizia: "Quero crer perigoso dar·se·lhes (aos aldeados)

instrução". o · Inauguração das primeiras linhas telegráficas no Brasil. 1854 o · O Decreto 1331A, de 17 de fevereiro, reforma os ensinos primário e secundário, exigindo professores

credenciados e a volta da fiscalização oficial; cria a Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária. o · É criada uma escola normal na Paraíba. o · Barão de Mauá constrói a primeira ferrovia brasileira, no Rio de Janeiro. 1857 o · No Rio Grande do Sul, no Colégio de Artes Mecânicas, a lei mandava recusar matrículas às crianças de cor

preta e aos escravos e pretos, "ainda que libertos e livres". 1864 o · No Rio Grande do Sul, no Colégio de Artes Mecânicas, a lei mandava recusar matrículas às crianças de cor

preta e aos escravos e pretos, "ainda que libertos e livres".

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o · Paraguai declara guerra ao Brasil. o · É criada a Internacional dos Trabalhadores, dirigida por Karl Marx. 1870 o · A Reforma Paulino de Souza pretendia imprimir, aos estudos realizados no Colégio Pedro II, um caráter

formativo, habilitando os alunos não só para os estudos superiores, mas para a vida, além da instituição ser capaz de competir com os estabelecimentos particulares no aliciamento de candidatos às Academias.

o · É criada a Escola Americana, o Colégio Piracicabano, escola primária de cunho protestante. · É criada uma escola normal no Rio Grande do Sul.

o · Tem início a imigração italiana. o · Nasce em Chiaravalle, província de Ancona, na Itália, Maria Montessori. o · Acontece a unificação italiana. 1871 o · A Lei do Ventre Livre liberta os filhos de escravos. o · É instituída a Comuna de Paris que dura 72 dias. 1872 o · O Brasil contava com uma população de 10 milhões de habitantes e apenas 150.000 alunos matriculados

em escolas primárias. O índice de analfabetismo era de 66,4%. o · Fanáticos religiosos do Rio Grande do Sul iniciam o que ficou chamado como a Revolta dos Mucker. 1873 o · Com o objetivo de estimular o desenvolvimento dos estudos secundários nas províncias e de facilitar aos

candidatos das províncias o acesso aos cursos superiores, o Ministro João Alfredo Correia de Oliveira instalou nas capitais das províncias do Império bancas de exames gerais preparatórios. 1874 · É criada a Escola Politécnica. 1878

o · O Conselheiro Leôncio de Carvalho realiza uma reforma do ensino que permitia "a cada um expor livremente suas idéias e ensinar as doutrinas que acredite verdadeiras, pelos métodos que julgue melhores". Além disso manteve as matrículas avulsas e introduziu a freqüência livre e os exames vagos no Externato do Colégio Pedro II. 1879

o · O Senador Oliveira Junqueira dizia: "certas matérias, talvez, não sejam convenientes para o pobre; o menino pobre deve ter noções muito simples". · Começa a funcionar a Companhia Telephonica Brasileira. Em 1876 D. Pedro II conheceu o telefone, na Exposição de Filadélfia, e no ano seguinte instalou a primeira linha, na cidade do Rio de Janeiro. 1880.

o · Surge a primeira escola normal da Capital do Império, mantida e administrada pelos Poderes Públicos. 1882

o · Rodolfo Dantas cria um projeto propondo maior intervenção do Governo na instrução popular das províncias. Este projeto não chegou a ser discutido no Parlamento. 1884

o · É criada a Escola Neutralidade, escola primária de cunho positivista. o · A África é dividida pelas potências européias na Conferência de Berlim. 1885 ·

A Lei Saraiva-Cotegipe ou a Lei dos Sexagenários torna livres os escravos com mais de 60 anos. 1888

o · É criado o Instituto Pasteur, no Rio de Janeiro · A Lei Áurea abole a escravidão no Brasil. 1889 · Ferreira Viana, Ministro do Império dizia ser fundamental formar "professores com a necessária instrução científica e profissional".

o · Em sua última fala do trono Sua Majestade pedia empenho para a criação de um ministério destinado aos negócios da Instrução Pública.

o · Com a Proclamação da República, no Governo Provisório do Marechal Deodoro da Fonseca, torna-se Ministro da Instrução Pública, Correios e Telégrafos Benjamin Constant Botelho de Magalhães.

o · Os alunos matriculados nas escolas correspondem a 12% da população em idade escolar. o · O Marechal Deodoro da Fonseca proclama a República. o · D. Pedro II e sua família embarca para a Europa.

A educação no Brasil Império. Pensando na história da educação no Brasil, desde seus primórdios até os dias atuais, é necessário que os educadores possam visualizar de forma mais completa temas em volta de seu oficio. Foi com este intuito que, anteriormente, publicamos artigos que abordaram esta temática durante o período colonial.Agora, dando prosseguimento ao estudo da história da educação no brasil, tentaremos estabelecer uma ponte com a época imperial, complementando um artigo aqui já publicado sobre a sensibilidade acerca da infância na mesma época.A invasão de Portugal pelos franceses.Antes da independência, em um período geralmente classificado como pertencente ao final da época colonial, o que a rigor não é muito correto, o Brasil foi elevado a Reino, deixando de ser tratado e considerado como uma mera colônia, configurando uma transição para o Império que foi importante no âmbito educacional.Em 1789 havia começado a Revolução Francesa, dentro deste panorama revolucionário, um jovem general tinha chegado ao poder, seu nome era Napoleão Bonaparte. Ele manteve as leis revolucionárias que assustavam os reis de toda a Europa, mas tornou a França um Império, dominando boa parte da Europa e entrando em confronto direto com a Inglaterra, país que, sendo uma ilha de acesso difícil, não podia ser invadido por tropas terrestres.

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Assim, Napoleão ordenou um bloqueio naval às Ilhas Britânicas, tentando desestruturar seu comercio e abastecimento.Por esta altura, Portugal já era um tradicional aliado inglês há séculos, mas, simultaneamente, mantinha relações amigáveis com a França, comprando principalmente a moda ultrapassada de Paris como sendo a última moda da Europa. Governava Portugal como regente, desde 1792, o príncipe D. João VI, pois sua mãe, D. Maria I, era oficialmente considerada louca. D. João, casado com a espanhola Carlota Joaquina, era um jovem tido como mais abobalhado ainda que D. José, não tinha firmeza em suas opiniões e costumava fazer aquilo que os seus conselheiros mandavam.Os cronistas da época diziam que era um glutão inveterado que ignorava as mais elementares normas de higiene e asseio, contavam que enfiava frangos assados inteiros nos bolsos de casacas engorduradas e que nunca, em sua vida inteira, havia tomado um único banho de corpo inteiro. A verdade é que D. João não havia sido criado para ser rei, era o seu irmão mais velho que estava destinado a ocupar o trono, mas como morreu de varíola. Foi justamente este indivíduo de aspecto abobalhado, considerado como o rei mais feio e estúpido da Europa, que teve de enfrentar o grande dilema da história de Portugal. Ficar do lado da Inglaterra e ser invadido pelas tropas de Napoleão, que contavam já com o apoio da Espanha e estavam aguardando lá para invadir Portugal, caso D. João se unisse aos ingleses.Ou ficar do lado da França e ter o acesso português ao Brasil bloqueado pela armada inglesa, que era então a mais poderosa do mundo, perdendo a colônia que era chamada de vaca leiteira da Portugal.O apoio lusitano era vital tanto para a França como para a Inglaterra, o país estava em posição estratégica privilegiada. Caso Portugal ficasse nas mãos dos franceses, o poderio britânico poderia ser abalado por um bloqueio naval de fato eficiente. Por outro lado, ficando do lado dos ingleses, o bloqueio naval francês perderia grande parte de sua eficácia, porque a Inglaterra contaria com uma base de apoio no continente para abastecer sua frota.Diante do impasse, D. João VI apelou, como fazia sempre, aos seus conselheiros, mas eles ficaram divididos entre si, alguns a favor da Inglaterra e outros da França, deixando o príncipe regente completamente perdido e sem saber o que fazer. Ocorre que a situação geopolítica da Europa, dividida entre a França e a Inglaterra, havia chegado a tal ponto que a neutralidade portuguesa havia se tornado impossível. Os dois lados tinham dado um ultimato a Portugal: ou se Unia a um dos lados ou seria considerado inimigo dos dois.Neste ponto, o embaixador inglês em Portugal, Lord Strangford, começou a autuar, ajudando a decidir o impasse.Quando os franceses cansaram de esperar pela decisão do hesitante D. João VI, marchando através da Espanha com 23 mil soldados rumo a Lisboa, Strangford conseguiu convencer o regente a deixar Portugal entregue ao cuidado dos ingleses. Pelo acordo, a Inglaterra enviaria tropas para proteger o país da invasão francesa, D. João iria para o Brasil com sua corte, continuando a governar Portugal de lá, sendo inclusive oferecida uma armada inglesa para levar o príncipe em segurança.Facilmente influenciável e temendo por sua cabeça, pois a moda na França era a guilhotina para os seus inimigos, D. João partiu para o Brasil em navios ingleses em no dia 29 de outubro de 1807. Escapou por pouco de ser aprisionado pelos franceses, os quais chegaram a Lisboa poucos minutos antes da partida da esquadra inglesa, inclusive um navio chegou a ser afundado pelos próprios canhões portugueses da Torre de Belém, então ocupada pelos franceses. Como não conseguiram aprisionar D. João, do ponto de vista francês a invasão foi um fracasso, o general que comandou a operação foi inclusive destituído por Napoleão. Os franceses não conseguiram se manter em Portugal por muito tempo, foram expulsos pelos ingleses.A transição: o reinado de D. João VI e a educação.D. João não veio para o Brasil sozinho, junto com ele estava toda sua corte, que incluía mais 10 mil nobres e os maiores intelectuais de Portugal. Além disto, vieram para o Brasil setecentas carroças e carruagens, móveis rebuscados, obras de arte e, o mais importante, todos os arquivos portugueses e sessenta mil livros. Para uma zona onde havia carência de livros, então raros, a transferência da Biblioteca Real para o Brasil foi um passo importante rumo a algumas melhorias no sistema educacional.Antes com um acesso restrito a uns poucos privilegiados, virou a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, aberta a todo o público, a primeira biblioteca pública do país, justamente em um momento em que mesmo as bibliotecas privadas eram raras.As melhorias que a mudança da corte para o Brasil trouxeram não se resumiram apenas a criação de uma biblioteca pública. Tendo sido transferido o governo para o Rio de Janeiro, então sediando a corte, o Brasil não podia continuar uma simples colônia, foi elevado à categoria de Reino Unido ao lado de Portugal e do Algarve. A cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como sede do governo português não por sua infra-estrutura, mas pela localização geográfica e maior distância do cenário da guerra, possuindo facilidade de comunicação marítima com a África e a Ásia.Salvador, por exemplo, em termos estruturais, estava muito mais preparada.

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Apesar de ser já a capital do Brasil e das reformas implementadas pelo Marquês do Lavradio, o Rio de Janeiro não tinha a menor condição de servir de capital ao Império marítimo português. Influenciado por seus conselheiros, o príncipe regente remodelou a cidade, calçando as ruas e criando uma rede de iluminação pública.Dentro deste contexto, procurou também modificar o ambiente cultural no Brasil, abrindo os portos brasileiros, em 1808, aos navios de todas as nações. Uma medida que envolveu outras questões que não apenas a cultural obviamente, mas o que atraiu um bom número de intelectuais estrangeiros que foram responsáveis por um enorme salto no campo educacional. Além disto, em 1816, sob a influência de Antônio de Araújo de Azevedo, o Conde da Barca, intelectual de orientação francesa, D. João organizou a vinda de uma missão francesa composta por intelectuais para o Brasil.Como a França estava envolta em uma agitação social sem precedentes, herdada da revolução francesa, tendo os franceses sido derrotado pelos ingleses por esta altura, o Conde da Barca, encarregado de selecionar os intelectuais que seriam escolhidos, não teve o menor problema para encontrar gente que havia antes apoiado Napoleão e que estava disposta a vir para o Brasil.Para estes intelectuais franceses, o convite representou a possibilidade de escapar de represarias do novo governo que estava sendo formado na França.Na chamada missão francesa, vieram intelectuais e artistas que seriam responsáveis por uma mudança radical na cara do Rio de Janeiro.Eles fizeram escola, formando um grupo de intelectuais brasileiros que seriam vitais dentro do sistema educacional do Brasil durante o Império, inclusive, acabando gradualmente com a falta de professores que estava em voga aqui.Entre outros, fizeram parte da missão francesa: Joachim Lebreton, considerado como o chefe da missão, que antes fora um dos organizadores do Louvre e, ao se recusar a devolver obras pilhadas nas campanhas de Napoleão, havia caído em desgraça, trazendo consigo para o Brasil cinqüenta e quatro telas do Louvre, que mais tarde acabaram sendo perdidas por apodrecerem. Auguste-Marie Taunay, um famoso escultor que iria se notabilizar como professor de artes e formar inúmeros artistas brasileiros. Grandjean de Montigny, um grande arquiteto responsável pela construção de belos edifícios que serviram de sede a órgãos do Estado. Os pintores Charles Pradier e Jean Baptiste Debret, responsáveis pela retratação do Brasil daquela época e também de parte do período Imperial. E os gravadores e escultores Marc e Zéphyrin Ferrez, responsáveis pela criação da estampa da primeira moeda brasileira.Sob influência das quarenta e seis pessoas que vieram na missão francesa, foram criados diversos órgãos e departamentos de Estado, tal como Academia de Belas Artes. No entanto, depois que a academia começou a funcionar, intrigas internas, acusações do embaixador francês no Brasil de serem os artistas subversivos e contrários a monarquia, além do ciúme dos artistas brasileiras, praticamente expulsou quase todos os franceses. Alguns deles voltaram para a França e outros permaneceram no Brasil como professores particulares, dando inicio a uma tradição que se perpetuaria durante o Império.Apesar do ar abobalhado de D. João VI e da missão francesa, em certa medida, ter fracassado depois de alguns anos, o fato é que a vinda da corte para o Brasil gerou a fundação de instituições de nível superior, antes inexistente. Para além da Academia de Belas Artes, foram criadas no Rio de Janeiro a Academia da Marinha, a Academia Real Militar, uma Escola anatômico-cirúrgica e médica, um curso de Agricultura e a Escola Real de Ciências Artes e Ofícios. Na Bahia, em Salvador, foram fundados o curso de Cirurgia, a cadeira de Economia, o curso de Agricultura, o curso de Química e o curso de Desenho técnico. Durante o governo de D. João foram estabelecidas ainda, no Rio de Janeiro, quatro instituições que iriam estimular as ciências no Brasil: o Jardim Botânico, um observatório astronômico, um museu da mineração e um laboratório químico.No ensino elementar e médio, nenhuma mudança foi feita, mas, apesar das instituições criadas terem sido fundadas principalmente para dar emprego aos nobres e intelectuais que tinham vindo com D. João de Portugal, a fundação de instituições de nível superior e de cunho cientifico iriam formar um quadro de homens capacitados a exercerem a profissão docente. O período joanino facilitou as mudanças que seriam implantadas depois da independência do Brasil.O grande legado do governo de D. João VI para o ensino elementar e médio foi a criação da Imprensa Régia. O primeiro livro editado foi a Riqueza das Nações de Adam Smith, passando a editar também um jornal diário, chamado a Gazeta do Rio de Janeiro. Ato que foi acompanhado da extinção da proibição da imprensa no Brasil, o que culminou imediatamente com a fundação de tipografias particulares no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.Os livros, antes de difícil acesso, por serem muito caros, uma vez que necessariamente importados, ficaram mais acessíveis, facilitando, em alguns casos, o autodidatismo nas províncias mais distantes e periféricas. Devemos notar que, apesar da importância que tiveram as mudanças implantadas por D. João VI, todas as medidas e instituições serviram somente a elite e tiveram como objetivo formar uma casta dirigente brasileira. Algo que, em certa medida, contraditoriamente, foi um responsável pelo fomento da luta em prol da independência.Destarte, D. João VI foi obrigado a partir para Portugal, em um momento em que seu trono estava ameaçado por lá caso não voltasse.

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Deixou seu filho como regente, o príncipe D. Pedro I, o qual teria, em um lampejo de sabedoria, pouco afeito ao seu caráter, pressentido que as medidas tomadas por ele mesmo terminariam fazendo o Brasil se separar de Portugal. Na verdade, um contexto gradual que se iniciou ainda no período colonial, tanto que, ao partir, D. João teria dito a D. Pedro: “Se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros”. A independência e a consolidação das reformas no ensino.Em 1822, o Brasil ficou independente pelas mãos de um príncipe português, mas não sem luta, ao contrário do que muita gente imagina. De qualquer modo, consolidada a independência, D. Pedro I convocou a Constituição da mandioca, assim chamada porque só poderiam votar, para eleger representantes, aqueles que possuíssem uma renda equivalente a cento e cinqüenta alqueires de mandioca, de forma que o número de eleitores foi restrito, pois poucos tinham estas posses.Esta Assembléia Constituinte deveria, entre outras coisas, elaborar as leis que passariam a organizar o sistema educacional brasileiro. A assembléia não tardou em entrar em choque com o Imperador, sobretudo porque tencionava limitar seu poder e aumentar a influência da casa nas decisões. D. Pedro I cercou a assembléia, em 12 de novembro de 1823, com tropas, destituindo seus membros, prendendo alguns deputados, em um episódio que ficou conhecido como a Noite da Agonia.Em seguida, engavetou a Constituição que estava sendo elaborada e fez ele mesmo uma nova, promulgada em 1824. As leis que serviriam de base a organização do ensino no Brasil foram tributárias desta Constituição, ficando em vigor, com poucas alterações, até a proclamação da República em 1889.Não obstante ao fato da educação ter se tornado elitista, seguindo a tendência iniciada por D. João VI, reforçada durante o reinado de D. Pedro II, as leis promulgadas por D. Pedro I tiveram como objetivo formar um sistema educacional popular e gratuito. A idéia era estimular o desenvolvimento de uma cultural nova, fomentando o sentimento de Nação. A intenção fracassou não por falta de vontade política, mas pela falta de recursos, pela pobreza do país. Falta pela altura interesse pelo estudo, gerado por anos de descaso para com a educação, além é claro da tradição mantida entre a elite de mandar os filhos estudarem na Europa, surgida depois das reformas pombalinas. Pouca ou nenhuma atração era oferecida por algumas profissões que exigiam escolarização em país predominantemente agro-exportador.No entanto, influenciada pelos ideais da Revolução Francesa, que pregava o acesso a educação garantida a todos, a Constituição de 1824 era cheia de termos vagos e projetos para melhorar as condições do ensino. Na pratica leis complementares tiveram que ser promulgadas, visando tornar o ensino no Brasil operacional, embora algumas destas medidas contrariassem a própria Constituição.Ensino privado x educação pública.Diante da falta de recursos para fazer funcionar o item 32, do artigo 179 da Constituição, que dizia que a instrução primária gratuita deveria ser garantida a todos os súditos do Imperador, foi estabelecida uma lei dando ampla liberdade irrestrita ao estabelecimento de novas instituições de ensino. O que, na prática, funcionou como um convite à livre iniciativa privada, estimulando a criação de escolas particulares por todo o país, que surgiram no vácuo deixado pelo Estado.Portanto, na realidade, a nova medida contrariava a Constituição, que alias teria de ser modificada. Além disto, mesmo a fundação de escolas particulares não garantia um ensino de qualidade, pois o objetivo da iniciativa privada era o êxito financeiro, não existindo uma preocupação em discutir e tentar melhorar as condições econômicas e sociais do país ou ajudar no desenvolvimento nacional.De qualquer modo, havia a falta de professores nas poucas escolas mantidas pelo Estado, isto não pela falta de profissionais capacitados, porque eles existiam em grande número, graças às instituições fundadas por D. João VI, mas porque os salários eram tão baixos que não atraíam estes profissionais para a carreira docente. Situação que persistia desde as reformas pombalinas, uma realidade bem diferente das escolas particulares, as quais, oferecendo salários mais altos, não tinham dificuldade em recrutar professores.Não obstante, as leis e decretos foram considerados eficazes pelos membros da elite e pelos estratos médios, que passaram a deixar de enviar os filhos para a Europa para estudar, optando pelas escolas particulares.O ensino superior e elementar.A despeito das melhorias no sistema educacional brasileiro, a elite continuou a clamar por mais instituições de nível superior e novos cursos, ao que o Imperador. O anseio só foi atendido parcialmente pela lei de 11 de agosto de 1827, criando dois cursos jurídicos, um no Convento de São Francisco, em São Paulo, mais conhecido como a famosa faculdade de Direito do Largo São Francisco, que começou a funcionar em março de 1828, e outro no Mosteiro de São Bento, em Olinda (Pernambuco), instalado no dia 15 de maio do mesmo ano.Estes dois cursos tiveram grande importância na formação das elites políticas brasileiras e na mentalidade jurídica do Império. Foram, além disto, centros de irradiação de novas idéias filosóficas, movimentos literários, debates e discussões culturais que interessavam à mentalidade da época. Mais do que escolas de formação de advogados, constituíram verdadeiras faculdades de filosofia, ciências e letras.Tendo atendido parcialmente os apelos da elite, o Imperador tentou ampliar o acesso a educação elementar. Destarte, as escolas básicas se mantiveram, ao longo de todo o Império, acessível a apenas 3% da população, enquanto o índice de analfabetismo nunca foi inferior a 80%.

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Uma lei, promulgada em 15 de outubro de 1827, determinou a criação de escolas elementares em todas as cidades, vilas e lugarejos. Nas povoações mais populosas deveria ser estabelecida uma escola para meninos e outra para meninas, enquanto nas demais zonas o ensino poderia ser misto, isto é para meninos e meninas em uma mesma sala ou escola, tal como antes da reforma pombalina.Entretanto, o baixo salário dos professores continuava a ser o grande obstáculo ao sucesso desta medida, uma vez que as vagas nunca eram preenchidas. Faltavam ainda recursos para construir escolas e fornecer material pedagógico. O Império tentou contornar estas dificuldades, usando espaços cedidos pelos interessados, em geral fazendeiros, aumentando o salário dos professores, como forma de atrair docentes, adotando o método Lancaster de ensino.

O método Lancaster e as implicações de seu fracasso.Pelo método inglês Lancaster, então adaptado a realidade brasileira, um único professor ficava responsável por um grande número de escolas. Trabalhava em sistema de rodízio, escolhendo monitores entre os alunos mais adiantados, que ficavam responsáveis pela turma na ausência do professor. Estes monitores ministravam as lições previamente selecionadas pelo professor, que, quando de sua passagem pela escola, verificava o progresso da turma e tirava as dúvidas.Como é obvio, este sistema de ensino não tinha grande qualidade e não conseguiu atrair o interesse de muitos alunos, fracassando. O que levou a promulgação de um ato adicional à Constituição em 1834, descentralizando a organização e administração do ensino elementar e médio, em uma tentativa de tornar mais ágeis as possíveis soluções em âmbito regional e local.A obrigação de fornecer ensino gratuito passou a ser atribuição das Províncias, ficando a cargo do governo nacional apenas a educação superior e as escolas da cidade do Rio de Janeiro. Na verdade, a medida não fez mais que oficializar uma pratica que já vinha sendo usada, pois há tempos era discutida e colocada em funcionamento escolas mantidas pelas Províncias, com o objetivo de tornar o ensino mais popular e acessível.Mesmo em uma Província rica como São Paulo, sendo ela já proeminente graças à riqueza obtida com o café, os professores continuavam escassos, forçando o governo a usar leigos como docentes, os únicos que aceitavam receber os baixos salários. Os professores licenciados iam lecionar na iniciativa privada. Ao mesmo tempo, nas escolas públicas, a evasão era grande e a falta de interesse geral, sobretudo em decorrência da baixa qualidade do ensino.As escolas públicas elementares se tornaram na prática escolas de alfabetização, e alfabetizavam mal e em pequeno número. No que diz respeito ao conteúdo ministrado no ensino elementar, este continuou praticamente o mesmo que era ensinado no tempo dos jesuítas, ou seja, ensinar a ler escrever e contar, sem obviamente as praticas pedagógicas proibidas por Pombal. O ensino no governo de D. Pedro II.Em 1854, D. Pedro II, então já há alguns anos no poder, reformulou o conteúdo ministrado e a própria estrutura do ensino básico.O ensino elementar passou a chamar-se ensino primário e, apesar de ter duração variável de aluno para aluno, a rigor passou a durar quatro anos, sendo dividido em elementar e superior. No elementar passaram a serem ministradas as disciplinas de instrução moral e religiosa, leitura e escrita, noções essenciais de Gramática, princípios de Aritmética e sistema de pesos e medidas. No superior estas mesmas disciplinas se desdobravam dando origem a dez disciplinas, sendo regulamentada a exigência do diploma primário para poder ingressar no secundário.Alguns anos antes, mais especificamente em 1837, visando criar condições para que a reforma do ensino primário desse certo, havia sido criado no Rio de Janeiro o Colégio Pedro II.Um centro formado de professores que exigia sete anos de estudo para conferir o diploma.Esta instituição, segundo o Imperador, serviria de modelo aos governos Provinciais. No primeiro ano do Colégio Pedro II eram estudadas as disciplinas de história sagrada, português, geografia, aritmética e geometria; no segundo ano, os estudantes se concentravam em português, francês, latim e matemáticas elementares. O terceiro ano estava baseado em português, francês, latim, matemáticas elementares, aritmética e álgebra; enquanto o quarto tinha as disciplinas de português, francês, latim, geografia e cosmografia, e matemáticas elementares. No quinto ano, o currículo envolvia português, inglês ao invés do francês, latim, história geral, física e química; já no sexto era estudado alemão, grego, história natural e higiene, retórica, poética e literatura nacional, além de filosofia. O sétimo e último ano oferecia o estudo de italiano, alemão, grego, português, história literária, filosofia, corografia (que era o estudo da genealogia Real), e história do Brasil. Depois de estudarem conteúdos variáveis, embora fragmentados, os estudantes, após os sete anos de estudo, recebiam o grau e a carta de bacharel em letras. Isto depois de prestarem juramento perante o Ministro do Império, o que dava direito a lecionar para o primário.

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Assim, o Colégio Pedro II serviu de modelo para a criação de escolas semelhantes ao atual magistério nas Províncias. Estas escolas tinham como intenção disponibilizar uma mão de obra que aceitasse os salários pagos pelo Estado e que ao mesmo tempo não tivesse outra opção. Uma vez que as escolas particulares normalmente não empregavam esta mão de obra, trabalhando somente com pessoal de nível superior, muitas vezes chegando até a importar mão de obra. Profissão docente e cotidiano feminino.Até a fundação do Colégio Pedro II, a profissão docente era exclusivamente masculina.A mulher podia ser tutora, mas nunca uma professora.Em certa medida a fundação do colégio Pedro II funcionou como um grande estímulo a criação de liceus de caráter técnico.Só para esclarecer, liceu era o modo como os estabelecimentos de nível médio passaram a ser chamados para distingui-los dos colégios, onde o ensino primário era ministrado. Estando proibidas de criarem cursos de nível superior, prerrogativa exclusiva do governo nacional, as Províncias passaram a tentar estabelecer liceus onde era dado ênfase em disciplinas como química, física, botânica e agricultura. Ao invés de acabar com a carência de professores, problema que em parte foi resolvido, começaram a faltar alunos. Isto porque, mesmo sendo o ensino gratuito, o material didático não era. Com exceção de uns poucos indivíduos pertencentes aos estratos médios, a maioria da população ou não podia custear o material ou não podia abrir mão do trabalho para se dedicar ao estudo.Um detalhe interessante, quanto ao ensino médio, é que, depois que foi assumido pelas Províncias, os governos regionais interditaram o acesso feminino, pois tinha-se em mente que não precisavam saber além do que era ensinado na primário.O ensino médio gratuito para as mulheres é uma conquista que remonta ao final do Império, antes, somente as escolas particulares ofereciam esta modalidade de ensino. No setor privado, as mulheres eram mantidas em escolas ou salas separadas, seguindo a tradição pombalina. Recebiam ensinamentos diferenciados, cursando disciplinas ligadas à vida doméstica, a maternidade e a religião, o conteúdo intelectual e científico era uma regalia masculina.Catolicismo e educação.É interessante notar que até certa altura a maioria das escolas privadas não estavam vinculadas à igreja católica. Isto, apesar da fundação de um Colégio particular por padres lazaristas, já em 1820. Entretanto, a partir de 1845, os jesuítas, cuja ordem havia sido dissolvida pelo Papa por influência de Pombal, depois de terem sua ordem restabelecida, começaram a voltar para o Brasil. Diferente de antes, uma vez que haviam tido seus bens confiscados pelo Estado ou pela própria Igreja, fundaram escolas particulares, contratando professores profissionais não para lecionarem. Rapidamente os jesuítas estabeleceram uma rede de escolas tidas em alta conta pela elite.Eles foram seguidos por outras ordens masculinas e, mais tarde, femininas, que também fundaram colégios e liceus particulares, suprindo em grande parte o vácuo deixado pelo Estado. A grande maioria destes estabelecimentos existe até hoje, figurando entre os melhores e mais conceituados estabelecimentos de ensino. Concluindo.Durante o período Imperial surgiu um sistema dualista, dividido entre a escola pública de qualidade questionável e a particular. Destarte, depois da Guerra do Paraguai, cuja importância condicionadora do surto econômico e liberal não tem sido devidamente apreciada, os debates sobre a educação tornaram-se mais ativos. O Império constituiu o grande período preparatório que daria origem as realizações que a República iniciaria.A guerra do Paraguai ofereceu a primeira oportunidade para os primeiros grandes movimentos de massas humanas no Brasil. Nas fileiras do exército e a bordo dos navios armados, onde as pessoas se nivelavam na luta e no sofrimento, a luta dos mais pobres pelo acesso a educação começou.Muitos dos escravos e dos homens comuns revelaram-se tão capazes quanto os jovens oficiais de brasão de armas, desenvolvendo um novo sentimento de igualdade e camaradagem.O que levou a uma melhor compreensão da realidade brasileira e a identificação do sistema educacional como uma das raízes do atraso do Brasil.Dentro deste contexto, surgiu uma nova mentalidade que culminou com o projeto Rodolfo Dantas em 1882. Onde pela primeira vez no Brasil, ao se tentar planejar a educação, não se perdia de vista o fato de que a institucionalização educacional estava em relação estreita com o desenvolvimento da sociedade e com os seus recursos econômicos e financeiros.O projeto levava em conta a necessidade de cooperação dos poderes gerais na obra múltipla e imensa do ensino, recomendava a criação de novas Universidades e cursos para que pudessem formar profissionais que atendessem a demanda por professores nas escolas primárias e secundárias. Por sua vez, deveriam ser fundadas mais escolas para facilitar o acesso das camadas menos favorecidas. Além da atenção especial a formação de professores, o projeto recomendava que fosse feita uma reformulação das disciplinas ministradas, visando torná-las mais integradas umas com as outras e com o mundo pós-revolução industrial.

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No entanto, o projeto nunca chegou a ser posto em pratica, antes que se quer isto fosse cogitado, a monarquia caiu e foi proclamada a República. Caberia ao governo republicano se inspiraria em muitas das recomendações presentes no dito projeto ou mesmo no resultado dos debates em torno dele.

História da Educação no Brasilé o estudo da evolução da Educação, do ensino, da instrução e d a s práticas pedagógicas no Brasil. Como um processo sistematizado de transmissão de conhecimentos, evolui em rupturas marcantes e fáceis de serem observadas.De início, a História da educação brasileira é indissociável da C o m p a n h i a d e J e s u s . A s n e g o c i a ç õ e s d e D o m J o ã o I I I ,O Piedoso, j u n t o a e s t a o r d e m m i s s i o n á r i a católica p o d e s e r considerado um marco.A História da Educação no Brasil inicia-se no período colonial ,q u a n d o c o m e ç a m a s p r i m e i r a s r e l a ç õ e s e n t r e Estado e E d u c a ç ã o , p o r m e i o d o s jesuítas q u e c h e g a r a m e m 1549,chefiados pelo Padre Manoel da Nóbrega . E m 1 7 5 9 , c o m a s reformas pombalinas, houve a expulsão dos jesuítas, passando a s e r i n s t i t u í d o o e n s i n o l a i c o e p ú b l i c o , e o s c o n t e ú d o s basearam-se nas Cartas Régias . Muitas mudanças ocorreram até que se chegasse à pedagogia dos dias de hoje. As principais r e f o r m a s f o r a m B e n j a m i m C o n s t a n t ( 1 8 9 0 ) , E p i t á c i o P e s s o a (1901), Rivadávia Correia (1911), Carlos Maximiliano (1915),J o ã o A l v e s d a R o c h a V a z ( 1 9 2 5 ) , F r a n c i s c o C a m p o s ( 1 9 3 2 ) , Gustavo Capanema (1946) e as Leis de Diretrizes e Bases de1961, 1968, 1971 e 1996.A t é o s d i a s d e h o j e m u i t o t e m s e m e x i d o n o p l a n e j a m e n t o e d u c a c i o n a l , m a s a e d u c a ç ã o c o n t i n u a a t e r a s m e s m a s características impostas em todos os países do mundo, que é a d e m a n t e r o " s t a t u s q u o " p a r a a q u e l e s q u e f r e q ü e n t a m o s bancos escolares.Choque culturaisA primeira grande ruptura travou-se com a chegada mesmo dos portugueses ao território do Novo Mundo . N ã o p o d e m o s d e i x a r d e r e c o n h e c e r q u e o s p o r t u g u e s e s l e v a r a m a o B r a s i l u m padrão de educação próprio da Europa, o que não quer dizer que as populações que viviam no Brasil j á n ã o p o s s u í s s e m c a r a c t e r í s t i c a s p r ó p r i a s d e s e f a z e r e d u c a ç ã o . A e d u c a ç ã o q u e s e p r a t i c a v a e n t r e a s p o p u l a ç õ e s i n d í g e n a s n ã o t i n h a a s " m a r c a s r e p r e s s i v a s " d o m o d e l o educacional europeu.A e d u c a ç ã o n o B r a s i l n ã o t e v e o m e s m o i n c e n t i v o q u e n a s d e m a i s c o l ô n i a s e u r o p é i a s n a A m é r i c a , c o m o a s e s p a n h o l a s . E n q u a n t o n a América Hispânica f o r a m f u n d a d a s d i v e r s a s universidades desde1538(Universidade de Santo Domingo ) e1551(Universidade do México ,Universidade de Lima ) , a p r i m e i r a u n i v e r s i d a d e b r a s i l e i r a s ó s u r g i u e m 1912(Universidade Federal do Paraná.Período Jesuítico (1549-1759)A educação indígena foi interrompida com a chegada dos jesuítas. Os primeiros chegaram ao território brasileiro em março de 1549. Comandados pelo Padre Manoel da Nóbrega, quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador , t e n d o c o m o m e s t r e o I r m ã o Vicente Rodrigues , d e a p e n a s 2 1 a n o s . I r m ã o V i c e n t e t o r n o u - s e o p r i m e i r o professor nos moldes europeus, em terras brasileiras, e durante mais de 50 anos dedicou-se ao ensino e a propagação da fé religiosa.N o B r a s i l o s j e s u í t a s s e d e d i c a r a m à p r e g a ç ã o d a f é c a t ó l i c a e a o t r a b a l h o e d u c a t i v o . Perceberam que não seria possível converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu-se para o sul e, em 1570, já era composta por

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cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro,Ilhéus,São Vicente,Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro,Pernambuco e Bahia).Quando os jesuítas chegaram ao território, eles não trouxeram somente amoral, os costumes e a religiosidade européia; trouxeram também os métodos pedagógicos. Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento, oRatio Studiorum, escrito por Inácio de Loiola . Eles não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso elementar, mantinham cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramática Latina,Humanidades e Retórica; e n o c u r s o d e Filosofia estudava-se Lógica, Metafísica,Moral,Matemática e Ciências Físicas e Naturais.Período Pombalino (1760-1808)Este método funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal.N o m o m e n t o d a e x p u l s ã o , o s j e s u í t a s t i n h a m 2 5 r e s i d ê n c i a s , 3 6 m i s s õ e s e 1 7 c o l é g i o s e seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. A educação brasileira, com isso, vivenciou u m a g r a n d e r u p t u r a h i s t ó r i c a n u m p r o c e s s o j á i m p l a n t a d o e c o n s o l i d a d o c o m o m o d e l o educacional.C o m a e x p u l s ã o , s a í r a m d o B r a s i l 1 2 4 j e s u í t a s d a B a h i a , 5 3 d e P e r n a m b u c o , 1 9 9 d o R i o d e Janeiro e 133 do Pará. Com eles levaram também a organização monolítica baseada no RatioStudiorum. D e s t a r u p t u r a , p o u c a c o i s a r e s t o u d e p r á t i c a e d u c a t i v a n o B r a s i l . C o n t i n u a r a m a funcionar o Seminário Episcospal, no Pará, e os Seminários de São José e São Pedro, que nãose encontravam sob a jurisdição jesuítica; aEscola de Artes e Edificações Militares, na Bahia, e a Escola de Artilharia, no Rio de Janeiro.Os jesuítas foram expulsos das colônias em função de radicais diferenças de objetivos com os d o s i n t e r e s s e s d a C o r t e . E n q u a n t o o s j e s u í t a s p r e o c u p a v a m - s e c o m o proselitismo e onoviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal da decadência que se encontrava diante de outras potências européias da época. Além disso, Lisboa passou por um terremoto que destruiu parte significativa da cidade e precisava ser reerguida. A educação jesuítica não convinha aos interesses comerciais emanados por Pombal. Se as escolas da Companhia de Jesus tinham por o b j e t i v o s e r v i r a o s i n t e r e s s e s d a f é , P o m b a l p e n s o u e m o r g a n i z a r a e s c o l a p a r a s e r v i r a o s interesses do Estado.Peloalvaráde28 de junho de1759, ao mesmo tempo em que suprimia as escolas jesuíticas dePortugal e de todas as colônias, Pombal criava as aulas régias de Latim,Gregoe Retórica . Criou também a Diretoria de Estudos que só passou a funcionar após o seu afastamento. Cada aula régia era autônoma e isolada, com professor único e uma não se articulava com as outras.

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Portugal logo percebeu que a educação no Brasil estava estagnada e era preciso oferecer umasolução. Para isso, instituiu-se o "subsídio literário" para manutenção dos ensinos primário emédio. Criado em1772, o “subsídio” era uma taxação, ou umimposto, que incidia sobre acarne verde, ovinho, ovinagree aaguardente. Além de exíguo, nunca foi cobrado com regularidade eos professores ficavam longos períodos sem receber vencimentos a espera de uma soluçãovinda de Portugal.Os professores geralmente não tinham preparação para a função, já que eram improvisados em a l p a g o s . E r a m n o m e a d o s p o r i n d i c a ç ã o o u s o b c o n c o r d â n c i a d e b i s p o s e s e t o r n a v a m "proprietários" vitalícios de suas aulas régias.O r e s u l t a d o d a d e c i s ã o d e P o m b a l f o i q u e , n o p r i n c í p i o d o século XIX , a educação brasileiraestava reduzida a praticamente nada. O sistema jesuítico foi desmantelado e nada que pudessechegar próximo deles foi organizado para dar continuidade a um trabalho de Período Joanino (1808–1821)A mudança da Família Real, em1808, permitiu uma nova ruptura com a situação anterior. Paraatender as necessidades de sua estadia no Brasil,D. João VIabriu Academias Militares, Escolasde Direito e Medicina, aBiblioteca Real, oJardim Botânicoe, sua iniciativa mais marcante emt e r m o s d e m u d a n ç a , a Imprensa Régia . S e g u n d o a l g u n s a u t o r e s , o B r a s i l f o i f i n a l m e n t e " d e s c o b e r t o " e a n o s s a H i s t ó r i a p a s s o u a t e r u m a c o m p l e x i d a d e m a i o r . O s u r g i m e n t o d a imprensa permitiu que os fatos e as idéias fossem divulgados e discutidos no meio da populaçãol e t r a d a , p r e p a r a n d o t e r r e n o p r o p í c i o p a r a a s q u e s t õ e s p o l í t i c a s q u e p e r m e a r a m o p e r í o d o seguinte daHistória do Brasil.N a v e r d a d e n ã o s e c o n s e g u i u i m p l a n t a r u m s i s t e m a e d u c a c i o n a l n a s t e r r a s b r a s i l e i r a s m a s , segundo alguns autores, o Brasil foi finalmente "descoberto" e a História do país passou a ter uma complexidade maior.A educação, no entanto, continuou a ter uma importância secundária. Para o professor Lauro de Oliveira Lima ( 1 9 2 1 - ) " a ' abertura dos portos ' , a l é m d o s i g n i f i c a d o c o m e r c i a l d a e x p r e s s ã o , significou a permissão dada aos 'brasileiros' (madereiros depau-brasil) de tomar conhecimentode que existia, no mundo, um fenômeno chamado civilização e cultura".Período Imperial (1822-1889)D. João VI volta a Portugal em1821. Em1822, seu filhoD. Pedro Iproclama aIndependência do Brasile, em1824, outorga aprimeira Constituição brasileira. O Art. 179 desta Lei Magna diziaque a "instrução primária é gratuita para todos os cidadãos".Em1823, na tentativa de se suprir a falta de professores, institui-se oMétodo Lancaster , ou do" e n s i n o m ú t u o " , p e l o q u a l u m a l u n o t r e i n a d o ( decurião) e n s i n a v a u m g r u p o d e 1 0 a l u n o s (decúria) sob a rígida vigilância de uminspetor .

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Em1826, um Decreto institui quatro graus de instrução:Pedagogias(escolas primárias),Liceus,GinásioseAcademias. Em1827um projeto de lei propõe a criação de pedagogias em todas ascidades e vilas, além de prever o exame na seleção de professores, para nomeação. Propunhaainda a abertura de escolas para meninas.Em1834, oAto Adicionalà Constituição dispõe que as províncias passariam a ser responsáveispela administração do ensino primário e secundário. Graças a isso, em 1835, surge a primeira Escola Normaldo país, emNiterói(Escola Normal de Niterói ). No entanto, os bons resultadospretendidos não aconteceram, já que, pelas dimensões do país, a educação brasileira perdeu-se, obtendo resultados pífios.Em1837, onde funcionava oSeminário de São Joaquim, na cidade do Rio de Janeiro, é criado oColégio Pedro II, com o objetivo de se tornar um modelo pedagógico para o curso secundário.Efetivamente, o Colégio Pedro II não conseguiu se organizar até o fim do Império para atingir talobjetivo.Consta que oImperador D. Pedro II, quando lhe perguntaram que profissão escolheria não fosseImperador, afirmou que gostaria de ser "mestre-escola". Apesar de sua afeição pessoal pelat a r e f a e d u c a t i v a , p o u c o f o i f e i t o , e m s u a g e s t ã o , p a r a q u e s e c r i a s s e , n o B r a s i l , u m s i s t e m a educacional.Por todo o Império, incluindo D. Pedro I e D. Pedro II, pouco se fez pela educação brasileira em u i t o s r e c l a m a v a m d e s u a q u a l i d a d e r u i m . C o m a Proclamação da República , tentaram-ser e f o r m a s q u e p u d e s s e m d a r u m a n o v a g u i n a d a , m a s a e d u c a ç ã o b r a s i l e i r a n ã o s o f r e u u m p r o c e s s o d e e v o l u ç ã o q u e p u d e s s e s e r República Velha (1889-1929)A R e p ú b l i c a p r o c l a m a d a a d o t o u o m o d e l o p o l í t i c o estadunidenseb a s e a d o n o sistema presidencialista. Na organização escolar percebe-se influência da filosofiapositivista. A ReformadeBenjamin Constant t i n h a c o m o p r i n c í p i o s o r i e n t a d o r e s a l i b e r d a d e e l a i c i d a d e d o e n s i n o , como também a gratuidade da escola primária. Estes princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição brasileira. Uma das intenções desta Reforma era transformar oe n s i n o e m f o r m a d o r d e a l u n o s p a r a o s c u r s o s s u p e r i o r e s e n ã o a p e n a s p r e p a r a d o r . O u t r a intenção era substituir a predominância literária pela científica.E s t a R e f o r m a f o i b a s t a n t e c r i t i c a d a : p e l o s p o s i t i v i s t a s , j á q u e n ã o r e s p e i t a v a o s p r i n c í p i o s pedagógicos de Comte; pelos que defendiam a predominância literária, já que o que ocorreu foio acréscimo de matérias científicas às tradicionais, tornando o ensino enciclopédico.OCódigo Epitácio Pessoa , de1901, i n c l u i a Lógicae n t r e a s m a t é r i a s e r e t i r a a Biologia, aSociologiae aMoral, acentuando, assim, a parte literária em detrimento da científica.

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AReforma Rivadávia Correa, de1911, pretendeu que o curso secundário se tornasse formador d o c i d a d ã o e n ã o c o m o s i m p l e s p r o m o t o r a u m n í v e l s e g u i n t e . R e t o m a n d o a o r i e n t a ç ã o positivista, prega a liberdade de ensino, entendendo-se como a possibilidade de oferta de ensinoque não seja por escolas oficiais, e de freqüência. Além disso, prega ainda a abolição do diplomaem troca de um certificado de assistência e aproveitamento e transfere os exames de admissãoao ensino superior para as faculdades. Os resultados desta Reforma foram desastrosos para aeducação brasileira.Num período complexo da História do Brasil surge a ReformaJoão Luiz Alves que introduz acadeira deMoral e Cívica com a intenção de tentar combater os protestos estudantis contra ogoverno do presidenteArtur Bernardes.A d é c a d a d e v i n t e f o i m a r c a d a p o r d i v e r s o s f a t o s r e l e v a n t e s n o p r o c e s s o d e m u d a n ç a d a s características políticas brasileiras. Foi nesta década que ocorreu oMovimento dos 18 do Forte (1922), aSemana de Arte Moderna(1922), a fundação doPartido Comunista do Brasil(1922), aRebelião Tenentista(1924) e aColuna Prestes(1924 a 1927).Além disso, no que se refere à educação, foram realizadas diversas reformas de abrangênciaestadual, como as deLourenço Filho, noCeará, em1923, a d e Anísio Teixeira, naBahia, em1925, a d e Francisco CamposeMario Casassanta, emMinas Gerais, em1927, a d e Fernando de Azevedo , noDistrito Federal ( a t u a l R i o d e J a n e i r o ) , e m 1928e a d e Carneiro Leão , emPernambuco, em1928.Segunda República (1930-1936)ARevolução de 30 foi o marco referencial para a entrada do Brasil no modelo capitalista dep r o d u ç ã o . A a c u m u l a ç ã o d e c a p i t a l , d o p e r í o d o a n t e r i o r , p e r m i t i u c o m q u e o B r a s i l p u d e s s e investir no mercado interno e na produção industrial. A nova realidade brasileira passou a exigir uma mão-de-obra especializada e para tal era preciso investir na educação. Sendo assim, em1930, foi criado oMinistério da Educação e Saúde Pública e, em 1931, o governo provisórios a n c i o n a d e c r e t o s o r g a n i z a n d o o e n s i n o s e c u n d á r i o e a s u n i v e r s i d a d e s b r a s i l e i r a s a i n d a inexistentes. Estes Decretos ficaram conhecidos como "ReformaFrancisco Campos".Em 1932 um grupo de educadores lança à nação oManifesto dos Pioneiros da Educação Nova,redigido por Fernando de Azevedo e assinado por outros conceituados educadores da época.E m 1 9 3 4 , a n o v a C o n s t i t u i ç ã o ( a s e g u n d a d a R e p ú b l i c a ) d i s p õ e , p e l a p r i m e i r a v e z , q u e a e d u c a ç ã o é d i r e i t o d e t o d o s , d e v e n d o s e r m i n i s t r a d a p e l a f a m í l i a e p e l o s P o d e r e s P ú b l i c o s . Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando Salles Oliveira, foi criada a Universidaded e S ã o P a u l o . A p r i m e i r a a s e r c r i a d a e o r g a n i z a d a s e g u n d o a s n o r m a s d o E s t a t u t o d a s U n i v e r s i d a d e s B r a s i l e i r a s d e 1 9 3 1 . E m 1 9 3 5 o S e c r e t á r i o d e E d u c a ç ã o d o D i s t r i t o F e d e r a l , Anísio Teixeira, cria a Universidade do Distrito Federal, no atual município do Rio de Janeiro,com uma Faculdade de Educação na qual se situava oInstituto de Educação.

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Estado Novo (1937-1945)Refletindo tendências fascistas, é outorgada umanova Constituição em 1937 ]. A orientaçãop o l í t i c o -e d u c a c i o n a l p a r a o m u n d o c a p i t a l i s t a f i c a b e m e x p l í c i t a e m s e u t e x t o s u g e r i n d o a preparação de um maior contingente de mão-de-obra para as novas atividades abertas pelo mercado. Neste sentido a nova Constituição enfatiza o ensino pré-vocacional e profissional. Por o u t r o l a d o p r o p õ e q u e a a r t e , a c i ê n c i a e o e n s i n o s e j a m l i v r e s à i n i c i a t i v a i n d i v i d u a l e à associação ou pessoas coletivas públicas e particulares, tirando do Estado o dever da educação.M a n t é m a i n d a a g r a t u i d a d e e a o b r i g a t o r i e d a d e d o e n s i n o p r i m á r i o T a m b é m d i s p õ e c o m o o b r i g a t ó r i o o e n s i n o d e t r a b a l h o s m a n u a i s e m t o d a s a s e s c o l a s n o r m a i s , p r i m á r i a s e secundárias.N o c o n t e x t o p o l í t i c o o e s t a b e l e c i m e n t o d o E s t a d o N o v o , s e g u n d o a h i s t o r i a d o r a Otaíza Romanelli, faz com que as discussões sobre as questões da educação, profundamente ricas noperíodo anterior, entrem "numa espécie de hibernação". As conquistas do movimento renovador,influenciando a Constituição de 1934, foram enfraquecidas nessa nova Constituição de 1937.Marca uma distinção entre o trabalho intelectual, para as classes mais favorecidas, e o trabalhomanual, enfatizando o ensino profissional para as classes mais desfavorecidas.Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, são reformados alguns ramos do ensino.E s t a s R e f o r m a s r e c e b e r a m o n o m e d e L e i s O r g â n i c a s d o E n s i n o , e s ã o c o m p o s t a s p o r D e c r e t o s - l e i q u e c r i a m o S e r v i ç o N a c i o n a l d e A p r e n d i z a g e m I n d u s t r i a l – S E N A I e v a l o r i z a o ensino profissionalizante.O e n s i n o f i c o u c o m p o s t o , n e s t e p e r í o d o , p o r c i n c o a n o s d e c u r s o p r i m á r i o , q u a t r o d e c u r s o ginasial e três de colegial, podendo ser na modalidade clássico ou científico. O ensino colegialp e r d e u o s e u c a r á t e r p r o p e d ê u t i c o , d e p r e p a r a t ó r i o p a r a o e n s i n o s u p e r i o r , e p a s s o u a s e p r e o c u p a r m a i s c o m a f o r m a ç ã o g e r a l . A p e s a r d e s s a d i v i s ã o d o e n s i n o s e c u n d á r i o , e n t r e c l á s s i c o e c i e n t í f i c o , a p r e d o m i n â n c i a r e c a i u s o b r e o c i e n t í f i c o , r e u n i n d o c e r c a d e 9 0 % d o s alunos do colegial.República Nova (1946-1963)O fim do Estado Novo consubstanciou-se na adoção de umanova Constituiçãode cunho liberale democrático. Esta nova Constituição, na área da Educação, determina a obrigatoriedade de secumprir o ensino primário e dá competência à União para legislar sobre diretrizes e bases daeducação nacional. Além disso, a nova Constituição fez voltar o preceito de que a educação éd i r e i t o d e t o d o s , i n s p i r a d a n o s p r i n c í p i o s p r o c l a m a d o s p e l o s P i o n e i r o s , n o M a n i f e s t o d o s Pioneiros da Educação Nova, nos primeiros anos da década de 30.Ainda em 1946 o então MinistroRaul Leitão da Cunharegulamenta o Ensino Primário e o EnsinoNormal, além de criar o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, atendendo asmudanças exigidas pela sociedade após a Revolução de 1930.

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Baseado nas doutrinas emanadas pela Carta Magna de 1946, o Ministro Clemente Mariani, criau m a c o m i s s ã o c o m o o b j e t i v o d e e l a b o r a r u m a n t e p r o j e t o d e r e f o r m a g e r a l d a e d u c a ç ã o n a c i o n a l . E s t a c o m i s s ã o , p r e s i d i d a p e l o e d u c a d o r L o u r e n ç o F i l h o , e r a o r g a n i z a d a e m t r ê s subcomissões: uma para o Ensino Primário, uma para o Ensino Médio e outra para o EnsinoSuperior. Em novembro de 1948 este anteprojeto foi encaminhado à Câmara Federal, dandoinício a uma luta ideológica em torno das propostas apresentadas. Num primeiro momento asdiscussões estavam voltadas às interpretações contraditórias das propostas constitucionais. Num momento posterior, após a apresentação de um substitutivo do Deputado Carlos Lacerda,as discussões mais marcantes relacionaram-se à questão da responsabilidade do Estado quantoà e d u c a ç ã o , i n s p i r a d o s n o s e d u c a d o r e s d a v e l h a g e r a ç ã o d e 1 9 3 0 , e a p a r t i c i p a ç ã o d a s instituições privadas de ensino.Depois de 13 anos de acirradas discussões foi promulgada a Lei 4.024, em 20 de dezembro de1961, sem a pujança do anteprojeto original, prevalecendo as reivindicações da Igreja Católica edos donos de estabelecimentos particulares de ensino no confronto com os que defendiam o monopólio estatal para a oferta da educação aos brasileiros.S e a s d i s c u s s õ e s s o b r e a L e i d e D i r e t r i z e s e B a s e s p a r a a E d u c a ç ã o N a c i o n a l f o i o f a t o marcante, por outro lado muitas iniciativas marcaram este período como, talvez, o mais fértil d aHistória da Educação no Brasil: em 1950, em Salvador, no estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular de Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando início a s u a i d é i a d e e s c o l a - c l a s s e e e s c o l a - p a r q u e ; e m 1952, em Fortaleza, e s t a d o d o C e a r á , o educador Lauro de Oliveira Lima inicia uma didática baseada nas teorias científicas de Jean Piaget: o Método Psicogenético ; em1953, a e d u c a ç ã o p a s s a a s e r a d m i n i s t r a d a p o r u m Ministério próprio: o Ministério da Educação e Cultura ; em1961, tem início uma campanha de alfabetização, cuja didática, criada pelo pernambucano Paulo Freire, propunha alfabetizar em 40horas adultos analfabetos; em1962é criado o Conselho Federal de Educação , que substitui o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de Educação e, ainda em1962, é criado o Plano Nacional de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização, pelo Ministério da Educação e Cultura, inspirado no Método Regime Militar (1964-1985)Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de se revolucionar a educação brasileira, sob o pretexto de que as propostas eram "comunizantes e subversivas".O Regime Militar espelhou na educação o caráter antidemocrático de sua proposta ideológica de g o v e r n o : p r o f e s s o r e s f o r a m p r e s o s e d e m i t i d o s ; u n i v e r s i d a d e s f o r a m i n v a d i d a s ; e s t u d a n t e s foram presos e feridos, nos confronto com a polícia, e alguns foram mortos; os estudantes foram calados e a União Nacional dos Estudantes proibida de funcionar; o Decreto-Lei 477 calou aboca de alunos e professores.

N e s t e p e r í o d o d e u - s e a g r a n d e e x p a n s ã o d a s u n i v e r s i d a d e s n o B r a s i l . P a r a a c a b a r c o m o s " e x c e d e n t e s " ( a q u e l e s q u e t i r a v a m n o t a s s u f i c i e n t e s p a r a s e r e m a p r o v a d o s , m a s n ã o conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibular classificatório.Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização–MOBRAL,aproveitando-se, em sua didática, do expurgado Método Paulo Freire. O MOBRAL se propunha a erradicar o analfabetismo no Brasil: não conseguiu. E, entre denúncias de corrupção, acabou por ser extinto e, no seu lugar criou-se a Fundação Educar.É n o p e r í o d o m a i s c r u e l d a d i t a d u r a m i l i t a r , o n d e q u a l q u e r e x p r e s s ã o p o p u l a r c o n t r á r i a a o s i n t e r e s s e s d o g o v e r n o e r a a b a f a d a , m u i t a s v e z e s p e l a v i o l ê n c i a f í s i c a , q u e é i n s t i t u í d a a L e i 5 . 6 9 2 , a L e i d e D i r e t r i z e s e B a s e s d a E d u c a ç ã o N a c i o n a l , e m 1 9 7 1 . A c a r a c t e r í s t i c a m a i s marcante desta Lei era tentar dar a formação educacional um cunho profissionalizante.Nova República (1986-2003)No fim do Regime Militar a discussão sobre as questões educacionais já haviam perdido o seu sentido pedagógico e assumido um caráter político. Para isso contribuiu a participação mais ativade pensadores de outras áreas do conhecimento que passaram a falar de educação num sentido mais amplo do que as questões pertinentes à escola, à sala de aula, à didática, à relação direta entre professor e estudante e à dinâmica escolar em si mesma. Impedidos de atuarem em suas funções, por questões políticas durante o Regime Militar, profissionais de outras áreas, distantes do conhecimento pedagógico, passaram a assumir postos na área da educação e a concretizar discursos em nome do saber pedagógico.No bojo da nova Constituição, um Projeto de Lei para uma nova LDB foi encaminhado à Câmara Federal, pelo Deputado Octávio Elísio , em1988 . N o a n o s e g u i n t e o D e p u t a d o J o r g e H a g e enviou à Câmara um substitutivo ao Projeto e, em 1992, o Senador Darcy Ribeiro apresenta um n o v o P r o j e t o q u e a c a b o u p o r s e r a p r o v a d o e m d e z e m b r o d e 1 9 9 6 , o i t o a n o s a p ó s o encaminhamento do Deputado Octávio Elísio.N e s t e p e r í o d o , d o f i m d o R e g i m e M i l i t a r a o s d i a s d e h o j e , a f a s e p o l i t i c a m e n t e m a r c a n t e n a educação, foi o trabalho do economista e Ministro da Educação Paulo Renato de Souza. Logo no i n í c i o d e s u a g e s t ã o , a t r a v é s d e u m a M e d i d a P r o v i s ó r i a e x t i n g u i u o C o n s e l h o F e d e r a l d e Educação e criou o Conselho Nacional de Educação, vinculado ao Ministério da Educação e C u l t u r a . E s t a m u d a n ç a t o r n o u o C o n s e l h o m e n o s b u r o c r á t i c o e m a i s p o l í t i c o . J a m a i s h o u v e execução de tantos projetos na área da educação numa só administração.O mais contestado deles foi o Exame Nacional de Cursose o seu "Provão", onde os alunos das universidades têm que realizar uma prova ao fim do curso para receber seus diplomas. Esta p r o v a , e m q u e o s a l u n o s p o d e m s i m p l e s m e n t e a s s i n a r a a t a d e p r e s e n ç a e s e r e t i r a r s e m responder nenhuma questão, é levada em consideração como avaliação das instituições. Além do mais, entre outras questões, o exame não diferencia as regiões do país.

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A t é o s d i a s d e h o j e m u i t o t e m s e m e x i d o n o p l a n e j a m e n t o e d u c a c i o n a l , m a s a e d u c a ç ã o continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do mundo, que é mais od e m a n t e r o " s t a t u s q u o " , p a r a a q u e l e s q u e f r e q ü e n t a m o s b a n c o s e s c o l a r e s , e m e n o s d e o f e r e c e r c o n h e c i m e n t o s b á s i c o s , p a r a s e r e m a p r o v e i t a d o s p e l o s e s t u d a n t e s e m s u a s v i d a s práticas.Concluindo podemos dizer que a História da Educação Brasileira tem um princípio, meio e fim b e m d e m a r c a d o e f a c i l m e n t e o b s e r v á v e l . E l a é f e i t a e m r u p t u r a s m a r c a n t e s , o n d e e m c a d a período determinado teve características próprias.A bem da verdade, apesar de toda essa evolução e rupturas inseridas no processo, a educação brasileira não evoluiu muito no que se refere à questão da qualidade. As avaliações, de todos os níveis, estão priorizadas na aprendizagem dos estudantes, embora existam outros critérios. O q u e p o d e m o s n o t a r , p o r d a d o s o f e r e c i d o s p e l o p r ó p r i o M i n i s t é r i o d a E d u c a ç ã o , é q u e o s e s t u d a n t e s n ã o a p r e n d e m o q u e a s e s c o l a s s e p r o p õ e m a e n s i n a r . S o m e n t e u m a a v a l i a ç ã o r e a l i z a d a e m 2 0 0 2 m o s t r o u q u e 5 9 % d o s e s t u d a n t e s q u e c o n c l u í a m a 4 ª s é r i e d o E n s i n o Fundamental não sabiam ler e escrever.Embora os Parâmetros Curriculares Nacionais estejam sendo usados como norma de ação,nossa educação só teve caráter nacional no período da Educação jesuítica. Após isso o que se p r e s e n c i o u f o i o c a o s e m u i t a s p r o p o s t a s d e s e n c o n t r a d a s q u e p o u c o c o n t r i b u í r a m p a r a o desenvolvimento da qualidade da educação oferecida.É p r o v á v e l q u e e s t e j a m o s p r ó x i m o s d e u m a n o v a r u p t u r a . E e s p e r a m o s q u e e l a v e n h a c o m propostas desvinculadas do modelo europeu de educação, criando soluções novas em respeito à s c a r a c t e r í s t i c a s b r a s i l e i r a s . C o m o f i z e r a m o s p a í s e s d o b l o c o c o n h e c i d o s c o m o T i g r e s A s i á t i c o s , q u e b u s c a r a m s o l u ç õ e s p a r a s e u d e s e n v o l v i m e n t o e c o n ô m i c o i n v e s t i n d o e m educação. Ou como fez Cuba que, por decisão política de governo, erradicou o analfabetismo em apenas um ano e trouxe para a sala de aula todos os cidadãos cubanos.N a e v o l u ç ã o d a H i s t ó r i a d a E d u c a ç ã o b r a s i l e i r a a p r ó x i m a r u p t u r a p r e c i s a r i a i m p l a n t a r u m modelo que fosse único, que atenda às necessidades de nossa população e que seja eficaz.