histórias de leitura

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TEXTOS ILUSTRADO S

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Page 1: Histórias de Leitura

TEXTOS ILUSTRADOS

Page 2: Histórias de Leitura

dca

PROJECTO _CURSO PROFISSIONAL TÉCNICO DE MULTIMÉDIA | TURMA 1TM09/12

Didáxis_Cooperativa de Ensino, Riba de Ave

No seguimento de uma proposta do Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de

Famalicão, apoiada pela Direcção Pedagógica da Didáxis de Riba de Ave, no âmbito da

frequência modular do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis – Cooperativa

de Ensino o professor de Técnicas de Multimédia implementou no espaço do respectivo

currículo um exercício de Textos Ilustrados.

Page 3: Histórias de Leitura

dca

Pretendeu-se, assim, que os estudantes do 1.º ano desenvolvessem nas aulas dessa

disciplina da Área de Formação Técnica do curso a capacidade de expressão e de

comunicação visual, concretizando um exercício de ilustração desenvolvido com software

de Edição Bitmap e de Edição Vectorial. Interpretar os textos criados por alunos de

diferentes níveis de diversas escolas de Vila Nova de Famalicão e ilustrando-os

compreendendo a relação forma/função durante o projecto, permitiu à Andreia, à Carla, ao

Carlos Mendes, ao Carlos Martins, à Cristiana, à Cristina, à Daniela, à Flávia, ao Frederico,

ao Hélder, à Joana Mendes, à Joana Pereira, ao João, ao Luís, à Maria, ao Nuno, à Patrícia,

ao Pedro, ao Ruben, ao Rui Rosário, ao Rui Sousa, ao Rui Monteiro, ao Rui Paiva, à Sónia,

ao Tiago e ao Yanis, os jovens da turma 1TM09/12 do Curso Profissional Técnico de

Multimédia da Didáxis de Riba de Ave utilizarem, intencionalmente, toda uma panóplia de

elementos visuais relacionados com as histórias e as suas interacções, o que contribuiu de

forma criativa para o enriquecimento da expressão e da recepção de mensagens contidas

nos textos vs as palavras visuais.

Page 4: Histórias de Leitura

Com efeito, com o desenvolvimento do processo foram abordados conceitos basilares da

forma e do espaço e da cor e da tipografia que deram suporte tanto às ilustrações

impressas como, simultaneamente, à composição visual adoptada para a composição dos

painéis a expor na Casa das Artes. Pretendeu-se, assim, possibilitar a cada um dos

formandos compreender os princípios de associação de cores e de imagens de um modo

que, de forma pessoal, lhes permitisse controlar o seu uso e, ainda, maximizar o impacto

da ilustração vs texto; explorando as potencialidades da tipografia, nomeadamente na

articulação com outros elementos gráficos, na organização do campo visual e na eficácia

comunicacional e reconhecer o ritmo, a proporção e o equilíbrio como estratégias criativas

da composição, o que consubstanciaram, também, objectivos cumpridos.

Em jeito de conclusão, pode-se por assim dizer-se que esta exposição dos projectos na

Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, desenvolvidos no seguimento da parceria com

o Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão, permite nesta fase inicial

do Curso Profissional Técnico de Multimédia dotar estes jovens formandos da turma

1TM09/12 de competências de comunicação capazes de interpretar e ilustrar os textos

dos pontos de vista quer organizacional quer conceptual.

DIDÁXIS_COOPERATIVA DE ENSINO

Riba de Ave

Page 5: Histórias de Leitura

A magia do saber e o poder de aprender

Numa escola de meninos muito curiosos, que queriam crescer muito depressa,

depressinha, um grupo deles resolveu partir à descoberta da magia do saber.

Por todos os caminhos por onde passaram, perguntaram, indagaram, quiseram

saber, pesquisaram e no final desta longa e proveitosa viagem pelo mundo, adquiriram

mais alguns conhecimentos, que agora querem partilhar com mais meninos curiosos e

ávidos de respostas para as suas perguntas curiosas.

Não é que os meninos descobriram mesmo coisas curiosas? Ora vejam lá.

Page 6: Histórias de Leitura

Descobriram: um grupo de alunos que falava com a chuva, para se molharem de

energia; outros que conversavam com a imaginação, para terem momentos mágicos de

risos, de sonhos coloridos e de ideias criativas de prazer; uns que voavam com as

borboletas da lua para ficarem aluados e rodopiantes; ainda outros que cavaqueavam

com as horas e o tempo, para saberem sempre a quantas andam; aqueloutros, que

procuravam nos livros e dicionários, aquilo que mais ninguém ensina, nem quer saber,

para os pôr em acção na conquista do espaço.

Alguém perguntou ao chocolate e aos diamantes e deu uma história apetitosa e

brilhante, com um toque de surpresa e gulodice; perguntaram à neve branca da

montanha e ao gelo do batido e ficou uma historieta friorenta e caiada de beleza polar.

Perguntaram às nuvens negras e pesadas, para não descarregarem a sua chuva fria

como prata; às árvores, se queriam ser cortadas para a lenha; à verdejante relva dos

campos, se queria ser florida como o arco-íris.

Perguntaram a um temível tubarão branco, e ele contou uma história esquisita de

um funeral de uma mosca pitosga; a um pinguim de fraque e este só contou histórias

sobre o seu amor secreto pelas Caraíbas; ao espaço e foi uma história sem fim; ao

cavaleiro da Dinamarca e foi um conto cheio de donzelas deslumbrantes; à janela, que

contou tudo o que via e o que não via; a um mapa, que lhes indicou o local de um grande

tesouro escondido; ao Super-homem, que deu uma história cheia de força e de vontade

para salvar o mundo dos milagres; à bola que lhes contou uma história saltitona, aos pulos

pelo universo; ao rato guloso, que lhes ensinou tudo sobre a cidade do queijo suíço.

Repararam na caneta, que lhes deu muita tinta pelas barbas; na tesoura, que lhes

pôs o papel de lustro em franja; a Deus, que era amigo das despedidas; ao diabo, que não

tinha fé nenhuma na pastilha elástica; às uvas que eram uma doce e embriagante droga

popular; aos piolhos rabinos e era uma comichão pegada, da cabeça aos pés; ao

otorrinolaringologista e foi uma história que tinha só garganta.

Viram uma fada que lhes disse que só gostava de rir a bandeiras despregadas dos

pregos e de oferecer presentes a ela própria; às orelhas ouvidoras, que nesse dia, tinham

ouvido um poeta mais cego que uma toupeira; à grua de uma obra e deu uma história de

cordas e de acrobacias de circo; aos números e deu uma construção matemática; ao

ponto final e deu uma história de pausas; à madeira e era uma história madeirense e de

bons craques; ao caranguejo e era uma história de marcha atrás; aos dentes e foi uma

história toda mastigada, mas deliciosa e assustadora; ao cristal colorido e foi uma bela

história cristalina e dura como pedra; ao rei da magia e deu uma história reinante de

humor e distracção; aos planetas do sistema solar, para lhes ser dado o poder de aquecer

com o calor e a força do amor; ao livro envergonhado, que era interessante sem ninguém

o saber.

Page 7: Histórias de Leitura

Perguntaram ao tapete do quarto e ele contou uma história empoada de

travesseiros e de cabelos a fazerem «atchim»; a Portugal, que respondeu que deviam

fabricar pratos portugueses à boa e velha maneira; ao trigo, que aconselhou a fazer uma

história de intrigas cozidas; à bóia da praia, que lhes revelou, que o segredo para crescer

é estudar muito e fazer exercício físico; ao presidente do país, que lhes disse que estava a

apertar o cinto; à morte e foi mortal; à escola e foi de chorar a rir.

Quiseram saber a opinião do leão e ele contou uma história da selva densa e

perigosa; à palavra e foi uma frase de palavrês; ao deserto e foi secante; à sertã e foi

escaldante; ao baú e foi de tesouros escondidos; a uma caixa e era de encaixar o gelo na

garrafa; ao caracol e foi uma história lenta, bem lenta; ao quadro e deu uma história

perguntadora e sabichona; ao chocolate docinho e foi uma história de doçura peganhenta;

às meias do avô e deu um conto bem cheiroso e de fugir; ao hospital, que foi de doer a

alma; ao professor, que até meteu golo no caixote do lixo; aos livros de um certo aluno,

que segredaram que ele os picava com as pontas dos lápis afiados; às pipocas, que

disseram que iam ser uma espiga; ao armário, que foi uma história bem arrumadinha na

estante da biblioteca; ao espelho, que reflectiu a imagem divertida da cara dos meninos,

com as suas bochechas rosadas e os seus olhos fatigados de tanto perguntarem.

E assim, cansados mas satisfeitos, resolveram escrever uma linda história, que

agora vos apresentam com todo o carinho, pois a união faz a força.

Alunos da turma 2 do 4º ano | Professora Manuela Silva

Agrupamento de Escolas de Gondifelos

Animação da Biblioteca Escolar da EBI de Gondifelos | Professora Amélia Silva

Agrupamento de Escolas de Gondifelos

Page 8: Histórias de Leitura

A magia do sabere o poder de aprenderTexto | Turma 2 do 4.º ano

Orientação | Professora Manuela Silva _ Animação da Biblioteca Escolar da EB1 de Gondifelos | Amélia Silva

Ilustração | Rui Rosário

Formando do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino

Orientação | Professor João Mota

Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão

Page 9: Histórias de Leitura

TRESLER

Uma proposta de leitura a três…

AUTORIA: PROF. DE LP – MARIA JOSÉ MORAIS, ALUNOS FÁBIO, DANIEL E SUSANA DE 7º CPreparativos

3 alunos

1 biblioteca

1 dicionário de LP + 1 computador com Internet + 13 livros

Modo de execução1ª etapa Pegar na palavra TRESLER e esmiúça-la:

Tresler, in dicionário Houaiss de Língua Portuguesa (1 aluno)

Ler de trás para diante; trocado ou às avessas;(…)perder o siso de tanto ler; ler em demasia, tornar a ler, reler (…) Ler, in dicionário da Porto editora de Língua Portuguesa (1 aluno)

Enunciar ou percorrer com a vista entendendo um texto impresso interpretar o que esta escrito. Pronunciar de voz alta o que esta escrito. Compreender o sentido de preleccionar ou explicar com o professor descobrir, conhecer as letras do alfabeto juntando-as em palavras Três, in Wikipédia, a enciclopédia livre (1 aluno)

união e equilíbrionúmero chave da democracia, pois é a quantidade mínima de pessoas necessárias para que se consiga tomar uma decisão em grupousado como pedido de socorro.

2ª etapaOs significados são chaves de acessos para uma espécie de leitura que quer propiciar a escrit(ur)a

Page 10: Histórias de Leitura

PALíDROMOS (1 aluno)

Palíndromo é a frase ou palavra que mantém o mesmo sentido de trás para a frente e de frente para trás, ou seja, pode-se ler da esquerda para a direita e da direita para a esquerda.

Palavras: ama… Ana… esse … Anagramas: Ágil-liga…Alas-sala…Amor-romã

Frases: Anotaram a data da maratonaA droga da gordaA mala nada na lamaTÍTULOS DE 13 LIVROS

1 aluno procura 13 títulos de livros e lê-os em voz alta TRESLER OS TÍTULOS DE 13 LIVROS (1 aluno)

Tresler títulos é pegar num título de um livro que não mantém o mesmo sentido de trás para a frente e de frente para trás, ou seja, lê-se, na sua versão original, da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, na sua versão treslida.1 aluno pega nesses 13 títulos de livros e treslê-os em voz alta 4ª etapa

Os 3 alunos escolhem um dos títulos treslidos e criam o seu próprio texto

Fábio, Daniel e Susana | Turma 7CProposta da professora Maria José Morais | LPAgrupamento de Escolas de Vale do Este | Biblioteca Escolar da EBI Arnoso

Agrupamento de Escolas de Vale do Este Biblioteca Escolar da EB1 Arnoso Santa Maria TRESLERUma propostade leituraa

três...Texto | Fábio, Daniel e Susana

Turma 7 C

Ilustração | Frederico Pacheco

Formando do Curso Prof iss iona l Técnico de Mult imédia daDidáxis_Cooperat iva de Ensino

Turma | 1TM0912

Orientação | Professor João Mota

Page 11: Histórias de Leitura
Page 12: Histórias de Leitura

A Biblioteca

dos encantos

Matilde era a típica jovem desinteressada que desprezava a leitura. O seu

vocabulário era tão reduzido como o de uma criança de seis anos, porém não fazia

qualquer esforço para melhorar a sua capacidade de expressão.

Nos tempos livres, sentava-se em frente à televisão e assistia a todos os programas

dispensáveis que conseguisse encontrar nos intermináveis zapings que fazia. Sempre que

tinha oportunidade saía com os amigos, chegava a casa de manhã e descartava mais um

dia de aulas. Faltava e quando não faltava era o pior pesadelo dos professores.

Certo dia foi a mais uma festa com os amigos, a um local, para ela, totalmente

desconhecido, as paredes encontravam-se repletas de prateleiras e as prateleiras

estavam apinhadas de livros. Fazia-se sentir um cheiro intenso e desagradável, na sua

opinião, mas a música era fantástica e a diversão reinava. Fechou os olhos e, por

momentos, esqueceu aquela decoração bizarra. Afinal era apenas mais uma festa, mais

uma noite de diversão e irresponsabilidade.

As horas passaram e Matilde foi-se divertindo. Até que de repente o silêncio tomou

conta do espaço. Tinha-se abstraído de tal forma que não se apercebeu de que todos

Page 13: Histórias de Leitura

tinham ido embora e que se encontrava agora sozinha no meio de um corredor

desconhecido que não oferecia qualquer tipo de conforto.

Sentou-se num canto e esperou que o tempo passasse, que alguém viesse abrir a

porta, que algo a salvasse daquela situação indesejada.

Mas as horas passaram e nada. Via os raios de sol atravessarem os vidros, mas as

janelas tinham grades. Sentia-se presa num pesadelo.

Então levantou-se e pegou num livro. Era pesado, as folhas amareladas e um odor

bafiento. Abriu-o. Folheou-o. Sentiu cócegas nos dedos. A curiosidade ia aumentando, os

seus olhos abriam-se cada vez mais e não resistiu, leu. As palavras eram demasiado

elaboradas, não conseguia decifrá-las. Procurou um dicionário, não se lembrava bem

como encontrar as palavras, afinal nunca tinha prestado atenção, mas lá foi conseguindo.

Era um livro de fantasia. Conseguia imaginar as personagens, as paisagens, tudo

ganhava forma na sua mente. Deu consigo a viajar por outras paragens e tudo graças a

umas simples linhas. Tinha descoberto a peça que lhe faltava, o prazer da leitura.

Leu um, dois, três livros. Já não sentia o tempo a passar. E quando olhou pela janela,

já a noite tinha caído, era uma noite estrelada.

Viu uma secretária desarrumada ao fundo do corredor, aproximou-se. Os papéis

empilhavam-se, pareciam registos de livros. Ao lado, amontoavam-se folhas em branco e

uma caneta. Não resistiu ao impulso, pegou nas folhas e escreveu. Tudo se tornou

mágico, as palavras fluíam na sua mente e a frase seguinte tomava forma rapidamente.

Cansada, adormeceu.

Na manhã seguinte, sentiu um toque no braço. Era um dos funcionários da

biblioteca, a quem relatou a sua fantástica experiência.

Já em casa, sentia-se diferente. Tomou um banho e dirigiu-se à escola. Manteve-se

concentrada durante todo o dia e em todas as aulas foi elogiada pelos professores.

Era outra pessoa, sentia-se sábia, descobrira o seu caminho…

Page 14: Histórias de Leitura

Ana Campos, Edgar Peneda, Pedro Campos e Sara Antunes | Turma 9 D

Escola Secundária Padre Benjamim Salgado

Escola Secundária Padre Benjamim SalgadoA Biblioteca dos encantosTexto | Ana Campos, Edgar Peneda, Pedro Campos e Sara Antunes

Turma 9 D

Ilustração | Pedro Almeida

Formando do Curso Profissional Técnico de Multimédia

Didáxis_Cooperativa de Ensino

Orientação | Professor João Mota

Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão

Page 15: Histórias de Leitura

Vir-Biblos- «Foste uma vez um homem ao qual os livros não cativaram… agora tornaste--te «cativo» do teu próprio livro!».Foram estas as últimas palavras que ouvi, não sei vindas de onde, antes de me tornar naquilo que hoje sou!Defino-me umas vezes como um homem, outras como um livro, algo que nem a ciência consegue explicar.Tudo aconteceu naquela noite em que a lua iluminava o céu em quarto crescente, eu ia levar mais uns daqueles montes de livros velhos, velhos e inúteis, ou melhor… Isto era o que eu pensava antes de toda esta transformação.Neste momento devem estar todos ansiosos por saber o que realmente aconteceu… mas na verdade nem eu sei bem como vos dizer…De uma única coisa me lembro: foi de acordar junto ao caixote do lixo com o meu corpo em forma de livro! - Isto deve ser castigo! Não me podia ter transformado em algo mais útil? Um computador ou uma playstation?! Tinha logo de ser um livro? Algo desprezível e sem interesse… Para além das palavras referidas no início da minha narrativa, lembro-me de ouvir também aquela voz misteriosa dizer-me: Si corpus tuum cupias recuperare, pulle quae non amet legere, devincienda es.

Page 16: Histórias de Leitura

Como já devem ter percebido a frase estava em latim e, visto que pouco percebo de português, que posso perceber de Latim?Por isso, passei o dia seguinte àquela noite de biblioteca a tentar decifrar a tradução daquela frase, e depois de todo aquele trabalho consegui chegar ao seu significado:Bastante claro diria eu… Se o teu corpo queres recuperar, uma rapariga que não goste de ler tens de cativar. Para a leitura, ou para mim? Certamente para os dois! Eu e a leitura estávamos irremediavelmente ligados!- Conquistar uma rapariga? Tarefa fácil! A grande contra-partida é mesmo o facto de esta não gostar de ler… Por amor de Deus! Gostar de ler? Nem eu gosto como é que vou conseguir fazer uma rapariga gostar de ler? Está visto que isto não será tarefa fácil, nada fácil! É importante referir que conquistar raparigas era uma tarefa simples, mas não neste corpo, nem desta forma. Elas caíam-me aos pés! Agora nem me atrevo a aparecer à frente de nenhuma nesta figura…e ter que as cativar para mim e para a leitura…é muita coisa!Passaram dias e dias e o tédio de encontrar a tal rapariga permanecia. Não sabia o que fazer, mas também não desisti.Aos poucos habituei-me à ideia do meu novo corpo, já me folheava, encontrava temas interessantes e ficava curioso em relação a outros que ia descobrindo, porque um livro, afinal era um poço de descobertas!Passava o tempo a observar-me, já que o meu aspecto não era dos melhores! Os dias passavam sempre iguais, sempre sem solução…estava a ficar sem esperanças de encontrar a tal rapariga que não gostasse de ler. Vagueava pelas ruas da cidade todos os dias, até que numa tarde de domingo a minha busca foi diferente. Encontrei uma rapariga distinta, com atitudes diferentes, pareceu-me a rapariga ideal e uma esperança nasceu em mim.Encontrei-a junto de um caixote do lixo, também a deixar e a rasgar furiosamente livros com capas bastante sugestivas.Tentei iniciar uma conversa, mas quando cheguei junto dela, nem me reconhecia, envergonhei-me…Olhou para mim e riu-se. Sentiu-se envergonhada, também. Não sabia se isso era bom ou mau. Mas, apercebi-me que afinal eu não era tão sedutor como pensava…- Estás vestido de quê, rapaz? Sentes-te bem? O Carnaval já passou…- Eu…eu…- e então, contei-lhe, com as minhas melhores palavras, a minha triste história. Passámos o resto da tarde encostados ao caixote, cheio de folhas rasgadas, até ao anoitecer.Ela também me contou que estava zangada, porque o trabalho na escola não corria como o desejado e por isso estava a rasgar livros e naquele momento detestava livros… Na nossa conversa eu tentava sempre dissuadi-la de que um livro era uma coisa boa, excelente, inexplicável! Mas nada consegui, porque não fui convincente, uma vez que gostava de livros, mais que nunca.O que é certo é que voltei ao normal, recuperei o meu aspecto!Ficámos amigos e decidimos encontrar-nos outra vez. Meses após a minha mudança encontrei-me novamente com a Mariana, era esse o nome da rapariga, bonito e simples como ela.Tínhamos perdido o contacto durante duas semanas, por isso foi uma grande surpresa quando nos encontramos novamente.Tinha melhor aspecto, mudou de penteado, pintou os olhos e usava um vestido … parecia uma princesa.Comunicou-me algo que adorei saber, disse-me que estava a e ler um romance e trazia-o na mão (uma bela escolha), fez as pazes com os livros! O mais estranho é que me encontrava onde estava há três meses atrás, no preciso momento em que estava a deitar os livros fora.Agarrei neles e trouxe-os novamente para casa. Nunca mais soube da Mariana, nem sei se ela existiu… mas sonho encontra-la um dia se o destino o quiser. A verdade é que me tornei um leitor compulsivo…

Page 17: Histórias de Leitura

Turma 9 AAgrupamento de Escolas Bernardino Machado

Agrupamento de Escolas Bernardino MachadoVir-BiblosTexto | Turma 9 A

Ilustração | Luís Silva

Formando do Curso Profissional Técnico de Mult imédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino

Orientação | Professor João Mota

Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão

Page 18: Histórias de Leitura

A história de

uma históriaOlá! Sou uma história que os meninos e as meninas gostam muito de ler. Tenho

uma capa toda bonita cheia de cores e um título todo pomposo: “O país das aventuras.”

Vivo nas livrarias e nas prateleiras dos quartos de quem me lê, junto de outras histórias.

Tenho desenhos entre o texto e as crianças gostam de ficar a olhar para eles durante

Page 19: Histórias de Leitura

muito tempo, talvez adivinhando mais segredos do que aqueles contidos nas palavras. Ou

então, juntando palavras e desenhos, procurando um mundo parecido com os sonhos,

naquelas noites muito azuis em que adormecem ao som da voz encantadora da mãe e da

voz reconfortante do pai. Gosto de ver os meninos adormecerem e sonhar comigo, ou

seja, as minhas personagens, ilhas, tapetes mágicos, renas no céu a desenhar estrelas

com a tinta branca da Lua.

Lêem-me de maneira diferente: em voz alta, silenciosamente, contam-me para os

outros meninos, os professores gostam de fazer perguntas sobre mim. Falam do João que

gosta de chocolates e de tocar piano, da Luciana sempre com receio dos insectos mas

corajosa quando algum dos seus amigos está em apuros, sorriem com as piadas do pica-

pau, entre duas bicadas numa árvore da floresta onde estou algumas vezes.

Numa manhã de chuva, cinzenta com muitas nuvens no céu que obrigaram a

professora bibliotecária a acender as luzes todas da sala de leitura, acordei com alguém a

olhar para mim como nunca nenhum menino o fizera até aí. Seriam os olhos a ler-me ou

os dedos que folheavam delicadamente as páginas, umas atrás das outras, como se fosse

alguém de quem gostasse muito? Muito atento percorria as palavras, as frases, os

desenhos, demorava-se num desenho para a seguir olhar o vento lá fora, através das

janelas, como se estivesse a pensar no que lera. Quando nessa manhã se foi embora senti

a sua falta. Comecei a ter saudades do menino de olhos grandes e foi com imensa alegria

que senti a amizade das suas mãos a folhearem-me de novo, dias depois. No entanto,

reparei certas particularidades na forma como lia. Voltava atrás frequentemente para logo

a seguir avançar páginas até uma palavra que já lera minutos antes. Seguidamente,

tornava a demorar-se numa ou noutra gravura. Visitou-me mais vezes e não foi necessário

muita perspicácia para descobrir o segredo do meu amigo: não sabia ler! A partir daí

fiquei atenta e soube que o Jaime – era assim o seu nome - era aluno do ensino especial e

um problema de nascença relacionado com o parto da mãe provocara-lhe alguns

problemas de aprendizagem. Cada vez parecia que aprendia algo mais e ao mesmo

tempo um olhar de curiosidade se acendia nos seus olhos negros e tristes. O que pensava

sobre mim? Que sonhos lhe provocava?

Um dia não me entregou à funcionária da Biblioteca mas antes me guardou na pasta

e levou-me para sua casa. Preocupou-me o frio da sua sala, o olhar desanimado da sua

mãe e a desistência espelhada no rosto do pai. Só o Jaime parecia acreditar e por isso

insistia em me folhear.

Page 20: Histórias de Leitura

-Que fazes tu com esse livro? - perguntou o pai. E acrescentou logo de seguida -

nem sequer sabes ler! Parece que nem regulas bem da cabeça, agarrado dessa forma a

um livro como tivesses medo que fuja!

Jaime não respondeu mas segurou-me ainda com mais força e assustei-me, porque

as palavras dentro de mim se mexiam e agitavam como nunca acontecera. Pareciam

querer sair de mim e voar para outro lado, pertencer a outro dono. As personagens

falavam umas com as outras, conversas e diálogos desconhecidos, segredavam planos e

sentia-me cada vez mais vazia. Ao mesmo tempo que se apagavam os desenhos e as

palavras e as minhas páginas ficavam num tom esbranquiçado e triste, Jaime abria um

sorriso e falou aos pais sobre a possibilidade de tudo mudar para melhor. “Porque a vida

pode surpreender, tal e qual as histórias dos livros.” Afirmava isto convicto e pleno de

certeza. Mas sobretudo, notei em Jaime e nas suas palavras a delicadeza dos seus dedos

nas minhas folhas, o vento das noites tempestuosas no farol onde decorriam também das

minhas aventuras, a força do mar era a força de Jaime incutindo confiança nos pais

desgastados com as desventuras da vida. Passei a fazer parte de Jaime, era parte dos

seus pensamentos e da sua vontade. As palavras, bom, essas são eternas, vivem sempre,

mesmo num pobre livro desbotado como eu. Jaime ensinou-me a maior lição da minha

vida: ler não é só juntar letras, sílabas e palavras, frases, parágrafos e histórias. Ler é

como gostar muito, amar cada pensamento, cada emoção, cada minuto que partilhamos

com algo que queremos muito. Ler é, antes de tudo, Ser. Só depois é que vale a pena

aprender a juntar sílabas e palavras, até conseguirmos compreender o seu significado.

Alunos da turma 6E e 6F | Orientação do professor Paulo Frederico Gonçalves

Agrupamento de Escolas de Calendário | EB23 Dr. Nuno Simões

Page 21: Histórias de Leitura

Agrupamento de Escolas de CalendárioEB23 Dr. Nuno SimõesA História de uma históriaTexto | Turma 6E e 6F

Orientação | Professor Paulo Frederico Gonçalves

Ilustração | Rui Monteiro

Formando do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino

Orientação | Professor João Mota

Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão

Page 22: Histórias de Leitura
Page 23: Histórias de Leitura

EB Secundária Camilo CasteloBranco

A leituraTexto | Fátima Martins

Turma 8B

Ilustração | Joana Pereira

Formanda do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino

Turma| 1TM0912

Orientação | Professor João Mota

Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão

Page 24: Histórias de Leitura

A escrita é a

pintura da vozEncontrei aquele excerto do meu diário de 1905 numa folha solta que se preservara

dentro de uma caixa debaixo da minha cama, durante o Holocausto Nazi. Peguei nela com

muito cuidado e com um carinho ainda maior por saber que parte da minha infância se

preservara e mantivera viva, apesar da petrificante realidade que vivi e que, infelizmente,

ainda vivo. Li o excerto e não consegui conter um breve sorriso e uma reconfortante

lágrima.

Naquela altura, tudo o que queria era estar ao ar livre, brincar com os meus amigos,

visitar o Sr. Alfredo do café para que, de vez em quando, me desse um daqueles

chocolates importados, passear com a minha avó, correr no prado com o Ringo, o cão da

vizinha, etc. Não fazia ideia do que era escrever. Nem ler, decerto!

Os anos passaram e, agora, orgulho-me de dizer sei. Sei que a leitura salvou 18

homens de serem mortos a tiro pelos alemães, durante a II Guerra Mundial.

Page 25: Histórias de Leitura

Tudo aconteceu numa fria manhã de Janeiro. Dois soldados alemães entraram na

nossa barraca. Erguemo-nos e alinhámo-nos uns pelos outros.

- Abner, Hersch, Shamir, Zevulum, Elazar – proferiu o soldado.

Sem mais um sinal, seguimos atrás dele até um grande descampado cheio de antigos

pertences dos actuais prisioneiros, onde já se encontravam mais 13 judeus.

Ao lado do empilhamento de objectos estava afixada uma placa com algumas

instruções. Um dos soldados apontou para a placa e para nós. Pelas expressões faciais

dos restantes judeus, percebi que sabiam que a placa lhes indicava o que fazer, mas

nenhum deles tinha estudado e, por isso, não sabiam ler o que lá estava indicado. Os

soldados alemães começaram a ficar inquietos pelo que, apesar de não ter autorização

para falar, li a placa em voz alta:

- “Objekte zu brennen - all diese Gegenstände sollten in Öfen verbrannt und die Asche

begraben. Lassen Sie keine Spuren.” (“Objectos para queimar – todos estes objectos

devem ser queimados nos fornos e as cinzas enterradas. Não devem ser deixados

quaisquer vestígios.”).

Os 17 homens olharam para mim surpreendidos, regressando, após um breve instante

à realidade que viviam, começando a colocar os objectos em sacos para serem levados

para queimar.

Depois deste episódio, dou graças por estar vivo ao meu maior ódio: a leitura. E agora

afirmo com toda a confiança e orgulho que “A escrita é a pintura da voz”, voz essa que

me protegeu e que através da leitura salvou a vida a 18 homens…

Filipa Manuela Fonseca Dias | Turma 1102

Escola Secundária D. Sancho I

Page 26: Histórias de Leitura

Escola Secundária D. Sancho IA escrita é a pinturada

vozTexto | Filipa Manuela Fonseca Dias

Ilustração | Cristina Dias

Formanda do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino

Orientação | Professor João Mota

Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão

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