história - lenÇos dos namorados

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Lenços dos Namorados

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Page 2: História - LENÇOS DOS NAMORADOS

         

 

 

" Desde sempre, os portugueses partiram: ou para ganhar o sustento noutro lugar, ou para a

guerra, ou para embarcarem em navios na aventura da Expansão. Em casa ficavam as mulheres e

as crianças. Mulheres sós, tristes, que trabalhavam a terra, fiavam o linho, amassavam o pão e iam

vivendo de esperança.

Ora, na hora da despedida, em certas regiões do norte de Portugal, era “obrigatório” a rapariga

apaixonada oferecer um lenço ao namorado. Lenço bordado por ela, com uma quadra da sua

autoria. Se bordava com erros ortográficos, isso era pormenor insignificante, o que contava - e

conta - são os sentimentos.

 

 

Depois dos abraços e beijos de despedida, o rapaz levava algo que lhe faria lembrar a amada

distante. Este lenço era como uma carta, mas mais bela e quase indestrutível, bordada em linho

fino, no qual - quem sabe! - algumas lágrimas masculinas cairiam nos momentos de maior tristeza.

As cores e as quadras desses lenços são das coisas mais bonitas do nosso património artesanal

bordado, pela sua autenticidade e ternura.

É principalmente na região do Minho que esses “lenços de namorados” têm a sua mais bela

expressão. Houve-os bordados apenas a branco ou a negro, mas os mais comuns têm muitas cores

e há desenhos “obrigatórios”. Nessa linguagem secreta, fique a saber que rosa quer dizer mulher,

coração é amor, lírios simbolizam a virgindade, cravos vermelhos são sinónimo de provocação, e os

Page 3: História - LENÇOS DOS NAMORADOS

pombinhos significam os namorados como não podia deixar de ser. Isto, só para fazermos uma

breve ideia destes sinais de amor, pois há muitos mais."

Tirado do site:

http://www.leme.pt/destaques/dia-dos-namorados/lencos.html

 

 

Algumas quadras de Amor, retiradas do Cancioneiro Popular,  por J. Leite de Vasconcellos.

 

Cartas de amor são mentiras

E amores mentiras são;

Mentira foi teu amor

Que enganou meu coração.

Escreve-me, amor, escreve.

Lá do meio do caminho;

Se não achares papel,

Nas asas de um passarinho

A carta que me escreveste

Inda não ia acabada

Faltava-lhe pôr no meio

Uma rosa encarnada.

Escrevia-te uma carta

Se tu a soubesses ler,

Mas tu dá-la a ler a outrem,

Tudo se vem a saber.

A carta que eu te escrevo

Sai-me da palma da mão

A tinta sai dos meus olhos

E a pena do coração.

 

Para mais informações consulta os sites:

 

http://lencosdenamorados.no.sapo.pt/

http://www.ceramicarte.com/exposicoes/sala3/mariasameiro/index.html

Page 4: História - LENÇOS DOS NAMORADOS

 http://ritualcafe.wordpress.com/2007/02/14/lencos-dos-namorados/

 

Ainda a propósito de amor...

 

 

 

Inúmeros escritores portugueses expressaram os seus sentimentos amorosos em versos de inexcedível beleza.

OLHOS NEGROS

Por teus olhos negros, negros,

Trago eu negro o coração,

De tanto pedir-lhe amores...

E eles a dizer que não.

E mais não quero outros olhos,

Negros, negros como são;

Que os azuis dão muita esp'rança

Mas fiar-me eu neles, não.

Só negros, negros os quero;

Que, em lhes chegando a paixão,

Se um dia disserem sim...

Nunca mais dizem que não.

in «Folhas Caídas e Outros Poemas»,

de Almeida Garrett

 

SENHORA PARTEM TAM TRISTES

Senhora, partem tam tristes

meus olhos por vós, meu bem,

que nunca tam tristes vistes

outros nenhuns por ninguém.

Tam tristes, tam saudosos,

tam doentes da partida,

tam cansados, tam chorosos,

Page 5: História - LENÇOS DOS NAMORADOS

da morte mais desejosos

cem mil vezes que da vida.

Partem tam tristes os tristes,

tam fora d'esperar bem,

que nunca tam tristes vistes

outros nenhuns por ninguém.

João Roiz Castell-Branco

Poesia Palaciana

Cancioneiro Geral, III, 134

 

AMAR!

Eu quero amar, amar perdidamente!Amar só por amar: aqui... além...Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...Prender ou desprender? É mal? É bem?Quem disser que se pode amar alguémDurante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:É preciso cantá-la assim florida,Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nadaQue seja a minha noite uma alvorada,Que me saiba perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca

AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE  VER

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Page 6: História - LENÇOS DOS NAMORADOS

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luis de Camões

Diz-se que a origem dos "lenços dos namorados" remonta aos séculos XVII - XVIII, quando as

Senhoras bordavam para passar tempo, sendo que, ao longo dos tempos, foram sendo

adaptados para as mulheres do povo.

No início, estes lenços, faziam parte do vestuário feminino e tinham apenas uma função

decorativa. Eram lenços quadrados, de linho ou algodão, bordados conforme o gosto de cada

um.

No entanto, estes lenços, tinham outra função: a conquista do namorado.

Uma rapariga, quando chegava à idade de casar começava a bordar um lenço em linho ou

algodão (tal e qual a Penélope de Ulisses ... mas custa-me a crer que a tradição venha daí ...

o Homero era um ilustre desconhecido!).

Depois de bordado, o lenço era entregue ao namorado ou "conversado" e era em

conformidade com a atitude deste usar publicamente ou não, que se decidia o namoro. Se

este aceitasse, poria o lenço por cima do seu casaco domingueiro, colocava-o ao pescoço

com o nó voltado para a frente, usava-o na aba do chapéu ou até mesmo na ponta do pau

que era costume o rapaz trazer consigo.

Caso contrário, o lenço voltaria às mãos da rapariga. Se por acaso, ele aceitasse mas, mais

tarde, trocasse de parceira, fazia chegar à sua antiga pretendida o lenço, e outros obejectos

que lhe pertencessem, como fotografias, cartas ... (a imaginação que as pessoas tinham ...

muito melhor do que as sms e os msn's todos do planeta ... até para terminar o namoro eram

criativos! ).

Podia também acontecer, os lenços serem motivo de uma simples brincadeira ou troca de

palavras. "Nas festas os rapazes tiravam os lenços das raparigas simulando uma ligação

amorosa. Quando o rapaz já tinha namorada o facto de simular uma ligação com outra ao

roubar-lhe o lenço era muitas vezes motivo de desavença entre a sua namorada e aquela a

quem o lenço tinha sido roubado" ( bem ... para isto, não há tempo que cure! ).

"Quando eram utilizados pelas suas "donas" no seu trajo de festa, estes eram colocados do

lado direito da cintura, deixando pender uma das pontas, dando assim à sua indumentária

uma graciosidade particular".

Page 7: História - LENÇOS DOS NAMORADOS

Os lenços, representam o sentimento da rapariga em relação ao rapaz, no qual ela escreve

pequenos versos de amor, ou símbolos. Damos conta muitas vezes, de erros ortográficos

nestes lenços, que denunciam a falta de instrução da época.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Têm de concordar comigo que esta tradição é divertida, talvez pelo seu carácter

tremendamente popular e ingénuo, não deixando nunca de ser adorável!

 

Sendo bordados a ponto cruz, estes lenços eram muito trabalhosos e morosos, obrigando a

"bordadeira" a ser muito paciente e cuidadosa na sua confecção.

Com o passar dos tempos, foram-se adoptando outros tipos de pontos mais fáceis e rápidos

de bordar. Com esta alteração a decoração inicial dos lenços modifica, as originais cores de

preto e vermelho, vão dar origem a uma série de outras cores e outros motivos de

decoração. Não se perdendo nunca, o objectivo principal!

 É provável que a origem dos "lenços dos namorados" ou "lenços de pedidos" esteja nos lenços senhoris do sec. XVII - XVIII, adaptados depois pelas mulheres do povo, dando-lhe consequentemente um aspecto característico.Antes de tudo, eles faziam parte integrante do traje feminino e tinham uma função fundamentalmente decorativa. Eram lenços geralmente quadrados, de linho ou algodão, bordados segundo o gosto da bordadeira.Mas não é enquanto parte integrante do traje feminino que nos interessa o seu estudo, mas a sua outra função, não menos importante, e da qual vem o nome: a conquista do namorado.

A moça quando estava próxima da idade de casar confeccionava o seu lenço bordado a partir dum pano de linho fino que porventura possuía ou dum lenço de algodão que adquiria na feira, dos chamados lenços da tropa.Para realizar esta obra, a rapariga utilizava os conhecimentos que possuía sobre o ponto de cruz, adquiridos na infância, aquando da confecção do seu marcador ou mapa.

Depois de bordado o lenço ia ter às mãos do "namorado" ou "conversado" e era em conformidade com a atitude deste de usar publicamente ou não, que se decidia o início duma ligação amorosa.

Os lenços carregam consigo, por isso, os sentimentos amorosos duma rapariga em idade de casar, revelados através de variados símbolos amorosos como a fidelidade, a dedicação, a amizade, etc.

Estes lenços eram originariamente em ponto de cruz, e por ser um ponto trabalhoso obrigava a bordadeira a passar, durante muitas semanas e mesmo durante meses os serões na sua confecção.

Como a escassez de tempo passou a ser um facto na vida moderna, a mulher deixou de ter tanto tempo para a confecção destes lenços, o ritmo de vida tornou-se mais intenso e a mulher teve que solucionar este problema adoptando no bordado outros pontos mais fáceis de bordar.Com esta alteração outras se impuseram no trabalho decorativo dos lenços dos namorados: o vermelho e o preto inicial vai dar origem a uma grande quantidade de outras cores, e com elas novos motivos decorativos se impuseram. Os lenços não deixaram porém de ser ainda mais expressivos, acompanhados muitas vezes de quadras de gosto popular dedicados àquele a quem era dirigida tão grande fantasia: O Amado.

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O «Lenço de Namorados»: 

da fidelidade ás desavenças

A origem dos  “lenços de namorados”  e os designados  “lenços de pedidos”  pensa-se que esteja nos lenços senhoris do século XVII e XVIII, e que foram adaptados pelas mulheres do povo com o fim de conquistar o seu namorado. Antes de tudo, estes lenços faziam parte integrante do trajo feminino e tinham uma função fundamentalmente decorativa. Eram lenços geralmente de linho ou algodão, bordados segundo o gosto da bordadeira. Mas não é enquanto parte integrante do trajo feminino que interessa o seu estudo, mas a sua outra função, não menos importante, e da qual lhe vem o nome: a conquista do namorado. A moça quando estava próximo da idade de casar confeccionava o seu lenço bordado a partir de um pano de linho fino que por ventura possuía ou dum lenço de algodão que adquiria na feira, dos chamados lenços da tropa. Para realizar esta obra, a rapariga utilizava os conhecimentos que possuía sobre o ponto cruz, adquiridos na infância, aquando da confecção do seu marcador ou mapa. Depois de bordado, o lenço ia ter às mãos do “namorado” ou “conversado” e era em conformidade com a atitude deste de usar publicamente o lenço ou não que se decidia o início duma ligação amorosa.     

LENÇOS SIMBÓLICOS

Os lenços carregam consigo, por isso, os sentimentos amorosos duma rapariga em idade de casar, revelados através de variados símbolos amorosos como a fidelidade, a dedicação, a amizade e outros. Eram originalmente feitos em ponto cruz, e por ser trabalhoso, obrigava a bordadeira a passar, durante muitas semanas e mesmo durante meses, de serões na sua confecção. Com a escassez de tempo da vida moderna, a mulher deixou de ter tanto tempo para a confecção destes lenços, o ritmo da vida tornou-se mais intenso e a mulher teve de solucionar este problema adoptando no bordado outros pontos mais fáceis de bordar. Com esta alteração outras se impuseram no trabalho decorativo dos lenços de namorados; o vermelho e o preto inicial vão dar origem a uma grande quantidade de outras cores e com elas novos motivos decorativos se impuseram. Os lenços não deixaram, porém, de serem ainda mais expressivos, acompanhados muitas vezes de quadras de gosto popular dedicados àqueles a quem eram dirigidos: o amado.    

TROCA DE PALAVRAS

Outras vezes eles eram motivo duma simples brincadeira ou troca de palavras. Nas festas os rapazes tiravam os lenços das raparigas simulando uma ligação amorosa. Quando o rapaz já tinha namorada o facto de simular uma ligação com outra ao roubar-lhe o lenço era muitas vezes motivo de desavença entre a sua namorada e aquela a quem o lenço tinha sido roubado. Os lenços são no seu formato, geralmente quadrados com cerca de 50 a 60 centímetros de lado. O lenço no rapaz, para além de ser usado por cima do casaco domingueiro, podia também ser usado na aba do chapéu ou até mesmo na ponta do pau que era costume o rapaz trazer consigo. Caso a rapariga não fosse correspondida o lenço voltaria ás suas mãos. Se o namorado trocasse de parceira, fazia chegar à sua antiga pretendida o lenço, fazendo-o acompanhar de todos os objectos que ela possuía, fotografias e

Page 9: História - LENÇOS DOS NAMORADOS

cartas. Do mais “clássico” ao mais “barroco” na exibição decorativa, em todos os lenços está presente a temática amorosa. Uma ideologia, uma religião e uma paixão ardente, é o que defendem estes lenços, no fundo uma maneira de sentir a vida, talvez recriá-la mesmo inconscientemente.    

ALGUNAS QUADRAS

   

Adeus delícias dos olhos Infinito coração Encosta-te ao meu peito A ver se sou leal ou não

Meu amor se estás repeso  da palavra que me deste,  dá-me o beijo que te dei, toma dois que tu me deste.

Meu amor tem confiança Na promessa que te fiz Que muito breve será Meu e teu dia feliz

Hei-de casar este ano, ou para o ano que bem, são os homens mais baratos

Menina se tu és Rosa Não me firas com os espinhos Antes me prende e me mata Com os teus doces carinhos

A pomba leva no bico Dois corações suspendidos Separados um do outro Morrendo por ser unidos

Além da eternidade Durará tua paixão Eu feliz te devo tanto Do meu o teu coração

O lenço dos namorados é um lenço fabricado a partir de um pano de linho fino ou de lenço de algodão, bordado com

motivos variados. É uma peça de artesanato e vestuário típico do Minho, sendo usado por mulheres com idade de

casar[1]

Era hábito a rapariga apaixonada bordar o seu lenço e entregá-lo ao seu amado quando este se fosse ausentar. Nos

lenços poderiam ter bordados versos, para além de vários desenhos, alguns padronizados, tendo simbologias

próprias[2].

Era usado como ritual de conquista. Depois de confeccionado, o lenço acabaria por chegar à posse do homem amado,

que o passaria a usar em público como modo de mostrar que tinha dado início a uma relação[3]. Se o namorado

(também chamado de conversado) não usasse o lenço publicamente era sinal que tinha decidido não dar início a

ligação amorosa[4].

É provável que a origem dos "Lenços de Namorados", também conhecidos por "Lenços de Pedidos" esteja

intimamente ligada aos lenços senhoris dos séculos XVII - XVIII, que posteriormente foram adaptados pelas

mulheres do povo, adquirindo os mesmos, consequentemente, um aspecto mais popular.

Page 10: História - LENÇOS DOS NAMORADOS

Existe actualmente uma comissão técnica que funciona como órgão avaliador e de certificação deste tipo de

artesanato regional[5]

A origem dos "lenços dos namorados" e os designados "lenços de perdidos" pensa-se que esteja nos

lenços senhoris do sec. XVII e XVIII, e que foram adaptados pelas mulheres do povo com o fim de

conquistar o seu namorado. Antes de tudo, estes lenços faziam parte integrante do traje feminino e

tinham uma função fundamentalmente decorativa. Mas não é enquanto parte integrante do traje

feminino que interessa o seu estudo, mas a sua outra função não menos importante, e da qual lhe

vem o nome: a conquista do namorado. A moça quando estava proximo da idade de casar

confeccionava o seu lenço bordado. Depois de bordado, o lenço ia ter às mãos do "namorado" ou

"conversado" e era em conformidade com a atitude deste de usar publicamente o lenço ou não que

se decidia o inicio de uma relação amorosa.

Quem confecciona

Na verdade, hoje em dia já pouca gente se dedica à elaboração destes lenços, por isso, como é de esperar apenas as pessoas com mais idade e que conhecem um pouco da história é que ainda fazem. Poucas são as pessoas novas interessadas, apenas aquelas que se dediam ao artesanato a "tempo inteiro" é que sabem fazer e explicar o significado desta arte romântica.

Problemática

Erros ortográficos nos Lenços dos Namorados: arte ou ignorância?

Como se verificar nas fotografias existente neste site, os lenços dos namorados contêm vários erros ortográficos, pois estes eram confeccionados pelas jovens de antigamente quando queriam dar a conhecer o seu amor. Estas raparigas pertenciam maioritariamente ao povo, não tendo por isso acesso à escolaridade, daí os erros ortográficos eram fruto de uma certa "ignorância". Actualmente, num tentativa de não deixar morrer as tradições, os lenços de namorados continuam recheados de erros, que como é obvio não são fruto da ignorância de quem os confecciona, mas sim em nome da arte, da tradição, para que a historia de quem os introduziu na sociedade minhota no sec. XIX não seja esquecida. É conhecendo o passado que podemos perceber o presente, desta forma não devemos alterar as tradições, pois estaremos a ignorar o passado.

Numa verdadeira celebração ao amor e paixão os "lenços de namorados" ou "lenços de pedido" tinham como fim, segundo a tradição minhota, a conquista do

namorado. O bordado era assim executado com os cuidados que o palpitar do coração punha nas mãos das raparigas em idade de namorar. Os lenços de

namorados carregam consigo, os sentimentos amorosos, revelados através de vários símbolos amorosos como a fidelidade, dedicação, amizade e outros.

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História dos Lenços de Namorados: A moça quando estava próximo da idade de casar confeccionava o seu lenço bordado a partir de um pano de linho fino que

por ventura possuía ou dum lenço de algodão que adquiria na feira. Para realizar esta obra, utilizava os conhecimentos que possuía sobre o ponto cruz,

adquiridos na infância, aquando da confecção do seu marcador ou mapa. Depois de bordado, o lenço ia ter às mãos do “namorado” ou “conversado” e era em

conformidade com a atitude deste de usar publicamente o lenço ou não, que se decidia o início duma ligação amorosa.  Quando observamos estes lenços,

desde logo nos salta aos olhos a incorrecção da escrita. Fruto do reduzido grau de instrução, não sabendo ler nem escrever, as bordadeiras limitavam-se a

copiar as letras e as palavras de marcadores, previamente elaborados e já copiados de outros. Estas cópias sucessivas iam corrompendo a escrita, passando as

palavras a ser, muitas vezes, aproximações à respectiva forma fonética do sotaque local.

A HISTÓRIA DOS "LENÇOS DOS NAMORADOS"

Artesanato do Minho

É provável que a origem dos "lenços dos namorados" ou "lenços de pedidos" estejanos lenços senhoris do Séc. XVII – XVIII, adaptados depois pelas mulheres do povo,

dando-lhes consequentemente um aspecto popular característico.O que nos interessa é que da sua função vem o nome: a conquista do namorado.

Depois de bordado, o lenço ia ter às mãos do "namorado" ou "conversado" Era em conformidade com a atitude deste de usar publicamente o lenço ou não,

que se decidia o início duma ligação amorosa.

Lenços dos namorados

O lenço dos namorados é um lenço fabricado a partir de um pano de linho fino ou de lenço de

algodão, bordado com motivos variados. É uma peça de artesanato típico do Minho, sendo usado por

mulheres com idade de casar

Era hábito a rapariga apaixonada bordar o seu lenço e entregá-lo ao seu amado quando este se fosse

ausentar. Nos lenços poderiam ter bordados versos, para além de vários desenhos, alguns

padronizados, tendo simbologias próprias.

Era usado como ritual de conquista. Depois de confeccionado, o lenço acabaria por chegar à posse do

homem amado, que o passaria a usar em público como modo de mostrar que tinha dado início a uma

relação. Se o namorado (também chamado de conversado) não usasse o lenço publicamente era sinal

que tinha decidido não dar início a ligação amorosa.

É provável que a origem dos "Lenços de Namorados", também conhecidos por "Lenços de Pedidos"

esteja intimamente ligada aos lenços senhoris dos séculos XVII - XVIII, que posteriormente foram

adaptados pelas mulheres do povo, adquirindo os mesmos, consequentemente, um aspecto mais

popular.

Publicada por Fátima Ribeiro de Melo em Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010