os lenços dos namorados de valença

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OS OLHOS DOS NAMORADOS TÊM UM CERTO NÃO SEI QUÊ QUE SERVE DE SOBRESCRITO Á CARTA QUE SE NÃO Alíria Filomena Pinto Lopes Martins Riba Nobre

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OS OLHOS DOS NAMORADOSTÊM UM CERTO NÃO SEI QUÊQUE SERVE DE SOBRESCRITO

Á CARTA QUE SE NÃO LÊ

Al í r ia Fi lomena Pinto Lopes Mar t ins R iba Nobre

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Para o meu �lho, Paulo César, in memoriam18-03-1964 - 30-11-2014

Para vós,

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Foi a recolha que despertada pela memória da minha avó Rosalina (que, tantas e tão lindas histórias me contou ), me levou a, durante muitos anos, anotar e arquivar estes pequenos e grandes Nadas.Testemunhos ingénuos, puros, lindos que são um Grito de Presença da nossa cultura popular e regional.Saibamos amá-la, conservá-la, fazê-la renascer e reviver. Possamos assim transmiti-la ao “ Futuro “ para que, a par “do saber das Altas Tecnologias “, as saibam estimar.São os sentimentos de pureza, saudade, amores felizes ou não, que rompiam da alma e do coração de quem sabia e queria “ Gostar d' Alguém “.Quero render homenagem ao Passado em memória da Ricardina, da velha Clara; da tia Vitória; à “enciclopédia rural e viva“ de saberes que foi a Dª. Isabel de Mata Sete; à tia Maria Nobre ( a centenária avó do meu marido ) e sobretudo à saudosa Manina.A tantos “ velhotes “ de Gandra, de Cerdal, de Valença, de Subportela que viveram e sentiram aquilo que me transmitiram.A outros e outros. Que descanseis em Paz.Ao Presente: a mim, à minha �lha, ao meu genro, ao César, a todos os que gostam destas coisas, a todos que dão vida e expansão a estas tradições, usos e costumes. Aqueles que lutam e trabalham carinhosamente para promover chamadas de atenção e mostras, dando vida a um Passado que já passou mas ainda quer Viver.Parabéns. Não percais o animo. Só as coisas difíceis merecem o “ Louro da Vitória “ as fáceis são “ banais e vulgares “ recheadas de pouco valor e trabalho. Ao Futuro: - Aos meus queridos netos Paulo Manuel e José Miguel ( quando puderes, vós e os vossos amigos, perdei um pouco de tempo e ganhai mais SABER com a “ rudimentar “ cultura dos vossos antepassados. Vereis merece a pena!... ) Aliai o passado ao futuro.

Valença – Fevereiro dos Namorados – ano de 2012 Com carinho;

Alíria Filomena Pinto Lopes Martins Riba Nobre2

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Os lenços deviam ser assim !...

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Puros, brancos, levando Amor e deixando Esperança e Saudade.E, eram conhecidos, por:

Lenços de NamoradosLenços de pedidoLenços de conversadoLenços de comprometimentoLenços de Amor

Foi no Minho que:-tiveram a maior expressão e expansão-mais divulgaram sentimentos; mais espalharam e os espalham, valorizando a valorização e divulgação do património artístico e cultural desta região.De raiz popular, simbologia campestre e amorosa, levavam afecto...Surpreendem-nos, encantam-nos e maravilham-nos com tanta beleza e ingenuidade.Vamos nós também, dar-lhes a Vida que merecem?...

Soua felisbrebuletapouzada no teu ulharnum me deiches decá sair, o teucuração é o meu lugar!

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Axi tens meu curassonE a chabe pró abrirNum teinho mais pra te darNem tu mais pra me pedir

As quadras – de raiz puramente popular e até pessoal (eram rimas das próprias bordadeiras). São verdadeiros tesouros de saber querer, ingenuidade e franqueza.São lindas! Ditadas pelo coração para o “ seu Bem “ continham, quase sempre “erros ortográ�cos“. Algumas bem difíceis de “ traduzir “ quantas e quantas jovens eram analfabetas!...

Conservemos esses “ lindos defeitos “ porque não são eles que vão “ estragar “ a língua da nossa Terra!

Escreviam como diziam ( pronunciavam ) e quantas vezes essas “falas”1 eram diferentes dumas para outras localidades.

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Puros, brancos, levando Amor e deixando Esperança e Saudade.E, eram conhecidos, por:

Lenços de NamoradosLenços de pedidoLenços de conversadoLenços de comprometimentoLenços de Amor

Foi no Minho que:-tiveram a maior expressão e expansão-mais divulgaram sentimentos; mais espalharam e os espalham, valorizando a valorização e divulgação do património artístico e cultural desta região.De raiz popular, simbologia campestre e amorosa, levavam afecto...Surpreendem-nos, encantam-nos e maravilham-nos com tanta beleza e ingenuidade.Vamos nós também, dar-lhes a Vida que merecem?...

Soua felisbrebuletapouzada no teu ulharnum me deiches decá sair, o teucuração é o meu lugar!

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As quadras – de raiz puramente popular e até pessoal (eram rimas das próprias bordadeiras). São verdadeiros tesouros de saber querer, ingenuidade e franqueza.São lindas! Ditadas pelo coração para o “ seu Bem “ continham, quase sempre “erros ortográ�cos“. Algumas bem difíceis de “ traduzir “ quantas e quantas jovens eram analfabetas!...

Conservemos esses “ lindos defeitos “ porque não são eles que vão “ estragar “ a língua da nossa Terra!

Escreviam como diziam ( pronunciavam ) e quantas vezes essas “falas”1 eram diferentes dumas para outras localidades.

1- falas - termos próprios de cada localidade

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Simbologia de “ Alguns Motivos “ usadosnos lenços dos Namorados

Pombos - Paz, calmaChaves - Fechar e/ou abrir os coraçõesCorações - AmorPássaros - Sorte, alegriaLeões - Força, poderCães - FidelidadePavões - Beleza, brio, vaidadeSol - DiaLua - NoiteCruzes -FéBrasões – Valor, nobrezaCoroas -RealezaÁrvores -Fortaleza e segurançaRosas - ( fremusura / formosura )Flores – Beleza natural, a “força da terra”Festões e �orões – Mimos, caríciasAncoras – SegurançaPares – Homem / mulher – dançar passear acompanhar

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Lenços dos Namorados

Eram bordados em tecido branco ( linho do mais �no ou “merine” ( tecido de algodão). No linho, por causa da sua textura mais fáceis de elaborar. Em algodão, (as �bras mais comprimidas) apresentavam mais di�culdade. Acontecia – muitas vezes – recorrerem ao 2º material dado o muito apreço e grande “poder aplicativo”do linho. Além disso, o linho era de fabrico caseiro e, haviam suportado “mil e um” trabalhos para o conseguirem. Fazia parte integral e indispensável de toda a casa -rica ou pobre – que se “preze2”. Figurava em todo o “bragal”3 doméstico. Havia 3 “colidades” de modelos, no apresentar dos lenços.

A – rematados a baínha “cozida” e singela;B – rematados a entremeio e renda “condizente4” (os de moça rica);C – de morgada ou �dalga ( os mais ricos e de mais difícil elaboração).

Os (A e B) eram do mesmo tecido; com os mesmos motivos e cores, com os desenhos tradicionais em maior ou menor abundância. Os tons de linhas eram o vermelho e preto. Bordados (os mais antigos – no Alto Minho – a ponto cruz). Os das morgadas ou �dalgas – em “organdi”, ou “tule”, de tons muito claros (branco, rosado, azulado) e bordados só com uma variedade de linha (geralmente branca). Eram quase “uma so�sticada arte”.

Bastante diferentes das do “pobo”. A parte central era apenas preenchida pela inicial do nome da autora e/ou da pessoa a quem se destinava. Havia uma atenção e cuidado sem limites no “afermosar4” a “letra” a parte que mais “sobressaía”. Muitas vezes o A também signi�cava Amor. Isolada, em destaque, havia que “a enfeitar”. Eram variados os modelos. O da Casa das Lameiras é “emoldurado” por 4 triângulos com base, voltada para o interior, onde a

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bordadeira aplicou todo o “seu engenho e arte” (artísticos e maravilhosos exemplares do que se podia fazer apenas com uma agulha, uma linha e o desvelho de se “fazer bem, bonito e com coração”.

Havia ainda outros – mais da região de Braga – na zona mais Sul do Minho. Usavam e usam – pois estão em grande expansão – (bordados com profusão de tons sempre bastante garridos). Os motivos são quase os mesmos – �ores, pássaros, corações e sem esquecer nunca as “preciosas quadras”. Versos que são tão genuínos, como puros e até de sinceridade invulgares.

Atualmente há uma linha de bordadeiras ou “apaixonadas por esta arte “ - muitas, na Ribeira Lima – que aplicam os “antigos” motivos em “artigos” de decoração para os lares modernos: são os quadros que �cam para lembrar: nascimentos, batizados, casamentos, favores e “graças devidas”. São conhecidos como “marcos” por “falarem” dum acontecimento importante.

São, muitos comercializados. Uns oferecidos a quem se estima ou quer homenagear. Outros a quem se quer mostrar gratidão por “algo de diferente” que se recebeu. Mimoseiam-se professores, familiares, autoridades, padres, familiares ausentes, amigos especiais, médicos a quem se deve muito, etc.

Os primeiros (os dos namorados) – mais típicos e antigos – eram uma mensagem de Amor (do coração). Estes, os marcos, são de “estima e gratidão”. Todos eles vertentes do mesmo Amor. Aplicam-se em almofadões, almofadas, naperons, toalhas, quadros e tantos outros artigos para o lar. Bordam-se em peças de roupa: - blusas, camisas, vestidos, bolsas e carteirinhas, cintos, echarpes, xailes, toalhas de todo e qualquer tamanho, nos lencinhos que se ofertam como “lembrança de noivos, bodas de prata e...até ouro”.Surgiram em peças de louça.

São as nossas �ores, os nossos pássaros, os nossos animais, os nossos corações, a levar para o “Mundo” aquilo que outros nos deixaram, que alguns estimam e promovem, mas que urge não deixar morrer. A�nal são a cultura da Cultura do nosso Povo, da nossa gente.

2- Preze – que tenha cuidado com o que tem e porque o tem

3 - Bragal – enxoval caseiro

4 - Condizente – sem desvios, iguais ou muito parecidos

5 - Afermosar um trabalho – torná-lo o mais bonito e artístico que pudermos

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Lenços dos Namorados

Eram bordados em tecido branco ( linho do mais �no ou “merine” ( tecido de algodão). No linho, por causa da sua textura mais fáceis de elaborar. Em algodão, (as �bras mais comprimidas) apresentavam mais di�culdade. Acontecia – muitas vezes – recorrerem ao 2º material dado o muito apreço e grande “poder aplicativo”do linho. Além disso, o linho era de fabrico caseiro e, haviam suportado “mil e um” trabalhos para o conseguirem. Fazia parte integral e indispensável de toda a casa -rica ou pobre – que se “preze2”. Figurava em todo o “bragal”3 doméstico. Havia 3 “colidades” de modelos, no apresentar dos lenços.

A – rematados a baínha “cozida” e singela;B – rematados a entremeio e renda “condizente4” (os de moça rica);C – de morgada ou �dalga ( os mais ricos e de mais difícil elaboração).

Os (A e B) eram do mesmo tecido; com os mesmos motivos e cores, com os desenhos tradicionais em maior ou menor abundância. Os tons de linhas eram o vermelho e preto. Bordados (os mais antigos – no Alto Minho – a ponto cruz). Os das morgadas ou �dalgas – em “organdi”, ou “tule”, de tons muito claros (branco, rosado, azulado) e bordados só com uma variedade de linha (geralmente branca). Eram quase “uma so�sticada arte”.

Bastante diferentes das do “pobo”. A parte central era apenas preenchida pela inicial do nome da autora e/ou da pessoa a quem se destinava. Havia uma atenção e cuidado sem limites no “afermosar4” a “letra” a parte que mais “sobressaía”. Muitas vezes o A também signi�cava Amor. Isolada, em destaque, havia que “a enfeitar”. Eram variados os modelos. O da Casa das Lameiras é “emoldurado” por 4 triângulos com base, voltada para o interior, onde a

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bordadeira aplicou todo o “seu engenho e arte” (artísticos e maravilhosos exemplares do que se podia fazer apenas com uma agulha, uma linha e o desvelho de se “fazer bem, bonito e com coração”.

Havia ainda outros – mais da região de Braga – na zona mais Sul do Minho. Usavam e usam – pois estão em grande expansão – (bordados com profusão de tons sempre bastante garridos). Os motivos são quase os mesmos – �ores, pássaros, corações e sem esquecer nunca as “preciosas quadras”. Versos que são tão genuínos, como puros e até de sinceridade invulgares.

Atualmente há uma linha de bordadeiras ou “apaixonadas por esta arte “ - muitas, na Ribeira Lima – que aplicam os “antigos” motivos em “artigos” de decoração para os lares modernos: são os quadros que �cam para lembrar: nascimentos, batizados, casamentos, favores e “graças devidas”. São conhecidos como “marcos” por “falarem” dum acontecimento importante.

São, muitos comercializados. Uns oferecidos a quem se estima ou quer homenagear. Outros a quem se quer mostrar gratidão por “algo de diferente” que se recebeu. Mimoseiam-se professores, familiares, autoridades, padres, familiares ausentes, amigos especiais, médicos a quem se deve muito, etc.

Os primeiros (os dos namorados) – mais típicos e antigos – eram uma mensagem de Amor (do coração). Estes, os marcos, são de “estima e gratidão”. Todos eles vertentes do mesmo Amor. Aplicam-se em almofadões, almofadas, naperons, toalhas, quadros e tantos outros artigos para o lar. Bordam-se em peças de roupa: - blusas, camisas, vestidos, bolsas e carteirinhas, cintos, echarpes, xailes, toalhas de todo e qualquer tamanho, nos lencinhos que se ofertam como “lembrança de noivos, bodas de prata e...até ouro”.Surgiram em peças de louça.

São as nossas �ores, os nossos pássaros, os nossos animais, os nossos corações, a levar para o “Mundo” aquilo que outros nos deixaram, que alguns estimam e promovem, mas que urge não deixar morrer. A�nal são a cultura da Cultura do nosso Povo, da nossa gente.

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Bai lenço, felis buandoNas azas dum paçarinhoVai mustrar a todo o MundoCumo era o nosso Minho.

Esboço de um estudo sobre “Lenços dos namorados” - (arte popular) integrado no Curso de História d'Arte, que frequentei em Braga 1954/1956

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Como se bordam os Lenços

Geralmente obedeciam a certas regras. Eram “quadrados” e com vários tamanhos mas nunca muito pequenos. Não eram lenços de “bouço ou de assuar” 1.Na parte central bordava-se o jardim (para chamar a atenção). Podia ser um canteiro de �ores – sempre com as �ores voltadas para o exterior. Até uma quadra especial!No seu “meio – pombas, chaves, corações, monogramas, datas e coroas reais, sobretudo motivos campestres.Rematavam com uma silba ou silbeira2 para fechar o Amor e que este não se escapasse! Entre o “jardim” e o “remate”, “semeavam-se” - a gosto – os motivos de que mais se gostava e até outra quadra e outra.

Como se usavam e quando se “exibiam”

Os homens usavam-nos ao pescoço para limpar o suor nas “festas”, romarias, bailaricos, serões especiais e sobretudo para demonstrar “as suas amadas como continuavam” �rmes e “interessados”. Havia também os “tabaqueiros” em tecido de cor muito escura e garrida, (estes com motivos regionais), que serviam para o mesmo �m e também para limpar o nariz. Eram estampados. Também podiam ser oferecidos pelas “cridas (queridas)” mas teriam que lhes dar em troca uma moeda de baixo valor. Se assim não �zessem havia separação. Com o lenço se dizia adeus!..Estes exemplares eram comprados nas feiras e mercados e usados diariamente durante as fainas laborais – agrícolas ou não. Não eram de labor manual nem com quadras. As mulheres, ostentavam-nos orgulhosamente em:Paradas, des�les, procissões, para protegerem as velas de “mordoma”.

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6 - Bouço (bolso). Assuar (limpar o nariz).

7 - Silva ou silveira – planta brava que produzia as chamadas “amoras bravas” e crescia muito.

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Nos “cestos” de ofertas ou “ofertar”.

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Em bailes e bailaricos, à cinta, “metidos” no cós da saia!.

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A- Uma “�gurante” com traje de noiva e, adornado o ramo com um “tradicional”lenço. O “ourado” cortejo também exibe os seus “amores”.

E este “amoroso” par? Trajo de “meia senhora”, com sombrinha de renda e saco-substituído hoje pela carteira – e um lindo “Lenço dos Namorados”, metido no cós da saia sob a “casaca”.

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Uma linda minhota “revivendo suas bisavós e avós” exibindo o traje de noiva. Na mão o “bouquet” ou ramo abraçado por um simpático lenço dos namorados.Assim, a tradição não morre. Aprendemos a recordá-la!

Este simpático “casal” revive também a tradição. Ele “mostra” a camisa bordada com motivos dos “Lenços dos Namorados” nos punhos e “peitilho”. Ela, usa blusa branca de linho, com manga bordada “com saber e arte minhotos” em tom de azul cinza.

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O “meu” lenço da “Manina”1

Lenço de Namorados da minha avó. Foi ela quem mais me motivou para estes temas. Era, de moça lavradeira rica e prendada. Está velhinho. Tem mais de 100 anos! “Lenço rico” por causa do seu remate em entremeio e bordado a “dezer”. É anterior a 1900. Foi executado por R.P. conforme se lê no “jardim”. Este, de forma quadrada é envolto em sebe que exibe �ores para o lado exterior. No interior vemos as pombas da Paz, com a chave para fechar o Amor dos 2 corações que exibe (Ele e Ela). Lateralmente as iniciais R.P. de Rosalina Pinto. Encimado pela Coroa Real – (é do tempo da realeza) – que quase une as asas das “rusticas” pombas que esvoaçam desejando Paz áquele Amor. Junto à aplicação do entre-meio bordou uma “sirva ou silveira”9 que abrange os 4 lados do lenço. Eram a cadeia que fechava de vez a mensagem amorosa. A quadra que exibe, não era “brejeira”3 mas “séria e de respeito”11 e dizia assim:

Este Lensu Te UfresoLimpa Teu Rosto Um a Preda das AmigasNão cauza Desgosto

Os restantes motivos foram “semeados” ao “acalha” e não sob uma forma rígida. Eram �ores, jarras, corações e os “cães” com sua “�delidade”. Nos 4 cantos bordou ramalhetes iguais 2 a 2, assentando em estilizados “festões” brotando duma “lira”, que desejava alegria e “satisfação”.

Para se conservar, transformei-o em decorativo quadro. Houve que o iluminar para que a luz desse mais força ao “debotado” vermelho com que fora feito. Como era de “merine” (algodão �no branco) e está “delido” em alguns sítios) colocou-se entre duas laminas de vidro

(anti-re�exo) encaixilhou-se e...vamos guardá-lo quase como presença da sua autora. Essa senhora – a mais culta analfabeta que conheci – que sabia de tudo que quis saber e fazer mais e melhor durante toda a sua vida. Sabia saber, sabia ensinar e despertar o interesse dos outros para as realidades da vida que tanto amava. Nasceu em Gandra – Valença aos 25 de Maio de 1881. Viveu muitos anos em Lisboa e faleceu aos 17 de Fevereiro de 1951 em Mondim de Baixo-Gandra. Está sepultada em jazigo-capela na mesma freguesia. Este lenço foi acompanhado pela foto, vestida à moda antiga, quando fez 18 anos e que sempre esteve junto do mesmo. É que-para ter uso – punha-se como “pano de mesinha de cabeceira1 e a foto em cima”. Era a “joia da Coroa” do meu avô. A sua “Linita”.

8 - Ver imagem pag. 15

9 -A planta que crescia nos campos – valados e produzia as “amoras bravas”. Tinha muitos picos (espinhos) e vedava com

e�cácia. Era sebe quase impossível de transpor.

10 - Brejeira – com “maldade”. (beijinhos e abraços)!..

11 - Séria e de respeito – como mensagem de amor sim, mas...com as devidas cautelas

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O “meu” lenço da “Manina”1

Lenço de Namorados da minha avó. Foi ela quem mais me motivou para estes temas. Era, de moça lavradeira rica e prendada. Está velhinho. Tem mais de 100 anos! “Lenço rico” por causa do seu remate em entremeio e bordado a “dezer”. É anterior a 1900. Foi executado por R.P. conforme se lê no “jardim”. Este, de forma quadrada é envolto em sebe que exibe �ores para o lado exterior. No interior vemos as pombas da Paz, com a chave para fechar o Amor dos 2 corações que exibe (Ele e Ela). Lateralmente as iniciais R.P. de Rosalina Pinto. Encimado pela Coroa Real – (é do tempo da realeza) – que quase une as asas das “rusticas” pombas que esvoaçam desejando Paz áquele Amor. Junto à aplicação do entre-meio bordou uma “sirva ou silveira”9 que abrange os 4 lados do lenço. Eram a cadeia que fechava de vez a mensagem amorosa. A quadra que exibe, não era “brejeira”3 mas “séria e de respeito”11 e dizia assim:

Este Lensu Te UfresoLimpa Teu Rosto Um a Preda das AmigasNão cauza Desgosto

Os restantes motivos foram “semeados” ao “acalha” e não sob uma forma rígida. Eram �ores, jarras, corações e os “cães” com sua “�delidade”. Nos 4 cantos bordou ramalhetes iguais 2 a 2, assentando em estilizados “festões” brotando duma “lira”, que desejava alegria e “satisfação”.

Para se conservar, transformei-o em decorativo quadro. Houve que o iluminar para que a luz desse mais força ao “debotado” vermelho com que fora feito. Como era de “merine” (algodão �no branco) e está “delido” em alguns sítios) colocou-se entre duas laminas de vidro

A foto que o acompanhou

(anti-re�exo) encaixilhou-se e...vamos guardá-lo quase como presença da sua autora. Essa senhora – a mais culta analfabeta que conheci – que sabia de tudo que quis saber e fazer mais e melhor durante toda a sua vida. Sabia saber, sabia ensinar e despertar o interesse dos outros para as realidades da vida que tanto amava. Nasceu em Gandra – Valença aos 25 de Maio de 1881. Viveu muitos anos em Lisboa e faleceu aos 17 de Fevereiro de 1951 em Mondim de Baixo-Gandra. Está sepultada em jazigo-capela na mesma freguesia. Este lenço foi acompanhado pela foto, vestida à moda antiga, quando fez 18 anos e que sempre esteve junto do mesmo. É que-para ter uso – punha-se como “pano de mesinha de cabeceira1 e a foto em cima”. Era a “joia da Coroa” do meu avô. A sua “Linita”.

O lenço da Manina

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Lenços de Morgadas ou Fidalgas

Também uma variedade dos lenços de namorar ou noivar e que pertenciam a uma classe social mais abastada e notável. São muito raros.Geralmente feitos em organdi ou tule, cuidadosa e primorosamente bordados, exibiam motivos de difícil execução.Eram de arte manual mas, com uma “arte e saber” que nem toda a gente podia ou sabia executar. Alguns feitos em mosteiros ou conventos.O centro, exibia uma inicial - “a letra” - do nome de quem o bordava ou a quem era destinado – homem ou mulher. Ladeado por “grelhas ou grades” de difícil e artístico cunho. Rematados por �nas rendas ou debruns valorizados com aplicações para lhes dar mais relevo. Muitas vezes eram transformadas em “almofadões” e adornavam camas, cadeirões ou banquinhas de “alcova”.

Lenço da Casa da Lameira13

Este lindíssimo Lenço de “Namorada” ou Noiva �dalga, pensa-se que, pertenceu a Ana Azevedo de Araújo e Gama. Faleceu em 1897, em Cerdal – Valença.Filha de João de Azevedo Araújo e Gama que viveu em Cerdal – Valença (1808-1894).Este o Morgado da Quinta da Lameira, foi também pai do Dr. Manuel de Azevedo Araújo e Gama – lente da Universidade de Coimbra. Teve bastantes �lhos.Estão todos sepultados no cemitério paroquial de Cerdal, bem como outros familiares em sepultura/jazigo próprios.

Como este exemplar apresenta um notável estado de conservação e, para que não se detiorasse, foi emoldurado recentemente tendo-se tido um cuidado especial nesse trabalho. Haveria que o aplicar em “fundo” e “moldura” de sabor antigos, com tons muito sóbrios, claros e lisos, para não se correr o risco de gerar contrastes fortes, que ofuscassem e prejudicassem a “suave e delicada” beleza do exemplar.

13 - Ver imagem pag. 19

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Outra reprodução dum lenço “�no”. Este em “tule”

Descrição do Lenço: Lenço de Tule de Vila VerdeOrigem: Vila Verde Local onde foi encontrado: Centro Educação Familiar de Vila VerdeHistória: foi bordado com o véu de um fato regional de noiva. Dimensões: 100x100Material Utilizado: tule de algodão, linhas de bordar de cor branca Pontos: ponto de alinhavo, fantasia, recorteTranscrição das Escritas: não temBordadeira: Maria de Almeida

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Marco assinalando o aniversário de casamento de uma ex-aluna e grande amiga. Está aplicado num “quadro” com banda em vermelho baço e moldura negra. Pertence à Graça e ao Diogo Faria.

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O Lenço da Morgada da lameira

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O Lenço da Tércinha

Propriedade de Dª Natércia de Jesus Pinto Lopes Martins Figueiredo. Foi professora em Paredes de Coura, onde constituiu família e onde reside. Herdou-o da Casa de Mondim de Baixo – Gandra – Valença onde nasceu aos 12/01/1945.

Deve ter pertencido à Bísavó- Rosa Florinda da Enes. “Aventamos” duas hipóteses sobre a época em que foi feito.

Seria ainda como noiva ou “conversada” de José António Pinto ou já como sua mulher? Em qualquer dos casos é muito antigo (no quarto deste casal há – na casa mais antiga como remate do tecto uma elucidativa data) – (em relevo, um rectangulo trabalhado que tem, num dos lados menores, J:14 A. P. do outro lado 1904. Ao centro artistica pequena rosacea). Esta era a data da reconstrução.Na descrição dos “motivos” que adornam o “jardim” deste lenço, explicarei o que me fez surgir a dúvida sobre a sua execução.Rematado nos 4 lados, por uma curiosa cadeia de 5 frisos brancos, �nos, paralelos e com um pouco de “sabor” a “barra”; 3 desses frisos, são evidentes, os 2 restantes cosidos sob a baínha que também esconde os “cruzamentos” dos mesmos nos cantos do lenço.Foi bordado num lenço branco (não em tecido “solto”), dos de trazer ao pescoço no caso de ser homem – ou na algibeira da mulher).Foi executado pelo lado do avesso. Usaram “minucioso e perfeitissimo” ponto de cadeira em tons muito claros (apenas branco e amarelo suave e um pouco torrado). Como seria possível, meu Deus, tal perfeição “alumiadas pela luz frouxa das candeias de azeite”? Os “labores” eram, quase todos realizados ao “serão” pois de dia havia mil e um trabalhos que não davam descanso.No jardim central há 5 chaves (3 amarelas e 2 brancas). A presença destas é que faz surgir a hipótese de ter sido feito já como casada – seria que estes símbolos se referiam (como noutros casos) ao nascimento de crianças? Este casal teve 5 �lhos – 3 rapazes (serão lembrados nas 3 chaves amareladas?). As 2 raparigas (serão as chaves brancas?) Os �lhos

foram o António José o Manuel Joaquim e Bento José. A 1ª �lha foi a Florinda Rosa – a mais jovem foi a avó da Dª Natércia nascida a 25 de Maio de 1881. Exibe ainda “singelo” brasão, encimado pelo desenho duma “custódia” que remata por pequenina cruz. À volta, 2 ramos de �ores, entrelaçados na base rematando junto aos corações (2- Ele e Ela) que são salpicados com pétalas brancas muito pequeninas.Nos 4 cantos exteriores, 4 ramalhetes todos desiguais. Entre estes, os versos da “Mensagem de Amor” - bordados a ponto de cruz – que assim “reza”.

Amor és meu jura mento De te Amar Qon Lialdade Até Urtimo mumento

Filha – Natércia de Jesus Pinto Lopes Martins FigueiredoMãe – Alaíde das Dores Pinto L. MartinsAvó – Rosalina Pinto LopesBisavó – Rosa Florinda Enes

O lenço da Tércinha (feito pela bisavó)

14 - Foi – talvez posteriormente “embaínhado” e cosido à máquina. Na altura da “obra” primitiva seria quase impossível

fazê-lo. Seria talvez para lhe dar mais consistência? Foi rematado por pequena espiguilha branca.

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O Lenço da Tércinha

Propriedade de Dª Natércia de Jesus Pinto Lopes Martins Figueiredo. Foi professora em Paredes de Coura, onde constituiu família e onde reside. Herdou-o da Casa de Mondim de Baixo – Gandra – Valença onde nasceu aos 12/01/1945.

Deve ter pertencido à Bísavó- Rosa Florinda da Enes. “Aventamos” duas hipóteses sobre a época em que foi feito.

Seria ainda como noiva ou “conversada” de José António Pinto ou já como sua mulher? Em qualquer dos casos é muito antigo (no quarto deste casal há – na casa mais antiga como remate do tecto uma elucidativa data) – (em relevo, um rectangulo trabalhado que tem, num dos lados menores, J:14 A. P. do outro lado 1904. Ao centro artistica pequena rosacea). Esta era a data da reconstrução.Na descrição dos “motivos” que adornam o “jardim” deste lenço, explicarei o que me fez surgir a dúvida sobre a sua execução.Rematado nos 4 lados, por uma curiosa cadeia de 5 frisos brancos, �nos, paralelos e com um pouco de “sabor” a “barra”; 3 desses frisos, são evidentes, os 2 restantes cosidos sob a baínha que também esconde os “cruzamentos” dos mesmos nos cantos do lenço.Foi bordado num lenço branco (não em tecido “solto”), dos de trazer ao pescoço no caso de ser homem – ou na algibeira da mulher).Foi executado pelo lado do avesso. Usaram “minucioso e perfeitissimo” ponto de cadeira em tons muito claros (apenas branco e amarelo suave e um pouco torrado). Como seria possível, meu Deus, tal perfeição “alumiadas pela luz frouxa das candeias de azeite”? Os “labores” eram, quase todos realizados ao “serão” pois de dia havia mil e um trabalhos que não davam descanso.No jardim central há 5 chaves (3 amarelas e 2 brancas). A presença destas é que faz surgir a hipótese de ter sido feito já como casada – seria que estes símbolos se referiam (como noutros casos) ao nascimento de crianças? Este casal teve 5 �lhos – 3 rapazes (serão lembrados nas 3 chaves amareladas?). As 2 raparigas (serão as chaves brancas?) Os �lhos

foram o António José o Manuel Joaquim e Bento José. A 1ª �lha foi a Florinda Rosa – a mais jovem foi a avó da Dª Natércia nascida a 25 de Maio de 1881. Exibe ainda “singelo” brasão, encimado pelo desenho duma “custódia” que remata por pequenina cruz. À volta, 2 ramos de �ores, entrelaçados na base rematando junto aos corações (2- Ele e Ela) que são salpicados com pétalas brancas muito pequeninas.Nos 4 cantos exteriores, 4 ramalhetes todos desiguais. Entre estes, os versos da “Mensagem de Amor” - bordados a ponto de cruz – que assim “reza”.

Amor és meu jura mento De te Amar Qon Lialdade Até Urtimo mumento

Filha – Natércia de Jesus Pinto Lopes Martins FigueiredoMãe – Alaíde das Dores Pinto L. MartinsAvó – Rosalina Pinto LopesBisavó – Rosa Florinda Enes

O lenço da Tércinha (feito pela bisavó)

Page 24: Os lenços dos namorados de valença

22

O Lenço prá Elisabete

O desenho executado a vermelho, em ponto cruz, foi bordado pela mãe. Foi copiado à lupa e desenhado em papel quadriculado pelo original (lenço da Manina).A “recuperação” dos motivos levou cerca de 2 meses pela sua complexidade, minúcia e fraca visibilidade.

Havia que o fazer lentamente para lhe não roubar “�delidade”. Quis fazê-lo o mais corretamente possivel. Bordados em linho industrial foram elaborados 2 exemplares. Um para a �lha. Outro para a médica que tratava tão sábia e carinhosamente seu �lho Paulo César. Para a querida Drª. Luisa Viterbo- IPO, Porto.

Os dois eram iguais. Diferiam apenas na mensagem que transmitiam.

Um dizia assim:

Bai Lenço felis Buando Lubar amor e gratidão O lugar dus “Bos Amigos” É dentro do Curação15

O outro:

Bai lenço feliz Buando De Valença a Ribeirão Leba deseijus de saúde E amor no Coração16

Fez-se também um “Marco” (quadro de carinho e amor) para o meu �lho Paulo César, ofer-ecer aos amigos queridos do Piso 10 (IPO – Porto) onde esteve internado.

Bai lensu felis buando Nas azas du passarinho Bai lubar ó “Piso 10” A gratidão do Paulinho

15 - Dr.ª Luisa Viterbo

16 - Da Beta

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O Lenço prá Elisabete

O desenho executado a vermelho, em ponto cruz, foi bordado pela mãe. Foi copiado à lupa e desenhado em papel quadriculado pelo original (lenço da Manina).A “recuperação” dos motivos levou cerca de 2 meses pela sua complexidade, minúcia e fraca visibilidade.

Havia que o fazer lentamente para lhe não roubar “�delidade”. Quis fazê-lo o mais corretamente possivel. Bordados em linho industrial foram elaborados 2 exemplares. Um para a �lha. Outro para a médica que tratava tão sábia e carinhosamente seu �lho Paulo César. Para a querida Drª. Luisa Viterbo- IPO, Porto.

Os dois eram iguais. Diferiam apenas na mensagem que transmitiam.

Um dizia assim:

Bai Lenço felis Buando Lubar amor e gratidão O lugar dus “Bos Amigos” É dentro do Curação15

O outro:

Bai lenço feliz Buando De Valença a Ribeirão Leba deseijus de saúde E amor no Coração16

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Fez-se também um “Marco” (quadro de carinho e amor) para o meu �lho Paulo César, ofer-ecer aos amigos queridos do Piso 10 (IPO – Porto) onde esteve internado.

Bai lensu felis buando Nas azas du passarinho Bai lubar ó “Piso 10” A gratidão do Paulinho

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Algumas quadras de Lenços dos Namorados

E “rezavam” assim

Bai17

AmorFelis buandoNo vico18 dum passarinho Bai amodo19 e cum caurma20

Num bás cair nu caminho A

Também esta quadra podia terminar com:

A – Num te percas no caminhoouA – Bé se num cais no caminhoouTem coidado Amorzinho

A jura que nós trucamosBirou fonte d'alegriaFeluresceu, deu reventusTemos tanto Amor na Bida

Estas coizas du AmorEstas sinas do AmorSom coizas cum tanta forsaQue ninguém save mudar

Meu Amor precura serPeçoa hunesta e puraO gado de boua rêsTem sempre grande precura

Meu Amor, precura serUm home d'embregaduraAnimal do boa rêsTem sempre grande precura

Garda todo este AmorNum olhes á fremusoraSentimentos são da aurma21

A belesa pouco dura

Toma lá este lensinhoBordadinho a presseitoLeba dentro grande AmorMete-o dentro do teu peito

As augas do rio corrímDepressinha para o marMeu curasson pra ti correNum o queiras despresar

Bai, lensu, felis depreçabai le dezer que le queroTras me resposta das boasQue m'asseita assim ispero

Este lensinho de GandraIngauzinho òs de CerdalSigni�cam grandes amoresFalam d'amores sem igual

Asseita, meu Bem, asseitaEste amor sem condissõesSeremos munto felizesOube os nossos curações

Este lensu leba AmorMesturado com ÇaudadeAsseita a minha franquezaDe quem te quer cum Berdade

Este lensu, leba AmorMeu Amor, não digas NãoSe não me queres asseitarRebentas me o curassão

Este lensu branco a BuarIscrito cum tanto ferborLeba nas letras bordadasCarinho, Pas e Amor

À tua sinta22 meu Bem Pendura este lensu bordadoLeba-te, porque lo pessu,O Amor do teu Amado

Ai quem diga meu AmorDar lensus é separaçãoMais eu sei qu'assim não éNas coisas do curação

Este lensu, vranco e puroA bermeilho burdadinhoBai luvar, ó meu AmorUm avrassu e um beijinho

O vermeilho é cor de sangueO negro cor da paixãoBurdei açim este lensuPr'ofresser ó meu João

Meu Amor. Tem. Con�ançaNa. Promeça, Que te FisBrebemente. Hei-de . Ser. Tua.Chegando. Um Dia Feliz.

Este lensu te ofressuCum amor e gratidãoO teu lugar, meu AmigoÉ dentro do coração

Meu Amor bai pró BrasilEu tamem bou no baporGardada no coraçãoDaquele qu'é meu Amor

Este lensu eu VurdeiCum todo o meu FerborColoca-o ao pescossoPra seres o meu Amor

Num sei se terás outros lensusDados por outro AmorMas cum tanto centimentoNum o terás, não sinhor...

Amor, asseita este lensuVurdado com pombas mansasLebam-te amor e pasE Bentura no que aucansas23

Nossa Sinhora deu um lensuDe respeito ó Bom JesusEu cumpro igual centimentoNo carinho qu'aqui pus

Tu és rico, eu sou povrePouco tenho pra te darMesmo assim bordei-te um lençoQue te pessu, bás uzar!

Este lensu te ufressuNum digas que eu to deiPorque num tenho dinheiroE pensam qu'eu o tirei24

17 - recolha efetuada em Gandra – Subportela, Cerdal e D. Isabel (Mata Sete – Valença)

18 - vico (e ou também azas)

19 - amodo (devagar)

20 - caurma (com calma – tranquilo)

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Algumas quadras de Lenços dos Namorados

E “rezavam” assim

Bai17

AmorFelis buandoNo vico18 dum passarinho Bai amodo19 e cum caurma20

Num bás cair nu caminho A

Também esta quadra podia terminar com:

A – Num te percas no caminhoouA – Bé se num cais no caminhoouTem coidado Amorzinho

A jura que nós trucamosBirou fonte d'alegriaFeluresceu, deu reventusTemos tanto Amor na Bida

Estas coizas du AmorEstas sinas do AmorSom coizas cum tanta forsaQue ninguém save mudar

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Meu Amor precura serPeçoa hunesta e puraO gado de boua rêsTem sempre grande precura

Meu Amor, precura serUm home d'embregaduraAnimal do boa rêsTem sempre grande precura

Garda todo este AmorNum olhes á fremusoraSentimentos são da aurma21

A belesa pouco dura

Toma lá este lensinhoBordadinho a presseitoLeba dentro grande AmorMete-o dentro do teu peito

As augas do rio corrímDepressinha para o marMeu curasson pra ti correNum o queiras despresar

Bai, lensu, felis depreçabai le dezer que le queroTras me resposta das boasQue m'asseita assim ispero

Este lensinho de GandraIngauzinho òs de CerdalSigni�cam grandes amoresFalam d'amores sem igual

Asseita, meu Bem, asseitaEste amor sem condissõesSeremos munto felizesOube os nossos curações

Este lensu leba AmorMesturado com ÇaudadeAsseita a minha franquezaDe quem te quer cum Berdade

Este lensu, leba AmorMeu Amor, não digas NãoSe não me queres asseitarRebentas me o curassão

Este lensu branco a BuarIscrito cum tanto ferborLeba nas letras bordadasCarinho, Pas e Amor

À tua sinta22 meu Bem Pendura este lensu bordadoLeba-te, porque lo pessu,O Amor do teu Amado

Ai quem diga meu AmorDar lensus é separaçãoMais eu sei qu'assim não éNas coisas do curação

Este lensu, vranco e puroA bermeilho burdadinhoBai luvar, ó meu AmorUm avrassu e um beijinho

O vermeilho é cor de sangueO negro cor da paixãoBurdei açim este lensuPr'ofresser ó meu João

Meu Amor. Tem. Con�ançaNa. Promeça, Que te FisBrebemente. Hei-de . Ser. Tua.Chegando. Um Dia Feliz.

Este lensu te ofressuCum amor e gratidãoO teu lugar, meu AmigoÉ dentro do coração

Meu Amor bai pró BrasilEu tamem bou no baporGardada no coraçãoDaquele qu'é meu Amor

Este lensu eu VurdeiCum todo o meu FerborColoca-o ao pescossoPra seres o meu Amor

Num sei se terás outros lensusDados por outro AmorMas cum tanto centimentoNum o terás, não sinhor...

Amor, asseita este lensuVurdado com pombas mansasLebam-te amor e pasE Bentura no que aucansas23

Nossa Sinhora deu um lensuDe respeito ó Bom JesusEu cumpro igual centimentoNo carinho qu'aqui pus

Tu és rico, eu sou povrePouco tenho pra te darMesmo assim bordei-te um lençoQue te pessu, bás uzar!

Este lensu te ufressuNum digas que eu to deiPorque num tenho dinheiroE pensam qu'eu o tirei24

21 - São da aurma - alma

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Algumas quadras de Lenços dos Namorados

E “rezavam” assim

Bai17

AmorFelis buandoNo vico18 dum passarinho Bai amodo19 e cum caurma20

Num bás cair nu caminho A

Também esta quadra podia terminar com:

A – Num te percas no caminhoouA – Bé se num cais no caminhoouTem coidado Amorzinho

A jura que nós trucamosBirou fonte d'alegriaFeluresceu, deu reventusTemos tanto Amor na Bida

Estas coizas du AmorEstas sinas do AmorSom coizas cum tanta forsaQue ninguém save mudar

Meu Amor precura serPeçoa hunesta e puraO gado de boua rêsTem sempre grande precura

Meu Amor, precura serUm home d'embregaduraAnimal do boa rêsTem sempre grande precura

Garda todo este AmorNum olhes á fremusoraSentimentos são da aurma21

A belesa pouco dura

Toma lá este lensinhoBordadinho a presseitoLeba dentro grande AmorMete-o dentro do teu peito

As augas do rio corrímDepressinha para o marMeu curasson pra ti correNum o queiras despresar

Bai, lensu, felis depreçabai le dezer que le queroTras me resposta das boasQue m'asseita assim ispero

Este lensinho de GandraIngauzinho òs de CerdalSigni�cam grandes amoresFalam d'amores sem igual

Asseita, meu Bem, asseitaEste amor sem condissõesSeremos munto felizesOube os nossos curações

Este lensu leba AmorMesturado com ÇaudadeAsseita a minha franquezaDe quem te quer cum Berdade

Este lensu, leba AmorMeu Amor, não digas NãoSe não me queres asseitarRebentas me o curassão

Este lensu branco a BuarIscrito cum tanto ferborLeba nas letras bordadasCarinho, Pas e Amor

À tua sinta22 meu Bem Pendura este lensu bordadoLeba-te, porque lo pessu,O Amor do teu Amado

Ai quem diga meu AmorDar lensus é separaçãoMais eu sei qu'assim não éNas coisas do curação

Este lensu, vranco e puroA bermeilho burdadinhoBai luvar, ó meu AmorUm avrassu e um beijinho

O vermeilho é cor de sangueO negro cor da paixãoBurdei açim este lensuPr'ofresser ó meu João

Meu Amor. Tem. Con�ançaNa. Promeça, Que te FisBrebemente. Hei-de . Ser. Tua.Chegando. Um Dia Feliz.

Este lensu te ofressuCum amor e gratidãoO teu lugar, meu AmigoÉ dentro do coração

Meu Amor bai pró BrasilEu tamem bou no baporGardada no coraçãoDaquele qu'é meu Amor

Este lensu eu VurdeiCum todo o meu FerborColoca-o ao pescossoPra seres o meu Amor

Num sei se terás outros lensusDados por outro AmorMas cum tanto centimentoNum o terás, não sinhor...

Amor, asseita este lensuVurdado com pombas mansasLebam-te amor e pasE Bentura no que aucansas23

Nossa Sinhora deu um lensuDe respeito ó Bom JesusEu cumpro igual centimentoNo carinho qu'aqui pus

Tu és rico, eu sou povrePouco tenho pra te darMesmo assim bordei-te um lençoQue te pessu, bás uzar!

Este lensu te ufressuNum digas que eu to deiPorque num tenho dinheiroE pensam qu'eu o tirei24

22 - na cinta da saia-cós

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Algumas quadras de Lenços dos Namorados

E “rezavam” assim

Bai17

AmorFelis buandoNo vico18 dum passarinho Bai amodo19 e cum caurma20

Num bás cair nu caminho A

Também esta quadra podia terminar com:

A – Num te percas no caminhoouA – Bé se num cais no caminhoouTem coidado Amorzinho

A jura que nós trucamosBirou fonte d'alegriaFeluresceu, deu reventusTemos tanto Amor na Bida

Estas coizas du AmorEstas sinas do AmorSom coizas cum tanta forsaQue ninguém save mudar

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Meu Amor precura serPeçoa hunesta e puraO gado de boua rêsTem sempre grande precura

Meu Amor, precura serUm home d'embregaduraAnimal do boa rêsTem sempre grande precura

Garda todo este AmorNum olhes á fremusoraSentimentos são da aurma21

A belesa pouco dura

Toma lá este lensinhoBordadinho a presseitoLeba dentro grande AmorMete-o dentro do teu peito

As augas do rio corrímDepressinha para o marMeu curasson pra ti correNum o queiras despresar

Bai, lensu, felis depreçabai le dezer que le queroTras me resposta das boasQue m'asseita assim ispero

Este lensinho de GandraIngauzinho òs de CerdalSigni�cam grandes amoresFalam d'amores sem igual

Asseita, meu Bem, asseitaEste amor sem condissõesSeremos munto felizesOube os nossos curações

Este lensu leba AmorMesturado com ÇaudadeAsseita a minha franquezaDe quem te quer cum Berdade

Este lensu, leba AmorMeu Amor, não digas NãoSe não me queres asseitarRebentas me o curassão

Este lensu branco a BuarIscrito cum tanto ferborLeba nas letras bordadasCarinho, Pas e Amor

À tua sinta22 meu Bem Pendura este lensu bordadoLeba-te, porque lo pessu,O Amor do teu Amado

Ai quem diga meu AmorDar lensus é separaçãoMais eu sei qu'assim não éNas coisas do curação

Este lensu, vranco e puroA bermeilho burdadinhoBai luvar, ó meu AmorUm avrassu e um beijinho

O vermeilho é cor de sangueO negro cor da paixãoBurdei açim este lensuPr'ofresser ó meu João

Meu Amor. Tem. Con�ançaNa. Promeça, Que te FisBrebemente. Hei-de . Ser. Tua.Chegando. Um Dia Feliz.

Este lensu te ofressuCum amor e gratidãoO teu lugar, meu AmigoÉ dentro do coração

Meu Amor bai pró BrasilEu tamem bou no baporGardada no coraçãoDaquele qu'é meu Amor

Este lensu eu VurdeiCum todo o meu FerborColoca-o ao pescossoPra seres o meu Amor

Num sei se terás outros lensusDados por outro AmorMas cum tanto centimentoNum o terás, não sinhor...

Amor, asseita este lensuVurdado com pombas mansasLebam-te amor e pasE Bentura no que aucansas23

Nossa Sinhora deu um lensuDe respeito ó Bom JesusEu cumpro igual centimentoNo carinho qu'aqui pus

Tu és rico, eu sou povrePouco tenho pra te darMesmo assim bordei-te um lençoQue te pessu, bás uzar!

Este lensu te ufressuNum digas que eu to deiPorque num tenho dinheiroE pensam qu'eu o tirei24

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Algumas quadras de Lenços dos Namorados

E “rezavam” assim

Bai17

AmorFelis buandoNo vico18 dum passarinho Bai amodo19 e cum caurma20

Num bás cair nu caminho A

Também esta quadra podia terminar com:

A – Num te percas no caminhoouA – Bé se num cais no caminhoouTem coidado Amorzinho

A jura que nós trucamosBirou fonte d'alegriaFeluresceu, deu reventusTemos tanto Amor na Bida

Estas coizas du AmorEstas sinas do AmorSom coizas cum tanta forsaQue ninguém save mudar

Meu Amor precura serPeçoa hunesta e puraO gado de boua rêsTem sempre grande precura

Meu Amor, precura serUm home d'embregaduraAnimal do boa rêsTem sempre grande precura

Garda todo este AmorNum olhes á fremusoraSentimentos são da aurma21

A belesa pouco dura

Toma lá este lensinhoBordadinho a presseitoLeba dentro grande AmorMete-o dentro do teu peito

As augas do rio corrímDepressinha para o marMeu curasson pra ti correNum o queiras despresar

Bai, lensu, felis depreçabai le dezer que le queroTras me resposta das boasQue m'asseita assim ispero

Este lensinho de GandraIngauzinho òs de CerdalSigni�cam grandes amoresFalam d'amores sem igual

Asseita, meu Bem, asseitaEste amor sem condissõesSeremos munto felizesOube os nossos curações

Este lensu leba AmorMesturado com ÇaudadeAsseita a minha franquezaDe quem te quer cum Berdade

Este lensu, leba AmorMeu Amor, não digas NãoSe não me queres asseitarRebentas me o curassão

Este lensu branco a BuarIscrito cum tanto ferborLeba nas letras bordadasCarinho, Pas e Amor

À tua sinta22 meu Bem Pendura este lensu bordadoLeba-te, porque lo pessu,O Amor do teu Amado

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Ai quem diga meu AmorDar lensus é separaçãoMais eu sei qu'assim não éNas coisas do curação

Este lensu, vranco e puroA bermeilho burdadinhoBai luvar, ó meu AmorUm avrassu e um beijinho

O vermeilho é cor de sangueO negro cor da paixãoBurdei açim este lensuPr'ofresser ó meu João

Meu Amor. Tem. Con�ançaNa. Promeça, Que te FisBrebemente. Hei-de . Ser. Tua.Chegando. Um Dia Feliz.

Este lensu te ofressuCum amor e gratidãoO teu lugar, meu AmigoÉ dentro do coração

Meu Amor bai pró BrasilEu tamem bou no baporGardada no coraçãoDaquele qu'é meu Amor

Este lensu eu VurdeiCum todo o meu FerborColoca-o ao pescossoPra seres o meu Amor

Num sei se terás outros lensusDados por outro AmorMas cum tanto centimentoNum o terás, não sinhor...

Amor, asseita este lensuVurdado com pombas mansasLebam-te amor e pasE Bentura no que aucansas23

Nossa Sinhora deu um lensuDe respeito ó Bom JesusEu cumpro igual centimentoNo carinho qu'aqui pus

Tu és rico, eu sou povrePouco tenho pra te darMesmo assim bordei-te um lençoQue te pessu, bás uzar!

Este lensu te ufressuNum digas que eu to deiPorque num tenho dinheiroE pensam qu'eu o tirei24

23 - naquilo que se pretendia

24 - tirei - roubei

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Sou felisborboletapousada no teuolharNão me deiches decá sair, o teucuração éo meu lugar

Estelençu temquatroenfeitese esta quadrapara te fazersaberO meu curaçãotem quatro cantostodos te chamãoe queremprender25

Desenhos da autora de 1955

Page 32: Os lenços dos namorados de valença

30

E virão mais e maisVamos descobri-las!...

Pra Valença, eu vurdeiUm lensinho case noboEm cada ponta um suspiroE no meio...eu te adoro

A siuva com seu areoNo caminho prende a roupaAssim tu me prendeste a mimCom uma forsa de ...louca

Valença aventurosaAmores do meu curaçonCheia de velhas muralhasFaz biber a tradição

O setru nasceu pró ReiE a crooa pró coroarTudo nasce cum destinoeu nassi “Pra t'amar”

Bai Amor, feliz buandoNas asas do corassãoBai beijar esta ValençaCheiinha de tradição

Toma lá esta lemvrançaE um raminho de �oresSe puderes leba-os a ValençaPra rebiber belhus Amores

O rio mai las muralhasiternos apaichonados Desserto, tamem trucaramUm lensu de namorados

Valença e o rio MinhoIternos apaixonadosGrabaram o seu grande AmorNum lensu de namorados

Já num teinho curaçonQue mu tirarum du peitoOnde eu tinha o coração Nasçeu – mum amor prufeito

Page 33: Os lenços dos namorados de valença

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E virão mais e maisVamos descobri-las!...

Pra Valença, eu vurdeiUm lensinho case noboEm cada ponta um suspiroE no meio...eu te adoro

A siuva com seu areoNo caminho prende a roupaAssim tu me prendeste a mimCom uma forsa de ...louca

Valença aventurosaAmores do meu curaçonCheia de velhas muralhasFaz biber a tradição

O setru nasceu pró ReiE a crooa pró coroarTudo nasce cum destinoeu nassi “Pra t'amar”

Bai Amor, feliz buandoNas asas do corassãoBai beijar esta ValençaCheiinha de tradição

Toma lá esta lemvrançaE um raminho de �oresSe puderes leba-os a ValençaPra rebiber belhus Amores

O rio mai las muralhasiternos apaichonados Desserto, tamem trucaramUm lensu de namorados

Valença e o rio MinhoIternos apaixonadosGrabaram o seu grande AmorNum lensu de namorados

Já num teinho curaçonQue mu tirarum du peitoOnde eu tinha o coração Nasçeu – mum amor prufeito

Page 34: Os lenços dos namorados de valença

32

Uns lenços tinham quadras, outros...mensagens que falavam de Amor!...

Ás vezes a “Quadra” era substituída por um pensamento ou apenas mensagem como a do escritor minhoto “Camilo Castelo Branco” que está escrita neste exemplar e diz:

“A rosa lá a lh'a deixei...Terei eu na terra quem...Uma �or me dê também!?...”

Ou esta, com raízes em Camões e que dizia:

Na Terra Amei-tee Tu...Alma Minha gentilTão cedo partiste!

No céu, recebe, este lenço de Amor. Envolvia um “bouquet” colocado na sepultura do seu Amor.

Page 35: Os lenços dos namorados de valença

33

Ás vezes os Amores não corriam bem!(Davam pró torto!...)

Meu amor, manda-mo lensuO lensu que te bordei!...Puzeste-me um “par de cornos”Num o negues. Eu bem sei

O lensu que tu me destesEra fraco e rasgou seO Amor que tu me tinhasEra pouco e...acabouce

O lensu que to me destesNem u dei nem o prediDeitei-o da ponte abaixoTamém te deitaba a ti

Havia muitos “namorados” que iam para o Brasil e “Américas” e na volta traziam anéis para as suas queridas. Mas, também acontecia haver “arrufos” e zangas.

O aneu que tu me destesNem o dei nem o bendiDeitei-o da ponte abaixoTamem te deitava a ti

O aneu que tu mandastes Era de bidro, cubrou-se26

O Amor qu'ele traziaEra pouco. Acabou-se

Havia também certas “exigências” do querido que “maressiam respostas” nem sempre muito “meiguinhas”!...

O meu Amorquer que eu tenha juízo e capacidadetenha ele que é mais velho Eu sou de me-nor idade!...

Meu Amor, num me precuresPro coizinhas qu'eu cá sei!Mandame aquele lensinhoO lençu qu'eu te burdei27

26 - partiu-se; quebrou-se

Page 36: Os lenços dos namorados de valença

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Ás vezes os Amores não corriam bem!(Davam pró torto!...)

Meu amor, manda-mo lensuO lensu que te bordei!...Puzeste-me um “par de cornos”Num o negues. Eu bem sei

O lensu que tu me destesEra fraco e rasgou seO Amor que tu me tinhasEra pouco e...acabouce

O lensu que to me destesNem u dei nem o prediDeitei-o da ponte abaixoTamém te deitaba a ti

Havia muitos “namorados” que iam para o Brasil e “Américas” e na volta traziam anéis para as suas queridas. Mas, também acontecia haver “arrufos” e zangas.

O aneu que tu me destesNem o dei nem o bendiDeitei-o da ponte abaixoTamem te deitava a ti

O aneu que tu mandastes Era de bidro, cubrou-se26

O Amor qu'ele traziaEra pouco. Acabou-se

Havia também certas “exigências” do querido que “maressiam respostas” nem sempre muito “meiguinhas”!...

O meu Amorquer que eu tenha juízo e capacidadetenha ele que é mais velho Eu sou de me-nor idade!...

Meu Amor, num me precuresPro coizinhas qu'eu cá sei!Mandame aquele lensinhoO lençu qu'eu te burdei27

27 - Quando os “namorados” se zangavam havia que devolver as prendas, mesmo as cartas trocadas entre si e sobretudo

os lenços

Page 37: Os lenços dos namorados de valença

35

Recolha de alguns Modelos de lenços (em ponto Cruz)

Transcrição das escritas

Exterior AM ORH ADE NA OS A AMI SAD EACE BAR CUA ND OES TAPO MBA BOA

(Amor, há-de a nossa amizade acabar quando esta pomba voar)

InteriorOT EULADOSATISFEITAPASSOANO UTEIUDIASOTUES U M E U E NCANTOAM I NHADOCE.ALEGRIA(Ao teu lado satisfeita / passo a noite e o dia/ só tu és o meu encanto/ a minha doce alegria)

ANNO 1911 AMOR

Page 38: Os lenços dos namorados de valença

36

Transcrição das escritas

E INHORDAMINHA AL.O A . M.R.NHIOR AEI. STPMTS ARM

(Só tu es u meu entanto a / minha doce alegria ot/ Eu lado satisfeita passa a / noute e o dia em p.)

Transcrição das escritasExterior:

Adeus craboAdeus �orAdeus anjoAdeus amor

Interior:

Maria dasSincoXagas de Jesus

Page 39: Os lenços dos namorados de valença

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Transcrição das escritas

Interior:

VAILENÇO AVENTUTOSOAS MAOS DO MEU DOCE BEMEU CA FICO SUSPIRANDOPOR NÃO PODER IR TAMBÉM

Exterior:

SOU AMANTE SEI DE QUEM SEREI MAIS SE FOR POSSIVELPOIS SÓ TEU SEREI MEU BEMSOU AFAVEL SOU SENSIVEL

Material Utilizado:pano de cambraia de linho, linhas de bordar de cor vermelha e preta, lantejoulas

Transcrição das escritas

A ROSAPE LOUMANOELISTA SE EMPRESUSPIRAR

(A Rosa pelo Manuel está sempre a suspirar)

Page 40: Os lenços dos namorados de valença

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Transcrição das escritas

q UATRAPONTAS TEM OLENCOqUATRORAMOSFLLORIDOSLANO MEIO ADEACHARNOSSOCORACOESU.

(Quatro pontas tem o lenço / quatro ramos �oridos/lá no meio há-de achar/ nossos corações u. (unidos))

Transcrição das escritas

ABRE.ULENÇO.I.BERASqUATRO.R.AMOS.FELOR.IDOSNO MEIU.DELE.BER.ASNO.S.SO.qURACOIS.UNIDOS

(Abre o lenço e verás / quatro ramos �oridos/no meio dele verás/nossos corações unidos)

Page 41: Os lenços dos namorados de valença

39

Transcrição das escritas

A.M.

Transcrição das escritas

Assim como neste lençoOs �os unidos estãoAssim esteja minha almaUnida ao teu coração

1912

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40

Transcrição das escritas

Exterior:NSADJAMURJJRMELENBRA

Interior:AMIZADE.LEBRE.DEROSA.PARENTABORLIDAANU.d19010

Transcrição das escritas

Exterior:Adeus craboAdeus �orAdeus anjoAdeus amor

Interior:Maria dassincoXagas de Jesus

Page 43: Os lenços dos namorados de valença

41

Transcrição das escritas

IAVAILENÇODAMINHAMAO.VAICORRERAFREGUESIA VAIDAREMFORMACOES DAMINHASABEDOR

(Vai lenço da minha mão/Vai correr a freguesia/ Vai dar a informação/Da minha sabedoria)

1918

Transcrição das escritas

...para lisboa te mandeiUm jencinho quasi novoEm cada ponta seu suspirono meio dos ais que eu morro...

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42

Transcrição das escritas

MEU AMOR TEM CONFIANCONA PROMECA QUE TE FISBREBEMENTE HEIDE SER TUACHEGANDO UM DIA FELIS

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