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3 História •• Edson Xavier Ubirajara de F. Prestes Filho Professor

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SUMÁRIO

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MÓDULO 11

A Europa na Baixa Idade Média . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1. A crise do mundo feudal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2. Expedições em nome da cruz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

3. O comércio renasce em importância . . . . . . . . . . . . . 4

4. As cidades renascem em importância . . . . . . . . . . . . 5

Agora é a sua vez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

De olho no vestibular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

MÓDULO 12

Origens da Europa Moderna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1. A burguesia promove mudanças . . . . . . . . . . . . . . . 11

2. Contexto e fatores da centralização política . . . . 11

3. Formação do Reino de Portugual . . . . . . . . . . . . . . . 12

4. Formação do Reino da Espanha . . . . . . . . . . . . . . . . 13

5. Formação do Reino da França . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

6. Formação do Reino da Inglaterra . . . . . . . . . . . . . . . 14

7. Expansão portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

8. Reavaliando os “descobrimentos” . . . . . . . . . . . . . . . 17

9. Navegações espanholas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

10. Expansões inglesa, francesa e holandesa . . . . . . . 18

11. Principais consequências da expansão

marítima europeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Agora é a sua vez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

De olho no vestibular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

MÓDULO 13

Diversidade cultural na América indígena . . . . . . . . . . 25

1. Definição de índio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2. Antigas culturas pré-colombianas . . . . . . . . . . . . . . . 25

3. Os maias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

4. Os astecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

5. Os incas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28

Agora é a sua vez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

De olho no vestibular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

MÓDULO 14

Sociedades africanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

1. A “África” dos colonizadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2. Diferentes formas de organização social

e política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3. Principais reinos antigos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4. Principais reinos e cidades-Estados a partir

do IV século . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

5. Aspectos sociais dos povos da África Atlântica . . . 39

6. Aspectos religiosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

Agora é a sua vez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

De olho no vestibular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

MÓDULO 15

Renascimento cultural e Reforma Protestante . . . . . 43

1. A Antiguidade Clássica revalorizada . . . . . . . . . . . . 43

2. Características do renascimento cultural . . . . . . . . 43

3. O pioneirismo italiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4. A difusão do Renascimento pela Europa . . . . . . . . 46

5. O renascimento científico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

6. Contexto histórico da Reforma Protestante . . . . . 47

7. A Igreja durante a Baixa Idade Média . . . . . . . . . . . 47

8. Martinho Lutero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

9. João Calvino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

10. Henrique VIII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

11. A Igreja Católica reage . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Agora é a sua vez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

De olho no vestibular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

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11 A Europa na Baixa Idade Média

1. A CRISE DO MUNDO FEUDAL

O feudalismo fundamentou-se em quatro pilares principais: política descentralizada, economia de subsistência, sociedade estamental e cultura teo-

cêntrica. Qualquer mudança em um desses quatro funda-mentos afetaria os outros e, consequentemente, conduziria o feudalismo a grandes transformações.

A partir da Baixa Idade Média (séculos XI a XV), mudan-ças estruturais atingiram a Europa Ocidental, provocando uma irreversível desestabilização do feudalismo. A quanti-dade de terras disponíveis, fundamental à manutenção do sistema feudal, não mais atendia às suas necessidades, pois o crescimento demográfico exigia mais terras utilizáveis. Entender as razões desse crescimento é o primeiro passo para compreender a crise.

Em primeiro lugar, destacamos uma redução consi-derável das invasões ocorridas na Europa Ocidental até o início do século XI, resultado provável do fortalecimento das alianças senhoriais nas áreas fronteiriças do sistema feudal. Um segundo fator a ser considerado é a melhoria dos hábitos de higiene que, durante a Baixa Idade Média, estavam muito distantes do que consideramos atualmen-te aceitável.

Ainda outro fator para o crescimento da população foi a melhoria nas técnicas agrícolas, como a invenção do arado de ferro. Esse novo equipamento, muito mais resistente do que o anterior, que era de madeira, permitia um trabalho contínuo com necessidade mínima de manutenção. O início do uso da roda-d’água liberava para o campo animais que até então eram usados nos moinhos como força motriz, disponibilizando-os em maior número para a preparação da terra.

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A substituição do arado de madeira pelo de ferro foi uma das inovações que contribuíram para a expansão demográfica europeia no fim da Idade Média.

O crescimento demográfico gerou novas necessidades alimentícias, de moradia, vestuário e defesa, entre outras. Essas novas exigências provocaram crises menores que, somadas, caracterizaram a grande crise do feudalismo.

Servos começaram a ser expulsos dos feudos pelos motivos mais insignificantes. Filhos mais novos dos se-nhores feudais, não alcançando a vassalagem nem em relação ao seu irmão mais velho, entravam para o clero ou passavam a “vender” sua habilidade militar. De qual-quer forma, uns e outros passavam a viver à margem da sociedade feudal.

2. EXPEDIÇÕES EM NOME DA CRUZ

O movimento das cruzadas pode ser analisado sob dois aspectos: o teórico e o prático. A análise teórica é feita a partir da visão que a igreja medieval procurou atribuir à iniciativa cruzadista. A análise prática, por sua vez, toma por base a crise no feudalismo e as implicações práticas que as cruzadas trouxeram. A descrição a seguir será feita levando em consideração esses dois pontos de vista.

Muito se pode discutir a respeito da ideia de “guerra santa” e da visão do “outro” como sendo um “infiel”. A mes-ma ideia foi utilizada durante a expansão árabe, ocorrida a partir do VIII século, quando se fez a “guerra santa” muçul-mana, também em nome de Deus e contra aqueles que os muçulmanos consideravam “infiéis”. Ainda hoje essas ideias são utilizadas tanto por cristãos quanto por muçulmanos para justificar as ações de uns contra os outros.

A expansão árabe ocorrida durante a Alta Idade Média abalou fortemente o mundo cristão. Não só através do domínio muçulmano exercido sobre terras consideradas sagradas para os cristãos no Oriente Médio, mas também sobre terras do mundo ocidental que passaram ao domí-nio árabe, como boa parte da Península Ibérica. Somava-se

As cruzadas foram expedições de caráter mili-tar, realizadas por europeus ocidentais, em nome da cruz de Cristo, objetivando libertar a Terra Santa das mãos dos infiéis. Para a cristandade europeia, os muçulmanos eram vistos como “infiéis” que estavam na região considerada sagrada desde a expansão islâmica, ocorrida no VIII século. Portan-to, seria uma “guerra santa” contra aqueles que, na perspectiva cristã europeia, não serviam a Deus da forma considerada correta.

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aos objetivos dos cruzados recuperar a liberdade da nave-gação cristã no Mediterrâneo, que sofria severas restrições pelos árabes.

A justificativa da igreja medieval, no entanto, procurou se sustentar na teoria de que era necessário um esforço cristão que pudesse desobstruir o acesso à Terra Santa. Para isso, a cristandade deveria se organizar empreenden-do ações militares que seriam recompensadas, segundo a Igreja, com o perdão de pecados e com a salvação.

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Ilustração medieval da captura de Jerusalém durante a primeira cruzada, 1099. As cruzadas (oito ao todo) ocorreram entre os séculos XI e XIII, com a justificativa de uma reconquista cristã do acesso à Terra Santa. Porém, de fato, objetivavam não somente recuperar o acesso comercial ao Oriente pelo Mediterrâneo, mas também recuperar terras europeias sob domínio árabe.

Lisboa

Toulouse

Clermont

Paris

MarMediterrâneo

Oceano Atlântico

Mar Negro

MetzRatisbon

VienaLion

GênovaPisaRoma

Brindisi Durazzo

LimasolCandia

ConstantinoplaNiceia

Manzikert

Edessa

Antioquia

TrípoliDamasco

AcreJerusalém

MansuraAlexandria Damietta

Zara

Cagliari

PalermoTúnis

TarantoOtranto

Marselha

N

S

O L

As cruzadas

Primeira cruzada (1096-1099) Segunda cruzada (1147-1149) Terceira cruzada (1189-1192) Quarta cruzada (1202-1204)

Cruzada de Frederico II (1228-1229) Cruzada de Luís IX (1248-1254 e 1270) Reinos cruzados no Oriente

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A classe clerical analisava a grave situação na qual a Europa se encontrava. A falta de terras no Ocidente poderia ser suprida pelas terras do Oriente. Novos contatos comerciais trariam uma alternativa econômica àqueles que não mais podiam depender da terra. Com as necessidades práticas em mente e com a justificativa teórica no discurso, organizaram-se as oito principais expedições.

As expedições iniciaram-se a partir do Concílio de Clermont, ocorrido no ano de 1095, quando o papa Urbano II convocou as cruzadas. A primeira delas ocorreu entre os anos de 1096 e 1099, sendo realizada por vários

nobres, que conseguiram reconquistar a cidade de Jerusalém, estabelecendo reinos cristãos na região. Entretanto, perderam novamente a grande maio-ria desses reinos para os árabes, in-cluindo a própria Jerusalém.

A segunda cruzada foi realizada entre os anos de 1147 e 1149, dirigida por nobres alemães e franceses, que se desentenderam e, enfraquecendo-se, foram derrotados sem conseguir reto-mar a cidade.

A terceira cruzada se deu entre 1189 e 1192, como uma reação aos ataques realizados pelo sultão Saladino. Chama-da cruzada dos reis, foi organizada por Ricardo Coração de Leão, rei da In-glaterra, Filipe Augusto, rei da França, e Frederico Barbarossa, rei do Sacro Império Romano-Germânico. A campa-nha obteve algumas vitórias. Os cruza-dos conseguiram autorização para que os cristãos peregrinassem até a Terra Santa, mas também não conseguiram libertar Jerusalém.

Dentre o grupo das cruzadas menos impor-tantes, destaca-se a cruzada das crianças, con-siderada uma lenda por alguns estudiosos. Teria ocorrido entre 1217 e 1221. Segundo uma das interpretações, reunia uma grande quantidade de jovens que, de acordo com seus realizadores, tinha o coração puro devido à pouca idade. Portanto, no imaginário cristão medieval, seriam abençoados por Deus na tarefa de atingir o grande objetivo. De qualquer modo, não chegaram a Jerusalém e acabaram sendo vendidos como escravos no Egito.

Um controverso movimento cruzadista foi a chamada cruzada dos mendigos. Realizada an-tes mesmo da primeira cruzada e formada por elementos das baixas classes sociais, partiu em direção ao Oriente. Contudo, totalmente despre-parada, desarmada, sem provisões e desorientada, fracassou completamente sem alcançar seu obje-tivo e sem retornar ao local de origem.

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A quarta cruzada ocorreu entre 1202 e 1204, realizada com a participação de grande número de comerciantes venezianos. Foi chamada por alguns historiadores de cruzada dos comerciantes. Promoveu o saque de alguns portos a leste do Mediterrâneo e da própria cidade de Constantinopla, mas não chegou até Jerusalém. No entanto, satisfez a maioria de seus patrocinadores.

Principais consequências das cruzadas

Militarmente, no sentido de libertar a Terra Santa, ou ao menos a cidade de Jerusalém, o movimento das cruzadas fracassou. O máxi-mo alcançado foi a momentânea libertação de Jerusalém durante a primeira cruzada. Com a cidade retomada pelo sultão Saladino, essa ex-pedição se juntou a todas as outras, não alcançando seus objetivos militares.

Em relação ao sentido prático das cruzadas, ou seja, superar a crise vivenciada pelo sistema feudal, o resultado foi paradoxal. Novas relações comerciais foram estabeleci-das e as existentes foram incrementadas. Terras foram to-madas, e feudos controlados por nobres ocidentais foram estabelecidos no Oriente.

3. O COMÉRCIO RENASCE EM IMPORTÂNCIA

Aqueles que não mais encontravam espaço dentro do feudalismo passaram a procurar um novo modo de vida que não os mantivessem presos à terra. Muitos começaram a fabricar, de forma artesanal, alguma coisa que pudesse ser trocada por elementos necessários à subsistência, deixando, assim, a atividade agrícola e voltando-se para as atividades comerciais.

Essa nascente classe social foi denominada burguesia. Podemos afirmar que quase todas as transformações ocorridas durante a passagem do mundo medieval para o moderno resultaram das ações burguesas.

Com relações baseadas inicialmente em simples tro-cas, promoveram o renascimento de atividades comer-ciais realizadas por meio do uso de moedas. Isso conduziu ao fortalecimento do comércio, que lentamente se torna-va o centro da economia europeia. De itinerantes, essas atividades começaram a se centralizar em cruzamentos de rotas de viagem, ao redor dos antigos castelos e em antigas cidades que voltavam à sua importância original.

A principal consequência das cruzadas foi a reabertura do Mar Mediterrâneo para a nave-gação comercial, cristã, europeia, ocidental. Do-minadas pelos árabes desde o VIII século, as rotas marítimo-comerciais mediterrâneas recuperadas tornaram-se grande fator de estímulo ao desen-volvimento comercial da Europa Ocidental.

Nessa fase, surgiram as feiras medievais, nas quais produtores e comerciantes se encontravam para reali-zar seus negócios. Duas áreas se destacaram como im-portantes centros comerciais europeus no Ocidente: Flandres, localizada ao norte da Europa, e as cidades de Gênova e Veneza, no sul europeu, ao norte da Itália. As cidades italianas se tornaram pontos de ligação entre a Europa Ocidental e o Oriente. Encontrava-se ali todo tipo de especiarias orientais, de onde se distribuíam pela Europa.

A região de Flandres se destacou pela manufatura de tecidos, que também eram vendidos por toda a Europa. Várias rotas se formaram ligando esses centros comerciais europeus. Por terra, destacava-se a Rota de Champanhe. Pelo mar, o predomínio era das rotas do Mar do Norte e do Mar Báltico. A Rota de Champanhe, ao se notabilizar por sua grande utilização, acabou atraindo bandidos que assaltavam os comerciantes que por ela viajavam. Esse foi um dos fatores que facilitou o surgimento de pessoas e organizações que ofereciam proteção ao dinheiro dos comerciantes.

A igreja medieval condenava a usura, ou seja, o lucro, argumentando que o tempo era propriedade divina e não poderia ser comercializado pelos homens. No entanto, juros eram cobrados pelo período em que o dinheiro era utilizado. Diante disso, a maioria dos cambistas (mais

Os cambistas se dedicavam não somente à troca das várias moedas existentes, mas principal-mente à sua proteção. O comerciante depositava certa quantia em moedas sob a responsabilidade de um cambista, recebendo dele um documento que garantia o depósito. Com o documento-com-provante, o comerciante poderia sacar o dinheiro com o próprio cambista ou com seu sócio em ou-tras cidades. Esses papéis eram conhecidos como letras de câmbio e tinham a função de manter o dinheiro seguro.

Veneza

TrípoliGênova

Lisboa

CeutaTúnisAlexandria

ÁFRICA

EUROPA

ÁSIADamascoBagdá

Oceano Índico

Oceano

Atlântico

MarNegro

MarBáltico

Pequim

Cantão

Calicute

MarMediterrâneo

Oceano

PacíficoN

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A Rota de Champanhe

Rota das especiarias e produtos de luxo até o início do século XV

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tarde, banqueiros) não professava a fé cristã. Geralmente, eram judeus ou árabes. Logo, estavam desobrigados das restrições católicas.

Os comerciantes se organizavam em associações conhecidas como guildas, que visavam à proteção dos interesses de todos os seus membros. Portanto, a admissão de mais associados deveria ser feita somente após a verificação do aumento da demanda de produtos. Isso evitava a concorrência, mantendo os ganhos distribuídos equilibradamente entre os seus participantes.

Havia grandes associações comerciais, chamadas de hansas, que chegavam a incluir várias cidades. A mais importante de todas elas chegou a ter mais de 80 cidades associadas, formando a Liga Hanseática. A cidade que liderava era Lubeck, na região de Flandres.

4. AS CIDADES RENASCEM EM IMPORTÂNCIA

Os locais escolhidos pelos burgueses para habitação geralmente estavam localizados próximos aos castelos, às vilas e aos entroncamentos de rotas de viagem. Tais lugares passaram a ser chamados de burgos. O crescimento dos burgos deu origem a várias cidades durante o período da Baixa Idade Média. Podemos afirmar, portanto, que, na maioria dos casos, o renascimento da cidade como centro da vida europeia está intimamente relacionado às suas atividades comerciais.

No entanto, não foi esse o único fator gerador da re-valorização do ambiente urbano. Num grau de importân-cia muito menor, porém ainda significativo, cidades que já existiam durante a Idade Média, mas que não exerciam grande influência na vida medieval, passaram a se tornar centros de influência. Nobres com uma visão mais pro-gressista mudaram-se para essas cidades sem se desfazer de suas terras, vendo nelas a promessa de grande cresci-mento futuro.

Cada burgo que se transformava em cidade teria que lidar com a questão da dependência em relação a um no-bre. Então, os burgueses habitantes dessas cidades tinham que negociar com o senhor feudal a liberdade da área ur-bana. A autonomia pretendida facilitaria a organização po-lítica e econômica desses nascentes centros urbanos.

Bruges

LagnyTroyes Barsur-Aube

Provins

CHAMPANHE

OceanoAtlântico

Mar Mediterrâneo

Mar doNorte

MarBáltico

AntuérpiaLübeck

FLANDRES

Flandres, Champanhe e a Liga Hanseática

Extensão da Liga Hanseática

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Vista de uma das entradas da cidade de Toledo, na Espanha. Assim como diversas cidades europeias, a arquitetura medieval é preservada.

A liberdade dessas cidades poderia ser adquirida de algumas formas. Uma delas era por meio de uma carta de franquia, negociada entre os burgueses e o senhor feudal, em que este último recebia dinheiro dos primeiros, ficando estabelecida a “compra negociada” da autonomia. Os senhores que assim faziam eram considerados progressistas e mantinham um relacionamento amigável com os moradores da cidade.

Por outro lado, existiam aqueles senhores feudais que mantinham a ideia de que a posse da terra era a base de seu poder político e que, portanto, teriam sua influência diminuída se perdessem qualquer parte de suas terras. Eles não negociavam cartas de franquias, restando aos burgueses o uso da força como meio de alcançarem a tão almejada autonomia.

As cidades que alcançavam a sua liberdade por meio do conflito armado eram chamadas de cidades comunas. Aquelas que conseguiam sua autonomia por meio da compra de uma carta de franquia ficaram conhecidas como cidades francas.

Sam

San

toyo

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Em cada cidade era característica a existência de oficinas, onde se exerciam os mais variados tipos de trabalho artesanal. Cada oficina esta-va organizada da seguinte forma: o mestre, que ocupava a parte mais importante dentro de uma oficina, era o dono do local e das ferramentas. Abaixo do mestre, encontravam-se os oficiais ou jornaleiros. Eram chamados de oficiais porque conheciam o ofício ali desenvolvido mas, por não serem proprietários, trabalhavam por jornada de trabalho, daí a expressão “jornaleiros”.

Na base desse esquema estavam os aprendi-zes. Em geral, eram meninos aparentados do mes-tre, que passavam anos auxiliando nos trabalhos. Em troca, recebiam o aprendizado do ofício, mo-radia e alimentação. Se houvesse aumento de de-manda, era possível um aprendiz se tornar oficial ou jornaleiro. Com a autorização da corporação de ofício equivalente, o aprendiz poderia se tornar um mestre.

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Da mesma forma que existiam as associações que prote-giam os interesses dos comerciantes, como as guildas ou as hansas, existiam também aquelas que protegiam os produ-tores, ou seja, os artesãos. Eram chamadas de corporações de ofício, as quais reuniam em uma mesma associação to-dos aqueles que exerciam um determinado ofício, indepen-dentemente de serem mestres, oficiais ou aprendizes.

Nas cidades, as diferenças socioeconômicas logo levaram à divisão das classes que se formavam. Dentre os membros da burguesia, os mais ricos formavam a alta burguesia, que dava origem à aristocracia, detentora do poder político. Em quase toda cidade da Baixa Idade Média era possível encontrar um prefeito que, assessorado por uma assembleia representada por magistrados, conduzia a “coisa pública”.

O planejamento urbano era quase inexistente. As cidades cresciam desordenadamente. Sistemas de água e esgotos eram muito raros. Não havia um sistema de limpeza público, atividade que era res-ponsabilidade dos próprios moradores. Estudos es-pecíficos demonstram que, muitas vezes, a rua era o local onde se despejavam as necessidades huma-nas, o que produzia um cheiro muito desagradável.

As ruas eram estreitas e sinuosas, seguindo as ne-cessidades do momento em que eram traçadas.Muito tempo decorreu até que os habitantes das cidades percebessem a utilidade do planejamento urbano. Porém, até que se atingissem as melhorias com as quais estamos acostumados, muitas dificul-dades, epidemias e vulnerabilidades assolaram os centros urbanos enquanto cresciam.

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Carcassone, típica cidade medieval, localizada no sul da França. Com o fim do período feudal, as cidades europeias tiveram um desenvolvimento desorganizado além de seus muros.

Texto complementar

O pequeno texto a seguir foi escrito pela historiadora Elaine Senise Barbosa e trata da forma como diferentes tradições culturais e religiosas podem construir imagens preconceituosas sobre o outro, aquele que é diferente. O argumento da autora é que, durante as cruzadas, cristãos formaram uma imagem extremamente negativa dos muçulmanos. Após a leitura, discuta com seus colegas o problema do preconceito em nossos dias.

A invenção do outro

Identificar é discriminar! O processo mental que leva os seres humanos ao conhecimento baseia-se num

procedimento de classificação: nomeamos as coisas após definirmos suas características; agrupamo-las com outras coisas que já conhecemos e que nos parecem semelhantes, ou as discriminamos criando novos con-ceitos classificatórios. Quando afirmamos que determi-nado ente é uma coisa, estamos concluindo que ele não é muitas coisas. É nesse sentido que a cultura cria entre os homens laços de identidade ou de diferenciação.

A religião se constitui numa substância preciosa para forjar a identidade entre sociedade e espaço geo- gráfico. Por abranger uma área muito mais ampla que a ocupada por um único povo, a religião tem sido o ali-cerce na formação das civilizações, que englobam inú-meros povos com características muito diversas entre si. Esse processo de longuíssima duração não é facilmente percebido pelas pessoas que o vivenciam, mas pode ser

captado pelo observador exterior que, estudando even-tos já concluídos, é capaz de fazer uma análise em pers-pectiva e destacar as constantes histórias, sem se perder em detalhes conjunturais.

Essa visão em perspectiva nos mostra que, por partilha-rem de uma mesma base cristã, os europeus ocidentais e orientais mantêm entre si, até hoje, uma relação oscilante – ora são os “cismáticos”, os “heréticos”, como durante a Guerra Fria; ora são os parceiros privilegiados, como na Segunda Guerra. Do outro lado do Mediterrâneo, aqueles que estão identificados ao Islã – árabes, iranianos, norte- africanos e turcos – continuam a ser vistos como “infiéis”, inimigos potenciais com os quais se estabelecem perío-dos de convívio ditados por necessidades práticas, mais do que pelo respeito às legítimas diferenças entre os povos.

BARBOSA, Elaine Senise. A encruzilhada das civilizações: católicos, ortodoxos e muçulmanos no Velho Mundo.

São Paulo: Moderna, 1997. p. 69-71.

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| | | | Agora é a sua vez | | | | 1. Descreva a seguir duas mudanças ocorridas durante a

Baixa Idade Média e explique como elas colaboraram para a crise feudal.

O aluno poderá escolher entre a redução das invasões,

a melhoria entre os hábitos de higiene e a melhoria

das técnicas agrícolas, entre outras. Cada uma dessas

mudanças colaborou para o crescimento demográfico

europeu durante a Baixa Idade Média, o que levou à falta

de terras. Em um mundo onde a terra era a principal fonte

de poder e sustento, sua falta tornou o sistema inviável.

2. Estabeleça a ligação entre as consequências das cruzadas e o renascimento comercial.

Dentre as principais consequências das cruzadas, a reabertura

do Mar Mediterrâneo à navegação comercial, cristã, europeia e

ocidental foi a mais significativa. A despeito de não terem

retomado o controle da cidade de Jerusalém, os cruzados

enfraqueceram o poder árabe, adquirindo o direito de estabelecer

rotas comerciais marítimas no Mediterrâneo. Essas novas

condições fortaleceram muito as relações comerciais entre

Ocidente e Oriente. Navios genoveses e venezianos, entre outros,

buscavam especiarias orientais em Constantinopla e distribuíam

suas mercadorias por toda a Europa. Desse modo, o comércio

europeu se desenvolveu significativamente, resultando no

fenômeno que veio a ser conhecido como renascimento comercial.

3. Segundo o pensador alemão Max Weber (1864-1920), nas cidades medievais do centro e do norte da Europa, teria surgido o seguinte ditado: “O ar da cidade liberta”. Weber comenta ainda que a “quebra do direito senhorial” foi a “inovação revolucionária” dessas cidades. De acordo com o que foi estudado, responda às questões a seguir:

a) Quem o ar da cidade liberta? Do quê?

De acordo com o que foi visto, quem se libertava era

o habitante da cidade, geralmente um burguês, que não mais

estava ligado aos laços de dominação senhorial. Não era como

os camponeses ou servos que permaneciam ligados ao seu

senhor, por estarem “presos” à terra.

Nas cidades, o burguês era livre para, entre outras

possibilidades, mudar de uma cidade para outra.

b) Por que a maioria dos burgueses buscou a “quebra do direito senhorial”?

Porque a vida daqueles que dependiam diretamente dos

senhores era, na maioria dos casos, muito difícil. De maneira

geral, essas pessoas – camponeses ou servos – estavam presas à

terra do senhor, que lhes impunha as “obrigações feudais”, tais

como a corveia, a talha e as banalidades. Soma-se a isso a

impossibilidade de os burgueses manterem suas atividades

comerciais diante das obrigações feudais.

4. Em uma oficina medieval, era possível encontrar no mínimo três tipos de trabalhadores: o mestre, dono da oficina e das ferramentas, era o mais experiente de todos, pois conhecia o ofício há mais tempo e dominava a habilidade da produção; os oficiais ou jornaleiros, trabalhadores assalariados, eram conhecedores do ofício, porém, eram empregados; os aprendizes, que eram os ajudantes, ainda tinham pouca experiência, e seu trabalho era recompensado com o aprendizado do ofício. Com o passar do tempo, a experiência poderia conduzir o aprendiz a oficial. Como oficial, esse trabalhador poderia guardar parte do seu salário e, futuramente, comprar ferramentas e instalar uma oficina, tornando-se, assim, mestre.

Quando comparamos as possibilidades econômicas e sociais do texto acima com a economia e sociedade feudal, percebemos que as diferenças são marcantes. Destaque a seguir dois aspectos que exemplificam essas diferenças.

Entre os aspectos mais marcantes que diferenciam

os dois modos de vida citados, destacamos: 1) o tipo

de trabalho exercido: o feudal, essencialmente ligado à

terra, e o da oficina medieval, primariamente urbano; 2) a

produção feudal é voltada à agricultura e à subsistência;

já nas oficinas eram produzidas manufaturas voltadas

ao comércio; 3) na sociedade feudal, a ascensão social

era virtualmente inexistente, baseada nos laços de

parentesco, e nas cidades medievais um trabalhador

poderia ascender economicamente (Como vimos,

era possível um aprendiz se tornar um mestre.

Na realidade, todo mestre primeiramente foi aprendiz.).

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5. (Enem-MEC)

O testemunho de Agnolo di Tura, um sobrevivente da peste negra que assolou a Europa durante parte do século XIV, sugere que

a) o flagelo da peste negra foi associado ao fim dos tempos.

b) a Igreja buscou conter o medo, disseminando o saber médico.

c) a impressão causada pelo número de mortos não foi tão forte, porque as vítimas eram poucas e identificáveis.

d) houve substancial queda demográfica na Europa no período anterior à peste.

e) o drama vivido pelos sobreviventes era causado pelo fato de os cadáveres não serem enterrados.

6. Responda às perguntas a seguir, de acordo com o texto complementar “A invenção do outro”, p. 6.

a) O texto se inicia com a seguinte afirmação: “Identifi-car é discriminar”. Uma leitura atenta do texto permite

A peste negra dizimou boa parte da população eu-ropeia, com efeitos sobre o crescimento das cidades. O conhecimento médico da época não foi suficiente para conter a epidemia. Na cidade de Siena, Agnolo di Tura escreveu: “As pessoas morriam às centenas, de dia e de noite, e todas eram jogadas em fossas cober-tas com terra e, assim que essas fossas ficavam cheias, cavavam-se mais. E eu enterrei meus cinco filhos com minhas próprias mãos [...] E morreram tantos que to-dos achavam que era o fim do mundo.”

Adaptado de: TURA, Agnolo di. The plague in Siena: an italian chronicle. In: BOWSKY, William M. The black death: a turning

point in history? New York: HRW, 1971.

compreender como a autora justifica essa afirmação. Procure no dicionário algumas definições possíveis para as palavras “identificar” e “discriminar” e, com a ajuda do texto e do que foi encontrado, elabore uma frase que explique porque identificar é discriminar.

Resposta pessoal

Perceba na resposta do aluno se ele compreendeu não

apenas os significados específicos de cada palavra, mas,

principalmente, o sentido que elas transmitem quando

inseridas no referido texto.

b) O texto também afirma que “aqueles que estão iden-tificados ao Islã” ainda hoje são vistos como “infiéis”. No entanto, no mundo islâmico, muitas vezes aqueles que são identificados ao cristianismo ocidental tam-bém são chamados ou vistos dessa forma. Baseado no que foi estudado a respeito das cruzadas e na dis-cussão que o texto complementar propôs, explique o significado da expressão “infiel”.

Nesse caso, “infiel” é aquele que não se identifica com a

crença de um grupo ou com o que tal grupo entende ser

correto, “fiel”. Portanto, para o cristão, o islâmico, que não

vive de acordo com os preceitos cristãos, é infiel.

Do mesmo modo, sob a ótica do islâmico, é caracterizado

o cristão, que não vive de acordo com os ensinamentos

de Maomé.

| | | | De olho no vestibular | | | |

1. (UFC-CE) No século XIII, um teólogo assim condenava a prática da usura:

a) O que é usura?

Usura é a prática de emprestar

dinheiro com a cobrança de juros.

b) Por que a Igreja medieval conde-nava a usura?

Porque a Igreja considerava o tempo

como criação de Deus; consequentemente,

seu uso para obtenção de lucro era

considerado imoral.

c) Relacione a prática da usura com o desenvolvimento do capitalis-mo no fim da Idade Média.

Na Baixa Idade Média houve uma

crescente circulação da moeda, que

provocou a expansão das práticas

usurárias, já que se tornou frequente

recorrer a empréstimos para realizar

alguma atividade lucrativa. Essas

atividades foram fundamentais no

desenvolvimento do capitalismo.

O usurário quer adquirir um lucro sem nenhum trabalho e até dormindo, o que vai contra a Palavra de Deus que diz: “Come-rás teu pão com o suor do teu rosto”. Assim, o usurário não ven-de a seu devedor nada que lhe pertença, mas apenas o tempo, que pertence a Deus. Disso não deve tirar nenhum proveito.

Adaptado de: LE GOFF, J. A bolsa e a vida. São Paulo: Brasiliense, 1989.

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2. (FGV-SP)

O texto traz alguns elementos da chamada “crise do século XIV”, sobre a qual é correto afirmar que:

a) resultou da discrepância entre o aumento da produtividade nos do-mínios senhoriais desde o século XI e o recuo da produção urbana de manufaturas.

b) foi decorrência direta da peste negra, que assolou o norte da Eu-ropa durante todo o século XIV, e fez com que os salários fossem fixados em níveis muito baixos.

c) resultou do recrudescimento das obrigações feudais, que gerou a concentração da produção de trigo e cevada nas mãos de pou-cos senhores feudais da França.

d) foi deflagrada, após as inúmeras revoltas operárias, no campo e na cidade, que quebraram com a lon-ga estabilidade do mundo feudal europeu.

e) teve ligação com as estruturas feu-dais que impediam que a produção crescesse no mesmo ritmo do cres-cimento da população em certas regiões da Europa.

3. (UFPA)

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Rio

Muro

Planta da cidade de Bruges. Braun e Hogemberg, 1572.

No século XVI, quando foi dese-nhada a planta de Bruges, a cidade fortificada ainda preservava antigas características medievais. A icono-grafia, portanto, revela uma cidade medieval:

a) fortificada como um feudo, estabelecido sob o comando dos antigos suseranos belgas, constituído pelo castelo central e pelas residências dos servos medievais.

b) murada e circundada por rios e pontes que facilitavam o esta-belecimento do comércio emer-gente no fim da Idade Média.

c) com muros demarcadores do ter-ritório urbano – modo diferencia-dor do espaço rural ocupado por camponeses pobres e também por comerciantes rurais.

d) circundada pelos muros medie-vais, que dificultavam o cresci-mento populacional e social, conforme modelo do capitalismo emergente durante o período fi-nal da Idade Média.

e) fechada entre rios e muros altos, que serviam para a proteção e se-gurança dos mercadores diante das invasões mouras e daquelas organizadas pelos escravos fugiti-vos do poder feudal

4. (PUC-SP)

Os três versos são do século XII e re-produzem a fala de um rei na sagra-ção de um cavaleiro. Eles sugerem:

a) o caráter religioso predominan-te nas relações de servidão, que uniam os nobres medievais e asseguravam a mão de obra nos feudos.

b) a ausência de centralização polí-tica na Alta Idade Média, quando todos podiam, por decisão real, ser sagrados nobres e cavaleiros.

c) o reconhecimento do poder de Deus como supremo e a cren-ça de que a coragem dependia apenas da ação e da capacidade humanas.

d) a hierarquia nas relações de vas-salagem e o significado político e religioso, para os nobres, das ações militares contra os muçul-manos.

e) o juramento que todos os nobres deviam fazer diante do rei e do papa e a exigência de valentia e for-ça para participação nos torneios.

5. (Unifesp-SP)

O texto trata da expansão agrícola na Europa Ocidental e Central entre os séculos XI e XIII. Dentre as razões desse aumento de produtividade, podemos citar:

a) o crescimento populacional, com decorrente aumento do mercado consumidor de alimentos.

b) a oportunidade de fornecer ali-mentos para os participantes das cruzadas e para as áreas por eles conquistadas.

Caro, o pão faltava nas mesas dos pobres. Na Inglaterra, após mais de cem anos de estabilidade, seu valor quintuplicou em 1315. Na Fran-ça, aumentou 25 vezes em 1313 e multiplicou-se por 21 em 1316. A carestia disseminou-se por toda a Europa e perdurou por décadas.

[...]Faltava comida não por ausên-

cia de braços ou de terras.[...]Afinal, se os camponeses – es-

teio do crescimento demográfico verificado desde o ano 1000 – não conseguiam produzir mais, era porque já haviam cultivado toda a terra a que tinham acesso legal.

Já os senhores não faziam pura e simplesmente porque não que-riam. Moeda sonante não era exata-mente a base de seu poder e glória.

Manolo Florentino, Os sem-marmita, Folha de S.Paulo, 7 set. 2008.

Que Deus te dê coragem e ousadia,

Força, vigor e grande bravuraE grande vitória sobre os infiéis.

DUBY, Georges. A Europa na Idade Média. São Paulo:

Martins Fontes, 1988. p. 13.

Por trás do ressurgimento da indústria e do comércio, que se verificou entre os séculos XI e XIII, achava-se um fato de importân-cia econômica mais fundamen-tal: a imensa ampliação das terras aráveis por toda a Europa e a apli-cação à terra de métodos mais adequados de cultivo, inclusive a aplicação sistemática de esterco urbano às plantações vizinhas.

MUMFORD, Lewis. A cidade na História. São Paulo: Martins Fontes, 1982.

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c) o fim das guerras e o estabele-cimento de novos padrões de relacionamento entre servos e se-nhores de terras.

d) a formação de associações de pro-fissionais, com decorrente aperfei-çoamento da mão de obra rural.

e) o aprimoramento das técnicas de cultivo e uma relação mais intensa entre cidade e campo.

6. (UEL-PR)

Com base no texto e nos conhecimen-tos sobre o tema, é correto afirmar:

I. A organização de exércitos sob o comando do rei contribui para o processo de formação dos Esta-dos Nacionais.

II. A decadência da burguesia possi-bilitou o fortalecimento do poder real e a constituição dos Estados Nacionais europeus.

III. A teoria política do período sacra-lizou a figura do monarca, já que afirmava serem os reis escolhidos por Deus para exercer o governo.

IV. Com os Estados Nacionais cons-tituídos, a Igreja continuou a ocupar um espaço importante dentro dos reinados, baseada na autoridade suprema do papa.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.

b) Somente as afirmativas I e III são corretas.

c) Somente as afirmativas II e IV são corretas.

d) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.

e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

7. (UFAL) Analise o texto a seguir.

O confronto armado descrito no tex-to foi um dos fatores fundamentais na desestruturação do mundo me-dieval. Esse confronto colocou frente a frente povos:

a) europeus e muçulmanos.b) carolíngios e germânicos.c) romanos e bárbaros.d) bizantinos e francos.e) árabes e islâmicos.

8. (UFMS) A respeito do traba-lho na Idade Média, assinale a(s) afirmativa(s) correta(s).

(01) A partir do século XI, o trabalho no Ocidente Europeu caracteri-zou-se predominantemente pela servidão, o que implicou várias taxas e obrigações devidas pelo camponês ao senhor, a exemplo da corveia ou trabalho gratuito nas terras senhoriais.

(02) O trabalho não era uma atividade condizente com a formação socio-cultural da nobreza, já que sua ri-queza provinha principalmente da exploração das terras herdadas e da pilhagem resultante das guerras.

(04) O pensamento cristão, uma das heranças culturais que formaram a Idade Média, atribuía alto valor positivo ao trabalho, uma vez que o identificava com o resgate do pecado original.

(08) A partir do século XVI, período em que o feudalismo entrou em sua fase de plenitude no Ociden-te Europeu, o trabalho caracteri-zou-se predominantemente pela escravidão, o que implicou várias taxas e obrigações devidas pelo camponês ao senhor, a exemplo da banalidade ou trabalho gra-tuito nas terras senhoriais.

(16) A ascensão da burguesia, ao fim da Idade Média, intensificou a rejeição ao trabalho, o que se evidencia no crescimento de movimentos anarquistas nos meios urbanos, como exemplo, a Jacquerie.

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9. (UFPB) Durante a chamada Baixa Idade Média (séc. XI-XV), o desen-volvimento urbano dos burgos da Europa Ocidental fundamentou-se na especialização das atividades comerciais e das artesanais, que se organizavam, respectivamente, em:

a) ligas e guildas de comércio e cor-porações de ofícios artesanais.

b) guildas e corporações de comér-cio e ligas de ofícios artesanais.

c) associações comerciais e sindica-tos de ofícios artesanais.

d) sindicatos comerciais e ligas e cor-porações de ofícios artesanais.

e) corporações de comércio e ligas e guildas de ofícios artesanais.

[...] O rei fora um aliado forte das cidades na luta contra os se-nhores. Tudo o que reduzisse a força dos barões fortalecia o po-der real. Em recompensa pela sua ajuda, os cidadãos estavam pron-tos a auxiliá-lo com empréstimos em dinheiro. Isso era importante, porque com o dinheiro o rei po-dia dispensar a ajuda militar de seus vassalos. Podia contratar e pagar um exército pronto, sem-pre a seu serviço, sem depender da lealdade de um senhor. Seria também um exército melhor, porque tinha uma única ocupa-ção: lutar. Os soldados feudais não tinham preparo nem organi-zação regular que lhes permitisse atuar em conjunto, com harmo-nia. Por isso, um exército pago para combater, bem treinado e disciplinado, e sempre pron-to quando dele se necessitava, constituía um grande avanço.

HUBERMAN, L. História da riquezado homem. Rio de Janeiro: Zahar,

1977. p. 80-81.

A Guerra Santa assumiria um estilo semelhante aos conflitos que se desenrolavam no Ociden-te. Uma guerra de cerco e assédio posto sobre cidades amuralha-das e castelos, acompanhados de saques e pilhagens. [...] Ocorrido o rompimento das muralhas e da porta, restava aos sitiados, famin-tos e sedentos, resistir numa luta de espadas [...] que envolveria homem a homem. [...] A guerra intitulada “santa”, pelos dois lados em luta, resultava em grande nú-mero de mortos e numa grande destruição que exigia constantes esforços de reconstrução.

FERNANDES, Fátima Regina. In: MAGNOLI, Demétrio (Org.). História das guerras. São Paulo: Contexto, 2006. p. 115-117.