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História Fascículo 02 Cinília Tadeu Gisondi Omaki Maria Odette Simão Brancatelli

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Page 1: História - Fascículo 02 - Idade Contemporânea

HistóriaFascículo 02

Cinília Tadeu Gisondi OmakiMaria Odette Simão Brancatelli

Page 2: História - Fascículo 02 - Idade Contemporânea

Índice

Idade Contemporânea

Entre-Guerras (Crise de 1929 e os Totalitarismos de extrema direita) ................................... 01

Exercícios .........................................................................................................................................03

Gabarito ..........................................................................................................................................05

Page 3: História - Fascículo 02 - Idade Contemporânea

Idade Contemporânea

Entre-Guerras (Crise de 1929 e os Totalitarismos de extremadireita)

O crack da bolsa de Nova Iorque gerou uma das maiores crises do capitalismo – a GrandeDepressão. A significativa diminuição das exportações a partir do fim da Primeira Guerra Mundial, amarcante concentração de capitais e a contínua queda do poder aquisitivo da população provocaramnos EUA problemas de superprodução e de subconsumo, atingindo todos os setores de sua economia.

O alto grau de interdependência capitalista transformou a crise norte-americana emmundial. Falências, desemprego, polarização político-ideológica e adoção de novas medidaseconômicas, levando o capitalismo para uma nova fase (neocapitalismo), foram as principaisconseqüências da Crise de 1929.

Os EUA, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18) abasteceram a Europa, emparticular a Inglaterra e a França, com armas, alimentos, manufaturas e capitais. O alto volume dasexportações estimulou o crescimento econômico norte-americano. Mas o big boom acontecia sobimpulsos econômicos artificiais e frágeis bases, que foram se desmoronando rapidamente, ao longodos anos 1920.

A contínua queda das exportações norte-americanas para uma Europa mais protecionistae preocupada com a sua reestruturação econômica, provocou mudanças internas no campo e nacidade, caracterizadas pela superprodução, queda dos investimentos, desemprego, menor consumo,falências e especulação financeira.

A economia nos EUA entrou em um círculo vicioso e de “queda livre”, tendo comoprincipal marco a grande baixa da bolsa de valores de Nova Iorque, em 24 de outubro de 1929,conhecida como Quinta-feira Negra, que representou o estopim para a Grande Depressão. Ootimismo anterior cedeu lugar ao medo, insegurança, incertezas e radicalizações.

A crise exigiu respostas econômicas novas e corajosas, adotadas pelo presidente FranklinDelano Roosevelt, eleito em 1932, e que geraram o New Deal. Esse plano teve como base as idéias deJohn Maynard Keynes (1884-1946). O Keynesianismo defende um Estado mais interventor, quedeveria evitar os riscos de superprodução, além de aumentar o poder de consumo, mas preservando aeconomia de mercado. O liberalismo clássico de Adam Smith foi superado pelo neocapitalismo.

Política de empregos, projetos de obras públicas, leis de assistência e previdência social,concessão de créditos aos fazendeiros, fixação de preços dos produtos básicos e planificaçãoeconômica, também foram elementos importantes do New Deal e base para a política de “bem-estarsocial” do pós-Segunda Guerra Mundial.

Os principais efeitos da crise foram a paralisação do crescimento alemão, profundamentedependente dos investimentos norte-americanos; abalo da economia inglesa e francesa, devido acompleta impossibilidade alemã de pagar as indenizações de guerra; o colapso do comércio mundial,gerando uma maior restrição da produção internacional.

Na década de 1930, em uma Europa insatisfeita e insegura devido à falência dasestruturas liberais, à contínua proletarização da classe média e ao fortalecimento das esquerdas(“perigo vermelho”), irromperam greves e movimentos pró-ditaduras, pois o Estado liberal edemocrático parecia incapaz de resolver a crise econômica geral e conter o avanço socialista.

Tal conjuntura, marcada pela destruição material, desemprego, alta inflação e elevadosentimento de nacionalismo ofendido, fomentou propostas políticas de extrema direita, fundadas noideal totalitarista, militarista, nacionalista e anticomunista, cujos principais casos foram o fascismo naItália e o nazismo na Alemanha.

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Page 4: História - Fascículo 02 - Idade Contemporânea

Totalitarismo de extrema direita – quadro comparativo

Características

comuns

(ideologia/regime)

Contexto histórico Instrumentos para

chegar e se manter

no poder

Bases sociais de

apoio

Principais exemplos:

pontos específicos

Os fascismos

combatem:

• democracia

• liberalismo

• individualismo

• intelectualismo

• esquerdas (marxismo)

Os fascismos

defendem:

• totalitarismo:

absoluta supremacia

estatal

• governo ditatorial

• partido único

• nacionalismo

• racismo

• militarismo

• expansionismo

• culto ao líder

• sociedade

hierarquizada

• corporativismo:

Estado mediando as

relações e conflitos

entre patrões (capital)

e empregados

(trabalho)

• construção do

“homem ideal”

• dirigismo econômico:

controle do trabalho

e produção.

• apoio à propriedade

privada.

Conseqüências do

pós-Primeira Guerra:

abuso dos vencedores

sobre perdedores e

vencedores

marginalizados e os

Tratados de Paz

Sentimento de

nacionalismo ofendido

Crise de 1929

Proletarização da classe

média

Fortalecimento das

esquerdas (“perigo

vermelho”)

Estado liberal

democrático com

dificuldades de resolver

a crise geral econômica

e conter o avanço

socialista

Pouca tradição

democrática

Partido bem

estruturado

Violência

institucionalizada pelo

Estado

Organizações

paramilitares

Propaganda de massa

Censura

Supressão das

liberdades e direitos

individuais

Chegada ao poder pela

via legal: Itália e

Alemanha

Chegada ao poder via

golpe militar: Portugal e

Espanha

Elites econômicas e

setores conservadores

Camadas médias

Desempregados

Itália: fascismo

• corporativismo

baseado na “Carta del

Lavoro”

(estabelecimento de

uma legislação

trabalhista e

previdenciária)

Alemanha: nazismo

• militarismo e

expansionismo

(espaço vital)

• racismo:

anti-semitismo

• construção do

homem ideal:

arianismo

(superioridade racial)

Portugal: salazarismo

• bases sociais de

apoio: Exército, Igreja,

grandes latifundiários

e grupos industriais.

• queda em 1974

(Revolução dos

Cravos)

Espanha: franquismo

• bases sociais de

apoio: Exército,

latifundiários,

burguesia

conservadora e Igreja

• partido (Falange)

mais subordinado ao

Exército.

• clericalismo

• nacionalismo menos

orientado à expansão

externa

• preponderância dos

interesses agrários

sobre os da grande

indústria

• queda em 1975

(redemocratização)

Profa. Cinília Tadeu Gisondi Omaki

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Page 5: História - Fascículo 02 - Idade Contemporânea

Exercícios

01. (Unitau-SP) O crack da Bolsa de valores de Nova Iorque, em outubro de 1929, além de colocar osEstados Unidos numa situação de calamidade, arrastou consigo quase todos os países do mundo.Apenas um país europeu não foi diretamente afetado pela crise:

a. Itáliab. Inglaterrac. Françad. Alemanhae. União Soviética

02. (Ufmg 2000-adaptada) Observe os quadros, cujos dados permitem estabelecer uma relação entre odesemprego na Alemanha e a presença dos nazistas no Parlamento Alemão.

Desemprego na Alemanha (1929-1932)

Anos 1929 1930 1931 1932

Quantidade 1.892.000 3.076.000 4.520.000 5.575.000

Cadeiras ocupadas pelos nazistas no Parlamento Alemão (1928-1933)

Anos 1928 1930 1932/julho 1932/novembro 1933

Cadeiras 13 107 230 196 288

Assinale a alternativa em que a citação apresentada explica essa relação.

a. “A nova Constituição alemã traduz em verdade muito pouco o espírito alemão: o direito eleitoralampliado, a dominação do parlamento, a debilidade do governo, a insignificância do presidente e aprática do referendo tornam a Alemanha tão radical como nenhum grande país civilizado foi atéagora.”

b. “Que viemos fazer no ‘Reichstag’?Somos um partido antiparlamentar.[...] Entramos no ‘Reichstag’ para procurar, no arsenal da democracia, suas próprias armas.Sentamo-nos no ‘Reichstag’ para paralisar a ideologia weimariana com seu próprio apoio! [...] Paranós, todo meio é bom, desde que revolucione o atual estado de coisas."

c. “Só uma raça alemã forte, que proteja resolutamente suas características e seu ser e se preserve detoda influência estrangeira, pode constituir o fundamento seguro de um Estado alemão forte. É poresta razão que combatemos todo espírito antialemão destruidor, quer provenha dos meios judeusou de outros.”

d. “Tu crês que a fome é necessária? Talvez já a tenhas conhecido? Vinte milhões de alemães têmfome como tu [...] Amanhã, tu voltarás ao escritório de empregos e te inscreverás.Fora isto, não terás mais nada a fazer amanhã.[...]Mas, se tens ainda que seja um vislumbre de esperança, então vote nos nacional-socialistas, poisque pensam que se pode mudar tudo isto."

e. Nenhuma citação pode explicar a relação afirmada no enunciado, apesar das corretas informaçõesdos quadros.

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03. (Unirio 99)

Novais, Carlos Eduardo e Rodrigues, Vilmar. Capitalismo para principiantes. São Paulo, Ática, 1991

A charge anterior reflete um momento crucial do período entre-guerras, onde a burguesia capitalistafaz, em alguns países da Europa, a opção por salvaguardar a sua posição de classe dominante aqualquer custo. Este momento pode ser traduzido por um(a):

a. receio com relação ao avanço da classe trabalhadora e uma tentativa de responder ao colapsoeconômico do sistema capitalista.

b. receio com relação aos avanços do comunismo e do pensamento liberal de base keynesiana.c. receio da intromissão norte-americana nos assuntos nacionais, o que levaria a burguesia desses

países a uma subordinação ao capital norte-americano.d. tentativa de impedir a deterioração das economias nacionais a deter o avanço de ideologias de

cunho liberal-autoritário.e. tentativa de frear o sucesso da social-democracia alemã e italiana que apontava para possibilidades

de uma melhor distribuição da renda nacional.

04. (Ufrs 97)

“Os verdadeiros chefes não têm nenhuma necessidade de cultura e ciência”.

H. Goering

“Quando ouço a palavra cultura, ponho a mão no revólver.”

J. Goebbels

“Os intelectuais são como as rainhas que vivem das abelhas trabalhadoras.”

A. Hitler

“Sem espírito militar a escola alemã não poderá existir. Um professor pacifista é um palhaço ou umcriminoso. Deve ser exterminado.”

Ministro Schewemm - Bavária

“Professores alemães ... nenhum menino e nenhuma menina da escola devem sair de vossas aulas semo sagrado propósito de ser um inimigo mortal do bolchevismo judeu, na vida e na morte.”

F. Weachter

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Contextualizando historicamente as declarações anteriores, de lideranças nazistas na Alemanha,pode-se afirmar que:

a. o nazismo não tinha nenhum projeto para as áreas de educação e cultura, pois dentro daperspectiva do culto ao corpo e da obediência sem questionamentos, aquelas lhes eramcompletamente indiferentes.

b. ao contrário da produção cultural, à qual eram refratários, os nazistas permitiram a permanênciadas diretrizes educacionais da República de Weimar.

c. tanto a educação como a cultura foram áreas enquadradas dentro dos pressupostos básicos doregime transformando-se em instrumentos ideológicos de controle e propaganda.

d. o Estado nazista interveio fortemente somente nas escolas freqüentadas por alunos não-arianos efilhos de pais bolcheviques.

e. educação e militarização da sociedade eram projetos excludentes dentro do projeto nazista dedominação.

05. (Fuvest) O regime franquista espanhol (1939-1975) pode ser caracterizado como:

a. uma ditadura de tipo misto, que se baseou tanto no poder do general Franco, quanto na figuracarismática do rei.

b. uma ditadura fascista, semelhante à de Mussolini, procurando converter a região do Mediterrâneoem área sob sua influência.

c. uma ditadura pessoal, baseada exclusivamente na figura do general Franco, que recusou aformação de instituições coletivas.

d. uma ditadura fascista, idêntica à de Mussolini e de Hitler, a ponto de o general Franco enviar tropaspara combater a União Soviética.

e. uma ditadura fascista, que evitou amplas mobilizações de massa, com forte influência católica.

Gabarito

01. Alternativa e.

A resposta capitalista à vitória da Revolução Bolchevista de 1917 e à formação doprimeiro Estado socialista foi o isolamento - “cordão sanitário”. Frente a isso, a União Soviética optoupelo fechamento em si mesma, principalmente após a ascensão de Stálin e adoção dos PlanosQüinqüenais. Sem condições de participar diretamente do comércio internacional e de sua naturalinterdependência, conseguiu escapar dos piores efeitos da Grande Depressão.

02. Alternativa d.

A Grande Depressão atingiu drasticamente a Alemanha, que não recebendo mais oscapitais norte-americanos possuía, em 1932, pouco menos de 5 milhões e 600 mil desempregados. Ocontexto favoreceu diretamente o partido nazista, que até 1929, teve pouca expressão política. Ocrescimento dos partidos de esquerda nas eleições de 1930 e 1932 alarmou os setores maisconservadores da sociedade, que passaram a encarar os nazistas como um “mal menor”, frente à crisegeral e ao “perigo vermelho”. Em 1932, Hitler foi derrotado nas eleições presidenciais, apesar dagrande votação. Mas, no ano seguinte, o fortalecimento nazista (288 cadeiras no Parlamento) e aspressões das elites econômicas e dos militares, levaram o presidente Hindenburg a convidá-lo para ocargo de Chanceler. A proclamação do Terceiro Reich e a morte do presidente em agosto de 1934,levaram Hitler a adotar o título oficial de Führer (supremo dirigente). A Alemanha estava sob ocompleto controle nazista.

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03. Alternativa a.

A polarização social determinada pela crise do capitalismo, a dificuldade do Estado liberalem garantir a estabilidade desejada, o fortalecimento das esquerdas e a frágil democracia, em algunspaíses europeus, levaram as classes dominantes (burguesia industrial, banqueiros, grandesproprietários rurais) a apoiar os partidos fascistas, que apresentavam em seus exaltados discursos umprograma nacionalista, anti-marxista, militarista, expansionista e protetor da propriedade privada e dopróprio capitalismo.

04. Alternativa c.

Um dos alvos principais dos regimes fascistas era a doutrinação da juventude.Enquadrada desde a infância, recebia nos centros especiais do partido orientação ideológica,assistência, recreação e formação militar. A socialização ideológica continuava na educação, por meiode um rígido controle sobre livros, professores e conteúdos.

05. Alternativa e.

A ditadura fascista espanhola (franquismo), estabelecida após a violenta Guerra Civil(1936-1939), que derrubou o governo da Frente Popular (coalizão de esquerdas) possui comoelementos marcantes: Exército, latifundiários, burguesia conservadora e Igreja, como as principaisbases sociais de apoio; uma maior subordinação do partido (Falange) ao Exército; forte clericalismo;nacionalismo menos voltado ao expansionismo e preponderância dos interesses agrários sobre os dagrande indústria.

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