histÓria do pensamento geogrÁfico-textos e exercÍcios - 2012

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HISTÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO O objetivo desta disciplina é conhecer a história do pensamento geográfico; analisar a evolução do conhecimento geográfico através do estudo de diferentes abordagens conceituais; compreender a importância e as características das diferentes Escolas Geográficas e as tendências atuais em Geografia. Esta disciplina destina-se a introduzir as teorias que conduziram à sistematização do conhecimento geográfico e discutir a evolução conjunta das Escolas Geográficas e de seus principais pensadores no contexto social, político e natural. A conclusão da disciplina irá fornecer ao aluno uma síntese dialética da Teoria da Geografia que pode ser aplicada ao espaço a partir da bagagem conceitual e prática das demais disciplinas do Curso. A disciplina tem uma carga horária de 68 horas/aula, distribuídas em 17 semanas, durante o primeiro semestre de 2012. É um componente curricular obrigatório do Curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano. Neste semestre a disciplina será ministrada pela professora Elsbeth Léia Spode Becker. Possui doutorado em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/(2008). Mestrado em Engenharia Agrícola Área das Ciências Rurais pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/(1999). Graduação em Geografia - Bacharelado pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/(1996). Graduação em Geografia - Licenciatura Plena pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/(1994). Atualmente é professora Adjunta no Centro de Ciências Humanas do Centro Universitário Franciscano e professora da rede pública estadual atuando no Ensino Médio do Instituto São José de Santa Maria. Publicou o livro "História do pensamento geográfico" destinado aos alunos da graduação em Geografia. Orienta trabalhos de pesquisa e de 1

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HISTÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO

O objetivo desta disciplina é conhecer a história do pensamento geográfico; analisar a evolução do conhecimento geográfico através do estudo de diferentes abordagens conceituais; compreender a importância e as características das diferentes Escolas Geográficas e as tendências atuais em Geografia.

Esta disciplina destina-se a introduzir as teorias que conduziram à sistematização do conhecimento geográfico e discutir a evolução conjunta das Escolas Geográficas e de seus principais pensadores no contexto social, político e natural. A conclusão da disciplina irá fornecer ao aluno uma síntese dialética da Teoria da Geografia que pode ser aplicada ao espaço a partir da bagagem conceitual e prática das demais disciplinas do Curso.

A disciplina tem uma carga horária de 68 horas/aula, distribuídas em 17 semanas, durante o primeiro semestre de 2012.

É um componente curricular obrigatório do Curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano.

Neste semestre a disciplina será ministrada pela professora Elsbeth Léia Spode Becker.

Possui doutorado em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/(2008). Mestrado em Engenharia Agrícola Área das Ciências Rurais pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/(1999). Graduação em Geografia - Bacharelado pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/(1996). Graduação em Geografia - Licenciatura Plena pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/(1994). Atualmente é professora Adjunta no Centro de

Ciências Humanas do Centro Universitário Franciscano e professora da rede pública estadual atuando no Ensino Médio do Instituto São José de Santa Maria. Publicou o livro "História do pensamento geográfico" destinado aos alunos da graduação em Geografia. Orienta trabalhos de pesquisa e de extensão, com ênfase nos seguintes temas: turismo, geografia, ensino, antropologia e educação ambiental.

Centro Universitário Franciscano - UNIFRA. É uma instituição de ensino superior localizada no centro da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Oferece 33 cursos de graduação, vários cursos de especialização, dois cursos de mestrado, um curso de doutorado, um curso técnico e dezenas de cursos de extensão. Tem a missão de desenvolver e difundir o conhecimento técnico-científico e a cultura em suas múltiplas manifestações, distinguindo-se pela excelência acadêmica na formação de profissionais íntegros e de cidadãos comprometidos com o desenvolvimento humano e o bem-estar social a partir dos princípios cristãos.

TEXTOS ACADÊMICOS1

1 Em fase de construção, portanto, sujeito a correções.1

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O que é Ciência? Qualquer pessoa poderia fazer ciência. Afinal, ciência é o produto do pensamento humano. Sendo praticado por seres humanos, a finalidade é o homem, como ferramenta para resolver certas questões: Onde? Como? e Por quê?

CIÊNCIA = CONHECIMENTO. Ciência é um conjunto organizado (sistematizado) de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio.

A partir de Bacon e Descartes a ciência é racional e sistemática.As ciências são classificadas em dois grupos: formais e factuais.Ciências formais: dependem exclusivamente do raciocínio e da lógica. Seu conteúdo só existe na mente humana, como por exemplo, a matemática.Ciências factuais: dependem da análise dos fatos. As ciências factuais dividem-se em dois grupos: naturais e humanas. Naturais, dependem da análise dos fatos produzidos pela natureza, como por exemplo, física, química. Humanas, dependem dos fatos produzidos pelos homens, como por exemplo, a sociologia, a economia e a história.

O conhecimento não é estanque, nem fechado em si. Relaciona-se com o todo. Por isso os conhecimentos se integram e se relacionam. Na pós-moderna política pedagógica isto é alcançado através da interdisciplinaridade, transversalidade e multidiciplinaridade.

Princípios básicos para o conhecimento:- Localização – Explicação – Comparação – Repetição - Interação

GEOGRAFIA- é a ciência que tem por objeto a descrição da superfície terrestre.

Porém, o espaço geográfico não se define apenas pelas suas características naturais, mas também por essas características serem palco da atuação do homem. Assim,...

GEOGRAFIA- é a ciência que estuda a natureza e a atuação do homem sobre o meio.

Portanto a questão que se coloca – o que é Geografia? Aparentemente é uma questão bastante simples, porém refere-se a um campo científico, onde reina enorme polêmica. Apesar de o termo Geografia ser muito antigo e remonta da Antigüidade e pela aparente facilidade de dar uma explicação do seu significado, existe uma intensa controvérsia sobre a matéria tratada por esta disciplina. Isto decorre pela indefinição do objeto desta ciência, ou melhor, nas múltiplas definições que lhe são atribuídas.

Alguns autores definem a Geografia como o estudo da superfície terrestre. Esta concepção é a mais usual, e ao mesmo tempo a de maior vaguidade. Pois a superfície terrestre é o palco da história e de todo conhecimento científico produzido por muito tempo. Esta definição do objeto apóia-se no próprio significado etimológico do termo Geografia = descrição da Terra. Assim, caberia ao estudo geográfico descrever todos os fenômenos manifestados na superfície do planeta, sendo uma espécie de síntese das outras ciências. Enfim, a idéia de descrição da superfície terrestre alimenta a corrente majoritária do pensamento geográfico.

Outros autores vão definir a Geografia como o estudo da paisagem. Para estes, a análise geográfica estaria restrita aos aspectos visíveis do real. A paisagem, posta como objeto específico da Geografia, é vista como uma associação de múltiplos fenômenos, o que mantém a concepção de síntese, que trabalha com dados de todas as demais ciências. A paisagem seria vista como um organismo, com funções vitais e com elementos que interagem. Então a Geografia buscaria estas inter-relações entre

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fenômenos distintos que coabitam em determinado lugar. Esta perspectiva introduz a Ecologia no domínio geográfico.

Uma outra proposta encontrada é uma pequena variação da anterior. A Geografia como o estudo das individualidades dos lugares. A Geografia deveria estudar exaustivamente todos os fenômenos de uma dada área, tendo como meta compreender o caráter singular de cada porção do planeta.

A definição da Geografia como estudo da diferenciação de áreas é uma outra proposta existente. É uma visão comparativa para o universo da análise geográfica. Busca individualizar as áreas, tendo em vista compara-las com as outras. A explicação é buscada através da comparação de casos singulares.

Existem ainda autores que buscam definir a Geografia como estudo do espaço. Para estes, o espaço seria passível de uma abordagem específica, a qual qualificaria a abordagem geográfica. Tal concepção, minoritária e pouco desenvolvida pelos geógrafos, é bastante vaga e encerra aspectos problemáticos que incide na necessidade de explicar o que se entende por espaço. Explicitar o que é espaço é uma questão polêmica dentro da própria Filosofia (espaço físico, espaço ideológico, espaço das idéias...).

Outros autores definem a Geografia como o estudo das relações entre o homem e o meio, ou então, entre a sociedade e o meio. Seria então uma ciência de contato entre as ciências naturais e as humanas, ou sociais.

Percebe-se, assim, a dificuldade de expressar o objeto da Geografia. Para esta análise

levou-se em conta apenas a Geografia Tradicional, pois é nessa que a questão do objeto

aflora de modo muito forte. A Geografia Renovada não se prende a uma visão tão

estanque da divisão das ciências, ou seja, não coloca barreiras tão rígidas entre as

disciplinas. A Geografia Tradicional está apoiada em fundamentos positivistas, os quais

pedem para legitimar a autoridade de uma ciência, uma definição precisa do objeto. A

Geografia Renovada busca sua legitimidade na operacionalidade (para o planejamento

ou na relevância social de seus estudos).

Portanto, pode-se perceber que inexiste um consenso a respeito da matéria tratada pela Geografia. Diante deste fato, muitas pessoas poderiam perguntar de onde vem, ou mesmo se existe a unidade do pensamento geográfico.

_______Fonte: MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia Pequena História Critica. São Paulo: Hucitec. 2000.

CONCEITOS

Postulado= fato que se admite como princípio de um sistema dedutível. Fato reconhecido sem prévia demonstração.

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Síntese= resumo, reunião de elementos concretos e abstratos em um todo.

Empírico= baseado apenas na experiência, sem o caráter científico da comprovação.

Sistematizar= dentro de uma linha de pensamento.

Método= um conjunto de regras básicas para desenvolver uma experiência a fim de produzir novo conhecimento ou corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes.

Metafísica= trata de problemas sobre o propósito e a origem da existência e dos seres. Investigação em torno dos primeiros princípios e das causas primeiras do ser. Muitas vezes ela é vista como parte da Filosofia, outras, se confunde com ela.

Doutrina= conjunto de princípios que servem de base a um sistema (religioso, político e outros).

Dogma= ponto fundamental e indiscutível de qualquer doutrina. Dogmas são encontrados em muitas religiões como o cristianimso, o islamismo e o judaísmo onde são considerados princípios fundamentais que devem ser respeitados por todos os seguidores dessa religião. Como um elemento fundamental da religião, o termo "dogma" é atribuído a princípios teológicos que são considerados básicos, de modo que sua disputa ou proposta de revisão por uma pessoa não é aceita nessa religião. Dogma se distingue da opinião teológica pessoal.

Paradigma= modelo. É a representação de um padrão a ser seguido.

Comunidade científica= consiste em homens que partilham um paradigma e esta "[...] ao adquirir um paradigma, adquire igualmente um critério para a escolha de problemas que, enquanto o paradigma for aceito, poderemos considerar como dotados de uma solução possível" (KUHN, 1978, p. 60).

Iluminismo= esclarecimento. Preconiza o conhecimento racional como meio para a superação de preconceitos e ideologias tradicionais. Immanuel Kant (1724-1804).

Liberalismo= defende a liberdade individual nos campos econômico, político, religioso e intelectual para o bem comum contra as ingerências do poder do Estado. O desenvolvimento moral, intelectual e político da sociedade só seria alcançado pelo livre desenvolvimento do espírito e das faculdades dos indivíduos. John Locke (1632 - 1704). Adam Smith (1723-1790).

Racionalismo é a corrente central no pensamento liberal que se ocupa em procurar, estabelecer e propor caminhos para alcançar determinados fins. Tais fins são postulados em nome do interesse coletivo, base do próprio liberalismo e que se torna assim, a base também do racionalismo.

POSITIVISMO: o termo positivismo designa o conjunto das concepções de Augusto Comte (1798-1857). Filósofo francês. Surgiu a partir do desenvolvimento das ideias do Iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial. O Positivismo teve grande aceitação na Europa e também em outros países, como o Brasil. No caso do Brasil ganhou conotações distintas do positivismo europeu e serviu de embasamento social-filosófico-político para vários

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movimentos políticos do século XIX como a campanha abolicionista e o advento da República.

“Tudo é relativo, e isso é a única coisa absoluta” é o axioma fundamental do Positivismo.

O Positivismo defende a idéia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Assim sendo, desconsideram-se todas as outras formas do conhecimento humano que não possam ser comprovadas cientificamente. Tudo aquilo que não puder ser provado pela ciência é considerado como pertencente ao domínio teológico-metafísico caracterizado por crendices e vãs superstições. Para os Positivistas o progresso da humanidade depende única e exclusivamente dos avanços científicos, único meio capaz de transformar a sociedade e o planeta Terra no paraíso que as gerações anteriores colocavam no mundo além-morte.

O século XIX marca o triunfo de duas correntes do pensamento: o Liberalismo, que considerava a natureza humana como base da própria lei natural e valorizava a liberdade individual e o cientificismo que reconhecia uma só lei natural que englobava e explicava todos os fatos e valores do mundo. O liberalismo preconizava que o desenvolvimento moral, intelectual e político da sociedade só seria alcançado pelo livre desenvolvimento do espírito e das faculdades dos indivíduos. Essa afirmação do Liberalismo começou a encontrar dificuldades de conciliação doutrinária com o empirismo que valorizava a experiência sensível dos fatos e o materialismo, que afirmava ser a matéria e suas leis tudo o que realmente existia. É, portanto, na contestação do racionalismo abstrato dos liberalistas que surgem os defensores do cientificismo. Desse primordial embate surgem as bases da ideia positivista. O Positivismo se torna um método e uma doutrina: método enquanto sugere que as avaliações científicas devem estar rigorosamente embasadas em experiências e doutrina enquanto preconizava que todos os fatos da sociedade deveriam seguir uma natureza precisa e científica.

A palavra de ordem do Positivismo era desprezar a inacessível determinação das causas, dando preferência à determinação das leis. O fundador dessa doutrina Positivista foi Auguste Comte que preconizava o emprego de novos métodos no exame científico dos problemas sociais, substituindo as interpretações metafísicas e estabelecendo a autoridade e a ordem pública contra os abusos do individualismo da Escola Liberal. O positivismo dessa maneira era, portanto, uma filosofia determinista que professava, de um lado, o experimentalismo sistemático e, de outro, considera anticientífico todo o estudo das causas finais.

O método positivista é o método geral do raciocínio proveniente de todos os métodos particulares (dedução, indução, observação, experiência, nomenclatura, comparação, analogia, filiação histórica, descrição físico-matemática).

Do ponto de vista social, Comte afirma que a sociedade dever ser dividida em classes, em dirigentes e dirigidos, como forma de se manter em harmonia na convivência social. Essa visão mostra que Comte considerava a sociedade como um organismo heterogêneo mas cujas partes deveriam trabalhar solidárias para o bem de todo. Comte assim divide o estudo da estrutura social em dois campos principais: o estudo da ordem social, que ele denomina de estática social e o estudo da evolução da sociedade, que recebe o nome de dinâmica social.

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Em suma, como doutrina e método, o Positivismo passa a enfrentar a sociedade individualista e liberal, através da ordem e progresso, que Comte considerava fonte principal de todo sistema político. A política positiva não reconhece nenhum direito além do de cumprir o dever.

O termo “positivo” significava o real, por oposição ao quimérico, o útil em oposição ao ocioso, a certeza em oposição à indecisão, o preciso em oposição ao vago, o relativo em oposição ao absoluto.

No plano filosófico, as ciências e, também, a Geografia nasce com suas bases assentadas no positivismo que busca a explicação dos fenômenos universais através do emprego exclusivo do método empírico ou da verificação experimental.O positivismo pode ser entendido como:

“uma filosofia determinista que professa, de um lado o experimentalismo sistemático e, de outro considera anticientífico todo o estudo das causas finais. Assim, admite que o espírito humano é capaz de atingir verdades positivas ou de ordem experimental, mas não resolve as questões metafísicas, não verificadas pela observação e pela experiência” (RIBEIRO JUNIOR, 1986:16).

O positivismo na sua essência não admite a separação entre o mundo físico e o mundo espírito, ou seja, entre as ciências da natureza e do homem.

A unidade do pensamento geográfico tradicional adviria do fundamento comum tomado ao Positivismo, profundamente empirista e naturalista. Os postulados positivistas serão o patamar sobre o qual se ergue o pensamento geográfico tradicional, onde os postulados geográficos concebem a Geografia como: uma ciência empírica pautada na observação; uma ciência de contato entre o domínio da natureza e o da humanidade; uma ciência de síntese.

REGRAS FUNDAMENTAIS DO POSITIVISMO:

- a observação é a única base do conhecimento;- o estudo dos fenômenos deve basear-se apenas no que é observável, renunciando

a qualquer especulação sobre a sua origem e seu destino;- as leis positivistas destinam-se a prever.

FASES DO POSITIVISMO: organicismo, evolucionismo e funcionalismo.

Organicismo: uma fase do positivismo, através dos métodos das ciências naturais, o positivismo compara a superfície terrestre com um “organismo vivo”. Supõe-se que as mesmas leis que ordenam o corpo humano, podem ser utilizadas para situações do espaço geográfico. Adota os princípios das ciências naturais: observação, localização, descrição, experimentação, extensão e outros. Na visão positivista todos os fatos geográficos deveriam ser experimentados, ser visíveis.

Os primeiros conceitos do organicismo foram elaborados de acordo com analogias orgânicas, três das quais são fundamentais para a compreensão dessa corrente sociológica:(1) o conceito teleológico (é o estudo dos fins últimos da sociedade, da humanidade e natureza) da natureza, que implica uma postura fatalista, já que as metas a serem alcançadas estão predeterminadas, o que impede qualquer tentativa de alterá-las; (2) a idéia segundo a qual a natureza, a sociedade e todos os demais conjuntos existentes perdem vida ao serem analisados e por isso não se deve intervir em tais conjuntos. Essa

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noção leva, em conseqüência, à adoção de uma atitude de laissez-faire; e (3) a crença de que a relação existente entre as diversas partes que compõem a sociedade é semelhante à relação que guardam entre si os órgãos de um organismo vivo.

Evolucionismo: vinculada com a teoria da evolução das espécies de Darwin. Os fatos geográficos passam a ser vistos como a própria vida, onde se nasce, cresce e morre. No fatalismo evolucionista os homens não interferem no processo histórico, tornam-se dependentes no processo natural.Darwin concluiu que as características biológicas dos seres vivos passam por um processo dinâmico onde fatores de ordem natural seriam responsáveis por modificar os organismos vivos. Ao mesmo tempo, ele levantou a ideia de que os organismos vivos estão em constante concorrência e, a partir dela, somente os seres melhores preparados às condições ambientais impostas poderiam sobreviver. A partir destas premissas Darwin afirmou que o homem e o macaco teriam uma mesma ascendência a partir da qual as duas espécies se desenvolveram. Contudo, isso não quer dizer, conforme muitos afirmam, que Darwin supôs que o homem é um descendente do macaco. Em sua obra, A Origem das Espécies, ele sugere que o homem e o macaco, devido suas semelhanças biológicas, teriam um mesmo ascendente em comum.

Funcionalismo: o funcionalismo vai trabalhar com abordagem sistêmica – organicista. É uma corrente sociológica associada à obra de èmile Durkheim. Para ele cada instituição exerce uma função específica na sociedade e seu mau funcionamento significa um desregramento da própria sociedade. Sua interpretação de sociedade está diretamente relacionada ao estudo do fato social, que segundo Durkheim, apresenta características específicas: exterioridade e a coercitividade. O fato social é exterior, na medida em que existe antes do próprio indivíduo, e coercitivo, na medida em que a sociedade impõe tais postulados, sem o consentimento prévio do indivíduo.

POSTULADOS POSITIVISTAS

1- Redução da realidade ao mundo dos sentidos.2- Idéia da existência de único método de interpretação comum a todas as ciências.

Não aceitação da diferença de qualidade entre o domínio das Ciências Humanas e das Ciências Naturais.

3- Hierarquização das Ciências.

POSTULADOS GEOGRÁFICOS OU MÁXIMAS GEOGRÁFICAS

1. A Geografia é uma ciência empírica pautada na observação.2. A Geografia é uma ciência de contato entre o domínio da natureza e o da

Humanidade.3. A Geografia é uma ciência de síntese.

BibliografiaKUHN, Thomas. Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1978.RIBEIRO JUNIOR, João. O que é Positivismo. São Paulo: Contexto. 1986.

TEXTOS ACADÊMICOS2

2 Em fase de construção, portanto, sujeito a correções.7

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TENDÊNCIAS EM GEOGRAFIA

GEOGRAFIA COMPORTAMENTAL OU DA PERCEPÇÃO

A Geografia do Comportamento, ou Geografia Comportamental é uma abordagem da Geografia Humana que examina o comportamento humano através de diversos ramos do conhecimento. Surge, com maior ênfase, na década de 1960 e é desenvolvida por geógrafos que analisam o comportamento, enfocando o processo cognitivo envolvido na percepção espacial, na influência das condições naturais (geográficas), na tomada de decisões e no comportamento humano. Além disso, é uma ideologia que utiliza métodos e princípios do Comportamentismo para determinar os processos cognitivos envolvidos na percepção do meio por um indivíduo, inclusive sua resposta e reação.

Essa tendência surge em meio as grandes transformações da metade do século XX. Propõe a percepção que cada indivíduo tem do espaço, pois este não tem o mesmo significado para todas as pessoas. O significado varia de acordo com o ambiente em que vive e a concepção dada à cada espaço. Procura compreender como o homem comporta-se em seu meio.

Para construir as bases desse enfoque, os teóricos irão buscar as contribuições de pensadores de outras áreas do conhecimento. As principais contribuições virão da Psicologia, da Economia, da Sociologia e da Filosofia. Propõe-se, portanto, a construção de um conhecimento que é multidisciplinar. Assim, a visão adotada na geografia comportamental é próxima da utilizada na Psicologia, mas se baseia em pesquisas de diversas outras disciplinas.

O foco central de estudo será o indivíduo (as sensações, ou seja, a percepção que cada indivíduo tem de si e do mundo em que vive). O ambiente no qual os indivíduos agem é aquele que eles percebem e que pode diferir da natureza do mundo real. Portanto, não há o compromisso de interpretar a realidade. O compromisso está em enfocar a perspectiva de cada indivíduo e de sua visão de mundo. Os indivíduos interagem conforme seus ambientes respondendo a eles e reformulando-os.

Resumindo sobre Geografia Comportamental ou da Percepção

O método principal de análise é o método indutivo. A filosofia norteadora é o positivismo. Assim, o método e a filosofia estabelecem algumas generalizações que embasam as teorias.

A abordagem é idiográfica e favorece a percepção individual.As técnicas de análise são a observação, a descrição, a representação.Autores da Geografia Comportamental: Julian Wolpert (reconhecido como o

precursor).

BibliografiaCHRISTOFOLETTI, Antônio. As características da nova geografia. São Paulo: Difel, 1985.

GEOGRAFIA HUMANÍSTICA

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A Geografia Humanística é uma abordagem da Geografia Humana que examina as essências do ser humano por meio da Psicologia e da Filosofia. Surge, com maior ênfase, na década de 1960 e é desenvolvida por geógrafos que analisam as essências (do pensamento, da consciência e da percepção).

A concepção filosófica da Geografia HumanísticaA concepção filosófica na Geografia Humanística se assenta nas idéias básicas de Edmund Husserl (1859-1938), que representa uma tendência dentro do idealismo filosófico.

Sobre Edmund Gustav Albrecht Husserl (8 de abril de 1859 – 26 de abril de 1938). Husserl estudou inicialmente matemática e depois filosofia. Conhecido como o fundador da fenomenologia. Estudou matemática nas universidades de Leipzig (1876) e Berlin (1878),

seguindo as lições de Karl Weierstrass e Leopold Kronecker. Em 1881, vai a Viena para estudar sob a direção de Leo Königsberger (antigo aluno de Weierstrass), obtendo seu doutorado em 1883, apresentando a tese Beiträge zur Variationsrechnung (Contribuições ao cálculo das variações).

No entanto, em 1884 começa a se interessar por filosofia, na Universidade de Viena e com a recomendação de Brentano dedica-se intensivamente para a filosofia. Em 1886, Husserl vai para a Universidade de Halle e torna-se discípulo de Carl Stunpf e sob sua orientação publica, em 1887, Über den Begriff der Zahl ( Sobre o Conceito do Número). Esta publicacão será a base de sua primeira obra importante, Philosophie der Arithmetik (Filosofia da Aritmética), publicada em 1891.

Em suas primeiras pesquisas, Husserl tenta combinar matemática com a filosofia empírica e como objetivo principal quer contribuir no fornecimento de fundações sólidas para a ciência matemática. O tema de seu estudo será a análise dos processos mentais necessários para a formação do conceito de número; baseado em suas próprias análises, como nos métodos de seus professores, tentará projetar a possibilidade de uma teoria sistemática.

Um elemento importante herdado de Brentano3 foi a noção de intencionalidade, que define a forma essencial dos processos mentais. Uma definição simples dirá que a principal característica da consciência é de ser sempre intencional.

A consciência sempre é consciência de alguma coisa : a análise intencional e descritiva da consciência definirá as relações essenciais entre atos mentais e mundo externo. Com a noção de intencionalidade, o filósofo propôs um conjunto de traços que distinguiriam de maneira perfeitamente empírica os fenômenos psíquicos dos fenômenos físicos: para Brentano, fenômenos físicos não tem intencionalidade.

O desenvolvimento e a crítica do conceito brentaniano aparece como o motivo permanente, central, da obra de Edmund Husserl. A principal diferença, em sua interpretação da noção de

intencionalidade, aparece na crítica de seu modo in-existente ("inexistência" como existência "interna"): a transcendência necessária da mente e do discurso, a objetividade óbvia e no entanto contraditória do porvenir científico e histórico, a objetividade radical, constituidora, da subjetividade formarão a marca do trabalho do primeiro fenomenologista, e seus elementos próprios de fascinação.

Alguns anos após, em 1901, a publicação de sua principal obra, as Investigações Lógicas (Logische Untersuchungen), Husserl elaborou alguns conceitos-chave que o levaram a afirmar que para estudar a estrutura da consciência seria necessário distinguir 3 Franz Clemens Honoratus Hermann Brentano (16 de janeiro de 1838 – 17 de marco de 1917. Foi filósofo alemão que desenvolveu a psicilogia da percepcão).

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entre o ato de consciência e o fenômeno ao qual ele é dirigido (o objeto-em-si, transcendente à consciência). O conhecimento das essências seria possível apenas se “colocamos entre parênteses” todos os pressupostos relativos à existência de um mundo externo. Este procedimento ele denominou epoché. Estes novos conceito provocaram a publicação, em 1913, de Ideen (Idéias), no qual eles foram pela primeira vez incorporados, e um roteiro para uma segunda edição das Logische Untersuchungen.

A partir de Ideen, Husserl se concentrou nas estruturas ideais, essenciais da consciência. O problema metafísico de estabelecer a realidade material daquilo que percebemos era de pequeno interesse para Husserl (diferentemente do que ocorria quando ele tinha que defender repetidamente sua posição a respeito do idealismo transcendental, que jamais propôs a inexistência de objetos materiais reais).

Husserl propôs que o mundo dos objetos e modos nos quais dirigimo-nos a eles e percebemos aqueles objetos é normalmente concebido dentro do que ele denominou “ponto de vista natural”, caracterizado por uma crença de que os objetos existem materialmente e exibem propriedades que vemos como suas emanações. Husserl propôs um modo fenomenológico radicalmente novo de observar os objetos, examinando de que forma nós, em nossos diversos modos de ser intencionalmente dirigidos a eles, de fato os “constituimos” (para distinguir da criação material de objetos ou objetos que são mero fruto da imaginação).

No ponto de vista Fenomenológico, o objeto deixa de ser algo simplesmente “externo” e deixa de ser visto como fonte de indicações sobre o que ele é (um olhar que é mais explicitamente delineado pelas ciências naturais) e torna-se um agrupamento de aspectos perceptivos e funcionais que implicam um ao outro sob a ideia de um objeto particular ou “tipo”. A noção de objetos como real não é removida pela fenomenologia, mas “posta entre parênteses” como um modo pelo qual levamos em consideração os objetos em vez de uma qualidade inerente à essência de um objeto fundada na relação entre o objeto e aquele que o percebe. Para melhor entender o mundo das aparências e objetos, a Fenomenologia busca identificar os aspectos invariáveis da percepção dos objetos e empurra os atributos da realidade para o papel de atributo do que é percebido (ou um pressuposto que perpassa o modo como percebemos os objetos).

Em um período posterior, Husserl começou a se debater com as complicadas questões da intersubjetividade (especificamente, como a comunicação sobre um objeto pode ser suposta como referindo-se à mesma entidade ideal) e experimenta novos métodos para fazer entender aos seus leitores a importância da Fenomenologia para a investigação científica (especificamente para a Psicologia) e o que significa “pôr entre parênteses” a atitude natural.

A Crise das Ciências Europeias é o trabalho inacabado de Husserl que lida mais diretamente com estas questões. Nele, Husserl pela primeira vez busca um panorama histórico do desenvolvimento da filosofia ocidental e da ciência, enfatizando os desafios apresentados pela sua crescente (unilateral) orientação empírica e naturalista. Husserl declara que a realidade mental e espiritual possui sua própria realidade independente de qualquer base física e que a geisteswissenschaft (Ciência do Espírito) deve ser estabelecida sobre um fundamento tão científico como aquele alcançado pelas ciências naturais.

Como resultado da legislação anti-semita aprovada pelos nazistas em abril de 1933, foi negado ao professor Husserl4 o acesso à biblioteca de Freiburg. Seu antigo aluno e membro do partido nazista, Martin Heideger, comunicou a Husserl sua demissão. Heidegger (cuja filosofia Husserl considerava ser o resultado de uma compreensão incorreta dos ensinamentos e dos métodos do próprio Husserl) retirou a dedicatória a Husserl de seu mais conhecido trabalho Sein und Zeit (Ser e Tempo),

4 Husserl era nascido numa família judaica numa pequena localidade da Morávia (região da atual República Tcheca).

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quando este foi reeditado em 1941. Mais tarde, ao ser julgado, Heideger afirmou: “Outrora eu vestia a camisa marrom dos nazistas, mas foi um erro”.

Em 1939, no ano de início da Segunda Guerra Mundial os manuscritos de Husserl, que somavam aproximadamente 40.000 páginas taquigrafadas de Gabelsberger e sua pesquisa bibliográfica completa foi clandestinamente transportada para a Bélgica e depositada em Leuven onde foram criados os Husserl-Archives. Muito do material encontrado em suas pesquisas manuscritas foi publicado, mais tarde, na série de edições críticas Husserliana..

O contetxo de surgimento da fenomenologia é no final de século XIX e início do século XX, em meio as afirmações de poder na Europa, e se propões ser uma ciência do subjetivo.

A palavra ‘fenomenologia’ deriva das palavras gregas phainesthai que significa aquilo que se mostra, e logos que significa estudo, sendo etimologicamente "o estudo do que se mostra".

A filosofia de Edmund Husserl é o método de apreensão da essência absoluta das coisas e tem como objeto de estudo o próprio fenômeno, isto é, as coisas em si mesmas e não o que é dito sobre elas. Assim sendo, a investigação fenomenológica busca a consciência do sujeito através da expressão das suas experiências internas. A fenomenologia busca a interpretação do mundo através da consciência do sujeito formulada com base em suas experiências.

O método fenomenológico consiste em mostrar o que é apresentado e esclarecer este fenômeno. E o objeto é como o sujeito o percebe, e tudo tem que ser estudado tal como é para o sujeito e sem interferência de qualquer regra de observação cabendo a abstração da realidade e perda de parte do que é real, pois tendo como objeto de estudo o fenômeno em si, estuda-se, literalmente, o que aparece. Para a fenomenologia um objeto, uma sensação, uma recordação, enfim, tudo tem que ser estudado tal como é para o espectador.

A fenomenologia representa, portanto, uma tendência filosófica que questionou os conhecimentos do positivismo, elevando a importância do sujeito no processo da construção do conhecimento.

Todo o processo de gestação e nascimento da fenomenologia estava assentado no pensamento e, principalmente, na consciência de cada sujeito.

Partindo desta concepção, descreve o mundo da maneira como é visto na ideia e na consciência, ou ainda, na concepção que cada indivíduo tem do mundo que o cerca.

Desta maneira, a fenomenologia se afirmou como sendo o estudo das essências (ressaltando a ideia da essência da percepção, a essência da consciência, a essência do pensamento).

Preocupa-se, sempre, em verificar o modo de apreensão das essências pela percepção das pessoas. Deste modo, a fenomenologia estará sempre voltada em apreender e compreender a maneira como cada indivíduo percebe o mundo que o rodeia e no qual vive e convive. Destaca-se também que, a fenomenologia procura sempre valorizar a experiência pessoal de cada indivíduo ou de um grupo de pessoas, com o objetivo e a visão de compreender o comportamento e as maneiras de sentir e viver das pessoas.

A fenomenologia, assim como o positivismo, preocupa-se e trata apenas de descrever a experiência vivida tal como ela é, sem nunca ter a intenção de abordar o fato ou a experiência com o objetivo de analisá-lo ou explicá-lo. A partir da visão pessoal ou da experiência do mundo de cada indivíduo é que são colocadas e estruturadas as ideias básicas do conceito de fenomenologia. Assim, a fenomenologia se define como sendo uma filosofia que descreve um fenômeno ou um conjunto de fenômenos a partir da percepção e experiência manifestada pelos indivíduos que convivem com o espaço e o interpretam segundo as leis do seu conhecimento ou da sua consciência.

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A fenomenologia caracterizou-se como sendo o estudo da essência, sem a preocupação de analisá-la, explicá-lo ou solucioná-la. Do mesmo modo, não tem a preocupação de saber a origem do fenômeno e nem de colocá-la dentro do processo histórico em que ela se apresenta.

Na análise dos conceitos da fenomenologia nota-se que esta corrente filosófica não tem a preocupação de colocar a essência dos fatos dentro da historicidade dos fenômenos. Salientando-se que, a fenomenologia estuda a realidade com o objetivo de descrevê-la e mostrá-la como ela é na experiência de cada sujeito, sem a preocupação ou a intenção de introduzir transformações ou apontar soluções, ou ainda rever o processo histórico em que o sujeito vivencia a sua experiência. Esta visão a-histórica faz da fenomenologia uma filosofia conservadora. Tudo o que passa a ter importância para os fenomenologistas é aquilo que o indivíduo sabe do mundo a partir da visão pessoal ou da experiência que adquiriu ao viver e conviver.

O que importa realmente é a existência do homem, e o que o homem como ser existencial e racional sente e vivencia em relação às coisas que o rodeiam. Os fenomenologistas dão importância ao que o sujeito sente e pensa e, a partir disso, passam a tecer a teia de uma filosofia que se embasa na visão pessoal e na experiência de cada indivíduo. É a partir daí que a fenomenologia reconhece o princípio de que não existe objeto sem sujeito. O princípio de que não existe objeto sem sujeito se expressa por meio da noção de intencionalidade. Esta noção de intencionalidade é da consciência que está sempre dirigida a um objeto e passa a ser ideia básica e fundamental da fenomenologia.

O termo intencionalidade, para Husserl apud TRIVINUS (1987:45): “é algo puramente descritivo, uma peculiaridade íntima de algumas vivências”.

Desta maneira, a intencionalidade, para a fenomenologia, é fundamental, se considerarmos que a vivência e a consciência de cada indivíduo são ideias básicas para esta filosofia. A noção fenomenológica pressupõe que cada ser é o conceito do seu próprio mundo vivido.

Husserl tinha como preocupação inicial, defender uma filosofia nova e rigorosa, e assim, tinha o objetivo de estabelecer um pensamento científico puro e livre e que, desta maneira, apresentava o fenômeno de forma única, livre de qualquer interferência de elementos pessoais e culturais. Desta forma, a filosofia que Husserl apresentava, inicialmente, chegava a um nível em que os fenômenos se derivavam das essências.

Mais tarde, Husserl renunciou as suas primeiras colocações sobre o que seria propriamente uma ciência rigorosa e inovadora, voltando-se assim, para as concepções e investigações do mundo vivido, no qual o sujeito seria considerado por si somente. A partir deste momento, Husserl dava a fenomenologia a característica de descrição. Descrição da emoção, do sentimento, da experiência, do pensamento, da ideia ou do modo de ver de cada indivíduo. Uma vez que a fenomenologia não buscava explicar, nem analisar, nem introduzir inovações ou apontar soluções, a mera descrição dos fatos da visão pessoal do sujeito, tornava-se suficiente. Todo o saber da ciência é constituído a partir do mundo vivido e experimentado. Trata-se de uma descrição direta e exata de nossa experiência tal como ela é vista por nós, sem levar em consideração sua genética psicológica.

Husserl coloca ainda a questão da questionalidade do conhecimento. Questionar a respeito de um conhecimento, não é necessariamente uma negação. Pelo contrário, questionar a respeito de um conhecimento significa, para Husserl, antes de tudo a possibilidade da metafísica, ou seja, a possibilidade de conhecer o real de uma forma verdadeiramente transcendente, por meio de um corpo de conhecimentos racionais. Desta forma, Husserl admite “que o exame do conhecimento tem de ter um método e este é o da fenomenologia”.

A fenomenologia enfrentou o problema de que suas formulações têm apenas valor para um sujeito: aquele que faz as afirmações sobre si mesmo e os fenômenos que

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o rodeiam. Toda filosofia, desde que nasce, tem o princípio básico e o objetivo permanente de pensar e elaborar formulações, postulados, teorias e conceitos que sejam verdadeiros para todos os sujeitos e não apenas para um. Assim, a filosofia procura sempre ter em mente o que seja válido e possa se ajustar e ser correto para todos. Quando se trata de filosofias em que as formulações e as concepções partem da análise do sujeito, torna-se difícil, muitas vezes, elaborar conceitos e verdades que sejam válidos para todos. Nestes casos, os pensadores e filósofos e os seguidores destes, podem cair em solipsismo, isto é, formular verdades e conceitos que são considerados verdadeiros apenas para um sujeito.

A fenomenologia, em alguns momentos, enfrentou o problema do solipsismo. A partir daí, os fenomenologistas adotaram e procuraram um conhecimento que fosse verdadeiramente objetivo, e, desta forma, seria de validade para todos.

Abordagem fenomenológica na Geografia Humanística

A abordagem fenomenológica requer um retorno à evidência dos fatos, como foram produzidos e investigados pela consciência do indivíduo, ou seja, como os fatos foram concebidos dentro do mundo vivido deste indivíduo. E, desta forma, pretende proporcionar e tornar evidente um auto conhecimento e identidade do homem por meio de suas próprias experiências ou do mundo vivido, elevando sempre a importância do sujeito no processo da construção do conhecimento. Assim, a preocupação central da fenomenologia é a análise e a interpretação da consciência. Consciência esta, da interpretação consciente da experiência vivida.

A abordagem fenomenológica focaliza e se detém, quase exclusivamente, na experiência vivida e na interpretação consciente desta experiência pelos indivíduos. A experiência vivida social dos indivíduos visa, basicamente, focalizar e apreender o contexto das relações interpessoais do que as relações intergrupais. O objeto central da abordagem é o indivíduo e não o grupo. Portanto, a abordagem fenomenológica, concebe e enfatiza os valores, os ideais, as metas, os objetivos, os propósitos que cada indivíduo tem em relação à vida humana. Procura valorizar a experiência do indivíduo, visando compreender o comportamento e as maneiras de sentir das pessoas, sugerindo que cada pessoa é o foco principal do seu próprio mundo.

Desta forma, esta tendência tem como objetivo primordial, proporcionar um maior autoconhecimento e reconhecimento de sua identidade, por meio de sua própria vivência e experiência no mundo vivido.

A vida diária, a noção de mundo vivido, é ressaltada pela ideia de ser o mundo criado pela consciência do indivíduo, tomado pela experiência vivida. Um professor que no exercício do seu ofício, deseja educar uma criança, não começa por dizer-lhe que se deve praticar a virtude, pois não seria compreendido. Primeiramente inspira a criança para que esta seja verdadeiramente, sóbria, risonha, corajosa e só então, por fim, pode ensinar-lhe que ao conjunto de todas essas coisas se dá o nome de virtude. A virtude é, portanto, indivisível e não se trata de ensiná-la, mas de inspirá-la. Do mesmo modo, a Geografia Humanística se preocupa em mostrar o mundo humano por meio da consciência do indivíduo, do conhecimento das relações humanas com o meio ambiente, o comportamento das pessoas, bem como suas idéias e sentimentos em relação ao espaço geográfico que ocupam.

A Geografia Humanística adquire assim, uma postura crítica e ao mesmo tempo, poética, humana e social, a partir do momento que não se preocupa somente com o clima, a vegetação, o relevo e outros, mas, essencialmente, enfoca os sentimentos, idéias e experiências da humanidade que se faz presente naquele espaço geográfico.

Objeto de estudo e percepção espacial da Geografia Humanística

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O espaço vivido e existencial de cada pessoa é visto dentro do contexto no qual o indivíduo valoriza e organiza o seu espaço e o seu mundo e nele vive, convive e se relaciona. É a descrição direta e exata de uma experiência ou emoção vivida, tal como ela é sentida pelo indivíduo.

A Geografia Humanística preocupa-se e se embasa na verificação das essências pelo grau de intuição e maneira que cada indivíduo tem de perceber o espaço que o cerca e no qual ele vive e existe. Procura, também, valorizar a experiência do indivíduo ou do grupo, destacando e enfatizando valores pessoais que os indivíduos tenham vivenciado e adquirido no cotidiano da vida. Passa, assim a compreender o comportamento e as maneiras de sentir e agir das pessoas perante situações presentes em seu espaço vivenciado.

O espaço passa a ser considerado dentro do contexto no qual a pessoa vive e, portanto, é esse espaço que ela vai valorizar e, deste modo, organizar o seu mundo e nele se relacionar. “Mundo” para a fenomenologia e, conseqüentemente, para a Geografia Humanística é o contexto dentro do qual a consciência é revelada.

O conceito de espaço passa a ser concebido como um espaço presente, experimentado, no qual a pessoa valoriza e organiza o seu espaço, que compõe o seu mundo e nele se relaciona. E o espaço vivido e presente no cotidiano do indivíduo é visto como sendo de uma certa “espessura”, por oposição aos pontos sem dimensão do espaço medido. A espessura do espaço é vista na concepção do “aqui”, que é um sistema de relações com outros lugares, semelhante a espessura dos conceitos temporais, tais como “agora”, o qual envolve aspectos do passado, presente e futuro.

A Geografia Humanística alcança seu maior êxito na descrição vivida de uma região. Para a retratação de uma região, leva-se em conta a essência do lugar. Para capturar a essência do lugar, procura-se a identidade do lugar, ou seja, procura-se apreender o máximo suas características físicas, biológicas, seu meio-ambiente e seu passado histórico vivenciado pelas pessoas que ocupam a região por meio do tempo.

O conceito de “lugar”, também, nasce em conseqüência da experiência do indivíduo que ocupa esse lugar, onde está ambientado e integrado. Lugar não é considerado qualquer localidade ou cidade, mas sim, especialmente e especificamente, aquele lugar que tem algum significado ou importância afetiva para a pessoa. Um espaço que pode acumular experiências amenas, afetivas e sensações boas, quando a pessoa nele vive ou apenas o traz na recordação.

O termo “topofilia”, assim denominado por Yi Fu Tuan, constitui-se no elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou natureza onde convive. Definida por meio do estudo das relações das pessoas com a natureza e do seu comportamento relação ao meio físico e, também, dos sentimentos e emoções que sentem e têm em relação ao espaço e lugar. Do mesmo modo que o indivíduo pode acumular experiências negativas em relação a um determinado lugar e que se traduzem em sensações repulsivas, desagradáveis, que são definidas como experiências topofóbicas.

Também o termo “distância” não é definido metricamente, mas levando em consideração o centro de significação e importância que o lugar exerce.

Os conceitos espaciais são entendidos como laços afetivos entre o homem e seu mundo, analisando e examinando as relações que o homem mantém com o seu meio ambiente e o seu meio físico. Dentro dessa visão, a Geografia Humanística pode ter uma ampla apreensão do que é a pessoa humana e do que ela pode fazer, sentir e transmitir a partir da experiência individual.

Resumindo sobre Geografia Humanística

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O método principal de análise é o método indutivo. A filosofia norteadora é a fenomenologia.

A abordagem é idiográfica e favorece a percepção individual.As técnicas de análise são a observação, a descrição, a representação.Autores da Geografia Comportamental: Yi-Fu Tuan (precursor e principal

autor). Outros autores: Anne Buttimer e Edward Relph.

BibliografiaCHRISTOFOLETTI, Antônio. As características da nova geografia. São Paulo: Difel, 1985. TRIVINUS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução a pesquisa das ciências sociais. São Paulo: Atlas. 1987.

Sobre Yi-Fu Tuan

Nasceu em dezembro de 1930 em Tianjin, na China. É um geógrafo sino-americano. Filho de um diplomata chinês de classe média, teve acesso a uma boa educação. Cursou a educação básica em escolas chinesas, filipinas e australianas. Iniciou os estudos de nível superior na University College, em Londres, e terminou sua graduação em Geografia na Universidade de Oxford. Os graus de bacharel e de mestre foram obtidos em 1951 e 1955, respectivamente. A

continuidade de seus estudos deu-se na Califórnia, na Universidade da California, Berkeley, onde recebeu, em 1957, o título de doutor.

Antes mesmo de concluir seu doutoramento, Tuan iniciou sua carreira como professor universitário na Universidade de Indiana, lecionando de 1956 a 1958. Nos seis anos seguintes, assumiu a cátedra de Geografia da Universidade do Novo México, onde trabalhou até 1966.

Do estado do Novo México, Tuan primeiro mudou-se para o Canadá. Entre 1966-68 foi docente na Universidade de Toronto. Transferiu-se para a Universidade de Minnesota em 1968. Foi nessa universidade que desenvolveu, com mais propriedade, seus trabalhos, sistematizando e organizando a geografia humanística, que enfoca cuidadosamente uma geografia humana voltada para "as glórias e misérias da existência humana".

Em 1974, Tuan publicou um dos livros mais importantes para a expansão da geografia humanística, intitulado Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Um objetivo central dessa obra é estudar os sentimentos de apego das pessoas ao ambiente natural ou construído, pois “topus” é uma palavra grega que significa “lugar”, enquanto “filo” significa amor, amizade, afinidade. Esse autor se propôs a encontrar os elementos universais das percepções e valores sobre o ambiente por vários caminhos, como identificar as respostas psicológicas comuns a todas as pessoas (derivadas da evolução biológica e da estrutura básica do cérebro) e depois mostrar que os mesmos tipos de respostas se manifestam na cultura dos povos. Vê-se isso quando ele afirma que “a mente humana parece estar adaptada para organizar os fenômenos [...] em pares de opostos” e, mais adiante, comenta que todas as culturas pensam os fenômenos por oposições binárias entre macho e fêmea, terra e céu, montanha e mar.

Depois de catorze anos trabalhando na Universidade de Minnesota, tranferiu-se para a Universidade de Wisconsin, em Madison. Em 1998, nessa mesma universidade, Tuan se aposentou, embora continue, ainda hoje (2011), como professor emérito.

Publicações de Yi-Fu Tuan

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TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel, 1980.TUAN, Yi. Fu. A Geografia Humanística. In: CHRISTOFOLETTI, Antonio (Org.). Perspectivas da Geografia. São Paulo: Difel, 1982. Cap. 7, p. 143-164.TUAN, Yi. Fu. Paisagens do medo. São Paulo: Unesp, 2006.

GEOGRAFIA TÊMPORO ESPACIAL OU GEOGRAFIA TEMPORAL OU GEOGRAFIA ESPACO-TEMPO

A consideração da noção de “tempo” nos estudos geográficos não é coisa recente. A Geografia teórica não foi além da apresentação de problemas, sem lhe oferecer uma solução aceitável.

A concepção de um espaço relativo, tão comentada nos anos de 1950 e de 1960, em oposição à noção de espaços absolutos, supõe, em primeiro lugar, que se abandone a ideia de um espaço tridimensional (comprimento, largura e altura) e se passe a trabalhar com a ideia de um espaço quadridimensional (relação de comprimento, largura, altura e tempo). A partir da década de 1970, com base principalmente nos trabalhos realizados por Hagerstrand esta tendência ganhou seguidores na Suécia.

Mais tarde, várias escolas e seguidores já se manifestaram, em diferentes países, como simpatizantes desta Geografia Têmporo-Espacial.. Nesta tendência ou corrente geográfica não é mais possível explicar o espaço somente levando em conta as relações do homem com a natureza, as relações dos homens entre si e as estruturas das sociedades. Essa corrente procura analisar as atividades dos indivíduos e/ou das sociedades em função das variáveis tempo e espaço, alocando as atividades produtivas e as características sócio-econômicas. Enfatiza as profundas transformações que vem sofrendo o espaço, sobretudo pela influência do homem por meio do tempo para “ganhar tempo”.

Diante da complexidade e as divergências que os espaços apresentam, sejam por fatores naturais a eles eminentes ou por ação diferenciada do homem sobre os mesmos, é compreensível e necessária a existência de interpretações divergentes. Como o determinismo de Ratzel, que não deixa de ter certa validade nas sociedades onde o homem é fortemente subordinado às condições naturais, como acontece em comunidades do Ártico, da Amazônia, da África, nas expedições à Antártica e outros onde a ciência e tecnologia não existem para controlar, adaptar ou modificar a natureza.

Embora sempre presentes e importantes as relações do homem com a natureza não bastam para explicar paisagens geográficas. Nas sociedades modernas, produzidas por um vertiginoso avanço da ciência e da tecnologia, o homem está munido de um instrumental tecnológico tão poderoso que lhe é permitido controlar e modificar muitos elementos da natureza, tendo em vista o melhor e maior aproveitamento dos recursos que o espaço natural contém. Deste modo, é preciso e necessário considerar sempre o nível tecnológico do agente humano em suas relações com e espaço natural. A evolução da humanidade se faz por meio do tempo, pelo avanço da ciência, que lhe permite melhores condições de conhecer e procurar resolver os desafios. E assim, cada vez mais, fornecer ao homem melhores condições de vida.

Por esse motivo a Geografia Têmporo-Espacial tem como seu objeto, o resultado das relações dos homens entre si, no seu desdobramento no tempo e no espaço. Principalmente nos dias atuais, quando o desenvolvimento permitiu maior rapidez nos meios de transporte e telecomunicações, “encurtando” as distâncias entre os lugares, “aproximando” espaços, fazendo parecer que a superfície terrestre está ficando cada vez menor.

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A perspectiva da análise têmporo-Espacial não tem a pretensão de fundar um novo campo distinto e específico dentro do conjunto das ciências sociais. Pelo contrário, vem se impondo com o objetivo de promover a integração de áreas diversificadas do conhecimento, transpondo de vez a distância entre a ciência sócio-econômica e a ciência bio-ecológica e tecnológica. Através dessa integração relacionada com o uso dos recursos têmporo-espaciais, que surgem das características da organização espacial, que se estabelece e se fortalece a importância da Geografia.

A Geografia contribui de maneira fundamental, oferecendo uma visão do quadro real e dinâmica do espaço. Espaço, este, possível de programação e possibilidades de diagnósticos preciosos, para melhor aproveitamento do “espaço e tempo”, em benefício ao homem que vive neste espaço.

Na análise da Geografia Têmporo-Espacial é primordial o entendimento do uso do tempo nas relações humanas, sejam elas entre os indivíduos ou entre grupos de indivíduos. A análise do tempo já se impõe como fundamental dentro das relações desenvolvidas entre os componentes da família. É a partir da família que as relações “tempo-espaço” se irradiam para as outras atividades desenvolvidas pelos membros da família como: trabalho, estudo, lazer, compras e outros.

A partir de suas necessidades e opções de bem estar, o indivíduo passa a planejar convenientemente o uso do tempo diário para atender todas as suas obrigações no menor tempo possível, e assim, ter mais tempo livre para o divertimento e lazer.

Para que os indivíduos possam desenvolver plenamente suas atividades econômicas, educacionais e outras e usufruir paralelamente de horas de lazer e descanso, é interessante que as atividades de lazer sejam oferecidas fora dos horários de trabalho, de aula e, tenham construções adequadas, próximas à residência e sejam supridas por meio de transportes e organização dos horários.

Os recursos individuais de cada família ou indivíduo passam a ter importância na análise do tempo gasto na manutenção diária do dever e lazer. A família ou indivíduo, com renda satisfatória, passa a ter vantagens no seu convívio diário, uma vez que tem acesso a uso de carros particulares e toda a infra-estrutura tecnológica domiciliar. Passa a resolver suas necessidades de locomoção facilmente a partir do uso do carro particular; da alimentação a partir da conservação planejada dos alimentos; do uso do telefone para marcar horários em dentistas, médicos e outros; do acesso a lugares privilegiados para fazer compras, como shopings centers, galerias e outros.

A escolha do bairro, localidade ou cidade para fixar residência, envolve muitas vezes, a opção de escolher o lugar que melhor oferece a possibilidade de distribuir convenientemente o uso do tempo diário nas diversas atividades.

Nas sociedades modernas, movidas pelas indústrias com alto desenvolvimento tecnológico, a produtividade é intensificada, sem que isso custe maior esforço. Pelo contrário, nas sociedades modernas, altamente industrializadas e avançadas tecnologicamente, há uma gradativa diminuição das horas das jornadas de trabalho, sem que isto represente diminuição de salário. Mas, automaticamente, o trabalhador passa a dispor de mais tempo livre e que pode ser gasto em diversas atividades, sejam esportivas, recreativas, sociais, turísticas e outras.

Os países do primeiro mundo, a exemplo da Alemanha, Suíça e outros, buscam cada vez mais esse desenvolvimento de bem estar social, onde o indivíduo tenha cada vez mais tempo para atividades diversas, com remuneração satisfatória. O Japão da atualidade, apontado como uma das potências mundiais, no que se refere a questão econômica e tecnológica, ainda não atingiu o desenvolvimento na questão social. Socialmente, os japoneses não dispõe de tempo livre diário em que o indivíduo trabalhador possa se dedicar ao lazer. As jornadas de trabalho são muito longas. Mas, isto também já está mudando em função do uso de alta tecnologia e robotização.

Nas sociedades de terceiro mundo, a exemplo do Brasil, as questões e os problemas que podem ser focalizados sob a perspectiva têmporo-espacial são muito

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diversas, envolvendo as características das diferentes e, distantes entre si, classes econômicas.

Os indivíduos de baixo nível social e cultural trabalham em ofícios de baixo rendimento, pois o tempo é barato. Assim, trabalham muito e por muito tempo, por pouca recompensa salarial.

As pessoas de baixo nível social e cultural se ocupam com tarefas domésticas e de limpeza, simples e rotineiras e delegadas por patrões ou chefes. Os meios de transportes em massa, usados por pessoas de baixa renda, não são organizados de acordo com a realidade do cotidiano e contribuem para que o tempo gasto no transporte seja exageradamente grande e confuso.

Nas atividades produtivas também são significativas as diferenças no uso do tempo entre as populações urbanas e rurais. As populações rurais tem o seu cotidiano adaptado aos fenômenos naturais, como as estações do ano ditando as épocas propícias para plantar ou colher.

As atividades das populações urbanas são, em sua maioria, determinadas por horários fixos. O indivíduo é considerado como descrevendo um trajeto contínuo em tempo-espaço por meio da sua existência.

Valorizando a fusão das variáveis tempo-espaço, a Geografia Têmporo-Espacial pode ser manuseada também pelos adeptos da Nova Geografia, da Geografia Nova e da Geografia Humanística.

Resumindo sobre Geografia Têmporo Espacial ou Geografia temporal ou geografia do Espaco-tempo

O método principal de análise é o método indutivo. Não em uma filosofia norteadora, no entanto apresenta o modelo têmporo-espacial.

A abordagem é idiográfica e favorece a percepção individual e arepresentacão.As técnicas de análise são a observação, a descrição, a representação, modelos.

Autores da Geografia Têmporo-Espacial: Torsten Hagerstrand (precursor e principal autor).

É o campo das ciências humanas que trata do estudo do fator temporal nas atividades espaciais humanas. Possui suas raízes no geógrafo Sueco Torsten Hagerstrand que destacou o fator temporal nas atividades humanas no espaço. 'O caminho do espaço tempo, escrito por Hägerstrand, mostra o movimento de um indivíduo no ambiente

espaço-temporal com as restrições colocadas nele por estes fatores. Três categorias de restrições impostas foram identificadas por Hägerstrand:

Autoridade - limitação do acesso a determinados lugares ou domínios a alguns indivíduos, imposta pelos proprietários ou autoridades.Capacidade - limitação no movimento dos indivíduos, baseada em sua natureza. Por exemplo, o movimento é restringido por fatores biológicos, como a necessidade de comida, bebida e sono.Cooperação - restrição de um indivíduo ligada a outros, ancorando-o a uma localidade onde interage com outros indivíduos para realizar tarefas.

Bibliografia

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CHRISTOFOLETTI, Antônio. As características da nova geografia. São Paulo: Difel, 1985. GEOGRAFIA IDEALISTA

A abordagem idealista faz uma distinção fundamental entre a explicação dos fatos humanos e os naturais. Um fato envolvendo as decisões humanas, deve ser analisado em termos do pensamento subjacente a ele.

Para tanto, os idealistas, propõem o método de “repensamento”, que consiste na descoberta do propósito humano contido numa ação.

Essa abordagem pressupõe para a explicação dos eventos humanos a compreensão de uma situação em termos dos pontos de vista dos indivíduos envolvidos neles. Conforme Guelke apud JOHNSTON (1986:206) a abordagem idealista em Geografia “é um método do qual pode-se repensar os pensamentos daqueles cujas ações se procura explicar”, tendo sua focalização maior na tendência histórica do que na espacial. Desta forma, o conhecimento completo do contexto cultural e das circunstâncias específicas dos indivíduos é necessário para interpretar seus pontos de vista.

O método do repensamento permite ao geógrafo humano captar o significado da atividade geográfica em termos da razão humana, sem que haja necessidade de leis ou teorias. Para Guelke, as leis do comportamento humano, são naturalmente impossíveis senão em sua forma mais generalizada, pelo fato de que muitos comportamentos são culturalmente específicos e uma formulação “a priori” das condições determinantes de sua operação não é factível.

Desta forma, o objetivo do geógrafo idealista consiste em compreender o “desenvolvimento da paisagem cultural da Terra ao revelar o pensamento que jaz atrás dele”, onde procuram explicar a atividade humana e a compreensão de uma situação em termos dos pontos de vista daqueles indivíduos envolvidos nela, sendo o conhecimento do contexto cultural e das circunstâncias dos indivíduos necessário para a interpretação do seu ponto de vista.

A Geografia Idealista “ao considerar a elaboração de relatos verdadeiros e sua explicação, assume posição idiográfica em vez de nomotética, sendo a sua focalização maior na tendência histórica que espacial, se encaixando nos modelos do positivismo lógico” (CHRISTOFOLETTI, 1985:25).

BibliografiaCHRISTOFOLETTI, Antonio. Perspectivas da Geografia. São Paulo: Difel. 1985.GUELKE, Leonard. Perspectivas da Geografia. São Paulo: Difel. 1985.JONHSTON, Ronald John. A Geografia Comportamental e as alternativas em aelação ao Positivismo. São Paulo: Difel. 1986.

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RESUMO DAS ESCOLAS

CARACTERÍSTICAS TRADICIONAL NOVA GEOGRAFIAPRAGMÁTICAQUANTITATIVA

GEOGRAFIA NOVARADICALCRÍTICA

PERÍODO

OBJETODE ESTUDO

MÉTODODEANÁLISE

FILOSOFIANORTEADORA

DOUTRINASTEORIAS

ESPAÇO DE ANÁLISE

ABORDAGEM

TÉCNICAS DE ANÁLISE

DICOTOMIAS

AUTORES

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RESUMO DAS TENDÊNCIAS

CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAL OU DAPERCEPÇÃO

HUMANÍSTICA TÊMPORO- ESPACIAL OU ESPACIAL

IDEALISTA

PERÍODO

OBJETO DEESTUDO

MÉTODODE ANÁLISE

FILOSOFIANORTEADORA

DOUTRINASTEORIAS

ESPAÇO DEANÁLISE

ABORDAGEM

TÉCNICAS DEANÁLISE

DICOTOMIAS

AUTORES

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE GEOGRAFIA HISTÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO Profª Elsbeth Leia Spode Becker

LISTA DE EXERCÍCIOS – Nº 1 – CONHECIMENTO GEOGRÁFICO PRÉ-CIENTIFICO –

1. O que se entende por período pré-científico?

2. Cite e descreva alguns exemplos de povos primitivos que registravam o espaço.

3. Descreva alguns exemplos da influência grega na cultura dos povos

conquistados.

4. Quais os fatores que contribuíram para que a Grécia desenvolvesse

conhecimentos geográficos.

5. Como era o conhecimento geográfico romano?

6. O Mundo Muçulmano influenciou o conhecimento geográfico? Comente.

7. Como era o imaginário social na Idade Média.

8. O que acontecia no Oriente enquanto o Ocidente vivia mergulhado no período

que conhecemos por Idade Média.

9. Descreva a organização econômica da Europa durante a Idade Média.

10. Qual foi a influência do cristianismo, na Europa, no período da Idade Média?

LISTA DE EXERCÍCIOS – Nº 2 - CONTEXTO EUROPEU NA FORMAÇÃO DO PENSAMENTO OCIDENTAL -

1. O que foi o Renascimento e o que isso significou para a Idade Moderna?

2. Compare a visão de mundo medieval com a visão de mundo renascentista. Cite

alguns aspectos.

3. Comente a reforma protestante e outras reformas religiosas cristãs subseqüentes

em meio ao contexto político e econômico da Idade Moderna.

4. O que é absolutismo monárquico e em que contexto surgiu na Europa?

5. Qual foi a importância das revoluções burguesas no surgimento dos Estados

Nacionais?

6. O que é Iluminismo e de que forma influenciou a ideologia para o mudou

moderno?

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7. Cluverius, Varenius e Kant viveram no contexto das grandes transformações da

Idade Moderna. De que forma cad um deles via a Geografia?

LISTA DE EXERCÍCIOS – Nº 3 – POSITIVISMO -

Postulado= fato que se admite como princípio de um sistema dedutível. Fato reconhecido sem prévia demonstração.

Síntese= resumo, reunião de elementos concretos e abstratos em um todo.

Empírico= baseado apenas na experiência, sem caráter científico.

Sistematizar= dentro de uma linha de pensamento.

1. O que é positivismo?

2. Qual foi o filósofo que concebeu as matrizes do positivismo e a época em que viveu.

3. Quais são as regras fundamentais do positivismo?

4. Quais são as fases do positivismo?

5. Descreva o organicismo.

6. Descreva o evolucionismo.

7. Descreva o funcionalismo.

8. OS POSTULADOS POSITIVISTAS

4- Redução da realidade ao mundo dos sentidos.5- Idéia da existência de único método de interpretação comum a todas as ciências.

Não aceitação da diferença de qualidade entre o domínio das Ciências Humanas e das Ciências Naturais.

6- Hierarquização das Ciências.

Comente o entendimento de cada postulado.

9. OS POSTULADOS GEOGRÁFICOS OU MÁXIMAS GEOGRÁFICAS

1. A Geografia é uma ciência empírica pautada na observação.2. A Geografia é uma ciência de contato entre o domínio da natureza e o da

Humanidade.3. A Geografia é uma ciência de síntese.

Comente o entendimento de cada postulado geográfico e a relação com o postulado positivista.

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LISTA DE EXERCÍCIOS – Nº 4 - A SISTEMATIZAÇÃO DA GROGRAFIA: HUMBOLDT E RITTER-

1. Qual foi o contexto histórico europeu na época da sistematização da Geografia?

2. Qual foi o papel da burguesia na formação do capitalismo.

3. Qual foi o país berço da Geografia?

4. O nome completo e a formação dos (2) sistematizadores da Geografia?

5. De que forma Humboldt concebia a Geografia?

6. Que método Humboldt propôs? Descreva o método.

7. De que forma Ritter concebia a Geografia?

8. Que método Ritter propôs para a Geografia?

9. Quais as técnicas que estes dois pensadores propuseram para a Geografia?

10. Estes dois pensadores foram importantes para a Geografia? Por quê?

LISTA DE EXERCÍCIOS-Nº 5- A ESCOLA ALEMÃ e FRIEDRICH RATZEL-

1. Quem foi Friedrich Ratzel (1844-1904)?

2. Em que contexto histórico alemão viveu Ratzel?

3. De que forma Ratzel incorporou os postulados de Charles Darwin para a

Geografia?

4. Qual o método utilizado por Ratzel?

5. Contribuições: o espaço vital. O determinismo geográfico. A Geografia

Política. A geografia Ambiental. Descreva cada uma delas na visão de

Ratzel.

LISTA DE EXERCÍCIOS-Nº 6- A ESCOLA FRANCESA e PAUL VIDAL DE LA BLACHE -

1. Em que contexto histórico vai surgir a Escola Francesa.

2. Nome e época em que viveu o principal pensador da Escola Francesa de

Geografia.

3. Descreva a Doutrina do Possibilismo.

4. Para La Blache, a região era uma escala de análise. Descreva a contribuição

lablachiana para o estudo da região.

5. Compare as formulações de Ratzel com as de La Blache.

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6. LISTA DE EXERCÍCIOS-Nº 67. - A ESCOLA FRANCESA e PAUL VIDAL DE LA BLACHE -LISTA DE EXERCÍCIOS-Nº 7- OS GEÓGRAFOS DA TRANSIÇÃO-

1. Nesta época ainda, Reclus e Kropotkin, passaram uma outra visão de mundo.

Comente.

2. Fale sobre as contribuições de Alfred Hettner.

3. Quem foi o geógrafo da transição?

4. O que é Geografia Idiográfica?

5. O que é Geografia Nomotética?

6. O que é a Teoria do Racionalismo Geográfico?

7. Qual foi o geógrafo da transição da Escola Tradicional para o Movimento de Renovação e o país que iniciou este movimento.

8. Quais foram as principais causas que contribuíram para que ocorresse o movimento de renovação dentre da Geografia?

LISTA DE EXERCÍCIOS – Nº 8-NOVA GEOGRAFIA, GEOGRAFIA QUANTITATIVA, GEOGRAFIA PARGMÁTICA, GEOGRAFIA TEORÉTICA-

1. Descreva o contexto histórico, político, econômico e social da primeira década do século XX. Fatos que desencadearam essa mudança de paradigmas nas ciências.

2. Qual o nome da filosofia norteadora da Escola Quantitativa? Descreva suas características.

3. Qual o objeto de estudo da Escola Teorética?

4. Quais as técnicas de análise da Escola Pragmática?

5. Qual é o método de análise da Nova Geografia.

6. Diferencie método indutivo do método dedutivo.

7. O que mudou em relação à Escola Tradicional quanto ao método e às técnicas.

8. Compare o espaço de análise: o absoluto e o relativo.

9. O que seria um sistema, segundo Christhofolletti? Conceitue e exemplifique.

10. Qual é a abordagem da Nova Geografia? Como são vistos os fenômenos geográficos nesta abordagem?

11. Segundo Chorley e Hagget: para o quê servem os modelos em Geografia?

12. Qual a relação existente entre o uso de modelos e a filosofia neo-positivista?

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13. Cite autores teoréticos.

LISTA DE EXERCÍCIOS – Nº 9-GEOGRAFIA NOVA, GEOGRAFIA RADICAL OU GEOGRAFIA CRÍTICA-

1. Qual a principal crítica formulada pelos geógrafos da Geografia Radical para com a Escola Tradicional e para com a Escola Pragmática?

2. Escreva o contexto histórico, social, político e econômico, na década de 70 do século XX, quando a Geografia Crítica tomou maior espaço de reflexão.

3. Qual a filosofia norteadora da Escola Crítica?a. Descreva o materialismo histórico.b. Descreva o materialismo dialético.

4. Qual é o método da Escola Crítica?

5. Descreva as quatro leis da dialética e explique o processo de pesquisa.

6. Descreva a estrutura da segunda lei da dialética que justifica LAVOISIER: “no mundo nada se cria, tudo se transforma”.

7. Exemplifique a terceira lei.

8. Relacione a quarta lei com as classes sociais do capitalismo.

9. Qual é o objeto de estudo da Geografia Crítica?

10. Segundo Milton Santos, o espaço é total e uno. Justifique.

11. Segundo Milton Santos, a análise do espaço na Geografia Crítica requer a utilização de categorias e de elementos. Explique e exemplifique cada uma das categorias e dos elementos.

12. Qual é a abordagem da Escola Crítica?

13. Cite autores da Escola Crítica.

LISTA DE EXERCÍCIOS – Nº 10-TENDÊNCIAS EM GEOGRAFIA: GEOGRAFIA COMPORTAMENTAL OU DA PERCEPÇÃO, GEOGRAFIA HUMANÍSTICA, GEOGRAFIA TÊMPORO-ESPACIAL E GEOGRAFIA IDEALISTA-

-Geografia Comportamental ou da Percepção

1. Atualmente, século XXI, existem movimentos nas ciências, em busca de novos paradigmas. Na Geografia Temos quatro tendências. Quais são?

2. Qual é a proposta da Geografia Comportamental?

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3. Qual é o principal objeto de estudo desta tendência em Geografia?

4. Que outras áreas do conhecimento contribuem para a proposta desta tendência?

5. Qual é a filosofia norteadora desta tendência?

6. Cite autores.

-Geografia Humanística

1. Quais as contribuições de Edmund Husserl para as bases da Geografia humanística?

2. Quais as idéias básicas da fenomenologia?

3. Qual é a relação existente entre o positivismo e a fenomenologia?

4. O que seria o estudo das essências da fenomenologia?

5. O que é intencionalidade para a fenomenologia?

6. O que é solipsismo?

7. Qual é a abordagem e qual é o método de estudo?

8. Qual é o objeto de estudo?

9. Cite autores da Geografia Humanística.

-Geografia Têmporo-Espacial

1. Como esta corrente da Geografia Têmporo-Espacial explica o espaço geográfico?

2. Qual é objeto de estudo?

3. Qual é a perspectiva de análise têmporo-espacial?

4. Compare a relação espaço-tempo entre os países desenvolvidos e países subdesenvolvidos.

5. Cite autores dessa tendência.

-Geografia Idealista

1. Qual é a abordagem da Geografia Idealista?

2. Qual é o método?

3. Qual é o referencial filosófico da Geografia Idealista? (Considere Christofolletti).

4. Cite autores desta tendência. 27

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PROPOSTAS DE LEITURAS LEITURA 1.

A partir da leitura de parte do livro intitulado “a ruptura do meio ambiente” e à luz das ideias do autor Luiz Henrique Ramos de Carvalho, comente:

Capítulo 1: Concepção de natureza na Idade Média. 1.1: Da Idade Média para a natureza racional contemporânea.

Capítulo 2: As novas teorias da natureza. 2:1: O reencontro do homem com a natureza – o surgimento da física quântica.

Faça um pequeno texto digitado, de no máximo 40 linhas, tamanho da letra 14, espaçamento 1,5, com letra Arial, seguindo, basicamente, o seguinte roteiro no texto:

qual era a concepção de natureza na Idade Média e como o homem é visto nesta concepção;

qual passou a ser a concepção de natureza a partir do uso da razão, na Idade Moderna até a Contemporânea e como o homem passa a ser visto nesta concepção.

quais são as novas teorias da natureza e como o homem é visto nestas novas teorias.

Conclua, em um parágrafo, dizendo se houve reais mudanças (ou não) em relação à concepção de natureza desde a Idade Média até os dias atuais.

FONTE: CAMARGO, Luiz Henrique Ramos de. A ruptura do meio ambiente. São Paulo: Bertrand Brasil. 2005.

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PROPOSTAS DE FILMES E DVD’sPROPOSTA 1.

CONTEXTO PARA ENTENDIMENTO DO FILME GIORDANO BRUNO

Giordano Bruno (1548-1600). Filósofo nascido em Nola, cidade da Itália Meridional. Sua vida constitui uma das páginas mais gloriosas da luta pela liberdade de pensar. Aos 17 anos de idade tornou-se clérigo, no convento de São Domingos, chegando depois a sacerdote (1572), e obtendo, por último, o grau de doutor em Teologia (1575). Rebelde por natureza, foi acusado de heresia e abandonou o hábito. Peregrinou pela

Itália até ser desterrado (banido) (1579). Daí por diante viveu errante, pregando suas idéias em universidades européias e entrando em choque com católicos e protestantes. Esteve em Genebra (onde abraçou o calvinismo, para logo abandona-lo), Chambery, Toulouse, Paris, em Oxford e Londres, em Marburgo e Wittenberg, em Praga e Helmstedt, em Franfurt e Zurique. Regressando à Itália, a convite de um patrício, Giovanni Mocenigo, Giordano Bruno acabou denunciado ao Santo Ofício e preso. Foi o próprio mocenigo, católico fanático, quem o traiu. O processo a que foi submetido em 1591 e terminou com a sua condenação à fogueira, em 8 de fevereiro de 1600.

A inquisição o declarou apostáta, herético e impertinente e expulso da Igreja. De uma coragem extraordinária e sem abjurar jamais de suas idéias, ao ouvir a sentença afirmou que seus juízes tinham mais medo em pronunciá-la do que ele em recebe-la (majori forsan timore setenciam in me fertis quam ego accipiam). Foi queimado na fogueira, numa manhã de fevereiro de 1600. No local do martírio, Campo di Fiori, em Roma, encontra-se hoje uma estátua sua.

Bruno é, sem dúvida, o maior filósofo da Renascença. Foi quem primeiro penetrou no caminho da Filosofia Moderna. Conhecendo as idéias de pensadores antigos – gregos e judeus -, em especial, influenciado pelo modernos Lúlio, Copérnico e Cusa, o nervo central de seu pensamento é o panteísmo (Doutrina segundo a qual só Deus é real e o mundo é o conjunto de manifestações ou emanações. Deus é a soma de tudo o que existe). Assim, ele ensina a imanência da divindade em tudo o que existe. Deus e o universo constituindo um único ser animado do mesmo poder e experimentando igual perfeição. Existe uma alma universal imanente, daí Bruno dizer que “um espírito se encontra em todas as coisas e não existe corpo, por menor que seja, que não possua parcela de substância divina, que o anima”. As várias coordenadas em que estruturou esse panteísmo lhe dão lugar de destaque na história do pensamento moderno, inclusive porque compreendeu o significado do progresso do espírito humano, através da história da humanidade. Lançou as sementes da filosofia da cultura. Não formulou suas idéias, porém, de maneira sistematizada nos livros que escreveu. Além de admitir como uma só coisa divindade e universo, sua concepção deste era a de um conjunto que se transforma continuamente, evolui do inferior para o superior e deste estado volta ao primeiro. Para ele, um só elemento é infinito e inesgotável: a vida. Bruno parece antecipar o princípio de Lavoisier: “na natureza nada se cria e nada se destrói; tudo se transforma”.

Entre suas muitas obras, destacam-se: de la Causa, Princípio at Uno (“Da Causa, do Princípio e da Unidade”, 1584), De l’Infinito, Universo et Mondi (“Do Infinito, do Universo e dos

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Mundos” 1584), e De Monade, Numero et Figura (“Da Mônade, do Número e da Figura”), 1591. Em 1582 Bruno escreveu e publicou em Paris uma comédia: Il Candelaio. (Fonte: Enciclopédia Britânica).

INQUISIÇÃO(Do latim inquisito: busca, indagação. É a designação de um tribunal eclesiástico, vigente na Idade Média e começos da Idade Moderna, que julgava os hereges e as pessoas suspeitas de heterodoxia em relação ao Catolicismo. Se bem que a inquisição só se apresentasse em plena pujança no século XVIII, suas origens, contudo, remontam ao século IV. A partir de então data a perseguição àqueles que não aceitavam o credo católico. Tinham os seus bens confiscados e alguns, esporadicamente, chegaram a ser condenados à morte, como aconteceu com certos grupos de maniqueus e de donatistas. O imperador Maximus, em 385, condenou à morte o herege espanhol Prisciliano. A maioria dos bispos da época reprovou a atitude dos bispos espanhóis responsáveis pela condenação. Do século Vi ao século IX as perseguições diminuíram. Recrudesceram, porém, a partir da última metade do século X, registrando-se, então, numerosos casos de execuções de hereges, na fogueira ou por estrangulamento. Não havia, contudo, um tribunal organizado neste sentido. O clima propício para a criação deste terrível tribunal só apareceu na época do Papa Inicêncio III (1198), responsável por uma cruzada contra os albigenses, após a qual praticou execuções em massa. Em 1229, no Concílio de Toulouse, criou-se oficialmente a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício. A partir deste momento, e sobretudo com o trabalho dos frades dominicanos, foi-se precisando a legislação e jurisprudência da Inquisição. O processo era sumário. O acusado podia ignorar o nome do acusador. Mulheres, crianças e escravos podiam ser testemunhas na acusação, mas não na defesa. Num destes processos consta o nome de uma testemunha de dez anos de idade. Se o processado delatava parentes, amigos e outras pessoas, passava a gozar de certas regalias. O padre dominicano Bernardo Guy (Bernardus Guidonis, 1261-1331), um dos mais completos teóricos da Inquisição, enumerou no seu Líber Sententiarum Inquisitionis (“Livros das Sentenças da Inquisição”), vários processos para a boa obtenção de confissões, inclusive pelo enfraquecimento das forças físicas do prisioneiro. (Fonte: Enciclopédia Britânica)

OBSERVAR E REFLETIR

1. O contexto da época em termos de mundo conhecido.2. Quais as idéias que dominavam?3. Quais as idéias que emergiam? Influenciados por quem?4. Como era o contexto social? Como viviam as pessoas do povo?5. Como viviam as pessoas de posses? Quem eram os ricos?6. Quem detinha o poder político? E o poder econômico? E o ideológico?7. Como era concebido o conhecimento?8. Giordano Bruno defendia a liberdade de pensamento. Por quê?9. De que maneira Giordano Bruno concebia o Universo?10. E a Ordem das Coisas?11. A Igreja, na época, tinha fortes razões para combater a liberdade de pensar. Por quê?12. Que conseqüências a Inquisição trouxe para a humanidade?13. Que conseqüências as idéias de Giordano Bruno deixaram para a Idade Moderna?14. A quais fatos podemos atribuir o apelo à Inquisição por parte da Igreja, sendo que mais

tarde a própria Igreja reconheceu seus erros.15. No mundo pós-moderno, quais as contribuições ainda possíveis de Giordano

Bruno?16. No mundo pós-moderno, quais as contribuições ainda possíveis da Igreja

Cristã?30

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PROPOSTAS DE FILMES E DVD’sPROPOSTA 2.

RESENHA DO FILME - CRIACÃOCriação mostra como a perda da filha e a fé de sua mulher quase levaram Charles Darwin a um gesto calamitoso: engavetar A Origem das Espécies e privar a ciência de uma de suas ideias fundamentais.

A lealdade conjugal é uma qualidade admirável, além de algo rara. Mas em um caso, ao menos, ela quase pôs a perder aquela que se tornaria a ideia mais influente do pensamento científico nos dois últimos séculos: a teoria da evolução formulada por Charles Darwin. Casado com sua prima-irmã Emma - nada de estranho ou escandaloso nisso na primeira metade do século XIX -, o naturalista protelou durante anos a publicação de seu tratado revolucionário, A Origem das Espécies, e quase perdeu de vez a saúde já habitualmente instável com a aflição provocada pelo dilema de editá-lo ou não. A causa primordial dessa angústia era a religiosidade de sua mulher, e a maneira como, em um período particularmente difícil na vida do casal, ela fez aflorar ainda mais dúvidas sobre a fé cristã em que ele fora educado, e da qual abdicara. A história é familiar aos que conhecem em detalhe a trajetória de Darwin. Mas, no contexto de suas conquistas científicas, não passa de uma nota de rodapé. Colocá-la no centro da polêmica formidável que A Origem das Espécies provocaria, e mostrar como, na verdade, esse conflito doméstico em tudo antecipou essa polêmica, é o feito de Criação (Creation, Inglaterra, 2009), que estreia no país na próxima sexta-feira.

Se o relacionamento encenado no filme por Paul Bettany e Jennifer Connelly (casados também na vida civil) parece bem mais moderno e igualitário do que se imagina do padrão vitoriano, não é porque o diretor inglês Jon Amiel tenha tomado liberdades com os fatos. Desde muito antes de seu casamento, em 1839, Emma e Charles tratavam com franqueza das divergências que poderiam dividi-los. Pianista talentosa, que chegou a ter carreira como concertista, ela era uma entusiasta das ambições do marido e muito colaborou para que se concretizasse sua longa viagem a bordo do navio Beagle, durante a qual ele estabeleceu as bases de sua teoria. Mas Emma tinha também convicções religiosas profundas e, tanto quanto se possa aplicar aí o termo, racionais, já que eram fruto de estudo e questionamento. A correspondência dos dois nos anos anteriores ao casamento mostra que Darwin nunca escondeu dela sua migração rumo ao agnosticismo. E, durante a maior parte de sua vida conjugal, os dois negociaram, quase sem atrito, suas diferenças.

Na década de 1850, porém, uma constelação de fatores abalou essa détente. Em 1851, aos 10 anos, morreu Annie, a filha mais velha e querida de Darwin. O naturalista foi acometido de diversos males - em maior quantidade e gravidade do que fora comum até ali - e tornou-se quase um recluso (entre as muitas hipóteses sobre sua saúde frágil, inclui-se a de que suas doenças fossem psicossomáticas); Emma se refugiou na fé. Em meio a esse equilíbrio tão precário, Darwin escrevia, escrevia, e não chegava a lugar nenhum: sua teoria (que afinal seria publicada em 1859) de certa forma "assassinava Deus", como resumiu seu editor - e poderia também, portanto, assassinar de mil maneiras diferentes o que restava de harmonia na família, no casamento e no seu íntimo.

Criação faz um bom trabalho de reconstituir esse período na vida do cientista e do homem. São belíssimas, por exemplo, as várias cenas em que ele conta à filha como travou contato com uma macaquinha levada da Nova Guiné para a Inglaterra, e como ela morreu, solitária, no zoológico - elas elucidam algumas de suas iluminações científicas e, ao mesmo tempo, sugerem como a nova ordem que ele enxergara na natureza, embora totalmente distinta da ordem disseminada pela religião, era também ela repleta de um sentido de conexão e de deslumbramento. Menos bem-sucedida é a tentativa de recriar a tensão que assomava e se multiplicava à medida que A Origem das Espécies ia tomando forma: Jon Amiel é um diretor por demais amável e conciliador para cravar os dentes nesse aspecto de sua história e escapar, assim, aos elementos mais banais dos filmes de época. Mas Criação ao menos consegue trazer à baila um aspecto que muitos dos grandes pioneiros da ciência, do próprio Darwin a Robert Oppenheimer, que chefiou o projeto americano da bomba atômica, viveram na carne e nos

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nervos: a urgência de seguir adiante, e o tormento de consciência de não saber o que esse adiante guarda.Fonte: Revista Veja de 17 de março de 2010. P. 128-129. CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE GEOGRAFIA HISTÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO Profª Elsbeth Leia Spode Becker

PROPOSTAS DE VÍDEOS E DVD’sPROPOSTA 3.

MILTON DE ALMEIDA SANTOS (1926 / 2001 )Milton Almeida dos Santos. Nasceu em Brotas de Macaúbas, Bahia, em 3 de maio de 1926 e faleceu em São Paulo, São Paulo em 24 de junho de 2001. Foi graduado em Direito, mas destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da Geografia, em especial, nos estudos de urbanização dos países subdesenvolvidos. Formou-se em Direito no ano de 1948, pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), foi professor em Ilhéus e Salvador, autor de livros, que os geógrafos e os sociólogos em todo o mundo, pela originalidade em analisar o período

pós-guerra e a revolução tecnológica. Em 1958, já voltava da Universidade de Estrasburgo, da França, com o doutorado em Geografia. Foi preso em 1964 e exilado. Passou o período entre 1964 a 1977 lecionando e publicando na França, Estados Unidos, Canadá, Peru, Venezuela, Tanzânia. Foi o único brasileiro e receber um "prêmio Nobel", o Vautrin Lud, que é como um Nobel de Geografia. Sua obra magna é: "Por Uma Outra Globalização”.

1. Fazer uma síntese biográfica do professor Milton Santos.2. Assistir o DVD disponível na biblioteca “por uma outra globalização”.3. A partir da entrevista com o professor Milton Santos (no DVD) desenvolva objetivamente o raciocínio para:

a) “as globalizações” (como fábula, perversidade e possibilidade para o futuro). Explique as três globalizações segundo Milton Santos. b) o globalitarismo. c) o período técnico-científico-informacional.d) as “revoluções” dos pobres, especialmente, na América.e) uma conclusão sobre as ideias dorsais apresentadas no DVD.f) apresente para a turma em sala de aula.

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ATIVIDADES ACADÊMICAS ALTERNATIVASATIVIDADE 1.

1. Ler os capítulos 1 e 2 do livro Metamorfoses do espaço de Milton Santos (disponível na biblioteca da UNIFRA e no site da professora).

A partir da leitura, elaborar a reflexão para:1. estabelecer a relação existente entre o período técnico-científico-informacional e a renovação das ciências. Como e por que isso acontece?2. A importância do espaço no atual momento e o objeto da Geografia. Possibilidade de renovação para o pensamento geográfico?3. Geografia renovada. O que seria no atual contexto histórico?

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