a geografia no contexto do pensamento geográfico · tais questões vão de encontro à própria...

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Departamento de Geografia Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Universidade de São Paulo Iniciação à Pesquisa em Geografia I A Geografia no Contexto do Pensamento Geográfico Prof. Dr. Fernando Nadal Junqueira Villela

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Departamento de Geografia

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Universidade de São Paulo

Iniciação à Pesquisa em Geografia I

A Geografia no Contexto do Pensamento Geográfico

Prof. Dr. Fernando Nadal Junqueira Villela

O que é Geografia ?

O que é a Geografia Física ?

O que é a Geografia Humana ?

Geografia Humana

Observações Importantes

Desenvolvimento da Geografia e consequentes conflitos metodológicos podem ter reflexões buscadas na História e

Filosofia da Ciência

Construção e desconstrução de paradigmas, procurando opções metodológicas e estratégias de abordagem

Geografia = Ecologia do Homem?

Tais questões vão de encontro à própria evolução do pensamento geográfico na história moderna e ao aparecimento

da Geografia como ciência

Kant (séc. XVIII) concebia a Geografia como ciência de síntese, agregadora de conhecimentos da Natureza, de cunho descritivo e visando sempre o enfoque de conjunto:

perspectiva corológica

Diferencia-se da perspectiva cronológica e/ou sistemática

Geografia Moderna (após Séc. XVIII): Utilizada como instrumento legitimador das práticas exercidas pelas Nações ou Estados Dominantes “Nascida não durante o desenvolvimento mas no decorrer do triunfo da burguesia” (Dresch, 1948) Ciência geográfica responde à ideologia vigente, tornando-se inclusive necessária

Geografia: dificuldade de se desligar dos grandes interesses

Determinismo: geógrafo é um intérprete de condições naturais

Paisagem: Mentira Funcional

E a significação das coisas?

“ESPAÇO HUMANO”

França: Paul Vidal de La Blache

Região: unidade do estudo geográfico, com o conceito de “gênero de vida” orientando a Geografia Humana moderna

Max Sorre: gênero de vida não mais aplicável ao mundo moderno, pois grupos humanos agem sob impulsos exteriores

Imprescindível a noção de Tempo (categoria histórica)

A. Einstein: “A crença num mundo externo independente do indivíduo que o percebe é a base de todas as ciências naturais”

M. Santos: “nenhuma verdade no mundo físico é definitiva e ainda menos o é no domínio social”

Fundamentos filosóficos da ciência geográfica entre o séc. XIX e XX (basicamente): Descartes Kant

Comte Darwin Hegel

Marx

Após a 2ª Guerra Mundial ocorre não apenas uma evolução mas uma revolução no campo científico

Geografia: face às novas problemáticas, novos paradigmas

“New Geography”

New Geography: expressa principalmente pela quantificação

Cartografia, Estatística e Computação

Modelos

Perspectiva Sistêmica, Modelística e Quantitativa

GEOSSISTEMAS

Crítica: método quantitativo não é sinônimo de análise espacial

Domínio téorico não é método, além do método ser passível de discussão

Exemplo (Brasil): Geografia Teorética

Perspectiva pragmática, elaboração de diagnósticos

Crítica: Geografia Quantitativa negligencia o tempo e a precedência do qualitativo

Desistoricidade e Desumanização

Ideologia a serviço dos interesses dominantes, com resultados rasos e simples mas apresentados de

maneira sofisticada e elaborada

Fragmentação do Objeto de Estudo ~ Mistificação dos Resultados e Omissão dos Processos ~

Contraposição: Alfred Hettner: Geografia = diferenciação das áreas

Richard Hartshorne: introduziu o pensamento de Hettner

nos EUA (Geografia = variação das áreas)

Hartshorne: Geografia Idiográfica e Geografia Nomotética

Elaboração de conceitos e fundamentos Carl Sauer: Geografia Cultural

Mesmo assim: triunfo da ideologia

David Harvey (1969): “Vinho Novo em Garrafas Velhas” Abordagem: análise da realidade social por meio do estudo dos fenômenos urbanos

Conflito de natureza metodológica se acentua por haver ênfase na busca de leis e teorias que dirijam verdades universais, ao

invés de tentar-se incrementar universalidades

Carlos Augusto: “particularmente desorientador é o fato de que seja qual for a dicotomia,

muita coisa é acumulada na linha de fronteira”

Ex. Carlos Augusto: teoria do conhecimento + teoria da evolução deve estar atrelada à crítica

Pensamento mais atual: um lugar não se explica mais em si mesmo, visto a totalidade externa que compõe sua dinâmica

Caráter multidisciplinar e interdisciplinar, com reflexões em termos de Espaço e de Tempo

Assim, a exemplo de Harvey (“Explanation in Geography”), apontado por Monteiro quanto às formas de explicação da realidade sob o enfoque geográfico:

Descrição Cognitiva Morfométrica

Causa e Efeito

Desenvolvimento Temporal

Funcional – Ecológica

Organização Sistêmica

IND

ÃO

? D

EDU

ÇÃ

O ?

Geologia

Sociologia

História

Economia

Biologia

Meteorologia

Geografia Histórica

Climatologia

GEOGRAFIA

Fenneman, 1919, in Estébanez, 1982

Como agrupam-se, ordenam-se e estudam-se os fenômenos?

Como se dispõe o fenômeno em forma e estrutura

espacial?

Como os fenômenos são causados?

Como se desenvolvem os fenômenos?

Como um fenômeno particular se relaciona e interage com os fenômenos gerais?

Como se organizam os fenômenos num sistema coerente?

Neste viés, quais são os questionamentos possíveis, segundo o exemplo de Monteiro (1978)?