história do japão

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Cronologia: Eras do Japo Para entender melhor o Japo atual, preciso conhecer sua histria, desde os perodos remotos. Se retrocedermos no tempo, poderemos chegar at os homens que viveram em cada poca e seu estilo de vida. Nessa primeira edio vamos mostrar como dividida a histria japonesa atravs dos perodos ou eras. Convidamos todos a fazerem essa viagem no tempo. 1. Era Jomon - Os homens viviam da caa e pesca, alimentandose com carnes de veado, porco do mato, atum, salmo, mariscos e frutas como uvas e castanhas. No incio, levavam uma vida nmade, descobrindo com tempo, o modo de produzir vasos de barro. Com isso, conseguem conservar e cozer os alimentos. Aos poucos, vo se agrupando e formando aldeias, fixando-se em determinados lugares. Nessa poca, no havia nem ricos nem pobres. 2. Era Yayoi - O cultivo de arroz e instrumentos de metal so transmitidos do continente. Com a intensificao das atividades agrcolas, e aumento da populaco, nascem as diferenas sociais, a classe dos ricos e pobres. Pela primeira vez, o Japo mencionado numa escritura chinesa. 3. Era Kofun - Nesta poca, foram construdos muitos tmulos gigantescos em forma de montculos (Kofun), pelos cls poderosos. Neles foram enterrados muitos objetos de metal, bonecos de barro, pedras preciosas, entre outros tesouros. No incio do sculo 6, o budismo transmitido ao Japo, sendo introduzida a escrita junto com sutras. 4. Era Asuka - Forma-se a dinastia Yamato, aps sucessivas lutas entre os cls. Em meados do sculo 7, seguindo o exemplo da dinastia Tang (China), realiza a Reforma de Taika, definindo a organizao poltica, o sistema tributrio, etc. O prncipe Shtoku institui os 17 cdigos da Constituio, norteados nas doutrinas de Shintosmo, Budismo e Confucionismo. 5. Era Nara - o Cdigo Administrativo do Japo outorgado. O budismo torna-se religio oficial. Por 7 vezes, so enviadas delegaes culturais China para absorver a sua cultura. Ao voltarem, elas divulgam budismo, confucionismo, estratgias militares, msicas tocadas na corte imperial, rituais das cerimnias, e, trazem inclusive inmeros sutras, imagens de Buda e instrumentos musicais. compilada a primeira antologia de poemas Manyoshu, so escritos primeiros livros de histria do Japo, Kojiki e Nihon shoki, e ainda, foi editado o primeiro tratado de geografia japons, o Fudoki.

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6. Era Heian - Os japoneses comeam a criar cultura prpria, aps ter assimilado durante anos a cultura chinesa. A permisso de apropriao das terras para uso particular dos nobres e dos templos esfacelou o ideal do Cdigo Administrativo do Japo, que era o de Estado controlar o povo e as terras. A criao do kana (fonogramas), permitiu o florescimeto da literatura, sendo escrito nessa poca, o Genji Monogatari, que foi traduzido depois em vrias lnguas. Foi a poca urea da nobreza, em que foram criadas muitas obras de arte. 7. Era Kamakura - Surgimento da classe dos samurais e estabelecimento do shogunato. O budismo passa a ser cultuado pelo povo tambm. Os mongis tentam invadir o Japo por duas vezes, liderados pelo poderoso Khubilai Khan, mas nas duas vezes, o Japo foi salvo por vendavais (kamikaze = vento divino) que dizimaram a frota mongol. Surgem os monges Shinran, Nichiren e Dogen, fundadores das seitas budistas. 8. Era Muromachi - poca conturbada por guerras civis. Durante um curto perodo, houve at dois imperadores no comando do pas. As interminveis guerras entre os senhores feudais, permitiram a asceno dos mais fortes, mesmos daqueles de classe inferior. Incio do comrcio com a dinastia Ming (China), desenvolvendo as atividades econmicas feitas com moedas, importadas da China. Ocorre o primeiro contato com os portugueses que chegam deriva no sul do Japo, trazendo a arma de fogo e o cristianismo. 9. Era Azuchi Momoyama - Nobunaga Oda e Hideyoshi Toyotomi vencem inmeras batalhas e conseguem unificar o Japo. Nessa poca, os japoneses tm o primeiro contato com pases da Europa e recebem influncia do cristianismo. Para demonstrar o poder, so construdos grandes castelos, decorados com extremo luxo e requinte. Por outro lado, nessa mesma poca, surgem a cerimnia do ch e o teatro Noh, que pregam a elegncia da simplicidade . 10. Era Edo - Uma era bastante peculiar em que o pas conheceu a paz durante mais de dois sculos. Houve o fechamento dos portos para as naes estrangeiras e a proibio do cristianismo. Para manter o shogunato, a famlia Tokugawa, adota medidas rgidas e conservadoras, estabelecendo quatro classes sociais distintas: samurais, agricultores, artesos e comerciantes. O Japo adota a filosofia confucionista e institui escolas nos feudos e templos. A queda do shogunato Tokugawa provocada por dificuldades internas e pela abertura dos portos. 11. Era Meiji - Com a queda do shogunato Tokugawa e a restaurao do poder imperial, faz-se uma ampla reforma. A ocidentalizao do Japo ocorre a olhos vistos, tal como a adoo do calendrio ocidental. A guerra sino-japonesa e a russo-japonesa implanta patriotismo no povo, reforando o militarismo. O pas passa da economia agrcola para industrial. 12. Eras Taisho, Aisho e Heisei - O Japo passa por amargas experincias nas duas Grandes Guerras Mundiais. Ainda por cima, o povo sofre com danos causados pela natureza - o grande terremoto que atingiu Tokyo e imediaes, e outro, mais recente, na cidade de Kobe. Torna-se o nico pas na face da Terra a ser bombardeado com bombas atmicas. Consegue se erguer da destruio quase que total do pas, aps a 2 Guerral, chegando a fazer parte de um dos pases mais rico do mundo. Passa por crises econmicas, que esto sendo superadas com a adoo do sistema de network de meios de comunicao eletrnica para produo e distribuio e da tecnologia de micro-electronics (ME) nas vrias modalidades industriais.

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O Alvorecer do Japo Era Glacial H mais de 10 mil anos atrs, quando a Terra ainda era coberta por grossa camada de gelo, o Japo ainda estava ligado ao continente asitico. Nessa poca, os homens chegaram at o extremo leste do continente asitico atrs dos mamutes e outros animais, manejando lanas e arpes com pontas de pedra. Eles moravam sombra das rochas ou nas cavernas. Ao longo dos anos, foram criando lngua e cultura em comum, formando o povo japons. Era Jomon Com o fim da Era Glacial, h cerca de 10 mil anos, o nvel da gua do mar foi subindo, e com isso, o Japo foi separado do continente, formando o arquiplago japons. medida que a Terra foi se aquecendo, os mamutes e outros animais gigantescos vo sumindo, e os veados, porcos do mato e outros animais menores vo aumentando. Como so animais mais ligeiros, os homens comeam a utilizar muito o arco e a flecha. Alm dos animais, eles se alimentavam de frutas, castanhas, peixes e mariscos. Os homens comeam a produzir utenslios de barro, inicialmente utilizados para cozinhar alimentos e, mais tarde, para armazenar e conservar alimentos. A maioria dos utenslios dessa poca possui ornamentaes (MON) impressas com leve presso de cordas (J ou NAWA) sobre a sua superfcie. Da o nome Jomon, ou seja, ornamentaes de marcas da corda. Os homens passam a se agrupar, cavam covas e, sobre elas, armam tetos cobertos com sap nos locais propcios caa e pesca, formando pequenas aldeias. Na poca no havia distino entre ricos e pobres. Todos dividiam os alimentos que provinham da natureza. Assim os homens respeitavam e ao mesmo tempo temiam a fria da natureza. Para aplacar a fria, eles criam rituais. Eram animistas, acreditando na existncia de alma em tudo, nos rios, nas montanhas, nas pedras, etc. Com a crescente migrao do povo altamente desenvolvido do continente asitico, o Japo conhece o cultivo de, inicialmente, trigo e sorgo, e posteriormente, arroz. Encerrando assim, a era Jomon. As relquias Alm de utenslios de uso prtico, como vasos, potes e tijelas, os homens da Era Jomon produziram muitos bonecos de animais e homens, assim como estatuetas de terracota, que provavelmente foram utilizados para rituais, cerimnias ou ainda como amuletos.

Itens (da esquerda para a direita): vaso do incio da Era Jomon as rachas indicam que o vaso foi feito sobrepondo os rolos de barro; vaso de meados da Era Jomon foram encontrados nas escavaes arqueolgicas muitos vasos com as asas nas bordas em forma de chamas; boneco com feio de uma coruja (mimizuku-gata doguu) - fins da Era Jomon. Possui 3 coques no alto da cabea e brincos incrustados nas orelhas, talvez a moda da poca?

Enquanto isso no mundo...

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As pequenas naes em volta do Rio Nilo so unificadas, surgindo a civilizao egpcia (3000 anos A.C.). Eles criam o calendrio, que subdivide o ano em 365 dias. Entre o Rio Tigre e o Rio Eufrates surge a civilizao mesopotmica(2350 anos A.C.). Eles criam letras cuneiformes, sistema de 7 dias da semana, leis, etc.] s margens do Mar Mediterrneo e suas ilhas costeiras surge a civilizao grega. Deixa legados inestimveis de obras de arte que data de sculo 11 A.C. a sculo 1 A.C. No sculo 1 A.C. os romanos dominam a regio do Mar Mediterrneo e estabelece o imprio romano. Asfaltaram as ruas com paraleleppedos, criaram sistema de canalizao das guas. s margens do Rio Indu, h aproximadamente 2500 anos A.C., nasce a civilizao Indu, sendo invadido pelos arianos, o povo submetido ao rgido sistema hierrquico de castas. Nas bacias do Rio Amarelo habitavam o povo Han, mais tarde unificado por dinastia Han (206 A.C. a 220 D.C.). Criam muitas obras de bronze, e os ideogramas. Surge o filsofo chins Confcio (551 A.C. a 479 A.c.) Surge Sidarta Gautama(463 A.C. ? a 383 A.C.?), o Buda, fundador do Budismo. Construo da grande Muralha da China (iniciada em 202 A.C. e estendida at a dinastia Ming) , com aproximadamente 2.400 km.

A criao do mundo segundo a mitologia japonesa Era Glacial Cada povo tem a sua mitologia. Porm, ela foi sendo eliminada das salas de aula, pelo fato de no ter uma fundamentao cientfica. A mitologia japonesa j no consta mais nos livros didticos da histria do Japo publicados aps a Segunda Guerra Mundial. Alguns estudiosos no concordam com essa posio de se banir totalmente a mitologia dos livros de histria, acreditando que ela faz parte do desenvolvimento da humanidade. Como exemplo, temos o antroplogo Claude Lvi-Strauss, que atuou como professor na Universidade de So Paulo. Ele explicou racional e matematicamente a lgica da mitologia. Assim, o tema mitologia tem sido reconsiderado sob o ponto de vista de sistema de pensamento universal da humanidade = pensamento primordial. Segundo o professor Masakuni Kitazawa, a mitologia expresso da forma como os povos lidavam com a natureza que os cercava, o seu clima, condies geogrficas, ambiente e o universo. Os deuses, os heris, assim como o espelho, a espada, o corvo, a canforeira, e outros elementos, foram a maneira que os antigos encontraram para codificar racionalmente os seus pensamentos. Ele ainda afirma: Mesmo que a mitologia seja esquecida pelos seus povos, enquanto o clima, as condies geogrficas e o ambiente que os envolve no mudarem tambm, a lgica contida na mitologia continuar a agir no subconsciente do indivduo e delinear o pensamento dos povos. A criao do mundo Os deuses comearam a habitar primeiramente em um lugar chamado Takamagahara. Quando chegou a stima gerao desses deuses, o deus chamado Izanagi, ou o Pai do Cu, e a deusa chamada Izanami, ou a Me da Terra, receberam do Senhor do Cu uma lana e, sobre uma ponte flutuante do

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cu (Ama-no-ukihashi), mexeram o mar com essa lana. Das gotas de sal que caam e se solidificavam, formou-se uma ilha chamada de Onokoro. Os dois desceram at a ilha, escolheram a coluna celeste e construram um palcio. Izanami deu uma volta na coluna celeste e, ao ver Izanagi, falou: Que homem bonito!. A seguir, Izanagi disse: Que mulher bonita!. E assim os dois se tornaram um corpo s e comearam a criar outras ilhas. Porm, quando olharam para elas, perceberam que no estavam muito boas. Ento, voltaram ao cu para consultar os outros deuses. Eles explicaram aos dois que no bom que uma mulher dite as primeiras palavras. Assim, o casal retornou ao palcio e, dessa vez, foi Izanagi quem dirigiu as primeiras palavras Izanami. Unidos dessa forma, comearam a nascer belas ilhas, uma aps a outra. Primeiro nasceu a ilha de Awaji, depois a de Shikoku, em seguida a de Honshu e as demais, totalizando oito ilhas. Alm delas, Izanami procriou o Deus da Montanha, do Mar, do Vento, e mais 35 deuses. Ao dar luz ao seu ltimo deus, o Deus do Fogo, morreu queimada. O mundo dos mortos No conseguindo esquecer Izanami, Izanagi vai at o mundo dos mortos para encontr-la. Izanami fica feliz e deseja muito retornar Terra, mas pede a Izanagi para no olh-la at que o Deus da Morte lhe d permisso para retornar. Ansioso demais para rev-la, Izanagi quebra a promessa e acaba olhando para sua amada. Qual no foi o seu susto! O corpo dela estava coberto de vermes e com oito tipos de trovo. Assustado, Izanagi comea a fugir. A mulher tenta aprision-lo enviando a tropa dos deuses do trovo. Na fuga, Izanagi apanha trs pssegos e atira-os contra os perseguidores, que so afugentados pelo seu poder mgico. Ele fecha a entrada do Mundo dos Mortos com uma pesada rocha que demandaria a fora de mil homens para remov-la. Bastante irada, Izanami roga uma praga, dizendo de trs da rocha: Para me vingar de voc, matarei por dia, 1 mil homens do seu pas!. Izanagi retruca: Ento farei com que nasa 1,5 mil crianas por dia!. O nascimento da deusa do Sol, Amaterasu Izanagi purifica o seu corpo maculado por ter ido at o mundo dos mortos, atravs de outros relacionamentos. Nessa ocasio tambm nasceram muitos deuses. Por ltimo, enquanto ele lavava seu rosto, do olho esquerdo nasceu a Deusa Amaterasu (a Deusa do Sol) a quem concede o domnio de Takamagahara e, do olho direito nasce Tsukuyomi-no-mikoto, a quem concede o domnio da noite, e do nariz nasce Susano-no-mikoto a quem concede o domnio do mar. Para a Deusa Amaterasu, ele ofereceu um colar feito de pedras. Com o nascimento desses deuses, que fornecem energia para o sol, para a lua e para o mar, dando-lhes vida e movimento, iniciam-se as atividades do universo. A Deusa Amaterasu a figura central e de maior importncia na mitologia japonesa. Foi ela quem deu origem famlia imperial. Ela cultuada no Templo Ise, pertencente famlia imperial. At antes da Segunda Guerra, os japoneses acalentavam o desejo de visitar o local menos uma vez na vida. No por ser o templo da famlia imperial, mas para rezar e pedir por uma farta colheita deusa Amaterasu, fonte da vida, ao Deus da gua Sarutahiko, e Deusa dos Cereais, Toyouke.

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Era Yayoi

Desenvolvimento Japons Origem do cultivo de arroz Por volta de sculo III A.C., devido s dificuldades enfrentadas em torno da poltica da Dinastia Han (atual China), muitos chineses migraram para o Japo, atravessando a Pennsula Coreana. Esses chineses introduzem no Japo o cultivo de arroz. Assim, aos poucos, os nativos do arquiplago deixam a vida nmade de caa e pesca, e comeam a fixar residncia. As primeiras moradias fixas consistiam em covas rasas, cobertas com sap. Pode-se dizer que foi o primeiro marco da revoluo no campo. Logo, o cultivo do arroz foi ganhando terreno, e, ao longo dos 100 anos seguintes, passou a predominar como a principal atividade econmica das regies de Kinki(1), Kanto(2) e Tohoku(3). Em 1943, foram descobertas 12 habitaes nas escavaes arqueolgicas de Toro (provncia de Shizuoka) e, nos arredores do arrozal ali localizado, encontraram-se canais, celeiros de palafitas, poos e utenslios feitos de madeira. Um detalhe curioso que nas pilastras dos celeiros havia uma espcie de aba de proteo estrategicamente colocada junto ao celeiro, a fim de impedir a entrada de ratos. At a descoberta das runas de Toro, embora houvessem algumas citaes em Koji-ki e Nihon-shoki (registros histricos escritos no sculo 8) referentes s habitaes, utenslios e estilo de vida da poca, tudo no passava de lenda, pois no existiam provas concretas. Porm, atravs dos vestgios de arrozais encontrados nas escavaes de Itatsuki, na cidade de Fukuoka, em 1980, pode-se deduzir que os homens da Era Yayoi utilizavam enxadas de madeira para arar a terra, fazer valetas e caminhos, jogavam sementes na terra, e na colheita, ceifavam as espigas com facas feitas de pedra. Sabe-se que eram cultivados tambm trigo, sorgo e soja, entre outros. Os vasos em estilo Yayoi e utenslios de cobre Receberam a denominao de vasos em estilo Yayoi, porque os primeiros foram descobertos no bairro de Yayoi. Caracterizam-se por serem mais finos, duros e possurem menos adornos do que os vasos da Era Jomon. Os seus formatos diferem conforme o seu emprego, ou seja, se so destinados para cultos religiosos, cozimentos, conservas, recipientes para gua ou alimentos. A partir dessa era, comeam a surgir utenslios de ferro, cobre, etc. O ferro foi utilizado para fazer instrumentos agrcolas, facas, espadas, lanas e entre outros. Os espelhos de cobre encontrados nas tumbas de grandes cls foram utilizados, inicialmente, como presentes e como um dos objetos sagrados para cultos religiosos. Os sinos de cobre tambm foram utilizados como parafernlia de cerimnia religiosa, ou talvez, tambm como instrumento musical. Na superfcie dos sinos observam-se as mais variadas figuras que nos levam a ter idia da vida daquela poca, tais como: homens caando, mulheres sovando os cereais no pilo e as palafitas que serviam como celeiro ou depsito. A escolha de cobre para cunhar lindas figuras parece ser comum em quaisquer civilizaes.

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Os cadveres nos contam Na sociedade cuja atividade principal o cultivo de arroz, naturalmente, com o tempo, acabamse criando a classe dos mais favorecidos e a dos menos favorecidos. medida que a diferena entre os pobres e os ricos se acentua, surgem a classe dominante e a dominada que vo se agrupando e formando aldeias, que por sua vez se unem em pequenos pases. O surgimento das diferenas sociais o momento tambm do incio das lutas pelo poder. As valas em volta da aldeia comprovam as lutas entre as aldeias. Alm disso, foram encontrados esqueletos humanos com pontas de flecha feitas de pedras trespassando os ossos. Nas tumbas dos cls foram encontrados tambm muitos objetos de adornos feitos de jade, gata, ouro, cristal ou argila, com orifcios na parte superior para passar um cordo. Pelas anlises dos ossos encontrados nas escavaes, podemos supor que os homens das remotas pocas tambm sofriam dos males semelhantes aos que enfrentamos hoje, como fratura dos membros, sinusite, poliomielite e artrite, etc. Ainda, segundo os antroplogos, o ndice de sobrevivncia de indivduos de at 15 anos era de 40%. Conseqentemente, a idade mdia de vida, tanto para o homem como para a mulher, deveria ter sido de 20 a 30 anos. Alm disso, pelas arcadas dentrias possvel supor que as mulheres arrancavam os dentes incisivos e caninos quando se casavam ou na segunda npcia. Um dos fatos do final da Era Yayoi que podemos saber com certeza sobre o pas chamado Yamatai-koku e a sua rainha Himiko que consta no registro da China intitulado Gishiwajin-den. Rainha Himiko A Lendria rainha de Yamatai que foi escolhida para governar a nao no sculo III Este episdio do Japo, encontrado em manuscritos da China, famoso por contar a histria de um governo que restaurou a paz no arquiplago japons, antes dominado por sangrentas batalhas. Por volta do anno Domini (sculo I), havia em Wa (denominao dada pelos chineses ao arquiplago japons) mais de cem pequenas naes (tribos). A partir do final da Era Yayoi (sculo III), estas pequenas naes comearam a ser, pouco a pouco, subjugadas por outras mais poderosas. Dentre elas, destacou-se a nao Yamatai, governada por uma rainha chamada Himiko, que dominava mais de 30 naes. A nao Yamatai, no incio, era governada por um homem. Porm, as interminveis batalhas que tomavam conta de todo o pas fizeram com que os chefes das naes pertencentes a Yamatai elegessem uma mulher como lder. Assim, incio do sculo III, Himiko foi escolhida para governar a nao. Uma aura de mistrio foi criada volta de Himiko, pois ela morava num casaro cercado por muros altos e fortemente protegido por soldados, tendo a seu servio perto de mil escravos. Ela nunca se casou e manteve-se isolada do mundo exterior. Todas as mensagens eram transmitidas por seu irmo, um fiel aliado e seu assessor direto. Himiko tornou-se uma espcie de xam da nao, pois, sempre que lhe era pedido um conselho, ela retirava-se no orculo, rezava a noite inteira e transmitia as revelaes divinas na manh seguinte, por intermdio de seu irmo. Acredita-se que ela realmente possua o poder de prever o futuro, pois as medidas e as decises tomadas mostravam-se sempre corretas. Aps a elevao de Himiko ao governo de Yamatai, a paz reinou no Japo. Para consolidar o seu poder, em torno de 239, Himiko mandou uma misso distante Wei, uma das naes da China.

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Nesta poca, a regio estava dividida em trs naes: Wu (em japons Go= ), Shu (em japons Shoku= ) e Wei (em japons Gi = ), sendo esta ltima considerada a mais poderosa dentre as trs. A misso fez uma viagem de muitos meses pelo mar e depois por terra, finalmente chegando capital Loyang. L, conseguiram uma audincia com o imperador de Wei e entregaram-lhe os presentes oferecidos pela rainha Himiko. Segundo o registro desse pas, os presentes oferecidos foram: quatro escravos, seis escravas e tecidos. O imperador de Wei, por sua vez, retribuiu os presentes enviados pela rainha, concedendo-lhe o ttulo de Shingiwao, ou seja, Rainha de Wa (Japo), da nao aliada de Wei. Alm do ttulo, presenteou-a com um selo de ouro e cem espelhos de cobre considerados sagrados. A paz que havia voltado ao Japo aps o reinado de Himiko foi rompida pela rebelio da nao vizinha Kunakoku. A batalha foi bastante violenta e, para conter o inimigo, por volta de 247, a rainha Himiko pediu ajuda ao reinado de Wei (China). O imperador declarou o seu pronto apoio enviando ao Japo a tropa chinesa comandada por Chang Cheng. Com esse reforo do pas aliado, Himiko conseguiu superar a crise. No se sabe com exatido quantos anos a rainha Himiko viveu, porm, supe-se que ela tenha tido uma vida bastante longa. Quando Himiko morreu, um grande tmulo foi construdo e foram enterrados com ela mais de cem escravos. Aps a sua morte, um homem assumiu o poder em Yamatai. Entretanto, logo reiniciou-se a guerra das naes pelo poder. O conselho reuniu-se e resolveu colocar no trono uma outra mulher. A escolhida foi Iyo, uma menina de apenas 13 anos, que conseguiu em seu governo restabelecer a paz seguindo a mesma linha poltica adotada pela rainha Himiko. Sabe-se da existncia da nao chamada Yamatai e da rainha Himiko por registros da histria de Wei (China); entretanto, at hoje desconhecida a localizao exata da nao Yamatai no arquiplago japons. Existem duas teorias quanto sua localizao: uma a de que ela existiu ao norte da ilha de Kyushu (abrangendo as provncias de Oita, Fukuoka, Saga, Nagasaki, Kumamoto, Kagoshima e Miyazaki); e a outra, na regio de Kinki (abrangendo as provncias de Quioto, Nara, Shiga, Osaka, Hyogo, Mie e Wakayama). Como viviam os japoneses no sculo III? Registro de Wei relatos sobre Wa (Gishi Wajin-Den). Os homens de Wa no usavam chapus, amarravam uma tira de tecido na testa e cobriam-se com tecidos enrolados ao corpo e amarrados na cintura. As mulheres vestiam roupas feitas com tecido bem largo, com um corte no meio do pano, por onde passavam a cabea para vesti-las. Plantavam ps de arroz e cnhamo e criavam bichos-da-seda. Quando as pessoas de hie-rarquia superior passavam pela rua, as de classes inferiores escondiam-se atrs de moitas e, ao dirigirem-lhes a palavra, ajoelhavam-se com as mos apoiadas no cho. O que Himiko comia? A rainha de Yamatai teve, para a poca, uma vida muito longa, alimentando-se basicamente de soja, verduras e arroz. Alm desses pratos triviais, peixes tambm eram servidos, ou seja, desde aquela poca, os pratos principais dos japoneses eram base de arroz, soja, verduras e peixes.

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Era Kofun

Tumbas: smbolo do poder A Era Kofun ganhou esse nome em virtude das grandes tumbas antigas do final da Era Yayoi. Elas esto em Quioto, Nara, Osaka, Okayama, Shimane, Fukuoka, etc. Como mencionado no captulo anterior, sabe-se que a rainha Himiko governou a nao Yamatai mantendo intenso intercmbio com a China. A Era Kofun inicia-se depois desse episdio. A cultura transmitida pelos migrantes (torai-jin) A chave para a construo das gigantescas tumbas reside nos migrantes (torai-jin) que chegaram ao arquiplago japons Em cima: os diversos tipos de pela pennsula coreana. Acolhidos quando a pennsula coreana tumbas antigas. estava em guerra, os migrantes, que receberam cargos de elite na Embaixo: objeto de terracota corte de Yamato, transmitiram a tecnologia da construo de encontrado no interior das tumbas e tambm de grandes templos, alm de tcnicas de tumbas. forjadura, de sericultura, de tecelagem, de cermica e outras. Esse movimento migratrio data desde a poca da mudana da Era Jomon para Yayoi, quando muitos migrantes chegaram ao Japo. Atualmente, a teoria predominante da origem do povo japons de que ele surgiu da miscigenao do homem Jomon com os migrantes.

Em cima: casa reproduzida em terracota e homem comandando trabalhadores na construo dos grandes tmulos.

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A corte de Yamato

Poderosos cls construam tumbas j por volta do sculo V, principalmente os cls da regio de Yamato. O governo era liderado pelo imperador e dividia as funes administrativas, instituindo o sistema de uji (grupo de pessoas da mesma linhagem) e de kabane (hierarquia dos cls regionais que serviam corte). Os cls regionais forneciam produtos da terra corte. Os grupos de uji cultuavam os seus deuses, tinham suas propriedades, controlavam o seu povo e serviam corte. Na hierarquia, existia o equivalente pria (camada mais baixa do sistema de castas da ndia). Eram os nuhi, da corte e dos templos, homens e mulheres escravos vendidos livremente. No final do sculo IV, a corte de Yamato expandiu seu territrio at a regio de Kara (sul da pennsula coreana), alcanando poder militar suficiente para guerrear contra naes coreanas como Kokuri e Shiragi, aliando-se a Kudara. Tumba Daisen A tumba Daisen, do imperador Nintoku, em Osaka, a maior do mundo, com 475 metros. Supondo que 6.800 mil pessoas tenham trabalhado na construo do tmulo, mobilizando 2 mil pessoas por dia, a obra levaria quinze anos para ser concluda. O montante gasto calculado em 79.600 bilhes de ienes. Mesmo com a atual tecnologia, seriam necessrias 29 mil pessoas, dois anos e seis meses, com o custo total de 2 bilhes de ienes. Na foto abaixo, a famosa tumba:

O imperador Akihito, durante pronunciamento de abertura da Copa do Mundo de Futebol Japo Coria, em 2002, disse que a me do imperador Kanmu (737-806) era torai-jin (migrante).

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Era Asuka

A Era Asuka (593710) no apenas uma subdiviso da Era Kofun, como pensam alguns historiadores. um perodo importante da histria japonesa, em especial da arte e da cultura do pas. Foi nessa Era que floresceram obras de arte bdicas de relevante valor artstico. A transio de uma nao orientada pelo credo xamanista para uma nao institucionalizada, norteada pelas doutrinas confucionista e budista, em que grandes cls comearam a substituir tumbas monumentais por templos budistas aconteceu na Era Asuka. So templos construdos com extremo requinte, com imagens de Buda que so verdadeiras obras de arte. Entre esses, destaca-se o templo Hry-ji (607), construdo totalmente em madeira, considerado patrimnio da humanidade desde 1993. Na Era Asuka, a corte de Yamato, proveniente da regio de Vista area do templo mesmo nome (atual Nara e suas imediaes), foi solidificando sua Hry-ji (construo de estrutura poltica, dominando os demais cls. A madeira mais antiga do figura central do kimi (Grande Soberano) mundo). liderava a corte de Yamato. Cls possuam a funo de ministros. Criaram-se cargos distintos, que passaram a ser hereditrios, transformando-se de nao de carter mgico-ritualstico, do tempo da rainha Himiko, para a de estrutura administrativa que se aproxima da moderna. Quando a soberana Suiko (592628) tomou posse, em fins do sculo VI, seu sobrinho, o prncipe Shtoku (574622) tornou-se regente e, junto com o poderoso cl Soga-no-Umako, desenvolveu uma poltica para consolidar o sistema governamental do pas. Assim, no ano de 603, foi criado, pelo prncipe Shtoku, o Kani jnikai (doze graus de hierarquia burocrtica), para a valorizao de burocratas. Em 604, ele instituiu o Kenp Jshichi-j (17 Cdigos da Constituio), mais preceitos morais norteados nas doutrinas de, principalmente, Budismo e Confucionismo. Com o objetivo de absorver o novo sistema poltico e cultural mais avanado, foram enviadas China (na poca, governada pela dinastia Sui) cinco misses de estudiosos e monges, Prncipe Shtoku, estadista revolucionrio responsvel pela criao de um novo sistema poltico e pela construo de vrios templos budistas, como o Hry-ji.

o chamado kenzui-shi (misso a Sui, em japons -Zui). Com a morte do prncipe Shtoku, o cl Soga aumentou seu poder. Insatisfeito com isso, o prncipe Naka-no-oe (mais tarde, imperador Tenji), em conspirao com Nakatomi-no-Kamatari (posteriormente Fujiwara-no-Kamatari), destruiu o cl Soga (645) e, consultando aqueles que tinham ido estudar na China (na poca, governada pela dinastia Tang), iniciaram a reforma poltica para construir uma nao slida. Essa reforma ficou conhecida como

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Reforma de Taika, pois nesse ano foi institudo o sistema de neng, nome dado a certo perodo de anos e adotado at hoje. O primeiro neng foi da era Taika (645650). A Reforma de Taika transformou os terrenos de propriedade particular da famlia imperial e dos cls em propriedade pblica. O povo (agricultores) tambm passou ao controle do poder central (imperador). Instituiu-se, assim, um novo sistema de controle nacional, bem como de cobrana de impostos, feito pelo registro de famlia (koseki). Com a morte do imperador Tenji, iniciaram-se as guerras pelo poder, vencidas pelo imperador Tenmu, que continuou com a reforma poltica e o fortalecimento do poder imperial. Sua sucessora, a imperatriz Jit, instalou-se na regio de Asuka (plancie de Nara) e concluiu a reforma em 701 (primeiro ano da Era Taih), que chamou de Taih Ritsury, originando o sistema poltico norteado por ritsu (judicirio) e ry (legislativo), que perdurou por muito tempo. O sistema poltico ritsury determinou o poder ao imperador, instituiu oito ministrios, cujos ministros foram escolhidos dos grandes cls que despontaram desde a poca da Reforma de Taika. A eles, foram atribudos direitos, inclusive o ttulo de nobreza, que passou a ser hereditrio, criando, assim, classes sociais distintas. O Japo foi dividido em 60 koku (circunscries), e cada koku foi subdividido em gun (comarcas); os gun, em pequenos ri (vilas). Cada koku era governado por um kokushi enviado pela capital, que, por sua vez, indicava os cls para a administrao do gun (gunji) e do ri (rich). O ritsu estabelecia cinco penalidades de acordo com a gravidade do crime, sendo a mais leve a pena de aoite, e a mais pesada a pena de morte. Os crimes leves eram julgados pelos chefes da comarca (gunshi); e os graves, pelos ministros, ou mesmo pelo imperador. No norte da ilha de Kyushu, foi instalado, excepcionalmente, o dazaifu, para a defesa nacional, assim como para governar toda a ilha. A cada seis anos, a corte renovava o koseki (registro de famlia), atribuindo a todo indivduo a partir de 6 anos de idade a sua parcela de arrozal (kubunden), que era devolvida corte por ocasio de sua morte para sua redistribuio. Os agricultores, alm de pagar imposto por seu kubunden, eram recrutados para prestar servios em obras diversas e obrigados a prestar servio militar. Em 710, foi construda uma nova capital em Nara, a oeste da atual cidade de mesmo nome, iniciando-se a Era Nara.

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Prncipe Shtoku Panorama da poca O budismo foi introduzido ao Japo por volta de 538 (ou 552, segundo algumas teorias) pelos migrantes (torai-jin), quando no pas j existia o shintosmo, f nativa. Desde o sculo V, os intelectuais liam o Analecto de Confcio (uma coleo de escritos e ditos clebres de Confcio) trazido por Wani, um torai-jin coreano de Kudara, recebendo, inclusive, estudiosos que chegaram terra japonesa para ensinar a doutrina confuciana. Na corte de Yamato, houve um conflito entre os partidrios que defendiam o budismo (cl Soga) e os que o repudiavam (cl Mononobe). Em 587, o cl Soga derrota o cl Mononobe, e uma mulher indicada para ocupar o supremo cargo, a imperatriz Suiko. Assim como nos tempos de Himiko, ela obteve muitos xitos na construo de uma nao melhor estruturada, respaldada por seu sobrinho, o prncipe Shtoku, nomeado seu regente. Juntos, ao longo de 36 anos, eles modernizaram o sistema poltico, econmico e diplomtico e ainda colaboraram para a difuso do budismo. Perfil do prncipe Shtoku O dolo da Histria Antiga do Japo nasceu em 574, tendo como pai o imperador Ymei e como me Anahobe. O seu verdadeiro nome, Umayado (literalmente, porta do estbulo), deve-se, segundo a lenda, ao fato de Anahobe ter comeado a sentir as contraes do parto na frente do estbulo real. Aps a idade adulta, Umayado recebeu o cognome de Toyotomimi (ouvidos sbios), por sua inteligncia aguada e sabedoria mpar. Uma lenda diz que ele conseguia ouvir reinvidicaes de dez pessoas ao mesmo tempo e encontrar solues satisfatrias para todas. Desde a tenra idade, ele dedicava-se aos estudos, demonstrando rara inteligncia. Era totalmente devotado ao budismo e, juntamente com sua tia, a imperatriz Suiko, realizou inmeras reformas polticas. Shtoku, cujo sentido literal virtude sagrada, foi o cognome que se irradiou aps o seu falecimento, em 622, devido aos seus feitos. Na velhice, afastou-se da poltica e dedicou-se difuso do budismo, escrevendo obras sobre as interpretaes de sutra, entre elas, San-gygisho. Kani jnikai (doze graus de hierarquia burocrtica) Este foi o primeiro sistema hierrquico do Japo, criado em 603 pelo prncipe Shtoku que, por sua vez, recebeu forte influncia da China. Chamou-se kani (hierarquia por chapu), porque a distino das hierarquias era feita pelo uso de chapu de diferentes cores, e jnikai (doze classes), por causa da diviso em 12 classes hierrquicas. Estas eram concedidas para pessoas de real valor e no eram hereditrias. No incio, destinavam-se aos sditos diretos da corte, ou ainda aos chefes de cls da regio de Nara e suas imediaes, onde se instalou a corte imperial. Porm, com o passar do tempo, essas classes hierrquicas foram estendidas aos chefes de cls de todo o Japo. Criao do Kenp Jshichi-j (17 cdigos da Constituio) No se pode dizer que esta seja uma constituio em seu real sentido, ou nos moldes atuais, e sim preceitos morais que serviam de diretriz para a conduta dos funcionrios pblicos. No Kenp Jshichi-j, nota-se nitidamente a forte influncia dos pensamentos budista e confucionista. A nfase conduta conciliatria bastante peculiar dentro do sistema de imperialismo absoluto.

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Difuso do budismo Por incentivo do prncipe Shtoku, vrios templos foram construdos no Japo. As construes proporcionavam a difuso em larga escala de tcnicas de confeco de papel, pintura e outras formas de arte. O Templo Hry-ji (provncia de Nara), considerado o mais antigo templo de madeira do mundo, foi construdo em 607. No incio, era uma espcie de templo-escola para estudar o budismo. O templo Shitenn-ji (provncia de Osaka) foi alvo de admirao das delegaes chinesas e coreanas que contemplaram, de seus navios, a sua magnfica construo. Nesse perodo, foram introduzidos no arquiplago muitos livros sobre budismo, astronomia, etc., iniciando-se a compilao da Histria do Japo tal como Tenn-shi (Histria dos Imperadores). Relaes diplomticas Em 607, o prncipe enviou o alto funcionrio da corte, Ono-nokomachi para Sui como portador do documento credencial, abrindo, dessa forma, o caminho para relaes diplomticas em p de igualdade com a China. Foram enviados os promissores funcionrios jovens e monges eruditos para absorverem a cultura avanada da dinastia Sui (China). Esses preciosos recursos humanos levaram Reforma de Taika.

Kenp Jshichi-j Cdigo 1 Deve-se respeitar a harmonia e a hierarquia. A poltica deve ser conduzida com cooperao. Cdigo 2 Deve-se cultuar os trs tesouros, que so: Buda = o sbio; as leis = os ensinamentos do Buda; sacerdote = o grupo que aceita com alegria os ensinamentos e os pratica. Cdigo 3 Deve-se obedincia ao seu senhor. O senhor o Cu, e o sdito a Terra. Cdigo 4 Os funcionrios da corte devem ser cordiais com o povo. Cdigo 5 Ao julgar a queixa (denncia) do povo, deve se proceder com imparcialidade. Cdigo 6 Fomentar o bem e aplicar o corretivo nos maus atos servir de exemplo ao povo. Elogiar o superior e falar mal dos erros de seus sditos no ser fiel ao seu senhor. Cdigo 7 Cada um tem a sua misso a cumprir, e tudo sair bem se o cargo pblico for ocupado por algum competente. Cdigo 8 Os funcionrios da Corte devero chegar cedo e voltar tarde. Se chegarem tarde, no conseguiro atender aos imprevistos e, se voltarem cedo, no conseguiro terminar o servio do dia a contento. Cdigo 9 Se os funcionrios forem ntegros, qualquer empreendimento ter xito. A integridade a base da justia. Cdigo 10 Deve-se conter a ira e deixar de lado o dio, no se aborrecendo por causa da discrdia. Cdigo 11 Observe atentamente o bem e o mal. Sempre se deve premiar o bem e castigar o mal. Cdigo 12 Os chefes de comarcas no podero receber presentes, nem recrutar mo-de-obra por conta prpria. Para o povo, no deve haver dois senhores. Cdigo 13 Todos devero estar a par dos trabalhos realizados pelos colegas, pois no se deve deixar parado um trabalho, caso algum tenha que faltar por estar doente. Cdigo 14 Os funcionrios da corte no devero ter cime, pois ele cega-os perante a competncia alheia. Cdigo 15 Deve-se procurar os benefcios pblicos, abandonando os sentimentos pessoais. Cdigo 16 Deve-se recrutar o povo levando em considerao a poca. Utilizem o trabalho do povo no inverno, quando h mais tempo livre. Da primavera a outono, a poca de trabalho no campo ou da sericultura. Cdigo 17 Os problemas graves devem ser discutidos exaustivamente entre os funcionrios, para a busca de uma soluo.

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Era Nara

Ao conquistar a estabilidade com o sistema poltico de Ritsury, a corte imperial mudou a capital para cidade de Heij, a oeste de Nara, dando incio Era Nara, em 710. A cidade de Heij foi construda seguindo o modelo da capital chinesa da poca, Changan, com ruas simetricamente dispostas como em um tabuleiro de xadrez. A cidade chegou a contar com mais de 100 mil habitantes e, nas ruas principais, perfilavam-se as manses dos nobres, os templos budistas e tambm as casas do povo. Criaram-se feiras controladas pela corte, intensificando o comrcio, que deu origem s primeiras moedas japonesas, embora no interior os tecidos e o arroz ainda desempenhassem a funo de moedas. A agricultura tambm ganhou novo alento com a difuso de ferramentas agrcolas e o progresso nas obras de irrigao. Alm disso, os minrios so explorados em maior escala, tais como ouro da regio de Mutsu (atualmente, provncias de Fukushima, Miyagi, Iwate e Aomori) e cobre da regio de Su (atualmente, provncia de Yamaguchi), fatos que tambm contriburam para o incio da cunhagem de moedas. Com o aumento do poder da corte Yamato, sua rea de domnio passou a abranger regies mais longnquas. A corte dominou desde o povo Emishi, ao norte do Japo, at o povo Hayato, ao sul da ilha de Kysh. Kent-shi (Misso a Tang) Na Era Nara, para absorver a cultura avanada da dinastia Tang (China), foram enviadas vrias misses. Normalmente, a misso partia numa frota de 4 navios e era composta por 100 a 250 pessoas, embora uma misso tenha chegado a ter 500 pessoas. Nem o perigo das ondas revoltas do Mar do Japo ou do Mar da China desanimou essa delegao, composta por estudiosos, monges e bolsistas, que tinha uma grande vontade de aprender a cultura chinesa, nova e mais avanada. Assim, as misses a Tang contriburam muito para o desenvolvimento poltico e cultural do Japo. Ainda, nessa poca, o Japo manteve intensa relao diplomtica com Shiragui (Coria) e Pohai, uma nao que existiu ao norte da China entre 698 ~ 926. As mulheres no poder A Era Nara tambm conhecida como era das imperatrizes, j que houve muitas mulheres governantes que se destacaram por sua sabedoria e sagacidade. Nos 74 anos da Era Nara, cerca de 30 anos ficaram sob o governo das imperatrizes Genmei (707~715), Gensh (715~724), filha da imperatriz Genmei, e Kken (749~758) que, mais tarde, assumiu novamente o poder sob o nome de imperatriz Shtoku (764~770). A construo da capital em Heij (Nara), a cunhagem da moeda e a edio das obras Koji-ki (histria do Japo) e Fudo-ki (geografia do Japo) ocorreram no mandato da imperatriz Genmei. No

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governo de Gensh, foram concludos o Cdigo de Direito Yr Ritsury (obra com alteraes parciais do Taih Ritsury) e o livro de histria oficial do Japo, o Nihon Shoki. Os 25 anos de governo do imperador Shmu (724~749) no podem ser contados sem mencionar sua esposa, a imperatriz Kmyo, filha do poderoso cl Fujiwara-no-Fuhito. Conhecida por sua alma caridosa, ela construiu instituies como Seyaku-in, para medicar e ajudar os doentes, e Hiden-in para abrigar os pobres, doentes e rfos. Devota do budismo, Kmyo contribuiu para a construo do templo Tdai-ji, conhecido pela imagem gigantesca do Buda. A Era Nara, a exemplo de outros tempos governados por mulheres, conheceu a paz e o florescimento da cultura. Cultura Tenpy Recebe este nome por ter florescido na era Tenpy (729~749). Sob forte influncia chinesa, foram criadas muitas obras bdicas e muitos templos foram construdos, entre eles, o famoso templo Tdai-ji, que ainda hoje possui um acervo fabuloso de obras de arte, inclusive obras indus e persas que, passando pelo caminho da seda (Silk Road), foram levadas a Tang (China), e mais tarde, ao Japo. O perseverante monge Ganjin (688 ~ 763) Para fomentar o budismo, o Japo convidou Ganjin, monge chins conhecido por suas virtudes, para divulgar os preceitos do budismo. Ele aceitou o convite e tentou chegar ao Japo, mas foi nufrago por cinco vezes, sendo levado de volta s praias de Tang, e ficou cego. Mesmo assim, ele no desistiu de propagar o budismo e, na sexta tentativa, ele conseguiu chegar ao Japo, em 753. Ganjin construiu, em Nara, o templo Tshdai-ji, dedicando os ltimos anos de sua vida propagao do verdadeiro budismo entre os japoneses. O sofrimento dos camponeses Devido alta taxa de impostos, servio militar obrigatrio e recrutamento para trabalhos diversos, os camponeses moravam em casebres e levavam uma vida miservel, passando fome, mal tendo com que se alimentar durante o ano todo. Para aliviar a carga tributria, surgiram os falsificadores do registro de famlia, ou mesmo aqueles que abandonaram o campo, fugindo para outras terras. Quando os arrozais comearam a dar sinais de abandono, ou tornaram-se insuficientes para a redistribuio, a corte consentiu a posse privada dos terrenos desmatados para o plantio. Em 743, com a lei de posse definitiva dos arrozais recm-explorados, que permitiu a posse de terras, se transformadas em terreno produtivo em trs anos, nobres e templos comearam a aumentar as suas propriedades rurais, fato que corroeu, aos poucos, o alicerce do sistema poltico de Ritsury. O despontar das literaturas Com o objetivo de deixar os fatos do passado para a posteridade, foram compiladas no perodo obras de referncia histrica, geogrfica e literria do Japo, depois de anos de intenso trabalho As primeiras obras de Histria do Japo (Kojiki e Nihon Shoki), de Geografia (Fudoki), e a antologia de poemas (ManYshu) foram compiladas na Era Nara. Alm delas, foram escritas outras obras de menor importncia pelos cls regionais ou a mando deles, j que o homem sempre teve o desejo de deixar para a posteridade os seus feitos.

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Kojiki o livro de Histria do Japo considerado o mais antigo. A obra foi concluda em 712, a mando da imperatriz Genmei. Foi compilado por -no-Yasumaro, com auxlio de Hieda-no-Are. Trata-se de uma obra em trs volumes. No primeiro, so relatadas as peripcias dos deuses, desde a criao do arquiplago japons; no segundo e terceiro volumes, as biografias dos imperadores, desde o primeiro soberano do cl Yamato, o imperador Jinmu, que subiu ao trono em 660 a.C., embora considerado pelos historiadores como um personagem fictcio para legitimar a linhagem divina da famlia imperial, j que ele considerado descendente direto da deusa do sol Amaterasu mikami. A obra termina com o governo da imperatriz Suiko (592~628). No Kojiki, so relatados episdios como o do capricho da deusa do sol, Amaterasu mikami, que se escondeu na caverna deixando o mundo mergulhado nas trevas; a aventura de Susan-noMikoto, que mata a gigantesca serpente de 8 cabeas usando sua astcia; e outras histrias. Nihon Shoki Primeiro livro oficial de Histria do Japo, foi concludo em 720 e compilado pelo prncipe Toneri Shinn, terceiro filho do imperador Tenmu, e muitos outros. uma obra de 30 volumes, que comeou a ser compilada na poca do imperador Tenmu (673 ~ 686) e levou 39 anos para ser concluda. Como h muitas citaes de obras chinesas e coreanas, acredita-se que houve a participao de muitos kika-jin (intelectuais estrangeiros naturalizados) em sua confeco. Assim como Kojiki, relata desde os tempos dos deuses at a imperatriz Jit (645~702), esposa do imperador Tenmu, que ocupa o trono aps a morte do marido (690~697). Fudoki Em maio de 713, a imperatriz Genmei ordena que sejam feitos relatrios de cada regio (fudoki) seguindo os cinco itens abaixo: Colocar o nome nas comarcas formado por dois ideogramas auspiciosos; Relatar todos os produtos (tudo que se colhe da natureza, excetuando-se os produtos agrcolas e manufaturados), plantas, peixes, aves e animais da comarca; Detalhar as condies dos solos; se so frteis ou no; terras produtivas e as que possam se tornar produtivas; Descrever montanhas, rios, campos e explicar a origem de seus nomes; Anotar as lendas contadas por ancios. Dessa forma, devem ter sido entregues fudoki de mais de 60 regies, mas foram conservados at os dias de hoje apenas 5 fudoki, a saber: de Izumo-no-Kuni, Hitachi-no-Kuni, Harima-no-Kuni, Bungo-no-Kuni e Hizen-no-Kuni. Dentre eles, o nico que existe ainda hoje na ntegra o Izumo-noKuni, fudoki concludo em 733, no qual constam as descries de Izumo-no-Kuni, atual provncia de Shimane, e de seus templos xintostas e budistas, montanhas, rios, estradas e produtos da natureza. Harima-no-Kuni (atual provncia de Hyogo) fudoki, um dos primeiros a ficar pronto, foi concludo por volta de 715, com registro de muitas lendas populares num estilo bastante singelo. O fudoki de Hitachino-Kuni (atual provncia de Ibaraki) deve ter sido concludo entre 717 a 724, e os de Bungo-no-Kuni (atual provncia de Oita) e de Hizen-no-Kuni (atuais provncias de Saga e Nagasaki), por volta do ano 739.

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ManYshu a antologia de poemas japoneses mais antiga, contendo mais de 4.500 poemas distribudos em 20 volumes. No se sabe ao certo quem reuniu e compilou todos os poemas, mas supe-se que, no incio da Era Nara, j houvesse um original reunindo os diversos poemas, ao qual o nobre tomo-noYakamochi juntou a antologia de poemas da sua famlia, fez a reviso geral e concluiu a obra por volta de 760. Nos ltimos volumes, constam os poemas da autoria de tomo-no-Yakamochi escritos aps 746. Alm dele, a antologia rene poemas de imperadores, nobres, humildes camponeses, poetas da corte e outros tantos poemas de autoria desconhecida. Destacam-se, por seu alto teor literrio, os poemas de Nukata-no-kimi, amada do imperador Tenmu, Kakinomoto-no-Hitomaro, poeta da corte, Yamanoue-no-Okura, filsofo de grande conhecimento que fez parte de uma das misses a Tang (China), e muitos outros poetas. Os poemas foram escritos em kanji (ideograma), porm, levando em conta apenas as suas leituras, ou seja, utilizando-os apenas como fonogramas (kana). Assim, esse tipo de recurso da escrita recebeu a denominao de many-gana, ou seja, fonogramas de many-shu. Das escritas cursivas desses many-gana, criaram-se, mais tarde, os fonogramas hiragana. Diferenas entre Kojiki e Nihon ShokiKOJIKI 712 3 volumes -no-Yasumaro com auxlio de Hieda-no-Are. 1) Tentativa de unificao ideolgica. 2) Valorizao de mitos, lendas e poemas. 3) Alto teor literrio, com expresses singelas da vida e sentimentos do povo. NIHON SHOKI 720 30 volumes Toneri Shinn e outros.

Ano de Concluso Volumes Compiladores Contedo

Estilo

1) Objetivo de mostrar o poder do pas para outros povos. 2) Descrio objetiva dos fatos histricos. 3) Formatao de um livro de histria, estruturado em ordem cronolgica. Escrito em kanji, mas com a Escrito em estilo de texto chins mistura de leitura chinesa e clssico, com narraes objetivas e lgicas. japonesa. Estilo narrativo.

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Era Heian

Chama-se Era Heian o perodo que se inicia em 794, com a mudana da capital para a cidade de Heian (atual Quioto), at 1185, quando Yoritomo, chefe do cl Minamoto, instala-se em Kamakura (atual provncia de Kanagawa). Ao todo, foram praticamente 400 anos nos quais a nobreza reinou com requinte e glamour. Poltica No final da Era Nara (710~794), para tentar fugir da vida miservel, os camponeses procuraram refgio nos latifndios dos nobres, em grandes templos e em cls regionais, ou abandonaram suas terras e optaram por uma vida sem rumo. Os latifndios eram chamados de shen e surgiram como resultado da flexibilizao das leis que norteavam o sistema poltico de ritsury. Os shen originaram-se do aumento da populao e da conseqente falta de terreno para distribuio entre os habitantes. Para solucionar a falta de terras pblicas produtivas, a corte abrandou as leis do ritsury e permitiu a privatizao dos terrenos para explorao, expedindo a lei que isentava o pagamento de impostos sobre os terrenos recm-explorados. Assim, templos xintostas e budistas, cls regionais e nobres foram ampliando cada vez mais os seus shen, tendo disposio maior nmero de mo-de-obra e de utenslios agrcolas. Entre os pequenos proprietrios, alguns optaram por doar suas terras para grandes senhores de shen, a fim de se tornarem funcionrios pblicos e administradores dos latifndios. Com dificuldades, os camponeses venderam suas terras aos nobres, aos templos e aos grandes cls, transformando-se em arrendatrios. Assim, buscavam livrar-se do pesado imposto, que passou a ser responsabilidade do senhor do shen, cabendo aos arrendatrios o pagamento de um pequeno tributo fundirio anual ao senhor das terras. Isso diminuiu o arrecadamento de impostos e afetou o cofre pblico. A corte cobrava impostos sobre as terras, e no sobre a pessoa fsica. Entretanto, a falta de autoridade dos kokushi (espcie de governador) estimulou os senhores de terras a encontrarem formas de impedir a entrada daqueles em suas propriedades, agindo revelia do governo ao no pagarem impostos e exercerem o direito de policiamento dentro dos shen. Os senhores de terras ficavam em Quioto, enquanto seus administradores tomavam conta dos shen. Recebendo treinamento voltado para o combate militar, esses administradores organizavam-se em grupos chefiados por herdeiros de famlias nobres, que, mais tarde, dariam origem classe dos samurais. Economia Alm da economia monetria, em fins dos sculos X e XI, a agricultura teve o impulso do desenvolvimento tecnolgico. Os utenslios de ferro, anteriormente exclusivos de nobres e senhores de terras, foram popularizados, chegando aos camponeses. Bois e cavalos passaram a ser utilizados na agricultura e, como fertilizante, iniciou-se o emprego do adubo animal, alm do capim e das cinzas. Tudo isso aumentou a produo das colheitas. As atividades madeireira e pesqueira tambm foram intensificadas nesse perodo.

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A ascenso da famlia Fujiwara Descendente de Nakatomi-no-Kamatari (posteriormente Fujiwara-no-Kamatari), que contribuiu para a consolidao da Reforma de Taika, a famlia Fujiwara ampliou o seu poder poltico respaldada pela fortuna proveniente de seu imenso shen. Fujiwara-no-Michinaga (966~1027) conseguiu a faanha de casar suas cinco filhas com imperadores. Na qualidade de parente afim, ele tornou-se regente do neto (sessh) e, aps o crescimento do imperador, tornou-se plenipotencirio (kanpaku). Assim, foi introduzido o sistema de governo com participao indireta do imperador. Extino de kent-shi (misso a Tang) Com o enfraquecimento poltico da dinastia reinante na China, as misses a Tang foram suspensas. A chegada constante de navios carregados de mercadorias todos os anos ao Japo permitia a absoro de novos conhecimentos por meio dos mercadores. Assim, o fim das misses representava tambm economia de gastos e riscos. A extino de kent-shi partiu de Sugawara-no-Michizane (845~903), conhecido at hoje como o deus dos estudos e da sabedoria. Michizane foi um estudioso que chegou ao grau mximo da hierarquia, ou seja, udajin (primeiro-ministro). O comrcio com a China voltaria a intensificar-se cinqenta anos depois, j na dinastia Sung. Sugawara-no-Michizane tornou-se vtima de uma conspirao da poderosa famlia Fujiwara e foi deportado para a comarca do norte da ilha de Kyushu, o forte de Dazai (atual provncia de Fukuoka), onde faleceu. Posteriormente, espalhou-se a crena de que sua alma, injustiada em vida, trouxe doenas capital, forando a criao de muitos templos xintostas, a fim de acalmar sua suposta fria e deter a praga. Ainda hoje, muitos estudantes fazem romaria a esses templos para pedir a graa de Michizane e obter bons resultados nos estudos. O Surgimento dos Samurais A Era Heian marcou o surgimento e a ascenso dos samurais e de seus principais cls, que entraram para a histria do arquiplago com suas lutas e revoltas, episdios nos quais eles mediram foras na luta pelo poder. Essa nova classe passou a integrar a estrutura social da poca ao lado da nobreza tradicional. Surgimento da classe dos bushi (samurai) Enquanto a nobreza, liderada pela famlia Fujiwara, levava uma vida de muito luxo e requinte, os senhores rurais, donos de shen, foram aumentando o seu poder de combate treinando guerreiros primeiro para proteger suas terras da invaso alheia, depois para conquistar novas terras. Esses senhores rurais se tornaram funcionrios de kokushi (espcie de governador), administradores rurais ou guardies das terras, recebendo ttulos de nobreza nfima. Eles passaram a liderar grupos de guerreiros, ou seja, de bushi, que nutriam grande admirao pela vida luxuosa da capital. Assim, os nobres enviados ao interior como kokushi pela corte Yamato recebiam tratamento especial, extremamente respeitoso. Dessa forma, entre os nobres mandados para o interior como kokushi, surgiram aqueles que preferiram permanecer no campo, mesmo aps o trmino do seu mandato, j que no havia perspectiva de uma vida melhor na capital. Alguns nobres que optaram pela vida rural formavam seus grupos de bushi (samurai), formando tropas de combate e tornando-se seus lderes, iniciando, dessa forma, a criao dos cls.

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A Revolta de Masakado Em 939, Taira-no-Masakado reuniu os bushi insatisfeitos com os enviados da corte que governavam as suas regies e voltou-se contra o poder da capital. Declarou-se imperador e iniciou a revolta contra os nobres da capital, atribuindo poderes aos bushi, seus seguidores. A revolta de Masakado foi contida por Fujiwara-no-Hidesato, outro nobre que tinha se instalando no interior (atual provncia de Tochigi) e por seu primo, Taira-no-Sadamori. Masakado morreu durante a batalha. Famlias Minamoto e Taira Com o objetivo de reconquistar o controle do pas e refrear o poder da famlia Fujiwara, o imperador Gosanj (1034~1073) criou o sistema de insei, pelo qual foi introduzido o cargo supremo de jk, que conferia ao imperador que abdicou o poder de governar em nome do novo imperador. Assim, Gosanj abdicou do trono em favor de Shirakawa (1053~1129) e tornou-se jk, governando o pas pelo sistema dirquico. Por no ter nenhum parentesco com a famlia Fujiwara, Gosanj conseguiu governar o pas livremente ao longo de 43 anos como jk de trs imperadores, contando com a proteo de Minamoto-no-Yoshiie. Enviada para combater os povos de Ezo, a famlia Minamoto pediu auxlio aos guerreiros da regio leste da ilha principal do Japo, com os quais conseguiu vencer a batalha e criou fortes laos. Para conter o crescente poder dos Minamoto, Gosanj encarregou tambm a famlia Taira do servio de proteo. Uma guerra entre as famlias destacou-as no panorama poltico pela primeira vez na histria do Japo, em 1156, com a Revolta de Hgen. Em 1159, a Revolta de Heiji colocou frente a frente os Minamoto e os Taira na luta pelo poder. A batalha foi vencida pela famlia Taira, que passou a controlar politicamente o Japo. Em 1168, Taira-no-Kiyomori (1118~1181), chefe da famlia Taira, ocupou o cargo de ministro, daj-daijin, tornando-se o primeiro samurai a ocupar tal posio. A famlia Genji ficou, ento, espera da revanche. Minamoto-no-Yoritomo da famlia Genji, que havia sido exilado em Izu-no-Kuni (provncia de Shizuoka), junto com seu sogro, Hj Tokimasa, atacou a famlia Taira em Izu-no-Kuni, mas foi derrotado. Porm os comandantes de guerreiros da regio de Kant juntaram-se a Minamoto-noYoritomo. Seu irmo, Yoshitsune, conhecido por sua bravura, tambm saiu de shu-Hiraizumi (provncia de Iwate) e passou a lutar ao lado de Yoritomo, que conseguiu, lentamente, instalar-se em Kamakura. Acometido por uma febre alta, Kiyomori faleceu pedindo, em seu leito de morte, a cabea de Yoritomo, em 1181. O ltimo confronto entre os sobreviventes da famlia Taira e as tropas de Genji aconteceu na Baa de Dan-no-Ura (provncia de Yamaguchi). A batalha foi vencida pelas tropas de Genji, em 1185. O pequeno imperador Antoku, neto de Taira-no-Kiyomori, morreu junto com sua me, filha de Kiyomori, nessa batalha, encerrando, assim, a Era Heian. Em 1192, Minamoto-no-Yoritomo instalouse em Kamakura, dando incio ao shogunato Kamakura. Esse foi o comeo da era dos samurais no Japo. A ascenso e a queda da famlia Taira, ou seja, Heike, pois a leitura chinesa do ideograma da famlia Taira = Heike, foi narrado pelos biwa-hshi, uma espcie de menestrel. Sua narrativa conhecida como Heike-Monogatari (contos da famlia Heike), cujo tema central a efemeridade da vida.

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A vida na corte Enquanto os bushi levavam uma vida austera, dedicando-se ao treinamento de artes marciais, os nobres se esmeravam em luxo e requinte. Eles vestiam vrias camadas de roupas e valorizavam as combinaes das cores que se entreviam em golas, mangas e barras, no caso das mulheres. Assim, alm da qualidade do tecido, os nobres preocupavam-se tambm com as cores e seus efeitos. Existiam algumas cores usadas conforme a classe social do indivduo. Os nobres dessa poca carregavam na maquiagem. Depilavam as sobrancelhas e desenhavamnas com tinta de carvo. As mulheres adultas tingiam os dentes de preto. O perfume de incenso, que foi introduzido no Japo junto com o budismo, era usado no dia-adia pelos nobres. Cada um criava seu prprio perfume misturando no mnimo dois tipos de incensos. Os nobres perfumavam os seus trajes queimando os incensos para que suas roupas ficassem impregnadas com o perfume criado. A beleza feminina era medida pelo comprimento dos cabelos, que deviam ser longos, negros e sedosos. O mximo de beleza era ter cabelos mais longos que a prpria altura, no ser muito magra e ter a pele bem branca. Hbitos alimentares dos nobres A alimentao da nobreza era modesta. O prato principal era o arroz, cozido com a gua ou no vapor, acompanhado de peixes, carne de aves, verduras, algas e frutas. Os peixes eram, em sua maioria, secos ou conservados na salmoura. Por influncia do budismo, muitos no consumiam peixes ou carnes, ficando desnutridos e doentes. A refeio era feita duas vezes ao dia, pela manh e tarde. Casamento na nobreza Os nobres no moravam juntos ao se casarem. O homem possua residncia prpria e freqentava a casa da mulher, que tinha o dever de, com sua famlia, criar os filhos. A famlia da mulher tambm cuidava do marido, vestindo-o e alimentando-o. Tanto a mulher como o homem podiam manter relao com outros parceiros, porm sempre tratando a todos com igual respeito e considerao. Esse tipo de casamento explica o grande poder e influncia que o sogro exercia sobre o imperador, ao cas-lo com sua filha, muito embora o monarca construsse uma residncia para suas esposas, em vez de visit-las na casa de seu sogro. Hiragana, Katakana e a Literatura A necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japons impulsionou a escrita e a literatura da Era Heian, dominada pelas grandes mulheres. Por que surgiram os fonogramas hiragana e katakana? Os japoneses no conheciam a escrita at ter os primeiros contatos com a cultura chinesa, por volta do sculo V. medida que os japoneses foram dominando a escrita (kanji ou ideogramas), a lngua e a literatura chinesas, eles comearam a sentir as limitaes de se adotar essas formas de comunicao de um outro povo. Assim, para atender necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japons por escrito, foram criados os fonogramas hiragana e katakana, elaborados a partir do kanji.

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Origem de Manygana Durante muito tempo, os japoneses liam os kanji moda chinesa e tentavam entender o significado de cada letra, j que os kanji so ideogramas, ou seja, a transcrio da idia e no do som, como o caso da maioria das letras existentes. Pouco a pouco, os japoneses passaram a escolher a palavra adequada para cada kanji e l-lo moda japonesa. Por exemplo, o kanji que significa inverno , sendo a leitura chinesa dong; porm, como em japons inverno se diz fuyu, o kanji passou a ser lido fuyu tambm. medida que as palavras japonesas tambm foram filtradas e unificadas, os japoneses tiveram a idia de transcrev-las aproveitando apenas o som, ou seja, a sua leitura, desprezando a idia ou o significado do kanji. Por exemplo, hana (flor ) passou a se escrever tambm , j que

tem a leitura ha e , a leitura na. Esses ideogramas (kanji) empregados apenas como fonogramas receberam o nome de manygana, j que foram utilizados na transcrio dos poemas japoneses reunidos na antologia intitulada Manyshu. Criao do hiragana A caligrafia empregada deixou de ser letras de traos retos e definidos, adotando o estilo cursivo, o chamado ssho-tai, criado na China. Porm, no Japo, o estilo foi adquirindo caractersticas prprias, simplificando de tal forma os kanji a ponto de ficarem bem diferentes das letras originais. Desse estilo cursivo simplificado, nasceu o hiragana. Assim, o hiragana um conjunto de letras mais curvilneas. Criao do katakana Assim como o hiragana, o katakana tambm foi criado a partir dos kanji, mas possui caractersticas diferentes. O katakana surgiu como sinais grficos para auxiliar na leitura de textos chineses, ou ainda, para serem inseridos nos poemas ou textos em estilo chins, a fim de facilitar sua leitura e compreenso. Essas letras complementares ofereceram aos japoneses uma maior expressividade, j que podiam escrever com maior desenvoltura at diferenas delicadas e nuanas dos sentimentos. O katakana foi criado com base em uma parte dos kanji, por isso seus traos so mais retos e rgidos. O uso tanto do hiragana como do katakana consolidou-se no incio do sculo X, em meados da Era Heian, e so empregados at os dias de hoje, concomitantemente com os kanji. A literatura em kana = literatura da nobreza Aps a criao dos fonogramas kana, a literatura entre os nobres conheceu o seu apogeu, constituindo a era urea dos waka poemas japoneses. Esses poemas que enaltecem a natureza, as diferentes facetas das quatro estaes e os elementos da natureza foram criados graas existncia dos kana. O modo de expresso dos poemas contribuiu muito na formao da conscincia esttica dos japoneses. Nos palcios do imperador e dos nobres, as reunies para compor e apreciar os poemas tornaram-se cada vez mais freqentes, deixando de ser apenas um

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simples passatempo das mulheres. Saber compor poemas tornou-se um importante requisito para manter um convvio social entre os nobres da corte. A falta de interesse pela poltica ocorreu na mesma proporo em que se ampliou o crculo literrio da nobreza. Obras clssicas O Tosa nikki (Dirio de Tosa) foi escrito por volta do ano 934, por Ki-no-Tsurayuki e incentivou muitas mulheres a escreverem dirios, estimulando a criao de muitas literaturas do gnero. Genji-Monogatari (Contos de Genji), escrito por Murasaki-Shikibu, por volta do ano 1001, conhecido como uma obra literria clssica de maior volume. Descreve a elegante e requintada vida da corte, os sentimentos do personagem principal, Hikaru Genji, em relao s mulheres com quem se envolve e as intrigas pelo poder. No se trata de uma simples fico, mas se observa a preocupao de descrever os usos e costumes, assim como os pensamentos da Era Heian. Makura-no-sshi uma crnica escrita por Sei-Shnagon sobre a vida na corte, que descreve de forma vivaz, com sensibilidade aguada e com genialidade, os hbitos do cotidiano da corte. Kokin Waka-sh uma antologia de 20 volumes que rene 1.100 poemas compilada por ordem imperial (chokusen-sh), datada do ano de 905. Rivalidade entre duas literatas Tanto a autora de Genji-Monogatari, Murasaki-Shikibu, como a de Makura-no-sshi, SeiShnagon, pertenciam classe mdia da nobreza e serviram famlia imperial na mesma poca. Foram duas mulheres que lideraram as tertlias realizadas na corte. Sei-Shnagon possua gnio forte, fazendo questo de exibir o seu talento. Murasaki-Shikibu, uma mulher mais recatada e retrada, escreveu crticas severas em relao a essa atitude exibicionista de Sei-Shnagon em seu dirio. Por serem os poemas a forma de literatura mais valorizada na Era Heian, as obras dessas duas mulheres, mesmo conquistando muitos leitores, ficaram relegadas a um segundo plano, encaradas como um passatempo de mulheres da corte. Ainda assim, a literatura da Era Heian floresceu graas s grandes mulheres. Era Heian e o Budismo A histria do budismo no arquiplago foi sedimentada pelo prncipe Shtoku e encontrou sua sublimao com o monge Ganjin. O ser humano nasce puro e comea a viver em busca da plenitude no decorrer da vida, quando passa por altos e baixos, experimenta emoes e sentimentos diversos. Na juventude, s h olhos para a vida; com o amadurecimento, iniciam-se os questionamentos sobre a vida e o significado da morte. No empenho para se obter uma resposta, vrias religies foram criadas. No Japo, embora j existisse uma crena nativa entre o povo, o budismo foi acolhido e difundido entre a nobreza, por possuir um embasamento terico mais racional e por estar mais adequado ao temperamento pacfico dos japoneses e integrao com a natureza. A histria do budismo no arquiplago foi sedimentada pelo prncipe Shtoku e encontrou sua sublimao com o monge Ganjin. Entretanto, foi na Era Heian que essa religio se transformou em uma cultura genuinamente nacional, isso porque foi no incio desse perodo que foram introduzidas no Japo as seitas Tendai e Shingon.

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Os ensinamentos de jdo (Terra Pura) do budismo foram difundidos em meados da Era Heian pelo desejo de deixar esta vida serenamente, entregando-se s mos de Amidabutsu (divindade budista mais popular no Japo), e encontrar a paz eterna no paraso. Monge Saich e monge Kkai No incio da Era Heian, as seitas budistas que mais conquistaram adeptos foram a Tendai e a Shingon, lideradas pelo monge Saich (767~822) e pelo monge Kkai (744~835), respectivamente. Nessa poca, o budismo ainda era a crena apenas da nobreza, no sendo cultuado pelo restante do povo. O sincretismo entre a doutrina budista e a crena xintosta acentuou-se, chegando construo de um templo budista no ptio de um templo xintosta e cultuao de uma divindade regional como protetora de um templo budista. Criou-se tambm a crena de que os diversos deuses eram a reencarnao do Buda, que vinha para este mundo sob diversas formas para salvar os homens. O monge Saich teve sua iniciao religiosa atrado pela doutrina da seita Tendai, fundada pelo grande mestre chins Chigi (Tendai-Daishi Chigi), levada para o Japo pelo monge Ganjin. Saich aproximou-se do imperador Kanmu e conseguiu, em 804, integrar a misso a Tang (kent-shi) como missionrio oficial, com direito a intrprete e a todas as mordomias de um representante oficial do pas. O monge Kkai tambm conseguiu viajar China junto com essa misso, mas na qualidade de um simples bolsista particular. Durante os oito meses nos quais permaneceu na China (Dinastia Tang), Saich reuniu sutras da seita Tendai, artes bdicas e estudou o budismo esotrico. Quando voltou ao Japo, ele se dedicou de corpo e alma fundao da seita Tendai no arquiplago. O monge Kkai, por sua vez, permaneceu na China por aproximadamente trs anos, visitando vrios templos e encontrando-se com o famoso e conceituado monge chins Keika, no Templo Seiry, em Changan, do qual recebeu ensinamentos sobre o budismo esotrico. Kkai tambm aprendeu snscrito antes de voltar ao Japo, trazendo consigo alm dos vastos conhecimentos adquiridos na China, diversas obras bdicas, como quadros, objetos sagrados e mandala. A morte do imperador Kanmu acabou com o prestgio que o monge Saich tinha junto nobreza, porque o imperador Saga, sucessor de Kanmu, demonstrou maior simpatia pelo monge Kkai, que se consolidou como autoridade mxima do budismo esotrico. Em Quioto, Saich comeou a transmitir os ensinamentos da seita Tendai instalando-se no Monte Hiei, e Kkai fundou no Monte Kya a base do budismo esotrico: a seita Shingon. Saich e Kkai, os dois grandes gnios do mundo religioso, sempre tiveram a proteo dos nobres e dedicaram suas vidas a manter a paz e a glria da nobreza e da corte. Eles foram os primeiros a receberem o ttulo de Grande Mestre no Japo. O monge Saich recebeu o ttulo de Grande Mestre Dengy (Dengy Daishi); e o monge Kkai, o de Grande Mestre Kb (Kb Daishi). O monge Kya e a seita Jdo No incio do sculo X, com o enfraquecimento da corte de Yamato, os nobres que fixaram residncia no interior e os grandes cls regionais comearam a adquirir maior poder, iniciando lutas que se tornaram cada vez mais acirradas com o passar dos anos para aumentar os seus feudos. Nesse cenrio de incertezas, surgiu o monge Kya (903~972). Ele pregava entre o povo de Quioto, que vivia sobressaltado com as lutas constantes, os flagelos provocados pela natureza e a fome. Kya pregava a salvao pelo nenbutsu (orao budista), invocando o Buda Amidabutsu. Ele influenciou vrios grandes monges e conquistou muitos adeptos entre o povo, pois levava uma vida

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asctica, compartilhando suas incertezas e seus sofrimentos, diferente dos monges confortavelmente protegidos pela nobreza. Entretanto, quem consolidou essa doutrina de salvao pelo nenbutsu para alcanar a Terra Pura (Jdo) foi o monge Genshin (942~1017), que escreveu jo Yshu, uma obra que explica, num estilo primoroso, a teoria e a prtica de salvao da alma ps-morte. O mapp shis pregado pelo budismo, a progressiva crena no fim do mundo, fazia com que o povo de Quioto, vtima constante de assaltos, epidemias e outras provaes, tentasse encontrar a paz espiritual pelos ensinamentos da seita Jdo, ou seja, a salvao no mundo da Terra Pura. Dessa forma, comearam a surgir vrias biografias de pessoas que encontraram a suposta salvao, reunidas numa coletnea conhecida como jo-den. Com a difuso da seita Jdo fundada pelo monge Hnen (1133~1212) em 1175, final da Era Heian sua arte tambm prosperou. Foram esculpidas muitas imagens do Buda Amidanyorai e construdos templos suntuosos, na tentativa de recriar o gokuraku (paraso dos budistas), sendo um dos mais conhecidos o Hd do Templo Bydoin, em Quioto.

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Era Kamakura

Consolidao da Poltica dos Samurais Depois de receber o ttulo mximo dos samurais, Yoritomo faleceu e deu incio ao regime regencial, comandado pelo cl Hj. Aps a vitria de Minamoto-no-Yoritomo (11471199) na Batalha de Dan-no-Ura que ps fim Era Heian , Yoritomo imps o reconhecimento dos cargos de shugo (comandante de segurana nacional instalada em cada nao) e de jit (administrador de shen e cobrador de impostos), dando incio nova era dos samurais, ou seja, ao xogunato de Kamakura. O sistema de xogunato sobreviveu ao longo do tempo, at a restaurao Meiji, em 1868. Os vassalos de Minamoto-no-Yoritomo eram chamados de gokenin, indivduos que tiveram reconhecidas as terras herdadas h vrias geraes como propriedade particular, ou aqueles que receberam terras. Os vassalos beneficiados dessa forma passavam a dever fidelidade e servios a Yoritomo. Foi assim que comeou a era feudal japonesa, com Yoritomo nomeando seus principais gokenin para shugo e jit, a fim de ficar com o controle das terras pblicas e dos shen (latifndios), aumentando seu poder poltico. Em Kamakura, ele instalou os trs poderes: o militar, denominado samurai-dokoro; o executivo, responsvel pela administrao e pelas finanas, denominado mandokoro; e do judicirio, denominado monchujo. Em 1192, Yoritomo recebeu o ttulo mximo dos samurais, o de seii taishgun, falecendo sete anos depois, em 1199, devido sequela obtida quando caiu de um cavalo. A partir da, uma srie de assassinatos entre os homens que se revezavam no poder abriu espao para a implementao do regime regencial: o filho primognito de Yoritomo, Minamoto-no-Yoriie (11821215), de 18 anos, sucedeu-o no cargo, tornando-se o segundo xogum. Entretanto, ele foi assassinado por Hj Tokimasa (11381215), sogro de Yoritomo, pai de sua esposa Masako (11571225). Em 1203, Minamoto-no-Sanetomo (11921219), segundo filho de Yoritomo, tornou-se o terceiro xogum, mas foi assassinado por seu sobrinho, filho de Yoriie. Depois disso, outros xoguns assumiram o poder, mas o controle de fato ficou com o cl Hj e seu squito, formado por 13 principais gokenin, com o chefe do executivo detendo o poder. Foi o incio do regime regencial. A pena de exlio foi comutada pela primeira vez na Histria do Japo em 1221, quando a revolta liderada pelo imperador Gotoba foi contida; e o imperador, exilado. Bens e propriedades de nobres e de samurais que apoiaram o imperador Gotoba foram confiscados, e os gokenin que se destacaram na opresso da revolta foram nomeados jit dessas terras confiscadas. Depois desse episdio, foi criado, em Quioto, na cidade de Rokuhara, o Rokuhara Tandai, rgo do xogunato de Kamakura onde funcionavam os trs poderes: militar, executivo e judicirio, para vigiarem a corte e controlarem os samurais da regio oeste.

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Criao do Goseibai Shikimoku Em 1232, Hj Yasutoki (11831242), regente da poca, instituiu o Goseibai Shikimoku, uma lei com 51 clusulas, pois as leis vigentes, estabelecidas h mais de 500 anos, por sua complexidade, no eram compreendidas pelos samurais que viviam no interior, e isso poderia acarretar algum julgamento equivocado. Ataque mongol No sculo XIII, mais um nome fez histria na sia: Gngis Khan (11671237), lder do povo nmade da plancie mongol, que unificou a sia Central. Seus descendentes deram continuidade ao seu trabalho e foram ampliando o territrio dominado. O quinto sucessor do imprio mongol, Khublai Khan (12151294), instalou-se em Pequim e mudou o nome do pas para Yuan, depois de aniquilar a dinastia Sung e de dominar toda a China, estendendo seu imprio at a pennsula coreana. Khublai enviou, por diversas vezes, mensageiros ao Japo, o nico pas do Oriente a manter sua independncia, com o intuito de subjug-lo. Porm, Hj Tokimune (12511284), xogum dessa poca, matou o mensageiro, atraindo a ira de Khublai, que atacou por duas vezes o Japo, em 1274 e 1281. Na primeira vez, Khublai Khan desembarcou com sua tropa na Baa de Hakata, provncia de Fukuoka, Ilha de Kyushu. O Japo teve dificuldades para conter os inimigos, porque os samurais no estavam preparados para um ataque em massa. Outro fator contra os japoneses eram as armas de fogo da fora inimiga, at ento desconhecidas no arquiplago. Entretanto, um tufo dizimou a frota inimiga, fato que foi encarado como sorte pelos japoneses. No segundo ataque ao arquiplago, Khublai levou duas tropas, contudo, o Japo estava melhor preparado, pois tinham erguido uma muralha de pedra e defenderam-se bravamente do ataque inimigo. Alm disso, mais uma vez o Japo foi salvo por um tufo e os soldados mongis foram tragados pelas altas ondas do mar. Os japoneses denominam os tufes que salvaram o Japo da invaso mongol de kamikaze, ou seja, vento divino, pois passaram a acreditar que os deuses mandaram o vento forte para salvar o pas. Apesar dessas derrotas, Khublai tinha planos para atacar novamente o Japo, mas eles no se concretizaram. De acordo com estudiosos, essa tentativa de invaso estrangeira estimulou a conscincia nacional entre os japoneses, assim como o fortalecimento do senso de defesa do pas em relao s naes estrangeiras. Os dois ataques mongis fizeram com que os gokenin, os nobres e os monges empregassem muito dinheiro e esforo espiritual para defender os territrios japoneses, e o xogunato de Kamakura no dispunha de mais terras a serem distribudas para aqueles que se destacaram na batalha. Dessa forma, cresceram as insatisfaes e, em 1333, o cl Hj foi destitudo por Ashikaga Takauji (1305 1358), que era um dos gokenin. Foi o fim o xogunato de Kamakura, que perdurou durante mais de 150 anos. Yoshitsune, Benkei e Shizuka-gozen Personagens histricos so muito queridos pelo povo japons por seus finais trgicos, por sua ingenuidade e por defenderem seus princpios, mesmo diante das autoridades. Yoshitsune (1159~1189) e Benkei so figuras muito populares no Japo, sendo representadas exaustivamente no teatro Kabuqui. Isso se deve ao gosto do povo japons pelos personagens fortes, justos e que tiveram mortes trgicas. Ushiwaka-maru, posteriormente chamado de Yoshitsune, foi o nono filho de Minamoto-noYoshitomo, morto na Batalha de Heiji, vencida pelo cl Taira. A partir da, os Taira tomaram o

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controle poltico do Japo, perseguindo ferozmente os descendentes do cl Minamoto. Assim, a me de Yoshitsune, que tinha origem humilde, refugiou-se em Yamato, voltando mais tarde para Quioto, onde o garoto passou a infncia. Tempos depois, ele foi mandado com seus dois irmos para o Templo de Kurama, a fim de se tornarem monges. Os irmos tornaram-se monges, mas Yoshitsune recusou-se a seguir esse caminho e, aos 16 anos, fugiu para shu (regio nordeste do Japo). Durante seis anos, ele foi protegido por Fujiwara-noHidehira e, quando soube que seu irmo por parte de pai, Yoritomo, havia iniciado uma campanha para derrubar o cl Taira, resolveu unir-se ao irmo. Apesar da oposio veemente de Hidehira, Yoshitsune no cedeu. Assim, Hidehira designou dois de seus sditos para acompanharem Yoshitsune em sua empreitada. Yoshitsune conhecido por diversos episdios hericos. Um deles a Batalha de Ichi-no-Tani travada contra o cl Taira. Ele atacou a tropa dos Taira com mais de 70 samurais descendo o vale a cavalo por um declive quase vertical, por onde nenhum homem desceria em s conscincia. Com esse ataque surpresa, Yoshitsune conseguiu uma grande vitria, aumentando sua fama cada vez mais entre o povo de Quioto e inquietando o seu irmo Yoritomo. Guerreiro sem malcia, Yoshitsune lutava apenas para vingar seu pai e para obter o reconhecimento de seu irmo. Entretanto, Yoritomo o via como uma ameaa ao seu poder. O prestgio de Yoshi-tsune aumentava proporcionalmente desconfiana de seu irmo, quando a famlia Taira foi destruda na Batalha de Dan-no-Ura, que teve a participao fundamental de Yoshitsune. Sem traquejo poltico, Yoshitsune acabou vtima de conspiraes e no soube dissipar a desconfiana de seu irmo. Alegando insubordinao, Yoritomo proibiu sua entrada em Kamakura, confiscou suas terras e iniciou uma perseguio a Yoshitsune. Durante sua fuga, alm de contar com a proteo constante de seu fiel sdito, o monge Benkei, Yoshitsune foi ajudado por muitos simpatizantes. Ele procurou mais uma vez a proteo de Fujiwarano-Hidehira, do poderoso cl da regio de shu, que faleceu em 1187. Em seu leito de morte, Hidehira pediu a seus filhos a destituio de Yoritomo, sob o comando de Yoshitsune. Porm, Fujiwara-noYasuhira, filho de Hidehira, temendo represlia, matou Yoshitsune, sob ordens de Yoritomo. Yoritomo, que ambicionava o domnio total do Japo apesar de Fujiwara-no-Yasuhira ter demonstrado fidelidade, enviou uma grande tropa para destruir o cl da regio de shu. Como a cabea de Yoshitsune levou mais de 40 dias at chegar em Kamakura, espalharam-se boatos de que ele estaria vivo. Benkei O monge Benkei, fiel sdito de Yoshitsune, nasceu na atual provncia de Wakayama, filho de pais nobres. Seu nome de infncia era Oniwaka, literalmente jovem demnio, pois desde pequeno possua uma fora descomunal, sendo uma criana extremamente violenta. Seu pai, que era monge, preocupado com o futuro de seu filho, mandou-o para o Templo Enryaku, em Hieizan, Quioto, a fim de inici-lo nos estudos religiosos. Porm, aps vrios abusos, Oniwaka deixou Hieizan e foi para Harima, onde, depois de brigar com um monge, incendiou o templo. Em Quioto, o rapaz conheceu Yoshitsune. Embora Benkei seja um personagem real, sabe-se muito pouco sobre ele. Apesar de existirem muitas verses sobre suas faanhas, dramatizadas nas peas de Kabuqui, N, etc., h pouco registro sobre sua vida. Mesmo sobre seu encontro com Ushiwaka-maru (mais tarde, Yoshitsune), h algumas verses. A mais provvel que eles tenham se encontrado no Templo Kiyomizu, e Benkei tenha simpatizado com Yoshitsune, tornando-se seu sdito. No Templo Kiyomizu, h calados e cajado de ferro usados por Benkei, to pesados que s um homem de fora descomunal poderia us-los. Outro episdio muito conhecido, representado diversas vezes no teatro Kabuqui, a morte em p de Benkei, tentando proteger Yoshitsune. H a lenda de que Benkei, na Batalha do Rio Koromo-

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gawa, tentando proteger seu senhor Yoshitsune, ficou em p sobre a ponte, apoiando-se em seu cajado de ferro e impedindo o avano inimigo, tornando-se alvo de suas flechas. Shizuka-gozen Shizuka foi uma danarina do estilo de dana tradicional shirabyshi, em Quioto. Yoshitsune apaixonou-se por Shizuka quando a viu danando, transformando-a em sua concubina. Quando Yoshitsune fugiu da perseguio do irmo, Shizuka foi levada para Kamakura junto com sua me para ser interrogada sobre o paradeiro de seu amado, o que ela se negou a revelar. Yoritomo pediu a Shizuka para danar e cantar, pois queria conhecer a arte que tanto encantava o povo de Quioto. No inico, ela recusou-se, mas, por persistncia de Masako, esposa de Yoritomo, acabou cedendo, e danou entoando o famoso poema que falava de sua paixo por Yoshitsune, fato que provocou a ira de Yoritomo. Shizuka permaneceu alguns meses em Kamakura e deu luz um menino, filho de Yoshitsune, que foi assassinado por Yoritomo, apesar da interveno de sua esposa Masako. Shizuka voltou para Quioto e, segundo a lenda, faleceu jovem, com pouco mais de 20 anos. Yoshitsune, Benkei e Shizuka so personagens da histria muito queridos pelo povo japons, por sua alma pura, que beira ingenuidade, por seus finais trgicos e por no cederem, mesmo perante autoridade para defender seus princpios. Habitaes da cidade medieval de Kamakura Alto nvel cultural da classe dos samurais comprovado pelas descobertas das escavaes; guerreiros trajavam-se de forma simples e faziam uso de diversos utenslios na vida diria. A cidade de Kamakura tem uma localizao privilegiada. De um lado, as montanhas; de outro, o mar, ou seja, um verdadeiro forte criado pela natureza. Na principal avenida da cidade, 30 metros de largura unem o mar ao Templo Tsurugaoka Hachiman, onde se cultua o deus protetor da famlia Minamoto. Ao longo dessa avenida, perfilavam-se as residncias dos principais samurais e, perto do templo, erguiam-se os edifcios do xogunato. A famlia Hjo possua a morada principal de Kamakura e uma casa de campo na periferia da cidade. As residncias dos samurais tinham, normalmente, cerca de 3.600 m2 e eram cercadas por valetas ou muros de barro de formato quadrado ou retangular. Exceto nos templos budistas, as telhas ainda no eram usadas. Dentro do cercado, ficava a casa principal; nos fundos, o depsito e o estbulo, assim como alguns poos. Poucos recintos eram forrados com o tatame, a maioria tinha piso de madeira no cho. Observam-se algumas padronizaes nos materiais de construo das residncias. Esse tipo de construo era chamada de estilo samurai, ou seja, bukezukuri. Nas casas de campo, eram realizados saraus, festas e reunies para jogar o sugoroku, um jogo de dados. Sanetoki Kanazawa, do cl Hjo, dedicou-se educao dos monges e dos filhos de samurais, construindo uma escola e uma biblioteca no terreno de sua casa de campo. Kanazawa importou sutras e livros com ensinamentos de Confcio. Uma parte desse acervo resistiu ao tempo e pode ser vista ainda hoje. Trajes Os trajes dos samurais chamados de kariginu eram bem mais simples que os da nobreza e de fcil movimentao. O povo tambm, a exemplo dos samurais, trajava-se de forma simples. As mulheres no usavam junihitoe, os vrios quimonos sobrepostos que as mulheres nobres vestiam. Elas

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usavam o quimono simples e leve chamado de kosode. Calavam uma espcie de chinelo de palha chamado zri; ou tamanco, chamado geta. As camadas mais pobres da populao andavam descalas. Hbitos alimentares Os poos de uso do povo no eram cavados em terreno rochoso, eles utilizavam gua de poos de terreno arenoso, com cerca de 2 metros de profundidade. A qualidade das guas da regio de Kamakura no era boa. H o registro de que a gua era comercializada em carroas. Com o desenvolvimento das tcnicas de escavaes arqueolgicas, podemos saber muitos dos hbitos alimentares do povo da poca. Eles se alimentavam de: carne de veado, javali e texugo; diversos tipos de peixes; moluscos e crustceos; cereais e frutas. As arcadas dentrias com desgaste dos dentes molares comprovam que os alimentos dessa poca eram mais duros. Foram encontrados em escavaes pratos, moringas, tigelas com sulcos (ralador) de cermica e, ainda, porcelanas importadas da China. As refeies eram feitas duas vezes ao dia. Como adoante, eram utilizados mel, p de caqui seco e cip doce (amakazura). O hbito de tomar ch foi difundido pelos monges da seita zen-budista. Atividades literrias Utenslios e objetos tais como apetrechos para cerimnia do ch e objetos religiosos, como tero de contas, tabuleiro de g (xadrez japons) encontrados nas escavaes indicam o alto nvel cultural da classe dos samurais. Na escultura, destacam-se os nomes de Unkei (?1223) e Kaikei (11831236), os dois maiores escultores da Era Kamakura que criaram esttuas (niou) para o templo Todaiji, em Nara. Ambos deixaram verdadeiras obras-primas desse perodo histrico japons. Na literatura, foi compilado por Fujiwara-no-Teika (11621241), em 1205, a antologia de poemas Shin Kokin Waka Sh (Nova antologia de poemas oficiais), de 20 volumes. Os poemas so tecnicamente muito bem elaborados, prezando demais a esttica. A antologia Hyakunin Isshu (Um poema de cem poetas) apreciada du