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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional Universidade Federal do Paraná HISTÓRIA DO BRASIL E LITERATURA BRASILEIRA UMA POSSIBILIDADE INTERDISCIPLINAR VALTER BATTISTIN PDE 2008 História artigo final dezembro 2009

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Superintendência da Educação Diretoria de Políticas e Programas Educacionais

Programa de Desenvolvimento Educacional Universidade Federal do Paraná

HISTÓRIA DO BRASIL E LITERATURA BRASILEIRA

UMA POSSIBILIDADE INTERDISCIPLINAR

VALTER BATTISTIN

PDE 2008

História

artigo final dezembro 2009

Ficha Catalográfica Artigo – trabalho final

Professor PDE/2008

Título HISTÓRIA DO BRASIL E LITERATURA BRASILEIRA

- Uma possibilidade interdisciplinar

Autor Valter Battistin

Escola de Atuação C.E. Senhorinha de Moraes Sarmento

Município da escola Curitiba

Núcleo Regional de Educação Curitiba

Orientador Prof. Dr. Dennison de Oliveira

Instituição de Ensino Superior UFPR

Área do Conhecimento/Disciplina História

Relação Interdisciplinar História do Brasil / Literatura Brasileira

Público Alvo Professores de História e de Língua Portuguesa e

Literatura; alunos do Ensino Médio

Localização C.E. Senhorinha de Moraes Sarmento

R. Catulo da Paixão Cearense, 1.000

V. Centenário – Cajuru - Curitiba

RESUMO:

O artigo parte do diálogo interdisciplinar entre História e Literatura, como possibilidade pedagógica.

Tendo como pano de fundo o Projeto de Implementação Pedagógica e a Unidade Temática “A 1ª

República do Brasil na historiografia e na literatura de Lima Barreto”, elaborados no decurso do

PDE 2008 pelo autor como suporte aos professores de História e de Literatura em trabalho

interdisciplinar, colocam-se as justificativas do projeto, da seleção de período e autor a ser

estudados. A partir de problemas reais, formulam-se objetivos a ser alcançados, e propõe-se o

estudo de História do Brasil em conjunto com a Literatura, na linha da História Social da

Cultura. A fundamentação teórica se faz a partir de estudiosos consagrados do tema. Como

sugestão metodológica, propõem-se estratégias constantes do Projeto de Implementação.

Seguem-se o resumo da Unidade Temática de suporte, e sugestão de temas a ser abordados,

PALAVRAS

CHAVE

além dos citados na referida Unidade. O tópico “O projeto colocado em prática” ressalta a

distância entre o idealizado e o concretamente realizado nas circunstâncias reais encontradas;

trata-se de relatório real. Conclui-se com o resultado obtido, através de depoimentos de

envolvidos no processo: alunos, professores e participantes do GTR que teve como tutor o autor

do presente trabalho. As fontes e a bibliografia utilizadas referem-se a todo o processo: pesquisa,

elaboração do projeto, da Unidade Temática e do presente artigo, indicativas, portanto, da trajetória

realizada.

Interdisciplinaridade; História do Brasil; Literatura de Lima Barreto; 1ª

República do Brasil

FORMULÁRIO INDIVIDUAL DE IDENTIFICAÇÃO

Artigo Final PDE/2008

Título HISTÓRIA DO BRASIL E LITERATURA BRASILEIRA -

Uma possibilidade interdisciplinar

Autor Valter Battistin

Disciplina/ Área História

Orientador Prof. Dr. Dennison de Oliveira – Depto. História

Instituição de Ensino Superior UFPR

Núcleo Regional de Educação Curitiba

Escola de implementação C.E. Senhorinha de Moraes Sarmento

Município da Escola Curitiba

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE CURITIBA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

HISTÓRIA DO BRASIL E LITERATURA BRASILEIRA

Uma possibilidade interdisciplinar

Valter Battistin

Curitiba, 2009

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE CURITIBA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

HISTÓRIA DO BRASIL E LITERATURA BRASILEIRA

Uma possibilidade interdisciplinar

Artigo final do Prof. PDE 2008 na área de História,

como requisito do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, da SEED-PR, NRE Curitiba,

sob a orientação do Prof. Dr. Dennison de Oliveira - UFPR-

Valter Battistin

Curitiba, 2009

HISTÓRIA DO BRASIL E LITERATURA BRASILEIRA

Uma possibilidade interdisciplinar

RESUMO

O presente artigo parte do diálogo interdisciplinar entre História e Literatura, como

possibilidade pedagógica. Tendo como pano de fundo o Projeto de Implementação

Pedagógica e a Unidade Temática “A 1ª República do Brasil na historiografia e na literatura

de Lima Barreto”, elaborados no decurso do PDE 2008 pelo autor como suporte aos

professores de História e de Literatura em trabalho interdisciplinar, colocam-se as

justificativas do projeto, da seleção do período e do autor a ser estudados. A partir de

problemas reais, formulam-se objetivos a ser alcançados, e propõe-se o estudo de História

do Brasil em conjunto com a Literatura, na linha da História Social da Cultura. A

fundamentação teórica se faz a partir de autores consagrados e seus estudos recentes

sobre o tema. Como sugestão metodológica, propõem-se estratégias constantes do Projeto

de Implementação. Seguem-se o resumo da Unidade Temática de suporte, e sugestão de

temas a ser abordados, além dos citados na referida Unidade. O tópico “O projeto colocado

em prática” ressalta a distância entre o idealizado e o concretamente realizado nas

circunstâncias reais encontradas; trata-se de relatório real. Conclui-se com o resultado

obtido, através de depoimentos de envolvidos no processo: alunos, professores e

participantes do GTR que teve como tutor o autor do presente trabalho. As fontes e a

bibliografia utilizadas referem-se a todo o processo: pesquisa, elaboração do projeto, da

Unidade Temática e do presente artigo, indicativas, portanto, da trajetória realizada.

Palavras chave

Interdisciplinaridade; História do Brasil; Literatura de Lima Barreto; 1ª República do Brasil

HISTÓRIA DO BRASIL E LITERATURA BRASILEIRA

Uma possibilidade interdisciplinar

Os estudos literários e historiográficos se aproximam pela

textualidade. Essa constatação a priori, surge como conseqüência da prática de

ensino que recorre a conceitos “inter, multi e transdisciplinares” para transpor

conhecimentos em sala de aula. Naturalmente que os estudos bibliográficos

durante o período de afastamento das salas de aula para participar do projeto

PDE 2008 consolidaram o entendimento do diálogo entre história e literatura. Por

isso me propus a tentar, no projeto de intervenção pedagógica a ser desenvolvido

no retorno às salas de aula, algo que informalmente e sem um projeto específico

já vinha tentando há tempos: o diálogo interdisciplinar com os colegas de Língua e

Literatura Portuguesa e Brasileira que trabalham com os autores da Literatura

Brasileira. No projeto de implementação, o professor PDE que escreve este artigo

colocava como justificativa

Contribuir, no âmbito do colégio em que o projeto será implementado, para a

interdisciplinaridade de História e Literatura, no caso, História do Brasil e Literatura

Brasileira, dois campos que carecem de bem mais conhecimentos e aprofundamentos que

os apresentados pelos alunos concluintes do Ensino Médio.

O período escolhido como tema de estudo foi a virada dos séculos XIX

para o XX, justificando tal escolha por ser um período de transição (política,

econômica, social, cultural), de processo de modernização e de ser um tempo de

busca da modernidade. Foi a época em que no Brasil se fazem presentes novos

artefatos modernos, novos meios de transporte e comunicação, a indústria

nascente, o início da publicidade e da imprensa empresarial, a reorganização

urbana e social. Período que estabelece, portanto um marco histórico comparativo

das questões colocadas pelos autores da historiografia e da literatura do período,

com as questões que hoje são colocadas; as transformações relacionadas com a

II Revolução Industrial e suas repercussões no Brasil da época, comparando-as

com a transição e transformações que se colocam no Brasil de hoje, relacionadas

com a Revolução Informática, a globalização e as questões do final do século XX

e início do XXI, vivenciados pelos alunos do ensino médio. Retrocedendo um

século com relação a suas vidas, analisando o período proposto, em muito

semelhante às transformações atuais, espera-se que possam adquirir ou

aprimorar a consciência histórica desejável para viver conscientemente a

cidadania nos tempos atuais.

Escolhido o período, partiu-se para a seleção do autor de literatura que

seria o mais adequado ao que se propunha. Lima Barreto, o autor escolhido

neste projeto, se justifica pelo fato de ser um escritor que vivenciou as

transformações do período, analisou-as de seu ponto de vista, e deixou suas

impressões registradas em sua obra e atividade jornalística. Trata-se de um

brasileiro que não fazia parte das elites políticas e econômicas do seu tempo, não

era bem aceito entre as elites culturais, sofreu as conseqüências do preconceito

racial pelo fato de ser mulato, do preconceito de classe por ser pobre, e sofreu os

tormentos de alguém que se viu às voltas com o alcoolismo e problemas mentais,

de seu pai primeiramente, e dele próprio a seguir. Homem da cidade e vivendo no

subúrbio, tem muito em comum com a clientela das escolas da periferia de uma

grande cidade. O fato de pretender escrever para o seu povo o faz escrever numa

linguagem que podia ser entendida pelo homem comum, do povo, suburbano.

Nem por isso carece de argúcia em suas análises e contundência em suas

observações.

O pobre e as classes subalternas que entram na literatura de Lima Barreto,

e sua linguagem, satírica e próxima da oralidade, (e por isso criticada no seu

tempo) mantêm toda sua atualidade; bem como os temas presentes em sua obra:

o preconceito à mulher, a ecologia, a desfiguração da cidade em proveito de

poucos beneficiários, a crítica à imprensa, a postura crítica diante dos novos

artefatos da modernidade que começam a fazer parte do cotidiano na vida

social, e outros temas candentes até os dias de hoje.

A obra de Lima Barreto pode ser um meio de aproximação dos alunos à

literatura brasileira, à análise das questões nacionais e ao aprimoramento da

cultura e do repertório dos conhecimentos pessoais dos alunos. Lima Barreto fez

de seus textos, instrumentos de resistência, de luta e de conscientização. Sua

pena foi sua arma de militante. Como diz um estudioso de sua obra, se lê Lima

Barreto, não para aprender português ou literatura, mas para aprender a ser

brasileiro.

A pesquisa desenvolvida tinha como intento apresentar como fonte histórica para a compreensão do período republicano em seus primeiros anos, textos literários e crônicas escritas na imprensa de então por escritores que fazem parte dos programas de ensino médio.

O estudante do ensino fundamental, de uma maneira em geral, não se

reconhece como agente histórico. A disciplina História se lhe configura como algo distante, desvinculada de sua vida e o material didático como algo que é pouco

significativo à sua realidade. Há falta de interesse pela disciplina História, como também pela literatura brasileira. Temos como conseqüência alunos que concluem a Educação Básica com baixo nível de consciência histórica, senso crítico abaixo do desejado, fraco desempenho em avaliações como SAEB, ENEM, PISA, Prova Brasil, relatórios da UNESCO, etc.. Por outro lado, a escola não tem conseguido dar uma resposta ao grande desafio educacional que se apresenta como exigência dos tempos atuais, bem como à necessária integração dos vários saberes baseada na interdisciplinaridade. Dinamizar o processo de ensino-aprendizagem, buscar a formação integral do ser humano, despertar a consciência histórica, aprimorar o senso crítico, formar a cidadania consciente, tentar novas metodologias e abordagens dos conteúdos, é a problematização que se colocava, na tentativa de se buscar novos caminhos para solucioná-la.

Como objetivo geral, a “melhoria da qualidade do ensino-aprendizagem

e, partindo de uma dimensão contemporânea que cerca o cotidiano do aluno e seu meio social, buscar através desse trabalho, despertar maior interesse pelo estudo da História, de literatura brasileira e do autor em foco, e com isso, elevar seu nível de consciência histórica, de senso crítico e desempenho pessoal diante dos desafios que enfrentará ao concluir o Ensino Médio, seja

dando continuidade a seus estudos no Ensino Superior, seja enfrentando concursos no nível de Ensino Médio ou concorrendo a um emprego no mercado de trabalho.

Para isso se colocava como objetivos específicos: 1. despertar no aluno o interesse pelo estudo, leitura e interpretação historiográfica; bem como despertar o interesse pela literatura; 2. melhorar a apreensão e compreensão de conceitos históricos; 3. despertar ou aprimorar o senso crítico; 4. preparar cidadãos conscientes de seu papel transformador na sociedade 5. despertar o interesse por obras que analisam os temas candentes da atualidade, a partir da análise que autores do passado fizeram de sua contemporaneidade 6. buscar maior integração das disciplinas do Ensino Médio, através de intervenção interdisciplinar (História / Literatura Brasileira / Sociologia / Filosofia); 7. formar a consciência da importância do papel social da profissão que o aluno exercerá no futuro, a exemplo do autor em foco, Lima Barreto, que transformou sua arte em arma de resistência e militância em favor do seu povo; 8. comparar as questões colocadas pelo autor naquela época, com as que hoje são colocadas. Comparar o autor com outros autores, da sua época e de outras épocas. 9. comparar as produções culturais a partir de obras de Lima Barreto com a obra original e relacioná-la com a época da produção (do filme, teatro, música) e com o tempo presente.

Para alcançá-los, a proposta é estudar a História do Brasil conjuntamente

com a produção literária do período a ser analisado. No presente caso, coincide com o período anterior ao modernista na história da literatura, período tradicionalmente chamado de pré-modernismo pelos historiadores da Literatura Brasileira.

Fundamentação teórica do trabalho interdisciplinar História - Literatura Há uma interdependência estreita entre os estudos literários e as ciências

sociais. Como diz Jean-Paul Sartre,

"todo escritor possui uma liberdade condicional de criação, uma vez que os seus temas, motivos, valores, normas ou revoltas são fornecidos ou sugeridos pela sua sociedade e seu

tempo - e é destes que eles falam” 1 i

A literatura é produto artístico, com as características peculiares da arte. É,

porém, arte enraizada no contexto histórico. A literatura, estudada como fonte no interior de uma pesquisa historiográfica, além do inegável caráter interdisciplinar, tem outros significados. Ela é o testemunho da sociedade, porque traz em si a revelação dos seus focos mais candentes de tensão e a mágoa dos aflitos, traduz mais um anseio de mudança do que os mecanismos da permanência. Tendo um compromisso maior com a fantasia do que com a realidade, preocupa-se com aquilo que poderia, ou deveria ser a ordem das coisas, mais do que com seu estado real. Enquanto a historiografia procura o "ser" das estruturas sociais, a literatura fornece a expectativa do seu "vir-a-ser". O objeto de pesquisa do historiador é a realidade. O escritor ocupa-se com a possibilidade. Esta diferença deve ser considerada pelo historiador diante do material literário. Aristóteles já dizia:

“Com efeito, não diferem o historiador e o poeta por escreverem verso ou prosa (pois que, bem poderiam ser postas em versos as obras de Heródoto, e nem por isso deixariam de ser História, se fossem em verso o que eram em prosa) - diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro, as que poderiam suceder”

2ii

A literatura diz muito ao historiador sobre a "história que não ocorreu, sobre

as possibilidades que não vingaram, sobre os planos que não se concretizaram. Ela é o testemunho triste, porém sublime, dos homens que foram vencidos pelos fatos”. 3 Diz que a história não se resume aos fatos realmente sucedidos. Nietzsche na sua audaciosa filosofia nos abre o horizonte diante da uma compreensão estreita da História, quando condena o poder da História que se transforma na admiração do êxito que leva à “idolatria dos fatos”:

“Ora, aquele que aprendeu a dobrar a nuca e abaixar a cabeça em face poder da história terá sempre um gesto mecânico de aprovação, um gesto à chinesa, diante de qualquer espécie de poder, quer seja um governo, a opinião pública ou o maior número, movendo seus membros de acordo com o compasso de um poder qualquer. Se todo o sucesso traz consigo uma necessidade racional, se todo acontecimento é a vitória da lógica ou da „idéia‟, não nos resta outra coisa senão nos ajoelharmos para percorrer assim todas as formas de „êxito‟... Que escola de conveniência, semelhante maneira de considerar a

história!”4

Podemos pensar numa história dos desejos não consumados, dos possíveis não realizados, das idéias não concretizadas. Este tipo de historiografia pode se vincular àqueles grupos sociais que ficaram marginalizados diante do „sucesso dos fatos‟. Sem êxito, nem por isso ausentes, formam aquela fonte humana da qual tantas vezes a literatura retira suas tramas. Poetas sempre mostraram a relação que existe entre a dor e a arte. Este caminho pode ser um filão bastante rico para o estudo da História Social. É o que se pretende no objeto de estudo escolhido para a intervenção escolar: como Lima Barreto via a História transcorrendo diante de seus olhos, qual era seu ponto de vista, como era o olhar desse cidadão a partir do seu „locus‟ social, naquele período de transição e de grandes transformações em todos os níveis. A leitura de seus textos nos leva a pesquisar seu cotidiano e a nos familiarizar com o meio social em que vivia: a cidade do Rio de Janeiro, a capital da República recém instaurada, no limiar do século XX. Suas posturas, ênfases, críticas, presentes nas suas obras servem como referências para nossa compreensão e análise do período. Seus textos nos ajudam a iluminar a realidade subjacente a eles. Transformações históricas agitaram a sociedade carioca nesse período, e a produção literária de Lima Barreto se enraizava e se moldava conforme o ritmo e o sentido dessas mudanças, que se interpenetravam no nível social e cultural. Talvez mais do que qualquer outro contemporâneo, o escritor escolhido para o estudo da História do Brasil, apresente elementos para esclarecer as tensões históricas e os dilemas culturais do período“.

Historiadores como Edward Thompson, Carlos Ginzburg, Eric Hobsbawm,

Peter Burke dentre outros, passaram a considerar a História... “do ponto de vista do soldado raso e não do grande comandante” (Burke), ou seja, a 'história vista de baixo'. Com Edward Thompson, a partir de 1966, o conceito de “história vista de baixo” passou a configurar a linguagem dos historiadores. É uma linha de pensamento que busca resgatar as 'experiências históricas', de pessoas comuns que viveram um determinado período histórico e viram sob a sua ótica o desenrolar dos fatos. Tais experiências passadas muitas vezes foram negligenciadas pelos historiadores. A “História vista de baixo” serve para corrigir a “História Oficial”, que Bertold Brecht chama de 'história da elite' e abre a possibilidade de uma compreensão mais rica da História.

É nessa segunda possibilidade que este trabalho será enfocado, assim

como afirma Burke... “a história vista de baixo tem sua maior eficácia quando está dentro de um contexto”, ou ainda... “a história vista de baixo implica que há algo

acima para ser relacionado”. Ela se apresenta como uma alternativa de ampliação do conhecimento do passado, situando nossos educandos num contexto histórico passado e presente, podendo lhe proporcionar uma base sólida para a compreensão ou questionamento da sociedade em que vivem. Pode-se também despertar o interesse investigativo do aluno. Como afirma Peter Burke... “a história vista de baixo ajuda a convencer aqueles de nós nascidos sem colheres de prata em nossas bocas, de que temos um passado, de que viemos de algum lugar”. Dessa forma podemos resgatar valores, analisar relações de tempo e espaço, mudanças e permanências e desenvolver uma consciência histórico-crítica em nossos educandos, projetando suas ações com uma perspectiva de futuro.

A crise de concepções teóricas e metodológicas que foram marcantes na

segunda metade do século XX como paradigma explicativo dos contextos analisados pelos historiadores e cientistas sociais, fez com que se perdessem as certezas até então inabaláveis da escrita da História. A complexidade do conhecimento impôs a busca de novos caminhos para o desenvolvimento da pesquisa historiográfica, caminhos esses nunca definitivos, mas sempre renovados pelos diferentes modos de ver e contar o que se passou.

Na medida em que produzem, os historiadores acrescentam novas páginas

de conhecimento à memória da sociedade da qual fazem parte. A produção intelectual dos historiadores mudou em profundidade e amplitude, assim como as modalidades de escrever a História, influenciada pelo surgimento de novos territórios a ser explorados pela pesquisa histórica, pelos novos objetos visando temáticas originais, e pela abundância de novas abordagens. Nessa perspectiva, o historiador reconstrói os acontecimentos das histórias vividas, informando aos seus leitores o esquema interpretativo no qual se descortina o passado vivido, demonstrando seus procedimentos narrativos e os recursos metodológicos e teóricos empregados, dando a possibilidade de reconhecer que as novas abordagens e objetos de estudo utilizados, revelam a diversidade de leituras possíveis, e diferentes formas de escrita complementares entre si.

Na crise emergem outras abordagens históricas que contestavam as

anteriores e contribuíram para que uma equipe de historiadores se posicionassem contra o enfoque da macro-história propondo a análise do individual e do local. Era a abordagem dos micro-historiadores. As conseqüências iniciais dessa “crise da historiografia” não devem ser entendidas como negativas para a História, mas como possibilidades de problematizar o passado no sentido de reconstruir idéias e experiências propiciando a mudança. A partir desse contexto de crise, a História expande seu campo de conhecimento, caminhando em duas direções:

- uma que procura a transformação dos modos de narrar a História, mas permanece com as tradicionais correntes historiográficas e suas influências

recíprocas, com ascendência da ciência política.

- outra que procura a aproximação multidisciplinar com a lingüística, antropologia, filosofia e literatura, encaminhando a História para novos procedimentos teóricos para selecionar temas, técnicas e métodos inovadores. A troca de experiências com áreas afins permitiu que novos caminhos fossem trilhados com criatividade.

Segundo Peter Burke, vive-se

... uma era instigante e ao mesmo tempo confusa. Podem-se encontrar referências a Mikhail Bakhtin, Pierre Bourdieu, Fernand Braudel, Norbert Elias, Michel Foucault e Clifford Geertz nos trabalhos de arqueólogos, geógrafos e críticos literários, assim como de sociólogos e historiadores. O surgimento do discurso compartilhado entre alguns historiadores e sociólogos, alguns arqueólogos e antropólogos e assim por diante, coincidem com um declínio do discurso comum ao âmbito das ciências sociais e humanidades e, a bem da verdade, dentro de cada disciplina. 5

iii

A História estudada pelos historiadores e trabalhada em sala de aula pelos professores juntamente com outras disciplinas pode resultar numa grande variedade de interesses por parte de alunos e professores, e permite que diferentes conhecimentos e pontos de vista possam ser explorados na iniciativa tomada de se trabalhar de forma interdisciplinar. Se para historiadores a pluralidade de instrumentos, temas, abordagens e procedimentos ocasionaram mudanças em sua área de atuação, para alunos e professores do Ensino Médio é de se esperar mudanças e novos estímulos tão necessários hoje às escolas e salas de aula.

No contexto de mudanças na forma de praticar a pesquisa histórica,

percebe-se um aumento da tendência para as histórias culturais. Destaca-se o resgate das memórias coletivas e individuais. Essa tendência permite o desdobramento metodológico e proporciona uma diversidade de leituras e representações do passado pesquisado. Essa diversidade surge a partir do rompimento das certezas científicas nas abordagens feitas até então. As fontes históricas, matéria-prima do trabalho do historiador, passaram a ser consideradas como indícios do que poderia ter sido o acontecimento passado. A partir desses indícios fragmentados, o historiador constrói uma versão, a sua recriação imaginária do real. Essa mudança pode ser percebida no discurso da micro-história, da história local, da história individual, enfim daquela história que reconstrói identidades peculiares e individuais, mas sem ignorar a macro-história. Aqui se coloca a questão da História estudada em conjunto com a literatura, duas formas de registro da humanidade, diferenciadas por (sutis) conceitos de ficção e realidade.

As relações entre história e literatura estão no centro do debate sobre a disciplina histórica na atualidade. Constituindo-se em linha de pesquisa destacada, o estudo desse intercâmbio remete, no entanto, a uma reflexão que já acumula várias décadas e envolve diferentes áreas das humanidades preocupadas com a linguagem. Pautada por uma ótica interdisciplinar e comparativista, tal linha acompanha a propensão contemporânea de se interrogar as fronteiras dos conhecimentos que a tradição institucional construiu. Questionam-se os limites entre arte, ciências e filosofia, ficção e verdade, gêneros literários, narrativa histórica e narrativa literária. Todavia essa tendência pode representar

um caminho de renovação teórica, metodológica e disciplinar, lançando indagações de enorme amplitude. 6

iv

Para Jacques Leennhardt e Sandra Jatahy Pesavento,

Ler a história como literatura, ver na literatura a história se escrevendo, isto é possível? Interpenetrar processos sociais e processos simbólicos implica um entrecruzamento de olhares, que por sua vez, parte de alguns pressupostos que norteiam uma questão aberta já há algum tempo, desde Michel de Certeau e Paul Ricoeur a Hayden White. Entretanto o trabalho acadêmico contemporâneo tem implicações teóricas bem precisas, abertas pela incerteza geral que preside o campo

vdas ciências humanas em face da derrocada

de modelos explicativos da realidade. Desta incerteza, reabre-se o debate em torno da verdade, do simbólico, da finalidade das narrativas histórica e literária, da gerência do tempo e da recepção do texto, questões estas que colocam a história e a literatura como leituras possíveis de uma recriação imaginada do real.

vi7

A História, mesmo buscando seu aprimoramento desde o século XIX com Leopold Von Ranke, não conseguiu acompanhar o turbilhão de mudanças ocasionado pelo progresso, envolto na modernização, considerada como resultado das experiências vividas em busca de transformações em todos os níveis da atividade humana. Daí a salutar crise revisionista, e a pergunta fundamental: “Qual é a função da história?”. Pergunta, aliás, muito ouvida pelos professores de história em sala de aula, formulada pelos alunos, obviamente em outro nível de compreensão da disciplina e de consciência histórica.

Segundo Antonio Celso Ferreira, as transformações ocorrem . ...nas formas de relacionamento social, dos modos de organização política, dos hábitos culturais, às construções imaginárias; da interação com o ambiente, da maneira de produzir, habitar e locomover-se, das tecnologias ao lazer – tudo muda aceleradamente no plano mundial. 8

Isto levou historiadores a buscar novas ferramentas mais complexas que as convencionais para desenvolver sua profissão, e as formas discursivas tradicionais têm sido substituídas por novos signos. O mesmo esforço pode ser verificado entre professores de história na educação básica no exercício de sua função. O “tempo eletrônico”, computador e TV mostram no presente acontecimentos do passado em questão de segundos, são marcas dessa evolução. Para acompanhar esse turbilhão, historiadores e professores em nossas escolas terão que se transformar, talvez, em personagens futuristas a mergulhar no mundo virtual. As relações da História com a Literatura se estreitam.

No domínio da história, o estudo dos laços entre discursos históricos e literários

tornou-se possível graças a um questionamento epistemológico que se situa globalmente em dois níveis distintos:

- o que estabelece uma distinção entre o passado real, concreto –a passeidade- de um lado, e do outro, a historiográfica, ou seja, a narrativa feita dele, ou o discurso construído pelo historiógrafo/historiador a partir dessa passeidade, a narração dela, a sua recriação sob a forma de uma versão plausível. É esta distinção que aproxima um do outro, o historiador do fato real e o escritor da ficção literária.

- o que se baseia na convicção de que os dados desse passado, ou seja, os fatos históricos recuperáveis graças aos documentos que chegarem até nós, já não são os próprios fatos brutos, concretos, são representações de fatos ocorridos no passado.

Constituem, por conseguinte, uma mise-en-forme imaginária de dados do passado, já irrecuperáveis na sua imanência. Do ponto de vista da literatura e dos estudos literários, a abertura em direção à história tinha sido preparada graças a novas abordagens “contextualizantes”, que permitiram passar do positivismo convencional dos estudos literários. [...] A contextualização da literatura, a sua leitura e interpretação como partes integrantes de contextos econômicos, políticos, sociais e culturais permitiram passar primeira barra que separava o fato histórico dos fatos literários, mas ainda não permitiram chegar à plataforma conceptual e única que constitui a base do “Projeto Clíope”, a saber, a concepção dos textos, literário e histórico, como representações ou mises-en-forme da realidade. Tanto a narração literária como a historiográfica pressupõe um processo de estratégias de organização da realidade, uma procura de uma coerência imaginada baseada na descoberta de laços e nexos, de relações e conexões entre os dados fornecidos pelo passado. Essa coerência –imaginada, fictícia- depende, claro, parcialmente dos próprios dados, mas também da plausibilidade de uma significação possível, imaginada pelo escritor/historiador de tal maneira que o leitor possa reconstruí-la. 9 *

1

Essas ligações têm sido discutidas, principalmente a questão da narrativa histórica e sua analogia com os gêneros literários. A narrativa histórica se revitaliza e sua aproximação com as técnicas literárias revoluciona as formas acadêmicas convencionais. Alguns dos historiadores que intensificaram as ligações entre História e literatura foram Lawrence Stone, Peter Gay, Carlos Ginzburg, Robert Darton, e no Brasil, Edgar de Decca, Francisco Foot Hardman, Nicolau Sevcenko, Sandra Jatahy Pesavento, Antônio Celso Ferreira e outros. Estes mostram que estilo e pesquisa não se opõem, ao contrário, se completam, e que uma pesquisa de alto quilate científico pode ser valorizada por um estilo que mostre preocupação com a forma, com o estilo literário de comunicar o resultado do trabalho de pesquisa. De fato, o discurso literário resulta de reflexão e se constitui em mediação social, tal como o discurso histórico. Daí decorre que é possível através de técnicas narrativas literárias, revelar a história, construir um ponto de vista. Walter Benjamin, por exemplo, analisou a Paris do segundo império através dos textos literários do poeta Baudelaire, e constrói um novo conceito de história através da narrativa em “Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo”. Outros renomados autores poderiam ser citados como exemplo na atual ampliação e diversificação historiográfica, mas o espaço restrito, e principalmente a falta de maior conhecimento a respeito por parte do autor deste artigo, o impedem de fazê-lo. Roland Barthes, Hayden White, Peter Gay e muitos outros têm se dedicado à temática.

No modesto trabalho feito como projeto de implementação pedagógica na

escola se colocava o debate desta questão10, e os referenciais teóricos situados na vertente da História Social, que prioriza as experiências humanas e os processos coletivos nas explicações históricas que constrói. As principais influências dessa História Social da Cultura seriam Carlo Ginsburg e Roger Chartier entre outros. A chamada “micro-história” dedica-se, entre outros temas, a pesquisas biográficas,

*1 grifos meus, tendo em vista chamar atenção para a metodologia empregada na produção didático-pedagógica de minha autoria, na forma de Unidade Temática, direcionada aos professores de história e literatura envolvidos no projeto de implementação pedagógica na escola: “A Primeira República do Brasil na historiografia e na literatura de Lima Barreto”, p. 7-10.

estudos de comunidades, reconstituição de episódios excepcionais na vida cotidiana de certas populações. Conforme Chartier,

A micro-história pretende construir, a partir de uma situação particular, normal porque

excepcional, a maneira como os indivíduos produzem o mundo social por meio de suas alianças e confrontos, através das dependências que os ligam ou dos conflitos que os opõem. O objeto da História, portanto, não são mais as estruturas e os mecanismos que regulam, fora de qualquer controle subjetivo, as relações sociais, e sim as racionalidades e estratégias acionadas pelas comunidades, as parentelas, as famílias, os indivíduos.11

No projeto de implementação o literato escolhido foi Lima Barreto, e o interesse é identificar o conteúdo de suas obras e de suas atitudes, como indivíduo e como escritor, contextualizando esse conteúdo. Interessa compreender seu ideário investigando as formas pelas quais ele reproduz seu mundo social na imprensa onde atuou e na literatura, através das alianças e dos confrontos que ele estabeleceu ao longo de sua trajetória na capital da República, no início do século passado. Pretende-se analisar as “racionalidades e estratégias” que o escritor foi capaz de acionar e colocar em prática em sua vida. Inclui-se nesse horizonte, a noção de “cultura popular” e de “circularidade cultural” propostas por Ginzburg. Entendendo-se “cultura popular” como um conjunto de atitudes, crenças e códigos de comportamento próprios das classes subalternas em determinado período histórico, ou seja, uma visão original de cultura popular que não se confunde com uma cultura imposta às classes populares pelas classes dominantes. Essa cultura popular que se define por oposição à cultura das classes dominantes, mantém, todavia relações com a cultura dominante. Relações que são reelaboradas pelas classes subalternas de acordo com seus próprios valores e condições de vida. A esta dinâmica entre as culturas popular e erudita, Ginzburg chama de „circularidade cultural‟. Tais noções foram expostas em “O queijo e os vermes”. 12

Longe de querer transformar Lima Barreto no Menóquio, o moleiro friulano, pode-se ter como pano de fundo o aparato conceitual daquele historiador. Como também o conceito de „representação‟ de Chartier, entendido como diferentes formas de relação com o mundo social. Assim as expressa o autor:

“... em primeiro lugar, o trabalho de classificação e de delimitação que produz as configurações sociais múltiplas, através das quais a realidade é contraditoriamente construída pelos diferentes grupos; seguidamente, as práticas que visam fazer reconhecer uma identidade social, exibir uma maneira própria de estar no mundo, significar simbolicamente um estatuto e uma posição; por fim, as formas institucionalizadas e objetivadas, graças às quais uns representantes (instâncias coletivas ou pessoas singulares) marcam de forma invisível e perpetuada a existência do grupo, da classe, ou da comunidade”. 13

Nesse sentido é possível pensar sobre o modo como Lima Barreto se insere no contexto social, político e intelectual do Rio de Janeiro durante a 1ª República, identificando através de suas “práticas e representações” o significado histórico de sua trajetória e de suas idéias. Não se pretende construir uma explicação ou uma teoria histórica sobre a sociedade em que o autor viveu, trata-se de buscar a recuperação do sentido que indivíduos de outra época atribuíam às suas próprias lutas; no caso presente, o sentido que Lima Barreto atribuiu às lutas

em que se envolveu no seu tempo histórico. Buscar a contextualização dos caminhos traçados pela sua militância é certamente um dos meios de compreender o sentido histórico das lutas que travou no bojo da História que transcorria. O fato de se tratar de escritor de artigos e crônicas, e literato de contos e romances, obriga a refletir sobre as relações entre História e Literatura, sobre a natureza do conhecimento histórico e suas semelhanças e diferenças com o fazer literário.

A literatura já se anunciava como objeto da História aqui no Brasil desde a publicação da coletânea organizada por Jacques Le Goff e Pierre Nora, em que Jean Starobinski escrevia “A literatura: o texto e seu intérprete”. 14 De lá para cá, a literatura tem sido campo cada vez mais freqüentado pelos historiadores, alargando e aprofundando a forma como entramos em contacto com o passado. Pode-se ter acesso ao passado somente através de documentos chegados até nós, só temos acesso de fato a representações textuais dos fatos ocorridos (os documentos). A historiografia coloca-se como um discurso construído pelo historiador sobre o passado com base nas representações textuais disponíveis. O alargamento da noção de „documento‟ pode perfeitamente incluir a literatura como um dos seus objetos. No entanto, torna-se necessário ter presente que a historiografia, diferente da literatura, busca nas representações textuais do passado (os documentos), a construção de uma versão plausível de explicações que devem ter compromisso com a verossimilhança. Estamos sempre investigando o passado no sentido de reconstruí-lo tal como poderia ter sido. Além disso, a história não pode prescindir das fontes, dos documentos, e suas citações precisas permitem ao leitor e a outros pesquisadores, a verificação dos dados apresentados e a discussão a respeito da interpretação dada aos mesmos. Este critério nos permite identificar o que é ou não é historiografia. Embora o discurso literário não esteja fundado nem na verossimilhança nem no uso das fontes, podemos reconhecer que é possível muitas vezes “ver na literatura a história que se escreve”. Para isso, se faz necessária a contextualização da obra literária, interpretando-a à luz do contexto econômico, político, social, cultural do qual faz parte. Trata-se de compreender o texto literário também como uma construção permeada pelas condições históricas que lhe deram origem, procurando enxergar nessa construção possíveis representações do passado, tal como fazemos com os documentos. Superada aquela visão de obra literária que a considerava fechada em si, dotada de estrutura autônoma, está aberto o caminho para a concepção de literatura como obra aberta às mais diversas leituras. O historiador também pode se colocar como leitor de obras literárias com seu olhar de historiador.

“Numa história, sempre há um leitor, e esse leitor é ingrediente fundamental não só do processo de contar uma história, como também da própria história” nos dizia Umberto Eco, que ainda nos lembra que “todo texto é uma máquina preguiçosa pedindo ao leitor que faça uma parte do seu trabalho”. Seria um problema se o texto tivesse de dizer tudo o que o leitor deve compreender – poderia ser interminável! Eco metaforiza o texto narrativo com a palavra “bosque”, explicando sua escolha:

“Usando uma metáfora criada por Jorge Luís Borges, um bosque é um jardim de caminhos que se bifurcam. Mesmo quando não existem num bosque trilhas bem definidas, todos podem traçar sua própria trilha, decidindo ir para a esquerda ou para a direita de determinada árvore e, a cada árvore que encontrar, optando por esta ou aquela

direção”. 15

O presente trabalho faz das palavras de Umberto Eco um convite a passear pelos textos dos escritores brasileiros do período, especialmente de Lima Barreto, como quem passeia pelo bosque da História do Brasil, deixando as demais referências (teórico-metodológicas e textuais) presentes na Unidade Temática escrita como suporte para a implementação pedagógica, para o decorrer da mesma. Conclui-se a presente fundamentação teórica com as palavras de Sidney Chalhoub e Leonardo A. M. Pereira:

“... a proposta é historicizar a obra literária, inserí-la no movimento da sociedade, investigar suas redes de interlocução social, destrinchar não sua suposta autonomia em relação à sociedade, mas sim a forma como constrói ou representa sua relação com a realidade social – algo que faz mesmo ao negar fazê-lo. Em suma, é preciso desnudar o rei, tomar a literatura sem reverências, sem reducionismos estéticos, dessacralizá-la, submetê-la ao interrogatório sistemático, que é uma obrigação do nosso ofício. Para os

historiadores, enfim, a literatura é testemunho histórico. (grifo meu) 16 *

SUGESTÃO METODOLÓGICA - ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

O desenvolvimento metodológico da proposta de intervenção no cotidiano da escola, envolvendo historiografia e literatura, pode se basear no Caderno Temático elaborado pelo professor PDE a partir de textos de escritores situando-

os no seu contexto histórico, vendo-os como os próprios autores os situavam: arte enraizada no contexto, literatura como testemunho da sociedade e reveladora das tensões sociais, voz dos que foram vencidos pelos fatos, estabelecendo vínculos com os grupos sociais marginalizados diante do “sucesso dos fatos”. Segue os seguintes passos:

1 – Contextualização: a partir de crônicas dos escritores da época nos

periódicos e da historiografia, a obra de Lima Barreto será contextualizada nos níveis cultural, político-econômico, social e literário vigentes no período compreendido entre a Campanha Abolicionista e a época da 1ª República.

2 - Análise de fontes:

- Leitura crítica e contextualizada de textos selecionados das obras de Lima Barreto: análise e interpretação de palavras, conceitos, fatos e

personagens, a partir do estudo apresentado no Unidade Temática.

- Seleção de temas econômicos, políticos, sociais e culturais a partir da obra do autor, que constam ou são indicados na Unidade Temática, que

professores de História e Literatura Brasileira envolvidos neste projeto interdisciplinar terão em mãos.

3 - Comparação:

- Questões colocadas pelo autor em sua época comparadas com questões atuais. Caberá ao professor selecionar textos com as questões colocadas pelo autor em sua época, comparando-as com questões similares da atualidade e como hoje são colocadas estas questões pelos cronistas e escritores contemporâneos.

- comparar o autor com outros autores de sua época, e com autores anteriores e posteriores a Lima Barreto.

- comparar as produções culturais baseadas em obras de Lima Barreto com a obra original. Relacioná-las com a época da obra original, com a época da adaptação da obra e com o tempo presente. Quanto a esse item, pode-se levar em conta o levantamento que consta no Projeto de Implementação (até 2008).

4 - Conclusões (produção em sala de aula durante e após a intervenção)

Elaboração feita pelos alunos (com a orientação do professor) de relatório escrito, e/ou dramatização, trabalho escrito, ou mesmo montagem de vídeo, programa de “rádio-escola”, “podcast”, “webquest”, “blog”, etc. utilizando recursos tecnológicos, a partir do tema da intervenção, das discussões geradas em sala de aula e dos conteúdos apreendidos pelos alunos envolvidos. Produção de trabalhos versando sobre temas históricos, ou aprofundando fatos históricos citados ou analisados nos textos literários trabalhados. Os professores envolvidos no projeto podem organizar atividades avaliativas que sejam adequadas ao seu Plano de Trabalho Didático.

************

RESUMO DA UNIDADE TEMÁTICA “A 1ª REPÚBLICA DO BRASIL NA HISTORIOGRAFIA E NA LITERATURA DE LIMA BARRETO”

Esta Unidade Temática tem como objeto de estudo a História do Brasil nos

anos finais do século XIX e as duas décadas iniciais do século XX,

compreendendo desde o movimento republicano até o final da 1ª República.

Aborda este período da História do Brasil a partir da historiografia e da literatura

brasileira, tomando como fonte histórica os textos dos literatos publicados nos

periódicos da época e principalmente a obra de Lima Barreto, contextualizando-os

na história cultural, política, econômica e social do período, bem como no

ambiente literário e cultural da época. Fundamentando-se nas novas teorias

historiográficas que ampliaram o leque de possibilidades de investigação histórica

e abriram novas perspectivas, a Unidade Temática tem como objetivo servir de

subsídio aos professores de História e de Literatura Brasileira envolvidos no

Projeto de Implementação Pedagógica na Escola, de se tentar metodologias

didático-pedagógicas que visem à melhoria do ensino-aprendizagem nas escolas

públicas, a fim de que os alunos tenham na Educação Básica uma formação mais

adequada às exigências contemporâneas de “consciência histórica”, senso crítico,

cidadania consciente, tomada de posição diante das transformações do mundo

contemporâneo, compromisso social, princípios éticos, busca de justiça e

solidariedade, luta por uma sociedade e um mundo melhor. A análise do período

estudado e das posturas dos autores diante do seu tempo, aqui contemplados na

primeira parte, principalmente de Lima Barreto e sua obra, sua temática, seus

personagens, caracterizados na segunda parte; seus textos selecionados,

apresentados e contextualizados no decorrer de todo o trabalho e mais

especificamente na terceira parte, se apresentam como marco comparativo para o

posicionamento de professores e alunos diante das questões atuais.

********************

O trabalho apresenta na sua parte final, endereços eletrônicos para acesso

de fotos do período analisado, de Marc Ferrez e Augusto Malta, e de vídeos e

trechos de filmes sobre o Rio antigo. E no Projeto de Implementação,

endereços de obras de Lima Barreto em quadrinhos disponíveis na internet,

bem como de música e letra de um samba-enredo em sua homenagem.

Como apêndices, foram incluídos três artigos sobre temas como futebol

(“O significado social do futebol no início do século XX na visão de Lima

Barreto”, análise do autor que polemiza com Coelho Netto a respeito desse

esporte, e dos esportes em geral), sobre a função da literatura e do jornalismo

(“Literatura e jornalismo – análise comparativa de dois autores

antagônicos”, analisando e comparando a obra “Recordações do escrivão Isaías

Caminha” de Lima Barreto e “A Conquista” de Coelho Netto) e sobre o jogo do

bicho (“É bicho na cabeça” citando uma carta de um desempregado ao

articulista do “Talismã”, um dos vários jornais cariocas especializados nas “coisas

do jogo do bicho”, que Lima Barreto menciona no seu livro “Coisas do Reino de

Jambon”, registrando a esperança popular “nas sortes” para “minorar a aflição dos

pobres”).

Outros temas possíveis de ser analisados em sala de aula a partir da

obra de Lima Barreto, além dos citados no decorrer da Unidade Temática:

- a condição do negro; racismo; preconceito; exclusão. - movimento feminista e condição social da mulher. - situação econômica do país; miséria; mendicância. - a impotência diante do sistema. - o mulato intelectual no subúrbio e o intelectual negro na Avenida Central – os dois mundos de Lima Barreto. - sua simpatia pelo anarquismo; sua colaboração nos jornais operários. - sua biblioteca e suas leituras. - ecologia. - análise crítica da imprensa em Lima Barreto e os meios de comunicação hoje. - comparação de Lima Barreto e sua obra com Euclides da Cunha e sua obra. - comparar 3 momentos de nossa história juntamente com 3 tipos diferentes de ficção, de 3 diferentes autores e suas críticas à sociedade de suas épocas. P. ex.: “Memórias de um Sargento de Milícias” (1855) de Manoel Antônio de Almeida; “O Alienista” (1882) de Machado de Assis; e “Vida e Morte de J.M. Gonzaga de Sá” (1919) de Lima Barreto. - outros, a critério dos professores de História e de Literatura envolvidos no projeto, que sejam adequados ao seu Plano de Trabalho Docente.

O PROJETO COLOCADO EM PRÁTICA

No cronograma elaborado pelo professor PDE constavam as seguintes

etapas, que se realizaram (ou não) como segue:

1- coordenação, como tutor, de um grupo de trabalho em rede

(GTR) formado por professores da rede que se inscreveram no seu

grupo.

O GTR se estendeu de 27/10/2008 a 10/07/2009 e se desenvolveu em seis unidades. Após os 1°s contactos, orientações iniciais, esclarecimento de dúvidas, fórum de apresentação e inserção dos dados cadastrais dos cursistas (UnidadeI), se partiu para a discussão dos fundamentos teórico-metodológicos da proposta tendo em vista a realidade da escola pública paranaense (Unidade II). A partir da leitura do texto de Peter Lee: "Nós fabricamos carros e eles tinham que andar a pé: Compreensão das pessoas do passado”17 se debateu nos fóruns questões sobre a didática de História a partir dos conceitos de Peter Lee, como a “empatia histórica”. “Que possibilidades podemos apontar para promovermos uma formação histórica, a partir perspectiva de Peter Lee?” foi o questionamento de um fórum de discussão. Tendo como base para as reflexões o citado autor e outros (Jörn Rüsen18, autores da “Nova Esquerda Inglesa” e da História Social e Cultural), se promoveu a reflexão sobre “consciência histórica”, “narrativa histórica”, “cognição em História”.

Num segundo momento, se debateu no fórum de discussão, e se colocou a reflexão pessoal no “diário de anotações” dos cursistas, questões como:

- “Textos literários (romances, contos, crônicas) do período histórico analisado podem criar a „empatia histórica‟ contribuindo para a formação da „consciência histórica‟?”;

- “Em que medida autores da literatura brasileira, como Lima Barreto, podem contribuir com seus textos de crônicas, contos e romances, para a formação do senso crítico e da consciência histórica dos jovens das nossas escolas públicas?”;

- “O trabalho interdisciplinar História/Literatura implementado nas nossas escolas pode contribuir para se atingir importantes objetivos das disciplinas envolvidas (gosto pela leitura, análise das questões nacionais, capacidade de elaborar narrativas históricas)?”

2- O projeto de implementação didática foi colocado em discussão na Unidade III do GTR (dezembro 2008-fevereiro 2009).

Os cursistas tomaram conhecimento do objeto de estudo, do projeto de pesquisa, do

plano de implementação nas escolas e do material didático elaborado pelo Professor PDE tutor do grupo. Fizeram suas análises, observações, sugestões, e as debateram com o professor tutor.

3- Semana Pedagógica (fevereiro 2009): Reunião com a equipe pedagógica da escola onde o projeto será implementado e com os professores envolvidos, com a finalidade de apresentar o projeto e discutir seus desdobramentos. As conclusões serão transmitidas a todo o corpo docente da escola na Semana Pedagógica.

Obs.: Esta etapa não foi realizada. (Embora o professor PDE tenha entrado

em contacto com a direção da escola e com a equipe pedagógica em janeiro, não encontrou principalmente da parte das pedagogas a receptividade esperada para o diálogo, trabalho conjunto e espaço para o desejado e necessário diálogo). Não houve apresentação do projeto na Semana Pedagógica, apenas diálogos informais e proveitosos com professores de Língua Portuguesa.

Estudar-se-ia a viabilidade da aplicação de uma pesquisa escolar na 1ª semana do ano

letivo dirigida aos alunos do ensino médio envolvidos no projeto. No caso, o mais indicado seria uma pesquisa-ação participante aplicada à unidade educacional objeto da intervenção, com a finalidade de se buscar respostas à necessidade de se implantar novas teorias e métodos educacionais na prática cotidiana em sala de aula, e de se buscar soluções aos problemas encontrados. As turmas, público-alvo da intervenção, serão objeto dessa pesquisa. As situações consideradas como inaceitáveis pelos professores de História e Literatura, e pelos alunos dessas disciplinas, serão objeto de análise, com o objetivo de se buscar melhorias nos aspectos que os intriga. A memória de anos de experiência e de observações anteriores em sala de aula, além do levantamento das necessidades da clientela discente serviria de base para a formulação das questões da pesquisa (causas da desmotivação, apatia e indisciplina nas aulas de História e Língua e Literatura, causas do desinteresse pela leitura, a pouca importância atribuída à consciência histórica e à formação do senso crítico, o que seriam „aulas interessantes‟ dessas disciplinas na opinião dos alunos, como melhorar o desempenho nas avaliações do ENEM, SAEB, PISA, IDEB, Prova Brasil, etc.). Com base nas informações dessa pesquisa preliminar, a ser realizada nos primeiros dias de aula, formulam-se hipóteses para a explicação das situações problemáticas levantadas, a ser testadas na implementação da proposta através da renovação didática dos temas abordados. Após a aplicação da pesquisa, o projeto de intervenção pedagógica será apresentado aos alunos como parte do plano de trabalho docente dos professores envolvidos.

4- Início previsto da intervenção (março 2009).

Etapa realizada parcialmente, e iniciada com atraso de um bimestre. A

pesquisa inicial foi feita, mas elaborada apenas pelos professores que se

comprometeram com o projeto, e aplicada somente no 2º bimestre, sem a

colaboração da equipe pedagógica, que sempre alegava impossibilidade de

agendar reuniões, e não compareceu à única reunião que se conseguiu agendar

(fins do 1º bimestre), alegando motivos não convincentes (“só com ordem da

diretora”, “só se puder compensar com um dia de folga”, a “diretora não acha

importante”, etc.).

Os professores envolvidos tendo o Caderno Temático elaborado como produção

didática pelo Professor PDE como subsídio, o adaptariam de acordo com seu plano de trabalho

docente. Os alunos seriam informados que no final do processo (antes das férias de julho), outra

pesquisa seria realizada com a finalidade de se avaliar os resultados obtidos. Estas pesquisas, a

prévia e a posterior à implementação se justificam pelo fato de que nestas pesquisas

- a própria pesquisa torna-se processo de aprendizagem de todos os envolvidos; - o critério de validade é a utilidade dos dados para a clientela escolar;

- o pesquisador (professor) intervém numa situação com o fim de verificar se um novo procedimento é eficaz ou não; - o objeto de pesquisa, no contexto do ensino, são as situações percebidas pelo professor como inaceitáveis sob certos aspectos, mas são suscetíveis de mudança, e por isso, exigem uma resposta prática; - a situação problemática é interpretada a partir do ponto de vista das pessoas envolvidas. Baseia-se sobre as representações que professores, alunos, equipe pedagógica, diretores e pais têm da situação; - sendo situacional, procura diagnosticar um problema específico numa situação específica; - é auto-avaliativa e cíclica: a fase final da pesquisa pode ser usada para aprimorar os resultados das fases anteriores nos anos seguintes de aplicação do projeto.

5- Março a junho 2009 – continuidade da intervenção

No GTR a produção didático-pedagógica do professor PDE foi debatida

pelos cursistas num fórum de discussão. No seu “diário de anotações” os cursistas

analisaram os elementos da proposta e seus encaminhamentos metodológicos.

Em outros fóruns de discussão, o professor PDE tutor do grupo socializou as

experiências e os resultados obtidos durante a aplicação do projeto, os desafios e

entraves enfrentados, e os avanços obtidos no “passo a passo” da fase de

implementação pedagógica em sua escola (Unidades 4 e 5). Portanto, o

cronograma foi realizado com relação ao GTR. Os cursistas que persistiram até o

final debateram as propostas, interagiram , fizeram boas análises, deram seus

pareceres e boas contribuições aos temas em questão

- A intervenção pedagógica deveria ter continuidade nas aulas de Língua e

Literatura e História. Encontros periódicos (mensais) seriam realizados com os

professores envolvidos. Em junho, as turmas onde a intervenção foi realizada

fariam seus trabalhos de conclusão conforme indicação citada anteriormente em

“Estratégias de Ação”. Na verdade houve interação entre os professores, troca de

idéias e a tentativa de se fazer o possível, mesmo com bastante atraso do

cronograma previsto. Elaborada pelo professor PDE, contando com a colaboração

dos professores de Português, a pesquisa inicial prevista foi aplicada aos 3ºs anos

da manhã. No 3º noturno as questões da pesquisa foram debatidas em grupo

pelos alunos, sob orientação da professora de português.

6- julho 2009: avaliações no GTR e nas aulas

7-

O grupo de professores do GTR avaliou seu curso de Formação

Contínua em EaD iniciado em fins de outubro 2008, os encaminhamentos

dados pelo tutor e os conhecimentos adquiridos ou aprofundados.

Os alunos, público-alvo da implementação pedagógica na escola,

neste momento deveriam ser objeto de pesquisa com a finalidade de se

avaliar os resultados obtidos e comparar com a pesquisa prévia citada

anteriormente. E apresentar seus trabalhos de conclusão. Foi realizado o

possível, conforme combinado entre os professores. No 3º bimestre a

continuidade ficou apenas com o professor PDE, já que uma professora se

aposentou, e outra entrou em licença. Um dos professores substitutos deu

uma certa continuidade, outra permaneceu pouco tempo, sendo também

substituída, impossibilitando na prática o andamento do projeto.

- Nas aulas de História, foi feita a contextualização histórica estudando-se a

crise do Império, o movimento republicano e a 1ª República. Optou-se pela leitura

de apenas uma obra de Lima Barreto, a mais conhecida e acessível, “Triste fim de

Policarpo Quaresma”, comparando-a com o filme “Policarpo Quaresma, herói do

Brasil”. Os alunos aprofundaram seus conhecimentos dos fatos históricos citados

na obra e no filme, através de pesquisas e trabalhos escritos. Essa pesquisa se

estendeu, abrangendo todos os movimentos sociais, rurais e urbanos do período

da 1ª República no Brasil. Cada grupo se encarregou de um movimento, que foi

apresentado à turma pelo grupo. Alguns bons trabalhos resultaram da estratégia,

inclusive com apresentações de vídeos e imagens no data-show. Nas aulas de

Filosofia, a cargo do mesmo professor-PDE de História, foi feita uma leitura

“racional” analítica do romance e do filme, a nível denotativo e posteriormente de

conotação, buscando significados e valores não explícitos, mas subjacentes no

texto.

Concluindo, ao invés de teorizações a respeito das possíveis causas e

conseqüências do turbulento processo de se colocar em prática todo o aparato

adquirido de técnicas, conhecimentos e teorias no desenrolar da capacitação

promovida pelo PDE 2008, e de quão distante está do “chão da escola” toda a boa

intenção da equipe idealizadora do excelente programa de formação continuada

da Secretaria de Educação, dos professores participantes do programa, e dos

motivos que dificultam o esforço da cúpula da SEED repercutir na base (no colégio

onde trabalho até o momento nove professores já participaram do PDE, com

ótimos resultados do ponto de vista de formação pessoal dos professores, mas o

que chega às salas de aula é por dedicação única e exclusiva desses professores,

sem um trabalho conjunto de professores PDE/equipe pedagógica/direção), serão

colocados depoimentos de professores e alunos com relação ao trabalho

realizado, nos adendos a seguir. Trata-se de resultados que se puderam auferir

na prática a partir do trabalho realizado, apesar dos entraves e turbulências.

Adendo 1 –

PESQUISA PRELIMINAR

Com relação à pesquisa preliminar a ser aplicada aos alunos envolvidos no projeto, programada para o mês de fevereiro, somente em junho foi possível aplicá-la. As turmas foram os 3ºs anos do Ensino Médio.

A realidade: nunca vi turmas tão desmotivadas e descomprometidas concluindo o ciclo da Educação Básica. Há ano e meio fora de sala de aula (um ano no PDE, e meio ano antes por outros motivos), pensava, como há dois anos, que não seria possível ir mais fundo no poço do que naquela ocasião. E, para minha decepção, esta é a realidade em todo o ensino médio da escola... Fato compartilhado pelos demais professores de outras áreas, e motivo de grande preocupação de todos nós. Esse clima se traduz em indisciplina na sala de aula, não realização de atividades e avaliações, desrespeito e afrontas aos professores, falta absoluta de limites e "desconfiômetro" em sala. Um ambiente, enfim, nada favorável ao processo ensino-aprendizagem. Na área humanística isso aparece mais, inclusive nas notas do boletim do 1º bimestre. Um motivo a mais para hostilidades ao professor que se empenha em sair desse “quadro-negro”.

Nesse clima foi realizada a pesquisa. Foi realizada no turno da manhã (2 turmas). O projeto não foi realizado na turma do período noturno, apenas um trabalho em grupo, orientado pela professora de Português, com as questões da pesquisa. Não considerei o que foi apresentado no 3º EM noturno, pois TODOS os grupos entregaram textos absolutamente idênticos para as questões propostas ...(alguém respondeu, os demais copiaram e entregaram à professora somente para se desincumbir da atividade proposta)

Pesquisa inicial (aplicada às duas turmas do 3º ano do Ensino Médio da manhã). Somente respostas às questões objetivas – sem considerar as justificativas solicitadas inclusive nestas questões objetivas).

PESQUISA PARA IMPLEMENTAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR NO C.E. SENHORINHA M. SARMENTO

HISTÓRIA E LITERATURA BRASILEIRA

1- Você sente-se motivado a estudar História? sim [ ] não [ ]

A estudar e ler Literatura Brasileira? sim [ ] não [ ]

Justifique sua resposta, apresentando ao menos 2 ou 3 causas para sua motivação (se você respondeu „sim‟) ou desmotivação (se a resposta foi „não‟).

_____________(espaço de várias linhas para a resposta do aluno)...............

2- Você tem mostrado realmente compromisso com o estudo e com as atividades propostas nestas duas disciplinas, neste ano e anos anteriores ? sim [ ] não [ ]

Causa(s) do não comprometimento (da falta de compromisso e desinteresse). História:__________(espaço de várias linhas ).....

Literatura:________(idem)........

3-Você gosta de ler textos literários ? sim [ ] [ ] não

Gosta de estudar e pesquisar temas históricos?

sim [ ] não [ ]

Justifique apresentando os motivos de sua

resposta:____(espaço).....

4- O que seria uma aula interessante de História? E de literatura?

___________(espaço para resposta).........

5- Como você poderia melhorar o desempenho nas avaliações

escolares?

__________(espaço).....

6- Nas avaliações do sistema escolar (ENEM, SAEB, IDEB, PROVA BRASIL, PISA e outros) o nível médio do aluno brasileiro deixa muito a desejar.

O que você tem a dizer sobre isso? Que falta para você sair-se melhor? _________(espaço)....

7- Um projeto pedagógico interdisciplinar, envolvendo História do

Brasil e Literatura Brasileira, poderá contribuir para se atingir seus objetivos? (entre outros: gosto pela leitura, análise de questões nacionais, capacidade de produzir um texto, competência para elaborar narrativas e análises históricas, etc.) ________(espaço)....

8- Textos literários de um determinado período analisado em

História (romances, contos, crônicas, artigos de literatos nos jornais da época) podem na sua opinião criar a “empatia história” e contribuir para a formação da sua “consciência histórica” ? ________(espaço)......

9- Um autor profundamente “antenado” com o tempo em que viveu, com seus textos de crônicas, contos, poemas e romances, onde retrata, analisa e faz uma leitura crítica da sociedade da sua época, pode contribuir, em sua opinião, para formar a consciência histórica e o senso crítico do jovem de hoje? sim [ ] não [ ]

Justifique sua resposta:_________(espaço).....

10- A postura de escritores de períodos anteriores ao nosso pode indicar caminhos de como nos posicionar diante da sociedade atual? [ ] sim [ ] não

Justifique_____(espaço)...

11- Dê sugestões que você considera interessantes para

desenvolver um projeto de interdisciplinaridade nas áreas citadas, de História/Literatura brasileira. Como viabilizá-las?____________(espaço)....

*********************************************************

3º A: 31 respostas devolvidas -

1- Motivação a estudar História - sim:15 ; não: 16

a ler e estudar Literatura Brasileira - sim: 21 ; não: 10

2- Comprometimento com estudos e atividades propostas

- sim: 20 ; não: 11

3- Gosta de ler textos literários - sim: 21 ; não: 10

estudar e pesquisar temas históricos - sim: 20 ; não: 11

8- Textos literários de determinado período analisado em História

podem criar "empatia histórica" e contribuir na formação da "consciência histórica"

sim: 24 ; não: 4 ; não responderam: 3

9- Literatos 'antenados' e críticos com relação ao seu tempo podem

contribuir com a formação da consciência histórica e do senso crítico do jovem de hoje?

- sim: 26 ; não: 2 ; não responderam: 3

10- A postura de literatos de períodos anteriores ao nosso podem

indicar caminhos de como nos posicionar diante da sociedade atual?

- sim: 15 ; não: 9 ; não responderam: 9

3ºB: 31 respostas devolvidas (coincidentemente)

1- História- sim: 11; não: 20. Literatura - sim: 15 ; não: 16

2- Comprometimento - sim: 17 ; não: 12 ; não responderam: 2

3- Leit./estudo - Literatura sim: 18 ; não: 13.

História sim: 25; não: 7

8- Lit. e "empatia histórica"/consciência histórica - sim: 20 ; não: 0;

não responderam: 9 ; "talvez...": 2

9- Lit./consciência histórica/senso crítico –

sim: 19 ; não: 4 ; não responderam: 8

10- Escritor de outra época ajuda a tomar posição hoje? - sim: 15 ; não: 8 ; não responderam: 10 (2 resp. "sim" e "não")

OBS.: As justificativas e as questões não objetivas não foram consideradas, bem como as sugestões dadas pelos alunos que entregaram suas respostas. Há muitas críticas negativas, à escola, às disciplinas, aos professores, aos métodos de ensino e em particular a este professor PDE. Alguns não devolveram a pesquisa.

Adendo 2 –

Como alguns alunos do 3º A e do 3º B consideraram o pouco que se

conseguiu realizar (depoimentos por escrito, assinados, de próprio punho)

1- [....] a experiência desse projeto foi ótima, pois além de ler o livro e assistir o filme

foi mais fácil e melhor entender os períodos históricos citados tanto no filme como no livro

[.....].(o aluno passa a analisar o que aprendeu)

2- [...] foi uma idéia muito legal. Além de incentivar alguns alunos sobre a importância

da leitura, ficamos mais interessados naquele assunto. [...] Para mim foi uma experiência

diferente pois nunca tinha feito esse trabalho envolvendo 2 ou mais matérias [...] fiquei feliz

com o que fiz.Esse tipo de projeto devia ser aplicado sempre entre todas as matérias, pois

...ao mesmo tempo motiva os alunos a se dedicar mais em seus trabalhos. Penas que nem

todos os alunos contribuem para que esses projetos ocorram com mais freqüência nas salas

de aula.

3- Estudar história, literatura e filosofia assim foi uma experiência nova [...]e o mais

importante: levar comigo todo o conhecimento. Foi muito bom conhecer a literatura de Lima

Barreto [...] (passa a analisar o “Policarpo Quaresma”). Conhecer a obra de Lima Barreto foi

uma descoberta, pois em todo o Ensino Médio nunca havia me envolvido tanto em um filme

como fiquei com esse.[..]

4- Achei diferente, mas ajudou muito, porque querendo ou não, História, Literatura e

Filosofia estão ligados de uma certa forma.[...] foi mais fácil entender a História através da

literatura [...]Trabalhos como esse deveriam ser feitos mais vezes, já que ajudou e esclareceu

muito mais do que se estivesse estudado separado ...

5- [...] pude aprender sobre um dos melhores caras do Brasil [Policarpo] ...Gostei

bastante em aprender a história do nosso herói, me motivou bastante porque foi uma coisa

que eu me interessei realmente em estudar. Eu só sei que isso serviu de lição pra mim

aprender mais.

6- Esse ano estudar a história, a filosofia e a literatura foi bem interessante [...] A

história esse ano foi bem estudada com o filme e o romance, conhecemos uma história que

nem sonhávamos que existia e um escritor que eu nunca tinha escutado falar seu nome[...]

7- [....] Eu não me interesso por literatura histórica. Apenas leio jornais [...] me

interesso um pouco por filosofia porque na filosofia aprendemos a interpretar as coisas ou

fatos usando a razão e não a emoção como na maioria das vezes fazemos [...]

8- Para mim foi uma grande descoberta pois não me interessava por literatura e

agora ela faz grande parte do meu dia a dia. Lima Barreto foi um grande escritor e sempre

deveria ser lembrado [..]

9- Esse ano estudar filosofia e história foi muito proveitoso, pois estudamos coisas

que jamais achei que iria ouvir [...] (a aluna analisa o personagem “Policarpo Quaresma” uma

espécie de “Dom Quixote” verde e amarelo”,

e outros personagens do romance)

10- (O projeto) significou muito, aprendi um pouco mais sobre o Brasil e sobre

Lima Barreto, ...

11- Para mim significou uma cultura a mais. Foi importante assistir o filme,

pois ficamos sabendo pouco mais da cultura do Brasil ... fazendo com que aprendêssemos

mais como persistir mais em conhecer melhor as coisas. Aprendi a conhecer suas obras que

foram de grande importância para todos, pois antes não me interessava pelos temas e por

literatura. Hoje já faz parte do Brasil e do nosso cotidiano.

12- Significou um projeto de suma importância no qual adquiri conhecimento

das coisas que desconhecia. Achei interessante o modo que foi misturada essas disciplinas

em que pudemos estudar na literatura, história e filosofia, criando um estudo mútuo entre as

disciplinas que foi bem bacana. Com tudo (provavelmente o aluno se refere ao atraso, às

dificuldades, etc.) foi uma experiência em que nada foi perdido, mas acrescentado ou ganho

coisas que são levadas pelo resto da vida. Gostei muito desse projeto, a acho que deveria

ser sempre assim, pois é um jeito mais fácil e mais legal de estudar e aprender as três

disciplinas.

13- ... foi um novo modo de aprender estas matérias ... eu gostei das

matérias...com isso consegui aprofundar o conhecimento. Mas também faltou a cooperação

da turma, pois todos ficavam fazendo bagunça, mas se tivessem ajudado com certeza esta

seria a melhor forma de aprender a história e a filosofia.

14- O projeto interdisciplinar envolvendo história, literatura e filosofia, apesar

de incompleto, foi bastante interessante. Desenvolver as 3 disciplinas em conjunto foi útil

para ajudar a compreender melhor o valor histórico e literário da obra de Lima Barreto.

Acredito que com um pouco mais de organização, comprometimento e interesse por parte

dos envolvidos, o projeto poderá crescer e se desenvolver no futuro. (L.C.S.,n. 32 3ºB).

15- ... aprendi várias coisas, algumas interessantes, outras não. No começo do

ano o professor Valter pediu uma síntese sobre a história, do começo até o séc. XIX [revisão

de conteúdos]. Aprendi várias coisas revisando a história desde os primórdios. Foi mui

interessante o trabalho do Policarpo Quaresma.....trabalhamos com planos de trabalhos e

fichamentos de texto.

16- Foi de grande importância, já que podemos interagir entre 3 matérias

...Podemos relacionar o texto Triste Fim de Policarpo Quaresma e aprender sobre a

sociedade no processo de transição da monarquia para a república e estudar todos os

problemas e revoluções que a 1ª República trouxe no modo de vida dos brasileiros. As

críticas que a história trazia sobre a vida do país foi abordada de forma cômica com o filme

que trazia como título Policarpo Quaresma,herói brasileiro, e foi de fácil entendimento.

Relacionar o filme com o livro foi de grande valia, já que o objetivo, em minha opinião, de

interação interdisciplinar foi atingido.

17- [.....] Literatura significou um grande aprendizado...história, muitas coisas

que nunca tinha visto, também foi muito interessante, todas as aulas teóricas e também os

filmes que vimos.Filosofia... Foi interessante tudo o que a gente presenciou e todos os filmes,

juntamente com os islaides, foi um grande aprendizado.

18- O projeto interdisciplinar significou muitas coisas, uma delas que mais

pode se considerar é o processo de ganho de conhecimento que o faz agir do emaranhado

das disciplinas em questão.Podemos discutir a forma de nascer de suas coisas pela história,

podemos pensar nas condições sugeridas e analisar seus temas ou discuti-los de uma forma

estruturante e racional com a filosofia, e a literatura, com suas histórias dos acontecimentos e

fatos retratados. Projeto interdisciplinar significa muita coisa, porém, isso requer interesse do

aluno e do professor, que neste caso ambos contribuíram para esse desenvolvimento.

Adendo 3 -

Depoimentos de professores envolvidos

“Utilizei o estudo que o professor Valter Battistin realizou sobre Lima Barreto, como fonte

de pesquisa para trabalhar com os alunos da 3ª série do Ensino Médio, principalmente para a contextualização histórica do Pré-Modernismo. A partir das informações constantes em seu trabalho; elaborei resumos, fiz slides. Foi uma excelente fonte de pesquisa”. (Profª Dalva Silva de

Paula – português, em 24/06/2009) – manuscrito assinado de próprio punho.

“São pontos importantes na sua pesquisa principalmente a exemplificação e a organização. A análise dos textos na relação História e Literatura dão uma dimensão extraordinária à pesquisa e

ao conteúdo abordado, qualificando-os num alto nível!” (Profª Olga – português, em 29/04/2009) – manuscrito assinado de próprio punho.

Adendo 4

Alguns depoimentos de participantes do GTR na avaliação final

Cursista1- “O GTR pra mim foi muito gratificante, porque tirei sugestão e práticas para desenvolver em sala de aula. O GTR é um grupo de estudo que ajuda a noś profissionais da aréa da educação que muitas vezes não dispomos de tempo para estudar ou participar de cursos. Gostaria de estar sempre participando do mesmo”.

Cursista 2- “O curso contribuiu para a melhoria da minha prática docente. Os materiais disponíveis e as sugestões demonstraram-se pertinentes para o uso em sala de aula. Gostei muito do tema, dos materiais e, sobretudo pela oportunidade de estudar mais sobre o período histórico discutido e o autor analisado. O curso teve a virtude de demonstrar a importância de Lima Barreto para o estudo da literatura e história no final do século XIX e sua pertinência para os alunos do Ensino Médio. O tutor esteve durante todo o curso atento e dialogou com os cursistas, seja

mediante as questões que apresentávamos, seja pelas que ele formulava pra provocar o debate entre nós. Creio que finalizo não apenas mais um curso, pois tenho a alegria de ao longo de quase um ano ter a oportunidade de aprender com um colega e poder partilhar com ele, o Valter, seu estudo, dúvidas e angústias em relação a atividade docente no Ensino Médio. Isso torna o GTR uma atividade de capacitação ímpar. Assim como os grupos de estudos”.

QUANTO AO DESEMPENHO DO PROFESSOR-TUTOR- Demonstrou domínio do conteúdo abordado. Propiciou o relacionamento da teoria com a prática. Foi claro e objetivo na condução das atividades. Demonstrou capacidade em esclarecer dúvidas. Apresentou trato respeitoso e cordial com os cursistas. Estimulou à participação dos cursistas. Apresentou qualidade nos feedback dos diários. Interagiu com os cursistas.”

Cursista 3- “Vale ressaltar que nosso tutor demonstra domínio com a teoria que se propõe

dialogar, nos disponibilizou, além de seu material, artigos, vídeos, música, sites, HQ‟s. O contato com o embasamento teórico da área correlata foi extremamente proveitoso para nossa formação ... Tem sido um processo de formação continuada muito interessante, tem feito os colegas dialogarem em suas horas-atividade sobre as temáticas, além de nos colocar em contato com colegas de atuação em outras regiões do estado. Trocar material também tem sido de fundamental importância. Espero que tenhamos novos e interessantes temas para GTR.”

Cursista 4- “O Grupo de Trabalho em Rede é uma importante ferramenta de troca de experiências entre os professores da Rede Estadual, pois nos permite ver que temos e vivemos os mesmos desafios e a mesma realidade nas escolas. O tutor abordou um tema bastante abrangente: a interdisciplinaridade, que na prática serve para melhorar a absorção de conteúdos pelos alunos. Mas ele próprio esbarrou com a dificuldade em trabalhar coletivamente em sua escola. “Penso que o GTR deve ser melhor “aproveitado”, basta verificar a quantidade de inscritos e quantos terminam; mas é um curso que está começando e a cada ano deverá haver mais participantes, com o intuito de melhorar a educação paranaense”.

Algumas análises do Projeto de Implementação

Curs. 1- “... Disciplinas como a história, bem como as demais ciências humanas, linguagem e de artes, como a literatura, e a própria sociologia, necessitam de trabalhos que instiguem os jovens alunos. Neste momento não saberia avaliar o cronograma, delimitação do objeto, em seu espaço de intervenção para o próximo ano. Porém, penso que, a proposta está bem refinada!”

Curs.2- “Sempre observo a importância da interdisciplinaridade, como esta, proposta

neste Projeto. Sempre me pergunto: como um aluno que não gosta ou não é estimulado a ler, vai gostar de História?

Bem, precisamos despertar a consciência histórica dos alunos e também o gosto pela leitura.

Considerando os historiadores apontados no seu projeto, notei que são socialistas e/ou defendem movimentos sociais. Seus escritos orientaram estratégias de campanhas e movimentos sociais, ou seja, viam a “História de baixo para cima” conforme frase do projeto. Sempre frisavam a luta entre classes.

Quanto a Lima Barreto, suas palavras são brilhantes e servem para conhecermos a História nua e crua daquele período. Assim como muitos mestiços daquela época, muitos mestiços hoje, também sofrem discriminação e esse assunto será um dos levantados.

Agora vou pensar em algumas sugestões para o desenvolvimento do projeto...” Curs.3 – “Tema/Título: Estudar a história do Brasil de modo criterioso e, se possível, mais detido, aprofundado, é

temática essencial aos nossos educandos, portanto relevante como objeto de estudo para o PDE,

sobretudo na medida em que propõe relacioná-la com a Literatura Brasileira, no contexto do início do século passado.[...] o título é sem dúvida claro, explicativo, coerente e, portanto, pertinente com a proposta temática.

Justificativa/Problema: O autor justifica seu projeto, que será aplicado em sua escola de atuação, de modo claro:

como campos que carecem de maior conhecimento e desenvolvimento no contexto escolar. O apontamento da problemática de que o aluno do ensino médio não se reconhece como

“sujeito histórico” está realmente presente nas percepções sobre nosso espaço de atuação. Despertar a consciência histórica e, por conseguinte, a consciência crítica seria uma

grande contribuição na formação destes alunos efetivamente como sujeitos que transformam a história.

Objetivos: O próprio documento de orientação da SEED já define que o objetivo é a melhoria na

qualidade do ensino das escolas públicas paranaenses, e o orientador elenca em seu Projeto pelo menos nove proposições para dar conta desse desafio, dentre os quais, apreensão de conceitos, consciência crítica, despertar interesse pela leitura, leitura e produção de texto e, mais ainda, à luz do período histórico dimensionado compreender a realidade na qual está inserido, tal como propõe realizar também a “imaginação sociológica” (Wright Mills).

Fundamentação teórica/revisão bibliográfica: O professor já inicia sua fundamentação citando historiadores brilhantes como Thompson e

Hobsbawn, que nos auxiliam, e muito, na compreensão do tempo presente! Na sequência recorre à literatura que está profundamente atrelada ao contexto histórico, já

que podemos compreender as obras dos autores de literatura brasileira como reflexo do seu tempo, apresentando característica da linguagem da época, fazem críticas ao momento a que assistem, inclusive, com recursos nem sempre aceitos (como a escrita diferenciada de Lima Barreto) pela sociedade (burguesia vigente).

Por fim, o professor apresenta inúmeras referências sobre o escritor que será objeto da pesquisa, além das obras, as adaptações como peças de teatro, filmes etc., que contribuem para ilustrar a teoria, propriamente dita. E, ainda, algumas importantes obras da sociologia brasileira, como Caio Prado Jr, Celso Furtado e Raymundo Faoro, professores nas Universidades no século passado que, assim como o literato em questão, propõem a reflexão sobre questões econômicas, políticas, culturais, tais como a desigualdade, o preconceito racial, os favoritismo na esfera do poder, da sociedade do seu tempo!

Pensamos que, com isso, o professor terá importantes elementos para sua reflexão teórica e sem dúvida para a implementação, a prática, do projeto que segue.

Estratégias de ação: Neste tópico retoma elementos da fundamentação teórica, subdivide em contextos

culturais, econômicos, políticos, o que facilita para a compreensão do leitor; fazendo o devido recorte com relação à proposta, qual seja, dimensionar a literatura de Lima Barreto, inclusive sua linguagem jornalística, com o viés histórico.

Mas senti falta de algo mais sintético sobre as ações na escola de fato, que neste tópico não pareceu tão claro!

Como no documento orientador afirma: as estratégias serão realizadas, como é de se esperar, quando do retorno do professor afastado para o Programa PDE para sua escola de atuação, proporcionando a integração dos diversos sujeitos envolvidos (alunos, professores de outras disciplinas etc.).

ALGUMAS ANÁLISES DA PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

(apresentada aos cursistas do GTR como suporte para os professores envolvidos no projeto)

Cursista 1- Logo no Sumário de “A PRIMEIRA REPÚBLICA DO BRASIL NA HISTORIOGRAFIA E NA LITERATURA DE LIMA BARRETO” já nos damos conta de que parece

se tratar de um livro sobre a contextualização da literatura com a historiografia é possível notar uma coerência com os itens; parte da metodologia, segue para o contexto da obra do autor [fundamental para situar o leitor], abarca os aspectos da cultura, da política, economia, enfim, tudo o que abarca a realidade social, pensando a dimensão sociológica que um autor como este desvenda.

Um breve comentário: quando estudante de jornalismo já havia me encantando com “Recordações do Escrivão...”, na sequência, já nas ciências sociais, pude fazer a leitura da “sociologia brasileira” pela literatura, que também sou uma apaixonada; e venho tentando o desafio de, juntamente com os alunos de Ensino Médio, realizar a leitura crítica da realidade por meio dessas fontes.

E, nesse sentido, esta literatura é extremamente pertinente, porém estou me referindo às temáticas que apresenta. Vou exemplificar pelo “final” de sua produção, o material anexo: são figuras muito interessantes, vejo que apresenta caricaturas, jornais da época do autor [sou fascinada por jornais antigos, utilizo com meus alunos os jornais do período da Ditadura Civil-Militar, por exemplo]; o que possibilita ao docente que utilizar o material, recursos com diferentes linguagens, além de uma certa aproximação dos alunos com o autor [uma vez que eles notam como aquele também era um sujeito concreto, histórico, porém fruto de seu tempo etc.].

Vejo que desenvolveu teoricamente, com muita fundamentação, a relação de Lima Barreto com o período inicial da República e, na sequência, fez uma extensa seleção de textos, imagino que já com sua leitura sobre a influência, uma espécie de viés mesmo, da interpretação que pode ser retirada dali!

Preparou um Apêndice com uma comparação (dois autores antagônicos me parece bem ousado); e ainda encerra anunciando “OUTROS TEMAS possíveis de ser analisados na obra de Lima Barreto e levados à sala de aula”, fantástico!

Por fim, eu, como aluna que sou (mestranda), apaixonada pela história e pela literatura, que escrevo por demais, considero o seu trabalho de tremenda inspiração! Meticuloso, criterioso, dedicado mesmo, enfim! Todavia, minha singela expectativa é de que, efetivamente, como instrumento de estudos pode ser viável, mas, esperar que nossos colegas docentes tenham dimensão, e até mesmo tempo, para ter acesso a instrumentos como este, poderá ser frustrante!

Cursista 2- O material didático proposto pelo professor Valter Batistin, A 1ª República do

Brasil na Historiografia e na Literatura de Lima Barreto, contempla a análise da obra de um

autor do final do século XIX e início do XX e tem como objetivo discuti-la nas escolas paranaenses

com os professores e alunos do Ensino Médio.

Considerando o objetivo inerente a proposta desse material didático, constato que, apesar de toda sua riqueza e detalhamento no estudo que se propõe, o material se apresenta um tanto “frágil” por não contemplar um recorte mais preciso acerca da obra de Lima Barreto e das temáticas possíveis de serem analisadas, discutidas e estudadas.

Destaco isso, pois Lima Barreto é um autor muito estudado em nossos dias, pelo fato de sua obra possibilitar discussões pertinentes e atuais a vida de nossos alunos da rede pública de ensino. Entre as discussões possíveis enumero a questão das cotas e os diversos programas sociais do Governo Federal.

Por não contemplar uma delimitação mais precisa, o texto tornou-se muito extenso e em alguns momentos confuso, contando com muitas citações que são apenas apresentadas e não discutidas.

Destaco como ponto forte de todo o trabalho os Apêndices, que tem, a meu ver, vida própria e podem receber um formato de material didático, falta-lhes apenas a preocupação em aproximar as discussões apresentadas com o contexto de sala de aula e a inclusão de atividades a serem realizadas pelos alunos com o intuito de contemporanizar as discussões elencadas.

Isso, porém, não diminui a grandeza do trabalho, que poderá, com toda certeza, servir de fonte para a produção de muitas discussões e trabalhos que tenham como foco: a primeira República, o contexto histórico-social do final do século XIX e inicio do XX, a literatura desse período, a obra de Lima Barreto e os diálogos de Lima Barreto com seus contemporâneos.

Não sei como será encaminhado esse material para os professores da rede, mas tenho certeza que a partir da leitura do mesmo, os professores terão a oportunidade de serem despertados para várias temáticas e discussões que são dos conteúdos das aulas de História, Filosofia, Sociologia e, sobretudo, Literatura.

Por isso tudo, aproveito para parabenizar o Valter por esse grandioso trabalho e as diversas possibilidades que o mesmo nos aponta. A leitura de seu material, caro Valter, ofereceu-me momentos de reflexão e despertou-me para algumas questões que não havia ainda atentado. [...]Lima Barreto é um autor que nos possibilita uma leitura muito ampla e apurada da realidade brasileira e, sobretudo, a partir do olhar de alguém que sentiu na pela as diferenças e os preconceitos que tanto comentamos, mas que as vezes por não sentirmos nem sequer nos damos conta.

Cursista 3- [...] Em oportunidade anterior realizamos uma breve “análise” do

chamado Projeto de Intervenção Pedagógica, quanto aos elementos apontados como fundamentais na Orientação 02/2008-PDE/SEED para a elaboração do mesmo. Nos embasamos ainda na Orientação 03/2008-PDE/SEED que versa sobre a produção didático pedagógica propriamente dita. Consideramos proveitoso retomar nossas considerações iniciais e avançar no que tange à produção tão meticulosa ora apresentada por nosso orientador deste GTR.

Tema/Título: Estudar a história do Brasil de modo criterioso e, se possível, mais detido, aprofundado, é

temática essencial aos nossos educandos, portanto relevante como objeto de estudo para o PDE, sobretudo na medida em que propõe relacioná-la com a Literatura Brasileira, no contexto do início do século passado.

Novamente afirmamos: o título é sem dúvida claro, explicativo, coerente e, portanto, pertinente com a proposta temática.

Justificativa/Problema: O autor justifica seu projeto, que será aplicado em sua escola de atuação, de modo claro:

como campos que carecem de maior conhecimento e desenvolvimento no contexto escolar. O apontamento da problemática de que o aluno do ensino médio não se reconhece como

“sujeito histórico” está realmente presente nas percepções sobre nosso espaço de atuação. Despertar a consciência histórica e, por conseguinte, a consciência crítica seria uma

grande contribuição na formação destes alunos efetivamente como sujeitos que transformam a história.

Objetivos: O próprio documento de orientação da SEED já define que o objetivo é a melhoria na

qualidade do ensino das escolas públicas paranaenses, e o orientador elenca em seu Projeto pelo menos nove proposições para dar conta desse desafio, dentre os quais, apreensão de conceitos, consciência crítica, despertar interesse pela leitura, leitura e produção de texto e, mais ainda, à luz do período histórico dimensionado compreender a realidade na qual está inserido, tal como propõe realizar também a “imaginação sociológica” (Wright Mills).

Fundamentação teórica/revisão bibliográfica: O professor já inicia sua fundamentação citando historiadores brilhantes como Thompson e

Hobsbawn, que nos auxiliam, e muito, na compreensão do tempo presente! Na sequência recorre à literatura que está profundamente atrelada ao contexto histórico, já

que podemos compreender as obras dos autores de literatura brasileira como reflexo do seu tempo, apresentando característica da linguagem da época, fazem críticas ao momento a que assistem, inclusive, com recursos nem sempre aceitos (como a escrita diferenciada de Lima Barreto) pela sociedade (burguesia vigente).

Por fim, o professor apresenta inúmeras referências sobre o escritor que será objeto da pesquisa, além das obras, as adaptações como peças de teatro, filmes etc., que contribuem para ilustrar a teoria, propriamente dita. E, ainda, algumas importantes obras da sociologia brasileira, como Caio Prado Jr, Celso Furtado e Raymundo Faoro, professores nas Universidades no século passado que, assim como o literato em questão, propõem a reflexão sobre questões econômicas,

políticas, culturais, tais como a desigualdade, o preconceito racial, os favoritismo na esfera do poder, da sociedade do seu tempo!

Pensamos que, com isso, o professor terá importantes elementos para sua reflexão teórica e sem dúvida para a implementação, a prática, do projeto que segue.

Estratégias de ação: Neste tópico retoma elementos da fundamentação teórica, subdivide em contextos

culturais, econômicos, políticos, o que facilita para a compreensão do leitor; fazendo o devido recorte com relação à proposta, qual seja, dimensionar a literatura de Lima Barreto, inclusive sua linguagem jornalística, com o viés histórico.

Mas senti falta de algo mais sintético sobre as ações na escola de fato, que neste tópico não pareceu tão claro!

A seguir alguns trechos da análise da Produção Didático Pedagógica "A

PRIMEIRA REPÚBLICA DO BRASIL NA HISTORIOGRAFIA E NA LITERATURA DE LIMA BARRETO", do Prof. Valter Battistin,

por Profa. Camila Torres, disciplina: Sociologia; (gtr 2008/2009) Sumário: Logo no Sumário de “A PRIMEIRA REPÚBLICA DO BRASIL NA HISTORIOGRAFIA E

NA LITERATURA DE LIMA BARRETO” já nos damos conta de que parece se tratar de um livro sobre a contextualização da literatura com a historiografia, é possível notar uma coerência com os itens; parte da metodologia, segue para o contexto da obra do autor [fundamental para situar o leitor], abarca os aspectos da cultura, da política, economia, enfim, tudo o que abarca a realidade social, pensando a dimensão sociológica que um autor como este desvenda.

Bem, além de elencar os elementos textuais, introdução, metodologia e capítulos, bem como os respectivos títulos, os 3 capítulos possuem inúmeras subdivisões, o que, ao atentar para o sumário situa bem o leitor. [...]

Resumo: O resumo já demarca bem o período, final do século XX e apenas as duas décadas iniciais

do século seguinte, destacando os elementos históricos que nortearam tal delimitação. Na sequência dimensiona o recorte feito a partir da historiografia e da literatura brasileira, mais especificamente os textos de Lima Barreto. Destaca o objetivo do presente trabalho, a saber, subsidiar a atuação de professores de literatura, além da própria disciplina história. Segue as orientações ao apresentar o que será trabalhado em cada um dos capítulos. [...]

Introdução: Gosto muito de introduções que se preocupam em situar o leitor, neste caso, versa sobre o

ofício de historiador, e na sequência faz a correlação com a dimensão do momento histórico vivenciado pelo aluno – objetivo primeiro de um material como este (ainda que seja adotado como leitura para os docentes).

O autor propõe questionamentos, para então definir o “problema” a ser desenvolvido em seu trabalho bem como para justificar a relevância de tal abordagem, por exemplo, quando destaca a importância em compreender o passado . Faz citações de alguns autores e no corpo do texto apresenta o referencial teórico norteador de sua produção, a saber, a história social.

Destaco o interessante trecho que foca como a LITERATURA aparece como OBJETO de estudo dos historiadores, para que não fiquem apenas com o chamado discurso oficial, ou seja, dos documentos do órgãos e instituições.

Da maneira como está a formatação a introdução não excede 7-8 páginas e situa bem o leitor sobre o que está por vir...

Metodologia: O autor inicia pela chamada “crítica as fontes” e justifica a utilização de periódicos como

maior parcela de sua bibliografia. Destaco neste momento sua fala sobre a “interdependência dos estudos literários e as ciências sociais”. Além da importância da contextualização como propriedade para a própria metodologia.

Ao findar a leitura do capítulo 1, com quase 80 páginas, remonto a uma dúvida dimensionada em outros momentos pelos colegas participantes: nossa carga horária fica um tanto limitada para dar conta de material tão amplo quanto esse; penso que isso está ocorrendo pela opção de produção que fez nosso orientador... dialogando com outros colegas da escola que participam também do GTR, muitos analisaram questões mais práticas, portanto mais sucintas; penso que nosso desafio está em contribuir com uma análise de material extenso, bem fundamentado, porém que causa estranhamento aos que não dominam esta leitura!

No entanto, ainda que não tenha o domínio de todos os elementos históricos que elenca, aliás bem especificamente, tornando um tanto rebuscada a leitura, mas o exercício que faz em dimensionar os dados históricos com conceitos, como hegemonia, classe burguesa, Revolução Industrial, dimensão de progresso, desenvolvimento urbano e industrial, e assim por diante.

Capítulo 1: Trata da contextualização, tanto literária, quanto política, econômica e cultural, do autor

que será objeto neste estudo: Lima Barreto. Retoma o Brasil na era da “Belle Époque”; já elencando trechos do escritor que analisa, bem como de outros recursos, como cartas entre escritores da época de Barreto. Fascinante!

A leitura nos possibilita redimensionar questões de ordem cultural, quer dizer, fazemos a releitura de coisas que estão postas em nosso tempo, sob a ótica do que estava dado no momento em questão; por exemplo, quando menciona que a serenata e a boemia eram entendidas como desvio de comportamento ou o que seriam “os velhos hábitos coloniais”, o carnaval, o “jogo do bicho”, a “função” da imigração, que trás informações, notícias, mas também hábitos culturais, os “modelos de prestígio”.

Sugestão: como há inúmeras palavras talvez não tão usuais em nosso tempo, seria interessante, dependendo do alcance que se pensa para este material, um glossário de termos, ou mesmo, explicações no rodapé, do que era específico e caiu em desuso, ou sinônimos para a contemporaneidade. Assim como conceitos, que a história certamente carrega de sentido, tais como “solidariedade social” [para ter ideia na sociologia há dimensões distintas em Durkheim ou Tönnies]; ou ainda, a “corrente conservadora que predomina na gestão política e econômica da República”, dimensionar o que significar ser “conservador” naqueles tempos. O autor se preocupa ainda em enumerar dados sobre o contexto internacional naquela ocasião, exercício de abstração que tenho sentido “falho” nos alunos, que parecem compreender a história do Brasil em blocos e muitas vezes desligada do que ocorre na Europa e em outros lugares; é o que ocorre quando tratamos da Revolução Francesa, só para dar um exemplo do que tange a minha disciplina, muitas vezes eles não relacionam em que momento histórico brasileiro tal revolução política burguesa estaria de 'pano de fundo'.

Apesar de não ser historiadora, ou melhor, exatamente por isso, considero que o seu empenho em não se perder da realidade que permeia toda a obra do escritor estudado é importante recurso para refinar o “olhar sociológico” dos colegas professores que ora tenham acesso à este material.

[sugestão para o PDE: que, ao término do percurso, depois de avaliados etc., sejam disponibilizados para todos via dia-a-dia-educação].

Apenas um detalhe: o conceito “República dos Camaleões” pode ser um dado novo para muitos de nós e, somente no 3º subitem [se não me equivoquei com a extensa leitura] é que encontramos a observação de que isso é uma expressão de Lima Barreto.[...]

Capítulos 2 e 3: Ao findar a leitura do capítulo 1, com quase 80 páginas, remonto a uma dúvida

dimensionada em outros momentos de nosso GTR pelos colegas participantes: nossa carga horária (apenas 60h) fica um tanto limitada para dar conta de material tão amplo quanto esse; penso que isso está ocorrendo pela opção de produção que fez nosso orientador, aqui pergunto novamente: trata de uma dissertação ou pretende transformar todo esse material em livro sobre o escritor estudado?! Pois, dialogando com outros colegas da escola que participam também do GTR, muitos analisaram questões mais práticas, portanto mais sucintas; penso que nosso desafio está em contribuir com uma análise de material extenso, bem fundamentado, porém que causa estranhamento aos que não dominam esta leitura!

Ainda que não tenha o domínio de todos os elementos históricos que elenca, aliás bem especificamente, tornando um tanto rebuscada a leitura, mas o exercício que faz em dimensionar

os dados históricos com conceitos, como hegemonia, classe burguesa, Revolução Industrial, dimensão de progresso, desenvolvimento urbano e industrial, e assim por diante.

Apresenta a cronologia da vida e da obra de Lima Barreto; mas poderia apresentar alguma

reflexão sobre estes dados... Gostei muito do item “depoimentos de críticos e de escritores sobre Lima Barreto”, também

ilustra bem o alcance e a importância, traz a tona o chamado “discurso competente”, nas palavras de Marilena Chauí.

Referências bibliográficas: O diálogo com os diversos literatos e historiadores fica bem ilustrado ao olharmos

cuidadosamente os materiais pesquisados [...] Apêndice: Preparou um Apêndice com uma geniosa comparação (dois autores antagônicos me

parece bem ousado); e ainda encerra anunciando “OUTROS TEMAS possíveis de ser analisados na obra de Lima Barreto e levados à sala de aula”, fantástico!

Anexos: ... gostei muito do material, sobretudo por sua importância como registro histórico. Espero com estas considerações ter dado conta dos objetivos ora nos propostos e, quem

sabe, ter contribuído com o professor Valter para prosseguir com sua brilhante produção! E, mais do que isso, tomar como fonte de inspiração para nosso futuro percurso pelas proposições do PDE!

CONCLUSÃO

O resultado concreto demonstra que com todas as dificuldades, entraves,

idiossincrasias, turbulências, incompreensões ou mesmo má vontade dos que

mais deveriam se preocupar com a qualidade de ensino na Educação Básica da

escola pública, o projeto é viável, pode ser aperfeiçoado, e sobretudo é uma

possibilidade a ser tentada.

Fica a critério do professor nas aulas de sua disciplina (História ou

Literatura) disponibilizar a seus alunos aquilo que ele achar melhor, de acordo

com seu plano docente, e conforme o andamento de suas aulas. Essas questões

podem ser discutidas na reunião prévia com essa equipe de professores, e

retomar o assunto nas reuniões subseqüentes, durante a implementação do

projeto.

A título de exemplo, se o professor de português quiser trabalhar diferentes linguagens (digamos, a narrativa de um romance e a narrativa de um filme) e compará-las, poderá escolher a leitura do romance "Triste fim de Policarpo Quaresma" e o filme "Policarpo Quaresma, herói do Brasil", que são mais facilmente acessíveis. Depois é só dar o andamento que ele achar mais adequado, comparando as linguagens, comparando o tratamento dado aos temas abordados, comparando essas questões na época do Lima Barreto, na época da produção do filme e no momento presente.

Se o professor quer trabalhar a linguagem jornalística, ou abordar questões relativas à imprensa, ele pode selecionar a obra "Recordações do Escrivão Isaías Caminha", ou uma crônica, ou uma seleção de textos em que Lima Barreto

desmascara a imprensa do seu tempo. E comparar com as manipulações dos meios de comunicação social no presente século XXI.

As possibilidades interdisciplinares são inúmeras, podendo envolver mesmo outras disciplinas, além de História e Literatura Brasileira. Nossa experiência envolveu também Filosofia. Nossa experiência mostrou que o resultado foi até além do esperado, dadas as circunstâncias e as turmas, difíceis e problemáticas até o início do projeto. Os depoimentos citados o atestam.

VALTER BATTISTIN

Curitiba, dezembro de 2009

REFERÊNCIAS

1 SARTRE, J.-P.: "Situations", II, Paris, Gallimard, 1958, p. 13

2 ARISTÓTELES: Poética, in Os Pensadores, vol. IV, SP, Ed. Abril, 1973, p. 451 3 SEVCENKO, Nicolau: Literatura como Missão, p. 21 4 NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm: O Pensamento Vivo de Nietzsche, apresentado por Heinrich Mann, trad. Sérgio Milliet, Martins/EDUSP, 1975, p. 67. 5 BURKE, Peter : História e Teoria Social, S. Paulo, UNESP, 2002

6 FERREIRA, Antônio Celso: História e Literatura: fronteiras móveis e desafios disciplinares. Revista pós-história. SP. UNESP. V. 4, 1996. p. 54 7 LEENHARDT,Jacques; PESAVENTO,Sandra Jatahay (org): Discurso histórico e narrativa literária. Campinas, UNICAMP, 1998, p. 9-10 8 FERREIRA, Ant. Celso: História fast food (ou alguns problemas da teoria e da narrativa histórica neste fim de século). In Cultura Histórica em debate. Org. Zélia Lopes da Silva, SP, UNESP, 1995, p. 33 9 DECCA, Edgar Salvatori de; LEMARIE, Raymond (org): Pelas margens: outros caminhos da história da literatura. Campinas, Porto Alegre; UNICAMP, EDUFRGS, 2000, p. 9-10. 10 BATTISTIN,Valter: A Primeira República do Brasil na Historiografia e na Literatura de Lima Barreto, produção didático-pedagógica na forma de Unidade Temática na área de História, PDE 2008, Introdução, p. 1-6. 11 CHARTIER,Roger: A História hoje, dúvidas, desafios, propostas, in Estudos Históricos, RJ, col VII, n° 13, 1994, p. 102 12 cf GINZBURG, Carlo: O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição”.SP, Cia. Das Letras, 1987; cf tb idem: A micro-história e outros ensaios, RJ, Bertrand Brasil, Lisboa Difel , 1989 13 CHARTIER, Roger: A História Cultural: entre práticas e representações”, RJ, Bertrand Brasil, Lisboa, Difel, 1990 14 cf LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre (dir): “História: novos problemas”, RJ, Francisco Alves, 1979; “História: novas

abordagens”, RJ, Franc. Alves, 1979; “História: novos objetos”, RJ, Franc. Alves, 1979 15 as citações referem-se a ECO, Umberto: “Seis passeios pelos bosques d ficção”, SP, Cia das Letras, 1994, pp 7, 9 e 12 16 CHALHOUB, Sidney e PEREIRA, Leonardo Affonso de Miranda: Apresentação in idem , idem (organiz): A História contada, capítulos de História Social da literatura do Brasil, RJ, Nova Fronteira, 1998, p. 7.

* Referente a este tópico FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... e à Introdução da UNIDADE TEMÁTICA, cf também: Santos, Zeloí Aparecida Martins dos: História e Literatura, uma relação possível, artigo pdf; cf Matias, José Luiz: Vida Urbana, Marginália, Feiras e Mafuás – a modenidade urbana nas crônicas de Lima Barreto, parte da dissertação de Mestrado em Literatura Brasileira apresentada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 2007; cf Botelho, Denílson: Letras militantes – História, Política e Literatura em Lima Barreto, tese de doutorado apresentada ao Depto. De História do IFCH da Univ. estadual de Campinas, sob orientação do Prof. Dr. Sidney Chalhoub, 2001; cf Gurgel, Rodrigo: Lima Barreto, cronista engajado da República, SP 2003, in http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1026 17 In: BARCA, Isabel (org):Educação Histórica e Museus. Braga: Universidade do Minho, 2003.p. 19-36 texto disponibilizado aos cursistas na “Biblioteca” do GTR 18 RÜSEN, Jörn: História Viva: teoria da História III: formas e funções do conhecimento histórico. Tradução de Estêvãp de Rezende Martins. Brasília, UNB, p. 95-120

FONTES CONSULTADAS

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http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do;jsessionid=C48DCDE2D694CDB2C8A05A34DC06A18F - Obras de Lima Barreto no portal Dia-a-dia Educação, SEED, PR:

Os Bruzundangas Clara dos Anjos O Cemitério dos Vivos Histórias e Sonhos O Homem que Sabia Javanês e Outros Contos Marginália A Nova Califórnia Numa e a Ninfa Recordações do Escrivão Isaías Caminha O Subterrâneo do Morro do CasteloTriste fim de Policarpo Quaresma Links para leitura e download em: http://200.189.113.123/diaadia/diadia/modules/conteudo_literatura/conteudo_literatura.php?conteudo_literatura=66

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http://buscador.terra.com.br/Results.aspx?ca=l&source=Search&query=%22Lima+Barreto%22&Image.x=19&Image.y=12 ; Também em http://www.4shared.com/network/search.jsp?sortType=1&sortOrder=1&sortmode=2&searchName=lima+barreto&searchmode=2&searchName=lima+barreto&searchDescription=&searchExtention=&sizeCriteria=atleast&sizevalue=10&start=0 - Alguns textos de Lima Barreto: http://paginas.terra.com.br/arte/ecandido/barreto.htm - Biografia, fatos biográficos,obras: http://paginas.terra.com.br/arte/ecandido/barreto2.htm - Bibliografia sobre Lima Barreto disponível em

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=4956&cd_item=37 - Biografia breve, cronologia, indicação de bibliografia, a obra “Vida de Lima Barreto” de Francisco Assis Barbosa em duas versões, e algumas obras de Lima Barreto em http://www.culturabrasil.org/limabarreto.htm

http://buscador.terra.com.br/Results.aspx?ca=l&source=Search&query=%22Lima+Barreto%22&Image.x=19&Image.y=12 - Datas das primeiras edições das obras publicadas de Lima Barreto: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fus

eaction=biografias_texto&cd_verbete=4956&cd_item=48 - conto "A Nova Califórnia", História em Quadrinhos com texto original do autor, sem adaptações. Roteiro e arte final Vilachã; baseado em obra homônima (editora Escala Educacional) – 2005. Disponível em http://www.4shared.com/file/103655281/674b5c61/Nova_California_Lima_Barreto.html

- periódicos citados na Unidade Temática: crônicas de autores, especialmente

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- O Rio de Janeiro através dos jornais (1888 a 1969), pesquisa e notícias selecionadas por João Marcos Weguelin nos jornais: O Baluarte, A Batalha, Boa Noite, O Brasil, O Carbonário, Cidade do Rio, O Combate, A Crítica, Correio da Manhã, Correio da Tarde, Correio da Noite, Correio do Povo, O Democrata, O Dia, O Diário, Diário Carioca, Diário da Noite, Diário de Notícias, Diário do Commércio, Diário do Povo, Diário do Rio, A Esquerda, Folha Carioca, Folha da Tarde, Folha do Dia, Gazeta da Tarde, Gazeta de Notícias, O Globo, O Imparcial,

A Imprensa, Imprensa Popular, O Jornal, Jornal do Brasil, Jornal do Commércio, Jornal dos Sports, Luta Democrática, A Manhã, A Marcha, A Nação, A Notícia, Novidades, O Paiz, A Pátria, O Radical, A Razão, A República, República Brazileira, Rio Jornal, Resistência, A Rua, Rua do Ouvidor, O Século, O Tempo, A Tribuna, Tribuna da Imprensa, Última Hora, A União, O Universo, Vida Fluminense. disponível em: http://www1.uol.com.br/rionosjornais/index.htm - A imprensa no Brasil – Jornais e revistas – (e links relacionados), disponível

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Henry Klumb, Georges Leuzinger e Benjamin Mulock. Das 5.500 fotos de Marc Ferrez no IMS, 269 fotos estão disponíveis no site do Instituto Moreira Sales –

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http://www.youtube.com/watch?v=TkDqiNA9Wvw&NR=1 - Rio ontem e hoje

http://www.youtube.com/watch?v=Iay9I8lIbdM&feature=related -“City of Splendour”

(MGM 1936)

http://www.youtube.com/watch?v=a7Q1kITY168&eurl=http://www.almacarioca.com.br/i

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Artigo final PDE 2008 - História

VALTER BATTISTIN

Curitiba, dezembro de 2009