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1 Por: Prof. Pedro de Alcântara Neto Universidade de Pernambuco - UPE Escola Politécnica de Pernambuco - POLI Departamento de Engenharia Elétrica - DEE Curso de Engenharia de Telecomunicações Em trabalhos desta natureza,.é possível que imprecisões históricas tenham distorcido detalhes de ordem cronológica. O empenho e o bom senso procuraram superar tais senões que, no entanto, podem surgir e para os quais pedimos a benevolência dos leitores. Desejando imprimir ao conteúdo um caráter, sempre que possível, didático popular, foram omitidas do texto as citsções demasiadamente técnicas; o fato, porém, não tem influência na compreensão daquilo que visamos expor, que é destinado principalmente paia os estudantes da nossa região. Fotografia e esquema do telefone em forma de forca, utilizado por Bell em 1876 REVERÊNCIA AOS GIGANTES DAS COMUNICAÇÕES Antes que a tinta que imprimiu este exemplar seque, é possível que novas descobertas no campo das comunicações tenham abalado e desatualizado o texto que aqui se imprimiu, objetivando reverenciar aos inventores do campo das comunicações e relatar os mais recentes recursos do setor, colocados à disposição da nossa era. No fundo de qualquer laboratório, em qualquer parte do mundo, é possível que neste minuto alguém tenha conseguido dar forma material a uma idéia, a princípio julgada inviável, mas que surpreendentemente funciona! Desde quando a memória das nossas avoengas alcança, pode-se avaliar a pré- ponderável atuação da comunicação ao preservar e divulgar os dados históricos, desde os tempos do papiro e da pedra da roseta, esta magistralmente decifrada por Champollion, até o primeiro símbolo comunicador, a Cruz de Cristo, citada na Bíblia. Nos tempos passados a comunicação caminhava a cada década; hoje, o futuro cresce a cada segundo, conforme a concepção dos que pensam o aparentemente impensável e conseguem realizar o que deixa a humanidade aturdida, apesar do acostumada às maravilhosas investidas da ciência. Assim, a comunicação caminha célere no século XXI e esta será o começo do outra etapa cronológica da história, não apenas de prosaicos calendários, mas início de um novo século que propiciará o uso de novas descobertas que a mente humana somente ousará pensar amanhã. Já existe equipamento que fotografa, filma, toca musica e fala...alem de transmitir imagem, dados e áudio no mesmo acesso telefônico. Ainda existem mais dezenas de outros incríveis equipamentos, associadas ao telefone, que já estão já disposição dos usuários, nas vitrinas. Como os leigos não têm acesso aos la- boratórios dos cientistas, não podem avaliar a grandiosidade do que já se realizou o está em vias de ser realizado. A cada dia o mundo é literalmente sacudido com notícias de descobertas até a pouco constante apenas nas estórias de ficção das revistes em quadrinhos. História das comunicações e das telecomunicações

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Page 1: Historia Das Comunicaes e Das Telecomunicaes_UPE

1

Por:

Prof. Pedro de Alcântara Neto

Universidade de Pernambuco - UPE Escola Politécnica de Pernambuco - POLI

Departamento de Engenharia Elétrica - DEE Curso de Engenharia de Telecomunicações

Em trabalhos desta natureza,.é possível que imprecisões históricas tenham distorcido detalhes de ordem cronológica. O empenho e o bom senso procuraram superar tais senões que, no entanto, podem surgir e para os quais pedimos a benevolência dos leitores. Desejando imprimir ao conteúdo um caráter, sempre que possível, didático popular, foram omitidas do texto as citsções demasiadamente técnicas; o fato, porém, não tem influência na compreensão daquilo que visamos expor, que é destinado principalmente paia os estudantes da nossa região. Fotografia e esquema do telefone em forma de forca, utilizado

por Bell em 1876 REVERÊNCIA AOS GIGANTES DAS COMUNICAÇÕES Antes que a tinta que imprimiu este exemplar seque, é possível que novas descobertas no campo das comunicações tenham abalado e desatualizado o texto que aqui se imprimiu, objetivando reverenciar aos inventores do campo das comunicações e relatar os mais recentes recursos do setor, colocados à disposição da nossa era. No fundo de qualquer laboratório, em qualquer parte do mundo, é possível que neste minuto alguém tenha conseguido dar forma material a uma idéia, a princípio julgada inviável, mas que surpreendentemente funciona! Desde quando a memória das nossas avoengas alcança, pode-se avaliar a pré-ponderável atuação da comunicação ao preservar e divulgar os dados históricos, desde os tempos do papiro e da pedra da roseta, esta magistralmente decifrada por Champollion, até o

primeiro símbolo comunicador, a Cruz de Cristo, citada na Bíblia. Nos tempos passados a comunicação caminhava a cada década; hoje, o futuro cresce a cada segundo, conforme a concepção dos que pensam o aparentemente impensável e conseguem realizar o que deixa a humanidade aturdida, apesar do já acostumada às maravilhosas investidas da ciência. Assim, a comunicação caminha célere no século XXI e esta será o começo do outra etapa cronológica da história, não apenas de prosaicos calendários, mas início de um novo século que propiciará o uso de novas descobertas que a mente humana somente ousará pensar amanhã. Já existe equipamento que fotografa, filma, toca musica e fala...alem de transmitir imagem, dados e áudio no mesmo acesso telefônico. Ainda existem mais dezenas de outros incríveis equipamentos, associadas ao telefone, que já estão já disposição dos usuários, nas vitrinas. Como os leigos não têm acesso aos la-boratórios dos cientistas, não podem avaliar a grandiosidade do que já se realizou o está em vias de ser realizado. A cada dia o mundo é literalmente sacudido com notícias de descobertas até a pouco constante apenas nas estórias de ficção das revistes em quadrinhos.

História das comunicações e das

telecomunicações

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Satélite de comunicações típico

Com este trabalho nós pretendemos reverenciar a todos aqueles que deram a sua contribuição em favor das comunicações, desde as tarefas mais humildes até as mais gigantescas e complexas. Consignamos nosso débito a todos os inventores e a todas as invenções descritos nas páginas seguintes. É evidente que nomes de importantes personagens não foram olvidados pelo fato de não serem aqui mencionados; cabe também a eles, a reverência de todos os que hoje usufruem dos benefícios da moderna comunicação. DESDE O INÍCIO DOS TEMPOS Suponham que fosse possível acionar a máquina do tempo e retornar ao passado. Impossível? Não... A ciência tem ofertado tantas novidades que não devemos duvidar anta certas concepções; há alguns poucos anos muitos inventores foram chamados de "loucos" e, no entanto os seus legados para os pósteros estão funcionando ao nosso lado. Vamos então à prateleira buscar aquela caixinha, rotulada como História da Comunicação. Ela, a caixinha, não é maior do que um dedal, mas parte da História lá esta preservada, devidamente escrita e ilustrada em micro filme. Antigamente, os homens primitivos tencionaram deixar mensagens para os pósteros e gravaram nas pedras das cavernas. Conseguiram... Hoje o CD-ROM e o DVD, por sua vez, possibilitam preservar os sons e imagens de épocas atuais e já passadas... O meio de comunicação mais natural é a voz humana. Os homens da pré-história comunicavam-se pela fala, passando a mensagem de boca em boca. Estudiosos, dizem que na antiga Pérsia as mensagens eram transmitidas por via oral, de pessoa para pessoa e assim chegavam ao seu destino. Com o passar dos tempos, séculos após séculos, muitos outros métodos foram encontrados, mas a intuição nos diz que as batidas do nativo no tambor podem ter sido o primeiro passo para a comunicação à dis-tância, onde a voz humana não conseguia alcançar. As mensagens eram transmitidas por uma combinação de batidas, conforme o código estabelecido pelas tribos; para melhor distinguir as batidas, os nativos encostavam a orelha no chão. Outros instrumentos, além daqueles de percussão, foram e ainda são usados; por exemplo, mesmo em nosso País, o chifre do boi, quando adaptado convenientemente (berrante), ao ser soprado leva longe a mensagem do boiadeiro. Mandavam-se mensagens, também, através do que hoje chamaríamos "telégrafo visual", usando tochas acesas em lugares altos, as quais, levantando e abaixando transmitiam a

notícia desejada. Conta-se que nos tempos de Alexandre Magno as mensagens da Grécia chegavam à índia em cinco dias. No ano 490 a. C., na Grécia, o soldado Felípides foi encarregado de anunciar a vitória dos gregos sobre os persas; correu 37 quilômetros, desde o campo de batalha de Maratona até a cidade de Atenas. Comunicou a vitória e morreu. É possível que as mensagens gravadas nas cavernas tenham sido o método utilizado pelo homem para transmitir recados para os outros moradores ausentes, fornecendo detalhes sobre a sua ausência do local, com a finalidade de irem caçar, ou guerrear ou, ainda, que tinham seguido determinado caminho. As mensagens gravadas nas rochas, representando animais, rios, árvores e outras figuras formavam a notícia que desejavam transmitir. Depois, deve ter sido o cavalo o meio mais veloz para as comunicações; utilizando o cavalo e depois as carruagens o homem conseguiu obter mais velocidade na transmissão das notícias. Um mensageiro chinês, no século XIII, trocando animais a cada etapa de 40 a 50 quilômetros, chegava a percorrer 400 quilômetros num dia. Este método, das carruagens, satisfez, até o século XVIII. Muitos métodos e instrumentos foram inventados, buscando reduzir o tempo de transmissão das mensagens e também dar as mesmas a segurança do recebimento, sem haver quebra do sigilo. Em 1667 o físico inglês Robert Hooke sugeriu o emprego do fio esticado para transmitir o som. Muitos leitores, na sua infância terão brincado de telefonar, usando um fio de barbante preso a latas de massa de tomate nas duas extremidades. Foi esse o princípio de transmissão sugerido por Hooke. Em 1684, Dom Gauthier, monge francês, realizou experiências de telefonia acústica, utilizando tubos pneumáticos. E assim, sucessivamente, o homem veio pesquisando métodos de transmissão. Ao mesmo tempo, em campos diversos, outros pesquisadores obtinham sucessos em experiências que, mais tarde, viriam ter estreitas relações com invenções realizadas muitos anos depois. Foi o caso de Robert Fulton, nascido em 14 de novembro de 1765, na Pensilvânia (Estados Unidos). Ele inventou a máquina a vapor que, entre outros usos, viria a dar propulsão aos

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navios, que passaram não só a transportar passageiros como também para levar mensagens através dos continentes, estenderem cabos submarinos ou, ainda, servirem de antenas em alto mar. JÁ ERA UM COMEÇO: TELÉGRAFO ÓTICO

Telégrafo de Claude Chappe Até a metade do século XIX o desenvolvimento da comunicação deu-se muito lentamente. Em 1791, em Paris, Claude Chappe efetuou as primeiras demonstrações do "telégrafo ótico". A sua construção foi concluída em 15 de agosto de 1724, ligando Paris - Lilíe. Era um conjunto de hastes móveis que transmitiam letras e sinais de um código. Colocada em lugares altos, ou torres, essa máquina podia mandar mensagens a distancia de 700 km em 20 minutos. O sistema deixou de ser usado quando surgiram os aparelhos elétricos. Os pesquisadores continuavam nas suas experiências até que em 1801, Alexandre Volta inventou a pilha elétrica que propiciou largos recursos durante muito tempo, no campo das comunicações. Nesse mesmo ano, Joseph Jacquard desenvolveu a idéia básica de um comando de tear, com a utilização de cartões perfurados, para tecer complexos desenhos e amostras. O sistema de Jacquard inspirou a aplicação dos cartões perfurados em processamento de dados (mais tarde, Hermann Hollerith, dos Estados Unidos 1870-1929) viria a inventar as leitoras dos computares de cartões perfurados. O seu nome passou, assim, a designar o sistema Hollerith, hoje chamado IBM. Como se constata, os inventos viriam a ter utilidade nos dias de hoje. Assim também aconteceu com a invenção do barco a vapor, de autoria de Robert Fulton, em 1803. A 9 de agosto daquele ano, Fulton conseguiu navegar com êxito num segundo barco (o primeiro partira-se em dois); mas, a proeza não convenceu a ninguém e muito menos a Napoleão Bonaparte, que não aceitou os seus inventos de submarinos e barcos a vapor. Fulton começou a ser compreendido somente em 1807, quando conseguiu a primeira longa viagem, num barco a vapor, o "Clermont" que navegou 185 quilômetros em 24 horas no Rio Hudson.

Em 1809 ó cientista alemão Von Soemmerring demonstrou a possibilidade de funcionamento de seu telégrafo "eletroquímico", que aplicava a energia produzida por uma pilha de Volta. No ano seguinte, um dinamarquês, o físico Hans Christian Oersted descobriu casualmente que a corrente elétrica gera sempre um "misterioso campo magnético" em seu redor. Vê-se, assim, que as invenções anteriores conduziam a outras; Fulton tomou conhecimento desta invenção. Faleceu a 24 de fevereiro de 1815.

MICHAEL FARADAY Em 1831, Michael Faraday, físico inglês, demonstrou a possibilidade de produção de uma corrente elétrica a partir da indução magnética (é a comprovação da reciprocidade eletricidade-magnetismo). A partir de então, o mundo começou a ser invadido por uma série de invenções que viriam dar ao homem uma noção daquilo que Júlio Verne prognosticou em seus inesquecíveis livros de ficção. O homem de hoje está de tal maneira habituado com os serviços prestados pelo telefone, rádio, televisão e demais meios de telecomunicação que se esquece das grandiosas e benéficas influências que estas invenções propcaram e continuam provocando na civilização. À velocidades incríveis as mensagens faladas ou escritas e respectivas imagens assim dados de computadores chegam em todos os lugares, simultaneamente, transformando o mundo numa "aldeia global". Miihões de pessoas dependem dos seus meios para a sua convivência e para a própria sobrevivência dos sistemas sociais onde convivem.

1837 ANO HISTORICO

COM O TELEGRAFO TEM INICIO AS TELECOMUNICAÇÕES

Desde o início dos tempos, a necessidade de transmitir palavras a grandes distâncias conduziu o homem à busca de meios mais rápidos de fazê-lo. No século XVII, um monge da abadia de Citeaux propôs um sistema capaz de transmitir a palavra, baseado na utilização de tubos. Mas, dificuldades econômicas impediram o desenvolvimento do seu projeto, que era muito caro. Na mesma época, um inglês imaginou uma espécie de telefone de barbante, que permaneceu em uso durante algum tempo, em regiões mais afastadas. Para compreender o

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princípio e para os que não estão familiarizados com a técnica de percepção da palavra, os sons resultam de vibrações do ar produzidas pelas cordas vocais: as ondas atingem o tímpano e o fa-zem vibrar. Esta membrana transmite então a mensagem recebida para o cérebro. Assim, o que o imaginoso inglês fez foi fixar em cada extremidade de um barbante um cone fechado por uma membrana de pergaminho. Bastava falar diante de um deles para que suas vibrações fossem transmitidas pelo barbante até a outra membrana, que reproduzia os sons. Este engenhoso aparelho foi utilizado em diversos países do mundo, até se tornar um brinquedo para as crianças. No entanto, a distância era obrigatoriamente limitada.

SAMUEL MORSE - 7837 TELÉGRAFO ELÉTRICO

Eis que chega 1837, quando o "telégrafo ótico" de Claude Chappe já tinha se estendido 5 mil quilômetros, na França. Nesse ano, Samuel Morse inventou o telégrafo elétrico, a partir das descobertas e estudos do já citado Christian Oersted e de André M. Ampere; este último tinha criado a eletrodinâmica em 1827. Naquele mesmo ano, 1837, um físico americano, de sobrenome Pagge descobriu a música galvânica, depois aperfeiçoada pelo genovês Auguste de La Rive; a descoberta foi baseada no fato de que a emissão de notas musicais depende do número de vibrações imprimidas no ar. O ouvido humano só pode perceber acima de 16 vibrações por segundo. Dai surgiu à idéia de induzir corrente num eletroímã com um número de interrupções superior àquele limite. Houve a surpresa: a barra imantada produziu sons. Esta invenção logo provocou inúmeras experiências no mesmo campo e sensibilizou Philippe Reis, mestre de escola alemão, em 1860; ele imaginou transmitir os sons musicais à distância, usando processo semelhante ao do telefone elétrico. Construiu, en-tão, um aparelho parecido com uma orelha humana, cujo tímpano era um pedaço de bexiga e aparelhou o engenho. Foi desse modo que seus alunos puderam ouvir deslumbrados, as músicas que ele tocava na outra sala. Aquele aparelho, rudimentar, pelo fato de também transmitir a voz humana, embora de maneira imperfeita e quase inaudível, foi chamado pelo seu inventor de telefone "filosófico" (anos mais tarde, quando Graham Bell registrou como seu o termo "Telefone" Philippe Reis reclamou a prioridade, embora nenhum dos seus aparelhos realmente pudesse transmitir a palavra). A precariedade da transmissão talvez explique porque as autoridades científicas não deram atenção ao invento de Philippe Reis; no entanto, os seus trabalhos tiveram a sua utilidade. O mesmo aconteceu com um tipógrafo, Leon

Scott, que inventou o "fonoautógrafo", aparelho capaz de traçar, com um ponteiro metálico, o perfil dos sons da voz humana. O telégrafo através de fio elétrico de Samuel Morse só teve a sua primeira linha inaugurada a 24 de maio de 1844, ligando Baltimore a Washington (EUA), aplicando um código de sinais, também inventado por ele; o código de Morse ainda hoje é usado. Anos depois, em 1847, nascia em Edimburgo, na Escócia, Alexander Graham Bell, o inventor do telefone, largamente comentado e reverenciado nas páginas seguintes. O advento do telégrafo elétrico facilitou bastante as comunicações, mas só efetuava transmissões em terra firme. Foi a 17 de agosto de 1850, graças à instalação do primeiro cabo submarino do mundo, que França e Inglaterra puderam ligar seus portos de Calais e Dover. Tais acontecimentos eram um prosaico aperitivo do que estava para vir. Aqui no Brasil, a primeira linha de telégrafo elétrico nacional foi inaugurada em 11 de maio de 1852, ligando a Quinta Imperial e o Quartel de Campo, no Rio de Janeiro; a segunda linha, ligando Rio de Janeiro e Petrópolis foi inaugurada em 1857. Nesse mesmo ano, outra invenção de grande alcance chegou ao conhecimento do mundo: o físico inglês David Hughes inventou o telégrafo impressor (ou teletipo) precursor do fabuloso telex. Estes acontecimentos tiveram lugar numa época em que as teorias ganhavam o nome de "concepção fantástica". Mas eram construídas e, surpreendentemente, funcionavam. Chegamos, assim, ao dia 5 de maio de 1865, quando nasceu em Mimoso, Estado de Mato Grosso, aquele que viria a ser "Patrono das Comunicações do Brasil", Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. É em homenagem a data de nascimento do ilustre brasileiro que em nosso País se comemora o Dia da Comunicação, todos os anos, no dia 5 de maio. Mais tarde falaremos da a importância do homem que tinha por lema: "Morrer, se necessário for; matar, nunca". Com a telegrafia elétrica já espalhada pelo mundo, a 17 de maio de 1865 é fundada a União Telegráfica Internacional, que se transformou na atual União Internacional de Telecomunicações (ITU), com Sede em Genebra. A data de fundação da União é comemorada todos os anos, no dia 17 de maio como o Dia Mundial das Telecomunicações.

TELEGRAFIA LIGA A EUROPA ÀS AMÉRICAS

No ano seguinte, 1866, é inaugurado o telégrafo ligando a Europa às Américas. A partir

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de então as transmissões telegráficas passaram a ser usadas mundialmente, só cedendo primazia, mais tarde, para o rádio e o telex. Naquele ano de 1866 também aconteceu à inauguração da linha telegráfica que ligou Rio de Janeiro e Porto Alegre. A telegrafia já ligava alguns Estados brasileiros quando em 1874, no dia 1 de janeiro a Western Telegraph Co. Ltd. inaugurou a linha por cabo submarino entre Rio, Bahia, Pernambuco e Pará.

NASCE MARCONI - 1874 A 27 de abril, daquele mesmo ano de 1874, nasceu em Bologna, Itália aquele que seria o inventor da radiotelegrafia sem fio: o cientista Guglielmo Marconi. Nesse ano, a 22 de junho aconteceu nova fase nas comunicações do nosso País; naquele dia o Brasil inaugurou o seu primeiro cabo submarino, que cruzando o Atlântico Sul ligando a América do Sul à Europa. A ligação, entre Recife e Lisboa, foi idealizada pelo Barão de Mauá; o cabo foi construído por uma companhia inglesa e funcionou até 1973, ano em que se inaugurou o "Brascan", moderno cabo submarino construído pela Embratel, ligando o Brasil às Ilhas Canárias e, daí em diante, por meio do trecho espanhol, à Europa. No ano seguinte, 1875, estava acontecendo a corrida dos inventores contra o relógio: eram muitos perseguindo a invenção de um aparelho diferente do telegrafo, que permitia uma mensagem de cada vez; eles queriam inventar a transmissão da voz simultânea. E eis que Elisha Gray e Alexander Graham Bell descobrem que estavam trabalhando no mesmo projeto: a invenção do telefone. Bell, naquele ano, aceita a colaboração de Thomaz A. Watson, um eletricista que decidiu a ajudá-lo. A partir dessa data Watson esteve sempre ligado a Bell e na invenção do telefone. Era um homem muito inteligente e otimista e acerca dele muito falaremos a seguir. Enquanto o mundo aguardava melhores meios, a comunicação telegráfica ia se estendendo: os cabos telegráficos submarinos chegavam também a São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul naquele ano de 1875. E então chegou o ano, no qual, com rápida seqüência, muitos acontecimentos marcariam o advento de uma nova era no campo das comunicações: 1876.

1876 O GRANDE ANO

NOVA ERA SURGE O TELEFONE

Naquele ano a palavra "telefone" já era citada; porém, os aparelhos para os quais tal

nome era atribuído, eram empíricos e assim não obtinham reconhecimento público e nem apoio financeiro. No dia 7 de março, porém, Alexander Graham Bell, um escocês que vivia nos Estados Unidos, patenteou o desenho de um aparelho chamado de telefone, que viria alterar as comunicações de forma tão substancial que em seu abono pode-se afirmar ter sido aquele dia o início de uma nova era. Outro cidadão norte-americano, Elisha Gray, duas horas depois, também pretendeu registrar os desenhos do seu próprio aparelho telefônico. A sucessão de acontecimentos posteriores à introdução da telefonia e a sua influência no mundo estão descritos nas páginas seguintes; é uma história em que os Gigantes da Comunicação certamente serão aplaudidos à medida que a leitura for se desenvolvendo.

TELEFONE CHEGA AO BRASIL No ano seguinte, 1877, por influência do nosso Imperador Dom Pedro II (que teve decidida atuação na implantação da telefonia) teve início a instalação de telefones em nosso País. A loja "O Grande Mágico" instalou o primeiro telefone comercial, ligando-o ao do Corpo de Bombeiros (Rio de Janeiro). Um engenheiro da Corte, Morris Kohn, realizou em agosto de 1877 a primeira ligação telefônica interurbana entre a Estação da Estrada de Ferro Paulista, em Campinas, com a Estação Inglesa (hoje Estação da Luz} em São Paulo. Em 1878, o gênio Thomaz Alva Edison fez funcionar o aparelho projetado por Cros, o fonógrafo, e também aperfeiçoou o telefone. Hughes inventou o microfone de carvão, cujo princípio é utilizado até hoje nos telefones. Sir Willtam Crookes, na Inglaterra, conseguiu realizar a válvuia a vácuo e demonstrar a produção de raios catódicos, invenção que viria conceder novo caminho nas pesquisas.

A PRIMEIRA PROPAGANDA DO TELEFONE A primeira propaganda pública do telefone foi feita em maio de 1877, em Nova Yorque. Uma Circular intitulada "O telefone", anunciava que a palavra falada podia ser transmitida por meio do telefone a uma distância de até 20 milhas (cerca de 32 quilômetros). A Circular era bastante

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honesta e procurava demonstrar que poderiam existir falhas nos produtos anunciados. "A conversação podo ser facilmente estabelecida após uma ligeira prática e com a eventual repetição do uma palavra ou frase. Logo que se começa a ouvir ao telefone, se bem que o som seja perfeitamente perceptível, a articulação parece indistinta; mas após algumas tentativas o ouvido se acostuma ao som característico e encontra pouca dificuldade em compreender as palavras".

ANUNCIO DO "TELEPHONIO"

Uma das primeiras citações no Brasil, a respeito do telefone, foi feita no jornal "A Província de São Paulo", no dia 20 de fevereiro de 1878 (antes mesmo, portanto, da invenção ter sido patenteada no dia 7 de março daquele ano).

A MAIOR DE TODAS AS INVENÇÕES DO GÊNIO EDISON

No ano de 1879, memorável para a humanidade, o incrível Thomaz Edison conseguiu a concretização do invento pelo qual tanto batalhara: a primeira LÂMPADA ELÉTRICA, de filamento incandescente, que ficou acesa durante 140 horas: 21/10/1879, esse foi o dia em que o "bruxo" de Menlo Park começou a iluminar o mundo, graças à sua genialidade. Àquele tempo, telegrafia e telefonia já começavam a disputar nos Tribunais uma luta que se prolongaria por muitos anos. A questão: a telefonia era ou não uma telegrafia diferente, apenas sofisticada, mas sempre telegrafia? A 21 de agosto (1881) foi editada a primeira Lista Telefônica do Brasil, no Rio de Janeiro, contendo apen3s telefones comerciais. Em 18 de março de 1882, o Decreto 8457 autorizava a Companhia Telephonica do Brasil a fornecer serviços telefônicos a outras cidades brasileiras, tais como Salvador, Maceió, Porto Alegre, Pelotas e Petrópolis. Estava sendo iniciada, naquele ano a implantação da telefonia em nosso território, o que aconteceu rapidamente. O Rio de Janeiro já contava com 300 telefones. Ao mesmo tempo as linhas telegráficas internacionais também eram estabelecidas. A primeira informação concreta sobre a implantação de telefones em São Paulo data de janeiro de

1884 quando o jornal "Correio Paulistano" noticiou a abertura dos serviços da Companhia de Telegraphos Urbanos.

COMO VIAM O TELEFONE EM 1877 Em 1877 um jornal da Grã-Bretanha ainda ironizava, dizendo que o telefone de Alexander Graham Bell era uma brincadeira e seu inventor um excêntrico. E embora muitos julgassem o telefone de Bell como a coisa mais espantosa que havia nos Estados Unidos, o jornal dizia que o invento era tratado em Londres, antes de tudo como a última fraude americana.

OS GÊNIOS CONTINUAM INVENTANDO

Outra grande invenção viria dar novo impulso às comunicações no ano de 1886: Otto Mergenthaler inventou o linotipo, revolucionando a imprensa escrita. O linotipo imprimiu nova velocidade à composição de texto, superando o antigo método manual da compor letra a letra.

HERTZ DÁ INÍCIO AO "SEM FIO"

Em 1887, outra descoberta colossal viria abrir caminho principalmente para as comunicações hoje chamadas "sem fio". O físico alemão Heinrich Rudolph Hertz, desenvolvendo a teoria formulada por James Maxwell, descobriu as ondas eletromagnéticas (hoje denominadas ondas hertzianas); outros cientistas imprimiriam novo caminho às suas pesquisas, culminando com a maior de todas elas quando Lua e Terra mantiveram comunicação peio rádio em 1969. Por sua vez, naquele ano, o incrível Edison inventava o Kinotoscope, projetor de fotografias em movimento. Muitas invenções seriam mais tarde usadas conjuntamente, como no caso da máquina de escrever x telefone (telex). Em 1890 o norte-americano Herman Hollerith inventou 3 "máquina de recensear", capaz de computar informações do 240 diferentes áreas, o que deu origem ao Sistema IBM dos nossos dias, verdadeiramente revolucionário. Foi um ano muito importante para a telefonia o de 1892: Alrnon Brown Strowger inaugurou, a 3 de novembro, nos EUA, a primeira central telefônica automática do mundo, uma inovação sensacional para os 56 assinantes de La Porte (Indiana). Por sua vez, na Suécia, Lars Magnus Ericsson criava o primeiro aparelho "Monofone" acoplando numa só peça o fone e o bocal.

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1893

PADRE LANDELL DE MOURA

Um padre brasileiro, de nome Landell de Moura também fazia experiências de comunicação e, em 1893 realizou com êxito, em São Paulo, as primeiras transmissões no mundo de sinais telegráficos e de voz humana em telefonia sem fio. Em 1834, Guglielmo Marconi dá início, na Itália, às experiências da telegrafia sem fio, conseguindo, em 1895, transmitir sinais que transpuseram uma colina. A história de Marconi mereceu também significativas referências nas páginas seguintes, onde se Será o incrível progresso havido no mundo, graças ao telefone e ao rádio sem fio. Em 1897, o inglês Oliver Joseph Lodge inventou um dispositivo, o coesor, que consistia num tubo de vidro dentro do qual eram colocadas limalhas metálicas, suavemente comprimidas por dois pequenos pistões de metal. A Patente desse invento, que permitia uma melhor sintonia nas emissões radiofônicas, selecionando um sinal entre vários e impedindo que os diversos transmissores interferissem entre si, foi adquirida por Marconi, que por sua vez nesse mesmo ano, a 13 de julho, conseguiu enviar sinais telegráficos através das ondas hertzianas, isto é, sem fio, a uma velocidade de 300 mil quilômetros por segundo. O ano de 1901 encontrou Porto Alegre implantando o 1º Centro Telefônico à Bateria Central, com rede de cabos subterrâneos, sistema pioneiro na América do Sul (quinta cidade no mundo). No dia 12 de dezembro daquele ano pela

primeira vez a comunicação radiotelefônica ligou dois continentes: América do Norte e Europa; dois anos após (1903), um telegrama daria a volta ao mundo peta primeira vez, gastando nove minutos. Em 1904, o inglês John A. Fleming inventou a válvula termiônica, que permitiu "detectar" sinais de rádio. Em 1905, o mundo pode comprova um dos ângulos em que o telégrafo sem fio passaria a participar do salvamento de vidas: o comandante do navio "Republic" possibilitou o salvamento dos seus passageiros graças ao primeiro dramático pedido de socorro (CDQ — hoje SOS) de que se tem notícia. A comunicação sem fio / telegrafia teve participação histórica quando do afundamento do luxuoso "Titanic", transatlântico considerado inafundável, no dia 15 de abri de 1912). Em 1906, aconteceu uma novidade: Regjnald A. Fossenden, físico norte-americano, fez a primeira autêntica demonstração de emissão radiofônica, transmitindo não só a sua voz como também o som de um violino que ele próprio tocou para seus raros ouvintes. Foi o primeiro programa de "broadcasting" da história. Enquanto isso, na Alemanha, Karl F. Braun (que ganhou o Prêmio Nobel com Marconi, em 1909), viu a sua válvula de raios catódicos ser aplicada no primeiro aparelho de televisão construído no mundo. O físico russo Boris Rosing foi o primeiro a pensar na utilização dos raios eletrônicos para transmissão de imagens (televisão), em 1907, Auxiliado por Vladimir K. Kworykin conseguiu reproduzi-las num tubo de Braun (trinta anos depois, Kworykin inventou uma câmara de televisão constituída por um tubo sob vácuo, no qual a imagem era projetada sobre uma tela composta de um mosaico de minúsculos elementos). Vladimir, a partir de 1919, fixou-se nos Estados Unidos onde, em 1929, entrou para a Radio Corporation of América - RCA, da qual se tornou diretor de pesquisa. E o incansável Lee de Forest inventava, também em 1907, a válvula de três pólos, que também facilitaria a introdução de aparelhos mais modernos.

CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA COMEÇA A

RADIODIFUSÃO NO BRASIL

Porto Alegre, a 29 de abril de 1922, instalou a primeira estação de telefonia automática no Brasil. A 29 de maio a Radiobrás (Cia. Radiotelegráfica Brasileira) iniciou os serviços de telegrafia e telefonia via rádio entre Rio de Janeiro, Nova Yorque, Roma, Paris, Londres e Berlim. No dia 7 de setembro daquele ano comemorava-se o Centenário da Independência do Brasil; Roquete Pinto e

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Henrique Morize transmitem o discurso de Epitácio Pessoa pelo rádio, fazendo com que centenas de paulistas ouvissem a voz do Presidente da República por meio de alto-falantes instalados na Praça da Sé. A estação transmissora foi instalada no alto do Corcovado; era a primeira transmissão radiofônica no Brasil. Naquele dia também houve troca de saudações, por transmissão radiofônica, entre os Presidentes Epitácio Pessoa e Herbert Hoover, dos Estados Unidos. Em 1923, num laboratório da Westinghouse, o cientista Vladimir Kosma Zworykin (nascido na Rússia, mas naturalizado norte-americano) desenvolve o iconoscópio, elemento básico para a futura realização da televisão. A 22 de setembro daquele ano, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (atual Roquete Pinto) iniciava suas transmissões normais, com o "slogan" "Pela cultura dos que vivem na nossa Terra, pelo progresso do Brasil". No dia 28 de novembro o Decreto nº 16.222 autorizava a "Rio de Janeiro and São Paulo Telephone Co." a continuar a funcionar na República, sob a denominação de "Brazilian Telephone Co." (Companhia Telefônica Brasileira).

1931 EMOÇÃO

DA ITÁLIA MARCONI INAUGURA O CRISTO REDENTOR NO CORCOVADO

No dia 11 de julho de 1928, São Paulo inaugurava o serviço telefônico automático, quando a Capital contava com 25 mil telefones. Ano 1931: são feitas ligações telefônicas entre França e Inglaterra por meio de microondas. Naquele ano, a 12 de outubro, Marconi enviou um impulso elétrico hertziano da Itália e acendeu as luzes da estátua do Cristo Redentor, no alto do Corcovado. Em 1934, a 18 da outubro, morre Thomaz Alva Edison. "O Bruxo de Menlo Park". Edison, decididamente foi um dos maiores gênios; lâmpada elétrica e fonógrafo são apenas duas das 1200 invenções que ele patenteou. Aos 84 anos,

na hora da sua morte, dezenas de jornalistas recebiam boletins médicos. Às 3 horas e 24 minutos veio o último boletim: "A LUZ SE APAGOU". O ano de 1935 encontra a BBC iniciando transmissões regulares de TV. Também a França instalou sua primeira estação na Torro Eiffel. Em 1937, dia 20 de julho, morreu outro gônio: Guglielmo Marconi.

O MUNDO COMEÇA A MUDAR Então, numa impressionante rapidez, novas investidas da ciência viriam conceder ao mundo outros tipos de máquinas e aventuras que, no tocante ao tempo e inventividade, nem mesmo renomados futurólogos ousaram prever: em rápida sucessão chegaram o transistor em 1947 e o "laser", em 1953, que vieram modificar métodos e introduzir diversificada fabricação de novos aparelhos para as comunicações e, inclusive, para a medicina, com o emprego desses condutores. Obtida a miniaturização nos componentes eletrônicos, teve início a era dos satélites de comunicação, em 1962, dos quais desfrutamos soberba eficiência no campo da telefonia, telegrafia, telex, televisão, meteorologia e outros usos. Os fatos mais recentes, muitos deles de grandeza e repercussão idênticas aos mencionados até aqui, deixam de ser catalogados porque, usando linguagem fantasiosa, podem praticamente sarem "palpados" pelos que nos lêem. No entanto, deve ser mencionado que o excelente avanço e desempenho das telecomunicações em nosso País, deve ser creditado a três fatores: o primeiro foi a iniciativa do Governo Brasileiro ao criar a Empresa Brasileira de Telecomunicações AS - EM8RATEL, em 16 de setembro de 1955 e posterior instalação do Ministério das Comunicações MINICOM (15/3/1957). Em 1973, a 9 da novembro, o MINICOM criou a Telecomunicações Brasileiras SA — TELEBRÂS — empresa "holding" do setor até a década de 90 quando foram privatizadas todas as companhias que compunham o sistema Telebrás dando lugar ao aparecimento da Agencia Nacional de Telecomunicações – ANATEL.. Nosso Pais, desde o início da implantação dos modernos meios de comunicação não conseguia libertar-se da deplorável estagnação que tolhia seus anseios da progredir. Com o advento das salutares medidas tomadas pelo Governo, em poucos anos nossa Nação começou a desfrutar de eficientes serviços permitindo-nos declarar, inclui-se entre aqueles de mais elevado padrão no mundo.

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EVOLUÇÃO DA TELEFONIA NO MUNDO NOSSO IMPERADOR – D. PEDRO II – INFLUIU

A fim de festejar o Centenário da Independência dos Estados Unidos, em 1876, uma monumental Exposição Internacional foi instalada em Filadélfia, o Presidente daquela nação, General Grant, convidou muitas personalidades famosas para as comemorações. Entre elas, a Imperatriz Tereza Cristina e o imperador Dom Pedro II, que fizeram prolongada visita àquele País. Naquele ano, Bell obtivera a patente do telefone e o desenvolvera razoavelmente mas não conseguira expor o seu invento no pavilhão de eletricidade, tendo que se conformar em expor seu invento em local nada privilegiado daquela imponente Exposição. O invento de Bell estava exposto há seis semanas sem que ninguém lhe desse atenção. Checou, então, um domingo em que a Comissão Julgadora analisaria os produtos expostos, a fim de conceder os prêmios. Nosso Imperador fazia parte da Comissão. Dom Pedro II havia conhecido Graham Bell quinze dias antes, quando de uma visita à Escola de Surdos de Boston. O Imperador estivera na Exposição, mas lá voltou, no dia 25 de junho, não como visitante mas como integrante da Comissão Julgadora. Naquele domingo a vistoria da Comissão já estava para ser encerrada quando Bell acenou para o Imperador. Abraçaram-se e Bell sugeriu que Sua Majestade examinasse a "máquina falante". Uma voz qualquer ironizou e chamou o aparelho de "brinquedo infantil", mas o imperador aceitou o convite de Bell e insistiu que todos os membros da Comissão Julgadora deviam examinar o aparelho. Apesar de já ser tarde, cerca de 19 horas, houve a demonstração, com muitos assistentes — mais interessados no Imperador do que no aparelho. Dom Pedro ficou numa ponta do fio e Bell ficou na outra, cerca de 150 metros distantes. Subitamente, aconteceu o grande momento; Dom Pedro ouviu Bell, que disse: "To be or not to be" e por sua vez exclamou a frase histórica: - MEU DEUS, ISTO FALA! (My God, it speaks). D. Pedro demonstrou tal entusiasmo, ao ouvir, através do fio, a voz de Graham Bell, que acabou

por chamar a atenção da Comissão Julgadora. E após testarem o aparelho, o reconheceram oficialmente e concederam ao seu inventor um certificado especial de mérito. O telefone da Graham Bell ganhou o mundo, nas noticias dos jornais e no respeito dos cientistas. Até então, ninguém havia atribuído maior importância ao telefone, considerado um brinquedo "Infantil" ou, na melhor das hipóteses, "Filosófico". A presença da D. Pedro II conferiu novo sentido e talvez a força extraordinária que faltava para a promoção do invento.

TELEFONIA NO BRASIL

Em 1876, ano da invenção do telefone, tudo aconteceu muito rapidamente no mundo, com relação ao invento; inclusive no Brasil, aonde o telefone chegou logo no ano seguinte, por iniciativa do Imperador Pedro II. Hoje o povo conversa com a maior naturalidade peto telefone (do grego: "tele" = longe e "fone" = voz, isto é, voz transmitida ao longe) sem se aperceber que milhares de anos foram necessários para chegar aos aparelhos de hoje. Como se sabe, nosso Imperador, Dom Pedro II, era um homem muito decidido e, não fora ele, talvez a história da telefonia tivesse tomado caminho diverso e adverso.

NO RIO DE JANEIRO

As informações sobre o início da telefonia no Brasil não são precisas. Sabe-se que em janeiro de 1877, um ano após a invenção do telefone uma empresa de telegrafia (Western) construiu alguns aparelhos telefônicos na sua oficina do Rio de Janeiro, dos quais um foi instalado na residência de D. Pedro II (Palácio de São Cristóvão) e outro no escritório da própria Western (outros historiadores dizem que o telefone instalado no Palácio teria sido presente de Alexander Granam Bell (o inventor) para o seu amigo Imperador). Outro aparelho foi instalado na casa comercial "O Grande Mágico" de Antônio Ribeiro Chaves (no Beco do Desvio, atual rua do

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Ouvidor), que por sua vez implantou outra ligação com o Corpo de Bombeiros. O público ia à casa das mágicas para apreciar o aparelho... No mesmo ano a firma Rhode & Co. ligou seus escritórios com os armazéns e também o Jornal do Commercio já possuía o seu aparelho...e assim o telefône começou a causar sensação. A 15 de novembro de 1879, com o Decreto 7539, o imperador outorgou a primeira permissão "para construir e operar linhas telephonicas nesta Capital do Rio de Janeiro e seus subúrbios e na cidade de Nictheroy"; a permissão foi concedida a Charles Paul Mackie, que representava a Bell Telephone Co. Paul organizou a Brazílian Telephone Co. a 13 de outubro de 1880. Um dos diretores da primeira concessionária, Theodore Vail, era homem talentoso, que ajudara Granam Bell a construir A Bell System nos EUA (que hoje é detentora de cerca de 25% dos telefones de todo o mundo). Já no mesmo ano de 1880 foram construídas as três primeiras linhas distantes, com 1600 metros de extensão. No final de 1883 já estavam instalados no Rio de Janeiro 1000 telefones e uma linha interurbana de 100 quilômetros ligava a Capital Federal a Petrópolis. Em 1885 a "Tropical American Telephone" (de Boston} obteve os direitos da Brazilian e a incorporou, em fins de 1886, a uma recente empresa que acabara de formar:.a Cia. União Telephonica do Brasil, que passou a operar sete estações com 2195 assinantes (três estações no Rio, com 1675 assinantes; duas estações em Pernambuco com 275 assinantes e duas estações na Bahia com 245 assinantes). Em 1889 caducou a concessão para a exploração dos serviços telefônicos da empresa, e o Governo Provisório passou os direitos para a municipalidade do Distrito Federal, pelo decreto 199 de 6/2/1890. De 1879 a 1890 as concessões de serviços telefônicos para qualquer ponto do território nacional eram exclusivas do governo monárquico e provisório. De 1891 em diante (após a promulgação da Constituição da República, em 24 de Fevereiro), tornou-se de competência do governo municipal permitir os serviços telefônicos nos municípios; do estadual, os serviços intermunicipais; e do federal, os serviços interestaduais.

EM SÃO PAULO

As primeiras notícias sobre telefonia em São Paulo mencionam a propaganda do invento que Morris N. Kohn, engenheiro da Corte, fez em agosto de 1878, em Campinas. Na presença de muitos convidados, numa das salas da Estação da Estrada de Ferro Paulista. Morris fez uma ligação

para um telefone instalado em São Paulo, na Estação de Trens Inglesa {hoje Estação da Luz} diante de grande entusiasmo e admiração dos presentes. No mesmo ano, ainda em Campinas, Leon Rodde fez propaganda do telefone e do fonógrafo, utilizando para isso o palco do Teatro Rink, ao mesmo tempo que Ferdinand Rodde & Co. Ltd. publicava na imprensa campineira artigo assinalando que era a única agente encarregada pelo inventor do telefone a introduzir o aparelho na América do Sul. As primeiras concessões no Estado foram dadas a Arthur Teixeira de Macedo, pelo decreto 8.458, de 18 de março de 1882 (São Paulo e Campinas); a Morris Kohn, em 1882 (Santos); Ferdinand Rodde & Co. Ltd., em 1884 (São Paulo e Campinas); João Carlos Eugênio da Silva Ruella. em 1884 ( São Paulo e Campinas).

A 1ª PAULISTA

"Os primeiros serviços telefônicos de São Paulo foram os da Empreza Telephonica Campineira, criada em 5 de Janeiro de 1884, pela firma Ferdinand Rodde & Co. Ltd. Logo após a autorização da Câmara Municipal de Campinas para o seu funcionamento (31-3-1884), a empresa campineira providenciou a instalação de postes e fios pelas ruas e praças da cidade, e até mesmo nas estradas mais próximas. Enquanto esse trabalho ia sendo desenvolvido, alguns proprietários da região, receosos de choques elétricos, começaram a protestar. A "Gazeta de Campinas", entretanto, se encarregou de desfazer o medo, mostrando as maravilhas do novo invento. Os serviços telefônicos foram logo inaugurados, com mais de 20 assinantes. "Eis alguns nomes extraídos quando a relação de "assinantes" já contava 328 deles: Barão Geraldo de Rezende Baroneza de Anhumas Eléctrico Philarmonico Castro Ferraz Desinfectório Central Algum tempo depois a Empreza Telephonica Campineira foi vendida para a firma Olympo Rodrigues & Cia. Em 1884 proliferavam as empresas a elas se digladiavam pela exclusividade, como se constata em um anúncio da Companhia de

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Telegraphos Urbanos, publicado no "Correio Paulistano" de 6 de janeiro daquele ano, onde comunicava a abertura dos ' seus serviços. No dia seguinte houve o protesto da firma Alvares Pereira & Cia. que reclamava ter privilégio exclusivo dos serviços telefônicos, tanto assim | que já contava com muitos pedidos, embora não houvesse, ainda, instalado os telefones. A Companhia de Telegraphos Urbanos, mais eficiente, 24 horas depois, no dia 8-1-1884, instalava os 11 primeiros telefones residenciais e comerciais na Capital paulista, conforme Lista Telefônica (a primeira...) que os jornais publicaram: 1. Lebre, Irmão & Sampaio 2. Hotel de França 3. Moreira & Abílio Soares 4. Banco Mercantil 5. Clube dos Girondinos 6. Correio Paulistano 7. Dona Veridiana Prado 8. Dr. Eduardo Prates 9. Dr. Martinho Prado 10. Dr. Falcão Filho 11. Dr. Vicente de Queiroz Em 1884 surgiu outra empresa telefônica em São Paulo: a Companhia Telephonica do Estado de São Paulo (CTESP) que obteve concessões para operar os sistemas telefônicos locais e interurbanos, nos municípios de São Paulo, Santos, Campinas e São Vicente, bem como para explorar as linhas interurbanas de São Bernardo e Santo Amaro. A CTESP teve suas origens nas concessões feitas a Morris N. Kohn, em 1882 (para operar em Santos), e a João Carlos Eugênio da Silva Ruella (para operar em São Paulo e Campinas conforme decreto imperial nº 9.116 do dia 5 de janeiro de 1884, a mesma data do decreto 9.114 que dava permissão para a Campineira operar). Em 1911 a CTESP comprou a "Campineira" (que era de Olympo Rodrigues & Cia) e em junho de 1914 a "Brazilian Traction" adquiriu o controle acionário da CTESP. Em dezembro de 1915, quando a "Brazilian Traction" já possuía 95% da CTESP, esta empresa operava os serviços telefônicos interurbanos entre São Paulo, Santos e Campinas e os seguintes serviços locais (a maioria dos telefones eram comerciais): São Paulo 6.131 assinantes Santos 1.019 assinantes Campinas 753 assinantes TOTAL 7.903 assinantes Em 1915 a "Braziiian Traction" decidiu construir na rua Sete de Abril um prédio para atender às necessidades das principais empresas telefônicas paulistas, já sob o seu controla acionário, desde 1914: a CTESP e a Bragantina. A "Bragantina", na verdade, foi a Empreza Telephonica Bragantina,' instalada na cidade

paulista de Bragança Paulista em 17-7-1896. Aquela empresa, após 22 anos de existência possuía 1641 quilômetros de linhas telefônicas, cinco vezes mais que a pioneira "Campineira" que tinha 370 quilômetros. A história da Bragantina marcou, como outras empresas de outros setores, a vitória de homens otimistas e dedicados ao trabalho, cujas realizações dão destaque aos nomes das firmas, olvidando os nomes dos pioneiros. Mas, por terem sido os maiores, é devida a citação dos seus nomes: Nicolino Nacaretti, capitão Gabriel da Silveira e João Baptista de Britto. Sobre os primórdios da telefonia nesta região da Borda do Campo, pouco se sabe, a não ser que a Cia Telefônica do Estado de São Paulo (CTESP) andou instalando alguns telefones, em data imprecisa, na antiga região de São Bernardo.

A AUTOMATIZAÇÃO E AS

TELEFONISTAS Voz suave e clara, boa audição, paciência, destreza manual e urbanidade. Essas são as características das telefonistas que, acompanham passo a passo a evolução da telefonia. Em 1929, quando surgiu a automatização dos telefones do Brasil, surgiram diversas crônicas na imprensa sobre o papel da telefonista na vida da cidade. Todos pensavam que a nova tecnologia em comunicação causaria a sua dispensa em massa. Mesmo com a automatização dos serviços em 1929 e mais tarde com a implantação gradativa do sistema de Discagem Direta à Distância, em 1969, a telefonista continuava insubstituível em sua função de facilitar o diálogo entre as pessoas.

A GUERRA AO MOSQUITO

Um dos fatos mais lembrados ocorreu durante o surto de febre amarela, em maio de 1929. A Companhia Telefônica Brasileira uniu-se,

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nessa ocasião, a campanha empreendida pela Saúde Pública, no sentido de alertar a população contra o mosquito transmissor. E nos dias 13, 14 e 15 de maio daquele ano, quando atendiam aos assinantes, as telefonistas diziam a seguinte frase: "Guerra ao mosquito. Número faz favor?". Isso foi repetido cerca de 1.500.000 vezes. E virou até título de uma revista teatral. A introdução do serviço automático, além do protesto da população, que pensava ser o fim das telefonistas, trouxe a necessidade de uma campanha de reeducação da empresa para esta mesma população. A operação de discar, tão simples nos dias de hoje, foi ensinada vezes e mais vezes às pessoas, acostumadas com a intervenção da telefonista. Mas o advento do serviço automático não traria a eliminação das telefonistas: elas seriam reaproveitadas em ligações interurbanas e em serviços internos. O aumento de facilidade nas ligações trouxe um número maior de usuários, e com eles, mais telefonistas para chamadas interurbanas. Além disso, o crescimento industrial do Brasil já era significativo e muitas empresas começavam a solicitar estas moças. As escolas especializadas preparavam telefonistas e assim a profissão se aprimorou. Hoje, ficou sendo uma profissional muito procurada pelas empresas que expandem seus serviços. Todos os anos, em 29 de junho, público e autoridades externam o carinho mantido por essas profissionais, enviando flores e cumprimentos pelos serviços recebidos. É o dia da telefonista.

1906 - TELEFONE SEM MANIVELA

Depois de passar alternadamente de firmas particulares para o Governo, o serviço telefônico do Rio foi adquirido em 6 de junho de 1889, peta Brasilianische Elektricitate Gesellchaft, com um prazo de concessão de 30 anos. Iniciava-se com isso a estabilização do serviço telefônico na capital da República. A nova firma, com sede em Berlim, possuía aparelhagem de fabricação alemã e o tipo de equipamento era a magneto. Os telefones ficavam ligados à central apenas por um fio. Na caixa do aparelho havia uma manivela, que o assinante movia para chamar a telefonista na central; esta, então, fazia a ligação. Ao terminar, o assinante movia a manivela em sentido contrário e a telefonista recebia na central o sinal para desligar.

Em 1906, um incêndio destruiu as instalações da Companhia, na Praça Tiradentes, interrompendo durante sete meses todo o serviço telefônico da cidade. Reconstruiu-se o prédio e os aparelhos antigos foram substituídos por novos, já sem manivela, importados dos Estados Unidos. Bastava levantar o fone do gancho, para a telefonista atender.

EM 1900 O TELEFONE JÁ AJUDAVA

A POPULAÇÃO A SE PROTEGER

No Inicio do século já existia um sistema telefônico - telegráfico implantado exclusivamente para garantir a proteção e segurança da população na então tranqüila São Paulo. Era o Telégrafo Policial, que tinha a mesma finalidade dos telefones ligados diretamente com a polícia. O Telégrafo Policial nº 321, por exemplo, foi instalado em 1900 na rua Aurora e possibilitava ao público contato direto coro os departamentos encarregados da Segurança Pública da cidade para comunicação de algum acidente (desastre, crime, resistência à polícia etc). Para isso, bastava colocar s seta indicadora no local desejado e puxar a alavanca, solicitando conforme o caso, o carro de preso, a ambulância etc. O sistema era provido, ainda, do código Morse, no caso do telefone falhar; ao usuário cabia, então, abrir a peça do mostrador e através do telégrafo acoplado internamente comunicar o desejado. Hoje, o Telégrafo Policial faz parte do acervo do Museu do Telefone da Telefônica.

UM ANUNCIO DE 1881

Enquanto aguardava a autorização imperial para funcionar, a Companhia tratou de divulgar as vantagens da telefonia. Para isso,

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publicou no Jornal do Comrmercio do dia 28 de fevereiro de 1881 uma nota informativa: "Esta Companhia propõe-se a estabelecer nesta cidade, seus subúrbios e Niterói, em virtude da concessão feita a Charles Paul Nackie, o sistema de comunicação telefônica geral, que é hoje o característico tão notável nas comunicações comerciais e oficiais em Nova-Yorque, Londres e Paris". Mais adiante, o anúncio explicava: "Por este sistema estabelece-se comunicação verbal e confidencial imediata entre quaisquer dos assi-nantes, dentro do território em que funcionarão as linhas. A Companhia fornecerá todos os aparelhos, construirá as linhas e as conservará a sua custa. Os assinantes pagarão por essas linhas um aluguel fixo correspondente à distância das estações centrais.

FANTASIAS ULTRAPASSADAS DOS GROTESCOS APARELHOS AOS

TELEFONES DE HOJE, PODE-SE ANTEVER O QUE VIRÁ...

A palavra "comunicação" se transformou nos dias que correm em algo que faz parte do ser humano, na forma mais sensível de todos os tempos; é um fenômeno social importante. Há muitos e muitos séculos a palavra, os desenhos nas cavernas e posteriormente a escrita, deram início a uma infinidade de meios que o homem arranjaria para se expressar melhor e para se entender com outros homens. Aliás, a necessidade de comunicar nasceu antes mesmo da palavra. Antes de aprender a falar, o Homem era pouco mais inteligente do que os macacos. Mas, nos primórdios do ser humano na terra, o homem das cavernas começou a criar a linguagem articulada, dando a cada grunhido, a cada som de sua garganta ou à combinação deles, um significado. Muito depois, há pouco mais de 8 mil anos, inventou a escrita. Dos desenhos que ainda podemos encontrar nas paredes das cavernas, o homem ria antiguidade passou aos sinais gráficos, que representam sons ou idéias. O homem foi inventando meios para comunicar-se à distância. Mais modernamente, aparelhos grotescos serviram de trampolim para inventos mais eficientes, satisfazendo razoavelmente às necessidades da cada época. Porém, houve certo período em que a civilização começou a crescer e necessitou caminhar mais depressa na busca de recursos mais adequados, pois os negócios exigiam informações que deviam ir depressa e retornar depressa dos seus destinos. O mundo começou a necessitar da comunicação de massa, em larga escala.

Muitas experiências foram feitas pelo homem; mas, foi somente no século XVIII que se iniciou o período revolucionário nas comunicações, que viria entregar às populações os devidos recursos para satisfazer às suas necessidades e não só; se uma análise coerente for feita, ver-se-á que a oferta da ciência, de hoje, no campo da comunicação, já ultrapassou as fantasias escritas há poucos anos pelos futurólogos. O telefone é uma dessas ofertas.

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O telefona foi inventado a desenvolvido por um professor de surdos-mudos, chamado Alexander Graham Bell, com a ajuda de um eletricista de nome Thomaz Watson.

Alexander Graham Bell Thomas J. Watson

No início do século passado, havia um sapateiro na Escócia, de nome Alexander Graham Bell, que enquanto batia solas, recitava Shakespeare. E fazia isto tão bem que um dia acabou partindo para o teatro. Lá, porém, descobriu outra profissão: como professor teatral de dicção desenvolveu considerável prática no tratamento dos defeitos da fala, tornando-se especialista em foniatria. Seu filho, Alexander Melville Bell, interessou-se também pela linguagem humana e tornou-se médico, especializando-se nos órgãos da fala. E um terceiro Alexander, neto do sapateiro-artista e filho do médico já internacionalmente famoso, continuaria o trabalho iniciado pelos dois. Foi ele Graham Bell nascido a 3 de março de 1847, em Edimburgo, na Escócia. Até os 11 anos de idade, Granam Bell chamava-se simplesmente Alexander Bell, como o avô. Na escola, a professora sugeriu-lhe que escolhesse um nome "intermediário" para distinguir-se dos ascendentes: depois de consultar os familiares, optou por Graham, em homenagem a um grande amigo de seu genitor. Seu pai ganhava a vida dando aulas sobre um método por ele criado, e que é utilizado até hoje para a recuperação de surdos-mudos: "Alfabeto ou Fala Visível". Por isso, uma das suas preocupações passou a será de criar aparelhos que facilitassem o treinamento de surdos ou deficientes da voz (a invenção do telefone, quando ele tinha apenas 29 anos, confirmou a intensidade desse interesse}. Sua escolaridade não foi muito grande: um ano numa escola particular, dois anos na Edinburgh's Royal High School (onde concluiu o curso ginasial), algumas aulas como ouvinte na Universidade Edimburgo e,

finalmente, um ano em Londres, no University College, para onde fora enviado. Permaneceu durante um ano na Grã-Bretanha, morando em casa do avô; foi um ano exaustivo, mas de muito proveito. O avô era talentoso, de fina educação e exigia muito do menino; o garoto Bell queixavá-se muito, porém o convívio com o avô foi-lhe muito útil: ele aprendeu piano e passou a interessar-se para sempre peta música. Esse gosto ele o havia adquirido de sua mãe, também muito talentosa. Mas a mãe ficou surda quando Bell estava com 12 anos, muito jovem; a surdez parecia perseguir a vida de Alexander Graham Bell, desde muito cedo. Sua primeira e grande vocação estava voltada, portanto, para a solução dessa deficiência. Inteligente e estudioso, ele conseguiu assumir o primeiro posto de trabalho profissional numa escola de Elgin, na Escócia. Ali, preparou crianças em educação musical e dicção. Em 1864, na mesma cidade, tornou-se mestre-residente na Academia Weston, e desenvolveu seus primeiros estudos sobre a surdez. Tornou-se o professor mais dedicado do método da "Faia visualizada", sistema que utiliza desenhos dos lábios, garganta, língua, dentes e palato, para que os alunos repitam os movimentos e os sons indicados pelo professor. Alexander Graham Bell foi um dos maiores personagens da humanidade, possuidor de uma curiosidade insaciável e um espírito criador incomum. Em 1868 tornou-se assistente do pai, em Londres, assumindo o cargo em tempo integral durante as ausências do velho Melvilie Bell, quando este viajou aos Estados Unidos para dar cursos. Ocorreu nessa época, o primeiro grande choque emocional da família; seu irmão mais velho morreu de tuberculose, doença que um ano depois matou também o irmão caçula. Havia dificuldades econômicas. Bell também estava doente e na ânsia de salvá-lo a família mudou-se para Ontário, no Canadá, em 1870. A "Casa Meiville", onde moraram, é até hoje conservada como relíquia histórica com o nome de "Solar dos Bell". Graham Bell curou-se e em 1871, com 24 anos, mudou-se para Boston, onde continuou dando autos e palestras, divulgando o método do pai para o ensino de surdos. Bell trabalhava muito e nas poucas horas de lazer que lhe sobravam, comprava material de

ALEXANDER GRAHAM BELL THOMAZ WATSON

INVENTORES DO TELEFONE

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eletricidade e estudava suas aplicações. Durante as férias desenvolveu seus projetos de experimentos acústicos, especialmente os relacionados com a voz humana. Em 1872, abriu sua própria escola em Boston para treinar professores de surdos. Publicou nesse ano o livreto "O pioneiro da fala visível", uma continuação dos trabalhos do pai. Em 1873, deu aulas de Fisiologia da Voz para surdos na Universidade de Boston. Lá conheceu Mabel Gardiner Hubbard, uma aluna que inspirou-lhe grande afeição; ela ficara totalmente surda aos quatro anos de idade, em conseqüência da escarlatina. Bell considerou muito agradável ensinar tão linda aluna e ao que parece ambos pressentiram desde os primeiros momentos que uma união duradoura lhes estava reservada. Em três meses Mabel já falava. Nessa época, 1874, Bell conheceu o eletricista Thomas Watson, na loja de Eletricidade Charles Williams, onde fora fazer compras. Ficaram amigos e num quarto abandonado da loja, durante muitos anos, Bell e Watson trabalharam juntos, às vezes até alta madrugada. No período 1872-1875, Bell e Elisha Gray (1835-1901) trabalharam nos Estados Unidos cada um por si, em projetos semelhantes. Essa simultaneidade só foi conhecida num Congresso em São Petersburgo (Rússia}, de 1875. Gray dispunha de maiores recursos; desde jovem, em Chicago já pesquisava a solução do problema pela aplicação da corrente elétrica. Alexander Graham Bell tentava aperfeiçoar o telégrafo para a transmissão deu mais de duas mensagens simultâneas pelo mesmo fio, mas tentava resolver o problema pelo lado acústico. Ele ouvira dizer que a Companhia telegráfica dera três quartos de milhão de dólares por um invento que transmitia duas mensagens simultâneas" e andara trabalhando na teoria de um diapasão que permitisse a transmissão de seis a oito mensagens sincrônicas por um único fio.

IMAGINAÇÃO CRIADORA A habilidade inventiva de Graham Bell era surpreendente; uma de suas primeiras experiências, quando jovem, foi um crânio dotado de um sistema vocal, com articulação quase perfeita, que ele fabricou junto com seus irmãos. Um dia, com um fole, os garotos conseguiram fazê-lo balbuciar "mama" com tanta perfeição, que os vizinhos se amedrontaram... Bell também inventou o disco de cera para gravação sonora, aprimorando, assim, o fonógrafo de Edison. E mais: criou as primeiras sondas tubulares para exames médicos; construiu um "colete a vácuo", isto é, uma forma primitiva de

pulmão-de-aço; selecionou uma raça curiosa de carneiros; foi ele quem mais estimulou a menina Helen Keller (depois famosa) a aprender a falar; desenvolveu um sistema de "eco sonoro", para localização de icebergs, muito semelhante ao sonar; foi um dos precursores na descoberta dos raios "laser"; inventou o fotofone, sistema de transmissão de mensagens pelos raios luminosos, há cerca de 90 anos; construiu os barcos mais velozes de seu tempo, capazes de superar os 100 quilômetros por hora; foi um dos pioneiros da aviação, sendo o primeiro homem a voar num aparelho mais pesado do que o ar em todo o Império Britânico, no ano de 1907. Os projetos, de Bell e Gray, apresentaram a similaridade das lâminas ou diapasões vibrantes ligados a eletroímãs. Ao que parece, ambos devem ter chegado à idéia do telefone ao mesmo tempo, isto é, no ano de 1874. Nesse ano, Elisha Gray concluiu seu projeto mais extraordinário: com um diafragma de aço diante de um eletroímã, ele havia construído um receptor igual ao dos telefones atuais. Mas não dispunha de transmissor. Nesse mesmo tempo, Bell tentava a construção de transmissores e receptores baseado nos complicados diapasões. No verão de 1874, ele imaginou construir um receptor de membrana, semelhante ao de Gray, mas usando couro esticado. Sobre a membrana, ele colou uma placa metálica. O transmissor, contudo, era mais difícil. Depois, Bell teve a idéia de usar a força de indução de um pedaço de ferro numa membrana vibrante junto a uma bobina. Em março de 1875 Bell viajou a Washington para falar com o diretor do Instituto Smithsoniano, Sir Joseph Henri Smithson, que ficou impressionado com os projetos do jovem e aconselhou-o a melhorar seus conhecimentos de eletricidade para poder levar avante as experiências. Bell, mais tarde, diria: "Não fora Joseph e eu nunca teria inventado o telefone". Bell e Watson continuaram trabalhando juntos, noite a dentro. Watson construiu dois aparelhos idênticos - um para ser usado como transmissor e outro como receptor - utilizando membrana de couro com placa metálica colada, bobina, núcleo de ferro etc. As primeiras experiências falharam, talvez em conseqüência apenas do barulho ambiente existente no sótão da Rua Court nº: 109, em Boston, onde trabalhavam. O problema financeiro provocou a interrupção das pesquisas por algumas semanas e assim Bell retornou aos alunos, cursos e conferências. Graham Bell expôs suas dificuldades a amigos e obteve o apoio financeiro de um rico negociante, Thomaz Sanders, pai de um seu

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aluno, e também de Gardiner G. Hubbard, pai de Mabel, a menina surda que Bell ensinara a falar (e com quem Bell se casou a 11 de junho de 1877). Hubbard era grande acionista do telégrafo. Bell e Watson acreditavam na probabilidade da teoria dar certo. A 2 de julho de 1875, um curto-circuito provocado pelas lâminas dos diapasões produziu um efeito que poderia passar despercebido a um homem comum; mas não a Bell. Ao soltar a lâmina presa, Watson fê-la vibrar com intensidade. O som foi transmitido para o outro aparelho, de Bell, na sala vizinha. Bell alertou a Watson para não mexer em nada e juntos eles redesenharam totalmente os aparelhos. Elisha Gray, o grande concorrente, também trabalhava com afinco em seu projeto; já tinha desenvolvido um transmissor no qual a membrana faz uma agulha vibrar junto de outra, mergulhada em água acidulada. Gray está providenciando, também as especificações exigidas pelo U.S. Patent Ofíice. Bell e Watson trabalham com entusiasmo redobrado, agora numa sala, da "Exeter Place nº 5, uma casa sossegada. Eles também estão preparando o pedido de registro da patente e, na última hora, Graham Bell incluiu, providencialmente, uma cláusula, descrevendo uma resistência variável como parte do processo. Mas sua ênfase maior era, de fato, o princípio da indução eletromagnética. No dia 14 de fevereiro de 1876, por extrema coincidência, Bell e Gray ingressaram com o pedido de patente. Com apenas uma vantagem para Graham Bell: seu requerimento chegara ao "U.S. Patent Office" duas horas antes do de Gray. Até esse dia nenhum homem havia realmente falado pelo telefone. A notícia das experiências, entretanto, já corria o mundo. No Brasil, uma das primeiras referências ao telefone está no jornal A Província de São Paulo de 20 de fevereiro de 1876, com o título "Ouvir música pelo telegrapho": "A telegraphia eléctrica que tem sido já origem de tantas maravilhas, acaba de servir para uma nova e bem notável invenção. Um cidadão de Chicago {Estados Unidos), chamado Elisho (sic) Gray, descobriu o meio de pelos fios eléctricos transmitir os sons de um plano para a sala de um concerto na distância de 2,4 milhas, assegurando que poderia transmiti-los muito mais longe. A maior parte dos physicos da America considera esse maravilhoso resultado, como o primeiro passo para descobrir-se a via eléctrica que poderá ser usada para a transmissão dos sons produzidos por muitos instrumentos reunidos. O aparelho inventado por Gray, o qual foi denominado telephonio, compõe-se de três partes: 1º o instrumento que transmite os sons; 2º os fios condutores, que vão a uma distância

determinada; 3º o aparelho que recebe os sons transmitidos." Bell intensificou seus trabalhos para aperfeiçoar o invento. Gray, por outro lado, pareceu considerar-se derrotado pela diferença de duas horas na primazia do registro. Embora dotado de boas idéias, ele nada faz para desenvolver os projetos. A 7 de março, é deferida a patente do telefone para Alexander Graham Bell, sob número 174.465.

O primeiro telefone do mundo.

DESTA VEZ...

O primeiro dinheiro que Bell recebeu com a invenção: mil dólares. Por mais de 45 anos, após a invenção do telefone, Bell demonstrou criatividade em tudo o que fazia. Do Governo francês, recebeu o Prêmio Volta, equivalente a 50 mil francos, com os quais conseguiu montar um laboratório em Washington, para desenvolver o processo de fabricação de registros fonógrafos em discos de cera. No campo da Medicina, ele publicou vários livros e no setor de construção civil sugeriu que as casas fossem dotadas de ar condicionado. Tinha também interesse pela aviação. Inventividade e personalidade forte foram as grandes características de Graham Bell. Pelas suas invenções, pelo seu espírito pioneiro, tornou-se ainda cidadão norte-americano, fato de que muito se orgulhava. No dia 1º de janeiro de 1915, nos Estados Unidos, houve a solenidade de inauguração da ligação telefônica "costa a costa" (Nova Yorque - São Francisco). Granam Bell pegou o telefone e repetiu para Thomaz Watson a famosa frase que proferira no dia 10 de março de 1803 quando o telefone falou pela primeira vez: "Mr Watson, come here, I need you". Na outra ponta da linha, a mais de 4 mil quilômetros, Watson, seu amigo, colaborador e agora sócio, respondeu: "Desta vez, o senhor terá que esperar um pouco mais. E depois da ligeira pausa: — Dentro de uma semana estarei aí em Nova Yorque.

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O CÃO QUE BELL FEZ FALAR... Graham Bell era fino no humorismo. Certa vez, Graham Bell disse a Thomaz Watson: ”Eu já ensinei um cachorro a falar!” Watson deve ter pualado da cadeira. Bell continuou: “como você sabe, sou professor de mudos...Certo dia, assim como se aperta as cordas de um violão, eu tateava a garganta do cão e tentava modificar o som das cordas vocais. Por meio de pancadas consegui fazer com que meu cão “Sheyie”dissesse: “Au-ah-luu-mé”, ou seja, “How-are-you-grand-mather”. (como vai vovó). A amizade entre Bell e Watson permitia tais brincadeiras.

PROVIDENCIAL ACIDENTE

Três dias após a concessão do registro da patente ocorreu um providencial acidente; Belll derrubou um pouco de "Líquido Transmissor" na roupa e no aparelho, que estava ligado. Thomas Watson recordaria o fato numa conferência pronunciada a 17 de outubro de 1913: "Bell, no decorrer da experiência, tendo necessidade de minha presença na sala, disse com simplicidade: Mr. Watson, come here. I need you! (Senhor Watson, venha aqui. Preciso do Senhor). Na sala vizinha, junto ao outro aparelho, a frase chegou-me límpida e completa ao ouvido. Era a primeira vez que isso acontecia no mundo. E eu, por felicidade, era a primeira pessoa que podia ouvir um recado completo transmitido por telefone, sem interrupção." Essa é, portanto, a data histórica do nascimento do telefone: 10 de março de 1876. Os três inventores, Bell, Watson e Gray, devem ser reverenciados. Os projetos de Elisha eram até melhores que os de Bell. Mas houve a primazia de Bell no registro da Patente. No entanto, o invento não obteve imediato reconhecimento de "aparelho de utilidade". Foi necessária outra providencial circunstância e, desta vez envolvendo nos acontecimentos o Imperador do Brasil, Dom Pedro II. A intervenção do nosso Imperador deu início à evolução do Telefone, iniciada no ato memoravel do dia 25 de junho de 1876, com uma frase igualmente memorável: "MEU DEUS, ISTO FALAI". Um homem lúcido e trabalhador incansável, Graham Bell, acompanhava como cientista, em 1922, a todos os eventos que a telecomunicação proporcionava ao mundo; no dia 2 de agosto, no Canadá, Alexander Graham Bell morreu aos 75 anos de idade, deixando para a posteridade o inestimável legado do seu esforço, traduzido em tantas invenções, a principal das

quais resultou na telefonia e todas as suas ramificações.

HELEN KELLER, A MAGNIFICA

Na história da comunicação, a tenacidade esteve sempre presente mas, o caso de Helen Keller é talvez o mais apaixonante e impressionou, como impressionam todos aqueles que fazem de sua vida um digno ideal. O esforço constante, bem intencionado e otimista pode sobrepujar as estocadas cruéis do destino, isso a maravilhosa Helen Keller demonstrou. Nascida em Tuscumbia, Alabama, nos Estados Unidos, Helen era uma robusta menina; porém foi atacada por urna congestão cerebral aguda, antes de completar a idade de dois anos e ficou cega, surda e muda. Tinha seis anos quando Graham Bell, o inventor do telefone, a conheceu. Bell, que tinha a mãe surda, era casado com Mabel Hubbard, também surda; portanto, interessava-se bastante pelos atacados de surdez. Era professor de mudos. Alexander Graham Bell não esqueceu nunca dos surdos; já rico, no ano de 1900, doou a apreciável quantia de 300 mil dólares à Associação Americana de Ensino dos Surdos. Bell fez com que os familiares de Helen, seus amigos, entrassem em contato com o Instituto Perkins, expondo o problema. O Instituto enviou à cidade de Tuscumbia uma jovem de vinte anos, chamada Anne Sullivan. Graças à prodigiosa Anne, que ensinou à aluna a linguagem das mãos, a antes triste Helen praticamente ressuscitou. Anne Sullivan também sabia que o seu trabalho teria do ser orientado por três aspectos básicos: coragem, paciência e perseverança. Presenteou Helen com uma boneca, feita pelas alunas cegas da Escola Perkins. Anne tentou relacionar o objeto com quatro sinais querendo significar d-o-l-l. Estes sinais foram transmitidos das mãos da professora para as mãos da Helen. A primeira tentativa não teve sucesso imediato. Dias mais tarde, quando estavam perto da uma bomba de água, surgiu uma ocasião melhor para nova tentativa. Miss Sullivan tomou uma das mãos da menina e a colocou sob a torneira aberta. Enquanto isso, a outra mão recebia sinais que soletravam a palavra w-a-t-e-r. Desta vez, Helen entendeu as intenções de sua professora. Percebeu que aqueles sinais indicavam algo fresco, úmido e corrente. Em seguida, a menina aproximou o rosto da terra, enquanto miss Sullivan imediatamente soletrava a palavra correspondente. Helen parecia fascinada

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com a sua descoberta e, antes de dormir naquela noite, já havia aprendido mais de 30 palavras com os seus significados.

GENEROSA LIÇÃO DE TENACIDADE DA MAGNÍFICA CEGA, SURDA E MUDA HELEN

Ao atingir os dez anos, conseguiu aprender a falar e, em 1904, portanto aos 24 anos, doutorou-se em Filosofia, no Radcliffe College. Proferiu numerosas conferências, revelando-se uma extraordinária animadora das gerações novas; uma lição viva de coragem, de tenacidade e de amor ao próximo: "Os que pensam que a vista e o ouvido são os únicos meios pelos quais as nossas sensações se despertam, declarava ela, ficam surpreendidos com o fato de eu diferençar o caminhar nas ruas do caminhar no campo. Esquecem que estou impregnada de ambiências. Quem ousará negar, depois disto, que, mau grado as minhas imperfeições físicas, eu seja acessível às belezas do mundo exterior? Por toda parte se encontram maravilhas, mesmo nas trevas e no silêncio e, por mais incompleta que eu seja, conformo-me com as circunstâncias." Para comunicar-se com as demais pessoas, ela recorreria ao alfabeto táctil, ao alfabeto de Braille e ao contato dos seus dedos com os lábios de quem falava. Escreveu diversas obras (algumas traduzidas para outros idiomas) e criou várias instituições de proteção e reeducação dos cegos, surdos e mudos. Escrevia corretamente o idioma inglês e também o alemão e o francês. Foi doutora "honoris causa" por duas Universidades norte-americanas. Suas aparições em público constituíram-se num espetáculo inesquecível; elas nunca mais se separaram, até à morte de Anne, em 1936. Deram ao mundo luminosa lição de estoicismo e de exemplo para os que são atingidos pelo destino com a cegueira, a surdez e a ausência de voz. Helen ainda estava empenhada, perto dos 88 anos de idade, ao trabalho assistência, pouco antes de morrer de causas naturais, em 1968.

SILENCIO O GÊNIO MORREU

Graham Bell morreu no dia 2 de agosto de 1922, em Baddeck, no Canadá. Seu último diálogo com a filha foi este: — Não tenha pressa, nem se agite papai. — Eu tenho que ser apressado, filha. Até para morrer. E morreu. Em seu túmulo, a seu pedido, está uma placa simples para um homem incomum: "Alexander Graham Bell, Inventor, nascido a 3 de março de 1847.. morreu na

condição de cidadão dos Estados Unidos, em 2 de agosto de 1922." E no dia em que Bell morreu, todos os telefones servidos pela Bell System silenciaram durante dois minutos. A seu pedido, seu epitáfio diz: "Nascido em Edimburgo. Morto cidadão dos Estados Unidos".

IMPRESSÕES DA RAINHA VITÓRIA

O primeiro dinheiro que Graham Bell ganhou com o telefone foram 10 mil dólares, provenientes de conferências sobre o funcionamento de sua invenção. Casou-se, então, a 11 de julho de 1877 com sua ex-aluna surda-muda, Mabel Hubbard; Mabel é dez anos mais nova. Bell tinha então 30 anos. Foram passar a lua-de-rnel na Inglaterra, onde, aproveitando a oportunidade, Bell pretendeu promover o telefone. A rainha Vitória, a quem Bell apresentou o aparelho, escreveu, em seu diário: "Um professor Bell explicou todo o processo (sobre o telefone), que é o que existe de mais extraordinário". Os esforços de Bell na Inglaterra, contudo, não foram muito animadores, pois, apesar das Patentes, uma empresa rival já estava implantando um sistema telefônico naquele País, a Electric Telephone Co. Entretanto, aproveitou o contato com os investidores ingleses para explicar-lhes que, da mesma maneira que havia uma rede subterrânea para a distribuição de água e gás nas cidades, o mesmo poderia ser feito com a rede telefônica, que teria uma central de distribuição à qual estariam ligadas as linhas auxiliares instaladas em lojas, casas particulares, fábricas e outros locais. Em 1877 a Bell Telephone Co. era uma Empresa pequena, nascente. Naquele ano a Western Union Telegraph Co. era um gigante no serviço de telegrafia. Em março daquele ano a Western fez uma oferta de aquisição da Patente do telefone de Graham Bell por 100 mil dólares, mas Bell recusou. A Western, então, comprou as Patentes de Elisha Gray e Thomaz Alva Edson, com a intenção de aperfeiçoar e explorar comercialmente o telefone. Assim, a Western e Elisha Gray fundaram primeiro a American Speaking Telephone Co. para enfrentar a Empresa de Bell, que em dezembro de 1877 já possuía três mil telefones em funcionamento. A ação lesiva da Western Union recrudesceu e a Bell Co. iniciou naquele ano, 1877, a primeira ação judicial reivindicando sua participação na venda de todos os telefones fabricados segundo suas Patentes, Decorrido um ano inteiro de depoimentos e provas, a Justiça reconheceu que Alexander Graham Bell era o indiscutível inventor do telefone e tinha direito à participação nos lucros da exploração do aparelho pela Western Union.

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Então, Bell, que havia recusado a venda da Patente nº 174.465 (a do telefone) em favor da Western, recebeu nova oferta daquela Empresa: 25 milhões de dólares! Quantia fabulosa, mas Bell recusou novamente. Por isso, as batalhas judiciais sucederam-se pelos anos afora; foram seiscentas, mas Bell venceu todas as demandas.

A PRIMEIRA LIGAÇÃO INTERURBANA

Depois do reconhecimento público do telefone, Bell e Watson passaram a fazer uma série de demonstrações públicas e ao mesmo tempo começaram a fazer experiências com a conversação telefônica a distâncias cada vez maiores. Encorajados, procuraram os diretores da companhia telegráfica de Boston, pedindo-lhes a instalação de uma linha entre Boston e Salem, distanciadas entre si de 25 quilômetros. Na tarde de 26 de novembro repórteres e cientistas rodeavam tanto o receptor instalado no laboratório de Graham Bell, em Boston, quanto o transmissor instalado num auditório de Salem, de onde Graham Bell passou a transmitir para Watson as primeiras palavras interurbanas, pela primeira vez no mundo. Na manhã do dia seguinte, e por dias a fio, os jornais publicaram notícias e as infinitas possibilidades do emprego do telefone. Menos de um ano depois, já estava organizada, em Boston, a primeira empresa telefônica do mundo, a Bell Telephone Company, para 800 telefones. Tendo como presidente Gardner Hubbard, sogro de Graham Bell, a Empresa iniciou pioneiramente a exploração comercial dos aparelhos telefônicos.

"TELEPHONE PARA ESCAPHANDRO"

Para constatar o entusiasmo causado pela invenção do telefone no mundo, convém ler o que aconteceu em nosso País, apenas um ano depois. No dia 23 de dezembro de 1877, o jornal A Província publicou uma curiosa notícia sobre a aplicação do telefone em São Paulo: "O Sr. barão de Teffé, que desde as primeiras notícias sobre o telephone começou a estudá-lo, conseguiu realizar uma das suas mais úteis aplicações, ate agora ainda não lembrada por ninguém, empregando-o como meio de comunicação fácil, breve e seguro entre o mergulhador ocupado em trabalhos no fundo do mar e o engenheiro que de bordo ou da terra dirige o serviço. As grandes vantagens resultantes deste importante melhoramento não carecem de encômios. Hoje o homem do escaphandro não é mais forçado a subir a embarcação ou plataforma de cada vez que tem uma comunicação a fazer ou uma explicação a pedir e do fundo do mar pôde descrever tudo quanto vê em torno de si, o que é

a solução almejada pelos engenheiros hydraulicos."

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Gluglielmo Marconi

“Ficar-lhe-ei grato se quiser transmitir ao conhecimento do nobre povo brasileiro que me sinto altamente honrado e comovido em poder realizar, de Roma, a cerimônia da iluminação da estátua do Cristo Redentor, erigida sobre o monte Corcovado. Através das ondas elétricas comandadas de Roma, será efetuada a ligação das lâmpadas do Rio de Janeiro. Este importante evento contribui para revigorar e exprimir, através de uma das mais modernas conquistas da ciência, os laços de simpatia e de sincera amizade existentes entre a Itália e esse grande Pais.

Guglielmo Marconi.

Esse telegrama foi transmitido (sem fio) de Roma para o Rio de Janeiro, através das ondas hertzianas, e lido no rádio pelo embaixador italiano no Brasil. Foi um dia memorável, em que a estátua do Cristo Redentor foi inaugurada: 12 de outubro de 1931. Um rápido toque de dedo e um impulso eletro-magnético, à velocidade da luz (300.000 km por segundo), enviado de Roma, iluminou o Cristo Redentor e milhares de peregrinos ovacionaram. "Marconi, o animador dos silêncios". Foi com essas palavras que D’Annunzio, o grande poeta, saudou ao inventor da radiotelegrafia. Nascido em 25 de abril de 1874 em Pontecchio, arredores de Bolonha, Itália, Guglielmo Marconi, muito cedo, aos vinte anos de idade, entregou-se às experiências que o levariam à descoberta da telegrafia sem fio. Quando menino, Marconi já estava interessado em livros de física. Sabia das previsões de Michel Faraday, cinquenta anos atrás, que afirmara não ser preciso o contato de dois circuitos elétricos para a energia atravessar o espaço entre eles. E Marconi acreditava também nas teorias do "maluco" Heinrich Hertz. Acreditava que não só os sinais Morse poderiam ser transmitidos sem fio: a voz também! Milhares de

postes já se espalhavam pelo mundo, naquela época, levando longe os fios telegráficos. Aos quatorze anos, Guglieimo era aluno do Instituto Cavallero, de Florença. Suas preferências por física e química o absorviam; mesmo nas férias Marconi estudava com afinco. Ele acreditava na realização da sua teoria. Ele queria! E obtinha do seu professor Rosa inestimáveis ensinamentos sobre os trabalhos de outros cientistas. Marconi interessou-se pelo trabalho de Calzeechi-Onesti: aquele cientista fechara as extremidades de um tubo de vidro com tampas metálicas e soldara cada extremidade com um fio metálico. O tubo continha limalha de ferro, etc e etc; Marconi analisava todos os detalhes e... fazia perguntas que os professores não sabiam responder ... Aos vinte anos Marconi não tinha obtido ainda qualquer título escolar: dedicara-se só à química e física, e pouca atenção dava às outras matérias. Fazia parte do seu trabalho de pesquisa ir às lojas para adquirir fios de cobre, bobinas... Baseando suas experiências nas ondas hertzianas descobertas por Heinrich Hertz (1887) e à invenção da antena (Aleksandr Popov, 1895) e, ainda, num tubo de vidro contendo finas limalhas entre dois elétrodos, construído em 1890 pelo francês Edoard Branly, Marconi insistia nos estudos. Aperfeiçoou o tubo de Branly e fez a memorável experiência. Em 1894, na sua velha casa de Bolonha, Marconi conseguiu enviar do sótão um sinal radioelétrico para seu irmão que se encontrava além de uma colina, a 800 metros; um tiro de espingarda dado por seu irmão Alfonso foi o sinal de mensagem recebida. Aos vinte anos de idade dera o primeiro passo para a sua grande invenção; quando desejou aperfeiçoar o sistema, não conseguiu obter apoio na sua Pátria, naquela época sem recursos financeiros, Marconi obteve os recursos que precisava na Grã-Bretanha e lá instalou seu laboratório de pesquisas. Aperfeiçoou tubo do francês Branly e em 1895 obteve uma transmissão entre dois pontos distanciados de uma centena de metros. A 1896, em Londres, Marconi conseguiu a primeira patente mundial para o telégrafo sem fio -sim redigida: "Aperfeiçoamento na transmissão a impulsos e sinais elétricos e nos aparelhos correspondentes". A 15 de maio de 1897, na Grã-Bretanha, com Pernath e Weston, Marconi consegue uma

MARCONI O ANIMADOR DO SILÊNCIO

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transmissão de 15 quilômetros. A partir de então, os capitalistas deram ajuda ao infatigável inventor e no dia 15 de maio do mesmo ano foi fundada a Companhia Marconi de Radiotelegrafia. Porém, Marconi não esqueceu da sua querida Itália e impôs a condição de conceder a sua Pátria de origem Pátria de origem o livre uso das suas invenções. A Itália sensibilizou-se ante o desenvolvimento da radiotelegrafia e colocou à disposição do inventor o couraçado "S. Martino" para que as experiências se robustecessem. Uma transmissora foi montada no arsenal, La Spezia e os respectivos receptores foram instalados no "S. Martino". Àquela época (1897) Marconi estava em serviço militar na Itália, na condição de simples marujo. E aconteceu a transmissão terra–mar ultrapassando 18 quilômetros. Estava longe o dia em que o jovem Marconi, a exemplo de Benjamin Franklim, não fazia experiências utilizando grandes papagaios que subiam para elevar antenas... Em 1898 foi inaugurado o primeiro serviço regular de radiotelegrafia, ligando a Ilha de Wight a Bournemouth numa distância de 23 quilômetros. Naquele ano também aconteceu à primeira transmissão esportiva, precursora das demais: a bordo de um barco, Marconi acompanhou a regata do Kingston e transmitiu todos os seus detalhes para a redação do Jornal "Daily Express", de Dublin. A introdução da radiotelegrafia fora vitoriosa, mas havia o derrotismo. "A radiotelegrafia, dizia o Jornal North Americano Review", jamais poderá substituir completamente o telégrafo, pois não garante o segredo da comunicação. O telégrafo sem fios parece uma carta aberta; o com fio cumpre as funções de uma carta fechada". Marconi trabalhou alguns anos em busca de uma solução e, ao início do novo século, consegue empregar transmissões em circuitos fechados e freqüências determinadas que eliminaram os ruídos e obtiveram a sintonização da estação receptora com a transmissora. E assim aconteceu a famosa patente 7777 em favor de uma das grandes vitórias da radiotelegrafia. As críticas continuam a visar o inventor boloonhês: na França dizia: Marconi era plagiário e que Edoard Branly sim, era o legítimo inventor. O próprio Branly encarregou-se de conceder o mérito a Marconi. Pouco depois de La Spezia, Marconi estabeleceu comunicação com as estações italianas e com Calvi, na Córsega. Mas, havia agora outro entrave a desafiar a radiotelegrafia. Apesar ter conseguido estabecer comunicações com 300 quilômetros havia que vencer a curvatura da terra.

O ponto mais próximo entre a Europa e a América está respectivamente entre Saint John's e Terranova. Marconi dirigiu-se para Terranova, e lá instalou uma torre. Por telegrama via cabo submarino, combinou com um ajudante em Saint John's que faria transmissões durante três horas seguidas, numa hora pré-determinada. No terceiro dia (12-12-1901), com a emoção própria dos obstinados eles vencem as batalhas, a transmissão contínua dos três pontos (equivale as letra “S", "S", "S", "S" fez-se ouvir), graças a um "papagaio que pairava a poucos metros de altura, que serviu de antena. Estava, em princípio, vencido o problema da curvatura da terra! Marconi defrontou-se, com outro problema. A Companhia de cabos submarinos alegava exclusividade e tentava impedir as transmissões sem fio... o que, de certa forma, deu ao inventor a alegria de ter reconhecida a sua vitória por parte dos próprios adversários. O próprio Marconi advogou em causa própria e venceu o entrave no Tribunal que decidiu: "Os direitos dos que empregam cabos submarinos não podem ser usados por estranhos; porém, a telegrafia sem fio, é óbvio, lançou um sistema diferente de transmissão". E essa vitória foi referendada pelo gênio Thomaz Alva Edison, que no princípio das experiências de Marconi estava pessimista quanto aos resultados. Edison mandou este cabograma ao inventor: "O senhor desmontou os aparelhos, mas permanece o fato de ter tido a ousadia de lançar as ondas elétricas através do Atlântico pela primeira vez". Os aplausos de todo o mundo seguiram-se ao de Edison. Em 1902 é aperfeiçoado o "detector"; do primitivo aparelho de Calzecchi-Onesti, ajustado com um telefone comum, pode-se "ouvir" os sinais Morse. A bordo do "Filadélfia" Marconi aperfeiçoou o pequeno telefone obtendo a eliminação dos ruídos das descargas atmosféricas, tornando possíveis as transmissões com alta seletividade de som. E Marconi prenunciou: "Qualquer dia a voz humana também será ouvida". Sucederam-se as instalações de antenas, na terra; nos navios, complicadas redes de fios formavam antenas no alto-mar. Mas, restavam as rnontanhas: elas impediam a propagação normal das ondas hertzianas. Marconi, agora acompanhado de competentes auxiliares, a 20 de outubro embarcou no navio "Cario Alberto", da Inglaterra para "Glace Bay", no Canadá. Lá a temperatura chega a 30 graus negativos. É naquele local que o cientista espera manter mensagens entre Poldhu, na

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Rússia e Glace Bay. Os dias decorreram sem que o sucesso chegasse. Marconi tinha estabelecido um código entre os colaboradores: "Standard" significará "não recebemos nada"; "Greentime" (recebemos alguns sinais); e "Yellowtime" (recebemos com perfeição). Até que, no dia 15 de dezembro, 55 dias depois do embarque, chegou o almejado "Greentime". Três dias depois chegou a informação que equivalia a "Vencemos as montanhas", ou seja: "Yellowtime". O inventor passou a ser reverenciado pelo seu rei que lhe conferiu a cidadania italiana. Foi acolhido triunfalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. Um jornalzinho foi editado por Marconi, a bordo do navio "Lucânia" com material de redação recebido peia telegrafia sem fio, chegado de vários pontos; foi o precursor dos jornais editados pela maioria dos navios. Hoje, porém graças à descoberta do "sem fio" as notícias chegam pelo rádio, televisão, telefone; o que concede ao jornal impresso mera função de "lembrança de bordo". Novas descobertas em favor do sistema telegráfico foram aparecendo; em 1904, o inglês Fleming, que assistira às primeiras experiências de Marconi, inventou a válvula termiônica. O americano Lee de Forest transformou o diodo de Fleming em triodo.

SOS... SOS... SOS... Aconteceu, assim, um colossal avanço que proporcionou ao inventor, a satisfação de saber que no dia 25/1/1909 os passageiros do luxuoso navio inglês "Republic", que colidiu com o Flórida, navio italiano, salvaram-se graças ao desesperado apelo de CDQ (hoje SOS), o primeiro lançado no mundo em operação de salvamento. Cinco outros navios chegaram para socorrer; com isso houve a lamentar a perda de seis vidas. Poderia ter sido diferente a tragédia. Anos mais tarde, em 14/4/1912, o telegrafista do navio "Carpathia" captou os desesperados CDQ (SOS) partidos do transatlântico inglês "Titanic". Lamentavelmente, naquele naufrágio, morreram 1503 das 2207 pessoas a bordo. Marconi tinha sido convidado de honra naquela viagem inaugural do chamado "transatlântico inafundável", mas seus afazeres o impediram de viajar. Quando o radiotelegrafista do "Carpathia" e de outros navios receberam os apelos já era tarde. O Titanic já ia ao fundo salvando-se apenas aqueles que puderam obter lugar num insuficiente número de botes salva-vidas. Lamentavelmente, também, alertas de

outros navios sobre "icebergs" na redondeza não sensibilizaram imediatamente os tripulantes do Titanic, o navio que "Nem Deus conseguiria afundar" como afiançavam. Apesar de tudo, a radiotelegrafia conseguiu amenizar a tragédia daquela viagem deplorável onde os telegramas sociais tiveram prioridade mesmo após a colisão pois o "Senhor do Atlântico era inafundável". Os sobreviventes conferiram a Marconi uma plaqueta de ouro, em reconhecimento. Em 1909, dia 23 de janeiro, foi conferido a Marconi o Prêmio Nobel de Física; naquele mesmo ano ele divorciou-se da esposa Beatrice O'Brian, com quem casara em 1905 e lhe dera três filhos. O motivo: a ciência roubava do lar o homem que preferia viver nas pesquisas. Em 1911 a Companhia Marconi inaugurou perto de Piza (Itália) a maior e mais avançada estação de quantas a Empresa já tinha instalado e conseguiu aumentar as transmissões de 4000 para 10000 quilômetros. E veio a guerra, que começou em 1914. Já era possível transmitir a própria voz sem o uso de fios. Dos aviões e dos navios também partiam mensagens sonoras. Marconi estuda, ainda; está interessado nas ondas curtas e as domina, em 1915. Em 1922, em sessão solene, Marconi apresentou no Institute of Radio Engineers, Nova Iorque, a sua "Memória" sobre as ondas curtas. Ele continuou estudando no laboratório do navio "Elettra", que adquirira do Almirantado Inglês. O navio foi praticamente a sua casa e nele conviveram também sua nova esposa, uma condessa, e a filha, nascida em 1930; à qual foi dado o mesmo nome do navio que ficaria famoso em todo o mundo: Elettra. Daquele barco, Marconi transmitiu e recebeu mensagens de todo o globo. Em 1930, com um toque elétrico do Elettra, ancorado em Gênova, acenderam-se as luzes de uma Exposição na Austrália, proeza repetida em 1931 quando do mesmo modo acenderam-se as luzes que inauguraram a imagem do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. O toque elétrico que fez iluminar o Cristo Redentor nada teria de extraordinário se não fosse por um detalhe; conforme Marconi predissera anos antes ele conseguira mandar o impulso da Lua... O dedicado cientista, incansável, fazia novas predições e perseguia as realizações. Estava aplicado ao estudo das microondas quando seu coração, do qual exigira esforços em excesso, parou.

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Homens como Marconi jamais estarão mortos. Suas obras os tornam perenes.

HERTZ... MORSE... MARCONI..; CERTAMENTE PREVIRAM ALÉM DOS SEUS

INVENTOS (MAS, NÃO CONTARAM...)

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Cândido Mariano da Silva Rondon

"Ao mesmo tempo que introduzia no sertão a linha telegráfica, a sonda do progresso, como digo eu, a "'língua do Mariano", como dizem os maus amigos índios esforcei-me para que a sociedade se interessasse pelos irmãos primitivos que lembram a modéstia de sua origem, não há dúvida, mas sem os quais não teria sido possível levar a cabo minha tarefa".

(Cândido Mariano da Silva Rondon)

No dia 5 de maio de 1865, na Sesmaria do Morro Redondo, em Mimoso, Mato Grosso, nasceu Cândido Mariano da Silva Rondon, em cujas veias corria o sangue índio-guaná e bororó de duas bisavós maternas e, por parte do pai, paulista, sangue espanhol. Antes do seu nascimento, o pai, Cândido Mariano, já doente e prevendo morte próxima, por causa da varíola, escreveu ao seu irmão Manoel Rodrigues, pedindo-lhe para levar o filho de Mimoso, pois dizia ele, na carta ao irmão, que "aqui em Mimoso será um vaqueiro ignorante; na cidade poderá se preparar para servir melhor a nossa terra". Morreu sem conhecer o filho, mas estava, com essas palavras, predestinando o futuro para seu filho, glória de nosso povo. Até 1878, o menino Cândido Rondon fez os estudos primários. Em 1879, em Cuiabá, matriculou-se no Liceu Cuiabano, onde ficou até formar-se professor, com 16 anos de idade. Seguiu para o Rio de Janeiro em 1881, matriculando-se na Escola Militar, onde ficou até janeiro de 1889, quando se formou.

GLÓRIA DE UM POVO

Rondon, comunicador e integrador por excelência, símbolo dos pioneiros que construíram o Brasil, está na consciência do povo brasileiro e no mapa nacional, onde Rondônia o imortaliza. O velho desbravador. Bandeirante dos Sertões,

amigo desvelado dos índios, militar dedicado à causa da integração do País, sacrificou-se pelo Brasil humilde e longínquo, lutando para que a cultura substituísse pacificamente o primitivismo. Cândido Mariano da Silva Rondon morreu a 19 de janeiro de 1958, com 93 anos, mas ainda vive para o Brasil e para seu povo. Sua obra, no setor das comunicações, serviu de base para os trabalhos hoje realizados pelo Ministério das Comunicações em todo o País, Fronteiras fixadas por ele, com imensas dificuldades, foram definitivamente delimitadas pelo Ministério das Relações Exteriores. Cândido Mariano da Silva Rondon, pioneiro na construção de linhas telegráficas em locais considerados inatingíveis, delimitador de fronteiras difíceis de equacionar e defensor ardoroso dos costumes e direitos indígenas é, sem dúvida, o símbolo da Integração Nacional. O sonho de Rondon é um legado à posteridade e sua obra, a glória de nosso povo. A sua biografia pertence à humanidade. Elevado ao Marechalato, por Lei Especial do Congresso Nacional, vê-se festejado quando, ao completar 89 anos, a Universidade de Sorbonne, em Paris, promoveu sessão solene em sua homenagem, com a participação de todas as demais universidades francesas. Secundou-a a Sociedade de Geografia de Nova Iorque, que expôs seu nome em letras de ouro entre Pearry (descobridor do Pólo Norte), Amundsen (descobridor do Pólo Sul), Charcot (explorador que mais devassou terras árticas) e Byrd (explorador que mais devassou terras antárticas), considerando-os os cinco maiores exploradores do mundo. A máxima consagração viria, entretanto, através do "Explore's Club" de Nova Iorque, com apoio de entidades científicas e culturais do mundo inteiro ao lançar a candidatura de Cândido Mariano da Silva Rondon ao Prêmio Nobe da Paz. Não viveu, porém, o bastante para receber a honraria. Numa tarde de sol em Copacabana, Rio de Janeiro, Rondon, cego, recebe a extrema unção. Ao médico que o assiste, balbucia: "Viva a República, viva a República". E morre. O calendário marcava 19 de janeiro de 1958. O dia 5 de maio, natalício de Rondon é considerado o dia das Comunicações no Brasil.

MARECHAL RONDON O COMUNICADOR

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JUSTO RECONHECIMENTO

Dele disse um dia Theodore Roosevelt: "A América poda apresentar ao mundo duas realizações ciclópicas: ao norte, o Canal do Panamá, ao sul, o trabalho de Rondon. cientista, prático, humanitário". Em entrevista a um jornal de Nova Iorque, assinalou, ainda, o ex-presidente americano: "O coronel tem, como homem, todas as virtudes de um sacerdote: é um puritano de uma perfeição inimaginável na época moderna; é, como profissional, tamanho cientista, tão grande é o seu conjunto de conhecimentos, que se pode considerá-lo um sábio. Quanto mais eu o conhecia e o estudava, em meio da contemplação da grandeza do Brasil, mais me firmava na idéia de que essa grandeza não era maior do que a do filho ilustre desse recanto prodigioso da natureza. Nunca vi, nem conheço alma igual. E também nunca vi, nem verei obra igual. Os homens que a estão realizando são, pela sua abnegação e patriotismo, os maiores que existem. Um povo que tem filhos desta ordem há da vencer. O século XX pertence-lhe".

NOTÍCIA ESTRAMHÂ... (e se fosse verdade?)

Se em 1877, apesar de já ser realidade, o telefone era chamado por um jornal londrino de "Mais uma fraude americana", imagine-se como um jornal de Boston (EUA) noticiou, em 1867 (dez anos antes...) a prisão de um cidadão, em Nova York. "Um homem de cerca de 46 anos de idade, que deu o nome de Joshua Coppersmith, foi preso em Nova York por tentar extorquir dinheiro a pessoas ignorantes e supersticiosas, exibindo um aparelho que ela diz que levará a voz humana a qualquer distância sobre fios metálicos, de modo que ela será ouvida por qualquer pessoa na outra extremidade da linha. Ele chama o instrumento de "telefone", com o fim, evidentemente, da imitar a palavra "telégrafo" e ganhar a confiança daqueles que sabem do sucesso deste último aparelho, sem conhecerem os princípios sobre os quais se baseia. As pessoas bem instruídas sabem que é impossível transmitir a voz humana sobre fios, conforme pode ser feito com pontos e traços e sinais do código Morse, e que, se fosse possível fazê-lo de modo indicado, a coisa não teria valor prático. As autoridades que prenderam este criminoso estão de parabéns e esperamos que a punição do impostor seja rápida e severa, para que sirva de exemplo aos planejadores sem consciência que enriquecem à custa de seus semelhantes" Notícias como essas eram de molde a desencorajar mesmo aqueles que tinham plena convicção dos seus ideais... Talvez o cidadão Joshua tenha sido um refinado escroque. Porém, suponha-se que ele de fato, tivesse inventado o aparelho... sem ao me nos ter tido a oportunidade de demonstrar o seu funcionamento. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o padre brasileiro

Landell de Moura, como poderá ficar comprovado nestas mesmas páginas. Punido pela incompreensão, chamados de malucos, muitas vezes os inventores tiveram que resignar-se, depositando o fruto das suas convicções no fundo dos baús.

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Padre Roberto Landell de Moura.

Um padre, que conhecia eletricidade e em 1893 fazia experiências extraordinárias, tão avançadas quanto aquelas que Marconi apenas iniciaria dois anos depois, merece que a história das telecomunicações lhe faça justiça. O padre Landell sofreu muito ante à incompreensão que cercou seus inventos. Roberto Landell de Moura nasceu em Por-to Alegre a 21 de janeiro de 1861. Estudou no colégio dos Jesuítas e sempre gostou tanto da Ciência quanto da Religião. Ordenou-se sacerdote em 1886, depois de ter estudado na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde aprendeu Física e desenvolveu seus primeiros estudos sobre a "Unidade das forças físicas e a harmonia do Universo". Transferido de Porto Alegre para São Paulo em 1892, o padre Landell fez suas experiências extraordinárias na capital paulista.

PQR QUE LANDELL NÃO ENTROU PARA A HISTÓRIA?

Perseguido até pelas autoridades religiosas da época, algumas das quais o acusavam de herege, temido por paroquianos ignorantes, que o tinham como bruxo e espírita, Roberto Landell de Moura morreu em Porto Alegre, pobre, ignorado, incompreendido, com a fama de louco e lunático. Sacerdote um tanto fora dos padrões co-muns da época, Landell dedicava grande parte de seu tempo à ciência. Foi em Campinas, onde era pároco de urna igreja, que suas invenções tiveram grande impulso, e ele descobriu princípios da física absolutamente inéditos. Entre eles estavam aqueles que, anos mais tarde, seriam empregados na modulação de ondas para a radio transmissão e na emissão de ondas entretidas - (ondas contínuas de freqüência constante). O padre Landell inventou o primeiro aparelho para a transmissão e recepção da palavra falada sem fio, testando-o com êxito, em 1893, quando conseguiu transmitir sinais e sons musicais a uma distância de oito quilômetros, entre a Avenida Paulista e o Alto de Santana, num sistema de telefonia sem fios.

O invento assombrou a população e à pró-pria Igreja, que não tardaram a chamá-lo de louco, bruxo e espírita. Mas, perseverante, padre Landell prosseguia. Logo inventou o teleauxifono (uma espécie de telefone), o caleofono (atual intercomunicador), o anematono (telefone sem fio, que reproduzia com igual nitidez as palavras), o teletiton (telegrafia sem fio, onde as pessoas podem se comunicar sem ser ouvidas por outra) e o edifono (aparelho para neutralizar ruídos e interferências na voz humana). Na realidade, como provam seus desenhos e esquemas, foi ele o verdadeiro inventor da válvula de três pólos, ou triodo, com a qual era possível modular uma corrente elétrica e transmiti-la, sem fios, a longas distâncias. Marconi em 1896, três anos mais tarde, patenteou a telegrafia sem fio; Brighton fez o mesmo, em 1900, para a radiotelefonia.

AS PATENTES DE UM "MALUCO"

Em julho de 1901, padre Landell embarcou para os Estados Unidos para patentear seus inventos. Mas não foi bem sucedido: os americanos exigiram modelos, e ele teve que improvisar um laboratório passando fome e privações; além disso, os norte-americanos pretendiam rotular os aparelhos como obras dos EUA, pagando uma insignificância ao brasileiro. Mesmo assim, em outubro do mesmo ano seu invento foi protocolado com o nome de telefone sem fio. Um ano depois, era registrado o telégrafo sem fio e o transmissor de ondas. Todos estes inventos, com suas patentes e números comprovados estão assombrando professores e cientistas brasileiros, que só agora tomam conhecimento de sua existência: seus equipamentos utilizam luz composta de radiações claras e radiações actínicas, estabelece princípios de amplificação com ar comprimido (o que foi utilizado na década de 40) e especificam noções do aumento da distância e das ondas curtas, fundamentais para o sistema de microondas. O padre Landell de Moura nunca aplicou, entretanto, as suas invenções mais complexas. De volta ao Brasil, pediu ao presidente da República, Rodrigues Alves, dois navios de guerra, onde demonstraria seus equipamentos. Quando o assessor do presidente perguntou a que distância queria os navios de terra obtendo a resposta "a quantas milhas quiser, pois meus aparelhos podem funcionar a qualquer

PADRE LANDELL DE MOURA INVENTOR INCOMPREENDIDO

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distância e poderão servir no futuro para comunicações interplanetárias", a presidência mudou de idéia e resolveu arquivar o pedido. Motivo: Padre Landell foi considerado positivamente maluco não só pelo assessor, mas pelo próprio Rodrigues Alves (o governo italiano, com relação a Marconi, também não colocou os navios de guerra à disposição do prematuro inventor, que precisou ir buscar recursos na Grã-Bretanha).

DOCUMENTO

OS DOCUMENTOS, DESENHOS E

ESQUEMAS QUE O PADRE LANDELL DE

MOURA DEIXOU FORAM ANALISADOS NA

ATUALIDADE E A CONCLUSÃO FOI ESTA;

REALMENTE ELE DIZIA A VERDADE!

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Samuel Morse

A telegrafia, técnica de comunicação à distância, é conhecida desde a antiguidade, através de sinais de fogo, fumaça, tambores e vários outros. Mas o telégrafo de cunho realmente prático surgiu na França, em 1791, com as experiências de Claude Chappe, inventor de aparelhos elétricos e acústicos. Seu principal invento foi um aparelho de sinalização óptica composto de um poste com uma barra transversal superior, em cujas extremidades giravam duas barras menores. As posições dessas barras simbolizavam palavras ou letras. O emprego da eletricidade tornou possível a transmissão quase instantânea de sinais. O primeiro telégrafo data de 1774, criado em Genebra, por Lesage. A seguir, foram utilizadas pilhas e, em 1820, Ampere utilizou a agulha imantada sob a ação da corrente elétrica. O aparelho de Steinheil, em 1837, foi o primeiro a registrar sinais em uma tira de papel. Anos depois, ele descobriria o importante desempenho da terra como condutor o que permitiu a supressão do fio de retorno. Nesse mesmo ano de 1837, o americano Samuel Morse (1791-1872) requeria, na América, patente de um aparelho que utilizava o eletroímã e o código de traços e pontos (usado ainda hoje), do qual derivam direta ou indíretamente, todos os aparelhos que vieram depois. Ainda em 1844 Morse organizou uma empresa para construção de uma linha regular entre Nova Iorque, Baltimore e Washington.

UM APAIXONADO

Foi na Europa, em 1823, que Samuel Morse se apaixonou pela telegrafia, ficando tão impressionado com as possibilidades dos telégrafos da época que até abandonou sua profissão (era pintor - retratista, para se dedicar inteiramente à telegrafia. Três anos depois ele criaria um modelo experimental que funcionava da seguinte maneira: a corrente elétrica de uma pilha passava por um

eletroímã e fazia um lápis mover-se sobre uma folha de papel apoiada em um cilindro. À medida que a fita avançava sobre o cilindro, o lápis ia riscando um gráfico irregular, cujo traçado correspondia aos sinais de um código, também criado por Morse. No entanto, esse sistema não funcionava bem em grandes distâncias, e naquele tempo, 30 quilômetros era uma distância considerada enorme. Os sinais tornavam-se fracos, quase im-perceptíveis. Para suprir essa falha o inventor desenvolveu um dispositivo auxiliar que, instalado em pontos intermediários repetia automaticamente os sinais, fazendo-os chegar com a devida intensidade ao seu destino. Estava, assim, aberta a possibilidade de instalação de redes telegráficas atingindo grandes distâncias, o que ocorreu por volta de 1920.

Aparelho telegráfico – 1837

O BRASIL CONTOU COM OS MELHORES SERVIÇOS TELEGRÁFICOS

DO MUNDO O telégrafo elétrico foi inaugurado no Brasil no dia 11 de maio de 1852; quando, para comemorar o evento, o Imperador dom Pedro II, do Paço de São Cristóvão, trocou mensagens com o ministro Euzébio de Queirós e o professor Capanema, que se encontravam no Quartel General. Guilherme Schuch de Capanema, professor de Física na Escola Central (hoje Escola Nacional de Engenharia), cedeu uma

SAMUEL MORSE

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aparelhagem que possuía do então ministro da Fazenda, Euzébio de Queirós e do professor Paulo Cândido da Faculdade de Medicina. Eles resolveram, então, iniciar a instalação da rede elétrica. Não tendo obtido os resultados esperados, devolveram a Capanema o equipamento e ele resolveu reiniciar as experiências. Foi então incumbido pelo Ministro de executar a instalação da nossa primeira linha telegráfica, que iria unir o Quartel General do Campo de Santana a Quinta da Boa Vista. Para isso, Capanema encomendou na Europa toda a aparelhagem necessária e com ajuda dos presos da Casa de Correção, fez a primeira linha subterrânea, medindo 4.300 metros em linha reta. Finalmente, em maio de 1352 foi inaugurado o telégrafo elétrico no Brasil. Em 1857, uma linha telegráfica ligou o Rio de Janeiro a Petrópolis e, ao longo da Guerra do Paraguai, por razões militares, o Rio foi conectado com ai cidades de Porto Alegre, Rio Grande e Pelotas. Nos anos seguintes, novos contatos se fizeram, integrando a Nação. Assim, a Paraíba obteve contato telegráfico com a Capital em 1875, Fortaleza obteve-o em 1881, Belém em 1886, Goiás em 1890 e, finalmente, Mato Grosso em 1831. O ano de 1874 marcou a inauguração do primeiro cabo submarino no Brasil (quase cem anos depois, 1973, novo cabo submarino ligaria o País às Ilhas Canárias, ampliando as possibilidades de comunicação com a Europa, via Espanha). Em dezembro de 1900 já havia 390 estações telegráficas no Brasil e a extensão das linhas federais atingiram 21.065 quilômetros. Nesse ano foram expedidos no território nacional cerca de 1.310 mil telegramas (20 milhões de palavras). E o movimento geral dos telegramas internacionais transmitidos a recebidos foi de 1.354 mil (21 milhões de palavras); a Repartição de Telégrafos teve uma renda de 6.719 contos de réis, acusando déficit, como nos anos anteriores e posteriores. Nessa época, Marconi já fazia experiências na Inglaterra com a radiotelegrafia. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, ECT, opera atualmente uma rede nacional DDD de computação telegráfica constituída de várias centrais locais e de trânsito, localizadas nas principais Capitais do País, bem como de equipamentos multiplex e fonotelegráficos, canalizando as comunicações entre os assinantes dessas centrais locais. Esse dinamismo no campo da telegrafia, precursora das telecomunicações, coloca o Brasil

entre os países do mundo que melhor ofereceram os serviços telegráficos. Essa rede nacional DDD, operada pela ECT, admite como suporte somente meios de transmissão de alta confiabilidade, como microondas ou UHF, e seus terminais se encontram instalados em cidades cujas potencialidades sócio-econômicas justifiquem a sua integração à rede. Tratava-se da chamada Rede Nacional Gentex - RNGTX - ou seja, a rede de primeiro nível da empresa interligada, existiu a rede secundária de linhas físicas, instalada em algumas localidades ainda remanescentes das linhas estendidas pelo marechal Rondon, pioneiro das Comunicações no Brasil e uma rede de rádio com estações centralizadoras em localidades privadas de terminais RNGTX. As cidades servidas por essas redes secundárias geralmente possuem baixa densidade populacional e reduzido volume de tráfego. Sob o ponto de vista da comutação e transmissão, as mensagens veiculadas na RNGTX não apresentam diferença alguma de uma mensagem de telex comum. As diferenças estão justamente na operação, que na RNGTX foi feita através de operadores, mensageiros e demais funcionários da ECT, enquanto na antiga Rede Nacional de Telex, a operação (perfuração, preparação, transmissão e recepção) foi inteiramente exercida pelo usuário da rede. A utilização da RNGTX se deu através dos balcões das agências dos Correios e Telégrafos, onde são taxadas as mensagens do público em geral, bem como através do serviço de fonogramia - terminais telefônicos de uma central da ECT, com o código de chamada 135, cujo acesso era livre a todos os usuários da rede telefônica local e, finalmente, através de terminais da própria Rede Nacional de Telex (RNTX) instalados nos Correios.

SISTEMA SIMPLES

A transmissão dos sinais elétricos era feita por meto de uma chave, isto é, uma pequena alavanca de metal com um contato em cada extremidade e um pivô ao centro. Pressionada a chave, sua parte dianteira locava um contato metálico, ligando a pilha à linha. Com isso, estabelecia-se o circuito e a corrente seguia para o receptor. Se a chave era baixada por um instante apenas, o receptor traduzia sob a forma de um ponto; uma pressão mais prolongada originava um traço. E assim, as letras iam sendo representadas por uma combinação diferente de pontos e traços, que mais tarde seria conhecida como "Código Morse".

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PONTO E TRAÇO: UMA LINGUAGEM

A 24 de maio de 1844, num prédio na cidade de Washington, nos Estados Unidos, Samuel Morse acionou a pequena alavanca de um curioso engenho que ele mesmo construíra. No mesmo instante, na cidade de Baltimore, a 64 quilômetros de distância, um colaborador do cientista, sentado diante de um engenho semelhante, notou que seu dispositivo entrava em funcionamento. Interpretando os traços irregulares que a agulha do mecanismo traçava numa fita de papel, ele pôde ler: "What hath God Wrought" (Eis o que Deus realizou). Este foi o primeiro telegrama da História. E com a transmissão desse versículo da Bíblia, Samuel Morse mereceu o título de inventor do primeiro telégrafo realmente prático.

OUTROS SISTEMAS O sucesso das transmissões telegráficas foi absoluto. No princípio do século seguinte eram exigidas novas opções para barateamento dos custos, pois só era possível transmitir uma mensagem por vez. Começaram a surgir novos métodos: a transmissão duplex, que veio permitir o envio simultâneo de duas mensagens ao mesmo tempo. A seguir foi criado o quadriplex, possibilitando o manejo de duas mensagens em cada direção. Mais tarde foi desenvolvido o eficiente aparelho multiplex, capaz de transmitir quatro mensagens simultâneas de cada estação, sendo que oito mensagens trafegam ao mesmo tempo em sentidos opostos da linha.

S O S SOS... SOS... SOS... Ao contrário da crença geral, tais letras emitidas pelos radiotransrnissores que pedem socorro não são iniciais da "Save our ship" (Salvem nosso navio) nem de "Sava our Soufs" (Salvem nossas almas). Foi em 1912 que o Congresso Radiotelegráfico Internacional escolheu um sinal em Morse para ser usado por todos os navios e aviões em casos de perigo. O sinal SOS é composto de três batidas curtas, três longas e novamente três curtas. Este código foi escolhido por ser fácil de ser enviado mesmo para um leigo que nunca tenha manejado um manipulador telegráfico. É fácil de reconhecer quando captado e pode ser repetido durante um tampo indefinido. Foi pela circunstância rio pedido de socorro constituir-se de três batidas curtas para o S e trás batidas longas para O, que o sinal de perigo ficou sendo identificado pelas letras SOS. Tais letras são agora, de domínio público mundial e exprime sinônimo de "emergência", "socorro". O homem sempre teve necessidade de manter contato com seus semelhantes. Com esse objetivo, criou os mais diferentes e sofisticados

meios de comunicar-se. A origem da palavra telégrafo vem do grego "tele" que quer dizer longe, a "graphein", escrever. Em 1344, o então presidente da República Getúlio Vargas, através do Decreto n.° 6.522, dedicou o dia 24 de maio ao Telegrafista.

HOMENAGEM A MORSE

Usando o Código Morse, é possível decifrar a singela, porém emocionante homenagem abaixo, nesta página dedicada s Samuel Morse, o inventor da telegrafia.

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O QUE É?

Cabo submarino é um cabo telefônico especial, que recebe uma proteção mecânica adicional, própria para instalação sob a água, por exemplo, em rios, baías e oceanos. Normalmente dispõe de alma de aço e de um isolamento e proteção mecânica especiais. Este tipo de cabo telefônico é utilizado principalmente em redes internacionais de telecomunicações, que interligam países e continentes. No Brasil, pelo seu tamanho continental, o cabo submarino é utilizado para interconectar toda a sua costa. Seu tipo pode ser metálico, coaxial ou óptico, sendo este último o mais utilizado atualmente.

Muito embora existam divergências quanto às datas, o primeiro cabo submarino de que se tem notícia foi um cabo telegráfico lançado em 1851 no Canal Inglês de Dover. Em 1858 foi lançado o primeiro cabo submarino metálico transatlântico interligando a América do Norte e a Inglaterra. O sistema era lento com uma largura de banda capaz de transportar apenas duas palavras por minuto. Seu funcionamento, no entanto, foi efêmero. O primeiro cabo submarino transatlântico lançado com sucesso só correu em 1866. O número de cabos submarinos metálicos continuou crescendo, mas ainda se limitavam à transmissão de mensagens telegráficas.

O cabo submarino coaxial surgiu em 1956 e permitiu a comunicação de várias pessoas ao mesmo tempo. No início dos anos 70, com o desenvolvimento do cabo óptico e a sua aplicação na comunicação submarina, este meio de transmissão tornou-se a melhor opção. O primeiro sistema óptico, precursor dos sistemas de cabos submarinos atuais, foi implantado nas Ilhas Canárias em 1982. A era do cabo óptico submarino de longa distância teve início efetivamente em 1988 com o lançamento de um cabo óptico submarino transatlântico entre os oceanos Pacífico e Atlântico (interligando USA, França e Inglaterra) com capacidade de transmissão em massa.

A primeira rede de fibra ótica projetada para utilização da técnica DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexer) foi implementada em 1988 e interligou os Estados Unidos com a Grã Bretanha, a Alemanha e a Holanda. Este cabo era associado ao sistema TAT-8 e elevou a capacidade de tráfego entre os EUA e a Europa para 20.000 circuitos de voz.

No final do século XX e início do século XXI o mundo viu um aumento efetivo de oferta de banda através dos novos sistemas de cabos submarinos que foram lançados neste período no Oceano Pacífico, Oceano Atlântico, Sudeste da Ásia, e América do Sul. Neste período as Américas vivenciaram o lançamento de três novas redes ópticas submarinas de grande capacidade e alta tecnologia que interligam as três Américas circundando-as pelo Atlântico e o Pacífico: SAM1 da Emergia, o South American Crossing da Global Crossing e o 360 Network (Globenet).

Uma combinação de fatores foi responsável por este aumento de banda, como a demanda reprimida, o aumento de tráfego telefônico e de TV internacional, a Internet, a desregulamentação do setor de telecomunicações em vários países, a competição e o avanço tecnológico como o DWDM, técnicas de amplificação óptica (amplificador óptico em linha, pós-amplificador, pré-amplificador, amplificação remota, etc.). Tais fatores permitiram ampliar as bandas e reduzir os custos de equipamentos, cabos e os serviços de instalação e lançamento, tendo sido determinantes para que os preços de banda passassem a um novo patamar.

Em paralelo implementaram-se mecanismos de proteção mecânica (dos cabos submarinos) e de sistema (por exemplo, estrutura em anel de autocorreção), conferindo aos sistemas ópticos submarinos novos paradigmas de confiabilidade e disponibilidade. Hoje se tem vários sistemas com capacidade de terabits e técnica de DWDM com 60 – 90 lambdas (comprimentos de onda). O tempo de transmissão de um sinal, que nos primórdios da telegrafia ainda era medido em minutos, caiu para milissegundos com o emprego da fibra ótica. Atualmente o maior cabo óptico submarino do mundo em extensão é o SEA-ME-WE 3, que mede 38 mil quilômetros e interliga 32 países do Sudeste Asiático, do Oriente Médio e da Europa.

No Brasil, o primeiro cabo submarino fez parte da primeira linha telegráfica brasileira. Foi inaugurado em 1857 e interligava a Praia da Saúde no Rio de Janeiro com a cidade de Petrópolis. A linha tinha extensão total de 50km, sendo 15km em cabo submarino.

Os primeiros cabos totalmente submarinos foram inaugurados por D. Pedro II em 1874, interligando o Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém. A linha Recife, João Pessoa, Natal foi estabelecida em 1875. A primeira ligação

CABOS SUBMARINOS

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internacional por cabo foi feita no mesmo ano, com Portugal, tendo sido concluída por meio de contrato com a empresa British Eastern Telegraph Company. A ligação com a Europa foi resultado do espírito empreendedor de Irineu Evangelista de Souza, Barão e depois Visconde de Mauá, que participou da organização e financiamento da instalação do cabo submarino.

Em 1893 a companhia inglesa South American Cables Ltd instalou um cabo submarino em Fernando de Noronha. Posteriormente, em 1914, a concessão deste cabo foi transferida para a França. Um segundo cabo submarino em Fernando de Noronha foi lançado pelos italianos da Italcable em 1925.

Principais Cabos Submarinos com presença no Brasil:

AMERICAS II

O cabo submarino Américas II entrou em operação em setembro de 2000, interligando o Brasil (Fortaleza) aos Estados Unidos. Resultado de um consórcio formado por diversas operadoras internacionais (Embratel, WorldCom, Sprint, CANTV, entre outras), opera com a tecnologia SDH (hierarquia digital síncrona), que permite que o sinal seja transmitido e recebido com sincronização. Com 9.000 km de extensão, quatro pares de fibras óticas e capacidade de transmissão de 80 Gbps, o Américas II interliga o Brasil, a Guiana Francesa, Trinidad e Tobago, Venezuela, Curaçao, Martinica, Porto Rico e Estados Unidos. O Américas II tem a capacidade de transmitir 151.200 ligações simultâneas e possui 8 lambdas

em cada par de fibra, com uma velocidade de 2,5 Gbps por lambda.

O Americas I segue o mesmo caminho do Americas II (Brasil, Trinidad & Tobago, Porto Rico e Estados Unidos). Foi inaugurado em setembro de 1994 e sai de Fortaleza rumo à Flórida.

ATLANTIS-2 Este cabo submarino pertence a um consórcio internacional formado por 25 grandes empresas de telecomunicações e que representam as maiores operadoras de telecomunicações do mundo. Exigiu recursos da ordem de US$ 370 milhões. Setenta por cento do empreendimento foi feito pelas operadoras Embratel, Deutsche Telecom, Telecom Itália, STET - France Telecom, e Telefônica de Espanha. Com cerca de 12 mil quilômetros de extensão e em operação desde o inicio de 2000, liga o Brasil (de Natal até o Rio de Janeiro) à Europa, África e América do Sul. O cabo possui dois pares de fibras óticas sendo um utilizado para serviço e o outro para restauração. É o único cabo submarino transatlântico que interliga diretamente a América do Sul à Europa. A capacidade atual deste cabo é de 20 Gbps, sendo a sua capacidade final prevista de 40 Gbps. Possui 8 lambdas no par de serviço, com uma velocidade de 2,5 Gbps por lambda.

Utilizando a infra-estrutura do Atlantis 2, a Embratel implantou ainda, para seu uso exclusivo, dois pares adicionais de fibras óticas com capacidade de 40 Gbps, entre Fortaleza e Rio de Janeiro. Através do cabo submarino Atlantis 2, o Brasil participa da rede digital que conecta os cinco continentes e que será composta pela interligação de 73 sistemas de cabos de fibras óticas, totalizando uma extensão de 385 mil quilômetros. Esta rede irá formar a infra-estrutura global da sociedade da informação.

EMERGIA – SAM 1

O cabo submarino SAM 1 da Emergia é um sistema construído pela Telefônica S.A., que investiu US$ 1,6 bilhão na sua realização. Ele interliga as três Américas por meio de cabos que somam 25 mil quilômetros de extensão. Possui quatro pares de fibras óticas, 48 lambdas em cada par de fibras, com uma velocidade de 10 Gbps por lambda o que lhe garante uma capacidade de transmissão final igual a 1,92 Tbps.

Diferente dos outros cabos submarinos que tocam o Brasil, o SAM 1 é um anel óptico que circunda as Américas através dos oceanos Atlântico e Pacífico. Ele é auto-restaurável o que permite garantir maior qualidade, velocidade e

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segurança ao tráfego de voz e dados entre as principais cidades do continente. Devido ao emprego da tecnologia DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexer), o circuito pode ser restabelecido caso haja interrupção em algum trecho do cabo submarino. Assim, a informação percorre o caminho inverso, já que o anel possui capacidade de auto-restauração para reagir a possíveis falhas em menos de 300 milissegundos, sem queda de transmissão.

A capacidade inicial do cabo da Emergia que entrou em operação em fevereiro de 2001 é de 40 Gbps, expansível até 1.92 Tbps. Os serviços de comunicações de banda larga permitem a conexão porta a porta, na América Latina, América Central e os Estados Unidos, atendendo ao Brasil, Argentina, Chile, Peru, Guatemala, Porto Rico e Estados Unidos.

No Brasil, o cabo interliga as cidades de Santos, Rio de Janeiro, Fortaleza e Salvador. Além disso, um dos centros de operação em rede mundial da Emergia (eNOC) localiza-se na cidade de Santos, Brasil.

GLOBAL CROSSING – SAC

Em operação comercial desde o início de 2001 o SAC da Global Crossing teve um custo estimado da ordem de US$ 2 bilhões. O cabo submarino tem 15 mil quilômetros e interliga os principais países da América do Sul, Central e Norte (Brasil, Argentina, Chile, Peru, Panamá e USA). O SAC é um anel óptico auto-restaurável que circunda as Américas através dos oceanos Atlântico e Pacífico. Esta configuração garante ao sistema uma qualidade que permite o fornecimento de um serviço em alta velocidade com qualidade e segurança entre as principais cidades do continente.

Em sua configuração final, o SAC terá quatro pares de fibras ópticas, 32 lâmbdas em cada par de fibras, com uma velocidade de 10 Gbps por lambda o que lhe garantirá uma capacidade de transmissão final igual a 1,28 Tbps. A capacidade inicial do cabo SAC é de 40 Gbps.

GLOBENET/360 NETWORK

Recentemente adquirida pela Brasil Telecom, o cabo da Globenet entrou em operação comercial no início de 2001. Diferente dos cabos da Emergia e da Global Crossing o da Globenet não circunda as Américas. Seu anel se fecha pelo próprio Atlântico interligando os Estados Unidos, as Ilhas Bermudas, a Venezuela e o Brasil. No Brasil os pontos de entrada são as cidades do Rio de Janeiro e de Fortaleza.

Com 22,5 km e 303 repetidores, o cabo da Globenet terá em sua configuração final 4 pares

de fibras ópticas, 34 lâmbdas em cada par de fibras, com uma velocidade de 10 Gbps por lambda o que lhe garantirá uma capacidade de transmissão final igual a 1,36 Tbps. A capacidade inicial do cabo SAC é de 40 Gbps.

UNISUR

Inaugurado oficialmente em 1 de novembro de 1994, o sistema de telecomunicações UNISUR interconecta os países do Mercosul, Argentina (La Plata), Brasil (Florianópolis) e Uruguai (Maldonado).

Resultado de um consórcio formado pelas operadoras internacionais Embratel, Antel (Uruguai) e Telintar (Argentina), compõe-se de um cabo submarino de fibra ótica com 1.741 quilômetros de extensão, 10 repetidores e 15.120 canais. Permite o tráfego de todos os tipos de meios de comunicação, como televisão, telex, telefonia, dados, etc.

CABO SUBMARINO: ESTRUTURA BÁSICA DO SISTEMA

A principal característica dos sistemas de comunicações de cabos ópticos submarinos, além da sua alta capacidade de transmissão é a distância que se pode atingir, chegando a até 9.000 km sem necessidade de regeneração do sinal. Nos sistemas que utilizam fibras ópticas de terceira geração (1300nm) consegue-se atingir espaçamentos de até 60km entre repetidores. Já nos sistemas que utilizam cabos com fibras óticas de quarta geração (1550nm), estes espaçamentos podem atingir até 100 Km. Além disso, o cabo óptico, amplificadores e regeneradores utilizados em sistemas submarinos são projetados para resistirem a pressão de água de até 8.000m de profundidade (pressão igual a 800 atmosferas). A estrutura dos componentes, incluindo os componentes ópticos, é de altíssima confiabilidade, normalmente assegurando 25 anos de vida útil.

ESTRUTURA EM ANEL

As redes que utilizam cabos submarinos são normalmente construídas em anel o que permite que a mesma circunde um continente, um país, uma ilha, oferecendo conectividade em toda a sua extensão e garantindo redundância, através do uso de sistemas SDH padrão para proteção e auto-restauração de tráfico da rede em caso de falha. Através da característica de auto-fechamento e da bidirecionalidade do anel pode-se partir de qualquer ponto do anel e chegar-se a qualquer outro ponto, trafegando-se com os dados em qualquer direção.

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A detecção de falhas é realizada através do equipamento de roteamento de tráfego. Ao detectar uma falha ele redireciona o tráfico automaticamente possibilitando uma reparação instantânea. O padrão ITU tem sido utilizado com sucesso nos principais sistemas submarinos do mundo inteiro, conferindo aos sistemas ópticos submarinos novos paradigmas de confiabilidade e disponibilidade. Apresenta-se a seguir os principais componentes de um sistema de comunicação de longa distância utilizando cabos submarinos.

ESTAÇÃO TERRENA

Na Estação Terrena estão os equipamentos responsáveis pela regeneração do sinal óptico e pela demultiplexação dos sinais separando-os em canais e posteriormente disponibilizado-os para a distribuição aos usuários finais. É na Estação Terrena que o cabo submarino chega quando entra no continente. Além da Estação Terrena, os sistemas submarinos completam-se com os Pontos de Presença (POP). Normalmente as Estações Terrenas situam-se em pontos distantes dos centros consumidores dos serviços. Assim, para permitir que se tenha uma distribuição eficiente dos serviços, criam-se os POPs para onde são levados os sinais da Estação Terrena. Tanto a Estação Terrena como os POPs são dotados de sistemas de energia e segurança com redundância de 100% incluindo a entrada de energia da concessionária, geradores, sistema ininterrupto de energia (no-break) e ar condicionado. Os sistemas de prevenção, proteção e combate a incêndio também são itens cuidadosamente estudados e implementados. O centro de gerência do sistema (NOC – Network Operation Center) geralmente é construído em uma Estação Terrena ou POP. Através de alarmes e sistemas de monitoração, o NOC permite o controle de tráfego, a vigilância dos sinais, identificação de problemas e a manutenção do sistema, 24 horas por dia, 7 dias na semana.

MULTIPLEXAÇÃO POR DIVISÃO DE ONDA DENSA (DWDM).

Os sistemas submarinos atuais têm capacidade de transmitir vários sinais ópticos independentes, cada um com um comprimento de onda característico (lambda). O método pelo qual vários sinais em diferentes comprimentos de onda são combinados numa única fibra é conhecido pelo nome de multiplexação por divisão de onda densa (DWDM). Os DWDM atualmente em funcionamento nos cabos submarinos trabalham com comprimentos de onda com velocidade de transmissão de 2,5Gbps e 10Gbps. Os equipamentos de DWDM ficam nas Estações Terrenas. Seu projeto, normalmente, permite um crescimento gradual, desde um único comprimento de onda até múltiplos comprimentos, a medida que aumentem as necessidades de capacidade.

EQUIPAMENTO SDH

O equipamento SDH oferece às redes ópticas funções de multiplexação e proteção. Todas as interfaces são de padronizadas de acordo com normas internacionais, permitindo a sua interligação com outras redes submarinas, terrestres e de satélite. Podem estar instalados tanto na Estação Terrena como no POP.

AMPLIFICADORES ÓPTICOS Os amplificadores ópticos compensam as perdas no cabo submarino devidas à atenuação do sinal. Eles são conectados ao cabo a intervalos de distância apropriados e devolvem aos pulsos óticos a sua amplitude original, sem necessidade de ter que convertê-los à sua forma eletrônica nos repetidores submarinos. Eles não realizam a regeneração do sinal, que é feita na Estação Terrena. Os amplificadores ópticos são projetados de modo a poder transportar a capacidade da fibra através dos vários milhares de quilômetros entre as Estações Terrenas.

Cabo Submarino Típico 1 – Uso no oceano

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A alimentação dos amplificadores ópticos de um sistema óptico submarino é feita remotamente a partir das Estações Terrenas. A voltagem necessária para a alimentação dos amplificadores gira em torno de 4.000V. O cabo submarino acompanha a topografia do fundo do oceano e fica praticamente “estacionado” no leito submarino. Isto se deve ao próprio peso do cabo e ao peso dos amplificadores (em torno de 500 kg cada um). Assim, na parte oceânica o cabo submarino não necessita de uma maior proteção além da utilizada para resistir à pressão de água em grandes profundidades. Pode-se utilizar vários tipos de cabo de acordo com as condições do leito oceânico e as funções da rede. O cabo tronco normalmente possui quatro pares de fibras e os ramais dois. Em águas profundas o tronco e ramais são leves, não havendo a necessidade de uma blindagem mais pesada. Perto da costa utilizam-se cabos blindados de vários tipos para minimizar as ameaças externas das âncoras das embarcações e barcos pesqueiros. A fibra é desenvolvida especificamente para aplicações submarinas e produzida especialmente para transportar a capacidade da fibra através dos vários milhares de quilômetros entre as Estações Terrenas. 1. Proteção externa 2. Cabos de aço galvanizado responsáveis pela

resistência do cabo 3. Camada de cobre (condutor da energia da

alimentação remota dos amplificadores) 4. Fibras óticas Cabo Submarino Típico 2 – Uso já na plataforma Por estar mais exposto e sujeito a danos, ao chegar à plataforma continental o cabo submarino passa a ser enterrado a uma profundidade média de 1m. Para lhe conferir mais confiabilidade no sentido da proteção mecânica, o cabo submarino instalado na plataforma possui uma proteção extra. 1. Proteção externa. 2. Cabos de aço galvanizado responsáveis pela

a resistência do cabo. 3. Proteção interna.

4. Segunda camada de aço galvanizado para a resistência do cabo.

5. Camada de cobre (condutor da energia da alimentação remota dos amplificadores). 6) Fibras ópticas

As fibras ópticas podem ser do tipo: monomodo (single mode), dispersion shifted (dispersão alternada), non-zero dispersion shifted ou outra, dependendo do tipo de aplicação, distância entre os amplificadores e da eletrônica utilizada no sistema. Por questões técnicas, num mesmo cabo óptico submarino pode-se ter diferentes tipos de fibras, ou seja, a dispersão das fibras pode variar em cada trecho do trajeto, dependendo da distância entre as estações terrenas e dos amplificadores. Nos últimos anos foram construídos vários cabos submarinos que interligam o Brasil às varias partes do mundo. A implantação de um cabo submarino é um projeto complexo. A estrutura para o lançamento de um sistema óptico submarino baseia-se em três pontos: 1. Fabricante / fornecedor do cabo óptico

submarino /equipamentos; 2. Companhia especializada no lançamento do

cabo; 3. Operadora de telecomunicações. A operadora de telecomunicações (consorciada a outras empresas ou não) geralmente é a responsável pela encomenda de um sistema de rede óptica submarina. O fornecedor do cabo é o principal contratado, que recebe a incumbência de fabricar os cabos ópticos e os equipamentos de transmissão. A terceira empresa envolvida nesta estrutura é a especializada no lançamento do cabo. Através de um navio especialmente desenvolvido e equipado para esta operação, realiza um minucioso estudo das características do leito oceânico como as suas zonas de profundidade, perfil topográfico e geológico, bem como as suas características físicas e químicas. A partir destes dados traça a rota mais segura para o lançamento e a instalação do cabo óptico submarino. Posteriormente, esta empresa também pode ser a responsável pela manutenção da rede.

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A invenção da televisão está ligada a descobertas anteriores ligadas à radiodifusão, quais sejam: a descoberta das ondas de rádio por parte de Rudolf Hertz, em 1887; da invenção da antena para captá-las, por parte de Aleksandr Popov em 1895; e por parte de Guglielmo Marconi, que, ao inventar a radiotelegrafia Sem fios, em 1896, conseguiu emitir sons e captá-los a centenas de metros. Já em 1873, Willoughby Smith, inglês, comprovara a propriedade do selênio de transformar energia luminosa em energia elétrica, provando que era possível transmitir imagens eletricamente. Já neste século, à altura da década de 20, baseando-se em trabalhos de Paul Nipkow, alemão, John Logie Baird conseguira realizar as transmissões pioneiras, concluindo com um acor-do com a BBC, em 1926, para emissões experimentais. As pesquisas tiveram continuidade pelo russo-americano Vladimir Zworykin e peio alemão Ferdinand Braun; mas, em 1930, foi o francês René Barthelemy que conseguiu fazer funcionar um transmissor. A primeira estação de TV regular foi montada na Torre Eiffel, em 1935; seguiram-se as estações de Londres (1936), Moscou.(1938) e Nova Iorque em (1939}. Durante a guerra mundial somente a Alemanha manteve a televisão em funcionamento, até 1943. Coube à BBC fazer a primeira transmissão de TV para o continente, em 1950; então, foi criada a Eurovisão, naquele mesmo ano, quando o número de pessoas possuidoras de televisores não chegava a um milhão. A guerra teve grande influência nessa lentidão inicial. Frei José Mojica – 1º programa da TV brasileira

ASSIS CHATEAUBRIAND, DA

"CADEIA JUPÃ" DE JORNAL, RÁDIO E TELEVISÃO, A 4 DE JULHO DE 1950 INAUGUROU A 1ª TV BRASILEIRA

COM ESTA IMAGEM

Como já tinha acontecido com a introdução do rádio, foi também nos Estados Unidos, nação não afetada pela guerra, que a televisão desenvolveu-se mais rapidamente; na década de 50 a nação americana era a única em que havia um televisor em quase todas as casas. Esse desenvolvimento deveu-se ao fato das transmissoras de TV americanas terem obtido logo de inicio substanciais quantias dos anunciantes; também teve influência a rapidez com que puseram à disposição do público o encadeamento das estações possibilitando a um Estado assistir a programas de outros, fato hoje corriqueiro, mas que naquela época foi considerado animador pelos que ainda duvidavam. Também na Inglaterra aconteceu o mesmo, quando a televisão BBC implantou as transmissões em cadeia, levando som e imagem para as províncias mais distantes. Posteriormente a transmissão passou a ser feita entre países por intermédio da Eurovisão, entidade nascida da união das nações da Europa Ocidental, As nações do leste europeu também criaram a sua entidade sob o nome de Intervisão. Em 1961 houve a transmissão Intercontinental de Moscou para a Grã-Bretanha, mostrando a chegada do cosmonauta Gagarin. O sucesso da televisão recrudesceu com o lançamento dos satélites artificiais, notadamente o "Pássaro Madrugador", em 1965, que permitiu a transmissão para o mundo inteiro, pela Mundovisão, de imagem e som notavelmente límpidos. . A notícia de que a descida do primeiro foguete tripulado na Lua seria transmitida pela TV fez com que literalmente se esgotassem os estoques de aparelhos na maioria das lojas; no dia 20 de julho de 1969 milhões de telespectadores puderam assistir, maravilhados, a um espetáculo que viria ligar definitivamente as transmissões televisivas à vida do homem. A imagem passou a viajar pelo espaço e a entrar nos lares, modificando usos e costumes dos homens e dos meios sociais. No início, as transmissões eram feitas em branco e preto e estas deixavam muito a desejar; mas a tecnologia encarregou-se de introduzir as melhorias até chegar os soberbos espetáculos a cores que hoje são transmitidos com formidável nitidez, de qualquer parte da terra. A primeira transmissão da América Latina foi feita pelo Brasil, na cidade de São Paulo, no

TELEVISÃO

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dia 4 de julho de 1950; o programa inicial apresentou o cantor Frei José de Guadalupe Mojica, pelo Canal 3 da TV Tupi, que depois passou a usar o Canal 4. Naquele dia, cerca de 5 mil pessoas foram assistir à primeira demonstração em vários televisores instalados na Praça Dom José Gaspar e no hall dos Diários Associados, na Rua Sete de Abril. Aquela demonstração foi feita diretamente das câmaras de TV ligadas aos receptores por um cabo coaxial. A recepção da imagem deixou muito a desejar se comparada à que hoje é oferecida. Mas o público paulista naquele dia e nos dois meses seguintes teve uma idéia do que seria uma transmissão televisionada. Assim, algumas lojas já expunham aparelhos para venda. A 18 de setembro daquele ano, 1950, deu-se a inauguração oficial; a antena transmissora foi instalada no alto da torre 6o edifício do Banco do Brasil. A primeira transmissão do Interior aconteceu diretamente de Santos para São Paulo, no dia 18 de dezembro de 1955. Foram cinco anos de espera. Naquele Dia, com um "link-relay" instalado no Alto da Serra, a "1.100 m acima do mar, foi televisionado o jogo de futebol entre Santos e Palmeiras. A partir de então, as transmissões foram para lugares cada vez mais distantes. A segunda estação de TV brasileira foi instalada no Canal 5, também em São Paulo, no ano de 1952, sob o nome "Televisão Paulista" (hoje TV Globo). No ano seguinte, coube ao Rio de Janeiro inaugurar o Canal 6 (Tupi) e em 1954 novamente São Paulo contou com mais uma estação: a TV Record, Canal 7. A partir de então, todas as Capitais de Estados brasileiros e algumas grandes cidades do Interior também instalaram seus transmissores e a Televisão brasileira passou a pensar em colorir suas telas, já que nos EUA a televisão colorida já estava no ar desde 1954, o mesmo acontecendo com alguns poucos países europeus no início da década de 70. O Governo brasileiro encarregou uma Comissão para verificar qual, dentre os vários sistemas usados no mundo seria o mais adequado ao nosso País e qual seria aquele que melhores resultados obtinha nas transmissões. Dessa forma, em 31/3/1972 deu-se início à era da televisão colorida em nosso País, com a adoção do Sistema Pall (alemão). De acordo com dados extraídos do Anuário estatístico do IBGE (1977), funcionavam no Brasil, naquele ano, 75 emissoras de televisão, sendo 9 ceias instaladas em São Paulo.

A TV E O FUTEBOL Há um fato pitoresco, ligado à televisão, acontecido no Para: Em algumas cidades e vilas

do Interior daquele Estado, o fornecimento de energia é periodicamente interrompido em torno da 23 horas. Certo dia estava sendo transmitido um jogo de futebol entre Remo e Paissandu; mas, a partida havia começado um pouco tarde e o final do jogo não seria assistido se os geradores fossem desligados. Terminada a partida, minutos depois o Registro Policial do Distrito recebeu queixa por parte do operador da Empresa, que fora vítima de um inusitado "seqüestro" quando não só foi impedido de desligar o sistema de força como também foi "obrigado" a assistir o jogo...

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PREVISÃO ACERTADA Na Inglaterra, Arthur Burrows escreveu na época com grande perspicácia: "Não existe razão para que dentro de alguns anos os discursos dos políticos no Parlamento, por exemplo, não sejam retransmitidos pelo rádio e captados simultaneamente nas salas de redação de todos os jornais do Reino Unido. A mesma idéia poderia ser estendida para a retransmissão de concertos oferecidos nas salas privadas de Albert Hall ou de Queen's Hall, ou de importantes recitais do mundo musical. Também não haveria dificuldade para que uma agência de publicidade preenchesse os intervalos de um programa musical com anúncios publicitários audíveis, apelos patéticos ou vigorosos, enaltecendo os méritos de tal sabão ou tal molho de tomate". A descoberta da radiodifusão foi resultado da aplicação de vários fatores ligados à radioeletricidade: a circunstância do alemão Rudolfo Hertz ter descoberto as ondas de rádio (chamadas hoje de ondas hertzianas) em 1887, aliadas à invenção da antena para captá-las (Aleksandr Popov — 1885) e ao fato de Guglielmo Marconi ter conseguido emitir sinais e captá-los a centenas de metros, criando a telegrafia sem fios. Gluglielmo Marconi foi inventor do rádio. Em 2 de junho de 1896 Marconi patenteou em Londres um sistema prático de telegrafia sem fio por meio de ondas elétricas, inventando, desta maneira, um novo e revolucionário meio de comunicação: o rádio. A evolução do rádio nos seus primeiros anos foi rápida: em 27 de março de 1839 enviou ondas radioelétricas através do Canal da Mancha. Dois anos depois, 12 de setembro de 1901, emitiu sua primeira mensagem através do Atlântico, da Grã Bretanha para Terra Nova na América. Lee de Forest inventou o emissor, produzindo onda regular e contínua e também a válvula, melhorando a qualidade da reprodução e, em 1908 realizou uma emissão do alto da Torre Eifel que foi captada em Marselha. O rádio veio evoluindo: a 1909 a voz do célebre cantor Enrico Caruso foi transmitida do Metropolitan Opera House. Em 1916, novamente Lee de Forest instalou uma radio emissora experimental em Nova Iorque. Porém; a primeira emissora regular seria inaugurada em 1919, em Roterdã.

O rádio, tal qual o conhecemos hoje, com sua variedade de aplicações e modelos, nasceu bem diferente e mais simples, e foi sendo aperfeiçoado conforme foi ganhando importância. Contribuiu para isso a 1ª Guerra Mundial: um grande número de soldados e marinheiros passaram a utilizar-se das transmissões do rádio para enviar ou receber mensagens militares. Nos Estados Unidos, David Sarnoff construiu uma caixa que conseguia captar diversos tamanhos de ondas, bastando para isso pressionar um botão ou girar uma manivela. Como captava também os sons musicais, a caixa radiofônica passou a chamar-se "caixa de música". Somente a partir de 1920 é que as estações de rádio começaram a desenvolver-se; o novo meio de comunicação modificou a vida da sociedade. Os Estados Unidos entraram na vida radiofônica de forma decidida: de uma estação, inaugurada em 2 de novembro de 1920 (KDKA) em Pittsburg, passou para 4 estações de 1921, que se transformaram em 382 no fim de 1922. Em 1927 contavam os estadunidenses com 7 milhões de receptores. Quando surgiu a proliferação de emissoras, o problema de interferências de freqüência impôs a regulamentação de faixa e de horário: foi então criada a Union Radiotelégraphique Internationale, em 1925. Àquela época, década de 20, a humanidade já passava por profundas transformações que facilitaram a formação de uma massa de ouvintes. O poder de compra aumentou e todos começaram a ter acesso à educação e aos divertimentos. Os lucros canalizados para as radio emissoras começaram a aparecer e os homens de negócios logo compreenderam até onde poderiam aumentá-los. Menos afetados pela guerra, os EUA abriram o caminho e o número de ouvintes cresceu devido às novas atrações ofertadas: lutas de box, futebol, noticiários e demais programas, capazes de prender os ouvintes ao lado do rádio. Durante a 2ª guerra, 1942/45, o rádio foi o principal instrumento de informação e, depois dela, os países colonizadores montaram extensa programação de âmbito intercontinental dirigida à transmissão de propaganda ideológica. Não foi fácil a introdução do rádio; mesmo depois de consagrado pelos ouvintes ainda eram

RADIODIFUSÃO

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apontadas inconveniências sobre ele: reabilitavam-se concepções antigas como, por exemplo, aquela de que as antenas de rádio seriam usadas apenas "nas regiões pouco povoadas, onde uma ligação por cabo não é útil e onde as comunicações pelo telégrafo com fio são ameaçadas pelas tempestades, animais selvagens ou pelos seres humanos ignorantes". "Mais tarde, enquanto uns diziam que o rádio levaria ao declínio da leitura e à degradação do gosto, outros proclamavam-no como arte". "Enquanto isso, o invento seguia seu próprio caminho, fornecendo a seus ouvintes diversas experiências: não somente veiculava as notícias como as enriquecia, introduzindo-se na intimidade do lar com reportagens de testemunhas oculares dos acontecimentos, acompanhadas de comentários de pessoas abalizadas; estimulou a atividade criadora no campo do drama e da poesia; revolucionou os divertimentos, levando aos locais mais variados os programas com os mais caros e talentosos artistas; enfim, encorajou uma reflexão mais séria sobre o mundo em seu conjunto e sobre os problemas que o turbulavam". "Logo após a II Guerra o rádio defrontou-se com a televisão. Acreditava-se que o rádio sucumbiria. Um dos numerosos termos empregados para significar o seu fim era "rádio a vapor". Mas o aparecimento das fitas magnéticas, o desenvolvimento do comércio dos discos e, principalmente, a descoberta do transistor, em 1956, deram-lhe novas forças, ampliando seu campo de ação. A utilização das fitas revolucionou novamente a elaboração dos programas musicais e a difusão dos debates; com a subida das vendas de discos, o rádio preparou caminho para novas técnicas sonoras; novos estilos surgiram, sobre os assuntos e a moda do dia-a-dia. Atualmente, os rádios transistores estão espalhados pelo mundo todo, desde as selvas até as praias mais movimentadas, tornando a civilização mais móvel e flexível". As primeiras experiências de radiodifusão no Brasil foram realizadas em 1892 pelo padre gaúcho Roberto Landell de Moura; em Mogi das Cruzes (SP), Landell, utilizando-se de urna válvula transmitiu e recebeu a palavra através do espaço. Em 1394, tornou a repetir a experiência na Capital e, seis anos mais tarde, patenteou seu sistema sob o nº 8.279. Em outubro de 1904 o padre viajou para os Estados Unidos, onde patenteou um transmissor de ondas. Voltou ao Brasil e não conseguindo apoio financeiro, abandonou suas experiências. A primeira transmissão oficial de radiodifusão ocorreu no Rio de Janeiro, no dia 7 de setembro de 1922, durante a inauguração da Exposição do Centenário da Independência, na praia Vermelha, com transmissor instalado pela

Westinghouse Electric. A radiotelefonia, como o povo chamava o sistema, era um dos atrativos da Exposição. Todos falavam no que era considerado a "última descoberta da ciência" "passatempo preferido das populações de Nova Iorque, Londres, Paris e outras capitais. Os grandes concertos, os espetáculos de ópera, a voz dos cantores, discursos, aulas e conferências e muita música, através das últimas chapas fonográficas, podiam ser ouvidos, simultaneamente e por toda parte "graças a essa maravilhosa invenção que permite transmitir a voz, a palavra, o som, por meio das ondas hertzianas". Quando se pensa na eficiência do rádio ou do telefone, não é licito que seja olhado somente a parte do diletantismo, o prazer dos bons momentos que podem ser obtidos ao lado deles. Há que pesar na balança a utilidade de ambos, intervindo decididamente nos salvamentos de vidas. A radiotelegrafia fez a sua primeira intervenção nesse campo em 14 de abril de 1912, quando do naufrágio do transatlântico Titanic, considerado o "navio inafundável": o navio colidiu com um íceberg, em sua viagem inaugural e a emissão de sinais de socorro pelo rádio possibilitou o salvamento de 704 pessoas. Quanto ao telefone é só parar um momento a leitura deste texto e recordar quantas vezes o leitor e os que o cercam tiveram ocasião de usa-lo em situações aflitivas. "A aglomeração aumentava e todos, instintivamente, como fascinados por uma força misteriosa e irresistível, erguiam a cabeça. Súbito, houve um silêncio. As atenções voltaram-se para um ponto onde estava colocada uma enorme corneta. E as notas da "Canção do Aventureiro" da ópera "O Guarani" encheram o ambiente com sua melodia. Os acordes vinham um tanto imprecisos, lembrando às vezes a sonoridade dos fonógrafos primitivos. Mas permitiam que se distinguissem nitidamente a ópera que, naquele mesmo instante, em espetáculo de gala, estava sendo cantada no Teatro Municipal. Soube-se então do que se tratava: era um aparelho de radiotelefonia (T.S.F. Telegrafia sem fio, como também lhe chamavam), cuja estação transmissora de 1 kw fora montado no alto do Corcovado pela Westinghouse Electric Co., em colaboração com a Light e à Companhia Telephonica Brasileira, em homenagem ao nosso País." "Outra estação, montada na exposição pela Western Elétric, foi adquirida pelos Correios e Telégrafos que passaram a transmitir regularmente um programa sobre a cotação do açúcar e café, nas bolsas, previsão do tempo, números musicais e declamação. Operou até o funcionamento da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro: criada como entidade jurídica no dia 20 de abril de 1923, suas transmissões começaram em 1924. Era presidida por Roquete Pinto e

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Henrique Morize. Operando inicialmente na Livraria Científica Brasileira a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro instalou-se definitivamente, com transmissor Marconi, de 2.000 watts (o mais potente da América do Sul), no pavilhão que a Tchecoslováquia construiu na Exposição do Centenário".

Roquete Pinto "Em São Paulo, surgiu a Sociedade Rádio Educadora Paulista, também em 1924, presidida por Vergueiro Steidel. No mesmo ano foi criada em Recife a Rádio Clube de Pernambuco, cujo registro público é o mais antigo do país. A primeira coluna especializada em assuntos de rádio surgiu em 1922, na "Gazeta de Notícias", do Rio. E o primeiro noticiário radiofônico oficial do Governo foi a "Hora do Brasil", iniciada em julho de 1935. A primeira novela transmitida pelo rádio brasileiro foi "Em busca da felicidade", de Leandro Blanco" "O sistema rádio é amplamente utilizado na telefonia para as ligações interurbanas realizadas através do sistema rádio UHF (Ultra High Frequency) que, em linhas gerais, consiste na transmissão e recepção de vozes no espaço mediante antenas. Um equipamento auxiliar (multiplex) converte a linguagem comum nos sinais transmitidos pelo rádio e reconverte ou "traduz" os sinais recebidos novamente na linguagem comum". Segundo dados obtidos no Anuário Estatístico do IBGE, de 1977, o número de emissoras de rádio no Brasil, naquele ano, era de 977, funcionando 240 delas no Estado de São Paulo.

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POR QUE O SATÉLITE ARTIFICIAL NÃO CAI Como pode um Satélite manter-se no espaço? Muita gente já fez a experiência curiosa de girar velozmente um balde de água, descrevendo com ele uma órbita circular. A água não cai, porque a força da gravidade, no caso, é anulada pela força centrífuga do movimento circular do balde de água. Comparando sempre de forma simplista, a Lua é atraída pela Terra (ou seja, pela força de gravitação ou gravidade terrestre) mas tende a se afastar (força centrípeta) por estar girando com grande velocidade (quase 32 km por segundo). Na distância em que se encontra da Terra (cerca de 440 mil km), a Lua permanece em órbita praticamente circular porque há equilíbrio entre essas duas forças (a atração da gravidade e força centrífuga). A história dos satélites é fascinante. No dia 4 de outubro de 1957, o milagre do rádio permitiu captar um estranho "bip-bip", pela primeira vez no mundo transmitido de um satélite artificial. Até certo ponto, a transmissão assustou à população: afinal, aquela transmissão era feita do espaço nunca antes devassado por qualquer ser humano ou aparelho... Os jornais destinaram grandiosas reportagens sobre o evento dos satélites, que proporcionaram a seguir, os mirabolantes espetáculos, nem de longe imaginados dez anos antes, inclusive a inolvidável proeza de pouco depois transportar homens até a Lua!. O Sputnik dera apenas uma volta ao redor da Terra, mas aquele fato serviu para confirmar a exatidão das teorias e encorajar os cientistas para novas investidas, dando início a uma colossal revolução universal no campo das telecomunicações.

Em 31 de janeiro de 1958 coube aos Estados Unidos lançar o seu primeiro satélite, o Explorer I. Depois, foi um festival nos céus: Sputniks, Explorers, Vanguards e Pioners, com aparelhagens de alta precisão, vararam o espaço para medir radiações, temperaturas e confirmar que o espaço é escuro ou que a Terra tem um formato que lembra ligeiramente uma pêra e muitas outras teorias. No ano de 1958, a 18 de dezembro, os Estados Unidos lançaram o primeiro satélite de comunicações, o Score I , que transmitiu uma mensagem de Natal pelo Presidente Eisenhower. Depois, subiu o ECO I, em agosto de 1960, quando ficou provado que as comunicações podiam ser transmitidas através de um refletor em órbita. E o mundo, maravilhado, foi descobrindo que uma generosa dose de progresso estava sendo ofertada para as comunicações. Os cientistas previam, divulgavam, e logo depois precisavam ratificar suas previsões: havia sempre mais do que o previsto. Muito mais... A dez de julho de 1962, por exemplo, subiu o Telstar I , equipado para permitir transmissões telefônicas, radiofônicas e televisivas... Começava um crescimento explosivo, de dimensões inacreditáveis. Em agosto de 1964 o Sincrom III permitiu a transmissão do outro lado do mundo: o povo americano pôde assistir aos Jogos Olímpicos transmitidos diretamente de Tóquio. A grande novidade do Sincrom III foi a de estabelecer uma rotação contrária à Terra, para que pudesse durante sua vida útil (cerca de cinco anos), ficar "parado", cobrindo quase 1/3 da superfície terrestre. O Early Bird (Pássaro Madrugador) posto em órbita em 6 de abril de 1955 foi o primeiro de uma série de satélites estacionários de comunicação. O sistema permitiu significativa melhora das transmissões. Depois, seguiram-se os Intelsat , três dos quais no período de 1967/8. Em 1969, o Intelsat III permitiu ao Brasil testemunhar o exato instante

SATÉLITES

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em que Neil Armstrong pisou na Lua. A voz do astronauta e a valsa "Danúbio Azul" chegaram sem interferências no Brasil, pela estação terrestre de Tanguá (Niterói). Em 1970 a transmissão do Campeonato Mundial de Futebol, no México, chegou aos lares do Brasil pelo Intetsat IV, o que proporcionou a inesquecível imagem dos nossos futebolistas desfilando... campeões que foram... Depois, mais dois anos passados, a televisão colorida internacional chegou ao nosso País de onde quer que fosse transmitida. Os satélites da série Intelsat são geoestacionários, isto é, dão uma volta em torno da Terra em 24 horas. Assim, eles parecem ficar parados sobre um ponto do Equador, a 35.800 km de altura. Os satélites possibilitam ao Brasil comunicar-se pelo DDD {(discagem direta à distância) e pelo DDI (discagem direta internacional) com 100% dos telefones do mundo. Quando Neil Armstrong pisou na Lua, transmitiu para a Terra um vaticínio para a posteridade que já começou a realizar-se: "E um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade".

EVOLUÇÃO DO SISTEMA VIA SATÉLITE O sistema via satélite é uma alternativa para resolver problemas em comunicações digitais face as características de flexibilidade de interconexão entre vários pontos de uma rede, facilidades de expansão e reconfiguração de tráfego, facilidades de instalação, operação e manutenção, acesso direto de terminal de usuário a um canal de alta velocidade, custos cada vez menores dos terminais das estações terrenas, acesso múltiplo por vários terminais ao mesmo tempo. Hoje vem sendo a opção para projetar redes de telecomunicações com alta qualidade e confiabilidade. De forma geral, as características e aplicações deste tipo de serviço mudaram ao longo dos anos de forma radical. Inicialmente, o serviço via satélite foi usado como meio possível de comunicações transoceânicas de faixa confiável. O número de canais internacionais aumentou de maneira inimaginável e transmissões de TV ao vivo para todo o mundo tornaram-se possíveis. Basicamente, o satélite era usado então como repetidor ativo e transparente de microondas situado na órbita geoestacionária o que lhe conferia características ímpares como a cobertura de quase 1/3 do globo terrestre e capacidade insuperável de radiodifusão de informação (broadcast).

Entretanto com o aparecimento de outros recursos de transmissão faixa larga (fibra óptica), as características do serviço via satélite foram mudando e hoje suas características básicas podem ser resumidas como segue: 1. Crescimento das faixas alocadas inicialmente

(500 MHz) para 650MHz; 2. Alocação de novas bandas para serviço

público satélite em nível mundial; 3. Aproveitamento do satélite para uso

doméstico, com o conseqüente congestionamento da órbita geoestacionária;

4. Redução drástica de custos provocada pelo aumento da oferta de transponders, pelo aumento de produção de satélites e foguetes, e pela constante inovação tecnológica incorporada nos satélites;

5. Uso intensivo dos satélites como único meio de transmissão economicamente viável que permite a oferta de faixa larga com ampla cobertura geográfica e possibilidade de broadcast. Graças a estas características, surgiram em larga escala as redes corporativas privadas de dados (bancos, jornais e indústrias) a distribuição doméstica de TV e Som (FM), a geração de imagens ao vivo para jornalismo, as redes de comunicação rurais para localidades de difícil acesso, e mais atualmente a radiodifusão direta de TV (DBS-TV).

6. Aparecimento dos serviços móveis via satélite com a criação do INMARSAT, possibilitando serviços de rádio-determinação global e comunicação telefônica pessoa a pessoa em navios e aviões em movimento, graças à alocação de uma nova faixa na banda L (1,6 GHz) exclusiva para o serviço móvel satélite.

7. Utilização de novas arquiteturas de payload do satélite, que permitem hoje novas aplicações não disponíveis nos satélites do tipo “bent pipe” (repetidor de microondas). Consegue-se isto principalmente através de:

7.1. Adoção intensiva de transmissão digital e

processamento a bordo (OBP), que proporciona qualidade de enlace superior através da regeneração dos sinais digitais antes de retransmiti-los de volta à terra;

7.2. Enlaces entre satélites (intersatellite links) e comutação entre transponders e entre feixes (alimentador da antena de saída diferente do da entrada) que proporcionam verdadeiras matrizes de comutação situadas no espaço;

7.3. Adoção intensiva de feixes conformados para aumentar a potência disponível na região de cobertura de interesse, aliada à disponibilidade de maior potência de sinal no sentido Espaço-Terra, conseguida através de amplificadores de microondas mais lineares que permitem a redução de back-off de saída e através de células solares e baterias de maior eficiência.

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Assiste-se hoje no mundo uma proliferação de propostas de sistemas de transmissão via satélite alternativos, voltados à oferta de novos serviços não oferecidos pelos sistemas atuais, com intenção de estarem operacionais na virada do século. O SATÉLITE GEO-ESTACIONÁRIO SUSPENSO O satélite suspenso, também conhecido como “TETHERED SATELLITE”, foi durante anos visto como a solução para minimizar as perdas de potência decorrentes da distância entre a Terra e a órbita geoestacionária. Consiste de dois satélites unidos por um fio de forma que um deles pode ficar em uma distância menor em relação ao solo terrestre. Apesar da experiência não ter sido bem sucedida, relata-se que sistemas deste tipo continuarão a ser testados e podem ser uma solução atraente em futuro próximo, porque o fio de união entre os dois satélites funcionará como gerador de energia.

SATÉLITE GEO-ESTACIONÁRIO No caso de satélites geoestacionários, por suas características básicas, a rede de comunicação pode se dar por Múltiplo Acesso ou através de Transponder. Para cada transponder a largura da faixa varia de 19 MHz a 90 MHz. As faixas de freqüências utilizadas são alocadas pela União Internacional de Telecomunicações (UIT). Em comunicações via satélite são usadas as seguintes bandas: • Banda L – mais utilizada para comunicações

móveis com as seguintes faixas de freqüências: - Subida (Up Link): 1,6 GHz - Descida (Down Link): 1,5 GHz

• Banda S – utiliza as seguintes freqüências: - Subida (Up Link): 2,6 GHz - Descida (Down Link): 2,5 GHz

• Banda C – é a mais utilizada comercialmente e já se encontra praticamente saturada. A largura da faixa de 500 MHz é utilizada simultaneamente pelos sistemas via satélite e pelos sistemas terrestres. A transmissão não é afetada pelos efeitos de propagação tais como atenuação por chuvas e despolarização. - Subida: 6 GHz (de 5925MHz a 6425Mz) - Descida: 4 GHz (de 3700 a 4200MHz)

• Banda X – de uso exclusivo para sistema

militares, utiliza as faixas: - Subida: 8 GHz - Descida: 7 GHz

O sistema de comunicações militares em sua maioria utiliza criptografia e técnica de espalhamento de espectro, para obtenção de segurança máxima. Quando da operação com a 2ª geração de satélites Brasilsat em 1994, a rede conhecida como SISCOMIS passou a utilizar também banda X. • Banda Ku – possui faixa de passagem de 500

MHz e é exclusiva para comunicação via satélite, não sendo compartilhada pelos sistemas de microondas terrestres. Este fato facilita e simplifica a coordenação de freqüências e análise de interferências. Tem como desvantagem a atenuação devido a chuvas. Freqüências utilizadas: - Subida: 14 GHz - Descida: 12 GHz

• Banda Ka – possui largura de faixa de

2.500MHz e é exclusiva para comunicações via satélite. São utilizadas as seguintes freqüências: - Subida: 30 GHz - Descida: 20 GHz

Esta banda é severamente afetada por atenuação devido a chuvas e efeitos de propagação, sendo uma faixa de difícil conquista de domínio tecnológico. Os satélites de órbita estacionária são basicamente divididos quanto aos serviços prestados: - serviços meteorológicos (GMS – Japonês. COSMOS – Russo); - serviços de radio determinação (GEOSTAR – USA, LOCSTAR – Europa); - serviços de broadcasting; - serviços móveis (INTELSAT V. INMARSAT); - serviços fixos; - serviços militares; - serviços científicos. Existe, ainda, uma série de sistemas desenvolvidos, dentre os quais destacam-se:

SATÉLITES RECARREGÁVEIS O início da era das estações espaciais nos próximos anos apresentará uma oportunidade para redução significante do custo dos serviços de telecomunicações fornecidos pelos satélites comercias. Um ônibus espacial, uma estação espacial e planos de contingência espaciais darão oportunidade para o uso de satélites recarregáveis.

BRASILSAT É o satélite de comunicação empregado no Brasil para prover serviços de telecomunicações domésticas. Na sua 1ª geração opera na faixa de freqüências de 6 / 4GHz, com 24 transponders utilizando re-uso de freqüência. É do tipo geo-estabilizado, isto é, mantido em sua posição pelo princípio de conservação do eixo do momento, que é resultante da rotação de parte do corpo do satélite sobre seu eixo. O satélite de 2ª geração Brasilsat B1 e B2, foram lançados em 1994. Terão uma vida útil de

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12 anos no mínimo, 28 canais em banda C e um canal banda X, tendo a largura do transponder 36MHz na banda C e 60 MHz na banda X. As antenas tem grande refletor parabólico para banda C e corneta irradiante para banda X, confiabilidade de 79% depois de 12 anos. Sensibilidade de recepção 40% superior a do Brasilsat A.

PANAMSAT (Pan American Sattelite) O PAS 1 é um satélite de comunicação híbrido com 24 transponders operando na banda Ku e C. Mantém posição orbital geoestacionária de 45 graus W, utiliza o Centro de Controle do South Florida International Gateway.

VSAT (Very Small Aperture Terminals)

São estações terrenas de transmissão de satélites de baixo custo e muito pequenas que estão provocando um recente e emergente impacto em comunicação de dados. Em todos os sistemas VSAT utilizam-se, na direção estação central-mini estação, uma portadora de transmissão contínua para comunicação com uma determinada quantidade de mini-estações. Esta portadora, modulada em fase, tem sua base formada pela multiplexação temporal (TDM) dos diversos pacotes de dados provenientes de computadores Host. • Volume de tráfego adotado; • Número de transações por terminal: 0,02

mensagens/s; • Número de terminais por VSAT: 10; • Comprimento da mensagem; • 100 bytes saindo do terminal; • 2.000 bytes entrando no terminal; • Alternativas de aplicação da tecnologia VSAT; • Hotéis; • Sistemas de reservas em empresas aéreas; • Bancos; • Sistemas de franchise; • Rede de agência de automóveis, etc. Os equipamentos de gerência e controle da rede são parte fundamental do sistema VSAT, uma vez que toda a operação, gerenciamento e controle da rede são processados por eles, além de realizarem monitoração e controle de grande número de mini-estações com possibilidades de telecomando e supervisão de alarmes/status. Sistemas VSAT: • VICOM/GTE SPACENET • MODDATA/SCIENTIFIC ATLANTA • VILLARES/ATT/TRIDOM

• STM • NEC • PHT/HUGHES

SATÉLITES NÃO GEO-ESTACIONÁRIO Diversos sistemas de transmissão via satélite de órbitas não geoestacionárias estão sendo considerados para prover o serviço de comunicações pessoais. Ainda não existe uma definição sobre uma proposta a ser adotada como padrão mundial e cada sistema apresenta características peculiares que precisarão ser analisadas com extremo cuidado por qualquer entidade que queira participar destes empreendimentos. Apresenta-se a seguir as diversas alternativas trazidas a público até o momento:

Sistemas IRIDIUM O sistema IRIDIUM é composto por uma nuvem de 77 satélites em órbita polar de baixa altitude (700 km), com 7 órbitas de 11 satélites cada, capazes de dar cobertura celular a todo o globo terrestre, com acesso TDMA em banda L para os terminais portáveis, acesso em banda Ka para os operadores de Gateways e comunicação entre satélites em banda Ka. Atualmente, devido às restrições orçamentárias o sistema será composto por 66 satélites distribuídos em 6 planos com 11 satélites cada. Foi necessário porque as margens de sistema contra os desvanecimentos que ocorrem em comunicações pessoais exigiram um aumento de potência para cada transponder de 16 dB, tornando mais caro o custo de cada satélite. Não deverá haver problemas de cobertura associados com a diminuição do número de satélites porque estes haviam sido superdimensionados inicialmente, ou seja, em muitas regiões, mais que uma célula estaria disponível simultaneamente.

Sistemas ODISSEY

O sistema ODISSEY consiste em uma nuvem de 12 satélites dispostos em 3 planos com 4 satélites cada, colocados a órbitas de 10.600 Km com inclinação de 55 graus. A cobertura prevista seria todas as regiões terrestres exceto a Antártica e Groelândia.

Sistemas GLOBALSTAR O sistema GLOBALSTAR consiste em uma nuvem de 48 satélites de baixa altitude (1.390Km) dispostos em 8 planos de órbitas inclinadas a 52 graus, com 6 satélites por plano. A cobertura prevista inicialmente seria os EUA continental, aumentando posteriormente.

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Sistemas ARIES (Constellation) O sistema ARIES consiste em uma nuvem de 48 satélites de baixa altitude (1.020Km) dispostos em 4 planos de órbitas polares com 12 satélites por plano. A cobertura prevista inicialmente seria mundial.

Sistemas ELLIPSO O sistema ELLIPSO consiste em uma nuvem de 24 satélites de baixa altitude (430Km de perigeu e 2900Km de apogeu) dispostos em 3 planos de órbitas inclinadas a 63,4 graus, com 6 satélites por plano mais um plano equatorial com 6 satélites. A cobertura prevista inicialmente seria os EUA continental, aumentando posteriormente.

Projeto 21 O projeto 21 introduz uma família de serviços de comunicação pessoal via satélite que podem ser classificados em 4 serviços principais: 1 – INMARSAT-C para comunicação de dados portátil a 600 bit/s, com terminais tipo maleta em ambientes abertos; 2 – INMARSAT-M para comunicação de voz através de um terminal portátil do tamanho de uma mala 007 (pasta de negócios), com voz a 4,8 bit/s, dados e fax a 2,4 kbit/s em ambientes abertos. A cobertura global está prevista para este ano; 3 – PAGING (BIP) via satélite para receptores de bolso com penetração em edifícios; 4 – INMARSAT-P, telefone portátil global via satélite (handset), previsto para a virada do século, suportando voz digital mais fax e dados a 2,4 kbit/s. Devido às atuais preocupações com níveis de radiação, ainda não se sabe se poderá oferecer operação em ambientes muito fechados. Para os dois últimos serviços o INMARSAT ainda não definiu qual o tipo de constelação de satélites deverá ser usado. Analisando-se hoje 3 possibilidades: satélites geo-estacionários (GEO), nuvem de satélites a baixa altitude (LEO) e conjunto de satélites de órbitas circulares equatoriais de média altitude (ICO). Entidade estruturada como operadora e organizada na forma de consórcio de países, as atividades andam de forma mais vagarosa que em empresas, porém sustentada amplamente pelo Conselho Diretor do Consórcio, composto por países membros de maior peso na estrutura de capital do INMARSAT. Além disso, observa-se que o INMARSAT contrata diversos serviços de pesquisa de mercado voltados ao atendimento a todos os membros do consórcio, bem como pesquisa tecnológica em laboratórios

de P&D dos países membros (ex.: CDOT da Índia, Austrália e etc.).

ECO 8 Foi desenvolvido pelo INPE, com uma constelação de 8 satélites em órbita circular LEO e área de cobertura entre 30 graus N e 30 graus S. É um sistema bastante similar ao Constellation, mas ainda está em fase inicial de estudos. Suas características são de um sistema para provimento de infra-estrutura de comunicações a regiões isoladas (telefonia rural) e ainda carecendo de detalhamento técnico, estudo de viabilidade comercial e sem conhecimento das fontes de recursos e dos prazos reais de sua construção.

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Há 5 milhões de anos homens primitivos iniciaram as comunicações ópticas com sinais e gestos visuais: • Século VI a.C. : Ésquilos informou a Argos da

queda de Tróia por meio de uma cadeia de sinais de fogo.

• Século II a.C .: Polibio propôs um sistema de transmissão do alfabeto grego por meio de sinais de fogo (dois dígitos e cinco níveis (52 = 25 códigos).

• 100 a.C.: Vidros de qualidade óptica somente apareceram após o surgimento dos famosos cristais venezianos, na Renascença. Os princípios da fibra óptica são conhecidos desde a antigüidade e foram utilizados em prismas e fontes iluminadas.

• 200 d.C.: Heron da Alexandria estudou a reflexão.

• 1.621: Willebrod Snell descobriu que quando a luz atravessa dois meios, sua direção muda (refração).

• 1.678: Christian Huygens modela a luz como onda.

• 1792: Claude Chappe inventou um sistema de transmissão mecânica para longas distâncias B<1 bps).

• 1.800: Sr. William Herchel descobriu a parte infravermelha do espectro.

• 1.801: Ritter descobre a parte ultravioleta do espectro.

• 1.830: Telégrafo com código Morse (digital) com repetidores chegava a 1000 km (B=10 bps).

• 1.866: Primeira transmissão transatlântica de telégrafo.

• 1.870: John Tyndal mostrou à Royal Society que a luz se curva para acompanhar um esguincho d'água.

• 1.876: Invenção do telefone analógico por Graham Bell que existe até hoje.

• Século XX: O mundo se enreda de redes telefônicas analógicas:

• 1.926: John Logie Baird patenteia uma TV a cores primitiva que utilizava bastões de vidro para transportar luz.

• 1.930-40: Alguns guias de luz foram desenvolvidos de Perplex para iluminar cirurgias.

• 1.940: 1º cabo coaxial transporta até 300 ligações telefônicas ou um canal de TV com uma portadora de 3 MHz.

• 1.948: Os cabos coaxiais apresentam perdas grandes para f >10 MHz. Assim surgiu a 1a transmissão por microonda com portadora de 4 GHz.

• 1.950: Pesquisadores começam a sugerir o

uso de uma casca em volta da fibra para guiar a luz. Os primeiros "fibrescopes" foram desenvolvidos, mas o custo ainda é proibitivo.

• 1.952: O físico indiano Narinder Singh Kanpany inventa a fibra óptica.

• 1.964: Kao especulou que se a perda da fibra for somente 20 dB/km, seria possível, pelo menos teoricamente, transmitir sinais a longa distância com repetidores. 20 dB/km: sobra apenas 1% da luz após 1 km de viagem. Objetivos: menor custo e melhores para o transporte da luz.

• 1.968: As fibras da época tinham uma perda de 1000 dB/km. The Post Office patrocina projetos para obter vidros de menor perda. - 1970: Corning Glass produziu alguns metros de fibra óptica com perdas de 20 db/km. - 1973: Um link telefônico de fibras ópticas foi instalado no EEUU.

• 1.976: Bell Laboratories instalou um link telefônico em Atlanta de 1 km e provou ser praticamente possível a fibra óptica para telefonia, misturando com técnicas convencionais de transmissão. O primeiro link de TV a cabo com fibras ópticas foi instalada em Hastings (UK). Rank Optics em Leeds (UK) fabrica fibras de 110 mm para iluminação e decoração.

• 1.978: Começa em vários pontos do mundo a fabricação de fibras ópticas com perdas menores do que 1,5 dB/km. para as mais diversas aplicações

• 1.988: Primeiro cabo submarino de fibras ópticas mergulhou no oceano e deu início à superestrada de informação.

• 2.001: A fibra óptica movimenta cerca de 30 bilhões de dólares anuais.

Como Surgiu Cabo de Fibra Óptica

A comunicação com fibra óptica tem suas raízes nas invenções do século XIX. Um dispositivo denominado Fotofen convertia sinais de voz em sinais óticos utilizando a luz do sol e lentes montadas em um transdutor que vibrava ao entrar em contato com o som. A fibra óptica em si foi inventada pelo físico indiano Narinder Singh Kanpany, ela se tornou mais prática durante os anos 60 com o surgimento das fontes de luz de estado sólido, raio lazer e os LEDs (do inglês light-emitting diodes), e das fibras de vidro de alta qualidade livres de impurezas. As companhias telefônicas foram as primeiras a se beneficiar do uso de técnicas de fibra ótica em

A FIBRA ÓTICA

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conexões de longa distância, em meados da década de 1980, foram estendidos, nos Estados Unidos e no Japão, milhares de quilômetros de cabos de fibra óptica para estabelecer comunicações telefônicas. As fibras ópticas são usadas em vários equipamentos médicos projetados para examinar o interior do corpo, uma vez que as imagens transmitidas podem ser ampliadas e manipuladas para permitir uma observação mais detalhada de cavidades do organismo. Recorre-se também à fibra óptica nos estudos de física e engenharia nuclear para a visualização das operações que se realizam na inspeção do núcleo dos reatores.

Cabo de Fibra Óptica As Fibras Ópticas são finos fios feitos de sílica, silicone, vidro, nylon ou plástico, que são materiais dielétricos (isolantes elétricos) e transparentes para a faixa do espectro da luz visível e infravermelho próximo. São guias de onda, e podem ser informalmente entendidas como "encanamentos de luz": a luz aplicada a uma das extremidades percorre a fibra até sair pela outra extremidade, podendo este percurso atingir centenas de quilômetros sem a necessidade de que o sinal seja regenerado. Cada metade do cabo de fibra óptica é composta de camadas de material. Na parte externa, uma cobertura plástica deve obedecer às normas de construção no prédio e aos códigos de proteção contra incêndio para que o cabo inteiro fique protegido. Sob a cobertura, uma camada de fibras Kevlar (também usada em coletes à prova de bala) amortece impactos e proporciona maior robustez. Sob as fibras de Kevlar, outra camada de plástico, denominada capa, dá proteção e amortece impactos. Alguns cabos de fibra óptica projetados para entrarem em contato com o solo devem conter fios de aço inoxidável ou de outro material que proporcionam maior robustez. Todo esse materiais protegem o fio de vidro, que é tão fino quanto um fio de cabelo.

Os dados percorrem o centro de cada fio de fibra de vidro, denominado núcleo. A luz de um diodo ou lazer entra no núcleo através de uma das extremidades do cabo e é absorvida por suas parede (um fenômeno denominado reflexão total interna).

As fibras ópticas são atualmente as maiores responsáveis pelas revoluções ocorridas nas telecomunicações. Elas têm tomados os lugares dos cabos metálicos na transmissão de dados e têm capacidade de transmitir uma quantidade enorme de informações com confiabilidade e velocidade incríveis. As fibras ópticas podem ser consideradas basicamente como guias de luz, luz a qual transmite a informação no sistema binário, ou seja, pulso de luz ou não. Para entendermos como funciona o sistema digital de comunicação, vamos entender inicialmente a diferença entre ele e o sistema analógico: Um toca-discos funciona através do método de transmissão de sinal analógico, pois há uma agulha que é colocada sobre os sulcos do disco e transmite ao amplificador as vibrações que nela estão gravadas. Se você quiser experimentar, pode colocar nos sulcos de um disco, bem velho de preferência, uma lâmina afiada e você vai perceber que a música do disco começará a ser reproduzida num volume bem reduzido através das vibrações da lâmina. Se analisarmos agora um toca-CD, veremos que a informação dele é digital, ou seja, é dada apenas pela informação 0 ou 1 do código binário, e portanto tem de ser traduzida antes de ser amplificada. Nas fibras ópticas é isto o que acontece, pois transformamos sinais contínuos, como por exemplo nossa voz, que varre freqüências desde poucos Hz até um máximo de 4000Hz, em sinais discretos na forma binária. Temos então que cada zero corresponde a uma ausência de pulso luminoso e o um corresponde a um pulso luminoso, pulso luminoso o qual pode ser devido a um laser ou a um diodo emissor de luz (LED). A moderna tecnologia encontrou na fibra ótica um meio de transmissão de informações que apresenta notáveis vantagens sobre os tradicionais, com vasta aplicações nas telecomunicações, na medicina e na engenharia. Os dados percorrem o centro de cada fio de fibra de vidro, denominado núcleo. A luz de um diodo ou lazer entra no núcleo através de uma das extremidades do cabo e é absorvida por suas parede (um fenômeno denominado reflexão total interna).

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Áreas de Utilização a. Uso de Fibras Ópticas na Medicina:

• Confecção de endoscópios com feixes de Fibras Ópticas para iluminação;

• Uso de Fibras como ponta de bisturi óptico para cirurgias a laser, como:

• Cirurgias de descolamento de retina; • Desobstrução de vias aéreas (cirurgias na

faringe ou traquéia); • Desobstrução de vias venosas ("limpeza" de

canais arteriais, evitando pontes de safena); • Uso odontológico: aplicação de selantes.

Vantagens do uso das Fibras:

• São pequenas (5mm); • Evitam conexões elétricas no paciente; • São livres de interferências

eletromagnéticas; • Podem ser esterilizadas.

b. Fibras Ópticas na Instrumentação:

• Sensores

Um sensor é um dispositivo que atua como um transdutor: "traduz" o sinal causado pela propriedade física do meio em estudo (como pressão ou temperatura) em um tipo de sinal cujas características têm informações sobre o fenômeno ocorrido. A sensitividade dos sensores a fibra, ou seja, o distúrbio menos intenso que pode ser medido pode depender de:

• Variações infinitesimais em algum parâmetro de caracterização da fibra usada, quando a fibra é o próprio elemento sensor;

• Mudanças nas propriedades da luz usada, quando a Fibra é o canal através do qual a luz vai e volta do local sob teste.

Os sensores a Fibras Ópticas são compactos e apresentam sensitividades comparáveis ou superiores ao similares convencionais. São usadas tanto Fibras monomodo como multimodo. Existem muitos

sensores comerciais feitos com Fibras Ópticas, para medição de temperatura, pressão, rotação, sinais acústicos, corrente, fluxo, etc. Emprego de Fibras Ópticas na construção de sensores: Sensores interferométricos utilizando Fibras monomodo. São usados dois "braços" de Fibras com comprimentos iguais aos quais é acoplada luz. Um dos braços atua como referência e o outro vai ser submetido a algum distúrbio do ambiente. A luz de saída das duas Fibras é recombinada, formando um padrão de interferência. À medida em que o braço sensor sofre as influências do distúrbio, as franjas de interferência se deslocam a uma razão que é proporcional à intensidade do distúrbio cuja magnitude se deseja medir; Se a intensidade de luz acoplada a uma fibra quase monomodo é medida em um certo instante de tempo após o qual submete-se a fibra a micro-curvaturas (geradas por variações de pressão de ondas acústicas, por exemplo) espera-se uma diminuição na intensidade de saída porque os modos de ordens mais altas encontrarão o seu corte, devido às variações na diferença de índices de refração entre o núcleo e a casca induzidas pelas micro-curvaturas. Exemplos de sensores construídos com Fibras Ópticas: Micro pontas de prova para medição de temperatura: as pontas de prova são equipadas com transdutores nas pontas, os quais possuem um cristal cuja luminescência varia com a temperatura (-50 a +200oC); Sensores de pressão construídos com o emprego de uma membrana móvel numa das extremidade da Fibra. A Fibra é encapsulada em um cateter e a membrana se movimenta de acordo com a pressão (0 a 300mm de Hg); Sensores químicos construído com o emprego de uma membrana permeável numa das extremidades da Fibra. A membrana contém um indicador reversível que responde a um estímulo químico mudando sua absorção ou luminescência. c. Laser de Fibra: Emprega-se uma Fibra a base de sílica dopada em seu núcleo com algum elemento terra-rara, como o érbio ou o neodímio. A presença destes elementos em algumas partes por milhão é o bastante para que, após o bombeio, a Fibra fluoresça com picos intenso em vários comprimentos de onda de extremo interesse como, por exemplo, a 1,55mm (comprimentos de onda onde as Fibras de sílica "normais" podem apresentar mínimos em atenuação e dispersão materiais. A Fibra

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dopada, adequadamente bombeada, pode ser usada como meio amplificador (o sinal a ser amplificado coincide com algum pico de fluorescência) ou como um laser, se inserida entre dois espelhos convenientemente selecionados. d. Uso de Fibras Ópticas em Telecomunicações

A Fibra monomodo é a opção preferida para comunicação a longa distância. Ela permite que a informação seja transmitida a altas taxas sobre distâncias de dezenas de quilômetros sem um repetidor. Sua capacidade de transmissão superior é possível devido a seu pequeno núcleo - entre 5 e 10 mm de diâmetro. Isto limita a luz transmitida a somente um modo principal, o que minimiza a distorção dos pulsos de luz, aumentando a distância em que o sinal pode ser transmitido. Praticamente todas as aplicações de telefonia e CATV (TV a cabo) utilizam a Fibra monomodo em função das maiores taxas de transmissão e menores atenuações do sinal. Redes de dados que requeiram taxas de transmissão de gigabits também precisam utilizar a Fibra monomodo. A Fibra multimodo é usada em sistemas de comunicação como LANs (Local Area Networks) e WANs (Wide Area Network) em campi universitários, hospitais e empresas. O diâmetro de seu núcleo é largo em comparação ao comprimento de onda da luz transmitida. Por isso, a Fibra multimodo propaga mais que um modo de luz. Com seu relativamente grande núcleo, a Fibra multimodo é mais fácil de conectar e unir; é a Fibra escolhida para aplicações de curta distância consistindo de numerosas conexões. Fibras multimodo de índice gradual também são preferidas quando o bom acoplamento com a fonte de luz é mais importante do que a atenuação do sinal na Fibra, ou ainda quando há preocupação com radiação, uma vez que estas Fibras podem ser construídas com núcleo de pura sílica que não é grandemente afetado pela radiação. Comparações Apesar do cabo de fibra óptica custar 10 vezes mais do que o cabo de cobre, ele transporta 39 mil vezes mais informações, ou seja, apresenta relação custo-benefício 3.900 vezes superior. As fibras ópticas têm capacidade muito grande de transmissão de sinais, pois a taxa de transmissão de sinais é proporcional a freqüência do sinal. A faixa de freqüência de rádio é da ordem de 106Hz, a faixa das microondas está entre 108 e 1010 Hz, enquanto a luz tem uma freqüência entre 1014 e 1015Hz. A capacidade de

uma fibra óptica também corresponde a cerca de 400 fios metálicos duplos. Desta forma, um cabo com 400 fios de cobre permite a realização de 3000 conversas telefônicas, enquanto um cabo com 12 fibras ópticas permite 9600 conversas. Veja a qualidade incomparável do cabo de fibra óptica:

Enquanto os fios de cobre transportam elétrons, os cabos de fibra óptica (cabos de fibra de vidro) transportam luz. Dentre as vantagens dos cabos de fibra óptica estão a imunidade total contra a diafonia e contra interferências eletromagnéticas e de radiofrequência. A falta de ruídos internos e externos significa que os sinais tem um alcance maior e se movem mais rápido, além da melhor qualidade, o que proporciona uma velocidade e uma distância maiores do que as obtidas com cabos de cobre. Como não transporta eletricidade, a fibra é o meio mais adequado para conectar prédios com diferentes aterramentos elétricos, além disso, os cabos de fibra não atraem raios como cabos de cobre. Além disto, cabos ópticos usados em transmissões telefônicas são impossíveis de serem grampeados por curiosos ou por profissionais. Por que ainda usamos o cabo de cobre? A resposta está nos dispositivos de interface e no custo das conexões. Por ser uma interface ótica, um conector de fibra ótica deve criar um ângulo reto preciso em relação &a grave; extremidade do cabo, estabelecendo com ela uma conexão perfeita, o que dificulta a instalação. São necessários vários minutos para que um instalador treinado estabeleça uma conexão. Portanto, o custo da mão-de-obra é alto, e o responsável pela instalação necessita de um conjunto de ferramentas caras, mesmo que seja necessário estabelecer apenas uma conexão. Por fim, os tranceptores de fibra ótica localizados em cada extremidade do cabo são muito caros. Refração e Reflexão Na experiência observam-se dois itens importantes da óptica geométrica; refração e reflexão da luz. O primeiro ocorre quando a luz passa do ar, um meio menos refrigente, para água, mais

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refrigente. Ou seja, quando a luz se dirige de um meio ambiente onde o índice de refreção é menor para outro onde o índice de refração é maior, ocorre assim uma mudança do sentido e velocidade da luz, que consiste a refração.

Agora a luz que está na água, como tende a se expandir vai em direção a parede do recipiente, mas como a luz não passa por essa, deduzimos que o índice de refração do recipiente é menor que o da água pois acontece o fenômeno de reflexão total que para acontecer precisa de duas exigencias: do sentido da propagação da luz seja do meio mais para o menos refrigente e que o ângulo de incidência da luz seja maior que o ângulo limite.

Como a luz não tem por onde sair, quando libera-se a água, está sairá com a luz que tentara expandir-se, sendo que o ar possui (como já se falou) menor refrigência que a água ocorrendo o fenômeno de reflexão total novamente, e a luz ficará se refletindo na correnteza d'água. A fibra óptica consiste em um núcleo central, cujo índice de refração é maior do que o índice de refração do material que o reveste. Há também uma jaqueta revestindo e protegendo o núcleo e o revestimento contra a abrasão e outros efeitos. Há uma fonte de luz na entrada do núcleo da fibra que emite um cone de luz para dentro dela. A luz é então conduzida então somente se o núcleo satisfaz a condição de reflexão interna total. O feixe de luz que entra na fibra, começa a percorrer um caminho de ziguezague entre as paredes do núcleo. Emendas Existem dois tipos básicos de emendas que podem ser efetuadas: emenda por fusão ou emenda mecânica. Emenda por Fusão Neste tipo de emenda a fibra é introduzida numa máquina , chamada máquina de fusão, limpa e clivada, para, após o alinhamento

apropriado, ser submetida à um arco voltáico que eleva a temperatura nas faces das fibras, o que provoca o derretimento das fibras e a sua soldagem. O arco voltáico é obtido a partir de uma diferença de potencial aplicada sobre dois eletrodos de metal. Após a fusão a fibra é revestida por resinas que tem a função de oferecer resistência mecânica à emenda, protegendo-a contra quebras e fraturas. Após a proteção a fibra emendada é acomodada em recipientes chamados caixa de emendas. As caixas de emendas podem ser de vários tipos de acordo com a aplicação e o número de fibras. Umas são pressurizáveis ou impermeáveis, outras resistentes ao sol, para instalação aérea. A CLIVAGEM é o processo de corte da ponta da fibra óptica. É efetuada a partir de um pequeno ferimento na casca da fibra óptica (risco) e a fibra é tracionada e curvada sob o risco, assim o ferimento se propaga pela estrutura cristalina da fibra. A qualidade de uma clivagem deve ser observada com microscópio. Emenda Mecânica Este tipo de emenda é baseado no alinhamento das fibras através de estruturas mecânicas. São dispositivos dotados de travas para que a fibra não se mova no interior da emenda e contém líquidos entre as fibras , chamados líquidos casadores de índice e refração, que tem a função de diminuir as perdas de Fresnel (reflexão). Neste tipo de emenda as fibras também devem ser limpas e clivadas. Este tipo de emenda é recomendado para aqueles que tem um número reduzido de emendas a realizar pois o custo desses dispositivos é relativamente barato, além de serem reaproveitáveis. Conectores Os conectores utilizam acoplamentos frontais ou lenticulares, sendo que existem três tipos de acoplamentos frontais: • quando a superfície de saída é maior que a de

entrada. • quando a superfície de saída é igual à de

entrada. • quando a superfície de saída é menor que a

de entrada. E também existem dois tipos de acoplamentos lenticulares: - simétrico - assimétrico Os requisitos dos conectores são: - montagem simples;

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- forma construtiva estável; - pequenas atenuações; - proteção das faces das fibras. Os fatores que influenciam na qualidade de um conector são: - alinhamento - montagem - características de transmissão das fibras Existem conectores: - para fibra única - para várias fibras (múltiplo) Experiência - Condutores de Luz Objetivo Simular os efeitos de uma fibra ótica. Ilustrar efeitos de pressão. Material • Lata vazia de leite longa vida ou lata grande

de metal. • Canudos de papel ou plástico. • Lanterna ou luminária com lâmpada de uns 60

W. Descrição Use uma caixa grande de leite longa vida (vazia, é claro) aberta no topo. Faça um pequeno furo a uns 2 centímetros do fundo. Enfie, com cuidado, a ponta de um canudo de refresco nesse furo, até entrar cerca de 1 cm. Corte o canudo de modo a sobrar uns 2 cm para fora. Vede em torno do canudo com chicletes ou massa de moldar. Encha a caixa com água tampando a ponta do canudo com o dedo. Coloque uma lâmpada no topo da caixa, acenda-a e solte a água. Em um ambiente escurecido vemos claramente o feixe de água como um conduto de luz. Fazendo o mesmo com três furos vemos o efeito da pressão em profundidades diferentes sobre a velocidade com que a água sai da caixa. Análise Esse fenômeno que é utilizado hoje em dia nas fibras óticas foi primeiro demonstrado por

John Tyndall em 1854. A luz fica praticamente presa no feixe de água por causa da reflexão total. Mão-de-obra As principais Universidades do País com centros de pesquisa na área vêm contribuindo para a formação de profissionais especializados. Além disso, com a reestruturação do Sistema Telebrás - STB, grande contingente de profissionais especializados entrará no mercado, possibilitando, assim, um incremento substancial na oferta de mão-de-obra. Mercado Brasileiro O Brasil é um dos principais consumidores de banda larga da América Latina e, no futuro, será responsável por metade da demanda no continente. O país produz mais de 1 milhão de quilômetros de fibra óptica por ano, o que atende 50% das necessidades de consumo do país. A demanda é completada com importações dos Estados Unidos e Japão. De acordo com a Yankee Group consultoria especializada em tecnologia da informação, o país terá em torno de 9,5 milhões de quilômetros de fibras ópticas antes de 2003. Em 1998, o Brasil tinha apenas 2,4 milhões de quilômetros, o que não é muito, levando-se em conta o tamanho do país, mas é um volume razoável comparado com os países de expansões territoriais semelhantes, como China, Rússia e Índia. Porém fica muito atrás dos Estados Unidos e da Europa. Este cenário, no entanto, vai passar por algumas transformações. Serão investidos, segundo a Yankee Group, em 2001 e 2002, cerca de US$ 3 bilhões na expansão das redes de comunicação brasileira. Regulamentação Já está concluído o regulamento conjunto das três agências reguladoras (Anatel, Aneel e ANP) normatizando o uso compartilhado dos meios (telecomunicações, energia elétrica e petróleo) pelas empresas que atuam nos três setores. Entre outros, o objetivo é resolver com urgência pendências técnicas nos casos de usos dos cabos de fibra óptica das instalações de um setor pelo outro, bem como evitar discriminação quanto ao aproveitamento de redes ou dutos, podendo refletir em redução de tarifas. O texto do regulamento está sendo objeto de Consulta Pública Conjunta (nº 001/99, de 13 de abril de 1999), por meio dos sites das respectivas agências. Devido à política de exclusividade de compras do Sistema Telebrás, vigente entre anos de 1984 e 1989, apenas a ABC XTAL produzia fibra óptica no Brasil, enquanto os demais fabricantes

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atuavam na produção do cabo óptico. A partir do término da reserva de mercado, alguns fabricantes licenciaram a tecnologia do CPqD - Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Telebrás) e começaram a produzir a fibra óptica, como foi o caso da Pirelli Cabos e Bracel, que ainda continuam pagando royalties ao CPqD. Regulamentação da implantação de redes de fibra óptica Britadeiras e retro escavadeiras abrindo o asfalto para a construção de redes subterrâneas é uma cena que se torna cada vez mais comum nas grandes cidades. O fim do monopólio estatal das telecomunicações provocou uma corrida para a instalação de infra-estrutura. Assim, aumenta o risco de um crescimento desordenado torne os subterrâneos urbanos ainda mais caóticos, pois a fibra óptica disputa espaço com redes de esgoto e telefonia. Para evitar um quadro mais grave, os municípios já definem regras para o uso do solo. Uma normatização severa regula a instalação de redes subterrâneas de telecomunicações. As regras foram definidas para favorecer a organização do espaço subterrâneo e construir uma infra-estrutura pública de fibra óptica. Para, as empresas devem incluir, no projeto, a construção de uma rede que fique em poder do município. • A cada dois dutos implantados, a empresa

deve construir um adicional para o poder público. Assim, quando outra companhia quiser implantar uma rede no mesmo local, poderá alugar a rede da prefeitura.

Em locais como o centro da cidade, o sistema vai otimizar o espaço. Analise de Reflectometria da Fibra (OTDR) TESTE DE ATENUAÇÃO POR ANALISE DE REFLECTOMETRIA Este teste é realizado com um instrumento chamado OTDR (optical time domain reflectometer), que significa refletômetro óptico no domínio do tempo. O instrumento faz uso do fenômeno do espalhamento de Rayleigh, que é a irradiação da luz das moléculas de vidro, proporcional à luz incidente. O instrumento faz uso deste fenômeno da seguinte forma: • Gera-se um impulso luminoso que é inserido

na fibra óptica sob teste. • Ao percorrer a fibra até um ponto X, a luz é

atenuada. • Ao chegar no ponto X, a luz provoca o

espelhamento de Rayleigh das moléculas de

vidro desse ponto, com intensidade proporcional à luz existente nesse ponto.

• Como o espalhamento é homogéneo em todas as direções, parte dessa energia luminosa retorna à fonte (OTDR).

• A luz que retorna à fonte também é atenuada. É importante observar que a atenuação do retorno à fonte é igual à atenuação do sinal até o ponto X, pois o caminho de propagação é o mesmo.

• O OTDR mede a potência de luz que retorna à fonte, bem como o tempo gasto para que o impulso gerado vá até o ponto X e retorne ao início da fibra. Para que o OTDR possa calcular a localização do ponto X, é necessário fornecer-lhe o índice de refração da fibra sob teste.

As vantagens deste tipo de medida é que necessitamos de apenas uma ponta da fibra, não é destrutivo, possibilita medir comprimentos, atenuação das emendas, atenuação nos conectores, localiza defeitos, etc. Como desvantagens, podemos citar: • Possui pequena faixa dinâmica de medidas • A atenuação só é precisa se o espelhamento

de Rayleigh for homogêneo em toda a fibra óptica

• Necessita do índice de refração • Não mede atenuação espectral Sua utilização

é muito comum em todas as fases de implementação dos sistemas ópticos.

TESTE DE ATENUAÇÃO Este tipo de teste mede a atenuação da fibra óptica numa faixa de comprimentos de onda, normalmente contendo o comprimento de onda em que a fibra operará. O teste utiliza dois instrumentos portáteis (Power Meter): o medidor de potência e a fonte de luz. O teste divide-se em duas etapas, na primeira é efetuada uma calibração dos dois instrumentos, para conhecermos a potência de luz que será lançada, na fibra óptica, e na segunda é efetuada a medida de potência após a luz percorre toda a fibra óptica. A diferença entre as duas será o valor de atenuação.

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Telemática é a comunicação a distância de um conjunto de serviços informáticos fornecidos através de uma rede de telecomunicações. Telemática é o conjunto de tecnologias de transmissão de dados resultante da junção entre os recursos das telecomunicações (telefonia, satélite, cabo, fibras ópticas etc.) e da informática (computadores, periféricos, softwares e sistemas de redes), que possibilitou o processamento, a compressão, o armazenamento e a comunicação de grandes quantidades de dados (nos formatos texto, imagem e som), em curto prazo de tempo, entre usuários localizados em qualquer ponto do Planeta. A telemática pode ser definida como a área do conhecimento humano que reúne um conjunto e o produto da adequada combinação das tecnologias associadas à eletrônica, informática e telecomunicações, aplicados aos sistemas de comunicação e sistemas embarcados e que se caracteriza pelo estudo das técnicas para geração, tratamento e transmissão da informação, na qual estão preservadas as características de ambas, porém apresentando novos produtos derivados destas. Quem é o Profissional de Telemática Muito se tem pesquisado, apresentado e debatido sobre a globalização da informação e seus efeitos nos diversos segmentos da sociedade moderna. O próprio fenômeno da globalização é, em grande parte, atribuído a uma revolução na forma, rapidez e facilidade com que as informações são trocadas, difundidas e manipuladas nas diversas áreas do conhecimento humano. Claramente, uma das áreas de maior interesse e expansão dos últimos anos, tanto no Brasil como no resto do mundo, é a área das redes de comunicação. As diversas empresas do setor, principalmente aquelas envolvidas com o desenvolvimento de novas tecnologias, encaram esse mercado como um terreno único, permeado por estruturas que se integram em grandes redes, interligadas em nível global e capazes de prover uma gama de novos e diferenciados serviços. Afinal, o que é telemática? Uma das características marcantes desse novo mercado de constantes evoluções tecnológicas está na forma como é tratada a informação e na exigência cada vez maior por

profissionais com competência para lidar com as diferentes situações que se apresentam. Encontramos aí um mercado propício para os profissionais com conhecimentos em telecomunicações e redes de computadores. A telemática pode ser definida, então, como a área do conhecimento humano que reúne um conjunto e o produto da adequada combinação das tecnologias associadas à eletrônica, informática e telecomunicações, aplicados aos sistemas de comunicação e sistemas embarcados e que se caracteriza pelo estudo das técnicas para geração, tratamento e transmissão da informação, na qual estão preservadas as características de ambas, porém apresentando novos produtos derivados destas. Por sistema embarcado entendemos o sistema de informática que foge do que é considerado convencional (um computador, por exemplo), mas onde ocorre processamento, armazenamento e transferência de dados, a exemplo de aparelhos celulares, controles de fornos de microondas, satélites, aeronaves e embarcações, caixas eletrônicos, redes de telefonia, TV a cabo, entre outros. A telemática combina a utilização dos computadores e dos meios de telecomunicação para tratar convenientemente essa informação, sendo essa combinação também conhecida por "teleinformática". Neste contexto, a telemática encontra na internet a sua representação máxima, se considerarmos que uma das definições clássicas para a rede mundial é ser um "conjunto de computadores ligados mundialmente através de vários sistemas de telecomunicação". Transporte da informação Uma das características principais da área telemática é o estudo e o desenvolvimento de técnicas para o transporte da informação, tendo associada a ela a comunicação de dados e o conjunto de enlaces que interligam dispositivos que permitem a comunicação entre os diversos sistemas. Esse estudo compreende também as novas arquiteturas de redes de transporte (SDH, WDM, etc) e seus protocolos, o desenvolvimento de sistemas de transmissão utilizando enlaces por fibras ópticas, a codificação e a criptografia em sistemas de comunicação de dados, estudo e desenvolvimento de software para análise e simulação de sistemas e simulação de

TELEMÁTICA

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dispositivos para equipamentos de telecomunicações. Nas redes de computadores, tem como proposta a interligação dos dispositivos que se encontram junto ao processo produtivo como um todo, de acordo com as propostas de padronização dos organismos internacionais. A telemática envolve, assim, o domínio das técnicas necessárias para o desenvolvimento de protocolos e algoritmos de acordo com a filosofia do modelo RM-OSI e o desenvolvimento de dispositivos eletrônicos como sensores e atuadores, fornecendo dessa forma, a base necessária para a construção de sistemas e aplicativos distribuídos. O perfil do profissional Com a presença marcante da informática em várias áreas tecnológicas, especialmente nas redes de computadores e sistemas de telecomunicações, surge a necessidade de um profissional apto a convergir informações comuns a essas áreas, e, por conseguinte, capacitado a desempenhar um papel de elemento de ligação entre esses segmentos. O campo de atuação desse profissional encontra-se em ambientes que requerem soluções de conectividade e segurança, inclusive em ambientes heterogêneos, que vão desde ambientes de processamento de dados, redes de telecomunicações, administração e segurança de redes locais de computadores, entre outras. Competências O profissional em telemática deve ser capaz de compor equipes de projetos multidisciplinares e estar apto para: 1. Elaborar e implantar projetos lógicos e físicos

de redes locais de computadores e redes de comunicação de longa distância;

2. Prover a conectividade entre sistemas heterogêneos;

3. Diagnosticar e solucionar problemas relacionados à comunicação de dados;

4. Especificar e implementar soluções de rede, envolvendo definições de topologias, equipamentos, arquiteturas e protocolos de comunicação, observando as normas e padrões vigentes;

5. Desenvolver protótipos de sistemas embarcados, móveis, telecomandados, e de comunicação de dados, entre outros;

6. Aceitar e certificar projetos de redes de

comunicação em geral;

O escopo das atividades desse profissional também inclui o levantamento de necessidades, dimensionamento, especificação técnica e avaliação de equipamentos de informática, tais como computadores, dispositivos de comunicação remotos, roteadores, concentradores, interfaces e outros dispositivos de conexão à rede, além é claro, da especificação técnica e avaliação de softwares, tais como sistemas operacionais de rede, protocolos de comunicação, servidores de comunicação, aplicações cliente/servidor, sistemas gerenciadores de bancos de dados e outras soluções. Não menos importante é uma formação para o exercício da cidadania e adaptação às novas modalidades do exercício do trabalho e gestão empresarial. Nesse aspecto, o profissional deve estar apto a atuar, de forma ética e empreendedora, individualmente ou em equipe. O profissional de telemática poderá atuar em empresas que lidam com sistemas embarcados (montadoras de automóveis, por exemplo), empresas de telecomunicações em geral, prestadores de serviços de TV a cabo e por assinatura, provedores de acesso à Internet, empresas que utilizam redes de computadores, entre outras. Conclusão Os profissionais em telemática devem possuir um perfil que inclua conhecimentos técnicos suficientes para atender à crescente demanda de um mercado de trabalho cada vez mais especializado, que tem seu foco nas áreas de comunicação de dados, redes de computadores, sistemas distribuídos e de telecomunicações, além de uma formação humana que os habilite a encarar as constantes mudanças por que passam essas áreas, permitindo sua permanente atualização e favorecendo a sua adaptação às novas tecnologias. Essa postura possibilita, ao mesmo tempo, um contato com as novas tendências emergentes de um mundo globalizado e atende as exigências dos novos padrões, tornando o profissional capacitado a agir como agente transformador, trabalhando em prol do permanente desenvolvimento tecnológico.

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As ondas eletromagnéticas foram primeiramente descobertas como meio de comunicação no final do século XIX. Os primeiros sistemas a oferecer serviço de telefonia móvel (telefone de carro) foram introduzidos no final dos anos 40 nos Estados Unidos e no início dos anos 50 na Europa. Estes primeiros sistemas celulares eram muito limitados quanto à mobilidade e serviços, com baixa capacidade e má qualidade de voz. Além disso, o equipamento era pesado, caro e sensível à interferência. Devido a isso, havia menos de um milhão de usuários de telefonia móvel no início dos anos 80 em todo o mundo.

1ª Geração: Celular Analógico

A introdução de sistemas celulares no final da década de 70 e no início da década de 80 representou um grande salto nas comunicações móveis: a tecnologia dos semicondutores e microprocessadores permitiu o desenvolvimento de telefones menores, mais leves e mais sofisticados, tornando-os uma realidade prática para mais usuários. Estes sistemas 1G ainda transmitiam apenas informação de voz analógica. Os sistemas de 1ª Geração englobam: Advanced Mobile Phone System (AMPS), Nordic Mobile Telephone (NMT), e Total Access Communication System (TACS). Com a introdução dos sistemas de 1ª Geração, o número de usuários cresceu para aproximadamente 20 milhões em 1990.

2ª Geração: Sistemas Digitais Múltiplos

O desenvolvimento dos sistemas celulares 2G foi impulsionado pela necessidade de se melhorar a qualidade de transmissão, a capacidade do sistema e a cobertura. Os avanços quanto à tecnologia dos semicondutores e dispositivos de microondas levaram ao uso da transmissão digital nas comunicações móveis. A transmissão de voz ainda dominava, mas a demanda por serviços de fax, short messages e transmissão de dados crescia rapidamente. Serviços suplementares como prevenção de fraudes e encriptação tornaram-se um padrão característico dessa geração. A taxa de transmissão de dados para 2G não excedia 9,6 Kbps. Os sistemas 2G incluem: Global System for Mobile Communication (GSM), Digital AMPS (D-AMPS), Code Division Multiple Access (CDMA), e Personal Digital Communication (PDC). Ainda hoje, sistemas 1G e 2G são usados no mundo. Diferentes padrões oferecem aplicações com diferentes níveis de mobilidade, capacidade e área de serviço. Muitos são usados em apenas um país ou região, e a

maioria deles é incompatível. GSM é o padrão celular mais usado (GSM900, GSMrailway [GSMR], GSM1800, GSM1900 e GSM400), suportando aproximadamente 250 dos 450 milhões de usuários no mundo, com roaming internacional em aproximadamente 140 países e 400 redes.

2G para 3G: Geração intermediária

A transição de 2G para 3G seria extremamente desafiadora, além de muito cara, por isso, faz-se essa transição através de um padrão intermediário: 2.5G. As redes 2.5G (GPRS, CDMA2000 1x, EDGE) são as versões avançadas das redes 2G com taxas de dados de aproximadamente 144 Kbps.

A tecnologia 2.5G é radicalmente diferente da 2G pois esta usa comutação por pacotes. Esta nova tecnologia General Packet Radio Service (GPRS) é o padrão europeu 2.5G (upgrade do GSM). O GPRS substitui a comutação de circuitos do GSM por comutação por pacotes, sendo um passo útil a caminho da 3G, pois dá às operadoras de telecomunicações experiência em comutação por pacotes.

O Enhanced Data for Global Evolution (EDGE) é outro upgrade do GSM. O EDGE é interessante às operadoras americanas pois possibilita o upgrade a partir tanto do EDGE quanto do TDMA (IS 136). A padronização do EDGE vem sendo feita através do Universal Wireless Communication (UWC 136). As taxas de transmissão no EDGE chegam a ser 3 vezes mais rápidas do que no GPRS. O upgrade a partir do sistema EDGE é um tanto complexo, pois implica não somente em atualização de software, mas também mudanças aos subsistemas de hardware das estações base e antenas e a construção de novas estações base. Por estas razões, algumas operadoras GSM optaram por não adotar o EDGE, mas sim diretamente do GSM ou GPRS para o padrão 3G (WCDMA).

3ª Geração: Altas taxas de transmissão

O padrão 3G, conforme visto anteriormente foi criado pela ITU e é normalmente conhecido como IMT 2000. Os principais objetivos da 3G é fornecer acesso global, roaming internacional, uso em todas as aplicações móveis, altas taxas de transmissão (2 Mbps), alta eficiência e suporte tanto a comutação por circuitos quanto por pacotes. O IMT 2000 engloba cinco padrões, que

COMUNICAÇÕES MÓVEIS

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são: W-CDMA, CDMA2000, TD-CDMA/TD-SCDMA, DECT e UWC-136.

Desses cinco, apenas três fornecem rede com cobertura total, podendo ser considerados como plenamente de 3G: WCDMA, CDMA2000 e TD-SCDMA. Dentre os outros, DECT é usado para os telefones sem fio caseiros, podendo ser utilizado em 3G de pequena escala, mas não fornece cobertura total de rede. E o UW 136, conforme visto anteriormente é outro nome dado ao EDGE, que é genericamente considerado como 2.5G. Através do diagrama abaixo, pode-se ver a evolução dos sistemas de comunicações móveis, desde a 1ª Geração.

4ª Geração: (?)

A 4G atualmente não passa de uma palavra de especulação de marketing. Algumas pesquisas vêm sendo feitas, mas nenhuma faixa de freqüências foi alocada, nem o trabalho de especificação foi feito ainda. A 4ª Geração poderá estar pronta para ser implementada em 2012.

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NOSSO IMPERADOR DOM PEDRO II SEM DINHEIRO... Como é óbvio, um Imperador não andava com dinheiro no bolso; Dom Pedro II sempre linha ao seu lado uma pessoa encarregada de pagar as despesas. Certo dia, nos Estados Unidos, Dom Pedro foi sozinho visitar o Monumento Bunker Hill, instalado numa colina; como estava fora do horário normal para visitas, encontrou o cicerone dormindo. Despertou-o e disse da sua intenção de subir ao mirante ao que o encarregado respondeu que o custo da subida era meio dólar. Dom Pedro foi ao cocheiro do carro que o trouxera, e pediu-lhe o dinheiro emprestado; pagou a entrada, subiu ao mirante e deixou sua assinatura no Livro de Visitantes. Quando o famoso historiador Richard Fothingham viu a assinatura, perguntou ao cicerone qual fora a impressão que tivera do Imperador. — Imperador? — admirou-se. — Aquele sujeito era um miserável e não tinha sequer meio dólar para pagar o ingresso... OS PRIMEIROS TELEFONES PÚBLICOS Não foi fácil a implantação do telefone público; ela aconteceu por volta da 1382, mas o método usado na arrecadação do dinheiro era diferente do sistema que usamos hoje. Foi colocado um telefone dentro de uma cabina, cuja porta só fechava automaticamente, logo que alguém nela entrasse para telefonar. Depois de fazer a ligação telefônica só podia sair se depositasse uma moeda num local da porta fechada (algo semelhante talvez ainda esteja em uso em certos elevadores da Itália, que funcionam apenas se a pessoa colocar uma moeda numa caixa junto da porta do elevador). O sistema não foi adiante porque mesmo sem conseguir fazer a ligação a pessoa era obrigada a gastar a moeda para poder sair da cabina. Vários outros processos foram adotados para resolver o problema da evolução da moeda. Primeiramente, adotou-se o princípio de que o cliente colocaria a moeda antes de falar. Depois, ficou estabelecido que o pagamento só se faria após o cliente pedir a ligação à telefonista e obtê-la. A idéia da moeda produzir o próprio sinal na descida deve-se a um operário da "Gray Telephone Pay Station Co." Desde 1911 o Sistema Bell adotou para seu uso um coletor de moedas fabricado pela "Western Electric Company". USO DO TELEFONE NA IMPRENSA (1377)

Em 13 de fevereiro de 1877, o jornal Boston Globe, dos Estados Unidos, registrava uma notícia histórica: "Recebida por telefone - a primeira mensagem jornalística pelo fio. Temos o prazer de apresentar aos nossos leitores, esta manhã, as primeiras notícias recebidas em um jornal, por meio do recém-descoberto telefone, o sistema de transmissão de som pelo fio, inventado pelo professor Alexander Graham Bell. (...)" DEFUNTOS NA AUTOMATIZAÇÃO A automatização do telefone chegou em 1892, com a ajuda indireta dos defuntos. Em Kansas City (Estados Unidos) havia àquela época duas principais empresas funerárias que disputavam preparar as pompas fúnebres. Almon B. Strowger, um dos empresários funerários, percebeu que os seus negócios não iam tão bem quanto o do seu competidor. Averiguou e apurou o seguinte: quando os clientes de Strowger pediam para que a telefonista fizesse uma ligação para a funerária do empresário de sua preferência (Strowger), a telefonista, que era esposa do seu concorrente, se "equivocava" e ligava para a funerária do marido... Ao perceber a manobra, Strowger procurou construir um aparelho que fizesse os telefones funcionarem sem o auxílio ou intermediação da telefonista, acabando por inventar, em 1892, o primeiro quadro comutador telefônico automático. OUVIR MUSICA PELO TELEGRAPHO "A telegrafia eléctrica que tem sido já origem de tantas maravilhas, acaba de servir para uma nova e bem notável invenção. Um cidadão de Chicago (Estados Unidos), chamado Elisha Gray, descobriu o meio de pelos fios eléctricos transmittir os sons de um piano para a sala de um concerto na distância de 2,4 milhas, assegurando que poderia transmitti-los muito mais longe. A maior parte dos physicos da América consideram esse maravilhoso resultado, como o primeiro passo para descobrir-se a via eléctrica que poderá ser usada para a transmissão dos sons produzidos por muitos instrumentos reunidos. O apparelho inventado por Gray, e que foi denominado telephonio compõe-se de três partes: 1º o instrumento que transmitte os sons; 2º os fios conduetores, que vão a uma distância determinada; 3º o apparelho que receba os sons transmittidos. CORREIOS E TELÉGRAFOS

CURIOSIDADES

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O serviço de correio é conhecido desde a antiguidade. Sabe-se da existência de cartas, na antiga Babilônia, que datam de 1850 aC. Na antiguidade greco-romana as cartas eram escritas em folhas de papiro que eram enroladas e amarradas com cordões. A instituição dos serviços de correios na Europa deve ter-se iniciado na França, ao tempo de Alexandre Magno. Na Inglaterra, o primeiro serviço postal foi estabelecido em 1635. O serviço de correio começou a funcionar no Brasil a partir de 25 de janeiro de 1663 quando o alferes João Cavaleiro Cardoso foi nomeado para exercer o cargo de "Correio-mor do mar" e "Correio-mor da Terra" tendo o mesmo sido qualificado para o recebimento e envio de todas as cartas, dentro e fora do Reino. O Dia do Carteiro é comemorado na data e mês da fundação, 25 de janeiro, em nosso País. As telecomunicações são intensamente usadas pelo nosso Correio, no setor de telegrafia e telex, nacional e internacional. Moderna maquinaria também está sendo usada no setor de correspondência, imprimindo, sobretudo, muita rapidez no trânsito da correspondência. O primeiro selo de carta emitido no Brasil (o terceiro emitido no mundo) foi o chamado "Olho de Boi", lançado em 1º de agosto de 1843, através de uma lei do Imperador D. Pedro II. Eram impressos nos valores de 30, 60 e 90 réis e assim chamados porque de forma Iongínqua, lembraram os olhos do boi. A SECRETÁRIA ELETRÕNICA MAIS MODERNA Foi mais uma contribuição as telecomunicações a criação de um aparelho que grava os recados quando o telefone toca e a casa está vazia. Ao ausentar-se a pessoa pode de qualquer telefone distante, acionar o emissor que transmite um sinal da gravação dos recados deixados na sua ausência. REVOLUÇÃO NA GRAVAÇÃO DE TV - VIDEOCASSETE O VlDEO-TAPE NA SUA CASA Com o "videocassete" portátil as pessoas que por qualquer motivo não podem assistir a um programa especial de televisão na hora em que é exibido, poderão, enquanto se ausentam, deixar o gravador de "videocassete" acoplado no aparelho de TV. A gravação era feita durante seis horas de programa. Atualmente os DVD’s RW (DVD ROM) substiuem os videocassetes que eram a fita magnética. MEUCCI TERIA SIDO O PRIMEIRO INVENTOR DO TELEFONE?

De acordo com o texto extraído da Enciclopédia Universo — Vol VII — do Instituto de Agostini, o verdadeiro inventor do telefone foi António Meucci, nascido em Firenze, Itália, no ano de 1808. Meucci teve a ideia de construir o telefone em 1849 e completou o invento em 1857, quando já estava vivendo nos Estados Unidos. Nos anos seguintes, as dificuldades financeiras impediram-no de registrar a Patente mas, em 1871 ele registrou o seu invento. Como a Lei determinava que a Patente devia ser renovada anualmente, Meucci conseguiu meios de renová-la nos dois primeiros anos; porém, a crescente miséria impediu as renovações anuais posteriores. Meucci, então, procurou a empresa Western Telegraph e foi encorajado por um breve período mas depois viu seus planos naufragarem por força de uma ação pouco limpa de um diretor daquela empresa, chamado Grant. Finalmente, num mesmo dia, 6 de fevereiro de 1876, e com apenas duas horas de diferença Alexander Granam Bell e Elisha Gray deram entrada de pedidos de Patentes de aparelhos telefônicos. Tais fatos, divulgados pelos jornais, originaram violenta polémica e o nome de Meucci veio novamente à tona. No ano de 1886, uma sentença da Suprema Corte dos Estados Unidos reconheceu a prioridade de Meucci na invenção do telefone; ele foi reintegrada moralmente nos seus direitos de inventor porém esse reconhecimento não concedeu qualquer vantagem material à Patente, cancelada em 1873 por falta de renovação. Meucci morreu numa casa doada aos italianos de Long Island (EUA) por Giuseppe Garibaldi, ao qual Meucci conheceu quando aquele guerreiro refugiou-se numa fábrica onde Meucci trabalhava e com o qual viria a colaborar. TRANSÍSTOR Em 1956, três cientistas dos Laboratórios Bell (EUA) receberam o Prémio Nobel de Física: William Shockley, Walter Brattain e John Bardeen. Eles foram laureados por terem inventado o transístor, em 1947. Descobridores do transistor em 1947.

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Para dar uma ideia da importância do transístor basta lembrar a máquina chamada ENIAC (Eletronic Numerical Integra-tor and Calculator) monstruoso computador eletrònico construído em 1944, ao preço de 19 milhões de dólares; aquela máquina tinha 18 mil válvulas que exigiam intensa refrigeração, o que não impedia que algumas dezenas se queimassem a cada poucos minutos, não só interrompendo o funcionamento como também lançando sérias dúvidas quanto à confiabilidade dos resultados que apresentava. O transístor possibilitou a fabricação das corriqueiras calculadoras de bolso ou de pulso, de alta precisão, que realizam muito mais e hoje custam menos do que se paga por uma só válvula. 0 transístor principalmente tornou viável a microele-trônica, capaz de armazenar milhares de memórias condensadas em minúsculos componentes, menores do que o tamanho de uma cabeça de alfinete. MILAGRE DA CIENCIA A microetrônica tornou viável armazenar milhares da memórias em minúsculos componentes que passam no buraco de uma agulha.

TELEFONE SEM FIOS A pessoa que ouve o telefone tocar, mas está longe, já não precisa correr para atender. O aparelho sem fio que usa bateria recarregável de nome "Tote&Talk", permite que se atenda à chamada a uma distância de até 100 metros. FICCIONISTAS LOGRADOS COMPONENTES ELETRÔNICOS CABEM NO BURACO DE UMA AGULHA A descoberta do transístor, em novembro de 1947, surpreendeu a todos os que se dedicavam a prever o futuro dos meios de comunicação e frustrou violentamente àqueles que escreviam ficções para o futuro. Eles confessam que foram logrados pelo transístor. Suas fantasias eram baseadas nas válvulas, superadas pelo transístor; por isso não puderam prever a existência de componentes eietrônicos, que cabem no buraco de uma agulha de costura, o que limitou, de uma forma brutal, as suas concepções.

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Edifício cede da Telebrás em Brasília.

Até 1965, a situação das telecomunicações no Brasil era o que podia ser chamada de caótica e simplesmente não acompanhava o desenvolvimento do País: faltava assistência dos órgãos

governamentais; havia restrições à importação de equipamentos; os níveis tarifários obsoletos provocavam déficit crítico e, portando profundo desinteresse das concessionárias por novos investimentos; havia crescente demanda não atendida, que no setor telefónico chegava a igualar o número de aparelhos instalados; havia falta de apoio às indústrias de equipamentos de telecomunicações. As cidades cresciam, exigia-se maior número de comunicações mas as centrais telefónicas operavam com carga de tráfego superior ao seu dimensionamento; sequer havia condições de executar convenientemente a manutenção das redes de cabos e os problemas multiplicavam. O País todo contava com a exígua quantidade de 1.326.000 telefones cujo serviço interurbano dispunha de apenas três sistemas de microondas (São Paulo x Rio, Rio x Belo Horizonte e Rio x Beío Horizonte x Brasília (instalado para inauguração da atual Capital Federal). São Paulo dispunha de apenas metade dos aparelhos que necessitava (282 mil para 4.350.000 habitantes) com um índice de 6,4 aparelhos por 100 habitantes; em quantidade de telefones o Brasil estava lamentavelmente nivelado aos mais pobres Países africanos, muito distante do índice mínimo de 15 aparelhos, estebelecido pela ONU. Naquele tempo, mais de 800 empresas telefnicas operavam em nosso Território gerando caos técnico-administrativo. O serviço de telex, também não atendia à demanda e oferecia serviço precário.

Os serviços dos Correios e Telégrafos eram os mais desorganizados e a entidade, inteiramente desmoralizada, era a mais decadente das nossas Repartições Públicas. A situação estava num ponto insustentável em todos os setores, aguardando que chegasse a coragem para dar o grande passo. Em 1962 o Congresso havia discutido o projeto do Código Brasileiro de Telecomunicações, que se transformou na Lei 4.117 de 27 de agosto daquele ano, criando o Conselho Nacional de Telecomunicações (Contel) órgão diretamente subordinado ao Presidente da República. Pela primeira vez no País, eram traçadas linhas de conduta nas telecomunicações, atribuindo-se tarefas e responsabilidades a cada setor. A telefonia, o telex, a telegrafia e as comunicações de grande distância e internacionais ficariam a cargo de empresas estatais; o rádio e a televisão ficariam a cargo das empresas particulares. Entrando em vigência o citado Código Brasileiro de Comunicações criou-se, o CONTEL - Conselho Nacional de Telecomunicações - órgão federa! - que, não obstante atuar quase como um verdadeiro ministério, não obteve pleno êxito ao defrontar-se com a obsoleta infra-estrutura então existente. Enfrentando os problemas do setor, que se mantinha estagnado, o Governo instalado após 31 de março traçou um plano ambicioso e, a 16 de setembro de 1965 constituiu a Empresa Brasileira de Telecomunicações - EMBRATEL (prevista peio Código de 1962), destinada a implantar e operar industrialmente os serviços de telecomunicações postos sob o regime de exploração da União (leia sobre a EMBRATEL em outro local deste caderno). Em 1967 foi criado o Ministério das Comunicações - MINICOM que, verificando o déficit telefnico ainda existente: no País, apesar dos razoáveis avanços já alcançados, enviou à Presidência da República a Exposição de Motivos Nº 57 (15-7-1971) solicitando aprovação para o Plano Nacional de Telefonia e para um Plano de Emergência, visando instalar 10 milhões de telefones em todo o Território Nacional e mais 1 milhão de novos terminais na Região Sudeste. Posteriormente, o MINICOM elaborou a Exposição de motivos nº 118 (25-8-1971), com o objetivo de criar uma política nacional de telecomunicações, capaz de gerar recursos financeiros, meios

O BRASIL SE ORGANIZA MINICOM – TELEBRÁS - EMBRATEL

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materiais, pessoal especializado, dinamizar o setor nacional de componentes e atingir um alto desenvolvimento tecnológico, proporcionando à nação um sistema integrado de comunicações. A Exposição de Motivos nº 118 destacava, também, a criação de uma entidade pública encarregada da coordenação, planejamento, e desenvolvimento das atividades de telecomunicações no País, exercendo o controie acionário das empresas da área e reduzindo as concessionárias a uma por Estado ou região geoeconómica, ou seja, era proposta a implantação de uma empresa holding para o sistema nacional de telecomunicações. Em 14 de março de 1972 o anteprojeto de lei que criava a Empresa de Telecomunicações S.A. TELEBRÁS foi enviado à Presidência da República que por sua vez encaminhou-o ao Congresso onde foi examinado e aprovado num curto prazo de 19 dias. E assim foi sancionada, a 11 de julho daquele ano -1972- a Lei 5.972 que concedeu à União competência para garantir e controlar o permanente funcionamento dos serviços de telecomunicações. A mesma Lei tam-bém autorizava a constituição da TELEBRÁS que ficava credenciada a participar do capital das empresas concessionárias, visando a pretendida unificação dos serviços e o cumprimento de um planejamento geral. Brasília foi escolhida como sede da nova empresa. Devendo integralizar um capital inicial de Cr$ 5 bilhões, a TELEBRÁS foi constituída como uma das três maiores empresas do País. Em cumprimento às diretrizes traçadas pelo Ministério das Comunicações a TELEBRÁS pôde participar do capital até assumir o controle das concessionárias de serviços públicos de teíecomunícações estaduais, municipais ou particulares. No dia 9 de novembro de 1972 a TELEBRÁS foi implantada, como empresa de economia mista controlada pelo Governo Federal. A partir da junção de todos os investimentos governamentais no setor - inclusive Fundo Nacional de Telecomunicações - que era utilizado pela EMBRATEL - a TELEBRÁS teve como principais objetívos: "a promoção de medidas capazes de expandir as telecomunicações no País e com o exterior; reduzir os gastos operacionais e obter maior produtividade dos investimentos; controlar os recursos investidos pela União; efetivar a integração dos sistemas urbanos em todo o País, controlando a operação e expansão de todo o sistema telefónico nacional, diretamente ou através das subsidiárias; promover a captação e propor a aplicação de recursos financeiros oriundos de fontes internas e do FNT - Fundo Nacional de Telecomunicações. Coube, ainda, à TELEBRÁS, avaliar a demanda da telefonia, telegrafia, telex e de ligações interurbanas, interestaduais e internacionais, propondo soluções para o seu atendimento; prever a quantidade de mão-de-obra especializada em todos os níveis,

que deverá ser formada anualmente em cada Estado e propor medidas para a obtenção, em tempo útil, de todo o pessoal necessário; estimular e acelerar a produção nacional de equipamentos para o setor entre as fábricas que cumpram as exigências determinadas pelo Ministério das Comunicações de preços adequados, alta qualidade e cumprimento dos prazos contratuais; e, finalmente, coordenar e controlar a execução de att-vidades da EMBRATEL e das empresas estaduais, de forma que a expansão do Sistema Nacional de Telecomunicações se processe com equilíbrio, atendendo peculiaridades de cada região e estimulando o crescimento nas áreas menos providas". A leitura dos textos contidos neste caderno dará aos leitores uma noção das transformações havidas no País, após 1364, nos campos da telefonia, telegrafia e teíex; as diretrizes postas em prática fizeram nosso País ganhar nova dimensão. Abrimos estradas de comunicações sob o chão e sob o mar, acima, do chão e no espaço, pelas ondas hertzianas. Os serviços prestados pela Embratel compõem o Sistema Brasileiro de Telecomunicações, ligando os 8.511.965 km2 do nosso País nos seus pontos mais distantes entre si e com o mundo. Os meios de transmissão são realizados, basicamente, através de quatro meios diferentes: microondas em visibilidade, constituído por estações terminais e repetidoras; microondas em tropodifusão, implantado para vencer as grandes distâncias da região amazônica: rádio em ondas curtas, empregado nas transmissões com o Território de Fernando de Noronha; e satélite continental, estações terrenas de pequeno porte, instaladas em localidades com expressiva demanda de tráfego, mas sem facilidade de acesso rodoviário. SERVIÇOS PRESTADOS PELA EMBRATEL Área Nacional Telefonia, Telex, Transmissão de Dados — TRANSDATA, Aluguel Permanente de Circuitos de Voz, Aluguel Eventual de Circuitos de Voz, Aluguel de Circuitos Telegráficos, Comutação Privativa de Mensagens - SICRAM, Televisão (transmissão e/ou recepção de programas), Radiodifusão (transmissão e/ou recepção de programas). Serviço Móvel Marítimo, TV Executiva Assinante Distante (em implantação) Área Internacional Telefonia, Telex, Aluguel de Circuitos de Voz, Aluguel de Circuitos Telegráficos

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Boletim de Imprensa, Fototelegrafia Televisão (transmissão e/ou recepção de programas), Comutação Privativa de Mensagens - SICRAM Serviço Móvel Marítimo Serviços Especiais para Administração e Organismos Internacionais MEIOS DE TRANSMISSÃO Comunicações Domésticas MICROONDAS EM VISIBILIDADE Os troncos de microondas em visibilidade, totalizam cerca de 18000 km de extensão, constituindo-se de estações terminais e repetidoras, operando com equipamento rádio de alta capacidade, basicamente em duas faixas de frequência, de 4000 e 6000 mega-hertz; as microondas são retiansmitidas peias estações repetidoras, instaladas em pontos elevados e intervaladas de 50 km, em média, até atingir as estações terminais existentes no centro das grandes cidades brasileiras e permitem os serviços de telefonia, telex, fac-símile, transmissão de dados, transmissão de programas de rádio, em alta fidelidade, e de programas de televisão. SATÉLITE A complementação do sistema nacional, em localidades com grande demanda de tráfego, mas sem facilidade de acesso rodoviário mesmo para a implantação de troncos de microondas em tropodifusão, foi também, resolvida mediante o aluguel de um subsistema de transmissão- recepção ("transponder") do satélite INTELSAT, para uso exclusivo do Brasil. ONDAS-CURTAS A Embratel utiliza a técnica de ondas-curtas (que só permite transmissões de telefonia, telegrafia, telex e fac-símile) na. ligação com Fernando de Noronha e na Rede Nacional de Estações Costeiras. DISCAGEM DIRETA À DISTÂNCIA A discagem direta à distância (DDD), inaugurada em julho de 1970 (entre Porto Alegre e São Paulo) permite ligações telefónicas interurbanas, sem o auxílio de telefonistas. Não havendo nenhum canal livre, no momento da ligação entre duas localidades envolvidas, a própria central de trânsito irá endereçar a ligação, automaticamente, através de outra rota que esteja desocupada e que, indiretamente possa completar a ligação desejada. No ano de 1979, de um total de 287 milhões de chamadas interurbanas completadas em todo o País, 85% foram processadas pela discagem direta.

Comunicações Internacionais As comunicações internacionais são realizadas, atualmente, via satélite, cabo submarino e microondas em visibilidade. SATÉLITE O Brasil participa, com outros 58 Países, do Consórcio Internacional Intelsat - organização mundial que controla a comunicação via satélite. Para a sua implantação, a Embratel instalou em Tanguá, município de Itaboraí, a 47 quilômetros de Niterói, a Estação Terrena de Comunicações por satélite - Tanguá interligando-a com todos os Estados do Brasil; através deste sistema, o País mantém contato com todo o mundo. Em 1975, a Embratel inaugurou a Tanguá II, dobrando a capacidade de comunicação e situando o País entre as cinco maiores nações usuárias do sistema internacional de satélites; consequentemente, tem assento na Junta de Governadores daquele organismo internacional. Em 1979, a Estação Terrena Tanguá II incrementou, ainda mais, as comunicações domésticas por satélite, notadamente, na região amazônica. Em fevereiro de 1980 foi inaugurada a antena Tanguá III para, em especial, atender à re-gião amazônica. MICROONDAS EM TROPODIFUSÃO

A técnica de tropodifusão baseia-se no fenômeno de difusão na primeira camada atmosférica (troposfera). Em cada estação, um transmissor equipado com uma antena muito diretiva envia um feixo eletromagnético estreito, que se difunde ao alcançar a camada troposférica. Um receptor, também equipado com uma antena de alta diretividade, recolhe o sinal espalhado pelo volume, comum ao campo das duas antenas, estabelecendo-se um lance do tronco desejado para ligar dois pontos. Em virtude da inexistência de facilidade de acesso indispensável à operação das estações dos tron-cos em visibilidade, a EMBRATEL implantou, na Amazónia, microondas em tropodifusão, com estações repetidoras localizadas a cerca de 300 km umas das outras, sendo utilizadas antenas "billboard", algumas com área de 700 m2.

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A tropodifusão opera os serviços de telefonia, telegrafia, telex, fac-símile, transmissão de dados e de programas de rádio em alta fidelidade. CABO SUBMARINO Outro meio utilizado pelo Brasil, em suas comunicações com o exterior, é o sistema de cabos submarinos Bracan-1 (BRAsil-CANárias), inaugurado em 1973 e operando em regime de consórcio com a Espanha, sendo 80% nossa participação acionária. Atingindo Las Palmas, o Sistema BRACAN 1, cuja inauguração oficial ocorreu no dia 4 de maio de 1973, está interligado com a rede internacional de cabos submarinos, podendo alcançar praticamente qualquer outro país. O Sistema BRACAN 1 tem a extensão de cerca de 5000 km e capacidade para 160 circuitos telefônicos, podendo, também, ser utilizado para telegrafia, teiex e transmissão de dados, A 8 de janeiro de 1980 o cabo submarino Brasil Estados Unidos — Brus teve o lançamento completado com a chegada de uma das suas extremidades a Fortaleza. MICROONDAS EM VISIBILIDADE A EMBRATEL implantou um tronco de microondas em visibilidade, de alta capacidade ligando o Brasil à Argentina e ao Paraguai e fazendo a conexão de Foz do Iguaçu a Puerto Iguazu e Presidente Stroessner. DISCAGEM DIRETA INTERNACIONAL Em novembro de 1975, foi introduzida a Discagem Direta Internacional, sistema pelo qual um usuário pode completar uma ligação telefônica com o exterior, sem a necessidade de auxílio de telefonista. Das 4,4 milhões de chamadas internacionais completadas durante o ano de 1979, 75% foram feitas via DDI. A PRIVATISAÇÃO DO SISTEMA TELEBRAS A ORDEM É PRIVATIZAR, É MATAR A

GALHINA DE OURO... Privatizações Federais - Telecomunicações

Uma profunda reforma do aparato legal que regulava o setor tornou possível areestruturação das telecomunicações brasileiras. O traço fundamental foi a transformação do monopólio público, provedor de serviços de telecomunicações, em um novo sistema de concessão pública a operadores privados,

fundado na competição e orientado para o crescimento da universalização dos serviços.

A aprovação pelo Congresso Nacional da Emenda nº 8 à Constituição Federal, em 8 de agosto de 1995, permitiu ao Governo Federal outorgar concessões para exploração de serviços de telecomunicações ao setor privado.

A Lei nº 9.295/96 permitiu a licitação de concessões de telefonia celular da banda B.

Em julho de 1997 o Congresso Nacional aprovou a Lei Geral das Telecomunicações (Lei nº 9.472), a base regulatória para o setor, que também continha as diretrizes para a privatização do Sistema Telebrás.

Segundo a Lei Geral, o processo decisório relativo à privatização do setor ficou a cargo de uma Comissão Especial de Supervisão, ligada hierarquicamente ao Ministério das Comunicações, e não sob a alçada do Conselho Nacional de Desestatização - CND, ao qual o BNDES se reportava em assuntos de privatização, como Gestor do Fundo Nacional de Desestatização - FND.

Em fevereiro de 1998, foi assinado Contrato entre o BNDES e o Ministério das Comunicações atribuindo-se ao Banco a coordenação da modelagem de venda e do próprio leilão do Sistema Telebrás.

A privatização do Sistema Telebrás ocorreu no dia 29 de julho 1998 através de 12 leilões consecutivos na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro – BVRJ, pela venda do controle das três holdings de telefonia fixa, uma de longa distância e oito de telefonia celular, configurando a maior operação de privatização de um bloco de controle já realizada no mundo. Com a venda, o governo arrecadou um total de R$ 22 bilhões, um ágio de 63% sobre o preço mínimo estipulado.

Telecomunicações 1991-2002

US$ milhões

Empresa Resultado dos Leilões

Dívidas Transferidas

Resultado Geral

1. Empresas Federais: 19.237 2.125 21.362

-Telefonia fixa e serviços de longa distância 11.970 2.125 14.095

-Telefonia celular - Banda A 6.974 - 6.974

-Oferta Empregados 293 - 293

2. Concessões: 9.813 - 9.813

-Telefonia Celu lar Banda B 7.613 - 7.613

-Telefonia Celular - Banda D 1.334 - 1.334

-Telefonia Celular - Banda D (sobras) 18 - 18

-Telefonia Celular - Banda E 482 - 482

-Telefonia Celular - Banda E (sobras) 238 - 238

-Empresas Espelho 128 - 128

Total 29.050 2.125 31.175

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Telefonia Fixa e Serviços de Longa Distância US$ milhões

Empresa Resultado dos Leilões

Telesp 4.967

Tele Centro Sul 1.778

Tele Norte Leste 2.949

Embratel 2.276

Total 11.970

Empresas de Telefonia Celular Banda A US$ milhões

Empresa Resultado dos Leilões

Telesp Celular 3.082

Tele Sudeste Celular 1.168

Telemig Celular 649

Tele Celular Sul 601

Tele Nordeste Celular 567

Tele Leste Celular 368

Tele Centro Oeste Celular 378

Tele Norte Celular 161

Total 6.974

Concessões de Telefonia Celular Banda B US$ milhões

Área de Con cessão Resultado dos Leilões

Área 7 314

Área 1 2.453

Área 9 232

Área 2 1.223

Área 10 512

Área 3 1.327

Área 4 457

Área 5 729

Área 6 315

Área 8 51

Total 7.613

Concessões de Telefonia Celular Banda D US$ milhões

Área de Concessão Resultado dos Le ilões

Área 1 556,2

Área 2 274,1

Área 2 (sobras) 18,7

Área 3 503,2

Total 1.352,2

Concessões de Telefonia Celular Banda E US$ milhões

Área de Concessão Resultado dos Leilões

Área 1 481,7

Área 1(sobras) 65,9

Área 2(sobras) 53,4

Área 3(sobras) 118,5

Total 719,5

Concessões para Empresas Espelho US$ milhões

Área de Concessão Resultado dos Leilões

Região II (Tele Centro Sul) 0,1

Região I (Tele Norte Leste) 45,5

Região IV (Embratel) 41,7

Região III (Telesp) 41,1

Total 128,4

Última atualização em: 31/12/02

Este é o preço da Telebrás.

Agora, a tarefa de revolucionar a telefonia está

com o setor privado.

Uma das melhores piadas sobre o antigo regime soviético conta a história de um habitante de Moscou que, em 1975, foi até a loja comprar uma geladeira. Na hora de pagar, foi informado de que o eletrodoméstico seria entregue em 1981. Ao anotar a data anunciada num caderninho, pergunta: — De manhã ou de tarde? — Que diferença faz? — quis saber o funcionário da loja. — É que eu comprei um fogão no ano passado, eles marcaram a entrega para o mesmo dia e quero organizar a minha agenda. Para os brasileiros, fica difícil ouvir uma piada dessas e não se lembrar da Telebrás, a estatal que demora mais de dois anos para entregar os telefones que vende, cuja privatização está marcada para esta quarta-feira, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Se o leilão da Telebrás não for adiado por uma daquelas ações judiciais apresentadas à última hora pelos adversários da privatização, o brasileiro estará assistindo a uma mudança histórica que terá ampla repercussão na vida de milhões de pessoas. Quem já não viu ou entrou numa daquelas imensas filas das teles estaduais para garantir o direito de comprar uma linha residencial? Quando chega diante do

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funcionário, o consumidor finge que está pagando por um serviço que vai receber e o funcionário finge que está recebendo por um serviço que vai entregar. Como na prática todo mundo sempre soube que a instalação ia levar anos, quem pôde adotou uma saída alternativa. Alguns alugaram uma linha, pagando mensalidades quase tão altas quanto a taxa do condomínio. Outros compraram a sua linha no mercado paralelo, a prazo, bancando o equivalente a um segundo telefone a título de juros. E muita gente formou grupos para comprar um telefone em sociedade. O aparelho fica instalado na casa de um deles e assim todos têm um meio de dar e receber recados. Sem alternativas, os mais pobres dependem dos telefones comunitários, aqueles orelhões que, além de discar, também recebem ligações. O resultado é que um telefone já entregue passou a valer ouro. Em 1995, a empresa telefônica de São Paulo, a Telesp, vendia uma linha residencial por 970 reais. Como não havia oferta, quem quisesse um telefone tinha de pagar mais de 4.000 reais no mercado paralelo. Em alguns bairros da periferia paulistana, o telefone no paralelo saía por 9.000 reais — um ágio de 850% sobre a tabela oficial. Comprar e vender telefones se transformou num negócio que ocupou os classificados dos jornais e criou algumas grandes fortunas. O telefone tornou-se um artigo tão raro que jamais foi considerado um serviço, como o acesso à água ou à energia elétrica, algo que se pede para ligar e desligar. O telefone do brasileiro é um bem, pertence à sua família. Está listado no imposto de renda na coluna do patrimônio, declarado em testamento e lembrado na hora do divórcio. Ter duas ou três linhas em casa já foi considerado indicativo de prosperidade. Em tempos de crise, houve quem vendesse a sua linha para pagar uma dívida. Ou procurasse um agiota para dar o telefone como garantia de um empréstimo. Até bem pouco tempo atrás, os

recém-casados faziam conta para comprar três bens a prazo: o imóvel, o carro e o telefone. Mudanças para o consumidor — Esse pesadelo pode estar chegando ao fim. Com a privatização desta quarta-feira, a Telebrás será totalmente esquartejada e remontada. Os pedaços serão vendidos para a iniciativa privada. Seu nome será apenas uma lembrança, ao lado da Siderbrás e Eletrobrás, três retratos de uma época que já não existe mais. A responsabilidade de oferecer serviços públicos está trocando de mãos — e na troca desta semana se estará concretizando o meganegócio deste fim de século. Os consórcios vencedores terão de pagar pelo menos 13,5 bilhões de reais (preço mínimo do leilão) e investir outras dezenas de bilhões de reais nos próximos cinco anos, para atender às exigências do edital de privatização. O Brasil, que tem alguns de seus Estados com padrão africano de distribuição de telefones, estará em patamar quase europeu num prazo máximo de nove anos. De todas as vendas que o governo já fez até aqui, esta é a primeira que mexe diretamente com o consumidor. "Vamos promover uma mudança gigantesca neste país com a privatização da Telebrás", diz o ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, das Comunicações, que está comandando o processo de venda. A Light, empresa de eletricidade do Rio de Janeiro, assim como as outras companhias de distribuição de energia, lida com o consumidor, mas não é muito próprio falar em qualidade de fornecimento de luz. A eletricidade é a mesma em Botsuana e na Suécia. Com os telefones, é diferente. O estudante quer se conectar à Internet, mas a transmissão de dados é lenta e ele demora a acessar seu site preferido. No meio daquela ligação internacional importante, a linha fica muda. O carro entra numa ladeira e o sinal do celular oscila até cair. Isso tudo vai mudar. Não porque a iniciativa privada, à qual será entregue a telefonia brasileira, seja uma espécie de Madre Teresa de Calcutá dos serviços públicos. Nada disso. Os consórcios vencedores melhorarão o serviço telefônico porque serão obrigados a fazer isso por contrato. As penalidades serão pesadas para aquele que não cumprir o combinado. As empresas que deixarem de atender às metas estipuladas nesse contrato poderão receber multas milionárias ou até perder a concessão — e o dinheiro que pagaram por ela. Para o governo não poderia haver negócio melhor. Ele abandona a responsabilidade de gerenciar um negócio em que seu desempenho é burlesco e assume uma atividade nobre e típica do Estado: a fiscalização das novas companhias telefônicas, por meio da recém-criada Agência Nacional de Telecomunicações, Anatel. Todo o chamado sistema Telebrás estará sendo vendido. Ele é composto pelas 26 empresas concessionárias que exploram a telefonia nos Estados, e também vai a leilão uma empresa da

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qual todo mundo já ouviu falar mas não sabe exatamente o que faz, a Embratel. Toda vez que alguém manda um telegrama, transmite um fax, conecta-se à Internet, liga a televisão ou ouve rádio, está usando os serviços da Embratel. Estatal responsável pela comunicação de longa distância, a Embratel mantém uma rede de satélites e cabos de fibras óticas que liga o Brasil ao resto do mundo. Antes de sua criação, em 1965, conseguir um interurbano podia demorar até um dia inteiro. Hoje, a ligação é feita em segundos. É uma das jóias do sistema.

Central telefônica da década de 70: o modelo estatal produziu filas, mercado paralelo, ágio e péssimos serviços para a população Serviço sofrível — A questão é que a Telebrás foi perdendo potência no decorrer dos anos, até chegar ao estado atual. Para atender a clientela de maneira adequada, precisaria instalar 11.000 terminais por dia, mas só está instalando 5.700. Para atingir essa meta, necessitaria investir 10 bilhões de dólares por ano, mas só tem fôlego para gastar 3,5 bilhões. Basicamente, é essa falta de investimento que sacrifica os brasileiros, num item em que a maior parte dos países está bem suprida. Nos últimos vinte anos, para cada telefone instalado, apareceram duas pessoas querendo comprar um aparelho. Somente metade dos estabelecimentos comerciais tem telefone e nas propriedades rurais o número é estarrecedor: apenas 2% delas são servidas pela Telebrás. Para socorrer a massa de quem não tem um

aparelho, funcionam hoje 500.000 telefones públicos, o que é uma insuficiência óbvia. Por exigência da Anatel, os consórcios vencedores deverão dobrar o número de orelhões nos próximos três anos.

Sala de controle a Telesp: além das melhorias, a privatização trará mais investimentos, empregos e nova tecnologia O sucateamento da Telebrás afetou tremendamente a qualidade dos serviços. De acordo com padrões internacionais, aceita-se que 6% das chamadas não sejam completadas em horários de pico. Nos dois grandes centros urbanos brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro, esse índice às vezes passa de 30%. Isso quer dizer que, quando três pessoas discam, só duas conseguem a ligação. Ou que é preciso tentar três vezes até fazer uma chamada. O monopólio governamental das telecomunicações conseguiu alguns feitos dignos de registro. Vende poucos telefones para uma freguesia ávida por comprá-los, demora para entregá-los e cobra por um serviço de sofrível a ruim. O alemão que quer o celular consegue a linha de graça, o aparelho de graça e até descontos nas primeiras semanas de uso. É que na Alemanha as empresas telefônicas tiram o lucro da cobrança de tarifas, competem aos tapas, e por isso facilitam a vida dos consumidores. Na Inglaterra, se a empresa atrasa a entrega do telefone, instalado normalmente em dois dias, o cliente ganha um crédito na sua conta como forma de compensação.

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Em mais de meio século de existência do monopólio, as estatais de telefonia engordaram em tamanho. O sistema Telebrás opera, proporcionalmente, com o dobro do número de funcionários das grandes empresas americanas. A produtividade dos trabalhadores brasileiros é metade da existente nos Estados Unidos, segundo um estudo concluído no início do ano pela consultoria McKinsey. De acordo com esse trabalho, o sistema Telebrás paga mais pelos equipamentos que adquire. Em alguns casos, como o das centrais de computação, o preço verificado é 500% mais alto do que equipamentos semelhantes vendidos no mercado internacional. Há outros custos que podem diminuir com a venda da Telebrás. A empresa privada não precisa atrelar-se a um teto de investimentos estabelecido pela área econômica do governo nem é restringida pelas regras das leis de licitação. São fatores que, no Brasil, tornam os investimentos de uma empresa pública 30% mais altos e o custeio 35% mais elevado. Empregos gerados — Entre as várias exigências que a Anatel fez no edital, a que interessa diretamente às pessoas é o aumento do número de linhas a toque de caixa. Há 17 milhões de telefones fixos atualmente. O número crescerá para 50 milhões até 2007. Assim, um terço dos brasileiros terá telefone em casa ou na loja dentro de nove anos. Esse índice, de trinta telefones para cada grupo de 100 habitantes, aproxima o Brasil dos níveis internacionais. O prazo de espera para a instalação do telefone cairá dos dois anos atuais para apenas uma semana em 2005. É curioso notar que as empresas privadas estão sendo chamadas a consertar um sistema destruído pela gestão estatal. Para alguns é de entortar a cabeça e subverter certos valores enraizados. Um dos principais argumentos contrários à venda da Telebrás é que a iniciativa privada não se interessa pelo pobre e só vai dar telefone aos mais ricos. De acordo com este raciocínio, só a empresa estatal, com sua genuína preocupação social, pode levar o telefone até o rincão e os bairros mais pobres. De acordo com uma análise feita pela Anatel, 81% dos telefones residenciais instalados no país pela Telebrás estão nas mãos dos 16% mais ricos. E os 57% mais pobres dividem apenas 2% dos telefones. A classe A tem duas linhas por família. A classe D, uma linha a cada 100 famílias. O leilão das empresas do sistema Telebrás, além de melhorar a vida das pessoas, pode estimular grandes negócios no Brasil. Um sistema telefônico moderno cria uma rede de empresas fornecedoras a seu redor, dos fabricantes de celulares e fibras óticas às empresas de informática. O investimento dos consórcios vencedores será de 45 bilhões de reais até o ano 2001 (sem contar o que pagarão pelas ações do governo). A quantia deve beirar os 100 bilhões de reais até 2007. Nesta conta estão incluídos os investimentos em infra-estrutura,

propaganda e comercialização. Segundo uma estimativa do banco carioca Stock-Máxima, instituição especializada em privatizações, serão gerados 40.000 empregos diretos nos próximos anos. O banco nem consegue calcular o número de empregos indiretos, mas há indicações de que podem ser mais de 50.000. As empresas telefônicas fornecem empregos com qualidade superior à da média, por envolver muito trabalho com tecnologia. O empuxo dado pela privatização pode, portanto, criar uma boa massa de trabalhadores com qualificação. "Ele terá o mesmo efeito daquele que ocorreu na década de 50, quando as indústrias automobilísticas chegaram ao país", recorda Gilberto Geraldo Garbi, presidente da NEC do Brasil. Dívida abatida — Com as suas velhas estatais, equipamentos antigos e poucos telefones, o Brasil ficou afastado da atividade em que mais se ganha dinheiro no mundo, ao lado da indústria de informática. A exploração dos serviços de telecomunicações movimenta 800 bilhões de dólares por ano e cresce ao ritmo anual de 7%. Investimentos em telefonia rendem às empresas 18% ao ano. É três vezes mais do que os juros internacionais. Os resultados são tão bons que ofuscaram velhas minas de dinheiro, como a exploração de petróleo ou de minério. Há mais uma vantagem em desenvolver o setor. Ninguém investe em país onde é difícil arrumar telefone, fax, celular ou Internet. Portanto, neste momento em que o Brasil está recebendo investimentos diretos em doses elevadas, a privatização ocorre em boa hora. Pode parecer um paradoxo, mas a demora excessiva em privatizar o setor de telefonia acabou resultando em várias vantagens. O país pode queimar etapas na renovação de seu parque telefônico, reequipando-o de maneira mais barata e com tecnologia mais moderna à disposição. Pôde-se evitar os erros de outras privatizações e copiar suas vantagens. Na privatização inglesa, o governo preocupou-se em proteger os consumidores do aumento de tarifas, mas esqueceu-se de exigir melhorias do serviço. A lista de exigências feitas pelo Ministério das Comunicações aos consórcios procura contornar esse problema. Na Argentina, a privatização transferiu o monopólio estatal para o privado, perdendo-se assim as vantagens da competição. Como resultado, os preços explodiram. A forma de venda da Telebrás permitirá uma enorme competição. Ela foi dividida em doze pedaços, transformados em empresas (veja quadro). Nas regiões em que operam essas companhias, surgirão "empresas espelho" para competir com as ex-estatais. Uma das questões que aborrecem as pessoas sobre a venda da Telebrás é o destino do dinheiro. Ele não irá para novos investimentos que gerem empregos, mas para o abatimento da

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dívida pública. Parece que isso é queimar o dinheiro, mas não é. Seria ótimo que o governo pudesse pegar o que arrecada com a privatização para construir casas populares ou escolas. Mas qualquer um que já tomou dinheiro emprestado ou está pendurado no cheque especial sabe que as dívidas só param de crescer quando são amortizadas e só desaparecem quando são quitadas. Uma simulação feita pelo BNDES mostra que, graças à privatização, o governo reduziu a dívida em 34 bilhões de reais de 1996 para cá. Faça as contas. Embora a Telebrás seja superavitária, o maior retorno que a empresa deu para a União na forma de pagamento de dividendos foram 156 milhões de reais neste ano. A média dos anos 90 foi bem mais baixa: apenas 50 milhões. Usando o dinheiro arrecadado com a venda da Telebrás para amortizar essa dívida, estima-se que a União possa economizar 850 milhões de reais por ano em juros. Portanto, também desse ângulo, vender a Telebrás é mais vantajoso do que mantê-la sob comando estatal. Com isso, sobra mais dinheiro para educação, saúde e até casa popular. Durante muito tempo o Brasil teve o Estado no papel de empresário, controlando até empresas de navegação. Esse modelo, em que o setor público investe e gerencia atividades típicas da iniciativa privada, acabou na maior parte do mundo, mas ainda resiste em países como Itália e França. O Brasil já vendeu todo o seu parque siderúrgico, empresas de fertilizantes, grande parte de suas empresas petroquímicas e sua grande empresa de mineração, a Vale do Rio Doce. Agora está passando adiante, por meio de concessões à iniciativa privada, a administração de serviços públicos como saneamento básico, produção e distribuição de energia ou o gerenciamento de ferrovias e rodovias. Essas áreas, que pareciam sem solução, agora começam a ser transformadas em benefício do contribuinte. Vendendo a Telebrás, o governo pode abater sua dívida e transformar o telefone de sonho para poucos em comodidade para muitos.

Tecnologia à disposição

A partir da privatização, as novas concessionárias terão de investir alto para aumentar a oferta de linhas e serviços. Esse esforço exigirá o uso de novas tecnologias. Um exemplo é o número de linhas digitais, que vai saltar dos atuais 30% para 100% até o início de 2006. Veja o que mais está vindo por aí: Celular pré-pago Funciona com um cartão, parecido com cartão de crédito, com capacidade para determinado tempo de conversação. Recebe ligações normalmente, mas só liga enquanto

existir crédito no cartão. É um artifício para quem não quer gastar muito.

Linhas ISDN Uma pequena caixa instalada na parede da residência ou do escritório permite falar ao telefone ao mesmo tempo que se usa o fax ou se navega na Internet. Funciona como se a pessoa tivesse duas linhas. Identificador de chamadas As centrais telefônicas mais modernas permitem que o telefone de quem está chamando seja identificado sem necessidade de aparelhos adicionais, do tipo Bina.

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Linhas de banda larga Empresas podem solicitar linhas de grande capacidade. Com elas será possível usar videofones com qualidade perfeita de imagem. Usando máquinas especiais, pessoas em dois pontos distantes do país podem manipular textos e imagens simultaneamente. Acesso à Internet pelo celular Dispensa o computador. O visor de cristal líquido, o mesmo em que aparece o número do telefone discado, substitui o monitor. Serve para conferir o correio eletrônico e ver páginas com poucos detalhes gráficos As armas contra as liminares Escaldado por mais de uma centena de ações judiciais movidas contra a venda da Vale do Rio Doce, no ano passado, o governo opera em alerta máximo para o leilão de privatização do sistema Telebrás. Dez advogados do BNDES e mais de cinqüenta da Telebrás vêm sendo treinados para reagir o mais rápido possível contra os inevitáveis pedidos de liminar para o cancelamento do leilão desta quarta-feira. A equipe conta com o apoio dos 400 advogados que integram o corpo da Advocacia-Geral da União. Esse exército de advogados recebeu orientações da consultoria jurídica do BNDES. Uma delas foi atrair a atenção de todos para o "conflito de competência" — um expediente muito útil quando começam a pipocar ações nos quatro cantos do mapa nacional. Ocorre o "conflito de competência" quando se detectam duas ou mais ações espalhadas pedindo a mesma coisa à Justiça. Os advogados do governo podem pedir que todas elas sejam centralizadas nas mãos de um único juiz, o que facilita o trabalho da defesa. Em privatizações anteriores, o governo chegou a fretar jatinho para deslocar seus advogados quando surgia uma liminar concedida em local sem vôo direto. Para tentar evitar esse corre-corre, haverá pelo menos dois advogados de plantão em cada um dos 27 tribunais de Justiça. A missão deles é recolher as ações contra o leilão e despachá-las para Brasília. Definido um modelo de defesa, o que preocupa o governo é que o volume de ações contrárias à privatização da Telebrás está bem menor do que o esperado. Faltando dez dias para o leilão da Vale, o governo já se debatia com mais de 150 ações judiciais. No caso da Telebrás, houve 45 ações contra o rearranjo administrativo da empresa, e apenas quatro tentando bloquear a privatização. "Está tudo tranqüilo demais", diz Cláudio Neves, superintendente jurídico do BNDES. A suspeita é que a calma possa ser uma estratégia da oposição para entrar na Justiça com um caminhão de ações na última hora. Dúvidas em torno da venda da Telebrás

Algumas das dúvidas mais recorrentes sobre a venda da Telebrás, acompanhadas das respostas. Por que vender uma empresa como a Telebrás, que dá lucro? Estatais privatizadas normalmente fazem crescer a receita, baixam os custos, conseguem aumentar o lucro e pagam mais imposto ao Tesouro. Além disso, a Telebrás deveria investir 10 bilhões de dólares por ano para melhorar os serviços que oferece. Só consegue aplicar pouco mais de um terço dessa soma. Com a venda, o governo economiza nos investimentos e ganha mais nos impostos — podendo aplicar onde realmente interessa: saúde e educação. As empresas privadas, ao contrário da estatal, não terão interesse em atender às cidades distantes e pobres. Isso não pode deixar sem serviço uma fatia da população? O governo impõe às compradoras um programa mínimo. Quem vencer terá sete anos para oferecer telefone residencial em todas as comunidades com mais de 300 habitantes e orelhões nas cidades com mais de 100 habitantes. As empresas que não cumprirem as metas poderão ser advertidas, multadas em até 50 milhões de reais e, por fim, ter cassadas as concessões. Por que o governo vai vender o sistema de uma só vez, em vez de fazê-lo empresa por empresa? Se vendesse uma por uma as companhias, quem iria querer comprar certas teles como as de Roraima e Amapá? Essas empresas, devido à baixa densidade populacional da área em que atuam e ao atendimento quase pleno da demanda, são pouco promissoras. Os consórcios privados tentariam arrematar os filés do mercado, como a Telesp, e deixariam os ossos com o Estado. De acordo com o edital, quem comprar uma empresa-filé leva junto uma empresa-osso. O Estado não está apenas trocando monopólio estatal por monopólio privado? A partir de 2003 o governo vai conceder a novos grupos privados o direito de explorar as chamadas "empresas espelho". Ou seja, haverá duas concessionárias em cada região. O mesmo vale para a Embratel. Havendo concorrência, deverá acontecer uma guerra em torno dos preços dos serviços oferecidos. A tendência é de que caiam. Explorar as telecomunicações é um serviço estratégico. Por que o governo abre mão disso?

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Estratégico não é explorar a telefonia, mas garantir que a população tenha telefone disponível e de boa qualidade. O sistema Telebrás não conseguiu fazer isso. Como será o leilão das teles O leilão da Telebrás está marcado para as 10 horas desta quarta-feira. É nesse momento que o gerente do pregão vai receber das corretoras representantes dos mais de cinqüenta consórcios privados os envelopes com as propostas de preço para a compra das estatais. Primeiro serão vendidas as estatais que exploram a telefonia fixa e a Embratel. São as empresas do chamado grupo A. Desta lista, a primeira empresa a ser vendida será a telefônica de São Paulo, a Telesp. Depois serão abertos os envelopes para duas outras empresas do grupo A, a Tele Norte-Leste e a Tele Centro-Sul, criadas como resultado da fusão das demais teles existentes (mapa acima à esq.). Caberá a essas três empresas explorar a telefonia fixa no país. Em seguida será oferecida a quarta empresa do grupo A, a Embratel. Haverá um intervalo de uma hora, depois do qual será feita a venda das novas companhias de telefonia celular. Os departamentos das atuais teles estatais que cuidam da exploração da telefonia celular serão transformados em oito empresas e vendidos em separado (mapa acima à dir.). As quatro mais rentáveis (Telesp Celular, Telesudeste Celular, Telemig Celular e Telecelular Sul) são as empresas do chamado grupo B. As quatro menos rentáveis (Telecentroeste Celular, Telenordeste Celular, Teleleste Celular e Telenorte Celular) formam o grupo C.

Nenhum consórcio pode explorar duas empresas do grupo A, nem duas empresas do grupo B, nem duas do grupo C. Quem já explora hoje em dia a telefonia celular privada, a chamada banda B, só pode comprar empresa do grupo C. Para garantir que o governo arrecade o máximo possível, ficou definido que sempre que a diferença de preço constante dos envelopes entre o primeiro e o segundo colocados ficar abaixo de 5% os dois resolvem a disputa por lance, como num leilão tradicional.

Com reportagem de: Franco Iacomini, de São Paulo,

Alexandre Oltramari, de Brasília, e Manoel Fernandes, do Rio de Janeiro