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Histria das comunicaes e das telecomunicaesProf. Pedro de Alcntara Neto Universidade de Pernambuco - UPE Escola Politcnica de Pernambuco - POLI Departamento de Engenharia Eltrica - DEE Curso de Engenharia de Telecomunicaes

Por:

primeiro smbolo comunicador, a Cruz de Cristo, citada na Bblia. Nos tempos passados a comunicao caminhava a cada dcada; hoje, o futuro cresce a cada segundo, conforme a concepo dos que pensam o aparentemente impensvel e conseguem realizar o que deixa a humanidade aturdida, apesar do j acostumada s maravilhosas investidas da cincia. Assim, a comunicao caminha clere no sculo XXI e esta ser o comeo do outra etapa cronolgica da histria, no apenas de prosaicos calendrios, mas incio de um novo sculo que propiciar o uso de novas descobertas que a mente humana somente ousar pensar amanh. J existe equipamento que fotografa, filma, toca musica e fala...alem de transmitir imagem, dados e udio no mesmo acesso telefnico. Ainda existem mais dezenas de outros incrveis equipamentos, associadas ao telefone, que j esto j disposio dos usurios, nas vitrinas. Como os leigos no tm acesso aos laboratrios dos cientistas, no podem avaliar a grandiosidade do que j se realizou o est em vias de ser realizado. A cada dia o mundo literalmente sacudido com notcias de descobertas at a pouco constante apenas nas estrias de fico das revistes em quadrinhos.

Em trabalhos desta natureza,. possvel que imprecises histricas tenham distorcido detalhes de ordem cronolgica. O empenho e o bom senso procuraram superar tais senes que, no entanto, podem surgir e para os quais pedimos a benevolncia dos leitores. Desejando imprimir ao contedo um carter, sempre que possvel, didtico popular, foram omitidas do texto as citses demasiadamente tcnicas; o fato, porm, no tem influncia na compreenso daquilo que visamos expor, que destinado principalmente paia os estudantes da nossa regio.

Fotografia e esquema do telefone em forma de forca, utilizado por Bell em 1876

REVERNCIA AOS COMUNICAES

GIGANTES

DAS

Antes que a tinta que imprimiu este exemplar seque, possvel que novas descobertas no campo das comunicaes tenham abalado e desatualizado o texto que aqui se imprimiu, objetivando reverenciar aos inventores do campo das comunicaes e relatar os mais recentes recursos do setor, colocados disposio da nossa era. No fundo de qualquer laboratrio, em qualquer parte do mundo, possvel que neste minuto algum tenha conseguido dar forma material a uma idia, a princpio julgada invivel, mas que surpreendentemente funciona! Desde quando a memria das nossas avoengas alcana, pode-se avaliar a prpondervel atuao da comunicao ao preservar e divulgar os dados histricos, desde os tempos do papiro e da pedra da roseta, esta magistralmente decifrada por Champollion, at o

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Satlite de comunicaes tpico

notcia desejada. Conta-se que nos tempos de Alexandre Magno as mensagens da Grcia chegavam ndia em cinco dias. No ano 490 a. C., na Grcia, o soldado Felpides foi encarregado de anunciar a vitria dos gregos sobre os persas; correu 37 quilmetros, desde o campo de batalha de Maratona at a cidade de Atenas. Comunicou a vitria e morreu. possvel que as mensagens gravadas nas cavernas tenham sido o mtodo utilizado pelo homem para transmitir recados para os outros moradores ausentes, fornecendo detalhes sobre a sua ausncia do local, com a finalidade de irem caar, ou guerrear ou, ainda, que tinham seguido determinado caminho. As mensagens gravadas nas rochas, representando animais, rios, rvores e outras figuras formavam a notcia que desejavam transmitir. Depois, deve ter sido o cavalo o meio mais veloz para as comunicaes; utilizando o cavalo e depois as carruagens o homem conseguiu obter mais velocidade na transmisso das notcias. Um mensageiro chins, no sculo XIII, trocando animais a cada etapa de 40 a 50 quilmetros, chegava a percorrer 400 quilmetros num dia. Este mtodo, das carruagens, satisfez, at o sculo XVIII.

Com este trabalho ns pretendemos reverenciar a todos aqueles que deram a sua contribuio em favor das comunicaes, desde as tarefas mais humildes at as mais gigantescas e complexas. Consignamos nosso dbito a todos os inventores e a todas as invenes descritos nas pginas seguintes. evidente que nomes de importantes personagens no foram olvidados pelo fato de no serem aqui mencionados; cabe tambm a eles, a reverncia de todos os que hoje usufruem dos benefcios da moderna comunicao. DESDE O INCIO DOS TEMPOS Suponham que fosse possvel acionar a mquina do tempo e retornar ao passado. Impossvel? No... A cincia tem ofertado tantas novidades que no devemos duvidar anta certas concepes; h alguns poucos anos muitos inventores foram chamados de "loucos" e, no entanto os seus legados para os psteros esto funcionando ao nosso lado. Vamos ento prateleira buscar aquela caixinha, rotulada como Histria da Comunicao. Ela, a caixinha, no maior do que um dedal, mas parte da Histria l esta preservada, devidamente escrita e ilustrada em micro filme. Antigamente, os homens primitivos tencionaram deixar mensagens para os psteros e gravaram nas pedras das cavernas. Conseguiram... Hoje o CD-ROM e o DVD, por sua vez, possibilitam preservar os sons e imagens de pocas atuais e j passadas... O meio de comunicao mais natural a voz humana. Os homens da pr-histria comunicavam-se pela fala, passando a mensagem de boca em boca. Estudiosos, dizem que na antiga Prsia as mensagens eram transmitidas por via oral, de pessoa para pessoa e assim chegavam ao seu destino. Com o passar dos tempos, sculos aps sculos, muitos outros mtodos foram encontrados, mas a intuio nos diz que as batidas do nativo no tambor podem ter sido o primeiro passo para a comunicao distncia, onde a voz humana no conseguia alcanar. As mensagens eram transmitidas por uma combinao de batidas, conforme o cdigo estabelecido pelas tribos; para melhor distinguir as batidas, os nativos encostavam a orelha no cho. Outros instrumentos, alm daqueles de percusso, foram e ainda so usados; por exemplo, mesmo em nosso Pas, o chifre do boi, quando adaptado convenientemente (berrante), ao ser soprado leva longe a mensagem do boiadeiro. Mandavam-se mensagens, tambm, atravs do que hoje chamaramos "telgrafo visual", usando tochas acesas em lugares altos, as quais, levantando e abaixando transmitiam a

Muitos mtodos e instrumentos foram inventados, buscando reduzir o tempo de transmisso das mensagens e tambm dar as mesmas a segurana do recebimento, sem haver quebra do sigilo. Em 1667 o fsico ingls Robert Hooke sugeriu o emprego do fio esticado para transmitir o som. Muitos leitores, na sua infncia tero brincado de telefonar, usando um fio de barbante preso a latas de massa de tomate nas duas extremidades. Foi esse o princpio de transmisso sugerido por Hooke. Em 1684, Dom Gauthier, monge francs, realizou experincias de telefonia acstica, utilizando tubos pneumticos. E assim, sucessivamente, o homem veio pesquisando mtodos de transmisso. Ao mesmo tempo, em campos diversos, outros pesquisadores obtinham sucessos em experincias que, mais tarde, viriam ter estreitas relaes com invenes realizadas muitos anos depois. Foi o caso de Robert Fulton, nascido em 14 de novembro de 1765, na Pensilvnia (Estados Unidos). Ele inventou a mquina a vapor que, entre outros usos, viria a dar propulso aos

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navios, que passaram no s a transportar passageiros como tambm para levar mensagens atravs dos continentes, estenderem cabos submarinos ou, ainda, servirem de antenas em alto mar. J ERA UM COMEO: TELGRAFO TICO

Em 1809 cientista alemo Von Soemmerring demonstrou a possibilidade de funcionamento de seu telgrafo "eletroqumico", que aplicava a energia produzida por uma pilha de Volta. No ano seguinte, um dinamarqus, o fsico Hans Christian Oersted descobriu casualmente que a corrente eltrica gera sempre um "misterioso campo magntico" em seu redor. V-se, assim, que as invenes anteriores conduziam a outras; Fulton tomou conhecimento desta inveno. Faleceu a 24 de fevereiro de 1815. MICHAEL FARADAY

Telgrafo de Claude Chappe

At a metade do sculo XIX o desenvolvimento da comunicao deu-se muito lentamente. Em 1791, em Paris, Claude Chappe efetuou as primeiras demonstraes do "telgrafo tico". A sua construo foi concluda em 15 de agosto de 1724, ligando Paris - Lile. Era um conjunto de hastes mveis que transmitiam letras e sinais de um cdigo. Colocada em lugares altos, ou torres, essa mquina podia mandar mensagens a distancia de 700 km em 20 minutos. O sistema deixou de ser usado quando surgiram os aparelhos eltricos. Os pesquisadores continuavam nas suas experincias at que em 1801, Alexandre Volta inventou a pilha eltrica que propiciou largos recursos durante muito tempo, no campo das comunicaes. Nesse mesmo ano, Joseph Jacquard desenvolveu a idia bsica de um comando de tear, com a utilizao de cartes perfurados, para tecer complexos desenhos e amostras. O sistema de Jacquard inspirou a aplicao dos cartes perfurados em processamento de dados (mais tarde, Hermann Hollerith, dos Estados Unidos 1870-1929) viria a inventar as leitoras dos computares de cartes perfurados. O seu nome passou, assim, a designar o sistema Hollerith, hoje chamado IBM. Como se constata, os inventos viriam a ter utilidade nos dias de hoje. Assim tambm aconteceu com a inveno do barco a vapor, de autoria de Robert Fulton, em 1803. A 9 de agosto daquele ano, Fulton conseguiu navegar com xito num segundo barco (o primeiro partira-se em dois); mas, a proeza no convenceu a ningum e muito menos a Napoleo Bonaparte, que no aceitou os seus inventos de submarinos e barcos a vapor. Fulton comeou a ser compreendido somente em 1807, quando conseguiu a primeira longa viagem, num barco a vapor, o "Clermont" que navegou 185 quilmetros em 24 horas no Rio Hudson.

Em 1831, Michael Faraday, fsico ingls, demonstrou a possibilidade de produo de uma corrente eltrica a partir da induo magntica ( a comprovao da reciprocidade eletricidademagnetismo). A partir de ento, o mundo comeou a ser invadido por uma srie de invenes que viriam dar ao homem uma noo daquilo que Jlio Verne prognosticou em seus inesquecveis livros de fico. O homem de hoje est de tal maneira habituado com os servios prestados pelo telefone, rdio, televiso e demais meios de telecomunicao que se esquece das grandiosas e benficas influncias que estas invenes propcaram e continuam provocando na civilizao. velocidades incrveis as mensagens faladas ou escritas e respectivas imagens assim dados de computadores chegam em todos os lugares, simultaneamente, transformando o mundo numa "aldeia global". Miihes de pessoas dependem dos seus meios para a sua convivncia e para a prpria sobrevivncia dos sistemas sociais onde convivem. 1837 ANO HISTORICO COM O TELEGRAFO TEM INICIO AS TELECOMUNICAES Desde o incio dos tempos, a necessidade de transmitir palavras a grandes distncias conduziu o homem busca de meios mais rpidos de faz-lo. No sculo XVII, um monge da abadia de Citeaux props um sistema capaz de transmitir a palavra, baseado na utilizao de tubos. Mas, dificuldades econmicas impediram o desenvolvimento do seu projeto, que era muito caro. Na mesma poca, um ingls imaginou uma espcie de telefone de barbante, que permaneceu em uso durante algum tempo, em regies mais afastadas. Para compreender o

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princpio e para os que no esto familiarizados com a tcnica de percepo da palavra, os sons resultam de vibraes do ar produzidas pelas cordas vocais: as ondas atingem o tmpano e o fazem vibrar. Esta membrana transmite ento a mensagem recebida para o crebro. Assim, o que o imaginoso ingls fez foi fixar em cada extremidade de um barbante um cone fechado por uma membrana de pergaminho. Bastava falar diante de um deles para que suas vibraes fossem transmitidas pelo barbante at a outra membrana, que reproduzia os sons. Este engenhoso aparelho foi utilizado em diversos pases do mundo, at se tornar um brinquedo para as crianas. No entanto, a distncia era obrigatoriamente limitada. SAMUEL MORSE - 7837 TELGRAFO ELTRICO Eis que chega 1837, quando o "telgrafo tico" de Claude Chappe j tinha se estendido 5 mil quilmetros, na Frana. Nesse ano, Samuel Morse inventou o telgrafo eltrico, a partir das descobertas e estudos do j citado Christian Oersted e de Andr M. Ampere; este ltimo tinha criado a eletrodinmica em 1827. Naquele mesmo ano, 1837, um fsico americano, de sobrenome Pagge descobriu a msica galvnica, depois aperfeioada pelo genovs Auguste de La Rive; a descoberta foi baseada no fato de que a emisso de notas musicais depende do nmero de vibraes imprimidas no ar. O ouvido humano s pode perceber acima de 16 vibraes por segundo. Dai surgiu idia de induzir corrente num eletrom com um nmero de interrupes superior quele limite. Houve a surpresa: a barra imantada produziu sons. Esta inveno logo provocou inmeras experincias no mesmo campo e sensibilizou Philippe Reis, mestre de escola alemo, em 1860; ele imaginou transmitir os sons musicais distncia, usando processo semelhante ao do telefone eltrico. Construiu, ento, um aparelho parecido com uma orelha humana, cujo tmpano era um pedao de bexiga e aparelhou o engenho. Foi desse modo que seus alunos puderam ouvir deslumbrados, as msicas que ele tocava na outra sala. Aquele aparelho, rudimentar, pelo fato de tambm transmitir a voz humana, embora de maneira imperfeita e quase inaudvel, foi chamado pelo seu inventor de telefone "filosfico" (anos mais tarde, quando Graham Bell registrou como seu o termo "Telefone" Philippe Reis reclamou a prioridade, embora nenhum dos seus aparelhos realmente pudesse transmitir a palavra). A precariedade da transmisso talvez explique porque as autoridades cientficas no deram ateno ao invento de Philippe Reis; no entanto, os seus trabalhos tiveram a sua utilidade. O mesmo aconteceu com um tipgrafo, Leon

Scott, que inventou o "fonoautgrafo", aparelho capaz de traar, com um ponteiro metlico, o perfil dos sons da voz humana. O telgrafo atravs de fio eltrico de Samuel Morse s teve a sua primeira linha inaugurada a 24 de maio de 1844, ligando Baltimore a Washington (EUA), aplicando um cdigo de sinais, tambm inventado por ele; o cdigo de Morse ainda hoje usado. Anos depois, em 1847, nascia em Edimburgo, na Esccia, Alexander Graham Bell, o inventor do telefone, largamente comentado e reverenciado nas pginas seguintes. O advento do telgrafo eltrico facilitou bastante as comunicaes, mas s efetuava transmisses em terra firme. Foi a 17 de agosto de 1850, graas instalao do primeiro cabo submarino do mundo, que Frana e Inglaterra puderam ligar seus portos de Calais e Dover. Tais acontecimentos eram um prosaico aperitivo do que estava para vir. Aqui no Brasil, a primeira linha de telgrafo eltrico nacional foi inaugurada em 11 de maio de 1852, ligando a Quinta Imperial e o Quartel de Campo, no Rio de Janeiro; a segunda linha, ligando Rio de Janeiro e Petrpolis foi inaugurada em 1857. Nesse mesmo ano, outra inveno de grande alcance chegou ao conhecimento do mundo: o fsico ingls David Hughes inventou o telgrafo impressor (ou teletipo) precursor do fabuloso telex. Estes acontecimentos tiveram lugar numa poca em que as teorias ganhavam o nome de "concepo fantstica". Mas eram construdas e, surpreendentemente, funcionavam. Chegamos, assim, ao dia 5 de maio de 1865, quando nasceu em Mimoso, Estado de Mato Grosso, aquele que viria a ser "Patrono das Comunicaes do Brasil", Marechal Cndido Mariano da Silva Rondon. em homenagem a data de nascimento do ilustre brasileiro que em nosso Pas se comemora o Dia da Comunicao, todos os anos, no dia 5 de maio. Mais tarde falaremos da a importncia do homem que tinha por lema: "Morrer, se necessrio for; matar, nunca". Com a telegrafia eltrica j espalhada pelo mundo, a 17 de maio de 1865 fundada a Unio Telegrfica Internacional, que se transformou na atual Unio Internacional de Telecomunicaes (ITU), com Sede em Genebra. A data de fundao da Unio comemorada todos os anos, no dia 17 de maio como o Dia Mundial das Telecomunicaes. TELEGRAFIA LIGA A EUROPA S AMRICAS No ano seguinte, 1866, inaugurado o telgrafo ligando a Europa s Amricas. A partir

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de ento as transmisses telegrficas passaram a ser usadas mundialmente, s cedendo primazia, mais tarde, para o rdio e o telex. Naquele ano de 1866 tambm aconteceu inaugurao da linha telegrfica que ligou Rio de Janeiro e Porto Alegre. A telegrafia j ligava alguns Estados brasileiros quando em 1874, no dia 1 de janeiro a Western Telegraph Co. Ltd. inaugurou a linha por cabo submarino entre Rio, Bahia, Pernambuco e Par. NASCE MARCONI - 1874 A 27 de abril, daquele mesmo ano de 1874, nasceu em Bologna, Itlia aquele que seria o inventor da radiotelegrafia sem fio: o cientista Guglielmo Marconi. Nesse ano, a 22 de junho aconteceu nova fase nas comunicaes do nosso Pas; naquele dia o Brasil inaugurou o seu primeiro cabo submarino, que cruzando o Atlntico Sul ligando a Amrica do Sul Europa. A ligao, entre Recife e Lisboa, foi idealizada pelo Baro de Mau; o cabo foi construdo por uma companhia inglesa e funcionou at 1973, ano em que se inaugurou o "Brascan", moderno cabo submarino construdo pela Embratel, ligando o Brasil s Ilhas Canrias e, da em diante, por meio do trecho espanhol, Europa. No ano seguinte, 1875, estava acontecendo a corrida dos inventores contra o relgio: eram muitos perseguindo a inveno de um aparelho diferente do telegrafo, que permitia uma mensagem de cada vez; eles queriam inventar a transmisso da voz simultnea. E eis que Elisha Gray e Alexander Graham Bell descobrem que estavam trabalhando no mesmo projeto: a inveno do telefone. Bell, naquele ano, aceita a colaborao de Thomaz A. Watson, um eletricista que decidiu a ajud-lo. A partir dessa data Watson esteve sempre ligado a Bell e na inveno do telefone. Era um homem muito inteligente e otimista e acerca dele muito falaremos a seguir. Enquanto o mundo aguardava melhores meios, a comunicao telegrfica ia se estendendo: os cabos telegrficos submarinos chegavam tambm a So Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul naquele ano de 1875. E ento chegou o ano, no qual, com rpida seqncia, muitos acontecimentos marcariam o advento de uma nova era no campo das comunicaes: 1876.

nome era atribudo, eram empricos e assim no obtinham reconhecimento pblico e nem apoio financeiro. No dia 7 de maro, porm, Alexander Graham Bell, um escocs que vivia nos Estados Unidos, patenteou o desenho de um aparelho chamado de telefone, que viria alterar as comunicaes de forma to substancial que em seu abono pode-se afirmar ter sido aquele dia o incio de uma nova era. Outro cidado norteamericano, Elisha Gray, duas horas depois, tambm pretendeu registrar os desenhos do seu prprio aparelho telefnico. A sucesso de acontecimentos posteriores introduo da telefonia e a sua influncia no mundo esto descritos nas pginas seguintes; uma histria em que os Gigantes da Comunicao certamente sero aplaudidos medida que a leitura for se desenvolvendo. TELEFONE CHEGA AO BRASIL No ano seguinte, 1877, por influncia do nosso Imperador Dom Pedro II (que teve decidida atuao na implantao da telefonia) teve incio a instalao de telefones em nosso Pas. A loja "O Grande Mgico" instalou o primeiro telefone comercial, ligando-o ao do Corpo de Bombeiros (Rio de Janeiro). Um engenheiro da Corte, Morris Kohn, realizou em agosto de 1877 a primeira ligao telefnica interurbana entre a Estao da Estrada de Ferro Paulista, em Campinas, com a Estao Inglesa (hoje Estao da Luz} em So Paulo. Em 1878, o gnio Thomaz Alva Edison fez funcionar o aparelho projetado por Cros, o fongrafo, e tambm aperfeioou o telefone. Hughes inventou o microfone de carvo, cujo princpio utilizado at hoje nos telefones. Sir Willtam Crookes, na Inglaterra, conseguiu realizar a vlvuia a vcuo e demonstrar a produo de raios catdicos, inveno que viria conceder novo caminho nas pesquisas.

A PRIMEIRA PROPAGANDA DO TELEFONE 1876 O GRANDE ANO NOVA ERA SURGE O TELEFONE Naquele ano a palavra "telefone" j era citada; porm, os aparelhos para os quais tal A primeira propaganda pblica do telefone foi feita em maio de 1877, em Nova Yorque. Uma Circular intitulada "O telefone", anunciava que a palavra falada podia ser transmitida por meio do telefone a uma distncia de at 20 milhas (cerca de 32 quilmetros). A Circular era bastante

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honesta e procurava demonstrar que poderiam existir falhas nos produtos anunciados. "A conversao podo ser facilmente estabelecida aps uma ligeira prtica e com a eventual repetio do uma palavra ou frase. Logo que se comea a ouvir ao telefone, se bem que o som seja perfeitamente perceptvel, a articulao parece indistinta; mas aps algumas tentativas o ouvido se acostuma ao som caracterstico e encontra pouca dificuldade em compreender as palavras". ANUNCIO DO "TELEPHONIO" Uma das primeiras citaes no Brasil, a respeito do telefone, foi feita no jornal "A Provncia de So Paulo", no dia 20 de fevereiro de 1878 (antes mesmo, portanto, da inveno ter sido patenteada no dia 7 de maro daquele ano). A MAIOR DE TODAS AS INVENES DO GNIO EDISON No ano de 1879, memorvel para a humanidade, o incrvel Thomaz Edison conseguiu a concretizao do invento pelo qual tanto batalhara: a primeira LMPADA ELTRICA, de filamento incandescente, que ficou acesa durante 140 horas: 21/10/1879, esse foi o dia em que o "bruxo" de Menlo Park comeou a iluminar o mundo, graas sua genialidade.

1884 quando o jornal "Correio Paulistano" noticiou a abertura dos servios da Companhia de Telegraphos Urbanos. COMO VIAM O TELEFONE EM 1877 Em 1877 um jornal da Gr-Bretanha ainda ironizava, dizendo que o telefone de Alexander Graham Bell era uma brincadeira e seu inventor um excntrico. E embora muitos julgassem o telefone de Bell como a coisa mais espantosa que havia nos Estados Unidos, o jornal dizia que o invento era tratado em Londres, antes de tudo como a ltima fraude americana. OS GNIOS CONTINUAM INVENTANDO Outra grande inveno viria dar novo impulso s comunicaes no ano de 1886: Otto Mergenthaler inventou o linotipo, revolucionando a imprensa escrita. O linotipo imprimiu nova velocidade composio de texto, superando o antigo mtodo manual da compor letra a letra. HERTZ D INCIO AO "SEM FIO" Em 1887, outra descoberta colossal viria abrir caminho principalmente para as comunicaes hoje chamadas "sem fio". O fsico alemo Heinrich Rudolph Hertz, desenvolvendo a teoria formulada por James Maxwell, descobriu as ondas eletromagnticas (hoje denominadas ondas hertzianas); outros cientistas imprimiriam novo caminho s suas pesquisas, culminando com a maior de todas elas quando Lua e Terra mantiveram comunicao peio rdio em 1969. Por sua vez, naquele ano, o incrvel Edison inventava o Kinotoscope, projetor de fotografias em movimento. Muitas invenes seriam mais tarde usadas conjuntamente, como no caso da mquina de escrever x telefone (telex).

quele tempo, telegrafia e telefonia j comeavam a disputar nos Tribunais uma luta que se prolongaria por muitos anos. A questo: a telefonia era ou no uma telegrafia diferente, apenas sofisticada, mas sempre telegrafia? A 21 de agosto (1881) foi editada a primeira Lista Telefnica do Brasil, no Rio de Janeiro, contendo apen3s telefones comerciais. Em 18 de maro de 1882, o Decreto 8457 autorizava a Companhia Telephonica do Brasil a fornecer servios telefnicos a outras cidades brasileiras, tais como Salvador, Macei, Porto Alegre, Pelotas e Petrpolis. Estava sendo iniciada, naquele ano a implantao da telefonia em nosso territrio, o que aconteceu rapidamente. O Rio de Janeiro j contava com 300 telefones. Ao mesmo tempo as linhas telegrficas internacionais tambm eram estabelecidas. A primeira informao concreta sobre a implantao de telefones em So Paulo data de janeiro de

Em 1890 o norte-americano Herman Hollerith inventou 3 "mquina de recensear", capaz de computar informaes do 240 diferentes reas, o que deu origem ao Sistema IBM dos nossos dias, verdadeiramente revolucionrio. Foi um ano muito importante para a telefonia o de 1892: Alrnon Brown Strowger inaugurou, a 3 de novembro, nos EUA, a primeira central telefnica automtica do mundo, uma inovao sensacional para os 56 assinantes de La Porte (Indiana). Por sua vez, na Sucia, Lars Magnus Ericsson criava o primeiro aparelho "Monofone" acoplando numa s pea o fone e o bocal.

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1893 PADRE LANDELL DE MOURA Um padre brasileiro, de nome Landell de Moura tambm fazia experincias de comunicao e, em 1893 realizou com xito, em So Paulo, as primeiras transmisses no mundo de sinais telegrficos e de voz humana em telefonia sem fio.

primeira vez a comunicao radiotelefnica ligou dois continentes: Amrica do Norte e Europa; dois anos aps (1903), um telegrama daria a volta ao mundo peta primeira vez, gastando nove minutos. Em 1904, o ingls John A. Fleming inventou a vlvula terminica, que permitiu "detectar" sinais de rdio. Em 1905, o mundo pode comprova um dos ngulos em que o telgrafo sem fio passaria a participar do salvamento de vidas: o comandante do navio "Republic" possibilitou o salvamento dos seus passageiros graas ao primeiro dramtico pedido de socorro (CDQ hoje SOS) de que se tem notcia. A comunicao sem fio / telegrafia teve participao histrica quando do afundamento do luxuoso "Titanic", transatlntico considerado inafundvel, no dia 15 de abri de 1912). Em 1906, aconteceu uma novidade: Regjnald A. Fossenden, fsico norte-americano, fez a primeira autntica demonstrao de emisso radiofnica, transmitindo no s a sua voz como tambm o som de um violino que ele prprio tocou para seus raros ouvintes. Foi o primeiro programa de "broadcasting" da histria. Enquanto isso, na Alemanha, Karl F. Braun (que ganhou o Prmio Nobel com Marconi, em 1909), viu a sua vlvula de raios catdicos ser aplicada no primeiro aparelho de televiso construdo no mundo. O fsico russo Boris Rosing foi o primeiro a pensar na utilizao dos raios eletrnicos para transmisso de imagens (televiso), em 1907, Auxiliado por Vladimir K. Kworykin conseguiu reproduzi-las num tubo de Braun (trinta anos depois, Kworykin inventou uma cmara de televiso constituda por um tubo sob vcuo, no qual a imagem era projetada sobre uma tela composta de um mosaico de minsculos elementos). Vladimir, a partir de 1919, fixou-se nos Estados Unidos onde, em 1929, entrou para a Radio Corporation of Amrica - RCA, da qual se tornou diretor de pesquisa. E o incansvel Lee de Forest inventava, tambm em 1907, a vlvula de trs plos, que tambm facilitaria a introduo de aparelhos mais modernos. CENTENRIO DA INDEPENDNCIA COMEA A RADIODIFUSO NO BRASIL Porto Alegre, a 29 de abril de 1922, instalou a primeira estao de telefonia automtica no Brasil. A 29 de maio a Radiobrs (Cia. Radiotelegrfica Brasileira) iniciou os servios de telegrafia e telefonia via rdio entre Rio de Janeiro, Nova Yorque, Roma, Paris, Londres e Berlim. No dia 7 de setembro daquele ano comemorava-se o Centenrio da Independncia do Brasil; Roquete Pinto e

Em 1834, Guglielmo Marconi d incio, na Itlia, s experincias da telegrafia sem fio, conseguindo, em 1895, transmitir sinais que transpuseram uma colina. A histria de Marconi mereceu tambm significativas referncias nas pginas seguintes, onde se Ser o incrvel progresso havido no mundo, graas ao telefone e ao rdio sem fio.

Em 1897, o ingls Oliver Joseph Lodge inventou um dispositivo, o coesor, que consistia num tubo de vidro dentro do qual eram colocadas limalhas metlicas, suavemente comprimidas por dois pequenos pistes de metal. A Patente desse invento, que permitia uma melhor sintonia nas emisses radiofnicas, selecionando um sinal entre vrios e impedindo que os diversos transmissores interferissem entre si, foi adquirida por Marconi, que por sua vez nesse mesmo ano, a 13 de julho, conseguiu enviar sinais telegrficos atravs das ondas hertzianas, isto , sem fio, a uma velocidade de 300 mil quilmetros por segundo. O ano de 1901 encontrou Porto Alegre implantando o 1 Centro Telefnico Bateria Central, com rede de cabos subterrneos, sistema pioneiro na Amrica do Sul (quinta cidade no mundo). No dia 12 de dezembro daquele ano pela

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Henrique Morize transmitem o discurso de Epitcio Pessoa pelo rdio, fazendo com que centenas de paulistas ouvissem a voz do Presidente da Repblica por meio de alto-falantes instalados na Praa da S. A estao transmissora foi instalada no alto do Corcovado; era a primeira transmisso radiofnica no Brasil. Naquele dia tambm houve troca de saudaes, por transmisso radiofnica, entre os Presidentes Epitcio Pessoa e Herbert Hoover, dos Estados Unidos. Em 1923, num laboratrio da Westinghouse, o cientista Vladimir Kosma Zworykin (nascido na Rssia, mas naturalizado norte-americano) desenvolve o iconoscpio, elemento bsico para a futura realizao da televiso. A 22 de setembro daquele ano, a Rdio Sociedade do Rio de Janeiro (atual Roquete Pinto) iniciava suas transmisses normais, com o "slogan" "Pela cultura dos que vivem na nossa Terra, pelo progresso do Brasil". No dia 28 de novembro o Decreto n 16.222 autorizava a "Rio de Janeiro and So Paulo Telephone Co." a continuar a funcionar na Repblica, sob a denominao de "Brazilian Telephone Co." (Companhia Telefnica Brasileira). 1931 EMOO DA ITLIA MARCONI INAUGURA O CRISTO REDENTOR NO CORCOVADO No dia 11 de julho de 1928, So Paulo inaugurava o servio telefnico automtico, quando a Capital contava com 25 mil telefones. Ano 1931: so feitas ligaes telefnicas entre Frana e Inglaterra por meio de microondas. Naquele ano, a 12 de outubro, Marconi enviou um impulso eltrico hertziano da Itlia e acendeu as luzes da esttua do Cristo Redentor, no alto do Corcovado.

na hora da sua morte, dezenas de jornalistas recebiam boletins mdicos. s 3 horas e 24 minutos veio o ltimo boletim: "A LUZ SE APAGOU". O ano de 1935 encontra a BBC iniciando transmisses regulares de TV. Tambm a Frana instalou sua primeira estao na Torro Eiffel. Em 1937, dia 20 de julho, morreu outro gnio: Guglielmo Marconi. O MUNDO COMEA A MUDAR Ento, numa impressionante rapidez, novas investidas da cincia viriam conceder ao mundo outros tipos de mquinas e aventuras que, no tocante ao tempo e inventividade, nem mesmo renomados futurlogos ousaram prever: em rpida sucesso chegaram o transistor em 1947 e o "laser", em 1953, que vieram modificar mtodos e introduzir diversificada fabricao de novos aparelhos para as comunicaes e, inclusive, para a medicina, com o emprego desses condutores. Obtida a miniaturizao nos componentes eletrnicos, teve incio a era dos satlites de comunicao, em 1962, dos quais desfrutamos soberba eficincia no campo da telefonia, telegrafia, telex, televiso, meteorologia e outros usos. Os fatos mais recentes, muitos deles de grandeza e repercusso idnticas aos mencionados at aqui, deixam de ser catalogados porque, usando linguagem fantasiosa, podem praticamente sarem "palpados" pelos que nos lem. No entanto, deve ser mencionado que o excelente avano e desempenho das telecomunicaes em nosso Pas, deve ser creditado a trs fatores: o primeiro foi a iniciativa do Governo Brasileiro ao criar a Empresa Brasileira de Telecomunicaes AS - EM8RATEL, em 16 de setembro de 1955 e posterior instalao do Ministrio das Comunicaes MINICOM (15/3/1957). Em 1973, a 9 da novembro, o MINICOM criou a Telecomunicaes Brasileiras SA TELEBRS empresa "holding" do setor at a dcada de 90 quando foram privatizadas todas as companhias que compunham o sistema Telebrs dando lugar ao aparecimento da Agencia Nacional de Telecomunicaes ANATEL.. Nosso Pais, desde o incio da implantao dos modernos meios de comunicao no conseguia libertar-se da deplorvel estagnao que tolhia seus anseios da progredir. Com o advento das salutares medidas tomadas pelo Governo, em poucos anos nossa Nao comeou a desfrutar de eficientes servios permitindo-nos declarar, inclui-se entre aqueles de mais elevado padro no mundo.

Em 1934, a 18 da outubro, morre Thomaz Alva Edison. "O Bruxo de Menlo Park". Edison, decididamente foi um dos maiores gnios; lmpada eltrica e fongrafo so apenas duas das 1200 invenes que ele patenteou. Aos 84 anos,

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EVOLUO DA TELEFONIA NO MUNDO NOSSO IMPERADOR D. PEDRO II INFLUIU A fim de festejar o Centenrio da Independncia dos Estados Unidos, em 1876, uma monumental Exposio Internacional foi instalada em Filadlfia, o Presidente daquela nao, General Grant, convidou muitas personalidades famosas para as comemoraes. Entre elas, a Imperatriz Tereza Cristina e o imperador Dom Pedro II, que fizeram prolongada visita quele Pas. Naquele ano, Bell obtivera a patente do telefone e o desenvolvera razoavelmente mas no conseguira expor o seu invento no pavilho de eletricidade, tendo que se conformar em expor seu invento em local nada privilegiado daquela imponente Exposio. O invento de Bell estava exposto h seis semanas sem que ningum lhe desse ateno. Checou, ento, um domingo em que a Comisso Julgadora analisaria os produtos expostos, a fim de conceder os prmios. Nosso Imperador fazia parte da Comisso. Dom Pedro II havia conhecido Graham Bell quinze dias antes, quando de uma visita Escola de Surdos de Boston. O Imperador estivera na Exposio, mas l voltou, no dia 25 de junho, no como visitante mas como integrante da Comisso Julgadora. Naquele domingo a vistoria da Comisso j estava para ser encerrada quando Bell acenou para o Imperador. Abraaram-se e Bell sugeriu que Sua Majestade examinasse a "mquina falante". Uma voz qualquer ironizou e chamou o aparelho de "brinquedo infantil", mas o imperador aceitou o convite de Bell e insistiu que todos os membros da Comisso Julgadora deviam examinar o aparelho. Apesar de j ser tarde, cerca de 19 horas, houve a demonstrao, com muitos assistentes mais interessados no Imperador do que no aparelho.

por chamar a ateno da Comisso Julgadora. E aps testarem o aparelho, o reconheceram oficialmente e concederam ao seu inventor um certificado especial de mrito.

O telefone da Graham Bell ganhou o mundo, nas noticias dos jornais e no respeito dos cientistas. At ento, ningum havia atribudo maior importncia ao telefone, considerado um brinquedo "Infantil" ou, na melhor das hipteses, "Filosfico". A presena da D. Pedro II conferiu novo sentido e talvez a fora extraordinria que faltava para a promoo do invento. TELEFONIA NO BRASIL Em 1876, ano da inveno do telefone, tudo aconteceu muito rapidamente no mundo, com relao ao invento; inclusive no Brasil, aonde o telefone chegou logo no ano seguinte, por iniciativa do Imperador Pedro II. Hoje o povo conversa com a maior naturalidade peto telefone (do grego: "tele" = longe e "fone" = voz, isto , voz transmitida ao longe) sem se aperceber que milhares de anos foram necessrios para chegar aos aparelhos de hoje. Como se sabe, nosso Imperador, Dom Pedro II, era um homem muito decidido e, no fora ele, talvez a histria da telefonia tivesse tomado caminho diverso e adverso.

NO RIO DE JANEIRO As informaes sobre o incio da telefonia no Brasil no so precisas. Sabe-se que em janeiro de 1877, um ano aps a inveno do telefone uma empresa de telegrafia (Western) construiu alguns aparelhos telefnicos na sua oficina do Rio de Janeiro, dos quais um foi instalado na residncia de D. Pedro II (Palcio de So Cristvo) e outro no escritrio da prpria Western (outros historiadores dizem que o telefone instalado no Palcio teria sido presente de Alexander Granam Bell (o inventor) para o seu amigo Imperador). Outro aparelho foi instalado na casa comercial "O Grande Mgico" de Antnio Ribeiro Chaves (no Beco do Desvio, atual rua do

Dom Pedro ficou numa ponta do fio e Bell ficou na outra, cerca de 150 metros distantes. Subitamente, aconteceu o grande momento; Dom Pedro ouviu Bell, que disse: "To be or not to be" e por sua vez exclamou a frase histrica: - MEU DEUS, ISTO FALA! (My God, it speaks). D. Pedro demonstrou tal entusiasmo, ao ouvir, atravs do fio, a voz de Graham Bell, que acabou

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Ouvidor), que por sua vez implantou outra ligao com o Corpo de Bombeiros. O pblico ia casa das mgicas para apreciar o aparelho... No mesmo ano a firma Rhode & Co. ligou seus escritrios com os armazns e tambm o Jornal do Commercio j possua o seu aparelho...e assim o telefne comeou a causar sensao. A 15 de novembro de 1879, com o Decreto 7539, o imperador outorgou a primeira permisso "para construir e operar linhas telephonicas nesta Capital do Rio de Janeiro e seus subrbios e na cidade de Nictheroy"; a permisso foi concedida a Charles Paul Mackie, que representava a Bell Telephone Co. Paul organizou a Brazlian Telephone Co. a 13 de outubro de 1880. Um dos diretores da primeira concessionria, Theodore Vail, era homem talentoso, que ajudara Granam Bell a construir A Bell System nos EUA (que hoje detentora de cerca de 25% dos telefones de todo o mundo). J no mesmo ano de 1880 foram construdas as trs primeiras linhas distantes, com 1600 metros de extenso. No final de 1883 j estavam instalados no Rio de Janeiro 1000 telefones e uma linha interurbana de 100 quilmetros ligava a Capital Federal a Petrpolis. Em 1885 a "Tropical American Telephone" (de Boston} obteve os direitos da Brazilian e a incorporou, em fins de 1886, a uma recente empresa que acabara de formar:.a Cia. Unio Telephonica do Brasil, que passou a operar sete estaes com 2195 assinantes (trs estaes no Rio, com 1675 assinantes; duas estaes em Pernambuco com 275 assinantes e duas estaes na Bahia com 245 assinantes). Em 1889 caducou a concesso para a explorao dos servios telefnicos da empresa, e o Governo Provisrio passou os direitos para a municipalidade do Distrito Federal, pelo decreto 199 de 6/2/1890. De 1879 a 1890 as concesses de servios telefnicos para qualquer ponto do territrio nacional eram exclusivas do governo monrquico e provisrio. De 1891 em diante (aps a promulgao da Constituio da Repblica, em 24 de Fevereiro), tornou-se de competncia do governo municipal permitir os servios telefnicos nos municpios; do estadual, os servios intermunicipais; e do federal, os servios interestaduais. EM SO PAULO As primeiras notcias sobre telefonia em So Paulo mencionam a propaganda do invento que Morris N. Kohn, engenheiro da Corte, fez em agosto de 1878, em Campinas. Na presena de muitos convidados, numa das salas da Estao da Estrada de Ferro Paulista. Morris fez uma ligao

para um telefone instalado em So Paulo, na Estao de Trens Inglesa {hoje Estao da Luz} diante de grande entusiasmo e admirao dos presentes. No mesmo ano, ainda em Campinas, Leon Rodde fez propaganda do telefone e do fongrafo, utilizando para isso o palco do Teatro Rink, ao mesmo tempo que Ferdinand Rodde & Co. Ltd. publicava na imprensa campineira artigo assinalando que era a nica agente encarregada pelo inventor do telefone a introduzir o aparelho na Amrica do Sul. As primeiras concesses no Estado foram dadas a Arthur Teixeira de Macedo, pelo decreto 8.458, de 18 de maro de 1882 (So Paulo e Campinas); a Morris Kohn, em 1882 (Santos); Ferdinand Rodde & Co. Ltd., em 1884 (So Paulo e Campinas); Joo Carlos Eugnio da Silva Ruella. em 1884 ( So Paulo e Campinas). A 1 PAULISTA "Os primeiros servios telefnicos de So Paulo foram os da Empreza Telephonica Campineira, criada em 5 de Janeiro de 1884, pela firma Ferdinand Rodde & Co. Ltd. Logo aps a autorizao da Cmara Municipal de Campinas para o seu funcionamento (31-3-1884), a empresa campineira providenciou a instalao de postes e fios pelas ruas e praas da cidade, e at mesmo nas estradas mais prximas. Enquanto esse trabalho ia sendo desenvolvido, alguns proprietrios da regio, receosos de choques eltricos, comearam a protestar. A "Gazeta de Campinas", entretanto, se encarregou de desfazer o medo, mostrando as maravilhas do novo invento. Os servios telefnicos foram logo inaugurados, com mais de 20 assinantes. "Eis alguns nomes extrados quando a relao de "assinantes" j contava 328 deles: Baro Geraldo de Rezende Baroneza de Anhumas Elctrico Philarmonico Castro Ferraz Desinfectrio Central Algum tempo depois a Empreza Telephonica Campineira foi vendida para a firma Olympo Rodrigues & Cia.

Em 1884 proliferavam as empresas a elas se digladiavam pela exclusividade, como se constata em um anncio da Companhia de

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Telegraphos Urbanos, publicado no "Correio Paulistano" de 6 de janeiro daquele ano, onde comunicava a abertura dos ' seus servios. No dia seguinte houve o protesto da firma Alvares Pereira & Cia. que reclamava ter privilgio exclusivo dos servios telefnicos, tanto assim | que j contava com muitos pedidos, embora no houvesse, ainda, instalado os telefones. A Companhia de Telegraphos Urbanos, mais eficiente, 24 horas depois, no dia 8-1-1884, instalava os 11 primeiros telefones residenciais e comerciais na Capital paulista, conforme Lista Telefnica (a primeira...) que os jornais publicaram: 1. Lebre, Irmo & Sampaio 2. Hotel de Frana 3. Moreira & Ablio Soares 4. Banco Mercantil 5. Clube dos Girondinos 6. Correio Paulistano 7. Dona Veridiana Prado 8. Dr. Eduardo Prates 9. Dr. Martinho Prado 10. Dr. Falco Filho 11. Dr. Vicente de Queiroz Em 1884 surgiu outra empresa telefnica em So Paulo: a Companhia Telephonica do Estado de So Paulo (CTESP) que obteve concesses para operar os sistemas telefnicos locais e interurbanos, nos municpios de So Paulo, Santos, Campinas e So Vicente, bem como para explorar as linhas interurbanas de So Bernardo e Santo Amaro. A CTESP teve suas origens nas concesses feitas a Morris N. Kohn, em 1882 (para operar em Santos), e a Joo Carlos Eugnio da Silva Ruella (para operar em So Paulo e Campinas conforme decreto imperial n 9.116 do dia 5 de janeiro de 1884, a mesma data do decreto 9.114 que dava permisso para a Campineira operar). Em 1911 a CTESP comprou a "Campineira" (que era de Olympo Rodrigues & Cia) e em junho de 1914 a "Brazilian Traction" adquiriu o controle acionrio da CTESP. Em dezembro de 1915, quando a "Brazilian Traction" j possua 95% da CTESP, esta empresa operava os servios telefnicos interurbanos entre So Paulo, Santos e Campinas e os seguintes servios locais (a maioria dos telefones eram comerciais): So Paulo Santos Campinas TOTAL 6.131 assinantes 1.019 assinantes 753 assinantes 7.903 assinantes

paulista de Bragana Paulista em 17-7-1896. Aquela empresa, aps 22 anos de existncia possua 1641 quilmetros de linhas telefnicas, cinco vezes mais que a pioneira "Campineira" que tinha 370 quilmetros. A histria da Bragantina marcou, como outras empresas de outros setores, a vitria de homens otimistas e dedicados ao trabalho, cujas realizaes do destaque aos nomes das firmas, olvidando os nomes dos pioneiros. Mas, por terem sido os maiores, devida a citao dos seus nomes: Nicolino Nacaretti, capito Gabriel da Silveira e Joo Baptista de Britto. Sobre os primrdios da telefonia nesta regio da Borda do Campo, pouco se sabe, a no ser que a Cia Telefnica do Estado de So Paulo (CTESP) andou instalando alguns telefones, em data imprecisa, na antiga regio de So Bernardo. A AUTOMATIZAO E AS TELEFONISTAS Voz suave e clara, boa audio, pacincia, destreza manual e urbanidade. Essas so as caractersticas das telefonistas que, acompanham passo a passo a evoluo da telefonia. Em 1929, quando surgiu a automatizao dos telefones do Brasil, surgiram diversas crnicas na imprensa sobre o papel da telefonista na vida da cidade. Todos pensavam que a nova tecnologia em comunicao causaria a sua dispensa em massa. Mesmo com a automatizao dos servios em 1929 e mais tarde com a implantao gradativa do sistema de Discagem Direta Distncia, em 1969, a telefonista continuava insubstituvel em sua funo de facilitar o dilogo entre as pessoas.

Em 1915 a "Braziiian Traction" decidiu construir na rua Sete de Abril um prdio para atender s necessidades das principais empresas telefnicas paulistas, j sob o seu controla acionrio, desde 1914: a CTESP e a Bragantina. A "Bragantina", na verdade, foi a Empreza Telephonica Bragantina,' instalada na cidade

A GUERRA AO MOSQUITO Um dos fatos mais lembrados ocorreu durante o surto de febre amarela, em maio de 1929. A Companhia Telefnica Brasileira uniu-se,

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nessa ocasio, a campanha empreendida pela Sade Pblica, no sentido de alertar a populao contra o mosquito transmissor. E nos dias 13, 14 e 15 de maio daquele ano, quando atendiam aos assinantes, as telefonistas diziam a seguinte frase: "Guerra ao mosquito. Nmero faz favor?". Isso foi repetido cerca de 1.500.000 vezes. E virou at ttulo de uma revista teatral. A introduo do servio automtico, alm do protesto da populao, que pensava ser o fim das telefonistas, trouxe a necessidade de uma campanha de reeducao da empresa para esta mesma populao. A operao de discar, to simples nos dias de hoje, foi ensinada vezes e mais vezes s pessoas, acostumadas com a interveno da telefonista. Mas o advento do servio automtico no traria a eliminao das telefonistas: elas seriam reaproveitadas em ligaes interurbanas e em servios internos. O aumento de facilidade nas ligaes trouxe um nmero maior de usurios, e com eles, mais telefonistas para chamadas interurbanas. Alm disso, o crescimento industrial do Brasil j era significativo e muitas empresas comeavam a solicitar estas moas. As escolas especializadas preparavam telefonistas e assim a profisso se aprimorou. Hoje, ficou sendo uma profissional muito procurada pelas empresas que expandem seus servios. Todos os anos, em 29 de junho, pblico e autoridades externam o carinho mantido por essas profissionais, enviando flores e cumprimentos pelos servios recebidos. o dia da telefonista. 1906 - TELEFONE SEM MANIVELA Depois de passar alternadamente de firmas particulares para o Governo, o servio telefnico do Rio foi adquirido em 6 de junho de 1889, peta Brasilianische Elektricitate Gesellchaft, com um prazo de concesso de 30 anos. Iniciavase com isso a estabilizao do servio telefnico na capital da Repblica. A nova firma, com sede em Berlim, possua aparelhagem de fabricao alem e o tipo de equipamento era a magneto. Os telefones ficavam ligados central apenas por um fio. Na caixa do aparelho havia uma manivela, que o assinante movia para chamar a telefonista na central; esta, ento, fazia a ligao. Ao terminar, o assinante movia a manivela em sentido contrrio e a telefonista recebia na central o sinal para desligar.

Em 1906, um incndio destruiu as instalaes da Companhia, na Praa Tiradentes, interrompendo durante sete meses todo o servio telefnico da cidade. Reconstruiu-se o prdio e os aparelhos antigos foram substitudos por novos, j sem manivela, importados dos Estados Unidos. Bastava levantar o fone do gancho, para a telefonista atender. EM 1900 O TELEFONE J AJUDAVA A POPULAO A SE PROTEGER No Inicio do sculo j existia um sistema telefnico - telegrfico implantado exclusivamente para garantir a proteo e segurana da populao na ento tranqila So Paulo. Era o Telgrafo Policial, que tinha a mesma finalidade dos telefones ligados diretamente com a polcia. O Telgrafo Policial n 321, por exemplo, foi instalado em 1900 na rua Aurora e possibilitava ao pblico contato direto coro os departamentos encarregados da Segurana Pblica da cidade para comunicao de algum acidente (desastre, crime, resistncia polcia etc). Para isso, bastava colocar s seta indicadora no local desejado e puxar a alavanca, solicitando conforme o caso, o carro de preso, a ambulncia etc. O sistema era provido, ainda, do cdigo Morse, no caso do telefone falhar; ao usurio cabia, ento, abrir a pea do mostrador e atravs do telgrafo acoplado internamente comunicar o desejado. Hoje, o Telgrafo Policial faz parte do acervo do Museu do Telefone da Telefnica.

UM ANUNCIO DE 1881 Enquanto aguardava a autorizao imperial para funcionar, a Companhia tratou de divulgar as vantagens da telefonia. Para isso,

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publicou no Jornal do Comrmercio do dia 28 de fevereiro de 1881 uma nota informativa: "Esta Companhia prope-se a estabelecer nesta cidade, seus subrbios e Niteri, em virtude da concesso feita a Charles Paul Nackie, o sistema de comunicao telefnica geral, que hoje o caracterstico to notvel nas comunicaes comerciais e oficiais em Nova-Yorque, Londres e Paris". Mais adiante, o anncio explicava: "Por este sistema estabelece-se comunicao verbal e confidencial imediata entre quaisquer dos assinantes, dentro do territrio em que funcionaro as linhas. A Companhia fornecer todos os aparelhos, construir as linhas e as conservar a sua custa. Os assinantes pagaro por essas linhas um aluguel fixo correspondente distncia das estaes centrais. FANTASIAS ULTRAPASSADAS DOS GROTESCOS APARELHOS AOS TELEFONES DE HOJE, PODE-SE ANTEVER O QUE VIR... A palavra "comunicao" se transformou nos dias que correm em algo que faz parte do ser humano, na forma mais sensvel de todos os tempos; um fenmeno social importante. H muitos e muitos sculos a palavra, os desenhos nas cavernas e posteriormente a escrita, deram incio a uma infinidade de meios que o homem arranjaria para se expressar melhor e para se entender com outros homens. Alis, a necessidade de comunicar nasceu antes mesmo da palavra. Antes de aprender a falar, o Homem era pouco mais inteligente do que os macacos. Mas, nos primrdios do ser humano na terra, o homem das cavernas comeou a criar a linguagem articulada, dando a cada grunhido, a cada som de sua garganta ou combinao deles, um significado. Muito depois, h pouco mais de 8 mil anos, inventou a escrita. Dos desenhos que ainda podemos encontrar nas paredes das cavernas, o homem ria antiguidade passou aos sinais grficos, que representam sons ou idias. O homem foi inventando meios para comunicar-se distncia. Mais modernamente, aparelhos grotescos serviram de trampolim para inventos mais eficientes, satisfazendo razoavelmente s necessidades da cada poca. Porm, houve certo perodo em que a civilizao comeou a crescer e necessitou caminhar mais depressa na busca de recursos mais adequados, pois os negcios exigiam informaes que deviam ir depressa e retornar depressa dos seus destinos. O mundo comeou a necessitar da comunicao de massa, em larga escala.

Muitas experincias foram feitas pelo homem; mas, foi somente no sculo XVIII que se iniciou o perodo revolucionrio nas comunicaes, que viria entregar s populaes os devidos recursos para satisfazer s suas necessidades e no s; se uma anlise coerente for feita, ver-se- que a oferta da cincia, de hoje, no campo da comunicao, j ultrapassou as fantasias escritas h poucos anos pelos futurlogos. O telefone uma dessas ofertas.

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ALEXANDER GRAHAM BELLTHOMAZ WATSON INVENTORES DO TELEFONEO telefona foi inventado a desenvolvido por um professor de surdos-mudos, chamado Alexander Graham Bell, com a ajuda de um eletricista de nome Thomaz Watson. finalmente, um ano em Londres, no University College, para onde fora enviado. Permaneceu durante um ano na GrBretanha, morando em casa do av; foi um ano exaustivo, mas de muito proveito. O av era talentoso, de fina educao e exigia muito do menino; o garoto Bell queixav-se muito, porm o convvio com o av foi-lhe muito til: ele aprendeu piano e passou a interessar-se para sempre peta msica. Esse gosto ele o havia adquirido de sua me, tambm muito talentosa. Mas a me ficou surda quando Bell estava com 12 anos, muito jovem; a surdez parecia perseguir a vida de Alexander Graham Bell, desde muito cedo. Sua primeira e grande vocao estava voltada, portanto, para a soluo dessa deficincia. Inteligente e estudioso, ele conseguiu assumir o primeiro posto de trabalho profissional numa escola de Elgin, na Esccia. Ali, preparou crianas em educao musical e dico. Em 1864, na mesma cidade, tornou-se mestre-residente na Academia Weston, e desenvolveu seus primeiros estudos sobre a surdez. Tornou-se o professor mais dedicado do mtodo da "Faia visualizada", sistema que utiliza desenhos dos lbios, garganta, lngua, dentes e palato, para que os alunos repitam os movimentos e os sons indicados pelo professor. Alexander Graham Bell foi um dos maiores personagens da humanidade, possuidor de uma curiosidade insacivel e um esprito criador incomum. Em 1868 tornou-se assistente do pai, em Londres, assumindo o cargo em tempo integral durante as ausncias do velho Melvilie Bell, quando este viajou aos Estados Unidos para dar cursos. Ocorreu nessa poca, o primeiro grande choque emocional da famlia; seu irmo mais velho morreu de tuberculose, doena que um ano depois matou tambm o irmo caula. Havia dificuldades econmicas. Bell tambm estava doente e na nsia de salv-lo a famlia mudou-se para Ontrio, no Canad, em 1870. A "Casa Meiville", onde moraram, at hoje conservada como relquia histrica com o nome de "Solar dos Bell". Graham Bell curou-se e em 1871, com 24 anos, mudou-se para Boston, onde continuou dando autos e palestras, divulgando o mtodo do pai para o ensino de surdos. Bell trabalhava muito e nas poucas horas de lazer que lhe sobravam, comprava material de

Alexander Graham Bell

Thomas J. Watson

No incio do sculo passado, havia um sapateiro na Esccia, de nome Alexander Graham Bell, que enquanto batia solas, recitava Shakespeare. E fazia isto to bem que um dia acabou partindo para o teatro. L, porm, descobriu outra profisso: como professor teatral de dico desenvolveu considervel prtica no tratamento dos defeitos da fala, tornando-se especialista em foniatria. Seu filho, Alexander Melville Bell, interessou-se tambm pela linguagem humana e tornou-se mdico, especializando-se nos rgos da fala. E um terceiro Alexander, neto do sapateiro-artista e filho do mdico j internacionalmente famoso, continuaria o trabalho iniciado pelos dois. Foi ele Graham Bell nascido a 3 de maro de 1847, em Edimburgo, na Esccia. At os 11 anos de idade, Granam Bell chamava-se simplesmente Alexander Bell, como o av. Na escola, a professora sugeriulhe que escolhesse um nome "intermedirio" para distinguir-se dos ascendentes: depois de consultar os familiares, optou por Graham, em homenagem a um grande amigo de seu genitor. Seu pai ganhava a vida dando aulas sobre um mtodo por ele criado, e que utilizado at hoje para a recuperao de surdos-mudos: "Alfabeto ou Fala Visvel". Por isso, uma das suas preocupaes passou a ser de criar aparelhos que facilitassem o treinamento de surdos ou deficientes da voz (a inveno do telefone, quando ele tinha apenas 29 anos, confirmou a intensidade desse interesse}. Sua escolaridade no foi muito grande: um ano numa escola particular, dois anos na Edinburgh's Royal High School (onde concluiu o curso ginasial), algumas aulas como ouvinte na Universidade Edimburgo e,

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eletricidade e estudava suas aplicaes. Durante as frias desenvolveu seus projetos de experimentos acsticos, especialmente os relacionados com a voz humana. Em 1872, abriu sua prpria escola em Boston para treinar professores de surdos. Publicou nesse ano o livreto "O pioneiro da fala visvel", uma continuao dos trabalhos do pai. Em 1873, deu aulas de Fisiologia da Voz para surdos na Universidade de Boston. L conheceu Mabel Gardiner Hubbard, uma aluna que inspirou-lhe grande afeio; ela ficara totalmente surda aos quatro anos de idade, em conseqncia da escarlatina. Bell considerou muito agradvel ensinar to linda aluna e ao que parece ambos pressentiram desde os primeiros momentos que uma unio duradoura lhes estava reservada. Em trs meses Mabel j falava. Nessa poca, 1874, Bell conheceu o eletricista Thomas Watson, na loja de Eletricidade Charles Williams, onde fora fazer compras. Ficaram amigos e num quarto abandonado da loja, durante muitos anos, Bell e Watson trabalharam juntos, s vezes at alta madrugada. No perodo 1872-1875, Bell e Elisha Gray (1835-1901) trabalharam nos Estados Unidos cada um por si, em projetos semelhantes. Essa simultaneidade s foi conhecida num Congresso em So Petersburgo (Rssia}, de 1875. Gray dispunha de maiores recursos; desde jovem, em Chicago j pesquisava a soluo do problema pela aplicao da corrente eltrica. Alexander Graham Bell tentava aperfeioar o telgrafo para a transmisso deu mais de duas mensagens simultneas pelo mesmo fio, mas tentava resolver o problema pelo lado acstico. Ele ouvira dizer que a Companhia telegrfica dera trs quartos de milho de dlares por um invento que transmitia duas mensagens simultneas" e andara trabalhando na teoria de um diapaso que permitisse a transmisso de seis a oito mensagens sincrnicas por um nico fio. IMAGINAO CRIADORA A habilidade inventiva de Graham Bell era surpreendente; uma de suas primeiras experincias, quando jovem, foi um crnio dotado de um sistema vocal, com articulao quase perfeita, que ele fabricou junto com seus irmos. Um dia, com um fole, os garotos conseguiram faz-lo balbuciar "mama" com tanta perfeio, que os vizinhos se amedrontaram... Bell tambm inventou o disco de cera para gravao sonora, aprimorando, assim, o fongrafo de Edison. E mais: criou as primeiras sondas tubulares para exames mdicos; construiu um "colete a vcuo", isto , uma forma primitiva de

pulmo-de-ao; selecionou uma raa curiosa de carneiros; foi ele quem mais estimulou a menina Helen Keller (depois famosa) a aprender a falar; desenvolveu um sistema de "eco sonoro", para localizao de icebergs, muito semelhante ao sonar; foi um dos precursores na descoberta dos raios "laser"; inventou o fotofone, sistema de transmisso de mensagens pelos raios luminosos, h cerca de 90 anos; construiu os barcos mais velozes de seu tempo, capazes de superar os 100 quilmetros por hora; foi um dos pioneiros da aviao, sendo o primeiro homem a voar num aparelho mais pesado do que o ar em todo o Imprio Britnico, no ano de 1907. Os projetos, de Bell e Gray, apresentaram a similaridade das lminas ou diapases vibrantes ligados a eletroms. Ao que parece, ambos devem ter chegado idia do telefone ao mesmo tempo, isto , no ano de 1874. Nesse ano, Elisha Gray concluiu seu projeto mais extraordinrio: com um diafragma de ao diante de um eletrom, ele havia construdo um receptor igual ao dos telefones atuais. Mas no dispunha de transmissor. Nesse mesmo tempo, Bell tentava a construo de transmissores e receptores baseado nos complicados diapases. No vero de 1874, ele imaginou construir um receptor de membrana, semelhante ao de Gray, mas usando couro esticado. Sobre a membrana, ele colou uma placa metlica. O transmissor, contudo, era mais difcil. Depois, Bell teve a idia de usar a fora de induo de um pedao de ferro numa membrana vibrante junto a uma bobina. Em maro de 1875 Bell viajou a Washington para falar com o diretor do Instituto Smithsoniano, Sir Joseph Henri Smithson, que ficou impressionado com os projetos do jovem e aconselhou-o a melhorar seus conhecimentos de eletricidade para poder levar avante as experincias. Bell, mais tarde, diria: "No fora Joseph e eu nunca teria inventado o telefone". Bell e Watson continuaram trabalhando juntos, noite a dentro. Watson construiu dois aparelhos idnticos - um para ser usado como transmissor e outro como receptor - utilizando membrana de couro com placa metlica colada, bobina, ncleo de ferro etc. As primeiras experincias falharam, talvez em conseqncia apenas do barulho ambiente existente no sto da Rua Court n: 109, em Boston, onde trabalhavam. O problema financeiro provocou a interrupo das pesquisas por algumas semanas e assim Bell retornou aos alunos, cursos e conferncias. Graham Bell exps suas dificuldades a amigos e obteve o apoio financeiro de um rico negociante, Thomaz Sanders, pai de um seu

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aluno, e tambm de Gardiner G. Hubbard, pai de Mabel, a menina surda que Bell ensinara a falar (e com quem Bell se casou a 11 de junho de 1877). Hubbard era grande acionista do telgrafo. Bell e Watson acreditavam na probabilidade da teoria dar certo. A 2 de julho de 1875, um curto-circuito provocado pelas lminas dos diapases produziu um efeito que poderia passar despercebido a um homem comum; mas no a Bell. Ao soltar a lmina presa, Watson f-la vibrar com intensidade. O som foi transmitido para o outro aparelho, de Bell, na sala vizinha. Bell alertou a Watson para no mexer em nada e juntos eles redesenharam totalmente os aparelhos. Elisha Gray, o grande concorrente, tambm trabalhava com afinco em seu projeto; j tinha desenvolvido um transmissor no qual a membrana faz uma agulha vibrar junto de outra, mergulhada em gua acidulada. Gray est providenciando, tambm as especificaes exigidas pelo U.S. Patent Ofice. Bell e Watson trabalham com entusiasmo redobrado, agora numa sala, da "Exeter Place n 5, uma casa sossegada. Eles tambm esto preparando o pedido de registro da patente e, na ltima hora, Graham Bell incluiu, providencialmente, uma clusula, descrevendo uma resistncia varivel como parte do processo. Mas sua nfase maior era, de fato, o princpio da induo eletromagntica. No dia 14 de fevereiro de 1876, por extrema coincidncia, Bell e Gray ingressaram com o pedido de patente. Com apenas uma vantagem para Graham Bell: seu requerimento chegara ao "U.S. Patent Office" duas horas antes do de Gray. At esse dia nenhum homem havia realmente falado pelo telefone. A notcia das experincias, entretanto, j corria o mundo. No Brasil, uma das primeiras referncias ao telefone est no jornal A Provncia de So Paulo de 20 de fevereiro de 1876, com o ttulo "Ouvir msica pelo telegrapho": "A telegraphia elctrica que tem sido j origem de tantas maravilhas, acaba de servir para uma nova e bem notvel inveno. Um cidado de Chicago {Estados Unidos), chamado Elisho (sic) Gray, descobriu o meio de pelos fios elctricos transmitir os sons de um plano para a sala de um concerto na distncia de 2,4 milhas, assegurando que poderia transmiti-los muito mais longe. A maior parte dos physicos da America considera esse maravilhoso resultado, como o primeiro passo para descobrir-se a via elctrica que poder ser usada para a transmisso dos sons produzidos por muitos instrumentos reunidos. O aparelho inventado por Gray, o qual foi denominado telephonio, compe-se de trs partes: 1 o instrumento que transmite os sons; 2 os fios condutores, que vo a uma distncia

determinada; 3 o aparelho que recebe os sons transmitidos." Bell intensificou seus trabalhos para aperfeioar o invento. Gray, por outro lado, pareceu considerar-se derrotado pela diferena de duas horas na primazia do registro. Embora dotado de boas idias, ele nada faz para desenvolver os projetos. A 7 de maro, deferida a patente do telefone para Alexander Graham Bell, sob nmero 174.465.

O primeiro telefone do mundo. DESTA VEZ... O primeiro dinheiro que Bell recebeu com a inveno: mil dlares. Por mais de 45 anos, aps a inveno do telefone, Bell demonstrou criatividade em tudo o que fazia. Do Governo francs, recebeu o Prmio Volta, equivalente a 50 mil francos, com os quais conseguiu montar um laboratrio em Washington, para desenvolver o processo de fabricao de registros fongrafos em discos de cera. No campo da Medicina, ele publicou vrios livros e no setor de construo civil sugeriu que as casas fossem dotadas de ar condicionado. Tinha tambm interesse pela aviao. Inventividade e personalidade forte foram as grandes caractersticas de Graham Bell. Pelas suas invenes, pelo seu esprito pioneiro, tornouse ainda cidado norte-americano, fato de que muito se orgulhava. No dia 1 de janeiro de 1915, nos Estados Unidos, houve a solenidade de inaugurao da ligao telefnica "costa a costa" (Nova Yorque So Francisco). Granam Bell pegou o telefone e repetiu para Thomaz Watson a famosa frase que proferira no dia 10 de maro de 1803 quando o telefone falou pela primeira vez: "Mr Watson, come here, I need you". Na outra ponta da linha, a mais de 4 mil quilmetros, Watson, seu amigo, colaborador e agora scio, respondeu: "Desta vez, o senhor ter que esperar um pouco mais. E depois da ligeira pausa: Dentro de uma semana estarei a em Nova Yorque.

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O CO QUE BELL FEZ FALAR... Graham Bell era fino no humorismo. Certa vez, Graham Bell disse a Thomaz Watson: Eu j ensinei um cachorro a falar! Watson deve ter pualado da cadeira. Bell continuou: como voc sabe, sou professor de mudos...Certo dia, assim como se aperta as cordas de um violo, eu tateava a garganta do co e tentava modificar o som das cordas vocais. Por meio de pancadas consegui fazer com que meu co Sheyiedissesse: Au-ah-luu-m, ou seja, Howare-you-grand-mather. (como vai vov). A amizade entre Bell e Watson permitia tais brincadeiras. PROVIDENCIAL ACIDENTE Trs dias aps a concesso do registro da patente ocorreu um providencial acidente; Belll derrubou um pouco de "Lquido Transmissor" na roupa e no aparelho, que estava ligado. Thomas Watson recordaria o fato numa conferncia pronunciada a 17 de outubro de 1913: "Bell, no decorrer da experincia, tendo necessidade de minha presena na sala, disse com simplicidade: Mr. Watson, come here. I need you! (Senhor Watson, venha aqui. Preciso do Senhor). Na sala vizinha, junto ao outro aparelho, a frase chegou-me lmpida e completa ao ouvido. Era a primeira vez que isso acontecia no mundo. E eu, por felicidade, era a primeira pessoa que podia ouvir um recado completo transmitido por telefone, sem interrupo." Essa , portanto, a data histrica do nascimento do telefone: 10 de maro de 1876. Os trs inventores, Bell, Watson e Gray, devem ser reverenciados. Os projetos de Elisha eram at melhores que os de Bell. Mas houve a primazia de Bell no registro da Patente. No entanto, o invento no obteve imediato reconhecimento de "aparelho de utilidade". Foi necessria outra providencial circunstncia e, desta vez envolvendo nos acontecimentos o Imperador do Brasil, Dom Pedro II. A interveno do nosso Imperador deu incio evoluo do Telefone, iniciada no ato memoravel do dia 25 de junho de 1876, com uma frase igualmente memorvel: "MEU DEUS, ISTO FALAI". Um homem lcido e trabalhador incansvel, Graham Bell, acompanhava como cientista, em 1922, a todos os eventos que a telecomunicao proporcionava ao mundo; no dia 2 de agosto, no Canad, Alexander Graham Bell morreu aos 75 anos de idade, deixando para a posteridade o inestimvel legado do seu esforo, traduzido em tantas invenes, a principal das

quais resultou na telefonia e todas as suas ramificaes. HELEN KELLER, A MAGNIFICA Na histria da comunicao, a tenacidade esteve sempre presente mas, o caso de Helen Keller talvez o mais apaixonante e impressionou, como impressionam todos aqueles que fazem de sua vida um digno ideal. O esforo constante, bem intencionado e otimista pode sobrepujar as estocadas cruis do destino, isso a maravilhosa Helen Keller demonstrou. Nascida em Tuscumbia, Alabama, nos Estados Unidos, Helen era uma robusta menina; porm foi atacada por urna congesto cerebral aguda, antes de completar a idade de dois anos e ficou cega, surda e muda. Tinha seis anos quando Graham Bell, o inventor do telefone, a conheceu. Bell, que tinha a me surda, era casado com Mabel Hubbard, tambm surda; portanto, interessava-se bastante pelos atacados de surdez. Era professor de mudos. Alexander Graham Bell no esqueceu nunca dos surdos; j rico, no ano de 1900, doou a aprecivel quantia de 300 mil dlares Associao Americana de Ensino dos Surdos. Bell fez com que os familiares de Helen, seus amigos, entrassem em contato com o Instituto Perkins, expondo o problema. O Instituto enviou cidade de Tuscumbia uma jovem de vinte anos, chamada Anne Sullivan. Graas prodigiosa Anne, que ensinou aluna a linguagem das mos, a antes triste Helen praticamente ressuscitou. Anne Sullivan tambm sabia que o seu trabalho teria do ser orientado por trs aspectos bsicos: coragem, pacincia e perseverana. Presenteou Helen com uma boneca, feita pelas alunas cegas da Escola Perkins. Anne tentou relacionar o objeto com quatro sinais querendo significar d-o-l-l. Estes sinais foram transmitidos das mos da professora para as mos da Helen. A primeira tentativa no teve sucesso imediato. Dias mais tarde, quando estavam perto da uma bomba de gua, surgiu uma ocasio melhor para nova tentativa. Miss Sullivan tomou uma das mos da menina e a colocou sob a torneira aberta. Enquanto isso, a outra mo recebia sinais que soletravam a palavra w-a-t-e-r. Desta vez, Helen entendeu as intenes de sua professora. Percebeu que aqueles sinais indicavam algo fresco, mido e corrente. Em seguida, a menina aproximou o rosto da terra, enquanto miss Sullivan imediatamente soletrava a palavra correspondente. Helen parecia fascinada

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com a sua descoberta e, antes de dormir naquela noite, j havia aprendido mais de 30 palavras com os seus significados. GENEROSA LIO DE TENACIDADE DA MAGNFICA CEGA, SURDA E MUDA HELEN Ao atingir os dez anos, conseguiu aprender a falar e, em 1904, portanto aos 24 anos, doutorou-se em Filosofia, no Radcliffe College. Proferiu numerosas conferncias, revelando-se uma extraordinria animadora das geraes novas; uma lio viva de coragem, de tenacidade e de amor ao prximo: "Os que pensam que a vista e o ouvido so os nicos meios pelos quais as nossas sensaes se despertam, declarava ela, ficam surpreendidos com o fato de eu diferenar o caminhar nas ruas do caminhar no campo. Esquecem que estou impregnada de ambincias. Quem ousar negar, depois disto, que, mau grado as minhas imperfeies fsicas, eu seja acessvel s belezas do mundo exterior? Por toda parte se encontram maravilhas, mesmo nas trevas e no silncio e, por mais incompleta que eu seja, conformo-me com as circunstncias." Para comunicar-se com as demais pessoas, ela recorreria ao alfabeto tctil, ao alfabeto de Braille e ao contato dos seus dedos com os lbios de quem falava. Escreveu diversas obras (algumas traduzidas para outros idiomas) e criou vrias instituies de proteo e reeducao dos cegos, surdos e mudos. Escrevia corretamente o idioma ingls e tambm o alemo e o francs. Foi doutora "honoris causa" por duas Universidades norte-americanas. Suas aparies em pblico constituramse num espetculo inesquecvel; elas nunca mais se separaram, at morte de Anne, em 1936. Deram ao mundo luminosa lio de estoicismo e de exemplo para os que so atingidos pelo destino com a cegueira, a surdez e a ausncia de voz. Helen ainda estava empenhada, perto dos 88 anos de idade, ao trabalho assistncia, pouco antes de morrer de causas naturais, em 1968. SILENCIO O GNIO MORREU Graham Bell morreu no dia 2 de agosto de 1922, em Baddeck, no Canad. Seu ltimo dilogo com a filha foi este: No tenha pressa, nem se agite papai. Eu tenho que ser apressado, filha. At para morrer. E morreu. Em seu tmulo, a seu pedido, est uma placa simples para um homem incomum: "Alexander Graham Bell, Inventor, nascido a 3 de maro de 1847.. morreu na

condio de cidado dos Estados Unidos, em 2 de agosto de 1922." E no dia em que Bell morreu, todos os telefones servidos pela Bell System silenciaram durante dois minutos. A seu pedido, seu epitfio diz: "Nascido em Edimburgo. Morto cidado dos Estados Unidos". IMPRESSES DA RAINHA VITRIA O primeiro dinheiro que Graham Bell ganhou com o telefone foram 10 mil dlares, provenientes de conferncias sobre o funcionamento de sua inveno. Casou-se, ento, a 11 de julho de 1877 com sua ex-aluna surdamuda, Mabel Hubbard; Mabel dez anos mais nova. Bell tinha ento 30 anos. Foram passar a lua-de-rnel na Inglaterra, onde, aproveitando a oportunidade, Bell pretendeu promover o telefone. A rainha Vitria, a quem Bell apresentou o aparelho, escreveu, em seu dirio: "Um professor Bell explicou todo o processo (sobre o telefone), que o que existe de mais extraordinrio". Os esforos de Bell na Inglaterra, contudo, no foram muito animadores, pois, apesar das Patentes, uma empresa rival j estava implantando um sistema telefnico naquele Pas, a Electric Telephone Co. Entretanto, aproveitou o contato com os investidores ingleses para explicar-lhes que, da mesma maneira que havia uma rede subterrnea para a distribuio de gua e gs nas cidades, o mesmo poderia ser feito com a rede telefnica, que teria uma central de distribuio qual estariam ligadas as linhas auxiliares instaladas em lojas, casas particulares, fbricas e outros locais. Em 1877 a Bell Telephone Co. era uma Empresa pequena, nascente. Naquele ano a Western Union Telegraph Co. era um gigante no servio de telegrafia. Em maro daquele ano a Western fez uma oferta de aquisio da Patente do telefone de Graham Bell por 100 mil dlares, mas Bell recusou. A Western, ento, comprou as Patentes de Elisha Gray e Thomaz Alva Edson, com a inteno de aperfeioar e explorar comercialmente o telefone. Assim, a Western e Elisha Gray fundaram primeiro a American Speaking Telephone Co. para enfrentar a Empresa de Bell, que em dezembro de 1877 j possua trs mil telefones em funcionamento. A ao lesiva da Western Union recrudesceu e a Bell Co. iniciou naquele ano, 1877, a primeira ao judicial reivindicando sua participao na venda de todos os telefones fabricados segundo suas Patentes, Decorrido um ano inteiro de depoimentos e provas, a Justia reconheceu que Alexander Graham Bell era o indiscutvel inventor do telefone e tinha direito participao nos lucros da explorao do aparelho pela Western Union.

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Ento, Bell, que havia recusado a venda da Patente n 174.465 (a do telefone) em favor da Western, recebeu nova oferta daquela Empresa: 25 milhes de dlares! Quantia fabulosa, mas Bell recusou novamente. Por isso, as batalhas judiciais sucederam-se pelos anos afora; foram seiscentas, mas Bell venceu todas as demandas. A PRIMEIRA LIGAO INTERURBANA Depois do reconhecimento pblico do telefone, Bell e Watson passaram a fazer uma srie de demonstraes pblicas e ao mesmo tempo comearam a fazer experincias com a conversao telefnica a distncias cada vez maiores. Encorajados, procuraram os diretores da companhia telegrfica de Boston, pedindo-lhes a instalao de uma linha entre Boston e Salem, distanciadas entre si de 25 quilmetros. Na tarde de 26 de novembro reprteres e cientistas rodeavam tanto o receptor instalado no laboratrio de Graham Bell, em Boston, quanto o transmissor instalado num auditrio de Salem, de onde Graham Bell passou a transmitir para Watson as primeiras palavras interurbanas, pela primeira vez no mundo. Na manh do dia seguinte, e por dias a fio, os jornais publicaram notcias e as infinitas possibilidades do emprego do telefone. Menos de um ano depois, j estava organizada, em Boston, a primeira empresa telefnica do mundo, a Bell Telephone Company, para 800 telefones. Tendo como presidente Gardner Hubbard, sogro de Graham Bell, a Empresa iniciou pioneiramente a explorao comercial dos aparelhos telefnicos. "TELEPHONE PARA ESCAPHANDRO" Para constatar o entusiasmo causado pela inveno do telefone no mundo, convm ler o que aconteceu em nosso Pas, apenas um ano depois. No dia 23 de dezembro de 1877, o jornal A Provncia publicou uma curiosa notcia sobre a aplicao do telefone em So Paulo: "O Sr. baro de Teff, que desde as primeiras notcias sobre o telephone comeou a estud-lo, conseguiu realizar uma das suas mais teis aplicaes, ate agora ainda no lembrada por ningum, empregando-o como meio de comunicao fcil, breve e seguro entre o mergulhador ocupado em trabalhos no fundo do mar e o engenheiro que de bordo ou da terra dirige o servio. As grandes vantagens resultantes deste importante melhoramento no carecem de encmios. Hoje o homem do escaphandro no mais forado a subir a embarcao ou plataforma de cada vez que tem uma comunicao a fazer ou uma explicao a pedir e do fundo do mar pde descrever tudo quanto v em torno de si, o que

a soluo hydraulicos."

almejada

pelos

engenheiros

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MARCONIO ANIMADOR DO SILNCIOpostes j se espalhavam pelo mundo, naquela poca, levando longe os fios telegrficos. Aos quatorze anos, Guglieimo era aluno do Instituto Cavallero, de Florena. Suas preferncias por fsica e qumica o absorviam; mesmo nas frias Marconi estudava com afinco. Ele acreditava na realizao da sua teoria. Ele queria! E obtinha do seu professor Rosa inestimveis ensinamentos sobre os trabalhos de outros cientistas. Marconi interessou-se pelo trabalho de Calzeechi-Onesti: aquele cientista fechara as extremidades de um tubo de vidro com tampas metlicas e soldara cada extremidade com um fio metlico. O tubo continha limalha de ferro, etc e etc; Marconi analisava todos os detalhes e... fazia perguntas que os professores no sabiam responder ... Aos vinte anos Marconi no tinha obtido ainda qualquer ttulo escolar: dedicara-se s qumica e fsica, e pouca ateno dava s outras matrias. Fazia parte do seu trabalho de pesquisa ir s lojas para adquirir fios de cobre, bobinas... Baseando suas experincias nas ondas hertzianas descobertas por Heinrich Hertz (1887) e inveno da antena (Aleksandr Popov, 1895) e, ainda, num tubo de vidro contendo finas limalhas entre dois eltrodos, construdo em 1890 pelo francs Edoard Branly, Marconi insistia nos estudos. Aperfeioou o tubo de Branly e fez a memorvel experincia. Em 1894, na sua velha casa de Bolonha, Marconi conseguiu enviar do sto um sinal radioeltrico para seu irmo que se encontrava alm de uma colina, a 800 metros; um tiro de espingarda dado por seu irmo Alfonso foi o sinal de mensagem recebida. Aos vinte anos de idade dera o primeiro passo para a sua grande inveno; quando desejou aperfeioar o sistema, no conseguiu obter apoio na sua Ptria, naquela poca sem recursos financeiros, Marconi obteve os recursos que precisava na Gr-Bretanha e l instalou seu laboratrio de pesquisas. Aperfeioou tubo do francs Branly e em 1895 obteve uma transmisso entre dois pontos distanciados de uma centena de metros. A 1896, em Londres, Marconi conseguiu a primeira patente mundial para o telgrafo sem fio sim redigida: "Aperfeioamento na transmisso a impulsos e sinais eltricos e nos aparelhos correspondentes".

Gluglielmo Marconi

Ficar-lhe-ei grato se quiser transmitir ao conhecimento do nobre povo brasileiro que me sinto altamente honrado e comovido em poder realizar, de Roma, a cerimnia da iluminao da esttua do Cristo Redentor, erigida sobre o monte Corcovado. Atravs das ondas eltricas comandadas de Roma, ser efetuada a ligao das lmpadas do Rio de Janeiro. Este importante evento contribui para revigorar e exprimir, atravs de uma das mais modernas conquistas da cincia, os laos de simpatia e de sincera amizade existentes entre a Itlia e esse grande Pais. Guglielmo Marconi.

Esse telegrama foi transmitido (sem fio) de Roma para o Rio de Janeiro, atravs das ondas hertzianas, e lido no rdio pelo embaixador italiano no Brasil. Foi um dia memorvel, em que a esttua do Cristo Redentor foi inaugurada: 12 de outubro de 1931. Um rpido toque de dedo e um impulso eletro-magntico, velocidade da luz (300.000 km por segundo), enviado de Roma, iluminou o Cristo Redentor e milhares de peregrinos ovacionaram. "Marconi, o animador dos silncios". Foi com essas palavras que DAnnunzio, o grande poeta, saudou ao inventor da radiotelegrafia. Nascido em 25 de abril de 1874 em Pontecchio, arredores de Bolonha, Itlia, Guglielmo Marconi, muito cedo, aos vinte anos de idade, entregou-se s experincias que o levariam descoberta da telegrafia sem fio. Quando menino, Marconi j estava interessado em livros de fsica. Sabia das previses de Michel Faraday, cinquenta anos atrs, que afirmara no ser preciso o contato de dois circuitos eltricos para a energia atravessar o espao entre eles. E Marconi acreditava tambm nas teorias do "maluco" Heinrich Hertz. Acreditava que no s os sinais Morse poderiam ser transmitidos sem fio: a voz tambm! Milhares de

A 15 de maio de 1897, na Gr-Bretanha, com Pernath e Weston, Marconi consegue uma

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transmisso de 15 quilmetros. A partir de ento, os capitalistas deram ajuda ao infatigvel inventor e no dia 15 de maio do mesmo ano foi fundada a Companhia Marconi de Radiotelegrafia. Porm, Marconi no esqueceu da sua querida Itlia e imps a condio de conceder a sua Ptria de origem Ptria de origem o livre uso das suas invenes. A Itlia sensibilizou-se ante o desenvolvimento da radiotelegrafia e colocou disposio do inventor o couraado "S. Martino" para que as experincias se robustecessem. Uma transmissora foi montada no arsenal, La Spezia e os respectivos receptores foram instalados no "S. Martino". quela poca (1897) Marconi estava em servio militar na Itlia, na condio de simples marujo. E aconteceu a transmisso terramar ultrapassando 18 quilmetros. Estava longe o dia em que o jovem Marconi, a exemplo de Benjamin Franklim, no fazia experincias utilizando grandes papagaios que subiam para elevar antenas... Em 1898 foi inaugurado o primeiro servio regular de radiotelegrafia, ligando a Ilha de Wight a Bournemouth numa distncia de 23 quilmetros. Naquele ano tambm aconteceu primeira transmisso esportiva, precursora das demais: a bordo de um barco, Marconi acompanhou a regata do Kingston e transmitiu todos os seus detalhes para a redao do Jornal "Daily Express", de Dublin. A introduo da radiotelegrafia fora vitoriosa, mas havia o derrotismo. "A radiotelegrafia, dizia o Jornal North Americano Review", jamais poder substituir completamente o telgrafo, pois no garante o segredo da comunicao. O telgrafo sem fios parece uma carta aberta; o com fio cumpre as funes de uma carta fechada". Marconi trabalhou alguns anos em busca de uma soluo e, ao incio do novo sculo, consegue empregar transmisses em circuitos fechados e freqncias determinadas que eliminaram os rudos e obtiveram a sintonizao da estao receptora com a transmissora. E assim aconteceu a famosa patente 7777 em favor de uma das grandes vitrias da radiotelegrafia. As crticas continuam a visar o inventor boloonhs: na Frana dizia: Marconi era plagirio e que Edoard Branly sim, era o legtimo inventor. O prprio Branly encarregou-se de conceder o mrito a Marconi. Pouco depois de La Spezia, Marconi estabeleceu comunicao com as estaes italianas e com Calvi, na Crsega. Mas, havia agora outro entrave a desafiar a radiotelegrafia. Apesar ter conseguido estabecer comunicaes com 300 quilmetros havia que vencer a curvatura da terra.

O ponto mais prximo entre a Europa e a Amrica est respectivamente entre Saint John's e Terranova. Marconi dirigiu-se para Terranova, e l instalou uma torre. Por telegrama via cabo submarino, combinou com um ajudante em Saint John's que faria transmisses durante trs horas seguidas, numa hora pr-determinada. No terceiro dia (12-12-1901), com a emoo prpria dos obstinados eles vencem as batalhas, a transmisso contnua dos trs pontos (equivale as letra S", "S", "S", "S" fez-se ouvir), graas a um "papagaio que pairava a poucos metros de altura, que serviu de antena. Estava, em princpio, vencido o problema da curvatura da terra! Marconi defrontou-se, com outro problema. A Companhia de cabos submarinos alegava exclusividade e tentava impedir as transmisses sem fio... o que, de certa forma, deu ao inventor a alegria de ter reconhecida a sua vitria por parte dos prprios adversrios. O prprio Marconi advogou em causa prpria e venceu o entrave no Tribunal que decidiu: "Os direitos dos que empregam cabos submarinos no podem ser usados por estranhos; porm, a telegrafia sem fio, bvio, lanou um sistema diferente de transmisso". E essa vitria foi referendada pelo gnio Thomaz Alva Edison, que no princpio das experincias de Marconi estava pessimista quanto aos resultados. Edison mandou este cabograma ao inventor: "O senhor desmontou os aparelhos, mas permanece o fato de ter tido a ousadia de lanar as ondas eltricas atravs do Atlntico pela primeira vez". Os aplausos de todo o mundo seguiram-se ao de Edison. Em 1902 aperfeioado o "detector"; do primitivo aparelho de Calzecchi-Onesti, ajustado com um telefone comum, pode-se "ouvir" os sinais Morse. A bordo do "Filadlfia" Marconi aperfeioou o pequeno telefone obtendo a eliminao dos rudos das descargas atmosfricas, tornando possveis as transmisses com alta seletividade de som. E Marconi prenunciou: "Qualquer dia a voz humana tambm ser ouvida". Sucederam-se as instalaes de antenas, na terra; nos navios, complicadas redes de fios formavam antenas no alto-mar. Mas, restavam as rnontanhas: elas impediam a propagao normal das ondas hertzianas. Marconi, agora acompanhado de competentes auxiliares, a 20 de outubro embarcou no navio "Cario Alberto", da Inglaterra para "Glace Bay", no Canad. L a temperatura chega a 30 graus negativos. naquele local que o cientista espera manter mensagens entre Poldhu, na

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Rssia e Glace Bay. Os dias decorreram sem que o sucesso chegasse. Marconi tinha estabelecido um cdigo entre os colaboradores: "Standard" significar "no recebemos nada"; "Greentime" (recebemos alguns sinais); e "Yellowtime" (recebemos com perfeio). At que, no dia 15 de dezembro, 55 dias depois do embarque, chegou o almejado "Greentime". Trs dias depois chegou a informao que equivalia a "Vencemos as montanhas", ou seja: "Yellowtime". O inventor passou a ser reverenciado pelo seu rei que lhe conferiu a cidadania italiana. Foi acolhido triunfalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. Um jornalzinho foi editado por Marconi, a bordo do navio "Lucnia" com material de redao recebido peia telegrafia sem fio, chegado de vrios pontos; foi o precursor dos jornais editados pela maioria dos navios. Hoje, porm graas descoberta do "sem fio" as notcias chegam pelo rdio, televiso, telefone; o que concede ao jornal impresso mera funo de "lembrana de bordo". Novas descobertas em favor do sistema telegrfico foram aparecendo; em 1904, o ingls Fleming, que assistira s primeiras experincias de Marconi, inventou a vlvula terminica. O americano Lee de Forest transformou o diodo de Fleming em triodo. SOS... SOS... SOS... Aconteceu, assim, um colossal avano que proporcionou ao inventor, a satisfao de saber que no dia 25/1/1909 os passageiros do luxuoso navio ingls "Republic", que colidiu com o Flrida, navio italiano, salvaram-se graas ao desesperado apelo de CDQ (hoje SOS), o primeiro lanado no mundo em operao de salvamento. Cinco outros navios chegaram para socorrer; com isso houve a lamentar a perda de seis vidas. Poderia ter sido diferente a tragdia. Anos mais tarde, em 14/4/1912, o telegrafista do navio "Carpathia" captou os desesperados CDQ (SOS) partidos do transatlntico ingls "Titanic". Lamentavelmente, naquele naufrgio, morreram 1503 das 2207 pessoas a bordo. Marconi tinha sido convidado de honra naquela viagem inaugural do chamado "transatlntico inafundvel", mas seus afazeres o impediram de viajar. Quando o radiotelegrafista do "Carpathia" e de outros navios receberam os apelos j era tarde. O Titanic j ia ao fundo salvando-se apenas aqueles que puderam obter lugar num insuficiente nmero de botes salvavidas. Lamentavelmente, tambm, alertas de

outros navios sobre "icebergs" na redondeza no sensibilizaram imediatamente os tripulantes do Titanic, o navio que "Nem Deus conseguiria afundar" como afianavam. Apesar de tudo, a radiotelegrafia conseguiu amenizar a tragdia daquela viagem deplorvel onde os telegramas sociais tiveram prioridade mesmo aps a coliso pois o "Senhor do Atlntico era inafundvel". Os sobreviventes conferiram a Marconi uma plaqueta de ouro, em reconhecimento. Em 1909, dia 23 de janeiro, foi conferido a Marconi o Prmio Nobel de Fsica; naquele mesmo ano ele divorciou-se da esposa Beatrice O'Brian, com quem casara em 1905 e lhe dera trs filhos. O motivo: a cincia roubava do lar o homem que preferia viver nas pesquisas. Em 1911 a Companhia Marconi inaugurou perto de Piza (Itlia) a maior e mais avanada estao de quantas a Empresa j tinha instalado e conseguiu aumentar as transmisses de 4000 para 10000 quilmetros. E veio a guerra, que comeou em 1914. J era possvel transmitir a prpria voz sem o uso de fios. Dos avies e dos navios tambm partiam mensagens sonoras. Marconi estuda, ainda; est interessado nas ondas curtas e as domina, em 1915. Em 1922, em sesso solene, Marconi apresentou no Institute of Radio Engineers, Nova Iorque, a sua "Memria" sobre as ondas curtas. Ele continuou estudando no laboratrio do navio "Elettra", que adquirira do Almirantado Ingls. O navio foi praticamente a sua casa e nele conviveram tambm sua nova esposa, uma condessa, e a filha, nascida em 1930; qual foi dado o mesmo nome do navio que ficaria famoso em todo o mundo: Elettra. Daquele barco, Marconi transmitiu e recebeu mensagens de todo o globo. Em 1930, com um toque eltrico do Elettra, ancorado em Gnova, acenderam-se as luzes de uma Exposio na Austrlia, proeza repetida em 1931 quando do mesmo modo acenderam-se as luzes que inauguraram a imagem do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. O toque eltrico que fez iluminar o Cristo Redentor nada teria de extraordinrio se no fosse por um detalhe; conforme Marconi predissera anos antes ele conseguira mandar o impulso da Lua... O dedicado cientista, incansvel, fazia novas predies e perseguia as realizaes. Estava aplicado ao estudo das microondas quando seu corao, do qual exigira esforos em excesso, parou.

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Homens como Marconi jamais estaro mortos. Suas obras os tornam perenes.

HERTZ... MORSE... MARCONI..; CERTAMENTE PREVIRAM ALM DOS SEUS INVENTOS (MAS, NO CONTARAM...)

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MARECHAL RONDONO COMUNICADOR

amigo desvelado dos ndios, militar dedicado causa da integrao do Pas, sacrificou-se pelo

Cndido Rondon

Mariano

da

Silva

"Ao mesmo tempo que introduzia no serto a linha telegrfica, a sonda do progresso, como digo eu, a "'lngua do Mariano", como dizem os maus amigos ndios esforcei-me para que a sociedade se interessasse pelos irmos primitivos que lembram a modstia de sua origem, no h dvida, mas sem os quais no teria sido possvel levar a cabo minha tarefa". (Cndido Mariano da Silva Rondon) No dia 5 de maio de 1865, na Sesmaria do Morro Redondo, em Mimoso, Mato Grosso, nasceu Cndido Mariano da Silva Rondon, em cujas veias corria o sangue ndio-guan e boror de duas bisavs maternas e, por parte do pai, paulista, sangue espanhol. Antes do seu nascimento, o pai, Cndido Mariano, j doente e prevendo morte prxima, por causa da varola, escreveu ao seu irmo Manoel Rodrigues, pedindo-lhe para levar o filho de Mimoso, pois dizia ele, na carta ao irmo, que "aqui em Mimoso ser um vaqueiro ignorante; na cidade poder se preparar para servir melhor a nossa terra". Morreu sem conhecer o filho, mas estava, com essas p