história das artes - aula 1

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História da Arte

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  • Histria da Arte

  • A Realidade Mgica

    Material Terico

    Responsvel pelo Contedo:Prof. Ms. Claudemir Nunes Ferreira

    Reviso Textual:Profa. Esp.Vera Ldia de S Cicarone

  • 5Introduo

    A Diviso dos Tempos

    Perodo da Idade dos Metais: de 6.000 anos a.C. at o surgimento da escrita.

    importante compreender que a Arte se apresenta em vrias linguagens e modalidades e que podemos estudar essas produes para compreender melhor como as culturas se desenvolveram ao longo dos tempos. Criamos arte no passado e continuamos a criar. Hoje expressamo-nos por meio de muitas linguagens, algumas com carter esttico e artstico. Estudar Arte no apenas compreender culturas antigas, mas nos aproximar da Arte que se realiza em nosso tempo e compreender, principalmente, o mundo cultural no qual vivemos. Nesta unidade escolhemos textos pertinentes ao seu estudo com o objetivo de ampliar seus saberes para, dessa maneira, dar maiores subsdios para uma prtica educativa consciente e autnoma no ensino de arte.Quanto s atividades propostas na unidade, importante que voc realize todas com afinco e determinao. Teste seus conhecimentos respondendo s questes propostas, observe o que voc j sabe e o que precisa ainda saber e amplie seus conhecimentos lendo o material bsico e complementar.

    Nossos estudos sobre tpicos de Histria da Arte iniciam-se pela reflexo sobre como se formaram as primeiras culturas e suas produes artsticas. Vamos estudar dois tempos histricos da Pr-Histria Antiguidade. Ainda vamos discutir Arte como linguagem e tambm o pensamento mtico que desencadeou rituais de magia e religiosos, nos quais as linguagens artsticas estavam sempre presentes.

    Para fundamentar nosso trabalho, convidamos pesquisadores e historiadores como Fernando Hernndez, Ernest Gombrich, Albert Manguel e Humberto Maturana, entre outros. Eles fundamentam nosso estudo sobre a Arte e sua histria e nossa reflexo sobre Cultura e Sociedade.

    A Realidade Mgica

    A Antiguidade

    O Egito

    A Grcia

  • 6Unidade: A Realidade Mgica

    Nosso estudo prope compreender como a Arte foi sendo construda por povos antigos e como o desenvolvimento esttico, artstico, histrico, mtico e sagrado estabeleceu sentido com objetos e linguagens artsticas. Desde o surgimento do ser humano como ser de cultura temos criado maneiras para nos comunicar, expressar ideias e emoes. Essas maneiras constituram-se em linguagens e so essas linguagens e suas relaes com o pensamento artstico e sagrado que vamos estudar nesta unidade. Para o momento de contextualizao, sugerimos a leitura de dois textos:

    A leitura desses captulos do texto bsica e fundamenta nossos estudos nesta unidade, uma vez que eles apresentam rica descrio de fatos histricos e estilos artsticos que se desenvolveram entre o nascimento das primeiras manifestaes artsticas no mundo e no Brasil, alm das concepes trabalhadas pelos povos da Mesopotmia, Egito, Grcia e Roma, entre outras culturas que influenciaram a Arte e a Cultura at os nossos dias.

    Este texto uma leitura complementar visa ampliar seus saberes sobre Arte e Cultura. Este autor parte da imagem como uma potncia narrativa e convida-nos a percorrer o universo da Arte para compreender como diferentes povos desenvolveram suas concepes sobre as coisas e como essas ideias foram representadas por imagens. uma leitura que tambm poder ampliar seus saberes sobre a arte e o pensamento mgico sagrado.

    A arte linguagem e conhecimento. Vivemos imersos em um mundo de linguagens. Assim, conhecer Arte pode ampliar sua viso de mundo e seu repertrio cultural, seja qual for a sua rea de formao e atuao profissional. Leia os materiais indicados e boas reflexes.

    Contextualizao

    Texto 1: GOMBRICH, E. H. Histria da Arte. 16 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999 ( leitura do 1 ao 5 capitulo).

    Texto 2: MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. So Paulo: Companhia das letras, 2001(captulo 3 Robert Campin: a imagem como enigma).

  • 7Por que fazemos Arte desde tempos remotos? O sentido da Arte sempre foi o mesmo em todas as eras e lugares? Sabemos que foram muitos os motivos pelos quais os seres humanos se dedicaram a criar imagens, sons e gestos com senso esttico e artstico. Nesse empenho, criamos as linguagens e, entre as formas de comunicao e expresso, criamos as linguagens da Arte. As linguagens artsticas nasceram da necessidade humana de representar, comunicar e agir no mundo, de estabelecer diferentes maneiras de dialogar com as coisas.

    As linguagens na Arte podem nos dizer muitas coisas. Foram criadas pelo ser humano no decorrer do tempo e marcam a nossa existncia no mundo da cultura. Entre experincias e expresses, criamos e continuamos a criar signos artsticos, linguagens em forma de desenhos, pinturas, esculturas, gravuras, msicas, danas, peas teatrais...

    Somos seres linguajantes, como diz Maturama (2001). Criar linguagens tem sido nossa histria. Algumas linguagens so sonoras, outras so gestuais e outras tantas so visuais.

    Na histria das linguagens artsticas, temos muitos contextos culturais. Em cada tempo e lugar, os seres humanos criaram tcnicas, manipularam materiais para criar Arte. No incio, os seres humanos pintavam, desenhavam e esculpiam sobre as rochas; nascia assim a chamada Arte Rupestre, termo que significa arte sobre a pedra (rocha). Esses povos tambm danavam e criavam sons, ou seja, msica ritualstica desse tempo chamado de pr-histria. Consideramos como arte pr-histrica todas as manifestaes que se desenvolveram antes do surgimento das primeiras cidades e civilizaes do mundo antigo, portanto antes da escrita.

    Introduo

    Figura 1 - Reproduo de Biso ferido pintura rupestre, c. 15000 - 10000 a.C. Altamira, Espanha.Fonte: Wikimedia Commons.

    Como animais linguajantes, existimos na linguagem, mas como seres humanos, existimos (trazemos ns mesmos mo em nossas distines) no fluir de nossas conversaes, e todas as atividades acontecem como diferentes espcies de conversaes.

    Humberto Maturana, 2001, p. 109.

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  • 8Unidade: A Realidade Mgica

    No entanto o termo Pr-Histria hoje discutido por historiadores que defendem que a arte e toda forma de registro, expresso da vida e cultura dos povos antigos apresentam ricos contextos histricos. Em outras palavras, sempre houve histria; apenas esta no foi registrada pela escrita que veio a aparecer mais a frente no tempo. A escrita foi durante muito tempo o jeito oficial de registrar a histria. Hoje muitas outras formas de linguagem so igualmente valorizadas como testemunhas dos acontecimentos histricos e culturais.

    Nosso estudo, nesta unidade, tem a proposta de compreender como a Arte, enquanto uma das principais linguagens usadas para registrar a histria de povos antigos, foi empregada no apenas como registro, mas tambm como entendimento e expresso de um mundo culturalmente vivido. Todos ns temos esta experincia, a de vivenciar o mundo por nossas concepes culturais. Dessa forma, Arte, Cultura e Histria esto sempre unidas em simbiose, em sincretismo.

    A Arte era algo sagrado que tinha poderes mgicos. Eram objetos, pequenas esculturas ou figuras que envolviam situaes especficas; as imagens no descreviam uma situao vivida pelo grupo, mas possuam um carter mgico, preparando o grupo para a caa, tarefa que lhes garantia a sobrevivncia.

    Encontramos, nesse perodo, esculturas feitas de rocha, marfim e ossos; esculturas de figuras femininas e nuas (nota-se a ausncia de figuras masculinas), destacando-se, nessas esculturas, a falta de definio do rosto, grandes seios e ndegas e ventre saliente. Uma das hipteses mais aceitas sobre essas esculturas que, quanto maior e mais volumosa fosse a mulher, mais frtil seria. Essas esculturas eram voltadas para rituais de magia e fertilidade. A fertilidade era a segunda funo mais importante, depois da alimentao. A natalidade, para esses homens, garantia a continuidade da tribo, o crescimento humano da tribo, uma maior quantidade de homens para caadas, portanto garantia a sobrevivncia em grupo naquele meio hostil.

    Entre as esculturas pr-histricas destaca-se a escultura encontrada na ustria - A Vnus de Willendorf, que mede 11 cm de altura e datada, aproximadamente, entre os anos c. 28000 e 25000 a.C. Essa pea foi encontrada em 1908 pelo arquelogo Josef Szombathy.

    As pinturas, gravaes e desenhos feitos nas rochas (arte rupestre), nesse tempo, apresentavam imagens que representavam cenas de caa, mostrando a relao homem/natureza. Os animais caados por esses homens eram bises, bovdeos, cervos, renas, cavalos e eram representados da forma como eram vistos de determinado ngulo, ou seja, como sua viso humana os captava;

    Ateno

    importante dizer que o termo Arte, como ns conhecemos hoje, s foi estruturado em um tempo que denominamos Antiguidade. A chamada Arte pr-histrica, para os povos que a produziram, tinha outros propsitos; uma das explicaes mais aceita a de que a Arte, nessa poca, tinha utilidade, material, cotidiana e mgico-religiosa.

    Figura 2 - Vnus de Willendorf Escultura do Perodo Paleoltico.Fonte: Wikimedia Commons.

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  • 9os desenhos apresentavam uma viso naturalista. Ao nos perguntarmos o que levava esses homens da Pr-Histria a pintar esses animais em cavernas e, normalmente, em lugares de difcil acesso, encontramos uma hiptese de resposta: seriam caadores ou feiticeiros das tribos que desenhavam o animal, achando que estavam aprisionando-o ou mesmo controlando-o, adquirindo, assim, um poder sobre ele na vida real, facilitando o abate em sua caada. Nessas pinturas eram utilizados os seguintes materiais: xidos de minerais, sangue e gordura de animais, carvo, vegetais, que eram triturados formando uma pasta lquida. Eles utilizavam o dedo ou pincis feitos de pelos ou penas de animais para pintar. As cores predominantes eram o vermelho e o preto. H historiadores que defendem a ideia de que essas pessoas acreditavam que podiam capturar a alma do animal por meio da representao da imagem. Veja o que diz o historiador Gombrich (1999, p.42):

    H exemplos do pensamento mtico descrito acima por Gombrich registrado em formas de desenhos e pinturas em varias regies do mundo, em especial na Espanha, no sul da Frana e no sul da Itlia. Em Lascaux, na Frana, as pinturas datam de, aproximadamente, 16000 a 15000 a.C, Veja o exemplo da imagem do Cavalo; esse apenas um detalhe da pintura que fica no teto da caverna.

    Em outra pintura (imagem que abre nosso texto), vemos o Biso Ferido, datado de aproximadamente 15000-10000 a.C., na parede da caverna de Altamira, na Espanha. A expresso artstica contextualizada por meio das tenses entre linhas e tons que representam a agonia da morte de um animal. Podemos notar que h mais que apenas a inteno de fazer um ritual de boa caa; nessa imagem h expresso de emoes e sensaes de dor.

    InformaoA explicao mais provvel para essas pinturas rupestres ainda a de que se trata das mais antigas relquias da crena universal no poder produzido pelas imagens; dito em outras palavras, parece que esses caadores primitivos imaginavam que, se fizessem uma imagem da sua presa, e at a espicaassem com suas lanas e machados de pedras, os animais verdadeiros tambm sucumbiriam ao seu poder.

    Figura 3 - Cavalo, pintura do perodo paleoltico C. Lascaux Frana.Fonte: Wikimedia Commons.

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    Unidade: A Realidade Mgica

    Alm da ideia de que as imagens possuem poder, outra proposio tambm parece ter existido entre esses povos antigos: o som como transcendncia e realidade mgica.

    Quando os seres humanos dominaram o fogo, logo descobriram que podiam transformar o barro em objetos de cermica. A palavra cermica tem origem no termo Keramikn da lngua grega e que significa feito de argila, de terra queimada. Tambores de cermica so encontrados em vrias partes do mundo, os quais, em sua em forma original, possuem a base parecida com um vaso sem o fundo, sendo, em uma das extremidades, colocada a pele do animal. O som desse instrumento, na compreenso desses caadores, repercute como o som do animal abatido, seu choro, que podia ecoar livremente pelas florestas e plancies. Este tipo de ritual apresenta outra ideia tambm bem antiga, a de que tudo que retirado da natureza deve ser respeitado e devolvido. Assim, especula-se que os povos antigos usavam desenhos e pinturas para fazer rituais de pr-caa e usavam a msica para fazer rituais mgicos de agradecimento. Em cada cultura pode ter havido motivos diferentes para criar esses instrumentos, que eram feitos tanto de cermica como de tronco de rvores. Esse tipo de instrumento ainda confeccionado por vrias culturas, entre estas os povos africanos contemporneos.

    O domnio do fogo trouxe maior segurana e conforto ao ser humano, mas tambm abriu muitas possibilidades ritualsticas.

    At os nossos dias, encontramos danas e cantos que so feitos ao redor de fogueiras ou com o uso de tochas.

    Dominamos o fogo e, como somos seres de linguagem, tambm criamos na arte da cermica, formas, figuras e sons. A cermica constituiu uma Arte que atravessou os tempos e teve muitas funes e usos em diversas culturas. Outros instrumentos usados em rituais, principalmente na cultura oriental, so as flautas Ocarinas.

    As flautas de cermica tambm foram instrumentos forjados por barro e fogo e datam de mais de 12000 a.C. As Ocarinas so instrumentos de sopro muito antigos, feitos de cermicas, e so ainda produzidas na contemporaneidade. Na china, uma espcie de flauta de cermica

    Figura 4 - Gravura rupestres Perodo Paleoltico Vale do Ca - Portugal.Fonte: Duca696/Wikimedia Commons.

    Conexo com o presente:

    Gombrich explica que a existncia dessas imagens da arte rupestre tem sua origem na crena universal no poder da produo de imagens. Reflita sobre como as imagens influenciam a nossa vida. Ser que elas ainda so compreendidas como uma fonte de poder?

    Figura 5 - Tambores feitos de cermica, cobertos de pele de animais.

    Fonte: Acervo online/Museu do Brooklyn.

    Figura 6 - Ocarinas - As flautas de cermica XUN.

    Fonte: Wikimedia Commons

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    tem o nome de Xun. Ela tem o formato de um ovo, com um orifcio no centro onde o msico sopra, e, geralmente, oitos furos onde se colocam os dedos; feita em vrios tamanhos, o que lhe proporciona timbres diferentes. Esse instrumento influenciou a dana e a msica oriental. Especula-se que foi criado ainda na era Neoltica, na regio da China, mas tambm foi encontrado em vrias partes da sia. No Japo, um instrumento bem parecido tem o nome de Tsuchibue.

    O perodo da Pr-Histria foi uns dos perodos mais longos da histria do homem relacionada s Artes e produo cultural. Os historiadores costumam marcar a passagem do tempo entre uma era e outra. No ocidente, usamos o calendrio Cristo. Assim dizemos que os episdios aconteceram antes do nascimento de Cristo (a.C.) ou depois de Cristo ( d.C.), porm h outras formas de marcar a passagem do tempo, que foram criadas por outras culturas, igualmente vlidas e que devem ser respeitadas. No entanto, no conhecimento universal, o modo ocidental tornou-se uma conveno. Outro detalhe importante a ser mencionado que as manifestaes da Arte Rupestre e os rituais que envolveram a linguagem da msica ou da dana no aconteceram ao mesmo tempo em todas as partes do mundo. Cada regio abrigou grupos de pessoas que foram criando suas linguagens e concepes de mundo diante de seus prprios contextos culturais e ambientais. Dessa forma, a Arte chamada de pr-histrica aconteceu de modos diferentes no continente americano e no continente europeu. Podemos dividir, dentro de uma concepo europeia, o tempo pr-histrico em trs momentos, mas h outras propostas de diviso. Este apenas um exemplo:

    A Diviso dos Tempos

    Conexo com o presente:

    O fogo forjou no apenas a terra ou os metais mas tambm o modo de vida das primeiras sociedades. No Brasil, h vestgios de grupos ceramistas de c. 6.500 anos a. C. Os povos que habitaram nosso pas nesse tempo faziam suas cermicas, construam moradias, deixavam suas marcas na arte rupestre. A arte da cermica deixou rastros da cultura de cada povo por meio de seus objetos e construes. Ainda hoje grupos de paneleiras, no Esprito Santo, criam peas com tcnicas bem parecidas com as do passado; so as chamadas paneleiras do barro. Voc tem alguma pea de cermica em sua casa? Como o fogo foi importante para a criao de peas artsticas? Pense nisso! Como dica, assista ao filme: A Guerra do Fogo (titulo original: La Guerre du Feu). Esse um filme de 1981, realizado na Frana e no Canad, com locaes na Esccia, Islandia, Qunia e Canad. A direo de Jean-Jacques Annaud. Data de lanamento: 16 de dezembro de 1981 (Frana). Direo: Jean-Jacques Annaud. Roteiro: Grard Brach. Autor: J. H. Rosny. Msica composta por: Philippe Sarde.

    Figura 7 - Capa do filme A Guerra do fogoFonte: International Cinema Corporation, 1981.

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    Unidade: A Realidade Mgica

    Perodo Paleoltico ou Idade da Pedra Lascada.Surgiu com a histria dos primeiros homens e prolongou-se at cerca de 10.000 a. C. No

    perodo paleoltico, os homens eram nmades, deslocando-se constantemente em busca de alimentos, como animais, que caavam para comer a carne e vestir suas peles, e vegetais e frutos que colhiam. Viviam numa economia de subsistncia. Faziam imagens rupestres e esculturas. As pinturas foram encontradas, principalmente no caso da Europa e de algumas regies do sul da Amrica, dentro de cavernas. Em outras partes do mundo, como no Brasil, por exemplo, foram encontradas imagens pintadas ou gravadas nas rochas em espao ao ar livre. Os mais famosos stios arqueolgicos da Europa so as cavernas de Chauvet e Lascaux, na Frana, e de Altamira, na Espanha, j citados anteriormente.

    Perodo Neoltico ou Idade da Pedra Polida: cerca de 10.000 anos a 4.000 a. C.

    No perodo Neoltico, os homens desenvolveram a tcnica de produzir instrumentos e armas com pedras polidas por atrito. Neste perodo, tambm chamado de Idade da Pedra Polida, as armas tornaram-se mais afiadas e mortais. O homem substituiu sua vida nmade por uma vida fixa em lugares prximos a fontes de gua, como rios, crregos, onde as terras eram mais frteis. Comearam a cultivar vegetais e a domesticar animais. A sedentarizao aumentou o nmero de habitantes e possibilitou o desenvolvimento de um ncleo familiar mais slido, com divises de tarefas.

    Nesse perodo, criaram-se as primeiras tcnicas de tecelagem com o linho, l, algodo, muito mais leves que as peles dos animais. A cermica j era conhecida, mas houve o desenvolvimento de novas tcnicas e estilos, para a produo de objetos que serviam para armazenamento de alimentos e como urnas funerrias. Moradias passaram a ser feitas nesse perodo, marcando o nascimento da arquitetura.

    A pintura rupestre de carter naturalista do perodo Paleoltico foi substituda por um estilo mais simples e geomtrico, e, com isso, podemos notar a primeira transformao na pintura na Histria da Arte. Isso ocorreu no mundo todo, mas em momentos diferentes. Ao mesmo tempo em que civilizaes, como Grcia e Roma, se desenvolviam, povos espalhados pelo mundo, mesmo depois do nascimento de Cristo, ainda criavam pinturas rupestres, faziam rituais usando cantos e danas, e tambm criavam objetos de cermica e outras formas expressivas.

    Arte no Brasil e outras localidades.

    Figura 8 - A arte marajoara produzida teve seu auge entre c. 400 a 1400 d. C ( AD).Fonte: Wikimedia Commons/Museu de Histria Natural de Nova Yorque.

    Figura 9 - Cermica Santarm de 500 a 1500 d. C Fonte: Museu Nacional do Rio de Janeiro

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    A Arte pr-histrica, no Brasil, no aconteceu ao mesmo tempo em que a do continente europeu. No Brasil, algumas cermicas so mais recentes; as da ilha de Maraj, por exemplo, datam de 400 a 1400 da era de Cristo (este perodo tambm conhecido como pre-cabralino, ou seja foi antes de Cabral e toda a historia da colnia portuguesa comear por aqui), mostrando que os acontecimentos que marcam as culturas se deram em tempos distintos. Essa cultura criou objetos que espelhavam seus costumes e crenas. Por vezes, eram desenhos e relevos zoomrficos ou antropomorfos, outras apresentavam padres geomtricos em linhas e formas; por vezes eram acromticos ou cromticos. Quando cromticas, as peas recebiam barro lquido de caulim, para o branco, e tinta feita de jenipapo, que marcava os tons escuros, entre outros materiais que forjaram as cores usadas. Esse povo criou objetos utilitrios e tambm ritualsticos.

    Outros povos no Brasil criaram peas em cermicas. So famosas as Cermicas de Santarm, feitas pelos povos das tradies amaznicas, arte atribuda, principalmente, aos ndios tapajs. Esses objetos tm estilo que apresenta figuras humanas ou em forma de animais e o auge de sua produo data de 500 a 1500 da era de Cristo (d.C).

    No Brasil encontramos diversos locais com Arte rupestre: Naspolini, em Santa Catarina; Diamantina e Varzelndia, em Minas Gerais; Parque Nacional da Capivara, no Piau. As pinturas rupestres aqui aconteceram de 6000 a.C. a 1000 d.C., mas essas datas esto sendo ainda investigadas e h muitas pesquisas em andamento.

    No continente americano, podemos citar muitos outros stios arqueolgicos, mas um, em especial, chama-nos a ateno por suas formas particulares: a Caverna das mos, na Patagnia, na Argentina, que foram criadas aproximadamente h 7.300 a.C. Nesse local h milhares de marcas de mos em negativo, uma tcnica de execuo simples que consistia em encostar uma das mos na parede da caverna e soprar, atravs de um canudo de osso, a rea em volta da mo com uma mistura de p de argila, p de carvo e p de pigmentos naturais, obtendo, assim, a silhueta da mo. A Caverna das mos provoca nossa reflexo e leva-nos a perguntar: por que essas pessoas quiseram deixar essas marcas? Talvez fosse importante deixar registro de sua presena; eram seres humanos demonstrando o valor de deixar suas assinaturas no tempo.

    Estes so alguns exemplos. Existem stios arqueolgicos espalhados pelo mundo produzidos em tempos distintos.

    Figura 10 - Pintura rupestre ,datada de 5.000-3000 a. C, na toca do Boqueiro da pedra furada, Parque Nacional da Serra da Capivara, PI. Foto de 2009.Fonte: Wikimedia Commons.

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    Unidade: A Realidade Mgica

    Figura 11 - Caverna das mos. Patagnia Argentina.Fonte: Wikimedia Commons.

    Com habilidades em dominar o fogo, esses homens comearam, de maneira ainda rudimentar, a fundir os primeiros metais, tais como o cobre, estanho, bronze e, posteriormente, o ferro, que exigia uma temperatura mais elevada para sua fuso como tambm tcnicas mais aprimoradas. Com o ferro faziam armas muito mais resistentes. Nas artes, faziam esculturas em moldes de barro e cera, muito mais detalhadas e bem feitas, que representavam guerreiros e mulheres, estas com maior variedade.

    Figura 12 - Escultura em bronze Perodo Idade dos Metais Encontrada na Sardenha.Fonte: Museu Arqueolgico Nacional - Cagliari, Itlia.

    Nasce a escrita e as religies se estruturam.

    Com o domnio territorial de algumas comunidades, o desenvolvimento do homem e o crescimento populacional apareceram as primeiras cidades. Em uma sociedade com uma economia crescente, em que passou a haver a necessidade de se contabilizar todos os produtos produzidos e vendidos, os impostos, os pagamentos, surgiu a escrita, com a finalidade de registrar todas as ideias do homem. Mas no serviu apenas a esse fim.

    A escrita foi se desenvolvendo durante muito tempo, baseada em antigas tradies e desenhos simblicos e ideografias Proto-Escrita. A escrita cuneiforme foi criada pelos sumrios e adotada pelos povos da Mesopotmia; os hierglifos dos egpcios surgiram por volta de 3.200 a.C. A importncia da escrita est na conservao de registros e sua propagao durante geraes.

    Perodo da Idade dos Metais: de 6.000 anos a.C. at o surgimento da escrita.

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    Figura 13 - Exemplo de escrita cuneiforme. Fonte: Thinkstock/Getty Images.

    A escrita cuneiforme era feita em placas de argila, utilizando objetos em forma de cunha, em sequncia vertical; posteriormente essas placas eram queimadas em fornos para registro permanente. A escrita marcou uma mudana importante no rumo da histria. Os povos podiam, agora, no apenas contar suas histrias oralmente, como era feito h milhares de anos desde a pr-histria, mas tambm registrar e guardar todo esse acervo.

    Com isso, a religio dos povos pde ser registrada e ensinada de modo mais sistemtico s futuras geraes; mitos e rituais foram descritos em detalhes.

    Uma das histrias mais comuns que aparecem em todas as culturas foram os contos de origens. Cada sociedade criou sua concepo prpria sobre a origem dos rios, montanhas, plantas, animais, pessoas, enfim tudo que existe na terra e nos cus. Hoje, com tanta tecnologia e avanos cientficos, muita coisa explicada pelo pensamento lgico e cientfico, mas, no momento da passagem entre a Pr-Histria e a Antiguidade, os seres humanos criavam suas explicaes, muitas das quais por meio do pensamento mitolgico e sagrado.

    Os sumrios, que surgiram por volta de 3.000 a 2.300 anos a.C., foram pioneiros em criar as placas de argila e tornaram-se, igualmente, os primeiros a registrar suas lendas nesse material. Esse povo vivia em uma regio chamada Mesopotmia, que recebeu esse nome porque ficava entre dois rios: o Tigre e o Eufrates. Foi nesse local que se desenvolveu a escrita e outros aspectos de civilizaes antigas. Alm dos sumrios, outros povos habitaram esse lugar, como os assrios e babilnicos, entre outros. Na contemporaneidade, essa regio conhecida como Oriente Mdio.

    Entre as lendas dos sumrios, encontramos a histria da criao do mundo, que narra que, no incio, existiam as guas frteis trazidas pela me, a primeira, que deu luz os deuses do universo. Ela teria trazido as aguas, matria-prima da criao de todas as coisas que vivem na terra. Talvez, por essa razo, essa civilizao dava tanta importncia aos rios que banham essas terras e proporcionam local frtil e propcio vida em meio a regies desrticas.

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    Unidade: A Realidade Mgica

    Outro mito que foi registrado em placas de argila a histria de um grande dilvio. Essa histria conhecida no livro da Bblia, porem mais antiga que esse livro. Gravada em placas de argila, a histria conta que um rei soube, pelos deuses, que um grande dilvio iria acontecer e, com base nesse aviso, construiu um grande barco e salvou sua famlia e os animais que possua.

    Outras histrias mesopotmicas coincidem com histrias bblicas, como a lenda da Torre de Babel, do Jardim do den e outras. No mundo da escrita, em muitas culturas, um profissional tornou-se fundamental: o Escriba. A palavra escriba tem origem latina e est ligada ao verbo scribere, que significa escrever.

    Os escribas eram pessoas importantes e, em algumas culturas, considerados sacerdotes. As histrias da Mesopotmia podem ter ido parar nas pginas da Bblia talvez porque os escribas Hebreus, que criaram os primeiros escritos do Velho Evangelho, tenham ouvido essas histrias quando estiveram nessa regio como escravos. O fato que essa regio acolheu muitas culturas e deu incio a um tempo ao qual chamamos de Antiguidade.

    O conhecimento construdo nos tempos da Pr-Histria sobre os primeiros potes de cermica contribuiu para construir cidades inteiras de barro, caso das construes em tijolos dos palcios, jardins suspensos e Zigurates da Mesopotmia. Os Zigurates eram construes erguidas em tijolos de barro secos ao sol com o formato de pirmide em degraus; possuam vrias funes, como local para cuidar de pessoas doentes, guardar alimentos e ter vida social, porm a funo mais significativa era religiosa. Acreditava-se que os Zigurates eram a morada dos Deuses e, por essa razo, apenas os sacerdotes podiam ter acesso a certos locais dentro dessas construes. Os Zigurates, que tm origem por volta de 2500 a.C, como outras construes feitas dos frgeis tijolos, perderam-se no tempo e clima dessa regio e, hoje, temos poucos exemplos deles. Algumas construes, como palcios e muralhas de cidades, ainda permanecem; outras foram reconstrudas na nossa era. Fato que essas construes em tijolos de barro e ladrilhos cozidos e esmaltados deixaram exemplos do pensamento mtico do povo da Babilnia. A porta de Ishtar, dedicada a uma deusa de mesmo nome, uma das portas para a entrada de cidade de Babilnia. A arte dos povos que habitaram a regio da Mesopotmia rica e apresenta muita relao com o sagrado. So esculturas de deuses e deusas, templos e construes que marcaram a vida social e religiosa, alm da arte como forma de expressar essas ideias por meio de danas, msicas e imagens.

    Figura 14 - Porta de Ishtar, e ao lado Detalhe Drago em ladrilho esmaltado aproximadamente 575 a.C.Fonte: Allie Caulfield/Wikimedia Commons.

    A Antiguidade

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    Figura 15 - Zigurates, da Mesopotmia, que tm origem por volta de 2500.Fonte: Wikimedia Commons.

    Outras civilizaes floresceram em tempos antigos.

    Seguindo o fio da histria da arte, temos muitas civilizaes que foram se consolidando em seus costumes, valores e arte na poca conhecida como Antiguidade. Entre essas, o Egito criou uma cultura complexa em que a arte obteve papel de destaque na construo de imagens, objetos, obras arquitetnicas, manifestaes em dana e msica. Foi a religio que normatizou a maneira de construo da arte, uma vez que tambm ditava as regras de vida para este povo.

    Os artistas tinham papel de construtores e transmissores de normas e tcnicas que foram empregadas durante muito tempo nessa civilizao, no entanto dizer que arte egpcia foi exatamente a mesma em todas as pocas de sua existncia seria reduzir a grandeza da produo artstica dessa civilizao. Mesmo em sociedades rgidas ou fechadas, a cultura nunca esttica, est sempre em movimento, mesmo que este ocorra em ritmos suaves ou haja rupturas.

    Esta civilizao desenvolveu-se s margens do rio Nilo, que, em suas frequentes cheias, irrigava o solo e nutria-o com o hmus, tornando as terras mais frteis no noroeste da frica. Aproveitando-se dessa condio, construram canais e diques e aprimoraram e enriqueceram sua agricultura.

    O Egito

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    Unidade: A Realidade Mgica

    Seu imprio foi dividido em Baixo (no norte) e Alto (no sul) Egito. Desenvolveu-se durante, aproximadamente, 4 milnios a.C. Sua histria dividida em trs perodos: Antigo Imprio, Mdio Imprio e Novo Imprio.

    Figura 16 - Conjunto de coras (Decheret Coroa Vermelha do Baixo Egito/ Hedjet Coroa Branca do Alto Egito/ Pschent Cora Unificada).Fonte: Wikimedia Commons.

    A religio foi o fator mais importante no aspecto cultural, artstico, social e econmico para os egpcios, sendo seus rituais religiosos o caminho para a felicidade na vida e a existncia depois da morte. Com uma cultura repleta de mitos e crenas, os egpcios eram politestas, ou seja, acreditavam em vrios deuses, que eram representados apresentando, em parte, aspectos humanos e, em parte, aspecto de algum animal sagrado: chacal (esperteza noturna), guia (capacidade de voar), carneiro (reproduo), jacar (agilidade nas guas), gato (agilidade na terra), serpente (ataque), escaravelho (renascimento). Os egpcios acreditavam que esses deuses interferiam diretamente na vida das pessoas, por isso realizavam vrias festas e oferendas para garantirem boas colheitas, vitria nas guerras e felicidade na vida terrestre. Cada cidade egpcia tinha um deus protetor e um templo em sua homenagem, porm existiam deuses que eram venerados por todo o Egito, como o deus Amon R (deus-sol), Osires (primeiro deus-rei a governar o Egito), sis (esposa de Osires), Hrus (deus falco protetor dos faras), Tot (deus da sabedoria), Hathor (deusa do amor e da fecundidade), entre muitos outros.

    Somente uma vez, nesses 4 milnios, os egpcios abandonaram o politesmo. Foi no reinado do fara Amenofis IV (aproximadamente 1.370 a.C.), que instituiu uma grande reforma religiosa, considerando Aton o nico deus a ser venerado pelos egpcios, porm, aps sua morte, os sacerdotes obrigaram o novo fara, Tutankhamon, a regressar ao politesmo. A sociedade egpcia era dividida em camadas, sendo o fara a autoridade mxima. Famlia real, sacerdotes, militares e escribas (responsveis pelas escritas) tinham grande importncia na sociedade egpcia; camponeses, comerciantes e pequenos artesos pagavam impostos para manter toda a nobreza egpcia; os escravos, muitas vezes prisioneiros de guerras, trabalhavam somente para comer e beber.

    Figura 17 - Imagem da deusa Hator, pintada em uma tumba no Vale dos Reis.Fonte: Wikimedia Commons.

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    O fara era considerado Deus e Homem, e sua famlia, conselheiros e sacerdotes eram

    sepultados em preciosos tmulos. O tmulo abrigava a mmia com a imagem das feies do

    morto em forma de esttua e oferendas de alimentos e bebidas que eram deixados ali, porque

    acreditavam na continuidade da vida em uma dimenso divina.

    Os egpcios demonstraram grande conhecimento da matemtica, que foi usado na construo

    das pirmides e templos, e tambm da medicina, empregado na mumificao de corpos humanos.

    Na escultura egpcia do Antigo Imprio, o escultor buscava aspectos essenciais e simples do

    morto, uma geometrizao das feies.

    No Mdio Imprio, verificamos um realismo maior nas feies das pessoas, sobressaindo

    caractersticas mais pessoais e marcantes.

    No Novo Imprio nota-se uma maior sensibilidade e delicadeza nos traos das feies feitas

    pelos escultores, porm mantiveram-se o rigor geomtrico das esculturas e certo realismo.

    Entre outras caractersticas das esculturas egpcias encontra-se uma posio muito frequente:

    as pessoas aparecem sentadas, em uma rigidez e uma postura simetricamente geomtrica, com

    olhos fixos olhando para frente. As cores eram de fundamental importncia. Podemos verificar

    que o homem tem um tom mais avermelhado em sua pele e a mulher, um tom mais claro. O

    tom mais escuro indicava o poder e a energia; as vestes brancas das mulheres indicavam sua

    pureza. O homem, na maioria das vezes, segura, em sua mo, algum objeto.

    Figura 18 - Busto em rocha calcria encontrado num tmulo de Giz 2.700 a.C.Fonte: Keith Schengili-Roberts/Wikimedia Commons.

    Figura 19 - Busto Nerfretiti em calcrio pintado de 51 cm de altura 1.360 a.C.Fonte: Angelo Atzei/Wikimedia Commons.

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    Unidade: A Realidade Mgica

    Figura 20 - Prncipe Rahotep e sua esposa Nofret.Fonte: Roland Unger/Wikimedia Commons

    Para os egpcios, no importavam o realismo, a perfeio ou propores reais; simplesmente seu interesse era representar tudo o mais claro possvel para preservar. A frontalidade das figuras, a posio e tamanho dos personagens eram hierrquicos, ou seja, eram definidos conforme sua classe social ou mesmo sua importncia perante a sociedade. Usavam traos estilizados, no mostrando volumetria, e cor uniformemente chapada.

    Vrios templos foram construdos no Egito, cada um dedicado a um Deus. Os templos egpcios eram formados por colunas de grande dimetro, que se caracterizavam por seu capitel:

    Palmiforme capitel inspirado na palmeira;

    Papiriforme flores de papiro. O fuste da coluna papiriforme era igualmente fasciculado, dessa vez em arestas vivas. Quando as umbrelas estavam abertas, o capitel era chamado de campaniforme;

    Lotiforme Capitel representando um ramo de ltus com corolas fechadas e o fuste reproduzindo vrios caules atados por um lao.

    Figura 21 - Exemplos de colunas egpcias.Fonte: Wikimedia Commons.

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    Os egpcios tinham uma concepo mtica do mundo, que seria povoado por muitos Deuses que eram representados por seres hbridos apresentando partes humanas e partes de animais. Cada Deus tinha uma funo e um papel na cultura egpcia.

    As imagens pintadas seguiam algumas normas conhecidas como Lei da Frontalidade. A preocupao era apresentar toda a figura, com o tronco pintado sempre de frente e a cabea, pernas e ps na posio de perfil. A profundidade no era uma preocupao nessas imagens, que mostravam as figuras de modo mais plano. Os tons de cores tambm no apresentavam volumes, e sim uma imagem mais chapada. A proporo entre os indivduos tambm era marcada pelo tamanho, conforme o seu grau de importncia na sociedade.

    Para representar seus Deuses, cenas e narrativas, as cores usadas eram carregadas de simbolismo. A cor preta mostrava a noite e podia estar ligada oportunidade de renascimento, uma vez que lembrava as terras negras e frteis do rio Nilo. A cor branca estava ligada aos tons mais claros do linho e representava a pureza, a verdade, entre outras significaes. A cor vermelha tinha significados mltiplos e podia estar ligada energia sexual, a deuses mais sanguinrios e at morte nas reas vermelhas e quentes do deserto. O amarelo era usado para estabelecer ligaes entre o sol e a terra, e significava tambm o brilho da esperana por uma vida eternar e rica. O ouro era matria nobre para representar seus Deuses, Faras... O verde era usado como smbolo da existncia; o azul era a espiritualidade e o eterno fluxo entre a vida que se tinha e o sonho na projeo de uma vida espiritual na existncia da eternidade.

    As obras arquitetnicas usavam conhecimentos de geometria sagrada, segundo a qual cada medida e forma tinham um significado. Essa maneira matemtica e sagrada de conceber o mundo influenciou outras culturas.

    As obras arquitetnicas egpcias mais conhecidas so as Pirmides. As mais famosas so: Quops, Qufren e Miquerinos. Outra obra muito conhecida a esfinge de Qufren, imagem que, durante sculos, contempla as areias do deserto e mexe com a imaginao das pessoas que gostariam de saber que mistrios essa enigmtica figura guarda.

    Na escultura, a figuras mostram, principalmente, faras e deuses olhando de modo sereno para o infinito, imveis e imunes ao tempo. Ao andar pelas ruinas histricas do Egito, vemos, em paredes de antigos palcios, habitaes e tmulos, relevos que mostram as crenas e o cotidiano desse povo. H msicos e danarinas, sons e movimentos capturados em imagens na pedra; so manifestaes culturais de uma sociedade que deixou marcas significativas no tempo, motivando muitas pessoas a continuarem a decifrar os mistrios do Egito antigo.

    Para a arte egpcia, as questes religiosas eram o foco; j, para os gregos, a arte foi se definindo como algo mental e filosfico. A inteligncia, reflexo sobre a vida, era o ponto que norteava muitas conversas e debates.

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    Unidade: A Realidade Mgica

    A arte grega desenvolveu-se com suas particularidades em cada lugar da Grcia. No incio, as culturas que depois formaram a nao grega tinham, cada qual, a sua lgica e suas criaes artsticas. Com o tempo, o povo configurou uma arte mais unificada, que seguiu em meio s discusses filosficas sobre sua funo na sociedade e questionando se a arte era uma imitao da vida ou a sublimao de uma realidade. Debates sobre o equilbrio e o ideal de beleza construram teorias da arte que ainda geram discusses em nosso tempo.

    A escultura, nas diversas pocas que atravessou, seguiu diferentes estilos. No estilo arcaico, a escultura apresentava figuras rgidas, com punhos serrados e uma das pernas em movimento de um passo a frente. Nos tempos da arte clssica, a figura ganhou suavidade, proporo e movimento. Na poca de Alexandre, o grande, as figuras nas esculturas apresentavam-se com maior dramaticidade e movimento. Era a Arte Helnica, que apresentava no apenas uma narrativa ou um personagem, mas mostrava tambm as emoes.

    Na cermica utilizavam o torno na confeco de vasos, potes, jarros, obtendo uma perfeio nas formas. Um dos motivos decorativos utilizados era a fauna marinha, que tambm era pintada nas paredes dos palcios. Utilizavam cores vibrantes, como as das flores que enchiam a ilha de Creta na primavera, mostrando menor rigidez e imobilidade que a pintura egpcia. As cores que mais utilizavam eram: vermelho, azul, amarelo, verde, marrom e branco.

    A fertilidade masculina era representada pelo touro, por sua fora fsica, que foi representado muitas vezes em objetos e afrescos.

    Era um animal que participava dos sacrifcios e rituais e, juntamente com os homens, dos jogos realizados nos grandes ptios dos palcios.

    A Grcia

    Figura 22 - Vaso Micnico com figura de polvo 1.500 a.C.Fonte: Museu Nacional de Atenas.

    Figura 23 - Mural em afresco do Palcio de Cnossos com figuras de golfinhos 1.500 a.C.Fonte: Nikater/Wikimedia Commons.

    Figura 24 - . Luta com o touro Afresco do Palcio de Cnossos 1.400 a.C.Fonte: Olaf Tausch/Wikimedia Commons.

    Figura 25 - . Cabea de touro 1.600 a.C.Fonte: Edisonblus/Wikimedia Commons.

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    Tanto os homens quanto as mulheres dedicavam muito do seu tempo aos jogos, exerccios fsicos ao ar livre, pugilismo, luta de gladiadores, corridas, torneios, desfiles e touradas.

    Entre os povos da antiguidade, os gregos apresentaram uma produo cultural mais livre, provavelmente devido ao contato que tiveram com os outros povos, como os egpcios, cuja arte, inicialmente, foi levemente imitada. Porm, com o tempo, criaram uma arquitetura, escultura e pintura prprias, motivados por concepes no religiosas.

    Convictos de que o ser humano ocupava especial lugar no Universo, os gregos no se submeteram a imposies de reis ou sacerdotes. Para eles, o conhecimento, expressado pela razo, estava acima da crena em qualquer divindade.

    Pricles governou a Cidade-Estado de Atenas por 15 anos, de 446 a 431 a.C. Nesse perodo, promoveu a reconstruo da cidade, que havia sido destruda nas guerras pelos persas; promoveu a construo de templos, como o Partenon, teatros e outras edificaes; incentivou as artes e o teatro, transformando Atenas num grande polo cultural. Tambm sob a influncia de Pricles, deu-se o aperfeioamento da democracia e o desenvolvimento da filosofia.

    A escultura grega pode ser dividida em trs perodos principais:

    Perodo Antigo ou Arcaico; Perodo Clssico; Perodo Helenstico.

    Cada um desses perodos apresentam caractersticas muito diferentes.

    Caractersticas gerais das esculturas: preferncia pela representao do corpo humano, sendo menos frequente a presena de animais ou outros motivos decorativos; naturalismo da figura humana; procura do ideal de beleza humana, baseado na proporcionalidade e no equilbrio das diferentes partes do corpo; policromia; utilizao de materiais como o mrmore, a pedra e o bronze.

    No perodo Antigo ou Arcaico, o escultor grego, mesmo recorrendo a modelos reais, transformava as caractersticas individuais at obter um tipo ideal que representasse no um homem, mas o Homem, no pleno vigor da forma fsica. Essas esttuas no eram retratos, mas imagens que eram colocadas em reas sagradas.

    No perodo arcaico, a influncia egpcia na escultura grega foi intensa nos sculos VII e VI a.C.

    O kouros, esttua masculina de um homem jovem representado nu, sem nenhum outro ornamento perfeio do corpo atltico. Consistia na representao de um jovem em p, em posio rgida, olhando para frente e com os braos junto ao corpo. As mos fechadas, ombros largos e cintura fina e o p esquerdo em posio avanada. Conseguia-se a simetria perfeita entre os dois lados do corpo e os ps eram apoiados firmemente no solo. O cabelo dava a impresso de uma cabeleira e as orelhas e as rtulas pareciam mais elementos decorativos do que parte integrante do corpo.

    Figura 26 - Esttua de Kouros aproximadamente sculo VI a.C.Fonte: Ricardo Andr Frantz/Wikimedia Commons.

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    Unidade: A Realidade Mgica

    O termo Kore ou Kor, com plural Korai (do grego, mulher jovem), refere-se a uma tipologia escultrica do perodo arcaico que consiste numa esttua feminina em p. A figura feminina era representada tambm em posio rgida, olhando para frente, mas com as pernas juntas; os braos podiam estar erguidos a partir do cotovelo. Em oposio nudez dos homens, apresentava-se envolta em vestes lisas.

    Um elemento em mutao foi o estudo cientfico da anatomia humana realizado pelos gregos. Esse estudo foi evoluindo, em grande parte, pela oportunidade de observar os corpos masculinos, tanto em repouso como em movimento, nos numerosos torneios atlticos em que os homens competiam nus. Entre as alteraes a registrar na escultura masculina, encontram-se a das orelhas, olhos e rtulas, que comearam a ganhar vida. Os braos e as pernas tornaram-se extenses naturais do corpo. O cabelo deixou de parecer uma cabeleira, surgindo cortado e, muitas vezes, com aspecto encaracolado.

    Na representao das esttuas femininas, as roupas tornaram-se drapeadas, passando a existir uma nova compreenso do corpo por baixo dos vesturios, porm mantendo uma certa rigidez. Tambm foi quebrada, pelo artista, a simetria perfeita entre os dois lados do corpo, pois ela se apresenta com uma das mos oferecendo alguma fruta ou uma flor.

    Figura 27 - Esttua de Korai aproximadamente sculo VII a.C.Fonte: Sailko/Wikimedia Commons.

    Figura 28 - Deusa Persfone, aproximadamente 65cm 650 625 a.C.Fonte: Jastrow/Wikimedia Commons.

    Figura 29 - Esttua de Korai aproximadamente sculo VII a.C.Fonte: Wikimedia Commons.

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    No perodo clssico, a maior parte das esculturas era de figuras masculinas, j que os homens podiam ser observados nos jogos, que eram exclusividade deles. Os campees dos jogos conquistavam o direito de erguer, na cidade, uma esttua com seu nome para deixar s geraes futuras a memria de sua vitria. Os escultores gregos concentraram seus estudos no corpo atltico dos atletas. A pedra utilizada pelos escultores gregos era o mrmore branco, porm faltava-lhe resistncia, pois as obras quebravam com muita facilidade se no estivessem devidamente apoiadas. A partir do sculo V a.C., devido a essa limitao do mrmore, comearam a utilizar o bronze. Nesse processo, o escultor comeava a primeira fase fazendo um modelo de argila que lhe permitia fazer experimentaes e correes necessrias na escultura. Assim, podiam-se acrescentar curvas e ajustar contornos de uma forma que o mrmore no permitia. Essa tcnica deu aos escultores a oportunidade de reproduzir os mais diminutos detalhes. Desse perodo saram obras excepcionais, nas quais os escultores representaram o movimento e o impulso nas esculturas.

    As esculturas ganharam um realismo. A expressividade nos rostos evidente, os corpos so jovens, atlticos e nus, em diversas posies, quebrando o rigor da frontalidade das antigas esttuas e podendo a obra ser admirada em diversos ngulos. Nesse perodo, o nu feminino foi introduzido nas esttuas. As vestes tornaram-se cada vez mais reveladoras at se reduzirem a uma fina cobertura, que fazia lembrar tecido molhado e que, de fato, tornava a imagem mais ertica do que a nudez total.

    As esttuas de mrmore eram pintadas com cores reais e as de bronze, polidas de forma a que a sua superfcie se assemelhasse pele. Incrustavam-se pedras coloridas para representar os olhos. Os lbios e mamilos eram embelezados com cobre vermelho. As pestanas, feitas de arame, eram tambm incrustadas e a esttua de um homem podia segurar um punhal ou qualquer outro objeto. Vrias esttuas de bronze gregas foram copiadas em mrmore pelos romanos, pois era mais barato trabalhar com este material de que dispunham com facilidade e em grande quantidade. Para sustentar algumas das figuras, os imitadores romanos tinham que acrescentar estranhos suportes.

    Figura 30 - O Discbolo, Miron aproximadamente 1,24m 480 a 323 a.C.Fonte: Museu Nacional de Roma.

    Figura 31 - Apolo, cpia romana a partir do original grego sculo IV a.C.Fonte: Museu Pio Clementino, Vaticano.

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    Unidade: A Realidade Mgica

    O perodo Helenstico da cultura grega iniciou-se sob o poder de Alexandre e seguiu at a Grcia ser dominada pelos romanos.

    A escultura no se baseava mais em modelos ideais de corpos atlticos, mas na percepo direta da realidade. s formas e figuras idealizadas da arte clssica contrapuseram-se formas e figuras mais prximas da realidade. Os artistas olhavam para todos os aspectos da figura humana, inclusive para a feiura, a velhice e infncia. As esculturas serviam para exprimir, frequentemente de forma teatral, a dor, a ira ou o triunfo do homem. A representao de movimentos violentos na escultura parece ter sido aceita cada vez mais como um desafio, tal como mostrar a interao de pessoas em grupo, o que se pode verificar em esculturas que expressavam maior mobilidade e levavam o observador a querer circular em torno delas.

    Supe-se que a escultura que recebeu o nome de Vitria de Samotrcia estivesse presa proa de um navio que conduzia uma frota: esttua de mulher com asas abertas, que personificava o desejo de vitria, a tnica agitada pelo vento, as asas ligeiramente afastadas para trs, o drapeado das vestes, o tecido transparente e colado ao corpo, dando ao observador uma forte sugesto de movimento.

    Laocoonte, filho de Pramo e sacerdote de Apolo, foi condenado por Atena a ser estrangulado por duas gigantescas serpentes, por ter se imposto entrada do cavalo de Troia na cidade narrativa de Homero em Iladas. interessante observar a tenso fsica dos corpos em movimentos espiralados e a expresso de desespero e dor.

    Os vasos gregos so conhecidos no s pelo equilbrio da forma, mas tambm pela harmonia entre os desenhos, as cores e o espao utilizado para ornamentao. Alm de servir para rituais religiosos, esses vasos eram usados para armazenar, entre outras coisas, gua, vinho, azeite e mantimentos. medida que passaram a revelar uma forma equilibrada e um trabalho de pintura harmonioso, tornaram-se tambm objetos artsticos. As formas e dimenses dos vasos variavam consideravelmente.

    Figura 32 - Vitria de Samotrcia, 2,75m de altura 190 a.C.Fonte: Chosovi/Wikimedia Commons.

    Figura 33 - Laocoonte, 2,42m de altura sculo I a.C.Fonte: Sailko/Wikimedia Commons.

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    Alguns dos recipientes cermicos mais utilizados eram:

    nfora recipiente com duas asas, utilizado para armazenar vinho, gua e azeite.

    Hdria recipiente semelhante e de mesmo uso, porm com trs asas.

    Cratera recipiente em que bebiam o vinho misturado com gua, de boca larga; podia ter tambm a forma de clice.

    Lcito recipiente com uma asa e com gargalo estreito para regular o fluxo do lquido. Para fins de rituais, utilizava-se um conjunto de vasos: estreitos com boca larga, baixos com boca larga. Possivelmente poderiam tambm servir nas alimentaes como travessas.

    Na Grcia, as pinturas em vasos podiam apresentar trs estilos:

    geomtrico - Eram decorados com desenhos abstratos, predominando as figuras geomtricas. Representavam-se crculos e semicrculos divididos por linhas retas ou onduladas, uns sobre os outros, rodeando o vaso. Com o tempo, tornaram-se mais complexos e variados, comeando a aparecer ziguezagues e tringulos, semicrculos concntricos e linhas onduladas.

    da figura negra - Foi em Corinto que a chamada tcnica da figura negra se desenvolveu pela primeira vez. Todas as figuras e outros elementos decorativos eram pintados de negro, fazendo forte contraste com o fundo castanho-avermelhado dado pela cor natural do barro utilizado. As figuras eram, ainda, em silhueta, mas determinados pormenores, como olhos, msculos e o cabelo apareciam com nitidez.

    da figura vermelha Este estilo iniciou-se aproximadamente em 530 a.C. e o inverso da figura negra. Neste estilo, as figuras tm a cor original do barro sendo o fundo pintado de negro. Estas figuras mais claras pareciam ter ainda mais naturalidade que as figuras no estilo negro. Os detalhes eram pintados com pincel fino para que as linhas fossem mais flexveis e mais fluidas.

    As pessoas retratadas j no eram apresentadas exclusivamente de perfil, adotavam vrias posies e, em alguns vasos, utilizavam-se as duas tcnicas, cada uma de um lado.

    Figura 34 - Vaso em estilo geomtrico e frisos, animais e humanos em formas simplificadas..Fonte: Museu de Arte Walters, Baltimore.

    Figura 35 - nforas em figura negra, feita pelo pintor Diosphos 500 490 a.C.Fonte: Museu Metropolitan, Nova york.

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    Unidade: A Realidade Mgica

    Foi partir do sculo VII a.C. que os primeiros templos de pedra foram construdos e que as primeiras colunatas foram erguidas.

    Ordem arquitetnica grega o conjunto formado pela coluna com capitel e pelo entablamento, este variando conforme a ordem: drico, corntio e jnico.

    Figura 36 - Cratera em figura vermelha, feita pelo pintor Eufrnio.Fonte: Tim Pendemon/Wikimedia Commons.

    Figura 37 - Vaso em figura vermelha.Fonte: Museu do Louvre.

    Figura 38 - Vaso em figura negra homens jogando dados.Fonte: Museu do Vaticano.

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    Figura 39 - Ordem arquitetnica grega de seus templos.Fonte: Carol Strickland, THE ANNOTATED MONA LISA, 1992, p. 26.

    Ordem Drica a mais simples das ordens; seu fuste era formado por vrios anis com caneluras sobrepostos apoiados diretamente no estilbato; seu capitel possua tambm forma simples, com arquitrave lisa e sobre ela trglifos e mtopas, que podiam ser pintados ou esculpidos em relevos.

    Ordem Jnica mais leve e ornamentada que a ordem drica, seu fuste era de menor dimetro e com maior quantidade de caneluras; era apoiada em base decorada, o seu capitel ornamentado e formado por elementos simtricos que se enrolavam; sua arquitrave era dividida em trs partes ou decoradas com faixas coloridas ou esculpidas em relevos; frisos e mtopas eram esculpidos em relevo.

    Figura 40 - Parthernon Ordem drica 447 433 a.C.

    Fonte: Thinkstock/Getty Images.

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    Unidade: A Realidade Mgica

    Ordem Corntia seguia os mesmos conceitos da ordem jnica, com fuste de dimetro menor e seu capitel ornado com folhas de acanto. Foi muito utilizada nas construes do perodo Helenstico. A cobertura dos templos gregos eram simples, de duas guas e feitos de madeira. Seu fronto triangular era ornamentado com esculturas.

    Os gregos criaram cidades com prdios pblicos e templos, os romanos tambm. No entanto os romanos dedicaram-se bastante a construir obras para dar infraestrutura s cidades, alm de criar locais para entretenimento em construes colossais. O Coliseu uma das construes mais fascinantes realizada pelos romanos; ele que abrigou tanto a arte, os esportes sanguinrios e os jogos de diverso. A cultura dos jogos romanos fez nascer o circo em eventos para entretenimento do povo.

    O teatro comeou a se configurar j na Pr-Histria, surgindo com forma ritualstica. Na Antiguidade, os rituais ao deus Dionsio, na Grcia, e ao deus Baco, em Roma, marcaram o perodo.

    A Potica de Aristteles (384 a.C. 322 a.C.) fundamentou o teatro ocidental, assim a dramaturgia aristotlica predominou no perodo. Para o filsofo, a potica era imitao, ou mimesis; a vida imitada no teatro, porm de forma mais bela, sublimada. A Potica compreende a poesia pica, a lrica e a dramtica. As ideias sobre a natureza esttica e potica da arte e a concepo de belo sublimado, colocada por Aristteles, influenciaram muitos perodos da histria da arte. Foram criadas normas para analisar e definir o que era ou no arte no decorrer dos tempos

    A criao do teatro, na Grcia, foi estabelecida por Pisstrato (600 a.C. - 528 a.C.), que criou concursos de teatro em Atenas. Trs autores do perodo ganharam importncia: squilo (525 a.C. - 456 a.C. ) e Sfocles (496 a.C.- 406 a.C.), que se dedicaram a escrever peas de tragdias, e Aristfanes (446 a.C.- 386 a.C.) que se destacou nas comdias. Estes so gneros teatrais que permanecem at hoje, a comdia e o drama.

    Em Roma, temos os ludi scaenici (jogos cnicos). Nos palcos, onde antes havia apenas espetculos de circo, corridas de cavalo e lutas, passaram a acontecer os jogos cnicos com atores, msicos e danarinos. As representaes teatrais, em Roma, tiveram seu auge no sc. III a.C.; destacaram-se Plauto ( 230 a.C. - 180 a.C.) e Terncio (185 a.C. - 159 a.C.), nas comdias, e Sneca ( 4 a.C 65 d.C) nas tragdias.

    Figura 41 - Templo de Atena Ordem jnica.Fonte: Rafael da Silva/wikimedia Commons.

    Figura 42 - Ordem corntia.Fonte: A. Savin/Wikimedia Commons.

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    Esses so alguns exemplos de manifestaes artsticas nas civilizaes da Antiguidade, mas existiram muitas outras culturas produzidas naquele tempo, tanto no oriente como no ocidente. Na ndia, a dana, por exemplo, estava integrada a rituais religiosos, porm foi se estruturando e os movimentos ficaram mais elaborados e se firmaram tambm como manifestao artstica. Assim tambm as danas rabes e chinesas, que, antes, eram apenas apresentadas em momentos de rituais sagrados, comearam a ser apresentadas em palcios e festas para deleite do pblico.

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    Unidade: A Realidade Mgica

    H vrios materiais, como sites, filmes e livros, tantos histricos como de fico, que voc pode pesquisar e ampliar seus saberes sobre a arte e sua histria. Indicamos aqui o seguinte:

    Esses so exemplos de materiais que podem ampliar sua viso sobre os temas estudados nesta unidade.

    Material Complementar

    Assista ao filme: A Guerra do Fogo (titulo original: La Guerre du Feu). Este um filme de 1981, feito na Frana e no Canad, com locaes na Esccia, Islndia, Qunia e Canad. A direo de Jean-Jacques Annaud. Data de lanamento: 16 de dezembro de 1981 (Frana). Direo: Jean-Jacques Annaud. Roteiro: Grard Brach. Autor: J. H. Rosny. Msica composta por: Philippe Sarde.

    Navegue pelos museus virtuais e conhea a arte que est por toda parte do mundo. Comece conhecendo o projeto Google Art Project disponvel em: http://www.google.com/culturalinstitute/project/art-project (acesso em: 3 abr. 2013).

    Leio o romance: WILLIAM Raymond. O povo das montanhas negras - O comeo. So Paulo: Editora Companhia das Letras,1991.

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    BAUMGART, Fritz Breve Histria da Arte. 3 edio. So Paulo: Editora Martins Fontes, 2007.

    FERNNDEZ, Fernando. Cultura Visual, Mudana Educativa e Projeto de Trabalho. Porto Alegre: Artes Mdicas Sul, 2000.

    GOMBRICH, Ernest Hans Josef.- Histria da Arte. 16 edio. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2000.

    LARROSA, Jorge. Linguagem e educao depois de Babel. Belo Horizonte: Autntica, 2004.

    MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. So Paulo: Companhia das letras, 2001.

    MATURANA, Humberto. Cognio, cincia e vida cotidiana. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.

    OSTROWER, F. Universos da Arte. Rio de Janeiro: Editora Campos Ltda,1991.

    PRETTE, Maria Carla. Para Entender a Arte, Histria Linguagem poca Estilo. 1 edio. So Paulo: Editora Globo, 2009.

    Referncias

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    Unidade: A Realidade Mgica

    Anotaes

  • www.cruzeirodosulvirtual.com.brCampus LiberdadeRua Galvo Bueno, 868CEP 01506-000So Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000