historia da lei anti drogas

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 História das drogas no Brasil Até o começo do século 20, o Brasil não t inha qualquer controle estatal sobre as drogas que eram toleradas e usadas em prostíbulos freqüentados por jovens das classes média e alta, filhos da oligarquia da República V elha. No início da década de 20, depois de ter se comprometido na reunião de Haia (1911) a fortalecer o controle sobre o uso de ópio e cocaína, o Brasil começou efetivamente um controle. Naquele momento, o vício até então limitado aos “rapazes finos” dentro dos prostíbulos  passou a se espalhar nas ruas entre as classes sociais “perigosas”, ou seja, entre os pardos, negros, imigrantes e pobres, o que começou a incomodar o governo. Em 1921, surge a primeira lei restritiva na utilização do ópio, morfina, heroína, cocaína no Brasil ,  passível de punição para todo tipo de utilização que não seguisse recomendações médicas. A maconha foi proibida a partir de 1930 e em 1933 ocorreram as primeiras prisões no país (no Rio de Janeiro) por uso da droga. Essa proibição se estende até hoje com uma certa variação. Mesmo proibidas, as drogas continuaram a ser consumidas e aumentou a violência em torno do tráfico, com o surgimento de grandes grupos de traficantes, como o Comando V ermelho, no Rio de Janeiro.  Nos anos 60 e 70, no presídio de segurança máxima de Ilha Grande, presos comuns e guerrilheiros urbanos dividiram os mesmos espaços e trocaram “experiências”. Em 1975, anistiados, os guerrilheiros deixaram o presídio mas os presos comuns continuaram lá e passaram a usar, no dia-a- dia, as táticas de organização aprendidas com os companheiros da guerrilha. Com elas, sobreviveram e dominaram outros grupos do complexo penitenciário. Organizaram um grupo de auto-defesa, chamado Falange Vermelha, que em pouco tempo mudaria o nome para Comando Vermelho e se transformaria num dos maiores grupos do crime organizado no Brasil e no mundo.  No início dos anos 80, o Comando Vermelho já dominava o sistema prisional do Rio de Janeiro. Além disso, quando seus integrantes cumprem suas penas e são liberados, o comando conquista também as ruas e suas idéias se espalham para além das grades. No início dese processo, foram formados grupos  para fazer assaltos a bancos. Com o tempo perceberam que há um outro negócio mais lucrativo e menos arriscado do que os constantes assaltos a agências bancárias: o tráfico de drogas.  No final dos anos 70 e início dos 80, o aumento do consumo de cocaína na Europa e nos Estados Unidos fez também elevar a produção e o tráfico nos países andinos e apareceram as primeiras “empresas narcotraficantes", como a liderada por Pablo Escobar, que passaram a produzir cocaína  para exportação. É no início dos anos 80 que o Brasil aparece como rota para o escoamento de cocaína para os EUA e a Europa.  Nesse cenário, o Comando V ermelho aparece como uma organização inserida na nova dinâmica internacional do narcotráfico e passa a dominar o mercado de drogas no varejo no Rio de Janeiro. Aparecem os “donos-do-morro”, que se aproveitam da ausência do governo, impõem suas próprias regras e passam a “mandar” nas favelas, onde instalam sua “autoridade”. Em contrapartida, passam a ajudar a população com atitudes assistencialistas: distribuição de comida e gás de cozinha e  pagamentos de enterros e batizados. O Estado responde com a presença de soldados nos morros, ataque a pontos de vendas e prisão de traficantes. Os conflitos são diários com mortes de ambos os lados e são criadas   polícias de elite, com o propósito de combater o tráfico. Mas o comércio de drogas já havia tomado proporções enormes. Como demorou a ver e combater o problema, o governo não consegue vencer os traficantes. O Comando V ermelho (CV) continua a intimidar e a traficar. Do Rio passa a enviar a droga a outros Estados, principalmente para São Paulo. Em 2000, os “laços” entre Rio e São Paulo se solidificam

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História das drogas no BrasilAté o começo do século 20, o Brasil não tinha qualquer controle estatal sobre as drogas que eramtoleradas e usadas em prostíbulos freqüentados por jovens das classes média e alta, filhos daoligarquia da República Velha. No início da década de 20, depois de ter se comprometido na reuniãode Haia (1911) a fortalecer o controle sobre o uso de ópio e cocaína, o Brasil começou efetivamenteum controle. Naquele momento, o vício até então limitado aos “rapazes finos” dentro dos prostíbulos

 passou a se espalhar nas ruas entre as classes sociais “perigosas”, ou seja, entre os pardos, negros,imigrantes e pobres, o que começou a incomodar o governo.

Em 1921, surge a primeira lei restritiva na utilização do ópio, morfina, heroína, cocaína no Brasil, passível de punição para todo tipo de utilização que não seguisse recomendações médicas. Amaconha foi proibida a partir de 1930 e em 1933 ocorreram as primeiras prisões no país (no Rio deJaneiro) por uso da droga.

Essa proibição se estende até hoje com uma certa variação. Mesmo proibidas, as drogas continuaram

a ser consumidas e aumentou a violência em torno do tráfico, com o surgimento de grandes grupos detraficantes, como o Comando Vermelho, no Rio de Janeiro.

 Nos anos 60 e 70, no presídio de segurança máxima de Ilha Grande, presos comuns e guerrilheirosurbanos dividiram os mesmos espaços e trocaram “experiências”. Em 1975, anistiados, osguerrilheiros deixaram o presídio mas os presos comuns continuaram lá e passaram a usar, no dia-a-dia, as táticas de organização aprendidas com os companheiros da guerrilha. Com elas, sobreviverame dominaram outros grupos do complexo penitenciário. Organizaram um grupo de auto-defesa,chamado Falange Vermelha, que em pouco tempo mudaria o nome para Comando Vermelho e setransformaria num dos maiores grupos do crime organizado no Brasil e no mundo.

 No início dos anos 80, o Comando Vermelho já dominava o sistema prisional do Rio de Janeiro. Alémdisso, quando seus integrantes cumprem suas penas e são liberados, o comando conquista também asruas e suas idéias se espalham para além das grades. No início dese processo, foram formados grupos

 para fazer assaltos a bancos. Com o tempo perceberam que há um outro negócio mais lucrativo emenos arriscado do que os constantes assaltos a agências bancárias: o tráfico de drogas.

 No final dos anos 70 e início dos 80, o aumento do consumo de cocaína na Europa e nos EstadosUnidos fez também elevar a produção e o tráfico nos países andinos e apareceram as primeiras“empresas narcotraficantes", como a liderada por Pablo Escobar, que passaram a produzir cocaína

 para exportação. É no início dos anos 80 que o Brasil aparece como rota para o escoamento decocaína para os EUA e a Europa.

 Nesse cenário, o Comando Vermelho aparece como uma organização inserida na nova dinâmicainternacional do narcotráfico e passa a dominar o mercado de drogas no varejo no Rio de Janeiro.Aparecem os “donos-do-morro”, que se aproveitam da ausência do governo, impõem suas própriasregras e passam a “mandar” nas favelas, onde instalam sua “autoridade”. Em contrapartida, passam aajudar a população com atitudes assistencialistas: distribuição de comida e gás de cozinha e

 pagamentos de enterros e batizados.

O Estado responde com a presença de soldados nos morros, ataque a pontos de vendas e prisão detraficantes. Os conflitos são diários com mortes de ambos os lados e são criadas   polícias de elite, como propósito de combater o tráfico. Mas o comércio de drogas já havia tomado proporções enormes.

Como demorou a ver e combater o problema, o governo não consegue vencer os traficantes. OComando Vermelho (CV) continua a intimidar e a traficar. Do Rio passa a enviar a droga a outrosEstados, principalmente para São Paulo. Em 2000, os “laços” entre Rio e São Paulo se solidificam

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quando o CV faz parceria com o PCC (Primeiro Comando da Capital) , facção criminosa paulista, e juntos passam a traficar drogas.

Tida como a maior e mais antiga guerrilha das Américas, as Farc – Forças Armadas Revolucionáriasda Colômbia – chegaram a ter 35 mil homens. Fundada em 27 de Maio de 1964, durante uma guerrainterna na Colômbia, a organização, que vive nas selvas e montanhas, passou a sobreviver,especialmente, da produção e venda de cocaína e papoula. As Farc produzem 39% da drogacolombiana. Outra parte de sua “receita” o grupo obtém com as centenas de seqüestros que realiza no

 país. Calcula-se em 250 milhões de dólares o montante que a organização chegou a conseguir comresgates.

Provavelmente desde 1980, as Farc montaram na Amazônia bases para o tráfico de drogas e de armas.Em 2004, o juiz federal Odilon de Oliveira, de Ponta Porã, na fronteira de Mato Grosso do Sul com oParaguai, revelou que as Farc se instalaram no Paraguai, na fronteira com o Brasil e passaram atreinar traficantes de São Paulo e do Rio de Janeiro. Deram cursos de guerrilha e também deseqüestros aos bandidos das duas maiores facções criminosas do Brasil: O PCC e o ComandoVermelho. “Eles treinam brasileiros lá para agir aqui” disse o juiz. Segundo ele, as quadrilhas de

narcotraficantes brasileiros são os principais “clientes” na compra da cocaína produzida pelas Farc.Antes de chegar ao Brasil, a cocaína é levada para o Paraguai. O pagamento é feito em dólares ouarmas. Ponta Porã é a segunda cidade do país em lavagem de dinheiro, perdendo só para Foz doIguaçu (Paraná).

Os “empresários” da cocaína no Brasil “legalizam” o dinheiro conseguido com o tráfico de drogas,com a compra de hotéis, bingos, redes de farmácia, postos de gasolina, bares, lojas deautomóveis, fazendas e gado. Outra forma utilizada por eles e descoberta pelo governo brasileiro foia compra de bilhetes premiados da loteria. Um esquema montado com donos de lotéricas efuncionários de órgãos públicos funcionava da seguinte forma: os bilhetes ou jogos premiados eram“comprados” dos ganhadores, assim o traficante ou político justificava o dinheiro que tinha dizendo

que ganhou na loteria.

Alguns tipos de drogas 

Maconha

Também apelidada de baseado, erva, tora, bagulho, fininho, beise, a maconha é derivada das folhas deuma planta chamada cannabis sativa, que contém a substância ativa THC-Delta-9, oTetrahidrocanabinol . É originária da Ásia Central e conhecida há mais de 200 anos. O uso constante

 pode levar a problemas pulmonares (seu teor de alcatrão é maior do que o do cigarro comum) e até aocâncer, porque nela existe uma substância chamada “benzopireno” um conhecido agente cancerígeno.Há estudos que apontam que a maconha diminui, no homem, a quantidade de testosterona, reduzindoo número de espermatozóides. O homem não fica impotente, mas pode ficar estéril.

 Na América do Sul, as primeiras plantações aconteceram no Chile, no século 16. Calcula-se queatualmente 160 milhões de pessoas no mundo façam uso dela. Para conhecer mais, leia o artigosobre a maconha.

Haxixe

Ele é extraído da própria maconha (uma mistura de cannabis sativa mais resina), mas suasubstância ativa é potencializada, ou seja, é muito mais “forte”. Para se ter uma idéia, a maconha tem

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2% de THC e o haxixe pode ter 14%. Os maiores produtores de haxixe são o Paquistão, o Nepal, oLíbano, a Turquia, além de alguns países da África. É moldado em pequenas barras ou bolos de cor marrom escura.

Skank 

Ele é considerado a “supermaconha”. Cultivado em laboratório, seu efeito é mais concentrado. Oíndice de THC no skank é de 17.5%. A droga vem da Europa e é mais cara, por isso é conhecida comoa “supermaconha dos ricos”. Perda da noção de tempo e espaço, alucinações, pupilas dilatadas,excitação, aumento do apetite por doces, perda da coordenação motora e lapsos de memória sãoalgumas das conseqüências do uso da droga.

Cocaína

As notícias do uso das folhas da planta, que depois derivou a droga, são de 4.500 anos atrás, quando

eram usadas pelos índios que as mascavam, hábito chamado de “coquear”. Seu nome é Erythroxyloncoca, popularmente chamada de cocaína. Sintetizada em 1859 seu uso afeta no cérebro especialmenteas áreas motoras, produzindo agitação intensa. Calafrios, pupilas dilatadas, insônia, sangramento donariz, emagrecimento são algumas das conseqüências do seu uso. Se for usada durante muito tempotambém causa danos cerebrais e aceleração do envelhecimento.

Crack 

Ele surgiu em 1985, nas Bahamas. É derivado da planta da coca que é misturada com bicarbonatode sódio ou amônia e água, resultando em “pedras” que são fumadas em cachimbos. É muito usado

 por jovens das classes mais pobres porque é mais barato do que a cocaína. Seus efeitos duram menostempo e ele vicia mais rápido do que outras drogas. Seus efeitos são tão devastadores que ostraficantes de São Paulo (os das ruas e os que estão nas cadeias) proibiram a venda e o uso do crack 

 porque ele tira tanto seu usuário da “razão” que ele não paga as dívidas. Além disso, é conhecidocomo a droga que mata (por seus efeitos danosos ao organismo) e os traficantes preferem seus clientes“vivos”. Agindo sobre o sistema nervoso central o crack gera aceleração dos batimentos cardíacos,aumento da pressão arterial, tremores, dilatação da pupila, suores intensos. Sensação de euforia e

 poder são seus efeitos psicológicos.

Merla

É derivada da cocaína e é uma junção de folhas de coca com produtos químicos como o querosene,cal virgem, e ácido sulfúrico. Tudo misturado se transforma numa pasta onde se concentra de 50% a70% da cocaína. Excitante do sistema nervoso, causa euforia, aumento de energia e diminuição dosono e do apetite, alucinações, delírios e confusões mentais. Muitos usuários durante o uso da merlatem convulsões e perda de consciência.

LSD

Também conhecido como LSD21 é uma substância líquida a base de dietilamida do ácidolisérgico e é fabricada em laboratório. Produz profundas alterações mentais, provocando delírios ealucinações. No Brasil é comercializada em cartelas picotadas similares a um mata-borrão. Cada

 pequeno quadrado picotado recebe uma gota de LSD que o usuário coloca na pele ou embaixo dalíngua. É tão potente que doses de 20 a 50 microgramas já fazem efeito. Também conhecido comodoce, ácido, papel, microponto e gota, seus efeitos duram de oito a doze horas. O uso faz com que a

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 pessoa tenha ilusões e alucinações visuais e auditivas e os efeitos físicos do LSD são aumento da pressão arterial e freqüência cardíaca, náuseas, vômitos, suores intensos.

Heroína

Derivada do ópio é uma das drogas mais perigosas que se conhece, causando dependência física e psíquica. Danos cerebrais e envelhecimento acelerado são algumas das suas conseqüências. Quandousada seu efeito dura de quatro a seis horas.

Ópio

Seu sabor é amargo e um pouco acre. É feito com o suco resinoso (látex leitoso) retirado da plantapapoula. Os principais alcalóides do ópio são morfina, paverina, codeína, tebaína e narceína. O preçoé muito alto e são poucos os viciados nesse tipo de droga no Brasil. A droga age quimicamente nocorpo humano e causa dependência física e psíquica. Os viciados ficam magros, com um tom

amarelado na pele e cai sua resistência a infecções. O efeito dura até doze horas e a abstinência provoca suores, arrepios, tremores, insônia, vômitos e câimbras abdominais.

Êxtase

Ecstasy ou êxtase (no Brasil) é uma substância psicoativa chamada de metilenodioximetanfetamina(MMDA) e foi sintetizada por uma indústria farmacêutica em 1914. Há cerca de dez anos passou aser usada por jovens de todo o mundo, que tomam os comprimidos com bebidas alcoólicas. O ecstasyage estimulando a produção de serotonina no cérebro, responsável pela sensação de prazer, por issoficou conhecida como a “droga do amor” entre os adolescentes. O uso do êxtase eleva a pressãoarterial e produz intensa elevação da temperatura (uma febre de até 42 graus) o que leva a uma intensadesidratação, por isso os jovens, bebem muita água após ingeri-lo. É muito utilizado em festas“raves”, quando jovens se reúnem para passar de três a quatro dias dançando e usando drogas.Taquicardia, secura na boca, diminuição do apetite, câimbras, dores musculares, dificuldade paraandar são alguns dos efeitos. O uso contínuo pode causar lesões cerebrais irreversíveis, levando àdepressão, paranóia, alucinações, perda do autocontrole e dificuldade de memória.

Boa Noite Cinderela

Usado no Brasil, Argentina, Estados Unidos e outros lugares do mundo o “Boa Noite Cinderela” é umconjunto de drogas: calmantes, lorazepam, flutnitrazepan e bromazepan. Essa mistura é conhecidacomo “rape drugs” (droga do estupro). É muito usada em golpes dados por rapazes e garotas, que em

 boates, bares e danceterias misturam a droga na bebida da vítima. Ao ingerir ela se sente sonolenta e élevada pelos golpistas, que estupram e roubam a vítima. O efeito do sono profundo pode durar até 24horas.

Anfetaminas

São diversos os tipos de anfetaminas no mundo, feitas de diferentes substâncias, e em geral são

consumidas junto com bebidas alcoólicas. O primeiro tipo de anfetamina foi sintetizada pela primeiravez no final do século passado na Europa para uso medicinal, mas já nas décadas de 30 ou 40 passoua ser usada com fins não medicinais e a moda se espalhou pelo mundo. É muito usada por atletas

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 profissionais e amadores porque aumenta a capacidade física do usuário, fazendo com que a pessoa,sob o efeito da droga, consiga praticar exercícios físicos que normalmente não conseguiria.

 

Introdução a como funciona o tráfico de drogas Nas fraldas do bebê, várias pedras de crack. Bonecas de porcelana cheiasde papelotes de cocaína. Com o estudante de medicina, cinqüentacomprimidos de êxtase. Imagens de Nossa Senhora Aparecida recheadasde cocaína. Drogas num fundo falso de uma falsa bíblia. Vestido de

 padre, um jovem arriscou embarcar num avião com quatro quilos decocaína sob a batina. Num caminhão, brinquedinhos de papai-noel paracrianças pobres com cocaína dentro. Noutro, 300 quilos de maconhaescondidos sob um carregamento de arroz.

Tem sido assim em todo o Brasil. No atacado ou no varejo, os traficantes tentam levar suas“mercadorias” aos consumidores. E “fregueses” não faltam. Eram mais de 200 milhões deusuários de drogas no mundo em 2006, segundo o Relatório Mundial de Drogas doEscritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crimes (UNODC, na sigla em inglês). Isso representacerca de 5% da população entre 15 e 64 anos. As substâncias mais usadas são maconha, haxixe,cocaína, heroína e drogas sintéticas.

As rotas do tráfico no BrasilExistem diferentes rotas que trazem a cocaína e a maconha para o Brasil. Há as rotas caseiras,destinadas ao transporte da droga consumida pelos brasileiros, as rotas internacionais, nas quais adroga simplesmente passa pelo país que é usado como corredor das drogas que têm como destinofinal os Estados Unidos e a Europa, e as rotas mistas, que são aquelas em que as drogas vêm para oBrasil e parte fica no país para consumo e outra parte segue para o exterior.

A maior parte da cocaína vem da Colômbia, e boa parte da maconha vem do Paraguai. Apesar doBrasil produzir maconha, principalmente no “Polígono da Maconha”, área do semi-árido nordestino, aquantidade não é suficiente para a demanda interna e, por isso, os traficantes importam a erva doParaguai.

A principal dificuldade que o Brasil tem para evitar o contrabando e a entrada de drogas e armas no

 país é o tamanho de suas fronteiras. São 16 mil quilômetros só por terra. Para combater o tráfico feito por via aérea, em 2004 foi regulamentada a lei 7.565, conhecida como a “Lei do Abate”, que permiteque aeronaves consideradas suspeitas (que não tenham plano de vôo aprovado) sejam derrubadas emterritório nacional. Com medo, os contrabandistas de armas e drogas que usavam o espaço aéreo paratransportar suas mercadorias, voltaram a usar as rotas terrestres. Segundo a Polícia Federal, grande

 parte das armas e drogas também chega pelo mar.

O tráfico de armas é um negócio que também movimenta milhões de dólares, só perdendo para o dedrogas. Calcula-se que das 17 milhões de armas que existem no país, 4 milhões estejam nas mãosdo crime organizado. Tanto as drogas como as armas chegam ao Brasil por meio dos formiguinhas,

 pessoas que as transportam em veículos particulares, ou pelos grandes traficantes que fazem

encomendas de quantidades que chegam via terra, mar e, muito pouco atualmente, por ar. Nessanegociata, muitas vezes, os bandidos pagam suas contas com trocas de produtos. É o caso da rotaBrasil-Suriname: os brasileiros vão até o país onde compram armas e pagam com drogas. É pelo

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Suriname que entra boa parte das armas produzidas na Europa, como o fuzil russo AK-47 emetralhadoras antiaéreas trazidas da Ásia. Armas que interessam aos traficantes brasileiros e a facçõescriminosas, como o PCC e o CV, para continuar com o controle dos pontos de drogas e a continuidadedos crimes.

Mandar a droga para fora tem um motivo muito especial para os traficantes: o preço. Pra se ter uma

idéia, o quilo da cocaína na Colômbia custa US$ 2 mil, chega ao Brasil por US$ 4,5 mil, nosEstados Unidos custa US$ 25 mil e na Europa vale US$ 40 mil. No Oriente Médio e no Japãoatinge seu maior valor: US$ 80 mil o quilo.

O Brasil também recebe drogas de outros países, numa rota inversa. O haxixe (a maior parte produzido no Norte da África), por exemplo, é distribuído para a Europa e também para o Brasil. Oecstasy, fabricado principalmente na Europa, é igualmente trazido para o Brasil. Muitas vezes essetráfico é feito por "mulas" que levam cocaína para a Europa e trazem o ecstasy, uma das anfetaminasmais usadas no país, em troca.

São muitas as portas de entrada das drogas no Brasil. Em novembro de 2007, a polícia apreendeu na

cidade de Umuarama (PR) 500 quilos de maconha, que vinham do Paraguai. A droga, segundo a polícia, entrava no Brasil por Guaíra e pertencia ao PCC, que tinha montado uma base em Umuarama.De lá mandavam a maconha para São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, ao preço de R$ 1 mil o quilo.Sónesse “posto” descoberto pela polícia era comercializada uma tonelada de maconha por semana.

O Brasil se difere do Paraguai, Peru, Bolívia e Colômbia por não ser produtor e por ser o ponto maisimportante de trânsito para as drogas produzidas nos quatro países. Mas há tempos o Brasil não émais só corredor em direção a Europa e Estados Unidos. O país passou a ser um importanteconsumidor de drogas, em especial, de maconha e cocaína. Um mercado ativo e em expansão queconquistou especialmente os jovens.

Um documento divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2006 cita que no Brasil onarcotráfico “emprega” mais de 20 mil “entregadores” de drogas, a grande maioria jovens de 10 a16 anos que ganham salários de US$ 300 a US$ 500 por mês. Só no Rio de Janeiro, o narcotráficovende por ano cerca de seis toneladas de drogas, faturando cerca de R$ 900 milhões, de acordo com aPolícia Civil carioca. Desse montante, quase R$ 600 milhões são faturados pelo Comando Vermelho eo Terceiro Comando (outra facção do Rio). Em São Paulo, calcula a polícia, existem cinco mil postosde distribuição da droga. A cidade é hoje o ponto principal do “corredor Brasil”, de onde é mandada amaior parte da cocaína e maconha que abastece a Europa e Estados Unidos.

O relatório da ONU acrescenta que os traficantes possuem armas melhores e mais poderosas de que

as da polícia brasileira e que os traficantes, mesmo presos, continuam a comandar o tráfico de dentroda cadeia. Exemplo disso é o caso do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira Mar,um dos principais fornecedores de cocaína para o Comando Vermelho e para o Primeiro Comando daCapital. Em 22 de Novembro de 2007 ,a mulher de Fernandinho foi presa pela Polícia Federal no Riode Janeiro, acusada de ajudar o marido a comandar uma rede internacional de tráfico de drogas earmas. Beira-Mar, mesmo preso no Presídio de Segurança Máxima em Campo Grande, no MatoGrosso do Sul, comandava suas operações criminosas e tinha “representantes” em vários estados

 brasileiros. Sob sua chefia, sua organização comprava maconha do Paraguai e cocaína da Bolívia erevendia para o mercado interno e também para o Exterior. O ex-chefe da Polícia do Rio de Janeiro,Hélio Luz, disse que “o tráfico é uma empresa, é uma empresa ilegal”.

O Polígono da maconha

 Na divisa de Pernambuco (sertão pernambucano) e Bahia, às margens do Rio São Francisco, 14

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municípios no Nordeste do Brasil têm como principal atividade o cultivo da maconha. É a maior áreade plantio da erva na América do Sul. Jovens e trabalhadores rurais são cooptados pelo tráfico etrabalham de dez a 12 horas diárias de cinco a seis meses por ano. O Ministério Público doTrabalho de Pernambuco calcula que sejam 40 mil trabalhadores nessa região só no plantio demaconha, sendo dez mil crianças e adolescentes. O cultivo da maconha na área começou em 1977. Aestimativa era de que a produção em 2007 atingiu 10 milhões de pés da erva, o que corresponde a

quatro mil toneladas de droga. Do “produtor” o quilo saía por R$ 200 e depois de passar pelos“intermediários” chegava aos grandes traficantes por mil reais o quilo. Pra se ter uma idéia, o produtor de cebola vende o quilo por R$ 0,20.

 

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Da plantação ao consumidorAs drogas produzidas aqui no Brasil ou importadas de fora são compradas por grandes traficantes erevendidas aos chamados microtraficantes (aqueles que compram quantidades pequenas), que asrevendem para os consumidores. Muitos destes grandes traficantes estão dentro das cadeias e asdrogas que compram são revendidas dentro das prisões e também nas ruas. O homem que faz a ponte,ou seja, é o intermediário entre os produtores e os grandes traficantes é chamado de matuto. Nascidades de São Paulo e Rio de Janeiro, o tráfico montou uma espécie de governo paralelo.

 Nas favelas e nos morros, eles são os “donos-do-morro” ou “donos-das-bocas” e ditam as leis. Osdonos do morro é que decidem onde serão as bocas-de-fumo e quem serão os representantes, que sãoos microtraficantes. Estes finalmente vão revender a maconha ou a cocaína para o consumidor final,que podem ser jovens pobres da própria favela e morro ou, na maioria das vezes, os filhos da classemédia e alta, principais financiadores do esquema do tráfico.

 No Rio de Janeiro são quase mil favelas onde moram mais de 1,5 milhão de pessoas, parte delasrecrutadas pelo tráfico. Os comandos criminosos cariocas empregam pelo menos 10 mil jovens de 10

a 16 anos que são os “soldados” ou vapores, fogueteiros, aviões. Sem oportunidade de emprego,sem perspectiva de uma vida melhor, os jovens vêem no tráfico uma possibilidade de “vencer” navida. Espelham-se na fama dos chefões do tráfico, que circulam com carrões, sempre rodeados demulheres bonitas e com seguranças armados. A eles, além de um “bom salário”, o tráfico oferece lazer e entretenimento, como os bailes funks onde a cocaína é livremente vendida a preço baixo, numterritório dominado pelos bandidos, onde muito raramente entra a polícia e o poder do estado éausente. O “movimento”, como se referem os moradores ao tráfico de drogas, também aparecefazendo quadras de futebol e patrocinando festas juninas e natalinas, com distribuição de presentes

 para as crianças. Durante o ano, há ajuda às famílias até com a compra de remédios. Cerca de 50grandes grupos controlam todo o tráfico no Rio.

Entre os trabalhadores do tráfico tem o “químico”, que é contratado pelo grande traficante, o “dono-do-morro”. O químico é o responsável por “batizar” a droga, ou seja, pelos ingredientes que vão ser misturados nela. A cocaína, por exemplo, é comprada “pura” pelos grandes traficantes e para que ela“renda” mais, aumente de volume, o químico faz a mistura que pode ser, por exemplo, com

 bicarbonato. Um quilo da droga pura vira dois quilos depois da mistura e o lucro é maior.

Há jovens que são contratados como “fogueteiros” que ficam em pontos estratégicos, munidos defogos de artifício para serem soltados em duas ocasiões: quando as drogas chegam e ficam àdisposição e quando a polícia está chegando.

 No topo da hierarquia do tráfico está o “dono-da-boca”, traficante que compra as grandesquantidades. Abaixo dele os “gerentes”, que repassam a droga para os “aviões” que levam,transportam a droga até as bocas-de-fumo”. Os gerentes também têm a função de arrecadar semanalmente o dinheiro do tráfico nas bocas de fumo e prestar contas ao chefão, o dono-do-morro.

O dono-da-boca contrata os "soldados” ou “vapores” que são os que revendem a droga aosconsumidores, aos clientes, que podem estar no morro ou nas avenidas, próximas às favelas e aosmorros.

Há também os “esticas” que são os encarregados de vender as drogas em faculdades, boates, bares, prédios e condomínios. O trabalho é ininterrupto. São 2 turnos de 12 horas e os “trabalhadores” se

revezam.

Em algumas favelas existe ainda o “drive-thru”. Os traficantes ficam em um ponto fixo e os

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compradores, de carro, passam, pagam e recebem a droga. Em São Paulo e no Rio também tem oserviço “delivery”. O cliente liga para um determinado número e em pouco tempo um motoqueirochega com a “encomenda” que pode ser entregue em casa, num shopping, num bar. Os traficanteschegaram a sofisticação de “personalizar” as drogas, fazendo embalagens diferentes, em coresdiferenciadas para cada boca-de-fumo. De forma que, se o cliente tiver alguma reclamação, ovendedor do ponto será identificado.

As drogas e a internet

Mundo moderno, traficantes modernos. E a internet entrou em ação. Com um “click” é possívelnegociar vários tipos de drogas: maconha, cocaína, esctasy. Jovens mantém conversas sobre novosentorpecentes, remédios que têm poderes alucinógenos. Marcam raves e abertamente publicam quenos três dias de festa vai rolar de tudo.

A internet é vista como uma nova possibilidade de negócios, principalmente pela possibilidade devender drogas por e-mail ou em conversas on-line. Os traficantes chegam a fazer “leilões virtuais”,

comercializando a droga para quem pagar mais. 

Mulas

É freqüente, nos aeroportos brasileiros, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, a polícia prender pessoas que tentam embarcar para a Europa levando cocaína. Muitas são pessoas recrutadas pelos traficantes, que ingerem cápsulas da droga (embrulhadas em plástico para não estourar) eviajam com ela no estômago. Em um dos casos, em 2006, um jovem preso estava com quase um quiloda droga no estômago. As "mulas", como são chamadas, recebem pelo trabalho cerca de US$ 5 milpor viagem mais as passagens aéreas e a estadia. Quando chegam ao destino, tomam laxante para

“despejar” a droga. Alguns repetem o ritual de engolir drogas e voltam para o Brasil com o estômagorecheado de esctasy. Esses rapazes e moças ficam dois ou três dias sem comer nada para que caibamais droga dentro deles e para que após a ingestão elas não se misturem com alimentos no estômago.

 Nem água podem beber. Há casos em que as cápsulas de cocaína estouram e as mulas morrem deoverdose em poucos minutos.

 

Mortes e crimes

Em seu relatório, de 2006, a ONU destaca que grande parte dos 30 mil homicídios registradosanualmente no país estão ligados ao tráfico e consumo de drogas.

Ressalta que os grupos envolvidos no tráfico de drogas têm nível de violência maior do que os dosligados a outras atividades criminosas, como o jogo do bicho. É como um ditado popular no Brasil:“O tráfico não perdoa, mata”. Mata porque vendeu e não recebeu, mata porque alguém “quebrou” alei do silêncio, mata porque algum dono-de-boca foi incorreto na hora do acerto de contas.

O Ministério da Justiça do Brasil fez um levantamento que mostra que em 60% das chacinasocorridas no país o motivo foi o tráfico de drogas. Em São Paulo e Rio de Janeiro chega a 80%.Sejam os matadores traficantes que venderam e não receberam, sejam traficantes rivais eliminando-seentre si, sejam policiais ou justiceiros os causadores das mortes, as drogas sempre são o pano defundo.

 Nosso país está também incluído no Relatório da Jife (Junta Internacional de Fiscalização deEntorpecentes) como um dos países com os maiores índices de violência decorrentes do tráfico e do

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consumo de drogas.

As drogas aumentam também outros tipos de crimes como assaltos, arrombamentos, prostituição, porque muitas vezes o viciado sem recursos para comprar as drogas acaba cometendo esses crimes para obter o dinheiro.

Combate às drogas no BrasilA lei brasileira em vigor para combate ao tráfico é a de número 11.343, de 23 de agosto de 2006, a LeiAntidrogas, que estabelece normas para repressão, produção e tráfico de drogas e que diferencia otraficante do consumidor.

O Artigo 28, que trata do consumidor, estabelece:

“Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para uso pessoal, drogassem autorização ou em desacordo com a determinação legal será submetido as seguintes penas:

Advertência sobre os efeitos da droga Prestação de Serviços a Comunidade Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo."

O Artigo prevê também as mesmas medidas para os que cultivam drogas para consumo próprio, comouma pequena plantação caseira de maconha.

O Artigo não prevê prisão para quem for somente usuário e tiver em seu poder pequena quantidade dedrogas. Caberá ao juiz determinar se a quantidade encontrada com o sujeito faz dele, perante a lei, um

consumidor ou um traficante.

 No Artigo 33, começam as determinações de penas. Por exemplo: de três meses a um ano para queminduzir, instigar ou auxiliar alguém no uso de drogas.

Se forem duas ou mais pessoas e houver objetivo de lucro (cobrança pelas drogas) a pena sobe: detrês a dez anos de cadeia.

E para os grandes traficantes, que forem pegos comercializando grandes quantidades e pena é de oitoa 20 anos de prisão.

O combate

Dificuldades com nossas enormes fronteiras, poucos policiais federais para fiscalizar, poder financeirodos traficantes, que em muitos casos corrompem a polícia, e o crescimento das facções criminosas,que se aliaram e dominam o tráfico, são os principais problemas do Brasil no combate aonarcotráfico.

Em 1990, o Brasil deu mais um passo no combate ao tráfico de drogas, com a criação do Sistema deVigilância da Amazônia (Sivam), que com satélites e radares teve como objetivo não só proteger asmatas, visualizando os pontos de destruição pelos madeireiros, mas também controlar outras

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atividades clandestinas como o tráfico de drogas.

Em 1998, foi criada a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), ligada ao governo federal e que dáapoio os Estados.

Em 2001, a Polícia Federal, encarregada de desarticular o narcotráfico na fronteira da Amazônia

 brasileira, fez uma grande operação na região e encontrou bases de produção de cocaína sob odomínio das Farc, que produziam por mês, em território brasileiro, cerca de 45 toneladas de cocaína.A droga era levada em aviões que partiam de pistas clandestinas para a Colômbia, Estados Unidos,Europa e outros estados brasileiros.

 Nas grande metrópoles, as policiais civis montaram até departamentos especializados, visando, principalmente, a prender os traficantes, tirá-los de circulação e, conseqüentemente, diminuir aquantidade de drogas em circulação. Em São Paulo, por exemplo, existe o Denarc - Departamento deInvestigações sobre Narcóticos, que tem dezenas de delegados e investigadores só para trabalhar contra o narcotráfico. Com equipamentos modernos e a utilização de escutas telefônicas (autorizadas

 pela Justiça), eles buscam prender “peixes grandes” do tráfico de drogas.

Os policiais grampeiam telefones celulares de bandidos dentro e fora das cadeias e gravam o que elesconversam. Assim descobrem seus planos, as rotas das drogas e das entregas, surpreendendo os

 bandidos e os prendendo em flagrante. O problema é que muitos desses traficantes, mesmo atrás dasgrades, continuam com seus negócios.

Além de reprimir, as leis brasileiras também se preocuparam com a recuperação dos viciados, masinfelizmente, na prática, não acontece o que determina o papel. Os usuários dependentes pobres têmmuitas dificuldade para encontrar lugares públicos para internação e tratamento. Os das classes médiae alta recorrem a clínicas particulares especializadas, que custam muito caro.