história contemporânea

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História Contemporânea 1ª Guerra Mundial – momento de rupturas Origens da I Guerra Mundial Quadro das relações internacionais na viragem do século (1871 – 1914) = Fim do sistema de equilíbrio de poder (desde Congresso de Viena) Congresso de Viena – reunião da Europa Conservadora – 1815 Tratado de Viena Pretendiam um regerasso ao Antigo Regime. Restaurar as monarquias. Fraternidade entre monarcas e força militar que preservasse o status quo – Santa Aliança; Uma das ideias instauradas em Viena era o equilíbrio das potências. Correlação de forças equilibradas – princípios subjacentes à Santa Aliança. Questões que originaram a 1ª Guerra Factores que destabilizam a ordem internacional 1.) A ascensão da Alemanha Unificação + Política de Bismarck (realpolitik) = Alemanha como grande potência. 2.) Nova Perspectiva das relações internacionais Relações internacionais – batalha pela sobrevivência; fonte de status; Manifestações – Surto do imperialismo (África e Ásia); - Weltpolitik (política mundial) de Guilherme II. 3.) A constituição de Alianças Ascensão da Alemanha – encorajou a constituição de alianças; - encorajou a “corrida ao armamento”. 4.) Os Nacionalismos Expansão de grupos nacionais exigindo a autodeterminação = ameaça aos impérios; “manifestações”: crise balcânica (1912 – 1914). 5.) Precipitação Política Assassinato do princípe herdeiro da Aústria-Hungria; 1

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Page 1: História Contemporânea

História Contemporânea

1ª Guerra Mundial – momento de rupturas

Origens da I Guerra Mundial

Quadro das relações internacionais na viragem do século (1871 – 1914)= Fim do sistema de equilíbrio de poder (desde Congresso de Viena)

Congresso de Viena – reunião da Europa Conservadora – 1815Tratado de VienaPretendiam um regerasso ao Antigo Regime. Restaurar as monarquias. Fraternidade entre monarcas e força militar que preservasse o status quo – Santa Aliança;Uma das ideias instauradas em Viena era o equilíbrio das potências. Correlação de forças equilibradas – princípios subjacentes à Santa Aliança.

Questões que originaram a 1ª GuerraFactores que destabilizam a ordem internacional

1.) A ascensão da Alemanha Unificação + Política de Bismarck (realpolitik) = Alemanha como grande

potência.2.) Nova Perspectiva das relações internacionais

Relações internacionais – batalha pela sobrevivência; fonte de status; Manifestações – Surto do imperialismo (África e Ásia);

- Weltpolitik (política mundial) de Guilherme II.3.) A constituição de Alianças

Ascensão da Alemanha – encorajou a constituição de alianças; - encorajou a “corrida ao armamento”.

4.) Os Nacionalismos Expansão de grupos nacionais exigindo a autodeterminação = ameaça aos

impérios; “manifestações”: crise balcânica (1912 – 1914).

5.) Precipitação Política Assassinato do princípe herdeiro da Aústria-Hungria; As decisões fatais dos líderes políticos durante a crise de Julho de 1914 nos

Balcãs.

A primeira Guerra Mundial não foi mais do que o culminar de uma crise de longa duração do sistema europeu.

Nascimento da Alemanha = Nascimento da “Questão Alemã”

1890 A ASCENSÃO ALEMà E A “QUESTÃO ALEMÔ

1862/71 – Bismarck – Chanceler da Prússia e artifície da unificação; 1º Ministro da Prússia (reino mais forte da confederação

germânica). Primeiro chanceler da Alemanha unificada.

1864 – Guerra dos Ducados: Prússia (+ A. H.) versus Dinamarca – conquista de Schleswig e Holstein.

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1866 – Guerra da Prússia com a Aústria-Hungria.1870/1 – Guerra da Franco-Prussiana - Acabar com a hegemonia Austro-Húngara na confederação alemã. - Consegue o apoio da Rússia (fronteira), da França e da Itália (ganhos territoriais). - Pequenos estados que prestavam vassalagem à Aústria-Hungria passam a fazer parte da Prússia.

Bismarck queria reconstituir a grande Alemanha e derrubar a França. Consegue com que mais nenhum estado faça aliança com a França.

1870/1 – Nesta Guerra nasce a Alemanha. Napoleão III governava.1871 – Implatada a Républica. Perda da Alsácea Lorena. Galeria dos Espelhos, Palácio de Versalhes – momento humilhante para os franceses – onde o Frederico é coroado. França torna-se uma Républica.

“Questão alemã” – Alemanha provoca medo nos seus países vizinhos, a questão alemã é o medo. Bismarck que transmitir ao mundo que a Alemanha é uma potência satisfeita. A Alemanha foi um problema (questão) e criou tensões e rivalidades.

1871 – Fim da Guerra franco-prussiana + Fim da unificação alemã. = Nova potência – “questão alemã”

A Alsácia-Lorena (Alsace-Lorraine, em francês; Elsass-Lothringen, em alemão) é um território de população germânica, originalmente pertencente ao Sacro Império Romano-Germânico, tomado por Luís XIV da França depois da Paz de Vestfália em 1648, mas devolvido pela França à Alemanha recém-unificada, conforme o Tratado de Frankfurt (10 de Maio de 1871), que encerrou a Guerra Franco-Prussiana, e em seguida retomado pela França após a Primeira Guerra Mundial, nos termos do Tratado de Versalhes, de 1919. Foi anexado pelo Terceiro Reich alemão em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, e retomado pela França em 1945.A região de Alsácia-Lorena foi alvo de tensão entre as relações germano-francesas até a dissolução do Terceiro Reich em 1945. A anexação prussiana da região após a Guerra Franco-Prussiana foi um dos motivos que levaram a França a declarar guerra contra o Império Alemão em 1914.

1871 – 1890 Bismarck: Chanceler da Alemanha. enorme crescimento – demografia, economia, educação, poder

militar. Política externa: sistema de tratados e alianças (“Sistema de

Bismarck”) IndicadoresHabitantes – maneira de medição do poder de uma nação.1910 – Alemanha – 65 milhões; França – 40 milhões.1914 – Produção de aço – A Alemanha produz mais aço do que a Grã-Bretanha. A França e a Rússia juntas.1914 – 2ª maior produtora de carvão do mundo (Alemanha; a 1ª era a Grã Bretanha) AlemanhaPreocupação com o mundo da educação e da produção.

Poder militar; Sistema educativo de topo; Disciplina das forças armadas alemãs; Exército moderno, bem apetrechado.

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Alemanha satisfeita como potência – Supremacia da ordem europeia – Sistemas de Bismarck -> tipo de gestão dos estados europeus em que a Alemanha é a potência dominante e controla os outros.

Sistemas de Bismarck

Isolamento da França – ninguém tinha alianças com a França; Preponderância alemã – a Alemanha geria a relação com outros

estados;

1872 – Liga dos Três Imperadores1879 – Aliança Dual1882 – Tríplice Aliança

Europa 1815 – 1848 Monarquias constitucionais.

1872 – Liga dos Três Imperadores Alemanha: Guilherme I A.H.: Francisco José Rússia: Alexandre II

Rapidamente vai deixar de funcionar, A.H. e Rússia têm interesses incompatíveis.

1875/76 – Revoltas nacionalistas nos Balcãs. Os Balcãs, ou Península Balcânica, é o nome histórico e geográfico para designar a região sudeste da Europa que engloba a Albânia, a Bósnia e Herzegovina, a Bulgária, a Grécia, a República da Macedónia, o Montenegro, a Sérvia, o autoproclamado independente Kosovo, a porção da Turquia no continente europeu (a Trácia), bem como, algumas vezes, a Croácia, a Romênia e a Eslovênia e a Áustria.

1876 – a Bulgária reclama a autodeterminação. (reclamar algo que lhe pertence, reinvidicar)Período duro – anos de más colheitas.Região Balcanica – controlada pelo império Turco – Constantinopla

1877 – guerra entre a Rússia e a Turquia. Rússia ganha – tratados e conferências. Bulgária – local estratégico – circular livremente e aceder ao Mediterrâneo.

1878

Paz de San Stefano (Março)

Reorganização da região balcânica (imposta pela Rússia): Criação da Grande Bulgária (+ inclusão da Macedónia) Grande autonomia para a Sérvia, Montenegro e Roménia. Autonomia da Bósnia-Herzegovina. Grã-Bretanha – não gosta porque os russos passariam a ter acesso ao mar. Oposição da Grã-Bretanha e Áustria-Hungria.

Conferência de Berlim (Jun-Jul)

Atenuação das cláusulas de S. Stefano: Bulgária: perdas territoriais e de independência; Restrição da autonomia dos povos balcânicos; Bósnia-Herzegovina: soberana otomana mas administrada pela Áustria-

Hungria. Nota – estratégia do isolamento adoptada pela Grã-Bretanha que no entanto começa a ver os seus interesses ameaçados.

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1879 – Aliança Dual (Alemanha e Áustria-Hungria)

De modo a que esta não se una à França. Bismarck aplica o realpolitik e contra a vontade de Guilherme I, alia-se com a AH.

1882 – Tríplice Aliança (Alemanha + AH + Itália)Itália à procura de reconhecimento une-se aos mais poderosos. Quer ter afirmação e território.Bismarck nunca confiou nos seus aliados.

1887 – Tratado de Resseguro (Alemanha + Rússia – 18 de Junho)Tratado de neutralidade. Aliança secreta.

1887 – Tratado do ResseguroCrise Búlgara (Julho) Enfraquecimento da Alemanha na gestão das RI.

o Alemanha perde credibilidade. Política de Bismarck falha. o 1888 – Morte do Imperador Guilherme I.o Imperador Guilherme II – rejeita a realpolitik.

1890 – demissão de Bismarck – politicamente morto – Guilherme II não aceita o comportamento de Bismarck.

2.) Nova Perspectiva das Relações Internacionais

(Congresso de Viena – visava o equilíbrio – agora passa à rivalidade).

-> Surto do imperialismo em África e na Ásia. -> Weltpolitik (“política mundial”) de Guilherme II.

déc. 80 – Surto Imperialista África: Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália e Bélgica. Ásia: Rússia, Grã-Bretanha, França, Japão, Alemanha e EUA.

As grandes potências tinham colónias. motivos comuns + motivos particulares.

Caso da ÁfricaAlemanha – competir com a potência da G.B.Itália – afirmar-se.Bélgica – motivação do Rei Leopoldo. Grã-Bretanha – para continuarem a ser os maiores.França – recuperar o orgulho nacional.

diferentes motivações. métodos de acção.

Conferência de Berlim – 1884-5 era preciso determinar as regras da divisão colonial, era suposto

ocupar os territórios de África.

Pertenciam por direito histórico (Portugal). Ocupação efectiva (fica com o território quem o ocupou)

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Duas teses diferentes de como seria dividida África.

Mapa cor-de-rosa Grã-Bretanha opõe-se.Conferência de Berlim Imposição do direito de ocupação efectiva.(colonial) O reconhecimento do Estao Livre do Congo.

A liberdade de navegação nas bacias os rios Congo e Niger. Proibição do comércio de escravos.

Depois da Conferência de Berlim: imperialismo militar e partilha de África e Ásia. Subjacente está a célebre corrida ao armamento. Todos os países europeus, ainda que em escala diferente vão

participar neste processo. – Rivalidades que se geraram. Surto imperialista – divisão de territórios intensifica-se. Quando se chega à 1ª Guerra Mundial toda a África está dividida

foco de tensões entre os países.

Tensão agrava-se quando se dá uma mudança na gestão da Alemanha.

1897 – Guilherme II dá a conhecer a sua Weltpolitik. Política mundial – substituindo a realpolitik. Weltpolitik (argumentos):

Expansão naval; Expansão colonial; Reforço governo autoritário – claramente longe de ser um liberal,

um democrata. Regime autoritário fortemente controlado pelo imperador.

Weltpolitik: problemas agressiva propaganda interna – nacionalismo germânico claramente hostil

em relação aos outros povos. enorme tensão internacional.

Alguns exemplos: Mobilização dos outros estados para impedir que a Alemanha se expanda.

Grã-Bretanha – vai impedir todos os passos que a Alemanha procura dar no Sudoeste Asiático.

EUA – impede a Alemanha de ter ganhos na Venezuela e nas Filipinas.

Impacto da weltpolitik nos alinhamentos internacionais.

3.) A Constituição de Alianças

ALEMANHAFim dos sistemas de Bismarck e procura de novos alinhamentos;Medo – encoraja a constituição de alianças e a “corrida” ao armamento. Manter a França isolada; perigo de vingança francesa – Alsácea Lorena.

1894 – Aliança militar entre a França e a Rússia. França consegue sair do seu isolamento. o cerne da aliança é o acordo militar. aliança contra a Alemanha.

determinante aproximação entre a França e a Rússia (a nível de transmissão de conhecimento e de economia). Vai ter enormes consequências.

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A constituição dos “blocos” aliados europeus.

Até agora a Grã-Bretanha isolamento, não se mete nas disputas entre os “pequenos” europeus.

Esta nova conjuntura (surto imperialista) ameaçava directamente a Grã-Bretanha. Interesses britânicos na Índia, África, Ásia, mares… A G.B. é obrigada a repensar a sua estratégia.

Início da criação de 2 blocos de alianças.

1898 – Negociações falhadas para um acordo entre a Alemanha e a G.B.G.B. procura 2 aliados.

1902 – Pacto entre a GB e o Japão. impedir o expansionismo russo. Para o Japão não invadir os territórios e que impeça os outros países de o fazerem.

1904/5 – sentindo-se confiantes com esta aliança, Japão declara guerra à Rússia.

Guerra russo-japonesa (Manchuria e Coreia). Japão ganha.

1904 – Acordo de cooperação entre a GB e a França: Entente Cordial. aliança colonial (depois de séculos de desavenças). a GB reconhece Marrocos como sendo uma zona de influência de França.

Egipto – Britânica. Não há cláusulas coloniais específicas relativas a militaria. Aproximação destes 2 estados.Nota: o isolamento diplomático da França acabou. É aliada da Rússia e da Grã-Bretanha.

1905 – Plano Schliefen (plano militar alemão) começam a preparar-se para a eventualidade de uma guerra.

Planos de defesa e ataque.

a política de Inglaterra assume uma posição não germânica.

I Crise de Marrocos (1905/6)

Guilherme II desconfia de claúsulas secretas. Quer testar até que ponto a GB defenda a França.1905 – Missão francesa a Fez; Gulherme II desloca-se a Tanger. 1906 – Conferência de Algeciras (sul de Espanha).

Rússia e GB tentam que a França tente uma saída prática para a crise (depois de Guilherme II levantar problemas em Marrocos). Na mesa das negociações GB e Russos, alarmados pela Questão Alemã decidem apoiar a França. Guilherme II perde domínio. Traduz-se numa vitória da França. A Alemanha sai completamente derrotada desta primeira disputa.

1907 – Convenção anglo-russa (Afeganistão, Tibete, Pérsia). Acordo colonial Acordo com os russos para resolver problemas territoriais

concretos. Permite consolidar os laços entre França, GB e Rússia ampla

união concluí-se em 1908.

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1908 – Triple Entente (GB + Rússia + França) Crescente isolamento da Alemanha. Crescente proximidade entre GB + Rússia + França. Início determinante da “corrida” ao armamento. (tensão entre as

nações)Corrida ao armamento – nações mobilizam os seus recursos para o armamento. Agravamento das tensões.

Crise da Bósnia-Herzegovina (1908/9)

1908 – Julho – Império Otomano: Revolta dos “Jovens Turcos”. Queda de Habdul Hamid, monarquia constitucional.

1908, 5 Out. – a Áustria-Hungria anexa a Bósnia-Herzegovina – para evitar que os nacionalismos se reinvidicassem.

II Crise de Marrocos – “Crise de Agadir” (1911)

1911 o França: envio de tropas para Fez (Maio).o A canhoneira “Panther” chega a Agadir (Julho).o Aquilo que eram alianças pontuais, alargaram-se para eventuais problemas

com a Alemanha. o Acordo colonial entre a França e a Alemanha (Out): reconhecimento alemão do

protectonado francês em Marrocos; Alemanha compensada na África Equatorial.

o A partir desta crise a aliança entre França, Rússia e Inglaterra, destaca a união face a Guilherme II.

4.) Os Nacionalismos e as crises Balcânicas de 1912-14

Interesses russos e austro-húngaros na área. Países que já se tinham tornado independentes Liga Balcânica: Sérvia, Bulgária, Montenegro e Grécia.

I Guerra (1912/13) Ultimato da Liga Balcânica à Turquia (Out.)A Rússia não queria território, queria influencia. A Sérvia é que tinha interesses territoriais. D. Pedro (Sérvia) propõe ao estados que já eram independentes unirem-se contra a Turquia e livrarem-se do Império Otomano de todo.Derrota da Turquia. Problema: como vão ser divididas as terras? Eles não vão chegar a um acordo.

1913 (Maio): Acordo de Paz de Londres

II Guerra Balcânica (1913) Luta pelos despojos.Sérvios tinham apoio declarado da Rússia (estreita relação com os russos). A Sérvia era a produtora dos nacionalismos na região balcânica.

Bulgária: ataca a Sérvia; Grécia e Romena: apoiam a Sérvia; Bulgária: é derrotada.

Paz de Bucareste (10 de Agosto)2ª tentativa de partilha de territórios entre os estados balcânicos.

6.) A Precipitação Política

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1914 28/6: assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria.

Aconselhado a não visitar. Região particularmente turbulenta.Decide fazer a visita como demonstração de força.

Áustria-Hungria não vai ficar indiferente a este episódio. 4/7 – AH pede apoio à Alemanha. 23/7 – Ultimato da AH à Sérvia – queriam investigar Sérvia acha que querem invadir. Quando isto acontece, cada um procura aliados:

Sévia – Rússia França AH – Alemanha

Alemanha diz que apoia a AH mas também para tentarem chegar a um acordo; Rússia aconselha a Sérvia a tentar negociar; A Sérvia diz que aceita, mas no entanto a investigação tinha de ser levada à cabo por

um código nacional.

28/7: AH declara guerra à Sérvia.

29/7 - Rússia: anuncia a mobilização geral factor inesperado – os alemães não contavam com isto.

1/8 – Alemanha declara guerra à Rússia. França (aliada da Rússia) declara a mobilização geral.

2/8 – Alemanha ocupa Luxemburgo e envia um ultimato à Bélgica. a partir deste momento a Inglaterra vai entrar na guerra.

3/8 – Alemanha invade a Bélgica e declara guerra à França.

4/8 – GB declara guerra à Alemanha.

5/8 – AH declara guerra à Rússia.

10/8 – França declara guerra à AH.

12/8 – GB declara guerra à AH.

I GUERRA MUNDIAL (1914-1918)

Guerra previsível mas inesperada. Novo conceito de guerra – nova escala + grau de esforço exigido. Guerra total. Impacto da Guerra: fim de uma época.

Fim da hegemonia europeia; Crise do sistema colonial; Emergência de novos tipos de organização estatal:

Bolchevismo, Fascismo italiano…

Ideias1.) Corolário de uma série de crises que assolaram a Europa na viragem do século.2.) Em Agosto de 1914 todos pensavam que a guerra iria ser curta.3.) Os beligerantes: campos em confronto.

Agosto de 1914 Impérios Centrais: Alemanha e Império Austro-Húngaro.

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Entente ou Aliados: Sérvia, Rússia, França e Grã-Bretanha. Portugal entra na guerra querendo afirmar-se. Quando a AH invade a Bósnia-Herzegovina a Itália esperava terrenos; no

entanto, não ganharam nada. Os italianos entram na guerra (1915), aderem à entente, acorde de Londres, onde mais uma vez lhes são prometidas reinvidicações territoriais. Factor importante para perceber o sucesso do fascismo em Itália.

Progressivo alargamento no âmbito da guerra.1918 – mais de 30 países envolvidos na guerra.

Impérios Centrais: Turquia (Nov. 1914) Bulgária (Out. 1915)

Aliados Japão (Agosto de 1914) Itália (Maio de 1915) Portugal (Março de 1916) Roménia (Agosto de 1916) EUA (Abril de 1917): potência “associada” – entram na guerra mas não como membros

da aliança.

Mundialização da guerra. Fases da Guerra (Guerra longa)

1ª - até Dezembro de 1914 – Guerra de movimentos. 2ª - a guerra de posições ou guerra das trincheiras (1915 -1917). 3ª - a ofensiva final (1918).

1917 – ano terrível. Transformações políticas na Rússia; Intervenção dos EUA.

REVOLUÇÃO RUSSA

Fim URSS: a Grande Revolução Socialista de Outubro de 1917 podia tornar-se um objecto histórico “normal”. Novas fontes = novas pesquisas interpretativas.

Correntes/Escolas de interpretação da Rev. de Outubro

1.) Escola Marxista/Soviética Dominante na URSS até 1991. Ênfase na liderança de Lenine – condução das massas numa genuína revolução popular contra um regime corrupto e burguês. Celebração do triunfo da revolução

Bolcheviques – fundamentais no enquadramento dos protestos operários; Continuidade entre a Rev. de 1905 e de 1917.

Revolução de Outubro Cumprimento das aspirações das massas; Culminar (lógico, previsível, inevitável) de um itinerário libertador empreendido

pelas “massas”, conscientemente alinhados sob a bandeira do bolchevismo = legitimação do regime soviético.

Culminar do sentido da História (Marx)

Críticas – justificação da revolução e celebração do triunfo do comunismo. Defensores desta tese: Lenine, Leon Trotsky, John Reed…

2.) Escola Liberal

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Des-ideologização da história da Revolução (historiografia conflitual); Interpretação da história “a partir de cima”: ênfase no papel central das

grandes figuras/personagens (Nicolau II, Kerensky, Lenine, Trotsky). “Massas”: “irracionais”, passivas e anárquicas nas suas reivindicações e

acções: sucesso dos bolcheviques na sua manipulação. O fracassado e impopularidade do esforço de guerra, a violência dos

camponeses e exigências irrealistas dos trabalhadores criaram uma situação que o Governo democrático provisório não conseguiu gerir.

Revolução de Outubro = golpe de estado clássico Putch imposto pela violência a uma sociedade passiva; Os bolcheviques escndem os seus verdadeiros propósitos (Richard Pipes); Não foi uma revolução popular nem democrata; Conspiração de fanáticos disciplinados e cínicos.

Revolução: acidente que desviu do seu curso natural a Rússia.Colapso da URSS: confirmação das suas teses.

Tese que permite a catarse da sociedade russa = ruptura simbólica com o passado; povo russo como vítima inocente.

Críticas Interpretação fortemente influenciada pela Guerra Fria. Demonização dos bolcheviques.

Autores – Orlando Figes, Richard Pipes.

3.) Escola RevisionistaDécada de 1970: críticas às 2 correntes. A análise da Rev, puramente baseada nos seus principais actores é limitada. Reconhecimento da importância do papel do cidadão comum na criação da

natureza revolucionário da sociedade russa em 1917.o Leitura da história “a partir de baixo”.o Importância das diferenças regionais, da

diversidade da classe operária e o papel dos camponeses.

Ao contrário dos liberais, afirmam ter existido um apoio popular aos bolcheviques. Importância de Lenine na defesa do curso da Revolução. Importância do partido bolchevique como porta-voz das reivindicações

populares.

Revolução de Outubro - convergência de dois movimentos: Uma tomada do poder (pelo partido bolchevique – distingue-se de todos os

outros actores da Rev.; prepara minuciosamente a insurreição). Uma vasta revolução social e autónoma com diversas manifestações.

o Rebelião camponesa: grande vaga de fundo; culminar de uma longa história de revoltas iniciada em 1902.

o Decomposição do exército: 10 milhões de camponeses-soldados.

o Reforço do movimento operário: minoria politicamente actuante.

o Emancipação das nacionalidades: exigência de autonomia e indepedência.

= movimentos com dinâmicas próprias que contribuem para a destruição das instituições nacionais.

Autores: Robert Service, Steven Smith, Harold Shukman, Werth.

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Out. 1917 Convergência de golpe de Estado Político + revolução social Durante um breve mas decisivo momento a acção dos bolcheviques (minoria política

que benefícia do vazio institucional) vai no sentido das aspirações da maioria – Rússia na viragem do século; Impacto da I Guerra Mundial oportunigdade para a emancipação de massas.

A Revolução Russa de 1917 no quadro da sociedade czarista e da I Guerra Mundial

Rússia na viragem do século Imenso império – 22 milhões de km2; mais de 170 milhões de habitantes. Estrutura demográfica

o Irregular distribuição espacial;o Estrutura social: enormes desigualdades.

Sociedade: forte peso do campesinato (80%) e ausência de classe média. Economia

o Agricultura: estrutura de produção e propriedade inadequada à modernização;

o Indústria: tímida industrialização – quando foi feita a aliança com os franceses.

Regime políticoo Autocracia (Deus dava legitimidade ao czar)o Tentativas de modernização do sistema violentamente reprimidas

(ex.1905) – 1º ensaio do roubo do czarismo. A partir deste momento o czar é obrigado a criar um parlamento.

Rússia, 1917: Principais Correntes Políticas

Liberais Reformadores (monarquia constitucional) Partidários de um regime parlamentar de tipo ocidental (monarquia constitucional) Principal partido: Constitucional-Democrata.

Socialistas Revolucionários Organizados como partido desde 1902. Movimento revolucionário tipicamente russo. Partidários do colectivismo agrário e hostis à industrialização. 2 tendências:

o 1 – Grupo “socialista” próximo dos liberais (Kerensky)o 2 – Grupo de “direita” (Tchernov)

Social-Democratas ou Marxistas 1898: fundam o Partido Social-Democrata dos trabalhadores russos. Seguem as ideias de Marx: apoiam-se no proletariado urbano e industrial. 1903: o partido dando origem a 2 partidos:

Bolcheviques Mencheviques

Mencheviques- Grupo “minoritário” dirigido por Martov e Piekhanov;- Partido: organização aberta a todos os que reclamassem do socialismo, defendem o

desenvolvimento das suas bases democráticas, admitem o pluralismo no interior do partido. - Partidários da revolução gradual, admitem-se unir-se aos liberais/burgueses – o momento

oportuno para a revolução.- A Rússia devia continuar na guerra (patriotismo, defesa das novas instituições).

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Page 12: História Contemporânea

Bolcheviques- Grupo “maioritário” dirigido por Lenine.- Defendem 1 partido fortemente estruturado, organismo fechado, restrito, constituído por nº

reduzido de pessoas treinadas para conduzir a acção revolucionária. - Partido Classe operária Revolução Ditadura do Proletariado.- Revolução imediata, rápida, de um só golpe.- Exigem a paz imediata.

O Fim da GuerraA conferência do Pans e o Tratado de Versalhes

1.) O balanço da Guerra Elevado nº de mortos. (EUA não tinha obrigações com a aliança – o país com menos

número de mortos). Elevada destruição – destruição de vias de comunicação, terrenos agrícolas… Problemas económico-financeiros. Impacto psicológico – marcar a geração que a viveu e a seguinte.

França: 200 000 casas destruídas;3000 hectares inutilizáveis;Minas inundadas.

Grã-Bretanha: perdas na frota naval;Desgaste das suas indústrias.

Problemas económico-financeiros – no fim da Guerra todos os estados estão amplamente endividados. Grande inflação a partir de 16 e 17. Todos os estados se deparam com efectivas dificuldades. Total da produção agrícola desceu cerca de 30%.

“Agora é preciso ganhar a paz” (Clemenceau, 11 de Novembro de 1918)Traumas e ressentimentos vão estar patentes ao longo de todo o processo.

2.)A Caminho da Paz Propostas de paz

Bento XV Papel dos EUA na Grande Guerra

14 pontos de Wilson (8/01/1918) condenação dos tratados secretos = diplomacia aberta; liberdade dos mares; liberdade de comércio; redução dos armamentos = desarmamento internacional; reajustamento das colónias/das pretensões coloniais; evacuação da Rússia, Bélgica, França (Alsácea-Lorena) e rectificação das

fronteiras italianas (6-9); independência das nações do ex-Império Áustro-Húngaro; solução do problema balcânico; livre passagem pelo estreito dos Dardanolos (?) uma Polónia independente (13) criação de uma Sociedade Geral das Nações;

14 pontos de Wilson Sistema de segurança colectiva; Democracia; Autodeterminação e liberdade.

Múltiplos problemas de aplicação. Posição dos beligerantes:

Alemanha

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Forças Armadas Aliadas (General Foch – mal em relação aos 14 pontos) Inglaterra – é preciso equilibrar as forças da europa França

3.)A Conferência de Paris (18 Jan – 28 Jun 1919)o Quem participa só os vencedores;

país excluído – a Rússia revoltada com o “clube dos capitalistas”; exclusão dos derrotados.

o Protagonistas- Wilson (EUA): “A estrela da conferência” (Kissinger)- Clemenceau (França)- Lloyd George (Reino Unido)- Orlando (Itália)- (Japão)

o Questões a solucionar- Termos da paz- Novo mapa da Europa- Sistema de segurança colectiva

o Negociações- 6 meses + 1500 sessões- grupos de trabalho

Conselho Supremo (França + GB + EUA + Itália)Conselho dos Cinco (4 + Japão)Conselho dos Dez (Chefes de Estado + MNE dos 5)Comissões técnicas: reparações, desarmamento, portos, minorias…

o Dificuldade nas negociações- Problemas formais- Divergências entre os vencedores (França/GB/Itália/Japão)

o 5 de Maio de 1919: o tratado é enviado aos alemães.o 28 de Junho de 1919: assinatura do Tratado de Versalhes.

França – questão das fronteiras, esmagar o poder alemão e redefinir as suas fronteiras. Estado tampão – de forma a evitar outros ataques alemães. Negociações extremamente complicadas.Britânicos subestimam as preocupações de segurança dos franceses. Franceses vão exigir um tratado sobre a preservação das suas fronteiras.Ingleses – evitar a hegemonia francesa no continente europeu;

- evitar o avanço do Bolchevismo- o desaparecimento da Alemanha como potência iria facilitar isto.

Ingleses debatem-se para que a Alemanha se recupere – mega “estado tampão” – impede a passagem de problemas

Japão e EUA (tensões) - ameaçam boicotar, desencadear uma nova guerra no pacífico.Tratado de Versalhes – assinado nas Galerias dos Espelhos do Palácio de Versalhes

O Tratado de Versalhes 440 cláusulas – dividem-se em 3 tipos de cláusulas

28 de Junho de 1919

Cláusulas territoriais – uma nova geografia europeia.o Alemanha perde: 15,5% do seu território;

10% da sua população e fica dividida. o Ocidente

- Alsácea Lorena (cedida à França)- Eupen e Malmédy (cedidas à Bélgica)- Sarre (dependente da SDN por 15 anos; referendo em 1935)

o Leste- Posnânia e parte da Prússia oriental (cedidas à Polónia)- Dantzig (cidade livre administrada por um funcionário da SDN)

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o O destino de algumas regiões fica dependente da realização de plebiscitos (votações) Slesvig

Plebiscito em Fev./Março de 1920; Divisão entre a Dinamarca e Alemanha.

Sul da Prússia Oriental Plebiscito em Julho de 1920; Divisão entre a Polónia e Alemanha (Allenstein 97% votam pela AL.)

Alta Salésia Plebiscito em 20 de Março de 1921 – vitória alemão Ocupação polaca Intervenção aliada – divisão do território

Sarre (1935)

Novo sistema de segurança colectivaOs Anos de Ouro da SDN

(análise dos sucessos e insucessos na década de 1920/1930)

- Relações internacionais anos 1920 – 1930o Importância o Fases (2 períodos)

1919 – 1933 1933 – 1939 Medo colectivo dos horrores da guerra. Ter em conta o trauma da guerra, o

peso da guerra nestas gerações – factor determinante na tomada de decisões políticas neste período.

Acções tendo em vista prevenir a guerra. Sub-fases:

1919 – 1925: fase de adaptação à paz, guerra fria franco-alemã. 1925 – 1929: sob o impacto da crise. Anos de ouro; SDN colocado no

centro das políticas externas dos países. 1929 – 1933: fim da segurança colectiva e dos “anos de ouro” da

SDN. o Fase de 1933 – 1939: A caminho da guerra: as ofensivas totalitárias.

A sociedade das Nações e a Cooperação Internacional (1919-1933)

- Sucessos (anos 20)

o Na resolução de algumas disputas territoriais: Retirada das tropas jugoslavas da Albânia (1921); Finlândia versus Suécia: Ilhas Aland (soberania finlandesa, 1921); Alemanha versus Polónia Alta Silésia (divisão, 1921); GB versus Turquia: Campos petrolíferos de Mosul (Iraque, 1922) Região balcânica – Grécia e Bulgária …

o Fomento da cooperação internacional (Aristide Briand – Prémio Nobel da Paz; Ministro dos Negócios estrangeiros franceses)

o Limitação dos armamentos navais (GB, Japão, França, EUA e Itália) Conferência Naval de Washington (GB, Japão, Franca e EUA – 1922) Conferência Naval de Londres (1930 – junta-se a Itália)

o O pacto Briand-Kellog e a renuncia à guerra (27/08/1928) – enquanto instrumento político. Resolver os conflitos por vias pacíficas.

- Problemas

o Fracasso na resolução das disputas territoriais.

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Anexação de Vilnius pela Polónia (1922) Ocupação de Corfu pela Itália (1923) Guerra da Chaco-Bolívia versus Paraguai (1932-1935)

o Fracasso do Protocolo de Genebra (2/10/1924) Objectivo: aumentar as possibilidades de arbitragem da SDN. França defende que haja uma força militar da SDN. GB recusa – sanções económicas bastam para resolver o problema. Fracassam também as possibilidades de ampliar a identidade da SDN.

o A redução dos armamentos terrestres Fracasso da Conferência de Desarmamento (Fev. 1932 – Out. 1933) Desacordo quanto à definição das categorias do material de guerra Intransigência francesa e exigências alemãs (Hitler) = suspensão da conferência 1933: reabertura dos trabalhos e retirada da Alemanha da SDN.

O “Problema alemão” na década de 1920

- A crise políticao 1918, Nov: Républica de Weimar (democracia) – nasce associada à vergonha da derrota,

assinou o “vergonhoso” tratado de Versalhes. A situação em termos internos era frágil. Falta de credibilidade interna. Fragilidade do novo regime.

o 1919, Jan: tentativa revolucionária do Mov. Spartacus, violentamente reprimida. o 1919, Ago: constituição da Républica de Weimar (demo-liberal) instabilidade política.o O problema territorial – Versalhes impõe novas fronteiras à Alemanha. Porém os alemães

nunca reconheceram essas novas fronteiras.o O problema financeiro e as reparações de guerra (após o Tratado a Alemanha tinha de pagar

132 biliões de marcos-ouro). A crise financeira e a “grande inflação”. Pesadíssimos empréstimos que a Alemanha tinha contraído para a Guerra. Queda do valor da moeda. Conf. de Londres (1921): 132 biliões de marcos-ouro. Posições face às reparações:

França – má Inglaterra – não quer a hegemonia francesa, por isso, mais

“pacífica” Alemanha – incapaz de pagar e explora a discrepância. Pedem

que seja adiada.

Poincaré e a ocupação do Ruhr (Janeiro 1923 – 1925). Ingleses pedem aos franceses que sejam mais “queridos”, primeiro-ministro não o vai fazer. Poincaré ocupa a indústria do Ruhr (empresas e grandes minas) e vai buscar os seus recursos. A GB recusa-se a apoiar a França. Os alemães pagam aos trabalhadores para deixarem de produzir. Resistência pacífica. Os alemães percebem que se resistirem a pagar vão ter problemas. Por isso mais vale estarem do lado de franceses. Morte política de Poincaré.

Herriot, e a nova atitude francesa – vai ter outra política em relação aos alemães.

Nova estratégia desencadeada por Stressemann – a nova atitude alemã: Stresemann (diários) A melhor maneira de rever o Tratado de Versalhes é cooperando, aproximando-se dos países vencedores. Atitude de concialização vai dar rapidamente os seus frutos. Revisão da questão das reparações alemãs.

O plano Dawes (1924) o Charles Dawes + Owen Youngo Recomendação de reorganização do Reichbank (Banco alemão)o Reparações: pagamentos anuais (suaves)o Concessão à Alemanha de um empréstimo de 800 milhões de marcos-ouro

para que revitalizem a sua economia

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1929 – Plano Yang há uma reformulação da dívida alemã. No contexto da grande depressão. Receberam muito mais do que pagaram nas reparações.

Tratado de Locarno (Out. 1925): França, Bélgica, Alemanha, GB e Itália.

Alemanha aceita as determinações do Tratado de Versalhes relativamente às suas fronteiras ocidentais. Aceitam desmitilarizar a região da Renânia. Em troca, determinam o fim da ocupação da cidade de Polónia e o fim da inspecção/fiscalização aliada ao poder militar da Alemanha. É neste contexto que a Alemanha entra na SDN. Este acordo questiona o próprio Tratado de Versalhes.

Anos de Ouro o Admissão da Alemanha na SDN (10.09.1926) (França começa a procurar

aliados)o Pacto Briand-Kellog (27.08.1928)

A Grande Depressão e as suas consequências

Impacto da crise de 1929o Impacto político e redução da cooperação internacional – a crise vai-se

propagar por todo o mundo. Crise económica com alguns conflitos políticos.o 2ª Guerra Mundial começou com o Japão

A Crise da Manchúria (China desde 1904 – Guerra Rússia e Japão) (Setembro 1931)o Impacto da crise no Japão – “acusa” os ocidentais de a culpa ser deles. o Crescimento das facções militaristas o Ocupação da Manchúria – pretexto: uma sabotagem na linha do caminho de

ferro – “vão defender os seus interesses”. Ambos pertenciam à SDN – sonda de posições para ver o apoio à China ou ao Japão.

o Posições face à invasão: China, GB, EUA, SDN. - a Inglaterra não fica do lado da China. A SDN adia o problema, discutir o caso. A comissão descobre que quem sabotou os caminhos de ferro foram os próprios Japoneses. SDN diz ao Japão para se retirar (Manchúria), mas o Japão retira-se é da SDN.

o Japão: abandono da SDN (1933) A Ascensão de Hitler ao poder (1933)

o A crise – passos finais para que os nazis ascendam ao poder alemão. O que se passa a partir de 1932/33 em termos de relações internacionais. Noções:

1.) Ter sempre em conta a questão do trauma da guerra. Políticos empenham-se a limites para que uma guerra não volte a acontecer.

2.) Sobretudo nos primeiros momentos (1933 e 1934), Hitler dá um passo em frente (agressão) mas recua. 1 – Tentar a reacção dos outros; 2 – rearmamento camuflado e depois informado ao mundo.

Agravamento das Tensões Internacionais (texto 13)A impotência da SDN e a eclosão da II Guerra Mundial (1933 – 1939)

1.) O Impacto de Hitler

Jan 1933 Hitler, chanceler da Alemanha. Prudência inicial. Conferência internacional de desarmamento – 1932. Desarmamento – SDN – França apresenta um projecto de constituição de

uma força universal que dispusesse de armamento de pesados e arbitragem obrigatória em vez das sanções económicas. O objectivo da SDN é proceder ao darmamento global.

3ª posição: EUA – abolição de quase todas as armas ofensivas e o restante tipo deveria ser reduzido para 1/3. 4ª

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GB – propôs um plano de 200 000 homens nº de efectivos militares das principais potências da Europa. Redução das Forças Armadas dos estados europeus. Aplicava-se à França, Itália e Polónia. Cada um avança com a sua proposta sem concialização. A conferência vai-se arrastando, sendo inconclusiva. Entretanto, os Nazis chegaram ao poder na Alemanha:

Os nazis são intrasigentes. Ou todos os estados se desarmam ou a Alemanha começa a rearmar-se.

SDN não cede perante a exigência.

Out. 1933 – a Alemanha abandona a SDN e a Conf. Mundial de Desarmamento.

26 de Janeiro de 1934 – Para tranqulizar os países europeus, Hitler assina um pacto de não agressão germano-polaco.

Mecanismos da diplomacia.

SDN deixa de fazer intervenção efectiva-

Polónia era aliada da França, desde os anos 20. Nasceu na 1ª Guerra Mundial da Rússia e do Império Alemão. Polónia tinha medo de ataque de leste da Rússia e não estava segura em relação à Alemanha. Regiões habitadas por alemães.Polónia – razões:

protecção face à Rússia e à Alemanha.

Intenções de Hitler? - Evitar um estreitamento entre a França e a Polónia e trazer a Polónia para a sua zona

de influência.- GB interpreta bem as inteções de Hitler, que Hitler é um pacifista - “aproximação” à

europa – política externa, alinhada com a SDN (pensamento britânico)- Porém não há nada definido em relação as fronteiras… - França – desconfia – começa a pensar na possibilidade de uma guerra.

o Estreitar lanços com países de Leste;o Começam a dar atenção ao armamento.

25 de Julho de 1934 – Assassinato de Dolifus (primeiro-ministro; não era democrata, mas temia muito o poder Nazi). Regime austríaco era um regime autoritário. Dolifus ilegaliza o nazismo na Áustria; conduz ao seu atentado em que é assassinado.

O primeiro a reagir é Mussolini. Na tentativa de evitar qualquer avanço das forças nazis. Une-se aos franceses, não admitindo a perda da independência da Áustria (Medo de que os alemães avançassem para Áustria). Anti-nazismo na Europa. Hitler ainda não tinha chegado ao poder. Hitler é obrigado a adiar o pano de anexar a Áustria. Vai ter que ser mais subtil. A posição interna de Hitler consolida-se – está seguro, pode tomar outro tipo de decisões e vai tomá-las e afirmar-se.

Set. 1934 a URSS é admitida na SDN. Bazar de Estaline – neste momento torna-se o parceiro que todos querem ter. Os outros países pensam que a Rússia é uma grande potência.

Jan. 1935 Devolução do Sarre à Alemanha – enorme trunfo para a Alemanha nazi.

16 de Março de 1935 Hitler restabelece o serviço militar obrigatório. A Alemanha está a rearmar – anúncio ao mundo. As claúsulas do Tratado de Versalhes desmoronaram-se. Forças Armadas dispunham de 400 000 efectivos, implementados programas de expansão da marinha e da força aérea. Alemanha ignorou Tratado de Versalhes.

11 – 14 Abril de 1935 Conferência de Stresa (Itália) (Itália + GB + França) - Mussolini foi um dos principais promotores – é uma frente anti-

germânica;

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- Condenam a atitude alemã, o rearmamento;- Reafirmam a independência da Áustria, a atitude alemã é

condenável;- Éfemera aliança anti-germânica.

Maio de 1935 Hitler faz um novo discurso, a Alemanha não tem intenções expansionistas, os países podem estar tranquilos. GB cai. França, céptica, prepara-se efectivamente.

2 de Maio de 1935 Acordo franco-soviético (pacto de auxílio) – (GB anti bolchevista)

16 de Maio de 1935 Acordo entre a Rússia e a Checoslováquia (que já era aliada da França)

Junho 1935 Acordo naval anglo-alemão. A própria Inglaterra nega o Tratado de Versalhes – os alemães agora podem ter uma frota de guerra, podem ter submarinos.

2.) O Colapso da SDN

Out. 1935 Invasão da Abissínia (Guerra da Etiópia – 3/10/1935 – 5/5/1936)- Invasão pela Itália;- Acto de agressão não provocado;- Ambos membros da SDN;- SDN não podia ficar indiferente;- SDN coloca sanções económicas. - Mussolini fica irritado. Afastamento da GB e França. Em termos práticos

provocou a embirração da parte de Mussolini.- A partir deste episódio ficou patente – a capacidade de intervenção da SDN é

completamente nula.

7/03/1936 As tropas alemãs entram na Renânia.

O Governo francês protesta mas não toma nenhuma medida prática porque não sabe se os Ingleses os vão ajudar no caso dos alemães atacarem. O governo inglês acha natural a Alemanha ocupar a Renânia. A Polónia e a União Soviética manifestam solidariedade em relação à França – alianças a serem criadas. Prestígio de Hitler cresce. Estratégia privilegiada para atacar a França.

Julho de 1936 Guerra Civil de Espanha (até Abril de 1939) – sinónimo da tensão das relações internacionais.

17/07/1936 – levantamento em Melilia de Ceuta. 26/01/1939 – conquista de Barcelona 28/03/1939 – conquista de Madrid 1/04/1939 – Fim da Guerra. Hitler testa nova estratégia – bombardear primeiro e depois avançar por terra. Hitler

fornece os aviões. França e GB mandam observadores para a Guerra Civil. Apoio claro da União

Soviética. Apoio claro de jovens americanos etc contra o avanço de forças nacionais. Voluntariam-se para combater; transcendeu as fronteiras de Espanha. Transformou-se numa guerra internacional, ensaio do que acontecerá na 2ª Guerra Mundial. Deixa patente o estado anárquico e tenso das forças internacionais.

Julho de 1936 Ano de vitórias para Hitler. - A Áustria aceita que a Alemanha supervisione a sua política externa (Anexação total) –

Medo de serem invadidos e pela constante pressão alemã (todos tinham percebido que a Alemanha queria invadir a Áustria, era uma questão de tempo).

- Ocorrem os jogos olímpicos. Alemães com muitas medalhas (teoria da raça ariana).

Nov. 1936 Eixo Berlim – Roma - acordo de cooperação política, militar, diplomática.

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- Pacto Anti-Komintern (Alemanha – Japão) – aproximação entre 2 estados. O que os unia era o desejo comum de travar o comunismo à escala mundial.

- Crescente poder da Alemanha nazi.- A economia alemã já estava praticamente recuperada. - Rearmamento – ritmo muito rápido.- Popularidade de Hitler tinha atingido o seu máximo – sucessos de

1936.

Julho de 1937 Guerra entre a China e o Japão (zona de influência japonesa no pacífico) - A SDN não tem acção; a sua capacidade de intervenção é nula. - A Guerra já começou efectivamente no pacífico.

Qual a estratégia da GB neste período (1936 – 37)? 1) Estado tumultuoso dos relacionamentos internacionais;2) Guerra pacífico.3) Guerra civil de Espanha.4) Chamberlain e a sua polítca de apaziguamento – propõe-se a meter ordem nas rel.

internacionais de maneira a atingir a paz.

Maio 1937 Chamberlain, primeiro-ministro britânico. - Hitler faz-lhe a vida negra;- Política de apaziguamento.

Ter em conta – para a política de apaziguamento – evitar a guerra e manter a paz:

1) O horror da Guerra – horror generalizado a uma 2ª Guerra Mundial;2) Existia nomeadamente na opinião pública britânica que o Tratado de Versalhes fora

demasiado duro para a Alemanha;3) Tinham-se depositado grandes esperanças na SDN e esta verificava-se irrelevante;4) A opinião pública britânica manifestava-se constantemente contra o rearmamento

britânico; 5) Aliado – França (fragilidade) – único aliado firme da GB era díficil (Tinha Hitler às

portas) – crescente pressão nazi na França. 6) O próprio estado das Forças Armadas britânicas – extremamente debilitadas

Chamberlain ao actuar parte do princípio que era necessário ceder a algumas pretensões de Hitler para manter a paz. Hitler fica desconfiado, pensa que a GB se quer intrometer nos seus planos militares. Reúne-se e começam a preparar estratégias com que iriam começar a guerra.

Em 1938, Hitler assume a pasta da guerra. Nomeia Ribbentrop – ministério negócios estrangeiros. Reestrutura o ministério da economia para a guerra. Avançam sobre a Áustria.

12 Março 1938 anexação da Áustria à Alemanha (Anschluss) - Surge com um pretexto – recusa do 1º ministro de deixar 2 nazis

governarem. - Partido nazi tinha crescido enormemente na Áustria.

12 Set. 1938 Discurso de Hitler preconizando a anexação dos Sudetas ao Reich. Sudetas- propaganda nazi desta região, conquista de opinião pública. Checoslováquia era apetecível – coração da Europa – posição estratégica para um desencadeamento de uma guerra. A Checoslováquia estava bem posicionada.

Checoslováquia tinha aliança com a França e com a Rússia – França estava consciente das suas debilidades em termos militares (não estava preparada para a guerra com a Alemanha) – muito mais preocupados em manter a paz do que entrar em Guerra com Alemanha.

Posição diferente é a de Lenine. Os russos querem ajudar a Checoslováquia. Política externa claramente anti-nazi.

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As condições geográficas (Polónia e Roménia – tinham de atravessar) Roménia era claramente anti-bolchevique e as condições técnicas não eram favoráveis. Intervenção do exército russo era muito arriscada. GB – política de apaziguamento, não tinha aliança com a Checoslováquia, também não se vai envolver. Chamberlain tenta resolver pela paz. 15 Set. 1938 Encontro de Chamberlain com Hitler. Acordo sobre que medida tomar. Nem a França, nem a GB querem guerra. Russos querem ajudar mas não podem.

22 Set. 1938 Encontro de Chamberlain com Hitler. Novas exigências de Hitler – anexação imediata (sem fase de adaptação)

29-30 Set. 1938 Encontro de Munique (Al + GB + França + Itália) - Decide-se o destino da Checoslováquia e dos Sudetas- Os próprios nem sequer estão presentes- França e GB cedem a todas as exigências alemãs, anexação da região dos

Sudetas ao Reich- Chamberlain acredita que aqui ficou celada a paz- Deladie (francês) – guerra inevitável- Acordo insignificante para Hitler.

15 de Março 1939 Invasão da Checoslováquia – “convidado a reestabelecer a ordem na Checoslováquia”.

Chamberlain publicamente condena a Alemanha – Adeus política do apaziguamento.

21 Março 1939 Hitler exige a reanexação da cidade livre de Danzing (Polónia) – França e GB decidem apoiar a Polónia – travar o avanço da Alemanha nazi. Neste momento todos perceberam que a guerra era uma questão de dias.

31 Março 1939 GB e França prometem ajuda à Polónia no caso de ameaça à sua independência.

7 de Abril 1939 A Itália invade a Albânia.

Escalada clara sobre a Checoslováquia. Próximo passo – Polónia.Itália – Albânia. A GB e a França oferecem o seu apoio à Grécia, à Turquia e a Roménia (mapas). Face às forças de Mussolini (Itália fascista).

Rede, potencial aliança de união contra a Alemanha e a Itália. Forte debate no parlamento britânico sobre a posição da GB em relação à União Soviética. Churchill defende uma aproximação com Estaline. A segurança da Europa está em causa. Favorável ao acordo com a União Soviética (US). Conversações com Estaline e com Molotov (ministro dos negócios estrangeiros) – o acordo fracassa. A união soviética percebe que a única maneira de não se aniquilar era aliar-se à Alemanha.

Meados Abril 1939 Início de conversações entre a URSS e as potências ocidentais.

22 Maio de 1939 Pacto de Aço (aliança reforçada) – aliança política e militar de 10 anos entre Itália e Alemanha.

23 Agosto 1939 Pacto de não-agressão entre a Alemanha e a URSS (Ribentropp + Molotov)

Pacto fachada para ganhar tempo. Hitler queria ganhar tempo. Estaline queria ganhar tempo para organizar o exército. Os russos sabiam que mais cedo ou mais tarde tinham a guerra à porta.

1 Set. 1939 Invasão da Polónia

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3 Set. 1939 A França e a GB declaram guerra à Alemanha.

Décadas de 1920 – 1930

Retirada da democracia emergências de regimes alternativos esses regimes também diferem entre si, nos seus conteúdos, base ideológica, etc. Regimes que nasceram na conjuntura do pós-guerra.

(longe de ser um tema consensual) – desenvolvimento de propostas de rotular os regimes.

3 Tipos de regimes: 1.) Democracias2.) Autoritário 3.) Totalitarismos

Todos conceitos não estáticos.

1.) Democracia conceito de 1914 é diferente do de agora. divisão dos poderes, conceito de igualdade, liberdade.

o O povo é que “manda”o Universalidade e /ou igualdade recusa de todas as discriminaçõeso Sufrágio universal e universalização da participação políticao Soberania popular; as massas são soberanas.o Direito a um governo representativo livremente escolhido por essas

massas.o Alargamento das liberdades públicas e individuais para todos os

cidadãos.o Perante a lei todos são iguais. Igualdade civil, social, judicial… o É esta a proposta política que tinha evoluído, esse regime revela-se

inadequado às realidades que enfrentavam.

2.) Autoritário as ditaduras existem desde a antiguidade, porém estes regimes são específicos do séc. XX

o São regimes de elite. Elites dominantes (manter-se no poder e perpetuar o seu poder)

o Ascendem ou tomam poder conforme os casos, vão restringir os seus adversários, controlar a imprensa, a população em geral. o objectivo é manter o seu poder e a sua riqueza.

o A tradição é uma marca fundamentalo A existência de centros de poder rivais (como sindicatos ou partidos

políticos) é muitas vezes permitida, embora seja fortemente controlada. o Regimes conservadores manter ou restaurar as tradições nacionais.

Manter o status quo.o Os estados autoritários conformam-se com um estado mínimo.

3.) Totalitário ao extremoo Terroro Partido único – papel central, estruturalo Expansionismo o Completo controlo da imprensa e dos sindicatos

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o Líder carismáticoo Anti-tradição – aposta na modernidadeo Contra o total das vidas das pessoas – interferem nas vidas das

pessoas, até nos tempos livres – vida privada. o O papel das massas e a relação entre os ditadores e essas massas.o Com a 1ª GM as massas emergem como actor político. Líderes políticos

têm de aprender como lidar e gerir as massas. Participação das massas na vida pública; reivindicações de participação política.

o Ominipresença do Estado – ideia de que o indivíduo está ao serviço do Estado.

o Imposição de uma ideologia fundadora.o Uso da força e da violência.o Líder carismático – peça central do regime. o Acção por etapas patenta na forma como os regimes se implatam –

pressupõem uma rotura com as estruturas existentes. Por isso, são implementados por etapas (mais longas/breves consoante as conjunturas em que ocorrem).

o Compromissos com as elites dominantes (ou se convertem ao regime ou são eliminadas).

Crise da democracia – é um dos aspectos centrais a ter em conta. A democracia foi a vencedora da 1ªGM. Quando chegámos a 2ªGM o nº de países onde a democracia consegue sobreviver é muito reduzido.

1919 1ª experiência desta tendência de vaga de ditaduras com a Polónia

Europa, 1920 apensas 2 países não são democráticos (Rússia e Hungria) em todos os restantes 26 Estados europeus existem parlamentos, leque de partidos políticos, nº de garantias dos direitos individuais, sufrágio universal.

1938 16 ditaduras na Europa. Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Áustria, Hungria, Jugoslávia, Grécia, Bulgária, Polónia, Rússia, Turquia, 3 Estados Bálticos (Estónia, Lituânia, Letónia)12 – mantinham regimes democráticos. 7 vão deixar de sê-lo entre 38-40.

1940 nem meia-dúzia de democracias que atravessam dificuldades.

Restrição do espaço demográfico – tem de ser entendida no conceito da guerra e do pós-guerra (crise democracia) Europa despedaçada, desorganizada em termos económico-financeiros. Surgimento de novos estados. Tratados de paz mudaram drasticamente o mapa da Europa antigos impérios (maioritariamente autocráticos) são desmembrados possibilitando a existência de novos estados (adaptam regimes democráticos) triunfo dos estados liberais na guerra

Nesses novos estados:Regimes autocráticos são substituídos por monarquias constitucionais/républicas democráticas(Democracia foi imposta)

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Page 23: História Contemporânea

Gravíssimas tensões sociais que percorrem o mundo do pós-guerra tratados de paz (revoltados e decepcionados com os tratados)

A Democracia triunfa no fim da 1ª GM mas as novas realidades do pós-guerra, os diferentes contextos nacionais, vão revelar as fragilidades dessa nova realidade democrática. Causas internas:

o Crescentes dificuldades dos regimes e das ordens democráticas em resolver os problemas básicos dos países afectados pela guerra

o Diferentes sinais de fraqueza que a democracia vai manifestar a partir dos anos 20

advém essencialmente da inadequação dos princípios e das instituições da democracia às circunstâncias, aos problemas e às disposições desse período)

a descrença dos partidos democráticos a falta de verdadeiros líderes políticos na ordem democrática

(Churchill – só é primeiro-ministro em 1940)

Causas externas:o Surgimento de modelos messiânicos de paraíso político – revolução

bolchevique. Sectores operários; modelos nacionalistas – fascista, nazista que começam a proliferar nos países.

o A profunda crise que a Europa apresenta nos anos 20. A democracia não resolvia os problemas. Regimes totalitários surgiam como viáveis para os problemas que a Europa atravessava nos anos 20.

o Mesmo os países que permanecem democráticos, a democracia atravessa grandes crises; dificuldades múltiplas e movimentos de agitação começam a ter grande sucesso (Inglaterra, Bélgica, França – quantos governos teve – sintoma da crise democrática)

A Europa das Ditaduras Crise da democracia – paralelo sucesso dos novos regimes

Décadas de 20 e 30:o Ditaduras conservadoras (epidemia de ditaduras)o Autoritárias por oposição ao totalitarismo dos regimes italiano e alemão.

1ª vaga – impulsionada pelo surgimento do novo regime italiano – déc.20 2ª vaga – impulsionada pelo nazismo – déc. 30

Geografia:Vagas que atingem sobretudo a Europa Ocidental e Central que for a completamente reorganizada depois da guerra (+ Estados Bálticos) torna-se muito forte e atinge também a Europa meridional

O autoritarismo atinge os novos países nascidos dos tratados de Paz.

Fragilidade do sistema democrático na Europa Oriental e Central

Adopção de regimes democráticos nos países surgidos do desmembramento dos impérios – feita sem discussão

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Page 24: História Contemporânea

- Não estavam preenchidas as condições elementares para que regimes parlamentares pudessem funcionar correctamente.

Nunca tinham tido práctica democrática – as pessoas não estavam habituadas a escolher os seus governantes. Baixíssimo nível de instrução – maioritariamente analfabéticas. Rivalidades étnicas que vão dificultar a vida às instituições.

População rural, pobre. Elites média-alta eram muito pequenas.- Rapidamente as instituições parlamentares e democráticas são substituídas por autoritárias.

Outras situações: Existia instabilidade interna; O autoritarismo sente-se apoiado por esta vaga mais ampla. (contágio das

ditaduras)

A Vaga de autoritarismos na década de 20

Hungria1918 – queda da monarquia – antes da 1ª GM era um império (Áustria)

- período revolucionário = República de Conselhos (bolchevique, Béla Kun – líder)

1919:- Intervenção do exército romeno e derrube de Béla Kun- O poder é entregue ao alm. Nicolas Horthy (ex-chefe da frota austro-

húngara)

Ditadura de Horthy o Ditadura militar e reaccionária.o Eleições teoricamente livres mas existe um partido dominante.o Linha nacionalista e agressiva em relação aos países vizinhoso Regime parlamentar mas não democrático

Polónia

Quase simultânea com a da Hungria. Tratado de Versalhes, renasce como república independente após a 1ª GM.

1918 – 1926

Democracia extremamente frágil. A situação nesta região era alertante (14 governos, queda da moeda, multiplicidade de distúrbios sociais)

- Renasce como república independente (1918)- Regime parlamentar então instituído é frágil.

1926 – Maio – depois de uma “marcha sobre Varsóvia”, o marechal Pilsudski toma o poder com o apoio da esquerda.

Tomado o poder, cedo instaurará uma ditadura militar conservadora “de direita” (1929)

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Ditadura de Pilsudski: (sobrevive ao próprio ditador – morre em 35 e segue-se um regime de coronéis).

Regime “pluralista” mas autoritário Reforço do executivo Reforma administrativa Moralização do exército

Área Balcânica Graves problemas de minorias Ameaça bolchevique (“perigo vermelho”) reforçada pela proximidade da

Rússia A democracia liberal não consegue manter-se por muito tempo

Bulgária

1919: um governo de esquerda – liderado pelo Partido Agrário (esquerda, bolchevique) 1923: golpe militar que conta com o apoio tácito da monarquiaRegime ditatorial e militar de direita

Roménia

1818? – cresce à custa de territórios do Império russo e austro-húngaro 1923 – monarquia parlamentarRegime autoritário de aparência democrática

Jugoslávia

1918 – constitui-se enquanto reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos 1929 – ditadura régia: Alexandre I

a constituição é suspensa abolição dos partidos políticos

Países Bálticos – Estónia, Letónia e Lituânia

Lituânia (1ª experiência de ditadura)

1926 – golpe militar liderado por Woldemarav (tentam desenvolver o culto do líder carismático) 1926 – 1929 – ditadura militar

Bases ideológicas desta nova ordem são muito difusas.

Europa meridional

Espanha

Clima de tensão nos pós-guerra: separatismo catalão, anarquismo operário, Marrocos…

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Page 26: História Contemporânea

1923 – o gen. Miguel Primo de Rivera, apoiado pelo Rei Afonso XIII, decide acabar com o regime parlamentar e institui uma ditadura militar. (ditadura apoiada pelo rei)

Ditadura de Primo de Rivera: regime autoritário e conservador cria uma Assembleia Nacional e uma Câmara Corporativa novo partido: a União Patriótica sistema político difuso (nem democrático, nem muito autoritário)

Portugal

Golpe militar de 28 de Maio de 1926 conduz a uma ditadura militar

Turquia

1922: Mustafá Kemal derruba o sultão 1923: Mustafá Kemal Ataturk, 1º Presidente da República Turca.

Ditadura de Ataturk (líder de excepção):

um só partido: o Partido Republicano do Povo regime republicano, nacionalista, populista, laico e revolucionário programa propunha a modernização do país ambiciosas reformas no

sistema escolar, justiça e direito. A mulher começa a poder ir à escola. Aproximação da Turquia aos moldes de países mais desenvolvidos. Profundas transformações sociais e económicas.

Ataturk é considerado o fundador da Turquia Moderna

Grécia

1926: golpe militar na Grécia, liderado pelo General PangalosBreve experiência mas que provoca fragilidade no regime parlamentar

A vaga de autoritarismos da década de 30 Vitória do nazismo na Alemanha e os laços que estabelece com o fascismo italiano

suscita um processo de imitação em numerosos países

Hungria

1932 – 1º ministro GombosRegime autoritário corporativo, anti marxista, anti-liberal, anti-capitalista.

Polónia

1935: “Regime de Coronéis” (Cor. Beck)Próximo do fascismo italiano

Bulgária

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Page 27: História Contemporânea

1934: Boris III Ditadura militar monárquica

Roménia

1938: Carol II – ditadura régia

Jugoslávia

1934: ditadura régia – Pedro II – endurece as massas repressivas ditatoriais que o pai tinha instaurado no regime anterior

Letónia – 1934: Ditadura de Ulmanis Estónia – 1934: Ditadura de Pats (fascismo; ditaduras bem sucedidas)

Portugal – 1933: Estado NovoEspanha – 1939: Ditadura do general Franco – marcas de autoritarismo em Espanha (saída de uma guerra civil) – muitas diferenças

Grécia – 1936: ditadura régia (Jorge II e Metaxas) características tradicionalistas; consentimento do rei. (algo comum – não é por acaso que quando as ditaduras chegam ao fim, também as monarquias)

Áustria – 1932: Chanceler Dolfuss – estado autoritário e corporativista

Itália Fascista e Alemanha Nazi (texto 11)

Alexander J. de Grand Proposta de síntese de estudos anteriores Análise comparada do regime fascista e nazi

Semelhança entre o caso italiano e o caso alemão: Contexto que proporciona a sua emergência Visão comum da política: “batalha sem tréguas”, em que só o mais forte

sobrevive (Grand) Expansionismo Guerra enquanto elemento central Não existe distinção entre política interna e política externa Dificuldade de viver com o status quo Reeducação da sociedade segundo novos valores Poderosos mitos nacionais ou racionais:

o “Raça” como instrumento para a concretização do estado totalitário Paralelo entre os regimes fascista e nazi

o Nas suas origens, primeiros passos e tomada de podero Na abordagem da organização estatal

Problemas com que o fascismo e nazismo se confrontam o Base social de apoio

Essencialmente classe média = limita a capacidade de ruptura com a sociedade existente

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Page 28: História Contemporânea

Necessidade de estabelecer compromissos e suavizar programas

Fragmentação do estado em centros de poder o Ditaduras altamente personalistas o “Dividir para reinar” - Hitler – ah hoc

O Estalinismo(da revolução de Outubro ao Estalinismo)

Outubro de 1917 Os bolcheviques tomam o poder Início de um longo percurso até à instituição do regime estalinista

Modelo clássico – três momentos na Revolução Soviética

1) Comunismo de guerra (1917 – 1921)2) NEP (1921 – 1927/8) 3) Edificação do socialismo: Estalinismo (1928 – 1939/41)

Bolcheviques chegam ao poder Decretos (sobre a paz, fim da guerra, reivindicações – terra, pão, nacionalidades…)

1ª Guerra Civil e Comunismo de Guerra(1917 – 1921)

Bolcheviques detém o poder, liderados por LENINE.

Primeiras medidas revolucionárias:

Outubro: Decreto da paz (abertura de negociações) Decreto sobre a terra (colectivização dos campos) Decreto sobre a milícia operária (unidades de guardas vermelhos)

Novembro Decreto sobre o controle operário: controlo das empresas Decreto sobre as nacionalidades: igualdade de todos os povos do império

Medidas – conquista das massas populares (ministro negócios estrangeiros – Trotski)

Março – Paz de Brest-Litovsk (3 Mar. 1918) - desemprego dos que regressam da guerra. Perdas da paz. Vêm contra o Bolchevique

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Page 29: História Contemporânea

12.03.1918 - governo soviético move o petrógado para Moscovo

Guerra Civil

Causas: desmobilização dos exércitos, dificuldades de “reintegração”, clima de desordem (habilmente aproveitado pelos anti-bolcheviques)

Criação de um governo anti-bolchevique (2 Agosto 1918) “Brancos” vs “Vermelhos” Bolcheviques economia de guerra e direcção autoritária

1) Bolcheviques – economia de guerra e direcção autoritária: Abandono do controlo operário Esforço do aumento do rendimento e de produtividade Criação de comités de camponeses e requisição do trigo Suspensão da colectivização das terras

2) Todo o trigo é agora atribuído ao Estado. A propriedade dos campos passa a ser do Estado. Economia de guerra:

Enorme crescimento do Estado Direcção autoritária Estado passa a controlar os meios de produção e limita ao mínimo a

iniciativa privada Toda a actividade económica é controlada pelo estado Adopção da via da autarcia (evitar dependência do exterior, fechar

fronteiras)

O Estado é o único produtor e o único distribuidor. Tipo A, B, C, D, cada um recebe (alimentos, roupas) de acordo com a categoria a que pertence.

Os Aliados decidem retirar as suas tropas da Rússia (Março 1919) 1920 Nov (inverno rigoroso): Fim da Guerra Civil

Nova Política Económica(1921 – 1927)

Dificuldades do pós-guerra

18.03.1921: X Congresso do Partido Comunista Russo: Lenine introduz a NEP

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Page 30: História Contemporânea

NEP é concebida através de um recuo temporário e sectorial de alguns princípios bolchevistas para reestabelecer a economia. Recurso de actividade estratégico, tendo em vista o fortelecimento da economia russa. Concessões à ordem dita capitalista.

Ex: Comités de requisição de trigo – em vez de requisitarem o total de produção, requisitam apenas uma parte do excedente Camponeses vendem reestabelecimento do comércio

A colectivização é temporariamente suspensaRecurso a capitais de estrangeirosCampo livre à iniciativa privada

deixa a parte mais esquerda chateada com a NEP

No entanto, o Estado continua a deter o monopólio dos transportes, bancos, grande indústria e comércio externo.

Impacto das medidas: Reconstituição da média propriedade – ressurgem os kulaks (médios

proprietários) Surge uma nova classe social – nepmen – novos comerciantes

NEP Princípios base Medidas Resultados

2 ex: carvão (a produção de carvão triplica) e petróleo (duplica)

Taxas de desemprego descem vertiginosamente Coloca-se em circulação uma nova moeda

1922 Março – Abril: XI Congresso do Partido: Estaline: Secretário Geral do Comité: Central do Partido Comunista (até 1953)

30.12.1922: Formação de União das Repúblicas Soviéticas Socialistas

21.01.1924: Morte de Lenine. Quem o sucede? Porquê Estaline e não Trostski?

Estaline fez uma “campanha”. Trotski sonha com a revolução permanente e universal. Estaline – interna. (uma das muitas diferenças entre Estaline e Trotski)

31.01.1924: Constituição de 1924

Confronto Estaline – Trotski

1927 Nov – Dez: Trotski é expulso do partido, posteriormente será exilado (1928) e assassinado.

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Page 31: História Contemporânea

XV Congresso do Partido Comunista - Estaline assume o controlo.

Nova etapa da história da Rússia – gera-se um regime totalitário – estalinismo

Estaline e a Era da Socialização (1928 – 1941)

um partido – um estado ideológico – um sistema de controlo

a) Partido único e Ditadura do Partido b) Culto do líder carismático c) Planificação económicad) Controle da população (polícia secreta, papel desta no regime)e) A eliminação da oposição e a política de terror

Purgas – de cariz socioeconómicoKulaks – primeiras vítimas do estalinismoPurgas estalinistas – processos de moscovo (eliminação de inimigos reais e imaginários)Terror funciona como elemento de manutenção do regime

Aula para totós Contextualização anos 20 e 30 (crise de 29) da Itália e Alemanha

Características no Novo Regime

Caso italiano:

1) Inicial ausência de ideologia Mussolini: “a nossa doutrina são os factos” (1919); a acção prima sobre

a palavra (1924) 1929 – 1930: “doutrina” fascista = ideias simples e demagógicas

o ideias que tentam responder às inquietações das pessoas – um dos sucessos do regime

2) Culto do líder carismático (comum aos 3 regimes totalitários referidos)

Acentuado personalismo em torno da figura de Mussolini; mística do poder pessoal (quando eles desaparecem o regime desaparece – o líder é o elo de ligação)

A imagem do líder segundo a propaganda Presença quotidiana da figura do líder

o Locais públicos – fotografiao “superioridade” da sua proposta pública sobre uma democracia

que não funcionava

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Page 32: História Contemporânea

3) Ditadura pessoal e concentração de poderes

Duce: poder não regulado por nenhuma norma Esvaziamento das antigas instituições Acumulação de poderes nas mãos de Mussolini Mussolini: o condutor da acção

Rei(consevado a título histórico)

-Duce – Mussolini

-Grande Conselho Fascista (farsa)

Candidatos à Câmara de deputados Direcção do PNF Chefe do governo (na práctica era o Mussolini)

4) Exaltação do Estado e do Partido Fascista protector dos mais fracos

Estado: instrumento dos fortes, garantia dos fracos autoritário, centralista prevalece sobre os interesses individuais

Partido único Instrumento de realização do estado totalitário Filiação obrigatória Partido = vanguarda Partido = “Milícia civil ao serviço do estado Fascista”

o Diferença entre regimes autoritários – tradicionais

5) O Estado corporativo Corporativismo – concepção orgânica das sociedades fazem parte de um grupo. A, B e C desaparecem. O indivíduo não interessa o conjunto de grupos que actua é que faz a sociedade Individualismo como fonte de preverção

- Estado em que os membros estão organizados/representados, não numa base local como cidadãos, mas como produtores de riqueza a trabalhar num determinado ramo de comércio, indústria ou profissão liberal

- A harmonia social é garantida pelo Estado (= enorme intervenção) - Carta di Lavore (1927)

6) Primazia do irracional

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Page 33: História Contemporânea

- Desprezo pelos valores intelectuais, morais e sociais - Concepção anti-igualitária da sociedade

7) O objectivo do Estado Fascista era criar não só uma nova sociedade como também um homem novo. Transformação, novas ideias, encarnação moderna das antigas virtudes do Homem Romano. “revolução cultural” para promover o “homem novo”

8) Nacionalismo exarcebado sacralização do conceito de Nação fomentado através de propaganda e controle de opinião pública

9) Meios de controle da população (rádio) Comunicação social fortemente controlada Rede de organizações de mobilização e enquadramento

o Opera Nazionale Balilla (M, 8-14) o Piccole italiane (F, 8-12)o Avanguadosto (M, 15-16)o Giovani Italianeo Gruppi Universitari Fascisti

Monopólio Sindical (criação dos sindicatos fascistas) Intervenção do estado na vida privada

10) Expansionismo e Imperialismo agressivo - Política externa: da “política de boa vizinhança” à “agressão” (Stresemann) - Economia: da livre iniciativa ao controle estatal (tanto Hitler como o

Mussolini não eram contra o capitalismo. Mas via da autarcia)

A Ditadura Hitleriana

O estado totalitário é levado ao extremo

a) Culto do Fuhrer (líder carismático)

culto do líder facilitado pela estrutura social alemã (organização) o A liturgia hitleriana tem grande sucesso e é mais intensao Sinal: a saudação “Heil Hitler” é obrigatória em todas as

circunstâncias Os meios do Estado põem-se ao serviço da sua divinização. Hipnose

social.

“80 milhões de seres foram privados da sua independência mental. Assim foi submetê-los à vontade de um homem” Albert Speest

O Culto do Fuhrer apoiou-se em 5 pilares:

1) Era a personificação da nação, acima das posições egoístas dos partidos 2) Foi o artíficie do milagre económico alemão (combate ao desemprego)3) Representa a justiça popular 4) Era o defensor dos direitos da Alemanha numa Europa que a tinha humilhado

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Page 34: História Contemporânea

5) Na guerra, recurso inevitável para que a Alemanha recuperara o seu status, demonstrou virtudes de génio militar

b) O Partido Nazi (2º grande pilar do estado totalitário)

Rápido crescimento do partido Nº de filiados: 1933: 850 mil 1939: 5,3 milhões

Rápido processo de instituição do partido único Decreto de Julho de 1933 “o único partido existente na Alemanha é o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães” – extremamente burocratizado

NSDAP o Máquina burocrática o Fortemente hierarquizado (Hitler distribui o poder – lutas

entre dirigentes) o Penetração em todos os níveis da sociedade (tal como na

Itália)

c) A domesticação da cultura

Instrumentalização da cultura num grau muito superior ao verificado em Itália Os jovens eram doutrinados nas escolas e nos centros “Adolf Hitler”

(formação dos quadros dos partidos) Grandes vultos da cultura e da ciência são obrigados a exilar-se:

Albert Einstein Thomas Mann Bertold Brecht

Os livros considerados subversivos foram queimados

Nada escapa ao controle dos hierarcas alemães- A utilização da rádio como via privilegiada da propaganda

oficial (Goebbels)- A imprensa e o cinema são atentamente vigiados e postos

ao serviço do regime- A própria arte é controlada

O regime pretende ser o único inspirador do pensamento individual

d) O racismo

Um dos traços mais característicos do Estado nazi Doutrina racista = óptica do inimigo interior que tinham que ser eliminados

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Page 35: História Contemporânea

e) Organizações de enquadramento da população

as organizações da juventude, como a Juventude Hitleriana, inculcam os princípios nazis aos seus membros

f) Monopólio sindical

o É criado um sindicato único e obrigatório: a Frente de Trabalho o É criado o Serviço do Trabalho = Obrigatoriedade aos jovens de

participar nos grandes trabalhos durante um ano (a partir de 1935)

o A greve é interdita

f) Milícia Política (noite das facas longas)

SA (Sturmabteillung) = têm um papel cada vez mais apagado SS (camisas negras) – poder reforçado

o Funcionam como guarda pessoal de Hitlero Transformam-se num verdadeiro instrumento de totalitarismo o Controlam o exército e a política, e têm ligações à Gestapo o (pessoas altamento seleccionadas, preparadas)

A Estaline e a Era da Socialização(1928 – 1941)

Um partido – um estado ideológico – um sistema de controlo

a) Partido único e Ditadura do Partido

Poder – Partido Comunista Funções específicas do Partido

o 3 grandes funções

1) Orientação e controle da população (enraizado a todos os níveis da sociedade)

2) O partido é o viveiro dos dirigentes do Estado (fornecedor)3) Controle ideológico – função primordial em qualquer estado

totalitário

b) Culto do líder carismático

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Page 36: História Contemporânea

Ponto comum aos regimes de ordem totalitária (análise de imagens de propaganda, etc…)

Líder divinizado Líder protector e iluminador dos povos. Imagem de proximidade

c) Economia Planificada (sistema alternativo ao sistema capitalista ocidental) Hobsbawn –crise 29

1928 – 32: I Plano Quinquenal o colectivização forçada (resistências, deportações)

Taxa de colectivização das teorias: 1928 – 1,7 1930 – 23,6 1932 – 61,5

racionalização da indústria e aposta no desenvolvimento da indústria pesada

1933 – 1937: II Plano Quinquenal: indústria ligeira e de bens de consumo Produção duplica – ilha do mundo em crise

1938 – 1942: III Plano Quinquenal: indústria pesada, centrais hidroeléctricas e indústria química eclosão da guerra

Colectivização dos campos – acabam-se com os kulaks processo que tem resultados bastante rápidos. Experiência das

cadernetas de trabalho atribuição de bens dependia do desempenho de cada funcionário

(surgem também os prémios de produtividade) Transcende o âmbito nacional. A própria imagem da união soviética

muda Imagem de ordem, eficácia, eficiência

d) Controle da População

e) Polícia Secreta

1917: Cheka – Comissão Russa Extraordinária para Combater a Contra-revolução, a Especulação, a Sabotagem e a Má conduta nos Cargos Políticos

o durante a Guerra Civil executa cerca de 250mil pessoas 1922: a Cheka é substituída pela GPU (Administração Política do

Estado), pouco depois rebaptizada OGPU (Administração Política do Estado Soviético)

1934: reorganização da polícia secreta – passa a designar-se NKVD – Comissariado para os Assuntos Internos (dirigida por Genrikh Yagoda)

1954: KGB (Comité de Segurança de Estado)

f) Eliminação da oposição e política de terror

1934, Dez: assassinato de Kirov

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Page 37: História Contemporânea

Processos de Moscovo (1936 – 1938) Julgamento e execução de Zinoviev, Kamarev e outros trotskistas por

alegada conspiração contra Estaline. (Agosto 1936) Julgamento de Radek, Pytakov e 15 outros por alegada conspiração

com Trotski e potências estrangeiras. (Janeiro 1937) O Chefe de Estado Maior (Tukachevsky) e outros oficiais são julgados

por conspirarem com a Alemanha. (Junho 1937) Início da “purga” das Forças Armadas que resultará no afastamento de

400 destacados oficiais. Julgamento de Bukharin, Rykov, Krestinsky, Rakovsky e outros líderes

do partido e membros da NKVD acusados de terrorismo, sabotagem, traição e espionagem. (Março 1938)

Quando se chega à guerra não há quem comande as tropas.

g) Instauração de uma sociedade sem classes

II Guerra Mundial – impacto e ruptura (mundo que irá nascer radicalmente diferente)

Longa e mortífera Profunda alteração do mundo Era das duas “super potências” – gigantes que disputam a hegemonia

mundial Guerra Fria

Quem é que criou a expressão “Guerra Fria”? Burstein? Orwell? Swope (jornalista)? Quando é que começou a GF? Definições de GF – Raymond Aaron “ Guerra improvável, paz impossível” Hobsbawn “confronto constante entre as superpotências que emergiram da 2ª GM. Tendo a peculiaridade de em termos objectivos não existir o perigo eminente de uma guerra mundial”

Características fundamentais da eclosão da Guerra Fria: Confronto directo, mas não bélico entre os EUA e a US Estado de tensão latente e confrontos localizados A Guerra Fria foi gerada pela competição entre 2 potências e duas ideologias

(concorrência económica e incontabilidade ideológica) Corrida ao armamento Rapidamente o confronto alarga-se a todo o mundo (um e outro recrutam

apoios e criam áreas de influência) Bipolarização do mundo – divisão do eixo este/oeste. Nos anos 70, norte-sul. Política de riscos calculados Alteração nas fases da GF

o 3 elementos: 1 – Mudanças no poder numa e noutra potência 2 – A relação num e noutro bloco entre políticos e militares 3 – A percepção que Washington e Moscovo tinham um do outro

(potência inimiga e do seu poder)

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Page 38: História Contemporânea

GUERRA FRIA – DE QUEM FOI A CULPA???

A) Interpretações ortodoxas ou tradicionais

Quem a formulou? Herbert Fels – Churchill, Roosevelt, Stalin. The War they waged and the

peace they sought (1957)

De quem foi a culpa? URSS: Responsável pelo início da GF

Argumentos URSS

Potência territorial e ideologicamente expansionista Deseja ampliar a sua influência e poder por todo o mundo Deseja derrubar o capitalismo, a democracia e o mundo ocidental

EUA Limitam-se a reagir às iniciativas de Moscovo Primeiro são condescendentes e tentam a via da cooperação A agressividade/expansionismo da URSS obrigam-nos a mudarem

de atitude

Tese dominante nos EUA e grande parte da Europa nos anos 60.

B) Escola Realista

Quem a formulou? George F. Kennan (conselheiro de estado norte-americano) – protagonista dos acontecimentos

Análise sob o ponto de vista do poder – a GF era inevitável dado: O vazio gerado no sistema internacional pela II GM A crise europeia A emergência de 2 novos pólos de poder: Moscovo e Washington

Tese: a GF situa-se no ponto de convergência entre as veleidades agressivas soviéticas e a aproximação “moralista” de Roosevelt

Responsabilizam os soviéticos Mas criticam também a política moral-legalista que Roosevelt

desenvolveu na Europa

C) Interpretação Revisionista (sucesso em 70)

Quem a formulou? Os críticos da política externa de Truman.

De quem foi a culpa? EUA – responsável pelo início da Guerra Fria

Argumento

EUA: para ultrapassar as suas fraquezas endémicas e estruturais, o sistema capitalista precisava de expandir a sua influência política e económica

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Page 39: História Contemporânea

URSS: são obrigados a reagir à agressividade norte-americana Questões de segurançaLuta contra o anti-comunismo

D) Revisionistas

E) Interpretações Pós-Revisionistas (atribuir culpa aos EUA e US)

John Lewis Gaddis

Críticas às teses ortodoxas e revisionistas Não tiveram cesso aos arquivos de Moscovo Querem atribuir as culpas a um dos lados

o Ortodoxos: dão pouca atenção às legítimas necessidades de segurança da URSS

o Revisionistas: ignoram o comportamento soviético que vai dar lugar a mudanças na política americana

Nenhuma das análises conseguiu chegar à conclusão se a GF:o Era inevitável = colisão de dois sistemas socio-políticos

diametralmente opostoso Se poderia ter sido evitada = correcta interpretação dos sinais de

cada um dos lados De quem foi a culpa? EUA/URSS

A Guerra Fria começou devido a uma série de problemas Problema alemão Problema da Europa Oriental Problema nuclear

Ambas as super-potências têm a sua quota de responsabilidade.

Guerra fria – rivalidade económica + rivalidade militarista

A Paz Falhada (1945 – 1947)

1945: o ponto de viragem Abril: Avanço dos Aliados na Europa 24 Abril: Início da Conferência de São Francisco 27 Abril: “Encontro do Elba” 7-9, Maio: Fim da Guerra na Europa 26 Junho: Assinatura da Carta das Nações Unidas 17 de Junho: Conferência de Postdam (a 2 de Agosto)

o Nova conjuntura – quando se realiza esta conferência Roosevelt tinha morrido e com ele morre a ideia de manter a aliança unida. Sucede-lhe Truman, muito mais desconfiado e muito menos transigente em relação aos soviéticos.

o Novos protagonistas:

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Page 40: História Contemporânea

EUA: Truman e Byrnes URSS: Estaline e Molotov GB: Churchill e Eden (até 25 de Junho)/ Attlee e Bevin

A derrota da Alemanha nazi pronunciava que o fim da Guerra estava muito próximo.

Neste momento, o célebre projecto Manhattan (desenvolvimento da bomba atómica) estava quase concluído. Para derrotar o Japão, os EUA já não necessitavam do apoio bélico soviético.

Truman + ByrnsEstaline + Molotov GB – Churchill – perde as eleições e é substituído por Attlee e Bevin.

CONFERÊNCIA

Longa agenda de trabalhos = interno debate

o Reparações de guerrao A questão da Alemanha: o que fazer?o A questão da Europa de Leste o A questão dos ex-aliados da Alemanha

Estaline não parece impressionado com a correlação de forças e o poder norte-americano.

Estaline quando chega apresenta a sua “lista de compras” – a acrescentar à agenda já complexa e definida.

“Lista de compras” de Estaline versus transgressões soviéticas (ex: Roménia, Bulgária, Polónia e Hungria)

GB e EUA – aproveitam para denunciar as transgressões feitas pelos soviéticos à declaração – tinham estendido a sua influência a toda a Europa de Leste – os soviéticos impuseram governos fatoche que controlavam ou tinham imposto o seu regime

Algumas das reivindicações feitas por Estaline (que deixam Truman chateado): o Aniquilação do Governo Polaco no exílio em Londres o Exigem que os Soviéticos participem na comissão de controlo das

colónias italianas - Integração na comissão gera mal-estar

avanço e expansão – GB não gosta (proximidade com alguns interesses da GB)

o Exigem que os aliados cortem relações diplomáticas com a Espanha de Franco – devem ser os espanhóis a escolher os seus governantes

o Exigem que o controlo dos estreitos seja atribuído à Rússia (GB não gosta)

o A realização de um acordo com a Turquia em que esta cedesse alguns territórios que já tinham pertencido ao território russo (Georgia e Arménia)

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Page 41: História Contemporânea

Reivindicações muito mal recebidas – praticamente todas rejeitadas. Truman recusa-se a reconhecer os terrenos Roménia, Polónia, Bulgária e Hungria como russos. Diálogo muito complicado.

Porém conseguiram-se alguns compromissos (compromissos de Postdam): o Aceita-se que as novas fronteiras polacas se movam consideravelmente

para o ocidenteo Alemanha

Conselho Supremo de Controle Inter-aliados Divisão administrativa: 4 zonas de ocupação a atribuir aos

diferentes Estados (EUA, GB, URSS, França) Desnazificação, desmilitarização e democratização da Alemanha

o Reparações de guerra – determinado que cada potência vencedora vai obter as suas “recompensas” nos terrenos de ocupação. Rússia tem direito a 25% do apetrechamento das restantes zonas de ocupação – russos comprometem-se a fornecer alimentos

o Criação de um Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros segundo Kissinger “ a divisão da europa em 2” a partir da conf.

A Actividade do Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros discutir os tratados de paz – países ocupados por soviéticos

Set: reunião do Conselho de MNE em Londres Debate inconclusivo dos tratados de paz com a Hungria,

Roménia, Bulgária e Finlândia (Rússia argumenta que são as suas zonas de influência – não eleições)

Molotov – chega a ameaçar os aliados – resultados inconclusivos (e Byrnes)

Conclusão: A questão do Leste Europeu pode e vai gerar ruptura Dez: reunião do Conselho de MNE em Moscovo

o Posição conciliatória de Moscovoo A “cedência” de Byrnes (governos da bulgária e da roménia) o Criação de uma comissão de energia atómica na ONU. o Byrns acredita na boa vontade soviética – reconhece em nome dos EUA

o poder dos países da Bulgária e da Roménia – isto antes da conclusão dos Tratados de Paz com estes países

o Truman – ruptura entre o presidente norte-americano e o secretário de estado. Byrnes é demitido um ano depois, sendo substituído por um homem claramente anti-bolchevique (Marshall)

Fim de 1945 – clima de mau-estar- alguns historiadores “grande aliança” já não

existe

Balanço de 1945 – a formação de blocos é cada vez mais existente- emergem as grandes questões que irão dar origem à ruptura

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Page 42: História Contemporânea

- torna-se evidente que os interesses norte-americanos e soviético são incompatíveis

- soviéticos – criar um cordão de protecção para que mais ninguém possa atacar a Rússia

- americanos – vêem isto como um sinal de expansionismo – estende-se a toda a diplomacia deste período

1946

Longas discussões sobre o “problema alemão” Outros pontos de tensão: Irão (ocupado pelos soviéticos como forma de atrito com a GB), Grécia (Churchill e Estaline tinham determinado que a Grécia iria ser área de influência da GB), a questão da energia atómica.

9/02/1946: discurso de Estaline – incompatibilidade do mundo capitalista e comunista. Visão maniqueísta – preto e branco/bom e mau

22/02/1946: longo telegrama de Kennan – hostilidade é irreversível- foi o primeiro a perceber o início do conflito- recomenda que os EUA se preparem para uma

nova guerra com o mundo soviético

5/03/1946: Discurso de Churchill na Universidade de Fulton, Missouri- cortina de ferro- europa dividida

Maio de 1946: reacende-se a Guerra Civil na Grécia (de 41 até ao fim da Guerra a Grécia foi ocupada pela Itália – área de influência britânica) Quando a guerra acaba a Grécia é ocupada pelos britânicos – comunistas fazem frente. Russos apoiam comunistas gregos – aquilo que é uma guerra civil torna-se numa guerra muito mais ampla

Junho 1946: ruptura sobre a questão da energia atómica (“Plano Baruch”) - atribui a gestão da questão da bomba atómica aos

EUA- soviéticos não gostam, abandonam a comissão - primeira ruptura formal em termos de orgãos

arrastar da questão alemã – inoperante a divisão administrativa:França “a Alemanha deve ser um estado federal descentralizado” US “deve ser um estado forte e unitário” não se entendem - intransigência que cada um vai adoptando

1947: a ruptura

Jan: arrastar da questão alemã: a crianção da bi-zona da zona anglo-americana Jan: susbtituição de Byrnes pelo general Marshall

o Desentendimento entre Byrnes e Truman

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Page 43: História Contemporânea

o Byrnes é afastado e substituído por Marshall – um dos artifícies da política de isolamento da constituição

o Extremismo pela ruptura 10 Fev: acordos de Paz de Paris (Itália, Bulgária, Roménia, Hungria e Finlândia)

o Assinados simbólicamente em Paris o Implicam amplas perdas territoriais para estes

paíseso Clara hegemonia soviética sobre estes territórios

10 Março: reunião dos MNE em Moscovo: a questão alemã o conversações nunca chegam ao fimo o presidente norte-americano faz um discurso que

torna qualquer concialização entre EUA e US impossível. (Doutrina de Truman)

o Antes do discurso: 1- amplas acções na opinião pública norte-

americana 2- discurso perante o congresso norte-

americano tem em vista anunciar uma profunda mudança da política externa nova

12 Março: Proclamação da Doutrina Truman Visão maniqueísta do mundo

América – liberdade (livre) US – opressores (povos oprimidos pelos governos

soviéticos) Ter claramente presente que já não há concialização possível Injecção de capital americano na Europa – impedir que a Europa

seja tomada pelos opressores Doutrina de Truman suporte do Plano Marshall O mundo está dividido em 2 Necessidade dos EUA intervirem na Europa

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