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A hipermídia e a transmídia: linguagens do nosso tempo Lucia Santaella

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CONFERÊNCIA CENTRO DE CONVENÇÕES - Auditório 01 HIPERMÍDIA E TRANSMÍDIA, AS LINGUAGENS DO NOSSO TEMPO. Lúcia Santaella (PUC-SP)

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A hipermídia e a transmídia: linguagens do nosso tempo

Lucia Santaella

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Introdução

Nos primeiros tempos da internet, nos anos 1990, no estágio da Web 1.0, alguns dos tópicos centrais relativos à comunicação digital eram: a digitalização como esperanto das máquinas, a convergência das mídias, a interface, o ciberespaço, a interatividade, todos eles componentes da emergente cibercultura (ver Santaella 2003: 77-134). Hoje, em plena Web 2.0 já entrando no estágio da Web 3.0, as novas palavras-chave são: blogosfera, wikis e redes sociais digitais, estas últimas incrementadas pela explosão da comunicação móvel.

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1. Características da cibercultura

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“Enquanto a televisão e o rádio nos trazem notícias e informação em massa de todo o mundo, as tecnologias sondadoras, como o telefone ou as redes de computadores, permitem-nos ir instantaneamente a qualquer ponto e interagir com esse ponto. Essa é a qualidade da profundidade, a possibilidade de tocar aquele ponto e ter um efeito demonstrável sobre ele através das nossas extensões eletrônicas. [...] Já não nos contentamos com superfícies. Estamos mesmo tentando penetrar o impenetrável: a tela do vídeo. [...] Expressão literal da cibercultura é a florescente indústria de máquinas de realidade virtual que nos permitem entrar na tela do vídeo e do computador e sondar a interminável profundidade da criatividade humana na ciência, arte e tecnologia. “

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São inumeráveis as consequências da cibercultura. Para este trabalho, decidi destacar duas. A primeira é aquela que o estado da arte atual coloca no topo do iceberg: as redes sociais. De fato, temos aí o hype do momento. Não há quem esteja envolvido, de uma forma ou de outra, nas questões da cultura digital, que não tenha as redes sociais como primeira na lista de suas preocupações ou ocupações.

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A segunda consequência é mais profunda, localiza-se nas bases do iceberg e, por ser menos gritantemente visível, é menos lembrada e tratada, a saber, as mudanças substanciais na constituição das linguagens humanas que o mundo digital introduziu e que se manifestam nas misturas inextricáveis entre o verbal, o visual e o sonoro, justamente aquilo que, em outro trabalho, chamei de Matrizes da linguagem e pensamento.

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2. Redes sociais

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No ciberespaço conversamos e discutimos, engajamo-nos em intercursos intelectuais, realizamos ações comerciais, trocamos conhecimento, compartilhamos emoções, fazemos planos, trazemos ideias, fofocamos, brigamos, apaixonamo-nos, encontramos amigos e os perdemos, jogamos jogos simples e metajogos, flertamos, criamos arte e desfiamos um monte de conversa fiada. Fazemos tudo que fazem as pessoas quando se encontram, mas o fazemos com palavras, imagens, vídeos e nas telas das interfaces computacionais. Milhões de nós pertencem a alguma rede social digital, na qual nossas identidades se misturam e interagem eletronicamente, independente do tempo e do local.

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A cultura digital não pode ser vista como uma subcultura on line única e monolítica, mas como um “ecosistema de subculturas” (Rheingold 1993), uma mistura de micro, macro e megacomunidades, abrigando milhares de microcomputadores que vivem em seus interiores, usufruindo de conexão imediata, interação, comunicação ubíqua, quer dizer, em quaisquer lugares e a qualquer hora do dia ou da noite. Em suma, como já foi previsto por Mitchell (1999: 127), no nível das interfaces de usuários, o ciberespaço reinventa o corpo, a arquitetura, o uso do espaço urbano e as relações complexas entre eles naquilo que chamamos de “habitar”.

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O ciberespaço se apropria, sem nenhum limite, de todas as linguagens pré-existentes: a narrativa textual, a enciclopédia, os quadrinhos, os desenhos animados, o teatro, o filme, a dança, a arquitetura, o design urbano etc. Nessa malha híbrida de linguagens, nasce algo novo que, sem perder o vínculo com o passado, emerge com uma identidade própria. Trata-se de uma reconfiguração radical das linguagens, responsável por uma ordem simbólica específica que afeta nossa constituição como sujeitos culturais, nossos hábitos de vida e os laços sociais que estabelecemos. A camada mais superficial desse fenômeno tem recebido o nome de “convergência das mídias”.

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3. A convergência das mídias

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A narrativa transmídia se refere a um processo pelo qual um produto midiático como um filme transita para um game, ou pelo qual uma telenovela, produzida para ser veiculada na TV, transita pelas diversas telas dos dispositivos móveis, além de sites como o Youtube e redes sociais, o Facebook e o Twitter, entre outras.

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Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor – a fim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida pela televisão, romances e quadrinhos; seu universo possa ser explorado em games ou experimentado como atração de um parque de diversões (...). A compreensão obtida por meio de diversas mídias sustenta uma profundidade de experiência que motiva mais consumo (Jenkins, 2009, p.138).

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4. Hiper-sintaxes verbais, visuais e sonoras

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Essa mistura densa e complexa de linguagens, feita de hiper-sintaxes multimídia -- povoada de símbolos matemáticos, notações, diagramas, figuras, também povoada de vozes, música, sons e ruídos -- inaugura um novo modo de formar e configurar informações, uma espessura de significados que não se restringe à linguagem verbal, mas se constrói por parentescos e contágios de sentidos advindos das múltiplas possibilidades abertas pelo som, pela visualidade e pelo discurso verbal, algo que parece dar guarida à hipótese de que, nas raízes de todas as misturas possíveis de linguagens, encontram-se sempre essas três matrizes fundamentais: a verbal, a visual e a sonoro, em todas as variações que cada uma delas realiza.

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5. Matrizes da linguagem e pensamento

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6. Implicações das três matrizes da linguagem na cultura digital

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Por que será que a linguagem com seus rebentos -- justo aquilo que está no cerne de nossa condição de seres humanos – é sempre a grande esquecida?