santaella - três registros pierce e lacan

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  • 7/26/2019 Santaella - Trs Registros Pierce e Lacan

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    As T r s C a t e g o r i a s P e ir c i a n a s e o s T r s

    Re g i s t r o s L a c a n i a n o s

    Maria Lucia Santaella Braga

    Depto. de Comunicao e SemiticaPontifcia Universidade Catlica - SP

    A pr im eira parte deste artigo prope uma comparao geral entre as ca

    tegorias fenomonolgicas universais de Peirce, primeiridade, secundida-de e terceiridade, de um lado, e os trs registros lacanianos, tambmchamados de categorias conceituais da realidade humana, as categorias do imaginrio, real e simblico, de outro lado. A segunda parte avana alguns passos na anlise comparativa entre Peirce e Lacan, ao discutirque a lgica da terceira categoria, que a lgica do signo, pode funcionar como um mapa de orientao para o entendimento das interaes complexas que os trs registros, imaginrio, real e simblico, mantm entre si.

    Descritores: Fenomenologia. Peirce, Charles Sanders. Lacan, Jacques.Semitica.

    Este artigo uma extenso de um ensaio publicado mais de uma dcada atrs (Santaella, 1986) na revista Cruzeiro Semitico, a revista

    da Associao Portuguesa de Semitica, editada por Norma Tasca. No

    artigo anterior, fiz uma comparao geral entre as trs categorias feno-menolgicas universais de C. S. Peirce, a primeiridade, secundidade eterceiridade, e as trs categorias conceituais da realidade humana, de Jacques Lacan, os registros do imaginrio, real e simblico.

    Essa comparao foi encorajada por dois fatores pelo menos. Oprimeiro devido ao fato de que as categorias de Peirce so universais.Elas aparecem em qualquer fenmeno de qualquer espcie, a presena

    Psicolo2a USP. 1999. Vol. 10, N 2, 81-91 81

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    delas particularmente evidente em um fenmeno de natureza tridicacomo so os trs registros lacanianos ou a trade freudiana da dinmica

    psquica em inconsciente, subconsciente e consciente, mais tarde redefi

    nida como id, superego e ego.O objetivo do presente artigo avanar alguns passos na compara

    o entre Peirce e Lacan. Tenho por propsito mostrar que a lgica dacategoria peirciana da terceiridade, que a lgica do signo, pode contribuir para o entendimento das complexas interaes dos trs registros la

    canianos do imaginrio, real e simblico.

    1. As categoras universais de Peirce

    Peirce levou exatamente 30 anos, de 1967 a 1897, para completarsua teoria das categoras. Estas foram originalmente apresentadas no seuensaio de 1867 Sobre urna nova lista de categoras (Pierce, 1931-1958,1.545, tambm publicado em Pierce, 1981, vol. 2, pp. 49-59 e Peirce,1992, pp. 2-10). Entretanto, foi apenas em 1897 que o sistema tridico de

    Peirce ficou fundamentalmente completo, quando ele acrescentou opossvel como um modo de ser, e, ao faz-lo, desistiu da sua teora pro-babilstica das freqncias inspirada em Mili, renunciando, ao mesmotempo, a qualquer resqucio de nominalismo que pudesse ainda porventura haver em seu pensamento. Foi s em 1902 que Peirce adotou suas categorias, ento chamadas de categorias fenomenolgicas, como base geral para toda a sua doutrina lgica.

    Como afirmado em 1902 (L75: B8), h trs perspectivas a partirdas quais as categorias deveriam ser estudadas antes de serem claramenteapreendidas: (1) qualidade, (2) objeto e (3) mente. Do ponto de vista on-tolgico da qualidade, o ponto de vista da primeiridade, as categoriasaparecem como: (1.1) qualidade ou primeiridade, isto , o ser de uma

    possibilidade qualitativa positiva, por exemplo, a mera possibilidade deuma qualidade nela mesma, tal como vermelhido, sem relao comqualquer outra coisa, antes que qualquer coisa no mundo seja vermelha.

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    (1.2) reao ou secundidade, quer dizer, a ao de um fato atual, qualquerevento no seu aqui e agora, no seu puro acontecer, no ato em si de acontecer, o fato em si mesmo sem que se considere qualquer causalidade oulei que possa determin-lo, por exemplo, uma pedra que rola de umamontanha. (1.3) Mediao ou terceiridade, o ser de uma lei que governar fatos no futuro (Pierce, 1931-1958, 1.23), qualquer princpio reguladorgeral que governa a ocorrncia de um fato real, como por exemplo, a leide gravidade que rege o rolar da pedra da montanha.

    Do ponto de vista do objeto ou secundidade, isto , do ponto devista do existente, as categorias so: (2.1) qualia, quer dizer, fa to s de

    primeiridade, por exemplo, a qualidade sui generis do vermelho no cu

    em um certo entardecer de um outono qualquer nos pampas gachos.(2.2) relaes, isto ,fa to s de secundidade, tal como a percusso resultante da batida da pedra no cho, quando o esforo da pedra contra a resistncia do solo resulta em polaridade bruta. (2.3) representao, isto ,signos oufatosde terceiridade: a palavra cu, uma foto ou uma pinturado cu como signos do cu.

    Do ponto de vista da mente ou terceiridade, as categorias so: (3.1)

    sentimento ou conscincia imediata, quer dizer, signos de primeiridade,por exemplo, a qualidade de sentimento vaga e indefinida que a vermelhido do cu em um crepsculo no outono produz em um certo observador. (3.2) sensao ou fato, quer dizer, sentido de ao e reao ou signosde secundidade, por exemplo, ser surpreendido diante de um fato inesperado. (3.3) t ncepo ou mente nela mesma, sentido de aprendizagem,mediao ou signos de terceiridade, por exemplo, este pargrafo que aca

    bo de escrever e que voc est lendo agora (Houser et al., 1992, p. xxvii;Peirce L75: B8; cf. Santaella, 1992, p. 75).

    O tpico mais importante relativo s categorias peircianas, entre

    tanto, est no fato de que elas so universais. Os conceitos categoriaisso, portanto, extremamente gerais e abstratos. Peirce (1931-1958) afirmou que suas categorias meramente sugerem um modo de pensar: Tal-

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    vez no seja correto chamar as categorias concepes. Elas so to intangveis que no passam de tons ou nuanas das concepes (1.353).

    Assim, as categorias universais no substituem nem excluem a va

    riedade infinita de outras categorias mais especficas e materiais que podem ser encontradas em todos os fenmenos. Elas so apenas noes gerais indicando o perfil lgico dentro do qual algumas classes de idias seincluem. Desse modo, as categoria da primeiridade inclui as idias deacaso, originalidade, espontaneidade, possibilidade, incerteza, imediati-cidade, presentidade, qualidade e sentimento. Na secundidade, encontramos idias relacionadas com polaridade, tais como fora bruta, ao e reao, esforo e resistncia, dependncia, conflito, surpresa. Terceiridadeest ligada s idias de generalidade, continuidade, lei, crescimento,evoluo, representao e mediao.

    Disso se pode concluir que as categorias tambm esto logicamentesubjacentes aos trs registros psicanalticos. Dada a generalidade lgicadessas categorias, entretanto, elas no so capazes de especificar o contedo desses registros, pois essa especificao s pode vir do campo da psicanlise. Conseqentemente, a fenomenologia e a semitica s podem for

    necer o substrato lgico, sem poder indicar quais so as caractersticasespecficas que a primeiridade, secundidade e terceiridade adquirem napsicanlise. A natureza dos trs registros ser apresentada brevementeabaixo, seguida do exame de suas correspondncias com as trs categorias.

    2. Os trs registros psicanalticos

    2.1 O Imaginrio

    O imaginrio basicamente o registro psquico correspondente aoego (ao eu) do sujeito, cujo investimento libidinal foi denominado porFreud de Narcisismo.

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    O eu como Narciso: ama a si mesmo, ama a imagem de si mesmo ... que ele vno outro. Essa imagem que ele projetou no outro e no mundo a fonte do amor,da paixo, do desejo de reconhecimento, mas tambm da agressividade e dacompetio. (Quinet, 1995, p. 7)

    Na sua Introduo ao narcisismo, Freud (1914/1968a) j haviapercebido que no existe, no incio, uma unidade compatvel ao eu do indivduo, devendo esse eu ser construdo. No seu texto sobre o estgio doespelho, Lacan veio dar conta exatamente dessa constituio da funodo eu que Freud mencionara sem desenvolver. bastante conhecido ofato de que, para descrever a fase do espelho, Lacan se utilizou do esquema tico, ou melhor, de um certo uso do esquema tico, que fosse ca

    paz de introduzir, alm da constituio do eu, tambm a funo do sujeitona relao especular.

    O estgio do espelho se refere ao perodo em que o beb, na idadeentre seis e dezoito meses mostra grande interesse em sua prpria imagem no espelho. Lacan explicou esse interesse singular tomando comoreferncia a idia de Bolk de que o

    lactente humano , de fato, desde a origem, em seu nascimento, um prematuro,fisiolgicamente falando. Por isso est numa situao constitutiva de desamparo;experimenta uma discordncia intra-orgnica. Portanto, segundo Lacan, se acriana exulta quando se reconhece em sua forma especular, porque a comple-teza da forma se antecipa com relao ao que logrou atingir; a imagem , semdvida, a sua, mas ao mesmo tempo a de um outro, pois est em dficit comrelao a ela. Devido a esse intervalo, a imagem de fato captura a criana e estase identifica com ela. Isso levou Lacan idia de que a alienao imaginria,quer dizer, o fato de identificar-se com a imagem de um outro, constitutiva doeu (moi) no homem, e que o desenvolvimento do ser humano est escondido por

    identificaes ideais. um desenvolvimento no qual o imaginrio est inscrito, eno um puro e simples desenvolvimento fisiolgico. (Miller, 1977, pp. 16-17apud Santaella & Nth, 1998, pp. 189-190)

    A constituio do eu toma lugar durante o estgio do espelho e comea com o reconhecimento da identidade prprio do eu atravs da imagem especular em um jogo paradoxal, de oscilao entre o eu e o outro.Senhor e servo do imaginrio, o ego se projeta nas imagens em que se

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    espelha: imaginrio da natureza, do corpo, da mente, das relaes sociais.Buscando por si mesmo, o ego acredita se encontrar no espelho das criaturas para se perder naquilo que no ele. Esta situao fundamental

    mente mtica. urna metfora da condio humana, urna vez que estamos sempre ansiando por urna completude que no pode jamais serencontrada, infinitamente capturada em miragens que ensaiam sentidosonde o sentido est sempre em falta.

    A correspondncia do imaginrio com a categoria da primeiridadeno difcil de ser percebida. Qualquer identificao imaginria em todas as ocasies. Identificar obliterar a distino entre o sujeito e o ob

    jeto da identificao. dissolver as fronteiras que poderiam distinguir eseparar o ego do outro. A identificao corresponde, portanto, a um estado mondico que almeja a totalidade, completude e auto-suficincia. Oimaginrio uma mnada que se alimenta da miragem do outro, uma miragem na iminncia da dissipao e da perda. Ser eu, sendo, ao mesmotempo, o outro, idlico mas tambm mortfero, pois um dos polos dessapretensa unidade est sempre beira do desaparecimento. Tal iminnciade dissipao uma das principais caractersticas da primeiridade.

    2.2. O Real

    O registro psquico do real no deve ser confundido com a noocorrente de realidade. Para Lacan, o real aquilo que sobra como restodo imaginrio e que o simblico incapaz de capturar. O real o impossvel, aquilo que no pode ser simbolizado e que permanece impenetrvelao sujeito do desejo para quem a realidade tem uma natureza fantasmti-

    ca. Diante do real, o imaginrio tergiversa e o simblico tropea. Real aquilo que falta na ordem simblica, os restos que no podem ser eliminados em toda articulao do significante, aquilo que s pode ser aproximado, jamais capturado.

    Lacan veio reconhecer que, para o ser falante, no h adequao narelao entre o objeto e sua imagem, entre as partes do corpo e a imagemque se tem dele. Como a nossa imaginao desordenada pode preencher

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    sua funo? Como o imaginrio e o real podem ser articulados na economia psquica do sujeito? Esta polaridade, esta fratura entre o imaginrio e o real, entre o simblico e o real corresponde exatamente categoriada secundidade. O real sempre bruto e abrupto. causao no governada pela lei do conceito. O real resiste ao simblico porque ele insiste,en souffrance, de tocaia para tomar de assalto o simblico.

    2.3 O simblico

    O registro do simblico o lugar do cdigo fundamental da linguagem. Ele lei, estrutura regulada sem a qual no haveria cultura. Lacanchama isso de grande Outro. O Outro, grafado em maiscula, foi adotado

    para mostrar que a relao entre o sujeito e o grande Outro diferente darelao com o outro recproco e simtrico ao eu imaginrio. Miller(1987) nos fornece uma apresentao bastante clara do simblico, no quese segue.

    O outro o grande Outro da linguagem, que est sempre j a. o outro do discurso universal, de tudo o que foi dito, na medida em que pensvel. Diria tambm que o Outro da biblioteca de Borges, da biblioteca total. tambm o Ou

    tro da verdade, esse Outro que um terceiro em relao a todo dilogo, porqueno dilogo de um com outro sempre est o que funciona como referncia tantodo acordo quanto do desacordo, o Outro do pacto quanto o Outro da controvrsia. Todo mundo sabe que se deve estar de acordo para poder realizar uma controvrsia, e isso o que faz com que os dilogos sejam to difceis. Deve-se estarde acordo em alguns pontos fundamentais para poder-se escutar mutuamente. ... o Outro da palavra que o alocutrio fundamental, a direo do discurso maisalm daquele a quem se dirige. A quem falo agora? Falo aos que esto aqui efalo tambm coerncia que tento manter, (p. 22)

    A correspondncia do registro simblico com a terceiridade bvia. O grande Outro em todos os seus sentidos sempre terceiridade. E

    lei, mediao, estrutura regulada que prescreve o sujeito.

    A anlise fenomenolgica dos registros psicanalticos exemplificauma caracterstica importante das categorias universais de Peirce. Embora essas categorias sejam onipresentes, no podendo ser claramente separadas em qualquer fenmeno dado, h sempre uma predominncia de

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    uma sobre as outras. Assim, primeiridade, secundidade e terceiridade podem ser proeminentemente percebidas no imaginrio, real e simblicorespectivamente.

    3. A onipresena das categorias

    Uma extenso importante que pode ser derivada da correspondn

    cia das categorias fenomenolgicas com os trs registros baseia-se noprincpio da recursividade. Se as categorias so onipresentes, o real e osimblico devem tambm aparecer no registro do imaginrio, o real e o

    imaginrio devem estar presentes no registro do simblico e o imaginrioe simblico tambm devem estar presentes no registro do real.

    O imaginrio a categoria psicanaltica da demanda de amor, o real a categoria da pulso e o simblico, do desejo. A anlise da demandade amor, de fato, revela que ela depende da linguagem, no h demandasem linguagem, pois a demanda humana se expressa atravs de signos ouatravs daquilo que Lacan chamou de cadeia de significantes. Alienada

    na linguagem a demanda humana capturada no deslocamento infinitoda cadeia metonmica do desejo, na cadeia de significantes do simblico.Ao mesmo tempo, a demanda de amor acossada pelas vicissitudes obscuras da pulso sexual. Apesar da predominncia da demanda de amor(primeiridade) que o caracteriza, o imaginrio tambm apresenta sua facesimblica (terceiridade) e sua face real (secundidade).

    Relaes tridicas homlogas tambm aparecem no registro do real

    que est sob a dominncia da pulso. Esta indica a grande distino quesepara a sexualidade animal da humana. Pulso uma necessidade queno pode jamais ser inteiramente satisfeita. Devido mediao do sim

    blico, a mera necessidade no pode existir para o humano. O que existeem seu lugar o curso circular sem fim da pulso. O papel do imaginriona pulso tambm se toma aparente na fantasia que acompanha a buscahumana pela satisfao.

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    O registro do simblico, sob o governo do desejo, no menos tri-dico do que os outros trs registros. Sem o estofo do imaginrio, o sim

    blico no seria nada mais do que uma cadeia vazia, um infinito deslocamento de significantes. Sem o real do corpo, por outro lado, ele noseria nada mais do que uma maquinaria combinatoria, maquinaria desencarnada feita de padres e regras.

    4. Da fenomenologa semitica

    Outro domnio para a comparao entre Lacan e Peirce diz respeito

    viso peirciana da relao entre fenomenologia e semitica. Para Peirce, fenomenologia ou faneroscopia uma quase-cincia. apenas a portade entrada para sua arquitetura filosfica. Embora as categorias sejam um

    ponto de partida importante para a anlise de um dado fenmeno, as ferramentas analticas no vm delas, mas sim dos conceitos semiticos.

    Isso no quer dizer que a fenomenologia e a semitica estejam se

    paradas. Ao contrrio, elas esto indissoluvelmente atadas. Mesmo as

    sim, suas diferenas no podem ser negligenciadas. A fenomenologiadescreve o fenmeno como ele aparece. O resultado dessa descrio soas categorias universais. Ora, a terceira categoria corresponde noo designo. Ela o signo. Assim, a semitica nasce no corao da fenomenologia. A diferena est no fato de que os conceitos semiticos resultam

    da anlise lgica e, consequentemente, constituem-se em conjuntos alta

    mente interconectados de idias distintivas que podem funcionar comodispositivos poderosos para o estudo de qualquer fenmeno como signo.

    Disto decorre minha hiptese de que a definio do signo pode fornecer recursos adicionais para a anlise dos trs registros psicanalticos.Para Peirce, o signo uma relao indissocivel de (1) um fundamento,aquilo que permite ao signo funcionar como tal, (2) um objeto, aquiloque determina o signo e que , ao mesmo tempo, representado pelo signoe (3) um interpretante, o efeito que o signo est apto a produzir em umamente interpretadora qualquer. Esse efeito pode ser da ordem de um pen-

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    sarnento, de uma mera reao, sensao ou de uma simples qualidade desentimento.

    De acordo com essa lgica tridica do signo, o imaginrio, isto , a

    categoria da demanda de amor, ocupa a posio lgica do fundamento dosigno. O real, a categoria da pulso sexual, ocupa a posio lgica do objeto do signo, enquanto o simblico, a categoria do desejo, ocupa a po

    sio lgica do interpretante. Esta anlise pode ser ainda mais detalhadaquando os trs tipos de fundamento, os dois tipos de objeto, o objetoimediato e o dinmico, e os trs tipos de interpretante, o imediato, o di

    nmico e o final, so levados em considerao para uma melhor compre

    enso do imaginrio, real e simblico. Entretanto, essas relaes exigem pesquisas que devem ficar para o futuro.

    Santaella, L. (1999) The Three Peirces Categories and the Three LacansRegisters. Psicologia USP, 10 (2), 81-91.

    Abstract: The first part of this paper proposes a general comparisonbetween Peirces three universal phenomenological categories offirstness, secondness, and thirdness on one hand and Lacans threeregisters, also called the conceptual categories of human reality, thecategories of the imaginary, the real, and the symbolic on the other hand.The second part develops the comparative analysis between Peirce andLacan even further, showing that the logic of the third category, which isthe logic of the sign, can function as a guiding map towards theunderstanding of the complex interactions that the three registers, theimaginary, the real, and the simbolic, have with each other.

    Index terms: Phenomenology. Peirce, Charles Sanders. Lacan, Jacques.Semiotics.

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