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TELEVISÃO

Qu

ando

a

te

levisão

francesa

decidiu

fazer um programa sobre Jacq

uc

s a-

can, este

o viu porque não falar aos

telesp

ec

tadorcs da mesm a maneira que

falava àqueles que assis

tiam

a seu se

minári o: aos não-idiouis, aos analistas

supostos . O programa

foi

ao ar no

inicio de 1974,

traze1_1do

às telas a

fig

u

ra

de

Lacan

com

sua p

reciosa

cmmciação

do texto escrito

para

a ocasião c publi

cado com esse

nome no

mesmo ano.

Televisão se compõe das respostas de

Lacan a Jacques-Alain Miller, que de

sem

pe

nha

aqui a

funçã

o

do

provocador

do mestre

para

que este exponha seu

saber.

O

resultado

é

esse te

xt

o denso,

inesgotável,

de

uma beleza í

mpar

onde

as flores

de

retórica , as artimanhas do

estilo e a vertigem

do

s sentidos se

apóiam

na w

lida

doutrina do campo

freudiano .

Abordando a ci

vili1..açã

o e

sew; mal- e c

tares através do capitalismo e do racis

mo;

o

co

n

ce

it

o do inconsciente e s

ua

relação

com

a

Linguagem;

a psicanálise

e suas instituições e suas diferenças

para com

as

psicoterapias; as

re

lações

entre os homens c as

mul

heres ele.,

Televislio é uma condensação aforismá

úca da contribuição

à

psicanál ise -

assim como

um

tratado

de

sua' ética -

daquele

qu

e souhe renová-la para man

ter afiado o

gume de

sua

con tund

ência

em

n

osso

mundo .

-

Os

psicólogos, os ps

ic

otc

ra

pcutas,

todos os trabalhadores da saúde mental

- eles é que, nas

ba

ses e

na durc1..a

agüentam

toda

a miséria do mundo. E

o analista enq uanto isso?

- Há vinte anos, desde que o senhor

lançou sua fórmula o inconsciente é

es truturado como

uma

linguagem, e

la

vem

provocando diversas fo

rma

s

de

objeção: i

s c;o

não passa de palavras,

palavras palavras  . Qu

id da

energia

psíquica ou do afeto ou

da

pul

são?

- A cura é também

uma

fantasia?

- Há um rumor que corre: se gozamos

tão mal é porque

rep ressão do sexo

e a

cul

pa

é

da

família,

da

sociedade c

do capita li

smo.

- ·De

on

de lhe

ve

m a segurança de

profetizar a escalada do

racismo?

-

Trê

s pergun tas resumem para Kant

o interesse

de no

ssa razão  :

Que

pos

so saber?

Qu

e devo fazer? Que é-me

pennili

do

esperar?

Ei

s o exercício

qu

e

lhe proponho: responder

por

sua vez,

ou encontrar como .rcdizê-lo.

-

Titil

c, pois a

ve rdad

e

que

Boileau

assim vers

ifica: O

que

bem

se conce

be, claramente se enuncia .

O

estilo do

senhor etc

..

Esras

são

algumas das questões

aqu

i

lançadas

a acques Lacan e

sobre

as

quais ele fala em nome do objeto Tc

l e v i ~ õ o

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J CQUES

L C N

,..,

TELEVIS O

Versão brasileira

NTONio QuiNET

Jorg

e

Zahar

Editor

Rio de Janeiro

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Sumário

Aviso 7

[ (Digo sempre a verdade] 9

l

{O inconsciente, coisa extremamente

precisa]

15

m [Ser um santo]

27

IV [Esses gestos vagos

daqueles que

extraem

de meu

discurso

uma garantia] 35

V [O descaminho de nosso gozo] 9

VI (Saber, fazer, e s p e r ~ r ] 61

VII [O

que

bem

se enuncia, claramente

se concebe} 77

Notas e tradução 8 

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Agradecimentos

Meus

agradecimentos

pela

leitura,

comentários

e sugestões a

Elza

M.L Freitas e

Manoel

Motta;

e

à

revisão

de

Betch Cleinman

e

André

Telles.

A Q.

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Aviso

1. Um programa

sobre

Jacques Lacan   , o qu.e o

Service de

la

R.echerche de 'O.R.T F desejtroa. Foi

unicamente ao ar este texto aqui publicado. Difusão

em duas partes com o título de Psychanalyse, anun-

ciada

para

o final

de

j

aneiro

.

Realizador

:

Ben

oit

]acquot.

2. Pedi àquele que

lhe

s

respondia

que c

rivas

se o que

eu ouvia do

qu

e

ele

me dizia. A excelência

di

sso

está

colhida na margem, à guisa de manuductio.

J A. M., Natal

de

1973

Aquele que me interroga

sabe também ler-me.

J.

L

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Digo

sempre

a

verdade:

não

toda por-

que dizê-la toda não

se consegue. Dizê- s

JCJ

la toda é impossível materialmente: fal-

tam as palavras. É justamente por esse

impossível que a verdade provém do

real.

1

Confesso

portanto

ter

tentado

res

ponder

à presente comédia e que isso

ficou bom para o lixo.

Falhado

portanto mas

por isso mes

mo bem-sucedido em

relação a um erro

ou melhor dizendo error.2

Este

sem

maior importância

por

ser

ocasional. Mas

primeiro

qual?

O

error consiste

nessa

idéia de

falar

para

que

idiptas

me

compreendam.

Idéia que tão

pouco

me excita natu

ralmente 

que

só pode ter-me sido

suge

rida. Pela

amizade. Perigo.

Pois não há diferença

entre

a televisão

e o

público

diante do qual falo há algum

tempo o

que

chamam de

meu seminá

rio. Um

olhar

nos

dois

casos: a

quem

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12

a

o não me dirijo em nenhum dos dois, mas ·

em nome de que falo.

Que

não creiam, no entanto, que

nele

falo a

esmo

.

3

Falo

para

aqueles

que en

tendem

disso, aos não-idiotas, a analis-

tas supostos. .

A experiência prova, mesmo limitan

do-se ao tropel, prova que

o

que eu d igo

interessa a bem mais gente do

que

àque

les

que

,

com

alguma

razão,

suponho

analistas. Por que, então,

falaria

eu

aqui

m um

tom

distinto do

de

meu

seminário?

Além

do

que

não

é

inverossfmU

que

eu suponha

aqui

também

analistas

a

ouvir-me

.

digo

mais

: nada espero

dos

analistás

.. supostos

além

de serem esse objeto gra

  z

ças ao qual o que ensino não é urna auto

análise.

Çertamente

, sobre esse ponto

não

é

apenas por

eles,

dentre

os

que

me

escutam, que serei

ouvido

. Porém,

me

s

mo

nada

ouvindo, um analista desempe

nha esse

pap

el que acab.o de formular, e

daí

a televisão o

desempenha

tão bem

quanto ele.

Acrescento

que

a esses analistas

que

o são

por

serem objeto - objeto do

analisante

- , ocorre de dirigir-me a eles,

não

que

eu lhes fale,

mas

que deles falo:

nem

que

seja para perturbá-los. Quem

S1 -

S

sabe? Isso pode ter efeitos de sugestão.

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Crer-se-á nisso? Há um caso em que

a sugestão

nada pode:

aquele

em

que o

analista

recebe sua falha,

seu

defeito do

outro, daquele

que

o

levou

até

o

passe

 ,

como

digo, a passagem a erigir-se em

analista

.4

Felizes os casos de passe fictício

para

formação inacabada: deixam esperança.

13

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-Parece-me, prezado doutor que

não

estou

aqui

para

rivalizar

em

espirituosidade

CO'tl

o senhor .. mas apenas para incitá-lo a res

ponder. Assim, o senhor só obterá de mim

as mais débeis perguntas

-

elementares e

até mesmo vulgares.

Lanço-lhe:

incons

ciente - que palavra esquisita "

-

Freud

não encontrou

outra melhor

 

e não se deve voltar a isso. Essa palavra

tem

o inconveniente de

ser

negativa, o

que

permite

dela

supor

qualquer

coisa

no mundo, sem contar o resto. Por que

não?

Para

coisa desapercebida, o nome

de em

toda

parte convém tanto

quanto

o de l em

nenhuma

parte .

É no

entanto, coisa ex tremamente

precisa.

Só há inconsciente no

ser

falante. Nos

outros,

que

têm

ser por serem nomea-

: A

o n ~ i ç ã o ~

d b

. h . d mconscumte e a

os,

em

ora se

unpon

am a partrr o

linguagem", ...

real, há instinto, ou

seja o

saber que

sua

7

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18

••• qu  l

ex-

sisteà

alín8ua:

hip

ótes

e

anal tica.

i

a)

l.acsm

sobrevivência implica.

Ainda

que seja

ap

enas para n

oss

o

pensamento,

talvez

aqui

inadequado.

Sobram os

anima

is que carecem d'ho

mem, por isso ditos

d'homésticos

e que,

por essa razão, são percorridos por sis

mos aliás extremamente curtos

do

in

conscie

nte.

O inconsciente isso fala o

que

o

faz

de

pender

da linguagem, de que só pouco

se sabe:

ap

esar

do que

designo por

lin

güisteria

para

regrupar o que pretende

- eis a novidade - intervir nos homens

em nome da lingüística. A lingüística

sendo

a

ci

ê

ncia

q

ue se

oc

upa d'alíngua,

que escrevo

nwna

só palavra especifi

cando seu objeto 

como

se

faz em qual

quer outra ciência.

Esse obje to

é,

no e

ntanto,

eminente 

por ser a ele que se reduz, mais legiti

mam

en

te

do

que

a

qual

q

uer outr

o a

própria noção aristotélica de sujeito. O

q ue permite _nstituir o inconsciente a

partir da

ex-sistência

 

de um outro su

jeito à alma. A al ma como suposição da

soma de

suas

funções com o corpo. A

qual

é

mais problemática

embora

se

trate

da mesma opinião de Aris

tót

eles a

Uexküll e permaneça o que os biólogos

ainda supõem quer eles queiram ou não.

De

fato o sujeito do inconsciente só

toca na alma por me

io

do corpo intro-

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Televisão

duzindo aí o pensamento: desta

vez

con

tradizendo·

Aristóteles. O homem não

pensa com sua alma, como o Filósofo o

pensamrnto

19

• •

tem com o

tmagma.

.

alma-rorpo uma

Ele

pensa porque uma

estrutura, a

da

r e i ~

de.

linguagem

- como a

palavra

o

compor-

e x ~ a s t r n C J a .

t a - porque uma estrutura recorta

seu

corpo,

e que nada tem. a ver com a

anatomia.

Testemunha

a histérica. Essa

cisalha

chega

à

alma

com

o

sintoma

obsessivo:

pensamento

com o

qual

a

alma fica

embaraçada, não

sabe o que

fazer.

O pensamento é desarmônico em re

lação à alma.

E o

nous

grego é o mito de

urna

complacência

do

pensamento

para

com a alma, de uma complacência que

seria conforme

ao

mundo, ao

mundo

Umwelt)

pelo

qual

a

alma é

tida por

responsável, ao

passo

que

ele é apenas

a fantasia com a qual um pensamento Opoucoquea

se

sustenta,

' 'realidade

certamente,

mas

r e l l l i ~ d e d

_,

provt m o

re

...

a se entender como

esgar

do real.

-

Mas o

Jato

é que

procuram

o

senhor,·

psicanalista, para

se

sentirem

melhor nesse

mundo que o senhor reduz

à

fantasia.

A

cura

é também

uma

fantasia?

A

cura

é

uma

demanda que parte

da voz do sofredor de l u é m que sofre

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20

de seu

corpo

ou

de

seu

pensamento.

Surpreendente

é haver resposta e que

em

todos os te

mpos

a medicina tenha acer-

  odudas

tado

na

mo

sca

por

meio

de

palavras.

palavras

Corno

era

antes

de

o inconsciente ser

discernido? Uma

prática

não precisa

ser

esclarecida para operar; é o que se pode

deduzir

.

-

A

análise só

se distinguiria,

portanto,

da

te

rapia por ser e s ~ · J a r e c i d a

?

Não

é

o qu

e

o s ~ o r quer

di

zer. Permita-me formular

assrrn a

pergunta :

~ ~ s i c a n á l i s e e

psicotera

-

pia

,

amba

s só atuam

por

meio

de

palavra

s.

No

entanto,

elas se

opõem

.

Em

qu

ê?

Nos

tempos

que

correm. não há psico

terapia

da qual não se exija que seja de

inspiração psicanalítica  . Modulo a coisa

.

com as aspas

que

ela merece. A

distinção

mantida seria apenas de vai ou não vai

para a lona... quero

dizer

, para o divã?

Isso empresta

asas

aos

analistas

que

carecem de passe nas

sociedades , mes

mas aspas, que,

por não quererem

nem

saber,

digo,

do

passe,

elas

o

suprem

por

formalidades · de graduação, extrema

mente elegantes, para aí estabelecer

de

maneira estável aqueles que apresentam

mai

s

astúcia

em suas relações

do que

em

sua prática.

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  tltvi

sílo

.Eis porque vou

apresentar

o que pre

valece dessa

prática na

psicoterapia.

Na

medida

em

que o inconsciente f

21

está implicado, há duas vertentes

qu

e a

S6

hA

tstru tura

estrutura, ou seja, a linguagem fornece.

dt

linguagem.

A vertente

do

sentido,

do

senso, que

se acreditaria

ser

o

da análise nos des

pejando sentido aos

borbotõ

es

para

o

barco sexual.

surpreendente que esse se

ntido

se N

iio u relaÇio

reduza ao não-sentido : ao não-sentido

tai .

da

relação sexual

desde

sempre patente

nos ditos

do

amor.

Patente

ao ponto de

se

r

gritante:

o

que

uma

alta

id

é

ia

do

pensamento humano.

E ainda há sentido, senso, que

é

t

o

mado pelo

bom

senso, que além

do mais

é considerado como

senso

comum. Isso

é

o máximo do

mico, só que o cômico,

não

vem

sem

o

saber

da

não

-relação

que

es

em

jogo, no jogo

do

sexo. De

ond

e

nossa

dignidade toma

a

sua

conexão, e

até mesmo

S -la

continuidade.

O bom senso representa a sugestão, a

comédia, o riso.

Quer dizer que

isso

basta,

alérl)

do

fato

de

serem

pou

co

o   -

patíveis? E .aí que a

psicoterap

ia, -qual

quer que seja, estanca,

não

que

ela

não

faça algum

bem,

mas ela conduz ao pior:

Daí o inconsciente, ou ~ j a a insistên-

cia

com

a qual se marúfesta o

dese

jo,

ou

d - (' o

D)

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  ú1am

ainda, a repetição do que aí se

demanda

- não é isso que diz

Freud

no próprio

momento

em

que o descobre?

daí

o inconsciente

se

a

estrutura

-

que se

reconhece

por

fazer a

linguagem

n alíngua, como

digo - a comanda

bem,

lembra-nos que à vertente do sentido

que na

fala

nos

fascina -

mediant

e a

qual o

ser

faz anteparo a essa fala esse

ser

do

qual Parmênides imagina

o

pen

samento -  

lembra-nos que à

vertente do

sentido 

concluo o

estudo da

linguagem

op

õe a

vertente

do signo

.

Como o próprio sintoma o que assim

se

chama na

análise

não

traçou

a via?

Isso

até

Freud  pois foi

pr

eciso

que

ele 

dócil à histérica chegasse a ler os so

nhos,

os lapsos

e até

mesmo os chist

es

como se decifra

uma

mensagem ciftada.

- Prove que é exatamente isso que

diz

reud

  e

isso o

que ele diz

.

Basta

r

aos textos de Freud repartidos

n e s s s ~ rubricas - seus títulos são agora

hiviais -

para

se dar

conta

de

que

não se

trata de nada mais senão de

um

decifra

menta

de

diz-mensão2 significante

pura

.

A saber que

um

desses

fenômenos é

ingenuamente articulado:

articulado

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8/11/2019 Lacan, J Televisao

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Ttltuisão

significa verbalizado,

ingenuamente

se

gundo a lógica vulgar o emprego sim

plesmente

recebido d

alíngua.

Ademais,

é

ao

progredir

num

tecido

de equívocos, de

metáforas

de metoní

mias

que

Freud

evoca

uma substância

um mito fluídiéo que ele intitula libido ·

b

A prática

Mas

o

que

ele

realmente opera,

lá so

deFreud

nossos olhos fixos ao texto

é uma

tra

dução

em que

se

demonstra

que

o

gozo

 

que

Freud supõe

ao

termo do

processo

primário,

consiste

propriamente

nos

desfilamentos lógicos

pelos

quais ele

com

tanta

arte nos leva

.

É

distinguir

ao

que

a

sab

e

doria

5

estóica chegara há

muito tempo

  o

signi

-

s

ficante

do

significado

(traduzindo

 

como

Saussure, seus

nomes

latinos) e se

apreende aqui a aparência de fenômenos

de equivalência

sobre

os quais

se com

preende que

tenham

podido

configurar

para Freud o aparelho da energética.

um esforço

de pensamento

a ser

feito para

que

a lingüística seja fundada

a

partir daí.

e

seu

objeto o significante.

Não há um lingüista que

não se

prenda

a

desprendê-lo como

tal e

principal

mente

do

sentido.

Falei de vertente do

signo

para marcar

sua associação

com

o significante. Mas

o

significante

dele difere pelo fato de

sua bateria já se

dar

n alingua.

23

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24 lA

can

Falar de

código

não

convém

, justa

  língull l ll m n t ~ por

supor

um sentido.

rondiçiio_do

A

bateria

significante

d'

alfngua

for-

sentido nece a cifra do sentido. Cada palavra

adquire, segundo o contexto,

uma

gama

enorme,

disparatada,

de sentido,

sentido

cuja heteróclise é

freqüentemen

te ates

tada

no dicionário.

Isso

não é menos

verdadeiro

para

membros inteiros de frases organizadas.

Tal como esta frase:

les

non -dupes errent 3

com a qual

me

armo este ano.

Certamente a gramática é aqui suporte

para a escrita e, para tanto, ela

testemu

nha de um real, mas de um real, como

se

sabe,

que permanece enigma

enquan

-

o objeto a) to na análise o móvel pseudo-sexual daí

não se sobressair, ou seja: o real que, por

poder

mentir

ao

parceiro,

se

inscreve

como

neurose, perversão ou psicose.

Eu não o

amo

 ,

nos

ensina

Freud

,

vai

longe

se repercutindo na

série.

Co

m efeito, é

pelo

fato

de

todo signi

ficante, do fonema

à

frase, poder

servir

de

mensagem

c

ifrada

(pessoal,· dizia-o

B

 

lll um

rádio

durante

a

guerra) que

ele

se

des

significante taca como objeto ·e que se· descobre ser

p

r ~

f i ~ n d r

o

ele

que

faz

com

que no mundo

no

mun

-

s

zgnifi

c

an te

um? do do ser falante, haja o Um, isto é, o

elemento, o stoikeion do grego. ·

O

que

Freud descobre no inconsciente,

há pouco pude tão-somente convidar a

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-

Os psicólogos os psicoterapeu tas os psi-

quiatras todos os trabalhadores da saúde

mental

-

eles é que

nas bases

e

na dureza

agüentam toda a miséria do mundo. E o

anàlista enquanto isso?

É certo que

agüentar

a miséria

5

s

2

como

o

senhor está dizendo

é

entrar no t

X

l

discurso

que

acondiciona  nem que seja

na qualidade de protestar contra ela.

Só dizer isso

me

confere

um posi

cionamento - que alguns

situarão

como reprovação da

política. O

que eu

cçmsidero

para

quem quer que

seja

excluído.

Além

do mais os psi

quaisquer

que

sejam que se dedicam a seu suposto

agüentar não

têm

que protestar e

sim

colaborar.

Sabendo ou

não é

o

que

fazem.

É muito cômod

podem

facilmen

te retorquir-me -

muito cômoda

essa

idéia de discurso

para

reduzir o julga

mento ao qu

e o

determina

. O que

me

9

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30

Só a p rtir d11

discurso

a11a.lít

ico

fX-SistF. o

i

11

m

n

Ie

conw

freudiano

... o

quul

011fror11

s esr u

ta1•11

 

ma

s

t:

nmo J/1/

ra

r.oi

sa.

surpreende é

que

pelo fato de não

en

contrarem nada melhor

a

me opor, di

zem: intelectualismo. O

que não

tem

o

menor

peso, quando se trata de saber

quem tem razão.

Tanto menos que, ao relacionar essa

miséria ao

discurso do

capitalista,

eu

o

denuncio.

Indico apenas

que

não posso fazê-lo

seriamente

pois

ao

denunciá-lo

estou

reforçando-o

-

por normá-lo, ou

seja,

aperfeiçoá-lo.

lnterpolo aqui uma

observação.

Eu

não fundamento

essa idéia

de

discurso

na

ex-sistência

do

inconsciente.

É

o

in

consciente

que

situo a partir dela -

por

só ex-sistir devido a

u

discurso.

O senh

or

entendeu

isso tão bem

que

a

esse

projeto,

cuja vã

tentativa confes

sei, o senhor anexa

uma pergunta

sobre

o

porvir da

psicanálise.

O inconsciente ex-siste a partir dele,

tanto mais que só é atestado claramente

no

discurso da

hi

stérica, em qualquer

outro

lugar

dele só

enxerto: sim,

por

mais espantoso que pareça,

até

mesmo

no

discurso

do

analista

onde

o

que

se

faz

com

ele é cultura.

Um

parêntese aqu

i: o inconsciente im

plica que se o escute? meu ver, sim.

Mas

seguramente

não implica

que,

sem

o discurso a partir do qual ele ex-siste,

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32

Oobjtto a)

mazmado

Danada

SAMCDA

Eles

não

querem

pois

,

nada

saber

do

discurso

que

os condiciona. Mas isso

não

os

exclui dele:

bem

longe dis

so,

dado

que

funcionam como analistas, o

que

quer dizer que há pessoas que se

anali

sam eles.

A esse discurso, portanto, eles satisfa

zem, mesmo que alguns de seus efeitos

não

sejam

por

eles

reconhecidos.

Em

seu

conjunto, a

prud

ência

não lhes

falta; e

mesmo que

não seja a verdadeira talvez

seja a

cer

ta.

Além

do

mais, é

para

eles que há

riscos.

Vamos,

pois

,

ao

psi

canalista e

sem

rodeios. Estes nos levariam todos igual-

mente lá

onde

chegarei.

Não

se

poderia

melh

or situá-lo obje

tivamente.senão

por

aquilo que no pas-

sado

se

chamava

:

ser um

santo.

Um

santo

durante

s

ua

vida

,

não

im

põe

o respeito que

por

vezes

o

faz me

recer uma auréola.

Ninguém

o percebe

quando

ele segue

a

via

de Baltasar

Gradàn

a

de não

fazer

estardalhaço - , daí Amelot

de

la Hous

saye

t

er

acreditado

que

ele

esc

revia acer

ca do cortesão.

 

Um santo

para

que me compreen-

dam

,

não

faz

car

idade. Antes de mais

nada ele banca o dejeto: faz descar

ida

de.2 Isso para realizar o

que

a estr

utura

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T ltl1is4io

impõe ou seja,

permitir

ao sujeito, ao

sujeito do inconsciente, tomá-lo por cau-

sa d e

seu

desejo.

É

devido à

abjeção

dessa

causa

com

efeito,

que

o sujeito

em questão tem

a

chance

de

se referenciar,

pelo

menos na

estrutura.

Para o

santo

não é engraçado,

mas imagino que

para alguns

ouvintes

nessa televisão, isso recobre bem umas

estranhezas

·

dos

feitos

de

sant

o.

Qu

e isso

tenha ef

eito de

gozo

jouis

-

sanc

e)

 

quem

não apr

ee

nde

seu sentido

s n

s) com o gozar (joui)? ó o para

ficar

frio nonada para ele. É ate mes

mo

isso

que

choca mais

nessa

história

.

Choca

aquel

es

qu

e de

le

se

aproximam

e n ão se

enganam:

o santo é o rebata

lho

do gozo.

Às vezes no entanto há uma folga,

com

a

qual ele não se co

ntenta,

não

m

ais

do

que

todo

mundo. Ele goza. Durante

ess

e

tempo

e

le

não

es

mais operando.

Os

espertinhos,

então

,

não dei

x

am de

es

preitá-lo para tirar conclusõespara

se van

:

gloriarem a sí mesmos.

Mas

o santo esta

pouco

se

lixando

para

isso, tanto quanto

para

aqueles

que aí vêem sua recompen

sa.

O

que

é

de se

contorcer

de

rir

.

Pois pouco

se

lixar assim

para

a justiça

distribu tiva é de ·

onde

freqü

entemente

ele

partiu. .

Na

verdade o

santo

não

se

consrdera

a partir de méritos, o

que não quer

dizer

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  4

que

ele

não

tenha moral. A única coisa

chata para os outros é

que não

se vê

aonde

isso o leva.

Eu cogito loucamente

para

que

haja

novos santos assim. Certamente

por

eu

mesmo não ter atingido

isso.

Quanto mais somos santos mais

ri-

mos

meu

princípio e até mesmo a

saída

do

discurso capitalista

-

o

que

não constituirá

um

progresso se for so-

mente

para

alguns.

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IV

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-

vinte ano

s,

desde que o

senho

r lanÇou

sua

fórmula o

inconsciente é

estmhlrado

c

omo

uma

linguagem

 

ela

vem

provocando

di

ve rsas formas

de

objeção: isso não passa

de

palavras  palavras  palavras. E

com

o que

não se embaraça com

palavra

s  oque o senhor

faz? Quid da energia psíquica ou do afeto,

ou

da

pulsão?

- O senhor está imitando com isso os

gestos

com

os quais na

SAMCDA as

pessoas fingem serem donas do patrimô

nio. Pois como o senhor sabe pelo

me

nos

na SAMCDA em Paris  os únicos

elementos com

os quais as· pessoas se

sustentam provªm de meu ensino. Ele

se

espalha em

toda parte é

um

vento

que gela quando está ventando demais .

Eles voltam então

aos

velho

s

gestos

  e

se esquentam amontoando-se

em Con

gresso

.

Pois essa história de SAMCDA não

é uma caçoada

que

estou fãzendo hoje

sem mais nem

menos

só para fazer

rir

7

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38

Omito

libidírral

na tevê. É expressamente nessa

qualida

de que Freud

concebeu a

organização

a

qual

ele

Legava esse discurso analítico.

Ele

sabia que

a

prova seria dura,

a

esse

respeito a experiência

de

seus primeiros

seguidores

foi-

lhe

edificante.

Abordemo

s

primeiro

a questão da ener-

gia

natural 

energia natural - eis

um

balão de

ensaio para demonstrar

qu

e

í

também se

tem

idéias. A energia - é o

senhor

que

lhe

coloca a etiqueta

de

natural

pois,

pelo

que dizem,

parece

evidente que

é

natural

:

algo feito para o consumo,

como

wna

represa

podendo

retê-la e torná-la útil.

Contudo não

é porque a represa decora

uma

paisagem que a energia é natural.

Que

uma

força

de

vida

possa con

s

tituir aquilo que

é consumido, eis uma

metáfora grosseira.

Pois

a energia

não

é

uma substância

que,

por

exemplo, bani

fica ou se torna amarga ao envelh

ece

r

- é

um

constante numérica que o

físico

precisa

encontrar

em

seus

.

cálculos

para poder trabalhar.

Trabalhar

de maneira conforme ao

que, de Galileu a Newton, fomentou-se

de

uma

dinâmica

puramente

mecânica:

ao que constitui o núcleo do que

se

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Televisão

chama mais ou menos

apropriadamente

uma física, estritamente verific

<ive

l

Sem essa

constante

que

nada

mais é

do

que uma

combinação

de

cálculo ..

não há mais física.

Pensa-se

que os físi

cos

levam

isso

em consideração e

que

arrumam as

equivalências

entre as

mas

sas, campos e impulsões

para

daí poder

sair tuna cifra que

satisfaça

ao

princípio

de

conserva

ç

ão

da

energia

.

Embora

ain

da

seja preciso

que se

possa estabelecer

esse

princípio para que uma

física satis

faça a

exigência

de ser verificável: eis

um fato

de

experiência mental,

como

se

expressava Galileu. Ou

melhor

dizendo:

a

condiç

ão

de

que

o

sistema

seja

mate

maticamente fechado prevalece até mes

mo em relação

à

suposição de que

ele

seja fisicamente isolado.

Isso não é

de minha

lavra.

Qualquer

físico

sabe

claramente, isto é, de maneira

que

possa ser

dita

com pr

esteza,

que

a

energia nada mais

é do

que

a cifra

de

uma c

onstância.

Ora, o que Freud articula co

mo

pro-

.

cesso primário

no inconsciente - isso

vem de mim, mas

podem

ir lá

e

verão

-

não

é

algo

que

se

cifra

mas

que

se

decifra. Digo: o

próprio

gozo. Nesse caso

ele

não

constitui

energia

e

não poderia

se

inscrever como tal.

Os esquemas

da segwtda tópica atra

vés dos quais Freud faz suas tentativas,

39

ão

meio

de

se estabelecer

uma energ

ética

o

gozo  

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40

o célebre

ovo de

galinha

por

exemplo

são um verdadeiro pudendum

e

se

pres

taria à análise se

analisássemos o Pai.

Ora

considero

que

está

excluído que se

analise

o

Pai

real;

bem melhor

o manto

de Noé quando

o

Pai

é

imaginário

.

Daí

ser

preferível interrogar-me

sobre

o

que distingue

o

discurso

científi

co

do

discurso

histérico

com

o

qual

é preciso

dizer

que

 

ao

recolher

seu

mel 

Freud não

d

ei

xa de ter algo a

ver

. Pois o q

ue ele

inv

enta é o

trabalho

das abelhas co

mo

que

não

pensando não

calculando não

julgando

 

ou

seja aquilo que já

destaquei

aqui

mesmo

-

quando

  afinal talvez

não seja

is

so o

que

pensa

von

Frisch.

~

__

1

Concluo que

o

discurso

científico e o

di

scurso hist

é

rico têm quase

a m

esma

es

trutura

  o .que explica o

erro

que

nos

sugere Freud

da

esperança

de

uma

ter

modinâmica

na qual

o inconsciente

en

contraria

no futuro

da

ciência sua ex

pli

cação

póstuma.

P

ode-se

dizer que tr

ês

quartos de sé

culo depois

não há o

es

boço

da

menor

indicação de

urna

tal promessa e ainda

que

retro

ce

da

a idéia

de

fazer

endossar

o processo

primário

pelo

princípi

o que

.

ao se dizer

do prazer  não demonstraria

O

B ~ m i z r nada senão que nos

atemos à

alma

co

mo

niio

di

7 d

e • •

está

0

Bem   a pulga

ao pêlo

do cão. Pots

que

maiS

seria essa

famosa menor tensão

com

a

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Tdtvisii o

qual

Freud

articula

o prazer

senão

a

ética de Aristóteles?

Não

pode ser o mesmo hedonismo do

qual os

epicuristas

se

professavam

por

ta-bandeiras.

Ao

serem

insultados com

o n o ~ de suínos por

causa

dessa ban

deira que

hoje

dizer

-

se

-

ia apenas

psi

quismo era-lhes preciso

ter algo

muito

precioso a ser

abrigado

e até mesmo

mais

secreto

do que os

estóicos.

Seja

como

for

ative-me

a Nicômaco e

a Euderno ou seja  a Aristóteles para

dele

diferenciar

vigorosamente

a ética

da psicanálise

-

cuja

via trilhei durante

um

ano inteiro.

A

estória

de

que eu

negligenciaria o

afeto é

farinha

do mesmo

saco.

Que

me

respondam apena

s a respeito

deste ponto: um

afeto  isso conce

rne ao

co

rpo? Uma descarga

de

adrenalina

tra

ta-se

ou

não do

corpo?

Que

isso

perturbe

suas funçõe

s

é verd

 

ade. Mas em que

isso

viria

da alma?

E

pensamento que

isso descarrega.

O

que

 

portanto deve ser

julgado é

se

minha

id

éia

de

que o inconsciente

é

estruturado

como

uma

linguagem

 

per

mite ver

ific

ar mais

ser

iamente

o afeto -

do

que

a

idéia

de

que se trate de

um

rebuliço do qual r

esu

ltaria

uma

melhor

arrumação.

Pois é isso que me é contra

posto.

4

Nada dt

l

ramronia

do

ser

no

mundo

se elefala  

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4

A m

tton

f m

i

paraocorpo i a

ugra .

O que

digo do

inconscie

nte tem

ou

não maior alcan

ce

do que

esperar

que o

afeto

, tal

como

goiaba

madura, lhes

c

aia

na

bo

c

a,

adequada? Adaequatio,

mai

s

grotesca por remeter a uma outra bem

servida, ao conjugar desta

vez

rei, coisa,

com affedu

s,

o afeto no qual ela se reaco

modará. Foi preciso chegar a nosso século

para q

ue

médicos viessem c

om

essa.

Quanto a mim, s6 fiz restituir o que

Fre

ud

enuncia

num artigo

de 1915 sobre

o recalque, e em outros nos quais voltou

a isso: o afeto é d

es

locado. Como se

poderia

julgar

esse deslocamento

se não

fosse

pelo

fato

de

o sujeito

que se

sup

õe

não poder ocorrer

se

não através

da rep

resentação?

Explico isso a par tir de seu lado ban-

d

  para

, como ele, pinçá-lo, dado

qu

e

devo

reconhecer

que também lido com

o m

es

mo. Só que de

mon

s

tr

ei,

por

meio

de um recurso à sua corres

pondên

cia

com Fliess (a

partir da

edição

expurgad

a

dessa correspondência a única que se

tem)l que a tal representação, especial

me

nt

e recalcada,

não

é

nada

menos

do

q

ue

a es

trutura

e

precisamente

enquant

o .

...pois o su jei to vinculada ao postulado

do

significante.

do

e n s m ~ t o é a   a

carta

52: esse postulado está aí

tlltl afom.ado . - -

escnto .

Dizer que negligencio o afeto para se

empe

rti

garem ao valorizá-lo - ·como

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Ttlevisiio

tido mas ra

spá-lo o máximo possível

sem que

ele

se

torne um

engodo para

essa virtude para

tal

gozar do

decifra-

mente

  o

que

implica

qu

e o

gaio

saber

a b e r  

e n ã o d t

no

final 

faça

dela apenas

a

queda

  o

n a o ~ n s o .

retorno

ao

pecado.

·

Onde

es

em

tudo isso o que ·

traz

felicidade

a

boa sorte? Exata

me

nt

e em

toda

parte. O

sujeito

é feliz. Eis

justa

mente

s

ua

definição

d a

do

que

ele só

p

ode tudo dever à so

rte

à fortuna

 

df

zendo de

outro

mod

o e que

toda

sorle

lhe ·é boa

para

o

que

o

mantém ou

seja

para que e   ~ se repita

 ?

O espantoso

n

ã ~ é ele ser feliz sem

suspeitar

o

que

o

redu

z a isso

sua

d

e

pendência da estrutura-

é ele

adquirir

a id

éia da beatitude

·

um

a

id

éia q ue

vai

suficientemente

long

e

para que

dela ele

se

sinta

exilado. ·

Felizmente temos

àí

o

po

e ta

para dar

a

dica

.

Dante

q

ue

acabo

de

citar

e

outros

afora .

as sacanagens dos que fazem do

clacissismo

se

u

bozó

. ·

Um

o

lha

r o

de

Beatriz

ou se

ja

um

tantinho de

nada um batimento_

de

pál

pebras e o dejeto ·delicioso

8

que disso

re

s

ul

ta: e

eis

que

surge

o

Outro que

devemos

identificar

tão

-somente como

No encontro

ITUlr

auio com o

ll),...

...traumdo se de

gozo de

mu/Mr,...

o

goz

o dela o

qual ele Dante não pode

satisfazer porque dela ele só

pode

obter ...

oOutro

adquire

.

esse o

lhar

  some

nte

esse objeto

mas com

ex sis tin

cía

.

...

o

qual

 

nos

enuncia ele Deus a satisfaz

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Televisão

Quanto

ao

afeto  vocês estão

vendo

que

para

modulá-lo teria sido melhor

os

SAM

C

DA pegarem minha

rabeca. Isso

os

teria

levado mais

longe

do

que

fica

rem

tresvariando.

Que o senhor compreenda a pulsão

nesses vagos

gestos daqueles

que

ex

traem

de

meu

discurso uma

garantia é

conceder

-

me um

papel

belo

demais

para

que eu

lhe

seja agradeçido  pois

como

bem sabe o

senhor

que transcreveu meu

XI

seminário numa impecável execução:

quem além

de

mim

soube arriscar-se a

dela dizer o que quer que seja?

Pela primeira vez,

e

especialmente

.

com o senhor

9

sentia outros ouvidos

além dos morosos a escutar-

me,

ou seja

que não ouviam

que eu

Outrífícava

o

Um  como

se

precipitou em pensar a

própria

pessoa que me chamara

para

o

lugar

que

me

valia

sua

audiência.

Ao

ler

os capítulos 6 7 8  9 e 13 14

desse seminário XI quem

não experi

mentou o

que se

ganha ao não traduzir

Trieb

por instinto

e cingir o

máximo

possível essa pulsão

chamando

-a deriva

ao desmontar

e

em

seguida remontar

 

colando em Freud,

sua

bizarria?

Ao

seguir-

me,

quem não sentirá a

di

ferença que há entre a energia - cons

tante

  que é ca

da

vez

discernível devido

ao

Um com o

qual

se constituí o expe-

... pulsiio

de

riv

a.

47

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rimental

da

ciência - e o

r a n g ~

ou força

da

pulsão

que

1

sendo

certamente

·

o z o ~

só nos

bordos

corporais -

eu ia

dar

sua

forma mat

emática -

tem sua

perma

nência? Permanência que não consiste

senão na

instância

quádrupla na qual

cada pulsão se sustenta por

coexistir às

três outras

. Quatro só possibilita o aces

so

por ser potência

para

a desunião à

qual

se

trata de evitar para

aqueles

a

quem o sexo não é suficiente para tornar

ampouco

poss

o parceiros.

d

 

roqut:

tu_is

Não

estou

certamente

aplicando aq

ui

paramrm  

o

que distingue ne

urose

perversão

e

p sicose.

Fiz

isso em

outra

ocasião:

nunca pro

cedendo senão

segundo

os rodeios que

o inconsciente

traça ao retornar sobre

seus

próprios passos. fobia do peque-

n o Hans 

mostrei

que era isso: lá onde

ele levava Freud e seu pai a

passear

 

mas

onde

 

desde

então os

an

alistas têm

medo.

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- Há um rumor que

corre:

se gozamos tão

mal

é porque á repressão

do sexo e a c

ulpa

é

primeiro

 

da

Jamz1ia

seg

undo

 

da

socie

-

dade e

particularmente

do capitalismo

.

É

uma qu

es

tão que se

coloca.

- Eis

uma

questão - fui levado a

dizer

pois

falo a

partir

de suas

qu

estões

-   uma

questão

que se

poderia

ouvir a

partir

de

seu

desejo de saber no caso o

do

senhor

mesmo como a ela responder.

Isto

é:

se ela lhe fosse colocada

por

uma

voz mais do que

por

uma pessoa uma

voz

que

só se

conceberia como

vinda da

tevê  uma voz

que

não ex-siste  justa

men

te por nada

dizer voz no entanto 

em nome

de que

eu

mesmo faço ex-sistir

essa res

po

sta

que é interpre

tação.

Para dizer

cruamente o senhor sabe

que tenho resposta para tudo

mediante

o

qu

e o

senhor me

atribui a

que

st-ão: o

senhor está se fiando no

r v

é r ~ ~ que

diz que só se empresta ao rico.

 

Com

razão

.

5

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5

ncan

suposto

saber .

Há aqui

explicação,

des

dobramento

do que o nome apenas obs

c

uramente indica

. Isto

é:

o sujeito,

por

meio

da

transferência, é suposto ao sa

ber

pelo qual ele consiste

como

sujeito

do inconsciente e

é

isso

que

é

transferido

a

ao analista, ou seja, esse saber dado que

5

não

pensa,

nem

calcula,

nem

julga,

não

deixando por

isso

de produzir

efeito

de

trabalho.

Esse trilhamento

vale o

que

vale,

mas

é

como

se fosse inú til ...

ou

pior,

como

se eu

o fizesse

para apavorá-los.

SAMCDA simplicitas: eles não ousam

.

Eles

não ousam

avançar lá onde isso

leva.

Não

é que eu

não me

esfalfe Profiro

o

analista só se autoriza por si mesmo  .

Instituo o passe" na

minha Escola

, ou

seja, o

exame

.do que decide um anali

sante

a

erigir

-se

em analista

-

sem for

çar

ninguém

a isso.

Ainda não

está

dan

do

frutos,

devo confessar, mas lá ocupa

mo-nos disso,

e minha Escola,

não

a

tenho

tanto

tempo assim.

Não

é que tenho a esperança de que

alhures

deixe-se

de

fazer

da

transferência

devolução

ao

remetente. Ela

é

atributo

do

paciente,

uma

singularidade tal

que só

nos

cabe recomendar a prudência, principal

mente em sua a p r e c i a ç ã o ~

e

mais do que

em

seu manejo. Aqui a

gente se

acomoda

com isso, mas lá onde iríamos parar?

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Telellisão

O que

sei

é que

o

discurso

analítico

não

pode ser

sustentado

por um

só. Tenho a

felicidade de que haja quem me siga. O

discurso tem portanto sua

chance.

Nenhuma efervescên

cia - igualmente

suscitada por

ele - poderia

suspender

o que e le atesta de uma

maldiç

ão sobre

o

sexo

,

que Freud

evoca

em seu

"Mal

estar

.

Se falei de

tédio,

e até mesmo de

moros

i

dad

e a

respei

to

da

abordagem

divina" do amor,

como

desconhecer

que esses dois

afetos

são denunciados

-em

falas e

até mesmo

em

ato

s - em

jovens que se entregam a relações

sem

r

epressão

- o

mais in

crível sendo

que

os

analistas, em

quem

eles encon

tram

suas motivações, lhes

r

espondem

fazen

do birra

.

Mesmo que as recorda

ções

da

repres

são

familiar

não

fossem verdadeiras,

se

ria

preciso

inventá-las,

e

não se

deixa

de

fazê-

lo

.

mito

,

é

isso, a tentativa

de dar

forma

épica

ao

que

se

ope

ra da estrutu

ra

.

O impasse sexual

secreta as

ficções

qu

e

racionalizam

o

impossível

de

onde

ele

provém

.

Não

digo

que

sejam

imagi

nadas, leio aí, corno

Freud

, o convite

ao

real que responde por isso.

A ordem familiar só faz traduzir que o

Pai

não

é o genitor, e que a Mãe

continua

Transfinilo

do

di

scurso

O imposslvel do

Bl m-diur

sobre

ose

  o

, ..

... de

estrutura, .

.. ler o

mito

de

dípo.

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56

contaminando

a mulher para o filhote

d'homem

: disso resulta o resto.

Não

é

que

eu

aprecie o

gosto

da

ordem

que existe nesse filhote, o que

ele

enuncia

ao dizer:

pessoalmente

(sic) tenho hor

ror da anarquia . próprio da ordem,

lá onde

ela

existe por

menor

que seja,

que

não

se

tenha

de

prová-la dado

que

ela

é

estabelecida.

ocorreu em algum

lugar por

boa

sorte, e é

sorte

boa

justamente

para de

monstrar que não

está

dando

certo

nem

mesmo para o esboço de uma liberdade.

Trata

-se do capitalismo reordenado .

Tempo

para

o sexo,

portanto,

dado

que

foi

do capitalismo que ele

partiu,

aban

donando.o

.

O

senhor

foi

parar no

esquerdismo,

mas, tanto

quanto

eu saiba, não

no

sexo

esquerdismo. Pois este só se sustenta do

discurso

analítico, tal

como

ele

ex-siste

por ora. Ele ex-siste mal só fazendo

redobrar

a

maldição sobre

o sexo.

por

isso

que ele mostra temer essa ética

que

eu situava a partir do bem-dizer.

Não

se trata

simplesmente

de

reconhe-

cer

que

para aprender a Jazer

amor

não há

nada

a

ser esperado

da

psicanálise?

Daí s

compreende que as

esperanças

recaiam

sobre

a sexologia .

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TtlLvisãD

-

Como há pouco deixei entender, é

sobretudo da

sexologia que não

nada

a ser

esperado

.

Não

se pode,

por meio

da

observação

do que

nos

chega

a

nossos

sentidos, isto é,

da perversão,

construir

nada de

novo no

amor.

Deus, em

compensação, ex-

sistiu tão

bem

que

o

paganismo

povoava

com

ele

o

mundo sem

que

ninguém

entendesse

nada

disso. Eis a

que

retornamos.

Graças

a Deus ,

como

se diz,

outras

tradições

nos asseguram que houve

pes

soas mais

sensatas,

por

exemplo

, no

Taoísmo.

Pena que aquilo que

para

eles

fazia

sentido,

para nós não

tem

alcance,

por

deixar

frio

nosso

gozo.

Isso

em

nada

nos surpreende, pois

a

Via, como

eu disse, passa

pelo Signo.

Caso aí se demonstre algum

impasse

-

digo bem: assegure-se ao ser demonstra

do - eis nossa chance de com isso

tocarmos

o

real

puro

e

simples- ,

como

o que

impede

de dizer disso

toda

a ver

dade.

Não haverá d'eu-zer do amor

senão

esse acerto de contas, cujo complexo só

pode ser

dito

ao ser distorcido.

- O

senhor

não responde

aos jovens

  como

o senhor diz, Jazendo

birra. Certamente

não,

pois um dia

lhes

lançou em Vincennes:

como

revolucionários,

vocês

aspiram a um mestre.

57

S4btdoria?

u

s

t ur 

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58

Lu:an

Vocês o

terão

  . Em suma, o

senhor

desenco-

raja a juventude

Eles me enchiam a paciência  segundo

a moda da época. Era preciso que eu

não

deixasse

passar

em branco. Foi uma pau

lada

tão

verdadeira que a partir de então

eles correm para meu seminário. Preferin

do

em

suma

ao

cacete minha bonança.

-

De

onde lhe

vem,

aliás, a segurança de

profetizar a

escalada

do

racismo?

E por

que,

diabos izê lo?

- Porque isso não me parece engra

çado

e

no

entanto é verdade.

No descaminho de nosso gozo só

o Outro para situá-lo mas é

na medida

em

qu

e

dele estamos separados. Daí

as

fantasias inéditas

quando não nos

me

tíamos nisso.

Deixar a esse Outro seu

modo

de gozo

eis o

que só

se

poderia

fazer

não

impon

do

o nosso  não o considerando como

um

subdesenvolvido.

Acrescentando-se a isso a prec

arieda

de de nosso

modo

 

que doravante

só se

situa

a

partir

do mais-de-gozar

que até

mesmo não

mais

se

enuncia diferente

mente como

esperar

que

se

prossiga

o

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6

Eu já sabia

disso ,...

naquilo com

o que eu

quebro

a

cabeça

quando

nesse

discurso estou: - da as

sistência que ele

agrega

  por mim para

ele sem

medida. Para essa assistência

 

a conseqüência é de não ouvir mais

isso.

Há algo aí

na sua pequena flotilha

kantiana

capaz de

me incitar a

embarcar

para que meu discurso

se

ofereça à pro

va de uma outra

estrutura.

-

Pois bem que

po

sso saber?

-

Meu

discurso não

admite

a

pergun

ta sobre o

que se

pode

saber

pois

ele

parte

supondo-o

como

sujeito do

incons

ciente.

É claro que· não

ignoro

o choque que

Newton

foi

para

os

discursos de sua

época

e

que

é

de

que procede Kant

e

sua cogitatura. Ele constituiria desta ·

aqui,

sua

borda, borda

precursora

à aná

lise,

quando ele a

confronta

com

Swe

denborg mas, para experimentar New

ton, ele

retorna

ao velho hábito filosófico

de

imaginar

que

Newton dele re

s

ume

o

espezinhamento. Se Kant

tivesse partido

do comentário

de

Newton acerca

do

li

vro de Daniel

não

é certo que ele

tivesse

encontrado o móvel do inconsciente.

Questão

de

estofo.

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Ttltuisiio

Sobre

isso,

solto

a resposta do discurso

analítico à incongruência da pergunta:

que posso saber? Resposta: nada

que

não

tenha em todo

caso

a

estrutura

da

lin

guagem,

de onde resulta que

até

onde

irei neste limite, é uma questão de lógica.

Isto

é afirmado

pelo

fato

de

o

discurso

científico conseguir a alunissagem,

em

que se atesta para o pensamento a ir

rupção

de um

real.

Isto

sem que

a

ma

temática tenha outro aparelho senão o

de linguagem. Eis o que

os

contempo

râneos de _Newton não deixaram passar.

Eles perguntavam como cada massa

sa

bia

a distância das outras. A que New

ton:

.

Deus,

ele

sabe

- e

~ z

o

que

é

preciso.

Mas o discurso

político

atente-se

a isto - ao entrar

no

avatar, advento

do

real,

a alunissagem se produziu

e,

além do mais, sem

que o

filósofo, que

existe

em

cada

um

pela

via

do

jornal,

tenha se emocionado senão

vagamente.

O que

está

agora em.jogo é com o que

se

ajudará a extrair o

real-da-estrutura:

com o que da

língua

não

constitui cifra,

e

sim

signo a decifrar.

Minha

resposta, portanto

1

não repete

Kant

a

não

ser pelo fato de

que, desde

então, os fatos

do

inconsciente foram

descobertos, e uma lógica foi desenvol

vida

a partir

da

matemática, como se

o

65

pois napriori

i

a

linguag

em, ..

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66

mllS não a

l g Í  IJdllS

classes.

Não hJi discurso

que

niib

seja do

faz

 dr.

-am ta  do

se

mblll7l te

can

retorno"

desses

fatos já a suscitasse. Ne

nhuma crítica,

com

efeito, apesar do

tulo bem conhecido de s uas obras, chega

a

julgar esses

fatos

á

partir

da

lógica

clássica, testemunhando assim ser ele

apenas o j

oguete de

seu inconsciente,

que

por não pensar não poderia

julgar

nem .

calcular

no trabalho

que ele

produz

às

cegas.

O

suj

e

ito

do

inconsciente,

ele

mesmo,

influi no

co

rpo. Será preciso que

eu

volte

ao

fato de q

ue

ele

se

situa

verdadei

ramente a partir de um discurso, ou seja,

daquilo

cujo artifício constitui o concre

to, e como

Daí

, o

que

se

pode

dizer

do

saber

que

ex-siste pa

ra

nós no inconsciente, mas

que

um

só discurso articula, o

que

se

pode dizer dele

cu

jo real nos vem por

meio desse discurso? Assim se

traduz

sua pe

rgunta em

meu

contexto,

isto é,

ela

par

ec

e

louca.

É pr

eciso, no

en

t

anto

,

ousar co

lo

-la

assim para ·saber como proposições de

monstrativas

para sust

e

ntá-la

poderiam

vir

segundo

a experiência instituída. Va

mos

lá.

Pod

e-

se

dizer, p r e

xemplo,

que se O

homem

qúer ·A mulher, e le

não

a

atinge

senão

encalhando

1

no

campo da perve

r

são? É o

qu

e se formula a parHr da

experi

ên

ci

a

institu

í

da

do discurso

psica

-

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Te

lt oisão 67

nalítico.

e

isto se verifica, será ensiná-

vel a todo

mundo,

isto é, científico, dado o

matemsJ

que a ciência

trilhou

sua via partindo

desse postulado?

Digo

que o é, e tanto mais

que,

como

aspirava Renan

para o

futuro

da ci

ên-

cia , não tem conseqüência dado que

A

mulher

não

ex-siste. Mas, ela não ex-sis- A mulher

tir não

excluí

que dela

se faça o objeto

de seu

d

ese

jo.

Justo

o

contrário,

daí

o

resultado

.

Mediante o

que

O homem, ao enga

nar-se

,

encontra

uma

mulher,

com

a qual

tudo acontece, ou seja,

comumente es

se

fracasso

no qual consiste

o êxito

do

ato

sexual.

Os

atores são

c

apazes

dos

mais

elevados

feitos,

como

se sabe

pelo

teatro.

O

nobre

, o trágico, o cômico, o

buf

ão

(ao se pontuar numa curva de Gauss),

em suma,

o

leque do que

é

produzido

pelo

palco,

de onde

isso é exibido - o

que

diva

os

assuntos

de

amor

de

todo

laço

so

cial - o

leque

, po

rtanto

, se rea

liza

- , ao produzir as fantasias

com

as

quais os seres de fala subsistem

no

que

eles denominam,

não

se sabe

bem

por

que, a vida .

Pois,

da vida

eles só

têm

noção pelo animal,

onde

o saber

deles de

nada serve.

Nada

tu-estemunha, com efeito, como

bem aper

c

eberam os po

etas

do

teatro,

que

sua

vida, a

dos

seres de fala, não

seja um sonho, fora o fato de que ,eles

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  ltvisiio 69

justamente

a caução

que

o inconsciente

traz para a muda consciência?

3

Para

se

convencer disso

é

preciso

vol

tar

à

pista

que Mênon já

fornece,

ou

seja,

que existe

acesso do particular à

verda

de?

É ao coordenar essas vias, que se es

tabelecem a partir de um discurso, que

-

mesmo

para

o

que

procede

de um

ao

um,

do particular - se concebe, tão

incontestavelmente quanto a

partir

do

materna numérico,

um novo

que esse

discurso

transmite.

Basta

que em algum lugar

a relação

sexual

c

esse

de

não

se

escrever,

que

a

contingê

ncia se estabeleça

(o

que

dá no o

mor

mesmo

), para

que

seja conquistado

um

delineamento do

que

deve ser comple-

tado

para

demonstrar como impossível

essa relação,

ou

seja, ao instituí-la no

real.

Essa

mesma

chance pode

ser

anteci

pada

com

um recurso à

axiomática,

gica

da

contingência

para a qual

no

s

acostuma

o

que

o

materna, ou aquilo

que

ele determina como

matemático, sentiu

a necessidade: abandonar o

recurso

a

qualquer

evidência.

Assim, prosseguiremos nós a partir do

Outro, do Outro radical, evocado pela

não-relação

que

o

sexo

encarna

-

desde

que

ai

se

aperceba

que

talvez

haja

Um

devido

à

experi&ncia

do (a)sexuado

.

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70

Laetm

Para nós ele tem tanto direito quanto

o

Um

a fazer

de

um axioma sujeito. E

eis o que a experiência aqui sugere.

Primeiro,

impõe-se

para

as

mulheres

essa negação que Aristóteles se

exime

yx . <>x de aplicar

no

Universal, ou seja, de não

serem

todas,

não-todas, methates Como

se ao afastar do

universal sua

negação,

Aristóteles não

o

tornasse

simplesmente

fútil:

o dictus

de

omni et nullo

não

asse

gura nenhuma ex-sistência, como ele

·mesmo

dá testemunho

disso

ao

afirmar

essa ex-sistência apenas do

particular,

sem,

no

sentido

forte,

dar-se conta,

isto

é, saber porque: - o inconsciente.

S(;c)

Eis

porque

uma

mulher

-

pois

de

mais

de uma não se pode

falar -

uma

mulher

só encontra O homem na psicose.

Estabeleçamos este axioma,

não que

O

homem não

·ex-siste, caso d'A mulher,

mas que uma mulher a si o proíbe, não

porque

seja o

Outro,

mas

porque

não

há Outro

do Outro ,

como eu digo.

Assim o universal do

que

elas

desejam

é loucura:

todas

as mulheres são loucas,

como

se diz.

É justamente por

isso

que

elas

não

sãq

todas, isto é,

não

loucas-de

todo,4

antes

conciliadoras: a tal

ponto

que não há limites às

concessões que

cada uma faz para

um

homem:

de seu

corpo, de sua alma, de

seus

bens.

Nada

podendo fazer por

suas

fanta

sias, a que é menos fácil responder.

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Teleuisão

Ela

se

presta,

antes, à

perversão

que

eu

sustento

corno sendo a d'O homem.

O que a conduz à mascarada

que

se

conhece

e

que

não

é·

a

mentira

que

os

ingratos, ao colarem n  O

hom

em, lhe

imputam. Antes

o para-o-que-der-e-vier

de

preparar-se

para

que a fantasia d'O

homem encontre nela

sua

hora da ver

dad

e. Isso

não é

exagero, pois a

verdade

é

mulher

por

não

ser toda, não toda

a

dizer

-

se; em todo

caso.

Mas é

por isso que a

verdade se

recusa

mais

freqüentemente

do que na sua

vez

,

exigindo do

ato ares de

sexo, o que ele

não pode

sustentar, eis a falha: regrado

como

pauta

musical.

Deixemos isso meio atravessado. Mas

é ju.starnente para a mulher que o axio

ma

célebre do Sr.

Fenouülard não é

lido

e que

passados os

marcos há o

limite: a não ser

esquecido.

5

Por

isso,

do

amor não

é

o

sentido

que

conta mas justamente o signo, o sinal

como alhures.

Eis

justamente todo

o

drama.

E

não se

dirá

que,

por

ser traduzido

pelo

discurso analítico, o

amor se

furte,

como

ele

faz alhures.

Daqui, no

entanto,

que

se

demonstre

que

seja dessa insensatez por natureza

que

o real faça sua

entrada no mundo

do

homem

- ou seja, as passagens en

globando

tudo:

ciência e política

que

Niiohá

rel Çiio

sexunl

7

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7

Sópergunfil

queJazer?

aquele

cujo

desejo

esllí

p glldo

acossam

com

isso o homem alunado

-

daqui ·

até

lá há uma margem.

Pois

é preciso supor que há um todo

do

real, o

que

precisaria

primeiro ser

provado pois sempre se supõe do

sujeito

apenas

o razoáveL

Hypoteses non

fingo

quer

dizer que só

ex-sistem discursos.

- ·

Que

devo Jazer?

S ó

posso

retomar a pergunta,

como

todo

mundo,

colocando-a

para

mim. E a

resposta é simples.

É

o

que

faço:

da

minha

prática

extrair

a ética

do

Bem-di

zer,

que

já acentuei.

Tome

isto como

exemplo,

se

o

senhor

acredita que

em outros

discursos ela

possa

prosperar.

Mas duvido.

Pois a ética é relativa

ao

discurso.

Não

repisemos.

A idéia kantiana

da

máxim a ser colo

cada à prova da universalidade de sua

aplicação·é somente o esgar com

o

ual o

real dá no pé,

por

ser

pego

por

um

só lado.

A

caçoada

a

responder

acerca

da

não-

relação

com

o Outro

quando nos

con-

tentamos

em tomá-lo

ao é da

letra.

Uma

ética

de

celibatário, em

suma,

aquela

que

um Montherlant, mais perto

de nós, ·

encarnou.

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Televisão

Possa meu amigo Oaude Lévi-Strauss

estruturar seu

exemplo

no discurso

de

recepção na Academia,

6

uma vez que,

para honrar sua

posição, o acadêmico

tem

a

boa sorte de ter

tão-somente

que

titüar

a

verdade.

É evidente

que

graças aos cuidados

do

senhor

é aí

que também

me encontro.

Gostei da malícia. Mas o senhor não

recusou

esse

exercício de acadêmico com

efeito é porque o senhor mesmo

foi titilado.

E eu lhe demonstro pois o senhor

responde

a terceira pergunta.

- Acerca

de o

que é-me permitido

esperar? , devolvo-lhe a pergunta, ou seja,

eu a entendo desta vez como vinda do

senhor.

Quanto

a

mim,

respondi-a acima.

Como

concernir-me-ia ela

sem

dizer

me o que esperar? Imagina o senhor a

esperança

sendo

sem

objeto?

O

senhor,

portanto, como

qualquer

outro

a

quem

eu trataria de senhor, é a

esse

sénhor que respondo:

espere o

que

lhe

agradar.

Saiba apenas que

vi várias vezes a

esperança,

o

que

chamam de: os

ama

nhãs que

cantam/levar as pessoas

que

eu estimava

tanto quanto

o estimo,

mui

to simplesmente, ao

suicídio.

7

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7

Não

queres

saber nada

sob

re

o

lhstinoque

o incorrscirn te

az para ti?

Por que

não? O

suicídio

é o

único

ato

que

possa

ter êxito sem falha. Se

nin

guém nada sabe sobre ele é por que ele

procede do

parti

 

pris

de

nada

saber.

Ain

da

Montherlant em quem sem

Oaude

eu nem mesmo

pensaria.

Para que a pergunta de Kant tenha

um

sentido eu a transformarei em:

de

onde

o

senhor

espera?

Eis

que

o

senhor

gostaria de saber o que o

discurso

ana

lítico pode

lhe prometer

 

pois para mim

está

no

papo.

A psicanálise

permitir-lhe-ia

esperar

seguramente

clarificar o inconsciente do

qual

o

senhor

é

sujeito. Mas

todos

sabem

que

ai

não

encorajo ninguém

ninguém

cujo desejo

não esteja

decidido.

E ainda mais desculpe-me por falar de

senhores

de má

companhia

penso que

é

preciso

r e c ~ s r

o discurso psicanalítico

aos

canalhas

:

é

certamente isso q

ue

Freud

disfarçava

com

um pretenso critério de

cultura. Os critérios

de

ética infelizmente

não são mais seguros. Seja como for é a

partir de

outros discursos

que

eles

podem

ser julgados e se ouso articular que a

análise

deve ser

recusada

aos

canalhas

é

porque

os

canalhas

se

tornam burros o

que é certamente uma melhora mas

sem

esperança para

retomar seu termo.

Além do mais o discurso amilitíco

exclui o senhor que já não esteja na

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  elevi

sQ;

transferência

 

por demonstrar

essa rela

ção com

o sujeito

suposto

saber - que

é uma manifestação sintomática do in

co

n

sc

ie

nte

.

Eu

exigiria

ademais

um

dom

da

quele

tipo c

om

o que se criva o acesso

à mat

emática

se

esse dom exis tisse

ma

s

é fato

que certament

e por f

al

ta de a lgum

materna  fora os meus ter saído d

esse

dis

c

urso

 

não

ainda

dom

scer

nível

à prova

desses

ma

temas

.

A única chance de que ex-sista só

depende

da

boa

sorte quero dizer que

a esperança não

adiantará

nada o que

basta para

torná-la fútil

ou

seja

para

não

permiti-la.

75

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V

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- Titile pois

, a verdade

que Boileau

a

ss

i.m

versifica:

O

que bem

se concebe

claramente

se enuncia  .

O

estilo

do

s

enhor et

c ..

Respondo-lhe

na

bucha. Bastam

dez

·

anos para que

o

que

escrevo

se torne

claro para todos como vi com

minha

tese

onde

no

entanto

meu

estilo

ainda não

era cristalino.

É,

pois,

um

fato

de expe

-

riência.

Não

obstanteL não o

estou

reme- Para quern

jo

ga

d

d

· co

mo rist

  ld

ten o

para as

ca

en

as.

língua, ..

Restabeleço

que

o

que

bem

se

enuncia

claramente

se

concebe -

claramente

quer

dizer que

consegue

.

É

inclusive

desesperadora essa promessa de

suces

so pelo menos sucesso de venda para

o

rigor

de uma ética.

Isso nos faria

sentir

o preço da neurose

por

meio

do

qual se

mantém o

que Fr

e

ud

nos

recorda:

que

não

é o

mal

e

sim

o

bem

que engendra a c

ulp

a.

Impossível orientar-se

sem

pelo

me

nos uma

suspeita do

que qu

er dizer

castração

. E isso

nos

esclarece acerca

da

9

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80

um ganso

sempre

come

o

sexo

estória que

claramente Boileau

deixa

va correr sobre isso, para que a gente se

engane, ou

seja,

acr

e

dit

e nisso.

1

O

denegrido

me i

instalado

em

seu

reputado o

cre

: Não há gradação d o

medí-ocre

ao

pior

,

2

eis o

que

lastimo

atribuir

ao autor

do verso

que humoriza

tão bem esse termo.

Tudo isso

é fácil, mas cabe

melhor

o

que

se

revela

ao

escutar-se

o

que

retifico com mão pesada p ara o

que

é:

um chiste

que, por ofuscar, ninguém vê.

Não sabemos que

o chiste é lapso

calculado, aquele ganho obtido sobre

o

inconsciente? Lê-se

isso sobre

o chiste

em

Freud.

E

se

o

inco

nsciente não

pensa, não

calcula, etc. é tanto mais pe

nsáv

el.

Surpreende-Ic-emos ao reescutar, se

for possível, o

que diverti

-

me modulan

do

em meu

exemplo do

que se

pod

e

saber, e

melhor

ainda:

menos jogar

com

o feliz

achado

d'

alíngua do que seguir

seu

advento na linguagem

..

Foi até mesmo pr

eciso

um

pequ

e

no

empurrão para

que

eu me desse conta

e

é aí

que

se demonstra a fineza

do

sítio

da

interpretação.

Supor,

diante

da

luva virada ao

aves

so,

que

a mão

sabia

o

que

fazia, não é

reconhecer

justamente

o

mérito de

al

guém

que

La

Fontaine

e Racine

apoia

riam?

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Telwisiio

A

interpretação

deve

ser presta

para

satisfazer

o interempréstimo.

3

Do que perdura de perda pura

ao que a

só aposta

do

pai

ao

pior

.

-

 

81

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NOT S DE TR DUÇÃO

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1 verité tient

u

réel: a expressão tenír à

significa resultar, provir,

depender ou perten

c

er

.

No programa da

televisão

que

foi

ao ar

Lacan

diz

.. la

verité touche

au

réel  toca no r l} .

2. errement:

tem

o

sentido de erro

falta,

abuso

,

maneira condenável de

agir, e

também

errância,

vagabundagem.

O

termo error cobre

essas

duas

vertentes de

significação.

3. parler à la

cantonade:

expressão cuja enunciação

faz

emergir o

nome de

Làcan. Utilizada

em

linguagem

de

teatro para

se

referir à fala do ator

que

se

dirige a

alguém

que

é

suposto estar nos

bastidores

e

também no

sentido

figurado

, mais

habitual

,

é uma

fala fingindo

não se

dirigir

precisamente

a ninguém.

4. ..

celui

ou l analyste tienf son défout de

l'

autre

,

de

alui

qu

i

l a mené

j

usqu à

a

passe

 , comme je

dis 

ceife

de

se poser cri analyste.

  Traduziu-8e

a

passe

por

o

pasee devido à s

ua

utilização á difundida

no

meio

psicanalítico

no

BrasiL Lembramos,

no

entanto,

que

o termo francês apresenta uma gama semântica

bem

mais ampla: trata-se sobretudo de passag

em

-

tanto

a ação

de

passar quanto o

lugar por onde

se passa passadouro

...

se

poser en analyste: A

expresão se po

s

er

en

signüica pretender

octJpar uma

posição, de-

85

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86

llcan

sempenhar um

papel,

atribuir-se a

qualidade

de, erigir-se em.

1.

ex-sistence: tenho

correlativo à insistência

da

ca

deia significante. ex-sistência ê definida por .

Lacan como lugarexcêntrico  para situar o sujeito

do

inconsciente (cf. tcrits,

pg.ll)

. Trata-se, por

tanto,

da

existência numa posição

de

excentricida

de em relação a algo.

2.

dit-mension: dimensão do dito, do dizer.

3. les non-dupes errent: os não tolos (não tapeados)

erram

(estão em

errânda);

expressão

hom6fona

à les noms du pere

-

os nomes

do pai.

4.

jouis-sens:

literalmente (eu) gozo-sentido, termo

hom6fono a la jouissance (o gozo) e também a j ouis

sens (eu ouço sentido). ·Pode ser

também

aí ouvido

·o ouí (sim).

U

1. Amelot de la Houssaye traduziu o

ráculo

manual de Baltasar

Gracíàn

com o titulo de

L Homme de

cour (O cortesão).

2. il dé

charite:

neologismo de Lacan constituído

pela co

ndensação

de

déchet

(dejeto) com charité

(caridade,

caritas)

fazendo surgir a dimensão

da

negação ou

da

ação contrária a

de

fazer caridade

pela utilização do sufixo dé (des). O analista é

um santo

que faz descaridade

bancando o d ejeto.

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Notas

t

tradução

V

1.

Agora

não mais expurgada após a publica

ção

,

organizada

por

J.M.

Masson, de

The

Com

plete Letters

of

Sigmund Freud to Wilhem

Flíes

s

1887·1904 Cambridge, Harvard University

Press, 1985, p. 207, carta de 6 de dezembro de

18%.

2. Centre Hospitalíer Spédalisé Saint-Anne: Centro

psiquiátrico

de

Paris

onde, a convite

do

Dr.

Jean

Delay, Lacan realizou

seus

seminários

de

1953

a

1963, sendo o último dedicado à

Angústia

.

3. l émoi, l empêchement, l embarras.

4. surcoeur: tradução literal

de epítumia.

5.

étad

âme:

expressão

que

designa sentimento

subjetivo; aqui sem emprego literal remete ao

conceito de alma.

6. gay sçavoir r e f e ~ c i a trovadoreaca), la

gaie

science, le gai savoír são os nomes pelos quais era

designada a poesia dos

trovadores

. O sentido

literal é acentuado pela

oposição

com

a tristeza.

7. Lacan joga aqui

com

o

tenno

bonheur (felicidade)

e sua decomposição em

bon

(boa) e

heur

(sorte,

fortuna) .

8. Ie déchet exquis: o adjetivo exquis cobre uma

gama semântica

extensa: extraordinário,

raro,

precioso, excelente, perfeito, delicado, delicioso,

charmoso, arrebatador. Na acepção médica, uma

dor

exquise significa uma

dor

viva e nitidamente

localizada.

9. Lacan

se

refere à .École Normale Supérieure

(da qual Jacques-Alain Miller era aluno) que

87

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88

acolheu seu

seminário de 1964 a 1973,

ano

em

que se realizou este programa

de

televisão.

v

1.

prêter la questíon .. prêter aux riches.

VI

1. échouer.

como

verbo

intransitivo

tem o sentido

de

fracassar.

2. Lacan joga

com

a homofonia de tu es

(tu

és)

e tuer (matar).

No

final do parágrafo dan s

lalan

gue

qui m'es t amie

d'ê

tre

mie

(nn

e)

além

do

sen

tido

na

língua que é minha

amiga por ser

minha

encontramos

na

decomposição

de

mie (ene) o

significante mie

, que signüica

amiga,

mulher

amada e

haine, ódio.

3.

.

..struc

ture,

pour

peu

que

celle-ci soít bien l'en

gage,

l'en-gage qu'

apporte

l'inconscient

à

Ia

muet

te

? :

/'en-gage (caução) é

homófono

a langage

(linguagem); muette

é

termo de g1ria

em

desuso

para

se referir

à consciência; e também à la muette

significa em surdina, daf a opção de tradução

possível ...a canc;ão ·que o inconsciente traz

em

surdina.

4.

pa

s folles-du -tout: não são absolutamente

loucas.

5. Referência à famflia

Fenouillard

, personagens

de uma série

de

livros

ilustrados

que, no final

do

século XIX ridicularizava a classe

média

na

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Notas de trtuluçiW

França . O Sr. Fenouillard

dizia o óbvio, como

no caso desse célebre axioma  : quand la borne

est

fran

chíe il n'est plus de limites.

6.

Lévi

-

Str

au

ss su

ce

deu Montherlant na

Acade

mia

Francesa após o

suicídio deste,

e seu roman·

ce

Les Celibataires é aqui referido por Lacan.

7. les lendemains qu i chantent:

expressão

francesa

consagrada

, de Gabriel Péri, que se refere a um

futuro feliz para o povo após a revolução socia

lista.

VII

1 Trata-se de uma anedota que circulava sobre

Boileau,

a

respeito

de

s

ua

suposta

impotência

dever-se ao fato

de

que, quando criança, teria sido

mordido por um ganso em

seus

genitais.

A

lém de

ganso, jars também significa

gíria,

língua secreta.

2. Refe rên

cia

aos

versos de

Boileau: Dans l arl

dangereu

x

e

rimer

et écrire

l

n'est point

de

degré

du

médio

cre au pire  (m édi é homófono a médít,

derivado de

médire, falar mal

de algué

m)

.

3 . entreprêt: neologismo de Lacan que faz equi

v

oco com interprete

(intérprete).

89

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